CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA E A UTILIZAÇÃO … Roberto... · São Paulo, sob a orientação da ......

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  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SO PAULO

    PUC-SP

    LUIS ROBERTO GUERREIRO LOPES

    CIBERESPAO, CIBERCULTURA E A UTILIZAO DA WEB 2.0 NA APRENDIZAGEM COLABORATIVA ATRAVS DA FERRAMENTA GOOGLE

    DOCS

    MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGNCIA E DESIGN DIGITAL

    SO PAULO 2010

    Dissertao apresentada Banca Examinadora como exigncia parcial para obteno do ttulo de Mestre em Tecnologias da Inteligncia e Design Digital pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, sob a orientao da Profa. Dra. Sonia Maria de Macedo Allegretti.

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    BANCA EXAMINADORA

    __________________________________________________________

    __________________________________________________________

    __________________________________________________________

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    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a minha famlia, em especial a minha filha Maria Luisa, minha esposa Rafaela, meu pai Marcos, minha me Creusa e meu irmo Marcelo.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    A DEUS: por ter me iluminado e me orientado a tomar as melhores decises em todos os momentos da minha vida, mostrando-me sempre o melhor caminho. Aos meus pais por terem me dado o dom da vida, pela minha educao, os bons costumes, a dedicao em sempre querer mostrar as coisas boas da vida, pela compreenso, e por sempre acreditar que com muita luta e muita vontade eu posso vencer esta batalha to difcil que a vida. Gratido tambm ao meu irmo que sempre esteve ao meu lado me auxiliando. A minha esposa Rafaela, por me mostrar e fazer acreditar no amor, na dedicao, na compreenso, no dilogo, e por estar carregando no seu ventre o fruto destas qualidades. A minha sogra Vera Lucia e meu sogro Jair por estarem sempre do meu lado me incentivando. E minha querida cunhada Fernanda que sempre me agradou. Aos meus amigos que sempre sero a essncia de uma vida feliz e por ter me dado fora nas minhas fraquezas. A orientadora Profa. Sonia Allegretti, pelos ensinamentos, dedicao, pacincia e pelo acompanhamento pontual e competente. A Edna Conti por estar sempre atenta a qualquer dvida e por diversas vezes ter aberto meus olhos, incentivando e sugerindo quais os passos que deveria seguir dentro do TIDD. As professoras: Lucila Pesce e Ana Maria Di Grado Hessel pela simpatia, honestidade, clareza e grande colaborao no desenrolar da minha dissertao nas oportunas indicaes e sugestes. Aos 42 alunos inscritos na ferramenta, por terem aceito meu convite! Sem vocs, no teria havido pesquisa! Aprendi muito com vocs! A todos os demais amigos queridos no mencionados aqui, que me estimularam, apoiaram e compartilharam comigo a realizao desta pesquisa, os meus mais sinceros agradecimentos!

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    EPGRAFE

    Se um homem tem um talento e no tem capacidade de us-lo, ele fracassou. Se ele tem um talento e usa somente a metade deste, ele fracassou parcialmente. Se ele tem um talento e de certa forma aprende a us-lo em sua totalidade, ele triunfou gloriosamente e obteve uma satisfao e um triunfo que poucos homens conhecero.

    Thomas Wolfe

  • 6

    RESUMO

    Com a crescente evoluo das tecnologias da comunicao, inmeros so os recursos hoje

    disponveis para a construo de um ambiente para a aprendizagem colaborativa. E, nesse

    processo de construo, podemos nos valer das possibilidades oferecidas pela Web 2.0, onde a

    palavra chave interao. Todos os dias surgem, no mundo virtual, atravs do advento da

    Internet, ferramentas com potencialidades imensas, especialmente em termos de interao e

    construo coletiva de conhecimentos. A ferramenta Google Docs, especificamente, permite a

    interao e o intercmbio de idias, possibilitando trocar informaes, sermos autores,

    interferir e contribuir para a construo de uma realidade/conhecimento que nos torne sujeitos

    de nossa prpria existncia. A maior vantagem na utilizao desta ferramenta que ela

    gratuita e permite que o conhecimento trabalhado e produzido neste curso seja aberto a toda a

    comunidade envolvida na ferramenta.

    Por meio desta pesquisa analisamos as vrias funes do Google docs em processos de

    ensinoaprendizagem como possibilitador de aes colaborativas no universo da interatividade

    virtual, por uma amostra de alunos do ensino superior, no contexto formal de ensino e

    aprendizagem. Sobre a utilizao da ferramenta Google docs salientam-se as percepes dos

    alunos identificadas a partir das respostas dadas a um questionrio construdo para o efeito.

    Das percepes dos alunos destaca-se o fato de considerarem que o Google docs ajuda a

    melhorar os resultados de desempenho da matria relacionada ao curso, funcionando como

    uma estratgia de aprendizagem e como um recurso de apoio, sempre disponvel a qualquer

    hora e em qualquer local onde o aluno tenha acesso a Internet.

    Palavras-chave: Ciberespao. Cibercultura. Interatividade. Aprendizagem Colaborativa. Google

    Docs.

  • 7

    ABSTRACT

    With the increasing development of communication technology, there are countless

    resources available today to build an environment for collaborative learning. And in

    construction process, we can avail ourselves of the opportunities offered by Web 2.0, where

    the keyword is interaction. Every day appears, in the virtual world, through the advent of the

    Internet, tools with enormous potential, especially in terms of interaction and social

    construction of knowledge. The tool Google Docs specifically allows interaction and exchange

    of ideas, exchange information possible, being authors, to interfere and contribute to the

    construction of a reality / knowledge that makes us subjects of our own existence. The biggest

    advantage in using this tool is that it is free and allows the knowledge produced and worked in

    this course is open to the whole community involved in the tool.

    Through this research we analyze the various features of Google Docs in the teaching-

    learning as enabler of collaborative actions in the virtual world of interactivity, for a sample of

    students in higher education in the context of formal teaching and learning. On the use of

    Google docs are as perceptions of students identified from the responses to a questionnaire

    constructed for this purpose. The perceptions of students stands out considering the fact that

    Google docs help improving the performance results of matter related to the course, working

    as a learning strategy and as a support resource, always available anytime and anywhere where

    the student has Internet access.

    Key-words: Cyberspace. Cyberculture. Interactivity. Collaborative Learning. Google Docs.

  • 8

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Da Web 1.0 Web 2.0...........................................................................68

  • 9

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Utilizao das empresas no meio interativo ..........................................61

    Figura 2: Desenvolvimento de recursos e softwares da fase da Web 1.0 ............68

    Figura 3: Criao de plataformas e sites na Web 2.0 ...........................................69

    Figura 4: Pgina inicial da ferramenta Google docs .............................................90

    Figura 5: Editor do Google docs ...........................................................................92

    Figura 6: Planilha do Google Docs .......................................................................93

    Figura7: Apresentao de Slides no Google docs ................................................94

    Figura8: Acesso ao Google docs ........................................................................108

    Figura 9: Realizao do cadastro ........................................................................108

    Figura 10: Navegao na ferramenta ..................................................................109

    Figura 11: Ferramentas de ajuda .........................................................................109

    Figura12: Interatividade .......................................................................................110

    Figura 13: Editor de textos ...................................................................................111

    Figura 14: Planilhas Eletrnicas ..........................................................................112

    Figura 15: Apresentao de slides ......................................................................113

    Figura 16: Criao de formulrios ........................................................................114

  • 10

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    PC Personal Computer

    ASCII American Standard Code for Information Interchange

    EAD Educao a distncia

    API Application Programming Interface

    SAP Systems, Applications and Products in Data Processing

    CGI Common Gateway Interface

    RSS Rich Site Summary

    RDF Site Summary e tambm Really Simple Syndication

    HTML HyperText Markup Language

    SQL Structured Query Language

    PHP Hypertext Preprocessor

    DHTML Dynamic HyperText Markup Language

    GUI Graphical User Interface

    VoIP Voice over Internet Protocol

    SMS Short Message Service

    PDF Portable Document Format

    XLS Excel Worksheet , Microsoft Excel file format

    CSV Comma-separated values

    ODS Open Domain Server

    ODT Otago Daily Times

  • 11

    RTF Rich Text Format

    DOC Document

    PPT Power Point

    CSS Cascading Style Sheets

    ZDP Zona de desenvolvimento proximal

    CL Aprendizagem Colaborativa

    CVS Concurrent Version System

    SVN Subversion

    TIC Tecnologias da Informao e Comunicao

    CSCW Computer Supported Cooperative Work

  • 12

    SUMRIO

    Introduo..............................................................................................................14

    Origem do problema...............................................................................................17

    Questo de investigao........................................................................................18

    Objetivo geral..........................................................................................................18

    Objetivo especfico..................................................................................................18

    Justificativa.............................................................................................................19

    Mtodo....................................................................................................................21

    Fundamentao Terica.........................................................................................22

    Estrutura da dissertao.........................................................................................24

    1 A tecnologia da comunicao......................................................................27

    1.1 A tecnologia globalizada..............................................................................27

    1.2 A sociedade da informao..........................................................................29

    1.3 Informaes gerando conhecimento............................................................31

    1.4 A tecnologia e a informtica evoluindo em busca de informaes.............33

    1.5 A rede mundial de computadores: Internet..................................................40

    1.6 Da Internet ao Ciberespao........................................................................42

    1.7 O surgimento das comunidades virtuais: cibercultura..................................48

    1.8 O ciberespao, a cibercultura e a interatividade..........................................57

    1.9 A interatividade e suas aplicaes no ciberespao......................................62

    2 Web 2.0........................................................................................................66

  • 13

    2.1 O surgimento da Web 2.0............................................................................66

    2.2 Inovaes da Web 2.0 em relao Web 1.0............................................67

    2.3 As caractersticas e os contedos trazidos pela Web 2.0............................74

    2.4 Software acima do nvel de um nico dispositivo.........................................78

    2.5 Ricas experincias do usurio na Web 2.0..................................................79

    2.6 Competncias bsicas de empresas da Web 2.0........................................81

    2.7 Ferramentas da Web 2.0..............................................................................82

    2.8 Ferramenta Google docs..............................................................................90

    3 Aprendizagem colaborativa na ferramenta Google docs.............................95

    3.1 Teorias relacionadas com a aprendizagem colaborativa.............................95

    3.2 Dificuldades de aprendizagem colaborativa dentro do ciberespao............97

    3.3 O Google docs na aprendizagem colaborativa............................................99

    4 Estudo de Caso..........................................................................................106

    4.1 Objetivo do estudo de caso........................................................................106

    4.2 Resultados da avaliao da ferramenta Google docs................................107

    Consideraes finais.............................................................................................120

    Referncias bibliogrficas.....................................................................................122

    Anexos..................................................................................................................139

    Apndice...............................................................................................................148

  • 14

    INTRODUO

    Entendendo a tecnologia como artefatos que o ser humano cria, na maioria das vezes,

    para facilitar sua vida e expandir seus conhecimentos, veremos que diferentes tecnologias

    foram incorporadas ao ensino. Inicialmente o livro, a cartilha, passando pela televiso e o rdio

    na dcada de 70, udio e vdeos na dcada de 80, e a multimdia e redes de satlites na dcada

    de 90. Estamos vivendo agora a era da informao, onde existem variadas alternativas que

    permitem s pessoas interagir, intercambiar opinies, problemas ou propostas com outros

    usurios, fazer consultas com especialistas, acessar informaes constantemente atualizadas.

    Vivemos uma poca de constantes mudanas, de informaes rpidas em que o conhecimento

    chega at as pessoas de forma muito mais acelerada que h alguns tempos atrs. Com o avano

    das Tecnologias de Informao e Comunicao - TICs -, a informao e o conhecimento esto

    cada vez mais acessveis no mundo digital. Computador e Internet esto sendo incorporados ao

    cotidiano das escolas e trazem desafios para os professores, na medida em que favorecem o

    desenvolvimento de novas situaes pedaggicas e ampliam as oportunidades para o acesso

    informao, participao, ampliao de redes e para o processo de ensino- aprendizagem.

    As TICs trazem consigo novas formas de pensar, de aprender e de ensinar, e as

    relaes entre os seres humanos esto sendo rapidamente reelaboradas. Ressalta-se, entretanto,

    que podem ser bem ou mal usadas. O uso inteligente dessas tecnologias que possibilitar

    mudanas no sistema atual de ensino, usadas tanto pelo aluno como pelo professor.

    O cenrio educacional brasileiro vem mostrando uma forte tendncia de flexibilizao e

    incorporao de novas tecnologias e metodologias para otimizar e melhorar a qualidade do

    ensino superior, permitindo o desenvolvimento de cursos utilizando estratgias, ferramentas e

    recursos presenciais e no presenciais priorizando a aprendizagem do aluno. Neste sentido, s

    no mbito de uma proposta pedaggica bem situada na realidade atual, que se pode inserir a

    necessria condio de formao dos graduados, seja em ensino presencial ou a distncia,

    conjugada a aes da prtica pedaggica docente com as novas tecnologias.

    uma questo no s de imperativo histrico, mas de reconhecimento de que so

    ferramentas que podem contribuir no contexto de mediao do trabalho docente do nvel

    superior possibilitando aprendizagem mais significativa e colaborativa, j que o aluno ao

  • 15

    construir seu prprio conhecimento, passa a ter papel ativo, na busca de soluo de suas

    necessidades e da coletividade.

    Para Sobral (1999), como nos encontramos na famosa era da informao, nada melhor

    do que saber como obter e mesmo produzir com rapidez.

    Aprender a trabalhar com modernas tecnologias, implica em aprender em um ambiente

    de mudanas constantes, onde surgem diversas possibilidades.

    Com o aparecimento da World Wide Web alterou-se a forma como se acede

    informao e como se passou a pesquisar, fazer trabalhos ou comunicar com os outros. Assim

    sendo, a Web uma presena constante no nosso dia-a-dia, quer ao nvel pessoal quer ao nvel

    profissional. Por esse fato, os professores, so cada vez mais solicitados a utilizarem nas suas

    aulas as tecnologias nomeadamente aquelas que promovem a comunicao e partilha de

    informao. J no possvel pensar em inovao e no desenvolvimento pessoal sem o auxlio

    das potencialidades das tecnologias associadas Internet, das quais destacamos as associadas

    Web 2.0.

    Como adverte Simo (2006, p. 149) A designao de Web 2.0 no inocente e segue

    toda a terminologia usada para atualizaes (update) e evolues (upgrade) de programas

    informticos. Mas que evoluo foi essa que mereceu nova designao? Far sentido

    acrescentar um rtulo se, afinal, a realidade sempre a mesma a Web! Foi uma evoluo

    tcnica, ou foi mais do que isso? Tim OReilly, autor do termo, numa entrevista recente a

    Chistina Bergamn d a resposta: Web 2.0 significa desenvolver aplicativos que utilizem a rede

    como uma plataforma. A regra principal que esses aplicativos devem aprender com seus

    usurios, ou seja, tornar-se cada vez melhores conforme mais e mais gente os utiliza. Web 2.0

    significa usar a inteligncia coletiva (Bergman, 2007, s/p).

    A Web 2.0 pode dar uma outra perspectiva em prol de uma educao de qualidade,

    tornando os alunos produtores do conhecimento. , importante, preparar as geraes para esta

    nova forma de estar, onde todos so consumidores e produtores e onde as capacidades de

    pesquisar e de avaliar a qualidade da informao so crticas (Carvalho, 2007).

    A apropriao do ciberespao pela educao, como um espao complementar para a

    construo do conhecimento, tornou-se uma tarefa social importante, porque as tecnologias de

    informao e comunicao permitem a ampliao dos ambientes de aprendizagem para alm

    das tradicionais salas de aula presenciais. Assmann fala sobre a liberdade que h para o uso do

    ciberespao para aprendizagem, pois [...] nenhum poder econmico ou poltico capaz de

  • 16

    controlar e colonizar inteiramente a exploso dos espaos do conhecimento. A internet apenas

    um exemplo sinalizador do que se pretende dizer com essa hiptese (ASSMANN, 2003).

    As comunidades virtuais no so mais simples redes de relacionamentos, formadas por

    listas de discusso ou por trocas constantes de e-mails entre as pessoas, como foram

    conceituadas na dcada passada. Os vnculos esto mais fortes. As comunidades virtuais se

    diversificaram e se desdobraram em vrios tipos.

    Elas esto ativas tanto em ambientes que foram desenvolvidos para a educao on-line

    (WebCT, LearningSpace, AulaNet, TelEduc, e-Proinfo, Moodle, entre outros) como em ambientes

    com funcionalidades para comunicao sncrona com o uso simultneo de texto, udio e vdeo

    (Messenger, Breeze, Orkut, Multiply, Yahoo! Grupos, Weblogger, Google docs, entre outros). Alm

    desses, cresce exponencialmente o uso dos sistemas de telefonia via internet, como VoIP,

    Skype, UOLfone, entre outros, tanto por pessoas fsicas como jurdicas, devido s vantagens da

    relao custo-benefcio e praticidade. O e-mail evoluiu para o videomail e o bate papo para o

    videopapo, na interao on-line.

    As comunidades virtuais, portanto, esto sendo constitudas por pessoas que interagem

    no ciberespao motivadas pelos mais variados interesses.

    No se pode mais pensar na educao sem lembrar as tecnologias, no uso da Internet e

    dos recursos disponveis atravs da filosofia da Web 2.0. Diante do exposto, procura-se

    desenvolver uma investigao acerca do uso da ferramenta Google Docs, como espao interativo

    e colaborativo na construo do conhecimento.

    A pesquisa foi feita com os alunos do primeiro ano do curso superior em Sistemas de

    Informao, na disciplina de linguagem de programao. Decorreu durante um ano. Depois de

    terminar administrou-se um questionrio ao grupo de alunos que participou da ferramenta e

    identificaram-se as percepes dos alunos acerca das vantagens e desvantagens da utilizao do

    Google docs, em vrios aspectos, como o trabalho colaborativo, a relao entre professores e

    alunos, alunos e alunos, ambiente e alunos, sempre analisando e contemplando em forma de

    informaes.

  • 17

    Origem do problema

    Minha ligao com a docncia e com a prtica da informtica j vem desde 2000.

    Minha graduao foi concluda na rea da informtica, no curso de Engenharia da Computao

    e me especializei em Tecnologia e Segurana da informao. Meu relacionamento com a

    Internet e todas as ferramentas que fazem parte dessa rede global de computadores j tem mais

    de dez anos.

    O interesse pelo tema emergiu quando eu tive uma grande necessidade de encontrar

    uma soluo fora da sala de aula, de acompanhar a soluo de alguns problemas e

    entendimentos criados em um ambiente presencial e solucionados atravs da participao de

    todos esses alunos na construo da resoluo destes problemas. Com isso despertou o meu

    desejo de compreender cada vez mais profundamente aquilo que no meu cotidiano parecia ser

    inicialmente apenas algumas meras informaes sendo levadas de um aluno para o outro sem

    qualquer obteno final, ou seja, sem muito valor e tambm sem muita construo de qualquer

    conhecimento baseado naquelas informaes.

    Por isso resolvi compreender e buscar meios de comunicao e colaborao para que

    os meus alunos pudessem alm de trocar informaes, fazer um aproveitamento e uma melhor

    utilizao dentro de uma ferramenta virtual na qual iria lhes ajudar na construo do ensino e

    aprendizagem baseados em tarefas tericas e prticas da disciplina de linguagem de

    programao do curso de Sistemas de Informao, devido grande dificuldade destes alunos

    em acompanhar todo o andamento da disciplina, criando assim, meios de interao destes

  • 18

    alunos na soluo de vrias tarefas, para poder assim observar e analisar todo o processo

    colaborativo neste ambiente.

    Questo de investigao Em que medida o Google docs pode contribuir para o desenvolvimento do trabalho

    colaborativo em um curso de graduao na disciplina de linguagem de programao?

    Objetivo Geral

    O presente trabalho tem a funo de analisar o uso do ambiente colaborativo Google

    Docs na Internet, com alunos do ensino superior, no processo de ensino e aprendizagem.

    Objetivos especficos

    - Mostrar toda a evoluo da comunicao das informaes atravs da Internet.

    - Relatar o processo de gerao do ciberespao e a alocao de vrias ciberculturas dentro

    deste espao.

    - Analisar o uso das tecnologias da informao e da comunicao na gerao do conhecimento.

    - Justificar a escolha da ferramenta colaborativa indicada para fazer a colaborao com os

    alunos.

    - Acompanhar o desenvolvimento dos alunos na utilizao do ambiente virtual de

    aprendizagem, utilizando a ferramenta colaborativa (Google Docs).

    - Descrever as dificuldades encontradas pelos alunos na utilizao da ferramenta de

    aprendizagem colaborativa Google Docs.

  • 19

    - Analisar e interpretar os dados levantados.

    Justificativa

    Com a necessidade cada vez maior de comunicao atravs das informaes, na

    passagem para o terceiro milnio comea a surgir um novo tipo de sociedade, denominada

    sociedade da informao, onde tem como base de sua comunicao e transferncia de dados

    em reas vitais de qualquer sociedade a Internet, que conforme Grenhow (2007), indicou a

    Internet j no apenas um espao a que acedemos para buscar informao, mas um ambiente

    descentralizado de autoridade, onde o conhecimento construdo de forma colaborativa j que

    cada um (e todos) somos livres para aceder, utilizar e reeditar a informao.

    Tendo a Internet como meio de comunicao, comeou acelerar cada vez mais o

    desenvolvimento de ambientes que surgiam como facilitadores desta comunicao de

    indivduos de diversos espaos geogrficos. Com isso comeou a gerar um novo espao de

    sociabilidade e tambm novas relaes sociais, com estruturas e cdigos prprios. Estes

    cdigos acabaram se tornando uma nova reformulao das conhecidas formas de sociabilidade,

    onde esto adaptadas s novas condies de espao e de tempo. No ciberespao, o espao

    virtual criado pela Internet, est sendo concretizadas novas formas de comunicao e acesso

    informao que tem um grande e profundo efeito, no somente nos processos de apreenso

    do conhecimento, mas na vida das pessoas em geral. O ciberespao vem rompendo a cada dia

    a idia de tempo prprio para a aprendizagem. O espao da aprendizagem aqui, em qualquer

    lugar; o tempo de aprender hoje e sempre.

  • 20

    Deste modo a necessidade do desenvolvimento da educao e da formao ao longo da

    vida tornou-se um aspecto relevante na sala de aula convencional e no relacionamento de

    pessoas com o trabalho e com o conhecimento que se forma destas relaes. Isso tudo no

    seria possvel imaginar sem o auxilio das atuais tecnologias associadas a esta rede mundial de

    computadores Internet, das quais podemos destacar todas as tecnologias associadas Web 2.0.

    Conforme indicado por Dias (2004), o aspecto mais significativo desta mudana reside

    na representao coletiva das narrativas, atravs da utilizao do software social de edio e

    partilha, de que so exemplos s numerosas comunidades emergentes e os coletivos de

    conhecimento na Web.

    Pensando nesta coletividade de informaes dentro da Web, foram analisadas diversas

    ferramentas que colocam os usurios em totais condies de trocarem informaes em tempo

    real.

    A verificao desta colaborao foi feita por uma amostra de alunos de ensino superior,

    como recurso de apoio em uma disciplina especfica ao processo de ensino e aprendizagem.

    Hoje enfrentamos vrias dificuldades em sala de aula, o trabalho colaborativo poderia

    favorecer a participao do estudante no processo de aprendizagem e fazer da aprendizagem

    um processo ativo e efetivo, onde o conhecimento resultante de um consenso entre

    membros de uma comunidade, algo que as pessoas constroem conversando, trabalhando

    juntas e chegando a um acordo. Com isso, os alunos vo utilizar a tecnologia como um meio

    bem mais colaborativo, quebrando a monotonia, preparando rapidamente um material muito

    mais elaborado para as aulas seguintes. Tendo assim uma grande mudana do ambiente da sala

    de aula.

  • 21

    Mtodo

    Tendo em vista que pretendemos dar um direcionamento nesta linha de estudo, na

    utilizao da tecnologia para a construo do conhecimento, optou-se pela realizao de um

    estudo de caso. O estudo de caso tem sido descrito como um termo guarda-chuva para uma

    famlia de mtodos de pesquisa cuja principal preocupao a interao entre fatores e

    eventos, Bell (1989). O mtodo de estudo de caso um mtodo especfico de pesquisa de

    campo, Fidel (1992). Este mtodo do estudo de caso trata-se de uma pesquisa emprica,

    qualitativa, descritiva e de levantamento, que a partir da prtica pedaggica docente aplicada

    em duas turmas universitrias se procurou vivenciar a insero do Google Docs, dentre as outras

    tantas sugestes de aplicativos e ferramentas no contexto da Web.

    uma pesquisa emprica, pois teremos a busca de dados relevantes e convenientes

    atravs da experincia, da vivncia do pesquisador, que tem como objetivo chegar a concluses

    da maturidade experimental dentro do ambiente associado prtica dos usurios. Ento fica

    entendido que deveremos estar buscando informaes destes usurios, fontes diretas, os quais

    vivenciaram e utilizam seu conhecimento sobre o tema, o fato ou mesmo a situao, gerando

    assim um enriquecimento e uma transformao em conhecimento de fcil compreenso.

    Segundo Freire (1983), a pesquisa emprica lida com processos de interao e face-a-

    face, isto , o pesquisador no pode elaborar a pesquisa em laboratrio ou em uma

    biblioteca isolada e apenas com livros sua volta, concluindo que nesta modalidade da

    elaborao do conhecimento, o pesquisador precisa ir ao campo, isto , o pesquisador

  • 22

    precisa inserir-se no espao social coberto pela pesquisa; necessita estar com pessoas e

    presenciar as relaes sociais que os sujeitos-pesquisados vivem.

    O estudo realizado foi de tipo descritivo (MACMILLAN & SHUMAKER, 1997), por

    apresentar o produto final como uma descrio aprofundada do fenmeno que esta sendo

    estudado.

    Ainda segundo Freire (1983), as chamadas metodologias qualitativas implicam num

    processo de coleta de dados em que o pesquisador passa um tempo maior em contato com a

    realidade examinada; seja observando/participando/dialogando/ouvindo bem como,

    integrando o espao social que o seu objeto de pesquisa, com isso entendemos que para

    mudar um ambiente precisa estar presente neste ambiente e entender todo tipo de

    participao dos seus usurios.

    O Google docs uma ferramenta que possibilita todas as trocas de informaes e a

    colaborao dos seus envolvidos. Um dos grandes avanos do Google docs a utilizao dos seus

    registros, ou seja, podemos acompanhar todas as aes e colaboraes dos usurios no

    ambiente, possibilitando assim uma melhor analise e modelagem destes registros.

    Este trabalho teve como incio uma reviso bibliogrfica e documental, auxiliando a

    realizar um embasamento terico e balizar a linha a ser seguida, classificando o Google docs em

    foco. Nesta reviso bibliogrfica e documental foram levantados dados relativos tecnologia

    da comunicao, ciberespao, cibercultura e os ambientes sociais de colaborao.

    Fundamentao terica

    O objetivo deste levantamento terico apresentar e discutir pressupostos tericos que

    sustentam este trabalho e que me possibilitaram responder as questes desta pesquisa. Neste

    levantamento foram utilizados vrios autores e vrias fontes onde podemos destacar: livros,

  • 23

    revistas, artigos cientficos, sites, dissertaes, teses, congressos e publicaes diversas. Citamos

    a seguir os principais autores utilizados nos temas desta dissertao.

    Para tratar dos aspectos tcnicos e histricos dos meios de comunicao, das

    informaes, da gerao do conhecimento, do advento da Internet, do conceito e aplicao do

    ciberespao e das comunidades virtuais que surgiram deste espao virtual os seguintes autores:

    Pierry Levy (1999), Blaise Pascal, em 1942, Shannon (1975), Rodrigues (1993), Webster

    (OLIVEIRA,CARDOSO & BARREIROS, 2004), Sobral (1999), Pessanha (1999), Piaget

    (1975), Ausubel (1980), Kerckhove (1997), Alex Primo (2007), Steven Johnson (2001), Leal

    (1996), Manuel Castells (2005), Ortiz (1994), Vargas (1994), Layton (1988), Boff (1996),

    Barbosa(2003), Lcia Leo (1999), Schaff (1990), Santella (2003), Andr Lemos (1998), Wark

    (1992), Paul Virilio (1999), Gouveia e Gaio (2004), Santos (2000), Susana Nascimento (2002),

    Rheingold (1993), Antunes (2001), Hermano Vianna (1994), Orlandi (1999), Max Weber

    (2002), Silvio (2000), Wertheim (2001), Vilches (2003), Hillis (2002), Escobar (2000), Valente &

    Mattar (2007), Steuer (1993), Andrew Lippman (Brand, 1988), Bowman (1997), Mine (1995),

    Jacob e Tanriverdi (2000), Meadows (2002) e Pereira (1995).

    Para abordar o tema da Web 2.0 diferenciando da Web 1.0, suas caractersticas,

    experincias e as ferramentas que compe este conceito, buscamos as citaes de: Carvalho

    (2007), O'Reilly (2005), Richardson (2006), Siemens (2002), Valente e Mattar (2007), Alexander

    (2006), Lima (2010), Rich Skrenta (1996), Dan Gillmor (2006), Hal Varian (1999), Antoun

    (2006), Johnson (2003), Sotillo (2004), Silva (2000), Lvy (2000, 1999), Bettetini (1996), Moran,

    Masetto e Behrens (2000), Grinspun (1999), Coutinho e Bottentuit Jnior (2007), Moura e

    Carvalho( 2006), Gomes (2005), Appel (2006), Terry (2006), Moreira & Buchweitz (2000),

    Novak & Gowin, (1996), Berners-Lee & Fischetti (1999), Sabino (2007), Franklin e Van

    Harnelen (2007).

    Para estudar os conceitos de aprendizagem cooperativa e colaborativa e suas aplicaes

    na ferramenta Google docs: Vigotsky (1998), Lucena (1997), Piaget (1982), Moran (1999 e 2002),

    Chaves (2002), Scriven (1967), Delors (1999), Johnson, Johnson & Smith (1991), Bruffee

    (1995), John Myers (1991), Rockwood (1995), Jos Manuel Moran (1998).

    E no estudo de caso na ferramenta Google docs referenciamos os seguintes autores: Silva

    (1998), Tajra (2001), Olson (1997), Edith Litwin (2000), Mercer (1983).

  • 24

    Estrutura da dissertao

    Para mostrarmos como foi a evoluo das comunicao, o aparecimento da Internet, do

    ciberespao e da cibercultura, a utilizao da interatividade e dos meios colaborativos no

    ambiente colaborativo Google docs , alm da introduo e das consideraes finais estruturamos

    esta dissertao em quatro captulos.

    No primeiro captulo mostramos que com a crescente evoluo dos meios de

    comunicao e de suas tecnologias, hoje encontramos inmeras facilidades para

    desenvolvermos uma comunicao entre diversas pessoas de diversos pontos distintos do

    mundo. Hoje, os espaos se tornaram apenas pequenos pontos de comunicao, onde se

    desenvolveu atravs destes espaos uma sociedade caracterizada pelas trocas de informaes, a

    sociedade da informao, alavancada pelos seus usurios que desenvolvem dentro delas todos

    e quaisquer tipos de trocas de informaes, gerando o conhecimento para todos estes usurios.

    Estas novas trocas de informaes s foram concretizadas graas ao advento da Internet, a rede

    das redes, onde podemos destacar o aparecimento do ciberespao, como um espao

    complementar para a construo do conhecimento.

    Sabemos que o ciberespao tornou-se um fator social muito importante, pois

    possibilitou atravs das tecnologias de informao e comunicao a ampliao dos ambientes

    de aprendizagem, focados na troca de informaes.

    Dentro deste ciberespao formaram-se comunidades virtuais, cada qual com um

    propsito diferente e estabelecendo regras diferentes, baseadas em cada cultura que surgia

    dentro destas comunidades. Com isso surge a cibercultura, para definir esta nova cultura

    adquirida atravs do uso em massa da comunicao virtual e tambm para referir as culturas ou

    produtos que tenham qualquer tipo de relao com a tecnologia dos dias atuais. Estas

    comunidades criadas atravs desta nova cultura que esto sendo constitudas por pessoas que

    interagem no ciberespao que procuram os mais diversos interesses, que podem ser traados

    desde assuntos de ordem pessoal, de negcios, pesquisas acadmicas at a parte de terrorismo,

    pedofilia e o trfico.

  • 25

    Dentro deste novo cenrio comea a mudar a postura dos usurios, pois agora eles

    seguem as trs dimenses do ciberespao, inovador, coletivo e meditico.

    No segundo capitulo comeamos a mostrar a mudana de paradigma da web 1.0 para a

    web 2.0 que sucedeu atravs da Internet. Apresentamos ainda algumas ferramentas de

    inovaes deste novo paradigma da Internet, equacionando cada vez mais o seu potencial de

    utilizao tanto educativa quanto de ordem empresarial.

    Atravs da web 2.0 o utilizador passa a ser consumidor e produtor da informao, ou

    seja, tendo a responsabilidade de toda a informao gerada atravs dos vrios ambientes

    criados na web.

    Podemos visualizar a Web 2.0 como um conjunto de princpios e prticas que

    representam em conjunto um verdadeiro sistema solar de sites que demonstram alguns ou

    todos esses princpios, a uma distncia variando a partir desse ncleo, criando um grande ciclo

    de informaes possibilitando a construo do conhecimento por parte de seus usurios.

    Mostramos as facilidades de criao e edio dos contedos trazidos pela web 2.0, pois

    neste cenrio o utilizador tem vrios servidores que podem ser utilizados para disponibilizar

    suas pginas de forma gratuita ou mesmo pagas. Inmeras ferramentas foram criadas e

    disponibilizadas para seus usurios. A atualizao das informaes feita de uma maneira

    colaborativa e torna-se mais confivel com o nmero elevado de pessoas que aceita e atualiza

    estas informaes.

    No terceiro capitulo mostraremos as vrias formas de se utilizar a aprendizagem

    colaborativa e j adotando o Google docs como ferramenta colaborativa, indicando as facilidades

    de trabalhar com esta ferramenta, pois permite que mais de uma pessoa possa trabalhar em um

    determinado documento ao mesmo tempo.

    J no mais preciso que os alunos troquem e-mails com membros do grupo, lidando

    com aquelas confuses que ocorre freqentemente, com questes relativas compatibilidade

    de software, questes de envio e recebimento, etc. Esta colaborao em tempo real faz com

    que os alunos no tenham atraso de espera para que outras pessoas possam atualizar suas

    colaboraes dentro de um documento ou apresentao.

    S se torna necessria a utilizao de um navegador, para acessar o software. Todos os

    documentos so armazenados com segurana, dando a tranqilidade para que professores e

    alunos no percam seus documentos, por falhas ou por vrus.

  • 26

    Destacamos alguns aspectos do Google docs: as potencialidades do Google docs no trabalho

    colaborativo, a usabilidade do Google docs, a construo do conhecimento atravs da ferramenta

    e a obteno de informaes.

    No quarto capitulo destacaremos o estudo de caso dentro da ferramenta colaborativa

    Google docs. Mostraremos a colaborao do aluno dentro da ferramenta e como este aluno ir

    se comportar diante desta ferramenta.

    Iremos entender atravs deste estudo de caso, as dificuldades enfrentadas por alunos na

    utilizao de um ambiente colaborativo, bem como os benefcios que esta prtica traz para

    estes alunos. Analisaremos a partilha das informaes e a opinio dos alunos sobre este

    trabalho colaborativo.

  • 27

    Captulo 1

    Na passagem para o terceiro milnio estava estabelecida, em parte das naes do

    planeta Terra, uma sociedade mpar em toda a histria da humanidade, a sociedade da

    informao (WORLD SUMMIT ON THE INFORMATION SOCIETY, 2003, 2005). Entre

    suas principais caractersticas est o uso da internet como meio de comunicao e transferncia

    de dados em reas vitais de qualquer sociedade, como governo, educao, comrcio, sade,

    lazer, entre outras.

    A tecnologia da comunicao

    1.1 A tecnologia globalizada

    Estamos vivenciando em nossos dias uma grande revoluo e transformao nas

    formas e nos meios de comunicao. Cada vez mais em nossas vidas, percebemos as mudanas

    que vm sido causadas pela introduo e o avano da tecnologia e da informtica. Certos

    estamos de que o mundo passa por um momento de profunda transformao tecnolgica e

    social, e grande parte dessa mudana se deve ao rompimento das fronteiras culturais,

    econmicas, sociolgicas e tnicas, baseadas em uma rpida e espantosa superao das

    fronteiras da informtica em nosso mundo moderno. Segundo Pierry Levy (1999), no seu livro

    Cibercultura, refere-se todas essas mudanas como um impacto das novas tecnologias da

    informao sobre a sociedade e cultura, onde essas novas tecnologias tende a dar um grande

    significado nos hbitos sociais de cada individuo.

    A chave-mestra dessa transformao foi o fenmeno de globalizao pelo qual o

    mundo que conhecemos est passando. Junte-se a isso, o desenvolvimento e a acessibilidade

    da informao, tanto real, quanto virtual, a todas as camadas da sociedade (pelo menos de

    forma bsica). A globalizao, que se d no s com relao informao, mas tambm com

    destaque para a economia, a cultura e os costumes, tem tornado o mundo um lugar muito mais

    isnomo, quebrando assim as barreiras culturais e distanciais.

    Para Giddens (1999), a globalizao corresponde intensificao das relaes sociais

    globais que ligam comunidades locais.

  • 28

    A sociedade em que vivemos, tal qual a conhecemos atualmente, deve grande parte

    desse fenmeno de globalizao, que aproximou os povos, ao sucesso e divulgao dos meios

    de informao atuais, includos a, claro, a Internet.

    Devemos lembrar que os primrdios da informtica remetem aos anos 40, quando o

    pesquisador francs Blaise Pascal, em 1942, cria a primeira calculadora e tambm durante a

    Segunda Grande Guerra. Nesse perodo, os EUA comearam a desenvolver calculadoras de

    grande porte, com interesse exclusivamente blico e balstico, para que fossem utilizadas no

    processamento de informaes estratgicas que seriam utilizadas durante os ataques aos pases

    beligerantes.

    Mesmo antes desses acontecimentos, os pesquisadores j sabiam que poderiam

    transmitir mensagens atravs de outros meios, na forma de sinais eltricos. O grande seno de

    tudo isso era que tais mensagens sofriam diversas interferncias, e acabavam nem sempre

    sendo codificadas da maneira como tinham sido criadas. Isso acabou se resolvendo pela

    criao de um sistema matemtico de informao, com o surgimento de novas expresses e

    conceitos, como os de bit e byte, introduzido em 1847, pelo matemtico ingls George Boole

    com os sistemas binrios, e algoritmos, utilizados pelos especialistas para facilitar e

    desenvolver as novas tcnicas que surgiam juntamente com a necessidade crescente de

    mudanas.

    Todas essas mudanas se tornam alavancas no mundo atual, dentro do processo de

    globalizao pelo qual estamos vivendo. Esse processo de globalizao tem sido intensificado

    graas ao acesso as informaes que as pessoas recebem, no s oriundos de seus limites, mas

    tambm advindo extra fronteiras, ou seja, o conhecimento mundial sendo colocado em nossas

    mos.

    Devemos nos ater nesse momento a idia de conhecimento. Diversas conceituaes

    foram dadas ao tema, dentro de vrios aspectos estudados. Preferimos basear nosso estudo na

    conceituao do conceito, baseando-nos na idia de informao. O conhecimento seria assim

    a capacidade de armazenamento e disponibilizao da informao a que temos acesso.

    ______________________________ Os computadores "entendem" impulsos eltricos, positivos ou negativos, que so representados

    por 1 e 0, respectivamente. A cada impulso eltrico, damos o nome de Bit (BInary digiT). Um conjunto de 8 bits reunidos como uma nica unidade forma um Byte.

    Um algoritmo uma seqncia no ambgua de instrues que executada at que determinada condio se verifique. Mais especificamente, em matemtica, constitui o conjunto de processos (e smbolos que os representam) para efectuar um clculo.

  • 29

    E, para melhor entendermos o conceito, devemos definir o que informao.

    Vamos nos ater ao pensamento de Bill Gates (1995) com relao ao assunto: Shannon (1975)

    definiu a informao como sendo a reduo de incerteza. Por essa definio, se voc j sabe

    que sbado, e algum lhe diz que sbado, voc no recebeu nenhuma informao. Por

    outro lado se voc no tem certeza do dia da semana e algum lhe diz que sbado, voc

    recebeu informao, porque sua incerteza foi reduzida.

    Portanto, diante do que vimos, podemos dizer que o conhecimento se adquire na

    medida em que as incertezas vo sendo ultrapassadas, sendo que, a partir desse ponto,

    passamos a entender melhor o mundo em que vivemos, pois a certeza constri conceitos e

    noes mais claras em nossas vidas.

    1.2 A sociedade da informao

    Traando um panorama mais amplo, Rodrigues (1993) visualizando um cenrio sob o

    contexto dos ltimos anos do sculo passado afirma que:

    O nosso sculo tornou-se assim o sculo da informao, tal como o sculo XIX foi o sculo da produo industrial, os dispositivos eletrnicos da informao permitem ultrapassar cada vez mais as limitaes do espao e do tempo que, at h pouco tempo, nos mantinham relativamente confinados comunidade que nos tinha visto nascer, viver e crescer, mas devido a abundncia, rapidez e instantaneidade da informao, a percepo da atualidade tornou-se uma realidade cada vez mais defasada em relao aos ritmos concretos da experincia humana que alimentam os processos comunicacionais.(RODRIGUES, 1993, 24).

    Segundo Webster (OLIVEIRA,CARDOSO & BARREIROS, 2004) vivemos em uma

    sociedade de informao, que se caracteriza por cinco critrios: tecnolgico, econmico,

    ocupacional, espacial e cultural. Baseado nisso, passaremos a enfatizar cada um desses critrios,

    com o intuito de formarmos uma conceituao mais ampla da atual sociedade em que vivemos,

    para, a partir da, estabelecermos ao certo a interferncia da Internet no desenvolvimento dessa

    mesma sociedade.

    O critrio tecnolgico diz respeito inovao das tcnicas e surgimento de novos

    mtodos e maneiras de adquirimos o conhecimento, atravs da captao de informao.

    medida que o tempo passa, e aumenta o nmero de pessoas ansiosas por uma gama maior de

    informao, os especialistas devem basear seus esforos para melhorar os meios j existentes e

    criar meios ainda mais eficientes de captao e transmisso de informaes. Com isso, um

  • 30

    maior nmero de pessoas pode ser atingida e beneficiada pelos meios de transmisso de

    informao.

    O segundo critrio o econmico, que de grande importncia no mundo atual. Para

    ns, interessa saber qual o papel da informao na economia. Ou seja: qual o peso que tem a

    informao na economia? Resposta simples: o peso enorme. As economias mundiais,

    amparadas pelo processo de globalizao, tende a sofrer interferncias e intempries advindas

    das economias domsticas, expresso utilizada para denominar a economia de cada uma das

    naes. Portanto, as informaes que surgem das economias domsticas so de suma

    importncia para que a economia mundial possa se estabelecer de maneira eficiente e coesa. A

    informao, nesse caso, toma uma posio de ainda mais relevncia.

    O terceiro critrio o ocupacional. Por esse critrio, devemos entender que houve uma

    transformao ocupacional no mundo, ou seja, os empregos dependem cada vez mais da

    informao e do conhecimento. A mo-de-obra passou a ser muito mais especializada e o

    nmero de profissionais com grande conhecimento aumentou consideravelmente. Coisas que

    eram vistas como dispensveis em tempos passados, hoje se tornaram itens de srie, j que

    grande parte dos profissionais tem acesso a elas. Isso fez com que o conhecimento e a

    informao tomassem papel de fundamental importncia em um novo mercado de trabalho,

    extremamente competitivo e dinmico, onde apenas os mais bem-informados sobrevivem.

    O quarto critrio o espacial. Simples de entender que as fronteiras espaciais deixam

    de existir diante do conhecimento e informao disponibilizada nos dias atuais. Hoje podemos

    ter acesso a pases das mais remotas partes do mundo, sem nunca termos estado em seu

    espao territorial fsico. Atravs da navegao em rede, podemos acessar museus, bibliotecas,

    reparties pblicas, entre outros, de todas as partes do mundo. Isso faz com que as limitaes

    espaciais que antes existiam percam sua fora de obstruo ao acesso de informaes.

    O quinto e ltimo critrio o cultural. E tambm fcil de ser compreendido. O

    cidado atual tem muito mais acessibilidade cultura e informaes, j que a maior parte desse

    conhecimento disponibilizada a ele atravs dos meios de propagao da informao, Internet

    includa a. Nos tempos mais remotos, dificilmente uma pessoa comum teria acesso aos

    grandes clssicos literrios, dos maiores autores de nossa ptria. Nos dias de hoje, basta um

    clique do mouse para que o cidado possa ter o livro na tela de seu PC. Isso facilita e difunde o

    acesso a cultura nos tempos atuais.

  • 31

    Para Sobral (1999), como nos encontramos na famosa era da informao, nada melhor

    do que saber como obter e mesmo produzir com rapidez. Aprender a trabalhar com modernas

    tecnologias, implica em aprender em um ambiente de mudanas constantes, onde surgem

    diversas possibilidades.

    1.3 Informaes gerando conhecimento

    A sociedade moderna est passando por uma profunda transformao, tamanha a

    importncia que o conhecimento adquiriu nos ltimos tempos. Esse conhecimento hoje fator

    primordial em todos os aspectos formadores da sociedade e se d em virtude de terem os

    meios de propagao de informao se tornado cada vez mais eficazes e presentes na vida de

    todos.

    Para Scrates, a virtude estava no conhecimento fundado, na auto-conscincia

    despertada e mantida em permanente viglia para gerar um homem construdo a partir de seu

    centro e que age de acordo com sua alma/conscincia (PESSANHA, 1999). Assim, o

    verdadeiro conhecimento seria aquele trabalhado internamente pelo indivduo; aquele que o

    desperta para a correta aplicao das informaes que nele esto depositadas.

    As idias de Piaget (1975) e Ausubel (1980) convergem ao apontarem que as estruturas

    mentais ou cognitivas pr-existentes so essenciais para a aquisio de um novo conhecimento.

    Novas idias e informaes podem ser aprendidas e retidas na medida em que existam,

    previamente, conceitos relevantes, claros e disponveis na estrutura cognitiva do indivduo e

    que funcionem como ponto de ancoragem para novas idias e conceitos.

    Colaborando com as idias de Piaget e Ausubel, Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam

    que a aquisio do conhecimento se daria pelo compartilhamento de experincias e dos

    modelos mentais com outras pessoas, com o uso da palavra ou no, o que torna a simples

    transferncia de informaes sem sentido quando desligada do contexto e emoes geradas

    pela vivncia, pressuposto preconizado pela Andragogia que afirma que os adultos aprendem

    pela prtica (MORENO, 2002).

    ______________________________ 3Andragogia a arte ou cincia de orientar adultos a aprender, segunda a definio creditada a

    Malcolm Knowles, na dcada de 1970. O termo remete a um conceito de educao voltada para o adulto, em contraposio pedagogia, que se refere educao de crianas (do grego paids, criana).

  • 32

    Como j dissemos, desde o perodo ps-guerra a sociedade vem passando por

    profundas transformaes, tanto de carter tecnolgico, como nos aspectos sociais,

    econmicos e comportamentais. Mas nada se iguala s transformaes sociais que a tecnologia,

    especialmente a informatizao, trouxe para a sociedade nos dias atuais.

    Kerckhove (1997), defende que a evoluo do paradigma social e comunicativo est

    diretamente relacionada com a tecnologia.

    Especialmente as duas ltimas dcadas foram prdigas na acelerao do processo de

    informatizao do mundo atual, transformando a sociedade que conhecamos em um mundo

    dominado pela informao e o conhecimento. E fcil notar essas mudanas. Atualmente, a

    informao se tornou vital em todos os nveis e camadas sociais, tornando o conhecimento um

    aspecto fundamental na formao do indivduo, tanto em seu lado profissional, como pessoal.

    Essas transformaes a que nos referimos, particularmente nas duas ltimas dcadas,

    tornaram-se possvel especialmente por causa do avano nas noes de tempo e espao, que

    foram mudadas substancialmente com o advento da informatizao e do surgimento dos

    diversos meios de propagao e comunicao das informaes, levando o conhecimento a ser

    divulgado de maneira muito mais rpida e eficiente.

    Juntemos a isso a evoluo da Teoria Matemtica da Comunicao e a Informao, que

    nos fez entender que a informao uma medida de quantidade, associada a uma noo de

    incerteza. Claude Shannon (1949) inspirou uma exploso de maneiras criativas de compactar

    informao - bits (extraindo somente a informao real, codificando-a para envi-la atravs de

    um canal e interpretando este sinal numa data ou local posterior com qualquer nvel desejado.

    Dessa forma, os meios de transmisso de mensagens, por meio do sinal eltrico, passaram a ser

    cada vez mais difundido, e no utilizados apenas pelos setores mais altos dos governos, o que

    comumente acontece com a chamada tecnologia de ponta4.

    A teoria matemtica da informao considera a informao como sendo somente

    aqueles smbolos que so incertos para o receptor. Shannon (1948) tornou claro que a

    incerteza a verdadeira mercadoria da comunicao.

    O homem sempre teve particular dificuldade com o processo de adquirir

    conhecimento, pois esse conhecimento se dava atravs da obteno de informaes novas e

    nem sempre essas informaes atualizadas estavam disponveis de maneira que todos

    pudessem ter rpido e eficaz acesso a elas. Por esse motivo, nem todas as pessoas comuns

    4Alta tecnologia (emm ingls, high tech) refere-se tecnologia considerada de ponta (em ingls, state-of-the-art), isto , que trabalha com as mais recentes inovaes tecnolgicas, ou na sua investigao.

  • 33

    dispunham de meios para atingir o pleno conhecimento e pudessem estar sempre atualizadas

    com os avanos do mundo moderno.

    1.4 A tecnologia e a informtica evoluindo em busca de informaes

    A humanidade sempre recorreu tecnologia para lhe auxiliar naquilo que sempre lhe

    pareceu mais importante, que a busca pela inteligncia, pela informao, pelo conhecimento.

    Desde os primrdios, o homem buscou ajuda nas ferramentas tcnicas e meios tecnolgicos

    para que pudesse estar sempre aperfeioando suas idias e adquirindo novos conhecimentos.

    Alex Primo (2007) refora a diferena entre homem e mquina para apresentar os

    sistemas informticos como limitados e previsveis.

    Steven Johnson (2001): "A ruptura tecnolgica decisiva reside antes na idia do

    computador como um sistema simblico, uma mquina que lida com representaes e sinais e

    no com a causa-e efeito mecnica do descaroador de algodo ou do automvel"'.

    Infelizmente, vemos que a tecnologia ainda no um meio visto com bons olhos a

    todos, j que ainda existem muitas pessoas ligadas aos antigos costumes e tradies, que no

    suportam a idia de facilidade e inovao que a tecnologia nos permite usufruir.

    Alguns autores, como Leal (1996) chegam a formular os desafios ticos do avano da

    tecnologia em termos de uma mltipla perda: perda de qualificao, associada automao, e

    desemprego; de comunicao interpessoal e grupal, transformada pelas novas tecnologias ou

    mesmo destruda por elas; de privacidade, pela invaso de nosso espao individual e efeitos da

    violncia visual e poluio acstica; de controle sobre a vida pessoal e o mundo circundante; e

    do sentido da identidade, associado profunda intimidao pela crescente complexidade

    tecnolgica.

    Manuel Castells (2005: 21) frisa o fato de nem s de tecnologia vivem as

    pessoas, por isso, no podemos ignorar os problemas sociais e polticos.

    Parece-nos at meio descabida a justificativa dada por essas pessoas, j que cada vez

    mais temos o auxlio de meios tecnolgicos cada dia mais eficaz a satisfazer nossas

    necessidades. Dizer que, utilizando-nos desses meios, estamos nos tornando refns dele, o

    mesmo que dizer que somos refns do ar que respiramos ou da gua que bebemos.

    Sim, o homem um ser dependente dos meios inovadores. E sempre foi assim, desde

    os tempos mais remotos. Foi assim com o fogo, quando foi descoberto. At aquele momento,

    o homem se alimentava de carne e alimentos crus, e vivia dessa forma. Mas, com a descoberta

  • 34

    do fogo, o homem notou que poderia ter mais sabor e praticidade no preparo de sua

    alimentao, e aliou essa nova descoberta a seu modo de vida, sem se tornar refm dele, mas

    sim contemporizando com o que j havia descoberto at ento.

    O que sabemos de fato que estamos cada vez mais dependentes de toda essa

    tecnologia que est por a e no h como negar que precisamos dela para poder viver melhor,

    tanto quanto a qualidade de vida, como quanto praticidade e necessidade de resultados cada

    vez mais eficientes, em prazos menores. E a informtica um dos ramos em que h mais

    inovaes tecnolgicas que influenciam direta ou indiretamente na vida da sociedade como um

    todo.

    Segundo Masuda (1985), autor do Plano Japons para uma Sociedade da Informao

    publicado nos anos 70. Nessa utopia, a tecnologia dos computadores ter como funo

    fundamental substituir e amplificar o trabalho mental dos homens; permitir a produo em

    massa de contedo cognitivo, informao sistematizada, tecnologia e conhecimento. A infra-

    estrutura pblica de computadores articulados em redes e bancos de dados substituir os

    centros de produo de bens como smbolo societrio. A elevao da capacidade educacional e

    tcnica e de criao de novas oportunidades econmicas tero o papel desempenhado pela

    descoberta de novos continentes e aquisio de colnias na expanso do mercado da sociedade

    industrial. A liderana da economia ser ocupada pela indstria intensiva em conhecimento. A

    produo de informao pelo prprio usurio ganhar grande espao e importncia na

    estrutura econmica. O mais relevante sujeito de ao social ser a comunidade de voluntrios,

    no a empresa ou grupos econmicos, e a sociedade no ser hierrquica, mas multicentrada,

    complementar e de participao voluntria. A meta social ser a concretizao do valor do

    tempo e no mais a criao de uma sociedade de alto bem-estar. A democracia participativa

    substituir o sistema parlamentar e a regra da maioria e os movimentos sociais sero a fora

    por trs de mudanas sociais. Em seu estgio avanado, ser uma sociedade de criao de

    conhecimento. O globalismo, a harmonia entre homem e natureza, a auto-disciplina e a

    contribuio social sero os princpios orientadores dessa sociedade (Masuda 1985: 620-625).

    No podemos abrir mo de todos os resultados obtidos nas pesquisas cientficas, tanto

    na rea de sade e bem-estar, como nas reas de segurana e ainda mais relevante, nas reas de

    pesquisas fsicas, qumicas ou biolgicas, reparamos na crescente utilizao da informtica

    como meio a se atingir um resultado mais concreto e confivel.

  • 35

    O que ocorre atualmente que os especialistas se desdobram nos laboratrios de

    pesquisa para atingir os melhores resultados, concretizando experincias que sero conclusivas

    para a descoberta de novas tcnicas e o surgimento de meios mais eficazes de satisfao dos

    problemas do mundo moderno. Mas, juntamente com esse conhecimento humano, que nunca

    pode ser abolido, est a informtica, ajudando com a coleta de informaes, com sua

    divulgao e propagao, propiciando a inter-relao entre as pesquisas e, especialmente, na

    possibilidade de comparao e anncio de resultados entre os especialistas.

    Ortiz (1994), afirma que as inovaes tecnolgicas tm uma influncia capital na

    mundializao da cultura, formando a infra-estrutura material para que ela se consolide.

    Parece-nos que, com relao queles que abominam essas novas tecnologias,

    especialmente a informtica, a fazem por um motivo especfico. A experincia passada e o

    conhecimento adquirido ao longo do tempo sempre foram muito valorizados. Ocorre que,

    com tantas inovaes tecnolgicas, a experincia se tornou um item cada vez mais obsoleto,

    em detrimento de todas as mudanas que surgem. E, se tratando da informtica, essas

    mudanas ocorrem em uma rapidez e freqncia cada vez maiores.

    O que ontem era uma tecnologia moderna, de ponta, hoje se torna obsoleta e em

    desuso, j que existem novas formas de fazer o que as mesmas faziam, s que de maneira mais

    eficiente e clere. Portanto, a informtica uma tecnologia em constante mudana e adaptao,

    o que vai contra o pensamento dos mais antigos, que baseiam sua vida na experincia passada e

    nos costumes. Esse nos parece o maior entrave aceitao da tecnologia para alguns.

    Para Enguita (1988) poucas coisas despertam hoje dose bem elevada de fetichismo

    como a tecnologia. Nas geraes passadas atribuam-se todos os bens e males aos espritos, ao

    destino e vontade divina, sendo que no presente somos levados a nos extasiarmos diante da

    evoluo da tecnologia.

    A grande dificuldade no mundo atual exatamente esse processo de inovao a que

    toda sociedade comumente submetida. Como dissemos, o que ontem era uma inovao,

    amanh pode se tornar retrgrado e isso acaba fazendo nascer uma dificuldade natural de ter

    que aprender e esquecer algo em um perodo cada vez mais curto de tempo.

    Em virtude dessa dificuldade, cada vez com mais freqncia essa tarefa de adquirir e

    guardar as novas informaes so transmitida aos meios tecnolgicos mais modernos, j que a

    mente humana no tem a facilidade e a rapidez necessrias para se fazer o mesmo, com

    tamanha eficcia e rapidez. Vemos ainda que o homem moderno tem cada vez mais de

  • 36

    aprender a lidar com situaes inusitadas, devendo passar a aperfeioar no s seu

    conhecimento emprico, mas tambm capacidades que antes no tinham o reconhecimento

    devido, como a intuio.

    Mas voltemos ento questo da inovao, a qual devemos nos ater, para no

    perdemos o foco do trabalho em questo.

    O desenvolvimento tecnolgico fundamental para a vida das pessoas, tanto com

    relao ao seu desenvolvimento social, como cultural, econmico e mesmo na questo do

    bem-estar. Devemos levar em considerao alguns aspectos importantes para avaliar essa

    questo. E tambm para avaliar a dificuldade que algumas pessoas tm para aceitar todo esse

    processo de mudana, que inevitvel e de crescimento gradual.

    Devemos levar em considerao que todo esse desenvolvimento tecnolgico faz parte

    de nosso dia-a-dia, e se trata de um processo irreversvel, mesmo ainda havendo vozes que vo

    contra essa mudana. O homem, ao longo de sua jornada de desenvolvimento pessoal e social,

    sempre buscou alternativas que tornassem mais fcil e cmodo seu progresso e

    desenvolvimento. Buscou, ao longo dos anos, a criao de ferramentas e meios que pudessem

    vir a facilitar a vida em nosso planeta, sempre buscando alcanar novos padres de satisfao e

    realizao.

    E quais seriam os impactos diretos que toda essa evoluo tecnolgica traz em nossas

    vidas? Respostas das mais diversas poderiam ser encontradas para este questionamento.

    Porm, como bem coloca o autor j citado Pierre Levy (1999), em sua obra Cibercultura, a

    questo no tanto avaliar a pertinncia estilstica de uma figura de retrica, mas sim esclarecer

    o esquema de leitura dos fenmenos a meu ver, inadequado que a metfora do impacto

    nos revela.

    A palavra impacto, mesmo sendo utilizado em seu estilo metafrico aqui, se torna

    pesada demais para significar o que realmente todo esse avano tecnolgico representa. At

    porque, apesar de haver um grande grupo nadando contra a corrente do desenvolvimento, nos

    parece bvio que os benefcios trazidos por toda essa inovao tecnolgica suplantam em

    muito os supostos malefcios que possa haver advindos dessa mesma fonte.

    Devemos lembrar sempre, em primeiro lugar, que a tecnologia, o desenvolvimento e

    modernidade dos meios de propagao do conhecimento, as ferramentas de busca pela

    informao, no podem ser analisadas colocando-se de lado o fator humano.

    Bazzo (1998, p. 142) destaca que:

  • 37

    inegvel a contribuio que a cincia e a tecnologia trouxeram nos ltimos anos.

    Porm, apesar desta constatao, no podemos confiar excessivamente nelas,

    tornando-nos cegos pelo conforto que nos proporcionam cotidianamente seus

    aparatos e dispositivos tcnicos. Isso pode resultar perigoso porque, nesta anestesia

    que o deslumbramento da modernidade tecnolgica nos oferece, podemos nos

    esquecer que a cincia e a tecnologia incorporam questes sociais, ticas e polticas.

    Os meios tecnolgicos no funcionam por si s. No! Precisam sim do elemento

    humano para poder subsistir e realmente serem inovados. Por trs de toda essa inovao,

    existem milhares ou milhes de pessoas envolvidas em um longo e penoso processo de

    pesquisa e aprimoramento de idias para que possamos ter, ao final de todo esse processo, a

    tecnologia mais avanada e as ferramentas mais eficazes para a obteno de conhecimento.

    Muitas das crticas recebidas pelo processo de modernizao tecnolgica que vivemos

    dizem respeito ao fato de que, medida que novas tecnologias vo sendo criadas, o homem vai

    perdendo seu lugar no processo. No s isso. Alegam ainda que o mundo est se tornando

    cada vez mais frio e insensvel, pelo fato de que as emoes passam a ser sentida atravs de

    mquinas frias e sem sentimentos, o que nos parece uma grande controvrsia.

    Talvez por isto, Mignot-Lefebvre (1994) amplie seu conceito sobre tecnologia,

    incorporando no apenas o conjunto de tcnicas audiovisuais, de telecomunicaes, de

    automao etc., mas inclua, como dimenso conceitual, as decorrncias econmicas e sociais

    dessas tcnicas dentro de uma viso temporal e espacial. Isto , nenhum recurso tecnolgico

    deve ser um fim em si prprio. Sua adequao precisa estar, sempre, atrelada melhor

    qualidade de vida, em uma perspectiva humanista e coerente com a realidade.

    Muitos crticos ferrenhos da tecnologia citam um exemplo clssico para explicar esse

    processo de mecanizao dos sentimentos. Falam acerca do prazer de ler uma grande obra-

    prima da literatura, escrita por um autor cheio de sentimentos humanos e vvidos, podendo

    manusear o livro e sentir naquele momento todas as emoes que um contato fsico pode

    causar. Depois cita ter a oportunidade de ler essa mesma obra, atravs de uma disponibilizao

    digital. Alegam que, numa tela fria de computador, a pessoa no pode sentir as mesmas

    emoes que sente o leitor de um livro real.

    O clmax de cada inovao tecnolgica tem o seu prprio espao, o seu prprio tempo,

    o seu prprio pblico, sem riscos reais de uma aldeia universal ou global em todos os seus

    aspectos bsicos, como destaca Burton (1994). Em anos e anos de informao multifacetada,

  • 38

    no h registro de casos de extino de veculos de comunicao ou mesmo da desvalorizao

    do ser humano em face do surgimento de outros meios de comunicao e outros avanos

    tecnolgicos. Ocorrem, sim, mutaes, adaptaes e avanos.

    A nosso ver, parece meio utpica tal afirmao. Devemos sempre lembrar que, em

    ambas as formas de comunicao, o meio empregado para atingir o fim foi ao humana.

    Esquecem os defensores da tese de que o mundo virtual composto de emoes frias e irreais,

    que esse mesmo meio foi pensado e desenvolvido por seres humanos, seres esses dotados de

    emoes e sentimentos verdadeiros, e no virtuais. Parece-nos estar a chave para a melhor

    soluo desse verdadeiro impasse que esses romancistas proclamam.

    Todo o processo de desenvolvimento tecnolgico, todas as maravilhas tecnolgicas do

    mundo atual, incluindo a a Internet e todo esse universo virtual que conhecemos hoje, foram

    desenvolvidos e implementados pelas mos dos homens. So os sentimentos humanos que

    deram inspirao e embasamento para todas essas inovaes, para todo esse processo de busca

    pelo conhecimento e informao. Portanto, nos parece irreal querer dizer que a tecnologia e a

    modernidade esto acabando com o que o mundo tem de melhor, que o prprio sentimento

    humano.

    Na verdade, o homem est sempre por trs de toda e qualquer inovao a que a

    humanidade submetida. Diferentemente das eras primordiais, em que acontecimentos

    naturais ou fenmenos climticos podiam ser os causadores de inovaes e descobertas, como

    no caso do fogo, por exemplo, nos dias atuais tornou-se quase impossvel haver descobertas

    com base simplesmente no acaso ou nas intempries e dissabores dos fenmenos naturais.

    Muito pelo contrrio, cada vez mais ntido o toque humano em todas as inovaes

    sentidas pelo mundo moderno. As pesquisas, o desenvolvimento humano, a busca pelo saber,

    a necessidade cada vez mais crescente de se adquirir informaes em um perodo de tempo

    cada vez menor, a nsia de aprender novas tcnicas e novos procedimentos. Tudo isso faz com

    que o homem cada vez mais busque a troca de informaes com os outros de sua espcie, para

    que possa aprofundar e ampliar seu conhecimento.

    Para Dalegrave Neto (2002), sem duvida o desenvolvimento da automao, sobretudo

    atravs das suas principais tcnicas de robotizao e computadorizao, revolucionou no s o

    mercado de trabalho e da indstria, mas a sociedade como um todo.

    Ainda Dalegrave Neto (2002) afirma que vive-se hoje a era do instantneo e do

    descartvel. Tudo que fcil, rpido e simples consumido pelo mundo.

  • 39

    O vocbulo tecnologia significa, conceitualmente, a teoria geral e estudos

    especializados sobre os procedimentos, instrumentos e objetos prprios de qualquer tcnica,

    arte ou ofcio.

    Para Vargas (1994), a tecnologia consiste em um conjunto de atividades humanas,

    associadas a sistemas de smbolos, instrumentos e mquinas, visando construo de obras e

    fabricao de produtos por meio de conhecimento sistematizado.

    Podemos vislumbrar, em rpida anlise, diversos aspectos humanos nesse conceito do

    que vem a ser tecnologia, o que descaracteriza por completo a viso de frieza e mecanizao

    que algumas pessoas querem dar ao assunto. Conceitos como instrumentos, arte,

    smbolos e estudos so basicamente humanos, ou produzidos com o esforo humano. A

    arte uma manifestao cultural baseada nos sentimentos humanos, sendo que, sem eles, no

    poderia ter a carga esttica que lhe desprendida. Portanto, em nosso entender, superada est

    a teoria de que o desenvolvimento tecnolgico se baseia num processo cada vez mais

    freqente de substituio das emoes humanas por mquinas frias e no-sentimentais. Pelo

    contrrio: toda a inovao tecnolgica nasce e se aprimora em virtude do afloramento dos

    sentimentos humanos e a necessidade cada vez maior de se aperfeioar e descobrir novos

    mtodos e meios de busca pelas informaes, o que caracteriza o processo de aquisio do

    conhecimento.

    Na perspectiva de formar um cidado que possa compreender como a tecnologia tem

    influenciado o comportamento humano e desenvolver atitudes em prol de um

    desenvolvimento tecnolgico sustentvel, essencial que haja uma discusso dos valores

    envolvidos nas decises (LAYTON, 1988). a partir da identificao dos valores que se

    compreendem melhor as necessidades da sociedade e os aspectos ticos que devem ser

    considerados no uso mais responsvel da tecnologia. Ser tambm pelo desenvolvimento de

    valores que se consolidar o sentimento de solidariedade csmica, dentro de um novo

    paradigma em emergncia, o da comunidade planetria (BOFF, 1996).

  • 40

    1.5 A rede mundial de computadores: Internet

    De todas as inovaes tecnolgicas surgidas nos ltimos anos, especialmente no que

    diz respeito rea da informtica, sem dvida nenhuma a mais significativa e revolucionria foi

    rede mundial de computadores, ou como conhecemos mais comumente, a Internet.

    Segundo Barbosa(2003), o mundo, tal como o conhecamos, mudou substancialmente

    com o aparecimento da Internet. Sociedade da Informao, Era digital, do Ciberespao ou da

    Internet so apenas diferentes designaes para uma nova realidade com implicaes

    inevitveis ao nvel social, cultural, econmico e poltico.

    Castells (1999), relata detalhadamente o surgimento da Internet, descreve que ela

    originou-se de um esquema ousado, imaginado na dcada de 60, no contexto da guerra-fria,

    pelos guerreiros tecnolgicos da Agncia de Projetos de Pesquisa Avanada do Departamento

    de Defesa dos Estados Unidos.

    O resultado foi uma arquitetura de rede que, como queriam seus inventores, no

    pode ser controlada a partir de nenhum centro e composta por milhares de redes

    de computadores autnomos com inmeras maneiras de conexo. [...] a exploso da

    Web no foi nem prevista nem previamente desejada pelas grandes multinacionais da

    informtica, das telecomunicaes ou da multimdia, mas se expandiu como um

    rastro de plvora entre os cibernautas.(CASTELLS, 1999, p. 21).

    Para Lcia Leo (1999), bastante comum na literatura tcnica, que apresenta e discute

    a Internet, a referncia sua organizao catica, que atribudo inexistncia de um eixo

    central ou principal, que ordene e controle os fluxos e estoques de informaes disponveis

    que entram e saem continuamente da rede de comunicao. Sua organizao no obedece a

    qualquer hierarquia, nem a um princpio classificador predefinido. Isso no significa que a

    Internet no apresente uma lgica de organizao destacando-se que em uma rede no h uma

    autoridade central que controle o sistema; no h acima ou abaixo, mas uma pluralidade de

    conexes que definem as possveis interaes entre seus componentes.

    O surgimento da Internet foi, sem sombra de dvida, o grande avano na rea da

    informtica, j que permitiu aos usurios de computadores realizarem coisas que eram tidas

    apenas como sonhos ou utopias.

    E a grande importncia da Internet pode ser resumida em uma s palavra: liberdade.

    Porque difcil imaginar qual a verdadeira funo da Internet, j que so vrios os meios de

    utilizao e aproveitamento dessa ferramenta. Poderamos listar em vrias pginas todos os

  • 41

    diversos usos desse mecanismo e, muito provavelmente, no esgotaramos a gama de funes

    que essa grande inovao tecnolgica da informtica teria. O grande avano que a Internet

    trouxe, a idia inovadora, foi o fato de a Internet no ser simplesmente uma rede de

    computadores. Isso no seria uma inovao, porque j havia redes de computadores

    espalhadas pelo mundo. Poderia vir a ser no mximo um aperfeioamento do que j havia em

    matria de rede de computadores. Mas no! A Internet trouxe a idia de Rede das Redes5, com

    um alcance muito maior, no de carter regional ou nacional, mas sim mundial. Levy encara a

    Internet como um agente humanizador (porque democratiza a informao) e humanitrio

    (porque permite a valorizao das competncias individuais e a defesa dos interesses das

    minorias).

    O grande objetivo pretendido com a criao da Internet, a nosso ver, foi impedir

    quaisquer tentativas de bloqueio do acesso e divulgao das informaes, e de facilitar a

    comunicao aos usurios e destinatrios dessas informaes. O conhecimento, nesse caso,

    passa a ser garantido com maior rapidez e segurana, alm de ser dirigido a todos, de forma

    igualitria.

    A Internet hoje o tecido das nossas vidas. No o futuro. o presente. A Internet

    um meio totalmente abrangente, que interage com o conjunto da sociedade (CASTELLS,

    2000, p.2212).

    O grande salto na rea da informtica se d na dcada de 70, quando comearam a

    surgir os primeiros microprocessadores. O que era antes utilizado apenas pelos militares e em

    alguns setores estratgicos do governo, passou a ser mais difundido com o uso dessas

    inovaes tecnolgicas.

    Com o uso dos microprocessadores, diversos setores passaram a apresentar um

    desenvolvimento notvel. As indstrias passaram a desenvolver tcnicas novas em diversos

    outros setores, apoiadas no uso dos microprocessadores, especialmente na rea da linha de

    produo, utilizando-se da robtica e de outros processos de automao.

    No s as indstrias, mas tambm outros setores comerciais foram beneficiados com a

    introduo dessa nova perspectiva tecnolgica. Diversas empresas passaram a utilizar essas

    inovaes com o intuito de automatizar e melhorar o atendimento, alm de poder utilizar a

    troca de informaes interna de uma maneira mais rpida e eficaz.

    ______________________________ 5 uma organizao de redes lgicas, unidas, utilizando faixas de endereos para separar hospedeiros e

    dispositivos de rede uns com os outros para servir um desenho efeito. Em muitos casos, so criadas sub-redes ao espelho separaes fsicas ou geogrficas, como o que voc encontra entre as cidades, edifcios, pisos ou quartos.

  • 42

    Nessa poca, o computador pessoal passou a ser mais difundido, sendo esse um

    movimento surgido nos Estados Unidos, quando as pessoas passaram a perceber que, no s

    as grandes empresas poderiam utilizar-se dessas ferramentas para melhorarem seu

    desempenho, mas tambm as pessoas poderiam utilizar-se deles para obter maior rapidez em

    suas atividades cotidianas, alm de terem a oportunidade de terem um maior lazer e diverso,

    com a chegada dos jogos eletrnicos pelo computador.

    Segundo Schaff (1990), dessa maneira o rpido desenvolvimento tcnico e cientfico

    que presenciamos nas ltimas dcadas do sculo XX tem atrado cada vez mais a ateno de

    pesquisadores sociais. Por exemplo, as novas conquistas no campo da microeletrnica, que

    levaram a popularizao dos computadores individuais, tm sido vistas por alguns autores,

    como constitutivas de uma nova sociedade, a assim chamada sociedade informtica.

    A dcada seguinte foi marcada pela interao que passou a haver entre os

    computadores e os outros meios de comunicao, como a televiso por exemplo, num

    processo que passa a ser chamado de multimdia.

    Lcia Santaella nomeia esse perodo de cultura das mdias, uma cultura intermediria

    entre a cultura de massas e a digital. A influncia da linguagem do videocassete, da TV a cabo e

    do videoclipe, provoca uma intensificao do hibridismo dos meios. Para Santella (2003, p. 14-

    17), as linguagens desses meios possibilitam o consumo individualizado, o que se ope lgica

    da cultura massiva inerte, e iniciam o treinamento cognitivo do espectador na busca da

    informao e do entretenimento, o que intensificado com a posterior chegada dos meios

    digitais.

    Foi o momento dos games passarem a ser mais divulgados, tornando-se personagens

    principais em um mercado onde eram apenas figurantes. O computador foi interagindo com a

    televiso, cinema, etc. e comeou a surgir tecnologia de gravao com maiores capacidades.

    1.6 Da internet ao ciberespao

    Aps todos esses avanos, em um momento em que a presena de computadores

    pessoais j era considervel, e em que j existiam diversas redes de computadores locais6,

    passou a existir um movimento espontneo para agregar todas essas redes em algo maior. A

    ______________________________ 6Em computao, rede de rea local (ou LAN, acrnimo de local area network) uma rede de

    computador utilizada na interconexo de equipamentos processadores com a finalidade de troca de dados.

  • 43

    ______________________________ 7 Segundo Lvy em sua obra Cibercultura (1999), ciberespao o novo meio de comunicao que surge

    da interconexo mundial dos computadores, especificando no s os prprios seres humanos, mas o universo de informaes e os prprios seres humanos que o movimentam. (Cf. LVY, 1999, p.17).

    partir da, era inevitvel a criao de uma rede que, alm de unir todas essas redes locais,

    pudessem ser um caminho mais fcil em direo ao conhecimento, por meio da obteno de

    informao.

    Eis ento que surge o maior avano tecnolgico na rea da informtica de todos os

    tempos. A necessidade cada vez maior de intercomunicao e a busca incessante por mais

    conhecimento fizeram surgir o que chamamos de ciberespao, um espao novo de troca de

    informaes, comunicao, entretenimento, lazer, cultura, negcios e sociabilizao. Segundo

    Lvy, o ciberespao hoje o sistema com o desenvolvimento mais rpido de toda a histria

    das tcnicas de comunicao. Pois,

    [...] ao destronar a televiso, ele ser, provavelmente, desde o incio do prximo sculo, o centro de gravidade da nova ecologia das comunicaes. Mas as razes de um interesse mais prximo no so apenas quantitativas. O ciberespao encarna um dispositivo de comunicao qualitativamente original, que se deve bem distinguir de outras formas de comunicao de suporte tcnico. (LVY, 2000, p. 206).

    A partir deste momento, o mundo passou a viver um novo processo de

    desenvolvimento tecnolgico e scio-cultural.

    As pessoas passaram a ter um mecanismo nunca antes imaginado, com inmeras

    possibilidades reais de utilizao, com um poder de captao de informao jamais sonhado. O

    processo da busca pelo conhecimento passou a ser algo mais simplificado e clere, fazendo

    com que a busca por informao e tambm a divulgao das mesmas pudesse ser feita de

    maneira mais eficiente.

    Lvy (2000) ressalta outro aspecto do ciberespao7 no que se refere intermediao da

    informao, pois diz que at agora, o espao pblico de comunicao era controlado atravs de

    intermedirios institucionais que preenchiam uma funo de filtragem e de difuso entre os

    autores e os consumidores de informao. J o surgimento do ciberespao cria uma situao de

    desintermediao, pois quase todo mundo pode publicar um texto sem passar por uma editora

    nem pela redao de um jornal.

    O ciberespao veio de forma definitiva, pra mudar tudo o que se conhecia at hoje em

    matria de vida social dentro da Internet. Todos os ramos da cincia acabaram se beneficiando

    dessa grande inovao, especialmente as cincias ditas humanas, que puderam passar a

  • 44

    examinar melhor o comportamento humano dentro de outro mundo, um mundo virtual.

    Como observou o socilogo Andr Lemos (1998), o Ciberespao um no-lugar,

    uma utopia onde devemos repensar a significao sensorial de nossa civilizao baseada em

    informaes digitais, coletivas e imediatas.

    Lemos (2002), ainda afirma que "Para o que nos interessa aqui, podemos dizer que

    nem toda a associao no ciberespao comunitria, existindo, de forma muito extensa,

    agregaes comunitrias e contratuais do tipo societrio"(pg. 154). Para Lemos, possvel

    encontrar os mais diversos tipos de agregaes eletrnicas no ciberespao.

    Para Wark (1992), o ciberespao seria uma alternativa para fugir da chatice do

    subrbio, sem precisar se expor aos perigos da cidade. Outra idia interessante que esse autor

    levanta que o ciberespao recria a idia de comunidade. As comunidades virtuais no tem um

    lugar real para se encontrar como toda comunidade. No costumam se encontrar em uma

    boate ou em uma praa. Os participantes integram-se na comunidade atravs de um modem

    em conferncias eletrnicas.

    O terceiro milnio tem uma caracterstica primordial, que podemos facilmente denotar

    e que j vem sendo amplamente abordada no trabalho em tela, que a necessidade da

    sociedade na busca pela informao, pelo conhecimento. Talvez por esse motivo, possamos

    classificar a sociedade atual, como muitos autores j o fazem, como uma sociedade de

    informao, termo que quer significar a constante busca e anseio, de uma sociedade cada vez

    mais engajada na troca de informaes e experincias, transformando esses eventos num

    eterno ciclo de aprendizado e conhecimento.

    A principal caracterstica dessa sociedade de informao o uso da tecnologia como

    sua principal fonte de captao de conhecimento. Entre essas fontes de captao, a mais

    importante, sem sombra de dvida, o uso da Internet, em todos os nveis e camadas da

    sociedade, muito embora ainda seja pouco disponibilizada para as camadas inferiorizadas

    financeiramente. Como diz Paul Virilio no seu livro O Espao Crtico (1999), uma sociedade

    onde o aqui j no existe, tudo agora e onde nos encontramos mais prximo daquele que est

    longe do que daquele que se encontra ao nosso lado, contm em si o perigo de exacerbar a

    tendncia para a desintegrao da comunidade dos presentes em benefcio da comunidade dos

    ausentes ausentes abandonados e rendidos Internet.

    Gouveia e Gaio (2004) classificam a sociedade da informao como uma sociedade que

    predominantemente utiliza o recurso s tecnologias da informao e comunicao para a troca

  • 45

    de informao em formato digital e que suporta a interao entre indivduos com recurso a

    prticas e mtodos em construo permanente.

    Ainda definindo estes termo Lus Manuel Borges Gouveia (2004), A Sociedade da

    informao est baseada nas tecnologias de informao e comunicao que envolvem a

    aquisio, o armazenamento, o processamento e a distribuio da informao por meios

    eletrnicos, como a rdio, a televiso, telefone e computadores, entre outros. Estas tecnologias

    no transformam a sociedade por si s, mas so utilizadas pelas pessoas em seus contextos

    sociais, econmicos e polticos, criando uma nova comunidade local e global: a Sociedade da

    Informao..

    Essa inovao trouxe inmeras conseqncias para o mundo moderno, no s de

    ordem tecnolgica, mas tambm de ordem cultural e social. A inovao traz consigo uma

    necessidade cada vez mais gritante de aperfeioamento e especializao na vida das pessoas,

    especialmente para o mercado de trabalho, tendo em vista que as novas tecnologias surgem

    com uma velocidade cada vez maior, e o que ontem era uma inovao, amanha se torna algo

    obsoleto, em virtude da descoberta de uma nova tecnologia ou modelo que ocupa o seu lugar.

    Em tempos no to remotos, bastava a um indivduo ter se graduado e conhecer

    algumas lnguas que no a sua, para ter a certeza de ocupar um bom posto no mercado de

    trabalho. Com as inovaes surgidas, as exigncias que outrora eram garantia de sucesso

    profis