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l' ACI'LDADE DA CIDADE Sumário E~('()I.A DE ]OR:-;ALlSMO PA LO FRA:'\CIS I)IIIETOIIES - Paula Levy e Ronaldo Lapa 1'/11111 11/11 AI,1111 Picrrc, Albenides Ramos, Álvaro Caldas, Angélica I 11111111111', AIII Aluncd , Bcrnardo Medeiros, Bia Falbo, Carlos Moreno, Célio I 11111"1 , 1)1111' Pol icani, Diuna Damasceno, Dylmo Elias, Eliane Carvalho, I 11 I( ,li' 1101,Fl'll101llllo l Ior.ício, Fcrnando Pereira, Graça l3arreiros,Jacqueline 11111111. jll,lI, Itlllllholl,Jo'c: Haroldo,José Luiz Sombra, Leda Nagle, Leneide I 1110111', I li' 1.1 Jl.lli ilh.t, Márcia Lopcs, Marcylene Capper, Maria Lúcia Gomes 01, 1\111111 ,1\1111111'11,1 Cuqucjo, Marly Cerqueira, Mary-Andy, Mônica Machado, 1\111\ I "'11 ••• N"'OII I urnasccno, Paula Levy, Paulo Magalhães, Regina I3raga, 1'110111 1\111,1111111, Rouuldo Lapa, Sidnei Amaral, Sidney Garambone, Sílvia 1'11111111,1, /.t.,,\ l.inhnrcs. Apresentação 7 Pl(OJIi'l'O MULTITEXTO E HIPERMÍDIA A pauta 11 Luciano de Moraes Coluna social 25 Ana Maria Ramalho SllPERVISAo - Ronuldo Lapa Colunismo político 43 Ancelmo Gois COOl(J)E:'\AJ)()R - Fcrnando Pereira Apuração, edição e fechamento 55 Amaldo César I'/((»)I''I'() (,JI,\F1CO E CAPA - Marta Damas I 1\'01 /(111 S>t!VI.I 1000g.ldo, Adriana Kahl, Ricardo Anclracle e Sandra Dib. A revolução da infografia 73 Ary Moraes o jornalismo do futuro 79 Carlos Lemos c..1I.d"J.:.I~JO11.1 rOI1C(' \ll'I'A/l'l'I\~II,N'I'() NAOONAL 1)0 LIVRO I /lI 11\,)00 01,' 1"",,11,,"111, I I P.lld" l lvnruju« 1\11111" 111, 1"1 ,li ,I, /l," ,'" ),"11" ro ' 1,1111101"01,, .I" ( ,01,"1". I')'IH, o caso Veja Rio 87 Fábio Rodrigues I' tlll ISIIN M~ 111') 11111 I R 'P rtagem policial 99 Luarlind TIme to I '""1,111 "'" I 11101"" 'li 11111 I (\11111'"11,1',,,1111111111'1''' 11 1,1"1101,,,1, 01,1 1101,,01, 1 111I 111111) 11 Escola d ' jorr alis: o 11 Jl,lldo I klll'iqll(' Amorim

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l' ACI'LDADE DA CIDADE SumárioE~('()I.A DE ]OR:-;ALlSMO PA LO FRA:'\CIS

I)IIIETOIIES - Paula Levy e Ronaldo Lapa

1'/11111 11/11 AI,1111 Picrrc, Albenides Ramos, Álvaro Caldas, AngélicaI 11111111111',AIII Aluncd , Bcrnardo Medeiros, Bia Falbo, Carlos Moreno, Célio

I 11111"1 , 1)1111' Pol icani, Diuna Damasceno, Dylmo Elias, Eliane Carvalho,I 11 I ( ,li' 1101,Fl'll101llllo l Ior.ício, Fcrnando Pereira, Graça l3arreiros,Jacqueline

11111111. jll,lI, Itlllllholl,Jo'c: Haroldo,José Luiz Sombra, Leda Nagle, LeneideI 1110111', I li' 1.1 Jl.lli ilh.t, Márcia Lopcs, Marcylene Capper, Maria Lúcia Gomes01, 1\111111 ,1\1111111'11,1Cuqucjo, Marly Cerqueira, Mary-Andy, Mônica Machado,

1\111\ I "'11 ••• N"'OII I urnasccno, Paula Levy, Paulo Magalhães, Regina I3raga,1'110111 1\111,1111111,Rouuldo Lapa, Sidnei Amaral, Sidney Garambone, Sílvia1'11111111,1, /.t.,,\ l.inhnrcs.

Apresentação 7

Pl(OJIi'l'O MULTITEXTO E HIPERMÍDIA

A pauta 11Luciano de Moraes

Coluna social 25Ana Maria Ramalho

SllPERVISAo - Ronuldo Lapa

Colunismo político 43Ancelmo Gois

COOl(J)E:'\AJ)()R - Fcrnando PereiraApuração, edição e fechamento 55

Amaldo CésarI'/((»)I''I'() (,JI,\F1CO E CAPA - Marta Damas

I 1\'01 /(111 S>t!VI.I 1000g.ldo, Adriana Kahl, Ricardo Anclracle e Sandra Dib.

A revolução da infografia 73Ary Moraes

o jornalismo do futuro 79Carlos Lemos

c..1I.d"J.:.I~JO11.1rOI1C('\ll'I'A/l'l'I\~II,N'I'() NAOONAL 1)0 LIVRO

I /lI11\,)00 01,' 1"",,11,,"111, I I P.lld" l lvnruju«

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o caso Veja Rio 87Fábio Rodrigues

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ISIIN M~ 111') 11111 I R 'P rtagem policial 99Luarlind TIme toI '""1,111 "'" I 11101"" 'li 11111 I

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1 111I 11 1111) 11Escola d ' jorr alis: o 11

Jl,lldo I klll'iqll(' Amorim

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ROllaldo Lapa e Feruando Pereira

I .I! 111,1" para somente então propor as ordens de ser-11 II dl.iria que dão a partida para a confecção de

, 111.1II()I i .iário, de cada edição de jornal.I'. 1l()rtantO, ao grande pauteiro Luciano de Moraes

I '1"1'111de li amos este trabalho. A contribuição deI IIt !'III() .tI r este número, artigo cujos originais eleI' , ,,11('" ;'1 ós t r descoberto a doença que o manteria111 I '111I ,li iza 10 até seu falecimento, no último dia de1')1) / St'11l r 'visão dos originais, é nossa homena-)"'111.11)(01 'ga.

NI)" () produto está agora em suas mãos. Não pre-It 1IIII'II1(),' (t' .har nenhuma posição, queremos ape-111, Iuo: ,l'.'uir c m o debate, Bom proveito,

A pauta

Luciano de Moraes

H!III.t1do l.a] a e Fernando Pereira,tll}'.!III/.\ lore ,

A PAUTA em um jornal, revista, emissora de TV ourádio é uma ordem de serviço, Ela serve como umaindicação para o trabalho d; repórter. Deve conterum resumo do fato, com todos os dados possíveis, equestionamentos, para ajudar e instigar o repórter afazer uma boa matéria.

Na redação, hierarquicamente acima do pauteiroe tá o chefe de reportagem. É ele quem controla otrabalho do repórter, o cumprimento das pautas e'orno as coisas se desenrolam durante o dia na reda-.ã • O repórter tem uma relação também perma-

11 -nre com outra figura hierarquicamente acima, ov licor, pois todas as matérias que serão publicadasI 'I .n I m dele, em última instância,

1.\1 i IIlO de Montes - Um dos mais conhecidos repórteres/

p.uuc-iros lc xliroria local que já uruuram na imprensa carioca.

dl,cI'lllIl 7 IIIlOS cI ' sua vida ao Jornalismo. rendo trabalhado1'111)IIIII.II~ 101111l() ;/o/;Q, () Di 1,./01'/1(// rio omnrercio, na sucur-

,li di' () 1:',/./110 di' S;o J'III//O,.I01'/1 d rio Brnsi! ~ 'IV ,/0/;0, Famoso111111'I'~ I IIlq:lI\ IlIlI 11il 11111puru "upur.rr" 11111,(J'1l1l11l.1:1I1'(('lI

1"'"1'1111'"11',1111 111I.01011 1')1)/, 11m (v] '"11', dI' 1I1.lcll'. VIIIII'".I. I 111111I

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A pautaLuciano de M oraes

( >,' r 'I órreres, muitas vezes, auxiliam diretamen-li' li Iral alho do pauteiro fazendo propostas de pau-1.1, S"O os r I órteres que estão na rua, são eles que'I 1('111 a emoção da notícia, que têm contato com as

1(llllt'S, I ortanto eles são ricas fontes de informação11.11.1 os I aut iros. As pautas apresentadas pelos re-IlClllt'lt'S são apenas sugestões, a princípio não são1,.11,1 ,('rem .urnpridas.

I' cl.iro 1ue nem todas as pautas são aceitas, porIII,IIS (,1.11ora Ias que elas sejam feitas pelos repórte-11 " P,I\II -iro ou mesmo editores, Diariamente, nos1"111,11,', h,í uma reunião em que se discute com o( d 11111 o lU' vale a pena ou não ser coberto,

J.I LI,o I aura há uns 15 anos. Trabalhei noJB comoI1 1)( II1 ('/ t' I au tiro. Também passei por O Globo, ondeII I '( IIu.mu ~ um pouquinho diferente, porque o11,IlIlt'IIO (;1% n uito mais do que somente a pauta.I III.dIIH'llt " '!TI O Dia, o trabalho é mais fácil, pois1111,11'1110,' IllC cXI lorar muito menos tem,3S..A sele-1,111I' Itlll i10 I raior, dado que O Dia é um jornal mais111 111li, Por t' '111J 10, se faço vinte itens de J;2auta, O1>1.1 11.10 v.i] uprov ·itar nem dez! Diferentemente daI' IlIltI II"t' lazi,1 110JB mO Globo, al rumas su r -

1111' di' jl.l\IIí1S d -ixan os I h I , I or lU' a hamo11111 I I. lI! vu lc íI jlt'J1é1 rcn ct 'r ao 'h {e ele 1''1orta r -rn

I' 11 I '.1'1('111llllllprid,IS, ( ut.ras, nós adiamos I ara ()

,11,1 ('.",II;lIlt·. 11.1 ("I ('ral\ ,I d(' '1\1(' ('1.1,' sr: v.rlor izc-r».1\1.1 1111111.1, ••lI! '.1'11('1,111.1., 11('10 jllOjlll1l <11.1-" dl,l. S

11'11111, 11,1111.1',011111.1, «1"1' 1'''.111 Illelo IIII,IS

mas durante o dia, se acontecer um grande incên-dio, por exemplo, paramos tudo e vamos cobrir oacidente. E, muitas vezes, no dia seguinte, aquelaexcelente pauta já caducou.

Os jornais têm um grande problema de espaço,principalmente O Dia. É uma realidade com a qualnão se pode brigar, até porque a culpa ~dos espaçospequenos é dos anúncios, que pagam o salário de todomundo. Por isso, a red~ção do espaço editorial é umacoisa ruim, mas necessárIa e indIscutÍvel. As vezes,-matérias que podem ser adiadas, acabam ficando ve-lhas, não são aproveitadas e influem um pouquinhono noticiário. O que acontece nos jornais hoje, é que1 s estão muito em cima do dia-a-dia e da violência.

Raramente vemos uma matéria ais ;la~ a e olue não falta é tema para este tipo de co er ure::

Para quem está interessado em ser pauteiro, fazerI aura, não há nenhum segredo nem mistério. Uma1 oa comparação nesta área do jornalismo é com am -di ina. Há uns cinqüenta anos, era o clínico ge-r.rl lU .m fazia tudo. Desde uma operação na gar-,':lllttl, at / uma no apêndice. Hoje temos médicos('SI t' ial i tas só em dedo! Os conhecimentos cresce-r.u n ianro, qu fica impossível alguém fazer tudoi ....o sozinho, A Imito apenas que é difícil encontrar-III()' 1',1111 -iros muito jov n nos jornais.,O pauteiroclt' ('11'111111.1 «:rt,u'X] .riên .ia a .urnulada. É acé bom'1"1' .I IH' ,(1,1 j,í u',d,tI (cilo v.irius .oisas 110 jornal,.11111', dI' ,I~ 011111;1.1 p.IIII.I,

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que a suíte é necessária até para se dizer que nãoaconteceu nada de novo, ao invés de não noticiarnada.

Lembro que uma vez, fizemos uma matéria nãofactual, que poderia ser-adiada, sobre magia ne-gra. Era o caso de uma

. .m eru na que surn ru noMéier. Ela apareceu dro-gada, com a roupa vesti-da pelo avesso e com umaIulseira verde. Eram indícios de que ela havia par-ticipado de um ritual de magia negra. Este é umIpico assunto que deve ser prosseguido, porque ren-le boas matérias. ~Fui atrás deste tema porque al-

guns anos antes, em 1979, havia ocorrido um casosimilar na cidade de Cantagalo. Um menino foi sa-c rificado num ritual de magia realizado em umafaz .nda. A polícia descobriu e prendeu os culpa-los. A população se revoltou, invadiu a delegacia,

Iinchou os acusados e incendiou a delegacia. Prati-r .un -nre acabaram com a cidade. Ou seja, a maté-I ia '1' 'S "u, foi uma seqüência. .

I~I1l r ' os 111 io mais utilizadós para se formar a pau-t.l, I r.idio 'S .uta olab~ra muito pouco. É bom para odi.I-" di., I lU .avisa o lU táa ontecendo na.horA (OIlU' m.iis in I orranrc I ara a lauta ão

11"(' (1I('g.1I1l .10,' jorunis t', prilH il <11111('11((-"-, ""'=a~""'-ll-I-Íí-I

ti ( '. J ( 1111.11'" 1'/ 11" (,I ('" f'" / ('111 11(li I ( i.l' 11111 j I () S 111 iS ('111

Luciano de Moraes

( ) 111(.' mo acontece no jornal. No começo, o jor-lI.tI onrava com um secretário de""iedação e uns cin-11I (111 s 'i r pórteres. Quando entrei em O Dia, logo11' I(' foi fundado, o esquema era esse. O s:cretário deI (11.1 ,10, que hoje é uma função da qual ninguém111.11 lembra, era uma espécie de Deus do jornal.i\l.llldava fazer, acompanhava a matéria e depois ia11.11.1 .1 of .ina editar as páginas. Mas o jornalismo( ulu iu , {oram criadas as editorias,pos jornalistas se(' -11('( j.t! i~. As editorias de economia e política,IHII «xcmplo, são muito específicas e precisam de11111.1 ('quil especializ~a, com editor específico e, 111 ti H~111 'SI ecializado em cada assunto, Essa diver-

I f 11.1 .ro obrigou a cada uma dessas editorias a ter

1111','/ ,"'l'~~1'.11'.1 S' azer uma boa pauta, a primeira coisa que

.1(· (' t' colo 'ar são as suítes, repercutir o que acon-- - (

"'( eu 'I() dia ant rior. Na história do jornalismo bra-dI 11 () It,í cx ',1 nres matérias, reportagens que vira-

1.1111 I .1111 )a~a. e que começaram como suítes de.tlfllo 1I111ilílSV'Z nem tão importante, que foi no-, 11 i.u lu, AI ~111 lis o, a pior coisa num jornal é um.1 •• 111110 .um ir. ( leitor cava inrer ssado em um11'111.1,1('11 :11 '111 .\ .oi a no prim iro dia, no gun-,I( I 1,1" 1111.'(:1 o jOJ"lwl I ensan 10 I a ]ujJ( . S ' o as un-

"1 'I. (I (01 (' 1'1()I''\do, S(' /lHO houv 'r, I ,10 m 'nos, fi

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A paut a

o secretário de redação,que hoje é uma funçãoque ninguém maislembra, era uma espéciede Deus do jornal.

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Luciano de MoraeJ A pauta

imitar a matéria anterior para se ver livre mais rápi-do do trabalho. Lendo a matéria já escrita, o repór-ter também se sente na obrigação de apurar mais, deescrever melhor do que o que já foi publicado. Hoje,acho que o ideal é filtraressa matéria antiga e fazeruma pauta cOr:2.,entada.

Quando fui para' oJB,Opauteiro era o Fernando

abeira, tempos depois ele foi obrigado a desapare-.er por ter participado do seqüestro do embaixadornorte-americano. O JB, que era o grande jornal daépoca, me chamou para ficar no lugar dele. Eu fuis .rn nenhum outro interesse porque trabalhar lá, paramim, já era uma promoção.Li as pautas do Gaheira,eram excelentes, mas impossíveis de se executar.EI<: screvia muito bem, fazia uma coisa poética, en-,l;raçada, gostosa, mas você chegava ao lugar e não( ons guia fazer nada daquilo!

AI auta deve dar indicações objetivas, não adian-t,I ti iz r: "Vamos ouvir o Presidente da República",II"l' is o não vai acontecer. Não podemos criar um,011110 lU' no fim do dia não renda nada e não dê

111,1 tt~rin 1 ara o jornal. As vezes acontece de o repór-t ('J i r para a rua om um p dido absurdo, mas nesse( ,\',(),() I 0111 rq ór 'r qu o ab urdo e procura o -1.lllliltllO Ivl',

11,1' olunas, que podem ser transformadas em boas

A, olunas ão as principais fontes de pautas, ~próprio jornal em que trabalhamos. Entre

,I me-lhores está, por exemplo, a do Rjcardo Boechat,dI' () ;/0/;0, Outra grande ajuda para a pauta é se ter

,III().' 'cort~de matérias antigas. Esta é uma ma-Ili,1 qu ' to o pauteiro eve ter. u arquivo váriasIll.ltl'ria aleatoriamente, tenho tudo em casa para\It ti izar 1 o futuro.

A 1 ri !TI ira pessoa que fez pauta no Rio foi o AlvesPIIIIl('iro. Ele não dava nenhuma indicação. Pena queCIJC)lll<tlimo é uma profissão sem memória, portan-til, 11,10 l 'mos mais essas pautas para compararmos1 IlIII () 'lU" fazemos hoje. O Alves Pinheiro foi chefeI Ic'I('1><>n ag m de O Globo durante 35 anos! Isso nuncac', I IIII! (; .ralrnente chefe de reportagem dura dois,I1 c' ;tIlOS 110 máximo. Ele ajudou a fazer O Globo,111.1. Ilillgll~m se lembra mais dele! Ele chegava aoJlllll,d ,I IIrna I ra da manhã e saía às seis da tarde.'1'11111.1 unut 'aI rn ta com tudo ueeratel 01

t.tI ('i', ,I I rim .ira a r nda do Rio. As autas d 1 ramI('C011('.' I, iornai 'ola los m folhas. Em cima da-q Ii 11" (' q \1(' nós ía mo rabalhar. D pois '. 1.I C "lcII .rr junro <kssa lau la , on 1, .olava os r' .or '5,

,tI!'IIIII,I' illcli :tI o('s (1(, IV '011 -s. Isso nITo se filz n ais," ...

Pena que o jornalismo éuma profissão semmemória ...

I li 1I C I' 11' 11.1() li ,I I('111 pn. P,I.', ,11110.' :t ('.' ( rt:V ( 'I :t.' J ,11 II :t, ,

1'111111 (11)1 dll"I"llllC'il() .I I.l/c'l !,,',O J{(·CC)ll.lllllo('11.1,111111111 JCIII.,d .Iuv ClIHllll1ll1cl.ld(, ,111 1('lullI 'I dc

I' '(1',',0 (11.11, c OlllO ' VInllo, o C;ISO d(' 11m militar,11111 cdl<l,tI '1"C' tOI IIIptc'('l1dido I.II':C·Jlt!O ,'t' () (0111

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A pauta

que a Geral é, na minha opinião, muito mais rica doque as outras editorias, que ficam restritas a um de-terminado assunto.

Uma das~ de se fazer, por in-.rível que pareça, é a deultura. Esse tipo de ma-

~ 'na tem que ser feito porum repórter com muitojogo de cintura, para nãodar aula. No jornal exi~e a ditadura dos anúncios.Não se pode fazer uma matéria grande, bonita, dosI (' 'os do Centro da Cidade, por exemplo, porque se.1 noite acontecer um assassinato, a matéria de cul-I 11ra vai cai r! Vai para a gaveta, o edi tor vai guardarp.ira, quem sabe, um dia publicar.

A I aura é uma coisa estritamente profissional. NãoIlc'vt' ser mostrada, nem comentada com ninguém.

I ()Jl > U, uma vez comigo, um episódio com oI\lll'ola. Fiz uma pauta enorme sobre a Cocea, que era11111orgão que vendia alimentos para as escolas. Era aIII,IIO/" roubalheira do mundo! Eu era pauteiro, masIC',111 i ir a uma escola para perguntar qual era o rou-1111,I OJ'tju . ningué m falava sobre isso. A diretora me111I1'011()I! 111 '1 nota fiscal da merenda escolar. PegueiI "I II()I 01e' (ui I .squi ar os re os num açoug~e, numal " I. 011LI (' em lois SUl rm r a 10 . A abei sco rin-I III (/lI!' (I,' pn '(.:OS Il('S ' 'S 1ugar 'S eram d 50% a 60%111.11,11')10110"Ele', .Ii,l 1.1rxravum 'omprando I or ara-I 11 111,1111,1').1,elc' 1.1 ('I 111.11h.II.II() .riru] •.! (,()IO<jIH'i

Luciano de Moraes

nu: ro homem dentro de um carro no Rio deJaneiro.A, r 'vistas e os jornais se perderam e não consegui-1,111arrumar nada, porque eles mandavam os jorna-11 LtS Iara a casa do militar. É obvio que ele nuncac'~I.lva m casa e a mulher dele não atendia ninguém.(>, rq órreres acabaram falando com vizinhos, comIIIIl jornaleiro que tinha em frente da casa do mili-1,11, .orn pessoas que apenas davam opiniões. Uma(1.1,' .on qüências dessa cobertura foi o tiro no pneue\lH' () .arro do JB levou. Para cumprir a pauta, oIl'p(>ft 'f hegou a alugar um uniforme da Marinha e11l()1I lima foto abraçando um outro homem! Um,dI, 111'10, que aconteceu pelo erro de cobrarem uma/1.1111<1irnj ossível. Ele tinha que mostrar que os ca-1,1"crnn da Marinha e achou um recurso pouco éti-

I li, 1\1 ' ludibriou, enganou o leitor.l\ss " j didos impossíveis têm uma forte ligação

e1lI11 -ssa ob~ ssão de dar um furo, mas hoje em dia é1111111() raro conseguir um furo de verdade. O queI.I~.1m '511 a matéria ser diferente é a forma como foiIC' i1.1,

(.IlIISi 1 'r o lugar mais importante do jornal a(1(t!lloria icral. Dianãotmessa ditoria imaelc' ,ido i 'o A J .ral 'dilui, in lui mat'ria-º.a Bai-,'oIcl,l, Mnp' Nova IJ'utl ou) ue ão lu 'ar 'S !TI iirolI! (I" ('/11 I lít ias OW\I1 10 (.damos dcss -s III 'ar -s,\1I'11'"III\(), () ('111violên: iu, mas (\ Bnix:\ Ia l'lumiuens«11leI c' ." )('11.1',I',',CI N()v.1 1,'11.1\11,jl()1 c' (1111lo, ('111111111111 11111,1el'l.IIIICI CI Hill! I',do I li 1',110111111<;11.11

Hoje em dia é muito rarose conseguir um furo deverdade.

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Luciano de M oraes A pauta

) I II<10 is O na pauta e o repórter foi fazer a matéria nodi.1 svguinre. Quando ele foi falar com o governador1.I'()11-l Brizola, ele se defendeu dizendo que todo mun-d() í.rlava de roubo mas ninguém provava nada. O re-I )(11I 'r \ rovou mostrando os preços e o Brizola pegou.1 p.iut a. Foi uma coisa séria, ele acabou brigando com() .Iin-tor doJE, Nascimento Brito e queria de qual-(I' IVI" j 'j tO a minha cabeça e a do repórter! Esse episó-ti I() 10 i m ui tO sério e a Cocea foi fechada em função(1(','(1 matéria.

POrLal1tO, a pauta é muito pessoal. Se faço umaP,1I1Id 1 ara um repórter que conheço, eu posso brin-( .11, P -dindo para ele provar a loucura do César Maia,l " li V '('111110. Mas um repórter que eu não conheçapot!v mostrar a pauta ao entrevist~do! É um poucodI' 1II, I '11 Ii lade do repórter, acho que raramente seriall(lI 111.í-r~que ele viria a abrir para a fonte as críri-I ,I~, ,IS -st rarégias e até as brincadeiras que o pauteiroII()!I,' I.\Z 'r .m uma pauta.

A Jlrlllf n clO-;jp.r:tl<: é completamente diferente da1,,1111.1 101t cl 'vi ão. N, TV não há pauteiro e simjlll)!IIII()/'. ,a pauta indica as coisas e o r -11(11f('('v.liv'obr'., a ul1tOnãolr i a rconv r-••!I 1(1,N:I (vi 'visão I âo -xi rc j, (),lJor lU 'o r 'I órrcr,11,111'.1li 1.11\(0 nao (~IZ íl r<:jortagcIYI, ]U'J11 tHZ ~ ()

11IIHlllfl)l, (\ I'lv '1"('111 vai oml inur (lido 'ot n 0('11-II1 ,j,.t,lIlo, 1I!.\l1 :11ílll()I,1 t',. 'dIIVid:Il', () l'q 01'('1 jíí,til( ,IfI' II 'j"l' ,\I pl 'I ,1',11111.11I N, I() (' f () II 111('11() P 1<'

Illldfllllllllll I1 I di 11·11' 1,,111, ,lI ,111111'1'11' (,1(, plI'( 1,1

/ ser muito mais ator do que repórter. Ele precisa~ tografar bem, ser bonito. As emissoras discriminamo repórteres que são feios. Se na pauta de televisãoestiver escrito o número de um apartamento errado,o r pórter vol ta dizendoIII ' não encontrou! No As emissoras

Jornal não, se o repórter discriminam os11,10achar o número, ele repórteres que são feios.pro ura em volta, per-,J;lll1ta, fuça mesmo, mas não volta sem a matéria,

() J roblema é que na televisão não se pode deixar11111(' [uiparnenro ficar ocioso, pois ele é muito caro.I )I11,1 .ârnera custa 40, 50 mil dólares, Então o re-111111'r t m que ir na certa, Em função disso, a ma-11'11.1( 1 roduzida. Já o repórter de jornal tem que serti t/I'II'IH t: Se ele sair para apurar uma matéria em'1111' ,I 1 aura mande ir a um lugar ouvir alguém e, no1111jo d() .arninho, ele descobre que o melhor é ouvir111111,1íont " o repórter de jornal tem a liberdade de, 11' 1('(l'r () 1 rimeiro e ir entrevistar a nova fonte queI 11 '" ('( ,I iIlg" d repórter indicou, Na televisão isso

I1111lI( lt!l' aro( t c r, porque está previamente mar-III1I 1(1111() cnrr .visrado e o repórter não pode dei-111'1(' (',pl'ral1 I( ou lar um bolo. Então, se ele não

II I I 1111'11'jií 'S ava .ombina 10, não tem matéria!NII IllIlI,tI, I nuru não ~ lima obrigação, o r pórter

I III '(".1 11('1.1jlill'iI (()J11 '(,:ar, I11é1So .arn inho ~ ,I,1"' 11II,z, N,J 1(,11' i ,I(), I('III(),' 1111,'vi nt.c ,ISSIII1I()S '()111II III "11111"1)'('111 (111() l'dllOI pill ""11 u c ()II

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Luaauo de lliloraes

(I • 1'\ ' I ~11'111Iq' ru, uno t' lima I '11 Ia eXala,a a a o . Ul11.1',(1 N.«: h,í rranclc r'} ór rcs. Na v rdad ,o qu11.1 ,11l, rran I .s .han es. E cada um tem a sua!

( ) II.tI alho na Iauta é muito interessante e grati-111,1111(,. Mas uma reco-11l('11<1.1'(lOimportante édi' 1\IIV o I au te iro não1"11lI' t' afa rar da rua. ÉI I1'111(' 1 om a ompanharI IC'Il()rlag .m , pegar o

I 11I() do jori al e dar uma1111.1, por ]UC não você se desatualiza, as coisas rnu-

,1.1111d(' lugar e você se perde e perde a condição mí-111111.1dv um om paureiro, que é de estar bem infor-1I1.lelo, 'i nronizado com a realidade.

l-rn.rlm .ntc conselho: nunca devemos pautar, ou1" ,111 ,I .1I I ti ~m que faça uma coisa, que nós mesmos1I111,OlllOS íqaz sdefazer.

1\ p.l\ll;\ está f ita: vamos para a rua cumprir!

t 1'1.11ro > manda fazer aqueles. Só trabalhei em rele-",,10 por necessidade econômica, porque paga mais,

I .u luando não agüentei. A cobrança é muito gran-elc'. lisse tipo de coisa massacra muito o jornalista,IlIll qll' amos responsáveis por tudo.

A figura mais importante do jornal é o repórter.N.I ulevi ão isto não acontece. Se o repórter for ruim,li I,ti iLOr I ode cortar a matéria e editar de uma ma-1I('II'jl lU' ela fique ótima. Tendo imagens, o editor\l<ldv t ran formar a matéria do jeito que ele achar1l\('lhor. A sim como no jornal o importante é o tex-(<l, nn t .\ 'visão são as imagens.

A iml r nsa brasileira cultua alguns mitos sobreI li111.'r 'I órter s, mas alguns apenas apuram melhor.( ).1 n ,'anhou um prêmio graças a um repórter, que1'1.1() melhor do Rio, que conseguiu mostrar como aj,olllh;\ 10 Riocentro detonou! Na realidade, quem11(, 1.1gal1har o prêmio era ele. Mas esse repórter só1.1' '''lla matéria por ano e isso para o jornal é muitoIlIllI( o. N ingu ~mviv de gênio! Há estagiários que('II( 1.1111110 jornal de manhã e saem à noite, fazem1I111.1"tI\I;\"11at~ria I r dia, mas são muito mai út isI .11.I () j () I' 1\; 11, 10 Iu . o g 1\ nio Ia b m b . j 1a Ião11111111111(- muito mais 'I il 10 11 o "ar, juc J .va

1111'1\'11'111.\unos 1<11'(\ lcs '01 rir lima fón H1ln rnarc-111.11te .I!

I~III 1" i 111 íl i(l I~ i ro. I,'iII.d il.(l (':,f(' ;11'(i}l,o I (·tI i lido

Ire 1111.11"".1 1.1/1'1.d}I.IIIII.I·' (lI I ('I .11lI(''' (', d('llCII, I d.1111111,111111 () ICIIII.dl 11111I 11111,11111111,111ti"(' 11'\11

o Jornalismo é umaprofissão que não temregra, não é uma ciênciaexata, cada caso é umcaso.

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