CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país...

29
1 CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS LITEERÁRIAS ACADÊMICOS MAÇÔNICOS (Só não é membro quem não quer) www.ceplam.com.br www.maconariaparatodos.com.br [email protected] [email protected] Por que sou Franco-Maçom ? Porque sou livre e de bons costumes, porque me subjuga o amor, porque me absorve a beleza, porque me emociona a liberdade, porque vou atrás da justiça e aspiro a felicidade da Humanidade. E a satisfação de tão elevados ideais só se encontra no seio da Franco Maçonaria.

Transcript of CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país...

Page 1: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

1

CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS

LITEERÁRIAS ACADÊMICOS MAÇÔNICOS

(Só não é membro quem não quer)

www.ceplam.com.br www.maconariaparatodos.com.br [email protected] [email protected] Por que sou Franco-Maçom ? Porque sou livre e de bons costumes, porque me subjuga o amor, porque me absorve a beleza, porque me emociona a liberdade, porque vou atrás da justiça e aspiro a felicidade da Humanidade. E a satisfação de tão elevados ideais só se encontra no seio da Franco Maçonaria.

Page 2: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

2

A república idealizada por Maçons O que deu errado?

Data: novembro 22, 2019 Autor: zehfilardo1 Comentário Eduardo Albuquerque Rodrigues Diniz M∴ M∴ ***

Completados cento e trinta anos de proclamada, a

república brasileira parece ainda estar em processo

de estabilização, e surgem muitos questionamentos

sobre sua legitimidade e o compromisso no trato da

coisa pública (res publica) que merecem reflexão,

especialmente depois das diversas manifestações nas

redes sociais questionando a proclamação da

república e o fato de não haver nada para comemorar.

Considerando ainda a celebração pela adoção do atual

Pavilhão Nacional em substituição à Bandeira Imperial.

Ao longo dessas treze décadas foram promulgadas e

outorgadas seis Constituições Federais (1891, 1934,

Page 3: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

3

1937, 1946, 1967, considerando a Emenda de 1969 e

1988) e o país passou por nove moedas, com diversas

desvalorizações (Réis: até 1941, Cruzeiro: 1942,

Cruzeiro Novo: 1967, Cruzeiro: 1970, Cruzado: 1986,

Cruzado Novo: 1989, Cruzeiro: 1990, Cruzeiro Real:

1993 e Real: julho de 1994).

Importante observar que a república foi proclamada

através de um golpe militar em 1889, que se estendeu

até 1894 nas mãos dos Marechais Deodoro da Fonseca

e Floriano Peixoto, e que só findou com a eleição de

Prudente de Morais, e depois advieram outros cinco

períodos de intervenção militar (1930 a 1934 –

Revolução de 30, 1937 a 1945 – Estado Novo, 1945 –

Min. José Linhares na Presidência do STF e do

Executivo por convocação das Forças Armadas, 1955

– Movimento 11 de Novembro e 1964 a 1985 – Ditadura

Militar). Nove presidentes não iniciaram ou concluíram

seus mandatos por crises políticas ou golpes (Deodoro

da Fonseca: 1891, Washington Luís: 1930, Júlio

Prestes: 1930, Getúlio Vargas: 1945 e 1954, Carlos Luz:

1955, Jânio Quadros: 1961, João Goulart: 1964,

Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016).

O país passou por diversas revoltas e viu a formação

de guerrilhas como a Revolta da Armada: 1892 a 1894,

a Revolução Federalista: 1893 a 1895, Revolta de

Canudos: 1893 a 1897, Revolta da Chibata: 1910,

Guerra do Contestado: 1912 a 1916, Revolta dos

Dezoito do Forte: 1922, Coluna Prestes: 1923 a 1925,

Revolução de 1930, Revolução Constitucionalista:

1932, Intentona Comunista: 1935, Luta Armada: 1965 a

1972.

Page 4: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

4

Trinta e um (31) presidentes da república não foram

eleitos diretamente, considerando a posse de interinos

e também eleições marcadas por fraudes eleitorais e

pelo controle das oligarquias e do coronelismo

(Deodoro da Fonseca: 1889, Floriano Peixoto: 1891,

Prudente de Morais: 1894, Campos Sales: 1898,

Rodrigues Alves: 1902, Afonso Pena: 1906, Nilo

Peçanha: 1909, Hermes da Fonseca: 1910, Venceslau

Brás: 1914, Rodrigues Alves: 1918, Delfim Moreira:

1918, Epitácio Pessoa: 1919, Arthur Bernardes: 1922,

Washington Luís: 1926, Júlio Prestes: 1930, Getúlio

Vargas: 1930, José Linhares: 1945, Café Filho: 1954,

Carlos Luz: 1955, Nereu Ramos: 1955, Ranieri Mazilli:

1961, João Goulart: 1961, Castelo Branco: 1964, Costa

e Silva: 1967, Garrastazu Médici: 1969, Ernesto Geisel:

1974, João Figueiredo: 1979, Tancredo Neves: 1985,

José Sarney: 1985, Itamar Franco: 1992 e Michel

Temer: 2016).

Merece destacar que somente nove presidentes

podem ser considerados eleitos pelo voto popular livre

e sem dúvidas no processo eleitoral, sendo que dois

sofreram impeachment (Fernando Collor: 1992 e Dilma

Rousseff: 2016) e dois terminaram seus mandatos

antes do tempo Getúlio Vargas: 1950 (suicídio) e Jânio

Quadros: 1960 (renúncia). Apenas quatro presidentes

da república eleitos pela via direta puderam exercer

seus mandatos integralmente: Eurico Gaspar Dutra

(eleito em 1945), Juscelino Kubitschek (1955),

Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998) e Luiz Inácio

Lula da Silva (2002 e 2006). No momento, Jair

Bolsonaro exerce o mandato de presidente, tendo sido

eleito em 2018.

Page 5: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

5

Foram oito presidentes presos por motivos políticos,

por acusação e ou por condenação pelo cometimento

de crimes: Hermes da Fonseca em 1922, Washington

Luís em 1930, Arthur Bernardes em 1932, Café Filho em

1955, Jânio Quadros em 1968, Juscelino Kubitschek

em 1968, Luiz Inácio Lula da Silva em 2018 e Michel

Temer em 2019.

Deve ser registrado que as manifestações sobre a

república apareceram no Brasil ainda no período

colonial antes mesmo da influência da Independência

dos Estados Unidos da América (1786) e Revolução

Francesa (1789), ou das revoltas no solo brasileiro

colonial com a Conjuração Mineira (1789), Conjuração

Carioca (1794) e Conjuração Baiana (1798-1799),

como lembra a historiadora e cientista política, Heloisa

STARLING (2018), referindo-se ao Frei Vicente do

Salvador, que já em 1630 afirmou que “nenhum homem

nesta terra é repúblico, nela zela, ou trata do bem

comum, senão cada um do bem particular”.

As expressões republicanas no final do século XVIII

construía na Terra Brasilis mais um sentimento

antimonárquico, de liberdade da colônia e de

independência que propriamente de melhor trato da

coisa pública. No comentário do professor de

Sociologia Alexandro Trindade, da UFPR (ISTOÉ,

2007), sobre a hipótese sustentada pelo historiador

José Murilo de Carvalho de que o provo assistiu

“bestializado” à proclamação da república, afirma que:

“Foi um movimento de intelectuais e militares

descontentes com a atenção que o Império dedicava a

eles próprios”.

Page 6: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

6

Na mesma matéria publicada pela Revista ISTOÉ na

data do 118º aniversário da proclamação, reconheceu

o presidente da OAB-Paraná, Alberto de Paula

Machado, as dificuldades institucionais brasileiras,

mas seguia acreditando que a República brasileira

está se aprimorando, e afirmou que o país tem “um

nível de democracia (…) com perspectivas boas de

futuro. O que não melhora é o cuidado com a coisa

pública” e cita as privatizações feitas no governo

Fernando Henrique Cardoso e as denúncias do

“mensalão”, na gestão Lula.

O futuro, entretanto, reservava para a nação mais

escândalos somados a um mal maior, que foi a divisão

do país em proporção nunca dantes vista por motivos

ideológicos. Assim, a república nascida de um golpe

militar, sem a participação popular, com o ilusório

objetivo de que com a mudança do regime faria o país

ingressar na modernidade, que não se confirmou,

percebe, mais de um século depois, que nunca

conseguiu estabilidade como demonstrado no início

deste texto, e que gradativamente se afastou dos seus

princípios fundadores (ordem, progresso, liberdade,

igualdade e fraternidade).

Os mencionados princípios republicanos estão

interligados com os ideais maçônicos. Segundo o

Portal do Grande Oriente do Brasil[1], a Maçonaria é

uma instituição filosófica, que “investiga as leis da

natureza e relaciona as primeiras bases da moral e da

ética pura”; filantrópica e educativa porque cultiva o

aclassismo, “não está constituída para obter lucro

pessoal de nenhuma classe, e procura conseguir a

Page 7: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

7

felicidade dos homens por meio da elevação espiritual

e pela tranquilidade da consciência”; e progressista

pois “acredita na imortalidade e da crença em um

princípio criador regular e infinito, não se aferra a

dogmas, prevenções ou superstições”. A Ordem

maçônica tem como princípios “a liberdade dos

indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles

instituições, raças, nações; a igualdade de direitos e

obrigações dos seres e grupos sem distinguir a

religião, a raça ou nacionalidade; a fraternidade de

todos os homens, já que somos todos filhos do mesmo

CRIADOR e, portanto, humanos e como consequência,

a fraternidade entre todas as nações”, defendendo a

humanidade e a democracia.

“Ciência, Justiça e Trabalho” é o lema da Maçonaria

brasileira, pois tem-se “a ciência, para esclarecer os

espíritos e elevá-los; justiça, para equilibrar e

enaltecer as relações humanas; e trabalho por meio do

qual os homens se dignificam e se tornam

independentes economicamente. Em uma palavra, a

Maçonaria trabalha para o melhoramento intelectual,

moral e social da humanidade”. O objetivo da

instituição é “a investigação da verdade, o exame da

moral e a prática das virtudes”, e tem por dever “o

respeito e os direitos dos indivíduos e da sociedade”,

como a propriedade, mas também de proteger e servir

aos nossos semelhantes. Enfim, a Maçonaria resume o

dever do homem assim: ‘Respeito a Deus, amor ao

próximo e dedicação à família’. Em verdade, essa é a

maior síntese da fraternidade universal” (Portal do

GOB).

Page 8: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

8

No contexto histórico nacional estão os Maçons como

protagonistas dos três principais eventos do século

XIX, participando da fundação do Brasil independente,

como também da Abolição da Escravidão e da

proclamação da república. Muitas vezes a instituição

Maçonaria é citada como partícipe nos eventos

políticos brasileiros ocorridos no século XIX,

entretanto, a sua presença ocorre mais pela iniciativa

de cada homem que fazia parte desta distinta Ordem e

sua influência social, do que por atividade institucional.

Inicialmente, os Maçons participaram efetivamente de

todo o processo de independência envolvidos por dois

dos principais protagonistas do movimento, José

Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves

Ledo eram Maçons e organizaram desde o Dia do Fico

até a Coroação de D. Pedro de Alcântara Bragança e

Bourbon como Imperador do Brasil. Entre esses

eventos foi fundado o Grande Oriente Brasílico (do

Brasil) e foi realizada a iniciação do Príncipe D. Pedro

na recém-criada Ordem nacional. Ensina Castellani

(1973) que:

A Independência do Brasil era a meta específica dos

fundadores do Grande Oriente e logo todos eles

dedicaram-se a consegui-la, embora o processo

emancipador, nos meios maçônicos já tivesse sido

iniciado antes de 17 de junho de 1822. Na realidade, o

primeiro passo oficial dos Maçons, nesse sentido, foi o

Fico, de 9 de janeiro, o qual representou uma

desobediência aos decretos 124 e 125, emanados das

Cortes Gerais portuguesas e que exigiam o imediato

retorno do príncipe a Portugal, […].

Page 9: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

9

Por ocasião da independência do Brasil foi

considerada a proposta de José Bonifácio pela adoção

da Monarquia como forma de governo, afastando a

sugestão de Gonçalves Ledo, mas com adesão deste,

cuja finalidade era de gerar na população brasileira o

sentimento de nacionalidade, de patriotismo, de

civismo, a identidade nacional e principalmente manter

a unidade do território em torno da figura do

Imperador, e assim todos esses objetivos foram

construídos por uma elite política imperial. Ao

contrário, a América espanhola formou diversas

repúblicas.

O Maçom José Bonifácio ainda apresentou para o país

em formação proposta de Abolição da Escravidão junto

à Assembleia Constituinte em 1823, mas nunca foi

debatida ou contestada, tendo sido ignorada (SENADO

FEDERAL, 2012), e ao final houve vitória dos interesses

escravagistas, colocando o Patriarca do Brasil no

ostracismo, e mantendo a liberdade incondicional fora

da Constituição do Império. Durante todo o Segundo

Império a campanha de libertação dos escravos foi

lenta e gradual com a adoção de várias leis

abolicionistas, uma vez que os parlamentares do

período eram grandes latifundiários e proprietários do

elemento servil, termo usado pelo Monarca para

identificar os que não tinham liberdade, mas sem

mencionar os termos cativos ou escravos.

Os preceitos maçônicos relacionados à abolição da

escravidão se concretizaram em 1850 com a Lei

Eusébio de Queiroz que proibiu o tráfico e tornou ilegal

a importação de cativos. Eusébio de Queiroz era

Page 10: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

10

Ministro da Justiça e Maçom, cuja iniciativa inaugurou

uma série de quatro importantes leis. Em 1871 adveio

a Lei do Ventre Livre, proposta pelo Maçom José Maria

da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco,

incentivado pelo discurso do Imperador D. Pedro II em

1867. A segunda lei abolicionista foi dos Sexagenários

proposta pelo Ministro e Senador liberal Manuel Pinto

de Sousa Dantas, em 1884, mas só foi aprovada em

1885 com emendas, como a que aumentar o limite de

idade do cativo a ser liberto de sessenta para sessenta

e cinco anos, por isso a Lei dos Sexagenários libertava

apenas com 65 anos. Essa lei ficou conhecida também

por Saraiva-Cotegipe em referência aos dois membros

do gabinete ministerial do Império, o liberal

Conselheiro José Antônio Saraiva[2] e o conservador

Barão de Cotegipe, João Maurício Wanderley, que a

apoiaram.

A Lei Aurea foi o documento legislativo decisivo que

contou com a colaboração da Princesa Isabel do Brasil

que, diante da Assembleia Geral, na Fala ao Trono no

início de 1888 pediu a extinção do elemento servil no

Brasil, como forma de atender o espírito cristão e

liberal das instituições brasileiras. A proposta de

abolição da escravidão foi apresentada pelo ministro

da Agricultura da época, o Maçom Rodrigo Augusto da

Silva, em 8 de maio de 1888 e foi votada nas duas casas

em cinco dias, sendo que no dia 13 de maio foi assinada

pela Princesa Regente Isabel e pelo propositor da

norma. Assim, segundo D’Albuquerque (1970):

A libertação dos escraveos no Brasil, foi, não há como

negar, iniciativas de maçons, um empreendimento da

Page 11: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

11

Maçonaria. A Maçonaria, cumprindo sua elevada

missão de lutar pela reivindicação dos direitos do

Homem […]. Aí estão os fatos para confirmar nossa

assertiva. Basta ver a predominância extraordinária de

maçons entre os que pelejaram para que

desaparecesse do Brasil a vexatória mancha da

escravidão.

D’Albuquerque (1970) cita ainda vários Maçons que

direta ou indiretamente também participaram da

extinção da escravidão no Brasil: Nabuco de Araújo,

José do Patrocínio, Luiz Gama, Joaquim Nabuco, João

Alfredo, Quintino Bocaiúva, Rui Barbosa, Teófilo Ôtoni,

Saldanha Marinho, Luis May, Chicorro da Gama,

Pimenta Bueno (Marquês de São Vicente), Sousa

Franco, Tristão de Alencar, Tôrres Homem, Francisco

Otaviano, Figueira de Melo, Cristiano Ôtoni, Sinimbu,

Jerônimo Sodré, Barros Pimentel, Nicolau Moreira

(Presidente da Sociedade Brasileira contra

Escravidão), Lopes Trovão, Castro Alves, Ubaldino do

Amaral, João Ferreira, Serpa Júnior, André Rebouças,

Paula Brito e Montezuma, dentre outros,

demonstrando a contribuição dos homens que fazem

parte da Maçonaria neste importante ato de cidadania

nacional.

Dezoito meses depois da Abolição adveio a república,

com a participação ativa de muitos dos Maçons acima

citados. A mudança do sistema de governo

permaneceu por muito tempo presente nos debates

nacionais entre brasileiros e portugueses, liberais e

conservadores, republicanos e monarquistas, mas

sem que efetivamente fosse implementada. Destaque-

Page 12: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

12

se que durante o 2º Reinado foi fundado o partido

republicano paulista em 1873, após a Convenção de

Itu. A república simbolizava um rompimento com o

antigo regime, era entendido como um ingresso na

modernidade, deixando o Brasil ao lado dos Estados

Unidos (1789), França (1792) e todas as repúblicas

vizinhas da América Latina.

Além disso, a Monarquia no final do século XIX

carregava o ranço do absolutismo, e simbolizava a

desigualdade entre as pessoas, não sendo admitida a

existência de membros da realeza e nobreza com

privilégios garantida pelo simples fundamento do

nascimento. A república era a alternativa que

apresentava um rompimento com esse antigo regime,

pois em tese, defendiam os republicanos, garantia a

qualquer pessoa a possibilidade poder chegar ao

poder pelo voto.

Some-se ao fundamento teórico que sustentava a

defesa pela mudança de sistema no Brasil as questões

religiosa, militar e abolicionista, surgidas nos últimos

anos da Monarquia, que influenciaram

consideravelmente na sua deposição. Cada uma delas

ao seu tempo foi diminuindo o apoio de importantes

setores sociais ao Imperador. Resumidamente, na

primeira questão, os membros da igreja católica se

sentiram preteridos pelo Imperador por interferir nos

seus assuntos e vetar decisões do Vaticano[3]. Os

militares queriam participar mais da política brasileira

após a Guerra do Paraguai, mas o regime Monárquico

não abria espaço para esta participação. Muitos

fazendeiros, possuidores de grandes investimentos

Page 13: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

13

que envolviam mão-de-obra escrava, não ficaram

satisfeitos com a abolição e também passaram a fazer

oposição ao regime monárquico. O Imperador após a

extinção da escravidão ficou politicamente isolado,

sem qualquer apoio.

Certamente a república teria sido muito bem-vinda ao

Brasil se à época ela tivesse realmente vencido

aqueles homens que corrompiam as instituições, e os

motivos para adoção do novo regime fossem legítimos

e com participação popular. Todavia, ao contrário,

foram vitoriosos os oligarcas, grandes latifundiários e

aqueles que tinham sua economia baseada na

manutenção da escravidão, que passaram a ver na

figura do Imperador D. Pedro II e da futura governante,

a Princesa Isabel do Brasil, empecilho para seus

interesses[4], ou seja, “tudo deve mudar para que tudo

fique como está”[5], e não houve concordância do

povo, que apenas observaram tudo. Ademais, a

ausência da participação e ciência do povo na

proclamação da república gerou suspeição de

legitimidade, tanto que foi realizado em 1993 um

plebiscito[6] programado na Constituição de 1988, em

que foi escolhida a forma de governo republicano e

sistema presidencialista, e vencidos a Monarquia e o

Parlamentarismo.

O que causa espécie é o fato do Imperador ter caído

por ser culto, como pode ser observado em trecho da

ata que registra a posse de Marechal Manuel Deodoro

da Fonseca, publicado no Boletim do Grande Oriente

do Brasil em 1890, em que se destaca o comentário do

Orador (págs. 10-11):

Page 14: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

14

Não cahio a Monarchia por ser tyrannica, nem

oppressora; porém, sim, porque todas as instituições

que deviam concorrer para mante-la, foram

estragadas pelos homens que audazmente galgaram

as mais elevadas posições, sem outro merecimento

senão — ou a ambição que cega, ou o patronato que

avilta.

Se me fosse permittido biographar n’este momento a

vida do ex-Imperador, eu chegaria, sem receio de

coutestação séria, a afirmar que muito deve este Paiz

ao seu dedicado e extremoso amor de filho, e que se

peccou foi por fraqueza de seu espirito, antes

preparado para as disputas scientificas, que exigem só

o concurso da razão; do que para as lutas de governo,

que exigem o concurso da vontade, que quer e sabe

querer. (SIC)

Pedro II não foi um político, nem poderia ser pelo fato

de exercer o Poder Moderador, seu reinado não era

tirânico ou opressor. Todavia, ele não se submeteu a

ambição cega e ao aviltante patronato, nem se

conformou com a situação dos escravos, por isso

gradativamente promoveu a libertação dos mesmos,

na velocidade e dentro das possibilidades que o

estamento burocrático[7] do período permitia, pois

infelizmente essas péssimas práticas continuaram

com o advento do novo regime, uma vez que boa parte

dos políticos e grupos influentes que derrubaram a

Monarquia, continuaram atuando na república.

Tanto é que os homens livres e de bons costumes que

contribuíram para a substituição da forma de governo,

gradativamente foram afastados dos negócios do

Page 15: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

15

Estado ou se arrependeram. Pode-se citar como

exemplo José do Patrocínio que foi deportado para o

Amazonas por Floriano Peixoto em 1892 após editar

matéria jornalística que criticava seu governo

ditatorial. Outros também manifestaram

descontentamento como Quintino Bocaiúva e

Benjamin Constant aos quais atribuem as frases, na

internet:

Só volto ao senado para pedir perdão a Deus pelo que

fiz para que viesse essa república; e admiro que o povo

ainda não tenha cortado a cabeça de quanto

cometemos o tão funesto erro. (Quintino Bocaiúva)

Não era essa a república com que eu sonhava.

(Benjamin Constant)

A Rui Barbosa é atribuída a frase: “Majestade me

perdoe, não sabia que a república era isto”,

amplamente divulgada na rede de alcance mundial,

mas também sem indicação da fonte, gerando dúvida

quanto ao momento em que as palavras foram dirigidas

ao Monarca no exílio. Em outro momento, Rui Barbosa

fez a mea culpa, quando em discurso em 17 de

dezembro de 1914 no Senado declarou[8]:

(…) De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver

prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos

maus, o homem chega a desanimar da virtude, a ter

vergonha de ser honesto. Essa é a obra da república

nos últimos anos. No outro regime (a monarquia) o

homem que tinha certa nódoa em sua vida era um

homem perdido para todo o sempre – as carreiras

Page 16: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

16

políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela

vigilante, de cuja severidade todos se temiam a que,

acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol

que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e

da moralidade gerais.

Na República os tarados são os tarudos. Na República

todos os grupos se alhearam do movimento dos

partidos, da ação dos Governos, da prática das

instituições. Contentamo-nos hoje com as fórmulas e

aparência, porque estas mesmo vão se dissipando

pouco a pouco, delas quase nada nos restando. (…)

E nessa destuição geral das nossas instituições, a

maior de tôdas as ruínas, Senhores, é a ruína da

justiça, colaborada pela ação dos homens públicos,

pelo interêsse dos nossos partidos, pela influência

constante dos nossos Governos. E nesse

esboroamento da justiça, a mais grave de tôdas as

ruínas é a falta de penalidade aos criminosos

confessos, é a falta de punição quando se aponta um

crime que envolva um nome poderoso, apontado,

indicado, que todos conhecem, mas que ninguém tem

coragem de apontá-lo à opinião pública, de modo que

a justiça possa exercer a sua ação saneadora e

benfazeja. (…)

A sentinela qual um farol era justamente o Imperador

D. Pedro II, com seu caderninho preto onde anotava

com o lápis fatídico os nomes daqueles, que por

atitudes indignas, não deveriam mais pertencer a

cargos de governo (PEREIRA, 2000).

Page 17: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

17

Outra frase muito lembrada de Rui Barbosa é a de que

“o parlamento no Império era uma escola de

estadistas, na república uma praça de negócios”, sem

registro conhecido, mas que pode ser compreendida

como um resumo ou adaptação de trecho[9] que faz

parte de Conferência em 1919. E no mesmo ano, Rui

Barbosa tece elogios sobre o período monárquico:

O regime constitucional, na Monarquia, tinha, entre

nós, dois largos pulmões, o parlamento e a imprensa,

por onde a vida nacional se oxigenava livremente. O

nome do Senado não desdizia, ali, das tradições da

majestade antiga, não repugnava as grandezas

consulares da casa de Cícero e Catão. A tribuna

legislativa era gloriosa arena, onde as ideias e as

virtudes se batiam pelas aspirações da honra e do

civismo. (Obras Completas de Ruy Barbosa. V. 46, t. 1,

1919. p. 21).

Os presidentes maçons que assumiram a chefia do

Poder Executivo na velha república não conseguiram

vencer a nefasta forma de fazer política existente no

país durante cada um de seus mandatos e não tiveram

paz em seus governos, e por isso não se pode afirmar

que eles tiveram as condições adequadas para

implementar seus conhecimentos e comportamentos

maçônicos, o país estava em convulsão desde a

derrubada do antigo regime. Deodoro destituiu o Poder

Legislativo e renunciou diante das pressões de eclosão

da Revolta da Armada. Floriano, enfrentou diversas

rebeliões e lançou uma ditadura com estado de sítio.

Prudente, sofreu atentado e deparou-se com a Revolta

de Canudos, um genocídio nacional. Sales, deparou-se

Page 18: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

18

com as exigências da oligarquia, com a formação da

política do café-com-leite e instituição do coronelismo.

Peçanha, assumiu com o falecimento de Afonso Pena,

tendo sido registrada na sua gestão agitação política

provocada pela oposição. Hermes, encarou a Guerra

do Contestado e Revolta da Chibata. Brás, conseguiu a

pacificação dos conflitos nacionais, como a Revolta

dos Sargentos (1915) e enfrentou as greves em 1917,

mas foi envolto na crise da 1ª Guerra Mundial (1917).

Delfim, deparou-se com greves e problemas sociais.

Washington, foi deposto e exilado pela Revolução de

1930.

Depois da velha república, ainda assumiram a

presidência três Maçons. Na década de 50, sucederam

a Getúlio, Café Filho, que fez cortes nas despesas do

governo e contenções no crédito, mas adoeceu e foi

impedido pelo Congresso, e Ramos, que governou sob

estado de sítio até o início do mandato de Juscelino

Kubitschek. E Jânio Quadros, que embora eleito com a

maior votação até então obtida no Brasil, renunciou em

1961, com 206 dias de exercício do mandato, alegando

que “forças terríveis” se levantaram contra seu

governo (ANDRADE, 1985) e deram início aos fatos que

ensejaram a quinta intervenção militar na república em

1964.

E o que deu errado? Na verdade, não é a forma ou o

sistema de governo adotado na Independência ou em

1889 que fez o país ser melhor ou pior, pois a questão

principal está nas pessoas que assumiram a

responsabilidade de gerir o país nos momentos

importantes para o desenvolvimento nacional.

Page 19: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

19

Ademais, não se pode afirmar que a manutenção da

Monarquia conduziria o país ao desenvolvimento e

resolução dos problemas nacionais por caminhos com

menos dificuldades.

De certo, os Maçons participaram de diversos

acontecimentos da história mundial, tiveram essencial

presença na Independência dos Estados Unidos da

América e adoção da república, sendo notório os

símbolos nas cédulas de dólar, nas cidades

construídas e nos monumentos erguidos, como a

Capital Washington D.C., bem como nos eventos que

envolveram a Monarquia britânica, como na restituição

dos Stuarts[10] ao trono após o término do governo de

Oliver Cromwell, a revolução Gloriosa, e o fato de ser o

Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra

membro da Família Real, o Duque de Kent, o Príncipe

Edward. Duas nações com diferentes sistemas, mas

que venceram suas dificuldades com a participação

dos Maçons.

A Maçonaria não tem preferência por formas de

governo ou de Estado, nem por sistemas de governo,

estimula os governos a serem democráticos e contra

toda forma de exploração e despotismo, sejam eles

políticos, econômicos ou intelectuais.

Difícil afirmar que todas as contribuições e

participações dos Maçons nas questões sociais e

políticas alcançaram os resultados pretendidos. Como

seres humanos todos podem realizar ações bem-

intencionadas, mas que não lograram o êxito

pretendido, assim como não há como evitar que más

atuações tenham sido praticadas, conscientes ou não,

Page 20: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

20

pois errar é humano, e independe de ser iniciado ou

não. Todavia, sempre esquecem ao criticar os Maçons

e a Maçonaria das suas ações beneficentes e

altruístas, da contribuição que sempre deram pela

educação, na formação de jovens através de escolas

que ajuda a manter e das entidades paramaçônicas

(DeMolay, Filhas de Jó e Apejodistas), bem como de

órgãos de promoção da saúde pública, e essas ações

nunca cessaram.

Muitas vezes se atribui à Maçonaria as mazelas que se

vivencia na atualidade, todavia, não há qualquer

demonstração plausível que sustente a afirmação, até

mesmo porque houve muita deturpação das

informações e negação da história nacional, das

instituições e dos ícones históricos, daí ser necessário

resgatar a verdade, como também os adequados

valores e comportamentos e exaltar as boas ações dos

vultos nacionais. Até porque não é possível avaliar as

ações do passado como se pudessem ser mudadas, as

decisões tomadas no pretérito atenderam as

demandas de suas épocas. Em mídia produzida pela TV

GOB, pertencente ao Grande Oriente do Brasil, em

homenagem à proclamação da república, o Maçom

João Francisco Guimarães[11], Maçom, escritor e

historiador (GOB, 2019), conclui sua exposição com

um desabafo:

(…) a república acabou com o padroado, instituiu o

casamento, o registro de nascimento, teve um

ministério totalmente maçônico, começou a colocar o

país no trilho (…) A república continua sendo uma

grande dívida para os brasileiros e maçons. Até hoje a

Page 21: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

21

república loteia este país com trinta e poucos partidos,

ministros de tudo que é qualidade, de má qualidade. E

a sorte é que tem algumas boas intenções. Isso é o que

acontece na república de hoje, 2016. (…)

Concluindo, é extremamente importante discutir a

história do Brasil, estudar com seriedade as diversas

interpretações e críticas sobre os fatos e eventos

históricos, especialmente para compreender a

Maçonaria, como se deu a participação de Maçons nos

episódios pátrios relevantes, em especial a

coexistência com a república, os objetivos que levaram

a esse protagonismo e as condições de aplicação dos

princípios e objetivos da Ordem maçônica, observando

as condutas de todos os agentes e gestores (Pedreiros

livres ou não) e o papel de cada agente na linha do

tempo. Essa reflexão torna possível identificar os

acertos e as falhas, como forma de deflagrar discussão

proativa sobre os caminhos a serem tomados pela

nação brasileira, principalmente depois das três

décadas de experiência republicana, com a

participação dos atuais Iniciados, sendo

imprescindível que não somente apoiem as mudanças,

mas também permaneçam integrados aos negócios

públicos, empregando suas condutas maçônicas.

NOTAS

[1] Consulte: https://www.gob.org.br/o-que-e-a-

maconaria/. As orientações da Maçonaria no Brasil

leva em consideração documentos e práticas

Page 22: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

22

universais, como as Landmarks e a Constituição de

James Anderson.

[2] José Antônio Saraiva foi Presidente da Província do

Piauí entre 1850 e 1853 e mudou no ano de 1852 sua

capital de Oeiras para Teresina, que foi batizada com

esse nome em homenagem à Imperatriz Thereza

Cristina. Foi duas vezes Presidente do Conselho de

Ministros e chegou a ser escolhido pela terceira vez

pelo Imperador Pedro II no dia 15 de novembro de 1889

no lugar do Visconde de Ouro Preto, mas o fato sequer

foi reconhecido pois o Golpe republicano já havia sido

deflagrado.

[3] Destaca-se na questão religiosa o fato ocorrido na

década de 1870, depois que o Papa Pio IX enviou uma

bula que determinava, entre outras coisas, que todos

os católicos envolvidos com a maçonaria se

afastassem dela e em caso de recusa fossem

excomungados da Igreja. O Imperador D. Pedro II

defendeu os Maçons, especialmente porque alguns

membros da Ordem faziam parte de seu governo, e não

consentiu na perseguição determinada pelo Vaticano.

Todavia, os bispos do Rio de Janeiro, Olinda e Belém

preferiram acatar a orientação de Pio IX promovendo a

perseguição de maçons e a expulsão dos párocos

ligados a maçonaria. A desobediência acarretou na

prisão dos bispos de Olinda e Belém, e a questão

somente foi resolvida com a intervenção da Princesa

Isabel do Brasil, da missão do Barão de Penedo a

Roma, libertação dos clérigos e cessação tácita das

perseguições.

Page 23: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

23

[4] A Princesa Isabel do Brasil em carta ao Visconde de

Santa Victória, sócio do Visconde de Mauá, datada em

11 de agosto de 1889, referia-se a pontos sensíveis no

período, comprovando sua intenção em indenizar os

libertos, fazer a reforma agrária e instituir o sufrágio

feminino, o que desagradava sobremaneira as elites

agropecuárias. Deve-se considerar também que

Príncipe consorte, ou seja o marido de D. Isabel, Conde

D’Eu, era francês e Maçom, e havia receio de ele

pudesse influenciar no futuro terceiro reinado.

[5] Frase famosa do príncipe de Falconeri, no livro O

leopardo, escrito por Giuseppe Tomasi di Lampedusa,

entre os anos de 1954 e 1957.

[6] O Decreto nº 01 do Governo Provisório da República

dos Estados Unidos do Brasil, de 15 de novembro de

1889, no art. 7º determinou que nenhum governo local

poderia ser “contrário à forma republicana”, mas

observou que os mesmos deveriam aguardar “como

lhe cumpre, o pronunciamento definitivo do voto da

nação, livremente expressado pelo suffragio popular”

(BRASIL, 1889). Esse pronunciamento definitivo

prometido no primeiro decreto do governo republicano

ocorreu 103 anos depois, através do plebiscito

previsto no art. 2º do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias da Constituição Federal

de 1988, marcado inicialmente para 7 de setembro,

todavia, sua realização foi antecipada para 21 de abril,

pela Emenda Constitucional nº 02, de 25 de agosto de

1992, o que gerou insatisfação das frentes defensoras

da Monarquia e do Parlamentarismo e

questionamentos por causa da antecipação da

Page 24: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

24

votação, pois tiveram reduzido o tempo para se

organizarem, fazerem arrecadação de recursos

financeiros e para realização da campanha de

divulgação das propostas, favorecendo o status quo.

Enfim, permanece a suspeição sobre a consulta e

descrença quanto a forma e sistema de governo.

[7] Para Raimundo Faoro: “O estamento burocrático

comanda o ramo civil e militar da administração e,

dessa base, com aparelhamento próprio, invade e

dirige a esfera econômica, política e financeira. No

campo econômico, as medidas postas em prática, que

ultrapassam a regulamentação formal da ideologia

liberal, alcançam desde as prescrições financeiras e

monetárias até a gestão direta das empresas,

passando pelo regime das concessões estatais e das

ordenações sobre o trabalho. Atuar diretamente ou

mediante incentivos serão técnicas desenvolvidas

dentro de um só escopo. Nas suas relações com a

sociedade, o estamento diretor provê acerca das

oportunidades de ascensão política, ora dispensando

prestígio, ora reprimindo transtornos sediciosos, que

buscam romper o esquema de controle”.

[8] Obras Completas de Ruy Barbosa. V. 41, t. 3, 1914.

p. 86 e 87.

[9] Na Conferência, afirmou Rui Barbosa: A nação não

ouve o que dali se diz: porque o que dali se diz, não

tendo autoridade alguma, nenhum prestígio, nenhum

eco, nenhuma repercussão pode ter. Com govêrno

parlamentar as câmaras legislativas constituem uma

escola. Com o presidencialismo, uma praça de

negócios. O segrêdo, que agora já se quer banir, até,

Page 25: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

25

da diplomacia, é a essência do govêrno interno sob as

nossas instituições. (Obras Completas de Ruy

Barbosa. V. 46, t. 1, 1919. p. 142).

[10] Os Stuarts e seus defensores exilados na França

receberam apoio dos Maçons para retornarem à

Escócia, coroarem Charles Stuart como Rei escocês e,

depois da morte de Oliver Cromwell, voltarem para a

Inglaterra e também como rei inglês, restaurando a

monarquia.

[11] A gravação foi produzida em 2016 pela TV GOB.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Sônia Guarita. O Brasil como Império. São

Paulo: Editora Nacional, 2013.

ANDRADE, Auro Moura: Um Congresso contra o

arbítrio: Diários e memória. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1985.

As Falas do Trono. Documentos históricos. Disponível

em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/528956.

Acessado em 15.11.de 2019.

BARROS, Roque Spencer de. A Questão Religiosa. In:

Holanda, Sérgio Buarque de. (org). História Geral da

Civilização Brasileira. Tomo II, vol. 4. São Paulo: Difel,

1974.

BOEHRER, George C. A. Da Monarquia a República.

São Paulo: Itatiaia, 2010.

Page 26: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

26

BRASIL, Decreto nº 01, de 15 de novembro de 1889.

Proclama provisoriamente e decreta como fórma de

governo da Nação Brazileira a Republica Federativa, e

estabelece as normas pelas quaes se devem reger os

Estados Federaes. Disponível

em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824

-1899/decreto-1-15-novembro-1889-532625-

publicacaooriginal-14906-pe.html. Acesso em:

15.11.2019.

BRESCIANINI, Carlos Penna. República completa 130

anos com problemas ainda à espera de solução.

Matéria publicada em 12/11/2019. Agência Senado.

Disponível

em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/20

19/11/12/republica-completa-130-anos-com-

problemas-ainda-a-espera-de-solucao. Acesso em:

15.11.de 2019.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de

Janeiro e a República que não foi. São Paulo:

Companhia da Letras, 1987.

CASTELLANI, José, A Maçonaria na Década da

Abolição e da República, Editora A Trolha, 2001.

CASTELLANI, José. Os Maçons que fizeram a História

do Brasil. Londrina: Ed. Trolha. 1973.

CASTRO, Luiz Sergio. Escravatura, Abolição e

Maçonaria. Por Rubens Pantano Filho. Disponível

em: http://omalhete.blogspot.com/2015/09/escravatur

a-abolicao-e-maconaria.html. Acesso em: 16.11.de

2019.

Page 27: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

27

D’ALBUQUERQUE, A. Tenório. A Maçonaria e a

Grandeza do Brasil. 3ed. Rio de Janeiro: Aurora, 1970.

FAORO, Raimundo, Os donos do poder: formação do

patronato político brasileiro, vol. I e II. Ed. Globo,

Publifolha, Coleção Grandes Nomes do Pensamento

Brasileiro, ed. 10, 2000, p. 740.

GAZETA DO POVO. Por onde anda a República?,

matéria jornalística sobre livro Ser republicano no

Brasil Colônia – a história de uma tradição esquecida

de autoria” de Heloisa Starling publicada

em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/o-

brasil-e-um-pais-republicano-de-fato-

aq5chf09zrtkg3zzpb0teglla/. 2019. Acessado em

19.11.de 2019.

GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um

príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram

Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.

São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.

GOMES, Laurentino: 1822: como um homem sábio, uma

princesa triste e um escocês louco por dinheiro

ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha

tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

2010.

GOMES, Laurentino: 1889: como um imperador

cansado, um marechal vaidoso e um professor

injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a

Proclamação da República no Brasil. São Paulo: Globo,

2013.

Page 28: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

28

GUIMARÃES, João Francisco. A Maçonaria e a

Proclamação da República. Disponível

em: https://www.gob.org.br/a-maconaria-e-a-

proclamacao-da-republica/. Produzido em 2016.

Acesso em: 15.11.2019.

PEREIRA, Otto de Alencar Sá. Quem Nunca Comeu

Melado, Quando Come Se Lambuza. Matéria publicada

na Tribuna de Petrópolis em 29/10/2000. Disponível

em: http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/oasp20001

029t.htm. Acesso em: 16.11.de 2019.

PRADO, Antonio Carlos. República sem povo.

Disponível em: https://istoe.com.br/republica-sem-

povo/, publicado em 14/11/19. Acesso em: 16.11.de

2019.

RÉVAUGER, Cécile. A Maçonaria britânica a serviço da

monarquia. Publicado em REVISTA BIBLIOT3CA.

Tradução José Filardo. Disponível

em: https://bibliot3ca.com/a-maconaria-britanica-a-

servico-da-monarquia/. Acesso em: 17.11.19.

SANTOS, Hilário Xavier dos. Uma breve história da

monarquia no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Multifoco.

2013.

SILVA, Josino do Nascimento. Discurso realizado em

24.03.1890. Publicado no Boletim do Grande Oriente

do Brasil: Jornal Official da Maçonaria Brasileira,

Publicação Mensal (RJ) – 1871 a 1899. Edição 01. 1890.

Disponível

em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx

?bib=709441&PagFis=6622&Pesq=Se%20me%20foss

Page 29: CEPLAM - CENTRO DE ESTUDOS e PESQUISAS ......Fernando Collor: 1992 e Dilma Rousseff: 2016). O país passou por diversas revoltas e viu a formação de guerrilhas como a Revolta da

29

e%20permittido%20biographar. Acesso em: 15.11.de

2019.

STARLING, Heloisa. Ser republicano no Brasil Colônia

– a história de uma tradição esquecida. São Paulo:

Editora Companhia das Letras. 2018.

*** Eduardo Albuquerque Rodrigues Diniz

M∴ M∴ da Aug∴ Resp∴ Loj∴ Simb∴ Liberdade

Teresinense nº 1.314

Oriente de Teresina, 21 de novembro de 2019 da E∴V∴