Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

21
Mateus 25.6 da Meia-Noite www.chamada.com.br JULHO DE 2006 • Ano 37 • Nº 7 • R$ 3,50

description

• Teísmo Aberto ou Heresia Velada? • Cuidado: Cobra no Gramado • Veneração ao “Galo” e à “Santa” no Sertão Nordestino • O evangelho segundo Judas? • Uma planta do deserto como representação de Israel • A violência e as guerras são da vontade de Deus?

Transcript of Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Page 1: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Mateus 25.6da Meia-Noite www.chamada.com.br JULHO DE 2006 • Ano 37 • Nº 7 • R$ 3,50

Page 3: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Índice4

5

10

20

Prezados Amigos

Teísmo Aberto ou Heresia Velada?

8

Do Nosso Campo Visual• Veneração ao “Galo” e à “Santa”

no Sertão Nordestino - 10

• O evangelho segundo Judas? - 16

• Uma planta do deserto como representação de Israel - 18

Aconselhamento Bíblico• A violência e as guerras são da vontade de Deus?

Publicação mensal

Administração e Impressão:Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai90830-000 • Porto Alegre/RS • BrasilFone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385E-mail: [email protected]

Endereço Postal:Caixa Postal, 168890001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

Preços (em R$):Assinatura anual ................................... 31,50

- semestral ............................ 19,00Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 28.00

Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992)

Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake

Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann

INPI nº 040614Registro nº 50 do Cartório Especial

Edições InternacionaisA revista “Chamada da Meia-Noite” é pu-blicada também em espanhol, inglês, ale-mão, italiano, holandês, francês, coreano,húngaro e cingalês.

As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

“Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6).

A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite”é uma missão sem fins lucrativos, com o obje-tivo de anunciar a Bíblia inteira como infalívele eterna Palavra de Deus escrita, inspiradapelo Espírito Santo, sendo o guia seguro paraa fé e conduta do cristão. A finalidade da“Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é:

1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares;

2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo;

3. preparar cristãos para Sua segunda vinda;4. manter a fé e advertir a respeito de falsas

doutrinas

Todas as atividades da “Obra MissionáriaChamada da Meia-Noite” são mantidas atra-vés de ofertas voluntárias dos que desejamter parte neste ministério.

Chamada da Meia-Noite

www.Chamada.com.br

Cuidado: Cobra no Gramado

Page 4: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

4 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Minha sogra tem 87 anos de idade, e todos osdias, depois do café da manhã, toma cincocomprimidos. Se parasse com o tratamento, empouco tempo ela morreria asfixiada pelo acúmulode água em seu organismo. Essa foi a explicaçãodo médico a uma das netas. Se estivéssemos namesma situação, deixaríamos de usar amedicação? A cena se repete: ficamos doentes,vamos ao médico, e ele nos prescreve os remédios(nem sempre de gosto agradável!), e a nós cabetomá-los, pois desejamos ter a saúde restabelecida.

O médico nos examina, pede uma série deexames, faz o diagnóstico e depois nos entrega areceita. Agora vem a nossa parte: comprar osremédios e tomá-los. Tiago nos fornece umainstrução bem simples: “Tornai-vos, pois,praticantes da palavra e não somente ouvintes,enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22). O quediríamos de alguém que vai ao médico, ouvetodas as explicações sobre o mal que o aflige,recebe a receita e depois não faz mais nada? Dealguém que esquece de juntar o saber ao fazer,de relacionar a informação com a aplicação doque sabe? Certamente o chamaríamos de tolo,uma vez que está enganando a si mesmo.

Porém o perigo do auto-engano é muitogrande para todos nós, como Tiago alertou.Minha esposa e eu tivemos o privilégio departicipar da Conferência de Páscoa na sede daChamada da Meia-Noite na Suíça. Ouvimos oitomensagens, e oito vezes fomos colocados diantedo espelho da Palavra de Deus. Recebemosmuitas informações que nos tocarampessoalmente, mas o que fizemos com tudo o queouvimos? Na manhã da Páscoa havia 1.400pessoas presentes. Logo depois do culto, seperguntássemos a cada uma delas o que mudouem suas vidas em função do que aprenderam daPalavra de Deus, constataríamos que Tiago temtoda a razão quando ordena não apenas ouvirmas também praticar! Quantas mensagens umcristão ouve no decorrer de sua vida? Um pastornos perguntou: “Qual o método bíblico eficientepara o crescimento saudável e integral da igreja?”Pregações não faltam, mas qual seu resultadoprático na vida dos ouvintes?

O Senhor Jesus chamou de “insensatos”aqueles que apenas ouvem mas não praticam oque ouvem. Não é de admirar que a casaconstruída sobre a areia caia quando vem atempestade. Provações e tentações fazem parte davida cristã. Mas existe a outra possibilidade: ouvir

e praticar a Palavra. “Todoaquele, pois, que ouve estasminhas palavras e as praticaserá comparado a um homem prudente queedificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva,transbordaram os rios, sopraram os ventos ederam com ímpeto contra aquela casa, que nãocaiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mt7.24-25). Na prática, cumprir a Palavra é manter-se fiel a Jesus mesmo que tudo balance e sacudaem nossas vidas; é descansar no Senhor quando omar está revolto e as ondas querem nos tragar!

Dentro de nosso coração deveria brotar o maisprofundo e sincero desejo de nos tornarmos cadavez mais praticantes da Palavra. Para a glória doSenhor, então nosso discipulado será real efrutífero, como nos relata a parábola dosemeador: “Mas o que foi semeado em boa terraé o que ouve a palavra e a compreende; estefrutifica e produz a cem, a sessenta e a trintapor um” (Mt 13.23).

Um forte abraço em Cristo,

Dieter Steiger

Novo Livro!!!As bênçãos que Deus derramará sobre a terra durante o reinado de Cristo estão além da compreensão humana. Você consegue imaginar uma época tão abençoada por Deus que a melhor palavra para defini-la seja “utopia”?56 págs. • 13,5 x 19,5 cm

50 219,0020 102,2010 58,405 32,851 7,30

Quant. Preço

Distribua-o entre os membros dasua igreja para lhes transmitiruma perspectiva bíblica do futuro. Aproveite os DESCONTOS para quantidades:

Pedidos:0300 789.5152www.Chamada.com.br

Page 5: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Alguma vez você já se perguntouse foi você mesmo quem tomouaquela importante decisão de rece-ber a Cristo em sua vida ou se foiDeus quem a tomou por você? Jáchegou a questionar se realmentetem “liberdade” de escolha para de-cidir por si mesmo ou se Deus jádeterminou todas as coisas a seurespeito? Se a sua resposta for afir-mativa, é sinal de que você já expe-rimentou a tensão que deu origemao Teísmo Aberto – uma perspecti-va teológica relativamente nova queamplia o alcance do livre-arbítriohumano e alega que Deus não co-nhece o futuro.

Concebido em 1980 (com a pu-blicação do livro de Richard Rice,intitulado The Openness of God [AAbertura de Deus]) o TeísmoAberto surgiu no cenário teológicoevangélico nos idos de 1990, che-gando ao centro desse palco no anode 1994 com a publicação do livroThe Openness of God: A Biblical

Challenge to the Traditional Unders-tanding of God [A Abertura deDeus: Um Desafio Bíblico à Con-cepção Tradicional de Deus].1

Clark Pinnock, um dos autoresdessa última obra referida, adere aoTeísmo Aberto “porque [Deus]concede liberdade às Suas criaturas,alegra-se em aceitar o futuro comouma realidade aberta, não fechada,e em manter um relacionamento di-nâmico com o mundo, não estáti-co”.2

Entretanto, será que tal “abertu-ra” é bíblica?

O contexto históricoHá centenas de anos as pessoas lu-tam com dois ensinos da Bíbliaaparentemente incompatíveis entresi: a determinação global e onis-ciente [por parte de Deus] de tudoo que acontece em Sua criação (de-nominada “providência” ou “pres-ciência”) e a liberdade e responsa-

bilidade humanas de escolher seupróprio caminho (chamada de “li-vre-arbítrio”). Essa antinomia bíbli-ca apresenta a soberania divina e aresponsabilidade humana numa si-tuação de convivência mútua. En-tretanto, o raciocínio humano pro-cura solucionar a situação com aexclusão de uma delas.

As Escrituras Sagradas descre-vem Deus como Criador absoluta-mente soberano e onisciente “quefaz todas as coisas conforme o conselhoda sua vontade [...] para louvor dasua glória” (Ef 1.11-12) e para opróprio bem dEle e de Suas criatu-ras. Aqueles que dão ênfase a esseselementos, normalmente identifi-cam-se com o reformador protes-tante francês João Calvino (1509-1564).

Contudo, as Escrituras tambémdescrevem a responsabilidade hu-mana: “Porque Deus amou ao mundode tal maneira que deu o seu Filhounigênito, para que todo o que nele crê

5Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Page 6: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

não pereça, mas tenha a vida eterna”(João 3.16). Conseqüentemente,outros crêem que a visão determi-nista do Criador e de Seu cosmosdiminui a responsabilidade do serhumano e a importância da glóriade Deus. Tais pessoas têm uma in-clinação para o que entendem seruma posição mais justa, que enfati-za a natureza autônoma das esco-lhas humanas. Elas se identificamcom o teólogo holandês JacobusArminius (1560-1609).

O Teísmo Aberto é uma tentati-va recente de se encontrar ummeio-termo aceitável.

Os argumentosClark Pinnock alega que o TeísmoAberto é necessário para que ascriaturas de Deus sejam expressiva-mente agentes pessoais livres. Essaabertura significa que Deus não de-termina, aliás, Ele nem mesmo sabeum resultado ou desdobramento fu-turo até que os agentes pessoais li-vres façam suas escolhas. Ao advo-gar tal abertura como a melhor so-lução para a tensão da soberania

divina versus a responsabilidade hu-mana, Gregory Boyd considera “aabertura de Deus quanto ao futurocomo um dos seus atributos degrandeza”, porque, “um Deus que[...] tem a disposição de se compro-meter com um determinado ele-mento de risco é mais sublime doque um Deus que contempla umfuturo eternamente estabelecido”.3

Boyd insiste na idéia de que aabertura não diminui a presciênciade Deus; pelo contrário, uma vezque as ações futuras dos agentespessoais livres ainda não acontece-ram, não existe nada nesse domínioque Deus tenha de saber.4

Entretanto, o Teísmo Aberto seapresenta como uma séria ameaça àconcepção bíblica de Deus, o Deusque conhece todas as coisas – reaise possíveis – sem nenhum esforço eigualmente bem. O assunto dessacontrovérsia, em vez de ser periféri-co e incidental, é, de fato, funda-mental e danoso para a teologiaevangélica.

Bruce Ware, um opositor doTeísmo Aberto, escreveu:

Nossa concepção da providênciade Deus exercerá obrigatoriamenteuma influência sobre o cotidiano davida e prática cristã de inúmeras ma-neiras [...] cometer um erro aqui, écriar milhares de problemas, tanto teo-lógicos quanto práticos.5

O Teísmo Clássico (posição naqual cremos) ensina que a onisciên-cia soberana de Deus, de onde seorigina Sua presciência, preponderasobre a liberdade humana; essa na-tureza de Deus não pode ser me-nosprezada por uma ênfase exage-rada na responsabilidade do ser hu-mano. O fato de que a perspectivatradicional de Deus, por vezes, émal expressada ou ridiculariza Deuscomo “um monarca altivo alheio àscontingências do mundo, imutávelem todos os aspectos do seu ser [...]um poder irresistível que determina

tudo, ciente de tudo o que vaiacontecer e que nunca corre ris-cos”,6 não quer dizer que o evange-licalismo clássico ignore as tensõesgeradas pela revelação bíblica.

O Teísmo Aberto não solucionaesse problema da antinomia bíblica.Ele simplesmente remete a discus-são para um outro ponto do espec-tro. A questão agora, passa a ser aseguinte: o que constitui uma livreação futura em contraste com umafutura ação que não seja livre (i.e.,determinada)?

De acordo com o teísta abertoWilliam Hasker, “um agente é livreno que se refere a uma certa ação emdado momento, se naquele momen-to estiver no poder do agente a capa-cidade de realizar tal ação e tambéma capacidade de abster-se dela”.7

Entretanto, os teístas abertosadotam um conceito de liberdadehumana inadequado que chega aser quase libertário. John Frame,em seu livro No Other God [Não háOutro Deus], explica:

Os defensores do livre-arbítrio [i.e.,os libertários] afirmam que só podemosser considerados responsáveis por nos-sas ações se tivermos esse tipo de liber-dade radical. O princípio no qual sebaseiam é bastante simples: se nossasdecisões são induzidas por qualquercoisa ou qualquer pessoa (inclusivenossos próprios desejos), não se podedizer que são decisões genuinamentenossas e, portanto, não podemos serconsiderados responsáveis por elas.8

Na realidade, somente Deus éverdadeiramente livre. A liberdadehumana é relativa. Em última análi-se, o relacionamento da soberania epresciência divinas com a liberdadee responsabilidade humanas estámuito além do alcance da com-preensão das criaturas (humanas eangelicais). Uma vez que a liberda-de das criaturas é obviamente limi-tada (por exemplo, pela força dagravidade), é mais correto admitir a

6 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

João Calvino (1509-1564).

Page 7: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

existência dessa antinomia, exaltaro caráter de Deus e permitir que aautonomia humana seja reduzidaaté enquadrar-se na responsabilida-de biblicamente ordenada.

Os perigos

1. O Teísmo Aberto menospreza a glória divinaO Teísmo Aberto dá crédito à cria-tividade e à desenvoltura de Deusquando Ele consegue “instigar” osagentes morais livres a agirem deconformidade com os planos e ca-minhos dEle.

Ao perguntar-se acerca do queacontece “quando o índice de su-cesso de Deus diminui”, Ware men-ciona que os teístas abertos reco-nhecem que “a liberdade possibilitaque males horríveis e despropositaisvenham a acontecer. Embora Deustente evitar tal sofrimento horrível,dizem eles, há muitas ocasiões emque Ele, simplesmente, não conse-gue evitá-lo”.9 Nesse caso, Deustem que assumir a responsabilidadepelo fracasso de Seus planos.

Em lugar de um Deus temívelque controla e dirige tudo o queacontece sem o mínimo esforço, te-mos que abrir espaço para um Deusque trabalha fazendo horas extraspara se manter à frente de todasas livres decisões morais, previa-mente desconhecidas e inexisten-tes, tomadas a cada instante de ca-da dia.

2. O Teísmo Aberto menos-preza a esperança humanaA partir de tal perspectiva, o nossoprecioso versículo bíblico de Roma-nos 8.28, deve ser lido da seguintemaneira: “a maioria das coisas coo-pera para o bem, desde que Deusconsiga instigar as pessoas ao meuredor”, em vez de “sabemos que todasas coisas cooperam [i.e. que Deus le-

va todas as coisas a cooperarem] pa-ra o bem daqueles que amam a Deus”.

Não teremos mais condição dedizer, como declarou José a seus ir-mãos: “Vós, na verdade, intentastes omal contra mim, porém Deus o tornouem bem, para fazer como vedes agora,que se conserve muita gente em vida”(Gn 50.20).

Se Deus consegue apenas resul-tados parciais na concretização deSeus propósitos, como afirmam osteístas abertos, então Ele talvez nãoseja bem sucedido no cumprimen-to de Seus propósitos para a minhavida. Porém, o apóstolo Paulo afir-mou exatamente o contrário: “Es-tou plenamente certo de que aquele quecomeçou boa obra em vós há de com-pletá-la até ao Dia de Cristo Jesus”(Fp 1.6).

Ao invés de ter um Deus quenão conhece aquilo que ainda estápor acontecer, é confortador, e atémesmo um tanto assombroso, saberque “...não há criatura que não sejamanifesta na sua presença; pelo con-trário, todas as coisas estão descobertase patentes aos olhos daquele a quem te-mos de prestar contas” (Hb 4.13).

3. O Teísmo Aberto menospreza a confiabilidade proféticaLá se foi o amor pela Palavra deDeus e por Suas promessas referen-tes ao futuro, as quais amamos ler econsiderar. Um crítico do TeísmoAberto disse: “imagine só o compo-sitor do hino tentando animar osdesvalidos com estas palavras:“Não sei o que de mal ou bem édestinado a mim [...] mas eu sei emquem tenho crido, o qual tambémnão conhece o meu futuro”.

4. O Teísmo Aberto menospreza o futuro de IsraelApós rebelar-se por repetidas vezes efrustrar o plano de Deus para ela, se-rá que a nação de Israel ainda pode-ria ter um restinho de esperança deque Deus cumprirá as promessas quelhe fez? Ter-se-ia que reconhecer ofracasso de Deus em Sua criatividadee poder de persuasão no passado eperder as esperanças na competênciade Deus quanto ao futuro.

A conclusão inevitável a que talpensamento leva é que a posse daTerra de Israel é uma questão de

7Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Na realidade, somente Deus é verdadeiramente livre. A liberdade humana é relativa.Em última análise, o relacionamento da soberania e presciência divinas com a

liberdade e responsabilidade humanas está muito além do alcance da compreensãodas criaturas (humanas e angelicais).

Page 8: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

quem se apoderar dela, visto queDeus não conhece o futuro, nempredeterminou o resultado final.

Por outro lado, Paulo declaraque a atual condição de Israel fazparte de um inescrutável plano deDeus para a Sua própria glória:“Assim, pois, não depende de quemquer ou de quem corre, mas de usarDeus a sua misericórdia [...] Logo,tem ele misericórdia de quem quer etambém endurece a quem lhe apraz”(Rm 9.16,18).

O Teísmo Aberto é uma tentati-va de modelar uma forma maisconveniente de liberdade humana,à custa da concepção de Deus ensi-nada no Teísmo Clássico. Todavia,

em seu desdobramento final, me-nospreza a glória de Deus paraexaltar a liberdade do homem. Éum esforço de produzir a conclusãofinal acerca de uma antinomia bíbli-ca que está muito além da com-preensão das criaturas. E, nesse in-tento, o Teísmo Aberto prejudica aconfiança do crente tanto na provi-dência benigna de Deus, quanto emSua Palavra profética. (Israel MyGlory)

Richard Emmons é professor de Bíblia na Phi-ladelphia Biblical University e pastor titular daBible Baptist Church em Hamilton, Nova Jer-sey (EUA).

Notas:1. Ware, Bruce A. God’s Lesser Glory: The di-

minished God of Open Theism. Wheaton,IL: Crossway Books, 2000, p. 31.

2. Pinnock, Clark. “Systematic Theology” pu-blicado na obra The Openness of God: ABiblical Challenge to the Traditional Un-derstanding of God, da autoria de ClarkPinnock, Richard Rice, John Sanders, Wil-liam Hasker e David Basinger. DownersGrove, IL: InterVarsity, 1994, p. 103-4.

3. Boyd, Gregory A. God of the Possible, GrandRapids, MI: Baker Books, 2000, p. 14-5.

4. Ibid., p. 16-7.5. Ware, p. 13.6. Pinnock, p. 103.7. Hasker, William. “A Philosophical Perspecti-

ve”, publicado na obra The Openness ofGod, p. 136-7.

8. Frame, John M. No Other God: A Respon-se to Open Theism, Phillipsburg, NJ: P&RPublishing, 2001, p. 121.

8 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Eu era relativamente nova na féquando ouvi uma senhora idosa esábia contar uma história que nun-ca vou esquecer. Ela tinha aparên-cia abatida e mal-arrumada, efeitoevidente de ter muitas bocas paraalimentar e poucos recursos parafazê-lo. Seu marido era operário eganhava pouco.

Alguns anos atrás, contou ela,foi oferecida a seu marido a oportu-

nidade de ser pastor em uma regiãode que ela não gostava. Ele acredi-tava que deveriam aceitar o convite.Ela foi contra.

“Meu marido”, disse ela, “meouviu. E desde então nossas vidastêm sido miseráveis”. Era a angus-tiante história da mãe Eva repetin-do-se mais uma vez.

A influência de Eva sobre Adãocomeçou cedo, e desde então tem

mudado o curso da história huma-na. Logo depois que Adão e Evacaíram repentinamente em pecado,Deus amaldiçoou a serpente, o ho-mem e sua mulher. Para a mulher,como castigo, Ele prometeu doresde parto e a colocou sob a liderançado homem: “o teu desejo será parateu marido, e ele te governará” (Gn3.16). Essa única maldição prova-velmente fez mais estrago entre os

L o r n a S i m c o x

Page 9: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

sexos do que todas as outras juntas.Ela instituiu um princípio bíblicoque as feministas se empenham pordestruir e as mulheres tementes aDeus se esforçam por obedecer,mesmo com dificuldades – a sub-missão ao marido. E ninguém estámais ciente da magnitude dessa ba-talha e a explora mais efetivamenteque Satanás.

Entre todas as mulheres que jáviveram, Eva foi única. Ela não nas-ceu, pois foi moldada por Deus apartir de uma costela de Adão nosexto dia da criação (Gn 2.18-25).Não teve infância, nem adolescên-cia, nem pais ou amigos. Eva tinhaapenas Adão.

Eva nem sequer possuía um no-me até o momento em que Adão sereferiu a ela. Primeiro, chamou-agenericamente de varoa, declaran-do: “Esta, afinal, é osso dos meus os-sos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi to-mada” (Gn 2.23). Mais tarde, Adãodeu-lhe o nome de Eva, significan-do “doadora de vida”, “por ser mãede todos os seres humanos” (Gn3.20).

Criada especificamente paraAdão, o administrador humano doreino teocrático, Eva foi projetadapara ser o maior bem de seu marido– sua fonte de conforto, sua auxilia-dora e sua companheira por toda avida. Ele, por sua vez, recebeu deDeus o cetro que lhe concedia po-der e autoridade sobre toda a terra.Segundo o teólogo Renald Sho-wers, “Deus criou o homem, colo-cou-o como administrador sobre aterra e incumbiu-o da responsabili-dade de administrá-la adequada-mente para o Senhor”.1

Porém, Adão falhou diante desua responsabilidade. Em meio àscircunstâncias idílicas em que vivia,uma serpente estava à espreita nogramado. Satanás queria o reino deDeus para si mesmo. Como lhe fal-

tava o poder de criar, a única formade consegui-lo era por usurpação.Isso somente seria possível atravésde Adão. E para chegar a Adão, eleusou Eva. As Escrituras revelamque Satanás falou exclusivamentecom ela: “Mas a serpente, mais sagazque todos os animais selváticos que oSenhor Deus tinha feito, disse à mu-lher: É assim que Deus disse...?” (Gn3.1).

Evidentemente Satanás pensavaque Eva era a vítima mais frágil, emanipulou a esposa para alcançar omarido. Eva comeu do fruto proibi-do e depois ofereceu-o a Adão, queestava com ela. Adão comeu, e des-de então a humanidade tem experi-mentado o gosto amargo das conse-qüências de seu pecado: “Portanto,assim como por um só homem entrou opecado no mundo, e pelo pecado, amorte, assim também a morte passou atodos os homens, porque todos peca-ram” (Rm 5.12).

Já que Adão estava com Eva, porque não a impediu? Ele não apenasfalhou diante de sua responsabilida-de, concedida pelo Senhor, de pro-teger sua esposa, mas igualmentedesobedeceu e comeu do fruto.Imediatamente o pecado tomouconta e jogou Adão contra Eva.Quando Deus perguntou a Adão:“Comeste da árvore de que te ordeneique não co-m e s s e s ? ”(Gn 3.11),Adão cul-pou Eva.Ele haviachamado-ade “ossodos meusossos”, eagora dizia:“A mulherque me destepor esposa,ela me deuda árvore, e

eu comi” (Gn 3.12). Foi assim queSatanás arrancou das mãos de Adãoo controle sobre o Reino, e teve su-cesso causando divisão entre ho-mem e mulher. Aparentemente Evaconfiou e acreditou ingenuamentena mentira de Satanás. Mas Adãonão teve a força de caráter para in-sistir no que ele sabia ser o certo (1Tm 2.14).

Quantas vezes essa mesma cenase repete hoje em muitos lares? Evafoi formada depois de Adão e foienganada. Por isso Deus ordenouque o homem ocupasse a posiçãode liderança espiritual dentro deseu lar e na Igreja (1 Tm 2.11-14).

Desde então, Satanás continua àespreita, como uma serpente nogramado, tentando criar o caos eatacando a ordem divina. Sua táticanão tem mudado através dos milê-nios. Ele é mestre em causar divisãoe em conquistar os corações huma-nos através do apelo à auto-indul-gência (concupiscência da carne),da auto-satisfação (concupiscênciados olhos) e da auto-estima (sober-ba da vida). Eva foi a primeira pes-soa que ele fisgou. Mas desde entãoa humanidade também tem mordi-do a isca satânica.

Se homens e mulheres disputama supremacia, Satanás está tendoêxito em seu intento, causando ri-

9Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Se homens

e mulheres

disputam a

supremacia,

Satanás está

tendo êxito em

seu intento,

causando

rivalidade, divisão,

instabilidade

e confusão.

Page 10: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

10 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

validade, divisão, instabilidade econfusão. E como o mundo con-tinua degenerando espiritualmente,homens e mulheres de Deus, maisdo que nunca, precisam viver den-tro dos parâmetros que Ele esta-beleceu para cada um deles. Espo-sas devem ser submissas a seus ma-

ridos (Ef 5.22); maridos devem as-sumir a responsabilidade de seremlíderes, atentando à Palavra deDeus e posicionando-se com inte-gridade ao lado do que é correto.Assim será mais difícil Satanás seesgueirar por debaixo da porta; as-sim será mais difícil a serpente en-

trar em nossos lares. (Israel MyGlory)Lorna Simcox é editora-sênior de The Friendsof Israel.

Nota:1. Renald Showers, What on Earth Is God

Doing, Loizeaux Brothers.

“Para que não vos corrompais evos façais alguma imagem esculpidana forma de ídolo, [...] semelhançade algum animal que há na terra, se-melhança de algum volátil que voapelos céus” (Deuteronômio 4.16-17).

A história que vou narrar é coisade nordestino escaldado pelo sol, ser-tanejo trabalhador, gente simples, ca-bra-da-peste e iludido pela igreja damaioria.

Conheço muitas cidades do interiornordestino e a maioria tem uma igrejacatólica na praça central e um cruzei-ro no monte mais alto. É nossa heran-ça portuguesa que vem dos temposdas caravelas.

Além dos cruzeiros, visitei nos to-pos dos montes em Juazeiro do Norte,no Ceará, e Guarabira, na Paraíba,monumentais estátuas, respectivamen-te do padre Cícero Romão Batista (ve-ja o artigo “Uma Viagem ao Caldei-rão da Idolatria” no site www.Chama-da.com.br) e do frei Damião. Esses

homens tornaram-se verdadeiros “san-tos milagreiros” para os católicos nor-destinos. No entanto, o querido pastorJosenildo Virgolino, que tem um minis-tério em áreas inóspidas do nosso ser-tão, certa ocasião me falou que deve-ria conhecer a pequena cidade deCarnaúba dos Dantas, no Rio Grandedo Norte, pois lá os potiguares adora-vam algo diferente sobre o monteprincipal – um galo! Fiquei curioso eindaguei: “Ôxente? Adoram um ga-lo?” Pensei com meus botões: isso écoisa mais para a Índia do que para oBrasil. Entrei em devaneio: “Será quetemos uma conexão secreta indianaem pleno interior nordestino?”

Passei mais de um ano, sempreque tinha uma folguinha, estudandosobre essa cidade e me programei pa-ra conhecer aquela paragem na se-mana dita “santa” de 2006. No diaprogramado, imprimi da internet ummapa rodoviário daquela localidade,arrumei minha mochila, sem esquecer

de incluir a máquina fotográfica digi-tal do meu filho Renato e fui com Mar-cos Nunes, um irmão em Cristo, pas-sar três dias na Região do Seridó,conferindo os fatos.

Viajamos mais de 500 quilômetros,do Recife a Carnaúba dos Dantas, enos hospedamos na Pousada ÁguaDoce, oficialmente a única no povoa-do. A reserva foi feita na base do“deixar recado”, já que a pousada

Veneração ao “Galo” e à “Santa” no Sertão Nordestino

O Monte do Galo atrai anualmente milhares de romeiros.

Page 11: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

não tem linha telefônica e internet ali ébicho de sete cabeças. Deixei o reca-do ao telefone da prefeitura, a prefei-tura mandou alguém andando até ahospedaria e depois de uma semanaliguei novamente para a prefeitura eme confirmaram a reserva de umquarto duplo. Nessas bandas do ser-tão do Seridó, a palavra do homemainda vale tanto quanto um documen-to autenticado em cartório. Tudo saiua contento.

A pousada é um casarão mimoso eaconchegante com sete quartos forra-dos a gesso. Cada quarto com umventilador em cima de uma cômoda,com banheiro sem chuveiro elétrico (equem precisa de água quente nessesertão?). Nem o calor de lascar, a fal-ta de ar-condicionado e a ausência defrigobar me incomodaram. Estava felizpor estar ali, pois essa hospedagem fi-ca localizada bem aos pés do Montedo Galo, exatamente onde queria es-tar, no fuzuê da romaria.

Carnaúba dos Dantas: sítiosarqueológicos com pinturas

rupestres e lendas sobrevários montes da região

É uma pena que apenas poucosbrasileiros conheçam essa região, cer-cada de serras, ao sul do Rio Grandedo Norte, a 227 quilômetros da capi-

tal Natal. É uma cidade cercada deuma paisagem encantadora, rica embelezas naturais, com menos de 7.000habitantes, onde quase todos são pa-rentes e se conhecem bem.

O município possui dezenas de sí-tios arqueológicos catalogados comsuas pinturas rupestres e isso tematraído algumas universidades nordes-tinas que ali fazem pesquisas.

Lá existe a Serra das Rajadas comfontes de água no seu sopé. Conta-sea lenda que um carneiro dourado sal-ta do cume da Serra das Rajadas paraa Serra do Marimbondo e que existeum tesouro incrustado na serra.

Há tambéma Pedra do Di-nheiro. Diz alenda que osantigos mora-dores da re-gião viam, ànoite, um car-neiro de ouroencantado notopo da Pedrae que ao redordela há váriasbotijas de ouroenterradas. Fuiaté lá, mas devo ter chegado atrasa-do, pois não encontrei nenhuma botijapara levar comigo.

No entanto, o monte mais famosoé o antigo “Serrote Gran-de”, que depois passou aser chamado “Serrote doGalo” e hoje “Monte do Ga-lo”, com “santuário” funda-do em 1927. Conta-se vá-rias histórias sobre essemonte. Uma delas registraque há muito tempo vaquei-ros, tropeiros e viajantesque passavam por essasbandas ouviam o estridentecanto de um galo vindo dotopo do “Serrote Grande”.Isso os deixava assustados,

pois ali não havia casas e nem habi-tantes. Algum tempo depois, pulouuma cabra do cume do Serrote, desa-parecida há uma semana, sem sofrerqualquer dano em conseqüência daqueda. Essa história do canto do galoe do salto da cabra passaram a disse-minar-se pela região e, assim, devotoscomeçaram a considerá-lo um “montesanto”.

Uma nova trindade no “santo” Monte do Galo

É bom repetir que o nome do mon-te é do “Galo” e não da “Santa”.

Marcos Nunes eeu subimos o mon-te, juntamente comcentenas de romei-ros, às 09h20minda manhã ensola-rada da sexta-feirada paixão. É umainfra-estrutura bemmontada com umarampa, com pisocimentado, de maisou menos um quilô-metro, que vai tor-nando-se cada vez

mais íngreme à medida que nos apro-ximamos do topo.

Do Nosso Campo Visual

Nosso guia turístico, Manoel Messias, no sítio arqueológico Xiquexique IV com suas pinturas rupestres.

Marcos Nunes na Pedra do Dinheiro.

O autor iniciando a subida da rampa deacesso ao Monte do Galo (ao fundo).

13Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Page 12: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Ao longo da rampa, do lado direi-to ficam as estações da via sacra cató-lica com locais para os fiéis deposita-rem suas ofertas. Do lado esquerdo,terços, artesanatos, santinhos, blusas,bonés, água mineral, entre outras bu-gigangas, estão à venda nas barra-cas. O artesanato mais comum é umaréplica em miniatura do topo do mon-te, em madeira, com o “Galo”, Jesuscrucificado e “Nossa Senhora das Vi-tórias”: uma nova trindade católicapotiguar.

Quando a rampa termina, é neces-sário enfrentar dois lances de escadascom dezenas de degraus (e haja fôle-go!) que culminam diante de três estru-turas: à nossa esquerda temos Jesuscrucificado com “Nossa Senhora dasVitórias” aos seus pés, no centro umcruzeiro e à direita a “gloriosa” está-tua do galo branco com crista verme-lha. Além dessas estruturas, no cimodo monte existe uma capelinha e a sa-la dos ex-votos onde os romeiros dei-xam objetos como agradecimentos pe-las bênçãos alcançadas. É esse o prin-cipal ponto turístico religioso do RioGrande do Norte onde anualmentemilhares de pessoas vêm pagar pro-messas e agradecer as bênçãos rece-bidas.

Trata-se de um verdadeiro santuá-rio de romaria dos seridoenses. Ob-servamos muitas pessoas venerando epagando promessas à “Santa”. O“Galo” tem uma altura mediana de1,55 metros e está localizado em cimade uma estrutura rochosa alta queapenas pessoas fisicamente bem con-dicionadas conseguem escalar. En-quanto estivemos no topo do monte,vimos várias pessoas admirando o“Galo”, mas não vimos ninguém ado-rando-o abertamente, até porque nãoexiste nenhum local onde se possa fi-car de joelhos diante do “Galo”.

Dá para perceber que toda a ro-maria gira em torno do “Galo” e doseu monte “santo”. É uma galomania!É como se o “Galo” fosse o ator prin-cipal, a “Santa” uma atriz coadjuvantee Jesus apenas um atorzinho figurante.

Infelizmente, a veneração eadoração ao “Galo” existem

Ao descer o Monte do Galo, entre-vistei calmamente, durante os doisdias seguintes, quinze pessoas. Cincoeram líderes católicos: dois casais euma solteirona, todos com mais de 50anos de idade. Os outros dez eram

evangélicos com menos de 45 anos deidade.

Todos subiram, pelo menos algu-mas vezes, o Monte do Galo. Todosagradeceram a “Santa Nossa Senhoradas Vitórias” por bênçãos alcançadasou pagaram promessas à “Santa”.Apenas um dos quinze pesquisadosconfessou ter feito também um pedidoao “Galo”. Extrapolando a minhaminguada pesquisa para um universomaior, podemos inferir que uma emcada quinze pessoas que sobe o mor-ro faz pedido ao “Galo”. Ou seja,6,6% dos romeiros locais veneram o“Galo”. Esse percentual, na verdade,deve ser bem maior, uma vez que aveneração e o pedido ao “Galo” nãosão públicos e, sim, mentais (o romei-ro os faz de forma disfarçada, paranão ser ridicularizado). Por exemplo:presenciei dezenas de pessoas vene-rando a “Santa” e dezenas de outrasapenas admirando o “Galo”. Não te-nho a mínima idéia do que esse se-gundo grupo pensava enquanto con-templava o “Galo”. Só Deus sabe seestavam ou não venerando-o.

Renato José da Silva é natural deCarnaúba dos Dantas, nasceu no dia19 de abril de 1987 e, como todos osoutros entrevistados, é oriundo de umafamília tradicionalmente católica. Aosdez anos de idade foi vítima de umtraumatismo no olho esquerdo, causa-do por um guidom de bicicleta. Renatonarra que sua mãe (Maria do Socorroda Silva) correu à igreja católica e pe-diu ao padre que rezasse para que ofilho não perdesse a visão. O padrerezou e orientou que o menino Renatodeveria subir o monte de joelhos e re-zar “cinqüenta ave-marias e cinqüentapadre-nossos”. Ao chegar em casa,sua mãe lhe fez uma mortalha, um ti-po de túnica, ele subiu de joelhos atéo topo e lá rezou suas cem preces pa-ra a “Santa” e para o “Galo”. Insisti,perguntando se foi o padre que orien-tou a sua mãe a instruí-lo a rezar si-

Do Nosso Campo Visual

Uma nova trindade potiguar: o “Galo”,Jesus crucificado e “Nossa Senhora das Vitórias”.

Marcos Nunes chegando ao topo do Monte do Galo.

12 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Page 13: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

multaneamente à “Santa” e ao “Ga-lo”. Ele respondeu que não sabe se foio padre, mas que ao chegar lá em ci-ma, mentalizou suas preces tanto paraa “Santa” como para o “Cocoricó”, eque tinha certeza que rezou a quanti-dade certinha, pois contou tudo no ter-ço que tinha nas mãos. Perguntei-lhese solicitou alguma bênção. Renato re-latou que, a mando da sua mãe, pediuà “Santa” e ao “Galo” para “aben-çoar sua família e que nunca permitis-se que ele viesse a ingerir bebidas al-coólicas”.

No entanto, a “Santa” e a “AveGalinácea” de concreto são fracos,pois Renato relata que aos 15 anos deidade, enquanto brincava com ami-gos, tomou um porre que totalizou cin-co litros de cachaça em uma só noite.Nem o macho da galinha suportariauma dose dessas!

Renato aceitou Jesus como seu Sal-vador pessoal há dois anos e está pre-parando-se e muito desejoso para serbatizado e fazer sua pública profissãode fé na igreja batista local.

Hoje, Renato tem 19 anos e é zela-dor da Pousada Água Doce. Daqueledia patético em que subiu de joelhos oMonte do Galo, guarda para o restoda vida uma cicatriz no joelho direito.

Perguntei se estava animadoe firme na sua nova fé eprontamente me respondeu:“Em nome de Jesus!” Maistarde, naquela mesma noite,sentou-se na cadeira ao meulado no terraço da pousada,

enquanto observávamos um toró comrelâmpagos e trovões, abriu orgulho-samente sua Bíblia novinha e leu paramim Josué 1.8, que diz: “Não cessesde falar deste Livro da Lei; antes, me-dita nele dia e noite, para que tenhascuidado de fazer segundo tudo quan-to nele está escrito; então, farás pros-perar o teu caminho e serás bem-su-cedido”. Que Deus te proteja, te aben-çoe e te conserve no caminho dEle,Renato!

Liderança religiosa opinasobre a veneração ao “Galo”

Marcos Nunes e eu fomos conhecera senhora Maria Lúcia de Medeiros,conhecida na cidade como “Taúta”,que completa 70 anos em 2006 e quenos recebeu espontaneamente e debom grado em sua residência para

uma entrevista. Solteirona, simpática,devota de São José (o padroeiro da ci-dade) e de N. S. das Vitórias (pa-droeira do monte), auxiliar da pasto-ral da criança, catequista desde os 13anos de idade e ministra extraordiná-ria da eucaristia, é uma referência ca-tólica na cidade.

Impedida pela artrose nos mem-bros inferiores, hoje não conseguemais subir o Monte do Galo para ve-nerar a “Santa”. Perguntei, entre ou-tras coisas, se a igreja católica consi-derava o “Galo” um santo. Dona“Taúta” assegurou-me: “O lugar domonte é santo, mas o galo não. E aveneração é só a Nossa Senhora dasVitórias”.

Perguntei se corrigiria algum ro-meiro que afirmasse para ela que su-biu o monte e venerou a “Santa” e o“Galo”. Respondeu-me: “Se o romeirotem fé no Galo, tudo bem. Não iriacorrigir o romeiro do Galo. Não iriadizer que ele estava errado. Eu respei-taria a fé do romeiro, mesmo não con-cordando com ela”.

Em seguida, fomos até um minús-culo povoado chamado Ermo (nomebastante sugestivo para o local) per-tencente a Carnaúba dos Dantas e lo-calizado a dez quilômetros de distân-cia. No Ermo quase não existe asfaltonem pressa, as pessoas têm uma prosamansa, gostosa e a vida parece pas-sar lentamente por ali.

Lá conhecemos o casal FranciscoAdelino Filho e Maria de Lourdes Ade-lino, casados há 38 anos, que resideem uma casa construída em 1868 (ho-je bastante reformada). Eles afirmamter hospedado algumas vezes o famo-so e polêmico frei Damião (1898-1997). Identificamo-nos e o casal tam-bém nos recebeu espontaneamente emsua residência para uma rápida entre-vista. Francisco contou orgulhosamen-te que seu pai foi quem doou o terrenopara a construção da igreja católicalocal, que foi fundada em 1937.

15Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

Renato José da Silva: “Cinqüenta ave-marias e cinqüenta padre-nossospara o Galo e a Santa”. Seta preta indicando a cicatriz no seu joelho direito.

Page 14: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Hoje, devido a problemas de saú-de, o casal não consegue mais subir oMonte do “Galo”. Porém, Francisconão deixa passar a oportunidade dedizer que subiu o monte de joelhos, àépoca em que a subida era de barro,para pagar uma promessa à “Santa”por uma graça alcançada. Tinha fica-do curado de uma “bronquite asmáti-ca”, assegura.

Maria de Lourdes Adelino é devotade “Nossa Senhora das Graças”, au-xiliar da pastoral da criança, catequis-ta, ministra extraordinária da eucaris-tia e conhecida no povoado comouma católica fervorosa.

Fiz a esse casal a mesma perguntafeita a dona “Taúta”: se corrigiria oromeiro que declarasse para eles quesubiu o monte e venerou a “Santa” e o“Galo”. Responderam-me: “Não corri-giríamos o romeiro que adorou o ga-lo, respeitaríamos a sua fé. Mas, espe-raríamos que no futuro pudéssemos teruma oportunidade de educá-lo na ve-neração correta”.

Consultamos também o pastor ba-tista local, Silvany da Silva, que temum ministério na região do Seridó háquase uma década. Perguntamos sehavia realmente a veneração ao “Ga-lo” no monte e Silvany foi bastante di-

reto: “Ninguém viaja para cá só parasubir um monte e ver uma santa, issoexiste em muitas outras cidades! O fo-co aqui é o galo! O monte é do galo!Na mente do romeiro, o referencial demilagre, bênção e promessa alcança-da é mesmo o galo!”

Concluímos, portanto, que a ado-ração ao “Galo” de fato existe, mas éclandestina e praticada pelos romeirosmais humildes. No entanto, o maisgrave é que a igreja católica local nãocensura publicamente esse tipo de ve-neração.

A igreja católica não apóia,mas também não censura

Que tempo esse em que vivemos!No sertão nordestino estamos diantede acontecimentos inexplicáveis, oumelhor, “explicáveis” demais.

É claro que, muitas vezes, a menti-ra foi a base do sistema político-reli-gioso da igreja católica, infiltrada noslabirintos do Vaticano. Claro que nãonos esquecemos da Inquisição, das in-dulgências, do apoio camuflado do

papa Pio XII a Adolf Hitler e de umaenxurrada de padres pedófilos. Fre-qüentemente, as leis católicas até pa-recem proteger os crimes e regulamen-tar os conteúdos dos seus próprios in-testinos.

Os fatos reais: no topo de um mon-te em Carnaúba dos Dantas existe aadoração a um “Galo” em área “san-tificada” pela igreja católica e ela nãomanda retirar nem a “Santa” nem o“Galo” de lá. A igreja age como umapsicopata, nega e ignora que existauma veneração ao “Galo”. E quandoalguém confessa que adorou a ave,faz vista grossa e não corrige o ingê-nuo. Parece que não é necessário daralguma racionalidade à adoração.Deixando do jeito que está, as roma-rias estão trazendo bons dividendospara a Igreja Católica Apostólica Ro-mana.

Ao lado da estrada, em uma dasentradas da cidade, existe até umacaixa de concreto a “Nossa Senhoradas Vitórias” com uma abertura ondeo romeiro pode deixar a sua oferta e oseu pedido. Pela abertura dá para de-positar, mas é praticamente impossívelretirar alguma coisa de dentro da cai-xa, a não ser para quem tem a chaveda sua portinha. Os moradores locaischamam-na de “caixa das almas” porpoderem deixar uma oferta ou pedidoem prol da alma de um ente querido.

Infelizmente, a igreja da maioriaparece querer o romeiro cada vezmais burro e submerso no maremotode mentiras. Enquanto isso, o tilintardas moedas continua bem-vindo naigreja e o “Cão” (ops!), digo, o bichono cume do monte continua agindo li-vremente.

O “Cocoricó” versus Jesus Cristo

Ah! Como a Palavra de Deus é far-ta no quesito de reprovação à idola-tria.

14 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

O pastor Silvany com sua esposa Mariado Socorro e sua filha Vanessa.

O autor com sua mão direita na abertura da “Caixa das Almas”.

Page 15: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Qualquer evangélico que já viu aestátua do padre Cícero, em Juazei-ro do Norte; a do frei Damião, emGuarabira e a do Galo, em Carnaú-bas dos Dantas, faz quase imediata-mente uma analogia daqueles locaiscom o bezerro de ouro descrito nolivro do Êxodo, capítulo 32. Tememossobre as conseqüências desses atosde idolatria, quando lemos: “Então,disse o Senhor a Moisés: Vai, des-ce; porque o teu povo, que fizestesair do Egito, se corrompeu e de-pressa se desviou do caminho quelhe havia eu ordenado; fez para sium bezerro fundido, e o adorou, elhe sacrificou, e diz: São estes, ó Is-rael, os teus deuses, que te tiraramda terra do Egito. Disse mais o Se-nhor a Moisés: Tenho visto este po-vo, e eis que é povo de dura cer-viz. Agora, pois, deixa-me, para quese acenda contra eles o meu furor,e eu os consuma; e de ti farei umagrande nação” (Êxodo 32.7-10).

Esses memoriais de concreto arma-do são inúteis para nos salvar. “Osídolos das nações são prata e ouro,obra das mãos dos homens. Têm bo-ca e não falam; têm olhos e nãovêem; têm ouvidos e não ouvem; poisnão há alento de vida em sua boca.Como eles se tornam os que os fa-zem, e todos os que neles confiam”(Salmos 135.15-18).

O já citado pastor Silvany da Silvasentencia: “As romarias têm sido umagrande cadeia que o diabo lança so-bre o povo sertanejo. O diabo tem fei-to do sertão nordestino um laboratóriode desgraças e destruição moral, éticae espiritual. Durante anos a igreja ca-tólica tem mantido o povo oprimido epreso à miséria e à autoflagelação.Muitos sertanejos já perderam suas vi-das fazendo romarias, viajando cente-nas de quilômetros em cima de cami-nhões, a pé e de joelhos (pagando al-guma promessa). Outros doaram suasterras à paróquia da sua cidade. Mis-

sas, casamentos e batizados sempresão pagos pelos fiéis”.

Há cerca de duzentas pessoas emCarnaúba dos Dantas que já escolhe-ram Jesus Cristo como seu Senhor eSalvador pessoal, segundo as estatísti-cas do próprio pastor Silvany da Silva.Não dobram mais os joelhos diante de“Santo”, “Santa”, “Galo” ou qualqueroutra imagem de escultura. Pessoasque introverteram a Palavra de Deus evivem obedecendo-a dia a dia: “Nãofarás para ti imagem de escultura,nem semelhança alguma do que háem cima nos céus, nem embaixo naterra, nem nas águas debaixo da ter-ra” (Êxodo 20.4).

Conheci um pequeno grupo dessesfiéis, numa tarde de sábado, antes desairem para evangelizar de porta emporta pela cidade. Ouvi testemunhosmarcantes de alguns deles (todos so-freram perseguições após suas conver-sões) e tirei fotos do grupo – nossosheróis na fé. Alguns usavam blusas decor laranja naquela tarde com o títulodo livro do Norbert Lieth estampadonelas – “Conheça Jesus: Único, Incom-parável, Maravilhoso”. Segundo Sil-vany, eles copiaram os dizeres do siteda Chamada da Meia-Noite.

É minha sincera oração que esteartigo possa gerar intercessores pelomundo afora em favor desses nossosirmãos em Cristo lá da região do Seri-dó. Você que acabou de ler esta maté-ria, que tal gastar agora alguns minu-tos em oração, clamando ao únicoDeus que vê, ouve e responde nossassúplicas em prol daqueles irmãos seri-doenses?

Quanto aos iludidos pela igreja damaioria, é também minha oração quese libertem rapidamente desse jugo,pois essa história de “Santa” e “Galo”“não é sabedoria que desce lá do al-to; antes é terrena, animal e demo-níaca” (Tiago 3.15). Ao nosso Deustoda a glória e honra, amém! (Dr. Sa-muel Fernandes Magalhães Costa)

17Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

Um grupo de irmãos em Cristo, oriundos do catolicismo roxo, hoje convertidos ao Senhor Jesus, saindo da igreja para evangelizar a cidade. Blusas laranjas com o títulodo livro de Norbert Lieth: “Conheça Jesus: Único, Incomparável, Maravilhoso”.

Page 16: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Jesus advertiu a Seus discípu-los, e a nós, que nos últimos dias“surgirão falsos cristos e falsosprofetas” e que outros heregesaparecerão para enganar “se pos-sível, os próprios eleitos” (Mt24.24). Nunca imaginei, porém,que o pensamento irracional dosliberais, dos que promovem a se-cularização e de outros queodeiam a Jesus, a Deus e a fé cris-tã chegaria ao ponto de valer-sede Judas Iscariotes para apoiar suarejeição da divindade do Filho deDeus.

No entanto, as manchetes damídia só falavam do “O Evange-lho de Judas”, apesar dele ter sidoescrito, reconhecidamente, namelhor das hipóteses, 300 oumais anos após Judas “ter ido en-forcar-se”.

Parece que alguém encontrou,em uma caverna no Egito, trezepáginas de um documento antigo(do século IV) que “pretende rela-tar os últimos dias da vida de Je-sus” do ponto de vista de Judas,um dos primeiros seguidores deCristo. A Bíblia ensina que Judastraiu Jesus por trinta moedas deprata, mas em seu “evangelho”Judas é o herói, o discípulo maisexperiente e confiável e o únicoque sabia da verdadeira identida-de de Jesus como Filho de Deus(esqueceram-se de mencionar amaravilhosa confissão de Pedroem Mateus 16.16, quando ele diz:“Tu és o Cristo, o Filho doDeus vivo”, algumas semanasantes de Judas trair Jesus). Após acrucificação, Judas sentiu tantoremorso que tentou devolver o di-nheiro e foi enforcar-se. Masquem se importa com a autentici-

dade quando se tem um manus-crito antigo que desacredita osquatro Evangelhos, que foramaceitos pela Igreja desde antes dofinal do século I, e, principalmen-te, quando ele desacredita Jesus,Sua morte sacrificial e o cristianis-mo?

Os artigos publicados citam fa-voravelmente alguns dos mesmos“estudiosos” que rejeitam os qua-tro Evangelhos, mas aceitam compouco questionamento tais “no-vos” manuscritos como “O Evan-gelho Segundo Tomé”, que ob-viamente é espúrio. Contudo, hámais de 20.000 documentos efragmentos, produzidos muito an-tes do século IV, que confirmam aautenticidade dos Evangelhos deMateus, Marcos, Lucas e João.De fato, nenhum livro do mundoantigo tem tantos documentoscomprobatórios como os Evange-lhos, nos quais o cristianismo estábaseado, incluindo a incrível his-tória da ressurreição e as muitasprovas infalíveis de que Jesusfoi visto vivo após Sua cruci-ficação, em dez diferentesocasiões, num período dequarenta dias.

A visão da fé

Alguns dos artigos na im-prensa traziam a citação deum texto do meu amigo Dr.Al Mohler, Jr., presidente doSeminário Teológico BatistaSouthwestern, que diz: “Oevangelho de Judas não temqualquer apoio na história daPáscoa e muito menos na féda Igreja Cristã”. Ele reputao evangelho de Judas como

nada mais que um ma-nuscrito antigo que contauma história interessante.Como escritor de ficção,

posso dizer que reconheço a for-ma da arte, porém, nada poderiaser mais ridículo que pessoas cul-tas aceitando como sendo verda-deiro algo escrito trezentos e cin-qüenta anos após os eventos, en-quanto, ao mesmo tempo,rejeitam os quatro Evangelhos,três dos quais escritos por teste-munhas oculares dos eventos querelatam.

A idéia de que os quatro Evan-gelhos foram selecionados paracompor o cânon das Escriturasdentre mais de quarenta outrosassim chamados “evangelhos” noConcílio de Roma em 382 d.C. éhistoricamente ridícula. Na reali-dade, eles foram selecionados porterem sido aceitos pela igreja pri-mitiva muito antes do final do sé-culo I (exceto o Apocalipse, escri-to em 95 d.C., mas que foi bemaceito pela igreja primitiva no sé-culo II e usado como Escriturapor mais de duzentos anos antesdo Concílio de Roma).

16 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

O evangelho segundo Judas?

Nada poderia ser mais ridículo que pessoascultas aceitando como sendo verdadeiro algo

escrito trezentos e cinqüenta anos após oseventos, enquanto, ao mesmo tempo,

rejeitam os quatro Evangelhos, três dos quaisescritos por testemunhas oculares dos

eventos que relatam.

Page 17: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

Dessa forma, perdoem a nós,crentes na Bíblia, que identifica-mos a mão divina de Deus no No-vo Testamento da forma como eleé, por estarmos rejeitando esse“evangelho” [de Judas] espúriocomo sendo nada mais que umdos ataques de Satanás ao NovoTestamento, mas também à divin-dade pessoal de Jesus Cristo. Va-mos convir, Satanás produziumuitos falsos evangelhos atravésdos séculos e é de se esperar queproduza ainda mais, à medida quese aproxima o fim desta era. Alémdo mais, Jesus predisse que assimseria, e os prognósticos de Jesussempre são verdadeiros.

O gnosticismo é o culpado

Logo no século I, Satanás, oenganador da humanidade (cha-mado “o Diabo” e “mentiroso”pelo próprio Cristo), reintroduziua filosofia gnóstica como uma res-posta à mensagem cristã que es-tava conquistando o mundo. Ba-seada na filosofia grega, que temsido a religião de Satanás desde oinício (seu método de questionare desacreditar Deus: “É assimque Deus disse...?” ou “É cer-to que não morrereis” em Gê-nesis 3), ele tem destruído as vi-das e as almas de milhões de ví-timas. Ele não podia tolerar quemultidões acreditassem na ressur-reição corporal de Jesus. Ele teriade providenciar um ensino falsopara adicionar à sua crença pagã,na qual as pessoas adoram falsosdeuses e ídolos. Mas o cristianis-mo estava tão forte que ele teriade introduzir algo que pudesse lu-dibriar os crentes e, principalmen-te, influenciar os céticos... Ao in-vés de negar o Jesus histórico, oque seria impossível, pois inúme-ras pessoas O tinham visto por si

mesmas, ele introduziu o gnosti-cismo.

Os gnósticos não negam queJesus viveu; eles apenas negamque Ele foi Deus em carne huma-na. Assim, no final do século I(85-90 d.C.), o apóstolo João en-controu Cerithus, o heréticognóstico do século I na cidade deÉfeso. Jerry Jenkins e eu descreve-remos esse encontro em nossa no-va e fascinante série, Crônicas deJesus, que será lançada em breve.Foi esse confronto com um evan-gelista do gnosticismo do século Ique motivou João, como a últimatestemunha ocular da vida de Je-sus, de Seus milagres e ensina-mentos, a escrever o Evangelhoque leva o seu nome. Alguns anosmais tarde, ele escreveu as epísto-las que são a resposta do Senhoràs falsas reivindicações contra adivindade de Jesus, sem a qualnão existe salvação para ninguém.É impressionante ver como Deuscolocou no coração e na mente doapóstolo João, pouco antes delemorrer, a resposta perfeita às he-resias gnósticas que iriam domi-nar os próximos três séculos.

Todos os falsos ensinos, exami-nados cuidadosamente, seguem es-sa mesma linha gnóstica, que negaa divindade de Cristo e a salvaçãopela graça, que são tão claramenteensinadas nas Escrituras. O Dr. EdHindson, em sua exposição dosfalsos e enganosos ensinamentosdo campeão de vendas O CódigoDa Vinci, explica claramente:

Os Evangelhos foram escritos de30 a 50 anos depois do tempo deCristo. Os falsos evangelhos, os evan-gelhos gnósticos citados em O CódigoDa Vinci, foram produzidos quase200 anos depois por aqueles que esta-vam tentando minar a credibilidadedo cristianismo. Os Evangelhos, comonós os conhecemos, dizem muito cla-

ramente que Jesus é o Único que ou-sou afirmar: “Quem me vê a mim vêo Pai” (João 14.9); “Eu e o Pai somosum” (João 10.30); “Ora, para quesaibais que o Filho do Homem temsobre a terra autoridade para per-doar pecados...” (Mateus 9.6); “e co-nhecereis a verdade, e a verdade voslibertará” (João 8.32). Quando o su-mo sacerdote perguntou a Jesus “És tuo Cristo, o Filho do Deus Bendito?”,Jesus disse inequivocamente: “Eu sou”(Marcos 14.61,62).1

O Novo Testamento contémrespostas mais que suficientes àsreivindicações gnósticas dos sécu-los I, III e IV e ao papismo (do ca-tolicismo romano) que levou à Eradas Trevas (a Idade Média). Apartir do momento em que a Bí-blia foi tirada dos monastérios edos museus e impressa na lingua-gem das pessoas comuns é que oscristãos foram capazes de enfren-tar o violento ataque do humanis-mo grego (a assim chamada sabe-doria superior dos gnósticos, queacreditam num entendimentooculto que apenas os iluminadospodem compreender). Agora po-demos nos defender com a Palavrade Deus contra os muitos novosmodismos gnósticos do islã, dasTestemunhas de Jeová, do mor-monismo e de incontáveis outrasreligiões. O apóstolo Paulo afirma:

“Ora, o Espírito afirma ex-pressamente que, nos últimostempos, alguns apostatarão dafé, por obedecerem a espíritosenganadores e a ensinos de de-mônios, pela hipocrisia dos quefalam mentiras e que têm cau-terizada a própria consciência,que proíbem o casamento eexigem abstinência de alimen-tos [a igreja certamente falhounesta área] que Deus criou paraserem recebidos, com ações degraças, pelos fiéis e por quan-

19Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

Page 18: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

tos conhecem plenamente averdade” (1 Timóteo 4.1-3).

O fato de que todo ensinognóstico é contrário a Deus, à Bí-blia e ao unigênito Filho de Deusé uma evidência convincente deque Cristo é o único Caminho, aVerdade e a Vida.

Devemos agradecer a Deus pe-la Páscoa! Ela nos relembra que ocristianismo é a única fé que Deusdeu à humanidade. Ele é baseadona ressurreição de Jesus. E a pro-va da ressurreição é que o cristia-nismo não poderia existir sem ela!Aqui estamos, após 2.000 anos,tendo sobrevivido a martírios

além de qualquer medida, oposi-ção inacreditável, falsos ataques, einúmeros “novos” evangelhos, eainda somos o maior grupo de fédo mundo. Na Páscoa, bilhões depessoas reunem-se em igrejas,capelas, cate-drais e casas deadoração paracomemorar amorte, o sepul-tamento e a res-surreição corpo-ral de Jesus. Porquê? Porque elaé verdadeira!

(Tim LaHaye, Pre-Trib Perspecti-ves)

1. Dr. Ed Hindson, The DaVinci Code Decep-tion, livrete de publicação própria, pp. 11.

18 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

Recomendamos os livros:

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

“Planta sionista” foi como os pesqui-sadores chamaram uma variedade dedente-de-leão recentemente descobertano deserto israelense. Sua estrutura celu-lar se assemelha à estrela de Davi. Seunome científico é “ranunculus asiaticus”.

Uma reportagem dizia dessaflor peculiar:

Ela é conhecida como especialistana arte da sobrevivência e cresce deforma selvagem em Israel, num climaque mataria muitas outras plantas. Es-tamos falando do dente-de-leão persa.Ao examinar o “ranúnculo asiático”sob o microscópio, uma surpresa es-perava pelos pesquisadores do Institu-to Volcani de Israel: sua estrutura celu-lar tinha o formato da estrela de Davi.

“É realmente simbólico”, declarou aDra. Rina Kamenetsky, que se defron-tou com a curiosa formação celular aopesquisar os mecanismos de sobrevi-vência dessa flor incomum. Essa espé-cie vegetal da Terra Santa também é

conhecida nos meios botânicos como“planta da ressurreição”, que sobrevi-ve sem água e “desperta” quando vol-ta a chover, diz Kamenetsky.

As paredes das células reservató-rias servem de escudo protetor. Porocasião das primeiras chuvas no inver-no, as membranas celulares bloqueiamo repentino excesso de água, que po-deria romper as células, mas permitemque elas absorvam o suficiente paraque estas não ressequem. Essa “arma-dura” é semelhante a uma estrela deDavi, que em hebraico se chama “es-cudo de Davi” (Magen David).

“Até hoje não vimos uma estruturaassim em outras membranas celularesvegetais”, comentou Kamenetsky. “Elaé muito rara – talvez única”.

Israel em clima inóspito

Sem dúvida, essa planta é umailustração maravilhosa da resistência

de Israel! Os judeus viverame vivem em um clima hostil.Durante a Diáspora (Dis-persão), em perseguições,sofrendo desprezo e rejei-ção, e mesmo depois de sua

volta à própria terra, eles sempre es-tiveram cercados de inimigos, deódio e guerras. Assim como a “plan-ta da ressurreição”, os judeus tam-bém demonstraram ser mestres naarte da sobrevivência. Foram priva-dos das fontes de água, excluídos deagremiações, organizações e corpo-rações, expulsos de cidades e Esta-dos, expropriados de seus bens, massobreviveram e floresceram.

Israel é indestrutível

Onde qualquer outra plantamorreria, o “taraxaco”, como essaflor também é conhecida, sobrevivee floresce. Podemos mais uma vezcompará-la com Israel. Qualqueroutra nação que estivesse dispersadurante quase dois mil anos por to-dos os continentes e exposta a umclima tão adverso não teria sobrevi-vido nem conservado seu idioma,

Uma planta do deserto comorepresentação de Israel

Page 19: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

sua cultura e sua identidade nacio-nal. Mas o povo de Israel é diferen-te – ele sobreviveu, ele vive e viverá.Israel é um milagre! Nações vierame se foram, tiveram um grande no-me e depois desapareceram – mui-tas vezes em poucos séculos. O po-vo judeu sobreviveu a todas elas.Em Deuteronômio 14.2 está escri-to: “Porque sois povo santo aoSenhor, vosso Deus, e o Senhorvos escolheu de todos os povosque há sobre a face da terra, pa-ra lhe serdes seu povo próprio.”

A prosperidade do povo de Israel

Assim como essa flor é conhecidanos meios acadêmicos como uma es-pécie de “planta da ressurreição”, Is-rael tornou-se conhecido entre os po-vos como “povo da ressurreição”. Du-rante séculos os judeus estiveram nos“sepulcros” das nações (veja Ez 37).Eles tinham se tornado um povo res-sequido, a ponto de serem compara-dos a ossos sequíssimos (veja Ez 37.1-4), mas quando voltaram à sua terra,na região do Rio Jordão e do Lago deGenesaré, começaram a desabrochar.Israel “ressuscitou”, pois voltou a tervida, superou as adversidades e fez aterra frutificar. Fisicamente Israel já re-viveu, mas espiritualmente ainda não.Cumpriu-se o que está escrito emAmós 9.14-15: “Mudarei a sortedo meu povo de Israel; reedifica-rão as cidades assoladas e nelashabitarão, plantarão vinhas e be-berão o seu vinho, farão pomarese lhes comerão o fruto. Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terraque lhes dei, já não serão arran-cados, diz o Senhor, teu Deus”.

Israel é único

Os cientistas afirmaram acercada “flor da ressurreição”: “Nunca

encontramos semelhante estruturaem membranas celulares de ou-tras plantas... Essa é uma estrutu-ra muito rara – talvez única”.

Essa descrição não poderia sermais adequada ao povo de Israel,que realmente é singular. A passa-gem de Isaías 66.8 proclama queIsrael é especial: “Quem jamaisouviu tal coisa? Quem viu coi-sa semelhante? Pode, acaso,nascer uma terra num só dia?Ou nasce uma nação de umasó vez? Pois Sião, antes quelhe viessem as dores, deu à luzseus filhos”.

Israel sob o microscópio

Assim como os pesquisadoresdescobriram o segredo do dente-de-leão apenas através do micros-cópio, nós também precisamosolhar pelo “microscópio” da pro-fecia bíblica para entender o mila-gre que é Israel. Se observarmosIsrael a olho nu, esse milagre per-manecerá oculto. Somente atravésda Palavra de Deus a maravilhaque é Israel se desvendará diantede nossos olhos, e somente pelaBíblia podemos avaliar correta-mente o povo judeu. Essa seráuma grande surpresa para o mun-do, que costuma ver Israel apenascom olhos humanos. Deus não ar-ranca aquilo que plantou e nãopermitirá que a semente de Israelpereça: “Assim diz o Senhor:Se a minha aliança com o dia ecom a noite não permanecer, eeu não mantiver as leis fixasdos céus e da terra, tambémrejeitarei a descendência deJacó e de Davi, meu servo, demodo que não tome da suadescendência quem dominesobre a descendência deAbraão, Isaque e Jacó; porquelhes restaurarei a sorte e deles

me apiedarei”(Jr 33.25-26).

O Deus deIsrael

Israel éum povoúnico e sin-gular por-que umDeus únicoe singular éfiel às Suaspromessas. Aspessoas já te-riam quebradosuas promessashá muito tempo,mas a Bíblia diz:“...que deus há, nos céus ou naterra, que possa fazer segundoas tuas obras, segundo os teuspoderosos feitos?” (Dt 3.24).Ela também afirma: “Que grandenação há que tenha deuses tãochegados a si como o Senhor,nosso Deus, todas as vezes queo invocamos?” (Dt 4.7).

O escudo de Davi

O segredo da sobrevivência do“ranunculus asiaticus” é o “escudode Davi”, que circunda e protegesuas células. O segredo da sobrevi-vência de Israel é o Davi celestial,o Messias de Israel, Jesus Cristo. Osalmista diz que Ele é “o Senhor,nosso auxílio e escudo” (Sl33.20). E, por Seu amor, Israelnão perecerá. A realidade desseamor de Deus por Seu povo nãopoderia ser descrita mais adequa-damente do que através das pala-vras do profeta Oséias: “Serei pa-ra Israel como orvalho, ele flo-rescerá como o lírio e lançaráas suas raízes como o cedro doLíbano. Estender-se-ão os seus

21Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

O ranunculus asiaticus.

Page 20: Chamada da Meia-Noite - Ano 37 - Nº 7

ramos, o seu esplendor será co-mo o da oliveira, e sua fragrân-cia, como a do Líbano. Os quese assentam de novo à suasombra voltarão; serão vivifi-cados como o cereal e floresce-rão como a vide; a sua fama se-rá como a do vinho do Líbano.Ó Efraim, que tenho eu com osídolos? Eu te ouvirei e cuidarei

de ti; sou como o cipreste ver-de; de mim procede o teu fru-to” (Os 14.5-8).

A estrela de Davi

O escudo protetor das célulasdessa planta tem o formato da es-trela de Davi. Isso deve ser umconsolo para todos os amigos deIsrael que usam uma estrela deDavi em solidariedade a Israel ecomo identificação com seu Mes-sias, Jesus. A estrela de Davi nãotem origem ocultista. Ela já apare-ce na criação, e o próprio Deus aformou, colocando-a em uma flore enfeitando o núcleo de cada flocode neve. Mesmo que muitos usemesse símbolo para fins ocultos, issonão deve nos perturbar. Para nós aestrela de Davi é mais uma refe-rência à fidelidade de Deus paracom Seu povo Israel. Quando Ba-laão pretendia amaldiçoar o povojudeu, mas pela vontade de Deusfoi obrigado a abençoá-lo, profeti-

zou: “Vê-lo-ei, mas não agora;contemplá-lo-ei, mas não deperto; uma estrela procederáde Jacó, de Israel subirá um ce-tro que ferirá as têmporas deMoabe e destruirá todos os fi-lhos de Sete” (Nm 24.17).

Devemos confiar plenamente naspromessas de Deus, pois está escri-to: “Guardemos firme a confis-são da esperança, sem vacilar,pois quem fez a promessa é fiel”(Hb 10.23). (Norbert Lieth)

Para se manter informado a respeito do cumprimento dasprofecias com relação a Israel,leia mensalmentenossa revista Notícias de Israel. Faça hojemesmo sua assinatura!

Pedidos:0300 789.5152www.Chamada.com.br

20 Chamada da Meia-Noite, julho de 2006

Do Nosso Campo Visual

O núcleo de cada floco de neve é enfeitado com a estrela de Davi.

A violência e as guerras sãoda vontade de Deus?

Resposta: Não, as guerras nãosão da vontade de Deus. Tambémnão era da Sua vontade que Adão e

Eva pecassem no Paraíso. As Escri-turas dizem que Deus “deseja quetodos os homens sejam salvos e che-guem ao pleno conhecimento da verda-de” (1 Tm 2.4). Você observou,com razão, que Deus permite quecoisas ruins aconteçam. Mas é mui-to importante sabermos que Elenão é o causador do mal!

Então, por que Deus deixa queele aconteça? Ele o permite porquenão criou fantoches, mas pessoas li-vres, seres com vontade própria.Tudo o que vemos de negativo no

mundo pode ser explicado comuma passagem bíblica: “Não vos en-ganeis: de Deus não se zomba; poisaquilo que o homem semear, isso tam-bém ceifará” (Gl 6.7). Por mais deseis mil anos o homem semeou pe-cado e perdição; portanto, não de-vemos ficar admirados com tudo deruim que ocorre no mundo de hoje.Mas foi justamente por isso que Je-sus veio: para dar vida eterna aosseres humanos perdidos, “a todos osque nele crêem” (Jo 3.16). (MarcelMalgo)

Pergunta: “Tenho medo de Deus. Porque Ele permite tanta violência, tantasguerras, tanta fome e maldade no mun-do? O “Pai Nosso” diz: “faça-se a tuavontade, assim na terra como no céu”.É da vontade de Deus que aconteça omal? Ele também permitiu que o Diaboestivesse no Paraíso com Adão e Eva.Por quê?”