Cifras
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CIFRAS
Aluno: Bruno Oliveira
Curso: Música
Período: 2010.2
Disciplina: Percepção Harmônica
Prof.: Maria Aída
Departamento de Música
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
Origens históricas
A cifragem de baixos remota do renascimento tardio, com o interesse dos músicos da época
nos modelos gregos antigos da monodia acompanhada.
Foi utilizada a principio nas canções populares para grafar um acompanhamento executado
na maioria das vezes por um instrumento de cordas dedilhadas. Posteriormente a música sacra
incorporou o conceito de melodia acompanhada nas liturgia indo de encontro com as
tendências artísticas então vigentes.
O uso do baixo cifrado ganhou rápida popularidade devido sua praticidade. Não era mais
preciso ler uma grade com inumeras vozes de um coro para atingir um determinado efeito
harmonico/melódico. Possibilitando assim o surgimento de novas formas musicais como, por
exemplo, recitativos.
A principio a cifra so indicava se o acorde era menor ou maior, com o tempo o baixo cifrado
foi incorporando novos sinais de acordo com a evolução da notação e da harmonia em si, até
alcançar sua forma mais complexa no final do período barroco, inclusive permitindo
improvisos.
Um exemplo de um recitativo de J.S. Bach (1685-1750), da cantata “Wachet auf, ruft uns die Stimme” BWV 140 .
Cifragem numérica x cifragem alfa-numérica
Com o advento do classicismo a forma melodia/acompanhamento foi perdendo espaço em
dentrimento de novas formas musicais complexas com foco na polifonia como, por exemplo,
as sinfonias. Com o passar do tempo, as orquestras foram crescendo e incorporando vários
instrumentos, os instrumentos de acompanhamento como o orgão ou o alaúde/teorba
praticamente sumiram da música de concerto.
Somente a partir do início do sec. XX, com o surgimento de novos estilos musicais como o
blues e por conseqüência, o jazz, que a música popular ganhou novas proporções dentro da
midia. Tais formas tinham como características principais uma melodia sobre um
acompanhamento em um instrumento harmônico, principalmente a guitarra para o blues e o
piano para o jazz. Já o baixo cifrado já se tornara impraticável dentro da música de concerto
com o desenvolvimento do pantonalismo, e posteriormente o atonalismo e o serialismo.
Baixo cifrado x melodia cifrada
Tais formas, principalmente o jazz requeriam uma notação em que o músico podesse
executar acordes tão rapidamente quanto os lesse, sem se prender na armadura de clave.
Como o jazz é um estilo em que uma de suas principais características são as mudanças de tom
constantes, o sistema de baixo cifrado não era adequado devido aos inúmeros acidentes que
apareceriam de uma modulação para a outra. O baixo perdera sua função no que diz respetio
da definição harmonica de um determinado trecho musical, enfatizando assim seu caráter
ritmco e possibilitando ao baixista desenvolver um improviso livre dentro da harmonia.
Com isso os músicos da época desenvolveram o sistema de cifragem alfa-numérica, que
funciona da seguinte maneira: Em determinado compasso, grafa-se com letras maiúsculas a
nota fundamental do acorde que deve soar naquele momento, depois grafa-se ao lado a terça
(se for maior, tornou-se comum não ser grafado com o objetivo de tornar o sistema o mais
claro e objetivo o possivel) e em seguida as tensões e dissonâncias.
Como o sistema se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos, foi adotado os nomes
das notas musicais que eram usados nos paises de língua anglo-saxônica. Sendo assim,
façamos um paralelo dos nomes da notas:
Um exemplo de uma cifra alfa-numérica:
C-7Maj7
Nesta cífra, lê-se “Dó menor com sétima maior”. Devido a essa praticidade, o sistema da
cifragem alfa-numérica ganhou rapida popularidade, sobretudo no campo da música popular.
Outro aspecto que colocou a cifragem alfa-numérica em alta foi o de que era de fácil
aprendizado, possibilitando assim que pessoas sem conhecimento de teoria músical podesse
aprender uma notação musical, e sobretudo por que essa notação era adequada a transcrição
das mais diversas canções populares surgidas no sec. XX e até mesmo no sec. XXI.
Nomes das notas nos países com línguas de origem ânglo-saxônicas.
Nome das notas nos países com línguas de origem latina.
C Dó (Ut para o francês)
D Ré
E Mi
F Fá
G Sol
A Lá
B Si
Problemas da utilização
Cada um dos sistemas tem seus problemas particulares na utilização.
No baixo cifrado, talvez o grande problema esteja em que o executante deve possuir uma
grande habilidade de leitura e um bom conhecimento harmônico da peça em que ele toca.
Bem como ter um grau de familiaridade elevado com o instrumento que toca, fazendo deste
método de grande dificuldade para músicos iniciantes e intermediários.
Já na cifragem-alfa numérica, o maior problema está na ausência do registro do aspecto
rítimco de determinado trecho. Outro problema é que devido a facilidade e rápida
disceminação deste método de notação, é muito comum o surgimento de transcriões
erroneas, bem como uma grande falta de conscenso entre as editoras/escolas de música no
que diz respeito aos simbolos aplicados aos acordes, havendo assim divergencias entre
notações de editoras diferentes, causando confusão para o leitor.
Simbologia
O método de baixo cifrado consiste na exposição dos intervalos formados pelos acordes
acima, ou abaixo da nota do baixo. Quando o acorde está em seu estado fundamental e dentro
da harmonia, nada se grafa. Já qunado surgem inversões ou modulações, essas são expostas
(quando esses acidentes não estão na nota do baixo). Quando altera-se a terça, é grafado um
sinal de sustenido(♯), bemol(♭) ou beuqadro( ), dependendo da modulação, já para, quartas
quintas, sextas e sétimas, acrescenta-se o numero do intervalo (4 para quartas, 5 para quintas
e assim por diante) mais o acidente, dependendo também se a nota foi aumentada ou
diminuida.
Um exemplo extraído do coral de J.S. Bach(1685-1750), da cantata “Alles nur nach gottes Willen” BWV 72.
O método alfa-numérico de cifragem se foca em expor a forma do acorde, independente
dele estar ou não dentro da tonalidade. Sendo assim, pega-se a harmonia vigente em
determinado momento da música. Este é um método em que se tem exposta no simbolo toda
a estrutura do acorde, se é maior ou menor, e suas tensões.
Geralmente usam-se os seguintes sinais:
“-“ ou “m” para designar um acorde menor
“Maj7” e “7” para “sétima maior” e “sétima menor”, respectivamente
“(5b)”, “(7b)”, “(11#)” e “(12#)” para “quinta diminuta”, “sétima diminuta”, “quarta
aumentada” e “quinta aumentada”, respectivamente. (estes são largamente usados entre
parêntesis devido ao caráter dissonante desses intervalos)
“ma6” e “6” para “sexta maior” e “sexta menor”, respectivamente.
“(9b)”, “9” e “(9#) para “nona menor”, “nona maior” e “nona aumentada”, respectivamente.
As nonas menores e aumentadas são dissonancias largamente usadas no jazz.
Um exemplo da canção “Satin Doll” composta por Duke Ellington(1899-1974).
Variações das cifras encontradas na literatura
Desde o surgimento da escrita musical, nunca houve nenhuma entidade reconhecida
mundialmente que estabelecesse padrões de notação. Por isso, tem-se diferentes modos de
simbolizar eventos harmonicos de acordo com a localização e escola músical.
Há divergências, por exemplo, de símbolos usados em escolas como a Berklee College of
Music e o método usado no Brasil, consolidado principalmente por Almir Chediak(1950-2003)
em seus inumeros livros de transcrisões de canções dos mais diversos compositores da música
popular brasileira. Um desses casos é a grafação do acorde menor, que pela Berklee é grafado
com um sinal de “menos” (-), enquanto é grafado com um “m” minúsculo por Chediak. Outro
caso curioso é a divergencia entre a notação da sétima maior, enquanto que muitos músicos
populares e songbooks americanos usam a letra grega “delta” (Δ) maiúsculo, a Berklee utiliza
em seus métodos o Maj7 (lê-se “major seventh”, “sétima maior” em inglês).
Referências bibliográficas
SADIE. Stanley (ed.); The Norton/Grove Concise Encyclopedia of Music. W. W. Norton &
Company; New York; 1988
WAITE, Brian. Modern Jazz Piano. A Study in Harmony and improvisation. New
York/London/Sydney/Cologne: Wise Publications, 1987.
GUEST, Ian. Arranjo. Método Prático. Vol 1. Editado por Almir Chediak. Rio de Janeiro:
Lumiar Editora.
CHEDIAK, Almir. Harmonia & Improvisação. Vol 1. 7ª Edição revisada. Rio de Janeiro: Lumiar
Editora, 1986.