Recirculação Do Acontecimento Jornalístico Em Imagens

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  • 7/21/2019 Recirculao Do Acontecimento Jornalstico Em Imagens

    1/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 85, julho, 2013

    A recirculao do acontecimentojornalstico em imagens remixadas:

    Cibercultura e apropriaes1

    Resumo

    O trabalho discute a recirculao do acontecimento jornalstico na formade imagens remixadas, compostas a partir da mistura entre imagens rela-cionadas ao acontecimento jornalstico com imagens do cenrio cultural ouligadas a outros acontecimentos. A partir do emprego do mtodo de anlisede contedo, o estudo, de carter exploratrio, busca situar a atividade decombinao dessas imagens por parte dos interagentes como uma forma deapropriao, tpica de um cenrio de cibercultura remix.

    Palavras-chave:Jornalismo; cibercultura; remix; apropriaes

    Resumen

    El artculo discute la recirculacin del acontecimiento periodstico en formade imgenes remezcladas, compuestas de la mezcla de imgenes relaciona-das con el acontecimiento periodstico a imgenes del escenario cultural ode otro tipo. Desde el uso del mtodo de anlisis de contenido, el estudio,de carcter exploratorio, trata de situar la actividad de combinacin de estasimgenes por los interactores como una forma de apropiacin, tpica de unescenario de cibercultura remix.

    Palabras clave:Periodismo; cibercultura; remix; apropiaciones

    Abstract

    The paper discusses the recirculation of a news event in the form of remixedpictures, composed by the mixing between pictures related to the news eventwith pictures from the cultural setting or linked to other news events. Weused content analysis as a method and the study, exploratory in nature, aimsto situate the activity of recombining those pictures as a form of appropria-tion, typical of a cyberculture remix scenario.

    Keywords: Journalism; cyberculture; remix; appropriation

    Gabriela da Silva Zago2

    1Uma verso preliminar do pre-sente artigo foi apresentada no VI

    Simpsio Nacional da ABCiber,realizado em novembro de 2012

    na Universidade Feevale, em NovoHamburgo, RS.

    2Doutoranda em Comunicaoe Informao pela Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul(UFRGS) e Professora do curso

    de Design Digital da Universidade

    Federal de Pelotas (UFPel).E-mail: [email protected]

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    2/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 86, julho, 2013

    Introduo

    Nos ltimos anos, a relao do jornalismo com suas audincias tem sofridomodicaes. Se antes era possvel demarcar claramente os papis de emissore receptor de notcias, com a internet as fronteiras entre produo, circulao econsumo se tornam cada vez mais borradas. Um leitor pode tanto apenas leruma notcia como tambm comentar, fazer circular, ou at mesmo criar algonovo a partir da combinao da notcia com outros elementos. Essa mudanano comportamento das audincias guarda relao com o contexto mais amploda cibercultura, a partir da superao das barreiras cognitivas e tecnolgicasde acesso s ferramentas de produo. Com isso, as audincias podem trazer

    contribuies ao processo jornalstico ao incluir camadas de signicao aoacontecimento jornalstico, combinando elementos para informar, criticar, eat para produzir humor a partir de uma notcia.

    Diante desse cenrio, o presente trabalho discute a recirculao do acon-tecimento jornalstico na forma de imagens remixadas, compostas a partirda mistura entre imagens relacionadas ao acontecimento jornalstico comimagens do cenrio cultural ou ligadas a outros acontecimentos. A reexo baseada no estudo de dois casos relacionados ao prefeito da cidade de PortoAlegre, RS, Jos Fortunati.

    A partir do emprego da tcnica de anlise de contedo, o estudo, de car-

    ter exploratrio, busca situar a atividade de combinao dessas imagens porparte dos interagentes como uma forma de apropriao, tpica de um cenriode cibercultura remix.

    Do acontecimento recirculao jornalstica

    O jornalismo pode ser entendido como um processo constitudo de eta-pas, a partir das quais um acontecimento algo que acontece no mundo quefoge da normalidade e adquire visibilidade (RODRIGUES, 1996) pro-cessado e distribudo para um pblico consumidor. Ao servir como ponto departida para o jornalismo, o acontecimento transforma-se em acontecimen-to jornalstico. Nesse sentido, para Berger & Tavares (2009, p. 2), o acon-tecimento jornalstico est na vida cotidiana, como objeto de referncia,matria-prima para os relatos do mundo da vida.

    Para Machado & Palacios (2007), as etapas do processo jornalstico compre-enderiam apurao, produo, circulao e consumo. Assim, em um primeiromomento rene-se material suciente, contatam-se fontes e vericam-se infor-maes, o que compreende a etapa de apurao. A seguir, tem-se a etapa deproduo, na qual a notcia produzida e editada em formatos variados. Emseguida, ela posta em circulao nos diferentes suportes nos quais o jornal que

    a produz atua. A partir do acesso a esses diferentes suportes, a informao podeser lida, vista, assistida, enm, consumida pelo pblico em geral.

    Apesar de poder ser apresentado de forma linear, o processo jornalsticono compreende fases estanques, que se sucedem linearmente no tempo.

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    3/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 87, julho, 2013

    Tratam-se, na verdade, de etapas que muitas vezes se sobrepem e se comple-

    mentam (SILVA JR., 2008). Assim, ainda que o processo em tese nalize como consumo da notcia, ele pode continuar, com o acontecimento sendo postonovamente em circulao pelas mos dos interagentes, que ltram e comen-tam a notcia originalmente posta em circulao pelos veculos. A recircula-o seria, assim, uma subetapa potencial da circulao jornalstica, na medi-da em que a etapa de circulao pode continuar, atravs de espaos pblicosmediados, aps o consumo (ZAGO, 2011). Muitas vezes, os prprios veculosjornalsticos referendam essa recirculao, ao noticiarem que determinado as-sunto repercutiu ou foi bastante discutido emsitesde redes sociais.

    Essa recirculao pode se dar em diversos espaos, at mesmo em trocas

    interpessoais. Desde os primrdios da imprensa escrita, as pessoas comen-tavam entre si sobre as notcias, de forma oral. Os prprios veculos im-pressos costumam ter espaos em que essa recirculao pode se manifestar,como nas cartas, ou em espaos para artigos de opinio de leitores. Parapassar adiante um contedo, recortes de notcias podiam ser copiados paraser distribudos entre amigos e familiares.

    A internet trouxe novos lugares para essa prtica, ao possibilitar a cria-o desitesdedicados crtica da mdia e de blogsvoltados para reproduzire comentar notcias. Nesse contexto, os sites de redes sociais constituemespaos propcios para se observar essa recirculao jornalstica, na medi-da em que, por se tratar de espaos pblicos mediados, permitem rastrearreprodues e comentrios sobre acontecimentos jornalsticos. Assim, o di-ferencial, por conta dos espaos pblicos mediados da internet, que essastrocas entre indivduos cada vez mais cam disponveis on-line, podendoser recuperadas por audincias invisveis (BOYD, 2007).

    A recirculao jornalstica (ZAGO, 2011) pode ser considerada comouma modalidade de participao do pblico no jornalismo, na medida emque envolve a colocao em circulao novamente do acontecimento jor-nalstico, a partir das apropriaes dos interagentes, que utilizam espaoscomo os sitesde redes sociais para ltrar e comentar notcias. Nesse con-texto, o leitor considerado como um interagente (PRIMO, 2007), que no

    s consome o contedo como tambm toma parte no mesmo ao interagircom aquilo que consome seja compartilhando, seja curtindo, seja retui-tando, seja reagindo a contedos postados por outrem. Uma das formas departicipao do pblico no processo jornalstico atravs da recombinaoe recirculao de imagens.

    Imagens e jornalismo

    Santaella (2007, p. 354) fala em domnios da imagem imagens mentais,

    imagens diretamente perceptveis e imagens como representaes visuais.Dentre todas as formas de imagens, Aumont (1993) se foca no terceiro tipo as imagens visuais, aquelas que possuem forma visvel. Para o autor, asimagens so feitas para ser vistas, por isso se d destaque ao rgo da

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    4/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 88, julho, 2013

    viso. Mas esse rgo no um instrumento neutro, e por isso convm estudar

    tambm o espectador, com seus saberes, afetos e crenas. Assim, para o autor,com base em seu repertrio pessoal, o espectador coloca a imagem em um de-terminado contexto. Em sentido semelhante, para Joly (2007, p. 13), a imagems ganha sentido a partir do contato com um sujeito, na medida em que

    designa algo que, embora no remetendo sempre para o visvel, toma deemprstimo alguns traos ao visual e, em todo o caso, depende da produ-o de um sujeito: imaginria ou concreta, a imagem passa por algum,que a produz ou a reconhece.

    Ambos os autores destacam uma espcie de papel projetivo da imagem

    ou seja, aquilo que o espectador preenche com os elementos da imagem e ocontexto, e que vai alm do que est representado gracamente.A imagem jornalstica se insere no terceiro domnio da imagem, das ima-

    gens como representaes visuais, tanto na forma de fotograa quanto na formainfogrca. As imagens jornalsticas, por serem abertas, normalmente vo estarancoradas no texto que as acompanham, como um elemento de credibilidade(GRUSZYNSKI; LINDEMANN, 2011). O texto nos diz o que olhar da imagem.

    Para Arnheim (1969 apud AUMONT, 1993), uma imagem pode ter valor derepresentao, valor simblico e valor de signo. Mesmo uma imagem represen-tativa, que representa coisas concretas, ao circular bastante pode vir a adquirirum valor simblico, ou seja, que representa coisas abstratas. O valor de signoest associado a convenes culturais, como no caso de placas de sinalizaode trnsito, em que h uma relao arbitrria entre a placa e sua signicao.As imagens podem exercer, ainda, trs funes, a partir do modo como esta-belecem relaes com o mundo: modo simblico, ao estarem associadas a de-terminados valores; modo epistmico, ao trazerem informaes visuais sobre omundo; e modo esttico, na medida em que se destinam a agradar o espectador(ARNHEIM, 1969 apud AUMONT, 1993, p. 80). Esses valores e funes soapreendidos pelo espectador, ao situar a imagem em um contexto.

    No mbito da internet, a imagem jornalstica pode tanto circular por ca-nais tradicionais (sitedo webjornal, por exemplo, acompanhando uma no-

    tcia ou em galerias de fotos), quanto ser posta em circulao, pelos intera-gentes, muitas vezes desprendidas de seu contexto original (como ao fazercircular a imagem, de forma isolada, numsitede redes sociais). Essas ima-gens tambm podem ser combinadas para gerar novas signicaes e vir aexercer novas funes. Uma das formas pelas quais essas imagens podemser ressignicadas atravs da fotomontagem.

    No campo da arte, a fotomontagem aparece como colagens e justapo-sies em movimentos como dadasmo e surrealismo. Ribeiro (1993, p.2)descreve o processo de fotomontagem como a associao de fotograas ouelementos de fotograas diferentes numa s, com o inteno de criar uma

    signicao diferente. Nesse sentido, para o autor, a fotomontagem seriasimilar montagem no cinema, exceto pela ausncia da dimenso temporal/sequencial inerente montagem cinematogrca.

    Assim, pela circulao, a imagem pode adquirir novos significados.

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    A combinao de elementos, como na fotomontagem, nada mais faz do que regis-

    trar esses novos signicados e possibilitar que a imagem circule j de forma res-signicada. Desse modo, no contexto dos espaos pblicos mediados, como blogs,fruns esitesde redes sociais, as imagens podem ser remixadas, recombinadas epostas em recirculao, muitas vezes desprendidas de seus contextos originais.

    Cibercultura remixe apropriaes

    Para Lemos (2005, p.1), o princpio que rege a cibercultura a remixagem, umconjunto de prticas sociais e comunicacionais de combinaes, colagens, cut-up

    de informao a partir das tecnologias digitais. A combinao das tecnologiascom esses novos processos comunicacionais daria lugar a uma nova conguraocultural que o autor chama de cibercultura remix: Por remixcompreendemos aspossibilidades de apropriao, desvios e criao livre a partir de outros formatos,modalidades ou tecnologias, potencializados pelas caractersticas das ferramentasdigitais e pela dinmica da sociedade contempornea (LEMOS, 2005, p.2).

    Na essncia, oremix uma forma de colagem (LESSIG, 2008). A colagem uma tcnica associada a atividades manuais e arte, como nos casos dostrabalhos de Max Ernst a partir de 1919, que criava guras hbridas a partirda combinao de elementos diversos. Para Leo (2012, p.8), a tcnica de-senvolvida por Ernst revela um esforo no sentido de ocultar a distino doselementos colados, criando uma imagem nica, integrada, um dos princpiosque regem as imagens hbridas contemporneas.

    O remixpode ser compreendido como um procedimento criativo que envolveescolhas conscientes de recombinao (LEO, 2012). Nesse sentido, Cada frag-mento escolhido para umremixcarrega consigo seus vnculos culturais, imag-ticos e imaginrios. (LEO, 2012, p.11-12). Somente assim, conforme a autora,pode-se pensar o remixcomo uma linguagem, e no apenas como um procedi-mento tecnolgico de justaposio de elementos.

    A ideia de remixno seria exclusiva do ambiente digital. Para Manovich (2007,on-line, traduo nossa), Hoje, muitos setores de nossa cultura e estilo de vida

    msica, moda, design, arte, aplicaesweb, contedo criado por usurios, alimen-tao so guiados por remixes, fuses, colagens, ou mashups. Inicialmente, otermo remixera usado para descrever a combinao de duas ou mais msicas.Posteriormente, passou a ser aplicado nos mais diversos setores, como no caso daarte (BASTOS, 2007) e do audiovisual (SOARES, 2005).

    No contexto da cultura, o remixestaria associado a hibridismo e a variaessobre um mesmo tema (SOARES, 2005). Ainda que a prtica de remixesteja as-sociada colagem, para Bastos (2007) as prticas seriam distintas. O autor usaa metfora de uma salada de frutas e de uma vitamina para ilustrar a distino:enquanto na salada de frutas (na colagem) podemos identicar cada fruta que

    compe o todo, na vitamina (no remix), aps a mistura, no possvel detectarclaramente os elementos que a compem. O remixpoderia ser visto, assim, comouma prtica cultural que deixa marcas estticas nos processos, resultando em pro-dutos distintos da soma das partes que o compem.

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    Para Lemos (2005, p.1), a cibercultura se caracteriza por trs leis funda-

    doras, as quais norteiam os processos de remixagem: a liberao do ploda emisso, o princpio de conexo em rede e a recongurao de formatosmiditicos e prticas sociais.

    A internet, nesse sentido, abre possibilidades de recriaes a partir de con-tedos disponibilizados em rede. Essas recriaes partem de uma apropriaodo contedo, que recongurado e remixado para fazer servir a um novo pro-psito, como no caso de combinar duas ou mais imagens para gerar um efeitode humor. Ao lado do desvio e da despesa improdutiva, a apropriao est naessncia da cibercultura e corresponde aos usos criativos dados pelos usurios,muitas vezes diversos da proposta original dos sistemas (LEMOS, 2001). Da

    mesma forma, um usurio pode se apropriar de contedos disponibilizados narede e realizar novas criaes a partir dos mesmos, produzindo remixes.O remix pode ser considerado como uma forma de apropriao, na me-

    dida em que o interagente parte de um contedo prvio e acrescenta suasmarcas, para coloc-lo novamente em circulao sob outra roupagem. Comisso, tem-se um novo desdobramento: a diluio da autoria, processo noqual a recombinao e modicao de fragmentos para criar um novo con-tedo retira o produto de seu contexto original, dando-lhe um outro sentidoe, portanto, uma nova autoria (NOBRE; NICOLAU, 2010, p.1)

    No mbito das imagens na internet, exemplos de remixes incluem assucessivas pardias cena do lme A Queda3, e a colagem de imagens,na forma de montagens estticas e de GIFs animados4. O siteCanvas5, porexemplo, dedica-se exclusivamente postagem de remixes de imagens. Damesma forma que a recirculao, o remix cultural no uma prtica nova apenas potencializada pelas redes digitais, que facilitam o acesso s fer-ramentas de produo e circulao dessas produes.

    No contexto do jornalismo, o remix aparece principalmente nas criaesdo pblico. Para Russell (2011), o remix pode ser percebido nossitesde not-cias satricas (no Brasil, emsitescomo Sensacionalista6e Dirio Pernambuca-no7), na medida em que esses espaos se utilizam doethosjornalstico e de ele-mentos de notcias reais para produzir contedos humorsticos. Para Mancini

    (2011), criar produtos jornalsticos facilmente compartilhveis e remixveisseria essencial para o futuro do jornalismo o qual, para o autor, deve investircada vez mais na experincia do usurio no contexto do consumo.

    Imagens relacionadas a acontecimentos jornalsticos podem ser justapostas aoutros tipos de imagens para se produzir efeito de humor, como uma forma deimagem remixada, como veremos a partir de dois exemplos descritos a seguir.

    Procedimentos metodolgicos

    O trabalho analisa a recirculao jornalstica na forma de imagens remixadasde dois acontecimentos jornalsticos relacionados ao prefeito de Porto Alegre, RS,Jos Fortunati. O primeiro acontecimento diz respeito inaugurao da cicloviada Avenida Ipiranga em Porto Alegre, no dia 07 de maio de 2012. Ainda que a

    3 Um tirano de piada, Veja, 17

    mar. 2010. Disponvel em:.

    Acesso em: 27 jul. 2012.

    4 Que fazem sucesso emsites como9gag (http://9gag.com) e Tumblr

    (http://tumblr.com).

    5 http://canv.as/

    6 http://www.sensacionalista.com.br

    7 http://www.diariopernambucano.com.br

    Ciclovia da Ipiranga: primeirotrecho entregue comunidade,

    Prefeitura Municipal de Porto Ale-gre, 07 maio 2012. Disponvel em:

    . Acesso em: 25 jul. 2012.

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    notcia por si s j contivesse elementos de humor (a inaugurao se refere a

    um trecho de 416 metros, o equivalente a 4,4% do total a ser entregue, 9,4km),a imagem que chamou a ateno, e foi remixada nas redes sociais, mostra oprefeito Jos Fortunati trafegando de bicicleta na contramo no trecho inaugu-rado da ciclovia. A foto foi distribuda pela Assessoria de Imprensa da Prefei-tura de Porto Alegre8e foi exibida em diversos jornais9.

    Figura 1.Foto o!cial da inaugurao da ciclovia de Porto Alegre em

    07 de maio de 2012. Crditos: Cristine Rochol/PMPA

    O segundo acontecimento foi originalmente relatado pela jornalista Rosa-ne de Oliveira em seu blog10. Trata-se de uma foto (o prprio acontecimento sed pelo fato de ter sido possvel captar uma imagem) do prefeito Jos Fortunatie sua esposa tentando resgatar uma galinha que estaria no meio da rua nocentro de Porto Alegre no dia 04 de junho de 2012. A cena virou motivo depiada nas redes sociais, tanto pelo inusitado do acontecimento (o prefeito deuma cidade tentar salvar uma galinha) quanto pelo prprio teor da imagem.

    Figura 2. Foto do prefeito Jos Fortunati e sua esposa tentando resgatar umagalinha no dia 04 de junho de 2012. Crditos: Adriana Franciosi/Blog da Rosanede Oliveira

    8Ciclovia da Ipiranga: primeiro

    trecho entregue comunidade,Prefeitura Municipal de Porto Ale-gre, 07 maio 2012. Disponvel em:

    . Acesso em: 25 jul. 2012.

    9Como, por exemplo, no Sul21, eno G1. Prefeitura de Porto Alegreinaugura primeiro trecho da ciclo-

    via da Ipiranga, Sul21, 07 maio2012. Disponvel em: .Acesso em: 10 jul. 2012. Prefei-

    tura de Porto Alegre libera t rechode ciclovia na Avenida Ipiranga,

    G1, 07 maio 2012. Disponvel em:.

    Acesso em: 10 jul. 2012.

    10O resgate da galinha,Blog da Rosane de Olivei-

    ra, 05 jun. 2012. Disponvelem: . Acesso em:

    10 jul. 2012.

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    Em ambos os casos, foram criadas pginas no Tumblr11para reunir as

    composies dos interagentes a partir da sobreposio da imagem do pre-feito (trafegando na contramo, ou segurando a galinha) em outras imagens,relacionadas ou no aos casos. A combinao era feita, principalmente, apartir da sobreposio da imagem recortada sobre uma nova imagem12.

    Figura 3. Imagens recortadas de Jos Fortunati na contramo e segurando

    a galinha. Fonte: Tumblr Fortunati na Contramo e blog O Grito do Bicho13.

    Tambm nos dois casos foi possvel observar notcias em veculos jorna-

    lsticos atestando a recirculao jornalstica das imagens remixadas, comono caso do portal Terra, que noticiou ambos os casos14.

    O trabalho procura analisar uma parte desse material criado pelos inte-ragentes, observando as combinaes realizadas, para, a partir disso, traarconsideraes sobre o papel dos interagentes na recirculao jornalstica deimagens remixadas relacionadas a acontecimentos jornalsticos.

    O recorte do trabalho compreende as imagens disponibilizadas no Tum-blr referente a cada acontecimento. O Tumblr Fortunati na contramo tra-zia 109 imagens, ao passo que o Tumblr de Fortunati e a galinha continha20 imagens. A diferena na quantidade de imagens pode ser explicada pelo

    fato de que o Tumblr Fortunati na contramo explicitamente pedia colabora-es de outros interagentes15, inclusive disponibilizando acesso fcil ima-gem sem fundo (Figura 3), ao passo que o Tumblr Fortunati e a galinha norealizava tal pedido nem facilitava o acesso imagem j recortada (aindaque tenha recebido contribuies de outros interagentes).

    A partir da tcnica de anlise de contedo, os seguintes dados foram co-letados: contexto, presena de legenda, relao com outros acontecimentos,tipo de colagem (explcita ou sutil) e posio e tamanho16da imagem colada.O contexto e os acontecimentos relacionados foram recuperados atravs daferramenta de busca por imagens similares do Google Imagens17, que permi-

    te buscar imagens similares a partir da colocao da URL de uma imagempreexistente. Assim, colocou-se a URL da imagem remixada para tentarrecuperar a imagem original, sem a colagem, e, a partir da, poder recuperaro contexto da montagem.

    11Respectivamente, http://fortuna-

    tinacontramao.tumblr.com/ e http://fortunatieagalinha.tumblr.com/

    12Tambm foram observados casosem que elementos recortados foram

    acrescentados imagem original,conforme se ver adiante.

    13http://fortunatinacontramao.tumblr.com/post/22651886930/vamos-esclarecerrrrr r e http://

    www.ogritodobicho.com/2012/06/prefeito-de-porto-alegre-conta-

    como.html

    14 http://tecnologia.terra.com.br/

    fotos/0,,OI199659-EI12879,00-Porto+Alegre+prefeito+anda+na+

    contramao+em+ciclovia+e+vira+piada.html e http://tecnologia.

    terra.com.br/noticias/0,,OI5815116-EI12884,00-Prefeito+de+Porto+Alegre+salva+galinha+e+vira+brincad

    eira+na+web.html

    15 http://fortunatinacontramao.tumblr.com/post/22608824389/faca-tambem-seu-fortunati-na-

    contramao

    16 Quanto ao tamanho, as colagensforam classi!cadas em pequena,

    mdia ou grande, conforme aimagem colada representasse ,

    metade, ou mais da metade da altu-ra total da imagem de fundo.

    17 Disponvel em: . Acesso em: 23 jul.2012.

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    Resultados e discusso

    Quanto ao contexto, das 109 imagens relacionadas a Fortunati na contramo,26 buscavam relacionar a outros acontecimentos jornalsticos temporalmenteprximos, ocorridos pouco antes ou logo aps a inaugurao da ciclovia (comona Figura 5), 24 procuravam relacionar a cenas de lmes ou a cartazes de lmes(Figura 4), 10 buscavam relacionar a imagem a cenas de games, 8 associavama esportes (Figura 6), 6 combinavam a imagem de Fortunati na contramo comlugares especcos, e as demais 35 imagens relacionavam o prefeito na con-tramo a outros contextos, como a vdeos virais, obras de arte, capas de CD, eoutros. Dentre as 20 imagens relacionadas a Fortunati e a galinha, os contextos

    eram mais variados, com 5 imagens relacionadas a esportes (como na Figura 7)e 1 imagem que buscava relacionar Fortunati e a galinha com a ciclovia da Ave-nida Ipiranga (Figura 8), dentre outras combinaes (como na Figura 9).

    Figuras 4 e 5.No primeiro exemplo, a imagem de Fortunati na contramo sobreposta ao cartaz do lme italianoLadro de bicicletas(Crditos da monta-gem: Laura Andrade). No segundo exemplo, Fortunati na contramo relacio-nado a um acontecimento jornalstico temporalmente prximo (o vazamento defotos sensuais da atriz Carolina Dieckmann, ocorrido em 06 de maio de 2012)(Crditos da montagem: Guilherme Petry)

    Figuras 6 e 7.No primeiro exemplo, Fortunati trafega na contramo das demaisbicicletas no Tour de France (Crditos da montagem: Mario Terrazas). No se-gundo exemplo, Fortunati e a galinha aparecem diante de um jogador de futebolprestes a fazer um chute (Montagem sem atribuio de crditos).

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    Figuras 8 e 9. Os dois exemplos relacionam Fortunati e a galinha a outros con-textos. No primeiro exemplo, a relao estabelecida com a ciclovia da Aveni-da Ipiranga, cuja inaugurao se deu tendo Fortunati na contramo (Crditos damontagem: @bitoLegal). No segundo exemplo, Fortunati e a galinha aparecem nocontexto do lme Fuga das Galinhas (Montagem sem atribuio de crditos).

    Nenhuma das imagens no Tumblr de Fortunati e a galinha possua legen-da explicativa. Dentre as imagens remixadas de Fortunati na contramo, 30no apresentavam legendas. Dentre as que continham legendas, muitas erampouco informativas, como ~HOHOHOHOHO~ ou Ahhhhhhhhhhhhhhh-hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!, por isso a necessidade de buscar recuperar ocontexto das imagens a partir da busca de imagens do Google. No Tumblrde Fortunati na contramo, na postagem que pedia contribuies dos inte-ragentes era possvel encontrar o seguinte apelo: Ah! E se quiser, envie suaLEGENDA! A gente est recebendo tanta foto que falta tempo de pensar emuma!. As imagens remixadas que continham legenda, em sua maioria, tra-ziam textos com o objetivo de produzir efeito de humor, ao invs de legendas

    explicativas, tpicas do jornalismo informativo. Ao optar por legendas bemhumoradas, as contribuies se aproximavam dos espaos de opinio do jor-nalismo, tais como charges e colunas, em que no h preocupao em explicaro fato, e sim em expor uma opinio ou crtica sobre o mesmo.

    Quanto ao tipo de colagem, Fortunati e a galinha apresentava 12 cola-gens sutis (ou seja, no era possvel perceber que se tratava de uma imagemremixada), 4 explcitas (havia marcas explcitas de que se tratava de umremix, como no caso de uma colagem apressada que revela os contornosda imagem acrescentada) e 4 GIFs animados (combinao de imagens comintervalo de tempo entre elas para dar ideia de movimento, fenmeno que

    no foi observado dentre os remixes de Fortunati na contramo). J no casoFortunati na contramo foram 72 colagens sutis (como na Figura 10), 35 co-lagens explcitas (como na Figura 11) e 2 casos em que no havia colagens (aimagem original recebeu uma nova legenda para produzir efeito de humor).

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    11/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 95, julho, 2013

    Figuras 10 e 11. Exemplos de colagem sutil e colagem explcita. No pri-meiro caso, a imgem de Fortunati de bicicleta acrescentada, de forma su-til, cena clssica do seriado Spartacus (Crditos da montagem: @df_fa-

    rias). No segundo exemplo, a imagem acrescentada, de forma explcita, foto relacionada a outro acontecimento jornalstico temporal e fisicamen-te prximo: o t ransporte por via terrestre de um avio da Brigada Militarpelas ruas de Porto Alegre, ocorr ido em 11 de maio de 2012 (Crditos da

    montagem: @saraluz).

    Quanto posio e ao tamanho da colagem, Fortunati e a galinhateve 4 colagens por cima da imagem original, 7 inseres centrais (1pequena, 1 mdia e 5 grandes), 3 inseres na lateral direita (1 mdiae 2 grandes) e 6 inseres na lateral esquerda (2 mdias e 4 grandes).J Fortunati na contramo teve 5 colagens por cima (como nas Figuras

    12 e 13), 44 inseres na direita (19 pequenas, 15 mdias e 10 grandes),29 na esquerda (10 pequenas, 12 mdias, 7 grandes), e 27 centrais (14pequenas, 9 mdias, 4 grandes). Nota-se a preferncia por inserir a ima-gem recortada sobre outros fundos (ao invs de acrescentar elementos imagem original), em tamanho pequeno ou mdio, em especial nas late-rais da gura, talvez como uma forma de permiti r que se compreenda ocontexto sobre o qual a imagem foi inserida.

    Figuras 12 e 13. Exemplos de imagens em que a colagem ocorre por cima dafoto original. No primeiro caso, h relao com o jogo Mario Kart (SNES), emque o personagem na nuvem indica que o jogador est trafegando na contramo(Crditos da montagem: Melissa Webster). No segundo caso, trs personagens

    virais da internet que tambm aparecem em imagens remixadas foram acres-centados cena: Happy Keanu, Happy DiCaprio e Bubble Girl (Montagemsem atribuio de fonte).

  • 7/21/2019 Recirculao Do Acontecimento Jornalstico Em Imagens

    12/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 96, julho, 2013

    Assim, em termos gerais, o que se observa que, a partir das remixa-

    gens, as imagens foram relacionadas em especial a outros produtos culturais(cenas de lme, cartazes de lme, jogos de videogame) e a outros aconteci-mentos (como no caso de acontecimentos temporalmente prximos, comoo vazamento de fotos de Carolina Dieckmann, ou o transporte de um avioda Brigada Militar pelas ruas de Porto Alegre). Muitas vezes, a colagemocorria sobre imagens que tinham relao de proximidade temtica como acontecimento original (como no caso de se dar com relao a lmes ougames relacionados a bicicletas ou a galinhas, ou sobre imagens de eventosde ciclismo, como o Tour de France).

    Em todos os casos, notou-se uma preocupao em identicar o autor

    da montagem (seja na prpria imagem, seja logo abaixo dela). Ainda que aimagem pudesse no conter legenda nenhuma para explic-la, a atribuiode autoria da montagem estava bastante presente. H um apagamento doautor original da imagem (NOBRE; NICOLAU, 2010) e de seu sentido ini-cial passa a circular o prefeito na bicicleta, simbolicamente na contramo,em outros cenrios culturais. A imagem do prefeito com a galinha tambmsegue a mesma lgica.

    As imagens foram recontextualizadas pelos interagentes, que as pu-seram em recirculao em novos contextos e com novas roupagens.Essa recontextualizao pode ser inserida em um contexto de ciber-cultura remix. O sentido atribudo pelo espectador (AUMONT, 1993)foi tornado explcito atravs do remix. As criaes podem ser entendi-das como remixes, que atribuem novos sentidos imagem, diferentesdaqueles originalmente atribudos pelos fotgrafos que originalmen-te captaram as imagens, indo alm de uma mera colagem. O pblicoacrescenta novas camadas de sentido, tanto imagem quanto ao acon-tecimento como um todo.

    A imagem do acontecimento recircula desprendida de seu contextoinicial, e, ao recircular, tem novos sentidos atribudos pelos seus especta-dores, que podem estar por dentro ou no do acontecimento principal queensejou a montagem. Essas criaes tambm suscitam questionamentos

    acerca da natureza desses tipos de imagens. O que so essas criaes dosinteragentes? arte? humor? jornalismo? Ainda que partam de ima-gens jornalsticas, associadas a acontecimentos jornalsticos especcos,sua recirculao ocorre num contexto de humor, desprendido de seu sen-tido original.

    Nos casos observados, as trs foras da cibercultura remix (LEMOS,2005) esto presentes. H a liberao do polo da emisso qualquer pes-soa pode contribuir, e h inclusive pedidos explcitos de participao empelo menos um dos Tumblr. A ao depende de conectividade requeracesso internet e ao computador, bem como depende de uma cultura de

    colaborao em rede. E h uma recongurao do produto miditico, naforma de uma reapropriao da imagem, atribuindo-lhe sentido de crticaou de humor.

    Enquanto na notcia original a imagem do prefeito na ciclovia da Avenida

    18 Respectivamente, http://ha-

    ppykeanu.tumblr.com, http://fuckyeahstruttingleo.tumblr.com/e http://www.uhull.com.br/12/28/

    as-40-melhores-montagens-da-bubble-girl/

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    13/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 97, julho, 2013

    Ipiranga trazia um valor de representao (o prefeito sobre a ciclovia) e

    um valor simblico (a ciclovia est inaugurada), na recirculao ela ad-quire tambm um valor de signo (o que recircula o recorte do prefeitomontado na bicicleta; apenas quem teve acesso imagem original sabeque a cena representa o prefeito na contramo). No caso de Fortunati e agalinha, o valor simblico de resgatar o animal adquire novos contornosquando a imagem do prefeito segurando a galinha passa a recircular emoutros cenrios.

    Consideraes nais

    O trabalho procurou abordar a recirculao de imagens remixadasa partir da discusso de dois casos em que as imagens relacionadas aacontecimentos jornalsticos foram desprendidas de seu contexto ori-ginal e coladas a outros contextos, em especial com o fim de produzirefeito de humor.

    No caso da recirculao de imagens de humor, temos dois lados emtenso: de um lado, temos a imagem jornalstica, e a necessidade deexplicar e contextualizar os fatos. De outro, temos o remix, fruto deuma cultura de colaborao em rede baseada em valores diversos. Aimagem resultante dessa combinao (a imagem jornalstica remixa-da) reflete essa tenso, na medida em que procura se desprender deseu carter jornalstico (ausncia de legenda, descontextualizao), aomesmo tempo em que depende do acontecimento inicial para que sepossa recuperar o sentido.

    No contexto analisado, o remix, enquanto combinao de elementosculturais (BASTOS, 2007) e prtica tpica de um cenr io de cibercultura(LEMOS, 2005), constitui uma forma de participao na recirculaojornalstica. Essa par ticipao do pblico facilitada e propiciada pelasredes sociais na internet.

    Alm de a internet prover espao para que mais imagens jornalsti-

    cas circulem, ela tambm abre caminho para que novas apropriaes erecontextualizaes tomem lugar. Tambm surge a necessidade de umamelhor sistematizao e categorizao dos dados criados, para que pos-sam ser recuperados de forma contextualizada posteriormente.

    O fato de o acontecimento jornalstico poder continuar a circular deoutras formas aps sua publicao inicial como notcia tambm traz im-plicaes ao processo jornalstico como um todo. Nesse contexto, acom-panhar o que dito nas redes sobre as notcias (ou seja, acompanhar arecirculao dos acontecimentos) emerge como um novo papel para ojornalismo.

    Muitas vezes, o prprio inusitado de um remixpode se transformar emum novo acontecimento, ao fugir da normalidade e adquirir visibilida-de (RODRIGUES, 1996), fazendo com que a recirculao se transformenuma nova notcia, capaz de suscitar novos e inditos desdobramentos.

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    14/15Rizoma, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 98, julho, 2013

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