Christian metz juliana_lofego

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Christian Metz O SIGNIFICANTE IMAGINÁRIO Psicanálise e Cinema ICICT/ Fiocruz - PPGICS Disciplina: Semiologia da Imagem Juliana Lofego Professor: Carlos Eduardo Estellita-Lins Setembro 2011 Cap. I 4. A paixão de perceber 5. Negação, Feitiço

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Christian Metz

O SIGNIFICANTE IMAGINÁRIO

Psicanálise e Cinema

ICICT/ Fiocruz - PPGICSDisciplina: Semiologia da Imagem Juliana Lofego Professor: Carlos Eduardo Estellita-LinsSetembro 2011

Cap. I 4. A paixão de perceber 5. Negação, Feitiço

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Christian Metz (1931-1993)

Conhecido pelo pioneirismo da aplicação de Saussure nas teorias da semiologia nos filmes

Impacto de sua obra na teoria cinematográfica (anos 70)

Bibliografia:1968 : Essai sur la signification au cinéma (I). Ed Klincksieck

1971 : Langage et cinéma. Ed Larousse. Nouvelle édition augmentée en 1977.

1973 : Essai sur la signification au cinéma (II). Ed Klincksieck.-

1977 : Le signifiant imaginaire, psychanalyse et cinéma. Ed : 10/18.

1977 : Essais sémiotiques. Ed Klincksieck. Nouvelle édition augmentée en 1984.

1991 : L'énonciation impersonnelle, ou le site du film. Ed Klincksieck.

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Instituição cinematográfica

Indústria do cinema (p.13)

“Maquinaria mental”: espectadores habituados ao cinema, historicamente interiorizado, aptos para consumir os filmes

Terceira máquina da instituição: a que louva e valoriza o produto. Crítica como outra forma de publicidade, apêndice linguístico da instituição.

instituição fora e dentro de nós, regulação social, objetivo do prazer fílmico/ desprazer como falha da instituição

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Imaginário do investigador

Em que a psicanálise pode elucidar o significante cinematográfico? Porque significante e não significado?

“Orientação para significado” – compreender mais pessoas do que lógica interna

Interesse no filme como discurso: estudo psicanalítico dos argumentos de filmes (orientação não só para as folhas escritas, mas a numerosos traços, argumento implícito)

Aspectos: Significado – comunicar o argumento, conjunto de temas aparentes do filme, códigos de expressão.

Significante – se confunde com o argumento, revela significações menos visíveis a partir dele, dá acesso a múltiplas interpretações

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Argumento significante

Elaboração secundária (como no sonho) – argumento, consciente e percebido, deve ser significado para poder fazer significar.

 Erro geral: há uma repercussão incessante entre significantes e significados, não se constituem elementos puros.

Distinção marcante: estudos de texto / estudos de código

Significante enraízado no inconsciente /institucionalizado:Identificação especular

Voyerismo e exibicionismo

Feitichismo

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A paixão de perceber Traços do significante.70/71):

Cinema é possível através das “paixões perceptivas”: desejo de ver /desejo de ouvir (pulsão percepcionante = pulsão escópica /voyerismo + pulsão invocante).

“... a carência é aquilo que ele quer preencher, e é simultaneamente aquilo que procura manter sempre em aberto de forma a sobreviver como desejo”

“o desejo persegue um objeto imaginário” perdido e sempre desejado

“Ausência do seu objeto por meio da distância a que o mantém e que faz parte da sua própria definicão: distância do olhar e distância da escuta”

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Significante próprio do cinema

Principais artes se baseiam nos sentidos de distância ( de contato)

Encontro falhado do voyeur e do exibicionista na filmagem / projecão: “se deixa ver sem se dar a ver”, sem consentimento

“Dupla retirada”: distância e ausência do objeto visto

“O que distingue o cinema é uma reduplicação a mais, uma aparafusadela suplementar e específica na ferragem do desejo sobre a carência.” (p. 73)

Traços que contribuem: escuridão (olhar pela fresta), solidão do espectador, objeto ignora espectador.

Ficção cinematográfica: presença quase real do próprio irreal

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Negação, feitiche

Psicanálise: castração e receio de mutilação que ela inspira

Carência e opiniões contrárias: crer / não crer - crença originária e testemunho dos sentidos

 Recuo ante o percebido, fixação no “antes”, detém o olhar no feitiche, suplente no lugar da carência

“Resume em si a estrutura da negação e das crenças múltiplas” (p.83)

Feitiche sempre material

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Crença no cinema

Reviravoltas e retornos que articulam imaginário, simbólico e o real (um sobre o outro)

Acontecimentos fictícios, mas como verdadeiros: nega o que sabe. Mantém credulidade na completa incredulidade.

Personagem “sonhador” acredita durante todo o filme (como nós, desperta no fim do filme)

 Subcódigos cinematográficos que inscrevem negação:

Voz em off – fora do lance, conforta sentimento de não ser iludido

Filmes no filme

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Feitichismo da técnica

Acessório que nega carência e a afirma, sem querer.

Presença do filme e ausência sobre a qual se constrói: comparar resultados com meios aplicados.

Feitichista de cinema: ida ao cinema para apreciar como tal a maquinaria que os seduz.

Valor de negação / valor de conhecimento – FT se desenvolve particularmente em conhecedores de cinema

Teoria: da fascinação técnica ao estudo crítico dos códigos autorizados pela utensilhagem

“ No cinema a preocupação pelo significante deriva dum feitichismo que se colocou o mais possível na sua vertente de conhecimento” (p. 89)

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Enquadramento

Quadros e deslocamentos que determinam o lugar.

Afinidade com a mecânica do desejo Aposta simultânea na excitação do desejo e na sua retenção.

Retardamentos e relançamentos. Expectativa.Visto / não visto / adivinhado.

Revelar o espaço tem algo de permanente despir: strip-tease generalizado e aperfeiçoado que permite vestir de novo o espaço, subtrair o que inicialmente mostrou, retomar e não apenas reter.

 

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Conclusões provisórias

Psicanálise: esclarece o filme e também as condições de desejo do teórico do cinema (auto análise entrelaçada no trabalho analítico) p. 91

Como estudar cinema sem quebrar idealismo do filme como “arte”? Não opor afetivo do intelectual, mas como ter o objeto de saber, de sublimação, mas conservá-lo como questionado.

Teórico como sádico: o bom objeto, do lado do conhecimento, torna-se um mau objeto.

Questão saber como pessoas assimilam essa “regra do jogo” complexa e recente na história e vão ao cinema sem serem obrigadas

“Os objetos perdidos são os únicos que se tem medo de perder, e o semiólogo é aquele que os encontra pelo outro lado: “ Não há fumo sem fogo”. (p. 92)

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Referências

METZ, C. O Significante Imaginário: Psicanálise e Cinema. Lisboa: Livros Horizonte, 1980.