CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … RELACIONAMENTO... · INTEGRADA AS REDES SOCIAIS:...
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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA
RONILDO SAMPAIO CARDOSO
A EMBALAGEM COMO FERRAMENTA DE MARKETING
INTEGRADA AS REDES SOCIAIS:
ESTRATÉGICA NA PUBLICIDADE DO PRODUTO, NO RELACIONAMENTO COM
O CONSUMIDOR E NO FORTALECIMENTO DA IMAGEM DA MARCA.
FORTALEZA – CE
2013
RONILDO SAMPAIO CARDOSO
A EMBALAGEM COMO FERRAMENTA DE MARKETING
INTEGRADA AS REDES SOCIAIS:
ESTRATÉGICA NA PUBLICIDADE DO PRODUTO, NO RELACIONAMENTO COM
O CONSUMIDOR E NO FORTALECIMENTO DA IMAGEM DA MARCA.
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social
da Faculdade Cearense, como requisito para a finalização
da graduação em Publicidade e Propaganda.
Orientador: Norton Falcão
FORTALEZA – CE
2013
A EMBALAGEM COMO FERRAMENTA DE MARKETING
INTEGRADA AS REDES SOCIAIS:
ESTRATÉGICA NA PUBLICIDADE DO PRODUTO, NO RELACIONAMENTO COM
O CONSUMIDOR E NO FORTALECIMENTO DA IMAGEM DA MARCA.
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da
Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do grau
de bacharel, com habilitação em Publicidade e Propaganda.
Data da Aprovação: ____________________________
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof.
__________________________________________
Prof.
__________________________________________
Prof.
Á minha mãe Francisca Antonia Sampaio.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e ao Senhor Jesus Cristo pelo dom da vida, por estarem sempre
comigo nos momentos importantes, me dando força e coragem para superar
desafios e alcançar os meus objetivos.
Á minha mãe, Francisca Antonia Sampaio, a quem devo tudo, pelo apoio irrestrito
sempre.
Aos meus amigos, todos disponíveis e solícitos, que me ajudaram do começo ao fim
do curso, principalmente no início, quando eu ainda não tinha computador e me
emprestaram os seus para que eu pudesse fazer os trabalhos acadêmicos.
Aos colegas de sala, de todos os períodos, que dividiram comigo momentos de
aprendizado, compartilhando experiências pessoais e profissionais, que servirão
para a vida inteira.
A todos os professores que tive o prazer de conhecer e que contribuíram
enormemente para a minha formação, ensinando, mas principalmente reconhecendo
a importância de estarem também aprendendo.
Ao meu orientador, Norton Falcão, um profissional excelente, um professor
competente, pela sua disponibilidade e apoio nessa etapa final da minha graduação.
Você foi inspirador.
“As pessoas não sabem o que querem
até você mostrar a elas”.
(Steve Jobs)
RESUMO
Presumindo-se que as empresas estão se deparando com uma nova
realidade de mercado, pautada pela dinâmica da tecnologia, surgimento de novos
modelos de negócio e consumidores que se apresentam de maneira gradativamente
decisiva na criação dos produtos, pretende-se, com o presente estudo, averiguar o
papel da embalagem como ferramenta de marketing que, ao interagir com as redes
sociais, cria um canal de comunicação mais engajado entre empresa e consumidor.
O estudo objetiva também, analisar a embalagem na função de objeto
simbólico, que estimula sentimentos e sensações, agrega valor por meio do design e
da inovação e impacta diretamente na imagem da marca.
Tendo em vista o potencial conectivo da embalagem, deseja-se ainda
chamar atenção para o terreno fértil das redes socais que permitem usá-la como elo
em diferentes ações estratégicas e envolver o público no processo de
desenvolvimento do produto.
A pesquisa exploratória irá possibilitar uma maior familiaridade e
compreensão do assunto a partir do levantamento bibliográfico (livros, artigos,
periódicos, etc) e análise de exemplos (estudos de caso). Ela também embasará as
conclusões e resultados obtidos.
As constatações finais mostram que embora possua características
multifuncionais, a embalagem ainda é pouco usada e de maneira aleatória pelo
marketing. Geralmente são as grandes marcas que conseguem desenvolver e
colocar no mercado embalagens competitivas e diferenciadas devido o alto
investimento em todas as etapas do processo.
Aproveitar ao máximo o potencial que ela tem requer conhecimento.
Instituições acadêmicas, centros de pesquisa, empresas e profissionais precisam de
um melhor entendimento sobre o papel da embalagem enquanto “mídia”,
aumentando assim, a probabilidade de acerto na tomada de decisões para que a
comunicação seja conduzida na direção dos resultados esperados.
Palavras Chaves: Embalagem. Consumidor. Redes Sociais. Marketing. Publicidade.
Marca. Comunicação.
ABSTRACT
Assuming that the companies are facing a new reality of the market,
guided by the dynamics of technology, the emergence of new business models and
consumers presented in a way so gradually decisive in the creation of products, this
study aims at examining the role of packaging such as marketing tool that, when
interacting with the social networks, creates a channel of communication more
engaged between company and consumer.
The study also aims at examining the packaging in function of symbolic
object, which stimulates feelings and sensations, adding value through design and
innovation, impactful in its brand image.
Due to the potential of connective packaging, between business and
consumers and as part of a composed of communication, when united to another
type of tool, this paper also aims at calling attention to the fertile ground of social
networks that allow you to use the package as a link in different strategic actions,
involving the public in the process of developing the product.
The exploratory research will allow a greater familiarity and understanding
of the subject from the bibliographic survey (books, articles, periodicals, etc) and
analysis of examples (case studies). It also bases the conclusions and results
obtained.
The findings show that although final possession multifunctional
characteristics, the packaging is still little used and in a random manner by
marketing. They are often the major brands that can develop and put on the market
packages competitive and differentiated due the high investment in all steps of the
process.
Make the most of the potential that it has requires knowledge. Academic
institutions, research centers, companies and professionals need a better
understanding of the role of packaging as "media", thus increasing the probability of
correct decision-making, for the communication to be conducted in the direction of
expected results
keyword : Packaging. Consumer. Social Networks. Marketing. Advertising. Brand.
Communication
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2. A SIMBOLOGIA DA IMAGEM .............................................................................. 13
3. UMA BOA EMBALAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS ............................ 18
3.1. DESIGN E INOVAÇÃO ................................................................................... 24
4. A COCRIAÇÃO NA GERAÇÃO DE VALOR ........................................................ 29
5. O MARKETING E AS REDES SOCIAIS............................................................... 31
5.1. FACEBOOK.................................................................................................... 34
5.1.1. COCA-COLA ZERO - "QUANTO MAIS MELHOR" ...................................... 35
5.1.2. BOM BRIL ............................................................................................................ 38
6. INSTAGRAM ......................................................................................................... 40
6.1. NATIONAL GEOGRAPHIC ............................................................................ 41
6.2. NIKE ............................................................................................................... 41
6.3. BRISK ............................................................................................................. 43
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 44
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 47
9. ANEXOS ............................................................................................................... 49
10
1. INTRODUÇÃO
Certamente você já deve ter pedido conselhos a um amigo ou amiga de
como se vestir para ir a um encontro e ouvido: Surpreenda! A primeira impressão é a
que fica. Muitas vezes é isso mesmo que acontece. Uma imagem positiva repercute,
porém uma imagem negativa se propaga muito mais. Sendo assim, todo cuidado é
pouco na hora de escolher a roupa para encontrar alguém especial.
Se as pessoas tem essa preocupação, é compreensível que empresas
também tenham e queiram apresentar bem o seu produto para o consumidor. Nesse
sentido, a embalagem é a vestimenta do produto que transmite a imagem da
empresa e da marca. Mas nem sempre foi assim. Anteriormente as embalagens não
recebiam essa atenção, não tinham importância na comunicação com o público-alvo,
limitavam-se a função de envolver e proteger o produto.
A partir da Revolução Industrial, a embalagem obteve uma nova posição:
sua função deixou de ser apenas prática e ganhou caráter mais simbólico,
expressivo na conquista do consumidor, passando a promover e vender o produto
através da beleza dos rótulos, fato que deu origem ao conceito de marca que
conhecemos hoje.
Mas o que torna a embalagem decisiva na compra do produto? Como ela
se relaciona com o consumidor? O que a marca ganha investindo nela?
Na atualidade, a embalagem desempenha papéis diversos e complexos,
principalmente porque, para algumas empresas, se trata da única ferramenta de
publicidade e marketing. São os atributos que tornam a embalagem atraente para o
consumidor, não só os físicos (tangíveis), mas, principalmente, os intangíveis, que
estão relacionados ao fetiche na mercadoria, o fascínio causado por ela e a
capacidade de mexer com as emoções do indivíduo. A embalagem estabelece
contato direto com o consumidor, entra na casa dele, faz parte da sua vida, portanto,
negligenciar o enorme potencial comunicativo da embalagem é uma falha grave que
pode custar à perda de consumidores e espaço para a concorrência.
Dando a embalagem a atenção que ela merece, a marca poderá resolver
diversas dificuldades ou problemas de comunicação, pois nenhum outro canal
possui essa relação mais intimista com o consumidor. Alinhar o planejamento
11
estratégico com o potencial de veiculação da embalagem é ganhar terreno frente os
concorrentes e delimitar a relação com os clientes.
Consequência da competição superaquecida entre as empresas é a
busca por diferenciais nas embalagens, sendo exclusividade a palavra-chave. A
tecnologia vem proporcionando soluções dinâmicas, além do design, da cocriação e
das redes sociais, que têm ajudado a inovar no desenvolvimento dos produtos.
Uma boa embalagem conta com uma fabricação de qualidade, que
precisa garantir a função básica de proteção e manuseio. Além disso, a produção
deve apoiar-se no planejamento estratégico, acompanhando as mudanças do
consumidor, as tendências, estudando o mercado para identificar oportunidades que
possam garantir vantagens competitivas.
Outro aspecto importante para se abordar são as redes sociais. No
cenário global dos negócios, elas vêm impactando diretamente nas relações de
consumo e direcionando a comunicação para um ambiente onde a troca de
experiências é critério seletivo na escolha de produtos e marcas. Desse modo,
conhecer os recursos e mecanismos das redes sociais, assim como o público-alvo,
tornarão as chances de sucesso da campanha maiores. No entanto, alcançar esse
objetivo dependerá da forma como o tripé Embalagem/Consumidor/Rede Social será
trabalhado pela Publicidade e apoiada pelo Marketing.
Através do método indutivo, isto é, da observação de casos da realidade,
constata-se que é preciso mais do que uma embalagem bonita para conquistar o
consumidor, cabendo à empresa investir no apelo emocional da sua mensagem. As
interatividades que embalagem e rede social proporcionam dão à empresa a
oportunidade de transmitir seus valores e fortalecer a identidade da marca, ao
mesmo tempo em que o consumidor tem a possibilidade de criar um vínculo maior
ao construir uma relação sentimental.
Enfim, o conteúdo reunido nas páginas a seguir tem como objetivo
levantar questionamentos e provocar reflexões sobre a criação de formas de
comunicação inéditas com base na embalagem. Assim, estudá-la como forma de
mídia, que cria uma conexão direta com o consumidor por meio dos seus atributos
tangíveis e intangíveis, bem como verificar as possibilidades de uso das redes
sociais na elaboração de novas ações e estratégias envolvendo-a no plano central
da comunicação, além de analisar as tendências do marketing e confrontá-las com o
12
comportamento do consumidor diante do mercado e ainda averiguar como as
empresas enxergam essa nova realidade e o que estão fazendo para se enquadrar
nos moldes atuais de relacionamento com os clientes, oferta de produtos e disputa
de mercado.
O primeiro capítulo aborda a simbologia da imagem, o poder da
comunicação visual na publicidade, introduzindo o conceito do capítulo a seguir que
é o de tratar a embalagem como imagem, entendendo-a como uma peça de
comunicação que explora o sentido da visão para transmitir sua mensagem.
No capítulo 2 é debatida a definição do que seria uma boa embalagem,
destacando dois fatores no processo de criação dessa embalagem de sucesso:
Design e Inovação. Considerando os requisitos, o ideal é que ela consiga se
autopromover e também o produto, sem necessitar de outros meios.
O terceiro capítulo é dedicado ao tema Cocriação. A estratégia é usada
para gerar valor e aproximar o consumidor da empresa, buscando estabelecer um
forte vínculo afetivo.
No último capítulo o foco são as redes sociais e a dinâmica existente
entre elas (Facebook e Instagram) junto com a embalagem, resultando em ações
diferenciadas de marketing e publicidade que aumentam a visibilidade dos produtos
e dão prestígio às marcas.
Não existe aqui a pretensão de limitar o tema, mas estimular o debate de
ideias que possam contribuir com informações que beneficiem o trabalho das áreas
de Publicidade e Marketing.
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2. A SIMBOLOGIA DA IMAGEM
Confúcio, filósofo chinês (470 A.C), proferiu a seguinte frase: “Uma
imagem vale mais que mil palavras”. Passaram-se 2.500 anos, porém, o conceito
criado com base nessa afirmação ao que parece tornou-se atemporal, até os dias
atuais essas palavras perpetuam-se. Para a publicidade, então, foram ditas
praticamente ontem, pois a ideia de que uma boa imagem basta para comunicar o
que um texto não consegue sintetizar, tem sido o discurso mais utilizado pelos
publicitários na atualidade.
A transmissão de uma mensagem através da simbologia de uma imagem
desde as primeiras formas de representação gráfica exerce enorme poder sobre as
pessoas. A imagem possui uma linguagem mais acessível do que a das palavras,
que necessita de um conjunto complexo de normas e regras para descrever uma
situação. Aumont (1995) sobre a imagem propõe que, o homem, observador nato,
em praticamente todos os tempos, serviu-se de imagens para satisfazer
necessidades individuais e coletivas, procurou explorar os mecanismos que as
envolvem, e durante a história fez dela sua cúmplice.
A relação entre homem e imagem deu-se de diferentes formas durante a
história, a cultura foi, em todos os períodos, fator determinante na atribuição dos
significados e funções que a imagem assumiu. No Paleolítico, os homens primitivos
exercitavam o poder da imagem de forma mística, ao reproduzir nas paredes das
cavernas desenhos dos animais que desejavam capturar, o homem de Altamira
acreditava que o ritual lhe dava força e coragem para triunfar na caça, possuindo a
imagem no desenho, teria sucesso na caçada.
As transformações de significado decorreram ainda do desenvolvimento
das sociedades, das artes e da tecnologia. Ao contrário dos nossos ancestrais, o
homem moderno usa a representação da imagem de maneira racional,
principalmente nas áreas de publicidade e marketing, com objetivos específicos, as
técnicas e estratégias criadas para alcançar o sucesso em uma campanha vão além
de crença e misticismo, os meios de comunicação de massa são os responsáveis
em transmitir as novas definições dadas à imagem tornando-as condizentes com a
realidade comercial dos produtos e marcas na sociedade contemporânea.
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O anúncio da revista PlayBoy em comemoração aos seus 31 anos no
Brasil, traduz com uma simples ilustração a transformação ocorrida ao longo desse
período com as modelos que pousaram para o público masculino.
Fig. nº 1. Anúncio criado pela Neogama BBH para os 31 anos da revista PlayBoy. Fonte: Mídia Publicitária/ Facebook (2013).
O desenho minimalista, apesar de representar algo bem específico, a
forma de contorno dos pelos na região íntima das mulheres no decorrer das
décadas, revela que a imagem da própria mulher sofreu alterações. Nesse período,
a luta feminista em busca dos direitos das mulheres levantou questões polêmicas
para a sociedade, dentre elas, a liberdade sexual. É exatamente sobre a força da
significação da imagem que se deve prestar atenção. A expressividade está, muitas
vezes, implícita nesse campo.
A publicidade conta com a criatividade para levar até o público os vários
tipos de mensagens: comercial, institucional, governamental, educacional, etc. Em
muitas peças publicitárias, a subjetividade da imagem é usada como elemento
central no desenvolvimento da campanha. Foi assim que a Band-Aid anunciou seu
adesivo curativo flexível, adaptável. Mesmo depois de transformar-se em Hulk, o Dr.
Bruce Banner (Edward Norton) continua com o curativo no devido lugar. Essa
informação está subentendida, porém, conhecendo a história do super-herói e o que
ocorre com o corpo do cientista na transformação, compreende-se a ideia desse
anúncio.
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Fig. nº 2. Propaganda criada pela JWT para o Band-Aid flexível. Fonte: Ibelieveinadv.com (2013).
Na publicidade não existe imagem que seja simplesmente uma forma
expressiva do artista/criador de se comunicar com o mundo exterior. Ela sempre
estará carregada de intencionalidade e, mesmo contendo um caráter pragmático,
tem como objetivo sensibilizar o espectador. Causar encantamento é uma das
formas empregadas para tocar as pessoas, daí comentar-se sobre o fascínio que a
propaganda exerce.
Sobre isso, Debray comenta: “As imagens fazem parte do ser humano
que ainda tem poderes primitivos e utiliza a magia na sua criação. A imagem é
simbólica por excelência”. Estudos de mercado, de comportamento do consumidor,
de tendências, devem considerar que o cliente-alvo deseja mais do que
simplesmente um produto. A necessidade dele também está no desejo, pois o
fetichismo da mercadoria é ligado ao valor simbólico da imagem.
A possibilidade de fazer associações confere à imagem o valor de signo,
que encontra na embalagem o seu elemento material representativo. As sensações
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e percepções do consumidor a partir do reconhecimento da simbologia se
manifestam na lembrança de marca. Clotilde Perez considera que dentro desse
espaço perceptual da marca podemos criar mundos imaginários sedutores, fábulas,
sonhos e personagens míticos que, graças às ferramentas publicitárias, ficam
associadas ao produto e que finalmente passam a definir a marca.
Desse contexto, pode-se entender que, a embalagem enquanto
ferramenta estratégica precisa estar completamente alinhada aos objetivos de
marketing, pois a leitura positiva da imagem do produto e a fidelização à marca
dependerão do trabalho feito desde a elaboração do conceito da embalagem até a
projeção de como será o descarte feito pelo consumidor.
Ciente disto, do potencial promocional que a embalagem possui, a
publicidade se apropria da linguagem imagética para aumentar a visibilidade dos
produtos e suas respectivas marcas. A ritualização feita pela mídia garante que,
tanto produto quanto marca, estejam sempre com a imagem atualizada. Perter
Berger afirma: “Os universos simbólicos possuem valor central em todas as
sociedades. Eles interpretam a ordem institucional das coisas, conferindo sentido à
vida dos homens, ajudando, de certa forma, a garantir a coesão social”.
Não é de hoje que a imagem se mostra valorosa, capaz de sensibilizar,
dar sentido à vida. Dinastias da antiga civilização grega gravavam em suas moedas
os brasões de suas famílias. Não só a imagem exercia enorme fascínio sobre os
gregos como essencialmente fazia parte de suas vidas. Debray lembra que os
gregos eram apaixonados pela vida e pela visão, a ponto de confundi-las; para o
homem grego, viver não é respirar, como para o homem atual, mas ver; assim
morrer é perder a vista. Pior do que castrar o inimigo é vazar-lhe os olhos.
A imagem possui forte poder de penetração, ainda mais em uma
sociedade que a supervaloriza. Nesse sentido, as marcas para o homem atual
fascinam pela imagem de status que elas conferem ao estabelecer uma
propriedade, o domínio desempenha a função de passaporte para a inclusão social,
ideia essa disseminada pela publicidade para que o homem moderno assuma a face
consumista com a ilusão de encontrar o bem-estar social e conquistar o seu espaço
no ambiente coletivo. O apelo emocional feito na propaganda irá motivá-lo a
determinada ação na busca pelo sentido da vida.
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Claro que é importante falar da qualidade do produto, das características,
funcionalidade, o básico, mas não é só isso que faz com que o consumidor tenha
vontade de adquiri-lo. A imagem do produto em si também é vista como um
diferencial competitivo no mercado, por isso a publicidade investe na linguagem
visual como forma de comunicação eficiente, difundindo uma mensagem sem ter
necessidade de texto/legenda.
O poder da imagem para efeito de persuasão é completamente
permissível há bastante tempo. A igreja, desde a era medieval, para difundir sua
doutrina, empregava o poder da imagem para cativar e incutir na mente das pessoas
o seu discurso religioso. As mensagens abstratas contidas na Bíblia eram
dificilmente compreendidas por uma população de analfabetos. Graças à pintura, os
fiéis podiam compartilhar da palavra de Deus. A oralidade e a escrita não
sintetizavam as explicações do evangelho, logo, a imagem era preferível ao discurso
demasiado. A estratégia aplicada pelo Clero naquela época é similar a que as
marcas usam atualmente: transmitem através da imagem do produto a sua
ideologia, catequizando e buscando fieis. Debray complementa:
A imagem demonstra seu poder fisicamente ao produzir efeitos ou simplesmente por modificar condutas. Da mesma forma que há palavras que machucam, envenenam, provocam entusiasmo, trazem alívio, assim também há imagens que causam náusea, arrepios, fazem estremecer, salivar, chorar, que excita, condenam, levam a tomar decisões, a comprar determinado carro, a votar por um candidato em vez de outros.
A conclusão de Debray evidencia o quanto a imagem é tocante e
emblemática. Os efeitos que ela causa no indivíduo sinalizam que as empresas
devem estar atentas às possibilidades de explorá-la na comunicação. O apelo
sígnico da imagem reforça a ideia de que a embalagem, entendida como expressão
visual de um produto, é uma ferramenta estratégica para uma abordagem
diferenciada junto ao consumidor, impactando diretamente na decisão de compra,
na relação que ele estabelece com o produto e na ligação com a marca.
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3. UMA BOA EMBALAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS
Da mesma forma que o homem se serviu das imagens para satisfazer as
suas necessidades particulares e comuns a todos, descobrindo as funções e
atributos do emprego delas em cada época vivida, igualmente o fez com as
embalagens. Nascida de uma necessidade prática, acondicionamento e proteção do
produto, ela foi passando por transformações, incorporando novos sentidos e
funções cada vez mais complexas. Para entender melhor como o invólucro adquiriu
papel estratégico nas vendas, na veiculação de mensagens, ideias e na promoção
da imagem da marca, é necessário conhecer um pouco da sua história.
Tribos nômades da pré-história guiadas pelo movimento dos rebanhos
precisavam levar juntos seus utensílios. Depois, ao se fixarem a terra e iniciarem o
cultivo da agricultura, o homem primitivo sentiu a necessidade de estocar as
colheitas, produzindo, então, os primeiros vasos de estocagem.
No Egito Antigo, os reis criaram uma forma específica de conservação
dos seus corpos para as gerações futuras: os sarcófagos. Caixas de madeiras ou
recipientes de pedra eram usados para proteger os corpos dos faraós no aguardo
pela reencarnação. Tem-se um exemplo da função prática e, ao mesmo tempo,
simbólica da embalagem.
Para os desbravadores dos mares, outra embalagem foi fundamental nas
grandes navegações, que tinham como objetivo descobrir rotas marítimas para o
caminho das Índias e também a busca por outras terras: o barril de madeira. Ele
continha tudo o que era essencial à permanência da tripulação em alto mar por
longos períodos sem alcançar terra firme. Ele estocava: água, vinho, farinha,
biscoitos, carne salgada e pólvora.
Percebe-se que a embalagem, desde os primórdios, foi um instrumento
de grande valia, inicialmente só um recipiente de conservação e transporte de
produtos. Entretanto, a capacidade de descobrir e inovar do homem o conduziu a
novos caminhos na usabilidade dos invólucros.
A Revolução Industrial trouxe consigo mudanças profundas em todos os
setores da sociedade, principalmente no setor de embalagens. A produção em
grande escala era alimentada pela vontade dos burgueses em obterem maiores
lucros com menores custos. Para tal, investiram no melhoramento da produção das
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mercadorias. Com o propósito de alavancar as vendas, os fabricantes descobriram
que a embalagem poderia reunir outros elementos que a tornasse mais desejável
para os consumidores. Com efeito, ela incorpora belas imagens e cores vibrantes. A
beleza dos rótulos é anexada à promoção e venda dos produtos. Para Vidal Vieira, o
fato contribuiu para o desenvolvimento das técnicas de impressão e a origem do
conceito de marca.
De certo a Revolução Industrial iniciou uma nova era no mercado de
produtos. Contudo, outro fato marcante incrementou de vez o segmento: o
surgimento do autosserviço. Acabar com a barreira entre produtos e consumidores
substituindo os balcões com os vendedores pelas gôndolas, dando ao consumidor o
acesso direto aos produtos originou o relacionamento mais intimo do cliente com a
mercadoria, em consequência, a embalagem chamada agora de “vendedor
silencioso”. Além das funções básicas de guardar e proteger, ela passa a expor,
comunicar e vender.
A sociedade contemporânea, caracterizada de consumo pela expansão
do capital empresarial, vasta oferta, variedade de produtos, crescimento
populacional, publicidade intensa e ideologicamente consumista, juntamente com a
concepção do Marketing, é responsável pela projeção da embalagem como
instrumento competitivo entre as empresas, suporte para ações de marketing,
comunicação, promoções e branding.
No primeiro contato do consumidor com o produto, a embalagem precisa
insinuar-se, ser “degustada”, tocada primeiramente pelo olhar. Assim como
acontecia na Roma Antiga no banquete oferecido aos Deuses pelos romanos, as
pessoas apenas olhavam a comida, sem tocá-la. Foi dessa cerimônia religiosa que
surgiu a expressão popular "comer com os olhos”. Michael Maggio, vice-presidente
global de embalagens da Johnson & Johnson, reforça essa ideia quando diz que a
embalagem é a primeira coisa que o consumidor vê. É um dos itens mais
importantes e parte de uma solução total de produto, porque é o que o consumidor
vê e aquilo com que ele interage, conclui.
Do ponto de vista semiótico, a embalagem é um objeto associativo que
reflete diretamente na percepção que os consumidores têm dos produtos em si,
funcionando também como uma visão extensiva das marcas. Dessa maneira, deve
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atrair, seduzir, aguçar os sentidos e criar uma relação tanto racional quanto
emocional.
Usando a embalagem para mexer com as emoções do consumidor, a
publicidade explora o campo subjetivo da comunicação, ou seja, trabalha na esfera
do inconsciente despertando no consumidor à vontade, o desejo de possuir, usufruir
do produto.
As caixas realistas de sucos de frutas criadas pelo designer japonês
Naoto Fukasawa é um ótimo exemplo de como a imagem representativa pode
estimular a memória e aguçar os sentidos. A ideia foi reproduzir com fidelidade a
textura das frutas imitando as escalas de cores das cascas. A promessa de suco
fresco se expressa literalmente através da embalagem, e não meramente como
informação textual contida no rótulo do produto. Nessas caixas, o suco parece ser
muito mais saboroso, a embalagem aciona os sentidos do paladar, visão e tato, se
mais ousada, a fabricação ainda pode provocar o olfato ao colocar o cheiro de
natural das frutas.
Fig. nº 3. Embalagens hiper-realistas de sucos de frutas criadas pelo designer Naoto Fukasawa. Fonte: Mídia Publicitária.com (2013).
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Quando numa ação qualquer de comunicação consegue-se
harmoniosamente mesclar todas as memórias (visual, auditiva, tátil, olfativa e
degustativa), as chances de atingir as metas ultrapassam as expectativas reais, o
resultado pode ir além do estimado. Dados da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFGRS) mostram os índices de eficiência das memórias em números (%):
1 - Comunicação pela Visão (Memória Visual) - 75% de eficiência.
2 - Comunicação Gráfica (Memória Visual) - sabe-se que 80% das coisas que se vê,
são captadas por símbolos, desenhos etc.
3 - Comunicação Audiovisual (Memória Visual e Auditiva) - 84% de eficiência.
4 - Comunicação pelo Gosto ou Degustativa (Memória Degustativa) - cuja índice de
eficiência é cerca de 1%.
5 - Comunicação pelo Tato ou Tátil (Memória Tátil) - 1,5%
6 - Comunicação pelo Olfato ou Olfativa (Memória Olfativa) - índice de eficiência de
3,5%.
7 - Comunicação pela Audição ou Auditiva (Memória Auditiva) - 9% de eficiência.
Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS)
A experiência positiva, decorrente da aproximação amistosa entre
consumidor e embalagem seguida da satisfação gerada pela utilização prática e
funcional do invólucro, criará o ciclo virtuoso de compra e, consequentemente, o
vínculo pela repetição que a marca deverá trabalhar para mantê-lo.
Visão Gráfica Audiovisual Degustativa Tátil Olfativa Auditiva
75%
80% 84%
1%
1,5% 3,5% 9%
ÍNDICES DE EFICIÊNCIA DAS MEMÓRIAS
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Na criação de uma embalagem de sucesso, aspectos básicos não podem
ser negligenciados. A função primordial de proteger o produto deve ser assegurada
pelo fabricante, portanto, o recipiente tem que cumprir com essa expectativa. Se ele
rasga facilmente, o consumidor provavelmente se frustrará e irá considerar a
possibilidade de escolher outro produto na próxima compra. Outras questões como:
custo com logística e transporte, funcionalidade, capacidade da embalagem ser
usada para intensificar a utilização do produto merecem atenção especial. Na
rotulagem, aspectos legais precisam ser rigorosamente executados na confecção:
tamanho, fonte, dados e informação.
Informações básicas que um rótulo tem que apresentar: nome do
fabricante, data de fabricação, prazo de validade, lote, ingredientes ou materiais que
compõem o produto, país de origem, classificação do produto segundo leis vigentes
do país onde está sendo comercializado, fácil explicação sobre o uso do produto,
seus eventuais perigos e usos errados potenciais.
Outro papel importante do rótulo é o de medida preventiva, se
antecipando para evitar ou resolver possíveis problemas futuros, estabelecendo um
canal de comunicação entre o público e a empresa. O Código de Defesa do
Consumidor (CDC) impõe a inclusão do número de telefone do Serviço de
Atendimento ao Cliente/Consumidor (SAC), ou home page e o email da gerência de
relações com clientes do fabricante nos rótulos de seus produtos.
Outra função do rótulo é reproduzir o poder aquisitivo do segmento de
mercado, seja por classe social (mais sofisticados), por estágio do ciclo de vida
(letras maiores para idosos) ou por estilo de vida (mais arrojadas para desportistas).
Em suma, embalagem, rótulo, valor agregado, produto e marca estão
intrinsecamente ligados.
Um estudo recente para o Advertising Age1 feito por Brian Richard, diretor
de customer insights2 e Steve Kazanjian, vice-presidente global criativo da MWV,
constataram que a embalagem é tão importante para o consumidor médio quanto
preço e qualidade, ficando no mesmo patamar de marca em uma lista de fatores.
Uma boa embalagem é vantajosa para a indústria, pois se ganha em termos de
produção, distribuição, venda e consumo do produto. Já para o varejo favorece a
1 Revista de publicidade, marketing e mídia.
2 Termo relativo à percepção de consumidores.
23
exposição adequada, identificação e rastreabilidade dos produtos, enquanto que
para o consumidor apresenta variadas opções de produtos, informação,
conveniência, segurança na conservação, manuseio e consumo.
Além de todos esses pontos positivos, uma boa embalagem agrega valor
ao produto/marca. É um forte apelo para que o consumidor escolha um determinado
produto ao invés de outro, e mesmo com essa ferramenta poderosa tendo um custo
relativamente baixo se comparada a outras ferramentas de comunicação, as
empresas continuam míopes diante desses fatos.
Fabio Mestriner, professor coordenador do Núcleo de Estudos da
Embalagem da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e autor do livro
Gestão Estratégica da Embalagem, revela que estudos recentes do núcleo indicam
que em quase 90% dos casos a embalagem é a única ferramenta de Marketing que
os produtos têm para competir no mercado. Apenas cerca de 10% dos produtos
vendidos no varejo tem apoio de propaganda ou suporte de outras ações de
marketing, menciona ainda outra pesquisa realizada pela AC Nielsen apontando que
80% dos produtos lançados estão fora do mercado em dois anos e as principais
causas do fracasso destes produtos é marketing insuficiente e falta de inovação.
O fenômeno dos commodities3 maximiza a disputa das marcas pelo
espaço na mente e no bolso do consumidor. Se o produto não possuir um apoio de
comunicação, dependera ainda mais da embalagem para competir com centenas de
produtos diferentes, diante disso, o caminho é buscar a diferenciação, criar uma
embalagem que “fale” diretamente com o consumidor e expresse os valores
tangíveis e intangíveis da marca.
As constatações indicam que a embalagem é um excelente veículo de
comunicação frente à comoditização. Cativar o consumidor está cada vez mais difícil
devido a enorme quantidade de similares. Quase não há diferença entre um produto
A, B ou C. Assim, a embalagem que conseguir rapidamente chamar a atenção não
dependerá muito de outros recursos para “conversar” com o consumidor e
convencê-lo a pegá-la em suas mãos e leva-la até o caixa. Vale enfatizar que o
apoio da comunicação e do marketing é fundamental, mas uma embalagem que
consiga se autopromover dá a essas duas áreas a segurança para pensar em outras
ações e estratégias de suporte a imagem do produto e da marca.
3 Refere-se a produtos padronizados, não diferenciados.
24
3.1. DESIGN E INOVAÇÃO
O maior desafio das empresas é buscar um diferencial na criação das
embalagens equilibrando: economia, funcionalidade e marketing. No cenário
competitivo do mundo dos negócios, correr riscos geralmente causa temor às
empresas. Isso é natural, pois existem grandes chances de uma tentativa dar
errado. Então, prevalece à máxima: “não trocar o certo pelo duvidoso”.
No entanto, os gestores de marketing precisam conviver com o paradoxo
de garantir os resultados positivos ao mesmo tempo em que arriscam no
desenvolvimento de novas formas de apresentação do produto. É importante
ressaltar aqui que, de qualquer maneira, as empresas estão obrigadas a investir na
diferenciação ou seus produtos correrão o risco de serem apenas mais um em meio
a tantas opções.
Preço e praticidade são indispensáveis para o consumidor, em geral, os
mais relevantes, porém é interessante saber que também incluem a aparência da
embalagem como critério que influência na decisão de compra. Moura e Banzato
argumentam:
A embalagem, além de ter o poder de exercer certo fascínio no ato da compra, também agrega valor ao produto, fazendo com que, muitas vezes, o consumidor opte pela compra prioritariamente pela aparência da embalagem e algum utilitário agregado à mesma.
A publicidade e a propaganda nos dias de hoje vendem comportamentos
e conceitos juntos com o produto, pois o consumidor não está mais interessado
apenas nas características funcionais, mas também no que o produto pode lhe
conferir para satisfação de necessidades especificamente emotivas.
Pensando nisso, o design da embalagem deve ser concebido a partir do
que o consumidor sente ao olhar para ela. As pesquisas de mercado e o estudo do
comportamento do consumidor possuem recursos para indicar como o layout do
recipiente, através de suas variadas formas, modelos, materiais e cores causa o
impacto visual necessário levando até o consumidor a mensagem ideológica
pretendida. Dando prazer no ato da compra, o produto, além do conteúdo, entrega o
sentimento de realização pessoal, satisfação, e ocasionalmente a fidelização, por
mais que momentânea, tendo em vista que a vasta oferta de produtos dá a liberdade
25
ao consumidor optar por outro produto a qualquer hora, sem culpa nenhuma em ter
feito a troca.
Para entregar ao consumidor a energia de que ele precisa, a marca de
energético Gloji investiu no design de uma embalagem que traduzisse bem o seu
slogan: “The Juice that makes you glow” ou “O suco que faz você brilhar”. A bebida
energética é a base de "goji berry", uma fruta exótica da china. Sua pequena garrafa
no formato de lâmpada, sinuosa e leve é perfeitamente adequada para o conceito
criado para o tônico. A marca Gloji ganhou o primeiro lugar no concurso
Pentawards4 de 2008.
Fig. nº 4. Energético Gloji. Design tudo a ver com o slogan: “O suco que faz você brilhar”. Fonte: Mídia Publicitária.com (2013).
Dentre os elementos do design, a cor é quem melhor projeta a
embalagem aos olhos do consumidor. A pregnância das cores é capaz de tocá-lo de
tal modo, que a escolha do produto pode ser feita sem que ele perceba o verdadeiro
motivo pelo qual decidiu levá-lo. Homens e mulheres têm noções diferentes sobre
cores. A cor rosa, por exemplo, é um simples rosa para o homem enquanto a mulher
vê uma série de variações: fúcsia, chiclete, magenta, pink, bebê, etc.
4 Concurso mundial exclusivamente dedicado à concepção de embalagens sob todas as suas formas.
26
É importante ter conhecimento de informações desse tipo, pois
dependendo do público consumidor potencial, o design da embalagem pode
salientar os elementos visuais mais atrativos para determinado grupo, além da
preferência que os sexos têm por cores específicas (masculino=azul,
feminino=rosa), levando também em conta o condicionamento e a cultura que já se
firmou em associar tais cores à questão.
É justamente essa capacidade associativa que potencializa o efeito
causado pela cor no indivíduo, mais do que chamar a atenção, as cores mexem com
a emoção. Cores vibrantes estimulam a energia, agitação, já as cores frias
produzem sensações contrárias. Em resumo, as pessoas no dia-a-dia fazem um
“julgamento subconsciente” acerca do que é ou não bonito. Pode parecer cruel, mas
a aceitação ou rejeição de alguém muitas vezes fica por conta da estética. Não é
algo particular das relações interpessoais, no mercado de produtos ocorre
exatamente igual. Assim, uma embalagem precisa ser admirável para o consumidor.
Considerando o contexto, a beleza do design da embalagem não pode
ser entendida como algo supérfluo. Nota-se que o cuidado com a estética se torna
cada vez mais obrigatório na sociedade pós-moderna. No entanto, a publicidade e o
marketing precisam gerenciar um conflito de valores morais entre empresas e
consumidores no que diz respeito à apreciação do que é belo.
Existe um falso moralismo que impede a maioria das pessoas aceitarem a
beleza como valor legítimo, simplesmente por acreditarem que ela se distância
totalmente do que deve ser importante para o ser humano. A beleza exterior não
deve se sobrepor aos valores morais. Esse pensamento é aceito no âmbito do senso
comum, porém, não deve ser creditado, menos ainda, reproduzindo pelos
profissionais da área da comunicação, já que o conhecimento a respeito da
relevância do design ultrapassa o juízo de valor e não se baseia em percepções
leigas.
Estudos e pesquisas realizadas na Associação Brasileira de Embalagens
(ABRE) pelo Comitê de Estudos Estratégicos da instituição concluíram que o
consumidor reconhece o valor estético da embalagem e aceita pagar mais por isso,
vai além, não fazem distinção entre produto e embalagem. Para ele, são partes
indissociáveis, sendo a beleza item primordial nessa composição.
27
Sabendo que o consumidor aceita pagar mais para levar um produto bem-
apresentado, as empresas devem investir no desenvolvimento, aprimoramento da
produção de invólucros que materializem o conceito abstrato de beleza,
aproveitando a oportunidade para criar uma embalagem irresistível aos olhos dele.
Steven Jobs defende o design como o centro de tudo: “A maioria das pessoas
pensam que design é uma capa, uma simples decoração. Para mim, nada será mais
importante no futuro que o design. O design é a alma de tudo aquilo que foi criado
pelo homem”.
Além disso, do quanto é imprescindível o trabalho visual, há outro assunto
bastante discutido: a inovação. Na época atual, a sobrevivência de produtos e
marcas no mercado está associada à capacidade de inovar nas categorias que
pertencem. Criando produtos diferenciados, empresas têm a chance de superar a
concorrência e se fortalecer diante dela. Kotler destaca:
Se você inovar frequentemente terá muitos fracassos, mas se você não inovar, sairá do mapa. Então, você não tem escolhas, não basta ter apenas uma cultura de inovação, é preciso mantê-la constantemente, porque o mundo não para.
Tratando-se de inovação, o setor de embalagens é um dos que mais
investe na pesquisa, desenvolvimento e tecnologia de produção, justamente por que
se faz necessário apresentar novidades frente à tamanha concorrência entre os
produtos. Sobre a mesma questão, os consumidores exigem a todo o momento e
cada vez mais que as empresas lhe ofereçam algo diferenciado, algo que possa
melhorar suas vidas.
Segundo a ABRE, mundialmente, a embalagem movimenta mais de US$
500 bilhões, representando, dentre 1% e 2,5% do PIB de cada país. No Brasil, esta
movimenta atualmente, R$ 47 bilhões e gera mais de 200 mil postos de emprego
diretos e formais. O país é inclusive apontado como um dos melhores do mundo no
segmento. Sobre inovação Kotler ainda coloca:
Não manter essa postura de inovação é a forma mais rápida de uma empresa falir, assim como aconteceu com a Kodak, que pediu concordata nos EUA. Como as empresas morrem? Quando alguma tecnologia começa a ficar obsoleta e as empresas não querem abandonar o sistema. Às vezes tem muito dinheiro investido na antiga tecnologia.
28
A inovação não está associada apenas ao tipo de material usado para
produzir as embalagens, a tecnologia, equipamentos desenvolvidos para fabrica-los
ou a criação de algo inédito. Pode-se entender como inovação também a forma de
apresentação do produto que coloca a embalagem no papel central dessa ação. Não
adianta somente redesenhar a lata, alterar o tamanho da garrafa, mudar a cor do
rótulo, criar um novo modelo de caixa se a metodologia usada na publicidade do
produto continuar a mesma. Ainda que as mudanças na embalagem sejam sutis, é
recomendável mostrar a novidade, do contrário os esforços para inovar passaram
despercebidos pelos consumidores e não surtiram o efeito esperado.
A marca de relógios suíços Festina ousou na apresentação do seu
produto a prova d'água colocando suas peças dentro de um pacote cheio do líquido.
A ideia era fazer o cliente acreditar que realmente a função estava garantida. A
mensagem clara e objetiva que o produto é de fato confiável e resistente se
consolida na própria embalagem. A credibilidade nesse caso é praticamente total, já
que o consumidor vê a funcionalidade de proteção sendo literalmente testada.
Fig. nº 5. Relógios Festina com embalagem a prova d'água. A criação é da agência Scholz & Friends, de Berlim. Fonte: Mídia Publicitária.com (2013).
29
Definitivamente, deve-se ter cuidado para que a funcionalidade da
embalagem juntamente com o produto seja entregue ao consumidor. De que serve
um produto inovador se ele não funciona? Nada. Por isso, alguns produtos lançados
no mercado saem de circulação pouco tempo depois, pois ousaram na
apresentação, mas deixaram de lado atributos básicos da embalagem: proporcionar
a máxima utilização do produto sem desperdício, qualidade nas informações,
facilidade de acesso e manuseio.
Diante do exposto, vale destacar que, tanto o design quanto a inovação
devem manter o foco no consumidor. A embalagem deve “conversar” com ele.
Convidá-lo a participar do processo de criação é uma ótima oportunidade para que
se conheça mais sobre as suas preferências, necessidades e desejos, a fim de que
o design da embalagem gere a identificação necessária com o público-alvo.
Os produtos, assim como as marcas, são para os consumidores
sinônimos de poder, vaidade, satisfação do ego. Elas possuem aspirações e
expectativas particulares, querem se sentir especiais, prioridade, ter a sensação de
que o produto é exclusivo, por esse motivo as embalagens ressaltam a estética em
detrimento da funcionalidade: o objetivo é customizar para conquistar.
4. A COCRIAÇÃO NA GERAÇÃO DE VALOR
Algumas tendências do marketing foram traçadas a partir do mapeamento
de certos comportamentos que os consumidores se mostraram inclinados no
presente. O indivíduo é reflexo da sociedade, que por sua vez é da cultura, da
economia e do estágio de desenvolvimento social e ambiental em que ela se
encontra. Resultado dessas influências são os novos hábitos que surgem apontando
em que direção o mercado deve seguir.
Os caminhos identificados para a construção de uma nova abordagem de
relacionamento com os consumidores são: a customização, integração entre redes
sociais e bancos de dados, conteúdo sob demanda, curadoria do conteúdo,
imagens, compartilhamento, recursos de voz, telas mobile5, a qualquer momento em
5 A palavra refere-se à mobilidade, está associada ao uso de linhas de telefone móvel.
30
qualquer lugar, SEO = conteúdo = compartilhamento, mídias sociais como
mainstream6, crowdsourcing7 para produção de conteúdo e online/offline.
A pesquisa exploratória irá possibilitar uma maior familiaridade com esses
tipos de comportamentos a partir do levantamento bibliográfico (livros, artigos,
periódicos etc) e análise de exemplos (estudos de caso), principalmente para
averiguar o fato de esse consumidor ter se tornado um ser altamente exigente e
exclusivista, “carente” de atenção, que procura um produto/marca pensado só para
ele, por ele, com o objetivo de auferir prazer. Esse perfil hedonista leva as empresas
a repensar a relação dos consumidores com seus produtos.
Há algum tempo, o processo unilateral não atende às exigências do
mercado. Consumidores requerem a participação na criação de soluções das suas
próprias demandas. Essa tendência não é particular no Brasil. De modo global, as
empresas têm buscado uma aproximação com os stakeholders8. O
compartilhamento é adotado como parte da solução de inovação para os negócios,
que resulta na personalização do atendimento e customização dos produtos.
O consultor da 3M Inovação Maximiliano Carlomagno diz que, cocriação é
mais do que inovar com cliente, é um guarda-chuva que integra os temas de
crowdsourcing, inovação aberta, lead users, podendo envolver outros stakeholders
que não o consumidor. É uma estratégia que abre espaço para novos modelos de
negócio e pode produzir experiências e produtos customizados, mas também
padronizados e de massa”.
Para a estratégia funcionar, é preciso que haja uma troca de ideias
fluídas. As empresas devem estar realmente dispostas a ouvir e interagir com seus
clientes, sendo a internet o canal mais adequado para estabelecer esse tipo de
comunicação. O professor da Universidade de Michigan Venkat Ramaswamy
defende a utilização da rede como meio para acelerar o processo de participação e
a expansão da interatividade das empresas com todos os públicos. “O poder da
6 Refere-se a uma corrente principal de pensamentos e ícones culturais reconhecidos pela maioria da
população.
7 É um modelo de criação e/ou produção que conta com a participação e conhecimentos coletivos
para desenvolver soluções e criar produtos.
8 Todos os públicos interessados em um organização.
31
tecnologia é criar plataformas que facilitem a troca de ideias e a administração dos
resultados que queremos obter”, destaca o acadêmico.
Se o processo de cocriação for bem gerenciado, a tendência é que a
conectividade do consumidor com a empresa seja ampliada, logo, a ligação com o
produto também sofrerá o mesmo efeito. Exemplo disso é a Starbucks, que, por
meio de seu site, permitiu que cada um opinasse sobre tudo nas lojas de café - do
cardápio ao atendimento, das opções de bebidas ao design das lojas. Desde 2009,
foram recebidas mais de 28,7 mil sugestões de bebidas, 13,5 mil de alimentos, 8,7
mil de chás e 12,8 mil de locais para as lojas. Dentre os resultados, a implantação
de opções mais saudáveis, como frutas, na oferta de produtos de algumas unidades
da rede de cafeterias nos EUA.
Para Ramaswamy, o sucesso da Starbucks se deu por que ela não
estava vendendo café, e sim experiência. O exemplo foi um dos cases citados pelo
professor no café da manhã na Amacham-São Paulo quando falou aos participantes
sobre o poder da cocriação na relação entre clientes e empresas. Nesse encontro
também compartilhou um método de aplicação em etapas para trabalhar com a
cocriação: objetivo, processo, interface ou plataforma e pessoas – “o mais
importante de tudo”, destaca. Segundo ele, as experiências humanas podem criar
valor ao estabelecer um diálogo claro e o acesso a dados de forma transparente a
fim de incentivar a reflexão. “A plataforma certa é aquela que permite a
participação”. (www.amcham.com.br).
5. O MARKETING E AS REDES SOCIAIS
Embora as raízes do marketing se encontrarem na própria origem do
comércio, o seu campo de estudo é considerado novo perante às demais áreas do
conhecimento. Estudar as tendências do mercado, o comportamento dos
consumidores, a atuação dos produtos e a livre concorrência, surgiu do confronto
dos industriais como a nova realidade que se instaurou após a Revolução Industrial.
A necessidade de um novo modelo de administração dos negócios fez com que
migrassem de uma preocupação meramente logística para potencialização dos
lucros, elevando o marketing à categoria de ciência mercadológica.
32
Assim, os gestores e profissionais de marketing de modo geral têm que
passar da visão periférica para visão sistêmica ao olharem a embalagem, em outras
palavras, a imagem anterior desfocada, sem riqueza de detalhes, dá lugar à
capacidade de ver a embalagem como um todo e, entender como ela funciona e
interage nos processos micro e macro, ou seja, desde a sua concepção até o
contato com os clientes, compreender a integração dos processos de origem e
destino pode dar ao profissional de marketing a chance de colocar um produto a
frente dos demais. Com tamanha relevância, a embalagem é a tangibilização do
conceito do produto.
Certamente a embalagem é um componente extremamente importante na
fabricação de um produto de sucesso. Alguns teóricos inclusive a apontam como o
quinto P de marketing: Packing. Os outros 4Ps são: produto, preço, praça e
promoção, conhecidos também como Mix de Marketing, Composto de Marketing ou
Composto Mercadológico.
Jerome McCarthy definiu essa composição como:
O conjunto de instrumento, através dos quais se obtêm melhor ajustamento entre a oferta de uma organização no mercado e a demanda existente, onde todos os elementos do composto foram criados e estabelecidos para atender as necessidades, desejos, expectativas e potencialidades do consumidor.
O ideal do marketing é criar um produto que se autopromova, isto é, que
se venda por si mesmo, gerando uma publicidade espontânea e gratuita. Kotler e
Keller concluem que o Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e
grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação,
oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.
Philip Kotler, teórico, palestrante, consultor, escritor, é apontado como o
guru do Marketing moderno e a sexta pessoa mais influente do mundo pela Wall
Sreet Journal. Suas teorias são estudadas nas universidades e utilizadas pelas
empresas em todo o mundo. As milhões de cópias vendidas dos seus livros,
inclusive traduzidos para mais de quarenta países, o credenciam a falar com
propriedade sobre o assunto. A perícia do estudioso lhe concerne um lugar de
destaque que até hoje poucos conquistaram. No ano de 2012, no seminário HSM
Marketing 3.0, falou a respeito de alguns conceitos relacionados ao novo Marketing,
enquadrado em uma nova economia conectada por meio das redes. Ele assinala
33
características dessa recente reestruturação. A primeira é a morte do antigo
Marketing. Declarou Kotler:
Antes, os consumidores não tinham tanto conhecimento da empresa, eles só viam o que dizia a publicidade. Ou seja, as empresas detinham o monopólio da informação. Hoje, isso mudou. Você pode conhecer a empresa tanto quanto ela. Você pode entrar na internet e saber todos os detalhes de um produto, quem são seus concorrentes e tudo mais.
No novo marketing, os consumidores estão mais inteligentes e bem
informados, afirma Kotler. “Hoje quando você vai comprar um carro, você não vai
simplesmente entrar na concessionária para saber do veículo, você vai perguntar
aos seus cinco mil amigos no Facebook”, acrescenta o pesquisador.
No sentido de cumprimento da promessa pela empresa, entregando ao
consumidor a satisfação do uso do produto em conformidade com os seus atributos
e funções o professor destaca: "As empresas estão em um grande aquário e todo
mundo pode ver o que está acontecendo dentro", aponta o estudioso.
Para acertar na estratégia, a fim de ganhar o público-alvo, o Marketing
precisa conhecer de perto os consumidores e as relações que eles mantêm como o
produto, a marca e a imagem de valor atribuída a ambos. No seminário, o
especialista defende a política de marketing segmentado ou personalizado:
Se antes era o marketing de massa o mais comum para atingir o maior número de pessoal, agora a tendência é justamente o micromarketing ou marketing de precisão. Esse pode ser um grande diferencial competitivo para as empresas que possuem muitos concorrentes diretos em seu mercado de atuação.
Pode parecer incoerente, mas ainda existe uma visão míope da parte
administrativa de muitas empresas de quais são as competências e
responsabilidades do Ambiente de Marketing, visto que, se preocupam somente com
a publicidade (anúncios de televisão).
Na realidade, o planejamento de marketing deve andar alinhado com o do
setor estratégico, juntas, as forças devem projetar o caminho da organização para o
futuro baseadas numa comunicação integrada. "O marketing é um processo que
deve passar por quatro etapas: planejamento, gestão, execução e mensuração",
coloca Kotler, e acrescenta que, apesar de ser difícil fazer previsões em longo prazo,
é importante também criar alguns cenários do que pode estar por vir. Essa é uma
34
forma de tomar direções com menos probabilidade de erros para o futuro de uma
ação ou da própria empresa.
Os exemplos a seguir serão analisados a partir dessas observações e
conclusões de Kottler. O Facebook e o Instagram foram usados por empresas e
marcas em campanhas que repercutiram e obtiveram resultados expressivos. Os
números positivos dos casos merecem atenção. É interessante observar também o
quanto as campanhas são criativas e inspiradoras.
5.1. FACEBOOK
Falando de projeções, estar onde o consumidor está é uma das que
certamente não pode ser ignorada. A presença das empresas nas redes sociais não
pode de maneira alguma ser indispensável na conjuntura atual. Fazer parte desse
universo é perceber a mudança de uma série de comportamentos que leva o
relacionamento comercial e a forma de gerir negócios a uma nova esfera.
Portanto, intensificar as ações nesses canais impulsiona a comunicação
eficaz do produto, envolvendo as pessoas e conquistando fãs para a marca. O
experiente consultor dá uma dica para as empresas aproximarem as pessoas das
suas organizações: contar histórias envolventes. Porém, o professor alerta sobre a
forma de utilizar essa mídia: "Não use o Facebook para vender seu produto, use
para fazer relações" afirma. Cita duas empresas que se comunicam muito bem
usando a narrativa: Coca-Cola e McDonald's. "Eles sabem contar histórias diferentes
para mães, para crianças, para idosos", conclui.
Dessa relação mais estreita com o consumidor podem nascer novas
ideias para criação ou mesmo melhoria dos produtos. A empresa lança o convite
para que juntos desenvolvam o negócio. É a cocriação permitindo que o cliente seja
mais um colaborador do processo criativo e produtivo. Kotler defende esse
posicionamento no marketing atual: "Não e só testar um produto. Chame o
consumidor para participar da criação dele. A Harley-Davison, a Lego, a GM e a
Lexus são alguns expoentes nessa linha. A Lego inclusive pede ajuda a crianças
para desenvolver seus novos produtos".
35
5.1.1. COCA-COLA ZERO - "QUANTO MAIS MELHOR"
A campanha da Coca-Cola "Descubra a Sua Coca-Cola Zero" inovou
outra vez ao pedir para os seus consumidores estamparem os seus nomes nos
rótulos do produto. A ação promocional com edição limitada customizou 150
embalagens (lata, 600 ml e 2L) com os nomes mais comuns entre jovens adultos em
todo o Brasil. Além da mídia tradicional, a promoção incluiu aplicativos, conteúdos
nas mídias sociais, embalagem exclusiva e ainda por cima a promessa de várias
surpresas ao longo da campanha. As pessoas que não conseguiram ter os seus
nomes inseridos nos 150 inicialmente, tiveram mais uma oportunidade. A marca
abriu votação na sua fan page9 para escolha de mais 50 nomes, que disponibilizava
um aplicativo para personalização da lata do refrigerante com palavras que
representavam "quanto mais melhor" nas suas vidas.
A interatividade e a cocriação contribuíram para reforçar o conceito de
tornar possíveis experiências impensáveis, mas também a expansão da presença no
mercado na categoria de bebidas light e diet. Nessa eleição, os consumidores
puderam contar com a ajuda dos amigos nas redes sociais, podiam indicá-los para
receber a imagem da lata customizada, fazer campanha para conseguir likes10 e
compartilhamentos. Diretora de Marketing de Trademark Coca-Cola, Luciana Feres
comenta: “Os jovens adultos vivem num mundo cheio de possibilidades e as suas
escolhas os levam a experiências únicas de vida, que falam muito de quem eles são.
Coca-Cola Zero proporciona uma experiência de delicioso sabor em zero caloria.
Por isso, a marca se sente à vontade para dizer que quanto mais zero, melhor. E
para o jovem adulto, quanto mais viagens, festas, amigos, música, melhor. Portanto,
quanto mais Carlos, Bruno, Dani, melhor!”.
O sucesso nas redes sociais foi tão grande que as latinhas da bebida
ganharam o patamar de objetos decorativos e até itens cobiçados por
colecionadores. “Conseguimos transformar a conotação do zero em algo positivo”,
resume o gerente sênior de Marketing do produto, Adriano Torres. O planejamento
começou no final de 2011 e a campanha foi lançada em julho de 2012. Segundo
9 Página de fãs específica do Facebook.
10 Ícone no Facebook usado para registrar que o usuário gostou de algo.
36
Torres, os trabalhos tiveram custos semelhantes aos de outras ações da companhia.
Hoje, a bebida detém 47% de market share11 de bebidas diet e light, um avanço de
três pontos percentuais sobre os 44% anteriores.
As embalagens viraram um assunto social, um viral nas redes sociais. No
primeiro mês de campanha, a página (global) do produto no Facebook atingiu um
milhão de likes contra 30 mil no período anterior. Agora, já está com quatro milhões,
sendo metade originada no Brasil. O consumidor brasileiro passou a ser o que mais
interage com a marca na página. A campanha teve um milhão de visualizações no
Youtube e oito milhões de participações via aplicativo desenvolvido especialmente
para campanha. O número de consultas no SAC da empresa cresceu 50 vezes por
conta da ação, que também aumentou em dez vezes as buscas pelo produto no
Google. “O número de visitas ao site da Coca-Cola Zero cresceu 2.500%. Houve
mais visitas em um mês do que o registrado desde o lançamento” comemora Torres.
Quando a campanha já estava em seu período normal de “esfriamento”
que, segundo o executivo, é de cinco meses, houve mais crescimento na
repercussão. Em janeiro de 2013, o grupo cômico Porta dos Fundos lançou um
vídeo sobre nomes que, segundo os comediantes, não existiriam nas latinhas. O
episódio alcançou mais de 5,7 milhões de views12 no Youtube. A empresa avaliou
que o vídeo não era pejorativo à companhia e postou em sua fan page “Quanto mais
Uélerson melhor”, “Quanto mais Kellen melhor” e “Quanto mais Porta dos Fundos
melhor”, numa alusão aos nomes citados no episódio. “Foi como se disséssemos
„vimos o vídeo e gostamos‟”, comenta o executivo.
No Brasil, a campanha teve sua segunda fase iniciada em janeiro de
2013, mas agora com o foco em cidades turísticas, os 100 destinos (80 nacionais e
20 internacionais) mais desejados pelos brasileiros com base numa pesquisa do
Ministério do Turismo. “O jovem adulto gosta de viajar e mostrar para onde foi”, cita.
Para o executivo, não há perspectivas de aposentar o “quanto mais, melhor”. “Toda
boa história merece continuação”, finaliza.
A campanha foi tão bem sucedida que recebeu o Prêmio da Embalagem
Brasileira em 2013. A premiação é dada anualmente pela ABRE para as
11
Significa participação de mercado.
12 Relativo a visualizações.
37
embalagens mais criativas. Dentre os critérios adotados pela comissão que elegeu a
embalagem customizada da Coca-Cola como uma das melhores, inovação e
utilidade foram determinantes na escolha dos grandes vencedores.
Fig. nº 6. A lata "Encontre sua Coca-Cola Zero" levou ouro na categoria marketing/estratégia de comunicação. Fonte: Exame.com (2013).
Uma pesquisa realizada pela Accedo Brasil em 2012 mostra números do
Facebook no país: 2º no ranking de maior crescimento (187%), 7ª maior audiência
online, 5ª maior audiência engajada, mídia social mais acessada com 36,098
visitantes únicos, 94,5% de presença com 88,9% de utilização, 49% de usuários
masculinos e 51% femininos, com mais de 15 anos são 46.000,000, a faixa etária
que dedica mais tempo está entre 15-24 anos, em média são 8,5 horas diárias
online, pessoas com mais de 55 anos conectadas 6 horas diárias entre 8h e 11h da
manhã, horário de maior acesso desse público.
O canal pode ser comparado a uma espécie de "gôndola virtual" gigante
com uma infinidade de produtos disponíveis para apreciação. O grande desafio das
marcas é atrair a atenção do usuário/consumidor, pois a disputa por espaço nesse
ambiente é tão acirrada quanto nas prateleiras dos supermercados. Os números
citados mostram o potencial e força que o Facebook tem para fazer negócios, uma
excelente oportunidade para a empresa que quer se aproximar do seu consumidor,
relacionar-se e criar vínculos.
Sendo tendência orçamentos decrescente, onde as empresas estão cada
vez menos liberando investimentos grandiosos para a publicidade de seus produtos,
o Facebook se apresenta como uma opção econômica para continuar impactando o
público-alvo com custo zero. Tanto a embalagem quanto a rede social são ótimas
38
alternativas que se enquadram nessa circunstância de redução de gastos. Os
empresários querem agora realizar mais com menos, ou seja, o objetivo é aumentar
a margem de lucros sem demandar de aplicação elevada de dinheiro. Essa é a nova
filosofia do mercado.
Nesse sentido, os profissionais de marketing são obrigados a criarem
soluções estratégicas a serem exploradas com recursos limitados, unir duas
ferramentas poderosas como a embalagem e as redes sociais numa ação conjunta
pode dar aquela marca que está querendo se sobressair o diferencial competitivo
que ela precisa.
5.1.2. BOM BRIL
Outro exemplo interessante de elo entre consumidor/embalagem/rede
social é o da Bom Bril. A marca considerada sinônimo de categoria e conhecida pelo
humor em suas propagandas também lançou em setembro de 2013 um aplicativo no
Facebook para que seus seguidores personalizem a embalagem da palha de aço.
O aplicativo que conta com três opções de embalagem foi desenvolvido
pela agência iKomm. O usuário poderá substituir a palavra “Bril” por outra que
quiser, escrever um breve texto, depois compartilhar a imagem na sua página
pessoal, fazer marcações de amigos e convidá-los para participar da brincadeira. Os
textos mais criativos são selecionados para estampar as embalagens reais do
produto. A intenção da empresa é aproximar-se ainda mais dos usuários
promovendo a diversão.
39
Fig. nº 7. Aplicativo no Facebook para personalização da embalagem. Fonte: Exame.com (2013).
Hoje a Bombril tem mais de 289 mil seguidores no Facebook, e o objetivo
é fazer com que os consumidores interajam com a marca. “O Bombril é muito
querido por todas as gerações da família brasileira e está inserido no cotidiano das
pessoas. Poucos conseguem chegar neste patamar e manter tamanho
reconhecimento, o que permite este tipo de interação. A marca está cada dia mais
próxima do consumidor, ávido por novidades”, afirma Marcos Santana, Gerente de
Grupo de Marcas da Bombril.
40
6. INSTAGRAM
Além do Facebook, outra rede social ganhou impulso e vem sendo
incorporada às estratégias de comunicação das empresas. O Instagram tornou-se
popular rapidamente pela facilidade com que permite ao usuário mostrar o seu olhar
sobre qualquer coisa. Não precisa ser fotógrafo profissional, basta apontar a
câmera, registrar e depois compartilhar.
A plataforma foi idealizada basicamente para compartilhamento de
fotografias, particularidade essa que a torna diferente das outras redes por que o
conteúdo principal é a imagem, muito oportuno para a publicidade trabalhar com
essa funcionalidade na divulgação dos produtos e o marketing nas ações e
estratégias promocionais para a marca ganhar mais visibilidade. O diferencial da
campanha pode estar nesse tipo de integração, na convergência de mídias que
reforçam o planejamento de comunicação.
Baseados nessa nova realidade, os negócios que desejam permanecer
no mercado necessitam se ajustar aos mecanismos dessa comunicação que se
estabelece. A embalagem como ferramenta de marketing integrada às redes sociais
é inteiramente adequada ao contexto, tornando-se mais atraente ao incorporar
recursos visuais adicionais da rede social.
Saber usar os mecanismos que a rede dispõe aumentam as chances de
obter resultados positivos. A fotografia de um produto no Instagram com aplicação
de filtros destacando a estética da embalagem realça a imagem e facilmente pode
atrair a atenção do consumidor. A criação artística tem papel central na sedução e
conquista nas redes sociais, nesse caso, a composição fotográfica entendida como
expressão de um conceito.
Conexão entre redes também é uma estratégia eficaz. As imagens
publicadas no Instagram e compartilhadas no Facebook, além de manter os perfis
atualizados, aumentam à participação do público de ambas as páginas. Outra opção
é fazer uso das (#)hashtags. Elas auxiliam no gerenciamento do conteúdo por meio
da segmentação e facilitam a busca dos usuários.
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6.1. NATIONAL GEOGRAPHIC
Começou com a National Geographic na celebração dos seus 125 anos de história.
Para festejar a conquista, ela lançou ações digitais via site e redes sociais, no
Instagram convidou os fãs da NatGeo para construírem juntos um mosaico da
humanidade com fotos do que cada um considera mais importante do que tudo no
mundo. Os participantes podiam acessar o hotsite Frame What Matters, imprimir
uma moldura produzida especialmente para a ação, o quadrado amarelo símbolo da
National Geographic, fotografar aquilo que importa com a moldura e compartilhar via
Instagram usando a hashtag13 oficial da ação, #framewhatmatters.
Se tratando de fotografia, a National Geographic é referência mundial, do
registro da “microvida” às imagens do espaço, possui um portofolio primoroso. A
ação foi bem sucedida por que fotografar diz respeito à identidade da National
Geographic, ou seja, engajada com a proposta dos que fazem parte dessa
sociedade, compartilhar através de imagens o que acreditam ser mais valioso no
mundo: a geografia.
Fig. nº 8. Imagens dos fãs para construção do mosaico da humanidade proposto pela National
Geographic. Fonte: Brainstorm9.com (2013).
13
Usada para caracterizar fotos e comentários nas redes sociais, funciona como um seletor de
conteúdo.
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6.2. NIKE
A gigante mundial de artigos esportivos usou um aplicativo no Instagram
para customizar seu tênis da linha Air Max. A Nike lançou em abril de 2013 o
aplicativo Nike PHOTOiD permitindo que os consumidores selecionassem suas fotos
preferidas do Instagram e aplicassem as cores no tênis.
A plataforma, então, apresenta opções de cores baseadas na foto
selecionada para criação do par de sneakers14. A linha Air Max já se consolidou
como símbolo de expressão da marca. É uma das mais apreciadas pelo consumidor.
O modelo foi adaptado do esporte e levado para as ruas pelos fãs esportistas. Hoje
é um dos mais estimados quanto ao design e principalmente suas variações de
cores.
Com este projeto, a Nike deixa os admiradores tornarem esse ícone cada
vez mais pessoal. A proposta é liberar a criatividade e transportar para o mundo real
o que é expresso constantemente em redes como o Instagram, levando o digital
para os pés de cada um.
Fig. nº 9. Aplicativo permite que usuário selecione uma foto e aplique as cores da imagem nos tênis da linha Air Max. Fonte: Brainstorm9.com (2013).
14
Significa tênis.
43
6.3. BRISK
As abordagens com marcas no Instagram aumentam na medida em que
as empresas percebem que podem se mostrar muito mais e interagir com o público
usando uma linguagem presente no dia a dia das pessoas. A sociedade está em
constante metamorfose. A tecnologia catalisa os efeitos de mudança que impactam
diretamente no comportamento e estilo de vida dos consumidores.
As redes sociais reescrevem o cotidiano, têm pontuado a maneira como
os indivíduos vivem, convivem e consomem. Em uma simples página de usuário é
possível observar informações que dizem muito sobre os seus hábitos, por exemplo,
a ida a determinada loja, pois ele fez um check in15 no local, a compra realizada,
#insta do que ele adquiriu elogiando, criticando a compra/utilização do produto, além
de comentários e compartilhamento com amigos, podendo até interagir diretamente
com a página, caso exista, do produto, marca ou empresa por meio da opção de
marcação.
Nesse contexto, o Ice Tea Brisk, da Lipton, lançou em janeiro de 2011
uma ação de latas limitadas para a SXSW 2011. Os consumidores tiram uma foto
através do Instagram, publicando com a hashtag #briskpin e participam da seleção
de quatro mil fotos que serão escolhidas e impressas na embalagem de versão
especial da bebida.
Fig. nº 10. Ação lançada junto com a introdução das hashtags para produção de latas limitadas da bebida. Fonte: Brainstorm9.com (2013).
15
Ferramenta que possibilita a marcação do local onde a pessoa se encontra.
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Embora não seja algo inédito a criação de embalagens pelo consumidor,
o que se percebe com os exemplos apresentados é que as alternativas de
integração entre a rede social e o invólucro são inúmeras. Cabe às empresas
descobrirem a melhor maneira de alinhar essa estratégia aos seus objetivos de
comunicação e marketing, explorando, em seguida, as possibilidades, pois não
existe uma fórmula específica. Uma ação bem sucedida para um tipo de negócio
pode não ser apropriada para outro. Portanto, a essência da marca deve nortear os
objetivos nesse tipo de comunicação. Não se trata apenas de vender um produto,
vai além da embalagem em si. É importante que o conceito seja trabalhado, que as
imagens mostrem na rede social a verdadeira identidade da marca.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas páginas do presente estudo, constatou-se que o sucesso de um
produto não é resultado apenas da excelente execução das técnicas de produção
fabril. O êxito está no conjunto de ações e estratégias que visam superar as
expectativas do consumidor e, assim, conquistar um espaço na sua mente e
também em seu coração. Nesse sentido, a embalagem se fortalece como
instrumento de comunicação sensorial ao evocar nos consumidores sentimentos
capazes de fazê-lo sonhar. São texturas, formas, cores e tamanhos que tornam os
produtos mais desejáveis aos olhos do receptor. A embalagem é um elemento
simbólico capaz de criar uma conexão emocional, além de transmitir os valores e
conceitos associados à marca.
A variedade de produtos e marcas torna a vida dos compradores mais
difícil na hora da escolha, inclusive, muitos não percebem diferença entre as ofertas
tamanha é a infinidade. Isso indica que apresentar um diferencial é fundamental
para o produto se sobressair. Um design criativo, por exemplo, agrega valor à marca
e, por vezes, é decisivo no ato da compra, principalmente quando reflete a
identidade do público-alvo. A customização dos produtos é uma tendência no
mercado, pois, o cliente quer sentir que o produto foi pensando exclusivamente para
ele. Pesquisas realizadas pela ABRE apontaram para essa direção: consumidores
declararam nesses estudos ser esse o método para a criação da embalagem dos
seus sonhos.
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Sobre o comportamento do consumidor, observou-se que a satisfação
dos desejos vem motivando muito mais do que a consciência de consumo por
necessidade. O consumidor é agora fiel a si mesmo, às suas convicções, e está
disposto a comprar aquilo que espelhe o seu modo de agir e pensar, o que não
elimina as chances de ser fiel também a alguma marca, bastando que as
experiências proporcionadas por ela sejam suficientes para torná-la inesquecível
para ele.
Do lado da marca, o fortalecimento da sua imagem e presença se dá pela
identificação de valor, que pode ser atribuída aos momentos nos quais o consumidor
consegue se comunicar com ela em todos os sentidos, de forma racional, emocional
e espiritual. É quando ele percebe que determinada marca é a única que pode
atender de forma concreta suas necessidades (reais) e anseios (caprichos).
Nota-se nos exemplos utilizados neste trabalho que, a articulação da
comunicação em torno da embalagem tem que ter sentido para o consumidor. O
receptor é extremamente sensível à mensagem da publicidade, contudo, crítico o
bastante para não se deixar enganar por falsas promessas. Viu-se o quanto o
consumidor atual é informado. Portanto, a comunicação deve estar alinhada com o
posicionamento da empresa e à identidade da marca.
Verificou-se também que, a embalagem é tão relevante que chega a ser
considerada por alguns teóricos o quinto P do composto mercadológico. São
diversas as suas funções, de proteção do produto à mídia de massa. O marketing,
ao descobrir esse potencial comunicativo da embalagem, passou a estudar como
explorar com mais eficiência e eficácia seus recursos persuasivos, tanto tangíveis
quanto intangíveis e aplicá-los aos seus objetivos. Diante disso, os invólucros se
tornam cada vez mais indispensáveis na concepção de um produto competitivo no
mercado exigente que é do consumo.
O trabalho também mostrou que inovação e criatividade são os caminhos
que devem ser seguidos pelas empresas que aspiram ter um futuro para os seus
negócios. O produto que não inovar estará fadado ao insucesso e a marca sofrerá
desvalorização. O público reconhece como valores legítimos os esforços de uma
empresa que oferece soluções novas e criativas e até aceita pagar mais pelo
produto em decorrência disso.
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Por fim, mas não menos importante, as redes sociais. Certificou-se que no
panorama mundial contemporâneo elas são ferramentas indiscutivelmente eficazes
se utilizadas adequadamente pelas empresas, pois funcionam como plataforma
integradora de elementos que dialogam na comunicação com o consumidor, isto é,
são expansivas se associadas à outra mídia, nesse caso, a embalagem. As redes
sociais ainda são responsáveis pela construção de uma relação mais próxima com
as pessoas, inclusive, delas com as corporações. A troca de informações é mais
significativa do que qualquer outra coisa. Vale ressaltar que, o foco das empresas
inicialmente não deve ser vender um produto, mas propiciar experiências positivas e
satisfatórias. Assim, a compra acontecerá praticamente de modo automático.
O conteúdo apresentado permitiu a compreensão de conceitos com base
na compilação de ideias, definições e dados confrontados, possibilitou também o
cruzamento dessas informações que servem de subsídio para as áreas de
publicidade e marketing poderem usá-las com inteligência competitiva. Enfim, a
embalagem é um forte elo entre empresa e consumidor, que se articula muito bem
com outros tipos de ferramentas de comunicação devido as suas características
multifuncionais, proporcionando experiências enriquecedoras para todos os
envolvidos nas etapas do seu desenvolvimento.
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8. REFERÊNCIAS
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9. ANEXOS
ANEXO 1 – EMBALAGEM SIMPLES E ORIGINAL
Principal público-alvo: os músicos. Slogan: “Desenrole sua voz”.
ANEXO 2 – OCTA COOLER MMA
Recipiente funcional para os fãs do esporte.
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ANEXO 3 – DORITOS
Embalagem que chama bastante atenção na gôndola do supermercado.
Diferenciação na identidade visual.
ANEXO 4 – EMBALAGENS COMEMORATIVAS (EDIÇÕES LIMITADAS)
Tornam-se objetos especiais, itens colecionáveis.
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ANEXO 5 – EMBALAGEM INTEGRADA A WEB
QR Code que dá acesso ao site com a história do refrigerante no Brasil.
ANEXO 6 – BUTTER TOFFEES
Embalagem presenteável criada pelo artista Romero Britto. Conceito de obra de
arte.
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ANEXO 7 – NOVA SCHIN E ITAMBÉ
Embalagens inspiradas na cultura popular nordestina (Festas Juninas).
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ANEXO 8 – VIVA O VERÃO
Embalagens tematizadas com óculos de sol para representar a estação.
ANEXO 9 – STARBUCKS E SERENTA DE AMOR
Embalagens influenciadas pelo calendário de datas comemorativas e eventos de
modo geral. Sazonalidade é oportunidade.
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ANEXO 10 – ABSOLUT VODKA
Embalagens com foco no design. Elegância e requinte são conceitos trabalhados
pela marca que propõe exclusividade.
Imagens:
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