CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase...

43
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO RAFAELLA GIRÃO ALVES DOCUMENTÁRIO: VELHAS NOVIDADES FORTALEZA 2019

Transcript of CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase...

Page 1: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

RAFAELLA GIRÃO ALVES

DOCUMENTÁRIO: VELHAS NOVIDADES

FORTALEZA 2019

Page 2: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

RAFAELLA GIRÃO ALVES

DOCUMENTÁRIO: VELHAS NOVIDADES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito obrigatório para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social (habilitação em Jornalismo) pelo Centro Universitário Sete de Setembro. Orientadora: Profª. Ms. Morgana Bavaresco.

FORTALEZA 2019

Page 3: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

CIP – Catalogação na Publicação

[Ficha catalográfica]

Page 4: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

RAFAELLA GIRÃO ALVES

DOCUMENTÁRIO: VELHAS NOVIDADES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito obrigatório para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social (habilitação em Jornalismo) pelo Centro Universitário Sete de Setembro.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Profª. Ms. Morgana Bavaresco - UNI7

Orientadora

___________________________________________ Prof. Ms. Jari Vieira Silva - UNI7

Examinador

___________________________________________ Profª. Ms. Moema Mesquita da Silva Braga – UNI7

Examinadora

Page 5: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

DEDICATÓRIA

Por todo amor, sabedoria e força, dedico este trabalho à minha mãe, a

pasteleira Branca. Para Maria e Wellington, meu manifesto de amor. Para os

chegados e irmãos, “people have the power”.

Page 6: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu criador e conhecedor do meu coração, Jesus Cristo. Sem o

seu amor, nem o nada me restaria.

À minha mãe, Branca Girão, pelos nossos detalhes e pelo nosso tudo.

Desconheço mulher mais sábia e mais forte. Ela é a pessoa que mais me apoiou em

todos os momentos da minha vida.

À minha avó, Maria Girão, por ter me ensinado desde muito cedo sobre o valor

que as roupas possuem. Sobre cada costura, corte e modelagem impecáveis. Sobre

cada tecido e aviamentos encontrados pelos caminhos do centro de cidade de

Fortaleza.

Aos meus sobrinhos, Maria Elisa e Wellington por me mostrarem ainda mais

sobre o amor e a desordem. Por cada palavra descoberta. Por cada lugar desbravado

e ressignificado. Por me provarem que a vida, por mais pesada que seja, pode ser

leve.

À Maiane Almeida, minha melhor amiga, que segura pela minha mão desde

quando eu tinha apenas seis anos de idade. Ela, que sempre me incentiva a me lançar

ao mundo. Que me ama com liberdade. Que é caos e aconchego tudo na mesma

proporção. Que esconde uma certa sensibilidade transformando em razão, mas que

sempre está atenta a todas a miudezas dessa vida. Viva a Maiane! Viva a playlist mais

cafona das nossas vidas! Viva a nossa amizade! Viva o nosso amor!

Aos meus amigos e chegados, que são muitos e incrivelmente únicos. Tanta

gente massa e talentosa entrou, passou e ficou na minha vida ao longo dessa jornada

do curso de jornalismo. Aprendemos muito e juntos.

Ao meu amor e camarada, Carlos Augusto, que tem um abraço quente, cheiro

de mar e os olhos mais lindos que eu já vi.

À minha orientadora, Morgana Bavaresco, por acreditar em mim até o último

momento e aceitar direcionar este projeto sem nunca ter me visto na vida. Sua

contribuição foi imprescindível para que eu pudesse chegar até aqui. Sou grata por

sua paciência, disponibilidade e rápido retorno sempre. Agradeço cada troca e a cada

resposta sincera que recebi. Você é inspiradora. Adoro seu cabelo curtinho e o jeito

como você se veste. Obrigada por tudo.

Page 7: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

Aos mestres do jornalismo, Jari Vieira e Moema Braga por aceitarem participar

da banca avaliadora. É uma satisfação poder contar com a experiência e

ensinamentos de profissionais tão competentes.

Agradeço ainda, aos demais mestres do Centro Universitário 7 de Setembro

(UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer

jornalístico.

Obrigada, professores Diego Henrique, Eulália Camurça, Nila Bandeira, Márcio

Benevides, Fernando Cavalcante, Aldo Rabelo, Ana Paula Rabelo, a linda e forte Kátia

Patrocínio, Vânia Tajra, Edma Gois, Paulo Junior Pinheiro, ao casal mais amado e

inspirador do jornalismo cearense, Ana Márcia Diógenes e Miguel Macedo.

Agradeço a todos as pessoas que dedicaram seu tempo para que esse trabalho

fosse realizado, ouvir a história de cada um foi um presente para mim.

Agradeço ao melhor presidente que o Brasil já teve, o companheiro Luiz Inácio

Lula da Silva por ter me proporcionado a oportunidade de ser a primeira pessoa da

minha família a ter acesso ao ensino superior e por ter melhorado a vida deles desde

que chegaram na capital.

Eu acredito e luto pela implantação de políticas públicas de democratização do

acesso ao ensino superior. Eu acredito que jovens da periferia possam se

profissionalizar, ter um espaço de protagonismo e ampliar suas perspectivas no

mundo. Eu acredito no povo, porque faço parte dele.

Por fim, era uma vez agora.

Page 8: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

"Busca-se o tempo todo coisas novas que, ao final não dão satisfação. Cada vez temos mais coisas, mais não significa que estamos mais felizes."

Gilles Lipovetsky

Page 9: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

RESUMO

Este trabalho em forma de documentário apresenta a ação dos brechós como

alternativa de compra e venda de peças de roupas e acessórios usados. O

documentário exibe as diversas motivações dos usuários desses espaços, aponta

análises sobre os impactos ambientais relacionados ao mundo da moda e expõe

reflexões sobre o consumo abusivo. Os objetivos do trabalho foram os de buscar

elencar as motivações que tem levado as pessoas a consumir peças usadas de

brechós, entender sobre como a ação humana relacionada ao mercado da moda pode

afetar o meio ambiente, e, compreender a ação dos brechós e de seus usuários como

medida de diminuição de impactos ambientais e reversão de práticas de consumo

imoderado. O produto audiovisual foi realizado a partir da coleta e editoração de

depoimentos de pessoas que compram, vendem e transitam em três dos brechós de

em Fortaleza, Ceará. Observou-se que os usuários desses espaços se mobilizam a

partir de motivações orientadas pela redução de custo com a aquisição de roupas, de

busca por práticas de consumo moderadas e ambientalmente sustentável.

Palavras-chave: Moda. Brechós. Consumo consciente. Sustentabilidade.

Documentário.

Page 10: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

ABSTRACT

This work in documentary form presents the thrift store action as an alternative to

buying and selling used clothing and accessories. The documentary shows the diverse

motivations of the users of these spaces, points out analyzes about the environmental

impacts related to the fashion world and exposes reflections on the abusive

consumption. The objectives of this work were to seek to list the motivations that have

led people to consume used thrift stores, to understand how the human action related

to the fashion market can affect the environment, and to understand the action of thrift

stores and their users as a measure of reducing environmental impacts and reversing

immoderate consumption practices. The audiovisual product was made by collecting

and editing testimonials from people who buy, sell and transit three of the thrift stores

in Fortaleza, Ceará. It was observed that the users of these spaces mobilize from

motivations oriented by the cost reduction with the purchase of clothes, the search for

moderate consumption practices and environmentally sustainable.

Keywords: Fashion. Thrift Stores. Conscious consumption. Sustainability.

Documentary.

Page 11: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ............................................................................................... 13

2.1 Geral .......................................................................................................... 13

2.1 Específicos ................................................................................................ 13

3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 14

4 METODOLOGIA ........................................................................................ 16

5 ORIGEM DO CONSUMO ........................................................................... 17

5.1 O consumo de moda de segunda mão na contemporaneidade e os brechós ......................................................................................................

21

6 DOCUMENTÁRIO ...................................................................................... 24

6.1 Argumento ................................................................................................. 26

6.2 Personagens ............................................................................................. 28

6.3 Estrutura .................................................................................................... 28

7 PLANEJAMENTO ...................................................................................... 30

7.1 Pré-produção ............................................................................................ 30

7.2 Diário de gravação ................................................................................... 31

7.3 Pós-produção ........................................................................................... 33

7.4 Roteiro ....................................................................................................... 33

7.5 Cronograma geral ..................................................................................... 35

7.6 Sinopse ...................................................................................................... 35

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 37

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 39

APÊNDICE A – FOTOGRAFIAS EM CAMPO GRAVANDO, NA EDIÇÃO E FINALIZAÇÃO .........................................................................

41

Page 12: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

11

1 INTRODUÇÃO

O mundo está em constante transformação, seja no contexto político,

econômico, social e cultural. Em consequência disso surgem novos valores, crenças

e comportamentos disseminados na sociedade. Eles contribuem para mudanças no

perfil dos consumidores, que estão sempre buscando novos meios de inserção nos

contextos em que vivem.

Nesse sentido o presente trabalho apresenta por meio de um filme

documentário relatos sobre mudanças de comportamento, motivações e expectativas

dentro do campo da moda, levando em consideração o atual discurso sobre a

necessidade de um consumo mais consciente, com menos impacto e desgaste do

meio ambiente. Foram ouvidas pessoas que compram, vendem e participam de

eventos de bazar na cidade de Fortaleza, a fim de apresentar quais são seus objetivos

e como lidam com a moda de produtos usados. Seria o motivo desse consumo dessas

pessoas uma consciência coletiva, ou apenas mais uma forma de consumir ainda

mais, considerando como vantagem os preços baixos das peças devido seu estado

de uso?

É sabido que os recursos naturais estão cada vez mais sofrendo com as ações

desequilibradas do ser humano. No dia 29 de julho de 2019 foi atingido o limite do

estoque de recursos naturais para o ano, o 'Dia da Sobrecarga da Terra'. Isso significa

que, antes da chegada do mês de agosto, a humanidade esgotara toda a reserva de

recursos naturais do planeta para este ano.

Segundo dados da Global Footprint Network (GFN), todos os anos calcula-se

o número de dias em que a biocapacidade do planeta Terra é suficiente para suportar

a "pegada ecológica" da humanidade naquele mesmo ano, ou seja, as marcas de

utilização dos recursos naturais disponíveis - o quanto o homem "gastou" dos recursos

que o planeta dispõe. O restante do ano corresponde ao uso excessivo global. Estima-

se que, em 2050, a humanidade terá consumido o dobro do que o planeta produz.

A indústria da moda, por sua vez é responsável por usar esses recursos e gerar

uma série de impactos negativos no meio ambiente. Além disso é uma das indústrias

que mais geram lixo e resíduos no mundo. Refugos esses com números também

impactantes. Lorenzetti (2018) em entrevista para Patrick (2018) afirma que,

“calculando uma perda de 10% do tecido no processo de corte para a confecção,

Page 13: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

12

pode-se estimar que são geradas, no mínimo, 170 mil toneladas de resíduos têxteis,

por ano, no Brasil”.

Dessa quantidade, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas na produção

de peças novas de roupas, mantas e fios. De acordo com a Associação Brasileira da

Indústria Têxtil e Confecção (2018) na região do Bom Retiro, em São Paulo,

diariamente são descartados, inadequadamente, 12 toneladas de resíduos têxteis

(retalhos) produzidos por mais de 1,2 mil confecções.

A atual conjuntura global valida um futuro de incertezas e no presente, existe

a necessidade de ser criado um redesenho pautado em mudanças de hábitos e

comportamentos para inverter esse quadro.

À frente dessa movimentação, surge uma nova postura relacionada ao

consumo de moda e vários modelos de venda de roupas de usadas, além de novos

programas de TV, influenciadores de moda sustentável nas redes sociais e marcas

que estão repensando e se posicionado a favor da sustentabilidade, os brechós

ganham destaque, uma vez que expressam a ideia de uma compra mais consciente

e ecológica. À medida que a vida útil de uma peça de roupa que seria descartada de

forma incorreta, é expandida, os danos ecossistêmicos são reduzidos.

Para a concretização desse projeto, foram estabelecidos objetivos, geral e

específicos, que estão presentes neste relatório técnico. A relação pessoal e social da

pesquisadora com relação a moda e suas reflexões sobre o contexto atual.

Foi necessário um estudo metodológico para definir a ferramenta de pesquisa

adequada que possibilitasse chegar aos objetivos e possibilitar a criação do produto.

Foram realizadas entrevistas e um trabalho de pesquisa sobre o tema abordado.

Page 14: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

13

2 OBJETIVOS

Apresentam-se os objetivos geral e específicos.

2.1 Geral

Produzir material audiovisual no formato de documentário para apresentar

entrevistas verbais, pautadas nos dados e informações sobre o comércio de moda

de itens usados, realizado em brechós, na cidade de Fortaleza - CE. Apresentar

relatos de pessoas que compram, vendem e participam desse processo e as

motivações do consumidor contemporâneo para comprar roupas de moda de segunda

mão.

2.2 Específicos

a) Pesquisar informações sobre o porquê do aumento do consumo de moda de

usados e de que forma a consciência sustentável influência na compra de

roupas de segunda mão em brechós;

b) Filmar e gravar entrevistas durante a realização de uma edição do Bazar

Aberto, na Feira Alternativa La Grue e o brechó e loja compartilhada Revival;

c) Editar imagens com entrevistas em formato de documentário;

d) Apresentar a partir dos relatos coletados qual a motivação das pessoas em

consumir e comercializar itens usados;

e) Provocar reflexão sobre o consumo diante das contribuições dos participantes

do documentário.

Page 15: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

14

3 JUSTIFICATIVA

A moda sempre foi para mim uma forma de comunicação e expressão do que

sou em relação ao que está em minha volta. Na infância vivi diversas sensações com

conectadas o ao[MB1] universo do vestuário. Minha avó foi costureira por muitos anos,

ofício que lhe deu a sensibilidade de lidar com as cores, texturas e aviamentos e de

me proporcionar ricas experiências enquanto buscava absorver por contemplação e

voluntariado todo o conhecimento da minha fonte de inspiração.

O Centro da cidade de Fortaleza, um lugar de pertencimento, também me

proporcionou muito aprendizado, através de seus variados comércios voltados para

os artigos de costura. O ambiente já era muito familiar para mim, que aos poucos já

planejava mentalmente modelos e peças. Já sabia que materiais usar, que tipo de

tecido seria mais adequado e isso foi virando uma rotina até o final da minha

adolescência.

Os anos foram passando e essa paixão foi se firmando com a mesma

intensidade. As peças prontas começaram a fazer parte dos meus objetos de desejo,

gostava de trazer minha personalidade ao que vestia e adquirir peças de roupas foi

ficando cada vez mais uma atitude comum.

Ao entrar no mercado de trabalho, aos 19 anos, ainda de forma precoce,

construí uma carreira na área de gestão comercial dentro do varejo. Por quase cinco

anos da minha vida passei a vivenciar o consumo na sua pior forma, praticado dentro

dos grandes shoppings na perspectiva do exagero e não por uma necessidade de

possuir peças de roupas. Me tornei uma pessoa dependente do “fast fashion”, na

tradução livre, moda rápida. Cheguei a possuir duzentos e oitenta pares de

sapatos[MB2] . Uma pessoa com dois pés. Logo, esse exagero me trouxe angústia, um

vazio que foi constatado depois que comecei a questionar minhas práticas de

consumo, até por conta de uma questão de consciência coletiva também.

Hoje tenho dois sobrinhos pequenos, Wellington, de 8 anos e Maria Elisa, com

cinco anos e pensar no futuro tem sido uma prática recorrente, ainda mais quando o

futuro será o deles. Penso o que minha geração poderá deixar para eles, questiono

meus desejos de consumir cada vez que lembro o quanto os recursos naturais estão

ficando limitados. Há quatro anos resolvi me reinventar, buscar o que realmente

preciso e fazer circular as peças de vestuário que fizeram parte da minha história, mas

que não conversam comigo da mesma forma de antes.

Page 16: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

15

Juntei tudo que não me representava mais e comecei a participar de feiras

vendas de roupas de segunda mão, grupos que discutem novas formas de consumir

moda e sempre quando vou comprar algo, procuro incentivar o comércio local.

Comprar em grandes lojas não é mais uma opção e sim uma decisão.

Por meio dessa mudança passei a acompanhar o movimento e crescimento de

brechós da cidade de Fortaleza. Um mercado que expandiu a passos largos nos

últimos anos. É diante dessa resistência e ressignificação da roupa comercializada

nos brechós que me propus a construir o documentário Velhas Novidades.

Page 17: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

16

4 METODOLOGIA

Este trabalho se concretiza por meio de um documentário, que tem como base

a metodologia qualitativa, pois leva em consideração questões subjetivas e inerentes

do sujeito para tratar determinadas questões que possam ser de interesse coletivo,

segundo Paulilo (1999). O documentário Velhas Novidades aborda a relação do

consumo de produtos de moda usados, por pessoas que frequentam, compram e

vendem em eventos de bazar na cidade de Fortaleza. Para alcançar os objetivos foi

necessária a realização de uma agenda de gravações e a criação de um roteiro para

a captação de imagens e depoimentos sobre a relação com o consumo, a fim de gerar

uma reflexão sobre a motivação real de quem compra roupas e acessórios usados.

Para o documentário foram gravadas oito entrevistas individuais com pessoas

que têm relação com o universo da moda e se relacionam direta e indiretamente com

o consumo consciente. As entrevistas aconteceram no Bazar Aberto, na Praça da

Gentilândia e na Feira Alternativa La Grue, ambos em Fortaleza.

O processo de pesquisa exigiu aproximação e relação de confiança com os

pesquisados / entrevistados, tendo em vista que estes seriam fonte direta de dados

para a produção audiovisual. Essa relação do pesquisador e pesquisado é abordada

por Spindola e Santos (2003) e é caracterizada pela obtenção de dados descritivos,

no contato direto do pesquisador com a situação estudada, valorizando-se mais o

processo que o produto, preocupando se em retratar a perspectiva dos participantes,

isto é o significado que eles atribuem às coisas e à vida. Dessa forma, são percebidos

como as pessoas mais importantes no processo (SPINDOLA; SANTOS, 2003, p. 121).

Sobre entrevistas, Paulilo (1999, p. 141) ressalta que “são formas especiais de

conversação e, neste sentido, interativas”. Assim, o ambiente oferecido para o

entrevistado é também usado pelo entrevistador, ao passo que é estabelecida uma

relação mútua com seu objeto de pesquisa. A autora considera a construção do

conhecimento como o fruto dessa interação. A participação, neste nível de interação,

envolve ambos em um trabalho de produção de sentido (PAULILO, 1999, p. 143).

Page 18: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

17

5 ORIGEM DO CONSUMO

Em um passado marcado por guerras, o ato de consumir se dava pela

necessidade de ter o básico, que inclui alimentação, moradia e salubridade. No início,

grande parte da população morava na zona rural e vivia da agricultura, foram cerca

de 5.000 anos dominados pelos detentores da terra.

No período que compreende a passagem de transição da Idade da Pedra para

a Idade do Cobre (surgimento do metal), a Revolução Agrícola possibilitou o

surgimento dos primeiros povoados habitados por indivíduos que viviam em condições

de subsistência, ou seja, as pessoas plantavam o que comiam e confeccionavam as

próprias vestimentas para a sobrevivência.

Com chegada da Primeira Revolução Industrial muitas mudanças foram

ocorrendo na sociedade, como a migração da população da zona rural para a zona

urbana gerando um rápido crescimento e desenvolvimento nas capitais. Foram

acontecendo também, mudanças nos processos de manufatura, surgindo fábricas de

tecidos de algodão com o uso do tear mecânico. O que antes era feito de forma

artesanal, passou a ser fabricado por uma máquina. Houve uma superação dos níveis

de subsistência, um avanço da produção fez com que as pessoas se afastassem do

modo de como os produtos eram feitos em relação aos meios de fabricação. Esse

distanciamento ou desconhecimento, foi nomeado historicamente como “alienação”.

Para Marx (2004) o homem, no contexto do Capitalismo, se aliena em relação

ao fruto de seu trabalho e a sua própria essência e espécie. A Revolução Industrial

facilitou a solidificação do sistema capitalista, que busca a todo custo o lucro.

Diante dessa realidade causada pela mecanização do trabalho os operários

passaram a vender sua mão de obra para os donos das indústrias. Dando origem a

uma divisão, onde os trabalhadores acabam sem saber quanto custa o produto em

sua forma final e nem o tempo que leva para ser confeccionado. Com isso, as jornadas

de serviços tornam-se exaustivas iniciando um processo de exploração da mão de

obra, pois se esse trabalhador quiser possuir o que produz, ele precisa comprar

usando o dinheiro que ganhou com venda do seu trabalho, pois quem decide o valor

dos objetos são os donos das indústrias.

Os anos foram passando e logo chegamos na terceira fase da Revolução

Industrial, que ficou marcada por muitas transformações nas áreas do saber. No

Brasil, nos anos 1950, a comunicação ganhou mais importância com o surgimento da

Page 19: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

18

TV, onde o produto ainda era o centro das atenções, os comerciais mostravam seu

funcionamento e características. A imagem de uma vida perfeita era transmitida em

propagandas, ter uma família com filhos, uma casa preenchida com eletrodomésticos

e um carro, era a principal ideia de consumo que estava posto para sociedade, o

“sonho americano”. A ideia de se encaixar nesse modelo determinado pela

publicidade da época, para ser considerado um “vencedor”, tornou-se uma meta para

muitos.

Com o aumento do consumo e da concorrência entre as indústrias, mostrou-se

uma necessidade da diferenciação entre os concorrentes para vender o excedente de

produção. “Quem aparece mais, vende mais!”, as pessoas foram encorajadas a

comprar mais do que o necessário. Nascia a indústria do crédito pautada no conceito

de “compre agora, pague depois”. O mundo inteiro estava passando por mudanças,

um grande progresso da comunicação, a internet se popularizou fazendo com que as

informações fossem difundidas de uma forma cada vez mais rápida. Esse crescimento

acelerou as economias, as indústrias se espalharam pelo mundo estabelecendo-se

em países periféricos, dando origem a globalização, um processo do capitalismo que

consente que economias dos países mais fortes colonizem os países mais fracos.

Sobre a globalização, Bauman (1999, p. 79) afirma que:

A globalização deu mais oportunidades aos extremamente ricos de ganhar dinheiro mais rápido. Esses indivíduos utilizam a mais recente tecnologia para movimentar largas somas de dinheiro mundo afora com extrema rapidez e especular com eficiência cada vez maior.

A globalização beneficia uma pequena parcela da sociedade, os ricos,

deixando de fora os menos favorecidos. Bauman (1999), ainda em sua obra

“Globalização – as consequências humanas”, afirma que com o avanço da tecnologia

da informação não existem mais divisões geográficas, pois as informações chegam

nas pessoas de forma imediata e com baixo custo. Ainda que de uma maneira

desigual, a comunicação e tecnologias de informação estão interligadas e pessoas de

todo o mundo podem se relacionar através da internet.

A globalização colaborou também, com a vida contemporânea, proporcionando

acesso às tecnologias e mostrando às empresas novas maneiras de vender seus

produtos. Por outro lado, trouxe consequências graves como escassez dos recursos

naturais e aumento de desemprego, já que os empresários acabaram migrando suas

produções para países que oferecem mão de obra mais barata. Essa é a ideia desse

Page 20: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

19

sistema produtivo, fabricar mais em menos tempo, usando cada vez mais matérias

primas da natureza, algo que acontece há anos na indústria têxtil.

De forma rotativa o capitalismo se estabeleceu na sociedade, pois quando geramos

uma demanda de consumo, o produtor aumenta a produção. Logo, as vagas de

emprego aparecem, os salários expandem e como resultado, o consumo aumenta,

até que o ciclo recomece. Essa é a lógica capitalista e sua solidificação foi essencial

para o nascimento de uma sociedade pautada em consumo.

Após algumas décadas, as necessidades e desejos do consumidor foram

mudaram e as indústrias passaram a produzir de uma forma diferente para atendê-lo.

O consumidor torna-se a grande estrela das empresas. Dessa vez, os cidadãos

estavam consumindo de forma mais individual e as fábricas passaram a atender à

essas necessidades de maneira segmentada em nichos. O ato de consumir tornou-se

um modo de ostentar, de promover status, de distinção social e para satisfazer o

prazer individual das pessoas.

Com essa expansão da indústria, o consumo fica ainda mais evidente, quase

sempre, de maneira exagerada. O ato de consumir não é mais necessário para

sobrevivência, ele passa a ser associado a uma necessidade construída de que

sempre estamos precisando de produtos novos.

A maneira como a sociedade atual molda seus membros é ditada primeiro e

acima de tudo pelo dever de desempenhar o papel de consumidor. A norma que nossa

sociedade coloca para seus membros é a da capacidade e vontade de desempenhar

esse papel (BAUMAN, 1999).

Para Bauman (1999, p. x), o consumidor da “sociedade do consumo é uma

criatura acentuadamente diferente dos consumidores de quaisquer outras sociedades

até aqui”. Uma vez que o indivíduo está inserido nela, ele tem que escolher um modo

de vida consumista para seguir. Nessa construção social, consumir torna- se um dever

de todos independente de classe, idade e gênero. Mesmo que o sujeito não tenha

dinheiro para comprar as possibilidades de créditos não vão faltar.

Ser membro dessa sociedade exige dedicação, pois as pessoas acabam

sendo a mercadoria do próprio consumo, as empresas criam os produtos baseados

nas demandas dos consumidores, aproveitando para produzir mercadorias para

estimulá-las nesse empenho de ser consumidor. Bauman (2008) afirma que é isso

que os torna consumidores autênticos. Ele ainda destaca que, “é preciso primeiro se

tornar mercadoria para ter uma chance razoável de exercer os direitos e cumprir os

Page 21: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

20

deveres de um consumidor”. Ou seja, o consumidor passa a ser o agente modificador

da sua maneira de consumir quando passa a ter necessidades individuais. A indústria

se moldou a esse comportamento dando origem a marcas diferentes, com

posicionamentos diversos e o consumidor começa a procurar e usar marcas que

representem suas convicções. Chegamos na era do consumismo, onde para cada

desejo de um indivíduo, um produto é criado e vendido. Diante de tantas opções o

consumidor começa a buscar marcas que representam seus valores e

comportamento, empresas que possuem uma relação direta com suas convicções.

Esse comportamento trouxe grandes consequências para a natureza e entramos num

verdadeiro processo de autodestruição.

A humanidade tem utilizado mais recursos naturais do que o planeta consegue

gerar. Em um ano consumimos o que o planeta levará de dois a três anos para

regenerar. Esse overshoot pode levar a dois resultados: (1) alguma forma de ruptura;

(2) uma correção, que deve ser profunda e realizada em breve (MEADOWS;

RANDERS; MEADOWS, 2007). Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente (PNUMA, 2016) a quantidade de matérias-primas extraídas

passou de 22 bilhões de toneladas em 1970 para 70 bilhões de toneladas em 2010.

Os países mais ricos consomem em média dez vezes mais commodities que os mais

pobres e duas vezes mais que a média mundial. Se as condições permanecerem as

mesmas, em 2050 às 9 bilhões de pessoas do planeta precisarão de 180 bilhões de

toneladas de matérias primas anualmente para satisfazer sua demanda. Esse número

equivale a quase três vezes a quantidade atual e provavelmente elevará a acidificação

e eutrofização dos solos e das águas no mundo todo, aumentará a erosão do solo e

produzirá maiores quantidades de resíduos e contaminação.

Preocupados com o diagnóstico do desgaste ambiental, com a escassez de

recursos naturais e motivados pelo propósito de frear os impactos causados no

planeta, nos início dos anos 2000, surge um novo modo do consumidor do século XXI,

o lowsumerism1 , “não consumo”, que é o atual desejo de quebrar o ciclo vicioso do

consumismo, levando um estilo de vida mais consciente, consumindo menos. O

primeiro sinal dessa tendência de comportamento foi divulgado através de um vídeo

no Youtube pela Box1824, uma empresa de pesquisa especializada em tendências

de comportamento.

1 The Rise of Lowsumerism. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jk5GLBIhJtA. Acesso em: xx xx. xxxx.

Page 22: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

21

Nos últimos anos, a indústria da moda, a segunda mais poluente do globo -

atrás apenas da indústria do petróleo, tem exercitado a ideia desse movimento,

vivendo um momento de mudanças na organização da forma de produção e na

instigação de um novo sentimento para com seus consumidores.

O grave diagnóstico a respeito da degradação ambiental que as fábricas têxteis

geraram, desde o início dos seus processos de produção no plantio com uso de

agrotóxico e pesticidas, pelo uso excessivo da água, mão de obra barata, uso de

materiais de origem insólita, e principalmente, por conta do descarte na natureza de

peças de vestuário, ampliou um debate com temáticas sobre atitudes sustentáveis

que possibilitam um consumo de moda com mais propósito e, além disso, também

tem dado origem a vários grupos que se articulam com intuito de fortalecer um

pensamento de conscientização por uma moda mais ética e sustentável.

5.1 O consumo de moda de segunda mão na contemporaneidade e os brechós

Nos últimos anos, o aumento acentuado do consumo mundial foi um dos

principais responsáveis pela a ampliação da indústria. Para que essa expansão de

produção da sociedade contemporânea existisse, as empresas usaram e usam os

recursos naturais para confeccionar seus produtos, o que acabou gerando graves

consequências ambientais e humanas. Essa realidade se mostra insustentável

quando paramos para analisar dados sobre o impacto da produção de matéria-prima

da cadeia produtiva têxtil.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

(2018), a produção média de confecção do ano de 2017 chegou a 8,9 bilhões de peças

incluindo vestuário, meias e acessórios, cama, mesa e banho, contra 5,7 bilhões de

peças em 2016. Os números são altos e surge um questionamento, você já parou

para pensar como, onde, quem confeccionou e quais são os impactos causados no

meio ambiente por cada peça dessas?

Os impactos são os resultados de todos os movimentos realizados na

fabricação de toda a cadeia produtiva têxtil, que se inicia com o plantio do algodão

indo até a confecção da peça e depois, quando chega na comercialização. Na

plantação de algodão são utilizados pesticidas, inseticidas e fertilizantes para obter

uma boa fibra, que será colhida causando contaminação do solo, água e fauna.

Page 23: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

22

O consumo de água é exagerado durante os processos de tingimento, aliados

ao gasto de energia, emissões atmosféricas de poluentes e resíduos sólidos. No

aspecto social, envolvem condições análogas ao trabalho escravo e sérios problemas

com mão de obra explorada, lamentavelmente, uma prática rotineira na produção de

grandes marcas de moda.

A sociedade do consumo é definida como uma sociedade em que há um

excesso de mercadorias e serviços, forte apego a objetos, cultura materialista pautada

na obsolescência programada. “Toda a cultura de massa-midiática tornou-se uma

formidável máquina comandada pela lei da renovação acelerada, do sucesso

efêmero, da sedução, da diferença marginal” (LIPOVETSKY,1989 apud MARTINS;

ASHTON, 2018, p. x). A partir disso que o setor de moda, foi nas últimas décadas, um

dos maiores responsáveis pelo consumo acelerado de bens e pelo acúmulo de

resíduos poluentes (BERLIM, 2016 apud MARTINS; ASHTON, 2018).

A prática de venda de roupas e objetos de segunda mão, no Brasil, teve seu

surgimento na cidade do Rio de Janeiro, durante o século XIX e foi iniciada por um

comerciante que se chamava Belchior, mesmo nome pelo qual as lojas eram

conhecidas, antes de serem chamadas de brechó.

Durante muito tempo os brechós não tinham muita importância e não eram bem

vistos pelas pessoas, devido a comercialização de roupas já usadas por terceiros.

Martins e Ashton (2018) explicam que a grande procura de itens em brechós e a

desmistificação do conceito que os associava a instituições de caridade, desencadeou

uma ruptura nesse segmento nos últimos anos. Em consequência disso a forma como

os brechós eram vistos até então, passou a sofrer um processo de ressignificação que

tem início fora do Brasil por volta da década de 1990, associado com o crescimento

da moda vintage.

Ricardo (2008) explica que a palavra vintage tem origem inglesa e designa, na

enologia, o ano de uma colheita de uvas. Na moda, é usada para definir roupas

antigas, que representam claramente o estilo de sua época, desde que estejam no

seu estado original. Ainda de acordo com Ricardo (2008) os brechós passaram por

diversas mudanças nos últimos anos. Toda uma reorganização com relação a espaço,

limpeza, higienização das peças e acessórios, além de uma forma melhor de

apresentar o local e as peças, o que contribuiu para a redução da resistência das

pessoas em relação a essa opção de consumo.

Page 24: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

23

Importante salientar que os brechós acontecem também em espaços públicos,

geralmente ao ar livre e além do baixo valor das peças de roupas e acessórios, eles

têm como critérios oferecer peças em bom estado com qualidade e até ineditismo. O

consumo da moda de brechós, pode ser considerado, ainda de acordo com Martins e

Ashton (2018), como um movimento de contraconsumo, que busca alternativas

perante o mercado de moda tradicional pautado no consumo acelerado e na

obsolescência programada.

Pesquisas do SEBRAE, estimam que os brechós tiveram um crescimento de

210% entre 2007 e 2012 no Brasil (INNOVARE PESQUISA, 2015). A causa para esse

expressivo crescimento pode estar relacionado a fatores variados como o

enfraquecimento da sociedade de consumo; o aumento da preocupação com

questões ambientais; e a busca por peças raras e colecionáveis de outras décadas.

Porém Lipovetsky (1989 apud MARTINS; ASHTON, 2018) declara que de

fato existe movimento a favor da diminuição do consumo frívolo, mas que no entanto

a cultura do consumismo ainda está longe de ser erradicada. Ao invés disso, o que

acontece é a ascensão de novas formas de consumo.

Page 25: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

24

6 DOCUMENTÁRIO

Gênero cinematográfico que percorre há décadas, o documentário vai se

modificando à medida que as transformações tecnológicas vão acontecendo. Através

de imagens captadas por câmeras, ele tenta transmitir as diversas realidades

existentes em que nós vivemos. É uma produção que narra um momento específico

da vida de alguém ou objeto, sempre acompanhado por uma “presença” ou “voz” que

participa de toda a narrativa. Estudiosos e especialistas buscam definir um verdadeiro

conceito para documentário e, muitas são as definições.

Na obra “Introdução ao documentário” o autor Bill Nichols (2007) evidencia que

o significado de documentário não pode ser reduzido a um verbete de dicionário como

“temperatura” ou “sal de cozinha”. De acordo com ele, se o documentário consistisse

numa reprodução da realidade, teríamos simplesmente a réplica ou cópia de algo já

existente. Porém não se trata de uma reprodução da realidade e sim uma

representação do mundo em que vivemos. Ou seja, é uma interpretação abstrata de

espaço de acordo com o que o documentarista observa que seja mundo.

Os documentários não adotam um conjunto fixo de técnicas, não tratam de apenas um conjunto de questões, não apresentam apenas um conjunto de formas ou estilos. Nem todos os documentários exibem um conjunto único de características comuns. A prática do documentário é uma arena onde as coisas mudam. Abordagens alternativas são constantemente tentadas e, em seguida, adotadas por outros cineastas ou abandonadas. Existe contestação. (NICHOLS, 2012, p. 48).

São muitas as definições, essa é apenas uma tentativa de conceituar o que é

de fato, o gênero documental. Algumas vezes coincidem, outras divergem. Uma outra

definição é a do documentário que pode estar ligado às características de filmes

ficcionais. Nichols afirma que todo filme é um documentário e que este pode ser

classificado como ficção e não-ficção:

Mesmo a mais extravagante das definições evidencia a cultura que a produziu e reproduz a aparência das pessoas que fazer parte dela. Na verdade, poderíamos dizer que existem dois tipos de filme: (1) documentários de satisfação de desejos e (2) documentários de representação social. Cada tipo conta uma história, mas essas histórias ou narrativas, são de espécies diferentes. (NICHOLS, 2007, p. 26).

Page 26: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

25

Os documentários de satisfação de desejos são também chamados de ficção,

eles são projetados segundo a imaginação, desejos ou medos. São filmes em que se

pode ou não acreditar. Os documentários de representação social, são chamados de

não-ficcionais, retratam de forma mais fiel a realidade em que vivemos e nos

proporcionam diferentes visões do mundo. Lembrando que, apesar das diferenças

em cada uma das classificações acima, a interpretação vai acontecer de acordo com

os valores e significados que sentimos.

Além dessas classificações, Nichols (2007) apresenta, ainda, seis diferentes

categorias de documentário que são:

a) Modo poético: Modo que está muito próximo do cinema experimental, pessoal

e de vanguarda. Ele destaca associações visuais, qualidades de tons ou ritmos,

passagens descritivas e organização formal;

b) Modo expositivo: modo que a maior parte das pessoas reconhece o

comentário verbal e uma lógica argumentativa;

c) Modo observativo: enfatiza o engajamento direto no cotidiano das pessoas

que representam o tema do cineasta, conforme são observadas por uma

câmera discreta;

d) Modo participativo: Quando a filmagem é realizada por meio de entrevistas

ou outras formas de um envolvimento ainda mais direto. Chama atenção para

a interação de cineasta e tema. Comumente, une-se à imagem de arquivo para

examinar questões históricas;

e) Modo reflexivo: esse modo estimula a consciência na construção da

representação do real produzida pelo filme. Alerta para as hipóteses e

convenções que regem o cinema documentário;

f) Modo performático: evidencia o aspecto subjetivo ou expressivo do próprio

engajamento do cineasta com seu tema e a receptividade do público a esse

engajamento. Rejeita ideias de objetividade em favor de evocações e afetos.

Todos os filmes desse modo compartilham características com filmes

Page 27: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

26

experimentais, pessoais e de vanguarda, mas com uma ênfase vigorosa no

impacto emocional e social sobre o público.

O autor afirma ser comum utilizar mais um modo na produção do trabalho. No

filme documentário “Velhas Novidades” é possível identificar, pelo menos, quatro dos

modos descritos acima. São eles: poético, expositivo, participativo e reflexivo.

6.1 Argumento

Toda construção de narrativa, seja uma matéria jornalística, uma escrita

literária ou um projeto audiovisual, precisa percorrer um caminho para que o

espectador ou telespectador tenha compreensão do que será apresentado. Ou seja,

a história precisa ter começo, meio e fim. Não exatamente nessa ordem, pois existem

estéticas diferentes, mas é importante que um percurso seja construído para quem

está recebendo esse material.

O presente documentário propõe uma narrativa de representação social e fala

sobre o movimento da venda de roupas de segunda mão em diferentes espaços na

cidade de Fortaleza. Recebi inspiração e influência dos trabalhos desenvolvidos por

Eduardo Coutinho, jornalista e cineasta brasileiro, essa ideia de filmar pessoas

comuns sempre me emocionou. O Instagram foi também uma grande ferramenta de

inspiração, pois lá acompanho toda a movimentação de eventos, programas,

influenciadores digitais, brechós online e tudo que está ligados ao debate da

sustentabilidade na moda.

Sérgio Puccini (2008) em sua publicação “Roteiro de Documentário”, afirma

que seguindo a ordem das etapas de elaboração de um roteiro, o argumento é uma

peça escrita previamente. De maneira resumida, suas etapas são:

a) Quem? Foram entrevistadas oito pessoas que estão ligadas diretamente a

comercialização e consumo desses produtos de segunda mão, em diferentes

espaços;

b) Quando? O tempo histórico abordado do documentário acontece na

contemporaneidade, as gravações aconteceram no mês de novembro de 2019;

Page 28: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

27

c) Onde? Foram três locações diferentes, a Praça da Gentilândia, no bairro

Benfica onde acontece todos os sábados o Bazar Aberto, a casa de shows, Órbita

Bar, Praia de Iracema, onde acontece bimestralmente a Feria La Grue e a loja

compartilhada e brechó Revival, também na Praia de Iracema.

d) Como? Inicialmente foi apresentado o brechó a céu aberto, o “Bazar Aberto”,

que acontece todos os sábados na Praça da Gentilândia, que surgiu com a ideia de

ajudar quem deseja desapegar ou trocar aquilo que não usa mais, é um evento que

promove um grande bazar coletivo que apoia a sustentabilidade e a venda com

valores à baixo custo, no valor máximo de até R$ 20,00. Na ocasião, foram

entrevistadas duas pessoas, a organizadora do evento, Yasmin Cavalcante e Mariana

Maia, expositora.

O evento busca ocupar praças de Fortaleza com o intuito de movimentar e

fomentar a moda sustentável em virtude do momento econômico instável do país e da

necessidade de se pensar na preservação do meio ambiente. As praças são espaços

de interação e é uma alternativa de diversão que pode ser utilizada para incentivar

essa atividade colaborativa.

No segundo momento, foi a vez da Feira Alternativa La Grue, um evento que

acontece há cerca de seis anos de forma bimestral, dentro da casa de show Órbita

Bar. A Feira existe com a ideia de desenvolver a economia criativa tomando o slow

fashion como uma de suas causas e bandeiras, movimento que vai contra o fast

fashion e a falta de critérios e cuidados no processo de produção, como problemas

com mão de obra, desperdício de matéria-prima e quantidade de resíduos. A La Grue

dá preferência para marcas assinadas por designers e entusiastas da moda, que

fazem questão de apresentar histórias junto de suas peças, indo muito além das

tendências.

O terceiro e último momento foi gravado no Brechó e Loja Compartilhada

Revival, um espaço de moda sustentável que surgiu logo após uma viagem das

amigas Tainan Fernandes e Pérola Castro para um intercâmbio no momento da

faculdade. O brechó oferece um acervo com uma variedade de estilos dos anos 1980,

1990 e 2000, além de peças contemporâneas, tudo com uma pegada mais despojada.

Lá foram entrevistadas três pessoas, a consultora de moda sustentável, Lorena

Delfino, o designer de moda Belchior Araújo e a proprietária do brechó, Tainan

Fernandes.

Page 29: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

28

6.2 Personagens

a) Yasmin Cavalcante, estudante e curadora do Bazar Aberto, evento de venda

de roupa de segunda mão que acontece na Praça da Gentilândia há três anos

e meio;

b) Mariana Maia, estudante de Ciências Sociais, curadora no brechó,

@cadillacbrecho;

c) Fabiana Maia, curadora do brechó, @saturnoexchange;

d) Fernanda Beviláqua, organizadora da Feira Alternativa de Moda La Grue;

e) Orleanne Barreto, designer de moda, curadora do brechó, @brechoretroagir;

f) Lorena Delfino, ativista e consultora de moda mais sustentável; Graduada em

Gestão de Marketing pelo Centro Universitário Estácio - Moreira Campos;

Especialista em Moda e Comunicação pela Unifor; Coolhunting pelo Senac/SP;

Representante Fashion Revolution Fortaleza;

g) Belchior Araújo, graduado em Criação de Moda, Espaço e Produtos

Derivados pela Paris College of Arts; Graduando em Design-Moda pela

Universidade Federal do Ceará;

h) Tainan Fernandes, designer de moda na @terralcamisaria, curadora do

brechó, @revival.loja e idealizadora da @feirafestachafurdim.

6.3 Estrutura

Realizar um planejamento é essencial para iniciar qualquer tipo de projeto. O

presente documentário me possibilitou a escolha de que tipo de produção seria feita,

quantidade de câmeras, outros equipamentos, referências de documentários,

entrevistados, ângulos, locações e qual linguagem seria utilizada.

Page 30: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

29

Este documentário conta com oito personagens, em três ambientes diferentes:

o Bazar Aberto, um brechó ao ar livre que acontece todos os sábados na Praça da

Gentilândia, com vários perfis de expositores e compradores, onde os produtos

possuem o valor máximo de até R$20,00. Uma casa de show, chamada Órbita Bar,

que tem seu espaço ressignificado a cada dois meses através da La Grue, uma feira

com cerca de quarenta expositores de roupas e acessórios de moda novos e usados.

E o último, o brechó e loja compartilhada Revival, espaço que adota o consumo

consciente e abre espaço a produtos locais, que fica situado na avenida Monsenhor

Tabosa.

O documentário não apresenta uma divisão em capítulos e o roteiro é todo

costurado com as falas dos personagens, todas interligadas para orientar o

telespectador no decorrer do filme.

Para a captação das imagens, convidei um amigo, Yuri Juatama, fotógrafo e

estudante de audiovisual na Vila das Artes, equipamento cultural da Prefeitura de

Fortaleza, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura. Yuri até aqui, já participou de

cinco curtas metragens, três como assistente de fotografia e dois como fotógrafo still.

Ele também, já colaborou com algumas exposições coletivas e individuais. Além do

trabalho artístico, desenvolve atividades sociais na Serrinha, bairro em que moramos.

Conversamos e trocamos ideias antes e durante todo o processo de gravação,

principalmente, quanto às imagens de apoio para o documentário.

Decidi terceirizar as gravações por admirar o trabalho do Yuri e para me

dedicar mais a seleção dos entrevistados, aos locais de gravação e a direção de todo

o documentário. Essa decisão também me permitiu ficar despreocupada com os

equipamentos, já que usamos os do Yuri.

No vídeo foi utilizado uma câmera fixa no tripé, que captou as entrevistas e os

detalhes de cada entrevistado, as peças expostas e as movimentações que

aconteceram nas locações abertas, que foram essenciais para construir uma

narrativa. A captação de áudio foi feita com dois microfones de lapela anexado ao

smartphone. Os equipamentos utilizados foram: Canon T5i, Canon 24mm 2.8, Lente

Canon 50mm 1.8, Luz ambiente e Luz artificial (LEDs).

Page 31: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

30

7 PLANEJAMENTO

O planejamento se deu em etapas, apresentadas aqui.

7.1 Pré-produção

Esse momento foi de organizar as ideias e tomar decisões para realizar e

direcionar o projeto. Inicialmente fiz uma pesquisa sobre brechós de moda no

Youtube, assisti alguns vídeos e li artigos falando sobre esse movimento em várias

cidades do país. Depois direcionei a pesquisa para Fortaleza através da rede social

Instagram e fiz um mapeamento dos brechós da cidade, dividi os que eram online e

os que possuíam lojas físicas. Foram levantados dados e informações importantes

acerca do tema. Também foram analisados possíveis perfis/personagens que

poderiam participar do documentário.

Em seguida, em outra pesquisa, busquei inspiração e assisti alguns

documentários, matérias de televisão, IGTV no Instagram, que abordassem o tema

de sustentabilidade, minimalismo, brechós, moda circular e moda sustentável. Usei

como referência: Vida Longa às Roupas; The rise of Lowsumerism; The True Cost;

UNRAVEL - documentário sobre a indústria indiana de reciclagem de roupas; A

Revolução dos Brechós- Sustentabilidade na Moda; Os Impactos ambientais da

indústria da moda - Entrevista Completa no canal do YouTube “Modifica”; Vida Sóbria

- Documentário sobre Minimalismo. (EPCI). Assistir esses materiais audiovisuais,

aliando com o que já havia pesquisado e lido, me ajudou a ter ideias sobre o

documentário que eu iria produzir.

Pensei e sonhei com muitas coisas, mas nem tudo aconteceu como eu gostaria,

devido tudo demandar um certo tempo, que nem sempre eu tinha disponível. O

próximo passo foi conversar com o cinegrafista, para pensarmos em possibilidades.

Durante o processo precisei delimitar ainda mais o tema, comecei a enxugar e pensar

em outras possibilidades, pois algumas não estavam se encaixando com a minha

logística e tempo. As perguntas foram definidas de acordo com os perfis e serviram

também para direcionar a narrativa do documentário.

Page 32: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

31

7.2 Diário de gravação

Este documentário foi gravado em três locais diferentes, Praça da Gentilândia,

Feira La Grue, no Órbita Bar e no Brechó e Loja Compartilhada Revival, todos

escolhidos em comum acordo com as fontes. As gravações aconteceram em quatro

dias, em datas distintas, 09, 16, 17 e 19 de novembro.

a) 09 de novembro

Primeiro dia - Local: Praça da Gentilândia.

Fui a campo com Yuri para acompanhar todo o processo inicial de montagem

do Bazar Aberto e procurar as fontes. Conheci algumas pessoas que eram

assíduas no evento e peguei o contato de três delas. A organizadora do evento,

Yasmin Cavalcante, Erika e Rogério, ambos expositores. A ideia era marcar as

entrevistas no sábado seguinte. Nesse mesmo dia, também participei como

expositor junto de uma amiga, para ter uma noção de movimentação e vendas;

b) 16 de novembro

Segundo dia - Local: Praça da Gentilândia.

Chegamos por volta de 13h40 e ficamos observando as pessoas montando

seus estandes, algumas no chão, outras improvisando com cadeiras, lonas,

araras e mesas. A entrevista com Yasmin, organizadora do Bazar Aberto tinha

sido agendada durante a semana pelo WhatsApp para acontecer nesse dia, no

momento em que ela tivesse uma folga. Yuri ficou analisando um bom local

para preparar o equipamento. As outras duas fontes tinham desmarcado

durante a semana e decidi procurar no mesmo dia outras pessoas. Yasmin

chegou, nos cumprimentou e nos sentamos um pouco em um banco. Yuri

queira criar uma certa relação de confiança, já que só eu a conhecia. Decidimos

juntos o enquadramento e gravamos. Em seguida fui atrás de outras pessoas

para poder falar sobre suas experiências de compra e venda no bazar. Conheci

a Mariana e ela topou a entrevista. No decorrer da tarde outras atividades foram

acontecendo na praça, gerando alguns ruídos sonoros. Diante desse desafio,

Yuri escolheu um lugar que possibilitasse uma forma melhor para gravarmos.

Mariana falou sobre como surgiu seu brechó online e seu posicionamento com

relação ao debate de sustentabilidade na moda. Usamos a câmera Canon T5i

Page 33: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

32

e uns microfones de lapela. Como ficamos preocupados com o áudio, usamos

um segundo microfone para garantir duas gravações. Retornamos em torno de

18h30;

c) 17 de novembro

Terceiro dia - Local: Órbita Bar.

Chegamos às 15h. As entrevistas já tinham sido agendadas pelo

Whatsapp.Com exceção de uma figura que representasse quem compra

roupas em brechós. Decidi encontrar no local. Como os entrevistados estavam

participando do evento, as entrevistas foram acontecendo conforme eles

fossem tendo tempo para falar. A primeira entrevistada foi Orleanne Barreto,

do brechó on-line Retroagir. Na sequência Fernanda Beviláqua, organizadora

da Feira Alternativa de Moda La Grue e depois Fabiana Maia, curadora do

brechó, @saturnoexchange. Abordei várias pessoas que estavam comprando,

mas ninguém se sentiu à vontade para ser filmado. Nesse dia tivemos

problemas como captação do áudio, já que estávamos em uma locação

fechada e a música fazia parte da programação do evento. Cada entrevista

durou em torno de 7 a 10 min. Usamos a câmera Canon T5i, uns microfones

de lapela e luz LED;

d) 19 de novembro

Quarto e último dia - Local: Brechó e loja compartilhada Revival.

A gravação foi marcada por telefone e WhatsApp para 18h com os três

convidados. Nesse dia foi uma correria, porque os entrevistados tinham

compromissos às 19h. Chegamos na loja por volta de 18h15, tivemos um

problema com o trânsito. Yuri posicionou o equipamento e começou a fazer

umas imagens de apoio, enquanto fiquei conversando com os entrevistados

para reforçar sobre e como seria aquele momento. A loja tem uma iluminação

bem bonita, o que privilegiou as imagens. A ideia era fazer um bate papo com

os três convidados, mas houve um atraso e tivemos que gravar primeiro com

Lorena Delfino. Ela foi convidada para contextualizar esse mercado e as

motivações de compra deste consumidor de moda sustentável. Lorena precisou

ir embora e seguimos com os outros dois, Belchior e Tainan. O papo foi

acontecendo entre os dois e encerramos as gravações por volta de 19h25.

Page 34: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

33

Durante todos os dias de gravação tentei entrevistar pessoas que são

consumidoras dessas peças, mas nenhuma se sentiu confortável para dar a

entrevista. A maioria respondeu que estava comprando ali por questões

financeiras mesmo. Era uma forma de economizar.

7.3 Pós-produção

Após três dias de gravações, chegou a hora de reunir os arquivos originais e

lapidar o material. Para o processo de edição do documentário, convidei o Yuri

Juatama e fizemos os cortes que seriam usados na montagem final. Depois que todos

os entrevistados foram identificados com nome e função, montamos uma versão com

todo o material e algumas legendas, mas depois identifiquei que precisava incluir

alguns detalhes das entrevistas do vídeo na introdução e um BG instrumental para

deixar mais emocionante. Para finalizar esse processo convidei o editor Toni Amaral,

que finalizou todo o projeto incluindo legendas, créditos e o BG instrumental e dando

uma nova cara ao documentário. O resultado o filme ficou satisfatório apesar do

pouco tempo que eu tinha e o documentário Velhas Novidades, pode ser visto no DVD

entregue junto com este relatório.

7.4 Roteiro

Quadro 01 – Roteiro da pós-produção

DESCRIÇÃO IMAGENS

Abertura: Já inicia com a sonora da

entrevistada Yasmin Cavalcante.

Imagens do Bazar Aberto na Praça da

Gentilândia com várias pessoas

sentadas no chão, outras em pé expondo

seus produtos.

Desce áudio. Segue com sonora da

Yasmin.

Imagem de apoio de um senhor e depois

da Yasmin.

Entrevista com Mariana. Câmera fixa e imagens da Mariana.

Page 35: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

34

Sonora da Fernanda Beviláqua.

Imagens de apoio do Órbita Bar - Feira

Alternativa La Grue.

Entrevista com Fernanda Beviláqua.

Câmera fixa e imagens da Fernanda

Beviláqua.

Sonora da Fernanda Beviláqua.

Imagens de apoio com pessoas olhando

os cabides com as roupas.

Entrevista com Orleanne Barreto Câmera fixa e imagens da Orleanne.

Sonora com Fabiana Maia Imagens de pessoas transitando pelas

araras de roupas no Órbita.

Entrevista com Fabiana Maia Câmera fixa e imagens da Fabiana Maia.

Sonora com Fabiana Maia Imagens da parede com pôsteres do

Órbita Bar e depois volta pra ela.

Sonora com Fabiana Maia Imagens da Fabiana atendendo seus

clientes e depois volta pra ela pra

encerrar a entrevista.

Sonora com Lorena Delfino Imagens do espelho e quadro no Brechó

Revival

Entrevista com Lorena Delfino Câmera fixa e imagens da Lorena

Delfino.

Sonora com Lorena Delfino Imagens da Lorena sendo produzida por

Belchior.

Sonora com Lorena Delfino Imagens da Lorena olhando as roupas

nas araras.

Page 36: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

35

Entrevista com Tainan Fernandes e

Belchior Araújo

Câmera fixa e imagens de Tainan e

Belchior sentados na frente do balcão da

loja Revival.

Sobe áudio com trilha animada. Tela preta e nome do documentário.

Desce áudio e entra sonora do Belchior

falando sobre os diferentes perfis da

moda.

Imagens em preto e branco do Belchior,

Rafaella e Tainan. Caracteres com

créditos entrando aos poucos.

Finalizar: Sobe áudio com trilha

animada.

Logo UNI7.

7.5 Cronograma geral

Quadro 02 – Cronograma geral

ANO: 2019 Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Pesquisa X

Desenvolvimento X

Produção X

Edição X

Finalização X

Defesa X

7.6 Sinopse

Em tempos de excessos, há quem potencialize a força dos resíduos para o bem

comum. Os brechós estão se profissionalizando e cresceram muito nos últimos anos.

Um formato de negócio que promove o pós-consumo e aumenta a vida útil das peças

que seriam descartadas - muitas vezes sem destinação correta. Um mercado

promissor onde todos saem ganhando, o empreendedor, o cliente e planeta. O

Page 37: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

36

documentário "Velhas Novidades" propõe um debate e reflexões sobre o comércio de

moda de segunda mão nos brechós da cidade de Fortaleza. A narração traz

personagens que através de suas experiências dialogam sobre crise financeira,

mudança de comportamento, consumo de moda consciente e sustentabilidade.

Page 38: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

37

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde seu surgimento a moda é usada como expressão para dizer como você

quer ser visto pelo mundo. Cada pessoa carrega sentimentos e significados diferentes

com as peças que cobrem ou já cobriram seus corpos. A moda acompanha o

desenvolvimento da sociedade, representando fases e marcando gerações com os

diferentes tipos de comportamentos e estilos. Todo mundo tem uma peça que já foi a

sua predileta mas, que com o passar dos anos, passou a ter outro significado. Quando

isso acontece, o que fazer com essa peça?

A indústria da moda é uma das que mais geram impactos negativos no meio

ambiente. Além disso, é uma das produções que mais geram lixo no mundo. Diante

desse panorama de escassez de recursos mundial e inúmeros problemas causados

à natureza, relatórios e pesquisas de consumo mostram que uma parcela da

população mundial tem se movimentado com intuito de transformar esse quadro,

consumindo menos e de forma mais consciente.

Com esses dados, foi despertado um questionamento sobre o mercado de

brechó na cidade de Fortaleza, “o aumento do consumo de roupas de segunda mão

é uma questão de consciência ou preço? Essa é a pergunta necessária para nos

ajudar a entender, e analisar, com mais consistência, a realidade de quando o debate

é roupa usada e moda sustentável.

O documentário Velhas Novidades mostra como as roupas estão resistindo e

sendo ressignificadas através de relatos de pessoas que vendem, trocam e compram

moda de brechó em diferentes espaços da cidade de Fortaleza. Seja por uma

mudança de comportamento apoiado na sustentabilidade ou por uma questão de

economia mesmo. Através de relatos de personagens diferentes, que chamam

atenção pela liberdade que têm para escolher as peças e ocupar espaços públicos

como praças para vender essas roupas. Durante as gravações os consumidores que

circulavam nos locais não aceitaram participar do vídeo.

Cada locação visitada, entrevista feita e edição realizada, todo o processo

vivido dessa produção, me fez questionar ainda mais a maneira como tenho

vivenciado o consumo em minha vida, trazendo ainda mais aprendizado. Lamento por

não ter tido condições de realizar da forma que imaginei, contando outras histórias e

explorando outros lugares, mas quero deixar claro que tenho intenção de estender a

Page 39: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

38

pesquisa no assunto. Ainda há muito o que ser pesquisado nesse segmento. É notória

a necessidade de atenção que o tema desperta.

Apresento este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o sentimento de

muita gratidão a todos que contribuíram para seu desenvolvimento. A sensação de

encerrar esse ciclo é impagável. Com esperança, através dos relatos mostrados

espero que a sociedade possa despertar para uma nova forma de consumir roupas.

Encerro com uma frase da estilista-punk Vivienne Westwood: “compre menos, escolha

bem e faça durar.”.

Page 40: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

39

REFERÊNCIAS

AGUILERA, Juliana. O mercado de roupas de segunda mão no Brasil em perspectiva. Modifica, São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.modefica.com.br/mercado-roupas-segunda-mao/. Acesso em 24 set. 2019. Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção. 2018. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. LORENZETTI. 2018. MARTINS, Raquel Denise Salvalaio da Silva; ASHTON, Mary Sandra Guerra. A moda de brechós na ascensão do consumo consciente. 2018. p. 63 a 66. Disponível em: https://www.fashionrevolution.org/south-america/brazil/. Acesso em: 21 nov. 2019. MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004. MEADOWS, Donella; RANDERS, Jorgen; MEADOWS, Dennis. Limites do crescimento: a atualização de 30 anos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. São Paulo: Papirus, 2005. NICHOLS. 2007. NICHOLS. 2012. ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS. Título. Ano. Disponível em: https://nacoesunidas.org/extracao-mundial-de-materias-primas-triplicou-em-quatro-decadas-pnuma/. Acesso em: 08 out. 2019. ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS. Título. Ano. Disponível em: https://nacoesunidas.org/volume-de-residuos-urbanos-crescera-de-13-bilhao-de-toneladas-para-22-bilhoes-ate-2025-diz-pnuma/. Acesso em: 08 out. 2019. PATRICK, Gheorge. Título, Cidade, 2018. Disponível em: https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/reaproveitamento-residuos-texteis-sp/>. Acesso em: xx xx. xxxx. PAULILO, Maria. A pesquisa qualitativa e a história de vida. Serviço Social em Revista, n. 1, v. 2, 1999. PNUMA, 2016.

Page 41: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

40

PUCCINI. 2008. RAIMUNDI, Ana Carolina. Brechós movimentam R$ 5 milhões por ano no Brasil. Jornal Hoje, Rio de Janeiro, 18. jul. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2015/07/brechos-movimentam-r-5-milhoes-por-ano-no-brasil.html. Acesso em: 24 set. 2019. RICARDO, Lígia Helena Krás. O passado presente: um estudo sobre o consumo e uso de roupas de brechó em Porto Alegre. Colóquio de Moda 2008, IV. Disponível em: http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202008/42379.pdf. Acesso em: 22 nov. 2019. SEBRAE. Título. Ano. Disponível em: http://www.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/NA/brechos-se-tornam-oportunidade-de-bons-negocios,3bdaa3cb51918410VgnVCM2000003c74010aRCRD. Acesso em: 18 set. 2019. SPINDOLA; SANTOS. 2003 THE RISE OF LOWSUMERISM. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jk5gLBIhJtA. Acesso em: 18 set. 2019.

Page 42: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

41

APÊNDICE A – FOTOGRAFIAS EM CAMPO GRAVANDO, NA EDIÇÃO E

FINALIZAÇÃO

Nota: Primeiro dia de gravação no Bazar Aberto, na Praça da Gentilândia. Fonte: Elaboração própria.

Nota: Segundo dia de gravação com Yuri checando o enquadramento, na Feira Alternativa La Grue. Fonte: Elaboração própria.

Page 43: CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO CURSO DE … · 2019-12-01 · (UNI7), onde pude, por quase sete anos, desenvolver habilidades e técnicas do fazer jornalístico. Obrigada, professores

42

Nota: Com Yuri Juatama iniciando o processo de edição. Fonte: Elaboração própria.

Nota: Com Toni Amaral finalizando a edição do Documentário “Velhas Novidades”. Fonte: Elaboração própria.