Cibersegurança e Ciberdefesa Em Portugal

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MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL INSTITUTO DA DEFESA NACIONAL XV CURSO DE DEFESA PARA JOVENS Cibersegurança e Ciberdefesa em Portugal GRUPO DE TRABALHO N.º VII Filipa Rafael Inês Nunes de Freitas Bruno Garcês Artur Oliveira André Rua João Tavares Lisboa, 23 de setembro de 2014

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Cibersegurança e Ciberdefesa Em Portugal

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  • MINISTRIO DA DEFESA NACIONAL

    INSTITUTO DA DEFESA NACIONAL

    XV CURSO DE DEFESA PARA JOVENS

    Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal

    GRUPO DE TRABALHO N. VII

    Filipa Rafael

    Ins Nunes de Freitas

    Bruno Garcs

    Artur Oliveira

    Andr Rua

    Joo Tavares

    Lisboa, 23 de setembro de 2014

  • Cyber attacks that may constitute a national security threat are not a

    science-fiction thing anymore.

    Jaak Aaviksoo, Former Estonian Defence Minister

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 1 XV Curso de Defesa para Jovens

    Contents ndice de Abreviaturas 2

    Introduo 3

    Enquadramento conceptual 5

    Enquadramento Legal 7

    A realidade portuguesa sobre o Ciberespao 11

    Caso de Estudo 14

    Concluso 17

    Bibliografia 20

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 2 XV Curso de Defesa para Jovens

    ndice de Abreviaturas

    AR Assembleia da Repblica

    CCDOE Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence

    CM Conselho de Ministros

    CNCSeg Centro Nacional da Cibersegurana

    Conv. Conveno

    DR Dirio da Repblica

    ENC Estratgia Nacional de Cibersegurana

    ENISA European Network & Information Security Agency

    EUA Estados Unidos da Amrica

    GNR Guarda Nacional Repblicana

    GNS Gabinete Nacional de Segurana

    PSP Polcia de Segurana Pblica

    L. Lei

    N - nmero

    PE Parlamento Europeu

    Res. Resoluo

    UE Unio Europeia

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 3 XV Curso de Defesa para Jovens

    Introduo

    Em pleno sculo XXI, basta olhar em redor para perceber que a nossa

    sociedade, que outrora pulsava com as evolues da era industrial, se rendeu ao

    esplendor e magnificncia de ter quase toda a informao distncia de um

    click. Num passado mais recente, assistimos a um autntico boom quer da

    evoluo da tecnologia, quer do acesso por parte da mesma a qualquer cidado.

    Tudo isto devido rede criada no seio do exrcito militar dos E.U.A ,

    durante a Guerra Fria, denominada APARNET, e que apenas na dcada de 90

    chega aos utilizadores comuns, tendo sido desmantelada pelo Departamento de

    Defesa, recebendo outras denominaes at ser expandida a todo mundo graas

    ao sistema World Wide Web acabando por ficar conhecida como Internet(

    Almeida, 2005).

    Se outrora o acesso a tecnologia e, nomeadamente, a um computador, era

    um luxo disponvel s para um determinado setor da sociedade, hoje em dia

    encontra-se completamente vulgarizado, sendo que qualquer pessoa pode aceder

    a esta rede global recorrendo a diversos tipos de dispositivos; no entanto, poucos

    so os conhecedores dos possveis riscos que enfrentam.

    De uma perspetiva individual, faamos uma pequena reflexo sobre um

    possvel cenrio: O acesso de um terceiro ao nosso computador, ou ainda pior

    que isso, o acesso a todas as nossas contas de redes sociais, ao nosso e-mail,

    nossa conta bancria. Um simples cibernauta da nossa sociedade, cada vez

    mais informatizada, que, diariamente, acede a rede global por diversos meios,

    est longe de imaginar um cenrio destes, no entanto mais do que uma

    possibilidade, tornando-se, em alguns casos, uma realidade desconfortvel.

    Hacker, ou pirata informtico, so as designaes vulgarmente dadas a

    uma pessoa com grandes conhecimentos de informtica e programao que se

    dedica a encontrar falhas em sistemas e redes computacionais (in Dicionrio

    Priberam da Lngua Portuguesa). Com um recurso a um computador em rede,

    so estas pessoas que, a partir dos conhecimentos que possuem nesta arte da

    programao, facilmente conseguem aceder a um computador pessoal, s nossas

    contas e a toda a nossa informao.

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 4 XV Curso de Defesa para Jovens

    Esta hipottica situao piora quando evolumos do nvel individual, do

    simples utilizador da Internet, e nos focamos numa empresa, num organismo

    pblico, ou todo e qualquer sistema que faa parte da Estrutura interna de um

    Pais, que hoje em dia assenta em toda uma panplia de sistemas informticos

    ligados em rede para a gesto de coisas to fundamentais, como a justia, a

    defesa, a segurana social, a sade entre outros. Um ataque dirigido a um destes

    sistemas iria comprometer, certamente, a Segurana e Defesa de um Pas; estes

    ataques podem ter como objetivo o simples roubo de informao, ou a sua

    sabotagem, sendo que os motivos que sustentam a ao variam desde os fins

    criminosos, polticos ou militares ( Caldas e Freire, 2013). Desde o aparecimento

    desta realidade da guerra ciberntica que Pases, Organizaes e at mesmo

    empresas multiplicam-se diariamente em esforos para conseguir adquirir

    informaes privilegiadas entre outros objetivos.

    A nvel mundial so vrios os episdios conhecidos de potenciais ataques a

    diversos organismos e empresas por parte de hackers. Vejamos o exemplo da

    gigante empresa norte americana Google que, em 2010, estaria sobre fogo de

    ativistas chineses. Tambm o Brasil ingressa nesta lista como vtima, alegando ter

    sido vtima de espionagem informtica por parte dos E.U.A e Canad. A nvel dos

    pases pertencentes OTAN encontramos um exemplo ainda mais critico da

    vulnerabilidade que um pas poder apresentar relativamente a um ataque deste

    gnero, em 2007, quando a Estnia viu quase todos os sistemas informticos

    ligados ao sistema pblico a ficarem offline devido a um ataque informtico do

    qual ainda hoje se desconhece a origem (Goetz et al, 2009).

    Por mais que esta realidade nos parea distante, ainda este ano, a 25 de

    Abril, vrios meios de comunicao social noticiavam que assinalando o

    aniversrio da Revoluo, um grupo de hackers ligado ao grupo Anonymous

    divulgava, on-line, uma lista de nomes e contactos telefnicos de vrios

    Magistrados, que obtiveram como fruto de um ataque informtico ao site da

    Procuradoria Geral Distrital de Lisboa. Por sua vez, no ms de maio, o mesmo

    grupo divulgou cerca de 300 matrculas, marcas, modelos e cr de viaturas

    usadas pela PSP e GNR em aes de fiscalizao.

    Este apenas um exemplo que mostra que esta cyberwar est bem

    presente, sendo necessrio implementar uma politica de segurana nesta rea,

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 5 XV Curso de Defesa para Jovens

    bem como o estabelecimento de uma entidade para combater exclusivamente

    aes deste gnero que, de um momento para o outro podem pr em causa o

    funcionamento de estruturas fundamentais do nosso Estado, pondo em causa a

    nossa segurana e soberania. Alis, basta-nos ler o documento Conceito

    Estratgico de Defesa Nacional para perceber que os conceitos clssicos que,

    num passado recente, eram considerados uma ameaa, como o terrorismo, a

    guerra e a criminalidade, adquirem um prefixo de ciber passando assim a haver

    preocupaes em matrias como o Ciberterrorrismo, a Ciberguerra e a

    Cibercriminalidade. Sendo que h uma plena conscincia do perigo a que a nossa

    estrutura tecnolgica, redes de sistemas e servios vitais onde a nossa sociedade

    se apoia, bem como a infraestruturas crticas as quais, caso fossem afetadas,

    poriam seguramente os nossos valores fundamentais em causa, foi necessrio

    introduzir na nossa estratgia de defesa os conceitos de Cibersegurana e

    Ciberdefesa, que ao longo deste documento iremos aprofundar.

    Enquadramento conceptual

    Os constantes avanos econmicos, sociais e tecnolgicos levaram a que

    as sociedades congregassem, na sua gnese, as noes de ciberespao e, por

    consequncia, as noes de cibersegurana e ciberdefesa como elementos

    essenciais para o desenvolvimento estratgico futuro. Portugal no foi exceo.

    As orientaes da Res. do CM n 19/2013 congregam em si o Conceito

    Estratgico de Defesa Nacional, partindo do princpio de que, para a realizao

    dos objetivos da segurana e da defesa nacional, concorrem todas as instncias

    do Estado e da Sociedade e que resultam em compromissos internacionais do

    Estado, com a Carta das Naes Unidas, o Tratado do Atlntico Norte e os

    Tratados da Unio Europeia. H ainda a considerar a Comunicao conjunta ao

    Parlamento Europeu (PE) ao conselho, ao comit econmico-social e ao comit

    das regies, apresentada pela Comisso Europeia e pela alta representante da

    unio para os negcios estrangeiros e a politica de segurana relativa estratgia

    da unio europeia no que respeita cibersegurana (de 7 de fevereiro de 2013) e

    que estabelece como prioridade estratgica desenvolver a politica e a capacidade

    no domnio da ciberdefesa no quadro da politica comum de segurana e defesa.

    Assim, precedido destas normativas de segurana europeia, surgem, atravs do

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 6 XV Curso de Defesa para Jovens

    despacho n 13692/2013, publicado a 28 de outubro de 2013 no DR, as

    orientaes politicas para a Ciberdefesa.

    As informaes constituem, neste momento, um instrumento estratgico do

    Estado essencial para apoiar a deciso poltica, sobretudo em matrias de

    segurana e defesa. Atendendo atual conjuntura econmica, diplomtica e

    social, fundamental a salvaguarda dos interesses nacionais em diferentes

    regies nos prximos anos, como uma das principais e mais exigentes atribuies

    do Estado tornando fundamental o reforo dos servios de informao.

    Os avanos da tecnologia informtica das ltimas dcadas, nomeadamente

    a internet, levaram a que se criasse o conceito de ciberespao, que per se um

    espao aberto, livre de fronteiras tangveis, onde todos os cidados interagem de

    igual forma. No , por isso, um espao seguro e protegido na totalidade, o que

    poder causar alguma debilidade no que concerne aos ataques cibernticos,

    cujas ocorrncias a histria do nosso pas se revela j conhecedora. No domnio

    dos conceitos de ciberespao, cibersegurana e ciberdefesa, impe-se, assim,

    uma avaliao das vulnerabilidades dos sistemas de informao e das mltiplas

    infraestruturas e servios.

    Assim, no que concerne distino entre ciberdefesa e cibersegurana,

    percebemos que o conceito de ciberdefesa reveste-se de um carter mais

    abrangente, pois designa o conjunto de tecnologias e meios cujo objetivo

    primordial proteger de danos causados pela intruso ilcita, todos os meios e

    tecnologias informticas, sejam computadores, redes ou dados. De uma forma

    geral, os ciberataques pretendem atacar pessoas, empresas e pases de forma a

    que as suas vulnerabilidades sejam configuradas em trs reas: Integridade,

    Confidencialidade e Disponibilidade.

    No que diz respeito ao conceito de Ciberdefesa, podero ser consideradas

    todas as polticas de proteo que atendem s necessidades da Defesa Nacional,

    visando assegurar a utilizao do espao ciberntico, impedindo ou dificultando o

    seu uso contra os interesses da Nao.

    Segundo as orientaes do Ministrio da Defesa Nacional, os objetivos

    primordiais da politica de ciberdefesa so: a garatia de proteo, a resilincia e a

    segurana das redes e dos Sistemas Internos de Comunicao da Defesa

    Nacional contra os ciberataques. Contribuir de forma cooperativa para a

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 7 XV Curso de Defesa para Jovens

    cibersegurana nacional e assegurar a liberdade de ao de Portugal no

    ciberespao, com o intuito de impedir ou dificultar o seu uso hostil contra os

    interesses da Nao.

    No que respeita s linhas orientadoras para a execuo, o plano de

    ciberdefesa nacional, tal como consta no despacho n 13692/2013, datado de 28

    de outubro de 2013, estas sero vocacionadas para, num primeiro momento, criar

    uma estrutura de raz de Ciberdefesa Nacional e o Planeamento de Defesa

    Militar. A capacidade de resposta para a conduo de operaes militares em

    redes de computador tambm um fator fulcral para potencializar o nosso pas a

    este nvel. O reforo da capacidade de informao no ciberespao, a partilha de

    informao de ciberdefesa, assim como a sensibilizao/ formao para os

    recursos humanos dos diferentes estratos do Ministrio da Defesa Nacional, a

    aposta na investigao e desenvolvimento de software sero formas de Portugal

    se exponenciar a nvel de ciberdefesa e proteger no que concerne

    cibersegurana e s suas muitas questes de vulnerabilidade. No entanto, para

    que tal acontea com sucesso, dever existir uma articulao com todas as

    instituies internacionais que so nossas parceiras.

    Enquadramento Legal

    Como j foi aqui referido, o aumento do volume e sofisticao dos meios

    tecnolgicos pode representar uma ameaa para a segurana nacional. Num

    mundo em que o acesso Internet pode ser visto como um direito fundamental do

    cidado, a limitao ou controlo do mesmo dever ser efetuada com cautela por

    rgos legitimados para o efeito e com respeito pelos direitos de liberdade de

    expresso e de informao.

    Os eventos passados que se caracterizaram como ciberataques (como por

    exemplo os ataques Estnia, Georgia, aos Estados Unidos da Amrica, entre

    outros) que podem ter como objetivo afetar o funcionamento de uma instituio, o

    roubo de identidade, a burla, ou at mesmo roubo e destruio de documentao

    vital de uma instituio/organismo, levantam uma necessidade de no s avaliar e

    analisar o risco de ataques cibernticos como tambm contemplar uma resposta a

    estes mesmos ataques. A criao de legislao e de medidas para controlar estes

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 8 XV Curso de Defesa para Jovens

    ataques passa a ser relevante no s a nvel nacional mas tambm a nvel

    internacional.

    Porm, vrios problemas se levantam quanto criao de legislao neste

    campo. A proliferao dos meios tecnolgicos e o anonimato dos mesmos; a

    multidimensionalidade e natureza global do ciberespao; a ausncia de

    fronteiras do ciberespao; a ausncia de definies e padres comuns no que

    concerne a este tema; a utilizao do ciberespao como meio de livre

    circulao de ideias e liberdade de expresso e a novidade que se pode

    associar a estes atos apresentam-se como desafios a uma resposta eficaz para a

    deteo e combate destes ataques. Por outro lado, as definies de

    cibersegurana e ciberdefesa acabam por se confundirem e ainda no se

    encontram claramente definidas.

    No obstante as dificuldades acima enumeradas, as ciberameaas e

    ciberataques contra organismos governamentais, militares e at mesmo

    internacionais so uma realidade crescente e configuram-se como uma

    preocupao que os Estados e restantos atores internacionais devero ter em

    considerao. Assim sendo, surge a necessidade da criao de uma abordagem

    global e coordenada contra estas ameaas que dever abranger no s a criao

    de estratgias e iniciativas de preveno e combate, como tambm criar

    definies e critrios claros que diferenciem os nveis de ciberataques em funo

    da sua motivao e consequncia, bem como a criao de meios de identificao

    dos autores dos ataques a fim de os responsabilizar juridicamente.

    Neste sentido, foram tomadas vrias medidas, tanto a nvel internacional

    como a nvel local/regional; poltico vs legislativo. De salientar que algumas

    destas medidas no so medidas legislativas e sim medidas polticas, outras um

    hbrido entre medidas polticas e legislativas, e que a sua aplicao depende de

    vrios fatores, como, por exemplo, do tipo de autor, ou da sua motivao.

    De seguida enunciaremos alguns dos exemplos mais relevantes dessas

    mesmas medidas nos diferentes nveis de atuao/elaborao.

    A nvel internacional encontramos o relatrio Strategic Concept 2010 -

    Ative Engagement, Modern Defence. Strategic Concept for the Defense and

    Security of the Members of the North Atlantic Treaty Organisation adotado na

    Cimeira de Lisboa em 2010. Este relatrio insta os aliados a investir e criar

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 9 XV Curso de Defesa para Jovens

    ferramentas/capacidades essenciais para lidar com as ameaas emergentes e

    desenvolver, no mbito da organizao, as capacidades necessrias para

    defender contra ciberataques. Encontramos tambm o National Cyber Security

    Framework Manual elaborado pela OTAN em novembro de 2012, que inclui um

    conjunto de princpios orientadores de atuao dos Estados que decorrem da

    necessidade de articulao entre vrios eixos de interveno; e o Manual Tallinn

    sobre a aplicabilidade do direito internacional ciberguerra emanado pelo

    CCDOE em 2009.

    Outro instrumento relevante a nvel internacional a Conveno sobre o

    Cibercrime, tambm conhecida como Conv. de Budapeste, que tem, entre outros,

    por objetivos principais: (1) a harmonizao dos elementos relativos a infraes

    no contexto do direito penal substantivo de mbito nacional e das disposies

    conexas na rea da cibercriminalidade; (2) a definio, ao abrigo do cdigo de

    processo penal interno, dos poderes necessrios para investigar e intentar aes

    penais relativamente a tais infraes, assim como relativamente a outras

    infraes cometidas por meio de um sistema informtico ou s provas com elas

    relacionadas e existentes sob a forma eletrnica.

    No mbito da UE, existem vrios instrumentos relevantes nesta matria. Na

    sua grande maioria, elaborados no mbito de funcionamento da ENISA mas no

    s. No mbito de funcionamento da ENISA podemos referir documentos como:

    Roadmap for European Cyber Security Month relatrio emanado em novembro

    de 2013; A Good Practice Collection for CERTs on the Directive on attacks

    against information systems - publicado em outubro de 2013, que sistematiza

    boas prticas da ENISA em matria de funcionamento de Equipas de Resposta

    Informtica de Emergncia (CERT) e de Equipas de Resposta a Incidentes de

    Segurana Informtica (CSIRT); Good Practice Guide for securely deploying

    Governmental Clouds relatrio emanado em novembro de 2013 que sustenta um

    guia de referncia para implementao de computao em nuvem em organismos

    pblicos; Security certification practice in the EU - Information Security

    Management Systems - A case study relatrio elaborado em outubro de 2013,

    sobre certificao de segurana na UE visando os objetivos da ciberestratgia

    europeia e sustentado num estudo de caso e finalmente Cybersecurity

    cooperation - Defending the digital frontline estudo da ENISA, datado de

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 10 XV Curso de Defesa para Jovens

    outubro de 2013, que apresenta o contexto operacional atual em matria de

    segurana das redes e da informao, assim como os recentes desenvolvimentos

    polticos na UE e o enquadramento regulamentar nesse mbito e, em especial, no

    da cibersegurana. Ainda no mbito da UE podemos encontrar a Res. do PE, de

    22 de novembro de 2012 sobre cibersegurana e ciberdefesa (2012/2096 (INI));

    Resoluo do PE, de 10 de maro de 2010, sobre a execuo da Estratgia

    Europeia de Segurana e a Poltica Comum de Segurana e Defesa

    (2009/2198(INI)); a Res. do PE, de 22 de maio de 2012, sobre a Estratgia de

    Segurana Interna da UE ((2010/2308(INI)); a Res. do PE, de 12 de junho de

    2012, sobre a proteo das infraestruturas crticas da informao realizaes e

    prximas etapas; para uma cibersegurana mundial (2011/2284(INI)); a

    Comunicao Conjunta ao PE, ao Conselho, ao Comit Econmico e Social

    Europeu e ao Comit das Regies Estratgia da Unio Europeia para a

    cibersegurana: Um ciberespao aberto, seguro e protegido, JOIN(2013) 1 final;

    o Parecer do Comit das Regies Estratgia para a Cibersegurana, (2013/C

    280/05); a Comunicao da Comisso ao PE, ao Conselho, ao Comit Econmico

    e Social Europeu e ao Comit das Regies - Proteo das infraestruturas crticas

    da informao Realizaes e prximas etapas: para uma cibersegurana

    mundial COM(2011) 163 final.

    No que concerne ao direito interno portugus, de relevar a Res. do CM n

    12/2012 que atribui ao GNS, no mbito da medida 4 do plano global estratgico

    de racionalizao e reduo de custos com as Tecnologias da Informao e

    Comunicao, a misso de coordenao com as entidades relevantes da

    definio e implementao de uma Estratgia Nacional de Segurana da

    Informao e que compreende, entre outras medidas, a criao, instalao e

    operacionalizao de um Centro Nacional de Cibersegurana; Res. do CM n

    42/2012, que aprova a criao instaladora de um Centro Nacional de

    Cibersegurana que ter como misso contribuir para que Portugal use o

    ciberespao de uma forma mais livre, confivel e segura, atravs da promoo da

    melhoria contnua da Cibersegurana nacional e da cooperao internacional;

    Res. do CM n 19/2013, j aqui referido, que aprova o Conceito Estratgico de

    Defesa Nacional; a Res. do CM n 26/2013 que fixa as orientaes especficas

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 11 XV Curso de Defesa para Jovens

    da Reforma Defesa 2020 e o Despacho n 13692/2013, com as orientaes

    polticas para a ciberdefesa.

    tambm de salientar a j aqui referida L. n 109/2009 (Lei do Cibercrime),

    de 15 de setembro; a L. n. 52/2003, de 22 de agosto, (Lei de Combate ao

    Terrorismo em cumprimento da Deciso Quadro n. 2002/475/JAI, do Conselho,

    de 13 de junho) e o nosso Cdigo Penal Portugus.

    Como j aqui referimos, bastante difcil enquadrar juridicamente um

    ataque deste gnero, sendo necessrio, para tal, no s identificar o autor do

    crime (sendo que este poder ser individual, institucional ou at mesmo estadual),

    como tambm as suas intenes. Por outro lado, ainda existem bastantes

    incertezas e divergncias doutrinrias nesta matria. Ser, desta forma,

    necessrio um esforo contnuo dos atores internacionais de no s combaterem

    ativamente estas agresses, mas tambm trabalharem para a preverem e, dessa

    forma, as evitarem.

    A realidade portuguesa sobre o Ciberespao

    Desde o fim da Guerra Fria o Ciberespao comeou por ser considerado

    um espao comum a juntar-se aos espaos tradicionais existentes como: o

    espao terrestre, o espao areo e o espao martimo.

    A Internet veio tornar-se numa arma adequada a ser utilizada por qualquer

    pessoa ou qualquer grupo organizado equipado com os conhecimentos

    necessrios e acessvel a todos. No entanto, a longo prazo, os seus efeitos

    demonstraram ser to destruidores como os efeitos provocados pelas guerras

    tradicionais. Depressa se converteu numa arma de eleio nos conflitos

    assimtricos. Passou a favorecer a entidade mais fraca contra a entidade mais

    forte a nvel militar, provocando desequilbrios em termos de poder.

    Em virtude da reestruturao transversal que o Estado teve que

    operacionalizar no que concerne s Tecnologias de Comunicao e Informao e

    ao tipo de funcionamento operativo da Administrao Pblica Portuguesa, o

    Estado Portugus nunca teve a necessidade de se ir adaptando s novas

    circunstncias e exigncias provenientes do novo ciberespao.

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 12 XV Curso de Defesa para Jovens

    A vinculao de Portugal a estruturas internacionais, nomeadamente a

    OTAN e da UE, como j referimos anteriormente, trouxe tambm a necessidade

    estratgica de iniciar o desenvolvimento de polticas neste campo, tendo em vista

    garantir a segurana e a proteo da sua infraestrutura de informao presente

    no ciberespao, o que culminou com a criao do Centro Nacional da

    Cibersegurana (CNCSeg).

    Assim o aprimorar das circunstncias leva a que a proposta da Estratgia

    Nacional de Cibersegurana (ENC) destaque que uma das maiores ameaas que

    Portugal ter de enfrentar nos prximos anos ser, sem dvida, a dos

    ciberataques em larga escala s Infraestruturas Crticas Nacionais. Porm o

    Estado, ciente destas necessidades, que versam nos documentos estartgicos do

    estado, como, por exemplo, a resoluo vinte/vinte, continua a carecer de

    algumas infraestruturas necessrias para proceder com a misso do CNCSeg.

    Esta situao o espelhar da situao econmica e financeira do Estado

    Portugus.

    Apesar de estarem a ser dados passos importantes no que diz respeito

    cibersegurana em Portugal e aos mecanismos de defesa apropriados aos

    ataques cibernticos contra os seus sistemas de informao, criam-se algumas

    brechas na estrutura nacional de segurana e defesa que vo expondo as

    vulnerabilidades portuguesas no ciberespao a qualquer entidade a presente.

    Sob a alada Nacional, os exemplos mais recentes deste tipo de aes

    foram a invaso aos sistemas e servidores do Ministrio dos Negcios

    Estrangeiros e dos Procuradores do Ministrio Pblico, no plano governamental.

    No plano corporativo, os servidores do Novo Banco sofreram uma invaso. Este

    gnero de invases, teve a sua autoria atribuda a uma organizao de pirataria

    informtica conhecida por Anonymous e a alguns outros grupos isolados.

    Contudo, face ausncia da identidade do grupo e s o conhecimento da

    localizao da origem do ataque informtico, Portugal no pde atuar de maneira

    apropriada devido falta de informaes. Esta ao demonstrou algumas das

    fragilidades, da ciberdefesa nacional, ou seja, exps a vulnerabiliade dum setor

    estratgico na viso presente e futura da defesa nacional, pois colocou em risco a

    segurana de documentos confidenciais.

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 13 XV Curso de Defesa para Jovens

    No caso das invases aos servidores pertencentes aos Procuradores do

    Ministrio Pblico, o grupo Anonymous atuou tendo em vista a exposio do

    funcionamento operacional e a atuao da Justia portuguesa opinio pblica

    portuguesa, muito provavelmente com o intuito de criar vulnerabilidades

    exercendo, desta forma, presso sobre o Estado atravs das crticas. Este tipo de

    aes quase que podemos inferir que colocaram em questo a integridade e a

    idoneidade do sistema jurdico portugus e dos seus agentes.

    No plano corporativo, a invaso do Novo Banco foi da autoria da

    Anonymous Portugal, uma subsidiria do grupo anteriormente mencionado. Neste

    ataque o grupo em questo foi considerado responsvel por invadir as

    correspondncias internas e outros documentos do banco e publicar na internet

    as mesmas.

    Este tipo de acontecimentos, quer ocorram nos sistemas pertencentes ao

    Estado Portugus, quer ocorram nos sistemas pertencentes a uma entidade

    particular, expem a real necessidade de ser feito um investimento no estudo,

    investigao e desenvolvimento de equipamentos/software e recursos humanos,

    mais especializados. Neste sentido o CNCSeg necessita de possuir as

    capacidades necessrias para o Estado ser capaz de impr medidas

    rapidamente, de ripostar contra estes movimentos, e de se proteger de agncias

    estrangeiras inimigas ou de grupos como o Anonymous.

    Dentro desta linha orientadora, Portugal deve trabalhar de forma prxima

    com as empresas de telecomunicaes e empresas tecnolgicas como a Portugal

    Telecom e a Microsoft Corporation e com as instituies europeias como a

    Agncia Europeia de Defesa e a Europol para o desenvolvimento de sinergias em

    matria de segurana e defesa dentro do espao europeu e do territrio nacional.

    So tambm fundamentais a continuao do desenvolvimento de parcerias dentro

    da esfera da OTAN para partilhar informaes, tcnicas e experincias com

    outras agncias como a Agncia de Segurana Nacional norte americana (NSA)

    e o Centro de Comunicaes Governamentais britnica (GCHQ), tendo em vista a

    crescente ameaa de ciberguerra por parte de pases como a Federao Russa

    ou a Sria, e a ameaa de ciberterrorismo por parte de grupos extremistas como a

    Al - Qaeda.

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 14 XV Curso de Defesa para Jovens

    A nvel de estrutura interna, Portugal deve melhorar a interoperacionalidade

    do CNCSeg no que diz respeito passagem de informaes a entidades como a

    Polcia Judiciria, o Servio de Informaes de Segurana, ao Servio de

    Informaes Estratgicas da Defesa, em matria de cibercrime ou ciberterrorismo.

    Todas estas diretrizes tornam vital a promoo de uma maior proximidade dos

    problemas reais com a criao de um Centro Nacional de Resposta a Incidentes

    para lidar com possveis invases aos sistemas de informao.

    imperativo que os partidos com assento parlamentar na Assembleia da

    Repblica (AR) continuem a efetivar um entendimento para o desenvolvimento de

    estratgias no mbito da cibersegurana e ciberdefesa a longo prazo.

    O Estado Portugus deve investir na promoo da discusso e

    consciencializao da sociedade civil para estas questes, de modo a manter-se

    como Nao informada e fornecer as ferramentas necessrias para esta colaborar

    na execuo das estratgias e, ao mesmo tempo, adotar comportamentos de

    defesa perante estas ameaas.

    Caso de Estudo

    A guerra entre a Rssia e a Gergia, em agosto de 2008, representou uma

    longa histria de conflitos geoestratgicos entre as duas naes e foi baseada em

    vrios fatores complexos: geopolticos, legais, culturais e econmicos.

    As tenses tinham vindo a crescer na regio h alguns anos, antes do

    incio do conflito em agosto de 2008. A guerra comeou, oficialmente, a 7 de

    agosto de 2008, aps vrias semanas de crescentes discusses sobre o futuro do

    territrio da Osstia do Sul.

    O conflito forou cerca de 25.000 moradores da Gergia a fugir do

    combate terrestre como refugiados, em deslocamento interno. Os dois pases

    assinaram um acordo de cessar-fogo uma semana depois, mas as tenses

    permanecem altas at hoje. A Rssia no conseguiu implementar alguns dos

    termos do acordo de cessar-fogo, resultando na perda de territrio georgiano para

    ocupao russa.

    Na superfcie, ela representa uma das muitas guerras frias (com

    renovaes peridicas de conflito oficial militar de nvel nacional) travadas todos

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 15 XV Curso de Defesa para Jovens

    os dias no "exterior prximo" da periferia da Rssia. Um conflito que pode no

    terminar por muito, muito tempo.

    Mas, enquanto grande parte disso verdade, uma anlise mais profunda

    das operaes de domnio do ciberespao realizadas por ambas as partes neste

    conflito indicam que essa imagem ilusria e incompleta.

    A guerra russo-georgiana foi bastante histrica e definiu precedentes por

    vrias razes.

    Este parecia ser o primeiro caso na histria de um ataque coordenado ao

    domnio do ciberespao sincronizado com as principais aes de combate em

    outros domnios de combate. Trs semanas antes da guerra entre a Gergia e a

    Rssia comear invasores online comearam a agredir sites da Gergia. Desde

    ento, os investigadores tm tentado descobrir quem planeou os ataques rede -

    sem encontrar nada definitivo.

    No entanto, a Rssia invadiu a Georgia em quatro frentes. Trs delas

    foram as convencionais - por terra, pelo ar, e por mar. O quarto era novo - os

    ataques via ciberespao. , simplesmente, implausvel que os ataques paralelos

    por terra e ciberespao tenham sido uma coincidncia - desmentidos oficiais de

    Moscovo, no obstante.

    O (suposto) ataque russo sobre as redes militares e do governo da

    Gergia foi muito bem sucedido.. Cinquenta e quatro sites na Gergia

    relacionados com comunicaes, finanas e governo foram atacados por

    elementos da Rssia. Ento, enquanto tanques e tropas iam atravessando a

    fronteira e bombardeiros voavam, os cidados Georgianos no podiam acessar

    sites para obter informaes e instrues.

    As autoridades georgianas descobriram que o seu acesso Internet e

    redes de comunicao era excecionalmente vulnervel (suposta) interferncia

    russa.

    Havia um outro aspeto historicamente singular e fundamental para a luta -

    o surgimento de aes de domnio do ciberespao sincronizadas como um

    indicador de inteligncia para operaes de nvel estratgico, operacional e

    operaes militares de nvel ttico. Ao contrrio do (suposto) ciberataque russo

    sobre a Estnia em 2007, o (alegado) ciberataque da Rssia sobre a Gergia foi

    acompanhado pelo domnio fsico de combate entre as foras militares russas e

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 16 XV Curso de Defesa para Jovens

    georgianas. As operaes do (alegado) ataque no ciberespao ocorreram antes

    das hostilidades e foram depois espelhadas nas operaes de combate russo no

    domnio terrestre.

    Estes ataques incluram vrios ataques DDoS para negar / perturbar as

    comunicaes e atividades de informao conduzidas para acumular inteligncia

    militar e poltica das redes georgianas.

    Um dos primeiros elementos da sociedade georgiana que foram atacadas

    foi um popular frum de hackers - ao tentar suprimir hackers georgianos, hackers

    russos, apoiados pela milcia, procuraram, preventivamente, prevenir ou mitigar

    um contra-ataque de hackers georgianos. O que no amplamente conhecido

    que os hackers pr-Gergia fizeram poucos, mas bem-sucedidos, contra-ataques

    contra alvos russos.

    Guerras de hackers entre (muitas vezes bastante talentosos) hackers

    patriticos amadores, milcias cibernticas e grupos criminosos organizados

    tornaram-se um meio de conflito nao-estado ao longo dos ltimos 20 anos.

    Esses ativos nacionais no governamentais so geralmente usados para os fins

    tradicionais de impr a vontade e as condies de uma nao sobre outra.

    No nvel estratgico o (alegado) reconhecimento do ciberespao e

    sondagem russa comearam semanas antes do incio real de combate virtual e

    fsico. Na web russa local salas de chat e redes tambm discutiram os prximos

    ataques durante vrias semanas.

    Aos nveis ttico e operacional, localidades geogrficas especficas eram

    praticamente alvejadas no ciberespao antes de operaes de combate no

    domnio fsico. Muitos dos mais graves ataques tiveram incio assim que os

    tanques comearam a circular, embora as redes tenham sido criadas de antemo

    e a escolha dos alvos especialmente reveladora. Sites oficiais em Gori,

    juntamente com as autoridades locais sites de notcias, foram fechados por

    ataques de negao de servio antes de os avies russos l chegarem.

    Parece que os russos selecionaram o governo da Gergia como o centro

    de gravidade para concentrar os seus ataques primrios contra os mesmos.

    Operaes realizadas pela milcia ciberntica russa no domnio ciberntico

    apoiaram esse esforo, negando a capacidade do governo georgiano para

    comunicar tanto internamente como com o mundo exterior. Atravs destas aes

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 17 XV Curso de Defesa para Jovens

    e combinado com outras aes de domnio fsico, os russos foram capazes de

    demonstrar que o governo georgiano foi incapaz de defender o seu territrio

    soberano em ambos os domnios fsico e do ciberespao.

    As aes russas a nvel ttico e operacional (em todos os domnios)

    durante esta guerra ajustam-se perfeitamente a uma estratgia geopoltica maior

    de dominncia de energia, ameaando diferentes fontes de energia nos

    ambientes fsicos e do ciberespao e desestabilizando governos nacionais que

    representam essas fontes de energia alternativas e concorrentes.

    A lio ilustra a necessidade das naes que pretendem operar com

    sucesso o domnio do ciberespao para o desenvolvimento, precisam de fornecer

    um treino para os operadores do ciberespao entenderem e praticarem as

    nuances de ambas as operaes ofensivas e defensivas (geralmente duas

    comunidades separadas) e como sincronizar operaes no ciberespao com o

    espectro completo de operaes de Informao (IO) e objetivos poltico-militares

    nos outros domnios.

    Concluso

    Se num campo de batalha o facto de estarmos em inferioridade numrica

    ou termos um armamento no to moderno como o adversrio no impede que

    possamos fazer frente ao nosso adversrio (podendo porm comprometer a

    vitria nessa mesma batalha), em questes de cibersegurana o mesmo j no

    acontece, pois se no estivermos constantemente na vanguarda da tecnologia ao

    nvel de sistemas de segurana podemos, de imediato, comprometer toda uma

    estratgia de defesa, com repercusses irreversveis.

    portanto fundamental que as entidades polticas se esforcem para que

    sejam disponibilizados meios e recursos de modo a que os organismos que tm

    como funo a proteo do nosso pas ao nvel de ciberdefesa, possam

    assegurar uma efetiva e real eficcia no que toca a esta matria. Para tal, urge

    que os agentes polticos e governamentais ultrapassem uma viso tantas vezes

    limitada a uma conjuntura de interesses econmicos, imediatos e particulares, e

    tenham antes uma viso alargada em termos estruturais e futuros para que o

    interesse nacional a nvel de segurana no fique submerso sobre outros

    interesses.

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 18 XV Curso de Defesa para Jovens

    importante que a sociedade civil tenha conscincia da premncia de

    investir nesta rea, funo essa que cabe, em primeira linha, s instituies

    governamentais, por forma a conseguirem, atravs da comunicao social,

    chegar populao em geral para que a mesma comece a consciencializar-se

    sobre aspetos relacionados com a cibersegurana, pois neste momento termos

    como cibersegurana e ciberespao no so do conhecimento geral.

    necessria vontade poltica para continuar a investir nestas matrias e

    criar um grupo de trabalho focado inteiramente nesta matria, grupo esse que ter

    como misso no s a seleo dos dados, informaes e sistemas que tm de

    ser protegidos como a interligao que se impe fazer entre as diferentes

    entidades, pois a matria que vai ser trabalhada encontra-se no s em sistemas

    do Estado mas tambm em empresas privadas que venham a ser consideradas

    de relevante interesse nacional por razes econmicas e sociais. Neste campo, a

    OTAN tem sido um dos grandes impulsionadores a nvel mundial para que sejam

    feitos avanos nestas matrias e com a maior brevidade possvel, ajudando os

    pases membros em diferentes aspetos como, por exemplo, na proteo de

    infraestruturas que sejam consideradas crticas para cada pas. Tudo isto atravs

    de uma politica orientadora que tem como plano de ao o aumento da robustez

    dos pases membros na ciberdefesa, plano esse que foi implementado numa

    cimeira realizada em setembro deste mesmo ano (2014) no Pas de Gales e que

    tem como prioridade a proteo dos sistemas de comunicao de todos os seus

    aliados.

    Seria deveras interessante aproveitar a massa criativa do nosso Pas, em

    especial da juventude que na rea das tecnologias tem demonstrado um grande

    know-how e que j conta com provas dadas na criao (por exemplo de

    aplicaes para diferentes sistemas operativos como a apple e android) e que

    inclusiv marcam presena no mercado internacional e so vistas como

    inovadoras e de um elevado grau de complexidade.

    Isto porque o facto de os sistemas de segurana serem inteiramente

    criados de raiz pelo prprio Estado e no adquiridos a outras empresas

    especializadas no ramo, muitas vezes localizadas noutros paises com interesses

    diferentes dos nossos, d-nos logo partida um fator importantssimo de

    segurana pois diminuem-se drasticamente as hipteses de acesso por terceiros,

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 19 XV Curso de Defesa para Jovens

    devido autenticidade do sistema e pelo facto de, assim, diminuir o nmero de

    intermedirios pelo qual os programas tm de passar at chegarem ao

    destinatrio final.

    Finalmente, destaca-se a importncia de continuar um estreita articulao

    com as instituies europeias e mundiais de modo a atingir uma robustez slida

    ao nvel da cibersegurana, robustez essa que s ser alcanada atravs de um

    rduo trabalho por parte de todas as entidades envolvidas nesta matria; esse

    trabalho ter de ser contnuo e duradouro, uma vez que no mundo global do

    sculo XXI o conhecimento evolui rapidamente e os acontecimentos precipitam-se

    a uma velocidade que, por vezes, ultrapassa as melhores previses tecnolgicas.

  • Cibersegurana e Ciberdefesa em Portugal 20 XV Curso de Defesa para Jovens

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    agaisnt cyber attacks - http://www.nato.int/cps/en/natolive/75747.htm