Chesterton - A História Da Família

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    Tentei criar uma nova heresia; mas, quando j lhe aplicava os ltimos remates, descobri que era apenas a ortodoxia. G.K. Chesterton

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    V - A HISTRIA DA FAMLIA

    V

    A HISTRIA DA FAMLIA

    Autor : G.K. Chester ton

    Traduo: Pr of. Car los Ramalhete

    Disponvel or iginalmente a ver so pr eliminar no blog HsJonline

    A mais antiga das instituies humanas tem uma autoridade que pode parecer to selvagem quanto

    a anarquia. Ela a nica, dentre todas estas instituies, a comear com uma atrao espontnea, e

    de que se pode dizer que baseada no amor, no no medo. A tentativa de compar-la com as

    instituies coercitivas que vm complicando a histria recente levou a uma infinita falta de lgica

    nos ltimos tempos.

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    Trata-se de algo to nico quanto universal. No h nada, em nenhuma outra relao social, que

    seja sequer paralelo atrao mtua dos sexos, e ao perder de vista este fato simples que o

    mundo moderno caiu em centenas de enganos.

    A idia de uma revolta geral das mulheres contra os homens foi proclamada com bandeiras e

    passeatas, como se fosse uma revolta de vassalos contra seus senhores, de negros contra negreiros,

    de poloneses contra prussianos ou de irlandeses contra ingleses; todos agiam como se acreditassem

    na nao fabulosa das amazonas. A ideia, igualmente filosfica, de uma revolta geral dos homens

    contra as mulheres foi proposta em forma de romance por Sir Walter Besant, e como livro de

    sociologia pelo Sr. Belfort Bax.

    Ao primeiro toque desta verdade de uma atrao aborgene, contudo, todas estas comparaes

    desabam e se v como so cmicas. Um prussiano no sente, logo de cara, que ele s ser feliz

    quando puder passar os dias e as noites ao lado de um polons. Um ingls no acha que a casa

    parece vazia e triste a no ser que haja um irlands l dentro. Um escravagista no sonha, na sua

    juventude romntica, com a beleza perfeita de um africano. Um magnata das ferrovias raramente

    escreve poemas sobre o fascnio particular de um carregador de estao de trem.

    Todas estas outras revoltas, contra todas estas outras relaes, so razoveis, para no dizer

    inevitveis, por serem relaes originalmente baseadas na fora ou no interesse prprio. A fora

    consegue abolir o que a fora consegue estabelecer; o interesse prprio pode rescindir um contrato

    que foi ditado pelo interesse prprio. O amor de um homem e de uma mulher, contudo, no uma

    instituio que posssa ser abolida ou um contrato que possa ser rescindido. algo mais antigo que

    todas as instituies e contratos, algo que certamente ir continuar quando eles no mais existirem.

    Todas as outras revoltas so reais, porque persiste a possibilidade de que as coisas possam ser

    destrudas, ou ao menos divididas. possvel abolir os capitalistas, mas no se pode abolir os

    homens. Os prussianos podem sair da Polnia, ou os negros voltar frica, mas um homem e uma

    mulher vo sempre permanecer juntos, de um jeito ou de outro, e devem aprender a tolerar-se

    mutuamente de alguma maneira.

    Trata-se de uma verdade muito simples, e talvez por isso hoje em dia ela passe desapercebida. A

    verdade que dela se depreende igualmente bvia. No se discute por qu a natureza criou esta

    atrao; na verdade, seria mais inteligente perguntar-se por qu Deus a criou, pois a natureza no

    teria propsito sem Deus por trs dela. Falar de um propsito na natureza tentar, em vo, usar o

    feminismo para evitar o antromorfismo. crer numa deusa por se ser ctico demais para acreditar

    em um deus.

    Esta controvrsia, contudo, pode ser deixada de lado nesta discusso, se nos contentarmos em dizer

    que o valor vital que se encontra, afinal, nesta atrao , evidentemente,a renovao da raa

    Pesquisar

    I - A SUPERSTIO DODIVRCIO (1)

    II - A SUPERSTIO DODIVRCIO (2)

    III A SUPERSTIO DODIVRCIO (3)

    IV - A SUPERSTIO DODIVRCIO (4)

    V - A HISTRIA DA FAMLIA

    LIVRO TRADUZIDO

    A desvantagem de ter duascabeas

    A lgica e o tnis

    Textos

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    humana.

    A criana uma explicao do pai e da me, e o fato de ela ser uma criana humana uma

    explicao dos antigos laos humanos que ligam o pai e a me. Quanto mais humana ou seja,

    menos bestial for a criana, mais legtimos e duradouros sero estes laos. Assim, quaisquer

    progressos na cultura ou na cincia, longe de afrouxar estes laos, iro logicamente estreit-los.

    Quanto mais houver para a criana aprender, mais tempo ter ela de passar na escola natural onde

    os aprende, e mais deve tardar a dissoluo da parceria de seus mestres.

    Esta verdade elementar est hoje escondida sob uma multido de intermedirios, agindo em funo

    direta ou indireta da falcia elementar de que tratarei em seguida. Falo da posio primria do

    grupo humano, tal como ele persistiu ao longo de eras, enquanto as civilizaes ascendiam e

    decaim; frequentemente incapaz de delegar o que quer que fosse do seu trabalho, e sempre incapaz

    de deleg-lo por inteiro. Nisto, repito, sempre ser necessrio que os dois mestres fiquem juntos,

    enquanto eles tiverem algo a ensinar.

    Um bicho marinho qualquer, que simplesmente se desliga da cria e flutua para longe, poderia flutuar

    at um tribunal de divrcio submarino ou um clube de amor livre para peixes. O bicho marinho pode

    faz-lo precisamente porque a sua cria no precisa fazer nada, porque ela no tem que aprender a

    danar polca ou recitar a tabuada. Estou enumerando trusmos, mas trusmos verdadeiros; as

    verdades sempre acabam voltando cena. Afinal, o emaranhado de substitutos semi-oficiais da

    verdade que agora encontramos no grande o bastante para tapar o buraco. Se as pessoas no

    conseguem cuidar da prpria vida, simplesmente no pode fazer sentido pag-las para cuidar da vida

    dos outros, menos ainda para cuidar dos bebs dos outros. Isso simplesmente jogar fora um poder

    natural para pagar por um poder artificial, como quem rega uma planta com uma mangueira

    enquanto a protege da chuva com uma sombrinha.

    Tudo isso, na verdade, est baseado em uma iluso plutocrtica de uma oferta infinita de serviais.

    Sempre que aparece um sistema novo qualquer que seja apresentado como uma carreira feminina,

    o que est realmente sendo proposto transformar um nmero infinito de mulheres em serviais da

    plutocracia ou da burocracia. Em ltima instncia, estamos argumentando que uma mulher no

    deveria ser me do prprio filho, sim bab do filho dos outros. Isto, contudo, no tem como

    funcionar nem no papel. No possvel que cada um lave a roupa do prximo, muito menos os

    babadores. No fim das contas, as nicas pessoas que conseguem cuidar, ou mesmo de quem se

    possa dizer que cuidem, individualmente, de cada criana individual so os seus pais individuais. A

    expresso, tal como aplicada aos que lidam com multides cambiantes de criancinhas, apenas

    uma graciosa e legtima figura de linguagem.

    Este tringulo de lugares-comuns composto de pai, me e filho indestrutvel, e destri qualquer

    civilizao que o menospreze. A maior parte dos reformadores modernos apenas um amontoado de

    cticos vazios, que no tm base alguma sobre a qual reconstruir; seria bom se estes reformadores

    As festas e o ascetas

    Homem no prtico precisa-se

    O caminho para se ir de umlugar ao mesmo lugar...

    O Deus na caverna

    O ESPRITO DE NATAL

    O que pensamos a respeito

    Por que acredito nocristianismo[1]

    Por Que Sou Catlico - TheThing

    Quando a razo se perde

    Religio e Sexo

    Chesterton e sua ortodoxia

    Chesterton o poeta da ordem

    Chesterton: um escritor paratodos los tiempos

    Resenhas

    Leia tambm

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    se dessem conta de que h algo que eles no conseguem reformar.

    possvel derrubar os poderosos de seus tronos. possvel virar o mundo de ponta-cabea, e

    perfeitamente defensvel que esta seja a posio certa para ele. Contudo, impossvel criar um

    mundo em que o beb carrega a mame. No se pode criar um mundo em que a me no tenha

    autoridade sobre o beb. possvel perder tempo argumentando, dando aos bebs o direito de voto

    ou proclamando uma repblica infantil. at mesmo possvel dizer, como o fez outro dia um

    pedagogo, que as crianas pequenas deveriam criticar, questionar a autoridade e suspender seu

    julgamento. No sei por que ele no continuou, dizendo que elas deveriam trabalhar para ganhar a

    vida, pagar imposto de renda e morrer pela Ptria no campo de batalha, j que evidentemente o que

    est sendo proposto que as crianas no tenham infncia.

    Mas, se isso parecer divertido, possvel organizar um governo representativo entre os

    menininhos e menininhas e dizer a eles que levem o mais a srio que puder as suas

    responsabilidades legais e constitucionais. Resumindo, perfeitamente possvel ser louco, mas

    impossvel fazer sentido. No se pode realmente levar s razes este princpio e aplic-lo mame e

    ao beb. No possvel aplicar a teoria ao mais simples e mais prtico de todos os casos. Ningum

    louco a este ponto.

    Este ncleo de autoridade natural sempre existiu em meio a autoridades mais artificiais. Ele sempre

    foi visto como algo literalmente individual, ou seja, como algo absoluto, que no pode ser dividido.

    Um beb no seria sequer um beb sem a me; seria outra coisa, mais provavelmente um cadver.

    Isto sempre foi reconhecido como algo que tem uma relao peculiar com o governo, simplesmente

    por ser uma das coisas que no foram feitas pelo governo e que poderia, em certa medida, vir a

    existir sem o apoio do governo. Realmente, trata-se de algo to evidente que nenhuma defesa

    possvel ou necessria. Pois a defesa que pode ser feita que no h nada comparvel, e nos

    poderes e instituies mais elaborados, que so seus inferiores, no encontraremos mais que leves

    paralelos.

    Assim, a nica maneira de transmitir esta idia comparando-a com uma nao, ainda que,

    comparadas a ela, as divises nacionais sejam to modernas e to formais quanto os hinos

    nacionais. por isso que eu uso frequentemente a metfora de uma cidade, ainda que o citadino,

    em comparao, seja uma novidade to recente quanto o funcionrio pblico municipal. Basta notar

    aqui que todos sabem por intuio, e admitem por implicao, que uma famlia um fato, algo

    slido, dotado de cor e carter como uma nao.

    Esta verdade comprovada nas experincias mais cotidianas e mais modernas. Um homem vai dizer

    o tipo de coisa de que os Brown vo gostar, por mais intrincada e interminvel que seja a novela

    psicolgica que ele possa compr sobre os tons das diferenas entre o Seu Brown e a Dona Brown.

    Uma mulher vai dizer eu no gosto que a minha filha frequente a casa dos Robinsons, mas ela no

    vai sempre parar, no meio de suas exaustivas tarefas sociais ou domsticas, para dintinguir entre o

    A influncia de Toms deAquino na obra de G. K.Chesterton

    A Santidade deG.K.Chesterton

    A superioridade do PadreBrown

    Aquele fio negro que uneDickens a Chesterton contra oceticismo

    Chesterbelloc e oDistributismo

    Chesterton - o Dom Quixoteda f

    Chesterton Academy - Nestaescola que eu queria estudar

    Chesterton da 'heterodoxia' Ortodoxia

    Chesterton desmente osrelativistas- so osdogmticos mais obtusos

    Chesterton e sua ortodoxia

    CHESTERTON um GIGANTEinvisvel

    Chesterton: o escritor e oencanto da alegria

    Chesterton: O mestre dos

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    materialismo otimista do Seu Robinson e o cinismo um tanto ou quanto mais cido que permeia o

    hedonismo da Dona Robinson.

    O interior de um lar tem uma cor prpria, to evidente quanto o exterior da casa. Esta cor uma

    mistura, e se um tom prevalecer ser geralmente o da mulher da casa. Mas, como todas as cores

    compostas, ela uma cor parte, to distinta quanto o verde distinto do azul e do amarelo. Todo

    casamento uma espcie de equilbrio dinmico, e o acordo a que se chega, em cada caso, to

    nico quanto qualquer excentricidade. Os filantropos que andam pelas favelas frequentemente

    percebem este acordo sendo feito aos brados, em plena rua, e acham que esto vendo uma briga.

    Quando metem o colher apanham do marido e da mulher, o que bem feito, por no respeitarem a

    prpria instituio que os trouxe ao mundo.

    A primeira coisa a perceber que esta normalidade gigantesca como uma montanha, que pode ser

    at um vulco. Todas as anormalidades que se lhe opem so como o montinho de terra que marca a

    toca de uma toupeira, e os organizadores sociais, com toda a sua autenticidade, parecem-se cada

    vez mais com toupeiras.

    Mas a montanha tambm um vulco em outro sentido, como o sugerido pela tradio dos campos

    fertilizados por lava, no Sul. Ele tem um lado criativo, bem como um lado destrutivo, e resta apenas,

    nesta parte da anlise, notar o efeito poltico desta instituio extra-poltica, bem como os ideais

    que ela defendeu, frequentemente sozinha.

    O ideal que ela defende em relao ao Estado o da liberdade. Ela preserva a liberdade pela razo

    simples com que comecei este esboo de anlise. a nica instituio que ao mesmo tempo

    necessria e voluntria. o nico dos freios ao poder do Estado que se renova de modo to eterno

    quanto o Estado e de modo mais natural que ele.

    Qualquer homem so h de reconhecer que a liberdade ilimitada anarquia, ou melhor, no nada.

    A idia cvica de liberdade dar ao cidado uma provncia em que ele livre, um territrio

    circunscrito em que ele rei.

    Esta a nica maneira de a verdade se refugiar da perseguio pblica e do homem bom sobreviver

    ao governo mau. Mas o homem bom, sozinho, no tem como enfrentar a cidade. Outra instituio

    deve servir de contrapeso cidade, e neste sentido ela uma instituio imortal.

    Enquanto o Estado for a nica instituio ideal ele ir conclamar o cidado a sacrificar-se, e assim

    no ter escrpulos em sacrificar o cidado.

    O estado consiste em coero, e, no seu prprio ponto de vista, est sempre certo quando aumenta

    a coero. o caso, por exemplo, do servio militar obrigatrio. A nica coisa que pode ser colocada

    para limitar ou desafiar esta autoridade uma lei voluntria e uma lealdade voluntaria. Esta

    Paradoxos

    Chesterton: paradoxos;ortodoxia e humorismo

    Chesterton: um escritor paratodos los tiempos

    Distributismo

    Elogio de Antnio Gramsci aobra de G.K. Chesterton

    Em defesa do distributismo -Por que socialismo edistributismo so totalmenteopostos

    G.K.Chesterton - GustavoCoro

    Manuel II Palelogo e a cruzazul de Padre Brown

    Necessrio ler: G. K.Chesterton

    O Catolicismo de Chesterton

    O Centenrio da obra AInocncia do Padre Brown

    O convertido - Poesia

    O homem que foi foi Quinta-Feira e a concordncia entreToms e Agostinho

    O progresso e Chesterton -

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    lealdade a proteo da liberdade, na nica esfera em que a liberdade pode verdadeiramente

    florescer. um princpio constitucional que o Rei nunca morre. o princpio nico da famlia que o

    cidado nunca morre. necessrio que haja uma herldica e uma hereditariedade da liberdade, uma

    tradio de resistncia tirania. Os homens no devem apenas ser livres, mas nascer livres.

    Realmente, h algo na famlia que pode ser chamado at de anarquista, ainda que seja mais correto

    dizer ser algo amador. Assim como ela parece ser algo vaga acerca de sua origem voluntria,

    tambm parece haver algo vago acerca de sua organizao voluntria. A funo mais vital que ela

    desempenha, que talvez seja a funo mais vital que qualquer um possa desempenhar, a de

    educao; mas este tipo de educao fundamental essencial demais para que se possa confundi-la

    com mera instruo.

    Sua regra mais prtica que terica, em milhares de aspectos. Para dar um exemplo banal, e at

    engraado, duvido que algum livro-texto ou cdigo de regras j tenha contido instrues sobre como

    botar uma criana de castigo no canto da parede. Certamente, quando o processo moderno se

    houver completado e o princpio coercitivo do Estado tenha extinguido completamente o elemento

    voluntrio da famlia, haver alguma restrio ou regulao estrita sobre isto. Possivelmente ela

    determinar que o canto onde a criana vai ficar de castigo deva ter um ngulo de pelo menos

    noventae cinco graus. Possivelmente, ela dir que a linha de convergncia de um canto comum tende

    a envesgar a criana.

    De fato, tenho certeza de que se eu deixar escapar em um nmero suficiente de reunies sociais que

    cantos de parede envesgam as crianas, isto rapidamente se tornar um dogmada cincia popular.

    Afinal, o mundo moderno no aceita dogmas baseados em alguma autoridade, mas aceita de bom

    grado dogmas baseados em nenhuma autoridade. Se se diz que uma coisa assim ou assado de

    acordo com o Papa ou a Bblia, ela ser desprezada como superstio sem ser examinada. Mas se, ao

    contrrio, dissermos que dizem que, ou voc no sabia que, tentando, sem sucesso, lembrar o

    nome de algum cientista citado num artigo de jornal, o racionalismo aguado da mente moderna

    aceitar qualquer coisa que lhe seja dita.

    Este parntese no to irrelevante como parece, pois necessrio lembrar que quando um

    oficialismo rgido irrompe em meio s cesses voluntrias do lar ele ser rgido apenas na ao,

    enquanto certamente ser ao mesmo tempo excessivamente frouxo na razo. Intelectualmente, ele

    no ser menos vago que os arranjos amadores do lar; a nica diferena que os arranjos

    domsticos so, no nico sentido real, prticos, ou seja, so baseados nas experincias passadas.

    Os outros arranjos so o que geralmente dito cientfico, ou seja, so baseados em experincias

    que ainda no foram feitas. Na verdade, ao invs de invadir a famlia com a desastrada burocracia

    que desgoverna os nossos servios pblicos, seria muito mais filosfico fazer uma reforma no

    sentido oposto.

    Seria certamente razovel alterar as leis da nao para que elas se paream com as do quarto de

    Gustavo Coro

    Orto... o qu?

    Por que Chesterton?

    Quem esse sujeito; e porque nunca ouvi falar dele?

    Sobre Chesterton - Jorge LuisBorges

    Testemunho da Converso deG.K.Chesterton

    Um grande escritor

    Idade dos Chaves

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    brinquedos. As punies seriam muito menos horrveis, muito mais divertidas, e serviriam muito

    melhor para fazer com que os homens percebam que fizeram papel de idiota. Seria uma diferena

    bem vinda se um juz, ao invs de botar um chapu preto, botasse um chapu de burro, ou se

    pudssemos botar um banqueiro de castigo olhando para o canto.

    Esta opinio, claro, rara e reacionria, seja o que isto queira dizer. A educao moderna

    baseada no princpio de que o pai ou a me tm mais chance de serem cruis que qualquer outra

    pessoa. Ora, qualquer um pode ser cruel, mas as maiores chances de crueldade esto nas multides

    indiferentes e sem cor dos completos estranhos e dos mercenrios mecanicistas, que agora moda

    chamar de agentes de melhoria: policiais, mdicos, deteives, inspetores, instrutores, etc.

    A eles dado poder arbitrrio por existir aqui e ali um pai ou me criminosos, como se no houvesse

    mdicos criminosos ou pedagogos criminosos. A me no toma sempre a melhor deciso sobre a

    dieta de seu filhinho, e eis que ela passa ao controle do Dr. Crippen. Pensa-se que um pai no ensina

    a seus filhos a mais pura moralidade, o que faz com que se os coloque sob a tutela de Eugene Aram.

    Estes clebres criminosos no so mais raros em suas profisses respectivas que pais cruis so na

    paternidade. Mas o caso mais forte que isto, e no sequer necessrio apelar a estes criminosos.

    As fraquezas normais da natureza humana explicaro todas as fraquezas da burocracia e dos

    governos do mundo todo. O oficial precisa apenas ser uma pessoa normal para ser mais indiferente

    em relao aos filhos dos outros que em relao aos seus prprios filhos, e at mesmo para

    sacrificar a prosperidade de outras famlias para avanar a da sua.

    Ele pode estar entediado, ele pode ser subornado, ele pode ser brutal, por qualquer uma das mil

    razes que j fizeram um homem ser brutal.

    Todo este senso comum elementar completamente deixado de lado nos sistemas sociais e

    educacionais de hoje. Assume-se que o assalariado no ir abandonar seu trabalho, simplesmente

    por ele ser assalariado.

    Nega-se que o pastor dar a vida por suas ovelhas, ou, j que estamos falando deste tipo de coisas,

    que a loba ir lutar para proteger seus filhoes. Querem que creiamos que as mes so desumanas,

    mas no que os oficiais so humanos. Que haja pais desnaturados, mas no paixes naturais. Ou,

    ao menos, que no haja nenhuma onde a fria do Rei Lear ousou encontr-las: no funcionrio

    subalterno. Esta a ltima descoberta brilhante para a educao das crianas, e o mesmo princpio

    que se aplica a elas aplicado aos pais. Assim como ela assume que uma criana ser certamente

    amada por todos, com a exceo de seu pai e sua me, ela assume que um homem pode ser feliz

    com qualquer pessoa, menos com a mulher que ele mesmo escolheu como esposa.

    Assim o poder coercitivo do Estado prevalece sobre a promessa livre da famlia como oficialismo

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    formalizado. Este, contudo, no o mais coercitivo dentre os elementos coercitivos da comunidade

    moderna. Um poder externo ainda mais inescrupuloso e rgido o do emprego e desemprego na

    indstria. Um inimigo ainda mais feroz da famlia a fbrica. Entre estas coisas mecnicas

    modernas a instituio natural antiga no est sendo reformada, modificada ou mesmo podada: ela

    est sendo dilacerada. E ela no est sendo dilacerada no sentido de uma metfora verdadeira,

    como a de um ser vivo preso em uma engrenagem medonha de uma mquina. Ela est sendo,

    literalmente, rasgada ao meio, como quando o marido vai para uma fbrica, a esposa para outra, e

    a criana para uma terceira. Cada um deles se torna o servo de um grupo financeiro diferente, que

    cada vez mais ganha o poder poltico de um grupo feudal. Mas enquanto o feudalismo recebia a

    lealdade das famlias, os senhores do novo estado servil recebem apenas a lealdade de indivduos,

    ou seja, de homens solitrios e at mesmo de crianas perdidas.

    Diz-se, por vezes, que o socialismo ataca a famlia, o que se baseia em pouco mais que no acidente

    de alguns socialistas apoiarem o amor livre. Eu j fui socialista, no sou mais, e em momento algum

    eu acreditei no amor livre. verdade, acredito, que em um sentido amplo e inconsciente o

    socialismo de Estado encoraja a arrogncia coercitiva de que venho tratando. Mas se verdade que

    o socialismo ataque a famlia na teoria, muito mais verdade que o capitalismo a ataca na prtica.

    um paradoxo, mas um fato puro e simples, que as pessoas nunca reparam em algo se sua

    existncia prtica. Homens que apontariam uma heresia calam-se diante de um abuso. Quem quer

    que duvide deste paradoxo deve imaginar os jornais imprimindo, do lado da Lista de Honrarias, uma

    lista de preos de baronatos e ttulos de cavalheiro, ainda que todos saibam que eles so vendidos e

    comprados.

    A fbrica est destruindo a famlia na prtica, e no precisa depender de nenhum pobre terico

    enlouquecido que sonhe em destru-la na teoria. O que a destri no nada to plausvel quanto o

    amor livre, sim algo que poderia ser descrido como o medo forado. uma punio econmica, mais

    temvel que a punio jurdica, o que ainda nos pode levar escravido como nica segurana.

    Desde seus primeiros dias na floresta, este agrupamento humano teve que lutar contra monstros

    selvagens, e agora est lutando contra mquinas selvagens. Ele s conseguiu sobreviver ento, e s

    conseguir sobreviver agora, atravs de uma forte santidade interna, um juramento tcito ou uma

    dedicao mais profunda que a da cidade ou da tribo. Mas ainda que esta promessa tenha sempre

    estado presente, em um dado momento pivotal da nossa histria ela tomou uma forma especial, que

    tentarei esboar no prximo captulo. Este ponto pivotal foi a criao da Cristandade pela religio

    que a criou. Nada destruir o tringulo sagrado, e at mesmo a F crist, a mais espantosa

    revoluo que j aconteceu nas mentes, serviu apenas, num certo sentido, para virar de cabea para

    baixo este tringulo. Ela levantou um espelho mstico em que a ordem das trs coisas foi revertida,

    e acrescentou uma Sagrada Famlia, composta de filho, me e pai, famlia humana composta de

    pai, me e filho.

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