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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL JAMYLLY MACIEL DE ABREU O TRABALHO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NA EMPRESA PRIVADA: ANÁLISE DAS DEMANDAS, DESAFIOS E RESPOSTAS PROFISSIONAIS EM UMA INDÚSTRIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA. FORTALEZA 2014

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

JAMYLLY MACIEL DE ABREU

O TRABALHO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NA EMPRESA PRIVADA: ANÁLISE DAS DEMANDAS, DESAFIOS E RESPOSTAS PROFISSIONAIS EM UMA

INDÚSTRIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA.

FORTALEZA 2014

JAMYLLY MACIEL DE ABREU

O TRABALHO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NA EMPRESA PRIVADA: ANÁLISE

DAS DEMANDAS, DESAFIOS E RESPOSTAS PROFISSIONAIS NUMA INDÚSTRIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA.

Monografia submetida à aprovação do Curso de Serviço Social do Centro de Ensino Superior do Ceará, Faculdade Cearense - Fac, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientador: Prof. Dr. Emanuel Bruno Lopes de Sousa

FORTALEZA 2014

JAMYLLY MACIEL DE ABREU

O TRABALHO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NA EMPRESA PRIVADA: ANÁLISE DAS DEMANDAS, DESAFIOS E RESPOSTAS PROFISSIONAIS NUMA

INDÚSTRIA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA.

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora, composta pelos professores. Data da aprovação: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof. Dr Emanuel Bruno Lopes de Sousa (Orientador)

Faculdade Cearense – FAC

__________________________________________________ Profª. Ms. Ivna de Oliveira Nunes

Faculdade Cearense – FAC

__________________________________________________ Prof.ª Ms. Priscila Nottingham de Lima

Faculdade Cearense - FAC

Ao meu amado Deus. Aos meus avós, Sebastião Araújo (In memoriam) e Francisca Maciel. À minha amada mãe, Marcia Maciel.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser fiel, mostrar que sua palavra é verdadeira e me ajudar a

alcançar o maior objetivo de minha vida. Meu senhor amado, por ti e para ti são e

sempre serão todas as coisas em minha vida.

À minha mãe, Marcia Maciel, por existir, me amar incondicionalmente e

por dispensar a mim sua sinceridade racional, que nos momentos de tristezas não

deixou que eu desistisse no caminho.

Ao meu avô, Sebastião Araújo (in memoriam), por todo carinho e

dedicação que dispensou a mim durante toda sua existência.

À minha avó/mãe, Francisca Maciel, pelo amor, cuidado, atenção e força

que recebo todos os dias, o que se constituiu fonte de energia para mim, durante

todo esse processo.

Ao meu namorado e companheiro, Jobson Souza, pelo amor, paciência e

compreensão dedicados a mim durante esse período no qual não estive tão

presente.

À minha querida sogra e amiga, Jaqueline Santos, pelo apoio e incentivo

que recebi de sua parte em todos os momentos de necessidade.

À minha querida amiga e Assistente Social Cirlandy Góes, por seus

ensinamentos que contribuíram de forma grandiosa em minha vida.

À Natália Holanda, por dispensar profissionalmente o seu tempo para me

supervisionar durante todo o período de estágio, e pela contundente atuação que me

proporcionou grandes conhecimentos.

À Emanuella Lima, por sua amizade, apoio, companheirismo, incentivo e

pelo exemplo de pessoa e profissional que é. Sua existência em minha vida já se

configura motivo suficiente para agradecer-lhe.

A Lins Teixeira, pela amizade e por todas as conversas e discussões que

fomentaram em mim o desejo de pesquisar a temática deste trabalho.

Às minhas queridas, Angélica Braga e Mayara Rodrigues, colegas de

turma, que se constituíram amigas queridas, com as quais compartilhei momentos

muito importantes de minha vida acadêmica e outros tantos de minha vida pessoal.

À Carla Lúcia, Nathalie Liberato e Cris Maia, amigas, companheiras que,

assim como eu, remanesceram da turma 2009.2 e também concluíram seus

trabalhos neste período. Agradeço por todo incentivo e apoio emocional que me

dispensaram.

Aos queridos amigos: Karen Raulino, Greiciane Silva, Mauro Barone,

Adriana Gerônimo, Darlene Gonçalves, Isabella Benicio, os quais durante a

graduação tive o prazer de agregar à minha vida e que durante esse processo não

deixaram que as adversidades me fizessem desistir.

Ao professor Bruno Lopes, por aceitar meu pedido de orientação, por toda

a paciência que teve comigo durante esse período e também pela serenidade com a

qual conduziu esse processo. Não existem palavras que possam descrever a minha

gratidão a você.

À Banca examinadora: Ivna Nunes e Priscila Nottingham, por aceitar o

convite de participação e colaborar com o produto final deste trabalho.

Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo...

Mahatma Gandhi

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo discutir a atuação do assistente social dentro da empresa privada. Essa temática foi escolhida, a partir das observações realizadas na experiência de estágio da pesquisadora, que ocorreu em uma empresa privada da região metropolitana de Fortaleza. Os questionamentos que motivaram e orientaram o referido estudo foram: Qual a importância do serviço social na empresa privada? Como o assistente social atua frente às demandas que se apresentam nesse espaço? Quais os desafios que permeiam o trabalho desse profissional nesse campo de atuação? Nesse sentido, a pesquisa segue uma abordagem qualitativa, na qual para se compreender a realidade do objeto, utilizou-se pesquisa bibliográfica e de campo. Com entrevistas semiestruturadas, as quais foram realizadas com três assistentes sociais lotadas em duas unidades da empresa privada pesquisada. Observou-se como o profissional atua nesse contexto e qual sua visão sobre seu trabalho nesse espaço. Com base nas aproximações teóricas do Serviço Social em consonância com a pesquisa de campo, pode-se identificar que o trabalho do assistente social, nesse cenário, ocorre em meio à explícita contradição inerente ao antagonismo de classes que o ambiente possui. Trata-se de um profissional que necessita atender às demandas dos trabalhadores, de modo limitado, conforme as possibilidades empresariais, que tem a efetivação do projeto ético político comprometida pela inserção dos pressupostos capitalistas na atuação, um profissional que se conscientiza da condição de trabalhador, no entanto, não consegue despir a influência empresarial no seu trabalho profissional. Palavras-chave: Empresa Privada, Serviço Social, Atuação profissional.

ABSTRACT

This paper aims to discuss the role of social worker in private enterprise. This theme was chosen, from observations made in the internship experience of the researcher, which occurred in a private company in the metropolitan area of Fortaleza. The questions that motivated and guided to this study were: What is the importance of social work in private enterprise? As the social worker acts in the face of demands presented in this space? What are the challenges that permeate this professional in this field of work? In this sense, the research follows a qualitative approach in which to understand the reality of the object, we use bibliographic and field research. With semi-structured interviews, which were conducted with three social workers, crowded into two units of private company researched, was observed as the professional acts in this context and what your outlook on your work in this space. On the basis of theoretical approaches in line with the field research, we can identify that the work of social workers in this scenario, comes amid explicit contradiction inherent antagonism of classes, the environment has. This is a professional who needs to meet the demands of workers in a limited way as business opportunities, which has compromised the effectiveness of political ethical project, the integration of capitalist assumptions in acting, a professional who becomes aware of the condition of worker however can not undress corporate influence in their professional work. Keywords: Private Enterprise, Social Work, Professional Experience,

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEAS – Centro de Estudos e Ação Social.

SENAI – Serviço Nacional da Indústria.

SESI – Serviço Social da Indústria.

ONG – Organização Não Governamental.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2. O SERVIÇO SOCIAL NO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO .................................. 17

2.1 Questão social e o serviço social: um breve resgate histórico ............................ 17

2.2 Trabalho profissional e os espaços sócio-ocupacionais do assistente social ...... 24

2.3 A inserção do (a) assistente social na empresa privada ..................................... 30

2.3.1 A trajetória do Serviço Social na empresa privada pesquisada ........................ 33

3. O TRABALHO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NA EMPRESA PESQUISADA ..... 37

3.1 As demandas profissionais na empresa .............................................................. 37

3.1.1 A Importância do assistente social na empresa, na visão das profissionais .... 40

3.2 As condições do trabalho profissional do assistente social ................................. 42

3.3 Os desafios profissionais do assistente social na empresa privada .................... 45

3.3.1 A visão das profissionais sobre a efetivação do projeto Ético-Político na

empresa pesquisada ................................................................................................. 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53

APÊNDICES .............................................................................................................. 55

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa consiste na análise da atuação do (a) assistente social

numa empresa privada. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo geral,

compreender a atuação do assistente social na empresa privada, bem como, suas

condições de trabalho, respostas e desafios profissionais. Como objetivos

específicos o trabalho estabeleceu: contextualizar a inserção do Serviço Social na

empresa privada; discutir como o assistente social atua frente às demandas

apresentadas em seu cotidiano e, por fim, identificar os desafios que permeiam sua

atuação na empresa privada, lócus desta pesquisa. O interesse pelo tema surgiu a

partir da experiência de estágio supervisionado I, II, III, do Serviço Social da

Faculdade Cearense, o qual ocorreu durante três semestres, entre os anos de 2011

e 2012, em uma empresa privada da região metropolitana de Fortaleza.

As observações do cotidiano de trabalho das assistentes sociais, no que

diz respeito às atividades requisitadas a estas, sua atuação nesse espaço sócio-

ocupacional e o modo como à intervenção profissional se conduz na instituição são

questões que permeavam o cotidiano da pesquisadora, e se tornaram inquietações

que instigaram o desejo de investigar a atuação do assistente social nesse campo, o

que conduziram a este estudo. Dessa forma, investigar a atuação do (a) assistente

social nesse espaço sócio-ocupacional suscita os seguintes questionamentos: Qual

a importância do serviço social na empresa privada? Como o assistente social atua

frente às demandas que se apresentam nesse espaço? Quais os desafios que

permeiam o trabalho desse profissional nesse campo de atuação?

A empresa privada, enquanto instituição eminentemente capitalista, é um

meio para que esse sistema se consolide e se legitime ao longo da história. Desde

seu surgimento, o Serviço Social possui interlocução com essa instituição. Assim,

tomando por base as concepções de Iamamoto e Carvalho (2011), a profissão é

requisitada para responder a questão social ocorrida nos anos 1920 e 1930, cujas

ações traziam como pano de fundo os interesses da burguesia da época, que era

formada pelos donos de indústria. Com o decorrer do tempo, o serviço social foi se

aproximando ainda mais das empresas, que passaram a demandar diretamente sua

força de trabalho, confirmando assim o espaço como lócus de trabalho do assistente

social.

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A requisição do Serviço Social na empresa é compreendida como uma

expressão da expansão capitalista. Essa a qual como afirma Mota (2010,p.30)

implica na criação de novas necessidades sociais, que por sua vez faz com que a

empresa enquanto requisitante institucional do capital, requisite o profissional para

uma atuação de cunho assistencial e educativo junto aos trabalhadores

Ainda segundo a autora, com o passar do tempo, para manterem-se em

crescimento, essas instituições criam novas formas de manutenção da mão de obra

dos trabalhadores. Com isso, passam a observar no atendimento das necessidades

sociais destes, uma forma de mantê-los satisfeitos, capazes de produzir em sua

máxima capacidade e de maneira mais qualificada. Assim, pode-se observar que:

[...] Há a necessidade por parte da empresa em manter a qualidade da força de trabalho que é passível de ser afetada, tanto pelas carências materiais que vivencia o trabalhador como pelos comportamentos divergentes que interfiram no processo organizativo da produção (MOTA, 2010, p.30).

O (a) Assistente Social é requisitado pela empresa, para trabalhar sob a

referência dos objetivos e das demandas institucionais, no entanto, suas requisições

também perpassam as demandas dos trabalhadores desse local. Na condição de

trabalhador, os objetivos da empresa também inferem, acarretando consequências

ao trabalho do assistente social. Sua força de trabalho sofre inflexões institucionais

da mesma forma que os trabalhadores aos quais atende, sua mão de obra passa

pelo mesmo processo de flexibilização e precarização do trabalho.

Com isso, pode-se afirmar que as condicionalidades e as requisições que

esse espaço determina ao profissional fazem com que sua atuação apresente uma

condição de dualidade. O profissional tem, de um lado, a necessidade da classe

trabalhadora e o dever de buscar a efetivação dos direitos desta, e do outro a sua

condição de trabalhador, que vende a força de trabalho, e é condicionado aos

mesmos ditames institucionais (CESAR, 2010).

A pesquisa realizada é de natureza qualitativa. A escolha deste tipo de

pesquisa ocorre porque se acredita ser esta uma maneira contundente de

aproximação da realidade do objeto de pesquisa deste trabalho. Seria impossível

explanar a atuação do assistente social na empresa privada sem adentrar na

realidade dos profissionais que atuam nesse espaço. Para tanto, a pesquisa

qualitativa configura-se uma forma coerente para este estudo. De acordo com

Minayo (2012, p.21):

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A pesquisa qualitativa responde as questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes.

Realizou-se também uma pesquisa bibliográfica (livros, artigos e etc.) que

foi primordial à continuidade deste estudo. A pesquisa bibliográfica fundamentou

teoricamente as abordagens deste trabalho e possibilitou a interlocução com os

dados colhidos na pesquisa de campo. Segundo Gil (2002, p.45): “A principal

vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a

cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia

pesquisar diretamente.”

Nessa perspectiva, buscou-se selecionar algumas referências, que

direcionaram as discussões em torno do trabalho do assistente social na empresa

privada, lócus deste estudo. Para discutirmos as categorias: Trabalho, Serviço

Social e atuação profissional na empresa, Foram utilizados autores, como: Cesar

(2009), Iamamoto (2009, 2011, 2012), Marx (2008), Mota (2010) e Raichellis (2009,

2011), cujas concepções e análises foram de extrema importância para a

compreensão e fundamentação teórica das discussões da pesquisa, ou seja,

possibilitaram uma melhor compreensão da realidade do objeto estudado.

Para que se pudesse compreender melhor o objeto de estudo, junto à

pesquisa bibliográfica foi realizada a pesquisa de campo que, conforme Minayo

(2012), permite a aproximação do pesquisador com a realidade sobre a qual ele

formou os seus questionamentos e estabelece uma interação do pesquisador com

os sujeitos da pesquisa, o que dá a este a possibilidade de observar como os

sujeitos compreendem a realidade em que estão inseridos.

A coleta dos dados para a pesquisa ocorreu a partir das entrevistas, que

foram de suma importância para a aproximação da realidade profissional das

assistentes sociais participantes desta pesquisa. Gil (2002, P.22) define a pesquisa

como: “forma de interação social, um diálogo que ocorre de forma assimétrica em

que uma das partes busca coletar os dados e a outra se apresenta como fonte de

informação.”

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Para os diálogos com as assistentes sociais foi escolhida a entrevista de

modelo semiestruturado, a qual, segundo Minayo (2012), combina perguntas

fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o

tema em questão sem se prender à indagação formulada.

Com esse formato de entrevista não se deteve às perguntas que estavam

formuladas no roteiro, foram acrescentados questionamentos cujas respostas foram

de grande importância para o trabalho. Goldenberg (2004, p.88) ao falar desse

modelo de entrevista atribui-lhe algumas vantagens:

a. pode coletar informações de pessoas que não sabem escrever; b. as pessoas têm maior paciência e motivação para falar do que para escrever; c. maior flexibilidade para garantir a resposta desejada; d. pode-se observar o que diz o entrevistado e como diz, verificando as possíveis contradições; e. instrumento mais adequado para a revelação de informação sobre assuntos complexos, como as emoções; f. permite uma maior profundidade; g. estabelece uma relação de confiança e amizade entre pesquisador-pesquisado, o que propicia o surgimento de outros dados.

Todo o trabalho monográfico foi realizado entre os meses de Dezembro

de 2013 e Junho de 2014, a pesquisa de campo ocorreu nos dias quatorze e

dezessete de Fevereiro do mesmo ano. Foram entrevistadas três assistentes sociais

lotadas em duas unidades da empresa pesquisada. Em relação à empresa, optou-se

por não identificá-la, a fim de preservar seu anonimato. Assim, nas referências à

empresa será utilizada a letra WZ do alfabeto português. A pesquisa ocorreu sem

transtornos, visto que todos os procedimentos inerentes à sua concessão já haviam

sido adotados, desde o contato com a instituição, ocorrido em setembro de 2013, ao

envio do ofício, que foi entregue em dezembro do mesmo ano.

A autorização por parte da empresa foi concedida no mês de janeiro de

2014. A partir da liberação, houve o contato com as assistentes sociais, via telefone,

e foram agendadas as entrevistas. O intuito inicial era entrevistar as quatro

profissionais que trabalham nas unidades da empresa, porém, ao final, apenas três

participaram da pesquisa, devido a alguns contratempos em relação ao contato e ao

período de férias não foi possível contar com a participação da outra assistente

social na pesquisa. As assistentes sociais, assim como a empresa, tiveram seus

nomes preservados, ao fazer referência às profissionais foram utilizadas algumas

letras do alfabeto. Com isso, serão identificadas, na pesquisa, como assistente

social A, B e C.

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As profissionais foram solícitas ao trabalho e responderam todas as

perguntas relacionadas às questões de interesse da pesquisa, especialmente sobre

o trabalho do (a) assistente social, na área empresarial. Apesar de gentis à

pesquisa, pôde-se perceber, através da postura das entrevistadas, um pouco de

desconforto em relação a algumas perguntas, o qual foi evidenciado nas respostas

breves, sem aprofundamento. Percebeu-se que falar sobre o projeto ético-politico

profissional na empresa é muito complicado, as respostas que se remetiam ao

projeto profissional foram sempre confusas, ressaltadas pela afirmação de que todo

espaço de atuação profissional infere dificuldades para a consolidação da dimensão

Ético-Política profissional.

Nesse aspecto, as respostas não se constituíram tão expressivas, no

entanto, compreende-se que também designaram significados importantes na

efetivação do trabalho. Contribuíram, junto às teorias estudadas, para, ainda que de

forma inicial, a análise do exercício profissional do assistente social dentro da

empresa privada, possibilitando a compreensão das suas condições de trabalho,

demandas e desafios profissionais.

O estudo se configura na realização material e conclusão de uma

importante etapa acadêmica, trazendo o desafio de iniciar o caminho da pesquisa

que, com certeza, terá continuidade com a condução de novos estudos. Pode-se

afirmar que não se consolida uma atividade fácil, ao contrário, insere uma trilha de

desafios e dificuldades, que vão desde a dificuldade financeira para a efetivação da

pesquisa, à desconstrução das concepções pessoais sobre a realidade investigada,

a qual se configura o maior desafio para a pesquisadora.

Assim, este trabalho está estruturado em três capítulos. O momento

inicial destaca o objeto, suas especificidades e a aproximação da pesquisadora com

o mesmo; também coloca a trajetória da pesquisa, em seus aspectos metodológicos

e explanações sobre a realização do trabalho no campo, que, conforme já citado,

trata-se de uma empresa privada.

Em seguida, o segundo capítulo faz uma breve apresentação da questão

social e o serviço social no Brasil; traz explanações referentes ao trabalho

profissional, bem como apresenta algumas considerações sobre os espaços

ocupacionais do assistente social. Por fim, destaca historicamente o surgimento do

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serviço social na empresa privada e enfoca a inserção do assistente social na

empresa privada pesquisada, trazendo explanações obtidas no campo de pesquisa.

O terceiro momento deste estudo consiste nas considerações sobre o

campo, evidenciando o trabalho realizado na instituição pesquisada; responde aos

objetivos dispostos pelo trabalho e coloca em foco a atuação do assistente social

nesse espaço; explana as demandas, importância e desafios das condições de

trabalho e as dificuldades enfrentadas pelos profissionais na empresa privada.

2. O SERVIÇO SOCIAL NO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO

O Presente capítulo estabelecerá um breve histórico acerca da questão

social e o serviço social no Brasil, discutirá o trabalho profissional, bem como os

espaços ocupacionais do (a) Assistente social, focando a empresa privada, objeto

de pesquisa deste trabalho.

2.1 Questão social e o Serviço Social: um breve resgate histórico

Considerações sobre a questão social são abordadas a partir do século

XIX, referindo-se a fenômenos relacionados ao pauperismo, que é vivenciado pela

classe trabalhadora, e se intensifica na mesma medida em que a produção da

indústria se amplia. A questão social tem sua base solidificada no crescimento

urbano industrial e na contradição capital/trabalho inerente ao sistema capitalista.

Como afirma Netto, (2001, p.157) “a questão social é constitutiva do

desenvolvimento do capitalismo. Não se suprime a primeira conservando-se o

segundo. [...] a questão social está elementarmente determinada pelo traço próprio e

peculiar da relação capital trabalho a exploração.” Assim, a questão social é inerente

ao sistema capitalista desde o seu surgimento, com a industrialização, até os dias

atuais é um fenômeno que compreende as diversas desigualdades emanantes dele.

A questão social, enquanto aglomerado das diferentes desigualdades

gestadas na sociedade capitalista, se desenvolve conforme a solidificação desse

sistema, e o Serviço social nesse contexto, como afirma Iamamoto e Carvalho

(2011, p.27) tem na questão social a base de sua fundamentação, como

especialização do trabalho coletivo. Ou seja, o Serviço social surge nesse âmbito

contraditório expresso pelo antagonismo burguesia x proletariado e enquanto

profissão tem como objetivo dar respostas às múltiplas desigualdades emanantes

dessa relação antagônica.

Como já citado acima, a questão social passou a ser refletida a partir do

século XIX. As transformações econômicas, sociais e politicas desencadeadas

inicialmente na Europa, pelo processo de industrialização, trouxeram à população

um aglomerado de problemas sociais inerentes ao moderno sistema urbano desse

período o qual se gesta nessa fase industrial do sistema capitalista, destacando,

nesse contexto, a acentuação do pauperismo.

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No Brasil, a questão social emergiu nas décadas de 1920 e 1930.

Evidenciada no sistema capitalista, se destaca na exploração abusiva da mão de

obra operária e na luta dessa classe por políticas que defendessem seus interesses

(IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p.135). Foi nesse período de crescimento

econômico que o país saiu de uma economia baseada no sistema agroexportador, e

começou a direcionar sua economia para o sistema industrial. Este cresceu

demasiadamente e trouxe junto ao seu crescimento o aumento da desigualdade

social. Também foi nesse período da história do país que as bases de implantação

do Serviço Social se construíram, emergiram da iniciativa de grupos e frações das

classes dominantes às quais estavam atreladas e manifestavam-se através da Igreja

Católica (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011).

A Igreja Católica, instituição fundamental na história da profissão, foi

responsável por criar a primeira instituição de formação no que diz respeito ao

serviço social, fundou o CEAS1, instituição que em 1932 teve o papel de qualificar

agentes à prática social. Instituiu um curso de formação social, no qual moças

ligadas à burguesia militante da igreja, que já praticavam atividades assistenciais,

podiam se preparar para o exercício social. Tendo inserido aos seus objetivos a

reprodução das relações sociais e expansão do capital (IAMAMOTO; CARVALHO,

2011).

A questão social, nesse período, estava atrelada à vulnerabilidade das

condições de vida do proletariado e à organização deste, em busca por melhores

condições de sobrevivência. O estado assumiu uma postura corporativa, procurando

articular interesses contrários, advindos dos setores dominantes e da classe

trabalhadora.

Sob o desejo de manter sua hegemonia e dar continuidade à expansão

do capital, o Estado criou medidas sociais, que foram respostas às expressões da

questão social, materializadas inicialmente na criação das legislações sindical e

trabalhista. Foram medidas como a instituição das férias e a diminuição da jornada

de trabalho para as mulheres; “benefícios” que se constituíram em respostas às

reivindicações dos trabalhadores e que retratavam o objetivo do Estado de controlar

a organização dessa população

1 Conforme (Iamamoto, Carvalho,2011, p.179) O principal objetivo do CEAS era promover a formação

dos seus membros através do estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar as ações dentro dessa formação doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais.

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O reconhecimento, ou melhor, a ampliação do reconhecimento da cidadania do proletariado se dá dentro de uma redefinição das relações do estado com as diferentes classes sociais e se faz acompanhar de mecanismos destinados a integrar os interesses do proletariado através de canais dependentes e controlados (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p.162).

Nas décadas de 1940/1950 a questão social ganhou nova forma, a

urbanização e a migração tomaram conta das grandes cidades. O Estado, aliado

aos donos de indústria e à Igreja Católica, através de políticas sociais

assistencialistas, conseguiu manter o domínio sobre a classe trabalhadora e

sustentar a supremacia da ordem burguesa. O (a) assistente social em suas

atividades de cunho higienista, moralizante, tinha o objetivo de adequar os

trabalhadores aos preceitos burgueses, reafirmados pela Igreja Católica. A postura

crítica e questionadora era ausente na profissão. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011)

Nesse período, o surgimento de Escolas de Serviço Social se fez

presente nas capitais do País; houve um crescimento da procura por esses

profissionais e a profissão começou a vivenciar o seu processo de

institucionalização. O Estado buscava profissionais especializados para operar as

políticas sociais, e as empresas, mais precisamente as indústrias, precisavam de

agentes qualificados para o ajustamento da classe trabalhadora. A profissão possuía

um caráter conservador, suas atividades burocratizadas, de cunho assistencialista

repressor, eram a marca de uma profissão alienada, ausente de consciência social e

voltada à reprodução das relações sociais de exploração. Relações cujo principal

interesse era a burguesia (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011).

As instituições empresariais, as indústrias, nesse período começaram, de

forma direta, a demandar os profissionais de serviço social, sobretudo para manter a

ordem e o domínio ideológico. Surgiram, nesse período, instituições muito

importantes no que diz respeito à institucionalização2 do Serviço Social, o SENAI e

SESI ambas surgiram da organização do empresariado e foram as principais

instituições a prestar serviços assistenciais a trabalhadores assalariados e a criar os 2Segundo Yazbek A institucionalização do serviço social como profissão na sociedade capitalista se

explica no contexto contraditório de um conjunto de processos sociais, políticos e econômicos que caracterizam as relações entre as classes sociais na consolidação do capitalismo monopolista. Assim a institucionalização da profissão de uma forma geral, nos países industrializados está associada à progressiva intervenção do estado nos processos de regulação social. As particularidades desse processo no Brasil evidenciam que o Serviço Social se institucionaliza e legitima profissionalmente como um dos recursos mobilizados pelo estado e pelo empresariado, com o suporte da igreja católica na perspectiva do enfrentamento e regulação da questão Social, a partir dos anos 30, quando a intensidade e extensão das suas manifestações no cotidiano da vida social adquirem expressão política (YAZBEK, 2009, p.129).

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setores de serviços sociais dentro das empresas, precisamente as indústrias.

(MOTA, 2010).

Com isso, compreende-se que a inserção do Serviço Social na empresa

privada, no Brasil, ocorreu a partir desse período.

Então, nos anos de 1960 se instaurou no Brasil o regime ditatorial,

estendendo-se até a década de 1980. A questão social, bem como o Serviço Social

no país, durante esses decênios, novamente passou por mudanças. A ditadura

militar trouxe para o país um retrocesso no que diz respeito aos direitos dos

cidadãos. A liberdade, o direito de se expressar, se organizar foram fortemente

combatidos. As organizações, os movimentos sindicais e a classe trabalhadora, que

havia ganhado força com seu processo organizativo e suas reivindicações, foram

brutalmente combatidos e tiveram que retroceder sob a ordem de um governo hostil

e autoritário (NETTO, 2011).

O serviço social, diante da repressão causada pela ditadura militar,

passou a ter sua atuação resumida à execução das políticas sociais que eram

articuladas junto à comunidade, em forma de programas para o desenvolvimento

desta. Eram atividades que tinham como foco a eliminação de qualquer resistência,

principalmente cultural, por parte da população, que pudesse de alguma forma afetar

o desenvolvimento econômico do estado. Também foi nessa década que a profissão

passou a questionar sobre o seu papel na reprodução das relações sociais, vindo a

configurar o perfil renovador da profissão (NETTO, 2011).

A conjuntura político-econômica vivenciada nesse período, no Brasil,

trouxe para a profissão a necessidade de repensar sua atuação, pois atuavam

dentro da comunidade e as escolas exigiam desses, maior conhecimento teórico

científico. A profissão passou a questionar sobre o seu papel na reprodução das

relações sociais, configurando assim o perfil renovador da profissão. Netto (2011).

Essa renovação3 ou modernização, como afirma Iamamoto e Carvalho (2011),

visava à busca pelo rompimento do serviço social tradicional, desde a necessidade

de técnicas e aperfeiçoamento de instrumentais, ao questionamento das bases de

3 A renovação pode ser compreendida como o conjunto de características novas que, no marco das constrições

da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou á base do rearranjo de suas tradições e da assunção do contributo de tendência do pensamento social contemporâneo, procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação prática, através de respostas a demandas sociais e da sua sistematização, e da validação teórica mediante a remissão às teorias e disciplinas sociais. (. Trata-se de um processo global que envolve a profissão como um todo (...) (Netto, 2011, p.131)

21

legitimação das demandas da profissão. As formas de opressão instauradas no

sistema capitalista inquietaram as ciências sociais e tomaram espaço nas

universidades. Isto refletiu no serviço social, que dentro da categoria passou a

buscar reflexões críticas sobre a realidade social. (NETTO, 2011).

Na década de 1970, de acordo Iamamoto e Carvalho (2011), com o

processo de acumulação do capital, o sistema capitalista passou por um processo

de expansão que trouxe mais uma vez transformações à questão social.

Nesse momento, o trabalho em massa ganhou ênfase, a mão de obra se

tornou cada vez mais explorada, sobretudo, pelas indústrias que, embasadas nos

sistemas fordista/taylorista e suas estratégias de organização e gestão de tempo,

conseguiram extrair do trabalhador o máximo de suas forças.

Nesse decênio, a profissão ainda perpassou a busca pelo rompimento

com o conservadorismo; vivenciou a perspectiva modernizadora discutida

inicialmente no encontro de Araxá, em 1967, e consolidada no Seminário de

Teresópolis, em 1970. Esses encontros foram momentos de intensas discussões

que potencializaram tanto a perspectiva modernizadora quanto a vertente marcada

pela atualização do conservadorismo na profissão4.

O movimento impõe aos assistentes sociais a necessidade de um novo projeto comprometido com as demandas das classes subalternas, particularmente expressas em suas mobilizações. É no bojo deste movimento de questionamentos a profissão, não homogêneos [...], que a interlocução com o marxismo vai configurar para o Serviço Social. É importante salientar que é no âmbito do movimento de reconceituação e seus desdobramentos que se definem de forma mais clara e se confrontam diversas tendências voltadas á fundamentação do exercício e dos posicionamentos teóricos do Serviço Social. (YAZBECK, 2009, p.148).

Nos anos de 1980 mudanças no âmbito do trabalho alteraram o cenário

da questão social no mundo e também no Brasil. A flexibilidade dos processos de

trabalho passou a ser a maneira adotada para manter o crescimento do capital. A

inovação tecnológica, o trabalho polivalente e a terceirização são marcas desse

modelo flexível, que trouxe junto ao seu crescimento a desregulamentação dos

direitos do trabalhador.

Nesse período, a profissão foi marcada pelo amadurecimento teórico,

pelo avanço técnico-acadêmico e político alcançado pela categoria profissional

4 Ver obra de José Paulo Netto: Ditadura e Serviço Social – Uma análise do Serviço Social no Brasil

pós-64.

22

Iamamoto e Carvalho (2011). A Teoria social crítica de Marx configurou mais uma

dimensão do processo de renovação do Serviço Social: a intenção de ruptura. A

qual, numa primeira aproximação, dispõe à profissão o entendimento de sua

inserção na sociedade de classes o que no Brasil se estabeleceu como uma

aproximação do marxismo, no entanto, deixando de lado a real apropriação do

pensamento de Marx, ao renegar a via institucional e desconsiderar a trajetória

sócio-histórica da profissão (YASBECK, 2009).

A profissão rompeu com a neutralidade quando afirmou em seu Código

de Ética profissional, instituído em 1986, o compromisso com a classe trabalhadora.

No âmbito do trabalho, o (a) Assistente Social tem a possibilidade de novos espaços

de atuação. No âmbito das políticas sociais, a descentralização e municipalização,

aprovadas em 1988, trazem ao assistente social não só espaços no âmbito

municipal, mas também representam, como afirma Iamamoto e Carvalho (2011,

p.48), “formas de partilhamento de poder e, portanto aprofundamento e expansão da

democracia”.

[...] É esta a perspectiva – intenção de ruptura - que dá o tom da polêmica profissional e fixa as características da retórica politizada (com nítidas tendências à partidarização) de vanguardas profissionais de maior incidência na categoria. Permeando o que há de mais ressonante na relação entre esta e a sociedade – e de forma tal que fornece a impressão de possuir uma inconteste hegemonia no universo profissional. ( NETTO, 2011, p.160).

A Década de 1990 trouxe a instauração do neoliberalismo no Brasil, o

qual dispõe à questão social refrações que são observadas até os dias de hoje. O

desemprego é um exemplo delas. A privatização e “o redimensionamento dos

gastos públicos”, sobretudo no que diz respeito à área social, são marcas da política

neoliberal adotada pelo estado, nesse decêndio. Esse período foi adverso para as

políticas sociais, que acabaram se constituindo em campo fértil para a ascensão

neoliberal, que corroeu os pilares de sustentação do sistema de proteção social e

redimensionou as ações do estado referente à questão social. De acordo com

Iamamoto e Carvalho (2011): “se constituíram em um terreno fértil para o avanço da

regressão neoliberal que erodiu as bases de do sistema de proteção social e

redirecionou o as intervenções do estado em relação a questão social”.

As políticas sociais, de caráter universalista e generalista, se tornam, com

o passar dessa década, cada vez mais focalizadas e fragmentadas. O Estado antes

23

responsável pela gestão e execução dessas políticas passou a intervir de forma

mínima e acabou por repassar à sociedade civil a responsabilidade de executar

essas políticas.

Efetivamente a ofensiva neoliberal por programas seletivos e focalizados [...] e o avanço da „sociedade solidária‟ que implica no deslocamento para a sociedade das tarefas de enfrentar a pobreza e exclusão social [...] trata-se de um contexto em que são apontadas alternativas privatistas e refilantropizadas [...] (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p.26)

No que diz respeito ao Serviço Social, a década de 1990 foi de grande

importância. A categoria passou a discutir processo de formação e o exercício

profissional. Um novo código de ética profissional foi reformulado, sendo instituído

em 1993 e trazendo à categoria um avanço ético para além das bases políticas da

profissão. Para além do discurso, o serviço social efetivou na atuação profissional

seu compromisso com a classe trabalhadora.

Dessa forma, compreende-se que houve por parte dos profissionais de

Serviço Social, a partir desse decênio, uma legítima e clara aproximação com a

classe trabalhadora, no sentindo de ir à busca da superação da ordem social, que se

consolidava/consolida até os dias atuais, contribuindo assim com a emancipação

dos sujeitos, no que tange às disparidades advindas da relação capital x trabalho.

Os espaços de atuação do serviço social se ampliaram. O profissional ganhou

espaço no terceiro setor, área que, nesse período, amplificou sua abrangência. O

Estado, com o seu caráter redutor, no que diz respeito às políticas sociais, agora

focalizadas e fragilizadas, traz ao serviço social consequências que incidem

principalmente nas formas de contratação da mão de obra desse trabalhador, a qual

fica submetida a padrões cada vez mais precários.

Assim, pode-se concluir que o Brasil, nesse período, teve por parte do

Estado um reajustamento no que diz respeito aos gastos públicos e isso refletiu

diretamente nas políticas sociais que, por sua vez, sofrem redimensionamentos em

detrimento da busca pelo crescimento econômico/financeiro do país. Entretanto,

pode-se afirmar que o Serviço Social, na contramão dessas adversidades, se

consolidou e reafirmou o seu compromisso político, na busca pela garantia dos

direitos sociais da classe trabalhadora.

No que tange à questão social, conclui-se que esta perpassa o Serviço

Social desde o seu surgimento, é o objeto do seu trabalho. É para dar respostas às

24

demandas emanantes desta que a profissão se concretiza. Assim, o profissional

deve atuar em seu cotidiano de trabalho em seu cotidiano de trabalho embasado no

compromisso político e seu trabalho precisa acompanhar as mudanças que, ao

longo do tempo, podem inferir nas demandas da profissão.

Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes do cotidiano, Enfim ser um profissional propositivo (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p.20).

Nesse âmbito, enquanto profissional inserido no contexto capitalista

vigente, o assistente social, trabalhador assalariado deve ser “necessário” possuir

retorno ao seu requisitante. Nesse sentido, o profissional deve ser interventivo;

capaz de decifrar a realidade, de planejar ações eficazes; avaliar medidas de

intervenção, enfim o assistente social, através de seu trabalho, deve justificar e

defender seu espaço e atuação institucional. Como coloca Iamamoto e Carvalho

(2011, p.21), o exercício profissional deve, pois, ir além das rotinas institucionais e

buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e

possibilidades nela presentes, passíveis de serem impulsionadas pelo profissional.

2.2 O Trabalho e os espaços sócio-ocupacionais do assistente social

Para se discutir sobre trabalho profissional iniciar-se-á a partir da

concepção de Lucáks, citada por Antunes (1999), em sua obra Os sentidos do

trabalho. Lucáks, (1980) coloca o trabalho como atividade na qual em sua origem

proporciona ao homem a satisfação de suas necessidades; segundo o autor, é a

atividade pela qual o homem transforma-se em ser social.

Como afirma Lucáks, “somente o trabalho tem na sua natureza ontológica

um caráter transitório. Ele é em sua natureza uma inter-relação entre homem,

(sociedade) e natureza, tanto com a natureza inorgânica [...] quanto com a orgânica,

inter-relação [...] que trabalha partindo do ser puramente biológico ao ser social [...].

O trabalho é, portanto resultado de um pôr teleológico que previamente o ser social

tem ideado em sua consciência, fenômeno este que não está essencialmente

presente no ser biológico dos animais.” (LUCÁKS, 1980 apud ANTUNES, 1999

p.136)

25

Nesse contexto, Marx (2008) dispõe o trabalho como meio pelo qual os

homens se diferenciam dos animais. Ressalta que essa é a atividade que dispõe na

relação homem e natureza o processo de mútua modificação, pois ao passo que a

transforma, também alcança sua própria transformação. Assim afirma:

Antes de tudo o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercambio material com a natureza. Põe em movimento a forças naturais de seu corpo – braços e pernas cabeças e mãos a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhe força útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. (MARX, 2008, p.211)

Nesse sentido, para o autor, o trabalho é compreendido como categoria

central da vida humana, atividade que movimenta a sociedade desde sua existência,

capaz de retirá-lo de sua forma meramente biológica e constituí-lo em ser social. O

trabalho transforma o homem e, por consequência, as relações sociais. Assim:

Por meio do trabalho o homem se afirma com ser criador, não só como individuo pensante, mas como individuo que age consciente racionalmente. Sendo o trabalho uma atividade prático-concreta e não só espiritual opera mudanças tanto na matéria ou no objeto a ser transformado, quanto no sujeito, na subjetividade dos indivíduos [...] (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p.60).

Toda essa concepção elaborada sobre o trabalho, no sistema capitalista,

é contraposta, pois o trabalho, na concepção capitalista, absorveu novas

configurações, passando a ser meio de exploração. O homem, que em sua origem

tinha no trabalho o seu reconhecimento, passou a não se reconhecer nas suas

atividades laborais, o trabalho passou a ser alienado, assim como a sociabilidade

humana que foi deturpada pelos interesses do capital.

Com isso, Granneman (2009, p.227), ao discorrer sobre o trabalho e as

relações sociais no sistema capitalista, afirma:

Com o desenvolvimento do modo de produção capitalista de produzir bens necessários a vida humana, as relações sociais tiveram contraditoriamente de assumir seu caráter social e o trabalho passou a ser obra de contrato livremente acordado entre homens sem outras mediações [...]. Os processos de manipulação da natureza em especial no modo de produção capitalista, não carregam a preocupação de preservar a vida já que a crescente conversão de todas as esferas da sociabilidade humana em processos apropriados pelo capital e tornadas mercadejáveis, propiciam incessantes produção e consumo de mercadorias [...] parâmetros tais convertem a ação laborativa em atividade que produz uma sociabilidade alienada porque exercida com fito de mercantilização, exclusivamente com

26

o objetivo de aferir lucros para o capitalista e, por essa razão no modo de produção capitalista de produção impôs-se aos homens forma particular de efetivação do trabalho. (GRANEMMAN, 2009, p.226)

É possível evidenciar-se esse caráter mercadológico do trabalho ao

verificarem-se as estratégias que o sistema capitalista adota para se desvencilhar

das crises e manter sua hegemonia, exemplos dessas estratégias podem ser os

modelos taylorista/fordista5 de produção, os quais propõem um processo de

produção especializado e alienante, no qual se exige do trabalhador a produção em

larga escala e em menor espaço de tempo.

Outra forte evidência das transformações que o trabalho sofre no sistema

capitalista é a reestruturação produtiva, advento do neoliberalismo, a qual é marcada

pela implantação do toytismo6, modelo de produção, o qual desfaz a dinâmica

especializada de trabalho, trazida pelo fordismo. O trabalhador passa agora a

exercer múltiplas funções, conhece todo o processo fabril e se necessário opera

várias atividades ao mesmo tempo. Ao invés da produção em massa, no modelo

toyotista a produção se adapta à demanda do mercado, que cria novas demandas e

imposições que, por sua vez, exigem do trabalhador maior eficiência e velocidade no

processo de produção. (ANTUNES,1999)

A reestruturação produtiva com seus padrões flexíveis proporcionou ao

mundo do trabalho inflexões que vêm reafirmar a desvalorização e precarização da

força de trabalho no sistema capitalista. O desemprego e as precárias formas de

contratação, em detrimento do lucro e valorização do capital, são a afirmação de sua

nocividade. (RAICHELLIS, 2011)

O (a) Assistente Social, inserido na divisão sociotécnica do trabalho,

também sofre as consequências das estratégias capitalistas em seu cotidiano. Ao

vender sua força de trabalho e ter que atender às demandas da instituição a qual

está vinculado, torna-se um trabalhador assalariado. (RAICHELLIS, 2011)

5Segundo Antunes (1999, p.36,37) o binômio taylorismo/fordismo [...] baseava-se na produção em

massa de mercadorias que se estruturava a partir de uma produção homogeneizada e enormemente verticalizada. [...] Estruturou-se com base no trabalho parcelar e fragmentado, na decomposição de tarefas, que reduzia a ação operária a um conjunto repetitivo de atividades [...] caracterizou-se, portanto, pela mescla da produção em série fordista com o cronômetro taylorista.

6 O toyotismo é uma forma de organização do trabalho que nasce na Toyota, no Japão e que muito

rapidamente se propaga para as grandes companhias daquele país é o modelo o qual tem em sua produção muito vinculada a demanda e nas exigências do consumidor a sua produção baseia num processo de produção flexível e sua estrutura opera de forma horizontal com foco no trabalho em equipe e na multivariedade de funções. (ANTUNES, 1999)

27

As inflexões dos moldes capitalistas incidem na vida e no cotidiano

profissional do (a) assistente social em qualquer que seja o contexto em que esteja

inserido, desde o desemprego aos que estão fora dos espaços institucionais, a falta

de direitos trabalhistas e as precárias condições no exercício de suas atividades,

para os que estão inseridos no mercado de trabalho.

Essa dinâmica de flexibilização/precarização atinge também o trabalho do assistente social, nos diferentes espaços institucionais em que se realiza, pela insegurança do emprego, precárias formas de contratação, intensificação do trabalho, aviltamento dos salários, pressão pelo aumento da produtividade e de resultados imediatos ausência de horizontes profissionais de mais longo prazo, falta de perspectivas de progressão e ascensão na carreira, ausência de politicas de capacitação profissional, entre outros. (RAICHELLIS, 2011, p.422)

A precarização do trabalho do assistente social enquanto consequência da

reestruturação do capital também deixa sua marca nos campos de atuação deste

profissional, de forma contraditória; são os efeitos da conjuntura neoliberal nos

espaços sócio-ocupacionais da profissão.

A reestruturação produtiva do capital [...] atinge o mercado de trabalho do assistente social, incidindo contraditoriamente, tanto no movimento de mudança e/ou redução de posto de trabalho em alguns campos (por exemplo, nas empresas nas indústrias, como também na ampliação, como é o caso das políticas de seguridade social, com destaque para a politica de assistência social [...] (RAICHELLIS, 2011, p.431).

Nesse contexto, para ultrapassar esses desafios, acredita-se que o

assistente social enquanto trabalhador deve buscar a ampliação de seus

conhecimentos, pesquisar, usufruir do arcabouço teórico adquirido na formação,

refletir sobre o exercício profissional e, sobretudo, ter capacidade de elaborar

estratégias que possam mediar as imposições do sistema capitalista.

Conforme já explicitado, o assistente social possui espaços de atuação

profissional, quais sejam os espaços sócio-ocupacionais, nos quais este trabalhador

se insere para executar sua atividade profissional. A reflexão sobre esses espaços

profissionais remete ao contexto no qual se engendra a sociedade capitalista que,

com suas estratégias de reprodução do capital e de manutenção da ordem

burguesa, incide de forma nociva no mundo do trabalho e dos direitos,

especialmente os sociais. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011).

O sistema capitalista, ao longo de sua expansão, tomou medidas que

incidiram na dinâmica das relações entre o Estado e a Sociedade. Com a

28

reestruturação produtiva e as políticas neoliberais essas organizações sofreram

modificações que resultaram no modo de vida dos trabalhadores. A desarticulação

das organizações coletivas, a intensa privatização e a mercantilização das

necessidades sociais são exemplos dessas medidas.

A precarização e terceirização da força de trabalho dos assistentes sociais

são evidências do contexto neoliberal, que também traz outras inflexões ao trabalho

desses profissionais; o surgimento de novos espaços de atuação é uma evidência.

A conformação dessa ordem cria, assim, um novo espaço sócio – ocupacional para o assistente social [...] constituindo objetivamente as condições através das quais a profissão será demandada e legitimada para a execução de um amplo leque de atribuições, notadamente no âmbito das diferentes politicas sociais setoriais. (RAICHELLIS, 2009, p.424)

O profissional tem historicamente sua atuação marcada pelos campos da

assistência, saúde e previdência, no entanto, as refrações neoliberais na sociedade,

principalmente no que diz respeito às políticas sociais, trazem aos assistentes

sociais novos espaços de atuação. Assim, como exemplo, pode ser citado o

surgimento das ONG‟s e entidades filantrópicas, as quais evidenciam a visão

neoliberalista do Estado, que atribui à sociedade civil a responsabilidade de suprir as

demandas sociais (IAMAMOTO, 2009). As privatizações, medidas que também

caracterizam a política neoliberal no Brasil, contribuíram para as transformações

ocorridas nos espaços de atuação do assistente social.

Os espaços ocupacionais do assistente social têm lugar no Estado- nas esferas de poder executivo legislativo e judiciário em empresas privadas capitalistas, em organizações da sociedade civil sem fins lucrativos e na assessoria a organizações e movimentos sociais. Esses distintos espaços são dotados de racionalidades e funções distintas na divisão sócio e técnica do trabalho, porquanto implicam relações sociais de natureza particular, capitaneadas por diferentes sujeito sociais, que figuram como empregadores. (IAMAMOTO, 2009, p.19)

O Assistente Social é um profissional que pode exercer seu trabalho em

diversos espaços, os quais perpassam a esfera pública e privada. No que diz

respeito ao âmbito público, os assistentes sociais podem estar presentes em áreas

como: saúde, assistência e no campo judiciário; já na esfera privada podem ser

contratados para atuar em empresas e organizações sociais. São espaços de

atuação que se distinguem e exigem funções e racionalidades distintas na divisão

social e técnica do trabalho, que implicam em relações de trabalho particular,

29

determinadas pelos sujeitos sociais, que se caracterizam empregadores da mão de

obra do assistente social (IAMAMOTO, 2009). “Na esfera estatal os assistente social

tem seu trabalho diretamente ligado a aplicação das politicas públicas, planejam,

formulam, e executam essas, nas diferentes áreas, os quais estão inseridos”

(IAMAMOTO, 2009, p.19).

Na esfera estatal, na qual os assistentes sociais são historicamente

reconhecidos por trabalharem na aplicação das políticas sociais, novas requisições

estão sendo demandadas aos profissionais de serviço social, que são requisitados

para atuar na formulação e avaliação das políticas. Os espaços ocupacionais se

ampliam também para atividades relacionadas ao funcionamento e implantação de

conselhos de politicas publicas, nas áreas da saúde, assistência social criança e

adolescente entre outros (RAICHELLIS, 2009).

A saúde, área de atuação inserida na esfera estatal, é um espaço em que

as mudanças ocorridas na sociedade, sobretudo na política de saúde7, exigiram do

assistente social atribuições que ultrapassam a simples execução da política. São

atividades que, para além dos simples atendimento, perpassam a própria

implementação do SUS - Sistema Único de Saúde. (LESSA, 2003).

Na esfera privada, o trabalho do assistente social está ligado ao repasse

de serviços, benefícios e à organização de atividades vinculadas à produção.

(IAMAMOTO, 2009, p.19). Como já citado antes, está presente nas empresas de

assessoria a entidades civis e também na gestão de movimentos sociais.

As empresas privadas se inserem nesse contexto, pois se constituem em

espaço de atuação do assistente social e, desde o surgimento da profissão, por

meio das indústrias, possuem importância na requisição do profissional. As

transformações ocorridas no sistema capitalista, as quais repercutiram na profissão,

também ocasionaram mudanças nas instituições empresariais. Tais mudanças

repercutiram, sobretudo, nas demandas e requisições de profissionais, por parte das

empresas com serviço social.

Desta forma, para que se possa analisar o trabalho do assistente social

nesse espaço, no momento atual, se faz necessário o resgate da trajetória dessa

inserção e as modificações que essa relação sofreu no decorrer da expansão do

sistema capitalista no Brasil.

7 Ver obra: O Serviço Social no Sistema Único de Saúde.

30

31

2.3 A inserção do (a) assistente social na empresa privada

Pode-se afirmar que desde o surgimento da profissão, no final dos anos

de 1920 e 1930, as empresa privadas têm ligação com o serviço social, tendo em

vista a profissão nesse período ser demanda pelo Estado, para atender aos

interesses deste, da Igreja Católica e da burguesia, que era constituída, nesse

período, em sua maior parte, pelos donos de indústrias. (IAMAMOTO; CARVALHO,

2011). Porém foi nas décadas de 1940 e 1950 que o assistente social, de fato,

adentrou nas empresas privadas no Brasil (MOTA, 2010).

A inserção do profissional de Serviço Social ocorreu com a criação do

SENAI, em 1942, e do SESI, em 1946. O SENAI (Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial) surgiu a partir da responsabilidade de gerenciar, em

âmbito nacional, todas as escolas de aprendizagem industrial. Seu objetivo principal

consistia em qualificar a força de trabalho que, em sua predominância, era de

trabalhadores da produção industrial. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011).

O cenário industrial em expansão precisava de mão de obra qualificada, o

suprimento das demandas com a mão de obra estrangeira, já em declínio,

ressaltava a necessidade das empresas qualificarem os seus trabalhadores e assim

os adequarem à sua gestão. Nessa perspectiva de adequação é que o Serviço

Social foi introduzido; incorporado ao SENAI, os Assistentes Sociais, além de sua

atuação assistencialista, aliada a atividades de cunho higienista de controle da

ordem e moral burguesa, são potencializados como meio para o alcance da

expansão e solidificação da ordem capitalista, através das empresas. (IAMAMOTO;

CARVALHO, 2011).

O SENAI encenou uma nova postura do Estado e da burguesia diante da

classe trabalhadora, na qual a educação surgiu como meio para a conservação e

reprodução da força de trabalho da classe operária. Foi o início de um processo que

incorporou o assistente social nas empresas privadas, mais especificamente nas

indústrias. Tal processo foi adensado posteriormente com a instituição do SESI

(Serviço Social da Indústria). (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011).

O SESI surgiu no período em que o país passava pela construção da

nova Constituição, e é fruto das dificuldades resultantes do pós-guerra, do interesse

do Estado em participar e estimular a participação das classes sociais em iniciativas

32

que promovessem o bem-estar dos trabalhadores da indústria e também da

constatação de que a confederação das indústrias possuía recursos para

proporcionar aos trabalhadores a assistência social. (IAMAMOTO; CARVALHO,

2011, p.283). Essa assistência perpassava as condições de higiene, habitação e

nutrição dos operários, e trouxe à relação de patrões e operários uma questão

solidária, imbuída numa perspectiva de justiça social.

O Trabalho do SESI é uma extensão do que foi implantado inicialmente

com o SENAI. Os Assistentes Sociais dão continuidade às praticas assistencialistas

e de cunho educativo, elaboram e executam ações que antes de qualquer coisa se

fundamentam no interesse que as empresas possuem em expandir o capital. Ambas

as instituições utilizam o serviço social como meio para manutenção da ordem

capitalista. As ações elaboradas pelos assistentes sociais são instrumentos

eficientes à manutenção da qualidade da força de trabalho.

Observa-se que as semelhanças da atuação do Assistente Social no

SESI com as experiências do Serviço Social no SENAI estão ligadas,

principalmente, à interlocução da atuação profissional com o projeto burguês

industrial. Porém ao analisar a atuação com uma maior amplitude, fica claro que no

SESI a profissão se institucionaliza e se organiza. Por ser uma instituição

administrada e subsidiada exclusivamente pelo empresariado, o SESI investe na

ampliação dos serviços assistenciais, que se estruturam na grande capacidade

financeira que solidifica a base de recursos materiais como alicerce da prática social.

Esse mesmo suporte material permitirá, concomitantemente, a organização de verdadeiros departamentos de serviço social onde o trabalho coletivo- entre Assistentes Sociais e entre esses e outros profissionais – quebrarão anterior isolamento do Assistente Social, integrando-o num trabalho coletivo. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p.294).

Conforme Mota (2010), apesar do Serviço Social ter estado presente em

algumas empresas na década de 1940, é notório que a inclusão da profissão nesse

espaço se deve a conjunturas específicas, a partir da década de 1960. Ainda

segundo a autora, os avanços do processo de industrialização e a articulação da

classe trabalhadora por meio dos operários, instituem condições objetivas para o

surgimento do Serviço Social na área empresarial.

Nas décadas seguintes, 1970 e 1980, foi significativa a atuação do

assistente social nas empresas privadas, em um cenário ainda marcado pela

33

ditadura e pela organização política da classe trabalhadora, período de surgimento

das organizações sindicais, partidos políticos comissões de fábrica, entre outros,

que, atribuídos de forte consciência política, imprimiam suas formas de combate à

relação com o capital. (AMARAL; CESAR, 2009).

Compreende-se que a organização da classe trabalhadora e a luta por

seus direitos se constituíam uma ameaça para a hegemonia e domínio da burguesia.

O receio de sofrer efeitos da articulação do proletariado na produção da força de

trabalho e, consequentemente, na obtenção dos lucros fez com que a empresa

tomasse medidas de controle para a manutenção da sua ordem. Com isso, assim

como Mota (2010) pode-se concluir que a requisição do assistente social na

empresa privada emerge, uma vez que os serviços prestados por esse trabalhador

atendem historicamente às necessidades da empresa.

Nesse cenário, a empresa se encontra dotada das medidas flexíveis do

sistema, e vivencia um momento marcado pela inovação tecnológica, que

informatiza os seus processos e os torna mais dinâmicos. Também marcam o

cenário empresarial, nesse momento, os programas empresariais, especialmente os

de qualidade total e os programas participativos. (AMARAL; CESAR, 2009).

O assistente social se insere nesse contexto e, enquanto trabalhador,

também vivencia o processo de flexibilização no seu cotidiano, o qual impõe novas

demandas, habilidades e competências que estão inteiramente ligadas ao desejo da

empresa de manter a hegemonia sobre a classe trabalhadora e expandir capital. Assim:

A presença do assistente social numa empresa, antes de qualquer coisa, vem confirmar que a expansão do capital implica na criação de novas necessidades sociais. Isto é, a empresa, enquanto representação institucional do capital passa a requisitar o assistente social para desenvolver um trabalho assistencial educativo e educativo junto ao empregado e família. (MOTA apud AMARAL; CESAR, 2009, p.414).

A empresa privada, nas décadas de 1990 e 2000, possuía uma dinâmica

de trabalho que se estende até os dias atuais, marcada pelas políticas neoliberais

aliadas a medidas ainda eminentes da reestruturação produtiva. A empresa adota os

mecanismos advindos desses processos que influenciam a dinâmica organizacional

desse espaço. A flexibilidade dos processos de trabalho dispõe ao trabalhador

algumas características. Este, como já citado anteriormente, deve ser capaz de

exercer múltiplas atividades, precisa ser adaptável, ou seja, sua força de trabalho

deve se adequar às mais diversas transformações. Além disso, deve possuir

34

qualificação profissional. O assistente social enquanto trabalhador desse espaço

está submetido a essas requisições e exigências, sua atuação ocorre no limite entre

o interesse da empresa e do trabalhador.

[...] a atuação do assistente social nas empresas capitalistas também é objeto de novas exigências e qualificações [...]. A complexificação da sociedade, as mudanças no mundo do trabalho, no papel do empresariado e protagonismo dos organismos internacionais na definição das estratégias de „desenvolvimento‟ para os países periféricos, são alguns determinantes que conduzem a ação profissional caracterizadas por rupturas e continuidades. (AMARAL; CESAR, 2009, p.416)

Diante do exposto, compreende-se que a inserção do assistente social na

empresa privada sofre, junto a esta, os efeitos das transformações do capital no

mundo do trabalho. Remete à visão capitalista na qual o empresariado compreende

a classe trabalhadora em que se insere o assistente social. O objetivo central não

muda, a acumulação do capital e a obtenção de lucros estão no centro da

exploração e precarização da força de trabalho. Estas, por sua vez, são sempre

mascaradas com serviços e direitos travestidos de benefícios, que nesse cenário

atuam como mecanismos de alienação e cooptação da classe trabalhadora.

2.3.1 A trajetória do serviço social na empresa pesquisada

A empresa WZ/SA8, que se constitui, neste trabalho, lócus de pesquisa,

trata-se de uma indústria multinacional de tecidos. Existente no Brasil há mais de 40

anos, no Nordeste a empresa está presente desde o ano de 1970. O estudo ocorre

nas unidades sediadas em municípios da região metropolitana de Fortaleza.

Nessas unidades, que serão chamadas de X e Y, o serviço social foi

instituído, respectivamente, em 1985 e 1994, a partir da sua inauguração. Pode-se

afirmar que o surgimento do serviço social nestas empresas ocorreu em momentos

históricos diferentes e foi marcado por expressivas mudanças no contexto capitalista

do Brasil, ocasionando à implantação e organização do serviço social nas unidades,

expressões inerentes a esse contexto.

Conforme informações fornecidas pelas interlocutoras desta pesquisa, ao

se instalar, no ano de 1985, na unidade X, o serviço social era um setor

“independente”, suas atividades, como ainda hoje, eram em sua maioria ligadas ao

8 Letras utilizadas com o objetivo de preservar a identidade da empresa.

35

atendimento dos trabalhadores, porém ainda não existiam os programas e projetos

que foram criados com o decorrer do tempo e da credibilidade adquirida pelo setor.

São programas de educação financeira, inclusão e acompanhamento de pessoas

com deficiência e de promoção de saúde e bem-estar do trabalhador, os quais, por

sua vez, trouxeram resultados às perspectivas da empresa. Conseguiram, com

algumas execuções, a redução do imposto que a empresa paga com acidentes de

trabalho, a diminuição dos trabalhadores com empréstimos financeiros, os quais

estavam sempre endividados (insatisfeitos), solicitando auxílio da empresa, e o

pagamento de multas por não possuir o número suficiente de pessoas com

deficiência na empresa, o que era ocasionado, entre outras coisas, por insatisfação

e assim demissão de muito desses trabalhadores. Então, desde a década de 1980

até os dias atuais esses resultados expressam o trabalho do serviço social.

A empresa expandiu-se em tamanho, bem como em produtividade, e

atualmente alcança o posto de maior empresa da América Latina, no seu segmento.

Com o passar do tempo, na década de 2000, o setor de serviço social passou por

algumas transformações e, este, que já possuía até uma coordenação específica

para gerir suas competências, perdeu espaço e se fundiu a outros setores, como

departamento de pessoal, seleção e treinamento. A empresa, devido a uma política

de redução de gastos, retirou a coordenação do setor, diminuiu o número de

assistentes sociais, passando a ser duas, ao invés de três, e unificou o setor ao RH

(Recursos Humanos), que passou a coordenar também o Serviço Social.

Diferente da implantação da unidade citada, o serviço social da unidade

Y, instituído em 1994, período de grandes inflexões neoliberais, já surgiu unificado

aos outros departamentos do Rh. O serviço social nessa unidade desde seu início

está ligado à área médica da empresa e tem como sua atribuição “coordenar” os

serviços por esta área prestados, que até os dias atuais são: atendimento a

trabalhadores doentes, consultas e exames ocupacionais, entrega de laudos e

atestados médicos, e acompanhamento aos trabalhadores com problemas ligados à

saúde.

A demanda maior de atendimento, assim como na unidade X, se constitui,

desde o seu início, nos atendimentos aos trabalhadores e no gerenciamento e

execução de alguns programas, já existentes na WZ e X, que foram instituídos

36

nessa unidade. A WZ de Y Possui apenas uma assistente social e, assim como a

outra unidade, desde a década de 2000 possui duas estagiárias no departamento.

Nos dias atuais, o serviço social ainda possui a mesma estrutura física.

Quanto às suas demandas, ainda são, em sua maioria, compostas por atendimentos

aos trabalhadores dotados de diversas problemáticas, que vão desde problemas

financeiros, à violência doméstica e drogadição. O gerenciamento e execução dos

programas e projetos ligados à saúde, educação e inclusão social também estão

entre as suas maiores atribuições, seguidas pela administração dos “benefícios” que

consistem em viabilização do plano de saúde (inclusão e exclusão), emissão de

notas fiscais e solicitação de cartões alimentação.

A Nossa demanda maior é de atendimento por demanda espontânea mesmo além das outras atividades, que se baseia na administração dos benefícios, se a gente tivesse que dizer o que a gente faz mais se é esse atendimento ou essa administração de benefícios seria difícil da gente estabelecer até porque do atendimento vem algum problema ou alguma intervenção nossa pra situação de benefícios, mas a gente trabalha com administração de benefícios que a empresa oferece é elaboração, planejamento, organização e execução dos programas e projetos sociais (Assistente social B entrevistada dia 17/02/204).

As demandas espontâneas são aquelas que partem do trabalhador, o

qual procura o serviço social com alguma problemática e a partir do atendimento

recebe informações/instruções por parte dos profissionais. Algumas demandas não

podem ser solucionadas em conjunto com a empresa, como por exemplo, uma

situação de violência doméstica; no entanto, ao atender a uma demanda com esse

contexto, as assistentes sociais passam informações e encaminham ao local

adequado.

É necessário mencionar que as atividades do serviço social, ao longo de

sua trajetória na empresa, operam no limite entre o objetivo da empresa e as

necessidades do trabalhador. Percebe-se que o trabalho do assistente social está

ligado à reprodução da força de trabalho do proletariado, sob a ótica capitalista de

obtenção de lucros e manutenção do capital. Para tanto, é necessário manter a

satisfação e a qualidade de vida desse proletariado, que deve estar bem saudável e

feliz para que, assim, possa produzir satisfatoriamente. Essas afirmações podem ser

evidenciadas no depoimento da assistente social participante da pesquisa, ao falar

sobre a o trabalho do assistente social e sua importância na empresa.

37

[...] o nosso trabalho ele é muito focado na questão de promover qualidade de vida em todos os aspectos, conceito amplo de qualidade de vida então todos os nossos projetos são pautados nesse tema [...] a nossa importância aqui principal é essa é de fazer esse link né do funcionário, interesse do funcionário interesse do empregador que a gente vê essa relação direto o que é que ele precisa o que é que a empresa pode dar ou se propõe a dar e também essa questão de envolvê-lo no trabalho de forma que ele se sinta prazer em trabalhar na empresa (Assistente social A entrevistada dia 17/02/2014).

Com isso, compreende-se que a trajetória do serviço social na empresa

remonta às necessidades que esta possui de manter seus objetivos alcançados. O

trabalho do assistente social, nesse espaço, é permeado pelo antagonismo das

classes sociais expressas pelos trabalhadores e empresários. As requisições

institucionais fazem com que o assistente social, na sua condição de trabalho,

vivencie em seu cotidiano profissional a eminência de aliar-se às necessidades e

exigências da empresa, as quais, muitas vezes, divergem das demandas e

prerrogativas da profissão. Com isso, o assistente social precisa manter sua

capacidade crítica ao executar suas atividades, deve ser capaz de mediar as

relações e conseguir, dentro desse espaço tão contraditório, meios de efetivar o seu

projeto ético-político, o qual reafirma o compromisso desse profissional com a classe

trabalhadora.

3. O TRABALHO DO (A) ASSISTENTE SOCIAL NA EMPRESA PRIVADA

PESQUISADA

Nesse capítulo será explicitado o trabalho do Serviço social na empresa

privada pesquisada, a partir do olhar das assistentes sociais. Serão feitas considerações

sobre as demandas designadas ao assistente social, nesse cenário, bem como as

condições de trabalho e os desafios que permeiam a profissão, nesse espaço.

3.1 As demandas profissionais na empresa

Ao requisitar o serviço social, a empresa privada legitima as ações da

profissão nos ditames de seus interesses. Dispende ao profissional, demandas

inerentes aos seus objetivos institucionais. (MOTA, 2010). Nesse âmbito, desde o

início da inserção do assistente social na empresa até os dias atuais a requisição do

profissional, nesse espaço, está ligada diretamente à necessidade da empresa em

reproduzir/expandir capital e consolidar sua dominação, através da produção e

reprodução material da força de trabalho.

Com a alteração nos moldes de gestão da força de trabalho, instituída,

sobretudo, com o processo de reestruturação produtiva, novas demandas se inserem

ao trabalho do assistente social nas empresas. As estratégias instauradas nas

organizações empresariais, para adequação e ampliação da força de trabalho, a partir

desse processo, emergem para os assistentes sociais novas exigências e requisições.

Esses têm sido chamados a atuar em programas de „qualidade de vida no trabalho‟, saúde do trabalhador, gestão de recursos humanos, prevenção de riscos sociais, círculos de qualidade, gerenciamento participativo, clima social, sindicalismo de empresa, reengenharia, administração de benefícios estruturados, segundo padrões meritocráticos, elaboração e acompanhamento de orçamento social, entre outros programas. (IAMAMOTO, 2012, p.130)

Essas requisições são emanantes da instituição e passam a fazer parte do

cotidiano do assistente social, sobretudo, quando se inserem no que as empresas

identificam como modelo de gestão de recursos humanos9. Além de se constituir em

9 O modelo de gestão de recursos humanos apregoa a iniciativa individual e a motivação para

empreender ações requeridas pela empresa. Entretanto, a responsabilidade em colocar a sua capacidade a serviço dos objetivos empresariais é delegada a cada trabalhador individualmente. Ao remeter essa responsabilidade ao trabalhador, torna-o corresponsável e partícipe do processo de inovação e de melhoria da produtividade. (CESAR, 2009, p.123)

38

área de trabalho do assistente social na empresa, é também identificada como

política voltada para a integração, motivação, adequação e reprodução de ações da

empresa por parte dos trabalhadores.

O serviço social na empresa ele é o grande responsável pela administração e gerenciamento dos benefícios então todo e qualquer beneficio que está ligado ao trabalhador ele é gerenciado pelo serviço social. Assim estando aqui como administrador e também no gerenciamento de benefícios, estamos trabalhando diretamente na motivação do trabalhador e na qualidade de vida dele. (Assistente Social A entrevistada dia 14/02/2014)

As assistentes sociais da WZ/SA são responsáveis pela interlocução

entre a empresa e as organizações fornecedoras dos serviços disponíveis aos

trabalhadores. Ou seja desde a adesão dos planos de saúde, odontológico e

admissão do cartão alimentação, até cancelamentos, sugestões e reclamações junto

às prestadoras dos serviços, é o serviço social que intervém. As assistentes sociais

têm, em sua rotina institucional, a responsabilidade de gerir todo o processo inerente

aos serviços fornecidos, desde o contato inicial, até a emissão e encaminhamento

do pagamento das notas fiscais.

Percebe-se que as assistentes sociais da empresa pesquisada fazem

parte da área e gestão de recursos humanos. Suas atividades perpassam em

conjunto ao alienante discurso de qualidade de vida e bem-estar inferido pela

empresa, cujo pano de fundo é a manutenção dos trabalhadores em sua máxima

capacidade de produção.

Eu acho que o assistente social ele é responsável um pouco pela melhora do clima da empresa do clima organizacional mesmo é o nosso trabalho ele é muito focado na questão de promover qualidade de vida em todos os aspectos conceito amplo de qualidade de vida então todos os nossos projetos são pautados nesse tema (Assistente Social B entrevistada dia 17/02/2014).

Como colocam Amaral e Cesar (2009) as demandas dos assistentes

sociais, no âmbito do gerenciamento de recursos humanos, passam por uma nova

racionalidade técnica e política, a qual põe em funcionamento o “tradicional” em prol

do “moderno”. Assim, velhas e novas demandas se unem e exigem dos profissionais

estratégias que assegurem sua legitimidade social.

No que diz respeito às velhas demandas, Mota (2010) expõe que se faz

necessário evidenciar que o trabalho do assistente social dispõe ainda de um caráter

“educativo”, no qual o profissional direciona suas atividades para aspectos como

39

mudança de comportamentos, atitudes e hábitos, a qual objetiva o ajustamento dos

trabalhadores à produção material. Ainda segundo a autora, o profissional continua

a ser demandado para dar respostas a questões que influenciam a produtividade

dos trabalhadores. São problemas como absenteísmo, acidentes, alcoolismo,

insubordinação, entre outros que interferem na vida do trabalhador e afetam seu

desempenho na empresa.

Nós atendemos dentro da empresa uma série de expressões da questão, social. Muitas vezes é um problema familiar, é um problema de saúde é um problema de drogadição de alcoolistas, é um contexto de dificuldade de relacionamento com a chefia, um contexto de assédio moral, então são atendimentos que nós realizamos diariamente e que não estão só atrelados aos benefícios, perpassam os muros da empresa. (Assistente Social A entrevistada 14/02/2014).

Percebe-se a partir desta fala, que como em qualquer espaço ocupacional

o assistente social, em seu cotidiano de atendimento, intervém em diversas

problemáticas sociais. A intervenção, nesse sentido, perpassa a instituição e alcança

a necessidade social dos trabalhadores, mesmo que em detrimento dos interesses

empresariais.

Segundo Mota (2010) ao inserir-se na empresa privada o assistente social

assume a função de mediar soluções de carências e conflitos dos trabalhadores,

enquanto profissional da área de recursos humanos, tem a incumbência de

contribuir para o ajustamento do trabalhador, com o objetivo de produzir neste o

comportamento compatível às necessidades da empresa.

Para Cesar (2010) o assistente social, dentro da empresa, é responsável

por promover a sociabilidade do trabalhador e satisfazer-lhe as necessidades, posto

que essa satisfação está diretamente ligada à formação de um comportamento

produtivo, adaptável às condicionalidades e exigências da empresa. Nesse contexto,

o Serviço Social é compreendido como meio primordial para adesão da classe

trabalhadora às prerrogativas institucionais.

Em consonância com as concepções postas pelas autoras acima e as

falas das assistentes sociais entrevistadas, compreende-se que dentro da empresa

pesquisada, é atribuído a essas profissionais o papel de resolver os problemas

sociais dos trabalhadores. Também é designado para as assistentes sociais dentro

do RH, o dever de promover a integração e motivação dos trabalhadores. Assim, é

atribuição do serviço social elaborar e executar atividades nesse aspecto. Além

40

disso, as assistentes sociais da WZ S/A administram e gerenciam os “benefícios”

oferecidos aos trabalhadores, os quais são disponibilizados a partir dos interesses e

objetivos institucionais.

3.1.1 A importância do assistente social na empresa, na visão dos profissionais

O modo como o profissional observa sua atuação e a importância que ele

dá à sua inserção na empresa privada perpassam várias questões, que vão da

forma como a empresa condiciona a intervenção profissional, até a capacidade

crítica que o assistente social deve obter para analisar suas atividades e a condição

de trabalhador que possui em seu cotidiano.

Eu percebo que o assistente social tem uma importância de forma direta na empresa não só nas questões que a empresa solicita, mas nas questões do próprio trabalhador, ele intervém de forma direta para que o trabalhador tenha um direito garantido tenha um beneficio garantido (Assistente Social A entrevistada dia 14/02/2014).

O papel do assistente social dentro da empresa permeia a mediação10

que a profissão exerce nesse espaço, na relação empresa x empregado. Evidencia-

se na interlocução que o profissional realiza entre a requisição dos trabalhadores e o

que a empresa pode viabilizar para solucionar os problemas destes. (CESAR, 2010).

Com isso, o assistente social é compreendido como eixo de ligação entre ambas as

partes, e as atividades executadas por este profissional, como mecanismo de

motivação para o exercício de trabalho dos empregados.

A nossa importância aqui principal é essa é de fazer esse link interesse do funcionário ao interesse do empregador. Aqui a gente vê essa relação direto, o que é que ele precisa e o que é que a empresa pode dar, ou se propõe a dar. Também tem essa questão de envolvê-lo no trabalho de forma que ele se sinta prazer em trabalhar na empresa, tenha motivação (Assistente social B entrevistada dia 17/02/2014).

O discurso acima evidencia o papel do assistente social como mediador

das necessidades da empresa e empregado. Compreende-se que esta mediação

10

Faleiros sobre a mediação exercida pelo serviço social no contexto da sociedade capitalista coloca a profissão como sendo a mediação entre produção material e re –produção do sujeito para esta produção, na representação do sujeito nesta relação. (FALEIROS,1989 apud PONTES, 2010) (PONTES, 2010, p.106) ainda sobre a mediação na profissão afirma que “o Serviço Social comparece nessa mediação administrando “benefícios” que podem se dar tanto numa perspectiva de outorga, quanto numa perspectiva de conquista”.

41

possui a finalidade de evitar interferências que possam prejudicar o processo

produtivo, pois manter o trabalhador envolvido e motivado no trabalho garante a

satisfação das necessidades empresariais.

O Assistente social mesmo como profissional liberal, não possui todos os

meios necessários à efetivação de seu trabalho. Constitui-se trabalhador assalariado

possuidor de uma autonomia relativa que, assim como os que atendem na

instituição, também vende sua força de trabalho. Conforme Raichellis (2011), os

assistentes sociais vivenciam no seu cotidiano de trabalho os dilemas da alienação,

decorrentes das condições de trabalhador assalariado que se constitui. O exercício

profissional está sujeito a normas próprias do empregador da sua força de trabalho.

Compreende-se com a fala da autora, que ao exercer suas atividades o

assistente social além de corresponder aos objetivos da empresa, está na eminência

de alienar-se, caso seu trabalho profissional não ocorra dentro da afirmação do

projeto ético-político e do compromisso com a classe trabalhadora. Percebe-se que

as profissionais participantes da pesquisa, ao discorrerem sobre a importância do

assistente social na empresa, condicionam a importância do assistente social nesse

espaço a determinantes que fazem parte do objetivo institucional que, por sua vez,

se evidencia no maior e melhor trabalho produtivo, por via da satisfação e felicidade

dos trabalhadores.

Hoje eu vejo o serviço social como um suporte desses funcionários se nós não existíssemos talvez a empresa não tivesse a oportunidade de saber a necessidade deles. Nós somos até uma forma da empresa ficar mais próxima do funcionário. Então acho que a nossa importância nesse sentido é de conciliar e aproximar mesmo o interesse da empresa com a necessidade do funcionário (Assistente Social C entrevistada dia 17/02/2014)

A racionalidade da empresa está presente em todas as falas das

entrevistadas, no discurso delas também há a resolução de problemas. As

demandas dos trabalhadores são uma constante e reforçam os interesses da

empresa. Ressalta-se que a resolução dos problemas da classe trabalhadora é uma

prática adotada pela empresa, para a qual produz retorno, a satisfação dos

trabalhadores e a grande lucratividade são exemplos disso.

42

A contradição entre a direção social11 da profissão e as exigências

colocadas pela empresa aos assistentes sociais reflete expressamente na atuação

desses trabalhadores e incide, de forma efetiva, no modo como eles observam sua

atuação profissional nesse espaço.

3.2 As condições do trabalho profissional do assistente social

As mudanças estabelecidas com o processo de reestruturação incidem de

forma incisiva nas condições do trabalho do assistente social na empresa, provocam

inflexões na direção social, no conteúdo e nos objetivos para materialização dos

resultados do trabalho profissional nesse espaço. (CESAR, 2010).

As prerrogativas capitalistas da empresa submetem o assistente social às

mesmas inflexões do conjunto de trabalhadores que ele atende, as condições de

trabalho deste profissional perpassam a condição de explorado a qual ele vivencia

no seu cotidiano profissional. O processo de reestruturação trouxe às empresas

novos mecanismos de conservação do seu domínio sob a classe trabalhadora e de

manutenção do crescimento.

A maneira disciplinadora e moralizadora com a qual a empresa operava

para manter os níveis de produtividade, atenuar os conflitos e as reivindicações deu

lugar a novas técnicas e discursos baseados, agora, na interação e colaboração da

empresa e empregado. (CESAR; AMARAL, 2009)

A política de gestão de recursos humanos foi implantada e, com base

nessa nova maneira de gerir os processos da empresa, passou a disseminar a

participação e colaboração dos trabalhadores nas práticas da empresa, inserindo os

trabalhadores, dos quais o assistente social faz parte, através de medidas que os

levam a se sentirem participantes de um processo que, em tese, reflete e atende às

suas necessidades e escolhas. (CESAR, 2010).

O assistente social vivencia essas medidas e, enquanto trabalhador,

contribui para a efetivação dos objetivos da empresa na vida do proletariado. No

entanto, essa mesma condição o faz sofrer o efeito dessas medidas no seu cotidiano

de trabalho.

11

Termo utilizado por Iamamoto, (2009) em sua explanação sobre o cotidiano de trabalho do assistente social e as múltiplas dimensões desse trabalho, no que diz respeito a o que rege a profissão e o que se exige do profissional nas instituições empregadoras.

43

A “resolução” das necessidades sociais dos trabalhadores, o

reconhecimento dos gestores e as boas condições físicas e materiais do ambiente

de trabalho são prerrogativas que estão dentro dos objetivos da empresa. São ações

que imprimem ao profissional o compromisso com as necessidades institucionais e o

mantém satisfeito e adequado às requisições da empresa.

Retira desse profissional qualidade e produtividade, extrai o máximo da

sua força de trabalho e o aliena, no sentido em que o (a) assistente social passa a

ver essas condições como benefício por parte da instituição, e seu discurso acaba

por reproduzir os interesses institucionais.

As minhas condições de trabalho, eu avalio de forma positiva, porque a empresa dá uma estrutura realmente para que possamos trabalhar. Falando de questão de estrutura física de questão de saúde, nós temos plano de saúde caso aconteça alguma situação, nós temos o aparato de transporte caso precise realizar uma visita, Isso é um ponto chave no serviço social. Nesse sentido temos totais condições de atender as necessidades da empresa e dos trabalhadores. Eu vejo muitas companheiras de trabalho que não tem disponibilidade de um carro pra realizar uma visita, não tem a disponibilidade de um computador de uma impressora de um ambiente com a sala fechada então aqui é tudo muito bom, nesta questão não há o que reclamar (Assistente Social A entrevistada dia 14/02/2014)

As condições impostas pela empresa ao assistente social causam

inflexões sobre a forma como este profissional avalia suas condições de trabalho.

Os objetivos corporativos e as exigências da empresa definem os objetivos

profissionais e interferem no conteúdo do trabalho e no horizonte político da

intervenção deste profissional (CESAR, 2010). Essas condições determinadas pela

empresa refletem na forma como o assistente social percebe todas as questões

ligadas à sua atuação nesse espaço.

Assim, a fala a seguir caracteriza o domínio corporativo da empresa sobre

o trabalho do assistente social, a qual legitima as ações deste profissional de acordo

com seus interesses, também, consegue imprimir sobre ele a sua lógica e o

passivizar12, diante do contexto contraditório, precário e flexibilizado no qual se

configura seu cotidiano e suas condições de trabalho.

Assim, observa-se que o (a) assistente social vê na sua atuação respaldo

perante empresa e observa suas condições de trabalho a partir desse

12

Termos utilizado por Ana Elizabeth Mota e Angela Santana do Amaral em seu artigo: Reestruturação do Capital, fragamentação do trabalho e Serviço Social, esse termo foi colocado pelas autoras na explanação sobre os efeitos do capital a partir da reestruturação produtiva nas relações de trabalho.

44

reconhecimento e das boas condições materiais que a empresa oferece. Esse

reconhecimento nada mais é do que o retorno pela efetividade de suas ações junto

aos trabalhadores, pois, ao passo que viabiliza a satisfação das necessidades

sociais da classe trabalhadora, objetiva os interesses da instituição.

Se você comparar com outras instituições a gente tá muito bem, porque temos um respaldo dentro da empresa; da indústria, os supervisores chefias reconhecem o nosso trabalho respeitam, procuram e consultam na hora de tomar alguma decisão relacionada ao funcionário. Tem uma relação de respeito eles conhecem o que estamos fazendo aqui, então já temos um espaço, um trabalho definido e reconhecido, temos um espaço institucional e físico também, a gente tem uma sala reservada, tem computador um centro de custo com verba pra fazer os nossos projetos, pra realizar as nossas atividades tem telefone tem recursos de transporte pra fazer visita, então pode-se dizer que embora com dificuldades nos temos uma situação melhor do que várias instituições por aí na parte de recursos principalmente. (Assistente Social B, entrevistada dia 17/02/2014)

A configuração capitalista dos processos de trabalho na qual o assistente

social está inserido e a forma como a empresa repassa a estes profissionais suas

requisições são questões que podem conduzir o profissional a uma postura acrítica

diante do cotidiano e condições de trabalho que vivencia. (CESAR, 2010)

O Serviço Social possui um caráter contraditório que é inerente à

profissão. Desse modo, é necessário ressaltar que a atuação do assistente social,

bem como a forma com ele compreende seu exercício profissional, pode refletir os

pressupostos do sistema capitalista ou refutá-los. (CESAR, 2010). Assim sendo,

compreende-se que refletir sobre sua atuação e perceber sua condição de explorado

enquanto trabalhador caracteriza, diante desse contexto, a possibilidade de superar

a alienação que se estabelece sobre seu trabalho.

Realmente a empresa te dá condições, mas ela te cobra na mesma proporção. Enquanto trabalhador eu me vejo dentro de uma perspectiva que não existe diferença entre eu assistente social que está dentro do RH e do trabalhador que eu estou atendendo que está na área produtiva. Tanto eu quanto ele estamos nas mesmas condições de trabalhadores são duas categorias que podemos dizer que estão em ambiente de trabalho diferentes, que tem aptidões diferentes, mas que também são trabalhadores que sofrem o mesmo processo de exploração. (Assistente Social C entrevistada dia 17/02/2013)

A fala acima vem confirmar o discurso da autora sobre a dimensão

contraditória da profissão, dentro da empresa privada, o que nesse sentido vem

reafirmar a dualidade da atuação do assistente social na profissão.

45

É necessário também afirmar que a empresa, carregada das

necessidades capitalistas, consegue com suas estratégias, de alguma forma, alienar

a atuação do assistente social, bem como a forma como este se percebe no espaço

em que está inserido. Posto que ao discorrer sobre suas condições de trabalho,

duas das três assistentes sociais participantes desta pesquisa não conseguem

perceber essa perspectiva, além das condições física e material do seu ambiente de

trabalho, e apenas uma delas respondeu algo além dessa concepção, relatando

sobre a compreensão de se enxergar como trabalhadora explorada.

Dessa forma, em acordo com discurso das autoras citadas e as falas das

assistentes sociais da pesquisa, conclui-se que as prerrogativas capitalistas das

quais a empresa se apropria, ao passo que comprova o caráter alienante da

instituição, também proporciona ao profissional a possibilidade de refletir sobre seu

trabalho profissional a partir da compreensão do sistema em que está inserido.

3.3 Os desafios do serviço social na empresa privada

A profissão ultrapassa no seu cotidiano institucional o grande desafio de

mediar as tensas relações entre projeto ético-político profissional13 e a condição de

trabalhador assalariado a qual se condiciona o assistente social. Este vivencia no

seu exercício profissional o dilema da relativa autonomia que perpassa a trajetória

acadêmica e o aparato legal/organizativo, que regula a profissão e a constitui como

liberal, autonomia que se sustenta nas lutas hegemônicas da categoria e na direção

social14 desta. O outro lado desse dilema ocorre na mediação do trabalho

assalariado condicionado, nas esferas estatais e organismos privados os quais

como bases de sustentação dos espaços profissionais editam o mercado de

trabalho, profissionalizando o Serviço Social (IAMAMOTO, 2009, p.349). O

profissional vive entre as prerrogativas da profissão e a requisição das instituições

empregadoras.

13

O projeto ético politico é materializado por conhecimentos e princípios éticos que balizam o comportamento profissional e moldam a ações apreendidas (IAMAMOTO, 2009). Princípios éticos alimentam projeções profissionais historicamente determinadas, materializando a dimensão teleológica do trabalho do assistente social: a busca, por parte da categoria, de imprimir nortes ao seu trabalho afirmando-se como sujeito profissional (IAMAMOTO, 2009, p.348) 14

A direção social da profissão projetada pelo assistente social ao seu exercício é permeada por interesses da classes e grupos sociais , que incidem nas condições que circunscrevem o trabalho voltado ao atendimento de necessidades de segmentos majoritários das classes trabalhadoras. (IAMAMOTO, 2009)

46

A empresa privada, nesse contexto, se configura espaço de atuação do

assistente social e, ao requisitar sua força de trabalho, tem autonomia para dispor ao

profissional suas demandas. A flexibilização das relações de trabalho, adensadas no

discurso e objetivos da empresa, faz com que o assistente social, na condição de

trabalhador, articule valores, fins e modalidades de intervenção capazes de tornar

sua atuação profissional reconhecida pelo empregador segundo Cesar (2010).

Eu acho que é o nosso maior desafio hoje você gerar essa motivação, claro você não motiva ninguém a pessoa se motiva, mas você gerar situações que causem motivação no funcionário, que eles acordem 3 horas da manhã e que não seja o maior fardo da vida deles faz uma diferença muito grande no processo da empresa, na questão do lucro nós não somos uma ONG, nós queremos lucro e eu acho que a parte chave é a pessoa o ser humano e você fazer isso é um grande desafio uma grande missão, com os nossos projetos alcançar isso sempre. (Assistente Social, B entrevista dia 17/02/2014).

No discurso acima se percebe que a lógica empresarial é expressiva. A

empresa imprime nos assistentes sociais suas necessidades, e faz com que estes

confundam os seus objetivos profissionais com as necessidades da empresa,

fazendo com que a profissão e a empresa pareçam ser a mesma instituição.

Acho que a empresa é o ardís da contradição porque você está trabalhando na contradição pura do capitalismo, trabalhando diretamente na via de mão dupla, você tem que atender as necessidades da empresa afinal você é um trabalhador porque a gente tem que se reconhecer enquanto trabalhador, entender que não estamos acima de qualquer outro, mas você também tem que manter o seu código ética, seu projeto ético político tem que inserir sua teoria dentro da sua pratica e muitas vezes, vai de encontro o que a empresa quer e o que o setor se propõe e isso é um desafio, desafio diário da

nossa profissão aqui dentro (Assistente Social A entrevistada dia 14/02/2014).

Percebe-se que a contraditoriedade da profissão e o dilema profissional

adensado por esta perpassam o trabalho das assistentes sociais entrevistadas em

toda esta pesquisa. Nesse sentido, a fala colocada acima remete à compreensão de

que, se em determinados momentos percebe-se a introjeção dos objetivos da

empresa nos discursos das profissionais, também se consegue observar nelas o

desejo de intervir junto à classe trabalhadora para além da perspectiva institucional.

3.3.1 A visão das profissionais sobre a efetivação do projeto ético politico na empresa

pesquisada

A empresa privada, como já citado, se configura espaço de atuação

contraditório, assim como qualquer campo de trabalho do assistente social. A

47

atuação deste profissional sob o horizonte ético-político, nesse cenário, encontra

dificuldades de materialização, tendo em vista que sua inserção está pautada nos

objetivos da empresa e seu exercício profissional esbarra na sua condição de

trabalhador. Compreendendo que o projeto ético-político do serviço social15 se

vincula às necessidades da classe trabalhadora. Ao se submeter às demandas

institucionais o assistente social encontra dificuldades de efetivá-lo em seu cotidiano.

(BRAZ; TEIXEIRA, 2009).

Na empresa pesquisada, as assistentes sociais vivenciam em seu

cotidiano a dificuldade de materializar o projeto profissional, porém durante a

entrevista não se percebeu nenhuma insatisfação com essa condição, por parte

delas. Na fala abaixo se percebe que a dificuldade de materializar o projeto Ético-

político profissional é inerente a todos os espaços ocupacionais. Compreende-se,

também, que as dificuldades de afirmar o projeto profissional na empresa estão

interligadas à condição de espaço privado que esta possui. As prerrogativas e as

necessidades empresariais nem sempre permitem aos profissionais a possibilidade

de colocar sua visão e posicionamento profissional.

A gente enfrenta dificuldades para efetivar o projeto porque a gente trabalha num ambiente privado, então é mais difícil da gente colocar o nosso posicionamento e a nossa visão, porque a gente vai está sempre batendo um pouquinho de frente com o interesse da empresa. Mas eu vejo isso em qualquer espaço que você for atuar (Assistente Social C entrevistada dia 17/02/2013)

Todas as entrevistadas enfatizam em seus discursos que as dificuldades

de efetivar o projeto são comuns em todos os espaços. Pode-se perceber que os

impedimentos institucionais que ocorrem dentro da empresa, os quais segundo as

falas são entraves inerentes à condição de trabalhadora, não causam nas

profissionais nenhum tipo de insatisfação. Com isso, o desejo de realizar algo que

possa ir de encontro aos limites postos a elas também não foi observado.

Ressalta-se que o objetivo norteador das ações das assistentes sociais

está ligado às necessidades da empresa. A condição de trabalhadora é enfatizada

em todas as falas desta pesquisa.

15

Conforme Braz e Teixeira (2009, p.191) O projeto ético politico do Serviço Social no Brasil se vinculada a um projeto de transformação societária, que ocorre devido a própria exigência que a dimensão politica profissional possui.

48

Acredito que há dificuldades em todos os espaços, aqui a dificuldade que a acredito que seja uma dificuldade institucional. Cada instituição ela vai te remeter há algumas atividades que podem ir de encontro com o teu projeto ético certo? Que pode ir de encontro de repente com a teoria que você viu durante os quatros anos da tua formação, isso são demandas institucionais que a instituição impõe pra você. Então assim muitas vezes não é que você está indo de encontro contra o teu projeto ético politico, porque eu acho que a tua formação politica e pessoal tá centrada na cabeça na mente em tudo que você faz, mas muitas vezes a instituição te demanda uma situação que não tem como evitar é uma demanda para além da tua profissão é uma demanda institucional e por está inserido dentro do contexto da instituição, você tem que atender a demanda afinal você também é um trabalhador. (Assistente Social A entrevistada dia14/02/2014)

O projeto ético-político do serviço social está inserido na profissão numa

dinâmica de classes contraditórias, a qual impõe uma direção social às ações

profissionais que favorecem a um ou a outro projeto societário16. Braz e Teixeira,

(2009). Nesse âmbito, o trabalho do assistente social pode se realizar junto aos

interesses da classe burguesa ou trabalhadora.

Nesta pesquisa, observou-se que a empresa direciona o trabalho das

assistentes sociais conforme suas demandas e o projeto profissional, a partir daí, se

condiciona às necessidades empresariais. No entanto, percebeu-se, também, que o

projeto ético-político é interligado ao Código de Ética da profissão, conforme citado

na pesquisa, como meio pelo qual o projeto profissional se efetiva dentro da

empresa.

É difícil, mas a gente consegue, não vou dizer que 100% mas a questão da ética e imprescindível você não pode abrir mão, você ter respeito com seu código de ética que está dentro do projeto ético politico, acho que é um dos pilares do projeto a questão da ética isso você não pode abrir mão, aqui se alguém vier pedir alguma coisa que eu não acho certo fazer eu tenho a liberdade pra dizer eu não vou fazer por causa disso e pronto à gente tem essa autonomia e diz olha isso não é correto fazer e se eu fizer eu estou colocando em risco a minha profissão, não é só pelo o que eu acredito, mas é pelo meu valor de profissão. Então eu tenho essa liberdade aqui e eu acho que os outros profissionais também tem, mas é claro com restrições porque você é funcionário igual a todos os outros aqui você é um funcionário imposto às mesmas regras como qualquer um, então você tem as sua limitações, mas eu acho que é possível sim (Assistente Social B entrevistada dia 17/02/2014).

Mesmo que o projeto profissional seja interligado à conduta ética e aos

pressupostos do código de ética profissional, como retrata a fala acima, vê-se que a

efetivação do projeto ético-político esbarra na forma como a empresa gere os

16

Projeto societário são projetos políticos de maior abrangência projetos de sociedade que visam a conservação ou transformação de uma ordem societária. (BRAZ; TEIXEIRA, 2009)

49

processos institucionais. As assistentes sociais desta pesquisa encontram na

condição de trabalhadora, limitações para garantir o seu compromisso político na

empresa. No entanto, as dificuldades inerentes a essa condição não se constituem

em algo expressivo no cotidiano profissional, são encaradas como circunstâncias da

contradição de qualquer lócus de trabalho do assistente social.

Nesta pesquisa percebeu-se que o espaço empresarial se constitui num

lócus legítimo de atuação profissional e que a atuação do serviço social é de suma

importância para a empresa alcançar seus objetivos. Nesse sentido, os profissionais

podem contar com ótimas condições físicas e materiais de trabalho. As salas das

assistentes sociais são totalmente equipadas e os veículos da instituição estão à

disposição do setor. Observou-se, no entanto, que a empresa utiliza-se da

disposição dessas condições para manter a atuação do trabalhador sobre o

horizonte de suas necessidades e, por vezes, percebeu-se que o assistente social

atua junto à classe trabalhadora, numa perspectiva de adaptação às condições

empresariais.

Conclui-se que a direção social da profissão sofre inflexões das condições

contraditórias do espaço empresarial. A empresa condiciona o fazer profissional, as

falas das entrevistadas remontam essa questão. Conduzir o trabalho, de forma a

manter seu compromisso profissional com os trabalhadores, se constitui numa tarefa

difícil. As assistentes sociais em seu cotidiano transitam entre as prerrogativas

profissionais e a condição de trabalhadoras que vivenciam, as quais são expressas

no discurso e nas requisições da empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciam-se as considerações finais deste estudo, afirmando em primeiro

lugar que as questões ao longo desta pesquisa não estão esgotadas, ou seja, ainda

há muito que se compreender sobre a realidade da atuação do assistente social

dentro da empresa privada. Nossas reflexões são direcionadas a partir das

impressões e percepções apreendidas no campo, em conjunto com a contundente

base teórica que fundamentou o trabalho.

Esta pesquisa adentrou no cenário da empresa privada para compreender

a atuação do assistente social nesse espaço. Ao se realizar a pesquisa de campo e

se aprofundar no estudo sobre a temática, pôde-se refletir e relacionar as questões

identificadas como mais relevantes para apresentação neste trabalho.

É preciso afirmar que desde o seu surgimento a empresa tem como

principal objetivo a produção e reprodução do capital, ou seja, alcançar rendimentos.

Para isso, explora a mão de obra dos trabalhadores e extrai deles a sua máxima

força de trabalho. Nesse contexto, o (a) assistente social é inserido nesse espaço

ocupacional, tendo na resolução das necessidades sociais sua principal atribuição.

Essa requisição, ao passo que responde as necessidades dos trabalhadores,

contribui para que a empresa prossiga com seu domínio e crescimento.

Com o decorrer do tempo e das estratégias capitalistas a empresa foi

mudando a sua forma de manter a produtividade dos trabalhadores. A resolução das

necessidades sociais foi atrelada a outras medidas e a empresa passou a investir

nas questões motivacionais e no envolvimento do trabalhador com as necessidades

institucionais. Os programas de qualidade de vida, segurança no trabalho e de

participação dos resultados são exemplos desse investimento institucional, que

coloca os trabalhadores em interlocução com a empresa e com o cumprimento dos

objetivos desta.

Foi constatado que as assistentes são condicionadas a responder ao

interesse da empresa, todavia, respondam as necessidades sociais dos

trabalhadores e assim sejam demandados também, por estes. Na dimensão

contraditória da profissão o assistente social está submetido a essa dualidade de

requisições e também sofre com os ditames empresariais sobre sua força de

trabalho. Além dos atendimentos aos trabalhadores, a elaboração e execução dos

programas e projetos, as assistentes sociais assumem outras atividades. Assim, as

51

auditorias de resoluções empresariais e realização de treinamentos institucionais,

são exemplos de suas atribuições.

No que diz respeito às condições materiais do exercício profissional, as

assistentes sociais exercem suas atividades em ótima estrutura física de trabalho e

têm à sua disposição todo o material necessário para sua intervenção, como por

exemplo, veículo disponível para as visitas. No entanto, sua intervenção é

subalternizada pela dificuldade de atuar além dos requisitos institucionais.

Atuar na perspectiva da profissão se constitui em algo a ser buscado, pois

a atuação do assistente social, no que diz respeito à viabilização dos direitos da

classe trabalhadora, na maioria das vezes se restringe às disponibilidades

institucionais. A intervenção na necessidade social do trabalhador é realizada dentro

do que pode ser viabilizado pela empresa, ocorre conforme o que esta disponibiliza

para atender às problemáticas que surgem.

Todas as questões que interligam a atuação do assistente social na

empresa privada estão inflexionadas pelas prerrogativas institucionais. Desde as

condições de trabalho desses profissionais, que são compreendidas apenas pela

situação física e material de trabalho, as demandas que são atendidas, a partir dos

interesses da empresa, e os desafios profissionais, que perpassam, entre outras

coisas, a necessidade de manter o trabalhador motivado e satisfeito para exercer

suas atividades de trabalho.

Dentro dos padrões capitalistas, a empresa consegue inferir de forma

incisiva no trabalho do assistente social. Ou seja, consegue objetivar sua hegemonia

e crescimento na intervenção cotidiana desse profissional. Objetivações que

impactam, sobretudo, na direção social, a qual a profissão construiu historicamente

diante de suas lutas: o compromisso com a classe trabalhadora, com a viabilização

de seus direitos, sua organização e emancipação. Questões que são inflexionadas

pelo direcionamento da empresa e que contrapõem os princípios do Código de Ética

profissional, que, por sua vez, de forma paritária, reafirma o compromisso da

profissão com a classe trabalhadora e com as necessidades desta.

O direcionamento da profissão em relação aos objetivos da empresa foi,

neste trabalho, uma constatação evidenciada nos discursos. Nesse sentido, a luta

pela consolidação do projeto ético-político profissional na empresa privada requer

52

condições para o desdobramento desse desafio, as quais quebrem as barreiras

institucionais e redesenhe o modelo que se constitui o trabalho.

Para tanto, no que diz respeito ao trabalho do assistente social na

condição atual da empresa, este necessita aportar-se na dimensão ético-política da

profissão, sobretudo, na capacidade de repensar sua atuação nesse cenário. Deve

produzir reflexões que sejam capazes de enfrentar a contradição posta à sua

intervenção de mediar o seu exercício profissional e, assim, não perder de vista os

princípios que conduzem o Serviço Social.

REFERÊNCIAS

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54

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APÊNDICES

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APÊNDICE - A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (ENTREVISTA)

Convidamos a Senhora para participar da pesquisa referente a temática: O Serviço Social na empresa privada sob execução dos (as) pesquisador(as) Orientador Emanuel Bruno Lopes de Souza (responsável) e Jamylly Maciel de Abreu, pesquisadora a qual pretende analisar a atuação do Assistente Social na empresa privada, quais as demandas; repostas condições de trabalho e os desafios permeiam o trabalho desses profissionais nesse espaço sócio ocupacional.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevista, que consiste em respostas a perguntas apresentadas por mim pesquisadora. A entrevista ocorrerá na empresa seu local de atuação, e terá aproximadamente de 40 minutos, Os depoimentos desta entrevista serão gravados com seu consentimento.

Não há riscos decorrentes da sua participação a senhora tem a liberdade de retirar sua permissão a qualquer momento, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa e nem ao seu Trabalho na Instituição. Ao aceitar participar da pesquisa. Incentivará produção de conhecimento acadêmico sobre a temática e contribuirá para ampliação de novas discussões sobre o exercício do profissional de Serviço Social nessa área. Ressaltamos que tem o direito de ser mantida atualizada sobre os resultados parciais da pesquisa. E ao concluir a mesma, será comunicado dos resultados finais.

Não há despesas pessoais para sua participação em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua contribuição. Assumimos o compromisso de utilizar os dados somente para esta pesquisa. Os resultados dessa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo.

Em qualquer etapa do estudo, poderá nos contactar para o esclarecimento de dúvidas ou para retirar o consentimento de utilização dos dados coletados com a entrevista segue contatos Jamylly Maciel de Abreu (85) 85221553.

Consentimento Pós–Informação

Eu,___________________________________________________________, fui

informado sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha

colaboração, e entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto,

sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento é

emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando

uma via com cada um de nós. Data: ___/ ____/ ____

Assinatura do Participante __________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável ___________________________

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APÊNDICE - B ENTREVISTA

01. Qual o seu nome, idade e quanto tempo possui de formação?

02. Há quanto tempo você trabalha como assistente social na empresa privada?

03. A empresa foi sua primeira experiência profissional? (Se a resposta for não) O

que você pode pautar como semelhante e diferente na atuação profissional na

empresa?

04. Quais as principais demandas do serviço social na empresa?

05. Como a intervenção profissional corresponde as essas demandas?

06. Qual é a importância do profissional nessa área de atuação?

07. Fale sobre as condições de trabalho e sua atuação na empresa privada? (avanços

e limites para a garantia do projeto profissional)

08. Em sua opinião, qual o maior desafio permeia a atuação do Assistente Social que

atua na empresa privada?