Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

18
Mateus 25.6 da Meia-Noite www.chamada.com.br JANEIRO DE 2008 • Ano 39 • Nº 1 • R$ 3,50

description

• A Gloriosa Graça de Deus • A Guerra de Satanás Contra Deus • Desmascarando a psico-heresia • Pecado para morte?

Transcript of Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

Page 1: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

Mateus 25.6da Meia-Noite www.chamada.com.br JANEIRO DE 2008 • Ano 39 • Nº 1 • R$ 3,50

Page 3: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

Índice4

5

17

Prezados Amigos

A Gloriosa Graça de Deus

10A Guerra de SatanásContra Deus

Aconselhamento Bíblico• Pecado para morte?

Publicação mensal

Administração e Impressão:Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai90830-000 • Porto Alegre/RS • BrasilFone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385E-mail: [email protected]

Endereço Postal:Caixa Postal, 168890001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

Preços (em R$):Assinatura anual ................................... 31,50

- semestral ............................ 19,00Exemplar Avulso ..................................... 3,50 Exterior - Assin. anual (Via Aérea) US$ 35.00

Fundador: Dr. Wim Malgo (1922-1992)

Conselho Diretor: Dieter Steiger, Ingo Haake, Markus Steiger, Reinoldo Federolf

Editor e Diretor Responsável: Ingo Haake

Diagramação & Arte: Émerson Hoffmann

INPI nº 040614Registro nº 50 do Cartório Especial

Edições InternacionaisA revista “Chamada da Meia-Noite” é pu-blicada também em espanhol, inglês, ale-mão, italiano, holandês, francês, coreano,húngaro e cingalês.

As opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

“Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí ao seu encontro” (Mt 25.6).

A “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite”é uma missão sem fins lucrativos, com o obje-tivo de anunciar a Bíblia inteira como infalívele eterna Palavra de Deus escrita, inspiradapelo Espírito Santo, sendo o guia seguro paraa fé e conduta do cristão. A finalidade da“Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” é:

1. chamar pessoas a Cristo em todos os lugares;

2. proclamar a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo;

3. preparar cristãos para Sua segunda vinda;4. manter a fé e advertir a respeito de falsas

doutrinas

Todas as atividades da “Obra MissionáriaChamada da Meia-Noite” são mantidas atra-vés de ofertas voluntárias dos que desejamter parte neste ministério.

Chamada da Meia-Noite

www.Chamada.com.br

13Do Nosso Campo Visual• Desmascarando a psico-heresia - 13

Page 4: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

4 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

O que nos trará o recém-iniciado ano de2008? A resposta depende muito de nossaposição interior. Podemos começar o ano daforma que Tiago descreve: “Hoje ou amanhã,iremos para a cidade tal, e lá passaremos umano, e negociaremos, e teremos lucros” (Tg4.13). A Bíblia não é moderna? Não é essa aexata maneira de agir que predomina nos dias dehoje? Fazer seus próprios planos, e ainda pedir abênção de Deus sobre eles. Se agirmos assim,estaremos seguindo por um caminho perigoso.Ouçamos a séria advertência de Tiago: “Vós nãosabeis o que sucederá amanhã”.

Desconhecemos o que nos trará o amanhã.Obviamente precisamos planejar nossos dias,pois vivemos em sociedade e temosresponsabilidades. Porém, não sabemos sevivenciaremos o dia de amanhã. Por isso, “que éa vossa vida? Sois, apenas, como neblina queaparece por instante e logo se dissipa” (Tg4.14). Estar conscientes do quanto a nossa vidaé passageira nos faz humildes e prontos a colocarem prática o conselho de Tiago: “Em vez disso,devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não sóviveremos, como também faremos isto ouaquilo” (Tg 4.15).

Janeiro e fevereiro são os meses das férias deverão. Deveríamos aproveitar o tempo livre paravoltar a tomar nas mãos um bom livro. Avariedade de títulos à nossa escolha é enorme,mas existem livros especiais, que nos marcam deforma perene. Jamais esquecerei o que assimileidos dois volumes da biografia do missionárioinglês Hudson Taylor (1832-1906), que exerceuseu ministério na China, os quais li há muitos anospassados, nos meus tempos de escola bíblica emBeatenberg, na Suíça. Na verdade, tínhamos umprograma bem puxado e pouco tempo de sobra,mas as aulas foram suspensas por alguns diasdevido a um surto de gripe. Quando ela me pegoutambém, fiquei alguns dias de cama, e li.

Em certa ocasião Hudson Taylor escreveusobre as diferentes maneiras de fazer a vontadede Deus. Segundo ele, a melhor é quando noscolocamos sinceramente à disposição do SenhorJesus, para que através de nós Ele possa realizaraquilo que Ele se propôs! Naquela época, entendiessa verdade com meu intelecto, mas até colocá-la em prática no exercitar diário demoroubastante tempo, e continuo no processo deaprendizado.

Deixar o Senhor dirigir nossas ações não é omelhor que podemos fazer com nossa vida, tãocurta e passageira? Como filhos de Deus,podemos agir como Davi, que testifica no Salmo

31.15: “Nas tuas mãos,estão os meus dias...”, ouseja: eu vivo de formaconsciente como umaovelha do Bom Pastor, econfiante, começo o novoano que está à minha frente porque sei que estouabrigado na mão de meu Senhor. Oxalá o Senhorpossa dizer de nós o que declarou acerca de Davi:“Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo omeu coração, que fará toda a minha vontade”(At 13.22).

O que fazia de Davi esse homem segundo ocoração de Deus? Poderíamos listar algumascaracterísticas, mas penso que ele é um grandeexemplo para nós por ter sido um homem deoração e por ter se empenhado com todas assuas forças para preparar a edificação do Temploem Jerusalém, segundo o plano divino. Elecomprou o terreno, a eira de Ornã em Jerusalém,providenciou o material de construção (ouro,prata, bronze, ferro, pedras, madeira de cedro,toda sorte de pedras preciosas e mármore – 1 Cr22.14; 29.2), recebeu do Senhor a planta exataaté os mínimos detalhes (1 Cr 28.11,19),organizou a música e o canto do futuro ministériono Templo (1 Cr 25.1ss.), além de termos 73salmos que levam seu nome como autor.

Cada um de nós deve ser uma pessoa deoração, alguém que contribui com os dons e bensque possui para que a casa espiritual, edificadacom pedras vivas, que é a Igreja de Jesusespalhada pelo mundo, esteja completa embreve! Nesse sentido, entremos confiada edescansadamente no novo ano dizendo: “Vem,Senhor Jesus!” (Ap 22.20).

Um abençoado Ano Novo, olhando para Jesus!

Viagem a Israel>> 3 a 15 de maio de 2008 <<Informações: 0300 789.5152

www.Chamada.com.br ✈

Dieter Steiger

Page 5: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

Há aproxi-madamente cem

anos, Julia H. Johnsoncompôs a letra de um hi-

no intitulado Grace GreaterThan Our Sin [“Graça Maior que o

Nosso Pecado”; conhecido em portu-guês pelo título: Graça de Deus, Infini-to Amor]. A quarta estrofe desse hinosintetiza com muita propriedade oconceito da graça de Deus:

Maravilhosa, infinita, incomparável graça,concedida livremente a todoo que nEle crer;tu que anelas ver Sua face,queres neste instante Suagraça receber?

Nós que recebemos a graça deDeus por intermédio de Jesus Cris-to, de fato, constatamos quão ma-ravilhosa e incomparável é essa gra-ça. Entretanto, qual é o significadoda expressão Graça de Deus?

A Definição daGraça de DeusA definição encontrada em um di-cionário para o termo graça é a se-

guinte: “O favor imerecido queDeus concede ao homem”. Emboratal definição seja verdadeira, é in-completa. Graça é um atributo deDeus, um componente do caráterdivino, demonstrada por Ele atra-vés da bondade para com o ser hu-mano pecador que não merece oSeu favor.

Um Deus santo não tem nenhu-ma obrigação de conceder graça apecadores, mas Ele assim o faz se-gundo o bem querer da Sua vonta-de. Ele demonstra graça ao esten-der Seu favor, Sua misericórdia eSeu amor para suprir a necessidadedo ser humano. Visto que o caráterde Deus é composto de graça, mo-vido por bondade Ele espontanea-mente se dispõe a conceder Suagraça à humanidade pecadora emnosso tempo de aflição. A graça de

Deus pode ser definida como“aquela qualidade intrínseca do serou essência de Deus, pela qual Ele,em Sua disposição e atitudes, é es-pontaneamente favorável” a outor-gar favor imerecido, amor e miseri-córdia àqueles que Ele escolhe den-tre a humanidade desmerecedora.1

A Declaração daGraça de DeusAo longo de toda a Bíblia, a graçade Deus se manifestou em três está-gios. No primeiro, Deus revelouSua bondade e graça ao demonstrarmisericórdia, favor e amor paracom todos os homens em geral,mas para com Israel em particular.No segundo estágio, Deus expres-sou ou apresentou Sua graça, deforma mais clara, através de Jesus

5Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Page 6: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

Cristo, o qual veio ao mundo parapagar pelos pecados do homem me-diante Sua morte sacrificial na cruz.No terceiro, a graça de Deus pro-porciona salvação e santificação atodos os que, pela fé, confiam emJesus Cristo como Salvador e Se-nhor de suas vidas.

Na Septuaginta, uma antiga tra-dução das Escrituras do AntigoTestamento para a língua grega, otermo grego traduzido por “graça”é charis que significa “graça ou fa-vor imerecido”. As Escrituras He-braicas não possuem nenhum ter-mo hebraico equivalente. Os termosoriginais hebraicos traduzidos naSeptuaginta por charis são chanan ouchen, que se traduzem por “graça”,“favor” ou “misericórdia”.

Essas duas palavras hebraicassão usadas no Antigo Testamentopara retratar o mesmo significadode charis: (1) mostrar misericórdiapara com o pobre (Pv 14.31); (2)proporcionar misericórdia àquelesque invocam a Deus em tempo deangústia (Sl 4.1; 6.2; 31.9); (3) de-monstrar favor a Israel no Egito (Êx3.21; 11.3; 12.36); e (4) conceder(Deus) Sua graça a determinadaspessoas, tais como Noé (Gn 6.8),José (Gn 39.21), Moisés (Êx

33.12,17), e Gideão (Jz 6.17).Além disso, a graça de Deus seráderramada sobre a nação de Israelno tempo da sua salvação (Zc12.10).

Outros termos hebraicos, taiscomo, racham ou rachamim (i.e.,“misericórdia”) e chesed (“amorleal” ou “bondade”) muitas vezesocorrem juntos no texto hebraicopara expressar o conceito da graçade Deus (Êx 34.6; Ne 9.17; Sl86.15; 145.8; Jl 2.13; Jn 4.2). Gra-ça, amor e misericórdia estão expli-citados na aliança de Deus com orei Davi, a qual se estendeu a seu fi-lho Salomão mesmo depois que es-te veio a pecar no decurso de suavida (2 Sm 7.1-17).

Deus não outorgou Seu amor egraça a Israel por qualquer méritodessa nação. Deus escolheu Israelpara que fosse o povo de Sua pro-priedade exclusiva através de umato de pura graça (Dt 7.6-9).

A graça e a misericórdia tambémforam manifestadas a nações intei-ras. O Senhor, por Sua graça, liber-tou o povo de Israel da escravidãono Egito, supriu as necessidades danação durante sua peregrinação nodeserto e lhes concedeu a terra deCanaã. O amor do profeta Oséias

por sua esposa Gômer, uma prosti-tuta, ilustrava a graça e misericórdiade Deus para com Israel. EmboraGômer fosse uma esposa infiel,Oséias demonstrou-lhe graça, mise-ricórdia e amor, ao resgatá-la domercado de escravos pelo pagamen-to de um preço. Ela tipificava a na-ção de Israel redimida da escravi-dão do pecado.

Pela graça de Deus a ímpia cida-de de Nínive foi poupada da des-truição ao arrepender-se de seu pe-cado com a pregação de Jonas.

No Novo Testamento, o concei-to de graça encontra uma expressãomais precisa, rica e completa notermo grego charis, o qual ocorre,no mínimo, por 170 vezes. A graçade Deus assume uma dimensãopessoal totalmente nova e se tornaevidente ao ser humano nas pala-vras e obras do ministério redentorde Jesus Cristo. Que prova maiorda graça de Deus poderia ser dadado que essa da salvação?

Foi o próprio Deus que, em Suabondade e graça, tomou a iniciativade providenciar a salvação para ohomem após a queda de Adão nopecado. A graça de Deus se revela àhumanidade de duas maneiras fun-damentais:

A Graça ComumA graça comum se refere ao imere-cido favor, amor e cuidado provi-dencial de Deus, estendidos a todaa raça humana em corrupção, pelosquais Deus derrama Suas bênçãossobre todos em geral, tanto sobre ossalvos quanto sobre os descrentes(Sl 145.8-9). Deus refreia Sua iracontra a humanidade pecadora,concedendo a uma nação ou a umapessoa o tempo necessário para quese arrependa – o que vem a ser umaextensão da graça comum do Se-nhor.

A graça comum também pode serconstatada na obra do Espírito San-

6 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

A graça e a misericórdia também

foram manifestadas a nações

inteiras. O Senhor, por Sua

graça, libertou o povo de

Israel da escravidão

no Egito.

{}

Page 7: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

to, quando este move o coração deuma pessoa ao persuadi-la(lo) econvencê-la(lo) da necessidade debuscar a salvação por intermédio deJesus Cristo (Jo 16.8-11).

A Graça EspecialA segunda maneira de Deus revelarSeu favor é através da graça especial,comumente denominada de graçaeficaz, efetiva ou graça salvadora. Agraça de Deus é eficaz na medidaem que produz salvação na vida dosindivíduos eleitos que depositamsua fé na morte de Cristo e no san-gue que Ele derramou na cruz pararemissão de seus pecados. A graçaeficaz é conhecida por experiênciano momento em que Deus, pelainstrumentalidade do Espírito San-to, opera de forma irresistível namente e no coração de uma pessoa,de modo que o indivíduo escolha li-vremente crer em Jesus Cristo co-mo seu Salvador.

Os crentes em Cristo são cha-mados, não segundo suas obras deesforço próprio, mas conforme a“determinação e graça” de Deus (2Tm 1.9).

O apóstolo Paulo é um exemploclássico da chamada eficaz deDeus. Ele foi chamado, não por suavontade, mas “pela vontade deDeus” (1 Co 1.1). Na realidade, eletentava destruir a Igreja até o mo-mento em que se converteu a Cris-

to, conversão essa que ocorreu pelagraça de Deus (At 9).

A Demonstração da Graça de DeusA graça de Deus se evidencia de di-versas maneiras na vida de umcrente em Cristo.

Graça SalvadoraA palavra salvação é um termoabrangente. Refere-se ao ato reden-tor de Deus pelo qual Ele, no pre-sente momento, redime o indiví-duo da penalidade e do poder dopecado, e, no futuro, libertará ocrente em Cristo da presença dopecado na ocasião da glorificaçãodos salvos. A salvação é um domgratuito de Deus, concedido a umapessoa em virtude da graça, pormeio da fé, independente de qual-quer obra ou mérito da parte dapessoa que o recebe. No momen-to da salvação, a graça imerecidae a fé do crente são dons que pro-cedem diretamente do Senhoràqueles que põem sua fé em Cris-to (Ef 2.8-9).

A graça da salvação, oferecidana atual dispensação, inclui cadaaspecto da obra redentora de Deusem favor dos crentes em Jesus eabrange a redenção, a propiciação,a justificação, o perdão, a santifica-ção, a reconciliação e a glorificação

para aquele que, pela fé, recebe aCristo.

Graça SantificadoraNaquele momento em que a pes-soa, pela fé, recebe a Cristo, ele (ouela) é santificado pela graça deDeus. A palavra santificação signifi-ca “tornar santo” ou “separar paraDeus” com propósito ou uso sagra-do. A Bíblia menciona pessoas, lu-gares, dias e objetos inanimadosconsagrados (i.e., separados) aDeus. No que se refere a um indiví-duo, a santificação pode ser defini-da como a obra da livre graça deDeus através do Espírito Santo, naqual Ele separa o crente para seramoldado ou conforme à imagemde Cristo.

As Escrituras se referem a trêsestágios de santificação pela graçade Deus. O primeiro deles é o dasantificação posicional que diz respei-to à posição santa do crente peranteDeus, fundamentada na redençãoque Cristo efetuou a seu favor.

O segundo estágio é o da santifi-cação progressiva, na qual o crenteem Cristo se encontra no processode ser santificado através da Palavrade Deus (Jo 17.17). Os crentes sãoexortados a crescer “na graça” (2Pe 3.18); na busca desse crescimen-to, tornam-se recipientes do favorimerecido que procede do Senhor.O crescimento na graça não é obti-do por meios naturais, mas se dáatravés do estudo da Palavra deDeus (2 Pe 1.2-3,5-6,8). À medidaque um crente em Jesus cresce nagraça, o fruto do Espírito se tornamanifesto através da vida dele oudela (Gl 5.22-23), levando a pessoaa uma conformidade com a imageme semelhança de Cristo (Rm 8.29).

O terceiro estágio é o da santifi-cação completa ou perfeita, que oscrentes conhecerão por experiênciaquando receberem seus corpos glo-rificados e se completar a sua re-

7Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Favor imerecido que Deus

concede ao homemGRAÇA = }{

Page 8: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

denção (Rm 8.30; Ef 5.27). Esseacontecimento se concretizará naocasião do Arrebatamento da Igreja(1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.16-17).

Graça ServidoraA palavra dom (do termo grego cha-risma: “dádiva ou dom da graça”)se refere a um favor que alguém re-cebe gratuitamente, sem merecê-lo.Deus, por intermédio do EspíritoSanto, providenciou dons espiri-tuais sobrenaturais com o objetivode equipar e capacitar cada crenteem Cristo para o seu ministério[i.e., serviço] na igreja local. Nãoexiste apenas um dom, mas, sim,uma diversidade de dons que o Es-pírito Santo concede aos crentes

(Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-11; Ef4.7,11-12; 1 Pe 4.11).

Os crentes dispõem de “diferen-tes dons segundo a graça que [porDeus] nos foi dada” (Rm 12.6). Al-guns crentes possuem uma abun-dância de dons, enquanto outrospossuem apenas um ou dois. Es-ses dons, ou graças, não são dons,talentos ou habilidades naturais;pelo contrário, são dons propor-cionados por Deus, os quais, atra-vés do crente, efetuam a edifica-ção do Corpo de Cristo, renden-do, assim, a glória que pertence aDeus.

No uso de seu dom, um crentedeve se dirigir às outras pessoas comuma atitude de graça. O apóstoloPaulo declarou: “A vossa conversaseja sempre com graça” (Cl 4.6; con-forme a Tradução Brasileira). Noque dizia respeito ao serviço para oSenhor, Paulo estava equipado, nãocom sua própriaforça e poder,mas com a graçade Deus que lhefora outorgada.Ele disse: “...tra-balhei muito maisdo que todos eles;todavia, não eu,mas a graça deDeus comigo” (1Co. 15.10).

Graça SofredoraO sofrimento faz parte da condiçãohumana, em virtude do pecado, doenvelhecimento do corpo, da deso-bediência ao Senhor, ou da puni-ção de Deus. Paulo tinha um “espi-nho na carne” (i.e., uma debilidadefísica) que ele, por três vezes, supli-cara a Deus para que fosse removi-do. Cada uma de suas súplicas re-cebeu esta mesma resposta: “A mi-nha graça te basta, porque o poder seaperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9).Em outras palavras, a graça deDeus era suficiente para fortalecerPaulo em sua dificuldade física, demodo que ele a pudesse suportar. Omesmo acontece com os crentesnos dias atuais. Deus proporciona agraça suficiente para nos fortalecerem meio a qualquer provação, ten-tação ou período de sofrimento.

Paulo resumiu isso com muitapropriedade, quando escreveu:“Porquanto a graça de Deus se mani-festou salvadora a todos os homens”(Tt 2.11). Isso diz tudo. Junto coma compositora daquele hino, canta-mos: “Maravilhosa, infinita, incom-parável...” é a surpreendente graçade Deus. (Israel My Glory)

David M. Levy é diretor dos ministérios inter-nacionais de The Friends of Israel.

Notas:1. J. Dwight Pentecost, Things Which Become

Sound Doctrine, Westwood, NJ: Fleming H.Revell, 1965, p. 19.

Recomendamos:

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

LIVR

O

LIVR

O

CD

Deus, por intermédio do Espírito Santo,

providenciou dons espirituais sobrenaturais

com o objetivo de equipar e capacitar cada

crente em Cristo para o seu ministério [i.e.,

serviço] na igreja local.

{}

8 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

O sofrimento faz parte da condição

humana, em virtude do pecado, do

envelhecimento do corpo,

da desobediência ao Senhor,

ou da punição de Deus.

{}

Page 10: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

Para que a profecia bí-blica sobre o fim dos tem-pos faça sentido, é precisoentender primeiro o queaconteceu no princípio detudo, a fim de saber paraonde vamos e por que ahistória humana caminhanessa direção. Embora oser humano esteja visce-ralmente envolvido nodesdobramento da histó-ria, ninguém vai conse-guir entender o propósitoe o objetivo dela sem an-tes conhecer o que Deusrevela acerca da esfera an-gelical. Tudo começouquando Satanás declaroua sua independência deDeus logo depois da cria-ção.

Começa aBatalha Pelo

Planeta TerraOs textos de Ezequiel

28 e Isaías 14 são as duasprincipais passagens bíbli-cas que mostram a entra-da do pecado no universopor ocasião da queda deSatanás. O capítulo 28 deEzequiel inicia com umpronunciamento de juízo

contra o príncipe de Tiro,que demonstra ser umareferência a Lúcifer, ouseja, Satanás, aquele querealmente atua por detrásdesse rei humano (Ez28.11-19). Os versículos14 e 15 de Ezequiel 28dizem: “Tu eras querubimda guarda ungido, e te esta-beleci; permanecias no mon-te santo de Deus, no brilhodas pedras andavas. Perfei-to eras nos teus caminhos,desde o dia em que fostecriado até que se achou ini-qüidade em ti”. Apesar deter sido criado em belezae perfeição, Satanás, oanjo de Deus mais eleva-do na hierarquia angeli-cal, caiu em pecado e ar-rastou consigo um terçodos outros anjos (Ap12.4,9).

O texto de Isaías 14 éa outra passagem bíblicafundamental para nos es-clarecer acerca da quedade Satanás. O profeta re-gistra a famosa declaraçãode Satanás em sua rebe-lião contra Deus: “Tu di-zias no teu coração: Eu su-birei ao céu; acima das es-trelas de Deus exaltarei o

10 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

meu trono e no monte dacongregação me assentarei,nas extremidades do Norte;subirei acima das mais altasnuvens e serei semelhante aoAltíssimo” (vv. 13-14).Deus respondeu a tal de-claração da seguinte for-ma: “Contudo, serás preci-pitado para o reino dosmortos, no mais profundo

do abismo” (v. 15). Sata-nás se tornou o inimigode Deus, um adversárioque se levantou com o in-tuito de destronar Deus eimpedir o plano divinopara a história.

Depois que caiu empecado, Satanás partiupara expandir sua in-fluência através da tenta-

Page 11: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

ção de Adão e Eva, quetinham sido criados re-centemente, para levá-losa se unirem a ele em suarebelião contra Deus. Emconseqüência da partici-pação de Satanás no en-gano de Eva a fim de queo ser humano se juntassea ele na revolta contraDeus, o Senhor amaldi-çoou a serpente e a mu-lher nos seguintes termos:“Porei inimizade entre ti e amulher, entre a tua descen-dência e o seu descendente.Este te ferirá a cabeça, e tulhe ferirás o calcanhar”(Gn 3.15). O grande con-flito entre a descendênciada serpente e o descen-

dente da mulher começoua ser travado a partir da-quele momento.

Satanás Difama a

DeusO livro de Jó é o pri-

meiro livro da Bíblia reve-lado por Deus ao ser hu-mano e, portanto, é omais antigo livro do câ-non das Escrituras. Eucreio que o livro funcionacomo uma espécie deprolegômeno* da Bíblia.

Identificamos o tema ge-ral da história na vida deJó, um personagem bíbli-co que viveu antes deAbraão. Naquele contex-to, percebe-se que Deusdemonstrava alguma ver-dade ao conselho angeli-cal** através dos aconte-cimentos na vida de Jó.Apesar das terríveis pro-vações que Jó suportou,Deus abençoou esse ho-mem no fim de sua vidamuito mais do que oabençoara no começo,desbancando, desse mo-do, a falácia da acusaçãosatânica fundamental deque Deus não sabe o quefaz. O restante da Bíblia ea história comprovam es-sa tese com muito maisdetalhes que envolvemnão somente o povo deIsrael, mas também aIgreja e outros grupos depessoas redimidas.

No começo do relatoda história de Jó, quandoos anjos (tanto os caídosquanto os santos anjos)compareceram peranteDeus, perguntou o Se-nhor a Satanás: “Dondevens? Satanás respondeu aoSENHOR e disse: De rodeara terra e passear por ela”(Jó 1.7). À medida queacompanhamos o desen-rolar do diálogo entreDeus e Satanás, descobri-mos que, apesar de o dia-bo ter poder para investircontra a vida de seres hu-manos, isso não quer di-zer, necessariamente, que

ele possa fazê-lo quandobem entender. Satanásprecisa da permissão deDeus para provocar cala-midades na vida de umser humano.

O Senhor iniciou suaconversa com Satanásperguntando o seguinte:“Observaste o meu servoJó?” (Jó 1.8). Em segui-da, Satanás solicitou apermissão do Senhor paracausar danos a Jó. Sata-nás obviamente não pedi-ria consentimento numaquestão como essa, se nãofosse necessário. O diaboadmitiu que Deus fizerauma cerca viva (i.e., umacerca de proteção) ao re-dor da vida de Jó e de suafamília, proteção essa queo impedia de atacar sorra-teiramente a Jó sem a per-missão de Deus. Apósconceder permissão a Sa-tanás, o Senhor estabele-ceu os limites de sofri-mento que ele poderia in-fligir a Jó (cf. Jó 1.12; Jó2.6).

Durante o diálogo en-tre Deus e Satanás, o dia-bo acusa o Senhor de nãoser um Deus bom, de nãosaber o que faz e de serAlguém que só obtém alealdade do ser humanoporque compra a pessoacom bens e benefícios.Percebe-se que o alvo deSatanás é obstruir o pro-gresso do plano de Deuspara que possa provar suatese de que Deus não sa-be governar o universo;

11Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

“Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Isaías 14.15).

* Prolegômeno vem a ser uma introdução crítica ou analítica de um livro.** O conselho angelical é uma referência àqueles anjos, tanto caídos quanto eleitos, que se apresentamdiante do trono de Deus no céu conforme está descrito em Jó 1.6 e Jó 2.1.

Page 12: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

na realidade, Satanásacredita que é capaz degovernar melhor do queDeus. Essa é a razão pelaqual a luta entre a descen-dência da serpente e odescendente da mulher setrava na história e chegaráao seu clímax nos últimosdias, durante o período desete anos da Tribulação.

Satanás Ataca Israel

O conflito entre o des-cendente da mulher e adescendência da serpenteconcentrou seu foco sobreIsrael porque o Messiasviria da nação eleita deDeus. Portanto, se Sata-nás em alguma ocasiãoconseguisse frustrar o pla-no de Deus e impedir sua

concretização na história,teria atingido seu intentode obstruir o propósito deDeus e teria provado suaalegação inicial de que oSenhor não merece serDeus, o Altíssimo.

Todo o capítulo 12 dolivro de Apocalipse mos-tra a razão pela qual Sata-nás atacará Israel no meiodo período da Tribulaçãoe tentará eliminá-lo, ouseja, porque Satanás sabeque, àquela altura, poucotempo lhe restará paraevitar o cumprimento fi-nal do plano de Deus. Oobjetivo essencial de Sata-nás é impedir a SegundaVinda de Cristo. Comoele poderia alcançar esseobjetivo? Ele acredita quepode atingi-lo pela des-truição dos judeus. A Se-

gunda Vinda de Cristoacontecerá no momentoem que a nação de Israelaceitar Jesus como seuMessias e invocar Seu no-me para que Ele os salveno Armagedom. Se esseacontecimento milagrosonão ocorresse, Israel seriaaniquilado naquele mo-mento da Grande Tribu-lação. Desse modo, o ca-pítulo 12 de Apocalipseoferece uma compreensãoclara desse conflito quevem sendo travado há mi-lênios, desde o início des-te mundo, e que perdurapara se tornar uma ques-tão de extrema importân-cia no ponto culminanteda história. O texto deApocalipse 12 nos mostraque um terço dos anjoscaiu em pecado e seguiu aSatanás por ocasião dasua revolta inicial. Enten-demos esse fato ao cons-tatarmos que as estrelasnessa passagem simboli-zam os anjos (comparecom Apocalipse 9.1;12.7,9).“Essa foi umaguerra no céu que ocasio-nou a expulsão de Sata-nás e seus anjos para aterra antes do nascimentodo filho da mulher, dondese conclui que tal aconte-cimento faz parte da his-tória passada. Uma se-gunda guerra é menciona-da em Apocalipse 12.7-9,que vem a ser a última

tentativa satânica de con-quistar o céu e exterminaro menino após o seu nas-cimento”.1

A segunda parte doversículo 4 é uma clarareferência a Satanás (i.e.,“o dragão”) que pára emfrente da mulher que estápara dar à luz (i.e., Is-rael), numa tentativa deimpedir o nascimento deJesus, o Messias, o meni-no ao qual a mulher deu àluz no passado. Satanásnão sabia o momentoexato do nascimento doMessias, de forma queaguardou com muita ex-pectativa pela vinda dodescendente da mulher. Atentativa satânica de “de-vorar o filho [da mulher]quando nascesse” é vista noNovo Testamento naque-la ocasião em que Satanásinstigou o rei Herodes atramar uma conspiraçãopara achar o menino Jesuse matá-lo (Mt 2). Diantedo fato de que os aconte-cimentos históricos envol-vidos no nascimento deJesus faziam parte do con-flito angelical, o Senhoradvertiu os magos doOriente em sonho “paranão voltarem à presença deHerodes”, pelo que eles,“regressaram por outro ca-minho a sua terra” (Mt2.12). Satanás estavaprestes a incitar Herodespara que este mandasse

12 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Todo o capítulo 12 do livro de Apocalipse mostra a razão pelaqual Satanás atacará Israel no meio do período da Tribulaçãoe tentará eliminá-lo, ou seja, porque Satanás sabe que, àque-la altura, pouco tempo lhe restará para evitar o cumprimentofinal do plano de Deus.

Page 13: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

13Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

matar todos os nenês dosexo masculino da faixaetária de Jesus, porém,“tendo eles partido, eis queapareceu um anjo do Se-nhor a José, em sonho, edisse: Dispõe-te, toma o me-nino e sua mãe, foge para oEgito e permanece lá até queeu te avise; porque Herodeshá de procurar o meninopara o matar” (Mt 2.13).Deus sempre está umpasso à frente de Satanás.

Ao longo da história, fa-tos como os que acabamosde mencionar fazem partedo conflito angelical, daguerra entre a descendên-cia da serpente e o descen-dente da mulher. Robert L.Thomas faz o seguinte re-sumo dos principais acon-tecimentos da história:

As más intenções do dra-gão para com o filho que es-tava para nascer à mulher fi-cam evidentes em toda a his-tória do Antigo Testamento.Indícios da sua hostilidadevêm à tona no assassinatode Abel pelas mãos de Caim

(Gn 4.8), na corrupção dalinhagem de Sete (Gn 6.1-12), nas tentativas de violarsexualmente tanto Sara (Gn12.10-20; 20.1-18) quantoRebeca (Gn 26.1-18), noplano de Rebeca para tirar odireito de primogenitura deEsaú através de uma trapa-ça, ocasionando a inimizadede Esaú contra Jacó (Gn27), no assassinato de todosos nenês hebreus do sexomasculino por ordem do Fa-raó no Egito (Êx 1.15-22),nas tentativas de assassinarDavi (por exemplo, 1 Sm18.10-11), na tentativa darainha Atalia de destruir to-da a descendência real deJudá (2 Cr 22.10), na tramade Hamã para exterminar osjudeus (Et 3-9), e nas cons-tantes tentativas dos israeli-tas de matarem seus pró-prios filhos em atos de sacri-fício com finalidadeexpiatória (cf. Lv 18.21; 2 Rs16.3; 2 Cr 28.3; Sl 106.37-38; Ez 16.20).

A investida de Herodespara matar os nenês da re-

gião de Belém (Mt 2.16) emuitos outros incidentes du-rante a vida de Jesus nestemundo, inclusive Sua tenta-ção, tipificam o contínuo es-forço de Satanás para “de-vorar” o filho da mulher apartir do momento que omenino nasceu. Naturalmen-te a tentativa mais direta foia crucificação de Cristo.2

A profecia é necessáriapara que, no decorrer dahistória, Deus demonstrepor evidências que JesusCristo tem o direito degovernar o planeta Terrae que Satanás não passade um mentiroso em tudoo que fala, principalmente

nas referências que ele faza Deus. Essa é a razão pe-la qual Deus planejouacontecimentos proféticosque se cumprirão no futu-ro e que comprovarão queJesus Cristo é o herói dahistória. Maranata! Pre-Trib Perspectives)

Thomas Ice é diretor-executivodo Pre-Trib Research Center emLynchburg, VA (EUA). Ele é autorde muitos livros e um dos edito-res da Bíblia de Estudo Profética.

Notas:1. Robert L. Thomas, Revelation

8 22: An Exegetical Commen-tary, Chicago: Moody Press,1995, p. 124.

2. Thomas, Revelation 8 22, p. 125.

Recomendamos:

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

Espadas de dois gumesMuitas pessoas nos pediram pa-

ra escrever um texto que desmasca-rasse a psico-heresia e fosse simplesde entender e fácil de memorizar,para que pudesse ser usado quando

tivessem que debater oassunto com alguém.Em outros textos, já lis-tamos vários motivospara os cristãos rejeita-rem completamente o

tipo de psicologia relacionada comas teorias e terapias de aconselha-mento psicológico. Quando esse ti-po de psicologia é misturada aoCristianismo e assimilado pela igre-ja, nós a chamamos de psico-heresia.

Hoje em dia, existem no mercadocerca de 500 psicoterapias diferen-tes aplicando milhares de técnicasque muitas vezes contradizem umasàs outras. A pesquisa revela que osmétodos e técnicas da psicologiatêm um papel apenas secundárioquando se trata de ajudar os indiví-duos a resolverem seus problemas,e que o principal fator que leva àmudança está na própria pessoaque procura ajuda, e não em quem

Desmascarando a psico-heresia

Page 14: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

a auxilia ou na psicologia emprega-da.

As duas razões que apresenta-mos a seguir são os dois gumes deuma espada contra a psico-heresia;uma espada que corta dos dois la-dos com a mesma eficácia. Essesdois motivos devem ser mais doque suficientes para se rejeitar essesencantadores psicológicos da alma.

Primeira razão: ciência ou pseudociência?

O dicionário Houaiss definepseudociência como um “conjuntode crenças ou afirmações sobre omundo ou a realidade, que se con-sidera equivocadamente como ten-do base ou estatuto científico”. Co-mo a psicoterapia se baseia em teo-rias psicológicas, seria razoávelperguntar se podemos consideraressas teorias como ciência. A Asso-ciação Americana de Psicologia in-dicou o Dr. Sigmund Koch paraplanejar e dirigir uma pesquisa sub-sidiada pela Fundação Nacional daCiência com o objetivo de avaliar o

status da psicologia. Nessa pesqui-sa, oitenta eminentes estudiososavaliaram os fatos, teorias e méto-dos da psicologia. Os resultadosdesse trabalho monumental forampublicados numa série em sete vo-lumes, intitulada Psychology: AStudy of a Science.[1]

Ao analisar os resultados, Kochexplicou seu desconforto: “Eu nãoestou dizendo que não existemsub-áreas da psicologia que podemser consideradas como partes daciência”.[2] Entretanto, a psicote-rapia seria um dos principais alvosde Koch, ao afirmar: “Penso que,a esta altura, está extrema e final-mente claro que a psicologia nãopode ser considerada umaciência coerente”.[3] (Itálico nooriginal; negrito acrescentado).Koch sugere: “Como um primei-ro passo para se chegar a uma hu-mildade terapêutica, poderíamosrebatizar a psicologia, chamando-ade estudos psicológicos.”[4] (Itálicono original).

Koch argumenta que grandeparte da psicologia não constitui

uma disciplina cumula-tiva ou progressiva, naqual um conhecimentovai sendo acrescentadoa outro. Em vez disso,as descobertas feitaspor uma geração “tipi-camente desautorizamas ficções teóricas dopassado”. Em vez derefinar e especificar ge-neralizações do passa-do, os psicólogos estãoocupados em substituí-las. Koch afirma: “Em

toda a história da psicologia co-mo ‘ciência’, o conhecimentomais duradouro que ela temacumulado é uniformementenegativo”.[5] (Itálico no original;negrito acrescentado).

O Dr. E. Fuller Torrey, psiquia-tra clínico e pesquisador, escreveuum livro intitulado Witchdoctors andPsychiatrists (Curandeiros e Psiquia-tras). Nesse livro, Torrey discute“As Raízes Comuns da Psicoterapiae o Seu Futuro”, que é o subtítulode seu livro. Torrey argumenta demaneira convincente que todas asformas de psicoterapia, sejam elaspraticadas por curandeiros ou porpsicoterapeutas de qualquer tipo,têm as mesmas raízes, e que as pró-prias práticas também têm muitoem comum. Com referência à psi-coterapia praticada por psiquiatras,Torrey diz:

Com algumas poucas exceções,as técnicas usadas pelos psiquia-tras ocidentais estão exatamente nomesmo plano científico que as em-pregadas pelos curandeiros. Seuma é mágica, a outra também é.Se uma é pré-científica, a outratambém é.[6]

Esses dois tipos de prática en-contram-se tão entranhados nopensamento e na vida de suas cul-turas de origem que não há provacientífica contrária que consiga fa-zer com que sejam abandonadas.Na nossa cultura, provavelmenteninguém iria procurar um curan-deiro, do mesmo modo que numacultura tribal provavelmente nin-guém consultaria um psicoterapeu-ta. Mas os ingredientes do suces-so dos curandeiros e psicoterapeu-

Do Nosso Campo Visual

Com algumas poucas exceções, as técnicas usadas pelos psiquiatrasocidentais estão exatamente no mesmo plano científico que as empregadas pelos curandeiros. Se uma é mágica, a outra também é.Se uma é pré-científica, a outra também é.[6]

14 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Page 15: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

tas na cura da mente são pratica-mente os mesmos.

A distinção entre teorias científi-cas e pseudocientíficas é um assun-to que sempre intrigou Sir KarlPopper, considerado um dos maio-res filósofos da ciência. Ao investi-gar as diferenças entre teorias daFísica, como a teoria gravitacionalde Newton e a teoria da relativida-de de Einstein, e as teorias sobre ocomportamento humano, Poppercomeçou a suspeitar que as psicolo-gias que serviam de base para aspsicoterapias não podiam ser real-mente consideradas científicas.[7]

Embora essas teorias pareçamcapazes de explicar ou interpretar ocomportamento, elas dependem deinterpretações subjetivas. Até mes-mo os argumentos fundamentadosem observações clínicas não podemser considerados objetivos ou cien-tíficos, porque são apenas interpre-tações baseadas nas teorias conheci-das pelo observador.[8] A validaçãodessas teorias se baseia em confir-mação, e não em sua capacidade deprever resultados experimentais.Popper diz: “Todo teste genuíno deuma teoria é uma tentativa de pro-var sua falsidade, ou refutá-la”[9](itálico no original); e “evidênciaconfirmatória não deveria ser leva-da em conta, exceto quando resultadode um teste genuíno da teoria”.[10](Itálico no original). Além disso,Popper declara que teorias psicoló-gicas formuladas por Freud, Adler eoutros, “embora se passem porciência, de fato têm muito maisem comum com mitos primiti-vos do que com a ciência; se pa-recem mais com a astrologia doque com a astronomia”.[11](Negrito acrescentado). Ele tam-bém diz: “Essas teorias descrevemalguns fatos, mas na forma de mi-tos. Elas contêm propostas psicoló-gicas muito interessantes, mas não

numa forma que possa ser testadaexperimentalmente”.[12]

Os crentes são alertados váriasvezes quanto ao contraste entre a“sabedoria dos homens” e “o poder deDeus” (1 Co 2.5). Psicoterapia épseudociência, e é também a pró-pria sabedoria dos homens contra aqual os crentes são insistentementeadvertidos. A história do surgimen-to e da prática da psicoterapia reve-la que ela é a sabedoria dos homensque vem da árvore “que está no meiodo jardim” (Gn 3.3). Em seu livro ADescoberta do Inconsciente, o histo-riador Henri F. Ellenberger diz:

Historicamente, a psicoterapia di-nâmica moderna deriva da medicinaprimitiva, e é possível demonstrar queexiste uma continuidade ininterruptaentre o exorcismo e o magnetismo, omagnetismo e o hipnotismo, e o hipno-tismo e as atuais escolas dinâmi-cas.[13]

O apóstolo Paulo diz: “E tu, óTimóteo, guarda o que te foi confiado,evitando os falatórios inúteis e profa-nos e as contradições do saber, comofalsamente lhe chamam” (1 Tm6.20). As psicoterapias são “falató-rios inúteis e profanos”, e não passamde pseudociência que se opõe aoque Deus nos prometeu, e as Escri-turas nos proporcionam.

Escondida sob uma falsa facha-da de ciência, a psicologia psicote-rapêutica tomou conta da maiorparte da igreja. Os crentes preci-sam confrontar esse lobo (psicote-rapia) em pele de cordeiro (disfar-ce científico). Assim que os defen-sores da psicoterapia usarem apalavra ciência, os crentes devemcorrigí-los e usar a palavra pseudo-ciência. Em discussões, devemosqualificar a psicoterapia da manei-ra certa – pseudociência – e apre-sentá-la como a sabedoria dos ho-mens contra a qual os cristãos sãoadvertidos.

Segunda razão:psicoterapia é religiãoPsicoterapia é religião.[14] De-

pois que a falsa capa de ciência éremovida, pode-se ver a psicotera-pia como ela realmente é: um siste-ma de fé e, portanto, segundo mui-tas definições, uma religião. A Wi-kipédia[em inglês] admite que“religião tem sido definida de váriasmaneiras” e dá uma definição dereligião como “a visão de mundofundamental de um indivíduo e omodo como ela determina seuspensamentos e ações”. Muitos au-tores usam definições similares paraconceituar, explicar e criticar a psi-coterapia. Um após outro, professo-res universitários e até psiquiatras epsicólogos vêem a psicoterapia co-mo uma religião.

Em seu livro O Mito da Psicote-rapia, o psiquiatra Thomas Szaszafirma enfaticamente que “as rela-ções humanas que hoje chamamosde ‘psicoterapia’ são, na verdade,assuntos pertinentes à religião, enós as rotulamos erradamente co-mo ‘terapêuticas’, pondo em graverisco nosso bem-estar espiri-tual”.[15] Em outro trecho, Szaszse refere à psicoterapia como reli-gião: “Ela não é simplesmente umareligião que finge ser ciência; é, naverdade, uma religião falsa que pro-cura destruir a verdadeira reli-gião”.[16] Ele alerta sobre “a deter-minação implacável da psicoterapiaem roubar o máximo que puder dareligião, e destruir tudo aquilo quenão puder roubar”.[17]

Christopher Lasch, autor de ACultura do Narcisismo, provavelmen-te concordaria com isso, pois elediz: “A terapia constitui uma anti-religião”.[18] Ela é uma religião fal-sa que é contra a verdadeira religiãoda Bíblia. Karl Kraus, um jornalistavienense, escreveu: “Apesar de suaterminologia enganadora, a psica-

15Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Do Nosso Campo Visual

Page 16: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

nálise [psicoterapia freudiana] nãoé uma ciência, mas uma religião – afé de uma geração incapaz de terqualquer outra”.[19]

Muitos especialistas no assuntocontam como a psicologia substi-tuiu o Cristianismo. Martin Gross,em seu livro, A Sociedade Psicológi-ca, diz:

Tendo perdido a fé na religião for-mal, o homem culto precisava de umacrença substitutiva que fosse tão res-peitável na segunda metade do séculoXX quanto o Cristianismo havia sidona primeira. A psicologia e a psiquia-tria assumiram, então, esse papel.[20]

Carl Rogers, um dos mais conhe-cidos psicoterapeutas, confessa:“Sim, é verdade, a psicoterapia ésubversiva[...]. Terapia, teorias etécnicas promovem um novo mode-lo de homem contrário ao que temsido tradicionalmente aceitável”.[21]Bernie Zilbergeld, em seu livro OEncolhimento da América: Mitos daTransformação Psicológica, diz:

A psicologia tornou-se uma espéciede substituta dos antigos sistemas decrenças. Diferentes escolas de terapiaoferecem sua visão do que seja uma

vida boa e de como alcançá-la, eaqueles cujos antepassados encontra-vam conforto nas palavras de Deus eadoravam nos altares de Cristo e Javé,hoje obtêm consolo e prestam cultonos altares de Freud, Jung, Carl Ro-gers, Albert Ellis, Werner Erhard, euma série de autoridades semelhantes.Enquanto, no passado, o ponto de re-ferência comum era a Bíblia e seus co-mentários e comentaristas, hoje a refe-rência é uma linguagem terapêutica eas histórias de sucesso de transforma-dores de pessoas, em sua maiorianão-religiosos.[22]

Szasz diz que “psicoterapia é umnome moderno, com um apelocientífico, para o que antes se cha-mava de ‘cura das almas”’.[23] Umde seus principais objetivos ao es-crever O Mito da Psicoterapia foi:

[...] mostrar como, com o declínioda religião e o crescimento da ciênciano século XVIII, a cura das almas (pe-caminosas), que fazia parte das reli-giões cristãs, foi transformada em curadas mentes (doentes), e passou a fazerparte da medicina.[24]

As palavras “pecaminosas” e“doentes”, entre parênteses, são de-le. Substituindo pecaminosas pordoentes e almas por mentes, os prati-cantes da psicologia tomaram o lu-gar dos ministros espirituais emquestões que têm mais a ver comreligião e valores do que com ciên-cia e medicina. É claro que o aspec-to central da cura das almas era le-var a pessoa a ter um relacionamen-to correto com Deus.

Como a psicoterapia lida com osentido da vida, com valores e comcomportamento, ela é religião, nateoria e na prática. Todos os ramosda psicoterapia são religiosos. Por-tanto, combinar Cristianismo compsicoterapia é misturar dois ou maissistemas religiosos. Não é possívelrealizar psicoterapia e transformarpessoas sem afetar suas crenças.

Como a psicoterapia envolve prin-cípios morais e valores, ela é reli-gião.

O apóstolo Paulo alerta: “Cuida-do que ninguém vos venha a enredarcom sua filosofia e vãs sutilezas, con-forme a tradição dos homens, conformeos rudimentos do mundo e não segundoCristo” (Cl 2.8). Paulo está adver-tindo sobre ensinos religiosos in-ventados pela sabedoria humana,mas que não se baseiam na Escritu-ra ou são contrários a ela. Portanto,os crentes devem se afastar das psi-coterapias.

Uma espada de doisgumes ainda mais afiada

A espada de dois gumes que ras-ga a fachada de ciência da psicote-rapia e revela seu verdadeiro cará-ter de sistema de fé é suficiente pa-ra derrubar suas pretensões.Entretanto, o mais poderoso argu-mento contra a psicoterapia encon-tra-se na espada de dois gumes daEscritura. Hebreus 4.12 diz muitobem: “Porque a palavra de Deus éviva, e eficaz, e mais cortante do quequalquer espada de dois gumes, e pe-netra até ao ponto de dividir alma eespírito, juntas e medulas, e é apta pa-ra discernir os pensamentos e propósi-tos do coração”. Só este versículo járevela o poder da Palavra e a im-potência da psicoterapia. Pois quepsicoterapia tem a velocidade e opoder da Palavra? Que psicoterapiapode penetrar “até ao ponto de divi-dir alma e espírito, juntas e medulas”?NENHUMA. ABSOLUTAMENTE NE-NHUMA.

Muita gente de entre o povo deDeus deixou “o manancial de águasvivas” para cavar “cisternas rotas,que não retêm as águas” (Jr 2.13).Muitos trocaram o Espírito da Pala-vra pelo espírito do mundo e, assimcomo a igreja de Laodicéia, em

Do Nosso Campo Visual

Szasz diz que “psicoterapia é um nomemoderno, com um apelo científico, para o que antes se chamava de ‘cura das almas”’.

16 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Page 17: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

17Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Apocalipse 3, tornaram-se crentesmornos que serão vomitados.

Se você estiver argumentandocom pessoas que estão completa-mente dominadas pelas idéias dessamistura ímpia e a espada de doisgumes da pseudociência e da reli-gião não conseguir convencê-las,use a arma que Deus nos deu: a es-pada de dois gumes do Espírito,que sempre corta de um modo queglorifica a Deus. Como declarouPaulo ao enfrentar oposição à suapregação e ensino:

“Graças, porém, a Deus, que, emCristo, sempre nos conduz em triunfoe, por meio de nós, manifesta em todolugar a fragrância do seu conhecimen-to. Porque nós somos para com Deus obom perfume de Cristo, tanto nos quesão salvos como nos que se perdem.Para com estes, cheiro de morte paramorte; para com aqueles, aroma de vi-da para vida. Quem, porém, é sufi-ciente para estas coisas?Porque nós não estamos,como tantos outros, mer-cadejando a palavra deDeus; antes, em Cristo éque falamos na presençade Deus, com sinceridadee da parte do próprioDeus” (2 Co 2.14-17).

Que possamos todosser fiéis à Palavra deDeus e fazer exatamen-

te isso! (Martin e Deidre Bobgan,PsychoHeresy Awareness Letter)Martin Bobgan é bacharel e mestre pela Uni-versidade de Minnesota e tem doutorado emPsicologia Educacional pela Universidade doColorado. Deidre Bobgan é bacharel pelaUniversidade de Minnesota e mestre pela Uni-versidade da Califórnia. Eles têm falado sobrepsicologia e fé cristã em numerosas conferên-cias, em igrejas, no rádio e na TV. O casalBobgan escreveu dezessete livros sobre o as-sunto e edita a PsychoHeresy Awareness Let-ter.

Notas:1.Sigmund Koch, ed., Psychology: A Study

of a Science (Nova York: McGraw-Hill,1959-1963).

2.Sigmund Koch, “Psychology Cannot Be aCoherent Science”, Psychology Today (Se-tembro 1969), p. 67.

3.Ib., p. 66.4.Ib., p. 67.5.Ib., p. 66.6.E. Fuller Torrey, Witchdoctors and

Psychiatrists (Nova York: Harper & RowPublishers, 1986), p. 11.

7.Karl Popper, “Scientific Theory and Falsi-fiability”, in: Perspectives in Philosophy,Robert N. Beck, ed. (Nova York: Holt, Ri-nehart, Winston,1975), p. 342.

8.Ib., p. 343.

9.Ib., p. 344.10.Ib., p. 345.11.Ib., p. 343.12.Ib., p. 346.13.Henri F. Ellenberger, The Discovery of the

Unconscious: The History and Evolution ofDynamic Psychiatry (Nova York: BasicBooks/HarperCollins, 1970), p. 48.

14.Martin and Deidre Bobgan, PsychoHeresy:The Psychological Seduction of Christianity(Santa Barbara, CA: EastGate Publishers,1987), pp. 11-25.

15.Ib., capa.16.Thomas Szasz, The Myth of Psychothe-

rapy (Garden City: Doubleday/AnchorPress, 1987), p. 28.

17.Ib., p. 188.18.Christopher Lasch, The Culture of Narcis-

sism (Nova York: W.W. Norton & Com-pany, Inc., 1979), p. 13.

19.Karl Kraus apud Thomas Szasz, em“Psychoanalysis as ’Pastoral Work”’, artigoa ser publicado.

20.Martin Gross, The Psychological Society,(Nova York: Random House, 1978), p. 9.

21.Carl Rogers, apud Allen Bergin, “Psychothe-rapy and Religious Values”, Journal of Consul-ting and Clinical Psychology, Vol. 48, p. 101.

22.Bernie Zilbergeld, The Shrinking of America:Myths of Psychological Change, (Boston:Little, Brown and Company, 1983), p. 5.

23.Szasz, op. cit., p. 26.24.Ib., p. xxiv.

Recomendamos:

Pedidos: 0300 789.5152www.Chamada.com.br

DVD

Do Nosso Campo Visual

Resposta: Quero frisar de antemão que esta éapenas uma tentativa de responder sua pergunta,pois trata-se de uma passagem de difícil compreen-são. O texto não deixa claro o que é, exatamen-te, o “pecado para morte”. É possível que justa-mente isso representa a advertência. Não se tra-ta, porém, do pecado contra o Espírito Santo (cf.

Pergunta: “O que o apóstolo quer dizer com: “Se alguém vir a seu ir-mão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida,aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por essenão digo que rogue. Toda injustiça é pecado, e há pecado não paramorte. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive empecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Malignonão lhe toca” (1 João 5.16-18)?”

Pecado para morte?

Page 18: Chamada da Meia-Noite - Ano 39 - Nº 1

18 Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2008

Mt 12.24,31-32), porque os filhosde Deus não podem cometê-lo,pois se converteram a Jesus e nas-ceram de novo, sendo que, con-forme o texto citado, “todo aqueleque é nascido de Deus não vive empecado” (1 Jo 5.18). O pecado con-tra o Espírito Santo foi cometidopela geração judaica no tempo deJesus, que O encontrou visivelmen-te, experimentou Seus milagres co-mo confirmação divina do Seu mi-nistério, mas mesmo assim O re-jeitou e até mesmo atribuiu Suaação ao poder de Satanás (cf. Mc3.22). Por isso, aquela geração nãoobteve perdão e sucumbiu terri-velmente no juízo de 70 d.C. (cf.Mt 12.39,41-42,45).

Por outro lado, o “pecado pa-ra morte” refere-se a filhos deDeus, o que é provado pela pa-lavra “irmão”: “Se alguém vir aseu irmão cometer pecado...” Porém,não se trata, certamente, de umalista dos chamados “pecados mor-tais” que foram enumerados pelaIgreja Católica. Pelo contrário,trata-se do pecar em si, sem qual-quer arrependimento, de formaconsciente e constante, e não deum pecado específico. Esse fato éacentuado por 1 João 5.18: “aque-le que é nascido de Deus não viveem pecado”. Isso não significa queuma pessoa renascida nunca maispeca, pois as muitas exortações bí-blicas para não pecar são dirigi-das a filhos de Deus e, portanto,indicam o contrário. O versículo18 mostra que um filho de Deusnão persiste no pecado, mas sem-pre se arrepende e, ao mesmotempo, faz de tudo para evitar opecado. Quando, porém, um re-nascido persiste no pecado, acos-tuma-se a ele e continua pecan-do, sem arrepender-se, é possívelque Deus o deixe morrer, para

evitar maiores danos à igreja e aele mesmo. Temos um exemploem 1 Coríntios 5. Um membroda igreja de Corinto vivia em pe-cado, sem que a igreja tomassequalquer atitude para que esse ho-mem se conscientizasse do pro-blema. Em virtude disso, o após-tolo Paulo diz, entre outras coi-sas, que o transgressor seja“entregue a Satanás para a destrui-ção da carne, a fim de que o espí-rito seja salvo no Dia do Senhor Je-sus” (1 Co 5.5). A “destruição dacarne” refere-se a uma enfermida-de, tendo por conseqüência a mor-te provável, para que o homemfosse salvo. A respeito, compare1 João 5.18: “...todo aquele que énascido de Deus não vive em peca-do; antes, Aquele que nasceu de Deuso guarda, e o Maligno não lhe to-ca”. Para um filho de Deus é in-teiramente normal guardar-se dopecado. Quem o fizer não pode-rá ser tocado por Satanás.

Paulo diz algo semelhante a res-peito de tomar a ceia indignamen-te: “pois quem come e bebe sem dis-cernir o corpo, come e bebe juízo parasi. Eis a razão por que há entre vósmuitos fracos e doentes e não poucosque dormem” (1 Co 11.29-30).

A morte de Ananias e sua espo-sa Safira (cf. At 5.1-11) parececonfirmar igualmente que o peca-do consciente pode ter por conse-qüência a morte, se não houver ar-rependimento a tempo.

Em minha opinião, as palavras“há pecado para morte”, não se re-ferem concretamente a um pecadoespecífico, mas a um estado deconstante pecado. Em outras pala-vras: os cristãos que preferem astrevas à luz e persistem no pecado,correm perigo de sofrerem discipli-na física do Senhor, para que suaalma não sofra dano.

O último capítulo da Epístolade Tiago pode contribuir para oesclarecimento: “Está alguém entrevós doente? Chame os presbíteros daigreja, e estes façam oração sobre ele,ungindo-o com óleo, em nome do Se-nhor. E a oração da fé salvará o en-fermo, e o Senhor o levantará; e, sehouver cometido pecados, ser-lhe-ãoperdoados. Confessai, pois, os vossospecados uns aos outros e orai uns pe-los outros, para serdes curados. Muitopode, por sua eficácia, a súplica dojusto” (Tg 5.14-16). Se analisar-mos as passagens de 1 João 5 eTiago 5, isso poderia significar,em certos casos, que aqueles queconfessarem seus pecados e os dei-xarem obterão perdão e cura, en-quanto os que persistirem no pe-cado não serão restabelecidos porDeus. Nesse caso, o “pecado paramorte” seria a atitude interior deum pecador que não se arrependee que, em conseqüência, passaria asofrer de uma enfermidade grave.Em tal caso, os presbíteros não de-veriam orar simplesmente pela cu-ra, pois João escreve claramente:“Há pecado para morte, e por essenão digo que rogue”. Poderia ser,portanto, que os presbíteros reco-nhecerão que no caso específicoseria melhor que essa pessoa mor-resse ao invés de continuar viven-do sem se arrepender.

Entretanto, quero acentuar cla-ramente: nem toda doença deveser avaliada nessa luz! Ai dos que,cheios de justiça própria, culpa-rem irmãos que estejam passan-do por sofrimentos causados poralguma enfermidade, de que issoaconteceu por tolerarem pecadosem sua vida! E também quero fri-sar novamente, que esta foi ape-nas uma tentativa de esclareceressa questão complicada. (Nor-bert Lieth)

Aconselhamento Bíblico