Círculo Bíblico 08 de Março

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LUCAS 9. 18-27 Certa vez Jesus estava sozinho, orando, e os discípulos chegaram perto dele. Então ele perguntou: — Quem o povo diz que eu sou? Eles responderam: — Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas antigos que ressuscitou. — E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? — perguntou Jesus. Pedro respondeu: — O Messias que Deus enviou. Então Jesus proibiu os discípulos de contarem isso a qualquer pessoa. E continuou: — O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será ressuscitado. Depois disse a todos: — Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto cada dia para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira. O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira e ser destruído? Pois, se alguém tiver vergonha de mim e do meu ensinamento, então o Filho do Homem também terá vergonha dessa pessoa, quando ele vier na sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos. Eu afirmo a vocês que estão aqui algumas pessoas que não morrerão antes de ver o Reino de Deus. ESTUDO De acordo com os demais evangelhos, Jesus estava na região de Cesaréia de Filipe. Nesse lugar remoto, o Senhor encontrou a solidão e o silêncio que havia buscado até então. Não se dirigiu à cidade, mas às “aldeias ao redor”. Ali, pode conversar intimamente com os apóstolos. Assim como fez antes de escolher os doze, ali Jesus também ora neste importante momento, no qual vai se revelar aos discípulos como o Messias enviado por Deus. Os doze precisavam ser preparados para a sua paixão e morte em Jerusalém. Aos trinta e dois anos de idade, Jesus precisava comunicar aos discípulos que sua morte se aproximava. A expressão “apenas os discípulos estavam com ele” é sinal de que os discípulos participavam dessa oração de Jesus, sendo que ele não falava abertamente sobre assuntos mais importantes na frente de pessoas comuns; somente com os seus discípulos. Inicialmente, Jesus levou os discípulos a relatar as diversas opiniões que corriam entre o povo sobre ele; palavras que haviam ouvido durante sua trajetória de pregação. Os apóstolos relatam que o povo acreditava que Jesus era João Batista; Elias; um dos profetas (cf. Lc 9.8), e até mesmo Jeremias (cf. Mt 16.14). Ainda outros acreditavam que era o precursor do Messias. Perguntando a respeito da opinião que circulava no povo, Jesus abriu espaço para contar-lhes quem ele era e como ele cumpriria sua tarefa de Messias.

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Estudo bíblico sobre o Evangelho de Lucas

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LUCAS 9. 18-27Certa vez Jesus estava sozinho, orando, e os discípulos chegaram perto dele. Então ele perguntou: — Quem o povo diz que eu sou?

Eles responderam: — Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas antigos que ressuscitou.

— E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? — perguntou Jesus. Pedro respondeu: — O Messias que Deus enviou.

Então Jesus proibiu os discípulos de contarem isso a qualquer pessoa.

E continuou: — O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será ressuscitado.

Depois disse a todos: — Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto cada dia para morrer como eu vou morrer e me acompanhe.

Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira.

O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira e ser destruído?

Pois, se alguém tiver vergonha de mim e do meu ensinamento, então o Filho do Homem também terá vergonha dessa pessoa, quando ele vier na sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos.

Eu afirmo a vocês que estão aqui algumas pessoas que não morrerão antes de ver o Reino de Deus.

ESTUDODe acordo com os demais evangelhos, Jesus estava na região de Cesaréia de Filipe. Nesse lugar remoto, o Senhor encontrou a solidão e o silêncio que havia buscado até então. Não se dirigiu à cidade, mas às “aldeias ao redor”. Ali, pode conversar intimamente com os apóstolos. Assim como fez antes de escolher os doze, ali Jesus também ora neste importante momento, no qual vai se revelar aos discípulos como o Messias enviado por Deus.

Os doze precisavam ser preparados para a sua paixão e morte em Jerusalém. Aos trinta e dois anos de idade, Jesus precisava comunicar aos discípulos que sua morte se aproximava.

A expressão “apenas os discípulos estavam com ele” é sinal de que os discípulos participavam dessa oração de Jesus, sendo que ele não falava abertamente sobre assuntos mais importantes na frente de pessoas comuns; somente com os seus discípulos.

Inicialmente, Jesus levou os discípulos a relatar as diversas opiniões que corriam entre o povo sobre ele; palavras que haviam ouvido durante sua trajetória de pregação. Os apóstolos relatam que o povo acreditava que Jesus era João Batista; Elias; um dos profetas (cf. Lc 9.8), e até mesmo Jeremias (cf. Mt 16.14). Ainda outros acreditavam que era o precursor do Messias.

Perguntando a respeito da opinião que circulava no povo, Jesus abriu espaço para contar-lhes quem ele era e como ele cumpriria sua tarefa de Messias.

Depois que Jesus ouviu a opinião do povo, escutou da boca de Pedro, representante dos apóstolos, o testemunho de sua fé pessoal e viva: eles o consideram “o Cristo de Deus”.

Essa confissão de Pedro é transmitida de diversas maneiras pelos evangelhos sinóticos:

1. Mateus escreve “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”; 2. Marcos: “Tu és o Cristo”; 3. Lucas, Jesus é “o Cristo de Deus”. 4. Em João 6.69 a confissão é: “Tu és o santo de Deus”.

Essas importantes palavras de Pedro são o centro e da confissão de fé de todos nós ainda hoje. Como cristãos, não podemos aceitar outro Deus, senão aquele que se mostrou ao mundo por meio de Jesus.

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Outro detalhe importante: Jesus proibiu, momentaneamente, os discípulos de contarem ao povo que ele é o Cristo de Deus. Esta informação só será aberta ao povo depois que o Senhor for pregado à cruz, por pressão do Sinédrio, o grupo daquelas pessoas que, em função de seu conhecimento e posição no mundo religioso da época, deveriam, obrigatoriamente, reconhecê-lo como Filho de Deus.

O Sinédrio (ou alto conselho) era formado por 71 membros de três tipos de categorias:

1) Os sumo sacerdotes, entre os quais estavam o sumo sacerdote atual e os que já haviam exercido a função. A eles agregavam-se os membros das poucas famílias que eram consideradas dignas do sumo sacerdócio.

2) Os anciãos, que eram as famílias israelitas cuja genealogia podia comprovar com segurança a pureza de sua origem israelita e cujas filhas tinham o direito de casar com sacerdotes.

3) Os escribas, mais precisamente aqueles que tinham a incumbência de copiar o texto da lei, mas que em breve receberam a fama de serem os únicos que possuíam o conhecimento necessário para explicar a lei; eram tidos como especialistas da lei por profissão.

No entanto, era preciso que a pedra fosse rejeitada pelos construtores para que se tornasse a pedra angular escolhida (Sl 118.22). A confissão de Pedro a respeito de Jesus, o Cristo de Deus, chegou à plenitude somente depois do Pentecostes, quando ele anunciou publicamente: “Todo o povo de Israel deve ficar bem certo de que este Jesus que vocês crucificaram é aquele que Deus tornou Senhor e Messias” (At 2.36).

No prosseguimento deste texto bíblico, aparecem falas interessantes:

1) Negar-se a si mesmo: significa despedir-se. Dar adeus à vontade própria, às inclinações e aos desejos pessoais, essa é a “negação de si mesmo” que nos cabe realizar. Negar-se a si mesmo significa viver como se não nos importássemos mais conosco e com nossa vontade.

2) Tomar sobre si a cruz: refere-se ao fardo que devemos nos dispor a carregar. A cruz é a mais infame pena de morte que jamais existiu. Jesus compromete os seus com a morte. Ao mostrar-lhes o desfecho que esperava por ele em Jerusalém, anunciou-lhes: “Minha cruz mostra a vocês para onde eu conduzo. Vocês estão seguindo atrás de mim como expulsos, malditos, condenados à morte, iguais àqueles que carregam sua cruz para o local de execuções. Para essas pessoas, o mundo passou e a vida está encerrada; o que ainda têm diante de si é somente infâmia, dor e morte”.

A disposição de um seguidor do Senhor de contribuir pessoalmente para o desfecho penoso da vida dificilmente pode ser melhor explicada do que por meio da figura do condenado que carrega a cruz; afinal, não há qualquer dúvida de que está indo ao encontro sofrimento e da morte.

3) Siga-me: é o caminho que nos cabe percorrer, é andar a cada instante o caminho traçado por Cristo e em cada passo seguir as pegadas dele. Não se trata de sacrifício pessoal ou santificação; nada de acordo com o nosso próprio arbítrio! A vontade humana é sacrificada e passamos a viver guiados pela vontade de Deus.

Segundo Jesus, “...quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por minha causa, esse a salvará”; cada um dos caminhos leva a pessoa justamente ao alvo oposto ao que parecia levá-la; ou seja, apenas entregando a si mesmo a Cristo o ser humano pode corresponder a essa profunda lei da existência humana.

Jesus lembra: “Pois que aproveita a um ser humano ganhar o mundo inteiro, mas vier a perder-se ou a sofrer dano? Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do Homem quando vier em sua glória e na do Pai e dos santos anjos”.

Logo após a ameaçadora promessa de juízo, Jesus promete que alguns daqueles que estão presentes não experimentarão a morte até terem visto o reino de Deus.

Logo em seguida, todos os evangelhos encerram este discurso iniciando o relato da “Transfiguração de Jesus”, que, provavelmente, seja um aperitivo do que vem a ser o Reino de Deus!