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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS
OPORTUNISTAS: INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS
ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL (1994-2014)
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
Caroline Lucion Puchale
Santa Maria, RS, Brasil
2015
1
CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS
OPORTUNISTAS: INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS
ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL (1994-2014)
Caroline Lucion Puchale
Monografia de graduação apresentada ao Curso de Ciências Econômicas,
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS), como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Oliveira Veloso
Santa Maria, RS, Brasil
2015
2
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais Humanas
Curso de Ciências Econômicas
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia de
Graduação
elaborada por
Caroline Lucion Puchale
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Econômicas
COMISSÃO EXAMINADORA:
Gilberto Oliveira Veloso, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
Daniela Dias Kühn, Dr. (UFSM)
Pascoal José Marion Filho, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 10 de dezembro de 2015
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AGRADECIMENTO
É chegado o fim de mais uma etapa, e está jornada não se tornou mais intensa, pois
pessoas muito especiais passaram por ela e conseguiram tornar este caminho mais fácil.
Agradeço imensamente ao meu orientador o Professor Doutor Gilberto de Oliveira
Veloso por todas as orientações, atenção e conhecimentos passados, pois sem ele a elaboração
desta monografia não teria ocorrido.
A todos os meus mestres que me acompanharam nesta caminhada desde o ensino
fundamental até a graduação. A vocês todo o meu respeito e admiração, ser professor é o dom
mais ilustre que um indivíduo possa ter, agradeço por todo o conhecimento e educação que
retribuíram a mim.
Aos meus pais Valdocir Antonio Puchale e Rita Maria Rosa Lucion Puchale e ao meu
irmão Gustavo Rosa Lucion Puchale por todo o apoio e dedicação que imputaram sobre mim,
não tenho palavras para agradecer todo o sacrifício feito, só quero dizer que amo muito vocês.
Ao meu namorado Anderson dos Santos Cezario por todo o amor, carinho e ajuda que
me encorajaram a concluir mais está etapa.
Agradeço imensamente aos meus Avós Eva Regina Selle Rosa Lucion, Olindo Rosa
Lucion e Mercedes Farencena Puchale por toda a dedicação e atenção que vocês dedicaram a
mim e por todo o aconchego dos finais de semana. Vocês são meus tesouros e a razão do meu
viver.
Aos meus colegas que amenizaram o caminho árduo até aqui. Agradeço imensamente
por toda a ajuda, conselhos, paciência e pelos finais de semana de estudos. Em especial
agradeço as minhas colegas e amigas Larissa Castagna Gonçalves e Vanessa Zucco pelos
momentos especiais que vivemos, por todas as confidências e pelas palavras sinceras que me
foi concedido quando mais precisei. Acredito que sempre em momentos de angustia surgem
pessoas que conseguem tornar este caminho mais fácil e vocês duas são estas pessoas, só
tenho a agradecer e dizer que vocês possuem um lugar muito especial em meu coração.
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RESUMO
Monografia de Graduação
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Universidade Federal de Santa Maria
CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS OPORTUNISTAS:
INFLUÊNCIA NAS VARIÁVEIS ORÇAMENTÁRIAS DO BRASIL (1994-
2014) AUTORA: CAROLINE LUCION PUCHALE
ORIENTADOR: Dr. GILBERTO OLIVEIRA VELOSO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 10 de dezembro de 2015.
O objetivo deste estudo é averiguar empiricamente a presença de ciclo político-
econômico oportunistas no Brasil no período de 1994 a 2014. Foi considerada a hipótese de
existência de comportamentos eleitoreiros nas variáveis orçamentárias, gastos e receitas do
governo, motivado pelo calendário eleitoral. Procurou-se evidenciar aumentos significativos
nos gastos do governo em períodos pré-eleitorais e eleitorais e o declínio dos mesmos em
períodos pós-eleitorais, e também, procurou-se verificar se as receitas do governo declinaram
em períodos pós-eleitorais e vieram a aumentar nos períodos eleitorais. Para a verificação
empírica, o presente estudo utilizou-se de uma análise econométrica a partir de regressões
múltiplas. Os resultados sugerem que as oscilações das despesas do governo foram
estatisticamente significativas para todo o período analisado e se observou que os ciclos
políticos oportunistas no que tange as despesas do governo foram mais evidentes após o ano
de 2002 até o ano de 2010, que compreendem o primeiro e segundo mandato do presidente
Lula. Quando investigado a presença de ciclo político-econômico oportunista na variável
receita do governo foi constatado que somente a partir do segundo mandato de Lula até o
governo de Dilma, compreendido entre os anos de 2007 a 2014, é que ocorreram ciclos
políticos oportunistas. De maneira geral, foi verificada a presença de ciclo político-econômico
oportunista somente após o ano de 2002.
Palavras-chaves: ciclo político-econômico oportunista, variáveis orçamentárias, regressão
múltipla.
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ABSTRACT
GRADUATION MONOGRAPH
COURSE OF ECONOMIC SCIENCES
FEDERAL UNIVERSITY OS SANTA MARIA
POLITICAL-ECONOMIC CYCLES OPPORTUNISTIC: INFLUENCE IN
VARIABLE BUDGET OF BRAZIL (1994-2014) AUTHOR: CAROLINE LUCION PUCHALE
ADIVISOR: Dr. GILBERTO DE OLIVEIRA VELOSO
Date and Place of defense: Santa Maria, December 10, 2015.
The objective of this study is to empirically verify the presence of opportunistic
political-economic cycle in Brazil from 1994 to 2014. It was considered the hypothesis of
electoral behavior in budget variables, spending and government revenues, driven by the
electoral calendar. It attempted to show significant increases in government spending in
periods pre-election and election and the decline of the same in post-election periods, and also
sought to verify if government revenues declined in post-election periods and have risen at
election time. For empirical verification, this study used an econometric analysis from
multiple regressions. The results suggest that fluctuations in government spending were
statistically significant for the whole period and noted that the opportunistic political cycles
regarding government expenditures were more evident after the year 2002 to the year 2010,
comprising the first and second term of President Lula. When investigated the presence of
opportunistic political-economic cycle in government revenue variable was found that only in
the second Lula mandate to the government of Dilma, between the years 2007-2014, is
occurring opportunistic political cycles. In general, the presence of opportunistic political
business cycle was observed only after 2002.
Keywords: political-economic cycles opportunistic, variable budget, multiple regression.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Receita, Despesa e Produto Interno Bruto do Brasil de 1994 a 2015 (valores
mensais) ................................................................................................................................... 36
Gráfico 1 – Oscilações das despesas medias mensais do governo no período de 1994 a 2014,
conforme o calendário eleitoral e governo. .............................................................................. 39
Gráfico 2 – Variações das despesas públicas no período de 1994 a 1998 ............................... 43
Gráfico 3 – Variações das despesas públicas no período de 1998 a 2002 ............................... 45
Gráfico 4 – Variações das despesas públicas no período de 2002 a 2006 ............................... 47
Gráico 5 – Variações das despesas públicas no período de 2006 a 2010 ................................. 49
Gráfico 6 – Variações das despesas públicas no período de 2010 a 2014 ............................... 51
Gráfico 7 – Oscilações das receitas medias do governo no período de 1994 a 2014, conforme
o calendário eleitoral e governo................................................................................................ 54
Gráfico 8 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 1994 a 1998............ 58
Gráfico 9 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 1998 a 2002............ 60
Gráfico 10 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2002 a 2006.......... 62
Gráfico 11 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2006 a 2010.......... 64
Gráfico 12 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2010 a 2014.......... 66
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LISTA DE TABELAS
Quadro 1 – Modelos de ciclos político-econômicos ................................................................ 16
Tabela 1 – Testes de raiz unitária Dickey-Fuller aumentado e Phillips-Perron por variável e
ordem de integração.................................................................................................................. 37
Tabela 2 – Resultado da regressão da despesa total ............................................................... 41
Tabela 3 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 1994 a 1998 ... 42
Tabela 4 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 1999 a 2002 ... 44
Tabela 5 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2003 a 2006 ... 46
Tabela 6 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2007 a 2010 ... 48
Tabela 7 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2011 a 2014 ... 50
Tabela 8 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1994 a 2014 ..... 56
Tabela 9 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1994 a 1998 ..... 57
Tabela 10 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1999 a 2002 ... 59
Tabela 11 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2003 a 2006 ... 61
Tabela 12 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2007 a 2010 ... 63
Tabela 13 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2011 a 2014 ... 65
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LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (1994 – 1996) .. 74
Apêndice B – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (1997 – 1999) ... 75
Apêndice C – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2000 2002)
...................................................................................................................................................76
Apêndice D – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2003 – 2005) ... 77
Apêndice E – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2006 – 2008) . 78
Apêndice F – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2009 – 2011) ... 79
Apêndice G – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2012 – 2014) ... 80
Apêndice H – Teste Dickey-Fuller Aumentado e Phillips-Perron ........................................... 81
Apêndice I – Teste Dickey Fuller Aumentado e Phillips-Perron para as variáveis diferenciadas
.................................................................................................................................................. 82
Apêndice J – Regressão Despesa total ..................................................................................... 83
Apêndice L – Regressão Receita total ...................................................................................... 84
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
2 DÉFICIT PÚBLICOS, GASTOS E RECEITAS GOVERNAMENTAIS E
CICLOS POLÍTICOS ..................................................................................................... 13
2.1 Funções fiscais do governo e motivos de ocorrência do déficit público primário,
gastos e receitas governamentais ........................................................................................... 13
2.2 Ciclos político-econômicos ............................................................................................... 15
2.2.1 Modelo oportunista de governo ....................................................................................... 17
2.2.1.1 Modelo oportunista de governo com expectativa adaptativa ....................................... 19
2.2.1.2 Modelo oportunista de governo com expectativa racional ........................................... 20
3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DOS CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS
OPORTUNISTAS ............................................................................................................. 21
3.1 Evidências empíricas dos ciclos político-econômicos no mundo .................................. 21
3.2 Evidências Empíricas dos ciclos político-econômicos no Brasil ................................... 23
4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 27
4.1 Base de dados .................................................................................................................... 27
4.2 Seleção das variáveis ........................................................................................................ 28
4.3 Testes de raíz unitária ...................................................................................................... 29
4.4 Método de análise ............................................................................................................. 30
4.5 Especificação do modelo econométrico .......................................................................... 31
4.6 Resultados esperados ........................................................................................................ 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 35
5.1 Resultados da presença de raiz unitária nas variáveis .................................................. 35
5.2 A presença dos ciclos-políticos sobre as despesas do Brasil no período de 1994 a 2014
.................................................................................................................................................. 37
5.2.1 Resultado gráfico da presença dos ciclos-políticos sobre a despesa do Brasil no período
de 1994 a 2014 .......................................................................................................................... 37
5.2.2 Resultado empírico para a presença dos ciclos-políticos sobre a despesa total do Brasil
no período de 1994 a 2014 ....................................................................................................... 40
5.3 A presença dos ciclos-políticos sobre as receitas do Brasil no período de 1994 a 2014
.................................................................................................................................................. 52
5.3.1 Resultado gráfico da presença dos ciclos-políticos sobre a despesa do Brasil no período
de 1994 a 2014 .......................................................................................................................... 52
10
5.3.2 Resultado empírico para a presença dos ciclos-políticos sobre a receita total do Brasil no
período de 1994 a 2014 ............................................................................................................ 55
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 68
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 70
APÊNDICE .................................................................................................................................. 73
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1 INTRODUÇÃO
Após vinte anos de regime militar, em 1988 foi instituída no Brasil a Constituição da
República Federativa do Brasil. Este ato permitiu que o País voltasse a um regime
democrático onde todos os agentes econômicos voltaram a opinar na condução da política
brasileira.
As eleições no Brasil ocorrem a cada quatro anos, e como em toda democracia, um
grupo de indivíduos se candidatam ao cargo de Presidente da República, e a população em
geral são os agentes responsáveis pela escolha do candidato que mais se adequa a função de
administrador central do Brasil. Desta forma, os candidatos precisam demonstrar para a
população a sua competência para administrar o país e é partir desta competência de governo
que o eleitorado toma sua decisão de voto.
A principal estratégia dos candidatos utilizada para demonstrar sua competência é via
oscilações no orçamento público. O orçamento público é um dos instrumentos que o governo
utiliza para aumentar o bem-estar social, é nele que estão contidas todas as receitas e despesas
que o governo dispõe para administrar o país, e é a partir deste orçamento que o governo
consegue suprir as necessidades da população.
A partir desta colocação, é que surge a teoria dos ciclos político-econômicos
oportunistas, que afirma que os candidatos buscam arrecadar o maior número de votos
possíveis a partir de concessões de benefícios e benfeitorias a sociedade, ou seja, os
candidatos buscam a maximização dos votos e para isto fazem uso de elementos econômicos.
Os eleitores possuem está atitude, pois segundo a teoria dos ciclos político-econômicos
oportunistas, os indivíduos são propensos às facilidades oferecidas pelo governo e é a partir
destas facilidades que tais calculam a competência de cada governante. Desta forma, quanto
maior for o número de benefícios que um candidato conceder a sociedade, maior é a sua
competência para administrar o país e maior são as suas chances de ser eleito.
A tendência é que os candidatos à presidência da republica busquem realizar politicas
que “agradem” os eleitores. As principais políticas apostadas pelos candidatos são: o
fornecimento de serviços públicos, benefícios socioeconômicos e obras públicas, como
também, a melhoria das variáveis macroeconômica, sejam elas, a taxa de desemprego,
inflação e do Produto Interno Bruto. Todas as politicas visadas pelo governo são de curto
prazo e que exercem relativa força de voto aumentando o bem estar populacional.
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Ou seja, para a maximização dos votos, os candidatos à administração do país
procuram executar politicas expansionistas perto das eleições, a fim de que o eleitor visualize
as atividades executas e desta forma consigam perceber que o seu bem-estar aumentou e
julgar o candidato como competente, concedendo seu voto a ele. Porém, passado o período
eleitoral, ocorrem as politicas contracionistas, como o declínio dos gastos públicos e um
aumento da arrecadação do governo, a fim de manter o equilíbrio das contas públicas.
Segundo a teoria dos ciclos político-econômicos os eleitores possuem dois
comportamentos de votos. O primeiro é quando o eleitor possui um comportamento
adaptativo na hora de votar, ou seja, o individuo votante analisa a competência do governo a
partir das atividades executadas no último ano e é a partir destas atividades realizadas no ano
em que antecede as eleições é que o agente toma sua decisão de voto. O segundo é quando o
eleitor possui um comportamento racional na hora de votar, ou seja, o eleitor racional entende
toda a sistemática do ciclo politico e as consequências que estes terão para o futuro. Então,
para tomar sua decisão, o eleitor considera todas as ações realizadas durante o mandato do
governo e contrapõe estas as consequências que viram após as eleições.
Deste modo, há um reconhecimento da importância do assunto para a atual conjuntura
política do Brasil, pois permite entender a sistemática da conjuntura política e econômica do
Brasil após o período de redemocratização, proporcionando ao leitores, melhor visualização
das práticas “oportunistas” que supostamente surgiram neste período e como afetaram a
população brasileira e a conjuntura econômica.
Assim, o presente trabalho objetiva evidenciar a existência de ciclos políticos nas
variáveis orçamentárias brasileiras (receita e despesa) entre o período de 1994 a 2014.
Buscando responder a pergunta: “O calendário eleitoral exerceu influência sobre os gastos e
as receitas brasileiras no período de 1994 a 2014?”.
O presente trabalho é dividido em 6 capítulos, o primeiro capítulo é a sessão
introdutória, onde são apresentadas os principais abordagens que são tratadas no presente
trabalho, além dos objetivos, do problema e das hipóteses consideradas. No capítulo dois, é
discutido os motivos pelos quais levam a formação do déficit público primário, das receitas e
despesas do governo. No capítulo três é redigida a conceituação de ciclos-políticos, a
evolução que este conceito obteve ao passar dos anos e uma breve revisão de literatura e após
é demonstrado às evidências empíricas encontradas no Brasil e no mundo. O quarto capítulo é
composto pela descrição metodológica utilizada, o modelo de análise, as hipóteses e os dados
utilizados. No quinto capítulo, é descrito o resultado encontrado e a discussão a cerca dos
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resultados que outros trabalhos chegaram. Finalmente, no sexto capítulo são apresentados as
conclusões.
2 DÉFICIT PÚBLICOS, GASTOS E RECEITAS GOVERNAMENTAIS E
CICLOS POLÍTICOS
O presente capítulo objetiva tratar dos motivos de ocorrência econômica das variáveis
orçamentárias do governo e dos déficits públicos além de apresentar o arcabouço teórico da
teoria dos ciclos políticos. Para isso, o capítulo está divido em duas sessões, na sessão 2.1 são
discutidas as funções fiscais do governo e o motivo econômico pelo qual o déficit público
incorre, além de demonstrar como se formam as receitas e despesas governamentais. Na
sessão 2.2 é apresentada a conceituação e subdivisão dos ciclos políticos, se discute também o
modelo oportunista de governo e a forma pelo qual os indivíduos tomam suas decisões de
voto.
2.1 Funções fiscais do governo e motivos de ocorrência do déficit público primário,
gastos e receitas governamentais
O governo como agente público regulador precisa intervir na economia para conseguir
manter o bem-estar social, e para isto o governo precisa cumprir suas três funções fiscais, do
quais são denominadas: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora.
Segundo Giacomini (2010), o governo exerce sua função alocativa, quando fornece
eficientemente bens e serviços que não são providos pelo sistema privado, desta forma o
governo tende a gastar com investimentos na infraestrutura econômica (gastos com energia
elétrica, transporte, etc), com a provisão de bens públicos puros (gastos com a defesa
nacional, rodovias, entre outros) e com bens meritórios (gastos com a saúde e educação
pública).
O Estado cumpre sua segunda função fiscal que é a distributiva quando consegue
distribuir a renda e a riqueza de forma igual entre os indivíduos, ou seja, o governo tende a
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fazer uma série de programas sociais para beneficiar a camada mais pobre da população para
assim conseguir viabilizar as politicas de distribuição de renda. Giacomini (2010, p. 25)
considera “[...] que o problema distributivo tem por base tirar de uns para melhorar a situação
de outros, o mecanismo fiscal mais eficaz é o que combina tributos progressivos sobre as
classes de renda mais elevada com transferências para aquelas classes de renda mais baixa”.
A terceira função do governo é de ser um agente estabilizador, que segundo Giacomini
(2010), o governo tem o dever de manter em elevação o nível de emprego, em estabilidade os
preços, o equilíbrio a balança de pagamentos e o crescimento econômico.
Desta forma,
Em qualquer economia, os níveis de emprego e de preços resultam dos níveis
de demanda agregada, isto é, da disposição de gastar dos consumidores, das famílias,
dos capitalistas, enfim, de qualquer tipo de comprador. Se a demanda for superior à
capacidade nominal (potencial) da produção, os preços tenderão a subir; se for
inferior, haverá desemprego. O mecanismo básico da politica de estabilização é,
portanto, a ação estatal sobre a demanda agregada, aumentando-a e reduzindo-a
conforme as necessidades. (GIACOMINI, 2010, p.26).
Assim, para o governo conseguir manter todas as suas funções fiscais é necessário que
ele tenha um nível de gastos que consiga elevar o nível de bem estar da população e o
crescimento econômico e ao mesmo tempo consiga manter em equilíbrio as contas públicas,
ou seja, o governo deve somente gastar o que for arrecadado com os impostos.
Porém muitas vezes o governo não consegue manter o equilíbrio orçamentário, pois na
maioria das situações os gastos governamentais são maiores que a arrecadação de impostos e
consequentemente o governo obtém um déficit público.
Desta forma, o déficit público é a relação entre os tributos recolhidos pelo setor
público menos os gastos governamentais, ou seja, existe déficit público primário quando as
receitas governamentais são menores do que as despesas que um governo aufere ao longo de
períodos de tempo. Espera-se que a relação entre receitas e despesas do governo seja maior
que zero, pois assim a economia estará em uma situação positiva quando se arrecada mais do
que se adquire despesas e assim o governo cumpre uma de suas funções principais, que é ser
um agente estabilizador.
Conforme Riani (2002), o governo cumpre sua tarefa de ser um agente estabilizador
quando controla o nível de demanda agregada na economia com suas políticas fiscais,
monetárias e cambias, ou seja, há maior regulação sobre os níveis de gastos governamentais
tanto de consumo como de investimento para assim evitar pressões inflacionárias.
Segundo Veloso (2001, p.12), “Déficit ou superávits são justificados quando ocorrem
aumentos ou reduções temporárias nos gastos públicos decorrentes de choques inesperados”,
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como por exemplo, em uma guerra, quando este fenômeno inesperado ocorre é necessário que
o governo gaste mais do que sua arrecadação para fazer frente às despesas com esta guerra.
Outro momento em que pode haver a ocorrência de déficit governamental é quando a
economia está em recessão, nesta ocasião a renda dos agentes diminui e logo a arrecadação do
governo acompanha esta tendência, ocasionando um déficit temporário, pois tão logo passe
esta tendência recessiva que a economia esteja sofrendo, aumenta-se a renda novamente dos
agentes e maiores serão as arrecadações governamentais. Em suma, em períodos recessivos
existem tendências deficitárias e em períodos expansionistas existem tendências
superavitárias. (VELOSO, 2011).
Deste modo, para o governo sair de uma situação deficitária é necessário que este
aumente os impostos, porém o aumento da arrecadação causa uma diminuição do bem-estar
populacional, pois uma parcela maior da renda dos agentes irá para os cofres públicos
diminuindo assim o poder de consumo dos indivíduos. Logo, muitas vezes a forma pelo qual
o governo tenta sair de uma situação deficitária é pela impressão de mais moeda o que pode
causar períodos de alta inflação.
2.2 Ciclos político-econômicos
As receitas do governo, assim como seus gastos surgem não somente por motivos
econômicos, mas também por motivos institucionais e eleitoreiros, ou seja, as mesmas
ferramentas econômicas (fiscais, monetárias e cambias) que o governo utiliza para servir de
apoio para o controle da conjuntura econômica do país, servem também como decisões de
ordem política e eleitoral. Está relação entre o calendário eleitoral e a forma de condução da
economia é denominada de ciclos político-econômicos.
Segundo Cançado e Araujo (2004), Kalecki em 1943 já confirmava a possibilidade de
existência de ciclos político-econômicos, mas as primeiras pesquisas nesta área iniciaram no
ano de 1957 com Anthony Downs, porém foi somente a partir dos anos de 1970 é que a
relação entre eleições e economia veio a se desenvolver formalmente e com maior
intensidade.
O modelo dos ciclos político-econômicos, observando o quadro 1, pode ser dividido
em quatro grandes áreas, conforme o comportamento dos partidos ou dos eleitores.
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Os partidos podem ser oportunistas ou partidários/ideológicos:
i) Os partidos oportunistas objetivam a maximização dos votos, a partir da execução
de benfeitorias que aumentem o bem-estar populacional, ou seja, os eleitores
procuram decidir seus candidatos a partir da competência de cada governante e
está competência é calculada a partir do aumento do bem-estar gerado pelas
benfeitorias que o governante executou em seu mandato. Chama-se a atenção, pois
neste modelo o governante age sozinho buscando atender seus interesses pessoais.
Os principais trabalhos desenvolvidos nesta área são os de Nordhaus (1975),
Rogoff e Siebert (1988) e Rogoff (1990).
ii) Os partidos ideológicos geram suas ações de governo conforme sua ideologia
política, ou seja, todas as politicas executadas pelo governo serão direcionadas a
atender os interesses de sua coligação politica. Neste modelo, se evidencia que os
partidos esquerdistas são mais propensos ao gasto público priorizando menor
desemprego e os partidos de direita são mais propensos à estabilidade econômica,
ou seja, priorizam o combate à inflação. (BORSANI, 2003).
Os principais trabalhos desenvolvidos nesta área são o de Hibbs (1977) e Alesina
(1987).
E os eleitores podem apresentar um comportamento racional, que ocorre quando os
indivíduos entendem o funcionamento do ciclo político-econômico, ou um comportamento
adaptativo, que ocorre quando os eleitores não possuem conhecimento do ciclo político-
econômico e acabam cometendo erros sistemáticos. (CANÇADO; ARAUJO, 2004)
Modelos Oportunistas Modelos Partidários
Comportamento não
racional
Nordhaus (1975) Hibbs (1977)
Comportamento racional Rogoff e Siebert (1988)
Rogoff (1990)
Alesina (1987)
Quadro 1 – Modelos de ciclos político-econômicos Fonte: Alesina, Roubini, Cohen (1997)
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Salienta-se que a presente pesquisa partiu somente do modelo oportunista de
governo.
2.2.1 Modelo oportunista de governo
O modelo oportunista de governo tem por objetivo a maximização do número de votos
nas eleições, ou seja, as ações oportunistas do governo são realizadas a partir dos mecanismos
de políticas fiscais, monetárias e cambias e que são utilizadas como forma de convencimento
político.
Os candidatos à presidência sabem que os cidadãos votantes decidem em quem irão
votar a partir da competência de governo de cada candidato, e esta competência é medida pelo
número de obras realizadas, pelos benefícios cedidos para a população ou melhora dos
agregados macroeconômicos, tais como PIB, inflação e desemprego, isto é, por medidas que
aumentam o bem-estar populacional.
Sabendo deste fato, os prováveis governantes procuram realizar obras, conceder
benefícios ou gerar um maior número de emprego no período em que antecede as eleições
para assim ser visto pela população como um governante competente e consequentemente
arrecadar o maior número de votos possíveis. (BORSANI, 2003).
Desta forma, os governos tendem a criar situações favoráveis na economia em
períodos anteriores as eleições e depois de transcorrido este período se vivencia a fase
restritiva que vem a ocorrer após o período eleitoral, como é confirmado por Fialho (1999),
que diz que a economia evidência períodos cíclicos antes das eleições, do qual advém da
capacidade de dirigentes políticos em criar condições econômicas favoráveis antes da fase de
votação a fim de influenciar o resultado eleitoral.
O modelo oportunista de governo, parte do pressuposto, de que as políticas públicas
executadas pelos candidatos a eleição objetivam a satisfação de seus interesses pessoais e não
da população como um todo, uma vez que quanto mais privilégios se concedem para a
população maior é a probabilidade da vitória. Downs (2013, p.50) afirma que “os partidos
formulam políticas a fim de ganhar eleições, e não ganham eleições a fim de formular
políticas”.
18
O primeiro resquício advindo da conceituação de ciclo oportunista veio com o trabalho
de Downs (2013) em 1957, onde estabelece seus estudos em Estados Democráticos e após
ocorre o aprimoramento deste conceito com os trabalhos de Nordhaus (1975), que busca
captar os ciclos oportunistas nas variáveis macroeconômicas, como o desemprego e inflação e
pelas pesquisas de Rogoff (1990) e Rogoff e Silbert (1988), que trabalham com os ciclos
oportunistas para as politicas fiscais (receitas e despesas).
Downs (2013), como dito anteriormente, estabelece seus estudos em Estados
Democráticos, onde as eleições ocorrem periodicamente e todos os cidadãos possuem direito
de voto, e a forma de eleição de um candidato é aquele que receber o maior número de votos,
e desta forma, ele terá o poder de controlar a o Estado até a próxima eleição.
Downs (2013) diz que os candidatos à eleição são motivados a buscar a vitória
eleitoral pelo desejo individual de obter renda, prestígio e poder, desta forma, conseguir
desempenhar sua função social é uma das formas de alcançar seus desejos privados. E assim,
o principal objetivo dos indivíduos nas eleições é a maximização dos votos e todas as suas
ações durante o período eleitoral visão o alcance deste objetivo.
Para Downs (2013), os políticos buscam formular políticas que agradem uma grande
parte do eleitorado, com o objetivo de arrecadar o maior número de votos, porém estes
políticos não consideram os efeitos negativos que estas políticas geram sobre a economia, a
menos que estas venham a afetar as decisões dos eleitores.
Na visão de Downs (2013), os eleitores agem racionalmente, ou seja, sua decisão de
voto partirá das ações que os governantes fizeram em todo seu período de permanência no
poder, como também das consequências que estas ações terão no futuro.
Já Nordhaus (1975), em sua pesquisa analisa o trade-off entre desemprego e inflação.
Segundo ele, os governos em períodos pré-eleitorais estariam dispostos a terem um maior
gasto em políticas que aumentassem a produtividade econômica e consequentemente
ocasionariam uma menor taxa de desemprego, porém, o aumento da atividade econômica
seria sustentada ou por um maior gasto governamental ou pela emissão de moeda do qual
aumentariam a taxa de inflação após as eleições. Passado o período eleitoral, onde o maior
número de gastos ocasiona um déficit governamental e por consequência aumenta a taxa de
inflação, o governo começa a fazer uma série de ajustes fiscais para conter o aumento do nível
de preços, o que consequentemente ocasiona uma queda no produto interno do país
juntamente com o aumento da taxa de desemprego.
Assim, Nordhaus (1975) afirma que quanto mais ações públicas o governo realizar no
ano pré-eleitoral em direção ao alcance de menores taxas de desemprego e inflação, maior a
19
probabilidade de este governo ser eleito, ou seja, “a manipulação de variáveis estratégicas
altera a posição relativa dos partidos aos olhos do eleitor influenciando-o em seu voto”.
(VELOSO, 2001, p.17).
Porém, Nordhaus (1975) afirma que a decisão dos votos de um agente partira de um
tempo passado, ou seja, os agentes apenas comparam as ações do governo realizadas no
último ano e não em todo seu mandato, do qual Nordhaus (1975) denomina como sendo uma
“miopia política”, ou seja, os eleitores tomam suas decisões com base em sua racionalidade
adaptativa ou não racional.
Nos trabalhos desenvolvidos por Rogoff (1990) e Rogoff e Silbert (1988), os ciclos
oportunistas ocorrem nas variáveis orçamentárias, tais como as receita e despesa do governo.
Rogoff e Silbert (1988) demonstram que uma das formas dos governantes aumentarem o bem
estar social e a partir disto, conseguir auferir maior número de votos, é pela diminuição dos
impostos nós períodos que antecedem as eleições, ou seja, as receitas do governo nos períodos
anteriores as eleições possuem uma tendência declinante. Já Rogoff (1990) evidência que os
governantes procuram aumentar seu número de votos, a partir do aumento do gasto público
em períodos anteriores as eleições, ou seja, buscam aumentar o número de benfeitorias para a
população, uma vez que este instrumento é de rápida percepção do eleitorado. Os trabalhos de
Rogoff (1990) e Rogoff e Silbert (1988) partem de um ciclo oportunista racional, como o
desenvolvido por Downs (2013).
Desta forma, vê-se que o modelo oportunista de governo aceita duas visões, uma em
que o eleitor toma suas decisões racionalmente e aquela em que o eleitor leva em
consideração na hora de votar em seus candidatos as ações dos políticos exercidos no último
ano antes das eleições.
2.2.1.1 Modelo oportunista de governo com expectativa adaptativa
Neste modelo, o eleitor decidirá em quem votar a partir das benfeitorias que o
candidato à presidência da república fez no último ano antes das eleições, ou seja, os
indivíduos votantes possuem memória de curto prazo e assim tomam suas decisões com base
nas atitudes passadas dos candidatos, como é afirmado por Bornhold (2010).
20
Este modelo, segundo Borsani (2003, p.63), “sustenta que o eleitor sabe como tem
variado seu bem-estar durante a gestão do governo, e esse é o dado principal que precisa para
aprová-lo ou pelo contrário, desaprová-lo”, isto é, para o eleitor o importante é o resultado das
politicas públicas implantadas pelos políticos e não a forma pelo qual estas políticas são
alcançadas, ou seja, o eleitorado não está interessado no modo pelo qual a taxa de desemprego
declina, o importante é que essa variável se reduza. (BORSANI, 2003).
Desta forma, os políticos buscam estimular a economia no ano pré-eleitoral,
aumentando os gastos governamentais, no sentido de aumentar o bem-estar da população,
através da concessão de benefícios, obras públicas, entre outros. E passado o período eleitoral,
começa a se transcorrer o período de ajuste das contas públicas, ou seja, a politica fiscal ou
monetária se torna contracionista.
2.2.1.2 Modelo oportunista de governo com expectativa racional
No modelo oportunista de governo com expectativa racional o eleitor toma sua decisão
pensando na maximização do beneficio que obterá no futuro, ou seja, o eleitor possuí
conhecimento e informações suficientes para compreender todas as atitudes dos políticos e,
com base no que foi executado pelo governo no passado, o eleitor sabe quais serão suas
atitudes no futuro (DOWNS, 2013). Borsani (2003, p.64) argumenta que “o eleitor usa a
informação oferecida por sua percepção dos resultados para prever as possíveis políticas a
serem implementadas pelo governo caso seja reeleito”.
Borsani (2003) afirma ainda, que as atitudes do governo durante seu mandato devem
ser coerentes no tempo, a fim de, que os eleitores possam avaliar suas políticas e tomar suas
decisões.
Porém, tais modelos, admitem a existência de assimetrias de informações, o que
impede que o eleitorado consiga perceber eficientemente as competências do governo,
fazendo com que os eleitores tenham que tomar suas decisões com base nas atividades
desenvolvidas pelo governo no período anterior. (NAKAGUMA; BENDER, 2010).
21
3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS DOS CICLOS POLÍTICO-ECONÔMICOS
OPORTUNISTAS
Este capítulo objetiva demonstrar os resultados encontrados por diversos autores
quanto às evidências dos ciclos políticos oportunistas. Para tanto, o capítulo é divido em duas
sessões. Na sessão 3.1 é demonstrado os resultados empíricas dos ciclos políticos no mundo e
na sessão 3.2 são averiguados os resultados empíricos dos ciclos políticos oportunistas para o
escopo brasileiro.
3.1 Evidências empíricas dos ciclos político-econômicos no mundo
As evidências empíricas dos ciclos político-econômicos demonstram diferentes
resultados quanto à presença dos ciclos dentro de uma economia.
A pesquisa desenvolvida por Nordhaus (1975), como já mencionado anteriormente,
busca evidenciar a presença de ciclos políticos no trade-off entre desemprego e inflação, ou
seja, Nordhaus (1975) busca verificar se nos anos pré-eleitorais a taxa de desemprego declina
e quando o período eleitoral termina se ocorre uma elevação na taxa de inflação. O autor parte
de três principais premissas:
(i) O governante ser eleito pelo voto do povo, ou seja, nas eleições democráticas
(ii) O governo tem o controle econômico para mover o país na direção que ele
quiser;
(iii) Os votantes são “míopes”, escolhendo seus candidatos pelas ações políticas do
último ano.
Nordhaus (1975) investigou a possível presença de ciclos eleitorais em nove países:
Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, Nova Zelândia, Suécia e Reino Unido.
Em sua análise empírica, Nordhaus (1975) detectou a não existência de ciclos políticos
para a Austrália, Canada, Japão e Reino Unido, detectou também pouca indicação de ciclos
políticos na França e Suécia, porém grande indicação da tendência de aumento do emprego
em períodos pré-eleitorais nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Alemanha. Nordhaus (1975)
22
chama a atenção para os países dos Estados Unidos e Alemanha, dizendo que nos EUA nos
anos eleitorais de 1948, 1952 e 1956 houve uma queda acentuada na taxa de desemprego,
porém houve um aumento no ano de 1968 (ano pós-eleitoral) e retornando a declinar antes das
eleições no ano de 1972. No Reino Unido, nas eleições de 1951, 1964 e 1966 houve também
o declínio da taxa de desemprego, porém menos acentuado do que nos EUA. Em conclusão, o
autor aponta que em países em que existem democracias perfeitas, com eleições, os governos
tendem a ser mais rígidos com a política fiscal nos primeiros anos de governo e quando as
eleições se aproximam os governantes optam por políticas fiscais mais expansionistas,
privilegiando a diminuição da taxa de desemprego e inflação, porém aumenta os gastos e
consequentemente aumento também o déficit público.
Schuknecht (1996)1 analisa 35 nações em desenvolvimento no período entre 1970 e
1992 e buscar achar resquícios de ciclos políticos através de um modelo econométrico
autorregressivo. O autor se utiliza de países em desenvolvimento para análise, pois afirma que
nestes países as manipulações são mais fáceis de ocorrer, uma vez que os governantes
possuem mais poder sobre a politica fiscal e monetária, e, além disto, as análises dos balanços
das contas públicas são mais fracas. Através de modelos autorregressivos do déficit fiscal e do
produto, Schuknecht (1996) conclui que existe efeito significativo entre o calendário eleitoral
e as politicas fiscais, porém não encontra tal significância para a relação entre o produto e as
eleições.
Martins (2002) busca evidenciar a presença de ciclos político-econômicos em Portugal
no período de 1977 a 2000. O autor se utiliza observações trimestrais da taxa de crescimento
do produto, da taxa de inflação e da taxa de desemprego e de medidas de política monetária e
política orçamental. Os elementos da política monetária utilizada incluem: a taxa de
crescimento anual dos agregados monetários M1 e L1 para se verificar a taxa de crescimento
da oferta de moeda e a taxa de juro nominal de curto prazo praticada pelas instituições de
crédito, já os dados utilizado para as medidas de política orçamentaria são as taxas de
crescimento das despesas correntes e totais e o déficit orçamentário. Martins (2002) através de
uma análise econométrica baseado nos modelos desenvolvidos por metodologia Alesina,
Roubini e Cohen (1997) e Alesina e Sachs (1988), do qual se utilizam de modelos
autoregressivos. Martins (2002) constatou que as variável PIB não apresentou resultado
significativo que demostrassem a presença dos ciclos eleitorais, somente a taxa de inflação
que apresentou uma redução da taxa de inflação nos períodos próximos as eleições e um
1 Apud Bittencourt (2002).
23
aumento sistemático da taxa de inflação no período pós-eleitoral, o mesmo se obteve com a
taxa de desemprego, sendo está menor nos períodos pré-eleitorais e depois de passado o
período de votação, ocorreu um aumento. Já as variáveis que demonstram as politicas
orçamentarias e monetárias efetuadas pelo governo, se constata a existência de ciclos
oportunistas na expansão de oferta de moeda antes das eleições e uma contração após a
votação eleitoral. Porém, na política orçamentária o mesmo não se contatou, ou seja, não
ocorreram aumentos de gastos antes das eleições.
Borsani (2003) analisa a presença de ciclos políticos para os países da América Latina
no período de 1979 a 1998 e conclui que não é evidente a melhora das variáveis econômicas
em períodos pré-eleitorais como forma de “oportunismo político”; porém é visto que, em
períodos pós-eleitorais a uma desaceleração do crescimento do produto e um aumento do
desemprego assim como um pequeno aumento na inflação, o que confirma a presença de
ciclos político-econômicos para o período pós-eleitoral.
Coelho (2004) testa a existência de ciclos políticos oportunistas e partidários em 86
municípios portugueses no período de 1985 a 2000, através de um modelo econométrico.
Coelho (2004) detecta a existência de oportunismo politico no período analisado, porém
ciclos partidários não obtiveram significância estatística. Em relação aos ciclos oportunistas,
coelho (2004) observou uma tendência de aumento das despesas do governo e no nível de
emprego municipal no ano em que antecede as eleições.
3.2 Evidências Empíricas dos ciclos político-econômicos no Brasil
Os trabalhos desenvolvidos para o Brasil sobre a problemática dos ciclos políticos são
muito escassos. Destaca-se os trabalhos desenvolvidos por Fialho (1997), que analisa a
existência de ciclos políticos na economia brasileira em um período de 1953 a 1995,
mostrando que existe efeito pré-eleitoral na variável crescimento do PIB advindas de uma
política monetária expansionista, porém não se detectou evidências de “oportunismo” político
nas variáveis inflação e desemprego, o que vai contra o modelo de Nordhaus (1975).
Ogura (1999) busca analisar a presença de ciclos políticos nas variáveis de politicas
fiscal (ou orçamentária) e de politica macroeconômica do Brasil no período de 1980 a 1999,
através de um modelo econométrico autorregressivo. Através da análise, Ogura (1999),
24
observa que as variáveis: desemprego e PIB, obtiveram uma elevação em seus índices nos
anos eleitorais e uma redução após as eleições. Na variável inflação, o autor encontrou
períodos de crescimento negativo em anos eleitorais e pós-eleitorais. Para o variável crédito
privado, o autor pode constatar um aumento deste no período eleitoral e redução passado o
período eleitoral. Para a variável Despesa com pessoal e encargos sociais, o autor constatou
um aumento dos mesmos no primeiro ano após as eleições. Já para a politica cambial, Ogura
(1999), notou que ocorreu desvalorizações cambiais em períodos após as eleições
presidenciais.
Já Preussler (2001) busca constatar a presença de ciclos eleitorais no Brasil nas
variáveis macroeconômicas tradicionais: PIB, desemprego e inflação e nas variáveis de
política fiscal: despesa total do governo federal, gasto com pessoal, transferências aos estados
e municípios e déficit fiscal, no período de 1980 a 2000. Esta constatação é feita a partir de
uma analise econométrica que se utiliza de modelos autoregressivos integrados de médias
móveis (ARIMA).
Preussler (2001) conclui que o Produto Interno Bruto não possui influência do
calendário eleitoral nas suas flutuações, assim como a taxa de desemprego, porém foi
constatado que a taxa de inflação possuí uma tendência de queda, nos seis meses anteriores as
eleições. Mas, quando observado as politicas fiscais, se verificou que apenas os gastos do
governo federal sobre influência do calendário eleitoral, onde se constatou um aumento dos
gastos em períodos anteriores as eleições, enquanto que o gasto com pessoal, transferências
aos estados e municípios e déficit fiscal, não foi constatado a presença de ciclos oportunistas.
Salvato et al. (2007) analisam a possível presença de ciclos políticos no Brasil no
período de 1985 a 2006, a partir de análise econométrica. O autor conclui que existe uma
relação entre o calendário eleitoral e a manipulação das variáveis econômicas como forma de
maximização dos votos, evidenciando a presença do “oportunismo” político nas variáveis:
taxa de crescimento do PIB, taxa de desemprego e taxa de inflação, além de manipulações nas
politicas fiscais, como gasto do governo e déficit público. O autor afirma que foram estás
manipulações pré-eleitorais que levou a economia brasileira a recessões econômicas em
períodos pré-eleitorais.
Araújo e Filho (2010) analisam as flutuações dos gastos públicos em 27 estados
brasileiros no período de 1995 a 2008, os gastos públicos foram divididos em gastos com
custeio, capital, saúde e educação. O autor demostra que os gastos públicos estaduais em
todas as divisões tiveram um aumento em 1998, sendo que este era um ano eleitoral, sendo
que estes mesmos gastos tiveram uma retração em 1999 quando este se encontrava em um
25
período pós-eleitoral; porém no período de 2001 a 2003 apenas os gastos com custeio
aumentaram e o restante dos gastos (capital, saúde e educação) apresentaram uma redução; já
no período de 2005 a 2007 todas as classificações de gastos tiveram um aumento no ano
eleitoral e uma queda nos anos pós-eleitorais, confirmando o modelo “oportunista”.
Nakaguma e Bender (2010) procuram analisar as causas da existência de ciclos
eleitorais na política fiscal dos estados brasileiros no período de 1986 a 2004, através do
estimador system-GMM para painéis dinâmicos. O trabalho parte de duas etapas: na primeira
etapa, Nakaguma e Bender (2010) procuram demonstrar os determinantes políticos do
comportamento das politicas fiscais dos estados brasileiro, buscando evidenciar a existência
de ciclos eleitorais nas variáveis orçamentarias do governo (receita e despesa governamental).
Já na segunda etapa, os autores procuram analisar o comportamento do eleitor face aos ciclos
político-econômicos, ou seja, procuram investigar se os eleitores conseguem identificar o grau
de oportunismo e competência do governo.
Nakaguma e Bender (2010), na primeira etapa do trabalho, identificam a existência de
ciclos eleitorais bem definidos para as variáveis orçamentárias do governo no período de 1986
a 2004, ou seja, os autores observam que as despesas orçamentárias do governo possuíram
elevações durante os anos eleitorais e quedas durante os anos pós-eleitorais. Porém, as
receitas do governo apresentaram as mesmas tendências de elevação nos períodos eleitorais e
declínios em períodos pós-eleitorais.
Na segunda etapa, Nakaguma e Bender (2010) observam que os eleitores respondem
positivamente aos ciclos oportunistas nas políticas fiscais, ou seja, quanto maior o número de
benefícios concedidos a população maior é a probabilidade do eleitor votar naquele provável
governante. Segundo os autores, os ciclos eleitorais são consequência da falta de controle
político do eleitorado.
Britto (2014) analisa a possível ocorrência de ciclos políticos nas eleições de 2006 e
2010 nas variáveis monetárias, fiscais, cambiais e sociais. A metodologia utilizada para a
análise dos dados é expositiva, com a observações das oscilações históricas incorridas nas
variáveis analisadas. Se verificou que nos períodos pré e pós-eleitorais incorridos entre os
anos de 2006 e 2010, variáveis monetárias, fiscais, cambiais e sociais apresentaram
comportamento oportunista, ou seja, possuíram tendência de aumento nos períodos pré-
eleitorais e tendências declinantes em períodos pós-eleitorais.
Britto (2014) percebeu que nas eleições de 2006 ocorreu um aumento nos gastos do
governo devido à expansão dos programas sociais e elevação do salário mínimo. Em 2010,
percebeu uma expansão da politica fiscal, aumento dos níveis de credito e investimentos e
26
ainda mais gastos em programas sociais. Percebe-se também, que após Dilma assumir a
administração do Brasil em 2011, não ocorreu o ajuste pós-eleitoral, desejável para mandar
estável os níveis de inflação.
Vasconcelos et al. (2013) investigam o comportamento da execução orçamentária
federal no período de 1985 a 2010, a partir de uma analise econométrica de um sistema de
equações não correlacionadas, conhecida como modelo SUR (Seemingly Unrelated
Regressions). Para analise das oscilações da despesa, o autor reúne as despesas em: despesa
corrente (que incluem despesa com pessoal e encargos sociais, despesa com juros e encargos
da dívida e transferências da União para Estados, Distrito Federal e Municípios), despesa de
capital (que incluem amortização da dívida e investimentos), despesa corrente, despesa de
capital, despesa total, e despesa com a defesa nacional e segurança, educação e cultura, saúde
e saneamento, assistência e previdência e transporte. E para a análise do comportamento das
receitas, Vasconcelos et al. (2013) também agrupa as receitas em: receita total receita
corrente, receita de Capital, e suas respectivas subcategorias: receita tributária, operações de
crédito.
Assim, Vasconcelos et al. (2013), através de suas análises infere que, aquelas
categorias de despesas que necessitam de um prazo maior para transformar-se em benfeitorias
para o eleitor, como as despesas com investimentos, transportes e o setor produtivo, tiveram
aumentos mais significativos em anos pré-eleitorais, porém, as despesas correntes (assistência
e previdência apresentaram maior crescimento em anos eleitorais. Desta forma, Vasconcelos
et al (2013), observa que as despesas governamentais no período de 1985 a 2010, obtiveram
tendências oportunistas em todas as categorias, tendo aumentos em períodos pré-eleitorais e
eleitorais e se contraindo após os anos das eleições.
Vasconcelos et al (2013) também visualiza a presença de ciclos políticos em todas as
categorias de receitas governamentais. Nota aumentos das receitas no período pós-eleitoral,
uma vez que é mais conveniente para o governante aumentar as arrecadações após as eleições
do que no período eleitoral.
27
4 METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se por ser de natureza aplicada. E quanto ao objetivo é
explicativa, pois segundo Gil (2009, p. 42), a pesquisa explicativa “têm como preocupação
central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos”. Para este mesmo autor, a pesquisa explicativa é o tipo de pesquisa que mais
aprofunda o conhecimento do pesquisador sobre a realidade, pois esta é capaz de explicar a
razão e o porquê de certos fenômenos.
A presente pesquisa parte de uma análise das variáveis de politica orçamentária:
receitas e despesas do governo, para detectar a presença de ciclos político-econômicos no
Brasil no período de 1994 a 2014. Utiliza-se receitas e despesas do governo para a análise,
pois Bittencourt (2002) argumenta que os governos possuem mais facilidade de manipular a
execução do orçamento, do que os resultados macroeconômicos incluindo as variáveis PIB,
inflação e desemprego.
Desta forma, este capítulo objetiva demonstrar a metodologia de estudo utilizada nas
análises empíricas. Para tanto, o capítulo é divido em 6 sessões. Na sessão 4.1 é apresentado
as fontes de onde os dados foram retirados. Na sessão 4.2 é demonstrado as variáveis de
análise utilizadas para a averiguação empírica. Na sessão 4.3 é exposto o teste de raiz unitário
para a detectação da estacionariedade das variáveis. Na sessão 4.4 é exposto o método de
análise utilizado para o exame econométrica. Na sessão 4.5 é definido o modelo de análise e
na sessão 4.6 são demonstrados os resultados que se espera encontrar na presente pesquisa.
4.1 Base de dados
A fonte de dados utilizada na presente pesquisa foi retirada do banco de dados do
Banco Central do Brasil e da Secretária do Tesouro Nacional.
Os dados utilizados dizem respeito às Receitas e Despesas do Tesouro Nacional e
Produto Interno Bruto (PIB) no período de 1994 a 2014 (em valores mensais), todos os
valores correntes foram transformados em valores reais de dezembro de 2014 por meio do
índice IGP-DI. Como realizado nos trabalhos de Bornhold (2010), Vasconcelos et al. (2013) e
Bittencourt (2002).
28
4.2 Seleção das variáveis
Com o intuito de averiguar a existência de ciclos eleitorais, ou seja, a possível
influência que o calendário eleitoral exerce sobre as variáveis orçamentarias governamentais,
elegeu-se como variável dependente as seguintes variáveis:
(1) Despesa do Tesouro Nacional: Corresponde ao total da despesa primária realizada pela
administração federal. (Fonte: Secretária do Tesouro Nacional)
(2) Receita do Tesouro Nacional: Corresponde ao total da receita primária arrecadada pela
administração federal disponível para o custeio da máquina administrativa, alocação
em atividades de governo e execução da política fiscal. (Fonte: Secretária do Tesouro
Nacional)
Como variáveis independentes ou de controle, se elencou a variável PIB (Produto
Interno Bruno), do qual, se viu relevante para a determinação das flutuações que ocorrem nas
receitas e nas despesas governamentais, uma vez que, maiores serão as receitas e despesas
quanto maior for o Produto Interno Bruto do país.
As variáveis políticas utilizadas neste trabalho é um conjunto de variáveis Dummys
para representar os ciclos eleitorais nos períodos:
(1) Pré-eleitorais nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa um ano antes do ano eleitoral;
(2) Eleitorais nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa o ano das eleições;
(3) Pós-eleitorais 1 nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa um ano após as eleições;
(4) Pós-eleitorais 2 nos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz
Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff: representa dois anos após as eleições;
29
4.3 Testes de raíz unitária
Antes da constatação dos resultados é necessário verificar se a série de dados utilizada
não possuem problemas estatísticos que fazem com que o pesquisador chegue a resultados
precipitados.
Desta forma, por se estar utilizando dados de série temporais é necessário constatar se
a série de dados é estacionária, ou seja, se esta sofre influência do tempo. Assim, segundo
Gujarati (2011), uma série temporal será estacionária se sua média, variância e covariâncias
será a mesma independendo do ponto em que será mensurado. Gujarati (2011) afirma também
que, se uma série temporal não for estacionária não existe a possibilidade de a análise ser
generalizada para outros períodos, uma vez que se a série for estacionária ela tende a flutuar
em torno da média e assim a análise é de possível generalização.
Logo, para se identificar se a série de dados é estacionária, utiliza-se o teste de raiz
unitária.
A raiz unitária surge quando, por exemplo, como é indicado por Gujarati (2011), se
tivéssemos um modelo de passeio aleatório, ou seja, se a variável dependente fosse explicada
por ela mesma em um período t-1 e por um choque aleatório:
(1)
Ou seja, temos um modelo autoregressivo de ordem 1 (AR (1)), logo, se tivermos ρ=1,
então temos a presença da raiz unitária e assim o modelo se torna não estacionário no tempo.
Para se detectar a existência de raiz unitária o presente trabalho se utilizou dos testes
Dickey-Fuller Aumentado e Philips-Perron.
O teste Dickey-Fuller Aumentado, segundo Gurajati (2011), se utiliza de valores
defasados da variável dependente e assim estima a seguinte regressão:
∑ (2)
Onde é o termo de erro ruído branco e . A ideia de incluir
termos defasados ( , é poder fazer com que o termo de erro não seja correlacionado
serialmente e assim poder obter estimativas não viesadas. O teste Dickey-Fuller é baseado na
estatística tau ( , e para a conclusão se as variáveis possuem raiz unitária tem-se que a
30
hipótese nula assume a presença de raiz unitária, ou seja, , e consequentemente a
hipótese alternativa é a não existência de raiz, ou seja, Logo, se aceitar a hipótese
nula então tem-se raiz unitária. (GURAJATI, 2011; BUENO, 2011).
O teste Philips-Perron, ao contrário do teste Dickey-Fuller Aumentado, não opera com
dados paramétricos, ou seja, o teste não utiliza os termos defasados da variável dependente
para explicar a correlação dos termos de erro (BUENO, 2011; GUJARATI, 2011). Como é
afirma Bueno (2011, p. 124), o teste Philips-Perron “faz uma correção não paramétrica ao
teste de Dickey-Fuller”, no entanto toda sua explicação estatística vai em consonância com o
teste Dickey-Fuller, desta forma, o teste Philips-Perron aceita como hipótese nula a presença
de raiz unitária e como hipótese alternativa a estacionariedade, ou seja, a não existência de
raiz unitária nas variáveis. Logo , , e consequentemente . . (GURAJATI,
2011; BUENO, 2011).
4.4 Método de análise
A análise de dados da presente pesquisa é realizada via regressões múltiplas sem a
presença do intercepto, indo à consonância com o trabalho desenvolvido por Gujarati (2011).
Devido à existência de variáveis dummys neste trabalho, é necessário ter o cuidado
com a chamada armadilha da variável binária ou dummy. Segundo Gujarati (2011) e Bueno
(2011), a armadilha da variável binária, existe quando se tem colinearidade perfeita entre as
variáveis, ou seja, quando as variáveis possuem uma relação exata entre elas.
Para se evitar a armadilha da variável dummy, é necessário que “para cada regressor
qualitativo, o número de variáveis binárias introduzidas deve ser um a menos que as
categorias daquela variável” (GUJARATI, 2011, p. 292), ou seja, “se uma variável qualitativa
tem m categorias, é necessário se introduzir apenas (m-1) variáveis binárias” (GUJARATI,
2011, p. 292). Por exemplo, o presente trabalho se utilizara de vinte e uma (21) variáveis
binárias, e logo para não haver a ocorrência da armadilha da variável dummy deve-se utilizar
vinte (20) variáveis binárias.
Desta forma, quando se omite uma variável dummy da análise, está ficará conhecida
como categoria-base ou de controle, e todas as comparações feitas durante a análise dos dados
31
será referente a está categoria, e assim, o valor do intercepto representará o valor médio da
categoria-base. (GUJARATI, 2011)
Porém, Gujarati (2011) declara que existe outro modo de contornar a armadilha da
variável binária sem omitir uma variável dummy do modelo, que é, “introduzir tantas
variáveis binárias quanto o número de categorias daquela variável, contanto que não seja
introduzido o intercepto de tal modelo” (GUJARATI, 2011, p.293). Desta forma, ao excluir o
intercepto tem-se que considerar um modelo da seguinte forma:
(3)
Ao não incluir o intercepto e não excluirmos nenhuma variável binária, não se tem que
submeter a análise a uma categoria-base, e assim se obtém diretamente o valor médio de cada
variável dummy em relação a variável dependente. (GUJARATI, 2011).
O programa utilizado para a análise empírica será o software STATA (Data Analysis
and Statistical Software) versão 10.
4.5 Especificação do modelo econométrico
Buscando-se evidenciar a presença de ciclos políticos na conduta dos presidentes da
república que estiveram na administração do Brasil no período de 1994 a 2014, o presente
trabalho se utiliza de dois modelos econométricos.
O primeiro modelo (4) busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as
despesas do governo:
32
(4)
O segundo modelo (5) busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as
receitas governamentais:
(5)
Onde DT: é a despesa total do Tesouro Nacional; RT: é a receita total do Tesouro
Nacional; PIB: Produto Interno Bruto do Brasil; dummy AELEITA: Assume valor 1 se for o
ano eleitoral do governo de Itamar Franco e valor 0 nos demais casos; dummy APOS1FHC1:
Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições que se elegeu como presidente da
república o presidente Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 nos demais casos;
dummy APOS2FHC1: Assume valor 1 se for o segundo ano após as eleições do primeiro
governo de Fernando Henrique Cardoso, e tem valor 0 se for os demais casos; dummy
APREFHC1:Assume valor 1 ser for o ano pré eleitoral do primeiro governo de Fernando
Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais casos; dummy AELE1FHC1: Assume
33
valor 1 se for o ano eleitoral do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume
valor 0 se for os demais casos; dummy APOS1FHC2: Assume valor 1 se for o primeiro ano
após as eleições do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for
os demais caso; dummy APOS2FHC2: Assume valor 1 se for o segundo ano do segundo
governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy
APREFHC2: Assume valor 1 se for o ano pré eleitoral do segundo governo de Fernando
Henrique Cardoso, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy AELEFHC2: Assume
valor 1 se for o ano eleitoral do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, e assume
valor 0 se for os demais caso; dummy APOS1LULA1: Assume valor 1 se for o primeiro ano
após as eleições do primeiro governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais
caso; dummy APOS2LULA1: Assume valor 1 se for o segundo ano após as eleições do
primeiro governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy
APRELULA1: Assume valor 1 se for o ano pré eleitoral do primeiro governo do presidente
Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy AELELULA1: Assume valor 1 se for o
ano eleitoral do primeiro governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso;
dummy APOS1LULA2: Assume valor 1 se for o primeiro ano após as eleições do segundo
governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS2LULA2:
Assume valor 1 se for o segundo ano após as eleições do segundo governo do presidente Lula,
e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APRELULA2: Assume valor 1 se for o ano
pré eleitoral do segundo governo do presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso;
dummy AELELULA2: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do segundo governo do
presidente Lula, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APOS1DILMA: Assume
valor 1 se for o primeiro ano após as eleições do qual se elegeu-se a presidente Dilma no
comando da administração do Brasil, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy
APOS2DILMA: Assume valor 1 se for o segundo após as eleições do governo da presidente
Dilma, e assume valor 0 se for os demais caso; dummy APREDILMA: Assume valor 1 se for
o ano pré eleitoral do governo da presidente Dilma, e assume valor 0 se for os demais caso;
dummy AELEDILMA: Assume valor 1 se for o ano eleitoral do governo da presidente
Dilma, e assume valor 0 se for os demais caso; e é o termo de erro.
34
4.6 Resultados esperados
O que se espera obter com a presente investigação, em termos de sinais e resultados:
(1) No primeiro modelo que busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as
despesas do governo, o que se espera encontrar é um aumento das despesas do
governo nos anos pré-eleitorais e eleitorais e uma contração das despesas nos anos
após as eleições. Além disso, se espera que a relação entre as despesas da
administração central do Brasil e o Produto Interno Bruto seja positiva, ou seja,
que um aumento no PIB venha causar nas despesas do governo.
(2) No segundo modelo que busca captar a influência do calendário eleitoral sobre as
receitas governamentais, o que se espera encontrar é um aumento das receitas do
governo nos anos após as eleições e uma contração das mesmas nos anos pré-
eleitorais e eleitorais. Também se espera que a relação entre as receitas do governo
central e o Produto Interno Bruto do Brasil obtenha uma relação positiva, ou seja,
que quanto maior for o PIB maior serão as receitas que o governo obterá.
35
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados encontrados a partir da análise gráfica e
econométrica. Desta forma, o capítulo é divido em três sessões, na sessão 5.1 se apresenta a
verificação da presença de raiz unitária nas variáveis: PIB, Despesa total e Receita total. Na
sessão 5.2 se aponta os resultados gráficos e econométricos para o modelo de despesa do
governo, e na sessão 5.3 se demonstra os resultados gráficos econométricos para o modelo de
receita do governo.
5.1 Resultados da presença de raiz unitária nas variáveis
Como se está trabalhando com séries temporais, é necessário verificar se as variáveis
trabalhadas são estacionárias, ou seja, se suas médias e variâncias são constantes ao passar do
tempo.
A análise visual dos dados indica uma possível presença de raiz unitária nas séries do
Produto Interno Bruto (PIB), pelo fato desta série estar se afastando da média de longo prazo.
Porém, o mesmo não ocorre com nas séries de Despesa total (DT) e Receita total (RT)
(Figura 1).
36
Figura 1 – Receita, Despesa e Produto Interno Bruto do Brasil de 1994 a 2015 (valores
mensais) Fonte: Resultado da pesquisa
Para se identificar a presença de raiz unitárias nas séries, o presente trabalho utilizou
os testes Dickey-fuller aumentado e Phillips Perron.
Os valores calculados para a estatística Dickey-Fuller e Phillips Perron, para 95% de
nível de significância, foi -3.430. Desta forma, visualizando a tabela 1, observa-se que as
séries Despesa total (DT) e Receita total (RT) são estacionárias a 5% de nível de
significância, tanto para o teste Dickey-Fuller Aumentado, quanto para o teste Philips-Perron,
uma vez que o valor calculado é superior ao valor críticos de ambos os testes e desta forma,
rejeita-se a hipótese nula de não-estacionariedade e consequentemente a presença de raiz
unitária.
Porém, a variável Produto Interno Bruto (PIB) apresentou não estacionáriedade no
tempo, uma vez que o valor calculado -1.794 é inferior a -3.430 (para 95% de nível de
significância) da estatística Dickey-Fuller, como também o valor calculado -3.310 é inferior a
-3.430 da estatística Phillips-Perron. Assim, se aceita a hipótese nula de não-estacionariedade.
Desta forma, a série do PIB é integrada de ordem 1, ou seja, é I(1), uma vez que é
necessário diferenciar está série uma vez, para averiguar se está se tornou estacionária.
0
10
00
00
20
00
00
30
00
00
40
00
00
50
00
00
1995m1 2000m1 2005m1 2010m1 2015m1tempo (ano/mês)
PIB RT
DT
milh
ões/
R$
37
Gujarati (2011) e Bueno (2011) afirmam que o método da diferenciação é o método mais
eficaz para tornar uma variável estacionária.
Tabela 1 – Testes de raiz unitária Dickey-Fuller aumentado e Phillips-Perron por variável e
ordem de integração
Variável Teste Dickey-Fuller
Aumentado
Phillips-Perron Ordem de Integração
Receita total (RT) -5.823 -14.906 I(0)
Despesa total (DT) -4.452 -12.714 I(0)
Produto Interno Bruto (PIB) -1.794 -3.310 I(1)
Produto Interno Bruto (dPIB) -9.095 -15.704 I(0)
Fonte: Elaborada pelo autora
Isto posto, os dados da tabela 1, revelam que em primeira diferença a série PIB,
tornou-se estacionária, ou seja, se torna uma série integrada de ordem zero (I(0)), uma vez
que, os valores calculados da série são superiores ao valor crítico dos testes Phillips-Perron e
Dickey-Fuller aumentado, a 95% de nível confiança.
5.2 A presença dos ciclos-políticos sobre as despesas do Brasil no período de 1994 a 2014
5.2.1 Resultado gráfico da presença dos ciclos-políticos sobre a despesa do Brasil no período
de 1994 a 2014
Na literatura muito se tem afirmado que as variações ocorridas na economia advêm do
calendário eleitoral e não somente por motivos estruturais. Muitos governantes utilizam a
economia como uma forma de arrecadação de votos, uma vez que os eleitores na hora da
tomada de decisão buscam eleger aquele candidato que lhe concedeu um maior número de
benfeitorias. Desta forma, os políticos tendem a gastar mais em períodos anteriores as
38
eleições, a fim de conseguir realizar o maior número de obras ou adquirir maior número de
recursos para a população.
Visualizando graficamente as oscilações médias mensais das despesas do governo no
período de 1994 a 2014, conforme os governos que estiveram no poder do Brasil nestes anos,
se verificam, que em todos os governos, sendo eles: Itamar Franco, o primeiro e segundo
mandato de Fernando Henrique Cardoso, primeiro e segundo mandato de Lula e o primeiro
mandato de Dilma, todos eles realizaram aumentos nos gastos públicos mensais nos períodos
pré-eleitorais e eleitorais (Gráfico 1).
Mas de uma maneira geral, o que se observou, a partir do gráfico 1, é que as despesas
do governo vêm aumentando ano a ano. No período analisado de 1994 a 2014, os gastos do
governo aumentaram 258%, uma vez que no ano de 1994, o gasto mensal médio do governo
foi de R$ 33.632 milhões, porém no ano de 2014, o gasto médio do governo foi de R$
120.456 milhões.
Constatou-se também, conforme o gráfico 1, que mesmo os gastos aumentando ano
após ano, ocorreram períodos, do qual, as despesas do governo entraram em declínio, do qual
identifica-se os anos de 2000, 2003, 2004 e 2008, que representam anos pós-eleições. Assim
como se verifica anos em que o gasto do governo aumentaram significativamente, como
ocorreu nos ano de 1998, 1999, 2005, 2006, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014. Detectou-
se, que os anos de maior crescimento do gasto público ocorreram nos anos pré e pós-eleitoral,
excetuando, o ano de 1999, que foi um ano pós-eleitoral, que ocorreu a transição do primeiro
para o segundo mandato do governo FHC e no período de 2011 a 2014, que foi o período em
que Dilma esteve na administração do Brasil. Se observou, gráfico 1, que no governo de
Dilma, seus gastos foram crescentes, sem ter incorrido períodos de declínio.
39
Gráfico 1 – Oscilações das despesas medias mensais do governo no período de 1994 a 2014, conforme o calendário eleitoral e governo. Fonte: Elaborada pela autora.
33632 35628
41845 39898
46655
64553 62947
64174 67933
59527 61912
70181
80696 84503
80310
91508
99596 106691
110986 114934
120456
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
AE
LE
ITA
AP
O1
2F
HC
1
AP
OS
2F
HC
1
AP
RE
FH
C1
AE
LE
FH
C2
AP
OS
1F
HC
2
AP
OS
2F
HC
2
AP
RE
FH
C2
AE
LE
FH
C2
AP
OS
1L
UL
A1
AP
OS
2L
UL
A1
AP
RE
LU
LA
1
AE
LE
LU
LA
1
AP
OS
1L
UL
A2
AP
OS
2L
UL
A2
AP
RE
LU
LA
2
AE
LE
LU
LA
2
AP
OS
1D
ILM
A
AP
OS
2D
ILM
A
AP
RE
DIL
MA
AE
LE
DIL
MA
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Des
pes
a d
o g
ov
ern
o m
édia
men
sal
(mil
hõ
es/R
$)
Calendário Eleitoral
40
5.2.2 Resultado empírico para a presença dos ciclos-políticos sobre a despesa total do Brasil
no período de 1994 a 2014
O teste econométrico permite verificar se a relação entre as despesas do governo e o
calendário são significativos na conjuntura brasileira no período de 1994 a 2014. Desta forma,
partindo do modelo (4) obtêm-se os resultados que estão reunidos na tabela 2. Verifica-se que
todas as variáveis analisadas são significativas a 95% de nível de significância. Pode-se
observar também, que o modelo possui um coeficiente de determinação de 0,9868, o que se
pode inferido que 98,68% das variações das despesas podem ser explicadas pelo PIB mais as
variáveis politicas utilizadas no modelo.
Além disto, observa-se que o teste de significância geral da regressão (teste F) foi
significativo a 95% de nível de significância, concluindo então, que as variáveis do modelo
conjuntamente são significativas e exercem influencia sobre a despesa total do governo.
Observou-se também, que a variável PIB é significativa a 95% de nível de
significância, e conclui-se que para cada milhão de aumento no Produto Interno Bruno, as
despesas do governo sofreram um incremento de R$ 0,12 milhões.
41
Tabela 2 – Resultado da regressão da despesa total
Calendário Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão T p>t
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003
1994 ALEITA 33635,18 2980,515 11,29 0,000
1995 APOS1FHC1 34947,21 2729,862 12,80 0,000
1996 APOS2FHC1 37434,39 2721,746 13,75 0,000
1997 APREFHC1 39944,8 2720,424 14,68 0,000
1998 AELEFHC1 46742,6 2720,535 17,18 0,000
1999 APOS1FHC2 64571,16 2720,385 23,74 0,000
2000 APOS2FHC2 63062,1 2720,649 23,18 0,000
2001 APREFHC2 64189,6 2720,383 23,60 0,000
2002 AELEFHC2 68000,07 2720,469 25,00 0,000
2003 APOS1LULA1 59604,5 2720,502 21,91 0,000
2004 APOS2LULA1 61828,32 2720,522 22,73 0,000
2005 APRELULA1 69923,88 2721,732 25,69 0,000
2006 AELELULA1 80398,11 2722,198 29,53 0,000
2007 APOS1LULA2 84388,96 2720,645 31,02 0,000
2008 APOS2LULA2 80301,67 2720,379 29,52 0,000
2009 APRELULA2 91006,26 2725,532 33,39 0,000
2010 AELELULA2 99330,8 2721,819 36,49 0,000
2011 APOS1DILMA 106722,4 2720,398 39,23 0,000
2012 APOS2DILMA 110963,9 2720,388 40,79 0,000
2013 APREDILMA 114707,1 2721,435 42,15 0,000
2014 AELEDILMA 120499,1 2720,416 44,29 0,000
R² = 0.9868
F( 22, 228) = 776.72
Prob > F = 0.0000 Fonte: Elaborada pelo autora
Após, serem verificados os resultados obtidos a partir da regressão, que estão reunidas
na tabela 2, identificam-se as oscilações incorridas nas despesas do governo, conforme os
períodos em que Itamar, FHC, Lula e Dilma estiveram no poder. Para melhor visualização e
análise dos resultados, dividem-se os resultados conforme o período em que estes governos
estiveram na administração geral do Brasil.
Para verificação das oscilações ocorridas nas despesas do governo no período de 1994
a 1998, onde se compreende o período pré-eleitoral, eleitoral e pós-eleitoral dos governos de
Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, atribui-se valor 1 para o AELEITA,
42
APOS1FHC1, APOS2FHC1, APREFHC1 e AELEFHC1 e 0 para o restante das variáveis ,
obtendo-se assim o modelo (6)
(6)
Desta maneira, observando os resultados na tabela 2, pode-se inferir que as variações
da despesa do governo em anos eleitorais, pré-eleitorais e pós-eleitorais nos governos de
Itamar Franco e o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, do qual compreende o
período de 1994 a 1998, são significativas a 95% de nível de significância, ou seja, pode-se
afirmar que o calendário eleitoral neste período influenciou as despesas do governo.
O que se observa no gráfico 2, é um aumento no incremento dos gastos do governo no
período de 1994 a 1998, porém este crescimento foi maior no ano pré-eleitoral (1997) e
eleitoral (1998) do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Logo, observa-se na
tabela 3, que no ano de 1997 (ano pré-eleitoral) o governo FHC obteve um incremento em
seus gastos anuais de R$ 39.944,8 milhões, enquanto que no ano eleitoral (1998), estes gastos
incrementais foram de R$ 46.742,6 milhões ao ano, ou seja, o governo aumentou seus gastos
em 17,01% entre o ano pré-eleitoral (1997) e o ano das eleições (1998).
Tabela 3 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 1994 a 1998
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão T p>t
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003
1994 ALEITA 33.635,18 2980,515 11,29 0,000
1995 APOS1FHC1 34.947,21 2729,862 12,80 0,000
1996 APOS2FHC1 37.434,39 2721,746 13,75 0,000
1997 APREFHC1 39.944,8 2720,424 14,68 0,000
1998 AELEFHC1 46.742,6 2720,535 17,18 0,000
Fonte: Elaborada pelo autora
43
Gráfico 2 – Variações das despesas públicas no período de 1994 a 1998. Fonte: Elaborada pela autora.
Para a análise do período eleitoral e pós-eleitoral do segundo governo de Fernando
Henrique Cardoso, compreendido entre o período de 1999 a 2002, atribui-se valor 1 para as
variáveis APOS1FHC2, APOS2FHC2, APREFHC2 e AELEFHC2, e 0 para as demais,
desta forma, se obtém assim o modelo (7)
(7)
Os resultados econométricos incorridos estão na tabela 4, e pode-se concluir que com
95% de nível de significância, existe significância na relação entre os gastos do governo e o
calendário eleitoral em todas as variáveis analisadas.
33.635,18 34.947,21 37.434,39
39.944,80
46.742,60
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
40.000,00
45.000,00
50.000,00
ALEITA APOS1FHC1 APOS2FHC1 APREFHC1 AELEFHC1
1994 1995 1996 1997 1998
Δ d
esp
esa
do
go
ver
no
(m
ilh
ões
/R$
)
Calendário Eleitoral
44
Tabela 4 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 1999 a 2002
Ano Variáveis Coeficiente erro-padrão T p>t
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003
1999 APOS1FHC2 64.571,16 2720,385 23,74 0,000
2000 APOS2FHC2 63.062,1 2720,649 23,18 0,000
2001 APREFHC2 64.189,6 2720,383 23,60 0,000
2002 AELEFHC2 68.000,07 2720,469 25,00 0,000
Fonte: Elaborada pela autora.
Constata-se, a partir do gráfico 3, que ocorreu um aumento nos gastos do governo
depois de passado um período após eleições, ou seja, em 1998 o primeiro governo do FHC
obteve uma variação de seus gastos anuais no valor R$ 46.742,6, mas em 1999 este valor foi
de R$ 64.571,16 milhões anuais. Este aumento no incremento do gasto do governo poder ser
justificado pelo fato do orçamento governamental de um período anterior ainda ser vigente no
período seguinte, ou seja, no ano de 1999 o atual presidente Fernando Henrique Cardoso
executou as tarefas planejadas em 1998 (Tabela 4).
Como é afirmado por Preussler (2001), existe uma tendência de aumento dos gastos do
governo após as eleições pelo fato de o governo postergar o pagamento das suas obrigações
para o próximo mandato.
Passado o primeiro período após as eleições, visualiza-se no gráfico 3 um declínio
incremental nas despesas governamentais, que voltam a subir no ano que antecede as eleições
(2001) e continuam a aumentar, porém de forma mais elevada, no ano das eleições (2002). Ou
seja, no ano pré-eleitoral, o governo FHC obteve um incremento em seus gastos anuais no
valor de R$ 64.189,6 milhões, mas no ano eleitoral (2002) ocorreu um aumento no
incremento das despesas do governo de 5,94%, e no ano de 2002 o incremento que o governo
FHC obteve foi de R$ 68.000,07 milhões ao ano.
45
Gráfico 3 – Variações das despesas públicas no período de 1998 a 2002
Fonte: Elaborada pelo autora
Para verificação das oscilações incorridas nas despesas do governo no primeiro
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (LULA) ocorrido entre 2003 e 2006, admite-
se valor 1 para APOS1LULA1, APOS2LULA1, APRELULA1 e AELELULA1 e para as
demais variáveis valor 0. Assim, têm-se o modelo (8)
(8)
Desta forma, chega-se aos seguintes resultados na tabela 5. Verifica-se que as
variáveis analisadas são significativas a 95% de nível de significância, e assim, conclui-se que
as oscilações das despesas do governo são explicadas pelo calendário eleitoral.
46.742,60
64.571,16 63.062,10 64.189,60
68.000,07
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
80.000,00
AELEFHC1 APOS1FHC2 APOS2FHC2 APREFHC2 AELEFHC2
1998 1999 2000 2001 2002
Δ d
esp
esa
do
go
ver
no
(m
ilh
ões
/R$
)
Calendário Eleitoral
46
Tabela 5 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2003 a 2006
Ano Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003
2003 APOS1LULA1 59.604,5 2720,502 21,91 0,000
2004 APOS2LULA1 61.828,32 2720,522 22,73 0,000
2005 APRELULA1 69.923,88 2721,732 25,69 0,000
2006 AELELULA1 80.398,11 2722,198 29,53 0,000
Fonte: Elaborada pela autora.
Observa-se, a partir do gráfico 4, uma queda acentuada nos gastos do governo entre o
ano eleitoral de 2002, em que o governo FHC estava no comando do Brasil, e o primeiro ano
após as eleições de 2002, quando o governo Lula entra no poder. Contata-se que a redução
dos gastos do governo foi de 12,35% neste período. Além disto, visualiza-se que no segundo
ano após as eleições (2004), o incremento anual nos gastos do governo foi de R$ 61.828,32
milhões, porém no ano pré-eleitoral (2005) o governo obteve anualmente um incremento de
R$ 69.923,88 milhões nas contas públicas, chegando a um crescimento de 13,09% neste
período.
Assim, verifica-se que houve aumento nas despesas do governo Lula, entre o período
compreendido do ano pré-eleitoral ao ano eleitoral, do qual significou um adição de 14,98%
aos cofres públicos, ou seja, no ano pré-eleitoral o incremento no gasto do governo, como dito
anteriormente foi de R$ 69.923,88 ao ano, enquanto que no ano das eleições de 2006 o
governo obteve um incremento anual de R$ 80.398,11 milhões nas suas despesas (Gráfico 4).
47
Gráfico 4 – Variações das despesas públicas no período de 2002 a 2006
Fonte: Elaborada pela autora.
Para se verificar a influência do calendário eleitoral sobre as despesas do governo no
segundo governo Lula, atribui-se valor 1 para as variáveis, APOS1LULA2, APOS2LULA2,
APRELULA2 e AELELULA2, e para o restante valor 0. Desta forma, o modelo a ser
analisado é:
(9)
Os resultados da análise econométrica são apresentados na tabela 6. Percebe-se que
existe significância estatística nos anos pós-eleitorais, pré-eleitoral e eleitoral, ou seja, para
95% de nível de significância, as oscilações das despesas governamentais são influenciadas
pelo calendário eleitoral, formando-se ciclos oportunistas.
68.000,07
59.604,50 61.828,32
69.923,88
80.398,11
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
80.000,00
90.000,00
AELEFHC2 APOS1LULA1 APOS2LULA1 APRELULA1 AELELULA1
2002 2003 2004 2005 2006
Δ d
esp
esa
do
go
ver
no
(m
ilh
ões
/R$
)
Calendário Eleitoral
48
Tabela 6 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2007 a 2010
Ano Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003
2007 APOS1LULA2 84.388,96 2720,645 31,02 0,000
2008 APOS2LULA2 80.301,67 2720,379 29,52 0,000
2009 APRELULA2 91.006,26 2725,532 33,39 0,000
2010 AELELULA2 99.330,8 2721,819 36,49 0,000
Fonte: Elaborada pela autora.
Nota-se, a partir do gráfico 5, que após as eleições de 2006, o governo Lula reduziu
seus incrementos de despesas somente no segundo ano após as eleições, ou seja, a despesa
incremental anual do segundo governo Lula em 2007 (que representa um ano após as
eleições) foi de R$ 84.388,96 milhões, superior ao incremento da despesa incorrida no ano
eleitoral (2006) que representou para os cofres públicos um aumento de R$ 80.398,11
milhões. Este aumento pode ser consequência do planejamento orçamentário no ano eleitoral
que é vigente até um ano após as eleições.
Passado dois anos após as eleições (2008), verifica-se um declínio incremental nos
gastos do governo, em referência ao ano anterior, de 4,84%, ou seja, enquanto que em 2007 o
governo Lula obteve um gasto incremental anual de R$ 84.388,96, em 2008 este gasto
incremental foi reduzido para R$80.301,67 milhões ao ano. (Gráfico 5)
Porém, ao iniciar o ano pré-eleitoral (2009), observa-se um aumento nos incrementos
das despesas do governo Lula de 13,33%, ou seja, em 2009 o governo Lula obteve um gasto
incremental de R$ 91.006,26 milhões anuais, enquanto que no ano de 2008 este gasto
incremental, como dito anteriormente, foi de R$ R$ 80.301,67 milhões ao ano (Gráfico 5).
Além disto, no ano de 2010, que corresponde ao ano das eleições, do qual o governo
Lula não poderia mais concorrer à presidência da república, uma vez que este já tinha sido
reeleito uma vez, o governo continuou a expandir seus gastos. Observou-se assim que entre o
período pré-eleitoral e eleitoral o governo Lula aumentou seus gastos em 9,15%, ou seja, em
2009 o governo teve um gasto incremental, como visto anteriormente, de R$ 91.006,26
milhões, mas em 2010, a despesa incremental anual do governo foi de R$ 99.330,8 milhões
(Gráfico 5).
49
Gráfico 5 – Variações das despesas públicas no período de 2006 a 2010
Fonte: Elaborada pelo autora
Para a análise das oscilações das despesas do governo no primeiro mandato em que a
presidente Dilma esteve no poder, atribui-se valor 1 para as variáveis: APOS1DILMA,
APOS2DILMA, APREDILMA e AELEDILMA, do qual corresponde o período entre 2011
e 2014, e valor 0 para as demais variáveis. Desta forma, obteve-se o modelo (10)
(10)
Na tabela 7 são apresentados os resultados obtidos a partir da análise econométrica.
Visualiza-se assim que todas as variáveis são significativas a 95% de nível de significância,
ou seja, o calendário eleitoral exerceu influência sobre as despesas do governo no primeiro
mandato do governo Dilma Rousseff.
80.398,11 84.388,96
80.301,67
91.006,26 99.330,80
0,00
20.000,00
40.000,00
60.000,00
80.000,00
100.000,00
120.000,00
AELELULA1 APOS1LULA2 APOS2LULA2 APRELULA2 AELELULA2
2006 2007 2008 2009 2010
Δ d
esp
esa
do
go
ver
no
(m
ilh
ões
/R$
)
Calendário Eleitoral
50
Tabela 7 – Resultado da regressão para a despesa do governo no período de 2011 a 2014
Ano Variáveis Coeficiente erro-padrão T p>t
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003
2011 APOS1DILMA 106.722,4 2720,398 39,23 0,000
2012 APOS2DILMA 110.963,9 2720,388 40,79 0,000
2013 APREDILMA 114.707,1 2721,435 42,15 0,000
2014 AELEDILMA 120.499,1 2720,416 44,29 0,000
Fonte: Elaborada pela autora.
Nota-se que em todo o período em que Dilma esteve no poder as despesas
governamentais foram crescentes, ou seja, em nenhum período, mesmo no ano após as
eleições de 2010, os gastos foram decrescentes (Gráfico 6).
O que se percebe é que o maior incremento nos gastos ocorreu entre os anos de 2013 e
2014, que correspondem ao período pré-eleitoral e eleitoral. O acréscimo nos gastos do
governo neste período corresponde a 5,05%, enquanto que nos anos anteriores o aumento dos
incrementos das despesas do governo não passou de 4% anuais (Gráfico 6).
Assim, vê-se que no primeiro ano após as eleições de 2010, o governo Dilma obteve
um incremento nas despesas anuais de R$ 106.722,4 milhões, um ano após o incremento da
despesa do governo foi de R$ 110.963,9 milhões, obtendo assim um aumento de 3,97% para
os cofres públicos. Porém, no ano que antecedeu as eleições de 2014, o governo Dilma obteve
um incremento nas despesas de R$ 114.707,1 milhões anuais e já no ano eleitoral este
incremento foi de R$ 120.499,1 milhões ao ano (Gráfico 6).
A partir desta análise se observa que Dilma não obteve declínios nos gastos após as
eleições, este resultado também é encontrado por Britto (2014), onde este demonstra que no
governo Dilma não ocorreu o ajuste fiscal e monetário que se faz necessário após as eleições.
Além disto, segundo o autor, os gastos com programas sociais foram crescentes no período
em que Dilma esteve no poder, principalmente no ano de 2014.
51
Gráfico 6 – Variações das despesas públicas no período de 2010 a 2014 Fonte: Elaborada pela autora.
Após a análise de todos os governos que estiveram no poder central do Brasil no
período de 1994 a 2014, pode-se perceber que em todos os governos o aumento da despesa do
governo foi maior entre os períodos pré-eleitorais e eleitorais.
Além disto, os anos que tiveram os maiores aumentos incrementais nas despesas
foram os anos de 1998 e 1999, que compreende o período eleitoral e pós-eleitoral do qual
ocorreu à reeleição do governo FHC.
Também ocorreram significativos aumentos no incremento das despesas
governamentais no ano de 2006, do qual o presidente Lula estava no poder e concorrendo a
reeleição, e no ano de 2009 que compreende o ano pré-eleitoral do segundo mandato do
governo Lula e do qual a presidenta Dilma estava concorrendo na eleição.
De uma maneira geral, pode-se observar que até o ano de 2002, os gastos foram
crescentes mesmo em períodos pós-eleitorais, que segundo a literatura deveriam declinar. Em
conformidade com o que foi exposto, o trabalho de Preussler (2001) dispôs dos mesmos
resultados encontrados na presente pesquisa. Preussler (2001) em uma análise das despesas do
governo federal, no período de 1980 a 2000, verificou que os gastos do governo federal
aumentaram em períodos anteriores às eleições, mas os mesmos continuaram crescentes em
períodos posteriores as eleições (geralmente um ano).
99.330,80 106.722,40 110.963,90
114.707,10 120.499,10
0,00
20.000,00
40.000,00
60.000,00
80.000,00
100.000,00
120.000,00
140.000,00
AELELULA2 APOS1DILMA APOS2DILMA APREDILMA AELEDILMA
2010 2011 2012 2013 2014
Δ d
esp
esa
do
go
ver
no
(m
ilh
ões
/R$
)
Calendário Eleitoral
52
Porém, a partir de 2003 até 2010, o que se visualizou foi um declínio nos gastos do
governo no período pós-eleitoral e um aumento dos mesmo nos períodos eleitorais. Tais
resultados também são encontrados nas análises de Salvato et al. (2007), Nakaguma e Bender
(2010) , Araújo e Filho (2010) e Bittencout (2002), onde evidenciaram tendências de
aumentos dos gastos do governo nos anos pós-eleitorais, onde ocorreu um declínio na taxa de
crescimento do gasto governamental, e um aumento do gasto em períodos anteriores as
eleições.
Já nos anos de 2011 a 2014, observou-se um aumento progressivo dos gastos do
governo em todo o período analisado, e foram encontrados os mesmos resultados nas analises
de Britto (2014) como mencionado anteriormente.
5.3 A presença dos ciclos-políticos sobre as receitas do Brasil no período de 1994 a 2014
5.3.1 Resultado gráfico da presença dos ciclos-políticos sobre a despesa do Brasil no período
de 1994 a 2014
Além das despesas do governo ser um dos instrumentos utilizados como forma de
maximização de votos, as receitas governamentais também servem como instrumento, uma
vez que quanto menor forem os impostos que o atual governante impor para a sociedade
maior a chance deste ser reeleito (BITTENCOURT, 2002).
Desta forma, existe uma tendência de as receitas do governo serem menores nos anos
pré-eleitorais e eleitorais, e maiores após o período eleitoral, uma vez que as arrecadações nos
períodos eleitorais são menores e, consequentemente, maiores passado o período eleitoral.
Visualizando graficamente as oscilações médias mensais incorridas nas receitas do
governo no período de 1994 a 2014, conforme os governos que estiveram no poder do Brasil
nestes anos, verifica-se que em todos os governos as receitas do governo foram crescentes ano
a ano (Gráfico 7).
O que se observa, é que somente nos anos de 2009, que representa o ano pré-eleitoral
do governo Lula no seu segundo mandato, e o ano de 2014, que evidência o ano das eleições
quando Dilma estava no poder, é que ocorreu o declínio das receitas no período em que se
53
aproximavam as eleições. Nos demais anos pré-eleitorais e pós-eleitorais dos demais
governos, as receitas foram crescentes ano a ano, não se constatando declínios.
Após a análise, notou-se que no ano de 2009 ocorreu um declínio nas receitas do
governo de 1,70%, pois no ano de 2008 as receitas médias mensais do governo foram de R$
86.017,00 milhões, enquanto que em 2009 a receita média mensal foi de R$ 84.658 milhões.
Observou-se também um declínio nas receitas do governo no ano de 2003, que
representou o ano em que o governo Lula assumiu pela primeira vez a administração do
Brasil. Constatou-se que este declínio foi de 9%, uma vez que, no ano de 2002, as receitas
médias mensais do governo foram de R$ 66.016 milhões, mas no ano de 2003 a receita média
mensal foi de R$ 60.084 milhões.
De uma maneira geral, pode-se notar que somente, a partir do segundo governo de
Lula é que as receitas vieram a ter uma tendência decrescente nos períodos pré-eleitorais e
eleitorais. E nos governos de Itamar Franco, primeiro e segundo mandato de Fernando
Henrique Cardoso, observou-se que as receitas obtiveram um crescimento constante ano a
ano, não obtendo declínios nos períodos que antecedem as eleições. Além disto, se observou
que em todos os anos pós-eleitorais as receitas do governo foram crescentes.
54
Gráfico 7 – Oscilações das receitas medias do governo no período de 1994 a 2014, conforme o calendário eleitoral e governo Fonte: Elaborada pelo autora
33.605 34.107
34.428 38.037
43.731
59.508 59.706 61.530 66.016
60.084 64.753
69.107
76.077
84.344 86.017
84.658
93.354
100.938
106.851
112.084 110.177
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
AE
LE
ITA
AP
OS
1F
HC
1
AP
OS
2F
HC
1
AP
RE
FH
C1
AE
LE
FH
C1
AP
OS
1F
HC
2
AP
OS
1F
HC
2
AP
RE
FH
C2
AE
LE
FH
C2
AP
OS
1L
UL
A1
AP
OS
2L
UL
A1
AP
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LA
1
AE
LE
LU
LA
1
AP
OS
1L
UL
A2
AP
OS
2L
UL
A2
AP
RE
LU
LA
2
AE
LE
LU
LA
2
AP
OS
1D
ILM
A
AP
OS
2D
ILM
A
AP
RE
DIL
MA
AE
LE
DIL
MA
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Rec
eita
do
go
ver
no
méd
ia m
ensa
l (R
$/m
ilh
ões
)
Calendário Eleitoral
55
5.3.2 Resultado empírico para a presença dos ciclos-políticos sobre a receita total do Brasil no
período de 1994 a 2014
O teste econométrico permite verificar se a relação entre as receitas do governo e o
calendário é significativa na conjuntura brasileira no período de 1994 a 2014. Desta forma,
partindo do modelo (5), obtém-se os resultados que estão reunidos na tabela 8 e verifica-se
que todas as variáveis analisadas são significativas a 95% de nível de significância. Vê-se
também que o modelo possui um coeficiente de determinação de 0,9789, o que pode ser
inferido que 97,89% das variações das receitas podem ser explicadas pelo PIB mais as
variáveis politicas utilizadas no modelo.
Observa-se também que o teste de significância geral da regressão (teste F) foi
significativo a 95% de nível de significância, concluindo então, que as variáveis do modelo
conjuntamente são significativas e exercem influencia sobre a receita total do governo (Tabela
8).
Constatou-se também que a variável PIB é significativa a 95% de confiança, e assim
conclui-se que para cada milhão de aumento no Produto Interno Bruto do Brasil, as receitas
do governo elevam-se em R$ 0,12 milhões anuais (Tabela 8).
56
Tabela 8 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1994 a 2014
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004
1994 ALEITA 33609,25 3644,677 9,22 0,000
1995 APOS1FHC1 33308,49 3338,17 9,98 0,000
1996 APOS2FHC1 34125,39 3328,246 10,25 0,000
1997 APREFHC1 38092,54 3326,628 11,45 0,000
1998 AELEFHC1 43833,63 3326,764 13,18 0,000
1999 APOS1FHC2 59529,6 3326,581 17,90 0,000
2000 APOS2FHC2 59840,49 3326,903 17,99 0,000
2001 APREFHC2 61548,92 3326,579 18,50 0,000
2002 AELEFHC2 66094,08 3326,684 19,87 0,000
2003 APOS1LULA1 60174,78 3326,723 18,09 0,000
2004 APOS2LULA1 64654,92 3326,748 19,43 0,000
2005 APRELULA1 68805,26 3328,228 20,67 0,000
2006 AELELULA1 75727,6 3328,797 22,75 0,000
2007 APOS1LULA2 84210,4 3326,899 25,31 0,000
2008 APOS2LULA2 86007,58 3326,574 25,85 0,000
2009 APRELULA2 84069,82 3332,875 25,22 0,000
2010 AELELULA2 93042,95 3328,334 27,95 0,000
2011 APOS1DILMA 100974,6 3326,597 30,35 0,000
2012 APOS2DILMA 106824,6 3326,585 32,11 0,000
2013 APREDILMA 111817,8 3327,865 33,60 0,000
2014 APOSDILMA 110226,8 3326,619 33,13 0,000
R² = 0.9789
F( 22, 228) = 480.87
Prob > F = 0.0000 Fonte: Elaborada pela autora
Após as análises incorridas e verificado o resultado obtido a partir da regressão que
estão reunidas na tabela 7, apresenta-se as oscilações incorridas nas receitas do governo,
conforme os períodos em que Itamar, FHC, Lula e Dilma estiveram no poder. Para melhor
exame dos resultados, as análises dos dados são divididas conforme o período em que estes
governos estiveram na presidência do Brasil.
Desta forma, para o diagnóstico das receitas auferidas pelo governo no período pré-
eleitoral, eleitoral e pós-eleitoral, em que Itamar Franco e o Fernando Henrique Cardoso
(primeiro mandato) estiveram no poder, do qual compreende os anos de 1994 a 1998, atribui-
57
se valor 1 para as variáveis AELEITA, APOS1FHC1, APOS2FHC1, APREFHC1 e
AELEFHC1 e para as demais nomeia-se valor 0. Desta forma, se obtém o modelo (11):
(11)
Observando os resultados atingidos, reunidos na tabela 9, verifica-se que todas as
variáveis políticas (AELEITA, APOS1FHC1, APOS2FHC1, APREFHC1 e AELEFHC1) são
significativas a 95% de nível de significância. Desta forma, pode-se concluir que o calendário
eleitoral exerce influência sobre as receitas governamentais.
Tabela 9 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1994 a 1998
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004
1994 ALEITA 33609,25 3644,677 9,22 0,000
1995 APOS1FHC1 33308,49 3338,17 9,98 0,000
1996 APOS2FHC1 34125,39 3328,246 10,25 0,000
1997 APREFHC1 38092,54 3326,628 11,45 0,000
1998 AELEFHC1 43833,63 3326,764 13,18 0,000
Fonte: Elaborada pela autora
Observando o gráfico 8, verifica-se que somente no ano de 1995, que compreende o
primeiro ano após as eleições de 1994, do qual o presidente Fernando Henrique Cardoso se
elegeu para a presidência, é que obteve um declínio no incremento das receitas
governamentais. No ano de 1995, as receitas incrementais do governo declinaram 0,89%, ou
seja, no ano de 1994 as receitas incrementais obtidas por Itamar Franco foi de R$ 33.609,25
milhões anuais, porém em 1995 estas mesmas receitas obtidas pelo governo do FHC foram de
R$ 33.308,49 milhões ao ano.
58
Vê-se também que após passado o período de declínio das receitas incrementais, as
mesmas voltam a crescer. Observa-se que no segundo ano após as eleições (1996) ocorre um
pequeno acréscimo nas receitas do governo no valor de R$ 34.125,39 milhões anuais, o que
representa um aumento de 2,45% em relação ao ano de 1995. Porém, o ano em que se obteve
o maior acréscimo nas receitas do governo foi no ano de 1998, que foi um ano de eleições,
tendo este crescido 15,07% em relação ao ano anterior, uma vez que no ano de 1997 o
governo obteve uma receita incremental no valor de R$ 38.092,54 milhões ao ano, enquanto
que no ano de 1998, a receita incrementar foi de R$ 43.833,63 milhões anuais (Gráfico 8).
Gráfico 8 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 1994 a 1998 Fonte: Elaborada pela autora
Para a análise das oscilações incorridas nas receitas incrementais obtidas no segundo
governo de Fernando Henrique Cardoso, compreendido no período de 1999 a 2002, atribui-se
valor 1 para as variáveis APOS1FHC2, APOS2FHC2, APREFHC2 e AELEFHC2 e 0 para
as demais variáveis, obtendo-se o modelo (12):
(12)
33.609,25 33.308,49 34.125,39
38.092,54
43.833,63
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
40.000,00
45.000,00
50.000,00
ALEITA APOS1FHC1 APOS2FHC1 APREFHC1 AELEFHC1
1994 1995 1996 1997 1998
Δ r
ece
ita
do
go
ver
no
(R
$/m
ilh
ões
)
Calendário Eleitoral
59
A partir dos resultados reunidos na tabela 10, verifica-se que todos os períodos pré-
eleitorais, eleitorais e pós-eleitorais do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, são
significativos a 95% de nível de significância e assim pode-se inferir que o calendário
eleitoral influenciou nas oscilações incorridas pelas receitas incrementais do governo.
Tabela 10 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 1999 a 2002
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004
1999 APOS1FHC2 59.529,60 3326,581 17,90 0,000
2000 APOS2FHC2 59.840,49 3326,903 17,99 0,000
2001 APREFHC2 61.548,92 3326,579 18,50 0,000
2002 AELEFHC2 66.094,08 3326,684 19,87 0,000
Fonte: Elaborada pela autora
Ao se observar o gráfico 9, verifica-se um grande crescimento incremental nas receitas
do governo entre os anos de 1998 e 1999. Vê-se que no ano de 1998, o acréscimo nas receitas
do governo FHC foi de R$ 43.833,63 milhões anuais, enquanto que no ano de 1999 este
acréscimo foi no valor de R$ 59.529,60 milhões ao ano. Conclui-se então que o crescimento
neste período foi de 35,81%. Chama-se a atenção para os anos de 1998 e 1999, dos quais
estão relacionados a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Após este período, constata-se que as receitas incrementais obtidas pelo governo
continuam a aumentar progressivamente, sem incorrer em períodos de declínio. Conclui-se
então que mesmo em períodos eleitorais as receitas incrementais do governo aumentaram
progressivamente, excetuando o ano de 1998 (Gráfico 9).
60
Gráfico 9 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 1998 a 2002 Fonte: Elaborada pela autora
Para se verificar as variações em que as receitas incrementais obtidas no primeiro
governo Lula atingiram, considera-se valor 1 para as variáveis APOS1LULA1,
APOS2LULA1, APRELULA1 e AELELULA1 e 0 para as demais variáveis, obtendo-se o
modelo (13):
(13)
Verificando os resultados obtidos, observa-se que todas as variáveis politicas a serem
analisadas no período de 2003 a 2006 são significativas a 95% de nível de significância, ou
seja, no primeiro mandato do presidente Lula o calendário eleitoral influenciou nas oscilações
das receitas incrementais obtidas pelo governo (Tabela 11).
43.833,63
59.529,60 59.840,49 61.548,92
66.094,08
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
AELEFHC1 APOS1FHC2 APOS2FHC2 APREFHC2 AELEFHC2
1998 1999 2000 2001 2002
Δ
rece
ita
s d
o g
ov
ern
o (
mil
hõ
es/R
$)
Calendário Eleitoral
61
Tabela 11 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2003 a 2006
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004
2003 APOS1LULA1 60.174,78 3326,723 18,09 0,000
2004 APOS2LULA1 64.654,92 3326,748 19,43 0,000
2005 APRELULA1 68.805,26 3328,228 20,67 0,000
2006 AELELULA1 75.727,60 3328,797 22,75 0,000
Fonte: Elaborada pela autora
A partir do gráfico 10, observa-se que as receitas incrementais do governo no ano de
2003 obteve um declínio, ou seja, passado um ano após as eleições de 2002, do qual Lula
venceu as eleições e tomou posso da administração do Brasil, as receitas incrementais
entraram em declínio, contrariando a literatura, que afirma que a tendência é de aumento das
receitas passado o período eleitoral.
Desta forma, visualiza-se que no ano de 2002, que representou o ano eleitoral, o
governo obteve um acréscimo em suas receitas no valor de R$ 66.094,08 milhões anuais
enquanto que no ano de 2003 este acréscimo foi no valor de R$ 60.174,78 milhões ao ano, ou
seja, ocorreu um declínio no valor de 8,96% nas receitas incrementais do governo Lula
(Gráfico 10).
Observa-se ainda que, passado os anos de 2002 e 2003, as receitas incrementais do
governo voltam a crescer progressivamente, atingindo um valor de R$ 75.727,60 milhões ao
ano no último ano do primeiro mandato do governo Lula, ou seja, o incremento nas receitas
do governo no período de 2003 a 2006 chegou a 25% (Gráfico 10).
62
Gráfico 10 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2002 a 2006 Fonte: Elaborada pela autora
Para averiguar as oscilações sofridas pelas receitas incrementais obtidas pelo governo
no período de 2007 a 2010, que compreende os anos do segundo mandato do presidente Lula,
atribui-se valor 1 para as variáveis APOS1LULA2, APOS2LULA2, APRELULA2 e
AELELULA2 e 0 para o restante. Assim, obtém-se o modelo (14):
(14)
Verificando os resultados obtidos, nota-se que as variáveis APOS1LULA2,
APOS2LULA2, APRELULA2 e AELELULA2 são significativas a 95% de nível de
significância. Pode-se afirmar então que o calendário eleitoral compreendido entre os anos de
2007 a 2010 influenciaram nas oscilações das receitas incrementais do governo no mesmo
período (Tabela 12).
66.094,08
60.174,78 64.654,92
68.805,26 75.727,60
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
80.000,00
AELEFHC2 APOS1LULA1 APOS2LULA1 APRELULA1 AELELULA1
2002 2003 2004 2005 2006
Δ r
ece
ita
s d
o g
ov
ern
o (
mil
hõ
es/R
$)
Calendário Eleitoral
63
Tabela 12 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2007 a 2010
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004
2007 APOS1LULA2 84.210,40 3326,899 25,31 0,000
2008 APOS2LULA2 86.007,58 3326,574 25,85 0,000
2009 APRELULA2 84.069,82 3332,875 25,22 0,000
2010 AELELULA2 93.042,95 3328,334 27,95 0,000
Fonte: Elaborada pela autora
Ao se observar o gráfico 11, nota-se que ocorreu um acréscimo nas receitas do
governo compreendido nos anos de 2007 e 2008, estes anos representam o primeiro e o
segundo ano após as eleições, respectivamente.
O acréscimo nas receitas que o governo Lula obteve no seu segundo mandato, no ano
de 2007 foi no valor de R$ 84.210,40 milhões anuais, que se comparado ao ano anterior
(2006) o governo obteve um aumento de 11,20%. Já no ano de 2008, o acréscimo nas receitas
do governo Lula foi de R$ 86.007,58 milhões ao ano (Gráfico 11).
Já no ano de 2009, que representa o ano pré-eleitoral, observou-se um declínio do
incremento das receitas do governo de 2,25%, ou seja, no ano de 2008 a receita incremental
do governo foi no valor de R$ 86.007,58 milhões anuais, porém, no ano de 2009 a receita
incremental do governo declinou para R$ 84.069,82 milhões ao ano (Gráfico 11).
Verifica-se ainda que nos anos das eleições de 2010, a receita incremental do governo
volta a crescer, chegando a um valor anual de R$ 93.042,95 milhões (Gráfico 11).
64
Gráfico 11 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2006 a 2010 Fonte: Elaborada pela autora
E finalmente, para se analisar as flutuações incorridas nas receitas incrementais do
governo Dilma Rousseff, período de 2011 a 2014, atribuirá-se valor 1 para as variáveis
APOS1DILMA, APOS2DILMA, APREDILMA e AELEDILMA e valor 0 para as demais
variáveis. Obtém-se assim o modelo (15):
(15)
Constata-se, a partir da tabela 13, que as variáveis representativas do calendário
eleitoral, compreendido no período de 2011 a 2014, são significativas a 95% de nível de
significância. Desta forma, pode-se inferir que os anos pré-eleitorais, eleitorais e pós-
eleitorais influenciaram nas flutuações das receitas incrementais do governo de Dilma.
75.727,60 84.210,40
86.007,58 84.069,82
93.042,95
0,00
10.000,00
20.000,00
30.000,00
40.000,00
50.000,00
60.000,00
70.000,00
80.000,00
90.000,00
100.000,00
AELELULA1 APOS1LULA2 APOS2LULA2 APRELULA2 AELELULA2
2006 2007 2008 2009 2010
Δ r
ece
ita
do
go
ver
no
(m
ilh
ões
/R$
)
Calendário Eleitoral
65
Tabela 13 – Resultado da regressão para a receita do governo no período de 2011 a 2014
Calendário
Eleitoral Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004
2011 APOS1DILMA 100.974,60 3326,597 30,35 0,000
2012 APOS2DILMA 106.824,60 3326,585 32,11 0,000
2013 APREDILMA 111.817,80 3327,865 33,60 0,000
2014 AELEDILMA 110.226,80 3326,619 33,13 0,000
Fonte: Elaborada pela autora
No gráfico 12 pode-se visualizar que nos dois anos que sucederam as eleições de 2010
ocorreu um acréscimo nas receitas do governo de Dilma no valor de R$ 100.974,60 milhões
anuais e R$ 106.824,60 milhões anuais, respectivamente. Logo, a porcentagem de aumento
das receitas incrementais do governo nos de 2010 a 2012, que compreende o período em que
Lula sai do poder dando lugar a presidente Dilma, foi de 14,81%.
Além disto, pode-se observar que no ano de 2013 ocorreu um acréscimo na receita do
governo no valor de R$ 111.817, 80 milhões anuais, porém, no ano posterior, que representa o
ano eleitoral de 2014, as receitas incrementais começam a declinar atingindo um valor anual
de R$ 110.226,80, ou seja, no ano de 2014 as receitas incrementais do governo declinaram
1,42% em relação ao ano de 2013 (Gráfico 12).
66
Gráfico 12 – Variações incorridas nas receitas do governo no período de 2010 a 2014 Fonte: Elaborada pelo autora
De modo geral, o que se pode inferir das oscilações incorridas no período de 1994 a
2014 em relação às receitas governamentais, é que no período de 1994 a 1998, que
compreende os anos em que Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso estiveram no poder,
não se verifica o declínio das receitas nos anos pré-eleitorais ou eleitorais, pelo contrario, elas
se mostraram ascendentes. Porém, nos anos pós-eleitorais do mesmo governo, pode-se
observar que no segundo ano após as eleições se obteve um aumento nas receitas incrementais
do governo.
As mesmas tendências incorridas no período de 1994 a 1998, ocorre também nos
períodos de 1999 a 2002, no qual o Brasil estava sendo administrado pela segunda vez por
Fernando Henrique Cardoso, e no período de 2003 a 2006, que corresponde ao primeiro
mandato do governo Lula.
Os resultados encontrados no período de 1994 a 2002, também são visualizados por
Bittencourt (2002), que em sua análise das receitas governamentais do Brasil nos anos de
1983 a 2002, constatou que as receitas seguiram uma tendência contrária ao defendido pela
literatura até os anos de 2002, ou seja, o autor encontrou também o aumento das receitas no
período eleitoral e não o seu declínio. Segundo Bittencourt (2002), os governos estão mais
preocupados com os efeitos que o aumento do gasto gerará sobre o déficit público, do que
93.042,95 100.974,60
106.824,60 111.817,80 110.226,80
0,00
20.000,00
40.000,00
60.000,00
80.000,00
100.000,00
120.000,00
AELELULA2 APOS1DILMA APOS2DILMA APREDILMA AELEDILMA
2010 2011 2012 2013 2014
Δ r
ece
ita
do
go
ver
no
(R
$/m
ilh
ões
)
Calendário Eleitoral
67
utilizar as receitas como forma de aumentar o bem estar populacional. Os mesmos resultados
encontrados por Bittencourt (2002) são visualizados também por Nakaguma e Bender (2005)
para o período de 1986 e 2002.
Já no período de 2007 a 2010 e de 2011 a 2014, sendo compreendidos os períodos em
que Lula e Dilma estiveram no poder, respectivamente, observou-se que em ambos ocorreu o
declínio das receitas do governo nos períodos eleitorais e um aumento do mesmo nos anos
posteriores as eleições.
Os resultados expostos para o período de 2007 a 2014, são visualizados por
Vasconcelos et al. (2013), que em sua análises das receitas governamentais para o período de
1985 a 2010, visualiza também, uma tendência de crescimentos das receitas do governo após
as eleições e um declínio das receitas no período pré-eleitoral e eleitoral.
68
6 CONCLUSÃO
Os ciclos político-econômicos podem ser conceituados como a influência das atitudes
políticas exercida sobre a performance econômica. Desta forma, as atividades executadas
pelos governantes são orientadas pela maximização dos votos, ou seja, os governantes
procuram realizar atividades que aumentem o bem-estar populacional, uma vez que a
competência dos governantes é mensurada pelas ações benéficas realizadas por estes agentes.
Desta maneira, existe uma tendência de as variáveis orçamentárias do governo terem
um comportamento diferenciados em períodos eleitorais. Nos anos das eleições e até mesmo
no ano anterior, segundo a literatura, os gastos do governo são crescentes enquanto que
passado o período eleitoral as despesas do governo declinam. Contrariamente, as receita no
período pré-eleitoral e eleitoral tendem a ser menores e no ano que sucede às eleições as
receitas tendem a aumentar.
Assim, o presente trabalho objetivou demonstrar a presença de ciclos políticos nas
variáveis orçamentárias (receita e despesa) do governo brasileiro no período de 1994 a 2014.
Para tanto, este trabalho se utilizou de uma análise econométrica a partir de regressões
múltiplas.
Sucintamente, os resultados parecem demonstrar a presença de ciclos político-
econômicos, após o ano de 2002.
O que se pode concluir, são que as tendências de aumentos dos gastos antes das
eleições e declínio destes após o período eleitoral, foram mais evidentes após o ano de 2002
até o ano de 2010, que compreendem o primeiro e segundo mandato do presidente Lula.
Porém, no período em que Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso estiveram na
administração central do Brasil, que compreende o período de 1994 a 2002, o que se pode
visualizar foi o crescimento progressivo dos gastos do governo, principalmente nos períodos
pré-eleitorais e eleitorais, onde a porcentagem de aumento foi maior.
Já no primeiro mandato de Dilma, compreendido entre os anos de 2011 e 2014,
observou-se que os gastos cresceram em grande proporção e progressivamente.
Quando investigado a presença de ciclos político-econômicos na variável receita do
governo, pode-se concluir que somente a partir de 2007 é que começaram a surgir resquícios
de possíveis ciclos político-econômicos nesta variável. Uma vez que no período de 1994 a
2006, compreendido os mandatos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e primeiro
69
mandato de Lula, ocorreram aumentos progressivos das receitas independentemente do
calendário eleitoral.
Porém, a partir do segundo mandato de Lula até o governo Dilma, compreendido entre
os anos de 2007 a 2014, o que percebeu foi um aumento das receitas do governo após as
eleições e nos anos pré-eleitorais e eleitorais ocorreu o declínio das mesmas.
Desta forma, buscando responder o problema do presente trabalho: “O calendário
eleitoral exerceu influência sobre os gastos e as receitas brasileiras no período de 1994 a
2014?”. Pode-se inferir que o calendário eleitoral exerceu influencia sobre as variáveis
orçamentárias do governo somente a partir do ano de 2002, quando o governo Lula entra no
poder.
Assim, pode-se argumentar que as oscilações incorridas na economia podem ser
explicadas pelas variáveis politicas, e que muitas vezes se tal fenômeno fosse analisado
somente pela esfera econômica não se poderia chegar a respostas conclusivas corretas.
Encerra-se o presente trabalho ressaltando algumas limitações constatadas, mas que
não invalidam os resultados encontrados. A primeira limitação decorre da não averiguação da
presença de ciclos políticos nas variáveis macroeconômicas brasileiras, tais como: taxa de
desemprego, inflação e Produto Interno Bruto, como a grande maioria dos trabalhos analisam.
A segunda limitação transcorre da não averiguação da presença de ciclos políticos partidários
para o Brasil no período de 1994 a 2014, uma vez que, os partidos que se mantiveram no
poder neste período são muito homogêneos e envolvem um gama muito grande de coligações,
impossibilitando a classificação dos partidos entre direita e esquerda. Salienta-se que tais
limitações servirão para reflexão e propostas para trabalhos futuros.
70
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orçamentária federal do Brasil sob a ótica dos ciclos políticos eleitorais, 1985-2010. Revista
de Economia Aplicada, São Paulo, v.17, n. 3, p. 325-354, 2013.
73
APÊNDICE
74
Apêndice A – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (1994 – 1996)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/94 31008,05 32301,01 230385,0607
fev/94 34608,66 32970,8 210375,0286
mar/94 31183,95 32172,26 222092,0447
abr/94 42458,72 32620,6 227285,3369
mai/94 34106,63 36203,49 254700,036
jun/94 44674,38 37449,92 291576,9154
jul/94 28865,91 30248,21 246591,7152
ago/94 29226,48 31243,67 249977,2755
set/94 28171,58 31038,92 240406,3211
out/94 30255,65 32509,08 248492,1837
nov/94 30784,69 33082,69 243237,6938
dez/94 38243,13 41421,01 225655,6373
jan/95 26912,87 28962,94 236026,6047
fev/95 42428,08 33790,39 252620,9594
mar/95 34654,07 35967,07 306481,2929
abr/95 29209,17 31345,46 288146,904
mai/95 33599,9 34230,23 270964,9613
jun/95 41301,78 41661,22 268037,9106
jul/95 34834,6 33667,07 272171,3163
ago/95 32143,78 32180,33 278243,5602
set/95 30760,32 31030,9 275389,9068
out/95 40300,55 33895,32 294161,2138
nov/95 31575,16 31943,59 308117,1186
dez/95 49820,36 40605 293580,9992
jan/96 41941,62 29245,87 277169,6864
fev/96 34541,23 31124,05 268318,1196
mar/96 36410,69 29012,45 273978,4162
abr/96 43373,06 47749,99 279867,917
mai/96 33254,06 36030,64 298021,9428
jun/96 40058,8 31454,11 296262,4515
jul/96 31100,21 33386,19 307450,8723
ago/96 30033,27 31829,03 303804,907
set/96 32203,15 30511,31 291752,9408
out/96 38741,4 34652,21 316524,095
nov/96 38324,96 31862,91 332743,2851
dez/96 52332,82 46281,23 340539,653
75
Apêndice B – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (1997 – 1999)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/97 40046,59 33241,13 313431,3452
fev/97 32381,45 34010 279056,9137
mar/97 38937,68 34309,31 271995,3356
abr/97 43590,27 43471,22 288667,1847
mai/97 36123,34 40001,16 307537,9456
jun/97 38111,63 33045,81 321766,7813
jul/97 38791,89 38620,04 316724,9574
ago/97 34585,52 39396,98 313508,0218
set/97 41751,12 34521,29 309893,2447
out/97 43182,78 39414,43 331929,9441
nov/97 37521,05 36020,36 328254,8161
dez/97 53748,8 50396,22 314115,57
jan/98 44949,78 44363,09 297636,9285
fev/98 39799,41 37291,89 277708,8102
mar/98 49947,92 42188,98 290396,0615
abr/98 50635,67 62324,59 300197,3472
mai/98 42976,78 39853,66 317871,6153
jun/98 44123,78 33793,74 320799,6652
jul/98 39448,54 39658,69 318181,8135
ago/98 49231,31 61575,87 314612,8946
set/98 45085,11 38662,71 306550,0949
out/98 47200,14 39538,51 319120,2508
nov/98 44650,85 35982,69 319917,8499
dez/98 61811,51 49538,47 312591,5769
jan/99 74114,66 51181,36 297036,1775
fev/99 52147,26 55713,11 290766,0595
mar/99 67487,34 61757,92 302498,9448
abr/99 80208,59 63427,05 300393,6946
mai/99 48960,14 52428,75 307344,0326
jun/99 61343,58 51686,94 319148,7929
jul/99 68774,73 63938,19 307468,8032
ago/99 57503,82 58030,53 303426,248
set/99 55188,01 60922,52 291068,834
out/99 60726,56 56953,43 307924,5128
nov/99 58343,06 55501,72 318168,5854
dez/99 89835,83 82555,43 312075,3973
76
Apêndice C – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2000 – 2002)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/00 54520,14 51036,54 284657,8103
fev/00 54099,43 54825,57 276099,2778
mar/00 55822,64 62487,43 274797,5627
abr/00 60133,94 58794,76 277161,6679
mai/00 61122,75 58958,24 301765,6082
jun/00 65022,27 59292,73 314587,4448
jul/00 61267,04 53750,5 306848,988
ago/00 63813,1 59256,08 302928,3237
set/00 56150,92 55874,83 281624,1489
out/00 70125,46 58271,44 302532,9507
nov/00 65869,79 63005,64 307220,4853
dez/00 87418,36 80915,98 304556,639
jan/01 66278,89 54742,48 289615,2015
fev/01 56413,43 61268,02 282841,7348
mar/01 50044,9 55339,79 297382,0222
abr/01 65624,5 62508,58 299290,716
mai/01 66287,95 64559,33 308161,1221
jun/01 68988,07 58942,62 291663,6852
jul/01 71727,16 58528,69 295681,041
ago/01 58143,16 63773,19 294439,1375
set/01 56118,41 57478,95 278097,5503
out/01 64926,97 59898,31 301078,7308
nov/01 58751,08 62501,81 305703,4226
dez/01 86779,59 78821,36 295189,3943
jan/02 66113,64 56058,18 288864,7024
fev/02 66348,08 67864,46 282849,1871
mar/02 59530,3 61485,22 296668,8859
abr/02 67317 64272,51 308291,2363
mai/02 61474,25 69701,87 317262,4772
jun/02 67169,78 56938,38 316508,6525
jul/02 62641,66 62451,17 310890,9959
ago/02 70134,68 66207,47 303580,3207
set/02 62665,56 64401,54 287250,5644
out/02 78301,54 77876,98 302105,748
nov/02 68929,66 66547,2 299345,2876
dez/02 84573,59 78385,43 273898,6054
77
Apêndice D – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2003 – 2005)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/03 50564,66 53899,24 263574,0039
fev/03 59337,81 60966,7 255601,9811
mar/03 49673,84 55006,06 262953,433
abr/03 55760,37 55831,8 265636,4847
mai/03 53608,16 65436,06 273645,7719
jun/03 73828,8 54296,87 271568,9234
jul/03 39713,49 54837,51 275399,5932
ago/03 57679,84 58105,62 278325,7125
set/03 64558,89 57483,59 283567,2216
out/03 58893,65 58574,78 293316,8718
nov/03 56017,43 63346,17 291949,7004
dez/03 94685,26 83221,23 291042,8705
jan/04 62465,11 53436,38 278688,0441
fev/04 51187,83 62534,34 264180,162
mar/04 62885,65 63814,12 281479,418
abr/04 52549,52 65273,86 281622,3615
mai/04 64020,63 67160,09 297001,0068
jun/04 53520,72 60144,93 300210,6664
jul/04 60444,43 60947,09 291250,4289
ago/04 61166,6 64416,29 291126,1184
set/04 61553,73 61636,64 284137,9543
out/04 63429,17 60462,02 294946,7477
nov/04 75678,84 65581,14 299923,898
dez/04 74042,26 91629,29 297988,111
jan/05 60668,38 55845,96 282374,1527
fev/05 66309,7 64247,82 265676,398
mar/05 57556,15 67236,51 282826,1678
abr/05 62317,92 64316,62 288669,1122
mai/05 66300,63 68526,82 294924,0957
jun/05 67318,8 69171,72 300792,6779
jul/05 74932,01 63686,14 294993,529
ago/05 65171,62 68935,86 306020,8158
set/05 71755,26 65071,67 305763,1804
out/05 71378,82 64263,84 318014,3202
nov/05 83737,39 74034,57 324417,3604
dez/05 94725,78 103941,32 322072,973
78
Apêndice E – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2006 – 2008)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/06 80223,32 56368 304289,2174
fev/06 65801,72 69669,2 292548,9012
mar/06 61961,49 69066,89 308668,3853
abr/06 78961,76 69578,7 303270,2986
mai/06 79019,14 78523,56 326674,9254
jun/06 81692,2 77856,84 329070,8307
jul/06 89668,36 72391,66 328563,7979
ago/06 81145,5 77187,71 337326,6345
set/06 78206,04 78273,13 325193,6148
out/06 79949,8 75472,42 342900,4336
nov/06 97209,06 81098,22 352815,4889
dez/06 94516,81 107437,08 345621,0077
jan/07 82375,73 66144,03 333444,0973
fev/07 72944,19 77881,75 316637,8864
mar/07 83412,55 77039,39 338422,9529
abr/07 75701,91 85739,68 337149,8384
mai/07 95521,15 83756,85 358019,3777
jun/07 89733,07 82702,59 356987,0742
jul/07 88921,02 79388,8 352268,0386
ago/07 76074,49 84300,46 361637,2052
set/07 92539,63 82405,91 344545,4888
out/07 75161,64 81949,51 363525,3095
nov/07 92523,6 89930,91 363684,0965
dez/07 89127,83 120889,41 352490,5408
jan/08 100626,89 69429,62 348771,2134
fev/08 69913,22 87425,05 333579,3793
mar/08 75446,12 80558,07 343057,7046
abr/08 77580,88 85815,12 353136,3016
mai/08 81159,32 87632,81 367392,1312
jun/08 85816,17 81686,76 370015,145
jul/08 89245,21 82397,93 368117,4625
ago/08 67309,22 90538,15 360644,4637
set/08 75496,58 82408,29 358584,9744
out/08 66992,52 85174,91 380049,8386
nov/08 91103,14 90476,64 364437,0309
dez/08 83025,58 108658,72 335192,8272
79
Apêndice F – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2009 – 2011)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/09 109003,89 58935,11 332515,2039
fev/09 77313,39 74870,62 320456,199
mar/09 76346,06 78916,29 342345,2302
abr/09 77753,04 81919,25 348692,6877
mai/09 92978,62 85704,1 363892,8254
jun/09 87906,92 78779,26 371678,1368
jul/09 95396,68 74978,95 373467,8747
ago/09 96187,37 84913,73 384874,9036
set/09 93003,93 71572,09 385598,049
out/09 84739,2 86939,27 393066,4183
nov/09 104185,99 109102,49 412247,427
dez/09 103283,66 129264,59 433188,3756
jan/10 116771,68 72732,33 391788,1611
fev/10 93560,7 94049,82 378919,4612
mar/10 101399,4 84711,38 401044,5348
abr/10 89010,77 91526,66 400474,4047
mai/10 99247,29 97992,99 418320,7679
jun/10 100655,65 82677,05 417234,9289
jul/10 94467,97 81526,99 417621,1546
ago/10 114384,21 95916,73 423159,1281
set/10 84091,39 94906,8 416877,8169
out/10 91437,98 86737,23 431116,4905
nov/10 109463,21 102060,52 437514,4485
dez/10 100662,75 135406,84 427217,9794
jan/11 130632,01 75757,71 399673,4655
fev/11 98937,84 104875,12 388908,5788
mar/11 92850,43 89774,64 396084,5893
abr/11 97263,51 97592,01 401284,8863
mai/11 106729,2 105659,34 427554,7234
jun/11 99988,84 93914,04 431770,3667
jul/11 113652,64 99481,38 419836,5782
ago/11 110484,78 111589,09 428950,6257
set/11 93774,69 93205,47 413124,0657
out/11 94506,95 93916,94 429763,8279
nov/11 118662,65 110970,81 434533,8273
dez/11 122809,75 134518,58 430447,7626
80
Apêndice G – Dados: Despesa total, Receita Total e Produto Interno Bruto (2012 – 2014)
Período Despesa Total (milhões) Receita Total (milhões) Produto Interno Bruto (milhões)
jan/12 100506,86 93046,43 400748,2446
fev/12 107553,47 111656,77 394263,5854
mar/12 108173,04 100415,73 415093,5858
abr/12 102266,02 112848,3 413940,8838
mai/12 113131,37 110216,69 433793,0302
jun/12 103394,19 95056,97 433246,369
jul/12 128271,07 95254,72 418158,8115
ago/12 112066,93 102713,01 423104,4362
set/12 101221,49 92244,55 395033,6732
out/12 93569,52 96024,16 423201,845
nov/12 124869,92 106881,37 436647,7415
dez/12 136809,44 165848,73 428222,8411
jan/13 97910,12 96724,05 420207,2546
fev/13 123960,99 111746,12 395610,0092
mar/13 95246,58 91036,36 406634,7215
abr/13 117426,46 106314,26 427060,6353
mai/13 114968,85 117052,41 445664,7706
jun/13 112014,92 107683,4 448799,9732
jul/13 124885,91 101416,44 436495,8405
ago/13 121405,24 110844,95 441160,7848
set/13 115141,78 100151,45 425427,3418
out/13 103344,08 99540,54 455076,1738
nov/13 122493,76 140756,33 458286,5418
dez/13 130413,2 161741,12 443473,4218
jan/14 110357 97463 407942,1
fev/14 121855 116868 401963,7
mar/14 113305 94689 394151,9
abr/14 116346 110406 414572,7
mai/14 116212 112147 433726,8
jun/14 108193 101221 422886,4
jul/14 123607 99260 426920,6
ago/14 134869 115584 432975,3
set/14 130490 103127 429174,8
out/14 126447 106404 450391
nov/14 115396 120846 454194
dez/14 128396 144103 454165
81
Apêndice H – Teste Dickey-Fuller Aumentado e Phillips-Perron
Teste Dickey-Fuller Aumentado para Raiz Unitária
DESPESA TOTAL
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -4.452 -3.991 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0018
RECEITA TOTAL
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -5.823 -3.991 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0000
PIB
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -1.794 -3.991 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.7078
Teste Phillips Perron para raiz unitária
DESPESA TOTAL
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -12.714 -3.990 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0000
RECEITA TOTAL
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -14.906 -3.990 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0000
PIB
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -3.310 -3.990 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0647
82
Apêndice I – Teste Dickey Fuller Aumentado e Phillips-Perron para as variáveis
diferenciadas
Teste Dickey-Fuller Aumentado para Raiz Unitária
PIB
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -9.095 -3.991 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0000
Teste Phillips Perron para raiz unitária
PIB
Teste Estatístico 1% valor crítico 5% valor crítico 10% valor crítico
Z(t) -15.704 -3.990 -3.430 -3.130
p-value aproximado para Z(t) = 0.0000
83
Apêndice J – Regressão Despesa total
Número de observações = 250
F( 22, 228) = 776,72
Prob > F = 0,0000
R² = 0,9868
Adj R² = 0,9856
Raiz MSE = 9423,7
DT Coeficiente erro-padrão t p>t [95% intervalo de
confiança]
dPIB 0,1259895 0,0420507 3,00 0,003 ,0431319 ,2088471
ALEITA 33635,18 2980,515 11,29 0,000 27762,31 39508,06
APOS1FHC1 34947,21 2729,862 12,80 0,000 29568,23 40326,19
APOS2FHC1 37434,39 2721,746 13,75 0,000 32071,39 42797,38
APREFHC1 39944,8 2720,424 14,68 0,000 34584,42 45305,19
AELEFHC1 46742,6 2720,535 17,18 0,000 41381,99 52103,2
APOS1FHC2 64571,16 2720,385 23,74 0,000 59210,85 69931,47
APOS2FHC2 63062,1 2720,649 23,18 0,000 57701,27 68422,93
APREFHC2 64189,6 2720,383 23,60 0,000 58829,3 69549,91
AELEFHC2 68000,07 2720,469 25,00 0,000 62639,59 73360,54
APOS1LULA1 59604,5 2720,502 21,91 0,000 54243,96 64965,04
APOS2LULA1 61828,32 2720,522 22,73 0,000 56467,74 67188,9
APRELULA1 69923,88 2721,732 25,69 0,000 64560,91 75286,84
AELELULA1 80398,11 2722,198 29,53 0,000 75034,23 85761,99
APOS1LULA2 84388,96 2720,645 31,02 0,000 79028,13 89749,78
APOS2LULA2 80301,67 2720,379 29,52 0,000 74941,37 85661,96
APRELULA2 91006,26 2725,532 33,39 0,000 85635,81 96376,71
AELELULA2 99330,8 2721,819 36,49 0,000 93967,67 104693,9
APOS1DILMA 106722,4 2720,398 39,23 0,000 101362,1 112082,7
APOS2DILMA 110963,9 2720,388 40,79 0,000 105603,6 116324,2
APREDILMA 114707,1 2721,435 42,15 0,000 109344,8 120069,5
AELEDILMA 120499,1 2720,416 44,29 0,000 115138,7 125859,4
Fonte SS dF MS
Modelo 1,5175e+12 22 6,8977e+10
Residuo 2,0248e+10 228 88805484,1
Total 1,5377e+12 250 6,1509e+09
84
Apêndice L – Regressão Receita total
Número de observações = 250
F( 22, 228) = 480,87
Prob > F = 0,0000
R² = 0,9789
Adj R² = 0,9769
Raiz MSE = 11524
Variáveis Coeficiente erro-padrão t p>t [95% intervalo de
confiança]
dPIB 0,147622 0,051421 2,87 0,004 ,0463009 ,2489431
ALEITA 33609,25 3644,677 9,22 0,000 26427,7 40790,81
APOS1FHC1 33308,49 3338,17 9,98 0,000 26730,88 39886,1
APOS2FHC1 34125,39 3328,246 10,25 0,000 27567,33 40683,44
APREFHC1 38092,54 3326,628 11,45 0,000 31537,68 44647,41
AELEFHC1 43833,63 3326,764 13,18 0,000 37278,5 50388,77
APOS1FHC2 59529,6 3326,581 17,90 0,000 52974,83 66084,37
APOS2FHC2 59840,49 3326,903 17,99 0,000 53285,09 66395,9
APREFHC2 61548,92 3326,579 18,50 0,000 54994,15 68103,69
AELEFHC2 66094,08 3326,684 19,87 0,000 59539,11 72649,06
APOS1LULA1 60174,78 3326,723 18,09 0,000 53619,73 66729,83
APOS2LULA1 64654,92 3326,748 19,43 0,000 58099,82 71210,02
APRELULA1 68805,26 3328,228 20,67 0,000 62247,24 75363,27
AELELULA1 75727,6 3328,797 22,75 0,000 69168,46 82286,74
APOS1LULA2 84210,4 3326,899 25,31 0,000 77655,01 90765,8
APOS2LULA2 86007,58 3326,574 25,85 0,000 79452,82 92562,33
APRELULA2 84069,82 3332,875 25,22 0,000 77502,65 90637
AELELULA2 93042,95 3328,334 27,95 0,000 86484,72 99601,17
APOS1DILMA 100974,6 3326,597 30,35 0,000 94419,79 107529,4
APOS2DILMA 106824,6 3326,585 32,11 0,000 100269,8 113379,4
APREDILMA 111817,8 3327,865 33,60 0,000 105260,5 118375,1
APOSDILMA 110226,8 3326,619 33,13 0,000 103672 116781,7
Fonte SS dF MS
Modelo 1,4048e+12 22 6,3856e+10
Residuo 3,0277e+10 228 132793017
Total 1,4351e+12 250 5,7404e+09