CHESNAIS,_F._A_Mundialização_do_Capital,_Rio_de_Janeiro_Xamã,_1996._(Pp.237-271_-_Cap.10).
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omovimento proprioda mundializacao financeira
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"Por serem os que movimenlam os.biih6es e bilhoes de
dolores de capi{ais que transitam, acada dia, de um
pais para outro, os mercados tmanceiros tornaram-se,
ao mestno tempo, po/icia, juiz e juri do economia
munaial, 0que ruio deixa_deser preocppanle, dada sua
propensao a enxergar os aconlecimentos e politicos
otraoes das lentes deformantes do medo e da cobica:"
Financial Tiines;30 de scternbro de 1994.
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A esfera fmanceira representa 0posto avancado do rnovirnento
de rnundlalizacao do capital, onde as operacoes atingem 0 mais alto
grau de mobilidade, onde e mais gritante a defasagem entre as priori-
dades dos operadores e as necessidades mundiais. 0 investimento ex-
temo direto do setor financeiro representou a principal cidadela do [ED
durante a decada de SO.No entanto, e fundamentando-se no movimen-
to da globalizacao financeira, que certos autores [ulgam poder anunciar° "fim da geografia" (R. O'Brien, 1992).Outras tantas razoes tomamim-
possfvel 0 impasse sabre as dimens6es rnonetarias e financeiras da
rnundlallzacao,
Mas a analisedas operacoes e opc;:6esdos gruposempenhadosna
mundlalizacac da industria e dos services exigiria, de qualquer forma,
uma incursao na esfera financeira. A capacidade intrinseca do capital
rnonetario de delinear urn movimento de valorizacao "autonomo'tcom
caracteristicas muito especfficas,foi alcada pela globalizacao financeira
a urn grau sem precedentes na historia do capitalismo. As instituicoes
financeiras, bern como os "mercados flnanceiros" (cujos operadoressao mais faceis de identificar do que faz supor essa expressao tao vaga),
erguem-se hoje como forca independente todo-poderosa perante os
Estados (que os deixaram adqulrir essa poslcao, quando nao os
ajudararn), perante as empresas de menores dimens6es e perante as
classes e grupos sociais despossuidos, que arcam com 0peso das
"exigencias dos mercados" (financeiros).
Em cornpensacao, no caso dos grandes grupos do setor de manu-
faturas ou services, a estreita lrnbricacao entre as dirnensoes produtivas
e financeiras da mundializacao do capital e :parteintegrante de seu fun-
cionamento cotidiano. Desde 0comeco da 'decada de 80, a imbricacaoentre as dimens6es produtivae flnanceira da mundializacao tem-se
manifestado sob novas formas. Exprirniu-se, iniciaImente, pelos novos e
variados meiosque as lnstituicoes financeiras e as casas especializadas
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colocararn a disposicao dos grupos, para suas operacoes intemacionais
de aquisicoes e fusees. A "desintermediacao'' flnanceira pennitiu que
os grandes grupos colocassem tHulos diretarnente nos rnercados fi-
nanceiros intemacionais. Por fim, desde 0inicio dos anos SO, a irnbri-
cacao esteve marcada pelo notavel aumento da Importancia das
operacoes puramente financeiras dos grupos industriais. Trataremos
desses aspectos no capitulo seguinte.
, ,,
A s finan~as concebidas como industria
E no campo rnonetario e financeiro, talvez mais do que em
qualquer outro, que foi maior a responsabilidade dos govemos, acornecar pelos do Reino Unido e dos EUA, na criacao das condicoes
que permitlam ao capital concentrado atuar praticamente a seu bel-
prazer, corn poucos controles ou freios. Fcram necessarios mais de
dois seculos, desde 0escandalo de Law ate as medidas estabelectdas
ap6s a grande onda de falencias bancarias dos anos 30, para eriar urn
conjunto de regras enquadrando, tanto quanto possfvel, a atividade fi-
nanceira; em particular, estabelecendo estrito controle sobre a criacao
de moeda de credito pelos bancos. Para acabar com elas, Ioram sufi-
dentes uns vinte anos.
Urn dos elementos explicativos, bern salientado par J. Regnier,
numa interessante reflexao sobre a desregulamentac;ao financeira,
decorre do surgimento, nos Estados Unidos do p6s-guerra, de uma
concepcao das flnancas como "industria" (classificada,-para fins es-
tatistlcos, no setor terciario), Essa concepcao foi depois adotada pela
City e culmlnou nas transforma<_;oes do "big-bang" de 1985-1986.
Qualificar as flnancas de "industria" signlflca que "a comercio de
dinheiro e valores e encarado como atividade transnadonal, objeto
de compencao, no plano mundial, entre agentes que procuram ex-
plorar da melhor forma suas proprias vantagens comparativas. Elas
nao sao diretamente encaradas como meio dernelhorar a processode alocacao de recursosnointerior da econornia britanlca, e sim _
tal como uma industria de exporta4;ao -'- de explorar urn certo
know-how, a firn de extrair urna parte, da renda rnundlal" (Regnier,
1988, p. 52-53). Em suma, a esfera financeira etim dos campos de
'I
240
I
vatorizaceo do capital,
setor. 0 problema, de
etico-sociaJ, e que, de'
eros formarn-se suces:
da producao, onde sa
(salaries e lucros),
A autonomia de
autonomia relativa. 0
nasceram - e con!
cornecam por tomar
na producao e nao c
de ernprestimo, sob f
poneses ou artesaos,
via fiscal, ou sofrerar
ao consumidor"; por
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se modifica ao en tea'
busca da rentabilidac
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estavam fechados
urn pais a outro). !
mercado de obrigs
,
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nacionais
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, a imbri-
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que em
zemos, a
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rnais de
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ercio de
I, objeto
irarn ex-
vas. Etas
Jrocesso
e sim-
m certo
Regnier,
npos de
valorizac;iD do capital, que deve gerar lueros como em qualquer outro
setor. 0 problema, de ordem macroeconomica e tambem de ordem
etico-social, e que, devido as caracteristicas pr6prias da maeda, tais lu-
eros fonnam-s
e
sucessivamente a transferencias provenientes da esfera
da produ~o, onde sao criados 0valor e os rendimentos fundamentais
(salarios e lucros).
A autonomia do setor financeiro nunca pode ser senao uma
autonomia relativa. Os capitais que se valorizam na esfera financeira
nasceram _ e continuam nascendo - no setor produtivo. Eles
comecam por tomar a torrna, se]a de tucros (lucros nao reinvestidos
na produc;ao P. n~o consumidos, parceie dos lucros cedida ao capital
de emprestimo, sob torrna de [uros): salarios au rendimentos de cam-
poneses au artesaos, os quais depais toram objelo de reteilc;6es por
via fiscal, ou sofreram a fonna de agiotagem modema
dos "creditosao consumidor"; por fim, depots de quarenta anos, salarios diferidos
guardados nos fundos privados de aposentadoria, mas cuja natureza
se modifica ao entrarem na esfera fipanceira, tomando-se massas em
busca da rentabilidade maxima. A esfera fmanceira alimenta-se da ri-
queza crlada pelo investimenta e pela mobilizaC;ao de uma forc;a de
trabalho de multiplos niveis de quaHficac;ao.Ba mesma nao cria nada.
Representa a arena onde se [oga urn jogo de soma zero: 0que alguem
ganha dentro do cii-cuito fechado do sistema financeiro, outro perde.
Usando uma expressao de P. Salama e J, Valier (1991): "a 'milagre da
multiplicac;ao dos paes' nao passa de miragem".
Ocampo mais avan~adoda mundializa~ao
Sob 0anguloda !ntegrar;ao dos < mercados naciouais dentro de
mercados mundiais, que dominam .osprimeir05, quando nao os subs-
tituem completamente, em parte alguma· 0processo de muridiali-
zacao e maisacentuado do que na esfera financeira. Em certos
segmentos dos mercados financeiros, ha quase complete integr::tr;ao
. .
dos mercados domesticos, que ha apenas dez ou doze anos ainda
estavam fechados para fora (tendo 0inicio da abertura variado de
urn pais a outro). E 0 caso do mercado-de ~ambio (0 Forex) e do
mercado de obrigac;6es priyadas, onde as empresas, tanto as nao
241
.J..
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bancarias como as bancarias, aplicarn seus titulos a curto prazo
peis cornerciais) e tornam emprestimos de prazo rnais longo. Ern
tros segmentos, a internacionalizacao e resultado da estreita
conexao entre os mercados nacionais, nascida da liberalizac;;ao dosrnovimentos de capitals e da desregularnentacao, E este 0caso, em
grande parte, dos mercados de obrigacoes publicas dos principals
paises da oeDE, ou dos "rnercados financeiros emergentes"; uma par-
cela, muitas vezes elevada, dos bonus do Tesouro adjudicados esta
nas rnaos de lnvestidores estrangeiros, que podem liquidar suas
poslcoes, a qualquer momento, nos mercados secundarios (os mer-
cades de obrigacoes): em certas semanas, essa parcela pode ser de
mais de 40%, no caso da Franca ou dos EUA; no caso do Mexico, che-
gou a atingir 90%, em certos mementos, t tarnbern 0caso dos mer-
cados bolsistas, que entraram tardiamente num processo de
mundializacao (somente par volta de 1985-1986). Entretanto, nos ulti-
rnos anos, os grandes investidores financeiros (fundos e companhias
de seguros) detern, em suas carteiras de investimentos, acoes emitidas
sabre a conjunto das pracas bolsistas, inclusive aquelas dos "mercedes
emergentes", ao rnesmo tempo que, em rnuitas pracas, 0montante
das a<;6es emitidas por firrnas estrangeiras e superior ao das acoes
emitidas par residentes no pais. A integracao flnanceira intemacional
foi acompanhada, com efeitos pelo menos igualmente importantes,
pela abertura dos diferentes tipos de mercados (mercados de carnbio,
de creditos, de acoes e obrigacoes) e foi favorecida pela criacao de
rnultos novos produtos financeiros.
Em 1992,05 finariciamentos internacionals Hquidos (creditos
bancarios, euro-ativos, obrigacoes intemacionais) registrados junto ao
BIS (Bank for International Settlements ~ Banco de Cornpensacoes In -
temacionais) alcancavam 4,94 trilhoes de dolares, contra 1,23 trilhao de
dolares em 1982. A Tabela 20 da indicacoes 'sobre a infemacionallzacao
das transacoes com acoes e obrigacoesrOs outros segrnentos do ,mer-
cado registraram evolucoes analogas. Ainda par d~a, aabertura tomo~
as fronteiras cada vez menos estanques, com "[nterconexces't.essegu-
radas pelos novas investimentos flnanceiros e pela progressiva "de-
sespeclalizacao" dos bancos e instituicoes financeiras.
242
.._ .,......- ~-""'~-,-~ .• ~c -~ .••.......
opera~Oes t
1980 1981 I 19
9.3 9. 4 I-I
EUA
rI. d. r•.d ,"\.
)apao
Alernanha;,) 7.8
Franc;an. d. n. d .
Italia1,1 1,4
Reino Unido n.d. n, d. r
Canada9,6 8,0
n. d.: dados nao-d isponiv<: : -1S
• compras e vendasde lilulos
Fonte: BancO deCvmpensa<;c
o crescimento :panhou a mundializc
res". possibiiitadas rnacionais anterionD(
intemadonal como
lugar, a amplitude 2
bricadas, e pela cor
ligam OS principai~
mutuos, instituiq5e~
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Jrazo (Pa.
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Ir.~ _ " ' . " ' . .i " ". . . . . _ - - ' _ _ . . . .
Fabela 20
Operacoes transfronteiras de a~6es e obrigacoes *(e m % do PIB)
1980 1981 1981 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992
EUA 9,3 9,4 11,8 15,9 20,8 36,4 71,7 66,1 65,3 104,3 92,1 98,6 109,3
Japao n, d. n. d. n, d. II.d. 25.0 62,8 163,7 147,3 128,5 156,7 120,7 91,9 72,2
Alemanha 7,5 z . s 11,5 16,0 10,7 33,9 45,6 55,2 GO,7 67,3 61,1 59,1 90,8
Franca n.d. n. d. 8,4 13,8 14,0 21,4 28,0 37,3 34,6 51,6 53,6 78,9 12212
llalia 1,1 1,4 1,0 1,4 1,9 4,0 6,9 8,1 10,3 17,6 26,6 GO,4 118,4
Reino Unido II.d. n. d. n, d. n. d. II.d. 366,1 648,9 830,1 642,6 766,6 689,0 l1016,6 n. d.
Canada 9,6 8,0 I 4 10,5 15,8 26,7 40,5 58,9 39,1 54,5 &4,1 81,4 111,2
II.d.: dados nao-disponjveis
• Compras e vendas de titulo., fXlratacado, entre residentes e nao-residerues
Fonte: Banco de Compensacocs Intemacionais, 62' R a pp o rt a n nu el , 15 de junho de 1991.
Q crescimento fenornenal do volume detransacoes, que acorn-
panhou a mundializacao, tern a ver tanto com as "inovacoes Iinancei-ras", possibilitadas pela elimlnacao das regulamentacoes e controles
nacionais anterionnente existentes, quanto com os efeitos da abertura
internacional como tal. 0 volume de transacoes reflete, em primeiro
lugar, a amplitude assumida pelas cadeias de operacoes longas e irn-
bricadas, e peJa complexa e fragil pirarnide de creditos e debitos que
Jigam os principais operadores (bancos, Iundos de pensao, fundos
rmituos, instituicoes especializadas),
Ahipertrofia da esfera financeira
Uma das questoes importantes que se colocam consiste em avaliar
a relacao existente entre essa explosao dos rnovimentos financeiros in-
temadonais e 0rr.ovimento de rnundializacao das atividades produti··
vas. A acentuada divergencia entre a taxa de crescimento das atividades
financeiras e a das atividades produi.ivas fomece urn. reflexo, decerto
muito imperfeito,do grau deautonomia ou, se .quisermos, da dinamica
propria dosmercados Ilnanceiros. Pode-se rnedir a amplitude dessa di-
vergencia comparandoo crescimento do intercarnbio comercial, 0dos
fluxes de investimento direto e 0das transacoes nos mercados de earn-
bio (Tabela 21). as rnercados de cambio sao 0segmento do mercado
financeiro global que registrou 0maier crescimento, pois ao longo da
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Tabela 21
Compara~ao entre 0crescimento (de 1980 a 1988)
dos fluxos comerciais, financeiros, de investimento externo direto,
e 0cresdmento do PIS nadonal dos paises da OCOE
(coeficiente multiplicador)
PIB dosl!aises Fluxos Transacoes nos Fh,xosdaO DE comerciais mercados de lEO
de cambio
1,95 2 8,5 3,5
Fonte: C. Serfati (19941, a partir de dados do GATT, BIS, OCDE.
decada de 80 0 volume de transacoes multiplieou-se por dez.1A fun~o
principal dos rnercados de cambia deveria ser, em prindpio, faeilitar os
aeertos do intercambio comerclal, Ora, estima-se que 0Montante das tran-
sacoes vinculadas ao cornercio internaclonal de mercadorias repre-
sentaria apenas 3% do montante das transacoes diMas nos mercados decambia, que em 1992 (por ocasiao do Ultimolevantamento realizado pelo
nSI) ja ultrapassavam 1 l:riJhao de d61ares por dia (1,5 triJhao em 1995).
Londres e a praca meis importante, que realizava, em 1992,30%'das t ran-
sacoes de cambia, seguida por Nova York (oerca de 20%).
Outra maneira de apreender a hipertrofia da esfera finaneeira e sua
"autonomia" relativa e comparar as taxas de crescimento dos ativos fl -
nanceiros com as do investimento real, ou do PIB. Entre 1980 e 1992,
o cresdmento dos ativos finaneeiros acumulados foi rnais de duas
vezes e meia mais rapido do que ada formacao de capital fixo (Grafico .
14a), de forma que, em 1992, as ativos acumulados eram 0dobra do
que 0PNB aeurnulado de todos os .pafsesda OeDE juntos, e treze vezes
mais do que suas exportacoes totais; nO_,ano 2000, esses multiples
podern chegar, respeetivamente, a 3 e a 17 (Graflco 14b). Par detras
dos dados apresentados sinteticamente por essesgraficos, estao duas
series de mecanismos de natureza distinta. A pnmelra, que definimos
1. Os mercados de cambio formam 0epicentro do que H. Bourguinat (1994) chama de
"econornia internacional de especu lac;:a0", que se estabeleceu em sucessivss etapas. A
especulacao pode ser definida como uma operacao que nao tern nenhurna finalidade
a l£ 'I 1 ld o l uc ro que pode gerar. H. Bourguinat referecse a uma definlcao de autoria de
Kaldor, 1939, onde se trata de operacoes "nao vinculadas a alguma vanfagem relative
ao uso do bern, a qualquer transformacao ou a alguma transferentia'de urn mercado aOU[fO". Taisoperacoes, diz Bourguinat; "tazem intervirtornadas de posicao rnorivadas,
fundamentalmente, pelaexpectativa de uma altetar;aodepr~o do ativo,"
244
adrna, compc
naneeira. A S E C
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Fonte: Dado<
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) direto,
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FluxosIe lED
3,5
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te das tran-
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1zado pelo
em 1995).
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eira e sua ~,; atlvos fi-
I0 e 1992,
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dobra doeze vezes
mllliplos
:)rdetras i
Itao duas
Iefinirnos I
:hamadetapas_·A
Ilidade
'riade
relativarcado a
tivadas,
acima, comporta transferencias efetivasde riqueza para a esfera fi -
nanceira. A segunda, da qual falaremos mals adiante, diz respeito a
processos de crescimento de ativos cujo "valor" e largamente ficticio,
podendo desmoronar tao ou mais rapidamente do que se constituiu.
Embora seja atualmente impossfvel quantificar proporcionalmente
esses dais tipos de mecanismos na criaCiaO dos ativo .. financeiros, enecessaria tentar dlstingui-los no plano analitico.
GrMico 14a
Crescimento do capital fixo e dos ativos financei ros (1980-1992)
(percentual de cresdmento anual real)
6,0%
2,6x
Formacaobrutade
capital fixoprivado,na OCDE
Ativosfinanceiros
acumulados
Fonte: Dados da OCDE
Grafico 14b
Projecao de crescimento dos ativos financeiros (1992-2000)
(em bilh6es de d6lares)
Situa\=aoem 1992
Proje<;aoparao ano 2000
rotal de ativosfinanceirosacumulados
$35,483 1x $82,812 1x
Produto bruto naarea da acDE
2x 3x
Exportacoes ci aOCDE
19x3x
Fonte: Dados da OCDE;prof~aode McKinsey (1994)
245
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Mais uma vez, os terrnos "autonomia", "autonornizacao" etc. de-
vern ser utilizados com muito cuidado. E verdade que parte elevadis_
sima das transacoes financeiras veriflca-se no circuito fechado fonnado
pelas relacoes financeiras especializadas. Mas isso nao quer dizer que
nao existarn vinculos rnuito fortes, e sobretudo de grande alcance
econornico e social, entre a esfera de producao e circulacao e < :: das fi-
n a n c a s , A esfera financeira nutre-se da riqueza criada pelo investimento e
moblltzacao de uma forca de trabalho de multiplas qualiflcacoes, Uma
parte, hoje elevada, dessa riqueza e captada ou canalizada em proveito da
esfera financeira, e transferida para esta Somente depois de ocorrer essa
transferencia e que podem ter lugar, dentro do circuito fechado da esfera
financeira, varies processos de valorizacao; ernboa parte ficticios, que in-
flam ainda rnals 0montante nominal dos ativos fmanceiros.
o autor que, a partir dos fatosobservados na decada de 1860-1870,
mais claramente percebeu a capacidadedo capital monetario concen-
trado de viver as custas da esfera de criacao de riqueza, foi Marx. Be
constata a formacao de "uma rnassa organizada e concentrada de capi-
tal-dinheiro que, ao contrario da producao real, esta colocada sob con-
trole dos banqueiros" OiVTOII, capitulo XXV) . Essa massa permite que
esse capital deixe de ser simples elo da valorizacao do capital na pro-
ducao industrial, para se constituir em forca independente e ninho de
acumulacao de lucros financeiros. A referenda aos bancos e conjuntural.No corneco do seculo xx , Hilferding pOdeampliar essa problernatica no
sentido de uma lnterpenetracao entre 0capital bancario e 0capital in-
dustrial, da qual uma das forrnas contemporaneas sao os grandes gru-pos.2 Atualmente, os maiores ninhos de acumulacao de lucros financeiros
sao os grandes fundos (fundosde pensao e fundos mt!_bJos).
Independentemente de seus aspectos de :agiotagem, como capital
que rende juros, 0capital rnonetario concentrado representa "a forma mais
alienada, rnais fetichizada da rela<;;aocapitalista", afonna D-D' (isla e ,aquela em que urn capital D se fecund? e gera 0 : . sern passar porum
investimenlo produtivo). Essa e a forma de "0 dinheiro que gera mais di-
nheiro, urn valor que valoriia a simesmo, semnenhum processo [de pro-
ducao e de comercializacao de mercadorias) que sirva de rnediacao entre
2. Ver capitulo seguinte ..
246
as dais extrema
passa de urna
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na partilha da
concentra<;ao a
A globaliza
que ja teve. A
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{era tinonceiri
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durante as 'd-
mente. Apare
3. Pode-se lem
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aberta C..l. A c
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obtidos os Hut
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4.0 termo "\'.
das bolsas. d E
compra.. .
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io" etc. de.
"Ie e1evadis.
do (Onnado
:r dizer qUe
de alcancee a das fl.
estimento e
lC;6es. Uma
proveito da
-correr essa
ada esfera
ios, que in.
OS dois extremes" (livre Ill, capitulo XXIV)."0 lucre dos banqueiros nao
passa de uma retencao sabre a mais-valia" (Ibid., capitulo XXIII), e a
capacidade do capital gerador de juros de fazer valer suas exigencias
na partilha da mais-valia vai depender do grau de centralizacao e de
concentrac;ao atingido pelo capital rnonetario.A globalizacao flnanceira elevou essa capacidade ao grau mais alto
que jei teve. A "retencao sabre a mals-valia" tern a forma imediata de
uma puncao sabre as lucros industrials. Mas as empresas, principal-
mente as grandes, tern meios de transferir 0 peso dessa puncao sabre
as assalariados. Todo. mundo pode reconhecer a situacao que conhe-
cemos desde 1983-1984. A acumulacao de urn capital monetario con-
centrado tambem 0leva a querer multiplicar as oportunidades de obter
lucros puramente financeiros.
A partir do momenta em que as bancos e as outras lnstimlcoes fi-
nanceiras nao se satlsfazern mais com suas funcoes, importantes massubaltemas, de lntermediacao financeira e de criacao de credlto a service
do investimentc' elas txio necessariamente abrir a transkxmacao da es-
{era tinanceiro em campo de oalorizaaio especdico pam operaqoes de
novo t ipo, suscetioeis de proporcioaar mais-oalia e lucros tinanceiros.t
o segundo grande mecanisme de transferencia de riqueza para a eS-
fera financeira, jei identiflcada por Marx mas cuja importancla e infini-
tamente maior hoje, e 0 service da divida publica, Em seu rnais recente
relat6rio anuaI, a UNClAD ressalta que, em decorrencia da securitizacao da
dfvida publica e da negociacao desses tituIos nos mercedes de obrigacoes,
"os rendimentos provenientes de juros, que haviarn sido quase elirninados
durante as 'decadas de anos dourados' (...) comecaram a aumentar rapida-
mente. Apareceu assim uma nova classe rentista, que vive da detencao de
1860-]870 ,
{o coneen-Marx, Ee
'a de capi-
\ sob con.
:nnite que
al na pro-
ninho de
mjuntural.
meitica no
::apital in-
odes gru-
nanceiros
10 capital
nnamais
)' (ISto e ,
r por ur n
mais di-
{de pro-
;ao entre
3. Pode-se lernbrar aqui a posicaode Schurnpeter: "0 credito e essencialmentecriador de poder de compra, e m vista de sua concessao ao ernpresario, (..J ele carac-teriza 0 rnetodo pelo qual se executa a evolucao economica ha economia nacional
aberta (...). A concessao de tal credito iunciona como uma ordem a economia na-
cional de se submeter aos designios do empresario, como umanorneacao sabre os
bens de que deprecisa, como fideicomissariodas forcas produtivas." Mas,urna vez
obtidos os frutos do investimento e reernbolsado 0 credito, e preciso que ele seja apa-
gada das contas do banqueiro (Theorie del'evoiution economique, cap. 3).
4.0 termo "lucro financeiro' e aqui ernpregadono sentido que-tern nos mercadosdas bolsas, de "revenda de urn ativo financeiro a urn preco superior ao seu pr~o de
compra." .
247
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ativos da divida publica ( ...)" (UNCTAD, 1995, p. 194). Eietivamente, 0
arquetipo do rentista e 0que capta seus rendimentos por via fiscal.
Marx ja 0identifica, ao apontar que "a acumula<;5,o do capital da dfvida
publica significa simplesmente 0desenvoMmento de uma classe decredores do Estado, que estao autorizados a t i rar , para si rnesrnos, cer-
las quantias, do montante de impastos" (livro I l l , capitulo XXX) . Na linha
keynesiana, tamoern se pode ressaltar, como J.P. Fitoussi, que "os ere-
dores nao vivem de sua propria atividade, e sirn da dos devedores.
Quanto maior 0 poder dos credores, mais a atividade e onerada por
custos elevados, que a tomam mais lenta. Assim, todo agente, tornando
ernprestlmos ou nac,· participa da sustentacao dos credores, pois os
precos de venda dos produtos induem urna parcela, maior ou menor,
que cabera a eles" (1995, p, 142) .. Esse processo tern, evidentemente,
uma dimensao Norte-Sui, Mas e tambern interne aos pr6prios pafses
da OeDE, 0que constitui uma das caracteristicas novas do periodo que
se inidou no corneco da decada de 80. Como observa friamente 0
FMJ, "os titulos publicos representam a espinha dorsal dos mercados de
obrigacoes mundiais. Seu volume de transacoes supera, de longe, 0de
qualquer outro segmento dos mercados fmanceiros, com .excecao dos
mercados de cambio" (FMI, 1994, p. 34).
Cinqiientaanos depois de Bretton Woods
A derrubada do sistema rnonetario intemacional que havia sido es-
tabelecido ao tim da Segunda Guerra Mundial esta no amago de toda
a (alta de regula<;ao ulterior. A morte desse si~t~_m(i,_._~m~ZI, levou,
por etapas, hao somenteao desaparecimento de qualquer ancoragem
intemacionaJ das moedas, como tarn b ern a transforrnacao do mercado
de cambio em urn espaco onde moedas e auvos fmanceiros -estao in-
dlssoluvelmente irnbricados.
Hoje em dia, todas as rnoedas, inclusive 0dolar (e mesmo que os
Estados Unidos nao sofressern as conseqiienclas como todos .os outros
pafses), ooltaram a se coniundir entre osatioosIinanceiros, cuja valori-
zacao resuIta de sua circulacao (venda e cornpra, tomadae concessao
de ernprestirno) e das variacoes de seu valorrelativo. Essa circulacao .
da-se nos rnercados de cambia, que sao, ao lado dos mercados de
248
"produtos deri
volume, ° rna:em seus efeitc
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tmente, 0
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que os
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ICessao
::ula~ao
dos de
"produtos derivados", 0segmento de mercado mais importante por seu
volume, 0mais imprevisivel em seus movimentos e 0mais devastador
em seus efeitos economicos.
Cinqiienta anos depois da criacao, na conferencia de Bretton
Woods, do sistema monetario que proporcionou 0crescimento
econornico do pas-guerra, e 23 anos depois da dissolucao desse
sistema, por decisao unilateral dos EU~ a compreensao da situacao
atual pressupoe voltar aos verdadeiros "elementos fundamentals" em
materia monetaria, E preciso entender 0que significam a trans for-
rnacao das moedas em ativos financeiros e a ausencia de uma moeda
que funcione como rnoeda intemacional, no pleno sen tid0do termo,
A moeda nao e apenas urn lnstrumento-veiculo, A existencia de
urna moeda capaz de garantir uma ancoragem efetiva para as tran-
sacoes intemacionais, como urn todo, e indispensavel para garantir asrelacoes economlcas 0maximo de estabilidade que 0sistema capita-
lista pennite, e para fadlitar a. coesao das rela¢es sociais internes. Ate
1914,0ouro foi uma moeda internacional no plene sentido do tenno,
isto e, "0 equivaIente geral" que concentrava as fun<;6es de padrao de
referencia, de meio de pagamento e de instrumento de entesoura-
mento. Os meios de pagamento emitidos durante a Prirneira Guerra
Mundial, bern como a divida acumulada pelos principais Estados beli-
gerantes para financiar os cornbates, acarretaram a crise do padrao-
ouro, antes que a crise de 1929 viesse enterra-lo definitivamente.
o sistema de Bretton Woods foi baseado na conviccaode que era
necessario restabelecer, da forma mais completa pos s fve l , a existencia de
uma rnoeda intemacional corn todos os seus abibutos. o sistema adotado
conferia ao d6lar urn papel central, aolado d5- DUro e, porassim dizer,
representando a este. 0 dolar estava atre!ado ao ouro por uma taxa de
conversao flxa, negociada Intemacionalrnente, Porsua vez, as taxas de
carnbio de todas as outras moedas eram determinadas tendo 0dolar
como referenda Essastaxas eram f i xas , podendo .ser alteradas somente
em funcao de desvalorizacoes ou valorizacoes decididas pelos Estados.
o sistema de BrettonWoodsjefletia.a hegernonia absoluta dos
EUA na concorrenciatntercapitalista, bern como a necessidade de
preencher as enorrnes necessidades.: herdadas da crise de 1929 e da
SegundaGuerra Mundial, para flnanciamento da acumulacao. 0 atrela-
249
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mento do d6lar ao ouro, mesmo que indireto, permltia, bern ou mao•
que este alicercasse urn sistema financeiro e monetario intemadonal,
que comportava a existencia de autoridades estatais, dotadas de instru-
mentos que Ihes possibilitavam controlar a criacao de credito e assegu-
rar a relativa subordinacao das instltuicoes financeiras e do capital de
emprestlrno as necessidades do investimento industrial.5 Ern 1994, corn
o distanciamento de varias decadas, podernos observar que esse
periodo de subordinacao foi, ao tim das contas, muito breve. Terrninou
em mead os dos anos 1960, com as primeiras grandes especula<;6es
contra a libra esterlina. A formacao do mercado de eurodolares, que
examinaremos posteriormente, e uma ctapa importante na reconstl-
tui<;ao da forca do capital rnonetario. Reflete tarnbern a degradacao da
rentabilidade do capital comprometido na producao, bern como 0 fato
de que os EVA deixam de ter uma posicao industrial lncontestavel pelos
outros pafses e, ao mesmo tempo, deixam de curnprir 0papel que lhes
tinha side atribuido em Bretton Woods.
o fim do gold exchange standard, decretado unilateralmente pelos
EUA em agosto de 1971, e produto dessas condicoes como urn tode.
o principal fator interno, de excluslva responsabilidade dos EVA, foi a
explosao da dfvida federal, conjugada a urn deficit crescente na balance
de pagamentos. A criacao desenfreada de meios monetarios para finan-
dar a ernissao de bonus do Tesouro tomou insustentavel a rnanutencao
da paridade d6Iar-ouro. A partir de 1965, 0duplo deficit do orcamentoe dos pagamentos extemos, agravado pelo financiamento da guerra do
Vietna.fraduziu-se P9r emissoes dedolares, cuja.conversao ao.ouro era
pleiteada imediatamente pelos outros pafses, As reservasde Fort Knox
estavam se esvaziando, A impossfvel conversao dos d6lares em ouro, a
paridade decidida em Bretton Woods ouproxlma a esta, evidenciava
todas as contradicoes do gold exchange standard, que haviam sido
anallsadas par liberais como 1. Rueff, consultor de De Gaulle, e por criti-
cos que reivindicavam a analise marxista da moeda/'
5. Numlivro sobre polfticamonetaria, S. de Brunhoff (1973) demons'trou os fimites
desse controfe e anafisou afalsa aparencia das politicas monetarias.
6. Ver novaniente S.de Brunhoff 1973 e1986.
250
.-~.
Sem freios, :
de Bretton WOO(
criados pelo gO\
inicio a economi<ctecada de 1970.
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entre as quais a
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ao consUInidor, .
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do que em revidentemen
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ou Ina,
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L1tenc;ao
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or criti-
1ites
Sem freios, gracas ao desmoronamento das barreiras que 0sistema
de Bretton Woods erguera provisoriamente, os instrumentos de Iiquidez
criados pelo govemo americano para financiar a divida publica deram
inicio it economia do endividamento (a debt economy). Desde meados da
decada de 1970, ela se tornou parte integrante das caracteristicas estru-turais da economia americana, primeiro, e depois de muitos outros paises,
entre os quais a Franca , Nos Es t a do s Unidos, 0montante acumulado da
divida publica, da divida das empresas e da .dfvida das farnilias (credito
ao consumidor, leasing etc.) era 1,9 t rilhao de d6lares em 1970 e ja atingia
4 trilh6es em 1978 . Mas a economia de endividamento americana tambern
alimentou 0florescimento dos euromercados, primeiro elo no nascimento
dos todo-poderosos mercados financeiros de hoje.
o alcance da formacao dos .euromercados
Os euromercados intemacionalizaram a economia de endivida-
mento, verdadeiro cancer da economia mundial. Sua formacao e 0primeiro passo, sem duvida 0mals declsivo, de urn processo que colo-
cou, primeiro os paises do Terceiro Mundo, e hoje 0sistema rnundial
como tal, a merce do capital rentista.
Como sabemos, Keynes fechou sua Teoria gera! preconizando a "eu-
tanasia" do capital rentista Numa passagem importante que se procurou
enterrar, ele se posiciona a favor de "uma taxa de juros bern mais baixa
do que a que {em reinado ate hoje (...). Isto nao significarta que 0uso dos
bens de capital nao custaria quase nada, mas somente que 0retorno que
se obteria teria de cobrir, quando muito, a depreclacao devida ao desgaste
e obsolescencia, e uma certa margem destinada a remunerar os riscos,
bern como 0exercieio de--habilidadeejuIgamento ( ..J. Tal estado de
coisas seria perfeitarnente compatfvel com certo grau de individualismo,
Mas nao deixaria de irnplicar a eutanasia de quem vive de renda e, com
isso, a eutanasia do poder opressivo do capltalista, de tipo cumuiativo, de
explorar 0valor conferido ao~capital por suaescassez",. -
Nao se .praticou a "eutanasia" do capital rentista; pelo contrario, assis-
tiu-se ao seu renascimento e ao crescimento de seu poder opressivo, mais
do que em nenhum outro momento _da hist6ria do capitalismo. Este fato e,
evidentemente, uma das conseqiiencias dalonga fase de crescimenlo dopes-guerra, Apartir do cornecoda decada de 1 9 7 0 , 0sucesso, mas tambern
251
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as contradicoes da acumulacao traduziram-se, entre outros aspectos ,numa queda da rentabilidade do capital investido na industria. Inde-
pendentemente da recente centralizacao e concentracaorlo capital
monetario, os capitais industriais sa1ram em busca de fonnas de vaIor i-
za<;ao puramente financeiras. A formacao dos euromercados, na decada
anterior, ofereceu-lhes possibilidades sem precedentes.
Mas forarn certos govemos, bern identificados, que permitiram que 0
capital monetario concentrado comecasse a se livrar dos entraves das le.
gislacoes nacionais e a expanctir-se sem mais ter de se submeter a medi-
das de controle e enquadramento da criacao de credito, As conhecidas
maximas da teoria bancaria classica, tas como "creditos geram depOsitos"
ou "0 credito aliment a 0 credito", evidenciavam, ao rnesrno tempo, 0
poder dos banqueiros de criarem meios monetarios ea. necessidade de
que os bancos centrais os controlassem. A constitulcao obrigat6ria de r e o
servas, em nivel deterrninado pelo Banco Central, a s vezes legalmente es-
tabelecido; a obrig3o;aOde descontar os titulos emitidos alem de urn certo
patamar; bern como medidas de controle sabre 0cambio e 0movimento
de capitais, constitulam as principais instrurnentos da chamada poli'lica
rnonetaria. Nao se trata de enfeita-la retrospectivamente, nem de atribuir-
Ihe poderes que nunca teve. Mesmo assim, e fato que a intervencao dos
bancos centrals foi enfiaquecida (e depois esvaziada de toda substancia)
pelo estabeleclmento de urn mercado privado interbancario, que escapava
totaImente a essas regras, onde nao havia mais nenhuma reserva obn-
gat6ria, e onde podia haver uma "miJagrosa" multiplicacao do credito.
Os euromercados encontraram na City de Londres sua primeira estru-
tura de aeolhida, que continuou sendo a principal, mesmo quando as bases
intemacionaisforam -rnundializadas. Seu nasclrnento re , muitas vezes,
atribufdo a uma inidativa da URSS, desejosa de colocar suas divisas exter-
nas ao abrigo de medidas de retaliacao arnericanas ..SegundoH. Bourguinat,
essa explka<;;iio e, quando muito, aned6tica; 0verdadeiroponto-de-partida
dos euromercados parece ter side dado, na epoca, pelo comportamento
dos bancos britanicos, Cada vez mais mcomodados com. aqueda da libra
esterlina, eles comecaram a traballiar em dolares.xhamados d e . "eurod6la-
res" po r serem originruios de operacoes de debitQl'ctedito de contas geren-
ciadas fora do pais que os emitia, os EUA Essascontas forarn inicialmenteas das multinacionais americanas, e logo dos bancos norte-arnericanos, que
252
Crescimen1
Ano o:
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988 (marco)
Taxa media (%)
Fontes. Morgan Guarant
(1989), e levich (19J:)I.
estavam entao 5
atividades, ambc
emprestar, ao al
p ais . A lg um a s tin
sob a president
acabaram de C
cado privado qu
o cresc:
Em 1952, (
mente 2 bilhoe:
ultrapassava 4,5da alta no pre<;c
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tros aspectos
ldustria. Ind~
io do capital
nas de vaIori-
'5, na decada
nilirarn que 0
\!raves das le-
neter a medi-
S COnhecidas
m dep6sitos"
no tempe, 0
cessidade de
~at6riade re-
galmente es-
de urn certo
) movimenlo
rada poUtica
1 de atnbuir-
'rven<;iio des
~substancia)
ue escapava
-ese :va obri-
Icredito.
meira estru-
-doas bases
ttitas -vezes ,
ivisas exter-
Bourguinat,
o-de-partida
portamento
eda. da libra
, "eurod61a-
· n t a s geren-lic:ialrnente
canos, que
Tabela 22
Crescimento dos euromercados (em bilhOes de d6lares)
- Dimensao Dimensao Eurod61aresem Mas s a
Anobruta liquida porcenta~em
monetaria dos
(bruta EUA(M2)
1973 315 160 74
861
1974 395 220 76 908
1975 485 255 78 1.023
1976 595 320 SO 1.164
1977 740 390 76 1.287
1978 950 495 74 1.389
1979 1.235 590 72 1.500
1980 1.525 730 15 1.633
1981 1.954 1.018 79 1.796
1982 2.168' 1.152 80 1_954
1983 2.278 1.237
81 2.185
1984 2.386 1.277 82 2.363
1985 2.846 1.480 75 2.563
1986 3.683 1.833 72 2.B08
1987 4.509 2.221 66 2.901
1988 (marco) 4.561 2.227 67 2.966
Taxa media (%) 20,6 20,39,1
Fontes: Morgan Guaranty Trust, World Financial Markets e Economic Report of t h e Pre5ident
(19891,e levich (1990).
estavam entao se encaminhando para aintemacionaliza<;ao de suas
atividades, ambos multo satlsfeitos de po~erem pediremprestado eemprestar, ao abrigo do controledas autoridades monetarias de seu
pais. A1gumas tirnidas medidas de centrole dos movirnentos de capitais,
sob apre-sidencia -de Kennedy-{a regulamenta~ao Q) e de JghJ1Son,
acabaram de convend,!-los a constituir os euromeiCados como reef-
cado privado que e s c a p a v a a elas (C.-A Michalet, 1976).
a cresdmento-exponenc i a l dos euromercados
Em 1952, 0mercado dos eurod61ares movimentava aproxi.mada-
mente 2 bilhoes de dolares; em 1960, em valores liquidos, ainda naoultrapassava 4,5 biihoes. POllCO mais de ..doze anos depois, a s vesperas
da alta no preco do petr61eo em 1973, esse montante atingia 160 bilh6es
253
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de d61ares. A partir de 1973, a massa movimentada dobra a cad a tres
anos, ate 1981, depois segue-se urn periodo de estagnacao, ate retornar
o crescimento, sob 0 impulse da liberalizacao monetaria e financeira.
dos govemos neoliberais. Bourguinat lembra, com propriedade, que, seos eurodolares partidparam em mais de urn terco da reciclagem dos
"petrodolares", tambem e verdade que seu crescimento fulminante teve
urna "maozinha" das lnstitulcoes, em duas ocasioes importantes. A
prirneira foi a supressao, em IS74 , das regulamentacoes e lrnpostos (ern
particular, 0 lmposto de correcao das taxas de juros) que,ate entao, iso-
lavam urn pouco os EVA e sobretudo freavam 2 arbitragem bancaria entre
o mercado interne do d6lar e os eurornercados, A segunda e a aumento
do mimero de pracas que constituem 0mercado privado de Jiquidez dos
fundos, Es ta s nao se Iimitam mais it City de Londres e a Toronto. Alirhen-
tadas por fundos do petr6leo, e mais tarde pelos Iucros da producao ecornerclalizacao mundializadas de drogas (os "narcodolares"), as pracas
off shore (literalmente, "lange do literal", enfatizando sua extralenitoriali
dade perantre 0controle dos bancos centrais) adquhern urn papel.cada
vez maior. Sao as pracas de Hong Kong, Bahrein, Cingapura, e tambern a s
Bahamas, as ilhas Caiman e outros parafsos fiscais da antiga area da libra
esterlina e da area do dolar,
E grande a responsabilidade dos govemos, a comecar pelos dos EVA
e do Reino Unido, na formacao desse imenso mercado privado. Bourguinat
da uma medida disso, ao ressaltar que "0 crescirnento dos mercados fi -
nanceiros transnaclonais cornecou a ser feito, de certa forma, pelos ban-cos, a partir da formacao de urn vasto mercado 'extemo' dos meios de
financiamento, constituido 'paraIelamente' aos mercados nacionais. Estes,
em vez d~-se comurucarem dlretamente e n t r e - s i , ~oma"am:se cada vez
mais interdependentes, atraves dos euromercados." E como rnartelada fi-
nal: "em surna, 0euromercado surge como luna especie deenormc mer-
cado exmi-altandegdrio (como urna loja duty free), e 'por atacado',
acarretando, por via indireta; uma forte integracao financeira internacional"
(Bourguinat, 1992, pp. 57 e 79, sublinhado no original),
o euromercado e urn mercado por atacado, no .sentldo de que s6
trata de somas elevadas, das quais parte irnportante assumi,:" ate a crise
mexicana de 1982, a forma de emprestimosconjuntos feitos pelos ban-
cos internacionais aos p a r s e s em desenvolvimento, 0 euromercado e,
254
. . · 1 · · · · · .
__1
ern .primeiro lugar, un
cerca de 200 bancos.
lhares de participante:.
cinquenta dos rnaiore
o cresdmento e
especialistas a estima
terizado par urn mult
a publicar trabalhos
1969, se na verdade
mente, "da caneta d.
computadores!). Corr
de eurod61ares aurne
mesmo periodo, 05 C
10 com reeursos nay
Adiferen<;a esta re
eria<;ao de credito, ;
ra<;6cs, bern como r.
tada, gracas ao cal
reserva obrigat6ria {
A natur
Essa constatac
prestados aos paise
a legitimidade des
s~clilo XIX,quandc
(:reviam titulos de
.dia-se considerar c
dos euromercados
tro de uma rede f
de suas posic:;6es (
senvolvimento. N;
tenha provocado
7. Va nosso artigo nc
5/11/2018 CHESNAIS,_F._A_Mundialização_do_Capital,_Rio_de_Janeiro_Xamã,_1996._(Pp.237-271_-_Cap.10). - slidepdf.com
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ern primeiro lugar, urn mercado tntercancario. Originalmente, abrangia
eerca de 200 baneos. A partir de 1973, passa a contar com varies rni-
lhares de participantes, mas continua dornlnado pelo ollgopolio de uns
dnqtienta dos maiores bancos dos paises da Triade .
o crescimento exponencial do volume do euromercado levou os
especiaUstas a estimarem, desde a decada de 50, que este era carac-
terizado por urn multiplicador de criacao de credito. Urn dos primeiros
a publica .. trabalhos nesse sentido, M. Friedman, perguntava-se, em
1969, se na verdade os eurod6lares nao nasceriam, pura e simples-
mente, "da caneta dos contadores" dos bancos (antes da invasao dos
eomputadoresl). Com efeito, entre 1964 e 1968,0 tamanho do mereado
de eurod6lares aumentou em 35 bilhoes de dolares, ao passo que, no
mesmo periodo, os deficits acumulados dos EVA, que vinham alirnenta-
10 com recursos novos, aumentararn apenas para 9 bilh6es de d6lares.
A dtferenca esta relacionada it exlstencie de urn multiplicador de
criacac de eredito, baseado nas longas e imbricadas cadeias de ope-
racoes, bern como na pirarnide de creditos e dividas que ia sendo mon-
tada, graces ao carater interbancario do mercado e a ausencia de
reserve obrigat6ria e de rnecanismos de controle.
. que, se
~rn dos
Illte teve
antes. A
stos (em
l t a O , iso,
ria entre
tUmento
.dez dos
Al imen-
tU<;aoe
, p~as
ntoriali-
.e 1 cada
bern as
da libra
Anatureza dos emprestlmos de capital
ao Terceiro Mundoos EVA
rrguinat
ados fi-
~sban- Essa constatacao levou a questioner a natureza dos capitais ern-
preslados aos paises rnais endividados do Terceiro Mundo, bern como
a legitimidade dos pagameritos a que esses paises sao obrigados. No
seculo XIX, quandoospoupadores .prtvados dos palses l1!~s ricos subs-
creviarn titulos de divida publica ernitidos por Estados estrangeiros, po-
dia-se considerar que uma "riqueza" estava sendo transferida. No caso
dos euromercados, creditos forarn cnados como que por encanto, den-
tro de uma redefechada de bancos ligados entre si pelo emaranhado
de suas posicoes devedoras e credoras, e oferecidos aos paises em de-
senvolvimen to. Nao houvenenhuma transterencta de poupanca que
tenha provocado algum "sacrificio" dos concessore; de emprestimo?
!ios de
. Estes,
davez
lada fi-
e mer-
cado',
:ional"
.ue s6
!crise
; ban-
.do e, 7. Vef nossoartigononum~o especial da revista Tiers Monde, 19B4,
25 5
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Pelo contrario, ao proporcionarern 0reerguimento da economia dos
parses da OCDE, mediante as exportacoes ao Terceiro Mundo, os con.
vidativos creditos oferecidos criaram investimento, emprego e renda.
00 anguio keynesiano, a partir do momento que a poupanca e resul-
tado e nao causa do investimento, esses creditos tambem aiudaram a
formar poupanca no "Centro" do sistema mundial.
Para os pafses em desenvolvimento, os creditos tinham valor de
capital (ou poderiam te-lo, se nao houvessem sido desviados para com-
pras de annamentos e outros gastos parasitarios). Para os bancos, a
montagem dos ernprestimos concedidos estava diretamente ligada ao
funcionamento do multiplicador. Tratava-se de componentes de urn
~l;m~ complexo, feito de rnultas contas a pagar e a receber; de uma
criac;ao convencionaJ, para nao dizer fictfcia, de Iiquldez, destinada a
gara n tir a entrada de lucros bancarios, A verdade e que, quando em
1982 estourou a crise da divida do Terceiro Mundo, com a incapacldade
do Mexico de curnprir os pagamentos, nao houve nenhuma crise
bancaria; quando multo, para certos bancos de certos paises, houve
prejulzos que levaram a uma queda nos lucros e, no caso dos bancos
privados, nos dividendos e na cotacao de suas a<;6es nas Bolsas,
Asslstlrnos entao, entre 1982 e 1984, a constltuicao de "comites
de credores"; a elaboracao de pianos de reescalonamento das divi-
das; it. cria<;ao de urn mercado secundario da divida estatal, onde as
bancos mais expostos podiam Iimitar seus riscos, vendendo seus
titulos dificeis de cobrar para firmas especializadas na "caca ao pais
em desenvolvimento devedor"; por fim, paraficannos noessencial,
a prescricao de uma parte do capital produtivo nacional dasnacoes
.devedoras, .sob a forma deaquisi<;aode--etnpresaspublicas-prlvati-
zadas, para pennitir a conversao da divida em titulos de propriedade
entregues aos credores. No total, houve uma espetacular Inversao de
fluxos. Entre 1980 e 1983, houve primeiro uma dlminuicao brutal das
entradas Hquidas de creditos privados para. os -paises em desen-
volvimento, que passaram de 26 a 1,6 bilhao de dolares. Depoi~,a
partir de 1984, 0fluxo simplesmente passou a correr em sentido con-
trarlo, tornando-se uma transterencia liquida de 2S ·bilh·oes de
d61ares aos bane os credores (Dembinski, 1989). A."dolariza~ao" -daseconomias devedoras (Salama e Valier, 1989 e 1991),beni como a
25 6
I.
Olocac;ao a venda de setor-c ,
saO cOnseqtiencias diretas
para garantir 0pagamento
Marx ja eomecara a c<
formac;ao da "massa orgarposta sob controle dos bar
fere-se ao comportamento
centrac.o, em suas relacoe
ernprestimos, que nao os c·
tal gerador de jUfOS, como e
talista, do capit_alde agio~(
cardter desse capital em si.
opera mudaram e, portanto
{renta 0que empresta· dinI
(livr-o fil, capitulo XXXVI). N
pais instituiC;6es financeiras
despossuidos decorrem des
Div ida publ ica ,
A segunda etapa, na
.corneca pouco antes do es
1980. Segue-se it chegada
mas indui igualmente as
verno consetvador britam<
Ativos disj
..··----nospri ncipais paises-uaC(.
Classifica~ao Pais
EV A
2 Reino Unido
3 Jc.pao
4 Canada
5 Alemanha
Total
Fonte: fMl (1995, p- 166)
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'lia dos
os con.
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l i a r d e
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ida ao
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10 em: i d a d e
crise
houve
·ancos
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; divi-
de os
seus
) pais
ncial,
l"~S
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d a d e
to de
I das
esen-
lis, a
con-
s d e .
das
1.0 a
".,_,___""""_"
colocac;ao a venda de setores inteiros da economia, como na Argentina,
sao conseqilencias diretas do endividamento e dos meios empregados
para garantir 0pagamento dos juros.
Marx ja comecara a caracterlzar socialmente as consequencias da
fonnac;ao da "massa organizada e concentrada de capital monetano,
posta sob controle dos bancos". Urn dos aspectos que ele ressalta reo
fere-se ao comportamento de agiotagem desse capital rnonetario con-
centrado, em suas relacoes com outras categorias de tomadores de
emprestimos, que nao os capitalistas industriais. "0 que distingue 0capi-
tal gerador de juras, como elemento essencial do modo de producao capi-
talista, do capital de agiotagem, tuio e , de forma a/guma, a natureza au 0
cardter desse capital em sf. E slmplesmente que as condicoes em que ele
opera mudararn e, portanto, a figura do tomador de emprfsfuno que en-
frenta 0 que empresta dmneao tambem se modificou completarnente."
(livro III, capitulo XXXVl ) . Neste fun do seculo xx , as relaC;6es das princi-
pais instituicoes financeiras mundiaiscom os pafses e classes socials mais
despossuidos decorrem dessa caracterizacao.
Davida publ ica , liberalizacao emundializa~ao
A segunda etapa, na irnplementacao da mundializac;ao financeira,
comeca pouco antes do estouro da dfvida do Terceiro Mundo, em 1979-
1980. Segue-se a chegada de Paul VoIcker a chefia do Federal Reserve,
mas lnclui igualmente as medidas tomadas, paralelamente, pelo go-
verno conservador britanico chefiado por Margaret Thatcher, num pais
Tabela 22a
Ativos disponlveis dos fundosde pensao,
nos prindpa.is palses da ocnE rom-sistemas privados de aposentadGria- ..
(em bilh6es de d6lares)
rCIas s i f i c acao Pais 1980 1988 1990 1991 19Y2 1993
1 EU A 667,7 1.919,2 2.257,3 3.070,9 3.334,3 3.571,4
2 Re in o U n id o 151,3 ~483,9 583,6 .. 642,9 670,5 695,7
3 J a p ao 24,3 134;1 156,8 1~2.3 191,9
4 Can ad a 43,3 131,3 171,8 188,4 , 191,7
5 A l em a n h a 17,2 41,6' 55,2 58,6 62,6 53,5
Tota l 903,8 2.710,1 3.226,7 .4.143,1 4.388,4 4.320,6
fonte: FMI (1995, p. 166)
257
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que tern duas caracterfsticas importantes, do ponto de vista do assunto
que estamos tratando. 0 Reina Unido abriga a City, que e a mais anliga
praca financeira do mundo, e ainda a segunda, se nao por seu volume
(Toquio e mais importante), pela variedade e sofisticacao de seus ins-
trumentos de colocacao. E 0 Reino Unido e tarnbern 0 pars de origem
dos maiores fundos de pensao privados do mundo, depois dos EUA.
As medidas decididas, conjun tamente, pelos gavemas americana e
britanico deram a luz a sistema contemporaneo de flnancas, liI.>erali.
zadas e rnundializadas, Neste sistema, as instituicoes dominantes nao
sao mills os bancos, e sim os mercedes financeiros e as organizac:;6es
financeiras que neles atuam. Pelo contrario, os bancos passaram a so-
frer, na esfera finance ira, a concorrencia dessas Iorrnas recentes de cen-
tralizacao e concentracao capitalistas - os fundos de pensao e os
fundos rmrtuos -, ao lado das quais ate os maiores bancos parecern
anoes. As rnedidas tomadas a partir de 1979 acabaram com 0 controle
dos rnovimentos de capitals em relacao ao exterior (entradas e saidas),
ou seja, liberalizaram, melhor dizendo, escancararam os sistemas f i -
nanceiros nacionais. Essas medidas tambern abrangeram as prirneiras
fases de urn vasto movimento (que ainda esta por ser concluido) de des-
regulamentacao moneta ria e Ilnanceira, cuja prirnelra consequencia foi
acarretar, desde 0comeco da decada de 80, a rapida expansao dos mer-
cados de obrigacoes, interconectadosintemacionalmente.
A formacao dos mercados de obrigacoes alende as necessidades,
ou serve aos interesses de dois grupos de atores principals, 0 prirneiro
e 0 dos govemos dos paises industrializados. A instalacao de urn mer-
cado de obrigac;6es,· e ainda dequebra bastanteaberto aos investidores
financeiros estrangeiros, permitiu-lhes procedera securitizacao dos
ativos da divida publica, isto e, ao flnanclamento dos deficits orcamen-
tarios mediante a aplicacao, nos mercados financeiros, de bonus do
Tesouro e outros ativos da divida. 0 segundo, grupode. fortes atores
cujos interesses foram satisfeitos pelas reformas constitutlvas da
mundializacao Iinanceira e pela adocao deflnanclarnento dos deficits
orcamentarios dos paises da OCDE atraves da aplicacao de ativos no
segmento de obrigacoes dos mercados financeiros, foram os .grahdes
fundos de pensao e as fundos rnutuos de investimento. No tocante aos
fundos de pensao, as de maior presen<;a no rnercado de obrigacoes
25ft
tJ1980
.11 199::!
americano, estima-se que
de 1,36 trilhao de dolare:
epoca, 3,78 trilhoes) esta-
vadas (numa razao, em Ii
essa mesma forma 47% (
bilh6es) e igual percenn
Ih6es). No que diz respe
ativos e cerca de 40% if
em suas carteiras, pelas
A organizac;ao de m
largamente abertos aos in
procedessem a securitiza(e , ao financiamento do:
bOnUSdo Tesouro e outr
interesses capitalistas, e
nhando em todas as ins
flscal, inspiradas pela "ff
dades de evasao oferec
mesmo tempo que enric
no quadro dos fundos n
se aprofundaram os de
on;;amentas reservada
tomou sua pressaa sol
Estrutura dos ativos III
565
fundos err
mercadosmonet<'lrio
Fonte: Marchand e Merieux (\
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ista do assUnl. a.~a mais antiga
JOr seu VOlume
to de seus ins- ..
larS de Origemois dos EVA
- s americana e
ancas, liberali-
)minantes nao
; arganizac;6es
assaram a so-
:entes de cen-
pensao e cs
leas parecem
>Ill 0 contrale
das e safdas),
5 sistemas fi -
as primeiras
1ufdo) de des-
sequencia foi
[sao dos mer-
iecessidades,
i. 0primeirode urn rn er-
investidores
iti2a~aodos --
i ts orcarnen-
te bonus do
fortes atores
titutivas da
dosdeflctts
le ativos no
os grandestocante aos
obriga~oes
II
americano, estima-se que, em t 990, 36% dos seus ativos (isto e , cerca
de 1,36 trilhao de d61ares, sobre urn total de ativos que alcancava, na
epoca, 3,78 trilh6es) estavam sob a forma de obrigacoes publicas e pri-
vadas (nurna razao, em linhas gerais, de 2 para 1); nessa epoca, tinharn
ess
a
mesma forma 47% dos ativos dos fundos japoneses (cerca de 150
bUhoes) e igual percentual dos fundos canadenses (cerca de 100 bi-
Ih6es). No que diz respeito aos fundos mutuos (cujo montante total de
alivos e cerca de 40% inferior), 0Crafico 14c indica 0lugar ocupado,
em suas carteiras, pelas obrigacoes.
A organizac;ao de mercados financeiros, escancarados para fora e
largamente abertos aos investidores institucionais, perrnitiu que os govemos
proce<1essema securitizacao (titulariza<;ac)dos ativos da divida publica, isto
e, ao financiamento dos deficits orcamentarlos mediante aplicacao de
bonus do Tesouro e outros ativos da divida, nos mercados flnancelros, Os
interesses capitalistas, especialmente as de careter rentista, sairam ga-
nhando em todas as instanclas. Beneficiaram-se de rnudancas no regime
f iscal, inspiradas pela "revoluc;ao conservadora", bern como das oportuni-
dades de evasao oferecidas pela Jiberalizacao dos fluxes financeiros, ao
mesmo tempo que enrtqueciam detendo utulos publicos de curto prazo,
no quadro dos fundos rmituos de investimento au SlCAVs.Quante mais
se aprofundaram os deficits on:;amentiu1as, mais aumentou a parte dos
orcamentos reservada para a service da divida publica, rnais forte se
tornou sua pressao sabre as govemos.
Grafico 14c
Estrutura dos ativos ljquidos dos fundos mutuos nos EUA (1980 e 1992)
(ern bilhoes de d6lares)2,075
0980
~ 1992
Fundos ern Obriga~6es'
mercadosmonctarios
Fonte: Marchand e ,'~erieux(1996)
Tot<l!
259
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a primeiro governo a tirar proveito do afrouxamento das restri~6ers
fiscais e orcamentarias foi, naturalmente, 0 dos EUA.,cujos deficits ex.
plodem sob a presidencia de Reagan e doparn a economia americana du-
rante cerca de olto anos. Mas, para garantir a drenagem, para a mercadofinanceiro americana, de parte elevada da liquidez rnundial, as autoridades
americanas decidiram aplicar mais urn conjunto de medidas, ao fun dos
anos 80. Tais medidas comportaram, em particular, uma elevacao pas.
sageira, mas multo significativa, da taxa de carnbio do dolar (quase 250
ienes na prirneira metade da decada de 80, ao passo que 0nfvel atual
oscila em torno de 100 ienes) e a instauracao de urn regime de taxas de
jUlCS reais positivas. Esse regime rna se prolongar, em bora as taxas, entao
muito elevadas (entre 12% e 8%, em term os reais, de 1980 a 1984), venharn
caindo progressivamente, a medida que 0regime de financiamento das
demandas piiblicas e privadas de liquidez, atraves dos mercados de obri-
gacoes, estende-se a outros paises; que todos os grandes pafses recorrem
aos rnercados financeiros pra financier seus deficits; e que se afmnam, em
nivel mundial, mecanismos que tern como eixo < ' 1 . 5 necessidades do novo
arbitro historico do capitalfinanceiro, predominantemente rentista,
Com 0estancamento dos fluxos de credito para 0Terceiro Mundo.
sao os paises da OCDE, a cornecar pelos EUA.,que se tornam os principais
tomadores deemprestirnos, as emprestimosconjuntos da decada de 70
deram Jugar aos procedimentos de mercado, tendo como modalidade es-
sencial a adjudicacao de bonus do Tesouro. Esta comecando a era da
"mercadorizacao dos fmanciamentos" (Regnier, 1988)
Esse novo enfoque de rnundializacao nao decorre, com certeza, de
algumpJanocalculado, e sirn propaga-sepor efeito de contagio, Todo
Estado que nao pretenda denunciar essas praticas, nem colocar sob
acusacao a politka dos -EVA , mas que tambem queira colocar seus
bonus do Tescuro, e obrigado a se alinhar as praticas ar'nericanas. Foi
o que fez a Franca em 1984-1985 (ver m~ adlante), a mesmo vale
para a desregularnentacao. Todo Estado que naoesteja disposto a abrir
urn confronto dire to com os ninhos de capital monetario concentrado
de seu pais (bancos grandes cornpanhias de seguros) e obrigado a
acompanhar, ou ;de a antecipar-se aos demais. Com efeito, a
rnanutencao de controles e restricoes maiores d o que se pratica em
outras pracas financeiras s6 pode dar em desviar osoper~dores, e seus
260
fundos, para <
em materia ti '
caminho a se:
e socials ullin
A mundi
freada, pelo
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<ialidade es-
Io a ern da
certeza, de
t.igio. Todo
;oIQc~ sob
)Iocar seus
ric.;mas. Foi
iesrno vale
osto a abrir
oncentrado
obrigado a
1 efeito, a
pratica em
res, e seus
I
fundos, para as pracas onde reina a "liberdade de ernpreendirnento"
em materia financeira. A busca de lucros financeiros ditara entao 0
caminho a seguir, quaisquer que sejam as consequencias economicas
e socials ultimas,
A rnundlalizacao avancou de maneira ainda mais rapida e desen-freada, pelo fato de os grandes operadores se beneficiarem de uma
especle de garantia de impunidade. Fro 1984,0 presidente do Federal Re-
serve, P. Volcker, declarou, a prop6sito da suspensao de pagamentos pelo
banco Continenlal illinois, que este eraimportante demais (isto e, tinha
urn lugar demasiadamente central na cadeia de creditos e debitos) para
se deixar que fosse a Ialencia, Nasda a politica do too big to fail. Ela se
confirrnou quando da suspensao de pagamentos pelo Hanover Manufac-
turer, depots por ocasiao do rnini-estouro semi-fraudulento das caixas de
poupanca americanas. Ditou a conduta das autoridades financeiras quando
do verdadeiro estouro na Bolsa de Wall Street, em outubro de 1987, do
Estado japones em rela<;ao aos bancos e ernpresas de credito imobiliano,
ou ainda do Estado frances em relacao ao Credit Lyonnais.
Desregulamentacao e desintermediacao
Convent distinguir tres elementos constitutivcs no estabelecimento
da mundializacao finance ira: a desregulamentacao ou liberalizacao
rnonetaria e financeira, a deslntermedlacao e a abertura dos mercados
financeiros nacionais. De fato, existe uma Interacao e u r n profundo en-
trelacamento entre esses tres processas. 0 conceito de "globalizacao
financeira" abrange tanto 0desrnantelarnento das barreiras intemas an-teriores entre diferentes funcoes flnanceiras e as novas interdependen-
cias entre os segmentos-do rnercadoc.como a lnterpenetracao dos
mercados monetarios e flnanceiros ,nacionais e sua integracao em mer-
cadosmundializados, au subordlnacao a estes ..
Uma 'das consequenclas rnais Importantes da Uberalizac;;aa e da
desregulamentacao foi a -quase completa perda de contrale pel os ban-
cos centrais, a comecar pelo Federal Reserve americana, sabre a de-
terminacao donivel das taxas de juros, As taxas a medic e longo prazo
sao estabelecidas exclusivamente pelos operadores mais poderosos,
que comandam as tendencias dos rnercados financeiros (os fundos de
261
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investimenlo, e em particular os fundos de pensao), A s taxas d i a n a s Con.
tinuam sendo, em principio, apenagio das autoridades rnonetarias, mas estas
tern eada vez menos libetdade de movimentos diante dos agentes privados.8
A desregularnentacao financeira voltou-se, em seguida, para a aboli.;;;~o
das regularnentacoes e con troles no tocante a fixacao dos precos des
services bancarios. Essas primeiras inovacoes financeiras logo afetaram
profundamente todo 0 mercado intemacional de capitals. Com taxas de
juros multo mais rnovels e as prcprias taxas de camblo extrernamente
volateis, 0 sistema comecou asecretar toda urna sene de novos instru-
memos, cuja razao de ser parece dever-se a necessidade de gerenciar
essa dupla instabilidade. Sao os "novos produtos" e os barbarismas de
seus nomes: os instrumentos de ernissao (RUFS : Revolui7g Underusiting Fa-
dlities; NfFS: Note Issuance Faalities), os instrumentos de opcoes mwtipJas
(M: JFS : Mullip/e Option Fadlities), os contratos de f i x a < ; O O de taxas de juros
( F R A . . : Fixed Rates Agreements), a s o p co e s, os futuros, os SlOOpS etc.
De fato, como observe oportunamente H. Bourguinat, as inovacoes
flnanceiras e os "novos produtos" tiverarn tres vocacoes simulta-
neamente. Eles abrangem as dimens6es da globallzacao financeira
como urn todo: "Permitir gerenciar a instabilidade das taxas de [uros e
do carnbio, mas, muito mais do que isso, passar de urn segmento do
mercado (intemo) para outro (taxa variavel-taxa fixa; rnercado a vista-
mercado a prazo etc.), e tarnbern passar cada vez mais facilmente de
uma rnoeda para outra. 0movimento de desregularnentacao e as 100-
vacoes convergiram para dar garantias aos operadores contra a in-
certeza, e tam bern para lhes permitir Iabricarern a divisa quequiserem,
e portanto terem, de saida, a otica multidivisas implicada justamente
peJa globalizacao do mercado" (H. Bourguinat, 1992, p. 92).
No moos amplo.sentido do terme, "a destnterrnediecaoe 0processo
peio qual os usuaries de services financeiros satisfazern. suas necessidades
por fora das instituicoes e redes tradicionais'' (Bertrand e NoyeUe,J~90).
Esses autores atribuem ta l desenvolvimento £10 fato de que oaumento
dos custos adminlstrativos e 0crescente diferencial entre as taxas de juros
cobradas do cliente e as taxas ganhas nas contas de poupanca teriarn le-
vade as grandes e:
fundos de curto pre
sos de longo prazo
querem a emissao
ao processo de "titt
Regnier oferece un
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qualquor iniciativa nesse sentido pelo Banco da Franc;:a, e Ulna boa expressao desse
processo (ver arligo de L Leser no [ornal Le Mondede1/9/941.
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'oyelle, 1990).
~0aumento
axa s de juros
u;;a teriam le-
BJ. porfora de
essao desso
vado as grandes empresas a abandonar os bancos, passando a buscar
fundos de curto prazo no mercado comercial de papeis, e depois recur-
sos de longo prazo no mercado financeiro. Vistoque essas operacoes reo
que rem a emissao de titulos de credito, varies autores preferem referir-se
ao processo de "titularizacao" ou "securitizacao" (em ingles, securitisationy.
Regnier oferece uma explicacao bern mais convincente, quando <liz que
"a titularizacao", isto e, a expansao das tecnicas de fmanciamento rnedi-
ante emissao de titulos, "foi favorecida nos EUA,e tambem na Franca, pelo
florescimento dos bonus do Tesouro e obrigacoes do Estado para finan-
ciar os deficits orcarnentarios" (1988, p. 8). Na Franca, em 1987,quase 60%
do mercado de titulos de creditos negociavels, mercado nascido das reo
forrnas Iinanceiras de 1984 e 1985,correspondia a colocacao de bonus ne-
gociaveis do Tesouro. As grandes empresas indubitavelmente ganharam
com esse novo mercado. Na mesmo ano, graces as notas de caixa, aos
certificados de deposito ou ao MATF, elas tiravam quase 70% de seus re-
cursos diretamente no mercado. Mas este era e continua sendo domi-
nado pelo Tesouro, como iremos eonstatar mais adiante, ao examinannos
a abertura do mercado frances.
A desinterrnediacao diz respeito tambern aos mercados de pou-
panca ou fundos de reserva de particulates que gozarn de bons rendi-
mentes. Devido aos mesrnos diferenciais de taxas de juras, os clientes
cornecaram a transferir seus fundos das eontas de poupanca, ou
rnesmo de sua ap6lice de seguro, para fundos que of ere cern maior
rentabilidade. Em 1977, a MerrU Lynch, uma das principais corretoras
americanas, criou sua farnosa conta de gerenciamento de caixa para
particulates, 0cash management account ou CMA. Ugando uma eontade titulos com urn cartao de credito, Q CMA permitia conferir aos fun-
.. -~dos investidos nos mercados de capitais a mesma liquidez daqueles de-
positados nas contas eorrentes ou contas de poupancatradicionais.
Pouco depois, veio a perrnissao, pelas autoridades monetarias america-
nas, para que os bane os eliminasserna barrefra entre eontas a prazo e
a vista As inovacoes financeiras rnultiplicaram-se, por exernplo com a
criacao do Automatic Transfer SenJice (transferencia imediata das contas
a vista para as contas a prazo) e dosShare Draft (cons6rcios), e depois
sepropagaram na Europa e no Japao, A partirde 1984, a Franca assistiu
a urn aumento explosive dos SlCAV, dubes de investimento e outras
modalidades de investimentos mutualizados, para particulares, com sig-
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nificativo deslocamento das formas de poupanca tradicionais para run-
dos de rentabilidade mais elevada.
A abertura dos mercados nacionais
o tenno "abertura" designa dois processos: aquele relative as bar-
reiras intemas, anterionnente estanques, entre diferenles especiaJi-
zacoes bancarias ou financeiras, e aquele relativo as barreiras que
separam os mercados nacionais dos mercados externos, Abertura sig-
nifica ainda 0fim dos segrnentos e especializacoes anteriores. Com
efeito, trata-se de process os lndissoluveis.
Na Franca, a mais imporlante medida de aberlura intema foi a da lei
de 1984, abolindo a separacao entre oscreditos e ernprestimos de ·longo
prazo e as creditos de curto prazo, No Reina Unido; 0famaso "big bang"de 1986 teve 0rnesmo sentido, pennitindo confundir cerlas funcoes dos
contrapartistas (jobbers) e dos corretores (brokers) e autorizando as nao-
residentes a screm co-particlpantes das emissoes estrangeiras. Nos paises
onde a Legislativo ainda e forte, como nos EUA, a questionamento das
separacoes estabelecidas durante a grande crise encontra maiores ob-
staculos, Mesma assim, certas barreiras essenciais, inclusive ate aquela, de
carater central, do Glass Steagall Act (1933), que separa os bancos comer-
dais dos bancos de investirnentos, especializados na colocacao de valores
mobillarios, estao sendo visadas pelo .rnovimento de abertura De qualquer
modo,0
processo de desregulamentacao e de "rnercadorizacao'', comourn todo, esvaziou essas barreiras em boa parte de seu conteudo,
Existem multiples instrumento_s de abertura ernrelacao ao exterior. a
liberalizacao dos fluxos de cambia, a abertura do mercado de creditos (se-
curitizacao) aos operadores estrangeiros, a aberlura da Bolsa as empresas
estrangeiras etc. A Tabela 23 pennite captar a amplitude dos efeitos de
abertura do sistema financeiro frances. 0montante de compras de titulos
franceses de curto prazo, por capitals estrangeiros em busca de lucros fi-
nanceiros (as investidores de carte ira) iii e superior asexportacoes de bens
e services. [s10 significa que as politicas macroeconomicas dos govemos
franceses te rn como primeiro objetivo tomar "a t ra t iva" a detencao dos titu-los franceses e evitar que tais titulos sejam revendidos logo depois de com-
prados. Trata-se de titulos privados e, sobretudo, publicos. D. Plihon
264
E s t r u t L
Movimentos de capit-
em % do PIB
Participa~ao na balanc.(fluxes em %)
T ransa~6es correntes
Capitals de longo praz
investimento em can
Capita is de curto praz
setor bancario
• Va r i a c; :O "$ co r r en t e s
t-onte: Banque de fra;1cE
destaca que "os I
mais elevados no
ga~6es" (1993, p.
nas carteiras dos
(1988 e 1991) e i
detinham cerca
Sua cornpra nerr
bancos franceses
investidores estr<
Btado frances.
Os r
A mcorpo:
tes" diretamen1
de 90, represe
Deve-se disting
como Hong K
Londres, no qt
para a expansdurante a fas"
institucional c
--... - ....~-----
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Tabela 23
Estrutura da balanca de pagamentos da Francaionals para fun-
participar;ao na balanca global 1980 198~~T 1992
1f1uxos em %)
Credito Debito Credito DebitoI
Credito Debito i
Transao;5cs correntes 71,1 72,5 56,7 56,2 31,531 3 !
(apitais de longo prazo"\
14,6 17,7 39,1 41,2 I 64,9I63,3
investimcnlo ern carteira 8,0 7,9 34,5
\
62,11
59,7
Capita is de curto prazo" I II
setor bancario 11,1 6, 0 2,7 : , - r 1,0 I 4,2
I Iovimeotos de r:apitais I
em % do PIB 14,3 13,8 I 26,5 _ 88,8 89,2 I
.IS
relativo a r ba~ r -
ntes especiali_
barreiras que
O J . Abertura sig.
nteriores, Com
zm a foi a da lei
timos de longo
oso "big bang"
as funcoes dos
izando os nf)O-
ras, Nos parses
:onamento das
a rnaiores ob-
ate aqueIa, de
oancos comer-
<;aode valores
a De qualquer
iza~o", como
ueudo,
• Varia<;oes correntes
fonte: Banque de france, Direction de la balance des paiements, INSEL
destaca que "os rendimentos dos titulos franceses tern estado entre os
moos elevados no mercado frances, em particular no segmento de obri-
gacoes" (1993, p. 9). Entre 1987 e 1992, a parcela dos titulos publicos
nas carteiras dos investidores financeiros estrangeiros oscilou entre 25%
(1988 e 1991) e 65% (1990 e 1992). Em fins de 1992, os nao-residentes
detinham cerca de urn terce dos titulos da dfvida publica negociavel,
Sua compra nem sequer e fmanciada por divisas estrangeiras. Foram os
bancos franceses que criarain os rneios de liquidez que tern permitido aos
investidores estrangeiros eruoolsarem as taxas de juros oferecidas pelo
Estado f rances.
Os mercados financeiros "emergentes"ao exterior: a
ecredltos (se-
t a s empresaslos. efeitos de
p ras de tftulos
1e lucros fi-
«; ;6es de bens
dos governos
~ao dos t i tu-
~IX>isde COrn-
os , D. Plihon
A tncorporacao dos charnados mercados financefros "ernergen-
tes" diretamente as redes de tinancas, a partir do corneco da decada
de 90, r-=presenta a etapa mais recente da mundtalizacao financeira.
Deve-se distinguir esses mercados das -pracas flnanceiras maisantigas,- .
como Hong Kong e Cingapura, nascidas como proje<;ao da City de
Londres, no quadro da antiga zona da Iibra esterlina, que contribuiram
para a expansao e intemacionaliza<;ao dos rnercados de euro-divisas,
durante a lase que analisarnos acima, e que fazem parte do alicerce
lnstitucional da mundializa<;ao financeira. Pode tratar-se aqui de mer-
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cados financeiros realmente novos, como em certos paises da Asia e,dentro em breve, na China. Mas, em outros casos, trata-se, na verdade ,
de mercados financeiros que exislern ha varias decadas, ou mesmo ha
quase urn seculo (como na Argentina), mas que, depois da crise de
1929 e da Segunda Guerra Mundial ate 0 fim dos anos 80, viveram no
contexte de urn regime de contrale estrito dos movimentos de capitais
e, e claro, sem securitizacao da divida publica.
Os EVA , 0 FMI e seus aliados e representantes locais, formados nas
universidades americanas conforme a crenca e as receitas neoliberals,
conseguiram, em marcha forcada, a abertura de pequenos mercados bol-
sistas e espedalmente a adocao da securitlzacao da dfvida publica, jun-
tarnente com a constituicao de mercados domesticos de obrigacoes,
interconectados com os mercados dos paises do centro do sistema. Acrisemexicana mostrou bern as consequencias dessa palitica. Esta sera rnane-
jada,sern diivida, de forma rnais prudente, mas nao se pensa em voltar
atras, pais, do ponte-de-vista dos inieresses especificos do capital fi-
nanceiro de caracteristicas rentistas, representados pelos grandes fundos
arnericanos ou britanicos, as quest6es em jogo sao colossais. Sao definidas,
pelos estudos anglo-sax6nicos sobre os fundos de pensao (Davis, 1994) ou
pelos relat6rios de grupos de consultoria privados sabre a rnundializacao
financeira (McKlnsey, 1994), como consistindo ern garantir, no futuro, urn
fluxo regular de rendimentos, para os aposentados asscdados aos fundos
privados dos paises adiantados. Por enquanto, estarnos ainda lange de
fechar as contas, pais os mercados "emergentes" so asseguram a colocacao
de aproximadamente 15% dos capitais mundiais que buscarn uma apli-
caceo quemantenha alto graude l iquidez (FM~ 1995).
"Fora-de-balance", derivativos e capital ficticio
Hoje em dia, a piramlde de creditos e debitos que se formou na
epoca dos mercados das euromoedas nao. desapareceu: muito pelo con-
trario. Mas sua configuracao e seu montante tomararn-se totalmente opa-
cos, devido ao desenvolvimento acelerado do "fora-de-balanco", Como
vimos, no corneco tratava-se de uma das nurnerosas medidas tomadas
para atenuar os efeitos da insolvencia do Mexico e dos outros grandes de-
vedores do Terceiro Mundo, Masessa operacao bancaria, que consistia em
266
excluir do
coloca-los
peclilios,
seqtiencic
respeito
volviment
renegoci;
os mais
bilifuias (
quanto ;
montant-
Ma~
controle
atividad
de hala
mento
ra~6es
risco, c
financE
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"secur,
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C
- r < :. . < ; ; o e
sobre
prega
em d
R. c.pregc
sas (
repre
9. A rbre d
opere.
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ses da A s ' •ra e
e, na Verdad 'e,
ou mesrno h a
s da crise de
0, Viverarn no
JS de capilais
fonnados nas
s neoliberais,
nercados bal-
publica, jun.
obriga<:;:Oes ,lema. A C t 1 ; : ; e
ls e r a mane-
sa em voftar
o capital fi-
odes fundos
a o definkfas,.1 5, 1 99 4) au
und ia l i zac ; ao
I futuro, um
aos fundos
a longe de
1coloca<:;:ao
uma apli-
:do
Onnou na
pelo con-
rente opa-
o", Como
tomadas
mdes de-
lSistiaem
excluir do balance os creditos duvidosos ou sem grande futuro, e em
coloca-los junto a lomadores de ernprestirnos finals (fundos de pensao,
pedilios, particulares etc.) sob forma de ativos renovaveis e, por con-
sequencia, a taxas variaveis, foi bern adianle disso. EJa nao diz maisrespeito apenas aos creditos concedidos aos paises em desen-
volvimenlo, mas a todo tipo de creditos hipotecarios ou creditos a taxas
renegociaveis. A exclusao dos creditos ruins do balance dos bancos -
os rnais comprametidos na sustentacao das grandes operacoes imo-
bilianas que deram errado em 1 991 -1 992 - teve talvez tanta influencia
quanta a divida dos paises em desenvolvimento, no ereseimento do
rnontante dos creditos "liquidados" par rneio desse artificio.
Mas a pratica do "fora-de-balance", que deixa as operacoes sern
controle nenhum e que intraduz uma total falta de transparencia na
ativ:idade bancaria, vai muito mais longe ainda, Sao classifieados forade balance todos os comprom:issos que nao decorrern de financia-
mento (fundingv, por nao "terem as caracterfsticas objetivas das ope-
racoes financeiras prapriamente ditas", Trata-se das operacoes de
risco, cujo dorninio decorreda "utilizacao de raciodnios estatisticos e
finaneeiros" (J. Regnier, 1 9 8 8 , p. 99). Pertencern a essa categoria e sao
contabllizados fora de balance muitos dos derivatives, isto e, creditos
que ja encontraram cornprador, mas que seus detentores vendem por
an te c ip ac ao (a ehamada op e rac ao "a termo") no mereado
"secundario", que hoie ja e 0 dobra do primeiro (0 "verdadeiro") a
quase todos os titulos e efeitos.
9
as pesquisadores tern grande dificuldade para caracterizar as ope-
racoes desse tipo, especialmente aquelas no "mereado secundario" e
sobre ativos de alto risco. Como born entendedor; H . Bourguinatem-
prega 0 termo "conceitual" (notionnef) para referir-se a seu montante
em dolares: "mais de 10 trilhoes dedolares conceituais" (1994, p. 4).
R. Guttmann (199";), par sua vez, considera que e dificil ev:itar 0 em-
prego de urn conceito que so pertence a Marx, o de capital ticticio. Es-
s as operacoes sao transacoes que dizem respeito a creditos e
representacoes diversas de urn capital. publico. ou privado, que se trans-
9. A priltica do "tora-de-halanco" d(~wl1\'olv('u-se particulanncntenas oper<l<;:(](,sso-
bre divisas: 77% das atividades iOrii de balance aDS bancos francese'S dizom rcspeito a
operacoes rotuladas em moeda estrangeira(Plihon, 1993),
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formam em mercadorias sui generis. Sao objeto de operaC;6es de
pra e venda, nas quais podem ser embolsados lucros puramente fi.
nanceiros, em boa parte au totalmente parasitarios.Na epoca em que Marx escreveu, essas representac;6es de u r n
capital publico au privado ainda eram pouco numerosas: limitavam-se.
aos titulos dos ernprestlrnos tornados pelo Estado e a s acoes, Nas pagi-
nas que tratam do que ele chama de capital Iicticio, Marx estudou, com
inegavel fascinio, a maneira como as instituicoes financeiras (entre as
quais a Balsa) sao capazes de fazer com que urn credito ou urn thulo
se desdobre para viver rnuitas vidas (livre 1lI , capitulo XXIX e XX). Uma
acao representa uma fracao de urn capitaJ que esta imobilizado na pro-
ducao, NQ entanto, para quem a detern, a ay10 em si funciona como
"capital". No caso de urn particular, esse "capital" lhe proporciona urnrendimento; ele pode servir-sedas suas acoes como colateral, ou pode
vende-Ias. 0 valor desse "capital" e reguJado pelo andamento das acoes
na Balsa, onde a saude da empresa representada pelo titulo e apenas urn
pararnetro entre muitos outros. No caso de ernpresas ou bancos, seus pa-
cotes de acoes e outros creditos sao contabilizados no ativo de seus
balancos, e podem servir de garanlia para criar novos creditos,
Os atualmente chamados "novas prcxlutos financelros" decorrem,
em rnuitos casos, desse processo de formacao de mercados de carater
exclusivamente fmanceiro. Por exemplo, urn mesrno credito pode dar
lugar a transacoss - e portanto a ganhos ou perdas financeiros - so-bre odrios mercados: primeiro como credito principal e depois como
"derivado" desse credito. 0 nurnero e complexidade dessas cadeias de
transac;6es"derivadas",bem comoseucaHissimo volumeconceitual, re-
fletem a irracionalidade e a anarquia de uma esfera financeira que fun-
dona, cada vez mais, em circuito fechado, mas que imp6e sua marca
a todas as operacoes de investimento.
as fonnas abs
tuiC;;6eshabili
(pudicamentEonde a regula
dente. E enta
especulaC;;ao(
e que esses :
de cornunica-
legitimidade
industriaL
A tomao
fonna parasit
cados desreg
do SME de 1
deram conta
gaiados em (
de pesquisa
mesmos) ob
deu-se, clara
com razaoo
dades das ti C
ocorreriam (
"auto-realiz;i
A cape
cada vez m
exigern urn
dos jornalis
tal-monetar
dares) "sin
SME em it
mercados
possibilida:
e que pan
de taxas (
A era das crises monetarias "auto-realizaveis"
Mas0mais grave e outra coisa. A s crises do SMEem setembro de
1992e em julho de 1993, tal como a crise decorrenteda elevacao das
mas de Juras de longo prazo nos EVA,no comeco de 1994,i1uminaram
com crescente intensidade a irnensa capacidade que os "rnercados fi-
nanceiros" tern de purarnente causarern danos -.Esses rnercados nao sao 10. Ver a del
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as formas abstratas e harrnoniosas imaginadas por Walras, e sim instl-
tuil;6es habilitadas por seus mandantes a fazerem lucros financeiros
(pudicamente chamados de "fundos de performance") num mundo
onde a regulacao financeira foi destruida de modo relativamente cons-
dente. E entao absolutarnente natural que eles tenham transforrnado a
especula<;ao em fonte de lucro, buscada por si mesma.l" 0mais grave,
e que esses fundos estao adquirindo, com 0apoio dos grandes rneios
de comunicacao e tambern de John Major e gente como ele no G7, uma
legitimidade social analoga it dos capitais voltados para a acurnulacao
industrial.
c;6es de corn.
Juramenle O ·
u;:6es de urn
limitavam-se
ies. Nas pagi-
estudou, com
ras (entre as
ou urn tItulo
: e XX). Uma
zado na pro-
ldona como
~rcjona u r n
'raj, ou pode
to das acoes
~apenas Urn J
:::05, seus pa- lvo de seus
s .
" decorrem,
s de carater
to pode dar
eiros - so-
epois como
cadeias de
aceltual, re-
ira que fun-
sua marca
A tomada de consciencia, pelo capital monetario qUE' se valorize de
forma parasitaria, de sua extraordinaria forca numa configuracao de mer-
cados desregulamentados e descontrolados, deu urn salto durante a crise
do SME de 1992. Essa foi a primeira em que os operadores reaImente se
derarn conta de que ninguern podia faze-los parar, quando estivessem en-
gajados em certa direcao. No relat6rio acima citado, os peritos do service
de pesquisa do FM I (que, ao que tudo indica, representarn sobretudo a si
mesmos) observam que "a distincao entre arbitragem e especulacao per-
dou-se, claramente, quando a maioria des participantes se convenceram -
com razao au nao - de que iriam acontecer grandes mudancas nas pari-
dades das taxas de cambio, e que eles podiam prever em qual sentido
ocorreriam essas rnudancas" (FMI, 1993, p. 22). Nascia a eradas previs6es
"auto-realizaveis" (H. Bourguinat, 1994).
A capacidade de provocar danos do capital monetario, irnensa e
cada vez mais deliberada, manifestou-se, desde entao, sob forrnas que
exigem uma leitura politica, A nova sabedoria dos experts e _qarnaioria
dos jomalistas econ6micos ensina que os "mercados" (leia-se 0 capi-
tal-rnonetario concentrado nas maos de pequeno numero de opera-
dores) "sinallzam" aos govemos. oraj qual sera 0 "sil"oj" da crise do
SME em julho de 1993, vindo tao depressa ap6s a anterior? Que os
mercados acostumaram-se a obter seus lucros explorando todas as
possibilidades oferecidas por taxas de carnbio acsolutarnente flexiveis,
e que para eles, entao, e intoleravel que continue havendo uma area
de taxas de carnbio regulada, mesmo que. parcialmente, eventual-
~is"
~tembro de
~vac;aodas
luminaram
ercados fl-
os nao s a o 10. Ver a definlcao de H. Bourguinat, nota 1, capitulo 10.
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mente suscetivel de servir de modelo mais geral. Equal seria 0 "sinal"
da crise de 1994? Que nada deve perturbar 0nfvel das tax as de juros
calculadas em termos reais, ou seja, a "libra de carne" que 0capital
financeiro, como Shylock, * se acostumou a tirar, qualquer que sejao custo em termos de desemprego e mise ria, e quaisquer que sejam
as consequencias para 0 "crescimento rnundial".'!
Para terminar, convern indicar a amplitude e 0significado do !ED
especifico do setor financeiro.
o lED do setor financeiro
o iE D do setor financeiro e consequencia direta do mcvimento de
liberaliza.;;ao e desregutarnentacao, pois este permite que os principais
operadores se instalem nos principais mercados financeiros do mundo.Esse investimento representava nos anos 1980, conforme os paises, en-
tre 15% e 30% do total de investirnento externo. Na CEE, onde, na pers-
pectiva de unificacao europeia, foram sendo progressivamente levan-
tadas as barreiras que se opunharn a atividade dos bancos ou das com-
panhias de seguros estrangeiras em territ6rio nacional, esse investi-
mento corresponde a busca da internacionalizacao bancaria classica e
a extensao das redes de sucursais. No setor de seguros, a intemacio-
nalizacao no interior da CEE deu-se conjuntamente com urn importante
movimento de aquisicoes e fusees, que ainda esta longe de conclufdo.
Prevalecem aqui as modalidades classicas, anteriormente estudadas, derivalidade oligopolista, reativando em certo setor 0movimento de con-
centracao do capital a nivel transfronteiras.
o [ED propriamentetnadlco do setor flnarrceiro nao se beneficiou
de urn movimento analogo de reducao de barreiras. Nos Estados Uni-
dos e no Japao, a atividade de bancos estrangeirosem territ6rio na-
donal ainda e fortemente regulamentada e extrernamente restrita. 0
lED ficou entao limitado as pracas financeiras, em particular NovaYork,
Toquio e Hong Kong, permitindo a implantacao ouarnpliacao dos ban-
* Shylock eo avarento agiota da peca de Shakespeare, () mercedor de \/eneza (1596).
Ele emprestava dinheiro a Antonio.rseu rival, com a condicao de que se este nao pa-
gasse ern tres meSL'S seria "rnultado" em urna Iibra de sua carne. (N. T.)
11. E. le Boucher, "Les marches f inancierscentre la croissance", Le Monde, 25/7/94.
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cos e cas
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I seria 0"sinal"
taxas de juros
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veneza (1596).
, este nao pa-
-nde, 25/7/94.
cos e casas de titulos. A especulacao imobiliaria e a euforia do cres-
cirnento dos lucros financeiros e bolsistas, tornados como urn todo, le-
varam as firrnas em questao a engolir capitals consideravels nessas
aquisi<;6es. Trata-se, com frequencia, dos mesmos grupos que partici-
param, diretamente ou P9r creditos consentidos, do ficticio boom irno-
biliario, que acabou em 1990-1991 com a quebra em serie dos grupos
[moblliarios e com graves dificuldades para varies sistemas bancarios
nadonais.
Fabela 24
Investimentos diretos do setor financeiro (bancos, titulos, seguros)
de e para 0exterior
1981 1985 1990 1991~.
Franca (estoques em bilhoes de trancosr'
1) para 0exterior 20 36 125 147
2) proveniente do exterior12 20 63 75
EUA (estoques em bilhoes de dolares) II
III
,) para 0exterior 28 I 37 132i 136!
2) proveni~ntedo exterior
..~,--.. - .-15 27 54
.-
6r
Reino Unido (estoques em bilhoes de librasi! i
1) para 0 exteriorI
5,9 9,0 15,6 12,5
2) proveniente do exteriorI
1,3 5,0 19,5 19,9I
.
Ii)apao2 (estoque em bilhoes de d6lares) 1
, 1 ) para 0exterior
12) proveniente do exterior
I
I 10,9 65,3 70,3
: .~~ ___L . _0.7 ___1,_6_
0,8
0,1
1 . E sto qu es s ao 05 f luxos anuais acumulados.
~. Ana fiscal encerra-se a 31 de marcodo ano set;uinte: 1985 = 31 de marco de 198(l.
Fonte: J . de laubier (19941. a partir d85 seguintesiontes - fran<;a: calculado a partir oos dados cia
balanca de pagamcnto5, Ilanquc de If i>.i1C(!; EUA: Surl'e;: of Current Busirl(,,"; Reino Unido: Cen-
tral Statistical Office, P in k B oo k; Iapao: Ministi>rio das Hnancas.
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