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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA. São Paulo 2009

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Luiz Carlos de Miranda Júnior

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E

SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA

DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA.

São Paulo 2009

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2

LUIZ CARLOS DE MIRANDA JÚNIOR

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E

SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA

DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA.

Dissertação de mestrado apresentada ao

Centro Universitário SENAC, como exigência

parcial para a obtenção do grau de Mestre em

Sistema Integrado de Gestão – área de

concentração: Segurança e Saúde do

Trabalho.

Orientador: Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves

Quelhas, D. Sc

São Paulo

2009

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3

Miranda Júnior, Luiz Carlos de

M672v AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA / Luiz Carlos de Miranda Junior – São Paulo, 2009.

170f.: il. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente) – Centro Universitário Senac, São Paulo, 2009. Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, Sistemas de Gestão, Sustentabilidade. I.Autor II.Título CDD 363.7

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Aluno mestrando: Luiz Carlos de Miranda Júnior

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO

DE SEGURANÇA E SAÚDE DO

TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM

EMPRESA DISTRIBUIDORA DE

ENERGIA ELÉTRICA.

Orientador: Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves

Quelhas, D. Sc

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão do Curso de

Mestrado, em sessão pública realizada em ___/___/______,

considerou o candidato: ________________________________.

1) Examinador (a): ______________________________________

2) Examinador (a): ______________________________________

3) Presidente: _________________________________________

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5

Dedicatória

Dedico esse trabalho aos meus mestres que

muito me auxiliaram na avaliação crítica do

mundo do trabalho e, em especial, às

mulheres da minha vida: Eliana, minha

esposa, e, Ana Luíza, minha filha, sempre

compreensivas em relação aos meus projetos.

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6

Agradecimentos

Agradeço a Deus pela saúde. Ao meu

orientador, Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves

Quelhas, pelas importantes contribuições que

permitiram a conclusão desse trabalho e a

todos os amigos que sempre me incentivaram

para que mais essa etapa fosse vencida.

Especial agradecimento ao meu pai que

através de seu exemplo sempre me

impulsionou a buscar o melhor.

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7

RESUMO

A presente dissertação investiga a participação e a visão dos trabalhadores

relativas ao desempenho de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do

Trabalho. A pesquisa foi desenvolvida a partir de revisão de literatura e utilização

de questionário para avaliação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde

do Trabalho. O estudo de caso foi realizado em uma empresa do setor elétrico a

partir de pesquisa de campo, obtendo-se a visão qualitativa dos trabalhadores

sobre aspectos que compõem o sistema de gestão. Da pesquisa realizada,

resultaram sugestões de melhoria para o sistema de gestão. O trabalho conclui

que é relevante a participação dos trabalhadores na concepção e aprimoramento

de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho.

Palavras-Chave: Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, Sistemas de

Gestão, Sustentabilidade.

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8

ABSTRACT

This essay deals with the workers’ participation and their opinions related to the

performance of an occupational safety and health management system. The

survey was based on the literature review and the questionnaire to evaluate the

occupational safety and health management system. The case study took place in

an electrical company with data based on field research, in which the workers’

quality evaluation about the management system aspects is obtained.

Suggestions to improve the management system were taken from the survey.

According to this essay, it may be stated that the workers’ participation in the

definition and improvement of an occupational safety and health management

system is relevant.

Keywords: Management of Occupational Safety and Health, Management

Systems, Sustainability.

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9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução dos acidentes do trabalho por 100 mil trabalhadores

no Brasil desde a década de 70 ................................................

20

Figura 2 - Evolução relativa de acidentes e fatalidades no Brasil desde a

década de 70 ............................................................................

21

Figura 3 - TF anuais do setor elétrico brasileiro – 1987 a 2006 ................ 28

Figura 4 - TG anuais do setor elétrico brasileiro - 1987 a 2006 ................ 29

Figura 5 - Evolução de acidentes 2004 – 2006 de alguns setores

econômicos no Brasil ................................................................

33

Figura 6 - Os Cinco elementos da gestão bem-sucedida da SST ............ 53

Figura 7 - PDCA e melhoria contínua em SST .......................................... 54

Figura 8 - Cavalete e lâmina do programa Segurança ao Seu Lado ........ 79

Figura 9 - Norma Regulamentadora 10 – tema desenvolvido para o

programa Segurança ao Seu Lado ...........................................

79

Figura 10 - Choque Elétrico – tema desenvolvido para o programa

Segurança ao Seu Lado ...........................................................

79

Figura 11 - Cartão do programa Sinal Verde para a Segurança ................. 80

Figura 12 - Caderno do Diálogo Semanal de Segurança – DSS ................ 81

Figura 13 - Equipamentos de Proteção – tema desenvolvido para o

Caderno do DSS .......................................................................

81

Figura 14 - Evolução da Taxa de Freqüência 2000 – 2007 ........................ 82

Figura 15 - Tabulação respostas dadas para a questão 1 .......................... 87

Figura 16 - Tabulação respostas dadas para a questão 2 .......................... 88

Figura 17 - Tabulação respostas dadas para a questão 3 .......................... 89

Figura 18 - Tabulação respostas dadas para a questão 4 .......................... 90

Figura 19 - Tabulação respostas dadas para a questão 5 .......................... 91

Figura 20 - Tabulação respostas dadas para a questão 6 .......................... 92

Figura 21 - Tabulação respostas dadas para a questão 6 por categoria de

respondentes ............................................................................

93

Figura 22 - Tabulação respostas dadas para a questão 7 .......................... 94

Figura 23 - Tabulação respostas dadas para a questão 7 por categoria de

respondentes ............................................................................

95

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10

Figura 24 - Tabulação respostas dadas para a questão 8 .......................... 96

Figura 25 - Tabulação respostas dadas para a questão 9 .......................... 97

Figura 26 - Tabulação respostas dadas para a questão 10 ........................ 98

Figura 27 - Tabulação respostas dadas para a questão 10 por categoria

de respondentes .......................................................................

99

Figura 28 - Tabulação respostas dadas para a questão 11 ........................ 100

Figura 29 - Tabulação respostas dadas para a questão 11 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

101

Figura 30 - Tabulação respostas dadas para a questão 12 ........................ 101

Figura 31 - Tabulação respostas dadas para a questão 13 ........................ 102

Figura 32 - Tabulação respostas dadas para a questão 13 por categoria

de respondentes .......................................................................

103

Figura 33 - Tabulação respostas dadas para a questão 14 ........................ 104

Figura 34 - Tabulação respostas dadas para a questão 14 por categoria

de respondentes .......................................................................

105

Figura 35 - Tabulação respostas dadas para a questão 15 ........................ 106

Figura 36 - Tabulação respostas dadas para a questão 15 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

107

Figura 37 - Tabulação respostas dadas para a questão 16 ........................ 107

Figura 38 - Tabulação respostas dadas para a questão 16 por categoria

de respondentes .......................................................................

108

Figura 39 - Tabulação respostas dadas para a questão 17 ........................ 109

Figura 40 - Tabulação respostas dadas para a questão 17 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

110

Figura 41 - Tabulação respostas dadas para a questão 18 ........................ 110

Figura 42 - Tabulação respostas dadas para a questão 18 por categoria

de respondentes .......................................................................

111

Figura 43 - Tabulação respostas dadas para a questão 19 ........................ 112

Figura 44 - Tabulação respostas dadas para a questão 19 por categoria

de respondentes .......................................................................

113

Figura 45 - Tabulação respostas dadas para a questão 20 ........................ 114

Figura 46 - Tabulação respostas dadas para a questão 20 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

115

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11

Figura 47 - Tabulação respostas dadas para a questão 21 ........................ 115

Figura 48 - Tabulação respostas dadas para a questão 21 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

116

Figura 49 - Tabulação respostas dadas para a questão 22 ........................ 117

Figura 50 - Tabulação respostas dadas para a questão 22 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

118

Figura 51 - Tabulação respostas dadas para a questão 23 ........................ 118

Figura 52 - Tabulação respostas dadas para a questão 23 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

119

Figura 53 - Tabulação respostas dadas para a questão 24 ........................ 120

Figura 54 - Tabulação respostas dadas para a questão 24 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

121

Figura 55 - Tabulação respostas dadas para a questão 25 ........................ 121

Figura 56 - Tabulação respostas dadas para a questão 25 por categoria

de respondentes .......................................................................

123

Figura 57 - Tabulação respostas dadas para a questão 26 ........................ 124

Figura 58 - Tabulação respostas dadas para a questão 26 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

125

Figura 59 - Tabulação respostas dadas para a questão 27 ........................ 125

Figura 60 - Tabulação respostas dadas para a questão 27 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

126

Figura 61 - Tabulação respostas dadas para a questão 28 ........................ 127

Figura 62 - Tabulação respostas dadas para a questão 28 por categoria

de respondentes .......................................................................

128

Figura 63 - Tabulação respostas dadas para a questão 29 ........................ 129

Figura 64 - Tabulação respostas dadas para a questão 29 por categorias

de eletricistas e técnicos ...........................................................

129

Figura 65 - Tabulação respostas dadas para a questão 30 ........................ 130

Figura 66 - Tabulação respostas dadas para a questão 30 por categoria

de respondentes .......................................................................

131

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Média de acidentes e doenças no Brasil nas últimas quatro

décadas ....................................................................................

19

Tabela 2 - Fundamentação Teórica – alguns autores pesquisados .......... 26

Tabela 3 - Acidentes do Trabalho Fatais e Percentual sobre Número

Total de Trabalhadores – Setor Elétrico Brasileiro....................

31

Tabela 4 - Taxa de Freqüência de Acidentes Fatais no Setor Elétrico

Brasileiro – 1982 a 2007 ...........................................................

32

Tabela 5 - Elementos do SCIS – Sistemas de Classificação Internacional

de Segurança do DNV ..............................................................

47

Tabela 6 - Resultados da implantação de SGSST para as organizações

segundo diversos autores .........................................................

56

Tabela 7 - Questões do questionário aplicado .......................................... 61

Tabela 8 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da

pesquisa concernentes ao que deve ser intensificado

(ELEVAR) no SGSST adotado pela empresa ..........................

134

Tabela 9 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da

pesquisa concernentes ao que deve ser criado (CRIAR) no

SGSST adotado pela empresa .................................................

143

Tabela 10 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da

pesquisa concernentes ao que deve ser reduzido (REDUZIR)

no SGSST adotado pela empresa ............................................

149

Tabela 11 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da

pesquisa concernentes ao que deve ser eliminado

(ELIMINAR) no SGSST adotado pela empresa .......................

151

Tabela 12 - Acidentes do Trabalho Fatais e Percentuais Relativos

(trabalhadores próprios e de empresas contratadas) – Setor

Elétrico Brasileiro ......................................................................

154

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 16

1.1. Contexto geral .......................................................................... 16

1.2. Desenvolvimento industrial e infortunística .............................. 16

1.3. Situação problema .................................................................... 22

1.4. Questão de Pesquisa ............................................................... 22

1.5. Objetivo, justificativa e relevância ............................................. 23

1.6. Estrutura do trabalho ................................................................ 24

2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................... 26

2.1. O setor elétrico brasileiro, infortunística associada e

comparação com alguns outros setores econômicos

nacionais relevantes .................................................................

27

2.2. Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho -

SGSST ......................................................................................

34

2.3. A importância da participação dos trabalhadores nos sistemas

de gestão em segurança e saúde do trabalho .........................

40

2.4. Alguns aspectos de sistemas de gestão de segurança e

saúde ocupacional com base em diretrizes do DNV e da

OSHAS 18001 ..........................................................................

47

3. ESTRATÉGIA DE PESQUISA .................................................. 58

4. ESTUDO DE CASO: Avaliação de sistema de gestão de

segurança e saúde do trabalho. O estudo da participação dos

trabalhadores em empresa distribuidora de energia elétrica ....

68

4.1. Introdução ................................................................................. 68

4.2. Breve histórico da empresa ...................................................... 68

4.3. SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do

Trabalho ………………….........................................................

69

4.4. Principais processos do sistema de gestão de segurança e

saúde adotado pela empresa e resultados relevantes .............

73

4.5. Pesquisa de campo e resultados .............................................. 82

4.6. Análise dos resultados .............................................................. 152

4.7. Recomendações a partir do estudo de caso ............................ 157

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4.8. Considerações finais ................................................................ 158

5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS .. 160

REFERÊNCIAS ........................................................................ 162

ANEXOS ................................................................................... 166

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do

Trabalho – anverso ...................................................................

166

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do

Trabalho – verso .......................................................................

167

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do

Trabalho – auxílio no entendimento dos itens e na avaliação ..

168

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APR - Análise Prevencionista de Risco

BS - British Standards

BSI - British Standards Institution

BVQI - Bureau Veritas Quality of Standards

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CSST - Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho da Fundação COGE

DSS - Diálogo Semanal de Segurança

DNV - Det Norske Veritas

EPC - Equipamento de Proteção Coletiva

EPI - Equipamento de Proteção Individual

GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia

de Segurança e Medicina do Trabalho

ISO - International Organization for Standardization

MPS - Ministério da Previdência Social

NRs - Normas Regulamentadoras do Capítulo V do Título II, da

Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e

Medicina do Trabalho

NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário

OC - Organismo Certificador

OHSAS - Occupational Safety and Health Assessment Series

PDCA - Plan, Do, Check, Act

PST - Profissional de Segurança do Trabalho

SAT - Seguro Acidente do Trabalho

SEP - Sistema Elétrico de Potência

SGSSO - Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, o mesmo

que SGSST

SGSST - Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho

SST - Segurança e Saúde do Trabalho

TF - Taxa de Freqüência de Acidentes

TG - Taxa de Gravidade de Acidentes

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto geral

A complexidade das organizações, assim como a velocidade da incorporação dos

mais diversos aspectos que as partes interessadas em seus negócios impõem a

elas, faz com que, atualmente, sistemas de gestão que possam auxiliar nesse

processo tornem-se ferramentas indispensáveis.

Para maior eficácia desses sistemas, é fundamental a participação dos

trabalhadores desde sua concepção até as fases de operacionalização e revisão

para a melhoria contínua.

O presente trabalho propõe avaliação de um SGSST – Sistema de Gestão de

Segurança e Saúde do Trabalho e a verificação do nível de participação dos

trabalhadores, implantado em uma empresa de grande porte, o que é feito com a

aplicação de questionário de avaliação desenvolvido com base nos principais

aspectos de um SGSST.

A aplicação da metodologia proposta também resulta na obtenção de sugestões

sobre as ações a serem tomadas para buscar o aperfeiçoamento do sistema e,

consequentemente, de seus resultados.

Espera-se com isso contribuir para melhoria de Sistemas de Gestão de

Segurança e Saúde do Trabalho implementados pelas organizações, que com a

utilização da ferramenta criada, poderão identificar o nível de conhecimento e

participação de seus empregados no sistema, assim como obter suas propostas

para a sua melhoria contínua.

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17

1.2. - Desenvolvimento industrial e infortunística1

Inicia-se esta dissertação com uma citação de Brasil (2002) sobre a ocorrência de

acidentes nas atividades laborais:

“O mesmo trabalho que retirou o homem das cavernas e o colocou

viajando em meio às estrelas tem interrompido projetos de vida

individuais e familiares ao gerar sofrimentos físicos e mentais de várias

ordens, além de impor prejuízos sem conta para a sociedade.” (2002,

p.1)

De fato, os acidentes do trabalho têm mutilado e tirado a vida de milhões de

trabalhadores ao longo da história e produzido prejuízos imensos para a

sociedade, muitas vezes impossíveis de se mensurar com exatidão. E isso se

intensificou desde a revolução industrial, iniciada na Europa do século XVIII.

Paralelamente ao desenvolvimento tecnológico e econômico que se iniciavam nos

primórdios da revolução industrial, trabalhadores eram submetidos aos mais

variados riscos de acidentes e agravos à saúde que ceifaram vidas ou

determinaram a incapacidade para o trabalho de milhares de pessoas.

Hunter (apud MENDES, 1996, p.7), afirma:

“Toda a sorte de acidentes graves, mutilantes e fatais, além de

intoxicações agudas e outros agravos à saúde, atingiram os

trabalhadores, incluindo crianças de cinco, seis ou sete anos e

mulheres, preferidos que eram – crianças e mulheres – pela

possibilidade de lhes serem pagos salários mais baixos.”

Famílias numerosas e extremamente pobres eram recrutadas nas grandes

cidades inglesas como mão-de-obra fácil. Não somente os homens eram aceitos

como trabalhadores, mas também suas mulheres e filhos e não havia quaisquer

restrições quanto ao estado de saúde e desenvolvimento físico dessas pessoas

indefesas (BRASIL, 2002).

1 Estudo dos acidentes de trabalho e suas conseqüências, incluídas as doenças ditas profissionais.

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18

Assim, os trabalhadores, em sua grande parte crianças e mulheres, tiveram a

saúde comprometida de forma extremamente grave.

Os acidentes do trabalho passaram a ser rotina e tinham origem tanto pela

inabilidade dos trabalhadores que não estavam habituados a operar máquinas e

não eram orientados para tal, quanto pela ausência das proteções básicas de

engrenagens e correias. Somado a isso, ambientes totalmente insalubres, sem

ventilação e com níveis de ruído ensurdecedores agravavam o risco da ocorrência

de acidentes (BRASIL, 2002).

As precárias condições de trabalho vigentes à época e a inobservância a

preceitos básicos de higiene do trabalho, capazes de evitar o adoecimento dos

trabalhadores, não se justificavam na falta de conhecimento do nexo causal de

diversas moléstias que acometiam os trabalhadores. Já no século XVII, os

estudos de Bernardino Ramazzini2 evidenciavam a correlação entre várias

atividades de trabalho e ambientes ocupacionais nos quais se desenvolviam com

a saúde dos trabalhadores. Portanto, pode-se concluir que, se assim desejassem,

os empreendedores da época poderiam ter proporcionado melhores ambientes de

trabalho aos operários que não os conduzissem ao adoecimento. Infelizmente,

não foi o que ocorreu.

Segundo Berlinguer (2004), essa situação praticamente não se alterou durante

muitas décadas na medida em que, não obstante estarem expostos a toda sorte

de riscos nos ambientes de trabalho, a proteção dos trabalhadores não

experimentou nenhuma celeridade. Ao se analisar a situação dos trabalhadores

no século XIX, observa-se a continuidade da total inobservância das mais

comezinhas regras de prevenção de acidentes e promoção da saúde.

No Brasil, a história não foi diferente. Somente atrasada em alguns séculos, o que

é evidenciado pela constatação de que a “revolução industrial brasileira” ocorreu a

2 Nascido na cidade italiana de Capri em 3 de novembro de 1633, o médico Bernardino Ramazzini deixou importante

contribuição à medicina em seu trabalho sobre doenças ocupacionais chamado De Morbis Artificum Diatriba (Doenças do

Trabalho) que relacionava os riscos à saúde ocasionados por produtos químicos, poeira, metais e outros agentes aos quais

se expunham os trabalhadores de 52 ocupações estudadas pelo médico italiano (BERLINGUER, 2004).

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19

partir do final da I Guerra Mundial e, infelizmente, também registrando números

alarmantes de acidentes do trabalho.

Atualmente, o Brasil apresenta um parque industrial moderno e que já o colocou

como oitava economia mundial. Não obstante, tal modernidade não afastou o

grande número de acidentes do trabalho que vitimam seus trabalhadores, como

pode ser verificado na tabela 1.

TABELA 1 – Média de acidentes e doenças no Brasil nas últimas quatro décadas

Acidentes Médias por

década Trabalhadores

Típico

Trajeto

Doenças Total de Acidentes

Acidentes / 100 mil trab.

Óbitos

Óbitos / 100 mil trab.

Óbitos / 10 mil

acidentes

Anos 70

12.428.828 1.535.843 36.497 3.227 1.575.566 13.696 3.604 30 23

Anos 80

21.077.804 1.053.909 59.937 4.220 1.118.071 5.388 4.672 22 42

Anos 90

23.648.341 414.886 35.618 19.706 470.210 1.998 3.925 17 85

Anos 00*

30.206.932 344.919 53.844 24.885 423.648 1.397 2.830 9 68

*dados até 2006

Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção 2008 (http://www.protecao.com.br/, acessado em 6 de setembro de 2008), a partir de dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

Como se pode verificar, os anos 70 foram aterradores no que se refere à

ocorrência de acidentes do trabalho. Mais de um milhão e meio de acidentes

registrados que resultaram na morte de três mil, seiscentos e quatro

trabalhadores. O resultado foi de uma razão de trinta óbitos para cada cem mil

trabalhadores registrados e a fatalidade de vinte e três óbitos para cada dez mil

acidentes do trabalho registrados.

O país não podia continuar nessa trajetória e no final da década o resultado dos

esforços para prover o Brasil de um ordenamento legal em segurança e saúde do

trabalhador foi coroado com a oficialização das Normas Regulamentadoras (NR)

em Segurança e Saúde do Trabalho, aprovadas pela Portaria N0 3.214, de 8 de

junho de 1978.

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Não obstante o número de trabalhadores mortos em acidentes do trabalho tenha

aumentado na década de 80, o arcabouço legal trazido pelas NRs contribuiu com

a reversão do quadro sombrio à época, o que pode ser verificado pela diminuição

das médias de acidentes do trabalho registradas nas décadas seguintes e, na

presente década, com a diminuição do número de mortes no trabalho.

Na Figura 1 está evidenciada a expressiva redução dos acidentes do trabalho

comparada ao número de trabalhadores do mercado de trabalho formal registrada

ao longo das últimas três décadas até meados da presente década. Ou seja, a

sinistralidade3 diminuiu.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

anos 70 anos 80 anos 90 anos 00 (até2006)

Décadas

Quocien

te

Acidentes/100 miltrabalhadores

Figura 1 – Evolução dos acidentes do trabalho por 100 mil trabalhadores no Brasil desde a

década de 70

Fonte: Construída pelo autor a partir dos dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

Não obstante o resultado positivo registrado, a fatalidade aumentou como pode

ser verificado na Figura 2. Enquanto o número de óbitos por cem mil

trabalhadores diminuiu de forma relevante, o número de óbitos por 10 mil

acidentes aumentou drasticamente. Ou seja, a fatalidade decorrente dos

acidentes registrados aumentou substancialmente.

3 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.

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21

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

anos 70 anos 80 anos 90 anos 00 (até2006)

Décadas

Quocien

te Óbitos/100 miltrabalhadores

Óbitos/10 milacidentes

Figura 2 – Evolução relativa de acidentes e fatalidades no Brasil desde a década de 70

Fonte: Construída pelo autor a partir dos dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

Embora não seja objeto do presente trabalho, algumas questões podem ser

levantadas à luz desses dados:

As ações adotadas pelo governo e sociedade brasileiros visando à prevenção de

acidentes e doenças no país estariam realmente surtindo os efeitos desejados e

diminuição dos acidentes do trabalho?

Estaria havendo subnotificação dos acidentes do trabalho no Brasil tendo em vista

que mesmo com a sinistralidade4 diminuindo a fatalidade não apresentou redução

proporcional à redução dos acidentes?

A aparente contradição originada pela análise dos números, menor número de

acidentes relativo à força de trabalho e maior fatalidade relativa, seria o resultado

da diminuição dos riscos nos ambientes de trabalho produzindo a eliminação dos

acidentes de menor gravidade que, não tendo o mesmo efeito sobre os riscos de

maior gravidade, não conseguiu modificar o cenário relativos aos acidentes mais

graves?

Nesse contexto, os SGSST – Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do

Trabalho podem se constituir em ferramentas de auxílio ao aperfeiçoamento

4 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.

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22

contínuo das ações voltadas à prevenção de acidentes e agravos à saúde dos

trabalhadores e, além disso, também proporcionar às empresas economia nos

custos relevantes decorrentes de acidentes e doenças.

1.3. Situação problema

Conforme relatado anteriormente, os ambientes e os processos laborais no Brasil

têm causado inúmeros acidentes, alguns com gravíssimas conseqüências.

Com o objetivo de organizar de forma sistêmica as ações direcionadas à

prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, empresas têm

implantado sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho certificados ou

não por terceira parte5.

Vários autores que serão mencionados na revisão de literatura ratificam a

importância de um sistema de gestão para que se obtenham melhorias

substanciais e contínuas na prevenção de acidentes, nas relações de trabalho e

mesmo na sustentabilidade das organizações.

Outros autores, trabalhos e legislações versando sobre a contribuição e

participação dos trabalhadores na construção e posterior administração de

SGSST também são citados no capítulo de revisão da literatura.

Pretende-se, com a pesquisa, desenvolver ferramenta que agregue a participação

de trabalhadores na construção e administração de Sistemas de Gestão de

Segurança e Saúde do Trabalho, contribuindo assim para o sucesso e melhoria

desses sistemas.

1.4. Questão de pesquisa

Para a elaboração da questão de pesquisa, parte-se da seguinte premissa:

5 Certificação de terceira parte: certificação do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho concedida por auditores independentes, sem vínculo com quaisquer das partes envolvidas.

Page 23: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

23

A participação dos trabalhadores na construção de um SGSST é um ponto

relevante para o sucesso do sistema!

A partir dela, pretende-se responder a seguinte questão:

Como viabilizar a participação dos trabalhadores na construção,

operacionalização e melhoria contínua de sistemas de gestão de saúde e

segurança ocupacional?

1.5. Objetivo, justificativa e relevância

O presente trabalho objetiva o desenvolvimento de sistemática de avaliação de

SGSST - Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho através da

verificação do nível de conhecimento e participação de trabalhadores nos

mesmos.

Esse objetivo foi alcançado com a utilização de um questionário versando sobre

trinta aspectos relevantes de um SGSST, aplicado aos trabalhadores de uma

empresa de grande porte. Também foram obtidas suas contribuições para a

melhoria do sistema.

Considerando os acidentes que continuam a ser registrados nos diversos setores

da economia brasileira e a necessidade da reversão desse quadro, a implantação

de um SGSST eficaz, capaz de contribuir para a eliminação dos acidentes e

doenças originadas no trabalho, justifica a presente pesquisa.

Também é relevante estabelecer metodologia capaz de avaliar os SGSST

implantados, com base na participação dos trabalhadores, bem como levantar

suas contribuições para a melhoria dos mesmos.

Page 24: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

24

1.6. Estrutura do trabalho

No capítulo 2, desenvolve-se pesquisa da literatura onde se evidencia a

ocorrência de acidentes do trabalho nas empresas do setor elétrico brasileiro,

comparativamente com a de outros relevantes setores econômicos nacionais.

Também são estudados autores que tratam da importante contribuição dos

SGSST para a busca da eficácia da gestão de segurança e saúde nas

organizações, assim como outros que enfatizam a importância da participação

dos trabalhadores para o sucesso das melhores práticas em segurança e saúde

do trabalho.

Ainda no capítulo 2, são abordados dois dos principais modelos de gestão em

segurança e saúde ocupacional atualmente utilizados pelas empresas: o sistema

SCIS - Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela DNV

– Det Norske Veritas e a OHSAS 18001 – Occupational, Health and Safety

Assessment Series.

No capítulo 3, discute-se a estratégia do trabalho a ser realizado, com ênfase no

questionário com trinta questões sobre saúde e segurança do trabalho, elaborado

para avaliar o SGSST implantado, por meio da opinião dos trabalhadores e de

suas contribuições para a melhoria do SGSST.

No capítulo 4, faz-se um breve histórico da empresa onde o estudo de caso foi

realizado, do SGSST por ela implementado, dos principais processos que o

suportam e resultados obtidos.

Nesse capítulo, também é descrita em detalhe a pesquisa de campo realizada,

com ênfase nas respostas ao questionário, comentários sobre divergências entre

os grupos de trabalhadores, objeto da pesquisa, e sugestões para a melhoria do

sistema formuladas pelos trabalhadores.

O capítulo 4 também se ocupa da análise dos resultados, recomendações

decorrentes e considerações finais sobre o trabalho realizado.

Page 25: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

25

Fechando a dissertação, o capítulo 5 traz as conclusões gerais obtidas e

sugestões para pesquisas futuras correlacionadas que podem ampliar o

entendimento sobre a construção e resultados de SGSST nas organizações que

os adotam.

Page 26: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

26

2. REVISÃO DA LITERATURA

Nesse capítulo discorrer-se-á sobre a situação do setor elétrico em relação à

ocorrência de acidentes do trabalho e sua comparação com alguns outros setores

brasileiros. Também abordar-se-á a importância de um SGSST como ferramenta

para a identificação dos riscos de acidentes e sua eliminação.

Serão apresentados os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional

com base na proposta da DNV6 – Dot Norsche Veritas e na OHSAS7 18001.

Também serão mencionados autores que destacam em seus estudos a

importância dos trabalhadores no processo de construção, manutenção e

melhoria de SGSST.

Na tabela 2 é ilustrada a integração e sintonia entre o problema, os objetivos, a

questão e os fundamentos teóricos.

TABELA 2 – Fundamentação Teórica – alguns autores pesquisados

Problema Objetivos Questões Referências Autores

Otimizar os

resultados dos

SGSST adotados

pelas empresas com

a participação ativa

dos trabalhadores a

fim de se obter a

redução dos

acidentes e agravos à

saúde.

Avaliação de

Sistemas de Gestão

de Segurança e

Saúde do Trabalho -

SGSST.

Desenvolver

metodologia capaz de

agregar a

participação dos

trabalhadores na

construção,

operacionalização e

melhoria de SGSST.

Quais os benefícios

que se pode obter a

partir da implantação

de SGSST nas

empresas?

A participação dos

trabalhadores na

construção de um

SGSST pode ser

considerada um

ponto relevante para

o sucesso do

sistema? Como essa

participação pode

contribuir com a

melhoria continua do

SGSST?

SGSST lastreados

nas referências DNV

e OHSAS 18001 e

pesquisas realizadas.

Importância da

participação dos

trabalhadores em

SGSST.

Rocha; 2007

Benite; 2004

De Cicco; 1999

Fernandes; 2005

Rodrigues e Guedes;

2003

Pereira; 2007

Almeida; 2006

Borelli; 2006;

SCIS-DNV

OHSAS 18001

Borelli; 2006

Deming; 1997

ISTAS; 2003

Drummond, 1994

Convenção OIT 187

Fonte: Construída pelo autor a partir da revisão da literatura realizada

6 DNV: Det Norske Veritas (A Verdade Norueguesa – tradução livre). 7 OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series.

Page 27: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

27

2.1. O setor elétrico brasileiro, infortunística associada e comparação com

alguns outros setores econômicos nacionais relevantes

Acidentes ocorrem pela materialização de um perigo que apresenta uma dada

probabilidade de se manifestar. Quanto maior a probabilidade da ocorrência,

maior o risco do acidente ocorrer.

Inicia-se esse item com essa consideração, pois no Brasil há uma confusão entre

termos que estão claramente definidos na língua inglesa: hazard e risk. Segundo

De Cicco (2004) o termo hazard tem sua tradução para perigo na língua

portuguesa e significa fonte de dano potencial. Para o mesmo autor, risco,

tradução do inglês risk, é a possibilidade de ocorrer algo que terá impacto nos

objetivos que se quer atingir. Deve-se ainda considerar que, analisando as

conseqüências que pode determinar, o risco pode se materializar sob a forma de

impactos positivos ou negativos.

Alinhados os conceitos, podemos afirmar que as atividades desenvolvidas no

setor elétrico expõem seus trabalhadores a perigos e riscos expressivos. Dentre

os principais perigos, destacam-se:

quedas, em função das redes aéreas de transmissão e distribuição;

choques elétricos, em função do produto principal do setor: a energia elétrica;

queimaduras e outras lesões provenientes de arco elétrico (curto-circuito

acidental);

acidentes de trânsito devido ao grande número de veículos utilizados, dentre

outros.

Para evitar que os perigos transformem-se em acidentes, várias ações tem de ser

implementadas, a saber: conhecimento do trabalhador em relação a esses

perigos e riscos associados, treinamentos específicos para que se possa

Page 28: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

28

desempenhar as atividades no SEP8 com o mínimo risco possível, utilização de

equipamentos de proteção individual – EPI adequados e de qualidade,

ferramentas e instrumentos especialmente desenvolvidos para as atividades,

além de uma série de técnicas e dispositivos que têm o objetivo de evitar que o

acidente ocorra ou, na hipótese de sua ocorrência, de minimizar as lesões

decorrentes.

Mesmo com todos os cuidados citados, os perigos mencionados têm sido causas

de vários acidentes de trabalho. Lamentavelmente, número expressivo deles

apresenta grande gravidade.

Na Figura 3 são apresentadas as TF9 do setor elétrico brasileiro desde 1987 até

2006, onde se pode observar tendência geral de queda, que atinge um patamar

quase constante de 2001 a 2005, caindo novamente em 2006. No entanto, a

média ainda encontra-se elevada (6,35) comparando-se a outros setores da

economia brasileira. Essa TF significa que a cada 157.480 horas-homem-

trabalhadas no setor elétrico, um acidente com afastamento é registrado,

incluídas também na taxa as doenças ocupacionais ou do trabalho.

Figura 3 – TF anuais do setor elétrico brasileiro – 1987 a 2006

Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do GRIDIS10 e CSST11 da Fundação COGE / ELETROBRÁS

8 SEP – Sistema Elétrico de Potência.

9 Taxa de Freqüência – TF =

strabalhadaemhorasdetotal

oafastamentcomacidentesdenúmero

−−−−

−−−−

hom x 106, quociente entre o

número de acidentes registrados e as horas totais trabalhadas. 10 GRIDIS – Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. 11 CSST – Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho da Fundação COGE.

5,125,11

5,03

5,29

5,82

6,24

3,45

6,00

6,776,48

6,09

6,27

5,90

6,35

6,26

7,15

5,41

6,51

7,31

4,20

6,35

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

TF Setor elétrico

Média do setor

Page 29: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

29

Quando analisadas as TG12 do setor elétrico, elas também são preocupantes. De

natureza muito mais difícil de gerir, pois a gravidade das lesões decorrentes dos

acidentes é algo imponderável, as TG não têm apresentado a mesma tendência

de queda das TF, conforme se pode verificar na Figura 4.

A média da TG de 778 ao longo dos anos considerados significa que em todos os

anos houve acidentes graves que provocaram lesões incapacitantes prolongadas,

definitivas ou, até mesmo, que levaram trabalhadores à morte.

Figura 4 – TG anuais do setor elétrico brasileiro - 1987 a 2006

Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do GRIDIS e CSST da Fundação COGE / ELETROBRÁS

De forma sucinta, esse é o quadro da sinistralidade13 do setor elétrico brasileiro

nos últimos 20 anos e mais preocupante ainda é o fato de que as TF e TG

evidenciadas nas Figuras 3 e 4 se referem apenas aos trabalhadores próprios das

empresas do setor de energia elétrica. Se forem incluídos os trabalhadores de

empresas contratadas, as chamadas “terceirizadas”, analisando assim toda a

força de trabalho do setor, as taxas em análise seriam muito superiores.

12 Taxa de Gravidade – TG = strabalhadaemhorasdetotal

debitadosdiasperdidosdiasdenúmero

−−−−

−+−−−

hom x 106, quociente entre os

dias perdidos por afastamentos decorrentes de acidentes e doenças mais os dias debitados por incapacidade permanente ou morte (extraídos da norma brasileira NBR 14.280 - Cadastro de Acidentes, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas).

13 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.

879759

522

638763

688

903

686

504

966

886

746751

802

728

903

809

672

905

719

778

0

200

400

600

800

1000

1200

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

T G Setor elétrico

Média do setor

Page 30: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

30

A última década do século passado trouxe a globalização que, segundo Vieira

(2005), embora normalmente associada a processos econômicos, como a

circulação de capitais, também abrange fenômenos na esfera social, como a

criação e expansão de instituições supranacionais, a universalização de padrões

culturais e o equacionamento de questões concernentes à totalidade do planeta,

tais como: meio ambiente, crescimento populacional e direitos humanos.

A visão neoliberal do capitalismo pode ser incluída no rol das importantes

transformações sócio-culturais que influenciaram fortemente as empresas e,

dentre várias alterações na relação capital-trabalho, intensificou o processo de

terceirização de algumas das atividades antes desenvolvidas por trabalhadores

próprios.

No setor elétrico, esse fenômeno se verifica a partir de 1997. Com a privatização

de parte das concessionárias do setor elétrico brasileiro, muitas atividades foram

terceirizadas e, a julgar pelos acidentes registrados pelas empresas contratadas

por essas concessionárias, a prevenção dos acidentes não está sendo

privilegiada por essas empresas contratadas.

Há que se avaliar essa situação sob a ótica crítica que propõe um repensar sobre

o próprio fenômeno da privatização. Seria realmente a privatização o caminho

para o desenvolvimento, melhores serviços e produtos oferecidos para a

sociedade?

Sobre a privatização, Vieira (2005) menciona:

A abertura econômica, a integração dos mercados e a privatização têm

sido apresentadas como a panacéia do desenvolvimento. As

conseqüências sociais são graves: aumento do desemprego, queda dos

níveis salariais, aumento da pobreza e da concentração de renda,

conflitos sociais, degradação dos serviços públicos, deterioração da

qualidade de vida, destruição ambiental.

É certo que, atualmente, o cenário brasileiro nos oferece vários indicadores que

se contrapõem às graves conseqüências apontadas por Vieira (2005). Os

Page 31: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

31

indicadores de desemprego estão em queda, os salários tiveram ganho real ao

longo dos últimos anos, sobretudo devido ao domínio da inflação que dilapidava

seu valor, e boa parte dos serviços públicos estão sendo universalizados como

nunca antes visto no país. Ou seja, a realidade parece não comprovar todas as

afirmações de Vieira (2005) sobre os males da globalização e da privatização das

empresas.

Não obstante, no que se refere à infortunística, não há como negar a realidade

que aponta para uma situação muito difícil e que precisa ser enfrentada pelas

empresas terceirizadas e por aquelas que as contratam.

Dados da Fundação COGE indicam preocupante situação relativa aos acidentes

do trabalho com conseqüência fatal atingindo os trabalhadores das empresas do

setor elétrico brasileiro. A tabela 3 evidencia a afirmação que, a princípio, atesta

condições inadequadas com que a prevenção de acidentes está sendo

administrada, sobretudo pelas empresas terceirizadas.

TABELA 3 – Acidentes do Trabalho Fatais e Percentual sobre Número Total de Trabalhadores – Setor Elétrico Brasileiro

Ano Indicador

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Acidentes com

trabalhadores das

empresas contratantes -

conseqüência fatal

26 15 17 23 14 9 18 19 13

Percentual de óbitos sobre

o número total de

trabalhadores próprios

0,023% 0,015% 0,017% 0,024% 0,014% 0,009% 0,018% 0,019% 0,012%

Acidentes com

trabalhadores de empresas

contratadas (terceirizadas)

- conseqüência fatal

49 49 60 55 66 52 57 74 59

Percentual de óbitos sobre

o número total de

trabalhadores das

empresas cotratadas

(terceirizadas)

- - - - 0,166% 0,067% 0,064% 0,067% 0,053%

Fonte: Construída pelo autor a partir da estatística 2007 elaborada pela Fundação COGE com base nas informações de 74 empresas do Setor Elétrico Brasileiro (dados das empresas contratadas disponíveis a partir de 2003)

Page 32: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

32

Como se pode verificar, os percentuais de óbitos sobre o número total de

trabalhadores são expressivamente maiores nas terceirizadas quando

comparados às concessionárias.

Há ainda que se mencionar que a ocorrência de acidentes fatais com

trabalhadores do setor elétrico infelizmente sempre ocupou patamar muito

preocupante desde antes das privatizações ocorridas. Na tabela 4 são

apresentadas as TF de acidentes fatais ocorridos em períodos pré e pós

privatização, onde se podem verificar taxas elevadas em ambos os períodos. Há

que se excetuar o período onde não havia o controle do número de trabalhadores

terceirizados (1998 a 2002) onde o cálculo das TF ficou prejudicado.

O que certamente é incontestável é que, no período pós-privatização, os

acidentes fatais acometeram mais os trabalhadores das empresas contratadas,

ou seja, aqueles que desenvolvem as atividades que foram terceirizadas, como se

pode concluir a partir dos dados da tabela 3.

TABELA 4 – Taxa de Freqüência de Acidentes Fatais no Setor Elétrico Brasileiro – 1982 a 2007

Fonte: Construída pelo autor com base nos dados da Fundação COGE

Estatais: trabalhadores próprios

Estatais e privatizadas: força de trabalho

Ano Acidentes Fatais Força de Trabalho % Fatais/FT Fatais/FT*1000 TF

1982 26 175095 0,000148 1,48 0,06

1983 47 172788 0,000272 2,72 0,10

1984 51 174825 0,000292 2,92 0,11

1985 41 181681 0,000226 2,26 0,09

1986 64 189644 0,000337 3,37 0,13

1987 47 187890 0,000250 2,50 0,09

1988 54 195141 0,000277 2,77 0,10

1989 43 201130 0,000214 2,14 0,08

1990 46 204780 0,000225 2,25 0,09

1991 43 196788 0,000219 2,19 0,08

1992 43 191325 0,000225 2,25 0,09

1993 44 186237 0,000236 2,36 0,09

1994 35 183380 0,000191 1,91 0,07

1995 18 164117 0,000110 1,10 0,04

1996 29 78446 0,000370 3,70 0,14

1997 9 52452 0,000172 1,72 0,06

1998 31 130698 0,000237 2,37 0,09

1999 75 111166 0,000675 6,75 0,26

2000 64 101720 0,000629 6,29 0,24

2001 77 97148 0,000793 7,93 0,30

2002 78 96741 0,000806 8,06 0,31

2003 80 137048 0,000584 5,84 0,22

2004 61 173563 0,000351 3,51 0,13

2005 75 187274 0,000400 4,00 0,15

2006 93 211976 0,000439 4,39 0,17

2007 71 215735 0,000329 3,29 0,12

Transição pós-privatizações: trabalhadores próprios e terceirizados (sem controle do número dos terceirizados – cálculo prezudicado)

Page 33: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

33

Como anteriormente mencionado, os acidentes do trabalho registrados no setor

elétrico brasileiro apresentam-se em patamar elevado e quase estável nos últimos

anos. Não obstante, sua comparação com os acidentes registrados em alguns

outros setores econômicos relevantes da economia nacional dá conta de que ele,

o setor elétrico brasileiro, está longe de registrar os maiores números de

acidentes.

Na figura 5, são apresentados dados sobre a ocorrência de acidentes em alguns

importantes setores da economia brasileira. Por se tratarem de números

absolutos de acidentes e não de taxas, a comparação da sinistralidade14 entre os

setores não é possível. No entanto, o que se quer demonstrar é a quase

estabilidade da ocorrência de acidentes em altos patamares nas empresas

desses segmentos entre os anos de 2004 e 2006.

Acidentes 2004 a 2006

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

Distribuição deenergia elétrica

Fabricaçãoprodutosquímicos

Metalurgiabásica

Fabriação deprodutos de

metal

Construção civil

2004

2005

2006

Figura 5 – Evolução de acidentes 2004 – 2006 de alguns setores econômicos no Brasil

Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do Ministério da Previdência Social

(http://www.previdenciasocial.gov.br/aeps2006/15_01_03.asp, acessado em 25/10/2008)

14 Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.

Page 34: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

34

Como se já não fosse suficientemente preocupante a estabilização do número de

acidentes do trabalho no Brasil em altos patamares, dados recentemente

disponibilizados pelo Ministério da Previdência Social dão conta de que em 2007

houve um aumento de 27,5% de acidentes do trabalho em relação ao ano de

2006. Ainda segundo o MPS15, o aumento já é um reflexo das alterações na

legislação que rege o SAT16 pois, 21,28% (179.600) dos acidentes registrados em

2007 (653.090) não foram comunicados pelas empresas, mas sim detectados

com base no NTEP17 que faz o nexo causal entre os acidentes e doenças

registrados e as atividades econômicas que lhes dão causa.

Inúmeras são as razões para a preservação desse cenário, dentre elas a

manutenção de uma visão de causalidade dos acidentes com base em teorias de

culpabilidade que impedem que as reais causas dos acidentes sejam

determinadas e eliminadas. Ou seja, é preciso buscar novas abordagens para o

sério problema de infortunística brasileiro.

De fato, modelos e pressupostos arraigados têm conduzido a gestão de SST ao

esgotamento e há anos, não somente no setor elétrico brasileiro, mas também

nos demais setores da economia nacional, o país encontra-se estacionado em um

patamar desconfortável de ocorrência de acidentes do trabalho ou, pior,

apresenta tendência de alta nos últimos anos.

2.2. Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho - SGSST

A complexidade das organizações modernas exige gestão que permita a análise

de dados complexos e numerosos para a tomada de decisões que, por sua vez,

devem ser lastreadas em condutas éticas que, além de obviamente priorizarem o

respeito à legislação vigente, também considerem questões ambientais e sociais

envolvidas.

15 MPS: Ministério da Previdência Social. 16 SAT: Seguro Acidente do Trabalho. 17 NTEP: NexoTécnico Epidemiológico Previdenciário.

Page 35: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

35

Os modelos de gestão preconizados por normas nacionais e internacionais têm

auxiliado as organizações nessa tarefa de relevância crescente na sociedade

contemporânea.

Desse modo, cuidar de forma criteriosa, adequada e com a preocupação da

melhoria contínua de assunto vital para a preservação da qualidade de vida dos

trabalhadores, como é o caso da SST, passou a ser estratégia empresarial que

contribui para o sucesso e sustentabilidade organizacionais.

Ratificando esta afirmação, Rocha (2007, p.14) observa:

Com a evolução dos níveis motivacionais dos trabalhadores, juntamente

com o fortalecimento dos sindicatos, nota-se que o tema segurança e

saúde ocupacional (SSO), apesar de todo contexto negativo, vem

desenvolvendo ao longo dos anos, uma importância significativa nas

organizações, pois está havendo uma obrigatoriedade de atendimento a

requisitos legais.

O tema SSO cada vez mais é incorporado como uma parte importante

na estratégia de negócio. Em alguns este tema (SSO) vem sendo

incorporado como ponto de vulnerabilidade e de preocupações das

organizações.

Se bem trabalhadas essas questões podem transformar-se em

oportunidades dentro de um planejamento estratégico, uma vez que

estão em jogo, parâmetros essenciais de uma avaliação da

sustentabilidade empresarial que são:

imagem (credibilidade e reputação);

credibilidade junto às partes interessadas – os stakeholders;

custos relacionados a perdas, inclusive decorrentes de acidentes;

capital humano, principalmente.

Nessa mesma direção que reforça a necessidade de adoção de SGSST, Benite

(2004, p.13) escreve:

Page 36: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

36

As mudanças que vêm ocorrendo no contexto social, econômico,

político e tecnológico no mundo e no Brasil, impõem às empresas a

necessidade de novas estratégias e deixam evidente que os modelos

de gestão tradicionais não são suficientes para responder aos novos

desafios surgidos, devendo ser reavaliados.

Ainda segundo Benite (2004), é responsabilidade das empresas revisarem seus

sistemas de gestão frente à realidade de forma a tratar os problemas e desafios

que lhes são apresentados de maneira inovadora e sistêmica, que lhes permita,

ainda, a assimilação rápida de novas informações para aprimorar sua gestão.

Ou seja, a adoção de sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho traz

vantagens para as organizações que podem ser evidenciadas desde a eliminação

ou controle de perigos até a melhoria de sua imagem junto à comunidade.

Para De Cicco (1999), há um número crescente de organizações desejosas de

demonstrar, junto aos seus “stakeholders”, seu comprometimento em relação à

segurança e saúde de seus empregados e contratados.

Ainda segundo o mesmo autor, as organizações preocupam-se de forma

crescente com a demonstração de seu desempenho em SST, e o fazem através

do controle dos riscos que podem conduzir a acidentes e doenças ocupacionais

associados às atividades que desenvolvem e à luz da política, objetivos e metas

de SST por elas estabelecidos (De Cicco, 1999).

Ou seja, a preocupação com a segurança e a saúde dos trabalhadores é

crescente e isso se tem evidenciado tanto pelas ações voluntárias das

organizações visando a melhor gestão da questão, quanto pelas iniciativas dos

governos com a adoção de novas e mais exigentes legislações.

Nesse sentido, Fernandes (2005, p. 16) menciona:

“No que tange às relações de trabalho, faz-se mister atentar para a

implementação da gestão da segurança e saúde ocupacional na

organização. Isso é ter uma atuação pró-ativa: conhecer com maior

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37

amplitude o risco da atividade, ou seja, os potenciais passivos que

podem inviabilizar a sustentabilidade da organização, tendo em vista

que a segurança e a saúde do trabalho são “valores” garantidos através

de legislação específica.”

Ou seja, o respeito pela integridade física e saúde dos trabalhadores passa a

transcender questões humanitárias e até mesmo econômicas para dizer respeito

também à própria sustentabilidade das organizações.

Nessa mesma linha, Rocha (2007, p.15), em sua dissertação de mestrado sobre

sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional em indústria de

fertilizantes, afirma:

“A falta de uma abordagem preventiva de gestão quanto à SSO nessas

indústrias, vem despertando preocupações em relação à

sustentabilidade do negócio, juntamente com as questões ambientais.

...

Desta forma, reforça-se que se deve desenvolver um modelo de

Sistema de Gestão Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) que

possa estabelecer novas práticas para a busca de uma excelência

nesse ramo de atividade industrial, que se constitui num desafio que

motivou a escolha deste tema.”

Santos (2005, p.18) também contribui na mesma direção da importância dos

SGSST para as organizações:

“A gestão baseada nos princípios da sustentabilidade (meio ambiente,

segurança, saúde ocupacional e qualidade total) está despontando

entre as organizações como o modelo adequado para a compreensão

de quão relevante é a implantação do gerenciamento dos riscos em

saúde e segurança ocupacional.”

Ainda sobre o tema, Luís Fonseca, diretor da APCER – Associação Portuguesa

de Certificação, menciona no prefácio de trabalho de orientação sobre a OHSAS

18001 publicado pela entidade (Rodrigues e Guedes, 2003, p.1):

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38

“Os elementos disponíveis relativos à Segurança e Saúde no Trabalho,

evidenciam a necessidade das organizações em implementar Sistemas

de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho capazes de gerir os

riscos, identificando os perigos, avaliando os riscos e, posteriormente,

controlando os mesmos riscos.”

Os sistemas de gestão de SST partem da política definida pela organização,

definem os objetivos e metas a serem atingidos, avaliam a evolução dos trabalhos

desenvolvidos na busca de tais objetivos e implementam revisão crítica a ser

sistematicamente realizada pela alta administração das empresas com as

decorrentes correções que se mostrarem necessárias. Com o uso do ciclo do

PDCA18, procuram obter benefícios sistemáticos e duradouros em prol da

prevenção de acidentes e da promoção da saúde dos trabalhadores.

Atualmente, existem alguns sistemas de gestão voltados à SST e o BSI - British

Standard Institution, órgão britânico responsável pela elaboração de normas

técnicas, foi uma das primeiras organizações a propor um SGSST. Publicada em

1996, a BS19 8750 foi logo adotada por empresas de diversos países e serviu de

base para a OHSAS20 18001, norma amplamente utilizada nos dias atuais.

A BS 8750 preconizava que um SGSST deveria incluir:

a composição de uma estrutura organizacional;

o desenvolvimento de atividades de planejamento;

a definição de responsabilidades de todas as partes envolvidas;

as práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar

e atingir os objetivos estabelecidos;

18 Ciclo do PDCA: ferramenta de gestão e solução de problemas criada por Walter A. Shewart, na década de 30, detalhada mais adiante. 19 BS – British Standard. 20 OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series.

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39

e a análise crítica visando a correções necessárias e melhorias para manter a

política de SST da organização.

Sobre os objetivos de um SGSST, Pereira (2007, p.3) apud Quelhas (2006)

enfatiza:

Este conjunto de ações, quando aplicado de forma adequada e

equilibrada, nos setores de produção e serviços, tem como objetivo

alcançar melhor produtividade nos resultados operacionais, melhoria no

ambiente de trabalho, qualidade, inovação e preservação ambiental.

As afirmações de Pereira (2007) dão conta da necessidade da adequada gestão

da segurança e da promoção de saúde dos trabalhadores para que as empresas

atinjam o sucesso e a maior produtividade.

Não obstante, ainda há uma parte do empresariado que desconsidera os

problemas nos ambientes de trabalho de suas empresas e que poderão ser

causadores de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores. Para alguns, não

são esses fatores os responsáveis pelos acidentes, mas a falta de preparo e

atenção dos trabalhadores, sua desobediência em seguir as normas de

segurança ou em utilizar os equipamentos de proteção que lhes são

disponibilizados.

Nessa linha, Almeida (2006, p.2) argumenta:

Tradicionalmente as análises de acidentes do trabalho concluem

atribuindo culpa às próprias vítimas e negando a existência de

problemas ou disfunções nos sistemas que dão origem a esses

eventos. Nas últimas décadas, surgem visões que questionam esse

desfecho e destacam a ocorrência de acidentes como avisos da

existência de disfunções sistêmicas, sinais da ocorrência de problemas

incubados que precisam ser ouvidos e adequadamente interpretados

pelos sistemas de gestão de saúde e segurança do trabalho (SGSST).

Ainda à luz das argumentações que reforçam a importância da adoção de

SGSST, Borelli (2006, p.1) menciona:

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40

Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho - SGSST - é um

processo estruturado que pode auxiliar as organizações a melhorar

progressivamente o desempenho da segurança e saúde no trabalho.

Toda essa alteração na gestão empresarial em relação à SST está alinhada com

a crescente exigência legal e social em relação à preservação da segurança e

saúde dos trabalhadores o que, além da manutenção de um direito inalienável

dos mesmos, também evidencia alto grau de responsabilidade social das

empresas.

2.3. A importância da participação dos trabalhadores nos sistemas de

gestão em segurança e saúde do trabalho

Ouvir os trabalhadores e fazer com que conheçam e se conscientizem da

importância de um SGSST para a melhoria da qualidade dos ambientes e

métodos de trabalho são condições fundamentais, mas não suficientes para o

sucesso.

Mais do que isso, é preciso que cada trabalhador esteja comprometido com o

processo desde sua implementação e que de forma permanente contribua para

que, de fato, seja eficaz.

Esse estágio não é alcançado somente com informações e treinamentos e sim

com uma mudança de visão que conduza a todos a crer que a totalidade dos

riscos e perigos presentes nos ambientes e atividades ocupacionais podem e

devem ser identificados e eliminados ou, ao menos, mitigados. É necessário,

portanto, que uma nova cultura seja incorporada por todos que compõem a

organização.

Nessa direção, Borelli (2006, p.1) menciona:

Entretanto, para alcançar essa melhoria faz-se necessário que as

organizações criem as condições para formar as competências que

respondam adequadamente à necessidade de cumprir diferentes

requisitos preconizados em procedimentos, diretrizes, guias, normas e

especificações estabelecidos. Além disso, é importante que as

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41

organizações criem as condições para que as questões da segurança e

saúde estejam incorporadas ao seu jeito de ser, ou seja, sua cultura

organizacional.

É imprescindível que esses requisitos sejam permanentemente

ajustados em função do aprendizado organizacional decorrente do

funcionamento do sistema. Este ajuste irá assegurar que o SGSST

adquira a maturidade necessária e se consolide ao longo do tempo,

proporcionando à organização um instrumento cada vez mais

consistente para que possa auxiliá-la na tarefa de identificar, analisar e

controlar seus riscos com eficiência.

De fato, os SGSST adotados pelas organizações pelo mundo afora foram

alicerçados nos sistemas de gestão da qualidade anteriores a eles. Assim, suas

estruturas básicas são muito similares e enquanto em um se buscam as causas

dos problemas que comprometem a qualidade de produtos ou serviços, no outro o

objetivo é identificar e eliminar causas de acidentes e agravos à saúde dos

trabalhadores.

Para o sucesso desses sistemas de gestão, a participação dos trabalhadores é

fundamental. Não basta somente a participação, mas como já mencionado é

mister que seja desenvolvida uma nova cultura organizacional que privilegie a

segurança e saúde.

Da cultura para elementos mais práticos do sistema, novamente a participação

dos trabalhadores é fundamental. Sem seu envolvimento e cooperação é

impossível a identificação de tantos fatores que podem dar origem a incidentes ou

acidentes com a finalidade de eliminá-los, rompendo assim o encaminhamento

que poderia transformá-los em acidentes.

A importância da cooperação para que objetivos organizacionais sejam atingidos

é evidenciada por Deming (1997) em sua obra “A nova economia para a indústria,

o governo e a educação” e para que isso ocorra é necessário que as empresas,

através de suas linhas de comandos e de seus processos formais estabelecidos,

propiciem a real participação dos trabalhadores na gestão de assuntos críticos,

como: a prevenção de acidentes e doenças do trabalho.

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Para Deming (1997), a excelência somente será alcançada se houver a

cooperação sobre os problemas de interesse comum entre as pessoas e

departamentos das empresas e a necessária cooperação certamente passa pela

oportunidade dos trabalhadores influenciarem a gestão das organizações.

Agora nos apropriando das recomendações da publicação Sistemas de Gestión

Medioambiental - Guía de actuación para trabajadores (2003) a participação dos

trabalhadores se vê reforçada pela essencialidade a ela conferida, tanto na fase

de implantação quanto na de funcionamento. Tanto assim que o regulamento

europeu EMAS21 reconhece explicitamente em seu artigo 10 o papel dos

representantes dos trabalhadores nos sistemas de gestão ambiental. Novamente

aqui se estabelece paralelo para afirmar a necessidade inequívoca da

participação dos trabalhadores em sistemas de gestão de segurança e saúde do

trabalho a fim de que seu sucesso seja atingido.

A mesma publicação enfatiza que, para se evitar o fracasso de um sistema de

gestão, é preciso investir no capital humano22 e modificar numerosas práticas e

processos, o que somente se pode fazer através da participação e cooperação

dos trabalhadores.

Essa, aliás, não é uma visão nova. A legislação italiana há muito determinou a

participação dos trabalhadores na identificação de riscos em seus ambientes de

trabalho, assim como na sua eliminação ou controle. Ela foi uma das fontes

inspiradoras da Portaria n0 5 de 17 de agosto de 1992, expedida pelo

Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho (atual Secretaria de

Segurança e Saúde do Trabalho), que alterou a Norma Regulamentadora NR 9

da Portaria 3.214/78, tornando obrigatória a elaboração e a fixação, nos locais de

trabalho, de mapa de riscos ambientais (Drummond, 1994).

21 EMAS - a UE Eco-Management and Audit Scheme (EMAS) é uma ferramenta de gestão para empresas e outras organizações para avaliar, reportar buscar a melhoria de seu desempenho ambiental. O sistema está disponível para a participação das empresas desde 1995 e era inicialmente restrito a empresas de setores industriais. 22 Capital Humano: conceito que tem origem durante década de 50 nos estudos de Theodore W. Schultz e que diz respeito à incorporação do capital aos trabalhadores, sobretudo na forma de conhecimento, o que atribuí vantagem competitiva às organizações.

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43

Para reforçar a importância da participação dos trabalhadores na gestão da

prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, cita-se a opinião de Carlos

Eduardo Moreira Ferreira, ex-Presidente da Fiesp/Ciesp e do Conselho Regional

do Sesi (Drummond, 1994, p.5):

O envolvimento dos trabalhadores na elaboração e implementação de

medidas prevencionistas é uma maneira simples e prática de dar

eficácia às iniciativas neste campo, já que deste modo se comprometem

os principais interessados com a obtenção de resultados. E a prevenção

não é uma questão que possa ficar na dependência da boa vontade de

uns ou do senso de cooperação de outros, pois tem implicações

econômicas e sociais extremamente relevantes. Deve ser tratada, por

isso, com a mesma seriedade e o mesmo rigor dispensados aos demais

fatores associados à gestão empresarial.

Essa mesma linha que enfatiza a importância da participação dos trabalhadores

está expressa na publicação “Sistemas de Gestión Medioambiental – Guía de

actuación para trabajadores (2003)” que inclusive incentiva que tais participações

sejam inseridas nos acordos coletivos entre empresas e trabalhadores.

Para que os sistemas de gestão atinjam seus objetivos, segundo o Guía de

actuación (2003) e de acordo com a Ley de Prevención de Riesgos Laborales da

Comunidade Européia, os trabalhadores devem:

Receber informação sobre os riscos de seus ambientes e postos de trabalho,

assim como sobre as medidas de proteção e prevenção e as emergenciais;

Receber formação teórica e prática preventiva com atualização sempre que

necessário;

Ter o direito a formular propostas ao comitê de saúde e segurança com o objetivo

de melhorar a saúde e segurança da empresa;

Participar da discussão e encaminhamento de assuntos relativos à prevenção de

acidentes do trabalho;

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44

Ser submetidos a exames de saúde periódicos e relacionados com os riscos

inerentes ao seu posto de trabalho;

Ter o direito de denunciar para a inspeção do trabalho que as medidas

preventivas adotadas não são suficientes para garantir a segurança;

Ter o direito de recusa ao trabalho em condições de risco grave e iminente.

Esclarece-se que o Guía se refere à gestão ambiental. Não obstante, as

recomendações são perfeitamente aplicáveis a SGSST, objeto do presente

trabalho.

A mesma linha é adotada na publicação “Manual para negociadores y

negociadoras em salud laboral” do Instituto Sindical de Trabajo, Ambiente y Salud

(ISTAS, 2004) que trata da capacitação de trabalhadores para atuarem na

negociação de aspectos relativos ao ambiente e saúde no trabalho. Mais uma vez

é enfatizada a importância da participação dos trabalhadores, cooperando com as

empresas na gestão de assuntos que lhes são vitais.

Em adição às considerações sobre a importância da participação dos

trabalhadores na construção, manutenção e melhoria de SGSST, cita-se a

Convenção 187 da OIT23, cujas recentes alterações enfatizam a necessidade da

mencionada participação.

Para a OIT (Convention 187 ILO, 2006), a importância da participação dos

trabalhadores na construção de melhores condições de trabalho é evidenciada

logo no campo II. Objetivo, Artigo 2, item 3:

3. Cada membro, em consulta com as organizações mais

representativas de empregadores e de trabalhadores, deverá rever

periodicamente as medidas que poderiam ser tomadas para que

ratifiquem as convenções pertinentes da OIT sobre segurança e saúde

no trabalho. (grifo nosso)

23 OIT – Organização Internacional do Trabalho.

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45

Como pode ser verificado, já na fase de ratificação das Convenções da OIT que

abordam a questão da segurança e saúde ocupacionais, fica evidenciada a

consulta a organismos de representação dos trabalhadores.

Nessa mesma linha, o campo III. Política Nacional, Artigo 3, item 3, também

privilegia a participação dos trabalhadores no desenvolvimento de uma política

nacional:

3. Ao desenvolver a sua política nacional, cada membro deve promover,

em conformidade com as condições nacionais e em consulta com as

organizações mais representativas de empregadores e de

trabalhadores, os princípios básicos, tais como: avaliação dos riscos

ou perigos do trabalho; consultar na sua origem os riscos e ou perigos

do trabalho; e desenvolver uma cultura nacional de prevenção em

matéria de segurança e saúde que inclua informação, consulta e

formação. (grifo nosso)

Repete-se a mesma orientação de participação dos trabalhadores no campo IV.

Sistema Nacional, Artigo 4, itens 1 e 3, alínea “a”:

1. Os membros devem criar, manter e desenvolver gradualmente e

rever periodicamente um sistema nacional de saúde e segurança no

trabalho, em consulta com as mais representativas organizações de

empregadores e trabalhadores. (grifo nosso)

...

3. O sistema de segurança e de saúde deverá incluir, se for o caso:

a) um órgão consultivo tripartite ou organismos no âmbito nacional

para abordar questões relativas à segurança e saúde no trabalho; (grifo

nosso)

O órgão tripartite mencionado deve ser formado por representantes dos

Governos, Empresas e Trabalhadores e, embora o Brasil ainda não seja

signatário da Convenção 187, já adota o tripartismo na discussão e

encaminhamento de diversos assuntos relacionados à segurança e saúde

ocupacionais.

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46

Ainda mencionando a Convenção 187 da OIT e suas recomendações quanto à

participação dos trabalhadores em temas relacionados à segurança e saúde

ocupacionais, o campo V. Programa Nacional, Artigo 5, item 1, cita:

1. Cada membro deve formular, implementar, monitorar e rever

periodicamente um programa nacional de segurança e saúde no

trabalho, em consulta com as mais representativas organizações de

empregadores e trabalhadores. (grifo nosso)

Ou seja, como não poderia deixar de ser, até mesmo pelo suporte da lógica e do

bom senso, a importância da participação dos trabalhadores na construção de

melhores e mais saudáveis processos e ambientes de trabalho, capazes de

eliminar riscos a sua integridade física e a sua saúde, encontra amparo em

diversos autores e organizações.

Definitivamente, daquele que desenvolve suas atividades no cotidiano, seguindo

os procedimentos estabelecidos, utilizando as ferramentas e equipamentos

necessários nos mais diversos ambientes laborais é de se esperar contribuição

singular e indispensável na construção, manutenção e melhoria de SGSST.

Na seqüência, discute-se de forma sucinta dois sistemas de gestão de segurança

e saúde no trabalho que foram a base da gestão implementada na empresa

objeto do presente estudo.

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47

2.4. Alguns aspectos de sistemas de gestão de segurança e saúde

ocupacional com base em diretrizes do DNV e da OSHAS 18001

DNV – Det Norske Veritas

O SCIS – Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela

DNV é uma ferramenta de avaliação da gestão de SST a partir da análise de 20

elementos essenciais a um SGSST, descritos na tabela 5:

TABELA 5 – Elementos do SCIS – Sistemas de Classificação Internacional de Segurança do

DNV

Elemento Descrição Objetivo

Elemento 1 -

Liderança e

Administração

São avaliados aspectos

relacionados aos níveis de

comando, tais como: política geral,

coordenação do controle de perdas,

eficácia de comitês de segurança e

saúde, reuniões de gerenciamento

do sistema, dentre outros

Mensurar a maturidade do

SGSST através da

verificação do envolvimento

dos níveis gerenciais

Elemento 2 -

Treinamento da

Liderança

Elemento que aborda desde a fase

de levantamento de necessidades

de treinamento das lideranças, até

revisões e atualizações necessárias

Verificar o nível de

conhecimento dos requisitos

do sistema, assim como sua

aplicação por parte da

liderança

Elemento 3 –

Inspeções

Planejadas e

Manutenção

Aborda as inspeções planejadas

que devem ser efetivadas, assim

como seus resultados, relatórios,

análise e providências decorrentes

Verificar a correta utilização

das inspeções que permitem

monitorar o SGSST e

identificar problemas a

serem solucionados, assim

como oportunidades de

melhoria a serem adotadas

Elemento 4 –

Análises e

Procedimentos de

Tarefas Críticas

Nesse tópico são discutidas a

administração geral do sistema,

inventário de tarefas críticas e

identificação de perdas potenciais,

dentre outros pontos

Verificar o cumprimento

rigoroso das tarefas críticas,

ponto-chave para o sucesso

do SGSST proposto

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48

Elemento 5 –

Investigação de

Acidentes/Incidentes

Aborda toda a estrutura de

investigação de acidentes e

incidentes e manutenção dos

respectivos relatórios

Avaliar o nível da

investigação realizada para

os incidentes e acidentes,

fontes de identificação de

falhas a serem corrigidas

Elemento 6 –

Observação de

Tarefas

Aqui são discutidos os tipos de

observações que deverão ser

realizados, assim como a

sistemática de acompanhamento

das observações e medidas

preventivas/corretivas propostas

Determinar os trabalhos e

atividades que serão

observados para

diagnosticar

preventivamente falhas a

serem eliminadas e

oportunidades de melhoria

Elemento 7 –

Preparação para

Emergências

Esse tópico se destina a avaliar

todos os recursos técnicos e

humanos necessários ao

atendimento a situações de

emergência, tais como: equipes de

emergência, experiências

adquiridas, planejamento pós-

evento, comunicações necessárias,

dentre outros

Avaliar o grau de

preparação das equipes de

atendimento às situações de

emergência, assim como a

adequação de materiais e

equipamentos

Elemento 8 –

Regras e

Permissões de

Trabalho

Trata da avaliação dos normativos e

procedimentos que determinam o

comportamento dos trabalhadores

quando desenvolvendo trabalhos

em condição de risco

Identificar e avaliar a

adequação dos

procedimentos criados para

trabalhos em condição de

risco

Elemento 9 –

Análise de

Acidentes/Incidentes

Detalha a análise das causas e

controles necessários e direciona as

equipes de projeto as soluções

elencadas

Avaliar a pertinência das

soluções adotadas para que

os riscos de incidentes e

acidentes sejam eliminados

Elemento 10 –

Formação e

Treinamento dos

Empregados:

Aborda toda a gestão do

treinamento dos trabalhadores,

desde o levantamento das

necessidades até a comprovação

dos treinamentos e seus resultados

Avaliar a adequação dos

treinamentos realizados com

os trabalhadores e a

absorção do conhecimento

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49

Elemento 11 –

Equipamento de

Proteção Individual -

EPI

Item onde são avaliados os EPI no

que se refere à adequação e

qualidade, assim como os registros

documentais necessários

Avaliar a adequação e

qualidade dos EPI

disponibilizados para os

trabalhadores, assim como a

gestão de sua entrega e

utilização

Elemento 12 –

Controle de Saúde e

Higiene Industrial

Onde é avaliada toda a gestão dos

programas direcionados à

promoção da saúde dos

trabalhadores, comunicações,

registros, etc

Identificar os programas

criados pela organização

visando ao controle de

agravos à saúde dos

trabalhadores e sua eficácia

Elemento 13 –

Avaliação do

Sistema

Elemento direcionado à verificação

de aspectos primordiais ao sucesso

do programa, tais como: controle de

perdas, cumprimento de padrões,

inspeções de percepção e registros

Avaliar aspectos básicos do

SGSST que são seus pilares

de sustentação e sem os

quais não é possível atingir

os objetivos determinados

Elemento 14 –

Engenharia e Gestão

das Modificações

Trata da identificação preventiva de

perigos e riscos associados a novos

projetos ou modificações, tanto os

originados pelos equipamentos

quanto aqueles derivados dos

procedimentos de trabalho, e do

controle dos mesmos;

Avaliar a eficácia da

sistemática adotada para o

estudo prévio de situações

de risco que possam ser

geradas pela modificação de

procedimentos, novos

projetos, etc

Elemento 15 –

Comunicações

Pessoais

Aborda as comunicações que

devem ser efetivadas entre a

organização e seus trabalhadores,

assim como a qualidade das

mesmas na integração, formação e

reciclagens dos mesmos

Verificar a eficácia dos

sistemas de comunicação

estabelecidos entre a

empresa e seus

empregados, fundamental

para o sucesso do SGSST

Elemento 16 –

Reuniões de Grupos

Avalia a eficácia das reuniões e a

participação de todos os

profissionais envolvidos com os

assuntos tratados

Verificar a efetividade dos

resultados produzidos pelas

reuniões sobre o SGSST

Elemento 17 –

Promoção Geral

Aborda as iniciativas da

organização para a difusão do

sistema, tais como: quadros de

aviso, estatísticas, prêmios de

reconhecimento, promoção de

ordem e limpeza, etc

Avaliar a eficácia dos meios

criados pela organização

para a promoção de seu

SGSST

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50

Elemento 18 –

Contratação e

Colocação

Nesse item são verificadas desde a

aptidão física e mental para o

exercício das atividades

profissionais, passando pelos

exames médicos necessários e

orientações pré-admissionais que

os trabalhadores devem receber

Verificar a pertinência dos

requisitos e verificações

relacionados aos riscos

associados aos trabalhos

que serão desenvolvidos,

estabelecidos na fase de

seleção dos trabalhadores

Elemento 19 –

Administração de

Materiais e Serviços

Elemento direcionado à busca da

qualidade de materiais adquiridos,

assim como à qualificação da mão-

de-obra contratada para o

desenvolvimento de atividades

terceirizadas

Avaliar a qualidade de

materiais, equipamentos e

mão-de-obra envolvidos nos

processos produtivos,

intrinsecamente

relacionados com a gestão

da SST

Elemento 20 –

Segurança Fora do

Trabalho

Item que verifica as ações da

organização para o fomento da

prevenção de acidentes e

incidentes fora do local de trabalho

Levantar ações gerais

voltadas à prevenção de

acidentes e promoção da

saúde desenvolvidas pela

organização fora de seus

ambientes do trabalho

Fonte: Manual DNV, 2000

Cada um desses vinte elementos se subdivide em várias verificações que têm

pontuações a elas associadas e que, na situação hipotética de um sistema

perfeito, totalizaria mil pontos. Assim, quanto maior a pontuação obtida pela

organização, mais maduro o SGSST por ela adotado.

A utilização dos vinte elementos permite avaliar o estágio da empresa no que se

refere à segurança e saúde do trabalho e evidenciar quais os pontos principais a

serem aperfeiçoados, ou mesmo, implantados. Esse é o grande mérito da

metodologia proposta pela DNV, o diagnóstico da situação atual apresenta um

detalhado panorama do que precisa ser feito para que patamares mais

adequados de segurança e saúde sejam atingidos.

Aliás, a forma como é aplicado o sistema facilmente permite que se verifiquem em

que elementos se encontram as principais oportunidades de melhoria: aqueles

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51

com menor número de pontos em relação à pontuação total possível de ser

atingida.

Não se tratando de norma com a possibilidade de ser certificada, o sistema de

pontuação se presta à comparação com outras organizações que aplicam o SCIS

para a verificação do grau de maturidade do sistema e possibilidades de

aperfeiçoamento. Também pode ser utilizado para avaliar a melhoria contínua da

organização que o adota a partir da comparação de resultados obtidos ao longo

do tempo.

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series - 18001

O crescente número de empresas com seus SGSST certificados nos últimos anos

demonstram a correção da afirmação de De Cicco (1999) de que esse processo

sofreria rápida aceleração. Não obstante, ainda nos dias atuais não há um modelo

normativo para a gestão de SST no âmbito da ISO, ao contrário do que ocorreu

com a qualidade e o meio ambiente.

Assim, a OHSAS 18001, diretriz para a gestão de SST que surgiu em 1999, foi

alçada a uma posição de destaque como a principal referência para as empresas

que desejam aprimorar sua gestão de SST, como também obter a certificação

desse processo.

Embora não sendo uma norma oficialmente reconhecida, a OHSAS 18001 foi o

resultado do trabalho de um grupo de organismos certificadores e entidades

internacionais de normatização que se propôs a adaptar normas internacionais de

gestão já existentes à época, direcionando-as para a gestão da SST.

De Cicco (1999, p.5) relata:

...um grupo de Organismos Certificadores (BSI, BVQI, DNV, Lloyds,

Register, SGS entre outros) e de entidades nacionais de normalização

da Irlanda, Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia, reuniu-se na

Inglaterra para criar a primeira “norma” para certificação de Sistemas de

Gestão da SST de alcance global: a OHSAS 18001 ...

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52

A norma OHSAS 18001 foi então oficialmente publicada pela BSI – British

Standards Institution, entrando em vigor no dia 15 de abril de 1999 (De Cicco,

1999).

Não se tratando de norma oficial nacional ou internacional, a certificação em

conformidade com a OHSAS 18001 só é concedida por OC - Organismos

Certificadores de forma não acreditada, ou seja, sem credenciamento por

entidade oficial do OC para esse tema. Essa situação perdura até os dias atuais

(De Cicco, 1999).

Mesmo sem sê-lo, a OHSAS 18001 passou a ser utilizada como “norma”

internacional por organizações do mundo todo, provendo elementos de um

sistema de gestão de SST eficaz e possível de ser integrado a outros sistemas de

gestão por elas já adotados. Assim, passará a ser referida como norma OHSAS

18001.

Alicerçada na mesma proposta da melhoria contínua que inspirou as normas ISO

9001 e ISO 14001, a OHSAS 18001 apresenta cinco elementos com respectivos

subitens, cuja premissa é auxiliar as empresas na gestão de SST.

Na Figura 6 está exemplificado o modelo proposto pela OHSAS 18001.

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53

Figura 6 – Os Cinco elementos da gestão bem-sucedida da SST

Fonte: Construída pelo autor a partir de De Cicco (1999)

Considerando esses elementos e respectivos subitens e ainda com a utilização do

mundialmente conhecido ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act), também

conhecido como ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, as organizações procuram

a melhoria sustentada e constante de suas ações para a prevenção de acidentes

e a promoção da saúde.

Para não deixar de mencionar, o ciclo do PDCA foi criado por Walter A. Shewart,

na década de 30. Suas quatro fases envolvem importantes etapas para a gestão

e solução de problemas, a saber:

P – Plan: primeira etapa do processo onde o planejamento é realizado e são

definidos os objetivos e metas, recursos e estratégias necessárias para atingi-los,

além dos indicadores a serem acompanhados;

Política de SST

Planejamento

Implementação e operação

Verificação e ação corretiva

Análise crítica pela

administração

Melhoria contínua

Page 54: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

54

D – Do: etapa na qual se desenvolve a capacitação do pessoal envolvido,

executam-se as ações propriamente ditas, assim como se iniciam a coleta de

dados ;

C – Check: essa terceira etapa preconiza o monitoramento dos resultados

obtidos e sua comparação com os indicadores, objetivos e metas estabelecidos

no planejamento, a fim de que se possa verificar o desenvolvimento do processo

de gestão como um todo;

A – Act: última etapa na qual, se necessário, age-se corretivamente a partir das

verificações estabelecidas na fase anterior, dessa forma fechando-se o ciclo do

PDCA com a, assim chamada, espiral da melhoria contínua (Pereira, 2007).

Na Figura 7 é apresentado o esquema geral do ciclo do PDCA associado à

melhoria contínua em SST que se pode obter a partir de sua aplicação.

Figura 7 – PDCA e Melhoria Contínua em SST

Fonte: Construída pelo autor a partir de Benite (2004)

Page 55: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

55

Embora não se pretenda no presente trabalho detalhar a OSHAS 18001, seguem-

se os cinco elementos que norteiam a aplicação da norma com alguns

comentários: (De Cicco, 1999)

Elemento 1 – Política – definida pela alta administração, a política de SST deve

estabelecer claramente os objetivos globais de segurança e saúde e o

compromisso com a melhoria contínua;

Elemento 2 – Planejamento – nessa fase as organizações devem estabelecer

procedimentos para a identificação contínua de perigos com a conseqüente

avaliação do risco associado, definir as medidas de controle necessárias,

considerar os aspectos da legislação pertinente e outros requisitos entre partes,

elencar os objetivos globais e setoriais de SST, assim como os programas de

SST que serão implantados;

Elemento 3 – Implementação e operação – a estrutura relacionada com o

sistema de gestão de SST, bem como as responsabilidades de todos os

envolvidos é objeto desse elemento, que também aborda o treinamento,

conscientização e competência daqueles que terão interface com o sistema.

Estratégias de comunicação, documentação e sua gestão, controle operacional e

preparação para situações de emergência também devem ser abordados nessa

etapa;

Elemento 4 – Verificação e ação corretiva – a partir da monitoração e

mensuração do desempenho do sistema, análise de acidentes, incidentes, não-

conformidades e ações corretivas/preventivas, assim como dos registros e

relatórios gerados pelas auditorias internas e externas, estabelecem-se as ações

corretivas a serem adotadas;

Elemento 5 – Análise crítica pela administração – periodicamente a análise

crítica é realizada para verificar a adequada e eficaz convivência do SGSST com

as demais atividades da organização, alterando a política, se necessário, e

definindo novos objetivos e metas a fim de garantir a continuidade do processo de

melhoria contínua, preceito básico da OHSAS 18001.

Page 56: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

56

Ainda a propósito de SGSST, independentemente do sistema normativo adotado

como referência, na tabela 6 apresenta-se de forma sinóptica a visão de alguns

autores sobre a implantação e conseqüentes resultados desses sistemas de

gestão para as organizações.

Pode-se observar a congruência dos autores sobre a contribuição de SGSST para

a melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores, para seu inter-

relacionamento e até mesmo para a produtividade.

Também é mencionada por um dos autores a importância da criação de

indicadores pró-ativos e do acompanhamento de seu desempenho para a

otimização dos recursos e correção dos desvios para que os objetivos e metas

estabelecidos sejam atingidos.

Finalmente, se pode verificar a menção de alguns dos autores à importância da

participação dos trabalhadores como parceiros das empresas na construção e

manutenção de um SGSST.

TABELA 6 – Resultados da implantação de SGSST para as organizações segundo diversos

autores

Autor Resultados

Benite

(2004,

p.103)

Os SGSSTs propiciam a melhoria do desempenho em SST e trazem resultados

significativos, podendo-se destacar:

um ambiente de trabalho seguro e saudável com a conseqüente redução dos

acidentes;

a melhoria das relações de trabalho em virtude de um maior envolvimento dos

trabalhadores nas definições dos processos da empresa;

a melhoria das relações com os organismos fiscalizadores com a redução de

ocorrências de notificações;

a redução da probabilidade de passivos trabalhistas, resultante de uma melhor

qualidade da documentação e de melhorias efetivas dos ambientes de trabalho.

Page 57: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

57

Fernandes

(2005,

p.88)

Possuir um sistema de gestão significa ter de uma forma organizada e modelada de

controle e utilização dos recursos da organização, monitorando através de

indicadores seu resultado. No planejamento desse sistema pode-se considerar a

integração dos sistemas, de forma a eliminar sobreposição de controles,

treinamentos e obter otimização de custos.

Rocha

(2007,

p.67)

Após a implementação do SGSSO, em um estudo de caso, numa empresa de

fertilizantes, concluiu-se ser possível a forte regressão dos indicadores reativos e,

simultaneamente, introduziu-se uma relação de parceria com os colaboradores,

criando-se um forte desenvolvimento dos indicadores pró-ativos, saindo do cenário

negativo em que atualmente se encontram as empresas desse setor.

Medeiros

(2003,

p.132)

O modelo de gestão integrada, apresentado nesse trabalho, caracteriza-se

principalmente por propor o melhoramento contínuo da empresa levando em

consideração tanto os fatores de performance exigidos pelos acionistas, como

aqueles derivados de outras partes interessadas, que hoje, mais que nunca,

absorvem e exigem das instituições, a qualidade dos produtos e serviços e o

atendimento aos conceitos do desenvolvimento sustentável.

Quinan

(2005,

p.104)

Ao propor o desenvolvimento de um sistema de gestão de SST, que dê sustentação

ao aumento de produtividade, com ênfase na cultura gerencial da empresa,

valorizando os princípios de SST nas atividades cotidianas do setor produtivo, este

trabalho alcança seu objetivo ao evidenciar a necessidade de uma mudança

estratégica de paradigma da postura na empresa analisada, deixando de ser uma

simples empreiteira, de relacionamento sazonal e temporário com o consumidor

final, para se transformar numa prestadora de serviços com uma relação

permanente e duradoura com seus clientes, adquirindo competitividade em seus

negócios.

Este estudo também cumpre com seus objetivos ao demonstrar que sistemas

integrados de gestão com a visão de implementar gestão de SST necessitam

deslocar do eixo administrativo para o setor produtivo as atividades prevencionistas

contra as perdas, que nos processos organizacionais de trabalho, são causadas por

meio dos comportamentos de riscos e ambientes de trabalho não adequados. Desta

maneira se desfaz a abordagem tradicional de gestão de SST restrita apenas aos

horizontes de conhecimento e competências de setores administrativos da empresa,

como a conhecida área de recursos humanos, sugerindo-se que o setor de SESMT

componha a área de suporte técnico gerido pelas gerências de produção

responsáveis pelas áreas do setor produtivo em que são gerados os riscos.

Page 58: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

58

3. ESTRATÉGIA DE PESQUISA

No capítulo anterior discutiu-se sobre a relevância dos SGSST para as

organizações e a importância da participação dos trabalhadores nos sistemas

adotados pelas empresas.

Com a finalidade de avaliar os SGSST implantados, bem como verificar a

participação dos trabalhadores com o levantamento de suas opiniões sobre o

SGSST, desenvolveu-se pesquisa em empresa de grande porte do setor elétrico

brasileiro.

A pesquisa foi realizada com aplicação de questionário para diagnosticar a

situação atual do SGSST na visão dos trabalhadores, assim como foi utilizada

uma matriz visando a obter de forma organizada as sugestões dos trabalhadores

para contribuir com a evolução do SGSST implantado na empresa.

A aplicação do questionário seguiu as exigências legais no que diz respeito à

ética em pesquisa e os respondentes foram informados sobre o objetivo da

pesquisa e de seu caráter de participação voluntária. Também houve a

preocupação de esclarecimento quanto ao sigilo sobre as respostas dadas.

A coincidência nas respostas dos trabalhadores, identificadas a partir de sua

percepção sobre 30 itens relativos ao sistema, indica bom nível de conhecimento

do SGSST implantado pela empresa. As respostas discrepantes identificam os

gaps do SGSST em relação aos aspectos analisados.

Já a coincidência de sugestões dos trabalhadores visando à melhoria dos

aspectos que foram mal avaliados no questionário ratifica a importância da sua

participação na construção e administração de um SGSST.

A pesquisa de campo foi realizada em empresa concessionária de distribuição de

energia elétrica com aproximadamente três mil empregados, dentre os quais em

torno de mil e novecentos atuando em atividades operacionais.

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59

Para a pesquisa, foi desenvolvido instrumento do tipo survey devido à pertinência

das características desse método de pesquisa com os objetivos do trabalho.

Segundo Babbie (2001), algumas das características gerais da pesquisa de

survey são:

Deve facilitar a aplicação cuidadosa do pensamento lógico;

Os resultados de Surveys amostrais podem ser estendidos a população maior da

qual a amostra foi inicialmente selecionada;

As análises explicativas em pesquisas de survey se prestam a desenvolver

proposições gerais sobre o comportamento humano;

O método permite replicar um achado entre subgrupos diferentes, fortalecendo

assim a certeza de que ele representa um fenômeno geral na sociedade;

A pesquisa busca o máximo de compreensão com o menor número de variáveis

possível;

Deve-se sempre levar em conta que o ato de medir é um dos problemas da

pesquisa em survey. A presença do pesquisador pode interferir nas respostas dos

entrevistados. Assim, é mister que se tome o máximo cuidado para evitar tal

interferência.

Desenvolvido o instrumento de pesquisa, o questionário/matriz abordando trinta

aspectos relativos ao SGSST adotado pela empresa foi aplicado, obtendo-se

respostas qualitativas dos trabalhadores.

Para tanto, os respondentes indicaram suas respostas com percentuais que

variam de zero a cem por cento, a intervalos constantes de vinte e cinco. Os

valores percentuais foram escolhidos após discussões com profissionais de

segurança e saúde que tecerem críticas à versão inicial do questionário e

julgaram que a adoção dos valores facilitaria o entendimento dos trabalhadores

no momento das respostas. As correspondências dos valores numéricos em

Page 60: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

60

relação às indicações de respostas normalmente utilizadas nesse tipo de

pesquisa são: 0% = discordo plenamente, 25% = discordo parcialmente, 50% =

não concordo nem discordo, 75% = concordo parcialmente e 100% = concordo

plenamente.

Importante mencionar que o questionário inicialmente concebido contava com 22

tópicos a serem respondidos e que, após a avaliação dos profissionais de

segurança e saúde anteriormente mencionados e suas importantes contribuições,

o mesmo foi ampliado para 30 questões.

A princípio algumas das questões podem parecer de difícil entendimento para a

análise e resposta dos trabalhadores. Não obstante, a aplicação do questionário

foi sempre supervisionada pessoalmente pelo pesquisador e o esclarecimento de

dúvidas feito de forma imediata. Além disso, a boa formação educacional dos

trabalhadores da empresa em estudo auxiliou de forma decisiva no resultado do

trabalho.

No desenvolvimento da pesquisa, também se teve o cuidado de realizar a

aplicação do questionário nas diversas regiões de atuação dos trabalhadores para

aumentar a representatividade da amostra obtida. Assim, considerando a

característica dos serviços de uma empresa de distribuição de energia elétrica e a

grande área de sua atuação, a pesquisa teve lugar em mais de uma dezena de

cidades pertencentes a três grandes regiões operacionais onde a empresa, foco

da pesquisa, atua.

Em todas as ocasiões de aplicação do questionário, logo após a discussão inicial

dos objetivos da pesquisa, foi enfatizada a importância das respostas serem

dadas de forma sincera e que os questionários por eles devolvidos não deveriam

conter os seus nomes, ou seja, a participação foi anônima.

O anonimato pretendeu garantir a tranqüilidade dos participantes para que

pudessem expressar de forma verdadeira suas opiniões a respeito dos itens

abordados.

Page 61: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

61

O objetivo foi o de evitar algum viés, efeito negativo que Babbie (2001) menciona

como possível nesse tipo de pesquisa científica.

Os dados coletados foram tabulados e são objeto das discussões que serão

realizadas nos itens 4.6 e 4.7.

Os trinta aspectos relacionados ao SGSST resultantes do trabalho de elaboração

e que compõem o questionário/matriz estão descritos na tabela 7.

TABELA 7 – Questões do questionário aplicado

Assunto Questão Objetivo

Política de SSO Há política de segurança e

saúde claramente definida e

praticada por todos os

colaboradores da

organização?

Questão formulada com o objetivo

de avaliar a opinião dos

trabalhadores sobre o entendimento

e a prática da política de segurança

e saúde estabelecida

Segurança como

valor

organizacional

A segurança é um valor da

organização expressado por

todos os seus trabalhadores,

independentemente do nível

hierárquico?

Questão formulada com o objetivo

de levantar a opinião dos

trabalhadores sobre a importância

que os colaboradores da empresa

dão à segurança,

independentemente de seu nível

hierárquico

Normativos e

orientações

Há normativos e orientações

sobre segurança claros e de

conhecimento dos

trabalhadores?

Questão formulada com o objetivo

de avaliar se os normativos

existentes abrangem a maioria das

atividades executadas pelos

trabalhadores e se são

compreendidos por eles

Treinamento /

desenvolvimento

dos trabalhadores

Os trabalhadores são

adequadamente treinados

para suas atividades antes de

iniciarem seu trabalho?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a qualidade do

treinamento realizado

Conscientização /

motivação dos

trabalhadores para

segurança

Os trabalhadores estão

conscientizados e motivados

para desenvolver suas

atividades com segurança?

Questão formulada com o objetivo

de provocar a auto-avaliação sobre

a motivação dos trabalhadores para

a prática da segurança

Page 62: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

62

Comportamento

preventivo dos

trabalhadores

Os trabalhadores

demonstram tal motivação

através dos comportamentos

expressados na prática?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a coerência entre a

intenção e a prática

Comprometimento

dos níveis de

comando com a

segurança

Os níveis de comando estão

comprometidos com os

aspectos de segurança e

externalizam tal

comprometimento?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a participação efetiva

dos níveis de comando em relação

ao SGSST

Responsabilidades

dos níveis de

comando com a

segurança

A liderança tem

responsabilidades claramente

definidas em relação à

segurança e prevenção de

acidentes?

Questão formulada com o objetivo

de verificar se para os trabalhadores

estão claras as responsabilidades

de seus líderes em relação à

segurança

Segurança é

estratégia

empresarial

A segurança dos

trabalhadores é administrada

como estratégia empresarial

e interfere de forma decisiva

nas decisões

organizacionais?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a percepção da

interferência dos aspectos

relacionados com a segurança no

dia-a-dia das atividades realizadas

na empresa

Metas claramente

estabelecidas

São estabelecidas metas

claras em relação à

prevenção de acidentes e

discutidas com os

trabalhadores?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a existência e

entendimento de metas

relacionadas à prevenção de

acidentes

EPI –

Equipamentos de

Proteção Individual

adequados

Os EPI disponibilizados pela

empresa são de qualidade e

tecnicamente adequados aos

trabalhos desenvolvidos?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a adequação geral dos

EPI sob a ótica de seus usuários

EPC –

Equipamentos de

Proteção Coletiva

adequados

Os EPC disponibilizados pela

empresa são de qualidade e

tecnicamente adequados aos

trabalhos desenvolvidos?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a adequação dos EPC

sob a ótica de seus usuários

Ferramentas e

veículos

adequados

As ferramentas

disponibilizadas pela

empresa são de qualidade e

tecnicamente adequadas aos

trabalhos desenvolvidos?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a adequação das

ferramentas sob a ótica de seus

usuários

Page 63: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

63

Participação dos

trabalhadores na

definição de EPI,

EPC e ferramentas

Há participação dos

trabalhadores na escolha e

avaliação técnica de EPI,

EPC e ferramentas?

Questão formulada com o objetivo

de verificar o envolvimento dos

trabalhadores nos processos de

decisão da empresa sobre a

escolha de EPI, EPC e ferramentas

Possibilidade de

interrupção do

trabalho sob risco

Trabalhadores têm a real

possibilidade de interromper

os trabalhos quando em

condição de risco?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a prática da política

estabelecida pela empresa

Cumprimento das

exigências legais

A empresa cumpre todas as

exigências legais relativas à

segurança do trabalho

relacionadas ao seu

trabalho?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a opinião dos

trabalhadores sobre as obrigações

da empresa que lhe são familiares,

tais como: entrega de EPI, EPC e

ferramentas adequadas, realização

de exames médicos admissionais,

periódicos e demissionais,

treinamentos específicos, etc

SESMT adequado O SESMT – Serviço

Especializado em Segurança

e Medicina do Trabalho é

adequado ao risco da

empresa e conta com

profissionais atuantes?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a eficácia do trabalho

dos profissionais do SESMT junto

aos trabalhadores

Segurança com

empresas

contratadas

O nível de segurança das

empresas contratadas é o

mesmo que têm os

trabalhadores da

contratante?

Questão formulada com o objetivo

de identificar diferenças entre as

condições de segurança de

trabalhadores próprios e

contratados

Segurança com a

população

A empresa investe

suficientemente na

conscientização da

população de modo geral no

que diz respeito aos riscos de

suas redes e instalações?

Questão formulada com o objetivo

de verificar o conhecimento e

opinião dos trabalhadores a

propósito das ações de prevenção

de acidentes com a população

Comunicação

sobre SSO

A comunicação de fatos

relativos à segurança e

saúde é adequada na

empresa e os meios

utilizados são eficazes?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a facilidade e eficácia da

comunicação empresa-trabalhador

relativa a assuntos de segurança e

saúde

Page 64: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

64

Auditorias internas São realizadas auditorias

internas e seus resultados

são eficazes?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a percepção dos

trabalhadores sobre a real

contribuição das auditorias internas

Auditorias externas São realizadas auditorias

externas (de terceira parte) e

seus resultados são

eficazes?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a percepção dos

trabalhadores sobre a real

contribuição das auditorias externas

Investigação e

análise de

acidentes e

incidentes

A empresa possui um

sistema de investigação e

análise de acidentes

adequado e eficaz?

Questão formulada com o objetivo

de verificar o conhecimento e

confiança dos trabalhadores a

respeito do sistema de investigação

e análise dos acidentes registrados

Gestão de

mudança de

pessoas

As pessoas que assumem

novas responsabilidades são

treinadas em suas novas

tarefas e sobre os riscos

inerentes a elas?

Questão formulada com o objetivo

de verificar se os trabalhadores

estão recebendo as informações

necessárias ao desenvolvimento de

novas atividades

Integridade/qualida

de das instalações

As instalações elétricas (o

ativo da empresa) são

adequadas e se encontram

em bom estado de

conservação?

Questão formulada com o objetivo

de verificar o estado de

conservação das instalações

elétricas da empresa

Gestão de

mudança na

instalação

As alterações ou mudanças

nas instalações são

prontamente incorporadas à

documentação e

comunicadas a todos os

trabalhadores, sobretudo

aquelas que possam implicar

em riscos?

Questão formulada com o objetivo

de verificar se os trabalhadores são

informados das alterações que

podem impactar nos aspectos de

segurança do trabalho

Análise de risco A empresa possui sistemática

adequada de análise de risco

capaz de evidenciar e

eliminar/controlar os riscos de

acidentes antes da realização

dos trabalhos?

Questão formulada com o objetivo

de verificar a opinião dos

trabalhadores sobre a eficácia das

APR – Análises Prevencionistas de

Riscos realizadas

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65

Prontidão para

emergências

A empresa possui planos de

emergência para situações

de acidentes e seus

trabalhadores estão prontos a

aplicá-los?

Questão formulada com o objetivo

de verificar o nível de conhecimento

de planos de emergência e as

responsabilidades dos

trabalhadores na sua

implementação

Exames médicos São realizados exames

médicos periódicos e os

resultados são discutidos

com o trabalhador?

Questão formulada com o objetivo

de verificar se há retorno efetivo dos

médicos relativo aos resultados dos

exames realizados com os

trabalhadores

Qualidade de vida A empresa realiza ações de

incentivo e promoção da

qualidade de vida dos

trabalhadores?

Questão formulada com o objetivo

de verificar se as ações de

promoção da qualidade de vida

estão realmente chegando até os

trabalhadores

Além das respostas aos 30 aspectos descritos, a pesquisa também buscou

coletar sugestões dos trabalhadores e, para tanto, também se solicitou aos

respondentes que opinassem sobre quais os fatores associados ao SGSST

deveriam ser eliminados, reduzidos, elevados ou criados para que, na visão

deles, seja possível obter a melhoria contínua do sistema. Visando organizar as

sugestões, as mesmas foram coletadas através de uma matriz que direciona as

propostas para as quatro categorias anteriormente descritas: eliminar, reduzir,

elevar e criar.

A estrutura geral do questionário/matriz, que pode ser verificada no Anexo 1, teve

como ponto de partida a proposta desenvolvida por W. Chan Kim e Renée

Mauborgne (2005) em seu livro “A Estratégia do Oceano Azul”. Embora

inicialmente concebida para a avaliação estratégica das empresas em cenários de

grande concorrência, devido a sua simplicidade e com algumas adaptações,

pareceu interessante para identificar os gaps do SGSST a serem vencidos.

No citado livro, Kim e Mauborgne (2005) analisam empresas e suas estratégias

para a sobrevivência no mercado altamente competitivo no qual estão inseridas.

Os autores dividem as empresas entre aquelas que atuam em “oceanos

Page 66: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

66

vermelhos”, ambientes altamente competitivos, com poucas inovações e

oportunidades de conquistas e os por eles definidos como “oceanos azuis”, que

se caracterizam por organizações que buscam ambientes inovadores e com

oportunidades de crescimento. Os oceanos azuis surgem a partir de

oportunidades identificadas pelas empresas que neles atuam e, na maior parte

dos exemplos descritos no livro, estão relacionados à inovação e/ou descobertas.

Para identificar/distinguir aspectos em que as organizações já atuam de forma

eficaz daqueles em que há oportunidades de melhoria ou inovação, ou mesmo

para que se possam criar oportunidades de atuação em pontos ainda não

abordados, os autores propõem a utilização da Matriz de Avaliação.

A Matriz estabelece a eficácia dos diversos pontos propostos para a discussão.

Dessa forma, identifica as oportunidades de melhoria e auxilia na definição de

alguns itens que merecem atenção e que podem conduzir as organizações a

“oceanos azuis”.

A partir desses conceitos adaptados à gestão de SST na empresa estudada,

desenvolveu-se o questionário/matriz anteriormente descrito com a finalidade de

verificar a abordagem e amplitude do SGSST implantado, assim como avaliar a

participação efetiva dos trabalhadores no sistema e coletar suas contribuições.

Finalizando esse capítulo, volta-se a enfatizar que todos os autores anteriormente

citados (Benite (2004), Fernandes (2005), Rocha (2007), Medeiros (2003), Quinan

(2005)) e que discorreram sobre SGSST, indicam a importante contribuição de

sistemas de gestão de segurança e saúde na implementação e administração

adequadas de ações que privilegiem a prevenção de acidentes e a promoção da

saúde dos trabalhadores.

As décadas que sucederam à industrialização do Brasil e, particularmente, o

fenômeno da globalização trouxeram alterações substanciais na gestão de todo o

sistema produtivo das organizações e para que se possa garantir condições

salubres nos ambientes de trabalho, que incorporem metodologias e técnicas

eficazes, torna-se imprescindível um sistema de gestão voltado à segurança e

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67

saúde capaz de diagnosticar com exatidão os riscos aos quais os trabalhadores

estarão expostos. O correto diagnóstico levará às medidas de eliminação e/ou

mitigação dos riscos com maiores chances de prevenir a ocorrência de acidentes

e doenças originadas a partir dos ambientes e processos de trabalho.

Não se pode deixar de ressaltar aqui que a participação dos trabalhadores é

fundamental nesse processo. Não apenas cumprindo normas e procedimentos de

trabalho, mas sendo co-autores de toda a construção do SGSST adotado pela

organização.

Os autores anteriormente citados: Deming (1997), Drummond (1994), assim como

a publicação “Sistemas de Gestión Medioambiental - Guía de actuación para

trabajadores (2003)” e a própria Norma Regulamentadora número 9, ao tratar da

obrigatoriedade dos Mapas de Risco elaborados com a participação dos

trabalhadores, corroboram a importância dos trabalhadores na construção de

sistemas de gestão relacionados aos métodos e ambientes de trabalho.

Nessa mesma linha, a afirmação de Cardella (2008) de que a gestão eficiente e

eficaz é feita de forma que necessidades e objetivos das pessoas sejam

consistentes e complementares aos objetivos da organização a que estão ligadas

reforça a necessidade da participação dos trabalhadores que, através de suas

experiências, podem contribuir de forma importante com um sistema de gestão

consistente e condizente com a realidade da organização e, ao mesmo tempo,

agregar constantemente modificações e atualizações que farão com que o

SGSST esteja sempre alinhado com as necessidades presentes da organização.

É esta a etapa que os autores costumam denominar melhoria contínua do

sistema.

Page 68: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

68

4. ESTUDO DE CASO: Avaliação de sistema de gestão de

segurança e saúde do trabalho. O estudo da participação dos

trabalhadores em empresa distribuidora de energia elétrica.

4.1. Introdução

De acordo com o discorrido no capítulo 2, infelizmente o setor elétrico brasileiro

não se constitui exceção quando se trata da ocorrência de acidentes do trabalho,

apresentando número relevante de acidentes, alguns gravíssimos que chegam a

determinar o óbito do trabalhador.

Esse importante setor da economia brasileira também sofreu profundas

alterações nos últimos anos com a privatização de várias empresas

concessionárias. Para buscar a melhoria da gestão visando à eliminação dos

riscos decorrentes de suas atividades e, conseqüentemente, evitar os acidentes,

empresas do setor elétrico adotaram SGSST, alguns com êxito inegável.

Pretende-se nesse estudo de caso abordar uma grande empresa do setor elétrico

privatizada no final da década de noventa e que adotou um SGSST visando à

gestão das questões relativas à prevenção de acidentes e doenças de origem

ocupacional.

4.2. Breve histórico da empresa

Com uma longa história de atuação no setor elétrico, a empresa foi privatizada no

final da década de noventa. Trata-se de uma distribuidora de energia elétrica,

atuando em mais de duas centenas de municípios em área geográfica superior a

90 mil km2, atendendo a mais de 3 milhões de clientes.

Na ocasião de sua privatização, a empresa contava com cerca de 7.000

funcionários e, dentre várias transformações trazidas pela privatização, a

diminuição de seus empregados levou a empresa para cerca de 3.000

trabalhadores próprios.

Page 69: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

69

Paralelamente a essa diminuição de empregados, foram sendo introduzidas

novas metodologias de trabalho e equipamentos, além da terceirização de

algumas atividades para que o serviço prestado pela empresa não tivesse

solução de continuidade.

Esses e outros fatores impactaram sobre a gestão organizacional em todos os

aspectos e, especificamente no que se refere à segurança do trabalho, esse

impacto foi muito ruim. Após cerca de três anos da privatização, no ano de 2000,

sua TF de acidentes atingiu valor elevado (6,89), constituindo-se em um dos

principais problemas organizacionais da empresa.

Buscando a reversão da situação negativa, a empresa implantou um SGSST –

Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho ou, como também

mencionado em publicações sobre o assunto, SGSSO – Sistema de Gestão de

Segurança e Saúde Ocupacional, para sistematizar todas as suas ações com o

objetivo de privilegiar a prevenção dos acidentes e a promoção da saúde.

Somente com o auxílio de uma ferramenta estruturada de gestão, acreditava-se,

fosse possível reassumir o controle sobre as causas imediatas e básicas que dão

origem aos acidentes, eliminando-as ou controlando-as de forma a que não

viessem a determinar acidentes ou doenças.

4.3. SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho

A organização e gestão da segurança e saúde em uma empresa de serviços,

onde a quase totalidade dos trabalhos de risco ocorrem em logradouros públicos,

longe dos controles organizacionais mais formais, é um desafio de grandes

proporções.

Nessas condições, certamente são os trabalhadores que detêm o poder da

decisão de trabalhar com atenção aos riscos, identificando-os para sua

eliminação ou neutralização e, conseqüentemente, evitando acidentes deles

decorrentes.

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70

Sendo assim, é imprescindível que estejam muito bem familiarizados com os

métodos de trabalho, ferramentas e equipamentos a serem utilizados e cuidados

em geral a serem verificados.

A construção compartilhada entre empresa e trabalhadores de um SGSST capaz

de auxiliar na gestão desse importante aspecto foi a alternativa escolhida e que

teve como alicerce duas importantes referências internacionais: DNV e OHSAS

18001.

Início da implantação da gestão de segurança do trabalho e saúde com a

utilização da metodologia DNV

A empresa deu seus primeiros passos rumo à implantação de um SGSST com o

uso das ferramentas propostas pelo SCIS – Sistema de Classificação

Internacional de Segurança concebido pela DNV24.

Dentre os vinte elementos propostos, alguns foram trabalhados prioritariamente

para proporcionar a mudança de cultura necessária na ocasião. Foram eles:

Treinamento da Liderança: os líderes receberam treinamento específico para

conhecer o SCIS e suas responsabilidades para o sucesso do sistema de gestão

que se pretendia implantar;

Inspeções Planejadas e Manutenção: foram estabelecidas metodologias para

as inspeções a serem realizadas, assim como para os seus desdobramentos,

ações corretivas e/ou preventivas a serem adotadas;

Análises e Procedimentos de Tarefas Críticas: realizadas com a finalidade de

identificar as tarefas que envolviam riscos mais acentuados a fim de eliminá-los

ou mitigá-los;

Investigação de Acidentes/Incidentes: estabeleceu-se sistemática de

investigação e análise de acidentes e incidentes simplificada para eventos mais 24 DNV – Det Norske Veritas (A Verdade Norueguesa - tradução livre).

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71

corriqueiros e uma outra baseada na metodologia de árvore de causas25 para as

ocorrências mais complexas;

Observação de Tarefas: foi formado um grupo de trabalhadores das áreas

operacional, engenharia e de segurança a fim de realizar a observação das

tarefas realizadas e propor melhorias nos procedimentos, equipamentos e

ferramental;

Preparação para Emergências: estabeleceram-se planos para as principais

situações de emergência passíveis de ocorrerem;

Formação e Treinamento dos Empregados: todos participaram de discussão e

treinamento sobre o SGSST que se pretendia implantar;

Equipamento de Proteção Individual – EPI: implantou-se sistema de

participação dos trabalhadores na definição e testes de EPI;

Controle de Saúde e Higiene Industrial: revisou-se o PCMSO – Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional, incluindo avaliações de caráter extra-

ocupacional;

Comunicações Pessoais: foram introduzidos sistemas e programas para facilitar

a comunicação entre os trabalhadores visando à fluência das comunicações de

quaisquer eventos relacionados a incidentes e acidentes e, até mesmo, a

condições abaixo do padrão26;

Reuniões de Grupos: incentivou-se a discussão de aspectos relacionados à

prevenção de acidentes e à promoção da saúde por parte dos trabalhadores, no

âmbito das CIPA27, assim como nos DDS28 e DSS29;

25 Árvore de Causas: metodologia desenvolvida pelo INRS – Institut National de Recherche et de Sécurité para a investigação de acidentes e que auxilia na identificação de fatores que ficam sem explicação e demandam informações complementares, proporcionando que se estabeleça um maior número de fatores organizacionais envolvidos na gênese dos acidentes. 26 Condição abaixo do padrão: situação anormal que pode provocar incidente ou acidente. 27 CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 28 DDS: Diálogo Diário de Segurança. 29 DSS: Diálogo Semanal de Segurança.

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72

Promoção Geral: intensificou-se a discussão das oportunidades de melhoria na

prevenção de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores através dos

veículos de comunicação disponibilizados pela empresa.

O trabalho desenvolvido resultou na incorporação gradual do SGSST pela

organização e seus trabalhadores e contribuiu com o início da reversão do quadro

negativo de acidentes registrado.

A organização muito particular de uma empresa de distribuição de energia elétrica

fez com que o sistema DNV apresentasse algumas dificuldades para sua

implementação completa e, concomitantemente, o referencial normativo OHSAS

18001 ganhava destaque cada vez maior no mundo todo, com a vantagem de ser

possível a certificação de terceira parte. Dessa forma, a empresa optou por

basear seu sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho na OSHAS

18001 que trazia também a vantagem adicional de possuir concepção similar aos

normativos ISO 9001 e ISO 14001 já adotados pela mesma.

A transição para a gestão de segurança do trabalho e saúde com base na

OHSAS30 18001

Após um ano de trabalho de implantação do SGSST com base no SCIS/DNV, a

empresa decidiu migrar para a OSHAS 18001, buscando a certificação de seu

SGSST lastreado nesse referencial normativo. Essa decisão levou em

consideração o fato do SCIS/DNV não permitir a certificação de terceira parte.

Considerando que o SCIS/DNV é um sistema muito mais detalhado do que a

proposta de gestão de segurança e saúde da OHSAS 18001 e que ele foi a base

da construção da gestão de segurança e saúde adotada pela empresa, não houve

nenhuma dificuldade nas adaptações necessárias à adoção da OHSAS 18001.

A incorporação das ações que já haviam sido implementadas foi realizada e a

sistemática de condução do SGSST, com foco na melhoria contínua prevista pela

OHSAS 18001, passou a reger as novas ações e programas, o que possibilitou a 30 OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series.

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73

certificação da empresa apenas alguns meses após sua tomada de decisão

nesse sentido.

4.4. Principais processos do sistema de gestão de segurança e saúde

adotado pela empresa e resultados relevantes

Mais importante do que a certificação de terceira parte31, os resultados positivos

que foram obtidos em decorrência dos sistemas criados e que contribuíram com a

eficácia da gestão da segurança de saúde, assim como o decréscimo dos

acidentes do trabalho registrado, ratificaram a escolha da empresa. Na seqüência,

alguns dos sistemas e instrumentos adotados são descritos de forma sucinta.

Detecção dos perigos e riscos de acidentes

Com a implantação do SGSST, a empresa teve a oportunidade de revisar sua

sistemática de detecção e análise de perigos e riscos e de propor medidas

preventivas ou mitigadoras para todos eles.

Mais de 900 perigos e riscos foram identificados e analisados com metodologia

criada para considerar as medidas de controle já existentes e sua real eficácia. As

poucas análises que resultaram na manutenção de uma situação de risco grave e

iminente foram objeto de novos estudos com o objetivo de eliminação ou

mitigação do fator ou fatores que qualificavam a situação como grave e iminente.

Participação dos trabalhadores na identificação de perigos

A participação dos trabalhadores no trabalho de identificação de perigos foi

fundamental. Sua experiência e sólido conhecimento da execução das atividades

muito auxiliaram os profissionais da engenharia e da segurança na identificação

dos perigos e riscos decorrentes, assim como, na proposição das medidas

preventivas ou mitigadoras a eles associadas.

31 Certificação de terceira parte: certificação do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho concedida por auditores independentes, sem vínculo com quaisquer das partes envolvidas.

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74

A própria identificação dos perigos e riscos associados às atividades

desenvolvidas pelos trabalhadores somente foi possível no nível de detalhamento

atingido a partir da participação dos mesmos em todas as etapas do trabalho

desenvolvido.

Além disso, também se criou um sistema de comunicação de eventos32,

disponibilizado na intranet da empresa, que permite a todos os trabalhadores

inserir informações sobre: condição abaixo do padrão33, acidente material34,

acidente com veículos35, acidente pessoal36 e acidente com a população37. Assim,

cada um dos trabalhadores pode agir como auditor do SGSST, informando

qualquer situação irregular que possa gerar acidentes, assim como acidentes já

ocorridos.

Sistematização e padronização da realização das atividades

A partir da revisão das atividades e identificação dos perigos e riscos, foi possível

a elaboração de procedimentos de trabalho, considerando em todas as etapas os

aspectos primordiais para garantir a prevenção de acidentes e a integridade física

dos trabalhadores.

Mais uma vez com a participação ativa dos trabalhadores, foram construídos mais

de 300 procedimentos de trabalho que descrevem em detalhes as etapas a serem

desenvolvidas e os cuidados a serem adotados em cada uma delas a fim de que

acidentes sejam evitados.

Foram eleitos monitores entre os trabalhadores que, representando seus pares,

fizeram parte da equipe que construiu a padronização das atividades e, após isso,

participaram diretamente do treinamento com seus colegas de trabalho em

programas com cargas horárias superiores a 300 horas.

32 Eventos: situações que podem conduzir a acidentes (situações abaixo do padrão) ou acidentes já ocorridos. 33 Condição abaixo do padrão: qualquer anormalidade identificada que pode levar à ocorrência de acidentes. 34 Acidente material: acidente envolvendo danos apenas a equipamentos. 35 Acidente de trânsito com veículos da empresa. 36 Acidente pessoal: acidente envolvendo trabalhadores que provoca lesão em, ao menos, um deles. 37 Acidente com a população: acidentes com a população em geral envolvendo as redes de distribuição de energia elétrica.

Page 75: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

75

No processo de melhoria contínua da avaliação de risco e para garantir que riscos

não identificados à priori sejam considerados, foi criada a APR – Análise

Prevencionista de Riscos. O instrumento consiste na verificação e identificação de

possíveis riscos de acidentes em momento imediatamente anterior ao da

execução do trabalho e no próprio local onde o mesmo irá ser realizado.

Mais uma vez aqui são os trabalhadores em seus diversos locais de trabalho os

responsáveis pela utilização eficaz desse importante instrumento.

A participação dos trabalhadores no desenvolvimento de EPI e EPC

São os trabalhadores os usuários das ferramentas, EPC38 e EPI39 nas atividades

diárias que desenvolvem e, portanto, sua participação no estudo, avaliação e

aprovação desses equipamentos não pode ser ignorada. Assim, a empresa objeto

do estudo de caso desenvolveu metodologia para assegurar a participação ativa

dos mesmos nesse processo e suas opiniões afetam de forma real as decisões

tomadas.

A título de exemplo descreve-se a seguir dois processos muito relevantes em que

a participação dos trabalhadores muito contribuiu para o sucesso.

Vestimenta FR – Fire Retardant40

A Norma Regulamentadora 10 – Serviços e Instalações em Eletricidade, através

de sua revisão aprovada em 7 de dezembro de 2004, passou a exigir

propriedades específicas das vestimentas utilizadas pelos trabalhadores expostos

ao risco de arco elétrico. A exigência conferiu às vestimentas o “status” de EPI

que, segundo o item 10.2.9.2 da NR-10, devem ser adequadas às atividades e

contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

Com essas propriedades, os incrementos de proteção que se pretendeu dar ao

trabalhador foram:

38 EPC: Equipamento de Proteção Coletiva. 39 EPI: Equipamento de Proteção Individual. 40 FR: Fire Retardant (tecido que impede a propagação da chama).

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76

Condutibilidade - o tecido adotado para a confecção das vestimentas não pode

ser condutor de eletricidade e também deve minimizar a condução do calor;

Inflamabilidade - o tecido não pode ser inflamável, ou seja, não pode manter a

chama após cessar a fonte de calor;

Influências eletromagnéticas - o tecido deve resistir ou atenuar a energia calorífica

(energia incidente) originada pela ocorrência de arco elétrico.

Decorrente disso, a empresa adotou para seus trabalhadores o tecido composto

de 88% algodão e 12% nylon cujos fios recebem tratamento ignífugo41,

anteriormente à trama do tecido.

Após os testes realizados com um grupo de trabalhadores, a empresa iniciou a

implantação da nova vestimenta e, concomitantemente à distribuição do EPI, fez

chegar a cada um dos trabalhadores um questionário de avaliação de 18

características relacionadas a ele.

Após três meses de utilização da nova vestimenta, prazo acordado para a

devolução dos questionários respondidos, aproximadamente dois mil

questionários chegaram até a área de segurança e saúde da empresa com várias

propostas interessantes, a maioria delas objetivando a melhoria do conforto da

nova vestimenta. Tal fato se explica devido à gramatura do novo tecido, superior

em 50 gramas/m2, se comparada com o tecido anteriormente utilizado,

característica necessária para que as novas propriedades exigidas sejam

garantidas.

Com o resultado dos questionários em mãos, a empresa passou a estudar

alternativas que favorecessem ao conforto e, após alterar o layout das

vestimentas, inclusive padrões e cores, submeteu o novo modelo mais uma vez

aos trabalhadores, desta feita com aprovação quase unânime.

Ou seja, mais uma vez nesse caso, a participação dos trabalhadores e o respeito

as suas contribuições foram fatores que muito contribuíram para o sucesso da

adoção da nova vestimenta.

41 Ignífugo: que dificulta ou obsta a combustão de materiais.

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77

Cinto de segurança tipo paraquedista com linha da vida

A exemplo das vestimentas, também a tecnologia que elimine o risco de queda

dos trabalhadores do setor elétrico é uma exigência da NR-1042.

Novamente, em todo o processo de desenvolvimento, testes e aprovação dos

cintos de segurança tipo paraquedista com linha da vida que passaram a ser

adotados, a participação dos trabalhadores foi intensa e fundamental.

Suas sugestões e contribuições auxiliaram muito na concepção e projeto de um

EPI realmente capaz de evitar acidentes relacionados à queda, segunda causa

mais grave de acidentes na área de distribuição elétrica, na medida em que a

maioria das redes elétricas brasileiras são aéreas.

Não somente nessa fase do processo, mas também no treinamento de todos os

eletricistas, a participação dos trabalhadores foi decisiva. Foram eles, os

trabalhadores, que desenvolveram os treinamentos com seus colegas no

momento de entrega do novo EPI.

Disseminação sistemática de conhecimentos e informações sobre a

prevenção de acidentes

Paralelamente ao treinamento teórico e prático relativo à execução das tarefas

realizadas pelos trabalhadores, iniciaram-se vários programas com o objetivo de

disseminar conhecimento sobre a prevenção de acidentes e a promoção da

saúde dos trabalhadores. Para tanto, as características do setor impuseram mais

um desafio: como fazer chegar a informação e o conhecimento a trabalhadores

que atuam de forma tão capilarizada.

À exceção das atividades administrativas e de alguns trabalhos realizados em

suas subestações, os serviços executados pela empresa ocorrem nos

logradouros públicos dos municípios para os quais a empresa fornece energia

elétrica. Trata-se, portanto, de uma atividade “extra-muros” em instalações que se 42 NR-10: Norma Regulamentadora 10.

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78

encontram nas ruas: postes, transformadores, cabos, etc., localizados em mais de

duas centenas de municípios.

É evidente a dificuldade na disseminação rápida e eficaz de conceitos,

conhecimentos e informações para um grupo de trabalhadores que atua

pulverizado em mais duas centenas de municípios.

Com isso, houve a necessidade de serem criados programas e ações capazes de

fazer com que os objetivos de comunicação fossem atingidos sem a necessidade

de estruturas formais, tais como: salas para reunião, projetores, cadeiras, etc.

Assim, surgiram os programas que se passa a descrever de forma sucinta.

Segurança ao Seu Lado

Consistiu na confecção de cavaletes com lâminas que abordam temas

relacionados à segurança do trabalho, saúde e qualidade de vida. Após sua

distribuição para os PST43 e membros das CIPA44, o material é utilizado para a

divulgação e conscientização dos colaboradores durante os DSS45. Nas Figura 8,

9 e 10 apresenta-se o modelo concebido para o programa, assim como alguns

temas abordados.

43 PST – Profissional de Segurança do Trabalho. 44 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 45 DSS – Diálogo Semanal de Segurança.

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79

Figura 8 – Cavalete e lâmina do programa Segurança ao Seu Lado

Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

Figura 9 – Norma Regulamentadora 10 – tema desenvolvido para o programa Segurança ao Seu Lado Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

Figura 10 – Choque Elétrico – tema desenvolvido para o programa Segurança ao Seu Lado Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

O material permite a realização de reuniões “em campo” e já foram registrados

treinamentos e discussões até mesmo em vias públicas com o cavalete sobre o

capô dos veículos operacionais da empresa.

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80

Sinal Verde para a Segurança

Programa que consistiu na atribuição de cartões a empregados que respeitam e

cumprem os procedimentos de segurança descritos nas tarefas operacionais. Isso

é aferido através de inspeções realizadas em campo. O cartão é composto de

duas vias, superior e inferior, sendo a primeira arquivada no prontuário do

empregado e a segunda, depositada em urnas existentes nas localidades que

possuem CIPA46, a fim de que o trabalhador que o recebeu possa concorrer a

prêmios sorteados mensalmente durante as reuniões das comissões. Na figura 11

é apresentado o layout do cartão concebido para o programa.

Figura 11 – Cartão do programa Sinal Verde para a Segurança

Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

O programa propicia a cobrança e a verificação constantes do cumprimento dos

procedimentos operacionais e de segurança e inverte a tradição punitiva sobre os

resultados de inspeções dessa natureza, premiando aqueles que seguem os

padrões ao invés de punir os que deixam de segui-los. Mais uma vez aqui

46 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

eemmpprreessaa

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81

enfatiza-se a participação dos trabalhadores, nesse caso membros das CIPA47 da

empresa, um dos grupos responsáveis pela aplicação dos cartões.

Diálogos Semanais de Segurança – DSS

Com objetivos similares ao do programa Segurança ao Seu Lado, consiste na

confecção de cadernos que abordam temas relacionados à prevenção de

acidentes e promoção da segurança do trabalho, saúde e qualidade de vida.

Propositalmente, a disposição dos assuntos é intercalada, sugerindo alternância

do conteúdo a ser semanalmente tratado. Tais cadernos são distribuídos aos

PST48 e membros das CIPA, assim como a líderes de equipes e supervisores,

para serem utilizados em DSS49. Nas figuras 12 e 13 é apresentado o caderno

concebido para o programa.

Figura 12 – Caderno do Diálogo Semanal de

Segurança – DSS

Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

Figura 13 – Equipamentos de Proteção –

tema desenvolvido para o Caderno do DSS

Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

Contando em sua primeira versão com 60 temas, o caderno permite a abordagem

de temas semanais diferentes por mais de um ano, cujo objetivo também é o de

discutir a prevenção de acidentes e a promoção da saúde de forma diferenciada e

ágil.

47 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. 48 PST – Profissional de Segurança do Trabalho. 49 DSS – Diálogo Semanal de Segurança.

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82

Principal resultado obtido pela empresa

A implantação do SGSST em 2001 e os projetos que foram concomitantemente

iniciados fizeram com que os acidentes tivessem redução expressiva, tendência

esta mantida nos anos subseqüentes. Nos últimos anos, as taxas de freqüência

de acidentes registradas pela empresa a tem colocado abaixo do primeiro quartil

quando comparadas às empresas de mesmo porte do setor elétrico brasileiro. Na

figura 14, são apresentadas as TF50 dos últimos anos em que se pode verificar a

expressiva diminuição da taxa associada à ocorrência de acidentes do trabalho,

quando comparadas com o ano de 2000 (6,89), onde o SGSST ainda não havia

sido implementado.

Taxas de Freqüência de Acidentes

3,70 2,912,04

2,65

3,07

1,54 1,50

6,89

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

8,00

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Figura 14 – Evolução da Taxa de Freqüência 2000 – 2007

Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

4.5. Pesquisa de campo e resultados

Kim e Mauborgne (2005) discorrem sobre gestão organizacional e trazem

inovadora abordagem para a busca de oportunidades em mercados altamente

competitivos que preconiza a participação dos envolvidos no processo para

identificar caminhos ainda não trilhados pelos concorrentes. Segundo os autores,

50 TF: Taxa de Freqüência de acidentes do trabalho.

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83

encontrar diferenciais garantirá o destaque necessário ao crescimento e

perenidade das empresas.

Analogamente, as empresas também precisam encontrar formas inovadoras para

a identificação e eliminação/controle de riscos que podem conduzir os

trabalhadores a acidentes ou doenças.

De certa forma, Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho

trouxeram inovação para a prevenção de acidentes adotando, dentre outras

inovações, ferramentas e conceitos de sucesso já utilizados na gestão da

qualidade das organizações e utilizando-os para atingir a melhoria das condições

de trabalho em geral.

No entanto, certamente não basta a implantação de sistemas modernos de

gestão de SST que, em síntese, disponibilizam as ferramentas necessárias ao

bom andamento do gerenciamento do assunto. Os mais elaborados sistemas não

prescindem do comprometimento de todos os trabalhadores para que se atinja a

eficácia esperada e tal comprometimento depende da participação direta dos

mesmos.

Novamente aqui se reporta a Almeida (2006) quando afirma que de forma geral

as análises dos acidentes do trabalho acabam por atribuir culpa aos acidentados,

muitas vezes não evidenciando os reais problemas e disfunções que dão origem

aos infortúnios. Certamente, tal fato impede a determinação das causas básicas

que devem ser gerenciadas para a não ocorrência de acidentes.

Ora, se se deseja de fato determinar as causas reais dos acidentes para que se

possa preveni-los, a participação dos trabalhadores neles envolvidos parece

imperiosa.

Nessa mesma linha de raciocínio, se se pretende alcançar a melhoria contínua de

um SGSST no qual a participação dos trabalhadores é da maior relevância, os

mesmos têm de se envolver em todo o processo, desde sua concepção até a

Page 84: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

84

análise periódica que resulta na indicação do que deve ser alterado ou

implantado.

Assim, acredita-se que os trabalhadores muito tenham a contribuir com a análise

crítica de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho, assim como

com a identificação de oportunidades de agregar ações e programas para a

obtenção de resultados ainda melhores do que os já alcançados.

Esses foram as premissas que nortearam a concepção e aplicação do

questionário/matriz cujos pontos primordiais foram discutidos anteriormente.

Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu em várias oportunidades e em diversos municípios das

regiões de atuação dos trabalhadores da empresa, após reunião de discussão e

preparação já mencionada, e sempre garantindo o direito à recusa de algum

trabalhador em participar.

Os dados coletados foram tabulados e são objeto das discussões que serão

realizadas nos itens 4.6 e 4.7.

Definição da população-alvo

Evidentemente, nesse tipo de abordagem, quanto maior é a população objeto da

pesquisa, maior a confiabilidade dos resultados e sua coerência com a situação

real estudada.

Não obstante, com as dificuldades impostas pela própria rotina de trabalho do

público-alvo, assim como as relativas à geografia de atuação da empresa

pesquisada, obtiveram-se 219 respostas de eletricistas aos questionários

aplicados.

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85

Considerando que a empresa conta em seu quadro de empregados com cerca de

1.268 eletricistas, conseguiu-se uma amostra da opinião desses trabalhadores da

ordem de 17,3% do total de empregados da empresa nessa atividade.

Também foram obtidos 82 questionários respondidos por técnicos que também

exercem atividades operacionais, no entanto, mais especializadas do que as

desenvolvidas pelos eletricistas.

O objetivo de colher a opinião desses trabalhadores, além de verificar suas visões

e propostas de melhoria sobre o SGSST, foi também o de identificar as possíveis

diferenças existentes entre a visão desses e a dos eletricistas. Esse segundo

grupo de trabalhadores teve participação menos abrangente no processo de

construção do SGSST, quando comparados aos eletricistas, participantes mais

ativos, inclusive porque são eles os diretamente envolvidos com os principais

riscos que as atividades desenvolvidas pela empresa apresentam.

Comparados ao total de técnicos da área operacional da empresa (628), os 82

participantes representam 13,0% dos trabalhadores que atuam nessa atividade.

Finalmente, aplicou-se o mesmo questionário a um grupo de empregados que

fazem parte do corpo de gestão da empresa: 5 técnicos líderes, 4 engenheiros, 1

engenheiro líder e 8 gerentes. Os 18 trabalhadores que participaram da pesquisa

representam 13,2% do número total do corpo de gestão da empresa que atua na

área operacional (136).

Evidentemente, o objetivo foi o de identificar as opiniões e sugestões do nível de

gestão da empresa em relação ao SGSST implantado, assim como o de verificar

possíveis discrepâncias em relação à visão dos demais trabalhadores.

Com isso, totalizou-se 319 respondentes ao questionário elaborado, o que

representa 15,8% dos trabalhadores atuando na área de distribuição e

transmissão de energia elétrica da empresa objeto do estudo de caso (2.015).

Page 86: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

86

Respostas aos questionários

Como já mencionado, para a pesquisa do tipo survey utilizou-se um

questionário/matriz abordando trinta aspectos relativos ao SGSST implantado

pela empresa. Cada um desses aspectos foi avaliado de forma percentual pelos

participantes (0% = discordo plenamente, 25% = discordo parcialmente, 50% =

não concordo nem discordo, 75% = concordo parcialmente e 100% = concordo

plenamente), valores que, na opinião de cada respondente, representava o valor

mais próximo da aderência ao aspecto avaliado.

Nas próximas páginas, serão analisadas as respostas dadas e tecidos alguns

comentários sobre os resultados.

A título de simplificação e sem prejuízo da qualidade da análise, os aspectos em

que houve consistente convergência das respostas de todas as três categorias de

público-alvo trabalhadas (eletricistas, técnicos e níveis de gestão) serão

analisados e comentados de forma global. Caso contrário, na divergência nas

respostas, a análise será feita para cada grupo respondentes.

Além disso, serão consideradas de forma agrupada as respostas como segue:

Respostas direcionadas para 0% ou 25% serão consideradas ruins;

Repostas direcionadas para 50% neutras;

Respostas direcionadas para 75% ou 100% serão consideradas boas.

Finalmente, considerar-se-á consistente a convergência de mais de 90% das

respostas dadas a um dos 3 grupos mencionados: 0%-25%, 50% e 75%-100%,

desta forma fazendo-se apenas a análise global das respostas, já mencionada.

Seguem-se as respostas aos 30 itens que compõem o questionário.

Page 87: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

87

Questão 1 – Política de SSO: Há política de segurança e saúde claramente

definida e praticada por todos os colaboradores da organização?

A figura 15 apresenta os resultados obtidos para a questão 1.

TOTAL

0

3

19

112

185

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 15 – Tabulação respostas dadas para a questão 1

Fonte: Questionário aplicado

Noventa e três por cento das respostas dadas à questão 1 foram direcionadas a

75% ou 100% de aderência, o que indica forte convergência das repostas no

sentido de perceber a existência e efetividade da Política de SSO implantada pela

empresa.

Além disso, a ausência de propostas envolvendo a Política de SSO nas

sugestões de melhoria formuladas pelos participantes da pesquisa atesta forte

concordância destes com a política estabelecida.

Questão 2 – Segurança como valor organizacional: A segurança é um valor da

organização expressado por todos os seus trabalhadores, independentemente do

nível hierárquico?

A figura 16 apresenta os resultados obtidos para a questão 2.

Page 88: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

88

TOTAL

0

1

10

88

220

0 50 100 150 200 250

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 16 – Tabulação respostas dadas para a questão 2

Fonte: Questionário aplicado

Noventa e sete por cento das respostas dadas à questão 2 foram direcionadas a

75% ou 100% de aderência, indicando forte convergência das repostas no sentido

da percepção de que a segurança é um valor da empresa.

Novamente não há registro de sugestões de melhoria em relação a esse aspecto

avaliado.

Questão 3 – Normativos e orientações: Há normativos e orientações sobre

segurança claros e de conhecimento dos trabalhadores?

A figura 17 apresenta os resultados obtidos para a questão 3.

Page 89: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

89

TOTAL

0

10

13

97

199

0 50 100 150 200 250

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 17 – Tabulação respostas dadas para a questão 3

Fonte: Questionário aplicado

Noventa e três por cento das respostas dadas a essa questão foram direcionadas

a 75% ou 100% de aderência. Novamente houve forte convergência das repostas

no sentido de referendar que normativos e orientações fazem parte do SGSST da

empresa.

Também não há menção a necessidade de melhoria para esse item.

Questão 4 – Treinamento / desenvolvimento dos trabalhadores: Os

trabalhadores são adequadamente treinados para suas atividades antes de

iniciarem seu trabalho?

A figura 18 apresenta os resultados obtidos para a questão 4.

Page 90: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

90

TOTAL

0

2

25

126

166

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 18 – Tabulação respostas dadas para a questão 4

Fonte: Questionário aplicado

Noventa e dois por cento das respostas dadas a essa questão foram direcionadas

a 75% ou 100% de aderência. Portanto, forte convergência das repostas,

aprovando os treinamentos aos quais os trabalhadores são submetidos. De fato,

somente para a formação básica dos eletricistas, o curso realizado tem carga

horária de mais de 350 horas entre atividades teóricas e práticas e é muito bem

avaliado pelos eletricistas.

Não obstante a boa avaliação do item, há inúmeras sugestões de melhoria sobre

treinamento, elencadas no item Sugestões de melhoria.

Questão 5 – Conscientização / motivação dos trabalhadores para segurança:

Os trabalhadores estão conscientizados e motivados para desenvolver suas

atividades com segurança?

A figura 19 apresenta os resultados obtidos para a questão 5.

Page 91: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

91

TOTAL

0

3

24

126

166

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 19 – Tabulação respostas dadas para a questão 5

Fonte: Questionário aplicado

Coincidentemente, também esse item registrou noventa e dois por cento das

respostas direcionadas a 75% ou 100% de aderência. Novamente, forte

convergência das repostas relativas à conscientização e motivação para a

segurança.

Mesmo assim, houve algumas sugestões de melhoria em relação a esse aspecto,

o que será verificado no item Sugestões de melhoria a seguir.

Questão 6 – Comportamento preventivo dos trabalhadores: Os trabalhadores

demonstram tal motivação através dos comportamentos expressados na prática?

A figura 20 apresenta os resultados obtidos para a questão 6.

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92

TOTAL

0

8

44

159

108

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 20 – Tabulação respostas dadas para a questão 6

Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e quatro por cento das respostas a esse item foram direcionadas a 75%

ou 100% e este é o primeiro dos itens até aqui abordados onde houve uma

inversão do direcionamento das respostas, com a maioria dos 84% respondentes

optando por 75% de aderência. Isto pode ser interpretado como indicativo de

oportunidades de melhoria no que diz respeito ao comportamento preventivo dos

trabalhadores e, o que é mais interessante, obtido, sobretudo, a partir da opinião

majoritária dos próprios trabalhadores a área operacional.

Ao serem analisadas as respostas por categoria de trabalhadores público-alvo da

pesquisa, apresentadas na figura 21, observa-se a mesma tendência entre os

respondentes do nível operacional, eletricistas e técnicos, coincidente com a visão

dos gerentes participantes.

Corroborando esse resultado, há algumas propostas de melhoria em relação a

esse aspecto expressas no item Sugestões de melhoria a seguir.

Page 93: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

93

ELETRICISTA

0

4

30

112

73

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

3

14

39

26

0 10 20 30 40 50

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

1

0

1

3

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

2

2

0 0,5 1 1,5 2 2,5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

0

1

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

0

0

5

3

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 21 – Tabulação respostas dadas para a questão 6 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 7 – Comprometimento dos níveis de comando com a segurança: Os

níveis de comando estão comprometidos com os aspectos de segurança e

externalizam tal comprometimento?

A figura 22 apresenta os resultados obtidos para a questão 7.

Page 94: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

94

TOTAL

0

8

35

113

163

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 22 – Tabulação respostas dadas para a questão 7

Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e sete por cento das respostas a este item foram direcionadas a 75% ou

100% e também aqui é interessante abrirmos as respostas por categoria.

Na figura 23, pode-se observar que parte expressiva dos trabalhadores

operacionais (eletricistas e técnicos) apontou aderência de 50% para este item

(15% dessa categoria e 10% do total de respondentes). Outros 50% da categoria

de trabalhadores operacionais indicou a aderência de 75% para este item, o que

representa 34% dos respondentes.

Os 50% de aderência também foi indicado por dois entre oito gerentes que

participaram da pesquisa (25% dos respondentes), o que pode ser traduzido

como uma interessante e construtiva auto-crítica.

Assim, fica evidente a oportunidade de se buscar avançar nesse aspecto,

comprometimento dos níveis de comando com a segurança, fundamental para o

sucesso e melhoria contínua de uma SGSST.

Mais uma vez as propostas dos participantes evidenciam a total coerência dos

resultados aqui discutidos na medida em que há várias sugestões de melhoria no

Page 95: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

95

que se refere aos níveis de comando expressas no item Sugestões de melhoria a

seguir.

ELETRICISTA

0

3

25

84

107

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

5

8

25

44

0 10 20 30 40 50

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

0

0

1

4

0 1 2 3 4 5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

0

4

0 1 2 3 4 5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

0

1

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

0

2

3

3

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 23 – Tabulação respostas dadas para a questão 7 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 8 – Responsabilidades dos níveis de comando com a segurança: A

liderança tem responsabilidades claramente definidas em relação à segurança e

prevenção de acidentes?

A figura 24 apresenta os resultados obtidos para a questão 8.

Page 96: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

96

TOTAL

0

8

24

118

169

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 24 – Tabulação respostas dadas para a questão 8

Fonte: Questionário aplicado

Noventa por cento das respostas dadas a esta questão foram direcionadas a 75%

ou 100% de aderência, o que indica forte convergência das repostas. Interessante

notar que, não obstante as respostas e respectivas discussões relativas à questão

7 indicarem a necessidade de intensificação do comprometimento dos níveis de

comando para com a segurança, a visão da maioria dos participantes é de que

suas responsabilidades (níveis de comando) em relação à segurança estão sim

claramente definidas.

Questão 9 – Segurança é estratégia empresarial: A segurança dos

trabalhadores é administrada como estratégia empresarial e interfere de forma

decisiva nas decisões organizacionais?

A figura 25 apresenta os resultados obtidos para a questão 9.

Page 97: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

97

TOTAL

0

8

21

92

198

0 50 100 150 200 250

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 25 – Tabulação respostas dadas para a questão 9

Fonte: Questionário aplicado

Noventa e um por cento das respostas dadas a esta questão direcionaram-se a

75% ou 100% de aderência. Novamente há expressiva convergência das

respostas.

Aparentemente, este resultado está lastreado nos programas e ações

desenvolvidos pela empresa que dão ênfase ao seu compromisso para com a

segurança e saúde de seus trabalhadores, compromisso esse indispensável ao

sucesso de um SGSST, como evidenciado por vários autores já mencionados no

presente trabalho.

Mais uma vez aqui há coerência do resultado com as propostas dos

trabalhadores. Não há indicações de melhorias para esse aspecto avaliado.

Questão 10 – Metas claramente estabelecidas: São estabelecidas metas claras

em relação à prevenção de acidentes e discutidas com os trabalhadores?

A figura 26 apresenta os resultados obtidos para a questão 10.

Page 98: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

98

TOTAL

0

12

24

106

177

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 26 – Tabulação respostas dadas para a questão 10

Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e nove por cento das respostas dadas a esta questão direcionaram-se a

75% ou 100% de aderência e, portanto, o resultado está muito próximo aos 90%

estabelecidos para a análise das respostas em conjunto, o que sugere não haver

muito a avançar nesse aspecto.

De fato, ao serem analisadas as respostas por categorias de participantes,

indicadas na figura 27, nota-se predominância das respostas direcionadas aos

100% (55% dos respondentes), indicando o conhecimento e clareza das metas

estabelecidas. Também não há sugestões em relação a esse tema no item

Sugestões de melhoria a seguir.

Page 99: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

99

ELETRICISTA

0

10

18

72

119

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

2

5

31

44

0 20 40 60

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

0

0

1

4

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

0

4

0 1 2 3 4 5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

0

1

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

0

1

2

5

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 27 – Tabulação respostas dadas para a questão 10 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 11 – EPI – Equipamentos de Proteção Individual adequados: Os EPI

disponibilizados pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequados aos

trabalhos desenvolvidos?

A figura 28 apresenta os resultados obtidos para a questão 11.

Page 100: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

100

TOTAL

0

6

18

73

222

0 50 100 150 200 250

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 28 – Tabulação respostas dadas para a questão 11

Fonte: Questionário aplicado

Noventa e dois por cento das respostas estão entre 75% e 100% de aderência,

indicando forte convergência das respostas.

Não obstante, vale apenas evidenciar que as respostas dos eletricistas e técnicos

a este item foram muito positivas, o que é de fundamental importância, pois são

eles quem cotidianamente utilizam os EPI. Coincidentemente, noventa e dois por

cento dessa categoria de respondentes (eletricistas e técnicos) atestaram a

qualidade e adequação dos EPI, indicando aderências entre 100% e 75% de

acordo com a figura 29.

Necessário mencionar que mesmo com o reconhecimento da qualidade e

adequação dos EPI, há várias sugestões a propósito da melhoria desses

equipamentos, assim como da metodologia de sua escolha e análise no item

Sugestões de melhoria a seguir. Natural que isso ocorra, na medida em que este

é um aspecto que afeta de forma muito particular e intensa a rotina de trabalho

dos trabalhadores de nível operacional da empresa (eletricistas e técnicos).

Page 101: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

101

ELETRICISTA

0

4

9

56

150

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

2

8

14

58

0 20 40 60 80

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 29 – Tabulação respostas dadas para a questão 11 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 12 – EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva adequados: Os EPC

disponibilizados pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequados aos

trabalhos desenvolvidos?

A figura 30 apresenta os resultados obtidos para a questão 12.

TOTAL

0

5

16

132

166

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 30 – Tabulação respostas dadas para a questão 12

Fonte: Questionário aplicado

Page 102: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

102

Noventa e três por cento das respostas estão entre 75% e 100% de aderência, o

que indica forte convergência das respostas a esse aspecto analisado.

Necessário mencionar que há um forte direcionamento das respostas para os

75%, o que aponta para a possibilidade de melhorias, mesmo considerando a

adequação geral dos EPC. As várias propostas feitas no item Sugestões de

melhoria a seguir atestam esta conclusão.

Questão 13 – Ferramentas e veículos adequados: As ferramentas

disponibilizadas pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequadas aos

trabalhos desenvolvidos?

A figura 31 apresenta os resultados obtidos para a questão 13.

TOTAL

3

34

76

145

61

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 31 – Tabulação respostas dadas para a questão 13

Fonte: Questionário aplicado

Apenas sessenta e cinco por cento dos participantes indicaram 75% ou 100% de

aderência a este item, o que indica que deve haver várias oportunidades de

melhoria associadas aos veículos e ferramentas disponibilizados pela empresa.

Os 75% de aderência foram a escolha principal de quase todas as categorias de

respondentes (45% dos respondentes) e a opção pelos 50% também foi relevante

(24% dos respondentes). Interessante notar que, como expresso na figura 32, não

Page 103: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

103

somente os eletricistas e técnicos, mais envolvidos com as ferramentas e veículos

operacionais, mas também os níveis de comando (técnicos e engenheiros líderes,

engenheiros e gerentes) responderam de forma a indicar que há medidas a serem

tomadas para evolução da qualidade de veículos e equipamentos.

O resultado desta tendência é que há várias propostas de melhoria elencadas

pelos participantes da pesquisa no item Sugestões de melhoria a seguir.

ELETRICISTA

2

24

51

105

37

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

1

9

20

32

20

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

0

1

3

1

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

2

2

0 0,5 1 1,5 2 2,5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

1

0

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

1

4

2

1

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 32 – Tabulação respostas dadas para a questão 13 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 14 – Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e

ferramentas: Há participação dos trabalhadores na escolha e avaliação técnica

de EPI, EPC e ferramentas?

A figura 33 apresenta os resultados obtidos para a questão 14.

Page 104: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

104

TOTAL

22

65

79

113

40

0 20 40 60 80 100 120

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 33 – Tabulação respostas dadas para a questão 14

Fonte: Questionário aplicado

Apenas quarenta e oito por cento do público-alvo direcionou suas respostas para

75% ou 100%. Embora a prevalência neste item tenha sido os 75% (35% dos

respondentes), há também forte direcionamento para os 50% e 25% analisados

de forma conjunta (45% dos respondentes). Assim, é evidente a oportunidade de

melhoria relativa à participação dos trabalhadores na escolha de EPI, EPC e

ferramentas.

Ao se analisar a figura 34, que contém as respostas por categoria de

trabalhadores, fica evidente o posicionamento crítico dos trabalhadores

operacionais em relação a sua participação no processo, à medida que juntos,

eletricistas e técnicos, cravaram os 25% ou 50% no total de 38% do público-alvo

objeto da pesquisa. Além disso, 22 deles acreditam que não há participação

alguma de sua parte na definição de EPI, EPC e ferramentas. Isso representa 7%

do total dessa categoria de público-alvo, o que não é desprezível.

As várias propostas contidas no item Sugestões de melhoria a seguir atestam o

resultado ora comentado.

Page 105: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

105

ELETRICISTA

17

47

58

72

25

0 20 40 60 80

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

5

16

18

33

10

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

1

2

1

1

0 1 2 3

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

1

0

2

1

0 0,5 1 1,5 2 2,5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

1

0

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

0

1

4

3

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 34 – Tabulação respostas dadas para a questão 14 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 15 – Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco:

Trabalhadores têm a real possibilidade de interromper os trabalhos quando em

condição de risco?

A figura 35 apresenta os resultados obtidos para a questão 15.

Page 106: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

106

TOTAL

1

12

32

70

204

0 50 100 150 200 250

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 35 – Tabulação respostas dadas para a questão 15

Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e seis por cento do público-alvo respondeu 75% ou 100% em relação a

este importante aspecto.

A figura 36 detalha a resposta dos eletricistas e técnicos (nível operacional) e traz

a preocupação em função de 44 trabalhadores terem relevantes dúvidas sobre a

possibilidade de interromperem suas atividades em condição de risco. São 15%

de trabalhadores que não estão tranqüilos em relação a essa decisão que pode,

na prática, determinar a ocorrência ou não de um acidente.

Embora não tenham sido apontadas sugestões sobre este aspecto, sem dúvida

este é um tema a ser mais bem tratado e divulgado pela empresa.

Page 107: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

107

ELETRICISTA

1

10

25

48

135

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

2

7

20

53

0 20 40 60

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 36 – Tabulação respostas dadas para a questão 15 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 16 – Cumprimento das exigências legais: A empresa cumpre todas

as exigências legais relativas à segurança do trabalho relacionadas ao seu

trabalho?

A figura 37 apresenta os resultados obtidos para a questão 16.

TOTAL

4

4

33

95

183

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 37 – Tabulação respostas dadas para a questão 16

Fonte: Questionário aplicado

Page 108: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

108

Oitenta e sete por cento indicaram os percentuais 75% ou 100% de aderência

para este aspecto.

A figura 38 mostra a variação de repostas por categoria de respondentes e pode-

se notar que à exceção de quatro técnicos, que acreditam que a empresa não

cumpre suas obrigações legais relativas à segurança envolvida com seus

trabalhos, os demais profissionais apontam para uma situação adequada deste

importante aspecto.

Também é interessante mencionar a visão bastante crítica de um gerente,

sobretudo porque faz parte das responsabilidades desse nível de empregados

zelar pelo cumprimento da legislação de SSO aplicável à empresa.

ELETRICISTA

0

3

24

67

125

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

4

0

7

24

47

0 10 20 30 40 50

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

0

0

1

4

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

0

4

0 1 2 3 4 5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

1

0

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

1

2

2

3

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 38 – Tabulação respostas dadas para a questão 16 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 17 – SESMT adequado: O SESMT – Serviço Especializado em

Segurança e Medicina do Trabalho é adequado ao risco da empresa e conta com

profissionais atuantes?

Page 109: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

109

A figura 39 apresenta os resultados obtidos para a questão 17.

TOTAL

0

8

34

132

145

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 39 – Tabulação respostas dadas para a questão 17

Fonte: Questionário aplicado

Também nesse aspecto, oitenta e sete por cento dos respondentes indicaram os

percentuais 75% ou 100% de aderência.

Interessante mencionar que, como demonstrado na figura 40, em relação a

eletricistas e técnicos, houve um número expressivo de participantes elegendo os

75% de aderência (43% dessas categorias de trabalhadores). Ou seja, mesmo a

empresa optando pelo dimensionamento de seu SESMT com um número superior

de profissionais ao exigido pela NR-451 que rege o assunto, há uma percepção

por parte do nível operacional de que isso não é suficiente.

Embora não tendo sido registradas sugestões de melhoria para este aspecto, há

que se considerar esse resultado para ações futuras na medida em que o nível

operacional é o mais próximo dos profissionais que compõem o SESMT,

sobretudo no que se refere aos técnicos de segurança.

51 NR-4: Norma Regulamentadora n0 4 – SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.

Page 110: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

110

ELETRICISTA

0

8

25

89

97

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

0

8

39

35

0 10 20 30 40 50

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 40 – Tabulação respostas dadas para a questão 17 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 18 – Segurança com empresas contratadas: O nível de segurança

das empresas contratadas é o mesmo que têm os trabalhadores da contratante?

A figura 41 apresenta os resultados obtidos para a questão 18.

TOTAL

36

128

91

56

8

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 41 – Tabulação respostas dadas para a questão 18

Fonte: Questionário aplicado

Page 111: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

111

Esse foi um dos aspectos com pior avaliação pelo público-alvo, com apenas vinte

por cento dele indicando as aderências 75% ou 100%. As oitenta por cento

respostas restantes ficaram assim distribuídas:

29% de respondentes apontaram a aderência de 50% (91 participantes);

40% de respondentes apontaram a aderência de 25% (128 participantes);

11% de respondentes apontaram a aderência de 0% (36 participantes).

De fato, ao verificarmos as respostas por categoria de respondentes expressas na

figura 42, nota-se baixíssima avaliação de todos em relação à segurança com as

empresas contratadas, o que é totalmente corroborado, tanto pelas estatísticas de

acidentes registradas pela empresa em relação a suas contratadas, quanto pelas

propostas de melhoria contidas no item Sugestões de melhoria a seguir. Esse

aspecto será mais discutido na conclusão do presente trabalho.

ELETRICISTA

27

91

59

37

5

0 20 40 60 80 100

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

9

32

26

13

2

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

1

2

1

1

0 0,5 1 1,5 2 2,5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

2

2

0

0 0,5 1 1,5 2 2,5

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

1

0

0

0

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

3

2

3

0

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 42 – Tabulação respostas dadas para a questão 18 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Page 112: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

112

Questão 19 – Segurança com a população: A empresa investe suficientemente

na conscientização da população de modo geral no que diz respeito aos riscos de

suas redes e instalações?

A figura 43 apresenta os resultados obtidos para a questão 19.

TOTAL

11

65

92

109

42

0 20 40 60 80 100 120

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 43 – Tabulação respostas dadas para a questão 19

Fonte: Questionário aplicado

Novamente nesse caso a avaliação dos respondentes foi ruim. Apenas quarenta e

sete por cento deles optaram pelas aderências 75% ou 100%. Houve forte

direcionamento para as aderências 50% ou 25% (49%) e onze respondentes

indicaram zero por cento de aderência.

A figura 44 apresenta as opiniões por categoria de participante e todas apontam

para uma inequívoca oportunidade de melhoria das ações da empresa em relação

a este item. Isto é também corroborado pela estatística de acidentes elétricos

envolvendo a população, assim como pelo expressivo número de propostas

relativas ao tema e que estão expressas no item Sugestões de melhoria a seguir.

O tema será retomado na conclusão do trabalho.

Page 113: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

113

ELETRICISTA

6

45

69

68

31

0 20 40 60 80

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

5

16

23

31

7

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

1

0

3

1

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

1

0

3

0

0

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

0%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

1

0

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

2

0

3

3

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 44 – Tabulação respostas dadas para a questão 19 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Page 114: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

114

Questão 20 – Comunicação sobre SSO: A comunicação de fatos relativos à

segurança e saúde é adequada na empresa e os meios utilizados são eficazes?

A figura 45 apresenta os resultados obtidos para a questão 20.

TOTAL

0

9

64

159

87

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 45 – Tabulação respostas dadas para a questão 20

Fonte: Questionário aplicado

Setenta e sete por cento das respostas a este item foram direcionadas a 75% ou

100% de aderência e a figura 46 mostra as respostas das categorias eletricistas e

técnicos com percentual representativo, tendo elegido a aderência de 50% (21%

dos respondentes dessas categorias), ou seja, há necessidade evidente de

melhoria em relação à comunicação sobre SSO.

Page 115: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

115

ELETRICISTA

8

47

108

56

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

1

15

42

24

0 20 40 60

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 46 – Tabulação respostas dadas para a questão 20 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 21 – Auditorias internas: São realizadas auditorias internas e seus

resultados são eficazes?

A figura 47 apresenta os resultados obtidos para a questão 21.

TOTAL

2

23

64

150

80

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 47 – Tabulação respostas dadas para a questão 21

Fonte: Questionário aplicado

Page 116: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

116

Setenta e dois por cento do público-alvo indicou as aderências de 75% ou 100%

para este aspecto. Assim, há pontos de melhoria possíveis, alguns indicados no

item Sugestões de melhoria a seguir.

Novamente nesse item a divergência mais marcante foi entre o nível operacional,

como demonstram os dados da figura 48. Quarenta e sete por cento deste

público-alvo apontou a aderência 75% contra apenas vinte e quatro por cento que

indicou a aderência 100%.

Outros vinte por cento desses grupos opinaram pela aderência de 50% e sete por

cento deles apontaram os 25% de aderência, numa clara indicação de

discordância em relação a esse aspecto.

ELETRICISTA

1

14

52

99

53

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

1

9

12

41

19

0 10 20 30 40 50

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 48 – Tabulação respostas dadas para a questão 21 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 22 – Auditorias externas: São realizadas auditorias externas (de

terceira parte) e seus resultados são eficazes?

A figura 49 apresenta os resultados obtidos para a questão 22.

Page 117: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

117

TOTAL

8

33

85

123

70

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 49 – Tabulação respostas dadas para a questão 22

Fonte: Questionário aplicado

Apenas sessenta por cento dos respondentes indicaram as aderências 75% ou

100% para este item. Como atestam os dados indicados na figura 50, novamente

aqui os eletricistas e técnicos são a voz destoante e, a julgar pelas propostas de

melhoria, embasadas em pontos concretos de falhas a serem corrigidas.

Vinte e oito por cento dessas categorias de respondentes opinaram pela

aderência de 50% e outros onze por cento apontaram os 25% de aderência.

Nesse aspecto, há ainda um grupo não desprezível de três por cento que

desconhece a realização das auditorias externas ou não acreditam em sua

eficácia.

Page 118: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

118

ELETRICISTA

5

22

71

76

45

0 20 40 60 80

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

3

11

14

37

17

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 50 – Tabulação respostas dadas para a questão 22 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 23 – Investigação e análise de acidentes e incidentes: A empresa

possui um sistema de investigação e análise de acidentes adequado e eficaz?

A figura 51 apresenta os resultados obtidos para a questão 23.

TOTAL

1

14

50

134

120

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 51 – Tabulação respostas dadas para a questão 23

Fonte: Questionário aplicado

Page 119: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

119

Oitenta por cento dos trabalhadores participantes da pesquisa acredita

plenamente (100% de aderência) ou quase totalmente (75% de aderência) no

método de investigação e análise de acidentes e incidentes adotado pela

empresa.

Novamente as dúvidas mais significativas estão entre os trabalhadores do nível

operacional, como demonstrado na figura 52. Vinte e um por cento deles

apontaram as aderências 50% ou 25%, o que indica opiniões críticas em relação

à investigação e análise dos acidentes/incidentes.

ELETRICISTA

1

10

37

96

75

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

4

12

34

32

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 52 – Tabulação respostas dadas para a questão 23 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 24 – Gestão de mudança de pessoas: As pessoas que assumem

novas responsabilidades são treinadas em suas novas tarefas e sobre os riscos

inerentes a elas?

A figura 53 apresenta os resultados obtidos para a questão 24.

Page 120: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

120

TOTAL

3

22

57

138

99

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 53 – Tabulação respostas dadas para a questão 24

Fonte: Questionário aplicado

Setenta e quatro por cento dos entrevistados apontaram as aderências 75% ou

100% para este quesito e outra vez são os eletricistas e técnicos os que

concluíram por menores aderências. Os dados da figura 54 dão conta de que

vinte e cinco por cento deste público-alvo apontou as aderências de 50% ou 25%,

o que indica que os treinamentos direcionados àqueles trabalhadores

operacionais precisam sofrer análise a fim de que sejam identificadas as

oportunidades de melhoria a serem implementadas.

De fato, o item Sugestões de melhoria a seguir aponta uma série de propostas de

melhoria para o treinamento dos trabalhadores em geral.

Page 121: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

121

ELETRICISTA

3

12

36

92

76

0 50 100

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

9

19

35

19

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 54 – Tabulação respostas dadas para a questão 24 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 25 – Integridade/qualidade das instalações: As instalações elétricas

(o ativo da empresa) são adequadas e se encontram em bom estado de

conservação?

A figura 55 apresenta os resultados obtidos para a questão 25.

TOTAL

6

47

96

121

49

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 55 – Tabulação respostas dadas para a questão 25

Fonte: Questionário aplicado

Page 122: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

122

Apenas cinqüenta e três por cento dos entrevistados optaram pelas aderências de

100% ou 75% para este aspecto e entre quase todas as categorias abordadas na

pesquisa foram registradas aderências de 50% ou 25%, numa clara indicação de

que a empresa tem muito a melhorar em relação aos seus ativos.

Dados indicados na figura 56 dão conta de que quarenta e oito por cento dos

eletricistas e técnicos, trabalhadores que atuam diretamente nas instalações

elétricas da empresa, apontaram aderências de 50%, 25% ou mesmo zero por

cento para este importante aspecto.

Interessante também mencionar que entre os gerentes que responderam à

pesquisa, sessenta e três por cento indicou a aderência de 50% relativa à

adequação do ativo da empresa.

Ou seja, trata-se de preocupante convergência de opiniões que deve ser

considerada e cujas contribuições visando à melhoria são muitas e estão

explicitadas no o item Sugestões de melhoria a seguir.

Page 123: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

123

ELETRICISTA

2

37

64

81

35

0 50 100

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

3

10

27

33

9

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

1

0

0

3

1

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

1

3

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

0

1

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

0

5

3

0

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 56 – Tabulação respostas dadas para a questão 25 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 26 – Gestão de mudança na instalação: As alterações ou mudanças

nas instalações são prontamente incorporadas à documentação e comunicadas a

todos os trabalhadores, sobretudo aquelas que possam implicar em riscos?

A figura 57 apresenta os resultados obtidos para a questão 26.

Page 124: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

124

TOTAL

9

66

84

109

51

0 20 40 60 80 100 120

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 57 – Tabulação respostas dadas para a questão 26

Fonte: Questionário aplicado

Neste item as aderências de 75% e 100% foram indicadas somente por 50% do

público-alvo da pesquisa e os níveis operacionais mais uma vez foram os

responsáveis pela avaliação pouco positiva verificada.

A figura 58 apresenta as respostas de eletricistas e técnicos onde se pode

verificar que cinqüenta e dois por cento dessas categorias de respondentes

apontaram para aderências iguais ou inferiores a 50%, numa clara manifestação

de que há espaço para melhoria desse aspecto.

Page 125: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

125

ELETRICISTA

8

46

65

65

35

0 20 40 60 80

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

1

20

17

33

11

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 58 – Tabulação respostas dadas para a questão 26 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 27 – Análise de risco: A empresa possui sistemática adequada de

análise de risco capaz de evidenciar e eliminar/controlar os riscos de acidentes

antes da realização dos trabalhos?

A figura 59 apresenta os resultados obtidos para a questão 27.

TOTAL

0

8

45

117

149

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 59 – Tabulação respostas dadas para a questão 27

Fonte: Questionário aplicado

Page 126: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

126

Oitenta e três por cento dos participantes da pesquisa indicaram aderências de

100% a 75% para este item, portanto, boas avaliações em relação à metodologia

de análise de risco adotada pela empresa.

Não obstante, outra vez estão entre eletricistas e técnicos (níveis operacionais) as

críticas mais contundentes, como pode ser verificado na figura 60, em que

dezessete por cento deles apontaram aderências de 50% ou 25% para o item. Ou

seja, também em relação a esse aspecto há oportunidade de melhoria.

ELETRICISTA

5

38

78

98

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

3

6

36

37

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 60 – Tabulação respostas dadas para a questão 27 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Questão 28 – Prontidão para emergências: A empresa possui planos de

emergência para situações de acidentes e seus trabalhadores estão prontos a

aplicá-los?

A figura 61 apresenta os resultados obtidos para a questão 28.

Page 127: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

127

TOTAL

7

35

61

132

84

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 61 – Tabulação respostas dadas para a questão 28

Fonte: Questionário aplicado

Sessenta e oito por cento do público-alvo optou pelas aderências de 100% ou

75% para este item e, como demonstrado na figura 62, as opiniões pouco

favoráveis de alguns eletricistas e técnicos (níveis operacionais) ganharam a

companhia das visões de alguns dos gerentes participantes da pesquisa. Sem

sombra de dúvida, há oportunidades de melhoria para esse aspecto.

Page 128: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

128

ELETRICISTA

4

27

47

88

53

0 20 40 60 80 100

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

2

7

13

38

22

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

0

0

2

3

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

3

1

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

0

1

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

1

1

1

1

4

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 62 – Tabulação respostas dadas para a questão 28 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Questão 29 – Exames médicos: São realizados exames médicos periódicos e

os resultados são discutidos com o trabalhador?

A figura 63 apresenta os resultados obtidos para a questão 29.

Page 129: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

129

TOTAL

2

18

37

92

170

0 50 100 150 200

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 63 – Tabulação respostas dadas para a questão 29

Fonte: Questionário aplicado

As aderências de 100% ou 75% foram apontadas por oitenta e dois por cento dos

respondentes. Alguns eletricistas e técnicos avaliaram os exames médicos com

menor favorabilidade, como pode ser verificado na figura 64. Dezoito por cento

deles indicaram aderências iguais ou inferiores a 50% para este item. Há

inúmeras propostas dos trabalhadores pesquisados relacionadas ao assunto no

item Sugestões de melhoria a seguir.

ELETRICISTA

2

16

29

61

111

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

0

2

6

29

45

0 20 40 60

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 64 – Tabulação respostas dadas para a questão 29 por categorias de eletricistas e

técnicos

Fonte: Questionário aplicado

Page 130: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

130

Questão 30 – Qualidade de vida: A empresa realiza ações de incentivo e

promoção da qualidade de vida dos trabalhadores?

A figura 65 apresenta os resultados obtidos para a questão 30.

TOTAL

4

17

47

135

116

0 50 100 150

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 65 – Tabulação respostas dadas para a questão 30

Fonte: Questionário aplicado

Setenta e nove por cento dos pesquisados indicaram as aderências de 100% ou

75% em relação às ações de qualidade de vida desenvolvidas pela empresa.

Novamente os trabalhadores mais críticos encontram-se entre os de nível

operacional (eletricistas e técnicos) e, importante mencionar, alinhados com

alguns dos gerentes respondentes, como evidenciado na figura 66.

Page 131: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

131

ELETRICISTA

2

11

32

95

79

0 50 100

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO

2

5

13

33

29

0 10 20 30 40

0%

25%

50%

75%

100%

TÉCNICO LÍDER

0

0

1

2

2

0 1 2 3

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO

0

0

0

3

1

0 1 2 3 4

0%

25%

50%

75%

100%

ENGENHEIRO LÍDER

0

0

0

1

0

0 0,5 1 1,5

0%

25%

50%

75%

100%

GERENTE

0

1

1

1

5

0 2 4 6

0%

25%

50%

75%

100%

Figura 66 – Tabulação respostas dadas para a questão 30 por categoria de respondentes

Fonte: Questionário aplicado

Sugestões de melhoria

A par da análise qualitativa dos 30 aspectos que, de forma geral, compõem o

SGSST da empresa, também foi solicitado ao público-alvo que opinasse sobre as

ações que deveriam ser tomadas para a melhoria do sistema. Com a finalidade de

organizar as propostas dos empregados respondentes, as ações foram divididas

em quatro grandes grupos:

Elevar: campo onde os participantes do estudo puderam inserir sugestões sobre

o que já tem sido feito e que deveria ser intensificado/elevado;

Criar: campo a ser inseridas propostas do que não tem sido feito e que deveria

ser implantado/criado;

Reduzir: com o objetivo de identificar o que tem sido feito e que deveria ser

reduzido;

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132

Eliminar: espaço para que os participantes pudessem elencar o que tem sido

feito e que deveria ser eliminado, pois, em sua opinião, tais ações não têm trazido

benefício algum ao SGSST.

A riqueza das observações obtidas aponta para um muito adequado

conhecimento do SGSST adotado pela empresa e, mais importante, constitui-se

em rico material para a análise e implantação de uma boa parte delas visando à

melhoria contínua do sistema.

Com o objetivo de melhor organizar as sugestões dos participantes do estudo,

cada um dos grupos de propostas (Elevar, Criar, Reduzir, Eliminar) será dividido

em subgrupos.

Elevar

Nesse campo, foram evidenciadas opiniões/sugestões abordando aspectos como:

Relacionados às empresas contratadas – propostas de melhoria na gestão da

relação da empresa contratante com suas contratadas que, na opinião dos

trabalhadores, o que é evidenciado pelos resultados em termos da ocorrência de

acidentes, merece atenção mais detalhada e cuidadosa.

Relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos – onde se

evidenciou a preocupação dos trabalhadores em relação às condições de

qualidade de equipamentos, ferramentas e veículos utilizados diariamente por

eles no desenvolvimento de suas atividades.

Relacionados à estruturação organizacional – a composição e funcionamento

da estrutura de segurança e saúde da empresa, assim como dos sistemas

concebidos para suportar a gestão de SST foram objeto de considerações neste

campo.

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133

Relacionados à saúde e qualidade de vida – propostas de alteração e, em

alguns casos, intensificação com os cuidados e programas focando a saúde dos

trabalhadores foram os pontos abordados nesse item.

Relacionados ao treinamento – a ampliação da carga horária direcionada aos

treinamentos, a intensificação de treinamentos voltados ao atendimento a

situações de emergência e a abordagem de alguns temas relacionados ao dia-a-

dia dos trabalhadores foram os principais aspectos aqui levantados.

Relacionados à segurança com a população – sugestões sobre ações voltadas

à prevenção de acidentes com a população para a diminuição dos acidentes

registrados foram elencadas nesse tópico. A necessidade é corroborada pelo

grande número de acidentes envolvendo a população e as redes elétricas da

empresa concessionária.

Relacionados ao reconhecimento e participação dos trabalhadores no

SGSST – neste item, basicamente, foi solicitada maior participação dos

trabalhadores em processos que impactam sobre o seu trabalho, como a escolha

de EPI52, assim como maior reconhecimento do trabalho dos mesmos em prol da

prevenção de acidentes.

Relacionados à manutenção dos ativos (instalações elétricas) – importante

aspecto para a prevenção não somente de acidentes com os seus trabalhadores

próprios e terceirizados, como também com a população em geral, a

intensificação da manutenção das instalações da empresa foi objeto de sugestão

neste item.

Relacionados à qualidade dos EPI – embora com uma metodologia de

participação dos trabalhadores, houve a indicação da necessidade de se

intensificar este processo.

52 EPI – Equipamento de Proteção Individual.

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134

Outros aspectos ainda não mencionados – finalmente, foram mencionados

aspectos mais genéricos que não permitem sua inserção em um subgrupo, nem

por isso menos relevantes e que foram discriminados nesse campo.

O presente trabalho não tem o objetivo de abordar em detalhes as sugestões e

propostas feitas pelos trabalhadores. Não obstante, com o objetivo de registrar

sua riqueza e pertinência, assim como para permitir análise futura de sua

possibilidade de contribuição para a melhoria do SGSST adotado pela empresa,

discrimina-se na tabela 8 as sugestões recebidas.

TABELA 8 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa

concernentes ao que deve ser intensificado (ELEVAR) no SGSST adotado pela empresa

Aspectos

relacionados às

empresas

contratadas

Mais acompanhamento dos serviços de campo das empreiteiras;

O nível de conscientização e acompanhamentos com relação às contratadas;

Melhorar os acompanhamentos das contratadas;

Segurança com contratadas e população;

Inspeções nas empreiteiras;

Fiscalização nas contratadas;

Relacionamento com empreiteiras;

Reuniões entre contratadas e a empresa contratante;

Acompanhar serviços de contratadas, pois encontramos cada absurdo;

Aumentar muito as inspeções nas contratadas;

Grau de conscientização dos colaboradores quanto à segurança,

principalmente as contratadas;

Segurança com as contratadas, ter maior participação, adequação e

cobranças;

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Condições de vestimentas e ferramental das contratadas;

Elevar o número de inspeções nas contratadas;

Exigir treinamentos nas empresas contratadas, melhores inspeções;

Segurança com contratadas;

Segurança com empresas contratadas;

Fiscalização de Empreiteiras (nível de comando);

Aumentar a fiscalização das empresas contratadas (nível de comando);

Segurança com empresas contratadas (nível de comando).

Aspectos

relacionados à

qualidade de

ferramentas,

equipamentos e

veículos

Melhorar a qualidade de veículos de trabalho para atender em qualquer local –

rural e urbano – pois os existentes são adequados somente para zonas

urbanas (pneus inadequados, escadas inadequadas);

Ferramentas e veículos adequados;

Existem no mercado ferramentas mais completas facilitando o dia-a-dia dos

colaboradores;

O grau de preocupação com ergonomia e ferramental;

Melhorar as manutenções nos veículos pelos terceiros;

Melhorar a qualidade da manutenção dos veículos;

A qualidade das oficinas de manutenção dos veículos;

Compra de ferramenta;

Ferramentas e veículos adequados;

Melhorar as acomodações de ferramentas nos veículos de segurança com as

empresas contratadas;

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Acomodações de ferramentas dos veículos da companhia;

Maior rigor na manutenção de veículos;

Equipamentos hidráulicos adequados e compatíveis com as elevações de

carga existentes na empresa;

Compra de veículos mais aptos a serviços nas linhas vivas em condições de

chuva;

Melhores condições na área rural, com melhores equipamentos, veículos,

binóculos, rádios;

O investimento em equipamentos e ferramentas adequados para o dia a dia

de trabalho;

Melhorar a qualidade dos veículos (nível de comando);

Ferramentas e veículos adequados (nível de comando);

Melhorar veículos utilizados, em plano de substituição idade versus

quilometragem (nível de comando).

Aspectos

relacionados à

estruturação

organizacional

Aproximação maior do SESMT corporativo dos descentralizados;

Difundir os conceitos das planilhas de controle: controle de perdas, análise de

riscos, etc.;

Peso da segurança na avaliação pessoal dos colaboradores;

O nº de locais visitados pelas auditorias (principalmente EA’s53 2 e EA’s 3);

Aumentar o número de inspeções em campo do técnico de segurança;

Elevar a inspeção da rede urbana e rural, pois hoje praticamente é corretiva;

Melhorar condições de trabalho dos profissionais de segurança do trabalho

com maior apoio da área corporativa;

Sistema de controle de perdas e gestão e riscos ocupacionais;

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137

Entrosamento do PRS com demais departamentos na busca de um

entendimento maior por parte dos líderes no que tange assuntos de segurança

dos trabalhadores;

Implementar mais rápido os EPI’s aprovados pelos trabalhadores como ex: a

capa de chuva;

Melhorar o canal de informação sobre os riscos de acidentes em nossas

redes: elétricas da CIA para a população;

Melhorar o canal de informações sobre os resultados das auditorias externas e

seus resultados e suas providencias a serem tomadas;

Comprimento da NR 10;

Sistema de avaliação da pessoa envolvida na segurança do trabalho

(técnicos);

Concluir e implantar normas de segurança no sistema de transmissão;

Aumenta a participação dos engenheiros de segurança junto às equipes em

trabalhos no campo;

Cumprimento das exigências legais;

Ações preventivas contra acidentes;

Incentivo dos líderes com gestão de segurança;

Acompanhamento das equipes para técnico de segurança;

Inspeções de assaltos;

Convidar um número maior de eletricistas em reunião de CIPA;

Acompanhamento do técnico de segurança, técnico líder e engenheiro com

mais freqüência;

O número de inspeções de segurança durante as tarefas executadas na rede

elétrica por empreiteiras e contratadas;

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Divulgar de forma adequada a todos os profissionais da área quando houver

alguma mudança no padrão ou norma;

Seguir à risca as normas da NR-10 (nível de comando);

Comportamento preventivo dos trabalhadores (nível de comando);

Contato entre engenheiros e médicos deveria ser maior com as equipes do

interior/ campo (nível de comando);

Visitas das áreas corporativas às regionais (nível de comando).

Aspectos

relacionados à

saúde e

qualidade de

vida

Voltar os periódicos LV, como exemplo esteira, cardiologia;

A qualidade dos exames médicos face à superficialidade dos exames que não

revelam a real situação do empregado;

Nos exames periódicos para os eletricistas de LV, acrescentar os exames de

eletro como antes;

Ginástica laboral escritórios;

Elevar qualidade dos protetores solares, ou seja, para grau de proteção real

de 30 – Fator de Proteção Solar. Os protetores anteriores eram melhores;

Exames médicos obrigatórios: cardiologia, dermatologia;

Exame médico mais completo;

Medicina no trabalho mais abrangente;

Efetivamente elevar o grau da qualidade de vida, com programas mais

adequados e horários mais flexíveis para participação, por exemplo, na

academia;

Fazer exames médicos mais completos;

Quantidade de exames periódicos e aumentar programa de qualidade de vida;

Fazer contato com funcionários afastados por motivo de doença;

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Exames médicos mais completos;

A quantidade de exames médicos;

Qualidade dos exames médicos periódicos, voltando a ser realizados exames

como vista, coração, que eram realizados antes da privatização;

Os programas de qualidade de vida, com ginástica laboral, convênios com

hotéis e pousadas, convênios com clubes;

Número de exames médicos (ex: Cardiológico, eletroencefalograma);

Inclusão de tipos dos exames médicos;

Integridade do trabalhador;

Qualidade de vida – reduzir a cobrança do horário de saída, aceitar que

colaboradores tenham compromissos pós-horário de trabalho (nível de

comando).

Aspectos

relacionados ao

treinamento

Palestras sobre medicina e segurança do trabalho;

O nível de treinamento com relação ás situações emergenciais;

Manter as reuniões de segurança como forma de divulgação de normas e

diretrizes;

Mais treinamento;

Treinamento sobre conduta no trânsito. Ex: Reciclagem direção defensiva;

Aperfeiçoar cursos e treinamentos para linha de frente;

Treinamento de tarefas padronizadas (padrão);

Treinamentos em equipamentos e subestações;

Melhorar o treinamento do pessoal a novos equipamentos e ferramentas de

trabalho;

Treinamentos sobre segurança, “Elevar nunca é demais”;

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Elaborar carga horária dos treinamentos;

Comportamento preventivo dos trabalhadores, desenvolver campanhas mais

eficazes, assim como, acompanhar e até punir determinados casos;

Comportamento preventivo dos trabalhadores;

Treinamentos mais eficazes e antes da entrada dos equipamentos novos em

funcionamento;

Reciclagens em cursos relativos à segurança (primeiros socorros);

A conscientização dos colaboradores por ajuda comportamental;

Elevar o nível de conscientização dos colaboradores quanto à segurança no

trabalho;

Treinamentos de manutenção em S/Es54;

Treinamento para prontidão de emergências;

Orientação sobre segurança;

Treinamento quanto à aquisição de equipamentos novos;

Treinamentos, capacitação, reciclagem para tarefas de risco;

Melhor treinamento nas implantações de novas tecnologias;

Treinamentos de novos equipamentos. (instalações).

Aspectos

relacionados à

segurança com a

população

Programas para conscientizar a população para o perigo de as crianças

soltarem pipas próximas à rede elétrica. Ex: escolas, comunidades;

Ampliar informação à população, principalmente de baixa renda (nível de

comando);

Segurança com a população (nível de comando).

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Aspectos

relacionados ao

reconhecimento

e participação

dos

trabalhadores no

SGSST

Maior participação dos trabalhadores na escolha de ferramentas, veículos e

materiais;

Consultar mais os eletricistas nas compras dos EPI’s, principalmente luvas de

proteção de borracha (classe 2);

A participação dos eletricistas na definição de novas ferramentas e/ou

materiais;

Ações administrativas com colaboradores negligentes, imperitos, de tal modo

a incomodar a todos, assim os colaboradores notariam uma ação mais forte,

sobre esse assunto tão importante para a vida dos colaboradores;

Quando na mudança de equipamento de trabalho, pesquisar com os

profissionais que trabalham diretamente com o equipamento, antes de

implantar o novo equipamento;

A participação dos eletricistas nas escolhas dos EPI e EPD;

A participação dos usuários na definição dos veículos;

Incentivo dos colaboradores;

Maior participação na escolha de EPI;

Reconhecimento do colaborador;

Teste de novos equipamentos de segurança em nossa área;

O envolvimento das CIPA no dia-a-dia do trabalhador. Atualmente as CIPA

estão um pouco distantes.

Aspectos

relacionados à

manutenção dos

ativos

(instalações

elétricas)

Manutenção em redes rurais e preventivas urbanas;

Manutenção e inspeção de redes;

Manutenção preventiva nas redes de distribuição;

Manutenção preventiva nas CDR’s e CDV’s;

Manutenção na RDU, postes podres oferecendo perigos;

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Melhorar a qualidade das redes elétricas bem como das ativas, ou seja,

manutenção preventiva;

Qualidade das instalações;

Manutenção em nossas redes.

Aspectos

relacionados à

qualidade dos

EPI

Melhorar nível de equipamento de segurança, como a proteção da luva de

borracha;

Melhorar qualidade de proteção das luvas de borracha;

Qualidade de EPI’s e EPC’s;

Modificar EPI, tais como luvas não adequadas para o procedimento;

A visibilidade dos óculos de segurança evitando o embaçamento.

Outros aspectos

ainda não

mencionados

DSS – Diálogo Semanal de Segurança para DDS – Diálogo Diário de

Segurança;

Salário (três citações);

O número de recrutamento interno para acesso aos cargos técnicos por parte

dos eletricistas habilitados;

Instalações adequadas a quantidade de pessoas da localidade e de acordo

com as necessidades de cada região.

Criar

Como anteriormente mencionado, nesse campo o objetivo foi o de que os

participantes da pesquisa evidenciassem aspectos que ainda não são abordados

e que deveriam ser implementados para a melhoria do SGSST. As

opiniões/sugestões foram direcionadas aos mesmos subgrupos criados a partir

das propostas do que deveria ser intensificado, a saber: relacionados às

empresas contratadas; relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos,

veículos; relacionados à estruturação organizacional; relacionados à saúde e

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qualidade de vida; relacionados ao treinamento; relacionados à segurança com a

população; relacionados ao reconhecimento e participação dos trabalhadores no

SGSST; relacionados à qualidade dos EPI; relacionados a outros aspectos ainda

não mencionados.

Essa é uma situação que, sem dúvida, deve ser objeto de muita atenção por parte

da empresa em estudo na medida em que a sugestão da criação de vários pontos

importantes, e que serão explicitados na tabela 9, indicam ou que os

trabalhadores não estão percebendo/evidenciando as ações já existentes ou que

elas realmente ainda não foram implementadas.

Portanto, é necessário examinar com atenção as propostas dos trabalhadores a

fim de estudar sua viabilidade e, caso positivo, implementá-las com celeridade.

Isso poderá contribuir muito com a melhoria contínua do sistema de gestão

adotado pela empresa.

TABELA 9 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa

concernentes ao que deve ser criado (CRIAR) no SGSST adotado pela empresa

Aspectos

relacionados às

empresas

contratadas

Mecanismo para acompanhar pontualmente o trabalho das empreiteiras;

Como indicado pelos gráficos, atuar nas empresas contratadas quanto á

segurança;

Metodologia para treinamento nas empresas contratadas como para

funcionários próprios;

Métodos de controle de riscos com empresas contratadas;

Mais treinamento de segurança nas contratadas, inclusive com fornecimento

dos materiais para curso;

O responsável da empreiteira deve ser avisado sobre a linha desligada e

assumir a responsabilidade total sobre seus homens, inclusive assinando a

Ordem de Serviço.

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Aspectos

relacionados à

estruturação

organizacional

Método eficaz sobre trabalho em vegetação. Ex: Poda de árvores;

Grupo de estudos com colaboradores para equipes de LV (equipamento

passo-padrão);

Auditorias e inspeções internas sem datas definidas, sem aviso;

Líder de equipe;

Voltar a ter líder de equipe;

Contratação de funcionários na área de eletricista – rede;

Liderança de equipes,, principalmente equipes de LV;

Liderança de equipes reduzidas. Ex: LM, LV;

Mais técnicos de segurança por região. Não deixar um técnico cobrindo 2

regiões;

Sistema de controle das inspeções obrigatórias por parte dos líderes (tipo

follow-up) para controlar ações tomadas para solução das não-conformidades

encontradas;

Reuniões sistematizadas entre os profissionais de segurança do trabalho para

troca de experiência e discussão de assuntos pertinentes;

Definição da nova estrutura organizacional para redução de ansiedade;

Videoconferência na área de segurança com todo o grupo de profissionais de

segurança do trabalho ao menos uma vez por semana;

Identificar os elementos (pessoas) mais propícios para acidentes e trabalhar

neles de forma “individual”, principalmente na parte de conscientização, onde

as palestras já não estão surtindo os efeitos desejados;

Maior envolvimento nas questões de segurança envolvendo RH;

Método de avaliação com critério para interrupção de condições inseguras;

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Mecanismos de trabalho unindo o NR10 e a produtividade em campo;

Fóruns de debates focados na elevação da produtividade, qualidade e

comprometimento para com a empresa;

Uma política de rodízio de trabalho na qual os empregados se inscrevessem

em programas para mudar de área quando passassem muitos anos com uma

mesma função;

Rotatividade funcional, ou seja, de função e/ou atividade para que não fique

repetitivo;

Criar passo-padrão para as atividades do setor de manutenção de subestação

(nível de comando);

Criar plano de evacuação de emergência para todos os prédios (nível de

comando);

Sistema estatístico e de acompanhamento/ gestão do controle de perdas

(nível de comando).

Aspectos

relacionados à

saúde e

qualidade de

vida

Reembolsar 100% do valor do programa vigilantes o peso se atingida a meta;

Fazer exames cardiológicos e neurológicos no periódico;

Fornecer café da manhã – frutas ao trabalhador;

Torneios esportivos de outras modalidades: voleibol, basquete (com equipes

mistas);

Exame médico, ergométrico, eletrocardiograma – periodicamente;

Exames cardiológicos;

Um local para o descanso dos trabalhadores em sua hora de almoço;

Um novo modelo de exame médico periódico;

Exames mais específicos para os cargos;

Como existe o programa (vigilantes do peso), deveria existir um programa

para deixar de fumar;

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Se houver reforma do prédio, se possível uma academia dentro da empresa;

Melhorar os exames médicos;

Colônia de férias para trabalhadores;

Convênios com clubes, especialistas, pousadas que promovam qualidade de

vida extensiva aos familiares;

Planos efetivos de qualidade de vida – fazer o que prega (nível de comando).

Aspectos

relacionados ao

treinamento

Novos cursos sobre os equipamentos instalados constantemente em nossa

rede;

Mais tempo de treinamentos abrindo vagas para todos poderem estar

autorizados a operar todos os equipamentos existentes na empresa;

Formação dos eletricistas: deve ser feita com a real situação de nossas redes,

ou seja, na rua;

Mais habilidade no trabalho desenvolvido, mais segurança;

Nas áreas pessoais para identificar e organizar veículos, trazendo assim

qualidades para desenvolver mais trabalhos;

Criar sistema de treinamento de equipamentos novos nas redes elétricas.

(instalados nas redes);

Treinamento prático de segurança no trânsito com aulas ao volante;

Treinamento, adequação e inclusão de algumas tarefas ao passo padrão;

Treinamento para situações de emergência;

Metodologia de treinamento para novos equipamentos, redes e etc.;

Plano de situação de emergência. Exemplo: condutor ao solo, brigada de

incêndio.

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Aspectos

relacionados à

segurança com a

população

Segurança com a população;

Um órgão interno permanente que discuta, em conjunto com as empresas que

se valem dos postes da empresa, para prestarem seus serviços, aspectos

relativos à sua segurança (principalmente as de telefonia);

Palestras e orientações para o público;

Mecanismos para alertar a população sobre pipas, furtos, etc. (obs.: via

televisão);

Segurança com a população da nossa área com muros em áreas de risco;

Conscientização com crianças de bairros de periferia.

Aspectos

relacionados ao

reconhecimento

e participação

dos

trabalhadores no

SGSST

Prêmio anual para colaboradores que foram referência em segurança;

Incentivos;

Participação dos trabalhadores nas definições de EPI, EPC e ferramentas;

Um método em que os colaboradores possam analisar os EPI na prática para

poder opinar sobre os mesmos e a sua aplicabilidade em campos;

Comissão para análise de EPI com representação dos eletricistas e técnicos;

Incentivo aos trabalhadores que se qualificam. Ex: Fazem curso de

engenharia, pessoas que não estão tendo nenhuma oportunidade na empresa;

Participação dos trabalhadores nas definições, envolver trabalhadores e

líderes para definições para evitar gastos e definições que possam não ser

adequadas às atividades;

A empresa deveria, para qualquer tipo de atualização, modificação ou criação

de EPI e EPC, coletar o maior número de opiniões dos colaboradores possível

e não somente alguns, pois, em minha opinião, isso não ocorre em minha área

e EA;

Um canal para que o colaborador possa participar e opinar na compra destes

equipamentos.

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Aspectos

relacionados à

qualidade dos

EPI

Criar uniformes para a utilização em atividades que não envolvem riscos

elétricos. Ex: manutenção com óleo de equipamentos, serviços de

seccionamento de cercas divisórias de pastos;

Uniforme descente para trabalhar;

Bota cano longo para eletricista de distribuição;

Novamente o bolso na camisa ou na calça no bolso lateral para colocar a

caneta;

Estudar a existência de outros tipos de tecidos FR que sejam menos quentes;

Uniformes diferenciados para trabalhadores diferenciados, como pintura,

trabalho com óleo, soldas;

Inspeção regular de EPI / EPC.

Outros aspectos

ainda não

mencionados

Plano de revisão para os veículos das prefeituras;

Ferramentas para melhor comunicação com os clientes.

Reduzir

Nesse campo, o objetivo foi o de que os trabalhadores participantes da pesquisa

elencassem os aspectos a serem reduzidos, ou porque já cumpriram seus

objetivos ou devido ao fato de não estarem resultando em ganhos concretos. A

visão aqui é a de uma análise de custo-benefício, onde os esforços para a

manutenção das ações/projetos não estão sendo positivos frente aos resultados

obtidos.

Nesse campo, as opiniões/sugestões se direcionaram exclusivamente aos

subgrupos de aspectos relacionados à estruturação organizacional e aqueles

relacionados à qualidade dos EPI. A tabela 10 apresenta as sugestões recebidas

direcionadas a esses dois subgrupos.

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TABELA 10 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa

concernentes ao que deve ser reduzido (REDUZIR) no SGSST adotado pela empresa

Aspectos

relacionados à

estruturação

organizacional

e-mails e publicidade impressa;

Comunicação controle de perdas,via notes, ou seja, que as comunicações

sejam direcionadas às áreas afins. Ex: Como colaborador da transmissão,

creio ser suficiente receber as comunicações apenas das transmissões. Dos

demais casos temos conhecimento nas CIPAs e na reunião de metas da

regional;

“Panelinhas” e competição interna;

APR – Análise Prevencionista de Risco;

Número de riscos criados pelo departamento de engenharia;

Quantidade de corte realizado por dia;

Abertura de garra viva para execução de manutenção em cabines de clientes;

Tempo para avaliação e qualificação de materiais e fornecedores. Exemplo:

cones;

Autoconfiança excessiva;

Normativas e orientações;

Indicação de defeitos originados por falta de equipamentos;

O volume de documentos a serem preenchidos em ligações, pois o

colaborador “foca” no preenchimento de papel e deixa de observar várias

ações ao seu redor;

Tempo do técnico de segurança atrás da mesa;

Viagens longas com indivíduos solitários em veículos pouco confortáveis na

sua maioria;

Utilização da faixa de sinalização; ter bom senso de usar nos serviços ou

áreas que realmente necessitam;

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Serviços sobre escada;

Utilizar calço para veículos apenas em lugares em que precisar;

Algumas burocracias que dificultam o trabalho dos eletricistas. Ex; quantidade

de planilhas que têm que ser preenchidas antes e depois de cada tarefa;

Fazer APR somente em casos atípicos. Ex.: trocar lâmpada: são 10 no dia e

quase sempre no mesmo formato, sendo feito somente em caso específico.

Aspectos

relacionados à

qualidade dos

EPI

Peso dos cones;

Falhas de EPIs (nível de comando);

Prazo de atendimento de uniformes. Sempre falta no interior (nível de

comando).

Eliminar

Finalmente aqui são discriminadas as propostas de pontos que, segundo os

trabalhadores, devem ser eliminados ou descontinuados. A premissa básica é a

de que eles não estão contribuindo com o SGSST adotado pela empresa,

constituindo-se, portanto, em trabalho inútil que em nada agrega para a melhoria

contínua do sistema.

As sugestões de eliminação se concentraram nos seguintes subgrupos

estabelecidos: Aspectos relacionados às empresas contratadas; Aspectos

relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos; Aspectos

relacionados à estruturação organizacional; Aspectos relacionados à manutenção

dos ativos (instalações elétricas) e Aspectos relacionados à qualidade dos EPI.

Com o mesmo objetivo de registrar as propostas para análise detalhada em

estudos futuros, a tabela 11 aponta todas as sugestões de eliminação recebidas.

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TABELA 11 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa

concernentes ao que deve ser eliminado (ELIMINAR) no SGSST adotado pela empresa

Aspectos relacionados às

empresas contratadas

Terceirização e sistema atual de avaliação.

Aspectos relacionados à

qualidade de ferramentas,

equipamentos e veículos

Escada: por causa do peso, acima do que o colaborador é capaz,

causando danos à saúde;

Veículos ultrapassados para atividades.

Aspectos relacionados à

estruturação organizacional

Escala: pois o colaborador deixa de sua vida fora da empresa;

Acidentes;

Abrir chaves facas com “loadbuster”, em manobras, pois são

chaves sem manutenção e com alto risco;

Burocracia;

Centralização dos engenheiros de segurança em Campinas.

(deveriam estar nas regionais);

Políticas em que somente os funcionários são responsáveis pelos

eventos;

Analisar e planejar melhor as atividades – descontentamentos;

Serviços sob chuva;

Quando em um desligamento programado, os eletricistas da

empresa assumem a responsabilidade de entregar a linha para a

empreiteira, assinando a AES – Autorização para Execução de

Serviço;

Punição por falta de uso de algum EPI ou EPC e também por ter

sofrido algum acidente;

Técnico do PMO trabalhando individualmente;

Atraso em entrega de EPI/EPC (nível de comando);

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Trabalho individual. (nível de comando).

Aspectos relacionados à

manutenção dos ativos

(instalações elétricas)

Eliminar redes de cobre que oferecem maior risco ao trabalhador.

Aspectos relacionados à

qualidade dos EPI

Uniforme quente;

Mangas compridas do novo uniforme.

4.6. Análise dos resultados

Comparando as repostas aos questionários com o estágio atual de

desenvolvimento do SGSST, adotado pela empresa em estudo, pode-se concluir

que há um excelente nível de conhecimento do sistema, tanto entre os níveis de

comando quanto junto aos trabalhadores de nível operacional.

Mais do que conhecer, as respostas evidenciam visão crítica muito salutar e que

se manifesta em vários itens associados SGSST em que a população-alvo da

pesquisa identifica falhas e oportunidades de agregar qualidade ao sistema.

Considerando que o objetivo principal do presente trabalho foi o de criar uma

sistemática de avaliação de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do

Trabalho, assim como verificar se a participação dos trabalhadores pode

contribuir com a eficácia de um SGSST através da identificação de possibilidades

de melhoria na ótica dos trabalhadores, a estratégia de aplicação do questionário

foi a de dirigi-lo prioritariamente para eles.

Apenas uma pequena parcela dos respondentes ocupa níveis de gestão dentro

da organização estudada. Assim, a comparação das respostas desses dois

grupos, operacional e de gestão, embora tenha sido realizada, fica um pouco

prejudicada.

Por outro lado, percentualmente, o número de participantes de nível de comando

comparado às outras parcelas de trabalhadores que responderam ao questionário

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153

permite comparação entre os públicos-alvos. Treze vírgula dois por cento (13,2%)

de trabalhadores de nível de comando responderam ao questionário, enquanto

treze por cento (13%) de técnicos e dezessete vírgula três por cento (17,3%) de

eletricistas participaram. Assim, a seguir serão comparados alguns resultados.

A maior parte das trinta questões sobre o SGSST que fazem parte do

questionário foi respondida sem diferenças relevantes entre os trabalhadores de

nível operacional e os de nível de comando. O resultado aponta para uma visão

homogênea de vários aspectos relacionados ao sistema, assim como para a

maturidade dos trabalhadores operacionais que têm clara visão das qualidades e

deficiências do SGSST.

Dois aspectos avaliados destacaram-se pela maior quantidade de respostas

pouco favoráveis (0%, 25% ou 50%). São eles:

Segurança com empresas contratadas;

Segurança com a população.

De fato, os resultados de acidentes com trabalhadores das empresas contratadas

pela empresa objeto do estudo estão alinhados com os dados do setor elétrico

como um todo que apontam para um grande número de acidentes com esses

trabalhadores.

Como indicado na tabela 12, a maior parte dos acidentes fatais entre

trabalhadores no setor elétrico ocorre com aqueles das empresas contratadas

pelas concessionárias de energia elétrica e não com seus empregados diretos.

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154

TABELA 12 – Acidentes do Trabalho Fatais e Percentuais Relativos (trabalhadores próprios e de empresas contratadas) – Setor Elétrico Brasileiro

Ano Indicador

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Acidentes com trabalhadores

próprios - conseqüência fatal

e respectivo percentual

26

(35%)

15

(23%)

17

(20%)

23

(29%)

14

(17%)

9

(15%)

18

(24%)

19

(20%)

13

(18%)

Acidentes com trabalhadores

de empresas contratadas -

conseqüência fatal e

respectivo percentual

49

(65%)

49

(77%)

60

(80%)

55

(71%)

66

(83%)

52

(85%)

57

(76%)

74

(80%)

59

(82%)

Fonte: Elaborada pelo autor a partir da estatística 2007 organizada Fundação COGE com base nas informações de 74 empresas do Setor Elétrico Brasileiro

Portanto, a avaliação negativa em relação à segurança com os trabalhadores das

empresas contratadas pela empresa onde o estudo de caso foi desenvolvido é

correta e demonstra percepção exata do problema por parte dos trabalhadores,

operacionais e de nível de comando.

O mesmo ocorreu em relação ao item que avaliava a opinião dos trabalhadores

sobre a segurança com a população. Os setores de distribuição e de transmissão

de energia elétrica dispõem suas instalações nos logradouros públicos em geral

e, embora construídas seguindo normas nacionais de segurança que determinam,

por exemplo, alturas mínimas de cabos elétricos para evitar o contato acidental,

em algumas situações, tais instalações podem representar risco à população e

suas atividades. Sobretudo quando são desrespeitadas normas básicas de

segurança.

Infelizmente e apesar das campanhas sistematicamente realizadas pelas

empresas, tanto individualmente como através de suas entidades representativas,

o número de acidentes com a população envolvendo instalações elétricas do SEP

– Sistema Elétrico de Potência é muito alto.

Anualmente, centenas de pessoas perdem a vida devido a acidentes com as

redes elétricas de transmissão e distribuição, tendo como origem as mais distintas

causas:

Tentativa de roubo de cabos elétricos;

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155

Tentativa de recuperação de pipas / papagaios que se enroscam nas redes

elétricas;

Toques acidentais de materiais metálicos utilizados na construção civil;

Toques acidentais de antenas de televisão no momento de sua instalação;

Toques acidentais de veículos nas redes elétricas (caçambas de caminhões,

equipamentos agrícolas, tratores);

Tentativa de rearmar redes elétricas, sobretudo em áreas rurais, sem os

equipamentos, conhecimento e tecnologia adequados, etc.

Mais uma vez fica evidenciada a correta visão do público-alvo objeto da pesquisa

em relação a esse item e também aqui houve convergência de opiniões entre os

trabalhadores de nível operacional e de comando.

Outro aspecto desafiador em que se registraram várias opiniões negativas por

todo o público-alvo da pesquisa foi o item que tratou da percepção das ações de

qualidade de vida desenvolvidas pela empresa e que fazem parte do SGSST.

Em relação a esse aspecto, há um grande desafio, pois se trata de iniciativa onde

não há limites para se avançar. Por mais que se invista na qualidade de vida dos

trabalhadores, sempre há muito mais a fazer. Ou seja, realmente é um desafio

constante em que a favorabilidade unânime quase certamente não será atingida

em tempo algum.

Corrobora com essa avaliação negativa, o fato de a empresa objeto do estudo de

caso atuar em mais de duas centenas de municípios o que, em si, dificulta a

adoção de práticas homogêneas de promoção da qualidade de vida. Há

municípios onde o efetivo de trabalhadores é muito pequeno, inviabilizando as

mesmas práticas adotadas em instalações com maior número de empregados.

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156

Outros dez itens avaliados apresentaram divergências importantes entre os

respondentes. São eles:

Ferramentas e veículos adequados;

Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e ferramentas;

Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco;

Auditorias internas;

Auditorias externas;

Investigação e análise de acidentes e incidentes;

Gestão de mudanças de pessoas;

Integridade e qualidade das instalações;

Gestão de mudanças nas instalações;

Exames médicos.

Embora os níveis de comando tenham avaliado melhor todos os dez itens

elencados, os trabalhadores operacionais demonstraram restrições a eles, o que

tem importância fundamental para a melhoria do SGSST, pois são esses últimos

que mais diretamente estão ligados à maioria dessas questões.

Alinhadas à visão pouco favorável dos trabalhadores operacionais, várias

sugestões de melhoria envolvendo os aspectos ora tratados foram listadas no

item Sugestões de melhoria. Dessa forma, novamente é comprovada a exata

visão dos mesmos a propósito das falhas apresentadas pelo SGSST, assim como

sobre as medidas que podem ser tomadas para eliminá-las.

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157

Ainda há que se mencionar que o sucesso de ações desenvolvidas pela empresa

com a participação direta dos seus trabalhadores, tais como o desenvolvimento

de EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva e EPI – Equipamentos de Proteção

Individual, a adoção da APR – Análise Prevencionista de Riscos, a identificação e

análise de riscos, dentre outras, atesta que a opção pelo desenvolvimento de seu

SGSST compartilhado com os trabalhadores foi uma decisão acertada.

4.7. Recomendações a partir do estudo de caso

Como mencionado anteriormente, sistemas de gestão de segurança e saúde do

trabalho são implantados com o objetivo de auxiliar as organizações a gerenciar

os riscos relacionados às suas atividades com possibilidade de provocar

acidentes e/ou doenças em seus trabalhadores.

Ao se verificar a relevante queda das TF – Taxas de Freqüência de acidentes

apresentada pela empresa onde o estudo de caso foi desenvolvido a partir da

implementação de um SGSST em 2001, pode-se concluir que houve destacada

contribuição do sistema para o controle dos agentes causadores de acidentes e

doenças. Considerando como ponto de partida o ano de 2000, quando foi

registrada TF = 6,89 e o resultado obtido em 2007 de TF = 1,50, atinge-se uma

redução muito relevante de 78%.

Por outro lado, os anos de 2006 (TF = 1,54) e 2007 (TF = 1,50) indicam o início

de perigosa estagnação do número de acidentes que dá origem a TF.

Assim, parecem imprescindíveis novas ações para a manutenção do

comportamento de queda dos acidentes e, conseqüentemente, das TF

registradas pela empresa.

Nesse sentido, a adoção pela empresa de várias das propostas dos trabalhadores

e que estão organizadas no item Sugestões de melhoria parece ser o mais

adequado caminho a ser seguido a fim de proporcionar um novo ciclo de melhoria

contínua do SGSST capaz de provocar a diminuição dos acidentes até um novo

patamar ainda mais baixo.

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158

4.8. Considerações finais

A partir do final dos anos 90, inúmeras empresas brasileiras adotaram sistemas

de gestão voltados à segurança e saúde de seus trabalhadores, seguindo uma

tendência de diversos outros países preocupados com a ocorrência de acidentes

do trabalho e que verificavam a necessidade de utilizar ferramentas associadas à

melhoria contínua para a gestão da prevenção desses acidentes.

Paralelamente à eficácia que os SGSST podem agregar às organizações, a

adoção de um sistema de gestão lastreado em norma internacional com

possibilidade de certificação de terceira parte também interessa para que fique

demonstrada a sua preocupação com esse importante aspecto junto a seus

“stakeholders” (partes interessadas ou públicos relacionados à organização).

Corre-se, dessa forma, o risco de que os SGSST sejam implementados somente

como instrumento de convencimento das partes interessadas de que as empresas

estão realmente preocupadas com a prevenção de acidentes e promoção da

saúde de seus trabalhadores, o que pode gerar sistemas que não tragam ganho

na prática.

O instrumento de pesquisa aplicado à empresa onde o estudo de caso foi

realizado evidenciou expressivo nível de conhecimento de seus trabalhadores

relativo ao SGSST por ela implantado e os resultados por ela apresentados

apontam melhora significativa de seus indicadores de acidentes.

Também as sugestões de melhoria do sistema, colhidas durante a pesquisa,

indicam visão crítica muito consistente dos trabalhadores sobre o sistema

implantado.

Ou seja, obter resultados com a adoção de SGSST depende de ações que de

forma alguma prescindem de uma análise muito criteriosa do que, de fato, está

acontecendo, das ações que ainda estão surtindo efeitos positivos e do que

precisa ser implementado para que se possa atingir os novos patamares

desejados.

Page 159: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

159

Nesse sentido, a experiência dos trabalhadores e de seu conhecimento das

condições reais de realização dos processos nos quais atuam não podem ser

deixados de lado no momento de compor um SGSST. Esta é, aliás, uma

recomendação básica dos próprios sistemas de gestão atualmente adotados para

que seja atingida uma nova, mais segura e mais saudável condição de trabalho

nas diversas atividades desenvolvidas nas organizações modernas.

Por tudo isso, a utilização de um instrumento capaz de diagnosticar os avanços e

oportunidades de melhoria de um SGSST a partir da visão dos próprios

trabalhadores responsáveis por sua condução coloca-se como primordial.

O instrumento proposto, matriz de avaliação e sugestões, aplicado entre os

trabalhadores da empresa objeto do estudo, cumpriu as importantes etapas de

diagnosticar o estágio do SGSST na empresa com base em trinta aspectos

relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores, além de levantar

propostas de correção e melhoria por eles formuladas.

Com pequenas adaptações visando a considerar especificidades de outras

empresas, o instrumento pode ser utilizado em organizações de diferentes portes

e atividades com a mesma finalidade de diagnóstico e busca da melhoria contínua

dos SGSST que estas tenham implantado.

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160

5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

Não por acaso, as referências normativas para a implantação de SGSST mais

adotadas pelas empresas evidenciam a importância da participação dos

trabalhadores na estruturação, implementação e administração de um sistema de

gestão de segurança e saúde no trabalho.

A participação dos trabalhadores desde a fase de concepção de um SGSST

somente será possível através de instrumentos capazes de obter e organizar de

forma sistematizada suas contribuições.

A elaboração de uma matriz de avaliação e sugestões com itens associados aos

principais aspectos do sistema a ser adotado, permitindo aos trabalhadores que

expressem suas opiniões sobre o estágio atual de desenvolvimento de cada um

desses tópicos e buscando obter propostas de ações para sua melhoria, parece

ser uma boa estratégia para assegurar sua efetiva participação.

Para garantir a participação com total liberdade, é importante que se explore com

muita clareza os objetivos da participação dos trabalhadores no processo, assim

como que a eles seja garantido o anonimato.

A partir da análise das respostas dadas, assim como das sugestões para a

adequação ou melhoria dos itens avaliados, pode-se apurar a amplitude e

pertinência da visão dos trabalhadores sobre o sistema e adotar as propostas

capazes de contribuir com mesmo.

O acompanhamento dos resultados obtidos com a adoção das sugestões eleitas

pode revelar sua contribuição para a melhoria contínua do sistema de gestão,

tanto ao evidenciar maior eficácia da gestão da prevenção de acidentes e

promoção da saúde dos trabalhadores, quanto ao contribuir para a continuidade

da participação dos mesmos na medida em que os trabalhadores evidenciem

suas propostas sendo implementadas.

Page 161: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

161

Dessa forma, a participação dos trabalhadores passa a ser ponto de destaque e

relevância para os SGSST adotados, reitera-se, como proposto pelos próprios

documentos referenciais.

A par disso, a metodologia adotada fez emergir a motivação dos trabalhadores

para expor sua opinião baseada na experiência de quem vivencia cotidianamente

o SGSST. Além da sua efetiva contribuição para a melhoria do sistema, a

participação dos trabalhadores também foi relevante ao reforçar a importância dos

mesmos para o sistema, o que acabou por elevar a moral do grupo que se sentiu,

de fato, sujeito do processo de avaliação e busca da melhoria do SGSST.

A utilização da matriz de avaliação e sugestões em outras empresas poderá

garantir o papel relevante dos trabalhadores na construção e aperfeiçoamento de

SGSST por elas adotados e essa é a melhor contribuição do presente trabalho.

Para adiante, parece relevante desenvolver um novo estudo com o objetivo de

verificar se a implantação das sugestões dos trabalhadores que foram adotadas

na empresa objeto do estudo de caso, de fato, produziu a melhoria esperada para

o SGSST.

Futuramente, pode ser realizada pesquisa comparativa em empresa na qual o

SGSST não tenha tido a participação ativa dos trabalhadores em sua construção

e manutenção, a fim de se verificar os resultados e a qualidade do sistema

implantado.

Page 162: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

162

REFERÊNCIAS

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Page 166: CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Luiz Carlos de Miranda Júnior ...

166

ANEXOS

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – anverso

Cargo do Avaliador:

Assunto avaliado 0% 25% 50% 75% 100%

Política de SSO Segurança como valor organizacional Normativos e orientações Treinamento / desenvolvimento dos trabalhadores

Conscientização / motivação dos trabalhadores para segurança

Comportamento preventivo dos trabalhadores

Comprometimento dos níveis de comando com a segurança

Responsabilidades dos níveis de comando com a segurança

Segurança é estratégia empresarial Metas claramente estabelecidas EPI – Equipamentos de Proteção Individual adequados

EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva adequados

Ferramentas e veículos adequados Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e ferramentas

Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco

Cumprimento das exigências legais SESMT adequado Segurança com empresas contratadas Segurança com a população Comunicação sobre SSO Auditorias internas Auditorias externas Investigação e análise de acidentes e incidentes

Gestão de mudança de pessoas Integridade/qualidade das instalações Gestão de mudança na instalação Análise de risco Prontidão para emergências Exames médicos Qualidade de vida

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167

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – verso

Matriz eliminar – reduzir – elevar – criar Caso deseje contribuir ainda mais, destaque que trabalhos ou ações deveriam ser eliminados, reduzidos, elevados ou criados para que se possa atingir condições ainda melhores na prevenção de acidentes e segurança do trabalho.

Elininar Elevar Reduzir Criar

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168

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – auxílio no entendimento dos itens e na avaliação Assunto Questão Objetivo

Política de SSO Há política de segurança e saúde

claramente definida e praticada por todos

os colaboradores da organização?

Questão formulada com o objetivo de avaliar

a opinião dos trabalhadores sobre o

entendimento e a prática da política de

segurança e saúde estabelecida

Segurança como

valor

organizacional

A segurança é um valor da organização

expressado por todos os seus

trabalhadores, independentemente do

nível hierárquico?

Questão formulada com o objetivo de

levantar a opinião dos trabalhadores sobre a

importância que os colaboradores da

empresa dão à segurança,

independentemente de seu nível hierárquico

Normativos e

orientações

Há normativos e orientações sobre

segurança claros e de conhecimento dos

trabalhadores?

Questão formulada com o objetivo de avaliar

se os normativos existentes abrangem a

maioria das atividades executadas pelos

trabalhadores e se são compreendidos por

eles

Treinamento /

desenvolvimento

dos trabalhadores

Os trabalhadores são adequadamente

treinados para suas atividades antes de

iniciarem seu trabalho?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a qualidade do treinamento

realizado

Conscientização /

motivação dos

trabalhadores para

segurança

Os trabalhadores estão conscientizados e

motivados para desenvolver suas

atividades com segurança?

Questão formulada com o objetivo de

provocar a auto-avaliação sobre a motivação

dos trabalhadores para a prática da

segurança

Comportamento

preventivo dos

trabalhadores

Os trabalhadores demonstram tal

motivação através dos comportamentos

expressados na prática?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a coerência entre a intenção e a

prática

Comprometimento

dos níveis de

comando com a

segurança

os níveis de comando estão

comprometidos com os aspectos de

segurança e externalizam tal

comprometimento?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a participação efetiva dos níveis de

comando em relação ao SGSST

Responsabilidades

dos níveis de

comando com a

segurança

A liderança tem responsabilidades

claramente definidas em relação à

segurança e prevenção de acidentes?

Questão formulada com o objetivo de

verificar se para os trabalhadores estão

claras as responsabilidades de seus líderes

em relação à segurança

Segurança é

estratégia

empresarial

A segurança dos trabalhadores é

administrada como estratégia empresarial

e interfere de forma decisiva nas decisões

organizacionais?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a percepção da interferência dos

aspectos relacionados com a segurança no

dia-a-dia das atividades realizadas na

empresa

Metas claramente

estabelecidas

São estabelecidas metas claras em relação

à prevenção de acidentes e discutidas com

os trabalhadores?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a existência e entendimento de

metas relacionadas à prevenção de

acidentes

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169

EPI –

Equipamentos de

Proteção Individual

adequados

Os EPI disponibilizados pela empresa são

de qualidade e tecnicamente adequados

aos trabalhos desenvolvidos?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a adequação geral dos EPI sob a

ótica de seus usuários

EPC –

Equipamentos de

Proteção Coletiva

adequados

Os EPC disponibilizados pela empresa são

de qualidade e tecnicamente adequados

aos trabalhos desenvolvidos?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a adequação dos EPC sob a ótica de

seus usuários

Ferramentas e

veículos adequados

As ferramentas disponibilizadas pela

empresa são de qualidade e tecnicamente

adequadas aos trabalhos desenvolvidos?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a adequação das ferramentas sob a

ótica de seus usuários

Participação dos

trabalhadores na

definição de EPI,

EPC e ferramentas

Há participação dos trabalhadores na

escolha e avaliação técnica de EPI, EPC e

ferramentas?

Questão formulada com o objetivo de

verificar o envolvimento dos trabalhadores

nos processos de decisão da empresa sobre

a escolha de EPI, EPC e ferramentas

Possibilidade de

interrupção do

trabalho sob risco

trabalhadores têm a real possibilidade de

interromper os trabalhos quando em

condição de risco?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a prática da política estabelecida

pela empresa

Cumprimento das

exigências legais

A empresa cumpre todas as exigências

legais relativas à segurança do trabalho

relacionadas ao seu trabalho?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a opinião dos trabalhadores sobre

as obrigações da empresa que lhe são

familiares, tais como: entrega de EPI, EPC e

ferramentas adequadas, realização de

exames médicos admissionais, periódicos e

demissionais, treinamentos específicos, etc

SESMT adequado O SESMT – Serviço Especializado em

Segurança e Medicina do Trabalho é

adequado ao risco da empresa e conta

com profissionais atuantes?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a eficácia do trabalho dos

profissionais do SESMT junto aos

trabalhadores

Segurança com

empresas

contratadas

O nível de segurança das empresas

contratadas é o mesmo que têm os

trabalhadores da contratante?

Questão formulada com o objetivo de

identificar diferenças entre as condições de

segurança de trabalhadores próprios e

contratados

Segurança com a

população

A empresa investe suficientemente na

conscientização da população de modo

geral no que diz respeito aos riscos de

suas redes e instalações?

Questão formulada com o objetivo de

verificar o conhecimento e opinião dos

trabalhadores a propósito das ações de

prevenção de acidentes com a população

Comunicação sobre

SSO

A comunicação de fatos relativos à

segurança e saúde é adequada na

empresa e os meios utilizados são

eficazes?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a facilidade e eficácia da

comunicação empresa-trabalhador relativa a

assuntos de segurança e saúde

Auditorias internas São realizadas auditorias internas e seus

resultados são eficazes?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a percepção dos trabalhadores

sobre a real contribuição das auditorias

internas

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170

Auditorias externas são realizadas auditorias externas (de

terceira parte) e seus resultados são

eficazes?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a percepção dos trabalhadores

sobre a real contribuição das auditorias

externas

Investigação e

análise de

acidentes e

incidentes

A empresa possui um sistema de

investigação e análise de acidentes

adequado e eficaz?

Questão formulada com o objetivo de

verificar o conhecimento e confiança dos

trabalhadores a respeito do sistema de

investigação e análise dos acidentes

registrados

Gestão de mudança

de pessoas

As pessoas que assumem novas

responsabilidades são treinadas em suas

novas tarefas e sobre os riscos inerentes a

elas?

Questão formulada com o objetivo de

verificar se os trabalhadores estão

recebendo as informações necessárias ao

desenvolvimento de novas atividades

Integridade/qualid

ade das instalações

As instalações elétricas (o ativo da

empresa) são adequadas e se encontram

em bom estado de conservação?

Questão formulada com o objetivo de

verificar o estado de conservação das

instalações elétricas da empresa

Gestão de mudança

na instalação

As alterações ou mudanças nas

instalações são prontamente incorporadas

à documentação e comunicadas a todos

os trabalhadores, sobretudo aquelas que

possam implicar em riscos?

Questão formulada com o objetivo de

verificar se os trabalhadores são informados

das alterações que podem impactar nos

aspectos de segurança do trabalho

Análise de risco A empresa possui sistemática adequada

de análise de risco capaz de evidenciar e

eliminar/controlar os riscos de acidentes

antes da realização dos trabalhos?

Questão formulada com o objetivo de

verificar a opinião dos trabalhadores sobre a

eficácia das APR – Análises Prevencionistas

de Riscos realizadas

Prontidão para

emergências

A empresa possui planos de emergência

para situações de acidentes e seus

trabalhadores estão prontos a aplicá-los?

Questão formulada com o objetivo de

verificar o nível de conhecimento de planos

de emergência e as responsabilidades dos

trabalhadores na sua implementação

Exames médicos São realizados exames médicos periódicos

e os resultados são discutidos com o

trabalhador?

Questão formulada com o objetivo de

verificar se há retorno efetivo dos médicos

relativo aos resultados dos exames

realizados com os trabalhadores

Qualidade de vida A empresa realiza ações de incentivo e

promoção da qualidade de vida dos

trabalhadores?

Questão formulada com o objetivo de

verificar se as ações de promoção da

qualidade de vida estão realmente chegando

até os trabalhadores