CENTRO UNIVERSITÁRIO UNI FMU CURSO DE EDUCAÇÃO …arquivo.fmu.br/prodisc/edfis/lrf.pdf · Os...
Transcript of CENTRO UNIVERSITÁRIO UNI FMU CURSO DE EDUCAÇÃO …arquivo.fmu.br/prodisc/edfis/lrf.pdf · Os...
CENTRO UNI VER SITÁ RIO
UNI FM U
CUR SO DE E DUC AÇ ÃO FÍ SIC A
UMA NOV A P R OPOST A DE DE T E CÇ ÃO DE
TALENTOS: A NALI SA R AS FORM AS,
MÉTODOS E TÉCNI CAS MAIS UTILI ZAD A S
PARA DETECÇÃO DE TALENTOS NA
GINÁ STIC A OLÍMP IC A.
LOURENÇO RITLI FILHO
Nº3 1 / 1 4 1 4 -B
DICI PLIN A: TC C
PROF a : SA ND RA M AHEC H A MATS UDO
PROF a : MA RIA REGI NA F ERREIR A
BRAN DÃO
SÃO P AULO
4 / 1 0 /0 3
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO pg. 01
1.1. Definição do Problema pg. 01
1.2. Justificativa pg. 02
1.3. Objetivo pg. 02
II. REVISÃO DE LITERATURA pg. 03
2.1. Ginástica Olímpica pg. 03
2.2. Aptidão Física pg. 03
2.3. Habilidades Motoras pg. 05
2.4. Talento Esportivo pg. 09
2.4.1. Detecção de Talentos pg. 11
2.4.2. Seleção de Talentos pg. 12
2.4.3. Promoção de Talentos pg. 13
III. MÉTODOLOGIA pg. 15
3.1. Amostra pg. 15
3.2. Procedimento pg. 15
3.3. Analise dos Dados pg. 16
IV. RESULTADOS E DISCUSS ÃO pg. 17
V. CONCLUSÃO pg. 23
VI. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA pg. 24
VI. ANEXO pg. 27
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar a opinião dos técnicos e professores de Ginástica Olímpica sobre as técnicas, métodos e formas mais utilizadas na detecção de talentos, para assim ter a possibilidade de formar um parâmetro cientifico na detecção de talentos, minimizando a perda de futuros potenciais que estão sendo perdidos por falta da não utilização de critério cientifico adequados a modalidade. A metodologia utilizada foi uma entrevista com seis perguntas sobre detecção de talentos, onde os professores e técnicos tiveram a possibilidade de dar a sua opinião sobre a detecção de talentos, quais as características mais importantes em uma criança, qual a idade correta que ela consiga realizar um movimento da Ginástica Olímpica, como selecionar uma equipe de alto nível para o treinamento e os pontos mais importantes na detecção de talentos atualmente em nosso pais. Foram entrevistados 10 técnicos e professores de Ginástica Olímpica, na faixa etária dos 30 ate os 55 anos (x 38,3 / s 9,03), de ambos os sexos , sendo 5 homens e 5 mulheres de nível social (médio – alto), com mais de dez anos de pratica na modalidade. As entrevistas foram feitas nos locais de trabalho e durante o período de aula ou treino, ou seja em ginásios e academias especializadas e clubes com estrutura apropriada para a pratica da Ginástica Olímpica. Os resultados indicam que, na maioria das vezes, as crianças são selecionadas apenas por suas capacidades físicas (força, flexibilidade, etc.), (30,43 %), e por sua disponibilidade de horário (17,39 %), alguns técnicos também observam alguns movimentos característicos como a estrela no solo (17,39 %), apoios invertidos (13,04 %) e os rolamentos (13,04 %), mas preferem os movimentos de sustentação do corpo (21,73 %), sendo que crianças entre 4 e 5 anos já são capazes de realizar esses movimentos, mas a execução varia muito de criança para criança (23,07 %), alem dessas respostas sobre como, o que e de qual forma detectar um talento, os entrevistados responderam que não existe nenhum processo de detecção de talentos no pais (25,0 %), essa seleção é individual de cada técnico ou professor. A conclusão indica que não existe detecção de talentos no pais, apesar dos talentos serem detectados a partir da observação dos técnicos e professores, isto é, a partir de procedimentos subjetivos e empíricos, o que freqüentemente da origem a erros, deve-se depois comprovar o processo de detecção de talentos, selecionando estratégias cientificas adequadas, sem no entanto subestimar o papel dos técnicos e professores e da observação pedagógica.
I. INTRODUÇÃO
1.1- DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Quando falamos em talento esportivo, utilizamos as palavras qualidade,
capacidade e grande potencial, o talento por sua vez, pode ser encontrado em qualquer
área, na música, na matemática, na arte de pintar quadros, etc, sendo assim necessita ter
certas capacidades e características para atingir diferentes níveis de desempenho, assim
diferenciando uns dos outros.
É de vital importância que professores e treinadores conheçam seus alunos e
reconheçam que eles tenham um conjunto diferente de capacidades físicas, mentais,
emocionais e sociais.
Para planejar o aprendizado de habilidades motoras e sessões de treinamento, é
preciso ter o maior número de diferenças individuais, algumas dessas diferenças
individuais são fáceis de detectar, outras não, onde a busca do talento esportivo é
interminável.
O talento esportivo, é evidenciado através das capacidades físicas (força,
flexibilidade, velocidade de reação, agilidade, etc.), medidas de composição corporal
(altura, estatura, envergadura, dobras cutâneas, peso corporal, circunferências, etc.) e
principalmente por pessoas especialistas na área, que muitas vezes podem levar ao erro,
pois o talento esportivo não é apenas constituído de capacidades e características do
esporte, mas um conjunto de variáveis multifatoriais, onde a técnica é uma delas.
O estudo da técnica como seleção e não predição de talentos é mais utilizado
para esportes coletivos, como o Futebol, onde o número de erros e acertos esta sendo
considerado como técnica, para esportes individuais como a Ginástica Olímpica, ainda
não foram realizados estudos para analisar a técnica.
Na Ginástica Olímpica o talento é detectado pelas mesmas variáveis já estudadas
anteriormente (capacidades físicas, medidas de composição corporal e análise de
professores e técnicos especialistas da modalidade), o estudo da técnica vai demonstrar
uma grande importância no processo de detecção, seleção e promoção de futuros
talentos da Ginástica Olímpica. Assim demonstrando que um talento não é identificado,
apenas pelas variáveis já estudadas, mas sim por suas habilidades motoras já adquiridas,
durante o decorrer da sua vida, demonstrando assim uma técnica ao executar qualquer
habilidade motora.
1.2- JUSTIFICATIVA
Sendo a Ginástica Olímpica um esporte de alta intensidade de treinamento, sinto
que é um grande desafio a todos nós técnicos e professores, achar uma criança entre mil,
que se encaixa dentro do perfil ideal da Ginástica Olímpica, através de testes com um
padrão de cientificidade comprovados, e não identificadas ao acaso.
Por não haver mudanças nos poucos trabalhos publicados sobre detecção de
talentos da Ginástica Olímpica, este trabalho levantou as variáveis mais importantes na
detecção de talentos ainda não estudadas. Junto com a opinião dos técnicos e
professores da modalidade.
Demonstrar que crianças com as Capacidades Físicas e a Composição Corporal
não muito adequada ou seja, não estando dentro do perfil ideal para treinamento de
Ginástica Olímpica, pode desenvolver um potencial elevado, podendo ser um talento
que esta sendo desperdiçado.
1.3- OBJETIVO
Este trabalho vê como objetivo verificar a opinião dos professores e técnicos, em
relação as técnicas, métodos e formas mais utilizadas na detecção de talentos da
Ginástica Olímpica.
II- REVISÃO DE LITERATURA
2.1- GINÁSTICA OLÍMPICA
Atualmente a ginástica olímpica é considerada como um dos mais belos e
completos desportos, tendo evoluído a cada ano com a hegemonia dos paises do leste
europeu. O estágio em que se encontra a ginástica olímpica internacional faz como que
suas competições se transformem em exibições de destreza, harmonia e perfeição dos
movimentos, e a cada competição evoluem não só os ginastas, mas também os árbitros
que acompanham a criação de novos movimentos e combinações inéditas, um autêntico
acompanhamento de ampliação dos limites humanos e cada prova disputada (DIANNO
1988).
A ginástica olímpica feminina vem se tornando nos últimos anos como uma das
modalidades que mais atraem a atenção de pessoas ligadas ao meio esportivo e
expectadores em todo o mundo. Esta simpatia pela modalidade provavelmente se deve à
crescente evolução da ginástica e o crescimento do grau de dificuldade dos exercícios.
Transformando as competições de ginástica olímpica feminina no mais completo
espetáculo de destreza, harmonia, raça e perfeição dos movimentos, resultando numa
evolução, ano após ano da modalidade em si, ampliando os limites do corpo humano
(DIANNO e RIVET 1989).
Segundo DIANNO e RIVET (1989) as ginastas geralmente parecem mais jovens
do que indica a sua idade cronológica. Esta aparência é caracterizada pelo tipo físico das
mesmas e pode ser explicada pela maturação tardia das ginastas. Portanto o tipo físico
das ginastas pode ser explicado pela maturação tardia e esse atraso na puberdade deve-
se à seleção natural que as características da modalidade exercem sobre as ginastas.
2.2.- APTIDÃO FÍSICA
Muitas pessoas confundem atividade física, exercício físico e aptidão física são
palavras que as vezes, são utilizadas com o mesmo significado mas, elas tem conceitos
distintos. CASPERSEN et al. (1985), citado por COLANTONIO et al. (1999),
propuseram definições amplamente aceitas. Atividade física é um termo amplo que
significa qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resulta
em gasto energéticos maior do que os níveis de repouso. Exercício físico é toda a
aptidão física que é planejada estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e
a manutenção de uma ou mais componentes da aptidão física. Aptidão física é uma série
de atributos que as pessoas tem ou alcançam que se relacionam com a habilidade de
realizar os movimentos. Para solucionar o problema da identificação das aptidões
associadas ao desempenho esportivo, o investigador tem recorrido, fundamentalmente,
em trabalhos que se apóiam numa perspectiva taxionômica. A perspectiva taxionômica
refere-se a um sistema elaborado de classificação da estrutura das aptidões envolvidas
em diferentes tarefas motoras. A noção básica explícita na classificação das tarefas deve
ser proveniente do estudo dos padrões de aptidões subjacentes. Por exemplo, o
desempenho no cavalo com alças exige força, coordenação multisegmentar, equilíbrio,
controle estático e dinâmico, em que cada uma destas aptidões contribui com uma dada
proporção para o desempenho do atleta. MAIA (1996) e SCHMIDT (1982), citado por
(LANARO e BÖHME 2001).
Segundo ZABALA e PEREZ (1990) é necessário relembrar que as qualidades
físicas de uma criança são variáveis dependentes da idade cronológicas; mas é
importante considerar a interação com os parâmetros orgânico-funcionais, metabólicos,
psicológicos e sócio-econômicos que incidem em um grau mais ou menos significativo
sobre a resultante final quando esta é a variável de medição.
Alem dessas variáveis é importante lembrar que o Brasil se caracteriza por ser
um pais de imigrantes, cuja população não pode ser ainda considerada como
iminentemente brasileira. Encontra-se em sua quarta geração, com uma miscigenação de
raça portuguesa segundo (SILVA et al 1997).
Já para NASCIMENTO, et al (1989) os constantes investimentos em
equipamentos e materiais esportivos, tem favorecido muito os recordes, mas sem
dúvida a aptidão física é o fator primordial para o sucesso do atleta.
Para PEREIRA e MATSUDO (1987) pelo tempo de prática dessa, também se
pode traduzir através das características de aptidão física os prováveis efeitos da
atividade física sobre a estrutura humana.
Estudos têm demonstrado que as ginastas possuem um tipo físico bastante
característico da modalidade e geralmente tem-se encontrado em ginastas, altura inferior
em relação à não desportistas da mesma idade, assim como valores também inferiores
de peso e gordura sub-cutânea (DIANNO e RIVET 1990).
Para FALLS e HUMPHREY (s/d) citado por DIANNO e RIVET (1990),
verificaram que certos tipos de corpo podem ser requisitados para a prática da ginástica
olímpica e CARTER (s/d) também citado por DIANNO e RIVET (1990), afirma que
diferentes tipos físicos são necessários para diferentes esportes olímpicos.
A obtenção de indicadores referenciais relacionados à aptidão física,
possibilita o acompanhamento e a evolução no treinamento de crianças e adolescentes
praticantes de ginástica, observando-se a possibilidade de evolução das crianças e
jovens ao alto desempenho esportivo, de forma a estimar quais serão aqueles com
maiores chances de atingir um alto nível de desempenho (LANARO e BÖHME 2001).
2.3.- HABILIDADES MOTORAS
Entender como os seres humanos desenvolvem as habilidades motoras, através
da vida, é a questão central dos estudiosos da área de desenvolvimento motor. Estes
buscam identificar, definir e entender as mudanças que ocorrem com o movimento que
se torna mais complexo à medida que se desenvolve.
Ao longo do tempo, os estudos, na área do desenvolvimento motor, sofreram
grandes mudanças, que ora estão centrados no produto,onde o foco é a performance; ora
se concentram no processo e o foco se volta para os mecanismos básicos de mudanças
do comportamento motor, segundo ISAYAMA e GALLARDO (1998). Para
CONNOLLY (2000), fala que a habilidade refere-se a uma capacidade praticada que a
criança apresenta na execução de uma série de tarefas, e o movimento corresponde as
mudanças espaciais no tempo real; ele envolve energia e seu gasto, controle e produção
de força. E desenvolvimento motor são as mudanças nas ações habilidosas, em padrões
de movimento, que acontecem ao longo da vida.
Já para MONOEL (1999) desenvolvimento motor refere-se às mudanças em
classes gerais do comportamento motor (locomoção, estabilidade e manipulação)
condicionadas pelo histórico de vida do individuo. As mudanças ocorrem numa escala
de tempo de meses, anos ou décadas, sendo que habilidades motoras é um processo
continuo no qual ordem e desordem se complementam.
Um dos aspectos mais característicos da habilidade motora é a sua natureza
seriada. FITTS e POSNER (1967), citado por PÚBLIO e TANI (1993), isto é, ela
envolve, com freqüência de movimentos num padrão espacial e temporal adequado para
que o objetivo possa ser alcançado. Por exemplo, a cortada em voleibol envolve a
execução seqüencial dos seus componentes – posição de expectativa, deslocamento,
impulsão, preparação para o ataque, ataque, finalização do ataque e aterrissagem – num
padrão espacial e temporalmente organizado em relação à demanda ambiental. Para
MAGILL (1989) citado por PELLEGRINI (2000) aprendizagem refere-se a uma
mudança na capacidade do individuo executar uma tarefa, mudança esta que surge em
função da prática e é inferida de uma melhoria relativamente permanente no
desempenho.
Partindo da descrição do comportamento motor antes, durante e após a prática
como um primeiro referencial. O que vemos quando um aprendiz tenta pela primeira
vez ou nas primeiras tentativas de execução de uma tarefa “nova” para ele. Que
mudanças observamos na medida em que a prática progride e qual o comportamento de
um habilidoso nesta tarefa. Estamos falando das mudanças externas, diretamente
observadas. PELLEGRINI (2000) divide o comportamento motor em três níveis:
• Inexperiente (novato) – nas primeiras tentativas, busca descobri qual é a tarefa, o
que deve fazer para realizá-la, ou seja, busca identificar as características
invariantes, a estrutura da tarefa; nesta busca o executante parece
descoordenado, com movimentos desnecessários e sem fluência.
• Intermediário – tentativa a tentativa vai eliminando os movimentos
desnecessários, e com isso descobre como economizar energia e tempo; a
seqüência de movimentos ganha progressivamente fluência e harmonia; sua
atenção se dirige aos estímulos relevantes e busca atender a detalhes
anteriormente não percebidos.
• Avançado (“expert”) – o executante tem certeza de como alcançar a meta da
ação, com um mínimo gasto de energia e/ou tempo; graça, beleza e eficiência
estão presentes neste estágio; o executante precisa de um mínimo de atenção
para realizar a tarefa (automatização).
Essa natureza seriada da habilidade motora estabelece, portanto, como questão
central para a sua aquisição, a aprendizagem não só dos componentes mas também da
interação entre eles. Sob o ponto de vista de ensino, algumas alternativas para este tipo
de habilidade podem ser pensadas, como por exemplo: a) ensinar os componentes
separadamente um a um para depois integrá-los numa série completa; b) ensinar o
primeiro componente e depois ir acrescentando os outros componentes, aumentando a
seqüência ate completar a série; c) ensinar o primeiro e o segundo componentes
separadamente e depois combinadamente, seguido do terceiro separadamente para então
acrescentá-lo à combinação e assim sucessivamente ate completar a série; e d) ensinar a
série completa desde o início da aprendizagem (PÚBLIO E TANI 1993).
Segundo CANFIELD (1995-2000) habilidades motoras (termo estabelecido na
temática) são fatores do movimento humano e, somente para este propósito, não são
diferentes de padrões e destrezas motoras. O conceito de movimento, não sendo
inequívoco, permite especular a existência de uma distinção entre movimento e ação.
Assim sendo quando maior a exigência de precisão em uma tarefa motora menor e a
velocidade de movimento observada, segundo TEIXEIRA (2000). Esta relação foi
inicialmente modelada por FITTS (1954) citado por TEIXEIRA (2000), que
demonstrou que o tempo de movimento em tais tarefas é uma função linear do
logaritmo do dobro da amplitude de movimento dividida pela largura do alvo. Esta
proposição, a qual veio a ser conhecida como Lei de Fitts, tem recebido amplo suporte
empírico em diferentes tipos de tarefa envolvendo velocidade e precisão de movimentos
tais como contatar um alvo físico com a mão ou estilete.
A aprendizagem de qualquer habilidade motora requer a seleção de informações
que podem estar contidas no meio ambiente e/ou fornecidas pelo professor ou técnico.
Para que esta informação seja retirada, para posterior interpretação e possível
armazenamento na memória de longa duração, o processo da atenção é fundamental.
LADEWIG (2000). O funcionamento do sistema postural que também é uma habilidade
motora, envolve a necessidade coordenar e controlar os segmentos corporais com base
nas informações sensoriais, ou seja a manutenção de uma posição corporal desejada
envolve a coordenação e controle dos segmentos corporais com relação aos outros
segmentos corporais e a coordenação e controle desses segmentos corporais com
relação ao meio ambiente, segundo (BARELA 2000).
Durante o processo da aprendizagem de qualquer atividade, passamos por
estágios em que ocorrem diversas mudanças, entre elas, nas exigências nos processos da
atenção. Estas mudanças vão desde o momento em que estamos sendo expostos pela
primeira vez à atividade e não temos a menor idéia do que fazer primeiro, até o
momento em que já conseguimos realizar a atividade quase sem nenhum esforço
cognitivo. Sendo que o grau de dificuldade e complexidade da tarefa é que ditarão a
quantidade de pratica necessária para que possamos realizar a tarefa “sem pensar”.
Entenda-se “sem pensar”, a realização de uma atividade, a execução de um movimento
automaticamente, ou o “processo automático” definido por SCHNEIDER e SHIFFRIN
(1977) citados por LADEWIG (2000), como sendo “rápido, paralelo, basicamente sem
esforço e com possibilidades de não sofrer interferência de atividades paralelas”.
Os métodos mais populares para transmitir informações acerca da meta e da
seqüência apropriada para a ação são as instruções verbais e a demonstração. O
professor deve suplementar a instrução verbal com a demonstração (modelo),
videoteipe, filme ou fotografia da ação a ser aprendida. É preciso também que o
professor dirija a atenção do aluno aos aspectos importantes da “performance” que
observa. Ainda se deve alternar curtos períodos de prática com demonstrações,
permitindo descanso enquanto nova informação é enfatizada a partir do modelo. A
demonstração facilita a instrução, pois dizer simplesmente “faça isso” e em seguida
demonstrar, minimiza instruções complexas. Assim, o motivo principal do emprego da
demonstração é a transmissão de informações acerca da meta a ser atingida na ação. A
demonstração mostra particularidades úteis para a aprendizagem de uma habilidade,
reduzindo dessa forma a incerteza sobre como deve ser realizada. NEWELL (1981);
SCHMIDT (1991) citado por (TONELLO e PELLEGRINI 1998).
Para TONELLO e PELLEGRINI (1998) de acordo com o tipo de informação
contida na demonstração, pode-se ter o modelo real ou simulado. O modelo real se
caracteriza pela apresentação exata da tarefa, da maneira como ela será praticada,
portanto, com a utilização de todos os agentes externos requeridos pela tarefa, como por
exemplo, a bola (em esportes como voleibol, futebol, handebol), a música para a dança,
a trave, as barras, as argolas, entre outros, para a ginástica artística.
É de vital importância que professores ou treinadores conheçam seus alunos e
reconheçam que este tem um conjunto diferente de capacidades físicas, mentais
emocionais e sociais. Deve-se, assim, acomodar um inerível número de diferenças
individuais quando se planejam o aprendizado de habilidade e as sessões de
treinamento. Algumas dessas diferenças individuais são fáceis de detectar, outras não.
Mas constitui vantagem para você, conscientizar-se do maior número possível de fatores
(GALLAHUE e OZMUN s/d).
Para CANFIELD (2000) não se quer dizer que somente algumas ações humanas
são passíveis de investigação cientifica. A questão é que nem todas as questões sobre as
ações humanas são questões cientificas, abertas à investigação empírica. Entretanto, é
importante reconhecer que nem todas as questões sobre o comportamento são empíricas.
Para cada ação humana é possível, em princípio, proporcionar explicações em termos de
causas e razões, e somente o primeiro tipo de explicação esta dentro da província da
ciência.
2.4.- TALENTO ESPORTIVO
Para LANARO e BÖHME (2001) questões relacionadas ao talento e mais
especificamente ao talento esportivo parecem não estar ainda bem esclarecidas em
nosso país, procurou-se, definir, conceituar e esclarecer o que é talento no sentido geral
do termo. Posteriormente procurou-se abordar mais diretamente as questões
relacionadas ao entendimento de talento esportivo, e as possibilidades de diagnóstico e
prognóstico do talento, ou seja, a detecção, seleção e promoção ao alto nível de
desempenho.
Segundo WEINEKE (1999) citado por MATARUNA (2000), talentoso é aquele
que, com disposição, prontidão para o desempenho e possibilidades, apresenta um
desempenho acima da média comprovada para aquela faixa etária (desempenho este
comprovado por competições). Este resultado é obtido graças ao acompanhamento de
um treinamento - orientação intencional, ativa e pedagógica – que visa o
desenvolvimento do desempenho. Já para HAHN (1988), citado por BENDA s/d,
talento é uma atitude acentuada a uma direção (superando a média normal) que ainda
não esta completamente desenvolvida. O talento existe em qualquer campo de ação, não
de limitando ao esporte. Encontram-se talentos na música, na ciência, na oratória, nas
artes, nos cálculos matemáticos. De uma forma geral, o talento esportivo é a
denominação dada a uma pessoa na qual aceita-se, com base em seu
comportamento/atitudes ou com fundamento em suas condições de comportamento
herdadas e adquiridas, que possui uma aptidão especial ou uma grande aptidão para o
desempenho esportivo segundo CARL (1988), também citado por (BENDA s/d).
KANE e FISHER (1979) citado por HEBBElLINCK (1989), afirmam que
crianças dotadas ou talentosas representam uma fonte valiosa de nossa sociedade e que
existe uma crescente consciência de que a partir do momento que elas tem necessidades
educacionais especiais e possivelmente psicológicas, é importante que estas sejam
identificadas e adequadamente satisfeitas.
O nível de desempenho de um talento esportivo, depende dos traços individuais
e dos programas que objetivam identificar, estimular e recompensar a aprendizagem e o
treinamento. Desta forma, a possibilidade de sucesso de um indivíduo em qualquer
esporte depende de seu potencial genético, da metodologia de aprendizagem e
treinamento durante os diferentes estágios do seu desenvolvimento. BOMPA (1994),
citado por LANARO e BÖHME (2001). CSIKSZENTMIHALYI, et al (1997), citados
por VIEIRA e VIEIRA (2001), apontam três elementos fundamentais que devem
caracterizar um talento: a) traços individuais: em partes inerentes e em parte
desenvolvidos com o crescimento da pessoa; b) domínios culturais: referem-se aos
sistemas das regras que definem a freqüência de performance como significante e
valorosa; c) campo social: pessoas e instituições cuja tarefa é decidir quando uma certa
performance é considerada de valor ou não.
Para MATSUDO (1996) citado por LANARO e BÖHME (2001), as
dificuldades encontradas nas questões do talento esportivo, quase sempre estão
relacionadas à falta de conhecimento e aceitação pelos técnicos esportivos, das
pesquisas e metodologias desenvolvidas pelos teóricos, com o intuito de auxiliar no
diagnóstico e predição do desempenho de atletas.
O talento não pode ser detectado com base na aptidão demonstrada em um único
teste motor e ou mensuração, mas a identificação de talentos é parte de um processo de
desenvolvimento, que se torna aparente durante as etapas de treinamento, testagem e
mensuração sistemática, concomitantemente com uma participação real em competições
esportivas, detecção, seleção e promoção de talentos esportivos segundo (LANARO e
BÖHME 2001).
A expressão ou a confirmação do talento implica em um forte empenho na
preparação esportiva, e esta não se realiza sem um conjunto de condições sociais que
suportam o envolvimento das crianças e jovens no esporte e na preparação esportiva
visando o alto rendimento. O ambiente familiar e o empenho dos pais para a experiência
desportiva dos filhos parece ser, entre essas condições sociais, uma das principais.
Dessa forma, ginastas, nadadores e tenistas, além da sua origem social ser
habitualmente mais favorecida, recebem maiores incentivos dos pais, que os
acompanham em todos os passos da sua formação esportiva.
2.4.1- DETECÇÃO DE TALENTOS ESPORTIVOS
Segundo LANARO e BÖHME (2001) os estudos realizados sobre detecção de
jovens talentosos para a prática desportiva ainda são pouco prestigiados por dirigentes
das entidades esportivas. Estes preferem dar maior atenção ao atleta em formação e ao
já formado. Excetuando-se algumas raras exceções, a detecção e seleção de jovens para
o esporte têm sido feita de modo empírico, através da abnegação de uma minoria;
entretanto, completamente despreparada para cumprir a finalidade a que se propõem.
Para BÖHME (1995) citado por BENDA (s/d), a determinação do talento
esportivo baseia-se nas evidências abstratas e discussões teóricas que resultam na
descrição e identificação de possíveis condições e características que possam identificar,
caracterizar as pessoas como talento esportivo dentro da população.
Os aspectos psíco-culturais envolvidos no processo prematuro de especialização
e competição esportiva com crianças ainda não preparadas para atividades esportivas
que exijam grandes responsabilidades ou pressões, assim como os pressupostos para a
adoção de critérios e idades para o início em um treinamento esportivo regular e a
participação em competições federadas. Um terceiro aspecto a ser considerado refere-se
à proposta na literatura quanto ao processo de aquisição de habilidades motoras gerais
(todas as formas de manipulação, locomoção e não-locomoção) ser estimulado na
criança antes das habilidades motoras específicas relacionadas com o esporte, assim
como, as implicações de uma iniciação esportiva inadequada, acontecendo de forma
prematuramente especializada, conforme as características e necessidades de cada faixa
etária (ARENA e BÖHME 2000).
Para MATSUDO (1996) citado por BENDA s/d, como uma alternativa para
predizer o talento. É feita uma comparação, naquele aspecto especifico avaliando, entre
o atleta de alto rendimento e o adulto que compõe a população geral. Chega-se então a o
desvio “Z”, ou seja, o quanto o atleta se afasta da média da população para cada fator.
Esta comparação é realizada, também, entre as crianças que compõem a população geral
e o futuro talento esportivo. Se encontrar um “Z” semelhante entre o atleta e o talento,
este deverá ser selecionado.
Reforçando as argumentações acima, SMOLEYSKIY e GAVERDOYSKIY
(1996) citado por LANARO e BÖHME (2001), sugerem que a orientação dos jovens no
treinamento regular deve estar relacionada com a avaliação de seu estado de saúde para
descobrir possíveis contra-indicações. Há uma lista das enfermidades e dos estados
patológicos, sob os quais não se deve praticar esportes tais como: atraso no
desenvolvimento físico, desvio da coluna vertebral, doenças do sistema cardiovascular,
problemas no trato gastrintestinal, tuberculose e anomalias de visão.
2.4.2.- SELEÇÃO DE TALENTOS ESPORTIVOS
Para BÖHME (1995) citado por LANARO e BÖHME (2001), seleção de
talentos esportivos é a denominação dada aos meios utilizados para a determinação dos
indivíduos que tem condições de serem admitidos no nível superior de treinamento
sistematizado em uma especialidade esportiva, objetivando um alto nível de
desempenho esportivo na modalidade para a qual possui predisposição motora e
psíquica.
Segundo LANARO e BÖHME (2001) um critério se seleção cada vez mais
predominante é o desempenho em competições, no qual é possível verificar o nível de
desenvolvimento esportivo físico, técnico e tático, em interação com a personalidade
(aspectos psicológicos) do atleta, podendo dessa forma ser observado o resultado
individual dentro do perfil de exigência requerido para a modalidade.
A falta de estudos que estabeleçam com mais segurança padrões de referência
das variáveis envolvidas em determinados desportos, em diferentes idades, somados à
falta de oportunidade da prática da atividade esportiva, conduz à necessidade de se
buscar estratégias planejadas na seleção do talento, enquanto a democratização da
prática esportiva for um sonho de poucos. OLIVEIRA, et al (1989), citados por
(LANARO e BÖHME 2001).
Para exemplificarmos um correto processo de seleção, citamos o caso de
Cristina Cretu, uma das estrelas da ginástica romena, que foi uma das 20 ginastas
selecionadas, de um grupo de 5.000 inscritos. Ela conseguiu passar com sucesso por um
processo de seleção, testes de velocidade, força abdominal, flexibilidade e endurance. A
seleção de talentos desta forma passa a ser também um problema de estatística, onde os
métodos de seleção com relevância e valor prognóstico deveriam apresentar uma
porcentagem mais baixa possível de previsões falso-positivas ou negativas.
BORRMANN (1980), citado por (LANARO e BÖHME 2001).
2.4.3.- PROMOÇÃO DE TALENTOS ESPORTIVOS
Por “promoção de talentos esportivos”, pode-se entender como um processo de
acompanhamento do desenvolvimento do atleta, no qual deve-se levar em consideração
os índices morfológicos, nível de preparação física especial, nível de preparação técnica,
nível de preparação tática, nível de preparação psicológica, possibilidades funcionais do
organismo e os resultados obtidos em competições. BÖHME (1994), citado por
(LANARO e BÖHME 2001).
Segundo LANARO e BÖHME (2001) a promoção prematura de atletas a níveis
mais elevados de treinamento deve ser vista com cautela. As previsões de aptidão física
são consideradas em geral válidas, por dois a quatro anos, devendo ser consideradas
como um processo evolutivo sob constante avaliação, análise e revisão.
Já para CRECO (1997) citado por BENDA s/d, propõe um sistema de formação
esportiva. Neste, basicamente, o objetivo final do talento esportivo e da criança
“normal” não é o alto rendimento, mas uma fase de recreação e saúde. O talento
esportivo teria um caminho diferente a percorrer, passando pela fase de alto nível, mas
com uma estrutura psicofísica suficiente para chegar à fase de recreação e saúde após
encerrar a sua carreira competitiva, o que não deve significar o sedentarismo.
Tendo em vista a dificuldade para a promoção de talentos FILIN (1996) citado
por LANARO e BÖHME (2001), propõem que no processo de promoção de talentos
esportivos deve-se levar em consideração os seguintes componentes: índices
morfológicos; nível de preparação técnica, tática, psicológica; possibilidade de
recuperação depois de grandes cargas físicas e psicológicas. A principal forma de
promoção são as competições. Por isso deve-se levar em conta não só os resultados e o
seu desempenho em competições durante os últimos 2-3 anos, mas também o nível de
desenvolvimento no decorrer das sessões regulares de cada estágio de treinamento, em
correspondência com os principais componentes da preparação física, técnica, tática e
psicológica no tipo de desporto em questão.
A trajetória de desenvolvimento de um talento pode apresentar uma seqüência
progressiva de objetivos, que inicialmente devem ser adequados aos níveis de
desenvolvimento da criança e, posteriormente, do atleta. Os atributos psicológicos
pessoais do atleta, como determinação, concentração, dedicação e motivação para
prática esportiva possivelmente serão características evidenciadas desde a infância até a
vida adulta para (LANARO e BÖHME 2001).
III- MÉTODOLOGIA
3.1.- AMOSTRA
Foram entrevistados 10 técnicos e professores de Ginástica Olímpica, na faixa
etária dos 30 anos até os 55 anos de idade (x 38,3 / s 9,03), de ambos os sexos, sendo 5
homens e 5 mulheres de nível social (médio – alto), com mais de dez anos de pratica na
ginástica olímpica, os técnicos são de diversos clubes e entidades: 3 técnicos do clube
Mesc de São Bernardo do Campo, 2 da Uni Fmu, 1 do Centro Educacional da Mooca, 1
do Centro de treinamento de Santo André, 1 da Academia Wachiton de Ginástica
Olímpica em Bauru (SP), 1 do Centro de Excelência em Curitiba (CBG) e 1 técnico
Norte Américo de cidade de Dallas.
3.2.- PROCEDIMENTO
Para este trabalho foi realizada uma entrevista com 6 perguntas especificas
(anexo 1). Esta entrevista foi elaborada especificamente para este trabalho, constando de
perguntas abertas, os técnicos e professores deram a própria opinião na elaboração das
respostas. O objetivo da entrevista e levantar a forma os elementos e os pontos mais
importantes para detectar um talento da ginástica olímpica. Cada questão contem um
objetivo especifico: 1) – qual é a forma, método ou técnica que será utilizada para
detectar um futuro talento . 2) – quais são as características mais importantes em uma
criança que futuramente possa ser ginasta. 3) – quais os movimentos característicos da
Ginástica Olímpica mais importantes que as crianças possam realizar durante uma aula
de Educação Física. 4) – com quantos anos uma criança é capaz de realizar movimentos
característicos da Ginástica Olímpica. 5) – quais são os pontos avaliados em um
processo de detecção de talentos, afim de montar uma única equipe para um futuro
treinamento. 6) – opinião sobre o processo de detecção de talentos atualmente.
As entrevistas foram feitas nos locais de trabalho, durante o período de aula ou
treino, Ginásios e academias especializadas e clubes com estrutura apropriada para a
pratica da Ginástica Olímpica. A entrevista foi gravada em fita cassete e as respostas
foram anotadas na folha de entrevista.
3.3.- ANALISE DOS DADOS Os dados foram analisados através de freqüência e porcentagem de respostas,
assim analisados quantitativamente os textos disertativos obtidos nas entrevistas.
IV- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados são apresentados com base na opinião de cada técnico, professor
de Ginástica Olímpica, as respostas foram avaliadas através da freqüência de respostas e
da porcentagem e apresentadas em tabelas.
TABELA 1. Freqüência e porcentagem das variáveis sobre a seleção de crianças
talentosa para o treinamento.
VARIÁVEIS f %
Capacidades Físicas 7 30,43
Disponibilidade de Horário 4 17,39
Aspectos Cognitivos 3 13,04
Biótipo 3 13,04
Composição Corporal 2 8,69
Aspectos Psicológicos 2 8,69
Genética 1 4,34
Por Observação 1 4,34
Os resultados indicam que a seleção das crianças é feita através das capacidades
físicas (30,43 %), e a disponibilidade de horário para o treinamento (17,39 %). Mas para
MARQUES (1991) citado por LANARO e BÖHME (2001), reporta que se
tradicionalmente a detecção dos talentos deve se efetuar sobretudo a partir da
observação pelos treinadores da criança nas competições, isto é, a partir de
procedimentos subjetivos e empíricos, o que freqüentemente dará origem a erros, deve-
se depois comprovar o processo de detecção e seleção de talentos, selecionando
estratégias cientificas adequadas, sem no entanto subestimar o papel dos treinadores e
da observação pedagógica, e não apenas as capacidades físicas.
A tabela dois demonstra as características mais importantes de uma criança
durante um processo de detecção de talentos, quais são as variáveis que um técnico
pode usar quando pretende realizar um teste de detecção de talentos.
TABELA 2. Freqüência e porcentagem das variáveis sobre as principais características
observadas em uma criança para detecção de talentos na Ginástica Olímpica.
VARIÁVEIS f %
Capacidades Físicas 8 29,62
Aspectos Cognitivos 6 22,22
Biótipo 6 22,22
Outras Respostas * 4 14,81
Aspectos Psicológicos 1 3,70
Composição Corporal 1 3,70
Idade 1 3,70
* Outras Respostas: Agressão, Ambição e Musculatura definida.
As capacidades físicas continuam sendo o aspecto mais importante em uma
criança, um ótimo exemplo é o desempenho no cavalo com alças exige força,
coordenação multisegmentar, equilíbrio, controle estático e dinâmico segundo MAIA
(1996) e SCHMIDT (1982), citados por LANARO e BÖHME (2001). Para DIANNO e
RIVET (1989), estudos anteriores com ginastas brasileiras, encontrou-se um alto valor
de força, especialmente de membros inferiores e abdominais, o que mostra que é uma
característica da modalidade, também verificada em um estudo com ginastas
canadenses.
Os aspectos cognitivos como a capacidade de reprodução, a criança assiste um
determinado vídeo de Ginástica Olímpica ou observa um movimento realizado por um/a
ginasta e consegue reproduzi-lo é uma variável de grande importância , alguns técnicos
falou sobre o biótipo, ombros mais largos, quadril mais estreito, braços e pernas longas,
alguns técnicos falam que o biótipo das crianças da Ginástica Olímpica é em forma de
Y, essas estão sendo as características mais observadas por alguns técnicos.
A tabela três vai explicar os movimentos que os especialistas da área, observam
em uma criança quando elas estão em uma aula de Educação Física ou fazendo uma
brincadeira sem estar em um processo de detecção de talentos. Os movimentos que
possam ser um indicador do talento esportivo na Ginástica Olímpica.
TABELA 3. Freqüência e porcentagem das variáveis sobre os movimentos
característicos da Ginástica Olímpica que uma criança consiga executar em uma aula de
educação física de acordo com a opinião dos profissionais de Ginástica Olímpica
entrevistados.
VARIÁVEIS f %
Movimentos de Sustentação do Corpo 5 21,73
Estrela 4 17,39
Movimentos Ligados as Capacidades Físicas 4 17,39
Apoio Invertido 3 13,04
Outras Respostas ** 3 13,04
Rolamentos 2 8,69
Movimentos Ligados a Técnica * 1 4,34
Movimentos Naturais 1 4,34
* Movimentos ligados a técnica: movimentos mais estilizados (com ponta de pé, e todo
o corpo alongado).
** Outras Respostas: crianças saltitantes, conjunto de movimentos, andar sobre as mãos
e movimentos coordenados.
Os únicos movimentos característicos da Ginástica Olímpica que foram
observados foi a estrela (17,39 %), o apoio invertido (13,04 %) e os rolamentos (13,04
%). Mas movimentos ligados a sustentação do corpo são de grande importância (21,73
%) como BARELA (2000), fez um estudo sobre o funcionamento do sistema postural
que também é uma habilidade motora, que envolve a necessidade coordenar e controlar
os segmentos corporais com base nas informações sensoriais, ou seja a manutenção de
uma posição corporal desejada envolve a coordenação e controle dos segmentos
corporais com relação aos outros segmentos corporais e a coordenação e controle desses
segmentos corporais com relação ao meio ambiente, este estudo mostrou que a postura e
a sustentação do corpo são de grande importância na avaliação de futuros ginastas.
A tabela quatro demonstra qual é a idade aproximada que uma criança é capaz
de realizar os movimentos característicos da modalidade, sendo que nenhuma criança é
ou foi atleta de Ginástica Olímpica.
TABELA 4. Freqüência e porcentagem das variáveis sobre a idade que a criança é
capaz de executar movimentos característicos da Ginástica Olímpica.
VARIÁVEIS f %
Depende de Cada Criança 3 23,07
Entre 4 e 5 anos 3 23,07
A partir dos 5 anos 2 15,38
A partir dos 6 anos 1 7,69
Entre 6 e 7 anos 1 7,69
A partir dos 10 anos 1 7,69
Qualquer Faixa Etária 1 7,69
Outras Respostas * 1 7,69
* Outras Respostas: depende da motivação, depende da maturidade e depende do nível
do movimento.
As respostas indicam que as crianças entre 4 e 5 anos já são capazes de executar
movimentos característicos da modalidade, mas a grande maioria respondeu que
depende de cada criança, assim como para SCHNEIDER e SHIFFRIN (1977) citados
por LADEWIG (2000), este estudo fala que durante o processo da aprendizagem de
qualquer atividade, passamos por estágios em que ocorrem diversas mudanças, entre
elas, nas exigências nos processos da atenção. Estas mudanças vão desde o momento
em que estamos sendo expostos pela primeira vez à atividade e não temos a menor idéia
do que fazer primeiro, até o momento em que já conseguimos realizar a atividade quase
sem nenhum esforço cognitivo. Sendo que o grau de dificuldade e complexidade da
tarefa é que ditarão a quantidade de pratica necessária para que possamos realizar a
tarefa “sem pensar”. Entenda-se “sem pensar”, a realização de uma atividade, a
execução de um movimento automaticamente, ou o “processo automático” concluindo a
finalização do processo de aprendizagem. Outros estudos concluiram que o
comportamento motor antes, durante e após a prática como um primeiro referencial. O
que vemos quando um aprendiz tenta pela primeira vez ou nas primeiras tentativas de
execução de uma tarefa “nova” para ele. Que mudanças observamos na medida em que
a prática progride e qual o comportamento de um habilidoso nesta tarefa. Estamos
falando das mudanças externas, diretamente observadas. PELLEGRINI (2000), divide o
comportamento motor em três níveis: Inexperiente ou novato, Intermediário e Avançado
ou expert. Estes estudos mostram a importância da evolução dos movimentos, partindo
dos níveis mais básicos, ate os níveis mais complexos.
A tabela cinco vai mostrar os testes ou as variáveis que os especialistas utilizam
em um programa de detecção de talentos, como eles fazem para selecionar os melhores
dos melhores ou os mais preparados dos menos preparados.
TABELA 5. Freqüência e porcentagem das variáveis a serem priorizados em um
programa de detecção de talentos nacional na Ginástica Olímpica.
VARIÁVEIS f %
Testes Físicos 4 16,66
Testes Cognitivos 3 12,05
Testes de Habilidades Técnicas 3 12,05
Facilidade de Locomoção 3 12,05
Outras Respostas * 3 12,05
Capacidade de Assimilação e Reprodução 2 8,33
Genética 2 8,33
Testes Psicológicos 2 8,33
Observação do Técnico 2 8,33
* Outras Respostas: idades mais próximas, apoio da família, facilidade de locomoção
concentração, vontade e é impossível realizar esta seleção de talentos.
Os testes físicos continuam sendo uma das variáveis mais utilizadas na detecção
de talentos. Segundo BERGAMO e PAES (2002) a detecção do talento deve se dar
pelas múltiplas possibilidades da criança desempenhar suas habilidades técnicas, táticas
e afetivas, portanto, a nossa proposta é a da busca pelo talento múltiplo. Essa proposta
se caracteriza pela formação global da criança, sendo que o trabalho com as capacidades
motoras deverá ser reconsiderado, reestruturado e re elaborado periodicamente,
adequando-se às mudanças biológicas e psicológicas da criança, para que o ensino
possa levar o praticante sentir sua adaptabilidade e facilidade nas realizações das tarefas
motoras. Para MATARUNA (2000) o talento pode ser identificado durante um
treinamento ou por outros dados, aspectos biológicos, do individuo. “(...) Não basta
somente identificar o talento, mas cabe ao técnico saber aproveitá-lo (...)”.
A tabela seis demonstra se há ou não a um processo de detecção de talentos no
Brasil, ou de qual forma é feito esse processo.
TABELA 6. Freqüência das variáveis analisadas no processo de detecção de talentos da
Ginástica Olímpica atualmente.
VARIÁVEIS f %
Não Existe Processo 5 25,0
Parâmetros Individuais 5 25,0
Testes Físicos 3 15,0
Ao Acaso 2 10,0
Medidas Antropométricas 1 5,0
Biótipo 1 5,0
Testes Cognitivos 1 5,0
Realização de um Movimento 1 5,0
Outras Respostas * 1 5,0
* Outras Respostas: testes desafiadores.
A resposta dos entrevistados indica que não existe nenhum processo de detecção
de talentos e quando existe são todos testes individuais de cada técnico, professor ou
arbitro, não existindo uma padronização na detecção de talentos atualmente. Para
minimizar o problema do prognóstico, os pesquisadores da área procuram definir
critérios para a determinação de talento esportivo. Porém, a definição de critérios
também se apresenta como um problema da área (BÖHME 1995 citado por BENDA
s/d).
V - CONCLUSÃO O principal objetivo deste trabalho foi verificar a opinião dos técnicos e
professores, sobre o processo de detecção de talentos na Ginástica Olímpica. Todos os
resultados obtidos neste trabalho demonstraram que não existe um processo de detecção
de talentos no pais, mas existe uma avaliação empírica e subjetiva de cada técnico em
particular, o único lugar onde é feito um tipo de detecção de talentos é no Centro de
Excelências em Curitiba, mas o teste inicial utilizado nesse processo é a observação e a
confiança nos olhos de técnicos experientes da Ucrânia. Este trabalho obteve outras
respostas como: as capacidades físicas, a disponibilidade de horário, os aspectos
cognitivos, movimentos de sustentação do corpo, estrela (movimento característico da
Ginástica Olímpica), não existe uma idade correta para uma criança realizar
movimentos característicos da modalidade, é estimado entre 4 e 5 anos, mas depende de
cada criança, estas foram outras respostas obtidas neste trabalho, assim sendo são
pontos importantes se algum técnico ou professor busca a detecção de talentos.
Uma sugestão para um próximo trabalho é descobrir se todas as crianças que não
foram selecionadas em um processo deste tipo, possam se tornar ginastas do mesmo
nível que as selecionadas, isto significa que um talento não é apenas características
físicas observáveis, mas uma criança pode ter todos os planos mentais (coordenação de
membros superiores e inferiores, consciência corporal adequada a sua faixa etária, etc...)
e ser capaz de realizar movimentos da modalidade mesmo sem ter a primeiro momento
as características físicas ideais da Ginástica Olímpica, características essas que possam
ser treinadas a curto e médio prazo, ou ainda, um futuro trabalho pode se basear na
avaliação da técnica de execução de alguns movimentos característicos da Ginástica
Olímpica, em diferentes faixas etárias, esse tipo de teste não vai descartar as crianças
talentosas e sim conseguir trazer mais crianças para a pratica da Ginástica Olímpica.
VI- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- ARENA, S.S.; BOHME, M.T.S. programas de Iniciação e Especialização Esportiva
na Grande São Paulo. Revista Paulista de Educação Física.; 2000; 14: 95-184.
2- BARELA, J.A; Estratégias de controle em movimentos complexos: ciclo percepção
– ação no controle postural. Revista Paulista de Educação Física.;.2000; 3: 79-88.
3- BENDA, N.R. A Detecção,Seleção e Promoção de Talento Esportivo em uma
Abordagem Sistêmica. Revista Mineira de Educação Física. 2001; 9: 74-82.
4- BERGAMO, R.V.; PAES, R.R. Detecção e Promoção de Talentos Esportivos
Múltiplos: Caso Basquetebol Feminino. In: 9º Congresso de Educação Física e
Ciência do Desporto dos Paises de Língua Portuguesa; 2002; p. 111.
5- CANFIELD, J.T. Aprendizagem de Habilidades Motoras II: O que muda com a
pratica?. Revista Paulista de Educação Física.; 2000; 3: 72-78.
6- COLANTONIO, E; et al. Avaliação do crescimento e desempenho físico de crianças
e adolescentes. Revista Brasileira de Atividade Física Saúde. 1999; 4: 17-29.
7- CONNOLLY, Kevin; Desenvolvimento motor : passado,presente e futuro. Revista
Paulista de.Educação.Física.; 2000; 3 : 6-15.
8- DIANNO, M.V. A Ginástica Olímpica no Brasil. Revista Brasileira de Ciências e
Movimento; 1988; 2: 57-59.
9- DIANNO, M.V. Perfil de Aptidão Física de Ginastas Olímpicas Femininas. Revista
Brasileira de Ciências e Movimento; 1989; 3: 26-33.
10- DIANNO, M.V.; RIVET, R.E. Progressão de Variáveis Antropométricas e
Neuromotoras em um ano de Treinamento de Ginastas Olímpicas Femininas.
Revista Brasileira de Ciências e movimento; 1990; 4: 7-13.
11- FILHO, P.L.; BOHME, M.T.S. Detecção, Seleção e Promoção de Talentos
Esportivos em Ginástica Rítmica Desportiva: um Estudo de Revisão. Revista
Paulista de Educação Física.; 2001; 15: 154-68.
12- GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor :
Bebes, Crianças, Adolescentes e Adultos.; Phorte; s/d.
13- HEBBELINCK, M. Identificação e Desenvolvimento de Talentos no Esporte:
Relatos Cineantropométricos Talent Identification and Development in Sport :
Kinanthropometric Issues. Revista Brasileira de Ciências e Movimento; 1989; 4:
46-62.
14- ISAYAMA, H.F; GALLARDO, J.S.P; Desenvolvimento motor : análise dos
Estudos Brasileiros sobre habilidades motoras fundamentais. Revista Da Educação
Física / UEM.; 1998; 9: 75-82.
15- LADEWIG, I. A Importância da Atenção na Aprendizagem de Habilidades
motoras. Revista Paulista de Educação Física.; 2000; 3 : 62-71.
16- MANOEL , E. J ; A dinâmica do estudo do comportamento motor. Revista
Paulista de Educação Física.; 1999; 13: 52-61.
17- NASCIMENTO, M.B.; DUARTE, C.R.; SANTOS, A. R.B. Perfil de Aptidão
Física de Atletas de Alto Nível Praticantes de Atletismo. Revista Brasileira de
Ciências e Movimento; 1989; 3 : 26-34.
18- PELLEGRINI, A.M; A Aprendizagem de habilidades motoras I : O que muda com
a prática?. Revista Paulista de Educação Física.; 2000; 3 : 29-34.
19- PEREIRA, M.H.N.; MATSUDO, V.K.R. Características de Aptidão Física Geral
de Bailarinas Clássicas Adolescentes. Revista Brasileira de Ciências e
Movimento; 1987; 1 : 11-16.
20- PÚBLIO, N.S.; TANI, G. Aprendizagem de Habilidades Motoras Seriadas da
Ginástica Olímpica. Revista Paulista de Educação Física.; 1993; 7 : 58-62.
21- SANTOS, L.J..M. A Utilização da Detecção de Talentos por Técnicos de Judô dos
Cinco Principais Clubes do Rio de Janeiro. Revista Digital. 2000; Disponível em
www.Ginásticas.com.br [ 2002 Junho 16].
22- SILVA, L.A.P.; et al. Aquisição Física-Monotora de Base: Como estão crianças
Brasileiras e Portuguesas? Revista da Educação Física / UEM. 1997; 8 : 91-96.
23- TEIXEIRA, L.A; Sobre a Generalidade de estratégias de controle sensório- motor :
passado,presente e futuro. Revista Paulista de Educação Física.; 2000; 3 : 6-15.
24- TONELLO, M.G.M.; PELLEGRINI, A..M. A Utilização de Demonstração para a
Aprendizagem de Habilidades Motoras em Aulas de Educação Física. Revista
Paulista de Educação Física.; 1998; 12 : 14-107.
25- VIEIRA, L.F; VIEIRA , J.L.L : Talentos esportivos: estudo dos atributos pessoais
dos atletas Paranaenses do atletismo. Revista Da Educação Física / UEM ;
2001 ; 12 : 7-17.
26- ZABALA, R.D; PEREZ, G. E. N; Medição da Aptidão Física em crianças critérios
para avaliação. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 1990; 4 : 13-18.
VI- ANEXO
ENTREVISTA: DETECÇÃO DE TALENTOS
1) Como você técnico, professor ou arbitro faria par selecionar as crianças mais
talentosas para um futuro treinamento?
2) O que ou quais características chamam sua atenção em uma criança que
possa vir a ser sua ginasta?
3) Quais os movimentos que executados por uma criança te leva a crer que ela
possa vir a ser uma criança talentosa para a ginástica olímpica?
4) Com quantos anos você supõe que uma criança é capaz de executar
movimentos próprios ou característicos da ginástica olímpica?
5) HIPOTESE: Foi elaborado um programa para detecção de talentos a nível
nacional, onde 5000 crianças foram selecionadas por suas capacidades
físicas (força, flexibilidade, etc...), e suas medidas antropométricas (estatura,
peso, dobras cutâneas, etc...). A sua proposta é montar uma única equipe
para treinamento visando o alto rendimento. Como você técnico, professor
ou arbitro faria para selecionar essa equipe.
6) Qual a sua opinião sobre o processo de detecção de talentos na ginástica
olímpica atualmente.