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Ácido Fólico Sérico em Doentes Obesos
Serum Folic Acid in Obese Patients
Trabalho de Investigação
Tânia Sousa Parece
Orientado por: Dra. Rita Costa Brotas de Carvalho
Co-orientado por: Dra. Ivone Cristina Pacheco Machado
Porto, 2009
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
i
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Dedicatória
“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo…
…Por isso aprendemos sempre!”
Paulo Freire
Gostaria de dedicar este trabalho à minha família, aos meus amigos e a todos
aqueles que, sem reservas, partilharam comigo os seus conhecimentos.
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Agradecimentos
À minha orientadora, Dra. Rita Carvalho,
Agradeço o compromisso assumido, o empenho que colocou neste trabalho, as
sugestões transmitidas, os esclarecimentos, os desafios colocados e a exigência
crescente que foi impondo à medida que caminhava para o final…
À Dra. Ivone Machado,
Pelos conselhos, conhecimentos transmitidos, rigor e dedicação com que sempre
me acompanhou ao longo deste trabalho…
Aos meus pais,
Pelo apoio incondicional que sempre me deram e pela paciência e amizade com
que sempre me ouviram e ajudaram…
À minha família,
Pela preocupação e carinho com que sempre me acompanharam durante o meu
percurso académico…
Aos meus amigos,
Em especial à Sofia e à Sara pela amizade, companheirismo e paciência com que
sempre me ouviram e apoiaram…
Muito Obrigada!
iii
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Índice
Dedicatória ...........................................................................................................i
Agradecimentos .................................................................................................. ii
Lista de Abreviaturas ......................................................................................... iv
Lista de Tabelas, gráficos e organogramas ........................................................v
Resumo ............................................................................................................ vii
Palavras-Chave................................................................................................. vii
Abstract ........................................................................................................... viii
Keywords ........................................................................................................... ix
Introdução .......................................................................................................... 1
Objectivos .......................................................................................................... 7
Material e Métodos............................................................................................. 7
Resultados ....................................................................................................... 12
Discussão......................................................................................................... 17
Conclusões ...................................................................................................... 25
Referências Bibliográficas................................................................................ 28
Índice de Anexos ............................................................................................. 37
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Lista de Abreviaturas
ADN – Ácido Desoxirribonucleico
ARN – Ácido Ribonucleico
ATPIII – Adult Treatment Panel III
c-HDL – High Density Lipoprotein Cholesterol
c-LDL – Low Density Lipoprotein Cholesterol
DCV – Doenças Cardiovasculares
DM tipo 2 – Diabetes Mellitus tipo 2
DRIs – Ingestão Diária Recomendada
DTN – Defeitos do Tubo Neural
HDES – Hospital do Divino Espírito Santo, EPE
HTA – Hipertensão Arterial
IMC – Índice de Massa Corporal
INE – Instituto Nacional de Estatística
OMS – Organização Mundial de Saúde
PC – Perímetro da Cintura
QFA – Questionário de Frequência Alimentar
RAA – Região Autónoma dos Açores
TG – Triglicerídeos
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Lista de Tabelas, Gráficos e Organogramas
Índice de Tabelas
Tabela 1 ........................................................................................................... 10
Tabela 2 ........................................................................................................... 12
Tabela 3 ........................................................................................................... 13
Tabela 4 ........................................................................................................... 16
Tabela 5 ........................................................................................................... 17
Índice de Gráficos
Gráfico 1........................................................................................................... 14
Índice de Organogramas
Organograma 1 ................................................................................................ 13
Organograma 2 ................................................................................................ 17
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Resumo
Introdução: A obesidade é conhecida como a doença com maior prevalência no
mundo ocidental. Apesar da elevada ingestão energética verificada em doentes
obesos este podem, no entanto, apresentar défices nutricionais, sobretudo em
relação a algumas vitaminas como o ácido fólico. Esta situação pode-se dever a
diversos mecanismos, embora os hábitos alimentares, nomeadamente o baixo
consumo de hortofrutícolas, pareçam ser os principais responsáveis por esta
desnutrição. A baixa ingestão de ácido fólico através da baixa ingestão de
hortofrutícolas, está associada a uma diminuição dos níveis séricos desta
vitamina e por consequência a uma elevação dos níveis plasmáticos de
homocisteína, factor fortemente relacionado com o aumento do risco de Doenças
Cardiovasculares (DCV). Além da hiperhomocisteinémia, a deficiência em ácido
fólico está também associada a outras patologias, tais como, os Defeitos do Tubo
Neural (DTN).
Objectivo: Avaliar as concentrações de ácido fólico sérico, em doentes obesos,
com forte aconselhamento para o consumo de hortofrutícolas.
Métodos: A amostra foi constituída por 52 doentes, 45 do sexo feminino e 7 do
sexo masculino, com idade ≥18 anos, IMC ≥ 30 Kg/m2, com mais de um ano de
seguimento nutricional e com doseamento analítico de ácido fólico no último ano.
Procedeu-se à avaliação antropométrica e bioquímica. A análise estatística foi
realizada através do programa SPSS for Windows, versão 16.
Resultados: A amostra estudada apresentou um IMC médio ± desvio padrão de
40,86 ± 7,55 Kg/m2. Neste estudo 57,7% dos indivíduos tinham hipertensão
arterial (HTA), 36,5% dislipidemia e 26,9% eram diabéticos.
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
A população em estudo apresentou valores de ácido fólico sérico que variam
entre 3,29 e 20,3nmol/L, situando-se a média nos 7,93 ± 3,29nmol/L, sem
diferenças significativas entre sexos. Contudo, no sexo feminino, as mulheres em
idade fértil (62,22%) apresentaram valores de ácido fólico sérico mais baixos do
que as mulheres em idade não fértil (6,96 ± 2,43 e 8,89 ± 3,82, respectivamente).
De acordo com a classificação de Dhonukshe-Rutten et al, 80,8% da amostra em
estudo tem um nível de ácido fólico sérico baixo (<10nmol/L), 11,5% moderado
(10-15nmol/L) e 7,7% favorável (>15nmol/L). Observou-se uma associação
inversa entre o IMC e o ácido fólico sérico (R=-0,030; p >0,05) e uma correlação
positiva entre a idade e os níveis séricos desta vitamina (R=0,309; p <0,05).
Conclusões: Neste estudo verificou-se uma muito baixa concentração de ácido
fólico sérico (7,93 ± 3,29nmol/L), em 80,8% dos doentes, com uma tendência a
diminuir à medida que aumenta o IMC. Para além de serem obesos, estes
doentes têm ainda outras comorbilidades fortemente associadas ao risco de
desenvolver DCV. Os baixos níveis de ácido fólico sérico registados, vêm ainda
acrescentar mais um factor de risco cardiovascular, devido ao papel essencial que
esta vitamina desempenha no metabolismo da homocisteína. De realçar que a
amostra em estudo foi constituída maioritariamente por mulheres em idade fértil,
que registaram valores ainda mais baixos de ácido fólico (6,96 ± 2,43nmol/L) do
que as restantes, o que desperta uma enorme preocupação devido à importância
desta vitamina na prevenção das malformações congénitas como os DTN. Os
resultados obtidos evidenciam a necessidade de implementação de medidas
preventivas ou correctivas que combatam esta deficiência alimentar e nutricional.
Palavras-chave: Obesidade, Ácido Fólico Sérico, Hortofrutícolas, Doenças
Cardiovasculares e Defeitos do Tubo Neural.
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Abstract
Background: Obesity is known as a disease with higher prevalence in the
western world. Despite the high energy intake observed in obese patients, it may
provide, however, nutritional deficits, particularly for some vitamins such as folic
acid. This may be due to several mechanisms, while dietary habits, including low
consumption of fruits and vegetables, appear to be the main responsible for this
malnutrition. The low intake of folic acid due to low intake of fruits and vegetables
is associated with a decrease of serum levels of this vitamin and consequently to
an elevation of plasma levels of homocysteine, a factor strongly associated with
increased risk of cardiovascular disease (CVD). Besides hiperhomocysteinemia,
deficiency in folic acid is also associated with other disease, such as the Neural
Tube Defects (NTD).
Objective: Evaluate the serum levels of folic acid in obese patients with strong
advice for the consumption of fruits and vegetables.
Methods: The sample consisted in 52 patients, 45 females and 7 males, with
aged ≥18 years, BMI ≥30Kg/m2, more than one year of follow-up and with
analytical determination of serum folic acid in the last year. There was
anthropometric and biochemical evaluation. Statistical analysis was performed
using the program SPSS for windows, version 16. 0.
Results: The sample studied had an average BMI of 40,86 ± 7,55Kg/m2. In this
study 57,7% of individual had elevated blood pressure, 36,5% dyslipidemia and
26,9% are diabetic. The sample showed that serum folic acid vary between 3,29
and 20,3nmol/L, which is the average 7,93 ± 3,29nmol/L, without significant
differences between sexes. However, in females, women of childbearing age had
lower levels of serum folic acid than another women (6,96 ± 2,43 and 8,89 ± 3,82,
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
respectively). According to Dhonukshe-Rutten et al, 80,8% of the sample have a
status of serum folic acid considered lower, 11,5% moderate and 7,7% favourable.
There was an inverse association between BMI and serum folic acid (R= -0,030; p
>0,05) and a positive correlation between age and the status of the vitamin (R=
0,309; p <0,05).
Conclusions: In this study there was a very low concentration of folic acid (7,93 ±
3,29nmol/L) in 80,8% of patients, with a tendency to decrease with increasing BMI.
In addition to being obese, these patients have other co-morbidities strongly
associated with risk of developing CVD. The low levels of serum folic acid
recorded, they also add on additional cardiovascular risk factor, due to the role
that this vitamin plays in the metabolism of homocysteine. To note, the sample
under study was composed mostly by women of childbearing age, which have
even lower values of folic acid than another women in study, which awakens an
even greater concern because of the importance of these vitamin in the prevention
of birth defects. The results show the need for corrective or preventive measures
to fight this malnutrition.
Keywords: Obesity, Serum Folic Acid, Vegetables, Cardiovascular Disease and
Neural Tube Defects.
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Introdução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a obesidade como uma
doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus
capazes de comprometer a saúde (1).
A obesidade é conhecida como a doença com maior prevalência no mundo
ocidental, sendo considerada pela OMS como a epidemia do século XXI. Estima-
se que globalmente existam cerca de mil milhões de adultos com excesso de
peso, dos quais 300 milhões já são obesos (2, 3).
De entre os vários factores que podem estar na génese da obesidade,
destaca-se o desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético, causado por (3):
- aumento da ingestão de alimentos de elevada densidade energética, ricos
em gordura, açúcares e muitas vezes pobres em vitaminas, minerais e
outros micronutrientes;
- aumento do sedentarismo e/ou diminuição da actividade física.
Os efeitos adversos da obesidade estão relacionados não só com a
quantidade de gordura, mas também com a sua distribuição corporal. Quando a
acumulação de gordura se verifica na zona do abdómen, a obesidade denomina-
se de abdominal ou visceral, sendo considerada a mais aterogénica e mais
correlacionada com as doenças cardiovasculares (DCV) (4). Várias evidências
indicam que alterações nos valores do perímetro da cintura (PC) reflectem
modificações nos factores de risco cardiovascular e noutros tipos de doenças
crónicas, daí que se torne importante a avaliação sistemática da variação da
gordura central, facilmente estimada, em rotina clínica, pela medição do PC (1, 5).
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
De acordo com o Inquérito Nacional de Saúde 2005/2006, os Açores têm
mais obesos do que Portugal Continental e a Madeira. Segundo este inquérito
38,4% dos Açorianos registava excesso de peso ou obesidade, sendo esta
situação mais evidente nas mulheres. No mesmo período de tempo, Portugal
Continental e a Madeira registaram 35,1% e 33,2% de excesso de peso ou
obesidade, respectivamente (6). No final de 2008, um outro estudo realizado na
RAA apresentou uma prevalência mais elevada: 56,3% dos adultos apresentam
excesso de peso ou obesidade (7).
A obesidade e todas as suas co-morbilidades são responsáveis por uma
diminuição da qualidade de vida e morte prematura. Uma vez instalada, torna-se
numa doença progressiva, crónica e de difícil tratamento (8, 9).
Diversos estudos referem a obesidade como um factor de risco
independente, responsável pela morbilidade e mortalidade por DCV e que afecta
também de forma adversa, outros factores de risco cardiovascular, como a
hipertensão arterial (HTA) e a dislipidemia, aumentando assim a possibilidade de
desenvolver doença coronária, falência cardíaca, acidentes vasculares e arritmias
cardíacas (10-12).
As DCV são a principal causa de morte em Portugal, sendo responsáveis,
anualmente, por cerca de 40% dos óbitos. Segundo o Instituto Nacional de
Estatística (INE), em 2003, a mortalidade por doenças do aparelho circulatório
nos Açores foi bastante superior ao que se verificou em Portugal Continental. A
mortalidade por doença isquémica do coração foi de 125,8 e 62,0 por 100000
habitantes, nos Açores e no Continente, respectivamente. Quanto à mortalidade
por doenças cerebrovasculares foram de 129,6 nos Açores e 113,8 no Continente
por cada 100000 habitantes (13).
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Porém, apesar dos indivíduos obesos terem uma ingestão energética maior
do que os indivíduos normoponderais, podem apresentar défices nutricionais,
sobretudo em relação a alguns micronutrientes, como por exemplo, as vitaminas
A, B6, C, D, E e ácido fólico (14, 15).
No que diz respeito ao ácido fólico, os estudos mostram que os doentes
obesos, particularmente mulheres em idade fértil, apresentam níveis mais baixos
desta vitamina do que as normoponderais (15). Esta condição pode surgir devido a
alguns mecanismos tais como:
- ingestão inadequada de alimentos ricos em ácido fólico;
- aumento das necessidades fisiológicas (ex. gravidez);
- alterações na absorção, armazenamento, metabolismo e excreção do
ácido fólico.
Contudo os hábitos alimentares parecem ser os principais responsáveis por
esta desnutrição (14, 15).
Vários estudos realizados com obesos, têm mostrado uma baixa ingestão
de hortofrutícolas, especialmente em situações de obesidade mórbida (14-16).
Actualmente, com a tendência crescente da obesidade em Portugal e,
apesar do aumento da diversidade de produtos à disposição do consumidor,
observa-se uma diminuição no consumo de produtos hortícolas e um aumento do
consumo de frutos, especialmente os tropicais, que não estavam disponíveis há
uns tempos atrás (17, 18).
Nos Açores, segundo Porto et al (19), a situação relatada em 1998 não é
melhor, verificando-se uma baixa ingestão de produtos hortícolas e frutas (19, 20).
Porém, num estudo publicado no final de 2008, registou-se um consumo médio
diário de 190 ± 205,4g de hortícolas e 341,0 ± 285,9g de fruta fresca, estudo este
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aplicado a indivíduos normoponderais de várias faixas etárias e com dados auto-
reportados (7).
Nutricionalmente, os hortofrutícolas são alimentos de reduzido conteúdo
calórico, baixo teor em gordura, ricos em vitaminas, minerais, fibras e compostos
antioxidantes (21). Este grupo de alimentos apresenta diversos benefícios: regulam
o trânsito intestinal, provocam o efeito de saciedade precoce, muito importante em
situações de obesidade, regulam os níveis de colesterol sanguíneo e diminuem o
tempo de absorção dos hidratos de carbono, ajudando a controlar as glicemias
pós-prandiais (22, 23). A apoiar estas evidências, encontram-se vários estudos que
descrevem que o consumo de 400g ou cinco porções de hortofrutícolas por dia,
ajudam a reduzir a incidência de DCV e alguns tipos de cancro (21, 23-25).
Conforme observado nas tabelas de composição dos alimentos (26, 27), os
hortofrutícolas são excelentes fontes alimentares de ácido fólico, e quando
consumidos em quantidades adequadas aumentam as concentrações séricas
desta vitamina, uma vez que esta é bem absorvida (28). Desta forma, o ácido fólico
sérico é visto como um potencial biomarcador da ingestão deste grupo de
alimentos e um indicador sensitivo dos folatos ingeridos diariamente (28-31).
O termo folato é uma expressão genérica para uma das vitaminas do
complexo B, a vitamina B9, encontrada frequentemente nos alimentos. Existe uma
grande família de folatos que ocorrem naturalmente nos alimentos, sendo o ácido
fólico, a forma química mais estável, frequentemente utilizada nos suplementos e
na fortificação de alimentos (32). Esta vitamina é essencial na divisão celular, na
biossíntese do ácido desoxirribonucleico (ADN) e do ácido ribonucleico (ARN), na
síntese de purinas, na interconversão dos aminoácidos e actua como co-factor na
reconversão da homocisteína em metionina (31-34).
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As principais fontes alimentares de ácido fólico são as hortaliças de folha
verde (os espinafres, os brócolos, as couves, as couves-de-bruxelas, o feijão
verde, alface e cenoura), a fruta (os citrinos e os morangos), algumas
leguminosas como o feijão, as ervilhas e as lentilhas, o fígado, os cogumelos e a
gema de ovo (27, 29).
Nos Estados Unidos a ingestão diária recomendada (DRIs) (35) de ácido
fólico é de 400μg para ambos os sexos. Contudo, para as mulheres em idade
fértil, é feita uma recomendação especial de 600 μg/dia, conseguida pela
combinação da ingestão de alimentos ricos em ácido fólico e suplementos ou
através de alimentos fortificados (35, 36). Quanto às recomendações europeias, os
valores oscilam entre 200 e 400 μg de ácido fólico/dia, embora actualmente estas
recomendações estejam a ser discutidas em vários países da Europa, em parte,
devido ao papel que esta vitamina desempenha na diminuição da homocisteína
plasmática (37).
A homocisteína (C4H9NO2S) é um aminoácido sulfurado formado
exclusivamente a partir da desmetilação da metionina proveniente da dieta ou do
seu próprio catabolismo (38).
Conforme mencionado anteriormente, o ácido fólico é essencial na
transferência de um grupo metil (-CH3) durante a reconversão da homocisteína
em metionina. Quando não estão disponíveis as quantidades adequadas desta
vitamina, as concentrações plasmáticas de homocisteína aumentam. Valores
elevados de homocisteína plasmática têm sido relacionados com um aumento do
risco de doenças coronárias, enfarte e doença vascular periférica (31, 36, 39).
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Apesar dos níveis de homocisteína plasmática aumentarem naturalmente
com a idade, existem também outras causas que fazem elevar as concentrações
deste aminoácido no sangue: deficiências vitamínicas (vitamina B6, ácido fólico e
vitamina B12) (38, 40), defeitos genéticos, polimorfismos em enzimas envolvidas no
metabolismo da homocisteína, alterações da função renal e factores relacionados
com o estilo de vida, tais como, os hábitos tabágicos, o consumo elevado de
cafeína e a falta de exercício físico (40, 41).
Contudo, a ingestão alimentar de ácido fólico parece ser o maior
determinante da concentração plasmática de homocisteína (42). De acordo com
algumas publicações, uma ingestão de aproximadamente 400μg de ácido fólico
por dia pode reduzir até 90% as concentrações deste aminoácido na corrente
sanguínea (31, 37).
Além da hiperhomocisteinémia, deficiências em ácido fólico estão também
associadas a outras patologias tais como, carcinomas e defeitos no tubo neural
(DTN) (43).
A relação entre o ácido fólico e DTN foi sugerida pela primeira vez há mais
de cinquenta anos em diversas investigações clínicas. Actualmente o efeito
protector do ácido fólico neste tipo de patologias está já bem estabelecido (44, 45).
Os DTN são malformações congénitas que resultam de uma falha durante o fecho
do tubo neural, na embriogénese. As malformações congénitas na sua
generalidade são as maiores causas de morbilidade e mortalidade infantil,
representando um grave problema de saúde pública (44, 46).
Evidências epidemiológicas têm sugerido que alguns factores ambientais
em interacção com factores genéticos têm um papel crucial no aparecimento de
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
DTN. Dos factores ambientais envolvidos, a nutrição tem sido o maior alvo de
especulações e pesquisas, sobretudo no que diz respeito ao ácido fólico (44, 47).
De acordo com Botto et al (47), os DTN podem ser prevenidos pelo consumo
de quantidades adequadas de ácido fólico, antes e durante o início da gravidez
(47). Alguns estudos apontam que uma ingestão de 400μg de ácido fólico por dia
durante o período pré-concepcional, diminui até 72% a incidência de DTN (46, 47).
Esta recomendação, tal como já mencionado, pode ser conseguida aumentando a
ingestão de alimentos ricos em ácido fólico em conjunto com a toma de
suplementos vitamínicos e/ou alimentos fortificados (48).
Em Portugal, não foram encontrados estudos sobre o ácido fólico e o seu
papel em algumas patologias como as DCV ou as malformações congénitas.
Objectivo
o Avaliar as concentrações de ácido fólico sérico em doentes obesos com forte
aconselhamento para o consumo de hortofrutícolas;
Material e Métodos
1. Amostra
O presente estudo é do tipo descritivo, transversal e inclui 52 doentes que
frequentam a consulta externa de Endocrinologia e Nutrição do Hospital do Divino
Espírito Santo, E.P.E (HDES), escolhidos por conveniência. Como critérios de
inclusão foram considerados: IMC �30 Kg/m2, idade �18 anos, com mais de um
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
ano de seguimento e doseamento analítico de ácido fólico no último ano. Nos
critérios de exclusão consideraram-se a presença de doenças gastrointestinais,
recurso a cirurgia bariátrica, uso de suplementos vitamínicos e minerais e
gravidez.
Todos os doentes incluídos na amostra são seguidos semestralmente na
consulta médica de endocrinologia e mensalmente na consulta de nutrição, uma
vez que são doentes, maioritariamente, com obesidade mórbida. A vigilância
nutricional desses doentes destina-se prioritariamente à restrição calórica com
vista à perda de peso e inclui sempre um forte aconselhamento ao consumo de
hortofrutícolas, com uma recomendação mínima diária de ingestão de 400g de
produtos hortícolas e 300g de fruta, que contém aproximadamente 400�g de
ácido fólico por dia.
Tradicionalmente, a ingestão de hortofrutícolas é estimada através do uso
de questionários de frequência alimentar (QFA), recordação das 24 horas
anteriores ou histórias alimentares (30). Neste estudo não foi aplicado qualquer tipo
de questionário de avaliação da ingestão alimentar aos participantes, sendo
apenas consultado o processo clínico do doente, de forma a avaliar a sua história
e prescrição alimentar.
2. Recolha de dados
A recolha de informação foi realizada no período de um mês (Outubro), em
ambiente de consulta. Foram recolhidas informações relativas a dados
biodemográficos, antropométricos, bioquímicos e clínicos de acordo com o
protocolo descrito no anexo 1.
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2.1. Dados biodemográficos e antropométricos – a recolha dos dados
incluiu, além da idade e sexo, a medição da estatura, realizada utilizando um
estadiómetro da marca SECA®, modelo 220, segundo as normas internacionais. A
leitura foi registada em metros (m) com nível de aproximação à centésima (49).
Os valores de peso foram aferidos segundo técnicas normalizadas, de
acordo com o preconizado internacionalmente, numa balança de plataforma da
marca SECA®, com o doente descalço e com roupa mínima. Estes dados foram
registados em quilogramas (Kg) com aproximação à décima (49).
Calculou-se o índice de Quetelet (Índice de Massa Corporal – IMC), através
da fórmula [Peso (Kg) / Altura2 (m2)], de modo a classificar os doentes de acordo
com os critérios da OMS (1).
O PC foi medido segundo as normas internacionais com uma fita métrica
flexível e não-distensível. Esta medição foi efectuada no ponto médio entre o
bordo inferior da última costela e a crista ilíaca, no fim de uma expiração normal.
Os valores foram registados em centímetros (cm), com um nível de aproximação
à décima (49).
2.2. Parâmetros bioquímicos – os doseamentos séricos foram realizados
pelo laboratório de análises clínicas do HDES, como parte integrante das análises
pedidas por rotina médica, de onde se analisou:
- Bioquímica: a glucose em jejum (mg/dL), o colesterol total (mg/dL), o c-
HDL (mg/dL), o c-LDL (mg/dL), os triglicerídeos (mg/dL);
- Endocrinologia: a insulina (mU/L);
- Estudo de anemias: a ferritina (ng/mL), a vitamina B12 (pg/mL) e o ácido
fólico (nmol/L).
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Os valores de referência utilizados pelo laboratório são os preconizados
internacionalmente, como demonstrado na tabela 1.
2.3. Diagnóstico e antecedentes pessoais - os dados foram obtidos com
base na consulta do processo clínico do doente. As informações recolhidas
incluíram os seguintes diagnósticos: grau de obesidade, HTA, dislipidemia e DM
tipo 2.
3. Análise Estatística
A análise estatística deste estudo foi realizada através do programa SPSS
for Windows, versão 16.0 (Statistical Package for the Social Sciences).
Valores de referência
Glucose 70 - 100 mg/dL
Colesterol total <200 mg/dL
c-HDL >55 mg/dL
c-LDL 0 - 155 mg/dL
Triglicerídeos 35 - 190 mg/dL
Insulina 2 - 25 mU/L
Ferritina 13 - 150 ng/mL
Vitamina B12 240 - 900 pg/mL
Ácido Fólico 7,02 - 40,8 nmol/L
Tabela 1: Valores de referência do laboratório do HDES.
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
A análise estatística descritiva consistiu no cálculo da média e desvio
padrão (dp), no caso das variáveis cardinais, e no cálculo das frequências para as
variáveis nominais e ordinais.
Aplicou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a normalidade das
variáveis cardinais. A generalidade das variáveis cardinais tinha distribuição
normal à excepção da glucose em jejum e da vitamina B12.
Utilizou-se o teste de t-Student para verificar a existência de diferenças
estatisticamente significativas entre sexos, relativamente às médias das variáveis.
Observou-se diferenças estatísticas significativas entre sexos, apenas nas médias
das variáveis bioquímicas triglicerídeos (TG) e ferritina.
O grau de associação entre pares de variáveis cardinais foi avaliado pelo
coeficiente de correlação de Pearson, no caso de ambas terem distribuição
normal, ou pelo coeficiente de correlação de Spearman, nos restantes casos.
Considerou-se (50):
Correlação muito forte quando �R�ou �ρ� pertencem ao intervalo [0,9;1];
Correlação forte quando �R�ou �ρ� pertencem ao intervalo [0,75;0,9[;
Correlação moderada quando �R�ou �ρ� pertencem ao intervalo [0,50;0,75[;
Correlação fraca quando �R�ou �ρ� pertencem ao intervalo [0,25;0,50[;
Correlação muito fraca quando �R�ou �ρ� pertencem ao intervalo [0;0,25[;
Para determinar a dependência entre pares de variáveis nominais utilizou-
se o teste do qui-quadrado.
Considerou-se como nível de significância crítico para a rejeição da
hipótese nula p <0,05.
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Resultados
A amostra do presente estudo foi constituída por 52 indivíduos, 45 do sexo
feminino (86,5%) e 7 do sexo masculino (13,5%), com idades compreendidas
entre os 18 e os 70 anos. A idade média da amostra foi de 45,15 ± 12,82 anos
(média ± dp).
O peso médio da amostra foi de 104,19 ± 19,48 Kg, não se observando
diferenças significativas entre sexos (p> 0,05). O IMC médio observado foi de
40,86 ± 7,55 Kg/m2, com valores mínimos e máximos de 30,29 Kg/m2 e 64,69
Kg/m2, respectivamente (Tabela 2).
O IMC é actualmente considerado a medida mais importante e mais prática
para avaliação e classificação do excesso de peso e obesidade de uma
população, sendo aplicável a ambos os sexos e a todas as idades adultas.
Pela classificação da OMS (1), 42,3% (n=22) dos doentes avaliados
apresentam obesidade grau III (Tabela 3).
Total da Amostra (média ± dp)
Dados Antropométricos
Peso (Kg) 104,19 ± 19,48
IMC (Kg/m2) 40,86 ± 7,55
PC (cm) 113,45 ± 15,07
Tabela 2: Avaliação antropométrica do total da amostra.
13
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Por avaliação do historial clínico dos doentes, 57,7% da população (n=30) é
hipertensa diagnosticada, dos quais 24 são do sexo feminino e 6 do sexo
masculino. Em relação a outros antecedentes pessoais, 36,5% da população
(n=19) tem diagnóstico de dislipidemia, dos quais 15 pertencem ao sexo feminino
e 4 ao sexo masculino. Dos 14 indivíduos com DM tipo 2 diagnosticada, 11 são do
sexo feminino e 3 são do sexo masculino (Organograma 1).
Total da Amostra
(n)
Obesidade grau I
(30,00 – 34,99 Kg/m2) 10
Obesidade grau II
(35,00 – 39,99 Kg/m2) 20
Obesidade grau III
(≥40,00 Kg/m2) 22
Tabela 3: Classificação da amostra por classes de IMC, segundo os critérios da OMS.
Total da
Amostra
(n=52)
HTA
57,7%
(n=30)
Dislipidemia
36,5%
(n=19)
DM tipo 2
26,9%
(n=14)
Sexo Feminino
46,2%
(n=24)
Sexo masculino
11,5%
(n=6)
Sexo Feminino
28,8%
(n=15)
Sexo Masculino
7,7%
(n=4)
Sexo Feminino
21,1%
(n=11)
Sexo Masculino
5,8%
(n=3)
Organograma 1: Distribuição da amostra por antecedentes pessoais de doença.
14
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
46,20%
21,10%
15,40%
5,80%3,80%
11,50%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
Anti-hipertensivos Anti-diabéticos Anti-dislipidemiantes
Fem
Masc
Gráfico 1: Distribuição percentual da terapêutica instituída por sexo.
Relativamente à terapêutica farmacológica instituída, todos os indivíduos
com diagnóstico de HTA (n=30) faziam fármacos anti-hipertensores, assim como
todos os diabéticos diagnosticados faziam anti-diabéticos orais e/ou terapêutica
insulínica. Dos 19 indivíduos com dislipidemia, apenas 9 seguiam uma terapêutica
farmacológica com o intuito de normalizar os níveis de colesterol e triglicerídeos
(Gráfico 1).
Quanto aos parâmetros bioquímicos analisados, evidencia-se uma ligeira
alteração da glucose em jejum (116,75 ± 53,95 mg/dL), em ambos os sexos, o
que já era esperado uma vez que 26,9% da população é diabética. Consideram-
se níveis estáveis de glucose quando esta é inferior ou igual a 100 mg/dL (12).
Em relação ao perfil lipídico, o valor médio de colesterol (193,22 ±
53,98mg/dL) da amostra, está de acordo com os valores recomendados pelo
ATPIII (<200mg/dL), embora se verifique um ligeiro aumento do colesterol no sexo
15
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
masculino (208,43 ± 41,80mg/dL), apesar de não ser estatisticamente significativo
(p>0,05). O valor médio de colesterol HDL (49,13 ± 11,83mg/dL) também se
encontra dentro dos valores de referência (≥40mg/dL), ainda que se verifique um
valor abaixo das recomendações para o sexo masculino (37,33 ± 5,86mg/dL),
sem significado estatístico (p >0,05). Quanto aos valores de colesterol LDL, estes
também se encontram de acordo com as recomendações (100-129mg/dL), em
ambos os sexos (123,52 ± 34,28mg/dL). Relativamente aos triglicerídeos, as
recomendações do ATPIII apontam para valores inferiores a 150mg/dL. Como se
pode verificar na tabela 4, o valor médio para os triglicerídeos está acima do
recomendado (156,18 ± 105,51mg/dL), sendo significativamente mais evidente no
sexo masculino (247,43 ± 139,99mg/dL) (p <0,05) (51).
No que diz respeito à insulinemia, os valores médios da população (18,18 ±
6,9mU/L) estão de acordo com os valores de referência do laboratório que
apontam para valores compreendidos entre 2 e 25mU/L, não havendo diferenças
entre sexos (p >0,05).
No estudo das anemias, os valores médios de ferritina sérica (89,57 ±
86,40ng/mL) estão de acordo com os valores de referência laboratoriais que
apontam para valores compreendidos entre 13 e 150ng/mL, contudo verifica-se
um valor ligeiramente superior para o sexo masculino (214,35 ± 126,38ng/mL) (p
<0,05), que pode ser explicado pelo facto da ferritina variar de acordo com a idade
e o sexo, sendo mais elevada no sexo masculino. Os valores médios de vitamina
B12 (524,35 ± 386,68pg/mL) estão dentro dos valores de referência (240 a
900pg/mL), em ambos os sexos. Por fim, o ácido fólico sérico tem um valor médio
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
de 7,93 ± 3,29 nmol/L, que embora se encontre dentro do intervalo de referência
do laboratório (7,2 a 40,8nmol/L) é considerado um indicador de uma
tendencialmente baixa ingestão de folatos, tal como se verificou no estudo de
Brevik (30).
Verificaram-se alguns parâmetros analíticos com diferenças estatisticamente
significativas entre os sexos, como se pode constatar na tabela 4. Aplicou-se o
teste de Kolmogorov-Smirnov às variáveis cardinais e verificou-se que a glucose
em jejum e a vitamina B12 têm uma distribuição significativamente diferente da
normal (p <0,05).
Sexo Feminino
(média ± dp)
Sexo Masculino
(média ± dp) p
Total Amostra
(média ± dp)
Bioquímica
Glucose mg/dL 117,04 ± 57,14 114,86 ± 28,67 ns 116,75 ± 53,95
Colesterol Total mg/dL 190,74 ± 37,70 208,43 ± 41,80 ns 193,22 ± 53,98
c-HDL mg/dL 50,90 ± 11,54 37,33 ± 5,86 ns 49,13 ± 11,83
c-LDL mg/dL 119,85 ± 33,82 148,00 ± 32,08 ns 123,52 ± 34,28
Triglicerídeos mg/dL 141,33 ± 92,60 247,43 ± 139,99 * 156,18 ± 105,51
Insulina mU/mL 17,25 ± 5,36 23,77 ± 13,35 ns 18,18 ± 6,9
Ferritina ng/mL 69,72 ± 59,28 214,35 ± 126,38 * 89,57 ± 86,40
Vitamina B12 pg/mL 542,93 ± 410,14 407,57 ± 148,51 ns 524,35 ± 386,68
Ácido Fólico nmol/L 7,69 ± 3,13 9,51 ± 4,10 ns 7,93 ± 3,29
*p <0,05 ns: sem significado
Tabela 4: Avaliação bioquímica por sexos e no total da amostra.
17
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
A população em estudo apresentou valores de ácido fólico que variam
entre 3,29 e 20,3 nmol/L, não se verificando diferenças significativas entre sexos.
De acordo com a classificação de Dhonukshe-Rutten et al (37), proposta em 2009,
80,8% da nossa população tem um nível de ácido fólico sérico baixo (<10nmol/L),
11,5% moderado (10 – 15nmol/L) e 7,7% tem um valor favorável (>15nmol/L), tal
como se observa no organograma 2.
A amostra deste estudo é constituída maioritariamente por mulheres, das
quais 62,22% (n=28) se encontram em idade fértil e apenas 37,78% (n=17) estão
em idade não fértil. As mulheres em idade fértil registaram um valor médio de
ácido fólico sérico de 6,96 ± 2,43nmol/L, classificado como baixo (tabela 5).
Ácido fólico sérico
(média ± dp)
Idade fértil (18 - 49 anos) 6,96 ± 2,43
Idade não fértil (≥50 anos) 8,89 ± 3,82
Tabela 5: Valores médios de ácido fólico sérico (nmol/L) nas mulheres, por classe de idades.
Ácido Fólico
(7,93 ± 3,29nmol/L)
Baixo (<10 nmol/L)
80,8% (n=42)
Moderado (10 – 15 nmol/L)
11,5% (n=6)
Favorável (>15 nmol/L)
7,7% (n=4)
Organograma 2: Distribuição da amostra pelo nível de ácido fólico, segundo a classificação de Dhonukshe-Rutten et al (37).
18
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Discussão
Com a realização deste estudo pretendeu-se avaliar os níveis de ácido
fólico sérico em doentes obesos, fortemente aconselhados a consumir
hortofrutícolas como parte integrante da terapêutica nutricional para o tratamento
da obesidade.
Habitualmente é feito um aconselhamento alimentar com dieta hipocalórica,
com vista à perda de peso e com uma recomendação mínima de ingestão de
400g de hortícolas e 300g de fruta (anexo 2).
De acordo com Venn et al (28), o aumento da ingestão de hortofrutícolas (as
principais fontes alimentares de ácido fólico) reflecte-se num aumento significativo
dos níveis de ácido fólico no sangue. Desta forma, o ácido fólico sérico poderia
ser usado como biomarcador da ingestão deste grupo de alimentos, sem os erros
habitualmente associados aos dados alimentares reportados ou auto-reportados
nos questionários de avaliação da ingestão alimentar (29, 30). É disso exemplo, um
estudo realizado no nosso país, em que foi determinado o consumo de sal através
do doseamento da excreção urinária de sódio, uma vez que a sua medição por
avaliação dos perfis nutricionais tem apresentado importantes limitações
metodológicas (52). Também por este motivo, não foi utilizado qualquer tipo de
questionário de avaliação da ingestão alimentar, sendo apenas medidos os níveis
de ácido fólico sérico de todos os doentes.
Diversas publicações têm demonstrado que apesar da elevada ingestão
energética verificada em doentes obesos, podem ocorrer em simultâneo
deficiências nutricionais, sobretudo em relação a algumas vitaminas como é o
caso do ácido fólico (14, 15), revelando-se assim de extrema importância a
19
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
avaliação sistemática do estado vitamínico deste tipo de doentes, para que se
possa intervir nutricionalmente (53).
No presente estudo, os valores de ácido fólico apresentados reflectem
apenas o ácido fólico ingerido nos alimentos, já que nenhum dos doentes estava
a fazer suplementação multivitamínica.
De acordo com a classificação da OMS (1), a maioria dos doentes em
estudo (n=42) apresenta obesidade grau II ou III. Ao estabelecer correlações,
observou-se uma associação inversa entre o IMC e o ácido fólico sérico (R=
-0,030; p >0,05), verificando-se uma tendência para a diminuição do ácido fólico
com o aumento do IMC, tal como se observou em outros estudos (15, 54). Esta
situação pode ser explicada pela baixa ingestão de hortofrutícolas que se tem
verificado na obesidade (14-16, 54).
Neste estudo, a maioria dos indivíduos do sexo feminino e do sexo
masculino apresentaram um PC superior a 88cm e a 102cm respectivamente, o
que de acordo com o ATPIII lhes confere um risco metabólico aumentado (51). Tal
como demonstrado na literatura, também nesta amostra se verificou uma
correlação positiva forte entre o PC e o IMC (R= 0,831; p <0,01) (55).
Muitos destes doentes, devido ao seu elevado peso corporal, foram
enviados à consulta de Endocrinologia e Nutrição para triagem e possível
encaminhamento para cirurgia bariátrica, estando a maioria deles actualmente em
lista de espera para intervenção cirúrgica. Este tipo de intervenção tem-se
mostrado a estratégia mais eficiente no tratamento da obesidade mórbida,
embora a deficiência em alguns micronutrientes resultante deste tipo de cirurgia
gere uma enorme preocupação (53).
20
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
A combinação de uma baixa concentração vitamínica pré-cirúrgica e a má
digestão e/ou má absorção que geralmente surge após a cirurgia bariátrica
tornam estes indivíduos susceptíveis a severas deficiências vitamínicas (14).
A obesidade, sobretudo a abdominal, já constitui por si só um factor de
risco major para as DCV. A situação torna-se ainda mais grave quando estão
presentes outros factores de risco cardiovascular como a dislipidemia, a HTA e a
diabetes.
A dislipidemia afecta 36,5% da população em estudo e é definida como
uma alteração dos lípidos plasmáticos, que se caracteriza por uma diminuição do
c-HDL, aumento do c-LDL e elevação dos TG (56).
Sabe-se que os hortofrutícolas, devido ao seu conteúdo em fibra e
fitoquímicos, têm uma acção hipocolesterolemiante (22), como tal, um baixo
consumo deste tipo de produtos não só conduz a uma diminuição do ácido fólico
sérico como também não ajuda a controlar e/ou melhorar o perfil lipídico. Na
amostra estudada observou-se uma tendência para o aumento do colesterol total
e do c-LDL quando as concentrações de ácido fólico sérico se apresentavam mais
baixas (R= -0,091; p > 0,05 e R= -0,192; p > 0,05, respectivamente). Quanto aos
TG não se verificou qualquer associação com o ácido fólico.
Neste estudo observou-se que mais da metade dos doentes (57,7%)
apresentaram HTA. Contudo, não se verificou qualquer associação entre os níveis
de ácido fólico e a presença de mais este factor de risco cardiovascular. Porém,
na literatura é referido que os indivíduos que consomem mais hortofrutícolas e por
consequência mais ácido fólico têm uma maior redução na pressão sistólica e
diastólica, comparativamente aos que apresentam uma ingestão deficiente desta
vitamina (22).
21
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Foi ainda observado neste estudo, uma frequência de 26,9% de doentes
diabéticos, o que pode explicar a alteração registada nos valores médios de
glucose em jejum (116,75 ± 53,98 mg/dL). De realçar uma tendência para a
diminuição da insulinemia com o aumento dos níveis séricos de ácido fólico (R=
-0,166; p > 0,05), tal como foi demonstrado por Martinez et al (57), apesar de não
se ter obtido uma correlação entre as glicemias e o ácido fólico.
No estudo de Brevik et al (30), que estabelece a relação entre a ingestão
alimentar de ácido fólico com os valores séricos desta vitamina, verificou-se que
um consumo médio de 400g de hortofrutícolas/dia correspondia a uma ingestão
de aproximadamente 200μg de ácido fólico, o que se reflecte num valor sérico de
ácido fólico de 8,5 ± 6,1 nmol/L, valor bastante próximo do obtido no presente
estudo (7,93 ± 3,29 nmol/L).
Apesar de no estudo de Brevik et al (30) não serem mencionados valores de
referência para o ácido fólico, são diversas as publicações que definem intervalos
de referência para esta vitamina do complexo B.
Num estudo realizado por Pfeiffer et al (58), no decorrer do inquérito do
NHANES (1999-2004) nos EUA, foi delimitado como intervalo de referência para o
ácido fólico, valores compreendidos entre 10,4 (Percentil 2,5) e 78,9 nmol/L
(Percentil 97,5). Um outro estudo realizado na Europa, também estabeleceu
valores de referência para o ácido fólico sérico, situando-se estes entre os 10,4
(Percentil 2,5) e 42,2 nmol/L (Percentil 97,5). Já em 2009, uma meta-análise
realizada por Dhonukshe-Rutten et al (37) envolvendo diversos países europeus,
estabeleceu valores de cut-off para o ácido fólico. Estes autores classificaram
como “baixos” valores de ácido fólico inferiores a 10 nmol/L, “moderados” para
22
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
valores situados entre 10 e 15 nmol/L e “favoráveis” quando os valores estão
acima de 15nmol/L (37).
De acordo com qualquer um destes intervalos de referência verifica-se que
os valores médios de ácido fólico da amostra em estudo (7,93 ± 3,29 nmol/L) se
encontram abaixo dos valores mínimos recomendados (10 nmol/L). Ainda na
amostra em estudo e relativamente à classificação de Dhonukshe-Rutten et al (37),
podemos constatar que 80,8% da amostra apresenta níveis baixos de ácido fólico,
11,5% apresenta níveis moderados e apenas 7,7% tem valores de ácido fólico
sérico favoráveis.
Num outro estudo realizado na ilha do Pico, nos Açores (59), foi também
verificada uma ingestão muito baixa de produtos hortícolas e fruta, o que se
reflecte numa ingestão média de folatos de 174 ± 106 μg por dia, valores muito
abaixo das recomendações, que apontam para 400 μg de ácido fólico/dia (35, 36).
De acordo com Martinez et al (57), o ácido fólico sérico parece ser um
biomarcador simples e barato de uma alimentação saudável e um bom predictor
do consumo de hortofrutícolas.
Com base nos valores de ácido fólico sérico obtidos no presente estudo e
de acordo com as recomendações mencionadas anteriormente (35, 36), podemos
deduzir que estes doentes, apesar do forte aconselhamento para o consumo de
hortofrutícolas que recebem na consulta de nutrição, não cumprem o plano
alimentar que lhes foi prescrito.
Actualmente sabe-se que a deficiência em ácido fólico está associada a
diversas patologias entre elas a hiperhomocisteinémia, factor de risco fortemente
correlacionado com as DCV (42, 43, 60).
23
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Sabendo-se que o ácido fólico desempenha um importante papel no
metabolismo da homocisteína (30), a ingestão alimentar desta vitamina acaba por
ser determinante na diminuição das concentrações sanguíneas de homocisteína
(42), facto importante visto que, a diminuição de 1μmol/L na homocisteína
plasmática pode estar associado a uma redução de 10% no risco de desenvolver
DCV (54).
Sendo os hortofrutícolas as maiores fontes alimentares de ácido fólico, um
elevado consumo deste grupo de alimentos também pode ser benéfico na
diminuição do risco das DCV (21), não só devido ao aumento do ácido fólico sérico
resultante da ingestão dos hortofrutícolas, mas também pela associação destes
alimentos a estilos de vida saudáveis (22). Realça-se ainda o facto do consumo de
produtos hortícolas e frutas estar também associado a uma redução da ingestão
de substâncias prejudiciais à saúde como é o caso do sal e da gordura saturada
(24, 28).
No presente estudo não se efectuaram medições da homocisteína
plasmática, contudo pelo facto destes doentes serem obesos, com várias co-
morbilidades associadas e com baixos níveis de ácido fólico sérico, pode-se
depreender que esta população apresenta elevado risco cardiovascular.
Os níveis séricos de ácido fólico desta população também parecem estar
correlacionados com a idade (ρ =0,309; p <0,05), verificando-se que as mulheres
em idade fértil (18 aos 49 anos), apresentam concentrações mais baixas de ácido
fólico (6,96 ± 2,43 nmol/L) do que as mulheres em idade não fértil (8,89 ± 3,82
nmol/L), tal como se verificou no estudo de Kimmons et al (15). Esta situação
desperta alguma preocupação visto que o ácido fólico também desempenha um
24
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
papel muito importante na prevenção de malformações congénitas, como é o
caso dos DTN (44, 45).
Um estudo realizado por Cymbron et al (61) mostrou que a prevalência de
malformações congénitas na ilha de São Miguel, Açores, é bastante elevada (9.02
a cada 1000 nados vivos), situando-se entre as mais elevadas da Europa (61). Esta
situação poderá estar relacionada não só com a elevada consanguinidade
existente na região mas também, embora não tenha sido estudado, com o baixo
consumo de alimentos ricos em ácido fólico registado nessa população (59).
Apesar de todos os benefícios resultantes de uma alimentação rica em
ácido fólico, sabe-se que os folatos que ocorrem naturalmente nos alimentos têm
uma menor biodisponibilidade do que o ácido fólico utilizado na fortificação de
alguns alimentos, como os cereais de pequeno-almoço e algumas farinhas, e nos
suplementos vitamínicos (32). Sendo assim, a combinação da ingestão de
alimentos naturalmente ricos em ácido fólico e a utilização destes alimentos
fortificados e/ou suplementos, têm se revelado estratégias eficazes na redução da
incidência e prevenção primária dos DTN (62-64). A fortificação de alimentos com
ácido fólico tem-se mostrado eficaz não só na prevenção de DTN como também
na redução dos níveis de homocisteína plasmática, mostrando um potencial
benefício na redução do risco cardiovascular (62).
Em suma, sendo a população deste estudo maioritariamente constituída
por mulheres em idade fértil, com elevados factores de risco cardiovascular e com
níveis de ácido fólico sérico abaixo dos mínimos recomendados, a utilização de
alimentos fortificados e/ou suplementos vitamínicos, poderia constituir uma mais
valia no tratamento desta carência nutricional e na prevenção das patologias a ela
associadas.
25
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Limitações do estudo
Neste estudo observaram-se diversas associações entre o ácido fólico e os
vários parâmetros antropométricos e bioquímicos, porém estas correlações
apresentaram-se na sua maioria fracas, facto que se pode dever ao número
reduzido de indivíduos da amostra.
A existência de escassos estudos que abordem este tema condicionou a
interpretação dos resultados por não haver base de comparação com populações
semelhantes à população em estudo.
Conclusões
Os resultados obtidos permitem concluir que apesar de nos encontrarmos
numa era de excessos alimentares – marcada pela elevada prevalência da
obesidade – começam, no entanto, a surgir indícios de que estes excessos
coexistem com profundas e graves deficiências nutricionais e alimentares.
Têm sido vários os estudos que descrevem défices de determinados
micronutrientes em doentes obesos, entre eles o ácido fólico. A deficiência desta
vitamina, essencial em diversos processos metabólicos, está amplamente
correlacionada com o risco de DCV e DTN.
Por tal, fomos estudar a eventual deficiência de ácido fólico em doentes
obesos, seguidos na consulta de nutrição há mais de um ano, onde recebem um
forte e constante aconselhamento alimentar para o consumo de produtos ricos
neste micronutriente.
26
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Os baixos níveis de ácido fólico sérico registados permitem-nos concluir
que, apesar destes doentes viverem numa região onde existe uma enorme
disponibilidade alimentar de hortofrutícolas, o consumo deste grupo de alimentos
continua a ser muito baixo, tal como se tinha constatado em outros estudos
realizados na região (19, 20).
De salientar que estes doentes pertencem a uma população, a população
Açoriana, onde existe uma elevada prevalência de DCV e DTN. A preocupação
com esta última patologia torna-se ainda maior, uma vez que a amostra em
estudo é constituída maioritariamente por mulheres em idade fértil, que registaram
valores ainda mais baixos de ácido fólico sérico do que as mulheres em idade não
fértil.
Os resultados obtidos evidenciam a necessidade de implementação de
medidas preventivas com o objectivo de combater esta deficiência alimentar e
nutricional. As medidas a adoptar não deverão incidir apenas em populações
obesas, mas também noutros grupos risco, como as mulheres em idade fértil, aos
quais se deveria divulgar a importância desta vitamina e os principais problemas
associados à sua carência.
Sem dúvida que a promoção do consumo de hortofrutícolas deve continuar
a ser feita, embora com mais intensidade. Contudo, persiste a necessidade de se
implementarem outras medidas mais eficazes na correcção desta deficiência
nutricional, como a fortificação de alguns dos alimentos mais consumidos pela
população desta região.
É de conhecimento geral, que muitas das patologias que se observam no
futuro se devem aos maus hábitos alimentares durante a infância. Assim sendo, a
nossa intervenção como profissionais de saúde junto da população mais jovem,
27
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
adquire um papel de grande importância, não só no combate aos excessos
alimentares que se têm verificado, mas também na detecção e correcção de
algumas deficiências alimentares e nutricionais que podem conduzir a graves
problemas de saúde no futuro.
Compete-nos por último levantar a dúvida e levá-la à discussão, se não
seria da máxima pertinência e importância para a saúde pública, começar a
proceder a uma política de suplementação desta vitamina, sobretudo nos grupos
de maior risco.
A adopção destas medidas poderá não só prevenir o aparecimento de
algumas patologias como também incutir estilos de vida mais saudáveis à
população.
Surge assim, no limiar do século XXI um paradoxo a quem desenvolve a
sua actividade como nutricionista, a desnutrição pouco obvia de alguns
micronutrientes mascarada pelos excessos alimentares que se verificam cada vez
com mais frequência na nossa sociedade, exigindo assim subtileza e perspicácia
na detecção clínica destas particularidades.
28
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Referências Bibliográficas
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Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Anexos
37
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Índice de Anexos
Anexo 1 .............................................................................................................. 1
Anexo 2 .............................................................................................................. 3
a1
Anexo 1
Protocolo de recolha de dados
a2
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Hospital do Divino Espírito Santo – Ponta Delgada
Serviço de Endocrinologia e Nutrição
Nome:
Idade:
Antecedentes Pessoais:
HTA ����
Dislipidemia ����
DM tipo__ ����
Outros ���� Quais?_______________
Medicação:
-
-
-
-
Peso: ____Kg PC: ____ cm
Altura: __,___m IMC: _____Kg/m2
Parâmetros Bioquímicos
Data:
Glucose (mg/dL)
Colesterol Total (mg/dL):
c-HDL (mg/dL):
c-LDL (mg/dL):
Triglicerídeos (mg/dL):
Insulina (mU/L):
Ferritina (ng/mL):
Vitamina B12 (pg/mL):
Ácido Fólico (nmol/L):
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
a3
Anexo 2
Plano Alimentar
a4
Tânia Sousa Parece – FCNAUP Porto, 2009
Plano Alimentar
Pequeno-almoço
- 1 pão com 1 fatia fina de queijo magro ou 1 fatia fina de fiambre de peru ou frango + 1 copo de leite meio gordo
ao qual pode adicionar uma colher de chá de cevada, sem açúcar.
Merenda da Manhã
- 1 iogurte líquido ou sólido magro + ½ pão ou 2 bolachas de água e sal redondas ou 1 tosta
Almoço
- 1 sopa de legumes (quantidade por pessoa para 2 refeições): 3 chávenas almoçadeiras (300g) de legumes e
hortaliças (cenoura, abóbora, couve, nabos, couve-flor, brócolos, agrião, espinafres, feijão verde, tomate, entre
outros) + 2 batatas pequenas do tamanho de um ovo ou 1 mão de feijão ou grão (30g) ou 1 mão de arroz ou
massa (20g) + 1 colher de chá de azeite (5g).
- Prato: 100g de carne ou peixe limpos de peles e gorduras visíveis + 3 colheres de sopa rasas de arroz ou massa
ou 4 colheres de sopa rasas de feijão ou grão ou favas + 100g de legumes e hortaliças.
- 1 peça de fruta: maçã, pêra, laranja, tangerina, ameixa, pêssego, ananás (100g) ou melão, melancia (duas fatias
médias), morangos (200g) ou 1 banana, 12 uvas (50g) ou 125 ml de sumo de fruta natural
Merenda da tarde
- 1 peça de fruta + ½ pão ou 2 bolachas de água e sal redondas ou 1 tosta
Jantar
- Sopa de legumes + prato com 100g de carne ou peixe limpos de peles e gorduras visíveis + 100g de legumes e
hortaliças + 1 peça de fruta
Ceia
- 1 copo de leite meio gordo