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    Fernand BraudelCivilizao Material, Economia e Capitalismo - Sculos XV a XVIII

    !tulo ori"inal CIVI#IS$ I%& $M '(IE##E, 'C%&%MIE E )$*+$##E - ome++ #eseicv de lEc.an"e

    Cop/ri".t )e0 #i1raire $rmand Colin2 *aris, +343 Cop/rz".t#ivraria Martin, Fontes Editora #ida2,So *aulo, +3-35, para apresente edio l edio 6aneiro de +335 raduoeima Costa(eviso da traduoMaria Ermantina 7alvo 72 *ereira (eviso "r89icaMaria de F8tima Cavallaro $"naldo $lves de %liveira *roduo "r89ica7eraldo $lves:ados Internacionais de Catalo"ao na *u1lica8o )CI*0 )C;niaraBrasileira do#ivro, S*, Brasil0Braudel, Fernand, +3?2Civilizao material, economia e capitalismo@ sculos XV-XVIII A FernandBraudel traduo eima Costa2 - So *aulo @ Martins Fontes, +335,

    !tulo ori"inal@ Civilition matrielle, conomie er capitalisme2%1ra em D v2Contedo@ V +2 $s estruturas do cotidiano @ o poss!vel e o imposs!vel -v2 =2 %s 6o"os das trocas2lSB& >?-DD5--3 )v2 +0 - ISB& >?-DD5-

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    9eiras do outro, a Pvida materialP, a no-economia, so1 o si"noo1cecante da auto-su9iciQncia2 $ economia comea no limiar do valor detroca2*rocurei, neste se"undo volume, analisar o con6unto dos 6o"os da troca,desde o escam1o elementar at, e inclusive, o mais so9isticadocapitalismo2 *artindo de uma descrio to atenta e neutra Nuantoposs!vel, tentei apreender re"ularidades e mecanismos, uma espcie de

    .istHria econmica "eral )tal como .8 uma "eo"ra9ia "eral0, ou, para Nuempre9erir outras lin"ua"ens, uma tipolo"ia, ou um modelo, ou ainda uma"ramdtica capaz de 9iOar pelo menos o sentido de al"umas palavrasc.ave,de al"umas realidades evidentes, sem Nue, todavia, esta .istHria "eralse6a de

    0er9eito, sem Nue a tipolo"ia proposta se6a peremptHria, so1retudo comNueo modelo possa ser de al"uma 9orma matematizado e veri9icado, "ram8ticanos ten.a dado a c.ave de uma lin"ua"em ou de um discurso 0, e istosupondo Nue tal discurso eOista e se6a su9icientemente i"ual atrapo e doespao2 :e um modo "eral, tratou-se de um es9oro de inteli"i1iarecon.ecer articulaRes, evoluRes e, tam1m, as 9oras imensas Nue ordemtradicional e as PviolQncias inertesP de Nue 9ala ean-*aul Sartre2 um

    estudo situado na 6uno do social, do pol!tico e do econmico2 al rumo,o nico mtodo era a o1servao, repetida at cansar os ol.os, diversasciQncias do .omem, mais ainda a comparao sistem8tica, a o daseOperiQncias da mesma natureza sem temer demasiado, por meio s Nue nomudam muito, Nue o anacronismo nos pre"asse peas Nuando 8riascon9rontaRes2 ' o mtodo comparativo Nue Marc Bloc. mais rea e NuepratiNuei se"undo uma perspectiva da lon"a durao2 &a 9ase iossoscon.ecimentos, muitos dados compar8veis nos so o9erecidos atrapo eatravs do espao, a ponto de termos a impresso de proceder noOperiQncias comparadas, nascidas ao sa1or do acaso, mas Nuase a eOpe2s2Constru!, portanto, um livro a meio camin.o entre a .istHria,inspimordial, e outras ciQncias do .omem2con9ronto entre modelo e o1servao, o Nue encontrei constantemente

    isistente oposio entre uma economia de troca normal e muitas vezesiatural, dir-se-ia no sculo XVIII0 e uma economia superior, so9isticada,dir-se-ia no sculo XVIII02Estou certo de Nue esta diviso tan"!vel, ntes e os .omens, os atos, asmentalidades no so os mesmos nos di9eires da construo2 Tue as re"rasda economia de mercado Nue se enconrtos n!veis, tais como as descreve aeconomia cl8ssica, atuam muito mais so1 o seu aspecto de livreconcorrQncia na zona superior, Nue a dos a especulao2 $! comea umazona de som1ra, de contraluz, de ativiaiciados Nue creio estar na raiz doNue nos dado compreender so1 a pitalismo, sendo este uma acumulao depoder )Nue 1aseia a troca nude 9ora, tanto e mais do Nue nareciprocidade das necessidades0, um @U social, inevit8vel ou no, comotantos outros2 Em suma, .8 uma .iemundo mercantil mesmo Nue, ali8s comoem NualNuer outra .ierarNuia, superiores no possam eOistir sem os

    andares in9eriores em Nue se apHiam2 os, en9im, Nue, mesmo a1aiOo dastrocas, aNuilo a Nue c.amei vida a 9alta de mel.or eOpresso, constitui,durante os sculos do $ncien (na mais espessa de todas2o ac.ar8 o leitor discut!vel - mais discut!vel ainda do Nue estaoposio s andares da economia - Nue eu ten.a utilizado a palavracapitalismo iar o andar mais elevadoW $ palavra capitalismo sH aparecetardiamente turidade e em sua 9ora eOplosiva, com o princ!pio do sculoXX2 &o2dvida de Nue ela 9icou marcada em seu sentido pro9undo pela datade Wiro nascimento, e lan8-la de supeto entre +

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    anacronismoW le, isso no me pertur1a muito2 %s .istoriadores inventampalavras, rHdesi"nar retrospectivamente seus pro1lemas e seus per!odos@ a"uerra

    dos Cem $nos, o (enascimento, o Gumanismo, a (e9orma222 *ara essa zonaNue no a verdadeira economia de mercado, mas tantas vezes a sua 9rancacontradio, eu precisava de uma palavra especial2 E aNuela Nue seapresentava de modo irresist!vel era mesmo capitalismo2 *or Nue no seservir desta palavra evocadora de ima"ens, esNuecendo todas as discussResacaloradas Nue ela levantou e ainda levantaWSe"undo as re"ras Nue presidem J construo de NualNuer modelo, 9uiprudentemente, neste livro, do simples para o compleOo2 % Nue associedades econmicas de outrora o9erecem sem di9iculdades a uma primeirao1servao o Nue em "eral se c.ama circulao ou economia de mercado2Empen.ei-me, portanto, nos dois primeiros cap!tulos - P%s instrumentos datrocaP e P$ economia em 9ace do mercadoP -, em descrever os mercados, amascatea"em, as lo6as, as 9eiras, as 1olsas222 :ecerto com pormenores amais2 E tentei discernir al"umas re"ras da troca, se Nue .8 re"ras2 %sdois cap!tulos se"uintes - P% capitalismo em casa al.eiaP e P%capitalismo em casaP - a1ordam, J mar"em da circulao, os pro1lemas

    di9usos da produo de9inem tam1m, o Nue era indispens8vel, o sentidodessas palavras decisivas no de1ate Nue aceitamos@ capital, capitalista,capitalismo 9inalmente, tentam situar setorialmente o capitalismo,devendo essa Ptipolo"iaP revelarl.e os limites e, lo"icamente, desvelar-l.e a natureza2 Ento teremos c.e"ado ao cerne de nossas di9iculdades,no ao termo de nossa la1uta2Km ltimo cap!tulo, na realidade talvez o mais necess8rio, P$ sociedadeou o con6unto dos con6untosP, tenta recolocar a economia e o capitalismono conteOto "eral da realidade social, 9ora do Nual nada pode assumirpleno si"ni9icado2Mas descrever, analisar, comparar, eOplicar colocar-se Nuase sempre9ora da narrativa .istHrica, i"norar ou Nue1rar, como Nue por capric.o,os tempos cont!nuos da .istHria2 %ra, esses tempos eOistem voltaremos a

    encontr8-los no terceiro e ltimo livro desta o1ra@ % tempo do mundo2Ficaremos portanto, nas p8"inas do presente volume, numa 9ase prvia emNue o tempo no respeitado em sua continuidade cronolH"ica, masutilizado como meio de o1servao2&em por isso a min.a tare9a 9icou simpli9icada2 (ecomecei Nuatro, cincovezes os cap!tulos Nue compRem este livro2 $presentei-os oralmente noColl"e de tio a paFrance e na 'cole des Gautes 'tudes2 Escrevi-os etornei a escrevQ-los de 9Y vio2 Genri Matisse, contou-me um dos seusami"os Nue posou para ele, tin.a o .81ito de recomear dez vezes cada umdos seus desen.os, lanando-os no cesto de papis, dia apHs dia, paraapenas conservar o ltimo, em Nue pensava ter encontrado en9im a pureza ea simplicidade do seu trao2 &o sou Genri Matisse, in9elizmente2 E nemseNuer ten.o certeza de Nue a min.a ltima redao se6a a mais clara, amais con9orme ao Nue penso ou tento pensar2 *ara me consolar, repeti para

    mim mesmo a 9rase de um .istoriador in"lQs, Frederic 2 Maitland )+>>40@P$ simplicidade no o ponto de partida, mas o o16etivoP, Js vezes, comal"uma sorte, o ponto de c.e"ada2

    Cap!tulo -+

    %S I&S(KMIE&%S :$ (%C$$ economia, J primeira vista, consiste em duas enormes zonas@ a produo,o consumo2 $Nui tudo aca1a e se destrHi, ali tudo comea e recomea2 PKma

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    sociedadeP, escreveu MarO, no pode parar de produzir, tal como no podepa rar de consumir2P Verdade 1anal2 *roud.on diz Nuase a mesma coisaNuando a9irma Nue tra1al.ar e comer so a nica 9inalidade aparente do.omem2 Mas entre esses dois universos se insinua um terceiro, estreitomas vivaz como um rio, tam1m recon.ec!vel J primeira vista@ a troca ou,se se pre9erir, a economia de mercado- imper9eita, descont!nua, mas 68 coerciva durante os sculos Nue este

    livro estuda, e se"uramente revolucion8ria2 &um con6unto Nue tendeo1stinadamente para um eNuil!1rio rotineiro e sH sai dele para a elevoltar, a zona da mudana e das inovaRes2 MarO a denomina es9era dacircula2 #ocamin.o, portanto tardiamente, e nunca, con9orme as diversas re"iRes, adata nem da mesma maneira2 &o .8, portanto, .istHria simples e linearvolvimento dos mercados2 &esse ponto o tradicional, o arcaico, omoder0dern!ssimo esto lado a lado2 $inda .o6e2 ' certo Nue 98cilconse"uir ia"ens si"ni9icativas, mas no 98cil, mesmo no Nue se re9ereJ Europa, , ile"iado, situ8-las com eOatido relativamente umas Jsoutras2esta di9iculdade, de certo modo insinuante, tam1m do 9ato de o nosso o

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    o1servao, do sculo XV ao XVIII, ser ainda um tempo insu9icienteW deo1servao ideal deveria estender-se a todos os mercados do mundo,ori"ens at os nossos dias2 Foi o imenso dom!nio 68 de1atido pela paiOota de [arl*olan/i32 Mas en"lo1ar numa mesma eOplicao os pseudomerBa1ilniaanti"a, os circuitos de troca dos primitivos das il.as ro1riand osmercados da Europa medieval e pr-industrial, ser8 isso poss!velW &o

    namente convencido disso2como 9or, no vamos, de in!cio, encerrar-nos em eOplicaRes "erais2 Coospor descrever2 *rimeiro a Europa, testemun.o essencial Nue con.eceior doNue os outros2 :epois a no-Europa, pois nen.uma descrio nos umprinc!pio de eOplicao v8lido se no desse e9etivamente a volta ao

    Veneza, ponte de (ialto2 Tuadro de Carpaccio, +32 )Veneza, $cademia,clic.7iraudon20

    @ $S E&7(E&$7E&S &%, E(I%( :$S (%C$S , em primeiro lu"ar, a Europa2Mesmo antes do sculo XV, ela eliminais mais arcaicas da troca2 %s preosNue con.ecemos ou de cu6a eOistQn#mos so, 68 no sculo XII, preos Nue

    9lutuam+% ++>? ++3% ++3? +=

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    tQm 9ama de meOeriNueiras inveteradas, es9oladores de rs )Nue c.e"am a7ene1ra+ e a *arisP em carretos inteiros, de mula0, carre"adores,varredores, carroceiros, vendedores e vendedoras am1ulantes, 9iscaisseveros Nue transmitem de pais para 9il.os seu m!sero o9!cio, mercadoresvare6istas e, recon.ec!veis pelas roupas, camponeses e camponesas,1ur"uesas em 1usca de al"o para comprar, criadas Nue so .81eis em passara perna )dizem os ricos0 nos patrRes Nuanto ao preo )P9errar a mula-,

    dizia-se ento0 +5 padeiros Nue vo J 9eira vender "randes pes,aou"ueiros com suas v8rias 1ancas atravancando ruas e praas,atacadistas )mercadores de peiOe, de Nuei6o ou de mantei"a por atacado0+4

    coletores de taOas222 E depois, eOpostas por toda a parte, asmercadorias, 1arras de mantei"a, montes de le"umes, pil.as de Nuei6os, de9rutas, de peiOes ainda pin"ando, de caa, carnes Nue o aou"ueiro cortana .ora, livros Nue no 9oram vendidos e cu6as 9ol.as impressas servempara em1rul.ar as mercadorias+>2:os campos c.e"am ainda a pal.a, a len.a, o 9eno, a l, at o c;n.amo, olin.o e mesmo tecidos dos teares de aldeia2Se este mercado elementar, i"ual a si prHprio, se mantm atravs dos

    sculos certamente porNue, em sua simplicidade ro1usta, im1at!vel,dado o 9rescor dos "Qneros perec!veis Nue 9ornece, trazidos diretamentedas .ortas e dos campos das cercanias2 :ados tam1m seus preos 1aiOos,pois esse mercado elementar, onde se vende so1retudo Psem intermedi8riosP+3, a 9orma mais direta, mais transparente de troca, a mais 1emvi"iada, prote"ida contra em1ustes2 $ mais 6ustaW % #ivre des mtiers deBoileau )redi"ido por volta de +=4

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    representam a mais volumosa de todas as trocas con.ecidas, como damSmit.2 *or isso as autoridades ur1anas empen.aram-se em sua orevi"il;ncia@ para elas, uma Nuesto vital2 %ra, so autoridades prHOiaspara punir, para re"ulamentar, Nue vi"iam ri"orosamente os preos2 se umvendedor eOi"ir um preo superior em um sH P"ranoP J tari9a e at sercondenado Js "als^ % caso aconteceu, em = de 6ul.o de +5++, o=>2 EmC.;teaudun =3 os padeiros surpreendidos em delito pela terceiP6o"ados

    1rutalmente de cima de uma carroa 1asculante, atados como al pr8ticaremontava a ++4, Nuando Carlos de %rlans deu aos escalo de inspeoso1re os padeiros2 $ comunidade conse"uir8 a supresso sH em +5

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    +5D0como )outu1ro de +55 oK meio sculo mais tarde, da rua Mou99etard para o vizin.o

    *8tio do palacete dos*atriarcas )maio de +4+>0D32 % novo no eOpulsa o vel.o2 E, como asmural.as se deslocam J medida Nue crescem as a"lomeraRes, as 9eirassensatamente instaladas no per!metro eOterno aca1am 9icando, um 1elo dia,no interior dos muros e ali permanecem2Em *aris, *arlamento, esca1inos, c.e9e de pol!cia )a partir de +5540procuram desesperadamente contQ-los dentro de 6ustos limites2 Em vo2 $rua Saint-Gonor torna-se impratic8vel, em +54>, por causa de uma P9eiraNue se esta1eleceu a1usi

    9 I(I--\ o mercado do FouQt )9im do sculo XVI02 )Clic.Q 7iraudon20alado, de peles )nas cidades alems [orn.a`ser, *elz.a`ser, Sc.uliesmoem

    7Rrlitz, numa re"io produtora da preciosa planta tintorial, i do pastel-dostiritureiroS??2 &o sculo XVI, os 1ur"os e cidades da em construir-senumerosos mercados com diversos nomes, muitas ves por um rico mercador dolu"ar, num ras"o de "enerosidade?52 Em sculo XVII, o mercado de 9iosrealiza-se no centro da cidade, atr8s Saint-Firmin-en-Castillon, a doispassos do "rande mercado, o mercaos artesos ali se a1astecem todos osdias de 9io de l c.amado de en"ordurado depois da cardadura e "eralmente9iado em rocaP trata-se ito 9ornecido J cidade pelos 9iandeiros doscampos vizin.oS?42 amas dos aou"ueiros, prHOimas umas das outras numespao co1erto, lizer, mercados2 ' assim em 'vreKX?> assim em ro/es,dentro de scuro?3 assim em Veneza, onde os Beccarie, os "randesaou"ues sto reunidos, a partir de +DD3, a poucos passos da praa do(ialto, lZ Tuerini, com a rua e o canal Nue tQm o mesmo nome de Beccarie

    San Matteo, i"re6a dos aou"ueiros, Nue sH ser8 destru!da no princ!oXIX55 5=2 Mas, Nuando da vasta recesso Nue ocorreu, de um modo "eral,entre +D?2 So tam1m a capital das disosase da "!ria2 $s vendedoras, muito mais numerosas do Nue os ven!o o tomtQm 9ama de serem --as 1ocas mais "rosseiras de toda a *a?desaver"on.ada^ Fala a!^ Ei, "rande puta^ 's mara9ona dos estudanVai parao col"io de Montai"u^ &o tens ver"on.a na caraW Carcaa is poucas^:esaver"on.ada^ Sa9ardana, est8s 1Q1ada at o "ar"alo2P e 9alam as

    peiOeiras doSculo XV++532 E, com certeza, at mais tarde2ais complicado, por mais peculiar Nue se6a o mercado central de *aris,raduzir a compleOidade e as necessidades de a1astecimento de uma "randemuito cedo eOtravasou as proporRes correntes2 Como as mesmas cau-m osmesmos e9eitos, lo"o Nue #ondres se desenvolve da maneira Nue capitalin"lesa invadida por mercados mltiplos e desordenados2 Inca1er nosanti"os espaos Nue l.es eram reservados, trans1ordam para n.as, Nue setornam cada uma delas uma espcie de mercado especiali, le"umes, criao,etc2 &o tempo de Eliza1et., atul.am a cada dia mais is movimentadas dacapital2 SH o "rande incQndio de +555, .e 7reat tir8 um ordenamento"eral2 $s autoridades constroem ento, para deruas, "randes edi9!cios aoredor de amplos p8tios2 So, portanto, mer_nados, mas a cu a1erto,

    al"uns especializados, principalmente de ata0s mais diversi9icados22i.all, o mais eOtenso de todos - dizia-se Nue era o maior da Europao9erece um espet8culo compar8vel aos Galles de *aris2 Mas com mais idvida2 #eaden.all a1sorveu em Nuatro edi9!cios todos os mercados aiaram,antes de +555, ao redor da sua anti"a localizao, os de 7race^et,Corn.iII, .e *oultr/, &e Fis.Street, Eastc.eap2 &um p8tio, +0 Nue passa perto das duascidades@ PSH se vQ caa de mar imposs!vel pr a mo, acrescenta,--nesse peiOe Nue nos se"ue por tos _222 + #evam-no todo a *arisPP2 %sNuei6os vQm de MeauO a manteirna/, perto de :ieppe, ou de lsi"n/ osanimais de a1ate, das 9eiras de ceauO e de mais lon"e, de &eu1our" o1orn po, de 7onesse os le"ude Caude1ec, na &ormandia, onde .8 9eiratodos os s81ad%S4=222 :a! e medidas Nue devem ser continuamente tomadas e

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    modi9icadas2 rataicial, de salva"uardar a zona de a1astecimento diretoda cidade, de per-c!cio da atividade dos produtores, revendedores etransportadores, tomodestos, Nue no param de a1astecer os mercados da"rande cidade2 o a9astada para alm desta zona das proOimidades a aolivre dos mer09issionais2 Km re"ularnento da pol!cia do C.;telet )+5==0ampliou para 0 raio do c!rculo alm do Nual os mercadores podem ocupar-sedo a1as_e tri"o para sete l"uas a compra de "ado vivo )+5D ?0 para

    vinte l"uas is c.amadas Pde leiteP e dos porcos )+55?0 para Nuatrol"uas a dos "ua doce, no princ!pio do Sculo XV++4D para vinte l"uasas compras or atacado428tos outros pro1lemas@ um dos mais "raves o a1astecimento de cava"ado2E9etuase em mercados tumultuosos Nue, na medida do poss!vel, ridos para aperi9eria ou para 9ora dos muros da cidade2 % Nue vir8 a de Vos"es,espao a1andonado 6unto de ournelles, ter8 sido durante 0o um mercado decavaloS4?2 *aris est8, pois, permanentemente rodcai coroa de 9eiras,Nuase 9eiras "ordas2 Fec.a-se uma, a1rese outra no- com os mesmos a6untamentos de pessoas e de animais2 &uma dessasavelmenteSaint-Victor, temos em +554, se"undo testemun.as oculas de trQs milcavalos _ao mesmo tempob e um prod!"io .aver tantos, , ira duas vezes

    por semanaP2 &a realidade, o comercio dos cavalos pelade inteira@ .8cavalos PnovosP Nue vQm das prov!ncias ou do estranm mais ainda cavalosPvel.osP, isto _ 222 + Nue 68 serviramP, ou se6a, mo, de Nue --os1ur"ueses Nuerem _por vezesb des9azer-se sem enviaadoP, donde um enOamede corretores e 9erreiros Nue servem de interi servio dos mercadores decavalos e daNueles propriet8rios de cavalaridisso, cada 1airro tem osseus alu"adores de cavaloS442m as "randes 9eiras de "ado so enormes a6untamentos, em SceauO )Js ras0e em*oiss/ )Js Nuintas0, nas Nuatro portas da peNuena cidade )pornas, da*onte, deCon9lans, de *ariS04>2 Km ativ!ssimo comrcio de carmizado por uma cadeiade P9inanciadoresP Nue adiantam nas 9eiras o is compras )e depois se9azem reem1olsar0, de intermedi8rios, de 1ate, i1lins ou os 1;tonniers0Nue percorrem toda a Frana para comprar "anente, de aou"ueiros, nemtodos m!seros vare6istas@ al"uns c.e"am a stias 1ur"uesaS432 Se"undo umlevantamento, todas as semanas se ven

    %s instrumentos da troca dem nos mercados de *aris, arredondando osnmeros, em +4

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    8"ua do rio, inmeros 1arcos, carrua"ens 9luviais e, 68 na poca de #u!sXIV, P1ac.oteursP, peNuenos 1arcos postos J disposio dos clientes,espcie de 9iacres 9luviais>D, an8lo"os Js mil.ares de P"ndolasP Nue, no;misa, a montante da ponte de #ondres, tanta "ente pre9ere aossolavancos das carrua"ens da cidade>2*or mais compleOo Nue parea, o caso de *aris compara-se a dez ou vinteoutros casos an8lo"os2 TualNuer cidade importante eOi"e uma zona de

    a1astecimento de acordo com suas dimensRes2 $ssim, a servio de Madrid,or"aniza-se no sculoXVIII a mo1ilizao a1usiva da maior parte dos meios de transporte deCastela, a ponto de Nue1rar toda a economia do pa!sP2 Em #is1oa, se"undoirso de Molina )+5=?0, tudo era maravil.osamente simples, as 9rutas, aneve trazida da Serra daEstrela, os alimentos Nue c.e"avam pelo mar 1onanoso@ --%s .a1itantesNue esto comendo, sentados J mesa, vQem as redes dos pescadoresenc.erem-se de peiOes _222 + capturados a suas portas2,, >5 ' um prazerpara os ol.os, diz um relato de 6ul.o-a"osto de +5DD, avistar no e6o ascentenas, os mil.ares de 1arcos de pescasZ2 7lutona, pre"uiosa,indi9erente aos tempos, a cidade comeria o mar2 Mas a ima"em 1onitademais2 &a realidade, #is1oa vive numa lida sem 9im para conse"uir o

    tri"o para o po de cada dia2 $li8s, Nuanto mais povoada uma cidade,mais aleatHrio se torna seu a1astecimento2 Veneza, 68 no sculo XV, temde comprar na Gun"ria os 1ois Nue consorneP2 Istam1ul, Nue no sculo XVIatin"e talvez os

    432$ seu modo, o caso de #ondres eOemplar2 Encerra, mutatis mutandis, tudoo Nue podemos evocar a propHsito de metrHpoles precocemente tentaculares2Mais

    =?

    , a 9eira de Eastc.eap, em +?3>, descrita por Sto )Surve/ o9 #ondon0como ie2%s aou"ueiros moram nas casas de am1os os lados da rua, 1em como aNuelempratos prontos2 )Fototeca $2 Colin20do Nue outros pela investi"ao .istHrica, permite discernirconclultrapassam o pitoresco ou o anedHtico2 &2 S2 B2 7ras3+ teve razoem a eOemplo t!pico das re"ras de Von .`nen so1re a or"anizao zonaleconmico2 Kma or"anizao Nue teria mesmo sido 9eita ao redor de nsculo mais cedo do Nue ao redor de *aris2$ zona posta a servio em 1reve tende a a1arcar Nuase todo o espao da

    produo e do coQs2 &o sculo XVI, de todo modo, c.e"a J EscHcia aonorte, JManc.a mar do &orte a leste, cu6a nave"ao de ca1ota"em essencial aoseu i oeste ao *a!s de 7ales e J Cornual.a2 Mas nesse espao .8 re"iResial eOploradas- at insu1missas -, como Bristol e a re"io circundanm *aris )e como noesNuema de .`nen0, as re"iRes mais a9astadas es2iadas com o comrcio de"ado@ o *a!s de7ales 68 participava nesse 6olo XVI e muito mais tarde a EscHcia, depoisda unio, em +4

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    io do mercado londrino so evidentemente as re"iRes do ;misa, teras,de acesso 98cil, com suas vias 9luviais e sua coroa de cidades-escalaBrent9ord,[in"ston, Gampstead, at9ord, St2 $l1ans, Gert9ord, Cro/ord0 Nuetra1al.am com a9 a servio da capital, se ocupam em moer portar a9arin.a, em preparar o malte, em eOpedir v!veres ou produtos tdos Jenorme cidade2 Se dispusssemos de sucessivas ima"ens desse

    merZopolitanoP, vQ-lo-!amos estender-se, en"ordar de ano para ano, noprHde crescimento da cidade )em +5

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    intermedi8rios, de um lado, entre o produtor e o "rande mercador, dooutro, entre este e os revendedores, sendo Nue por essas cadeias passar8a maior parte do comrcio de mantei"a, de Nuei6o, de produtos av!colas,de 9rutas, de le"umes, de leite222 &esse 6o"o, perdem-se as prescriRes,.81itos e tradiRes, Nue voam em estil.aos2 Tuem diria Nue o ventre de#ondres ou o ventre de *aris iam ser revolucion8rios^ Bastou-l.escrescer2

    - voluRes 9icariam muito mais claras para nHs se dispusssemos denualanos, de documentos PseriaisP2 %ra, seria poss!vel reuni-los em"rande mo demonstra o mapa Nue eOtra!mos do eOcelente tra1al.o de $lanEverelativo aos mercados in"leses e "aleses de +?

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    de Elisa1et., Nuer por um so1reNuipamento de mercados da In"laterramedieval, a9errando-se os sen.ores, por uma Nuesto de .onra ou poresp!rito do lucro, a criar mercados2 Se6a como 9or, .ouve, nesseintervalo, Pmercados desaparecidosP +02 2-C2 *errot apontoume mais seis 9eiras re"ionais)Saint-ean-daVal +, Berr/ =, Mortam +, Vass/ =0 Nue no constam nestemapa2 &o total,

    +349eiras, a maior parte das Nuais dura um dia, al"umas = ou D dias, a"rande 9eira de Caen, +? dias2 &o total,

    ==D dias de9eira por ano2 Tuanto Js9eiras locais, so >? por semana,.avendo, por ano, 2=% dias de9eira2 $ populao da "nralit est8ento compreendida entre 5

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    revendedores Nue c.e"am a um acordo Psussurrando ao ouvido, 1aiOo porsinais, por palavras estran.as ou meias palavrasP2 %utra in9rare"ra@os revendedores vo ao encontro dos camponeses e compram-l.es lutosPantes Nue c.e"uem aos GallesP+

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    das riNuezas a"ricolas da Emilia, um contrato de locao de lo6a )+4 deoutu1ro de +5==0, conservado por acaso na Bi1lioteca Municipal, est8estipulado num impresso prvio@ 1asta preenc.er os espaos em 1ranco edepois assinarZ +>2 $s especulaRes tQm um aspecto ainda mais moderno@PpromotoresP e clientes no datam de .o6e2 Em *aris, no sculo XVI,podemos se"uir parcialmente especulaRes com a 8rea muito tempo 1aldia do*r-auOCleres++3, nas proOimidades do Seria, ou com a 8rea no menos

    1aldia deournelles, onde o consHrcio diri"ido pelo presidente Garla/, a partir de+?3, empreende a 9rutuosa construo das ma"n!9icas casas da atual praade Vos"es@elas sero a se"uir alu"adas Js "randes 9am!lias da no1reza+= ou +

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    investimentos dades artesanais e industriais ou na construo naval, ouem via"ens de ae, aumentando desmedidamente 68 antes do sculo XV, deiOamde ser pros individuais2 $ se"uir, o "rande mercado do din.eiro sedeslocar8 para da2 Mais tarde, para #ondres2, de todos esses mercados di9usos, o mais importante, se"undo a Hticades o do tra1al.o2 :eiOo de lado, como MarO, o caso cl8ssico daescravatu+D>2 Mas, 1em cedo, o arteso vender8 em sua a lo6a, dizia-se Pemsua 6anelaP, no intervalo dos dias de 9eira2 $ssim essa ide alternada 9azda primeira lo6a um lu"ar de venda descont!nuo, um pouco a 9eira2Em 'vora, *ortu"al, por volta de +D>

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    nesta ou naNuela data, numa dada re"io2 &o no sculo XIII, por eOemplo,no Nue concerne J i.a e J Frana, mas a partir doSculo XIII +3D2 Km P andaril.oP, ainda na le #u!s XIII, a1andona a vidaerrante e instala-se ao lado dos artesos, nuraca semel.ante Js deles,porm di9erente, di9erena Nue se acentua com o Kma padaria do sculoXVIII Nuase i"ual a uma padaria do sculo XV mo de um sculo anterior,ao passo Nue, entre o sculo XV e o sculo XVIII, s de comrcio e os

    mtodos mercantis se trans9ormariam a ol.os vistos2 0davia, o mercadorlo6ista no se separa lo"o de sa!da dos corpos pro9issioOa os Nuaisentrou ao incorporar-se no universo ur1ano2 Sua ori"em e as

    ?es Nue ela acarreta continuam a impor-l.e uma espcie de m8cula2 $inda

    = um relatHrio 9rancQs ar"umenta@ P' verdade Nue os mercadores so consisos primeiros entre os artesos, al"o a mais, mas no muito mais2P+3 o-rata-se daFrana, onde, mesmo ao tornar-se Pne"ocianteP, o mercador no ipso 9actoo pro1lema de sua cate"oria social2 $inda em +4>> os deputados ircio sea9li"em e veri9icam Nue at essa data se considera Nue os ne"ocianupamuma das classes in9eriores da sociedadePZ3?2 &o se 9alaria assim em

    -dam, em #ondres ou mesmo na It8lia+352- in!cio, e muitas vezes depois do sculo XIX, os lo6istas vendemindi9erentemercadorias o1tidas em primeira, se"unda ou terceira mo2 'revelador o o nome deles, o .a1itual@ merceeiro, Nue vem do latim merO,mercis, meri em "eral2 :iz o provr1io@ Pmerceeiro Nue tudo vende e nada9azP2 E, sempre nos in9ormaRes so1re os 9undos das lo6as dos merceeiros,ali encontramos s .etero"Qneas mercadorias, Nuer se trate da *aris doSculo XV+34, de s+++, daCracHvia+33 ou de Fran9`rt-am-MainZ

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    Se"undo 2 S2 illan, $1ra.am :ent o9 [ir1v Step.en, 434

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    so mais de mil em #ille, em +4+5=

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    so1retudo no sculo XVIII, armarin.eiros ineOperientes, estala6adeiros deNuinta cate"oria e ta1erneiros2 Estes, usur8rios modestos mas tam1mP%r"anizadores dos 9este6os coletiv%sP, encontramse ainda instalados naszonas rurais 9rancesas dos sculos XIX e XX2 Era J ta1erna da aldeia Nuese ia P6o"ar, conversar, 1e1er e distrair-se222 tratar entre credor edevedor, entre mercador e cliente, ne"ociar mercados, 9ec.aralu"uis22222 um *ouco o al1er"ue dos po1res^ Em 9rente J i"re6a, a

    ta1erna o outro *Hlo da aldeia=+0 eOtasia-se diante das primeiras vitrines e o1serva@ --%Nue no temos .a1itualmente _na Franab o vidro, Nue, em "eral, muito1onito e muito claro2 $s lo6as daNui so rodeadas de vidro e costumamdispor a mercadoria por tr8s, o Nue prote"e da poeira eOi1indo-a aosol.os dos passantes e l.es d8 1elo aspecto de todos os lados2--=+? $omesmo tempo, as lo6as diri"em-se ao oeste, para se"uir a eOpanso dacidade e as mi"raRes da "ente rica2 *ater&oster (o 9ora durante muito tempo a sua rua depois, um 1elo dia, *ater

    &oster esvazia-se em proveito de Covent 7arden, Nue ter8 destaNue por dezanos apenas2$ se"uir, a moda vai para #ud"ate GiII, mais tarde as lo6as enOameiamperto de(ound Court, Fenc.urc. Street ou Goundsditc.2 Mas todas as cidades lQempela mesma cartil.a2 Suas lo6as multiplicam-se, invadem as ruas com suasvitrinas, emi"ram de um 1airro para outro=+52 Ve6a-se como se di9undem osca9s em*ariS=+4 como as mar"ens do Sena, com o *etit :unerNue Nue 9ascinaVoltaire=+>

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    suplantam a "aleria do *al8cio cu6o alarido comercial 9ora o "randeespet8culo da cidade no tempo de Corneille=+32 $t as peNuenasa"lomeraRes ur1anas so9rem mutaRes an8lo"as2 ' o caso de Malta, lo"o noin!cio do sculo XVIII, com a acan.ada cidade nova de

    os da troca a, onde --as lo6as de armarin.os e dos peNuenos vare6istasP,diz um relato inciado ==% --se multiplicaram a tal ponto Nue nen.umconse"ue asse"urar tinente seus meios de su1sistQncia2 E ei-los 9oradosa rou1ar ou a a1rir rapidamente2 &unca tQm lo6as 1em sortidas e lament8vel ver tantos 6osiparem ali ou o dote Nuase intacto da mul.er, oua .erana dos pais, e @0 por uma ocupao sedent8ria de verdadeirovadioP, Puna occupatione -ia et cosi poltronaP2 % mesmo virtuoso narradorindi"na-se por se multii ento, nas casas maltesas, os o16etos de ouro eprata, um capital Pintil

    + 3

    , por .omens, mul.eres, crianas de condio med!ocre se ataviarem de

    Zirios, de mantil.as de renda e por, esc;ndalo pior ainda, as putanepassearua"em, co1ertas de seda2 *elo menos, acrescenta ele sem o menor.uia vez Nue .8 uma proi1io a esse respeito, Nue l.es impon.am umataOa, )o al mese per dritto dZa1itiP^ Como tudo relativo, no issouma espcie dade de consumo Nue 68 despontaWs .8 "raduaRes@ Nuando, em +>+?, -B2 Sa/ revQ #ondres passados Nuasec0s )sua primeira visita data de +4350, 9ica estupe9ato@ estran.as lo6aso9eres mercadorias com desconto, por toda a parte .8 c.arlates ecartazes, uns sP, outros Pam1ulantesP, PNue os pedestres podem ler semperder um mi$ca1am de inventar os .omens-sandu!c.e em #ondres==+2lin"ua"em de .o6e, concluir!amos Nue .ouve por toda a parte um aumentoini distri1uio, acelerao das trocas )outras provas disso so osmercados e as riun9o )com o comrcio 9iOo das lo6as e a eOtenso dosservios0 de um sector Nue no deiOa de estar relacionado com o

    desenvolvimento "eral da economia2 e surto poderia ser acompan.ado pormuitos nmeros se calcul8ssemos a entre o volume da populao e o nmerode lo6as === ou a respectiva perri de lo6as de artesos e de lo6as decomrcio ou o taman.o mdio, a renda a lo6a2 ernerSom1art==+ deu realce ao testemun.o de ustus MRser, .is- de Nualidade,o1servador um tanto des"ostoso Nue, a propHsito de sua cisna1r`c,veri9ica, em +44, Nue --os armarin.eiros de um sculo para c8 amredondamente, ao passo Nue os artesos ca!ram para a metadeP2 Km i p8"ina??@ciro parisiense vai J 9alQncia - => de 6un.o de +44 de 6ul.o de +5532 PFaz seis meses Nue vospeo Nue me proviso22222 +> de a"osto de +5532 PBem ve6o Nue vossascartas sH servem divertir22222 ++ de a1ril de +5452 odas estas cartas9oram escritas por di=, na 9eira da Sa"rada GHstia, em :i6on, os tecidos delin.o i sa!da, mas no os tecidos de l e de seda2 P222 $tri1ui-se acausa disso ao os mercadores vare6istas se NueiOarem das poucas vendasNue 9azem e de, do pa"os por aNueles a Nuem vendem, 9icarem sem condiRespara 9azer @0mpras2 *or outro lado, os mercadores atacadistas Nue vQm Js9eiras recusamnceder crdito so1re crdito J maior parte dos vare6istasNue no l.es

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    is con9rontemos essa ima"em com as de :e9oc, Nue eOplica lon"amente Nue ido crdito est8 na 1ase do comrcio, Nue as d!vidas se compensam entrepor isso .8 multiplicao das atividades e dos rendimentos comerciais2 %niente dos documentos de arNuivo no ser8 coletarem para o .istoriadoris, processos, cat8stro9es, em vez do andamento re"ular dos ne"HciosW %ss 9elizes, tal como as pessoas 9elizes, no tQm .istHria2Zante atividade mascates so mercadores, Nuase sempre miser8veis, NuePlevam no pescoi muito simplesmente nas costas, parcas mercadorias2 &empor isso deiOam tituir uma massa de mano1ra apreci8vel nas trocas2*reenc.em, nas prHdades, mais ainda nos 1ur"os e aldeias, os vazios dasredes comuns de diso2 Como esses vazios so muitos, pululam os mascates, um sinal dos tem0r toda a parte, rece1em uma litania de nomes@ naFrana, colporteur, conWur, porte-1alle, mercelot, camelotier,1rocanteur na In"laterra, .aer, Wr, pett/ c.apman, pedIar, pacman na$leman.a, cada re"io o 1atiza a do@ GRce, Gueer, 7rempler,Gausierer, $usru9er - diz-se ainda *9usscateiro0, BRn.asen na It8lia omercia6u, olo na Espan.a o 1u.onero2 em special at no #este da Europa@se//ar satici em turco )Nue Nuer dizer ao tempo mascate e peNueno

    lo6ista0, ser"idz/6a )do turco ser"i0 em l!n"ua 1l0r1ar )do turco tor1af 1olsa0 ou tor1ar i sre1ar, ou ainda [ramar ou [raavra de ori"emevidentemente alem Nue desi"na tanto o mascate como utor de caravanas ouo peNueno 1ur"uQs0 em servo-croata=D, etc2ta pletora de nomes deve-se ao 9ato de, lon"e de ser um tipo social 1emde9imascate representar uma coleo de o9!cios Nue escapam Jsclassi9icaRes is@um amolador sa1oiano, em Estras1ur"o, +42 E a palavra podia tam1m aplicar-se aos mercadores c.amadosorasteiroS=3 )isto vindos de uma cidade estran"eira0 Nue, na Frana eem outros pa!ses, andam de 9eira em 9eira mas so por vezes relativamentea1onados2Se6a ele Nuem 9or, rico ou po1re, o mascate estimula, mantm a troca,propa"a-a2Mas est8 provado Nue onde ele tem prioridade .8, comumente, certo atrasoeconmico2 $ *olnia est8 atrasada em relao J economia da Europaocidental@

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    lo"icamente, l8 o mascate rei2 &o ser8 a mascatea"em uma so1revivQnciado Nue outrora 9oi, durante sculos, o comrcio normalW %s S/riIII doBaiOo Imprio romano so mascates2 $ ima"em do mercador do %cidente, naIdade Mdia, a de um itinerante enlameado, co1erto de pH, como omascate de NualNuer poca2 Km li1elo de +5== =? + descreve ainda essemercador de outras eras, com uma Psacola pendente nas costas, sapatos NuesH tQm couro na ponta-, a mul.er se"ue-o, prote"ida por Pum "rande c.apu

    Nue atr8s l.e cai at a cinturaP2 Sim, mas esse casal errante instala-seum 1elo dia numa lo6a, muda de aspecto e revela-se menos miser8vel do Nueparecia2 &o .aver8 entre os mascates, pelo menos entre os carreteiros,ricos mercadores em potencialW Km acaso, e ei-los promovidos2Foram os mascates Nue Nuase sempre criaram, no sculo XVIII, as modestaslo6as de aldeia de Nue 9alamos2 *artem mesmo ao assalto das praasmercantes@ emMuniNue, ?% 9irmas italianas ou sa1oianas do sculo XVIII so oriundas demascates 1em-sucedidos =?=2 ImplantaRes an8lo"as devem ter ocorrido, nossculos X+ e XII, nas cidades da Europa, ento pouco maiores do Nuealdeias2Se6a como 9or, as atividades dos mascates, somadas umas Js outras, tQme9eitos de massa2 $ di9uso da literatura popular e dos almanaNues nos

    campos praticamente o1ra sua =?D2 odos os cristais da BoQrnia=? , nosculo XVIII, so distri1u!dos por mascates, tanto nos pa!sesescandinavos como na In"laterra, na (ssia como no Imprio otomano2 Maisda metade do territHrio sueco, nos sculos XVII e XVIII, ermo de.omens@ raros pontos de povoamento perdidos numa imensido2 Mas ainsistQncia de peNuenos mercadores am1ulantes, ori"in8rios daVestro"Htia ou do Smaland, conse"ue distri1uir ali, ao mesmo tempo,P9erraduras, pre"os, 9erra"ens, al9inetes222 almanaNues, livros deoraResZ 3=??2 &a*olnia, os 6udeus itinerantes assumem % a ?

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    Meu :eus, como simp8tico^ Se eu tivesse 1ens E o Nuisesse, 1em Nue eleme Nuereria,Mas o Nue ele tira a apre"oar "azetas&o poderia, num ano, dar-nos seNuer os Hculos2icitamente ou no, os mascates se insinuam em toda a parte, at so1 asarcaSanMarco em Veneza ou na *ont-&eu9 em *aris2 $ ponte de $1o )na Fin0

    ocupada por lo6as no se6a por isso, os mascates renem-se nas duaseOlades da ponte=5> a +>D, as idas e vindas de P6oal.eirosP

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    am1ulantes, na realidade mercadores de relH"ios Nue colocam suasmercadorias em 9eiras da Su!a )#ucerna e urzac.0=4% e nas lo6as da$leman.a do sul em lon"os itiner8rios, Nuase sempre os mesmos, de paipara 9il.o e para neto2 com mais ou menos sorte@na 9eira de #ucerna, em +D de maio de +>+3, Pmal d8 para 1e1er uma canecaJ noiteZ3=4+2*or vezes, ocorrem invasRes 1ruscas, possivelmente li"adas Js

    va"a1unda"ens das pocas de crise2 &a Espan.a, em +4>D =4= tQm de sertomadas medidas "erais, em 1loco, contra carre"adores, mascates emerceeiros am1ulantes, contra os PNue eOi1em animais amestradosP, contraos estran.os curandeiros Pa Nue c.amam salutadores Nue trazem uma "randecruz no pescoo e pretendem curar as doenas dos .omens e dos animais comoraResP2 So1 o nome "enrico de carre"adores so visados malteses,"enoveses, naturais da re"io2 Franceses, no, mas deve ser por puraomisso2 ' natural Nue esses va"a1undos com pro9isso ten.am li"aRes comva"a1undos sem pro9isso com Nuem se cruzam nas estradas e Nue participem

    5+

    os aa troca almente das mal9eitorias desse pessoal sem eira nem 1eira

    =4D2 &atural tame andem associados ao contra1ando2 $ In"laterra, porvolta de +5+, est8- mascates 9ranceses Nue, se"undo sir .omas (oc, do *riv/ Council dotri1uiriam para o d9icit monet8rio da 1alana do reino =4+ &o seriamacHs marin.eiros Nue carre"am 9raudulentamente nas costas in"lesas l eterra eiro e descarre"am a"uardenteWstuma-se a9irmar Nue a vida eOu1erante da mascatea"em se eOtin"ue por sim Nue uma re"io atin"e certa 9ase de desenvolvimento2 &a In"laterra,teria -ecido no sculo XVIII, na Frana, no XIX2 odavia, .ouve umrecrudesciIa mascatea"em in"lesa no sculo XIX, pelo menos nos su1r1iosdas cidaustriais mal servidas pelos circuitos normais de distri1uio=4?2 &a Frana, -r estudo 9olclHrico encontra vest!"ios seus no SculoXX=452 *ensavase ata-se de lH"ica a priori0

    Nue os meios de transporte modernos l.e .aviam o um "olpe mortal2 %ra,nossos relo6oeiros am1ulantes de Ma"land utili-ros, dili"Qncias e at, em+>D, satis9atoriamente, um navio a vapor no la"o M2 ' de pensar Nue amascatea"em um sistema eminentemente adapt82alNuer pro1lema dedistri1uio pode 9azQ-la sur"ir ou ressur"ir ou Nualmento dasatividades clandestinas, contra1ando, rou1o, receptao ou Nualasioinesperada Nue a1rande as concorrQncias, as vi"il;ncias, as9ormaliiormais do comrcio2sim, a Frana revolucion8ria e imperial 9oi teatro de uma enormeproli9eramascates2 $credite-se nesse 6uiz ra1u"ento do tri1unal decomrcio deMetz resenta )5 de 9evereiro de +>+D0 um lon"o relatHrio a SuasEOcelQncias os os do consel.o "eral do comrcio em *aris =4> @ --%mascate de .o6e no de anti"amente, com 9ardo Js costas2 ' um comrcioconsider8vel cu6a seem toda a parte - conNuanto no ten.a sede2-- Emsuma, vi"aristas, Iaim 9la"elo para os compradores in"nuos, umacat8stro9e para os mercadoimiciliados P Nue tQm esta1elecimento prHprio2Seria ur"ente detQ-los, Nuanno 9osse para a se"urana da sociedade2*o1re sociedade em Nue o comro pouco considerado, em Nue, depois daslicenas revolucion8rias e da po4ssi"nats, NualNuer pessoa, pelo preomHdico de uma patente, pode tornarador de NualNuer coisa2 $ nicasoluo, se"undo nosso 6uiz@ Presta1elecer oraResP^$crescenta, apenas@ Pevitando os a1usos de sua primeira instiZ^ &o vamos

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    continuar a se"ui-lo2 Mas verdade Nue, no seu tempo, se m por toda aparte enOurradas, eOrcitos de mascates2 Em *aris, nesse mesde +>+D, oc.e9e da pol!cia advertido de Nue PtcndeirosP montam 1arratoda a parteem plena rua, Pdesde o 1oulevard da Madeleine at o do emem ver"on.a,instalam-se na 9rente da porta das lo6as, vendem as mesmas orias para a9ria dos lo6istas, principalmente os vidraceiros, os louceiros,altadores, at os 6oal.eiros2 %s respons8veis pela ordem 68 no tQm o Nue

    ZVivernos eOpulsando os tendeiros de um lado para outro e eles vivemvol222 + servindo-l.es o seu "rande nmero de salvao2 Como prendertaman.a

    %s instrumentos da troca Nuantidade de indiv!duosWP $inda por cima, todosindi"entes2 E o c.e9e da pol!cia acrescenta@ --alvez esse comrcioirre"ular no se6a to des9avor8vel aos comerciantes esta1elecidos comose supRe, pois Nuase todas as mercadorias assim eOpostas so vendidas poreles aos tendeiros Nue, Nuase sempre, no passam mesmo de seuscomission8rios222 +, =43

    Muito recentemente, a es9aimada Frana, de +3% a +3?, con.eceu, com o

    mercado ne"roP, um novo surto de mascatea"em anormal2 &a (ssia, oper!odo de

    +3+4-+3==, um per!odo to di9!cil, com seus transtornos, sua circulaoimper9eita, viu, em dado momento, reaparecer os intermedi8rios am1ulantescomo em tempos passados, revendedores, coletores a1usivos, comerciantesdesonestos, mas=>=2 E as 6urisdiRes consulares 9ranceis Nuais tam1m sero maistarde con9iadas as NuestRes e lit!"ios relativos Js cias0constituem, para a mercadoria, uma 6ustia privile"iada Pper le"emmeriam-, uma 6ustia eOpedita e Nue salva"uarda interesses de classe2 *or

    isso )+4 de 6aneiro de l4?40=>D o *ri"ueuO )++ de 6un.o de +4>D0=>+eOi"em tani6urisdiRes consulares Nue l.es 9acilitariam a vida comercial2uanto Js c;maras de comrcio 9rancesas do sculo XVIII )a primeira em:un6ue em

    +45, Florena,

    >40, elas tendem a re9orar a autoridade dos "randes ne"ociantes emdetrimens outros2 ' o Nue diz a1ertamente um mercador de :unNuerNue )5 de6aneiro

    ++

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    9eiras de muitos 1ur"os modestos, Nue parecem no ser mais do Nue ocasamento entre o campo circundante e o arteso ur1ano, rompem de 9ato oc!rculo .a1itual das trocas2 Tuanto Js "randes 9eiras, elas mo1ilizam aeconomia de vastas re"iRes por vezes todo o %cidente ali se encontra,aproveitando li1erdades e 9ranNuias o9erecidas Nue temporariamenteeliminam o o1st8culo das v8rias taOas e ped8"ios2 $ssim, tudo concorrepara Nue a 9eira se6a uma reunio 9ora de srie2 % pr!ncipe, Nue muito

    cedo se assen.oreou dessas con9luQncias decisivas )o rei da Frana=35 orei daIn"laterra, o imperador0, multiplica as 1enesses, as 9ranNuias, as"arantias, os privil"ios2 odavia, note-se de passa"em, as 9eiras noso ipso 9acto 9rancas, e nen.uma, nem mesmo a 9eira de Beaucaire, viveso1 o re"ime de uma per9eita troca livre2 *or eOemplo, as trQs 9eirasPr"iasP de Saumur, cada Nual de trQs dias, so, se"undo um teOto, Pdepouca

    3=34

    utilidade porNue no so 9rancasZodas as 9eiras se apresentam como cidades e9Qmeras, sem dvida, mas

    cidades, Nuanto mais no se6a pelo nmero de seus participantes2*eriodicamente, montam seus cen8rios, depois, terminada a 9esta, levantamacampamento2 $pHs um, dois ou trQs meses de ausQncia, reinstalam-se2 Cadauma delas tem seu ritmo, seu calend8rio, seu sinal indicativo, Nue noso os das suas vizin.as2 $li8s, no so as mais importantes Nue tQm ataOa de 9reN`Qncia mais elevada, mas sim as simples 9eiras de "ado ou,como ento se dizia, as 9eiras "ordas2 SuIl/-sur#oire =3> perto de%rlans, *onti"n/, na Bretan.a, Saim-Clair e Beaumont de#auma"ne, tQm cada Nual oito 9eiras por ano=33 #ectoure, na "nralitdeMontau1an, noVeD

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    para lu"ar 1em prHOimo, Sairu-&icolas-du-*ort2 Falaise, na &ormandia,eOilou-as a a "rande aldeia de 7ui1ra/2 :urante os intervalos dessasreuniRes tumultuoe cle1res, 7ui1ra/ torna-se o pal8cio da Bela$dormecida2 Beaucaire teve a

    precauo, como muitas outras cidades, de colocar a 9eira da Madeleine,Nue l.e 9az a reputao e o sucesso, entre a cidade e o (Hdano2 ra1al.operdido@ os visitantes, .a1itualmente uns cinN`enta mil, invadem a cidadee, para manter um sirnulacro de ordem, todas as 1ri"adas de cavalarianosda prov!ncia so necess8rias- e insu9icientes2 anto mais Nue a multido c.e"a "eralmente uns Nuinzedias antes da a1ertura da 9eira, em == de 6ul.o, portanto antes Nue as9oras da ordem este6am instaladas2 Em +4?4, 9oi proposto antecipar oenvio da "uarda montada para o dia +=, para Nue visitantes e .a1itantes9icassem Pem se"urana- 2Kma cidade totalmente dominada por suas 9eiras deiOa de ser ela prHpria2#cipzi", Nue 9ar8 9ortuna no sculo XVI, destrHi e reconstrHi suas praase seus prdios para Nue a 9eira 9iNue J vontadeD2 Mas Mediria delCampo, emCastelaD

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    partir das Nuatro .oras da man. 9o"os de arti9!cio, 9o"ueiras, ru9ar detam1ores, a cidade "asta 1em o seu din.eiro2 E ei-la tomada de assaltopor todos os p;nde"os, vendedores de remdios miraculosos, de dro"as, dePlicores pur"ativos- ou de 1an.a de co1ra, ledoras da sorte, menestris,mala1aristas, danarinos da corda 1am1a, arrancadores de dentes, msicose cantores am1ulantes2 $s .ospedarias re"ur"itam de "ente D+?2 Em *a

    Feira anual perto de $rn.em2 7ravura de *2 de Goo".e )+5?-+402 )Clic.QdaFundao $tlas van Stol, (otterdam20

    a 9eira de Saint-7ermain, Nue comea depois da Tuaresma, rene tam1m a ileviana da capital@ para as rapari"as, -- tempo das vindimasP, comodisse i zorn.eteira2 E o 6o"o atrai tanto amadores como mul.eres 98ceis2$ loteria2nada de Ia 1lanca )f1ranca0 9az 9uror@ distri1ui muitos1il.etes 1rancos, os ledores, e al"uns pretos, os "an.adores2 Tuantascamareiras no perderam as iomias e a esperana de casamento na1rancaZ+5+ Z0 Mas este 6o"o ainda no a comparado com os discretosantros de 6o"atina instalados em al"umas lo6as

    +eira, a despeito da vi"il;ncia ran.eta das autoridades2 o atraentescomo as s de 6o"o de #eipzi", muito 9reN`entadas pelos poloneseSD+42*or 9im, a 9eira , sem eOceo, o ponto de encontro de trupes de atores2:esde ripo em Nue se realizava nos Galles de *aris, a 9eira de Saint-7ermain ense6ava esentaRes teatrais2 % *rncipe dos tolos e a ia tola,Nue 9i"uravam no pro"ram

    +?++, representam a tradio medieval das 9arsas e soties de Nue Sainte-Ber!ve i@ P' 68 o nosso vaudeville2, D+> Em 1reve se l.es ir8 6untar acomdia italiana passada sua "rande vo"a, encontrar8 nas 9eiras umderradeiro re9"io2 Em +45, ira de Carpentras, P7aetano Merlani e a suatrupe 9lorentinaP propun.am PcoiasP,Melc.ior Mat.ieu de *iolent Pum carrosselP e 7iovanni 7reei Ppeas de

    -oP, em cu6os entreatos ele aproveitava para vender suas dro"asPZ2% espet8culo est8 tam1m na rua@ procisso de a1ertura dos Pcnsules _deCarrasb, de capelo, precedidos pelos 1atedores de tra6e comprido,portando maas rataZ, D=

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    espremem todos os anos, para se divertir e des9ruespet8culo da espantosacidade, mais de +

    Em contrapartida, a 9eira parisiense de Saint-7ermain3, a nica Nue, nacapise manteve sempre animada, so1 o si"no do prazer - pensemos nos seuscle1res oturnosP com suas mil toc.as Nue so espet8culo muito concorrido-, conserva i lado mercantil@ d8 azo J venda de "randes Nuantidades detecidos, de l ou de io, procurados por uma rica 9re"uesia cu6 ascarrua"ens 9icam "uardadas num PesionamentoP reservado2 E essa ima"emcorresponde mel.or do Nue as precedentes, alidade normal das 9eiras,acima de tudo encontros de mercadores2 :ois visitan.olandeses, 9ascinados)9evereiro de +5?40, o1servam@ --Cumpre con9essar, esdo aNui econsiderando a "rande diversidade de mercadorias de alto preo, Nue -is o centro onde se encontra tudo o Nue .8 de mais raro no mundo2

    +DD+, &anC/D>= multiplicam osentrepostos de todos os n.os2EOemplos Nue valem por centenas de outros2 :elineia-se ento uma Euro@0sentrepostos Nue su1stitui a Europa das 9eiras2*ortanto, no sculo XVII, tudo d8 razo a Som1art2 Mas antesW Ser8plaus!distino entre os dois modos, mercantaliter, naturaliterW Sempre.ouve arns e entrepostos )store.ouses, are.ouses, &iederla"er, ma"azzinidi tra9ico, is do %riente *rHOimo, am1ar/ da MoscHvia D>D02 E mesmoPcidades de entre@0P

    )sendo $msterdam o modelo do "Qnero0 cu6a 9uno e privil"io servirem,"ar de reserva Js mercadorias Nue a se"uir so reeOpedidas@ como, naFrana, CK%XV++D>, (ouen, *aris, %rlans, #/on como o --entreposto da cidade

    D>?

    i, em :unNuerNue2 odas as cidades tQm seus armazns privados ou p s2 &osculoXVI, os mercados em "eral )como, por eOemplo, em :i6on ou leaune0Pparecem ter sido ao mesmo tempo armazns atacadistas, entrepostos ntosde escalas>52(ecuando no tempo, Nuantos armazns p1licos reservaDo tri"o e ao sal^

    Muito cedo, por certo antes do sculo XV, a Sic!lia possui,

    D de seus portos, caricatori, enormes armazns onde se acumula o tri"o,o1tenpropriet8rio um reci1o )cedola0 - as cedole so ne"ociadasD>42 EmBarcelolesde o sculo XIV, nas 1elas casas comerciais de pedra deMont6uic., Parranse armazns no trreo, situandose a residQncia _domercadorb no andar de ciD>>2 *or volta de +?32&en.um destes pormenores por si sH peremptHrio2 &en.um distin"ue, o Nue

    iama distin"uir, a armazena"em pura e simples do comrcio por atacado,Nue -erto se misturaram muito cedo2 % entreposto, instrumento mel.orado,9oromte eOistia .avia muito, so1 9ormas di9erentes, modestas, mistas,pois correslia a necessidades desde sempre evidentes, na realidade, a9raNuezas da econo% Nue o1ri"a a armazenar o ciclo demasiado lon"o daproduo e da vida -antil, a lentido das via"ens e das in9ormaRes, osimprevistos dos mercados intes, a irre"ularidade da produo, o 6o"oin"rato das estaRes222 $li8s, isso

    est8 provado, uma vez Nue, a partir do momento em Nue se acelerar a

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    velocidade e aumentar o volume dos transportes, no sculo XIX, a partirdo momento em Nue a produo se concentrar em 981ricas poderosas, o vel.ocomrcio de entreposto dever8 modi9icar-se consideravelmente, por vezestotalmente, e desaparecer

    D3emFlorena, no Mercato &uoV

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    +4=2 Em#ondres, a Bolsa, 9undada por .omas 7res.am, passou depois a c.amar-se(o/alEOc.an"e, Est8 situada no centro da cidade, de 9orma Nue, se"undo umacorrespondQncia cstran"eira=0@ P_Em 7i1raltarl no temos c;m1io onde osmercaores se renam para ne"ociar como nas "randes cidades de comrcioe, para 9alar inceramente, temos apenas muito poucos _mercadoresb nestapraa, e, apesar de er muito peNuena e no produzir nada, 9az-se aNui

    muito comrcio em tempo de 0az2-- 7i1raltar , como #ivorno, a terra9lorescente do entrelopo e do contra1ano2 *ara Nue l.e serviria umaBolsaW:e Nuando datam as primeiras BolsasW Tuanto a este ponto, ascronolo"ias 0odem ser en"anosas@ a data de construo dos edi9!cios nose con9unde com a Ia criao mercantil2 Em $msterdam, o edi9!cio data de+5D +, ao passo Nue a &ova olsa 9oi criada em +5 e a anti"a remonta a+?D, *aris +?5D, BordcauO +?5,

    , olnia +?55, :antzi" +?3D, #eipzi" +5D?, Berlim +4+5, #a (oc.elle +45+)cons2uo0, Viena +44+, &ova hor +44=2$pesar das aparQncias, essa lista no esta1elece nen.uma prioridadenHrdica2 a sua realidade, com e9eito, a Bolsa eOpandiu-se no Mediterr;neo*elo menos a artir do sculo XIV, em *isa, em Veneza, em Florena, em7Qnova, em ValQncia, mBarcelona, onde a #on6a solicitada a *edro, o Cerimonioso, 9oi conclu!daem

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    deles, merca0res, not8rios@ no ser8 isto uma Bolsa em potencialW BastaNue interven.a o corcio de lon"a dist;ncia, e muito cedo ele intervm,Nuanto mais no se6a a prosito das especiarias, da pimenta-do-reino e,depois, dos 1arris de arenNue do &or-++ Esta primeira atividade 1olsistada Europa mediterr;nea no , ali8s, uma lao eO ni.ilo2 $ realidade,pelo menos a palavra, muito anti"a data das reuDes de mercadorescon.ecidas muito cedo por todos os "randes centros do %riene do

    Mediterr;neo e, ao Nue parece, atestadas em (oma nas imediaRes do sendosculo depois de CriSto++2 ' 98cil ima"inar encontros an8lo"os nessacuriosa aa de Hstia onde al"uns mosaicos marcam os lu"ares reservadosaos mercadores los patrRes de navios estran"eiros2$s Bolsas assemel.am-se2 % espet8culo nas 1reves .oras de atividade Nuase npre, pelo menos a partir do sculo XVII, o das multidRes ruidosas,comprimis, apertadas2 Em +5?D, os ne"ociantes de Marsel.a reclamam Pumlocal Nue l.es va de sede e os livre dos incmodos Nue so9rempermanecendo ao lon"o da rua

    %s instrumentos da troca Nue .8 68 tanto tempo adotaram para local da suapraa de ne"HciosZ++D2 Em +55=, ei-los no andar trreo do pavil.o*u"et, numa P"rande sala Nue se comunica por Nuatro portas com o cais e

    onde _222 + de am1os os lados das portas so a9iOados os avisos departida dos naviosP2 Mas em 1reve se tornar8 peNuena2 P' preciso ser daraa das serpentes para ali entrarP, escrevia o cavaleiro de 7ueidan aoami"o Suard@ PTue tumulto^ Tue 1arul.o^ Gaveis de convir Nue o templo de*luto al"o sin"ular2, + ' Nue todo o 1orn ne"ociante deve dar todosos dias uma volta pela Bolsa no 9inal da man.2 &o estar l8, no 1uscaras not!cias, tantas vezes 9alaciosas, arriscarse a perder uma 1oaoportunidade e talvez deiOar correr 1oatos desa"rad8veis so1re o estadodos ne"Hcios2 :aniel :e9

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    9ica-se sa1endo o peso do sacoP2 Esses cereais so importados para$msterdam para consumo da re"io, 1em como para revenda ou reeOportao2$s compras por amostras 1em cedo se tornaram re"ra na In"laterra e aoredor de *aris, particularmente para compras macias de cereaisdestinados Js tropas2Em $msterdam, o Inercado dos valores&o princ!pio do sculo XVII, a novidade a instalao em $msterdam de um

    rnercado de valores2 %s 9undos p1licos, as presti"iosas aRes daCompan.ia das !ndias %rientais, tornaram-se o16eto de animadasespeculaRes, a1solutamente modernas2 &o porm completamente eOato Nuese trate, como se costuma dizer, da primeira Bolsa de valores2 %s t!tulosda d!vida p1lica do Estado comearam

    >+

    ^terior da Bolsa de $msterdam em +55>2 Tuadro de o1 Berc.e/de2 )FotoStedeli6 eum de $msterdam20to cedo a ser ne"ociados em Veneza+>, em Florena mesmo antes de lD=>+3

    7Qnova, onde .8 um mercado ativo de luo".i e pa".e da Casa di San r"io=%para no 9alar das [uOen, as aRes das minas alems cotadas desde o iloXV nas 9eiras de #eipi"=+, dos 6uros espan.HiS==, das o1ri"aRes9ranceemitidas pelo *aoMunicipal de *aris )+?==0=D ou do mercado das o1ri"aRes cidades.anse8ticas, 68 no Sculo XV=2 %s estatutos de Verona, em +D+>, raam omercado a prazo )mercato a termine0=?2 Em +=>, o 6urista Bartolorneoosco protesta contra as vendas de loca a prazo, em 7Qnova=52 *rovas deuma -rioridade mediterr;nea2Mas o Nue novo em $msterdam o volume, a 9luidez, a pu1licidade, ali1ere especulativa das transaRes2 % 6o"o corre 9reneticamente, 6o"opelo 6o"o@ no

    esNueamos Nue por volta de +5D a tulipomania Nue 9ez 9uror na Golanda

    c.e"ou a trocar, por um 1ul1o Psem valor intr!nseco-, --uma carrua"emnova, dois cavalos cinzentos e seus arreiosZ =4+ Mas o 6o"o com asaRes, em mos eOperientes, podia asse"urar rendimentos satis9atHrios2 Em+5>>, um mercador curioso, os deIa Ve"a )+5? um livro estran.o, dedi9!cil compreenso por causa do estilo propositadamente re1uscado )ostilo culto da literatura espan.ola da poca0, mas pormenorizado, vivo,nico no seu "Qnero2&o o tomentos ao p da letra, porm, Nuando ele nos leva a pensar Nue,nesse 6o"o in9ernal, se arruinou cinco vezes se"uidas2 %u Nuando sedeleita com coisas 68 anti"as@ r!mito antes de +5>> Pvendeu-se a prazoarenNue antes de ter sido pescado, tri"o e outras mercadorias antes de

    terem nascido ou sido col.idasP as especulaRes escandalosas de Isaac leMaire com as aRes das !ndias, Nue se situam lo"o no in!cio do sculoXVII, implicam 68 mil espertezas e at trapaa

    =3 .8 muito tam1m Nue os corretores se metem em ne"Hcios na Bolsa,enriNuecem enNuanto os mercadores dizem empo1recer2 Em todas as praas,Marsel.a ou #ondres, *aris ou #is1oa, &antes ou $msterdam, os corretores,mal controlados pelos re"ulamentos, 1rincam J vontade com eles2Mas tam1m 1em verdade Nue os 6o"os 1olsistas de $msterdam atin"iram um"rau de so9isticao, de irrealidade Nue durante muito tempo 9ar8 dela

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    uma praa J parte na Europa, um lu"ar onde no se contentam em comprar evender aRes apostando na alta ou na 1aiOa, onde 6o"os complicadospermitem Nue se especule sem seNuer ter din.eiro ou aRes nas mos2 'disso Nue os corretores tiram o maior proveito2 Esto divididos em "rupos- dizia-se rotteries2 Se um 6o"a na alta, o outro, o dosPcontramineirosP, 6o"ar8 na 1aiOa2 ' o Nue arrastar8 a massa mole eindecisa dos especuladores num ou noutro sentido2 Mudar de campo, para um

    corretor - o Nue acontece --, ato deslealD50D52% Nue eOplica o volume e o 9uror da especulao em $msterdam,relativamen_orme, desde o in!cio, o 9ato de "ente modesta l.e terestado sempre associano apenas os "randes capitalistas2 $l"unsespet8culos 9aziam pensar nos nossos de .ipHdromo^ Conta os de Ia Ve"a,

    em +5>>@ P%s nossos especuladores `entam certas casas onde se vende uma1e1ida Nue os .olandeses denominam v e os levantinos ca992P Essas co99/.uisen Pso de "rande comodidade no mo, com seus aNuecedores acol.edores,seus sedutores passatempos@ umas o9en livros para ler, outras mesas de6o"o, e todas elas interlocutores com Nuem, ersar um toma c.ocolate,outro ca9, outro leite, outro c.8, e todos, por aslizer, 9umam ta1aco2 _222 + $ssim se aNuecem, se re"alam, se divertem "astanouco, ouvindo asnovidades _ 222 + Entra ento, numa destas casas, nas .oras olsa, um ououtro altista2 *er"untam-l.e Nuanto valem as aRes, ele acrescenn ou doispor cento ao preo do momento, tira um cadernin.o de notas e coi a anotar

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    nele o Nue sH 9ez mentalmente para 9azer crer a todos Nue o 9ez real-e epara avivar _222 b o dese6o de comprar al"uma ao por receio de Nue su1a

    D4

    Tue mostra esta cenaW Se no me en"ano, o modo como a Bolsa mete a mo

    olso dos peNuenos poupadores e peNuenos 6o"adores2 % QOito da operao Ivel@ lW porNue no .8 ainda, repita-se, cotao o9icial Nue permitase"uir 9a, nte as variaRes da cota =W porNue o corretor - intermedi8rioo1ri"atHrio diri"e no caso a "ente modesta Nue no tem o direito,reservado aos mercadoaos corretores, de entrar no santu8rio da Bolsa, se1em Nue esta 9iNue a dois 0s dos ca9s em Nuesto, Ca9FrancQs, Ca9 (oc.elQs, Ca9 In"lQs, Ca9 de eD>2 :e Nue se trata,entoW :o Nue .o6e c.amar!amos uma especulao miima procura de clientespara arrumar 9undos2$ especulao em $msterdam a1ran"e uma multido de pessoas sem impora,mas os "randes especuladores l8 esto tam1m, e so dos mais ativos2 Seoo testemun.o de um italiano, Mic.ele orcia )+4>=0, em princ!pioimpar$msterdam tem ainda, nessa data tardia, a Bolsa mais ativa da EuropaD3 passa #ondres2 E decerto o enorme volume )aos ol.os dos

    contempor;neos, ida-se0 do 6o"o com as aRes contri1ui para isso,porNuanto coincide ento a 9e1re constante dos emprstimos concedidos aoestran"eiro, outra especulaessa tam1m sem i"ual naEuropa, e a Nual voltaremos2@0s papis de #ouis 7re99ul.e %, esta1elecido, desde +44>, como dono deuma rtante 9eitoria de $msterdarn+, do-nos uma idia 1astante vivadeste durescimento2 Voltaremos muitas vezes aos ditos e 9eitos destenovo-rico, arroe prudente, aos seus testemun.os lcidos2 Em +44>, nasvsperas da entrada -ana na "uerra ao lado das colnias in"lesas da$mrica, tQm livre curso em

    %s instrumentos da troca$nisterdam especulaRes loucas2 % momento parece prop!cio, "raas J

    neutralidade, para tirar proveito das circunst;ncias2 Mas devia-searriscar com mercadorias coloniais, cu6a escassez era prevista, deiOar-setentar pelos emprstimos aos in"leses, depois aos 9ranceses, ou 9inanciaros InsurretosWEscreve 7re99ul.e a $2 7aillard )em *aris0@ P% vosso anti"o empre"adoBrin"le/ est8 aNui metido com os americanos at o pescoo2 P= Tuanto aoprHprio7re99ul.e, metido em todos os ne"Hcios ao seu alcance Nue l.e parecem1ons, lana-se com tudo nas especulaRes da Bolsa, com comisso2 o"a porsi prHprio e por outros, por (odolp.e Errimanuel Galler )so1retudo poreste, Nue tomou conta do anti"o 1anco .elusson&ecer0, ean-Genri7aillard, os *err"auO, o universal*anc.aud, 1anNueiros em *aris, e, em 7ene1ra, por $leOandre *ictet,

    *.ili1ertCramer, urrettini, todos eles nomes Nue 9i"uram em letras douradas no"rande livro do 1anco protestante estudado por G2 #`t./D2 % 6o"o di9!cil e arriscado, incide so1re "randes somas de din.eiro2 Mas, en9im,se #ouis7re99ul.e o conduz com tanta calma porNue se trata so1retudo dedin.eiro al.eio2 $1orrece-o, mas no o desespera Nue eles percam@ PSe sepudesse adivin.ar, em ne"Hcios de 9undos _entenda-se os 9undos in"lesesb,como em muitos outros, meu 1orn ami"o, sH se 9ariam 1ons ne"HciosP,escreve ele a Galler2

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    &outra carta eOplica@ P$ sorte pode mudar, ainda .aver8 muitos altos e1aiOos2PContudo, nunca 9az compras nem reportes sem ter re9letido2 &o umtemer8rio, um arrisca-tudo como *anc.aud@ eOecuta as ordens dos clientes2$ *.ili1ertCramer, Nue l.e d8 ordem de comprar P +% mil li1ras de !ndiasP, isto ,aRes da

    Compan.ia In"lesa das !ndias %rientais, Pna conta de DAD com os Sen.oresMarcet e *ictet, podendo o1tQ-las entre + e +?P@ PImposs!velP,responde 7re99ul.e )

    de maio de +4430, Ppois, apesar da 1aiOa Nue este 9undo so9reu, vale +?para a"osto e +?= para maio2 $t a"ora, no vemos possi1ilidades dee9etuar essa compra, mas no esNuecemos de anot8-la2Z

    % 6o"o, para NualNuer especulador de $msterdam, adivin.ar a cotao9utura na praa .olandesa uma vez con.ecidos a cotao e osacontecimentos na praa de#ondres2 *or isso 7re99ul.e 9az sacri9!cios para ter in9ormaRes diretasde

    #ondres, Nue no l.e c.e"am apenas pelas PmalasP do correio2 Mantmli"ao, na capital in"lesa - onde 6o"a por conta prHpria -, com ocun.ado Sartoris, modesto e simples eOecutante, e com a "rande 9irma6udaica de 2 e $1ra.am 7arcia, a Nual utiliza com descon9iana2$ intensa correspondQncia to eOpressiva de 7re99ul.e apenas nos a1re umaestreita 6anela para a alta especulao em $msterdam2 *ermite ver, porm,at Nue *onto o 6o"o .olandQs se a1re para o eOterior, at Nue ponto est8instalado ali um capitalismo internacional2 :ois livros de rescontre+da conta1ilidade de #ouis 7re99ul.e poderiam possi1ilitar mais ainda@ umc8lculo dos lucros destas operaRes compleOas2 % rescontre )em 7ene1radiz-se PencontroP0 a reunio trimestral dos corretores de aRes Nueoperam as compensaRes e avaliam as perdas e "an.os do mercado a prazo edo mercado de prQmios2 %s dois livros de

    7re99ul.e so o levantamento das operaRes Nue ele realiza, nacircunst;ncia, por conta dos seus correspondentes2 Km a"enle de c;m1iosatual entenderia tudo, mas um .istoriador perde-se mais de uma vez2 come9eito, de reporte em reporte, em "eral preciso se"uir uma operaoatravs de v8rios rescontres para ter a possi1ilidade de calcular oslucros Nue nem sempre sur"em no 9im2 Con9esso no ter tido paciQncia deprosse"uir os c8lculos at o 9im2

    >?

    os instrumentos da troca 9tn #ondres, tudo recomeaEm #ondres, Nue por tanto tempo inve6ou e copiou $msterdam, 1em depressaos 6o"os so os mesmos2 8 em +53?, o (o/al EOc.an"e assistiu Js

    primeiras transaRes com 9undos p1licos, com aRes das !ndias e do Bancoda In"laterra2ornouse Nuase imediatamente Pponto de encontro daNueles Nue, 68 tendodin.eiro, Nuerem ter mais e tam1m a classe mais numerosa de .omens Nue,nada tendo, tQm esperana de atrair para si o din.eiro dos Nue opossuemP2 Entre +53> e +4

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    dizia, as corridas de cavalos da $lameda do C;m1ioZ, 52 7araa/Zs eonat.anZs eram os pontos de encontro dos corretores de aRes e de 9undosdo Estado, enNuanto os especialistas de se"uro mar!timo 9reN`entavam oca9 de Edard #lo/d, os do ramo de incQndio o ornZs ou o Carse/Zs2EOc.an"e $lle/ podia pois --ser percorrida em um minuto e meioP, escreveum pan9let8rio por volta de +42Esses peNuenos mundos sens!veis pertur1am os outros, mas o eOterior, por

    sua vez, pertur1a-os constantemente2 $s not!cias Nue con9undem ascotaRes, aNui como em $msterdam, nem sempre so urdidas de dentro2 $"uerra da Sucesso daEspan.a 9oi 9rtil em incidentes dram8ticos de Nue tudo, no momento,parecia depender2 Km rico mercador 6udeu, Medina, ima"inara mandar al"umacompan.arMarl1orou". em todas as campan.as, pa"ando ao avaro e ilustre capito umadotao anual de 5 mil li1ras esterlinas, das Nuais seria lar"amentereem1olsado sendo o primeiro a sa1er, atravs de um mensa"eiro, oresultado das 9amosas 1atal.as@ (amillies, %udenarde, Blen.eim32 8 oc.oNue do anncio de aterloo 1ene9iciou, dizia-se, os (otsc.ild^ $nedotapor anedota, ter8 Bonaparte retido intencionalmente a not!cia de Maren"o)+ de 6un.o de +>3-+43D0, +35D, *ara do teOto notar Nue o1anco7re99ul.e ento o 1anco mais importante de *aris, Nue a capital9rancesa se tornou uma praa 9inanceira Nue irradia lar"amente para aEuropa, Nue os c!rculos Nuadriculados corres*ondem, se"undo a divertidanomenclatura de$ntonietti, ao -.eO8"ono dos "randes ne"Hcios --, isto , as seis maiores*raas de #ondres, $msterdam, 7ene1ra, #/on, BordeauO, &omes2 &o d8 aimpresso de eNuil!1rio entre os seis vrtices do .eO8"onoW

    >4

    olsa de #ondres, reconstru!da depois do incQndio de +5552 )Foto Mic.elCa1aud20al como a de $msterdam, a Bolsa de #ondres tem .81itos e 6ar"oprHprios, Wuts e re9usals concernentes Js transaRes a prazo os 1ulls eos 1ears, Nue so fpradores e vendedores a termo Nue no tQm, na

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    realidade, o menor dese6o fprar nem de vender, apenas de especular oridin" on .orse 1ac, Nue uma -culao com 1il.etes da loteria"overnamental, etc2?+2 Mas no "eral tornamos icontrar em #ondres, comal"um atraso, as mesmas pr8ticas da Golanda, incluos (escounters da/s -palavra decalcada diretamente dos (escontre-:a"en msterdam2 $ssim,Nuando as proi1iRes "overnamentais do o 1asta nos puts 9usals, em +4D,impedindo, pelo menos por uns tempos, Nue se compre e venvento, como em

    $msterdam, vQem-se 9lorescer os (escotinters Nue 9avorecem riesmaspr8ticas, so1 outra 9orma2 EZ, em #ondres como em $msterdam, os cor0resinterpRem-se e o9erecem-se, corretores de mercadorias )tri"o, corantes,esiarias, c;n.amo, seda0, stoc 1roers, ou especialistas de c;m1io2 Em+45+, .o Mortimer protestava ener"icamente contra essa cor6a2 Ever/ man.is 1roer, ida Nual ca1e ser seu corretor, tal o t!tulo de seu livro,e um processo, em

    32 #%&:(ES@ % CE&(% :E &E7HCI%S EM +4>

    Este es1oo, eOecutado a partir de um desen.o de +4>, indica os lu"arese os edi9!cios cle1res@ #om1ard Street, o (o/al EOc.an"e em Corn.ill e,o mais cle1re de todos, EOc.an"e $lle/2 $spartes som1readas correspondem

    Js casas destru!das pelo incQndio de +5552

    +454, dar8 ense6o a medidas li1ertadoras neste sentido@ passar pelocorretor no o1ri"atHrio, ser8 eOplicitado o9icialmente?=2 udo isso,porm, sH serviu para su1lin.ar a import;ncia, na vida 1olsista, dessapro9isso cu6as comissRes so, ali8s, relativamente 1aiOas@ +A> por centoa partir de +5342 $cima dos corretores, adivin.ase a ao dos "randesmercadores e dos 1anNueiros ourives e, a1aiOo, aNuela, de modo al"umdesprez!vel, dos importunos Nue no 6ar"o se c.amam 6o11ers, ou se6a,intermedi8rios no autorizados2 8 em +5>3, 7eor"e.ite acusava --essa estran.a espcie de insetos c.amados stoc-6o11ersPde 9azer 1aiOar e su1ir as aRes J vontade para enriNuecer J custa al.eiae Pdevorar os .omens, no nosso EOc.an"e, como outrora os "a9an.otos

    devoraram as pasta"ens do E"itoP2 E no 9oi :e9oe Nue escreveu em +42 Tuem compraW

    DK&:% %BBE( - Cautelas do Mar do Sul, vencimento no So Mi"uel de

    D2 Cate"oria dos 1il.etes de loteria2

    CEI(% %BBE( - $5es da East IndiaW, X(% %BBE( - Ento^ SH vendedores, nada de compradores^ Meus sen.osoucomprador para um mil.ar de li1ras, tera-9eira prHOima, a DA2 C(I$:% -Ca9 9resco, sen.ores, ca9 9rescoWC$MBIS$, M(2 ($:E#%VE - $teno, 7a1riel, vocQ me pa"ar8 a dina so1reo capital de Nue 9alamos outro dia2

    D(IE# - *ois claro, sen.or radelove, aNui est8 um t!tulo emitido pelaSord 9e

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    Compan/2(I$:% - C.8, caval.eir%S?3

    alvez se6a 1orn recordar Nue a especulao incide tam1m so1re osEOc.eNuers )t!tulos do esouro0 e os &av/ 1ills, mais as aRes de umassessenta compas )entre as Nuais o Banco da In"laterra e a Compan.ia das!ndias, restitu!da

    D unidade em +42 P:esde +445, acompan.am-se as corridas de cavalos

    o povo se ia nas cento e doze casas da #oteria o9icial a1ertas em *aris2PE .8 casas de por toda a parte2 $ pol!cia, Nue nada i"nora, empen.a-se emno intervir @0, mesmo ao redor da Bolsa, no *alais-(o/al, onde tantosespeculadores em @0s, cavaleiros de indstria e escroNues son.am comespeculaRes miraculosas2 clima, o eOemplo das especulaRes de #ondres e$msterdam torna-se irresis

    PD MIII+Kr9IKrItPI& PK #tK#K t!vel, tanto mais Nue a pol!tica deemprstimos de &ecer e de Calonne cria uma enorme d!vida p1lica,repartida entre ?

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    inteli"ente como Marie-osep. :esir Martin, no entendemos, lo"o desa!da, a lista das cotaRes Nue ocupa Ptodos os dias uma p8"ina doournal de *aris e dos$99ic.esZ 354 Mira1eau pdeescrever sua :enncia da a"iota"em ao rei2 Suprimir essa a"iota"em seriasalvar a monarNuia, no caso pouco culpadaW:ito isto, os 9ranceses continuam ineOperientes no o9!cio2 $ propHsito doem*rstimo lanado por &ecer em +4>+, #ouis 7rel9ul.e5, nosso1anNueiroc%rnissionista de $msterdam, Nue o su1screveu lar"amente - oumel.or, mandou su1screver -, escreve ao ami"o e comparsa lsaac *anc.aud)++ de 9evereiro de

    +4>=0@ P' desa"rad8vel, muito desa"rad8vel Nue o emprstimo no ten.asido 9e

    do _isto , conclu!dob imediatamente2 eria "an.ado ? a 5 por cento2$inda no, ndem nada, no vosso pa!s, dessas 9ormas e tramHias Nue, emmatria de 9inantQm so1re a a"iota"em e a circulao dos 9undosprecisamente o mesmo e9eito o Hleo tem num relH"io, 9acilitando-l.e omovimento2P $ PcirculaoP dos dos, isto , a revenda dos t!tulos2Conclu!do o emprstimo, com e9eito, 9rente Nue, em$msterdam ou em #ondres, os su1scritores recomprem, pa"ando s, al"uns

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    t!tulos su1scritos por outras pessoas, e a cotao so1e, pois os respon-is pela operao 9oram ousadamente a alta at se tornar muitolucrativo ^m1araar-se da "rande carteira de t!tulos Nue "uardaram comessa inteno2 *aris, como praa de especulao, tem ainda muito Nueaprender2$ especulao com as aRes, novidade certa, deu muito o Nue 9alar apartir culo

    XVI# Mas reduzir as Bolsas de $msterdam, de #ondres e, atr8s delas, 0osio modesta, de *aris ao Nue os prHprios .olandeses c.amam ind.andel,rcio de vento, seria a1surdo2 %s moralistas muitas vezes deram essepasso, Zundindo crdito, 1anco, papel-moeda e especulao2 &a Frana,(oland de latire5?, de Nuem a $ssem1lia #e"islativa 9ar8 em +43+ministro do Interior, 9az rodeios e diz, com admir8vel simplicidade@P*aris sH tem vendedores ou ipuladores de din.eiro, 1anNueiros, "ente Nueespecula com papis, com emtimos do Estado, com a misria p1lica2PMira1eau e Clavire tam1m criticaa especulao, e, se"undoCoudie55, em +43+, Pa a"iota"em, para tirar do i al"uns seres o1scuros,causava a ru!na de v8rios mil.ares de cidadosP2 Sem da2 Mas o mrito das"randes Bolsas de $msterdam e de #ondres ter asse"uo triun9o, dea9irmao lenta, da moeda de papel, de todas as moedas de papel2 Sa1emos

    1em Nue no .8 economia de mercado um tanto animada sem moe@P, sta corre,PcascateiaP, circula2oda a vida econmica se es9ora por capt8lultiplicadora das trocas, est8sempre em Nuantidade insu9iciente@ as minas no ecem metais preciosos Nuec.e"uem, as m8s moedas eOpulsam as 1oas ao lonos anos e o sorvedouro doentesouramento est8 sempre a1erto2 Soluo@ criar mel.or do Nue umamercadoria-moeda, espel.o em Nue as outras mercadorias e9letidas ea9eridas criar uma moeda-si"no2 Foi o Nue 9ez a C.ina, a primeira Q-lo,lo"o no in!cio do Sculo +X542 Mas criar moedas de papel no o mes_ueam1ient8-las2 % papel-moeda no desempen.ou na C.ina o papel de aceler docapitalismo Nue l.e cou1e no %cidente2$ Europa, com e9eito, 1em cedo encontrou a soluo, at v8rias soluRes2$sem7Qnova, em Florena, em Veneza, 68 no sculo XIII, a "rande inovao ^trade c;m1io Nue penetra lentamente nas trocas, mas penetra2 Em Beauvais,imeiros invent8rios Nue assinalam letras de c;m1io no so anteriores a+5>?, a revo"ao do edito de &anteS5>2 Mas Beauvais no passa de umapraa Inciana2%utra moeda criada cedo, em Veneza, so os t!tulos da d!vida p1liZimosem$msterdam, em #ondres, em *aris as aRes das Compan.ias serem idas nascotaRes das Bolsas2 E, alm disso, os t!tulos de P1ancoP de diversasris2 odo esse papel representa uma massa enorme2 %s sensatos diziam, napo

    +2++, ? +9+DKK9rle9I#KD PP tlul2ca, Nue no deveria ultrapassar D a vezes a massa do numer8rio532 Mas

    proporRes de + para +? e mais so inteiramente prov8veis, em certaspocas, naGolanda e na In"laterra 43222-4+2$s Bolsas )os 1ancos tam1m0 tQm uma ao consider8vel nessa intruso depapel necess8ria Js trocas2 Introduzindo todo esse papel no mercado,

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    criam a possi1ilidade de se passar num instante de um t!tulo da d!vidap1lica ou de uma ao a um reem1olso l!Nuido2 Creio Nue, neste ponto emNue o passado se con9unde com a atualidade econmica, no so necess8riaseOplicaRes suplementares2 Mas, corno contraste, um teOto 9rancQs doprinc!pio do sculo XVIII - um memorando no datado4= mas Nue deve tersido escrito por volta de +4

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    esma"ando-a s seus servios2 #o6istas, mascates, eles c.e"am aos centrosmais ricos e Js -s mais desenvolvidas, a #ima ou J Cidade do MOico2 Suaslo6as, tal como primeiros merceeiros da Europa, o9erecem todas asmercadorias ao mesmo as mais modestas e comuns, 9arin.a, carne seca,9ei6o, tecidos importaias tam1m as mercadorias de preo elevado, comoescravos ne"ros ou 9a1u0edras preciosas2 $t na selva"em $r"entina dosculo XVIII se er"ue, para dos "auc.os, a pulper!a, uma lo6a com "rades,

    onde se vende tudo, so1retu!lcool, e Nue a1astece os com1oios detropeiros e de carreteirosP2Isl , por eOcelQncia, a terra dos mercados superpovoados e das peNuenasir1anas, a"rupadas por ruas e por especialidades, ainda .o6e vis!veis noscle, is das "randes cidades2 $li se encontram todos os mercadosima"in8veis@ 0ra dos muros, amplamente eOpostos, Nue impedem a passa"emnas portas nentais das cidades Pnuma espcie de territHrio neutro Nue 68no eOatacidade, onde os camponeses se aventuram a ir sem "rande.esitao, porm uito lon"e da cidade para Nue o citadino no deiOe desentir-se em se"uranos outros, dentro da cidade, Nue se insinuam con9ormepodem nas ruas ese nas praas p1licas, Nuando no ocupam amplosedi9!cios, como o BezesIstam1ul2:entro dos muros, os mercados so especializados2 :e 9ormao e,

    assinalam-se os mercados de mo-de-o1ra de Sevil.a, de 7ranada, no temponinao muulmana, e deBa"d82 Inmeros so os mercados prosaicos de de cevada, de ovos, de sedacrua, de al"odo, de l, de peiOe, de len.a, de edo222 &o Cairo, nadamenos do Nue trinta e cinco mercados interiores, se

    *eNuena9eira em Istam1ul2 Miniatura do Museo Civico Correr, em Veneza2)Clic.Q do museu20

    ndo MaNrii442 :esempen.ar8 um deles o papel de Bolsa, pelo menos paraos m1istasW ' o Nue a9irma um livro recente )+35?04>2Em suma, todas as caracter!sticas do mercado europeu esto a!@ o camponQse vem J cidade com a preocupao de o1ter o din.eiro necess8rio ao

    imposto lue mal atravessa o mercado o revendedor ativo, esperto e Nue,apesar das proi, -Res, se adianta ao vendedor rural a animao e oatrativo social do mercado, de se pode comer J vontade os pratos cozidosNue o mercador o9erece constante, nte, Palmnde"as de carne, pratos de"ro-de-1ico ou 9riturasZ 432&a !ndia, muito cedo Js voltas com uma economia monet8ria, no .8 aldeiacoisa curiosa, mas normal, depois de se re9letir - Nue no ten.a seumercado2 lue a contri1uio devida pela comunidade aos sen.oresa1sente!stas e ao 7ro0"ol, este to voraz como aNueles, tem de sertrans9ormada em din.eiro para, se"uida, ser pa"a a Nuem de direito2 *araisso, preciso vender tri"o, ou arroz, plantas tintoriais, e o mercado1aniano, sempre de servio, ali est8 para 9acilitar perao e, depassa"em, tirar os seus lucros2 &as cidades, pululam os mercados s lo6as2E por toda a parte um artesanato mHvel, J c.inesa, o9erece seus servios2ida .o6e 9erreiros am1ulantes se deslocam de carroa com as 9am!lias eo9ereri seus servios por um pouco de arroz ou outros alimentoS>+2&o con6unto, porm, estamos mal in9ormados so1re os mercados normais daia2 Em contrapartida, a .ierarNuia dos mercados c.ineses est8 1emesclarecida2 Z.ina, na sua enorme massa viva, mel.or Nue muitas outrassociedades, conseri mil.ares de caracter!sticas da sua vida anti"a, pelo

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    menos at +3+ - at des da Se"unda7uerra Mundial2 Go6e, evidentemente, 68 tarde demais para entrar essesarca!smos2 Mas 72 illiam Sinner >=, no Se-tc.uan, em +33, o14ou umpassado ainda vivo, e as suas notas a1undantes e ri"orosas so uma eOntein9ormao so1re a C.ina tradicional2&a C.ina, como na Europa, a 9eira de aldeia rara, na pr8ticaineOistente2 _as as vilas, em contrapartida, tQm sua 9eira e a 9rase de

    Cantillon >D - uma caracteriza-se por uma 9eira - vale tanto para aC.ina como para a Frana culoXVIII2 $ 9eira da vila realiza-se duas ou trQs vezes por semana, trQsvezes ndo a PsemanaP, como na C.ina meridional, tem dez dias2 ' um ritmoNue pode ser ultrapassado, nem pelos camponeses das cinco ou dez aldeiassatlites ila, nem pela 9re"uesia do mercado, de recursos limitados2Ga1itualmente, apeum camponQs em cada cinco, por 9am!lia ou por casa,9reN`enta a 9eira2 $l"ulo6as rudimentares 9ornecem as mercadorias midasde Nue o .omem do camiceessita@al9inetes, 9Hs9oros, azeite para as lamparinas, velas, papel, incenso,ouras, sa1o, ta1aco222 Completemos o Nuadro com a casa de c.8, asta1ernas se serve vin.o de arroz, os saltim1ancos, os acro1atas, oscontadores de .isis, o escrevente p1lico, sem esNuecer as casas de

    emprstimo e usura, Nuando um sen.or Nue desempen.a esse papel2Esses mercados elementares esto li"ados uns aos outros, como prova umca8rio tradicional muito coordenado, Nue 9az com Nue as 9eiras das vilasse soon.am o menos poss!vel e Nue nen.uma delas se realize no dia em Nuea cidade ue dependem 9az suas prHprias 9eiras2 Esse escalonamento permiteNue os v8a"entes de um comrcio e de um artesanato am1ulantes or"anizemseu prHprio

    P, s trts!rurricritus au iroca calend8rio2 Mascates, transportadores,vare6istas, artesos, todos em constante deslocamento, passam de uma9eira para outra, da cidade para uma vila e da! para outra, etc2, parare"ressarem J cidade, num movimento perptuo2 Miser8veis cules carre"amnas costas mercadorias, Nue vendem para comprar outras com

    discerniniento, 6o"ando com di9erenas de preos m!nimas, por vezesirrisHrias2% mercado de tra1al.o est8 em permanente circulao a lo6a artesanal de certo modo itinerante2 % 9erreiro, o carpinteiro, o serral.eiro, omarceneiro, o 1ar1eiro e muitos outros arran6am servio na prHpria 9eirae voltam depois a seu local de tra1al.o durante os dias P9riosP Nueseparam os dias PNuentesP da 9eira2 com estes encontros, a 9eira ritma avida alde, introduz-l.e seus tempos de pausa e de atividade2 $itiner;ncia de certos Pa"entesP econmicos atende necessidadeselementares@ na medida em Nue um arteso no encontra na vila, ou atna aldeia onde mora, a clientela Nue l.e permitiria tra1al.ar em tempointe"ral Nue ele se desloca Ppara so1reviverP2 Muitas vezes, sendovendedor daNuilo Nue 9a1rica, tem necessidade de pausas para reconstituiro estoNue e sa1e de antemo, pelo calend8rio das 9eiras Nue 9reN`enta, em

    Nue altura deve estar pronto2&a cidade, no mercado central, as trocas tQm outra dimenso2 *ara elec.e"am mercadorias e v!veres das vilas2 Mas a cidade, por sua vez, est8li"ada a outras cidades de seu taman.o ou maiores2 $ cidade o elementoNue comea a ser 9rancamente al.eio J economia local, Nue sai do seu;m1ito restrito e se vincula ao "rande movimento do mundo, rece1e dele asmercadorias raras, preciosas, localmente descon.ecidas e as di9unde porsua vez nos mercados e lo6as in9eriores2 $s vilas esto dentro dasociedade, da cultura, da economia camponesas as cidades saem dela2 Esta.ierarNuia dos mercados delineia na verdade uma .ierarNuia da sociedade2

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    72 2 Sinner pode, portanto, a9irmar Nue a civilizao c.inesa no se9ormou nas aldeias, mas em a"rupamentos de aldeias, incluindo neles avila Nue o seu coroamento e, at certo ponto, o seu re"ulador2 &o sedeveria levar lon"e demais essa "eometria matricial, no entanto ela temseu valor2$ super9!cie varidvel das dreas elementares de mercadoMas a mais importante o1servao de 72 2 Sinner re9ere-se J

    varia1ilidade da super9!cie mdia do elemento 18sico, isto , do espaopor onde se espraia a 9eira da vila2 E 9orneceu-l.e demonstrao "eral apropHsito da C.ina por volta de +3D

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    3"ra9ia matematizante, se"undo alter C.ristaller e $u"ust #Rs.2 VereOplicaHes no teOto, p2 342

    , os 6avaneses2 &ote-se a ;ncora de madeira, as velas de 1am1u e os doisremos do leme -al2 )Fototeca $2 Colin20- o como se, no %cidente, .esit8ssemos na distino entre a 9eira de um1ur"o

    + e uma Bolsa ao ar livre2 Mas .8 mascates e mascates2 $Nueles Nue osveleiros m, Nuando a mono a6uda, de um lado para outro do imenso oceano!ndico s mares laterais do *ac!9ico para trazQ-los de volta, emprinc!pio, seis meses tarde, enriNuecidos ou arruinados, a seu ponto departida, sero verdadeirate pedlars vul"ares, como a9irma 2 C2 Van #eur,para lo"o c.e"ar J concluso -lodicidade e at do imo1ilismo dos tr89icosa toda a Insul!ndia e J siaW gs s 9icar!amos tentados a concordar2 $ima"em destes mercadores, to inusual :l.os do %cidente, por certo incitacom demasiada 9acilidade J comparao o peNueno volume da mascatea"em2$ssim, em == de 6un.o de l?35>? %S ro 1arcos do .olandQs Goutman Nuedo1raram o ca1o da Boa Esperana acade entrar, depois de uma lon"avia"em, no porto de Bantam, em ava2 Km me de mercadores so1e a 1ordo e

    se acocora ao redor das mercadorias eOposcomo se estivessem numa 9eiraP2avaneses trouOeram os produtos 9rescos da i, aves, ovos, 9rutasc.ineses, suntuosas sedas e porcelanas mercadores tur1en"alis, 8ra1es,persas, "u6arates, todos os produtos do %riente2 Km deles, urco,em1arcar8 na 9rota .olandesa para re"ressar a sua casa, em Istam1ul2 Van#eur, esta uma ima"em do comrcio da sia, comrcio de mercadores-antes, cada Nual transportando para lon"e de casa seu peNueno 9ardo demerrias, eOatamente como no tempo do Imprio romano2 &ada se teriaalterado2i deveria se alterar por muito tempo ainda2Frata-se, provavelmente, de uma ima"em en"anadora2 Em primeiro lu"ar, none todos os tr89icos do comrcio da P!ndia com a !ndiaP2 $ partir dosculo

    XVI, .ouve um aumento espetacular dessas trocas pretensamente imut8veis2%s navios do oceano !ndico transportam cada vez mais mercadorias pesadase de preo 1aiOo, tri"o, arroz, madeira, tQOteis ordin8rios de al"ododestinados aos camponeses das zonas de monocultura2 &o se trata,portanto, unicamente de mercadorias preciosas, con9iadas a um nico.omem2 $li8s, os portu"ueses, depois os .olandeses, mais tarde osin"leses e os 9ranceses, Nue l8 viviam, desco1riram del!ciados aspossi1ilidades de enriNuecer com o comrcio da -!ridia com a !ndiaP, e muito instrutivo se"uir, por eOemplo, no relatHrio de :2 BraemSZ>5, dere"resso das !ndias em +5>4 depois de l8 ter passado trinta e cinco anosa servio da Compan.ia .olandesa, o pormenor de todas estas lin.ascomerciais entrecruzadas e interdependentes, num sistema de trocas to

    vasto Nuanto variado, em Nue os .olandeses sou1eram introduzir-se, masNue no inventaram2&o esNueamos tam1m Nue as peram1ulaRes dos mercadores doEOtremo%riente tQm um motivo eOato e simples@ a enorme ener"ia "ratuita9ornecida pelas monRes, Nue or"anizam por si sHs as via"ens dos veleirose os encontros dos mercadores, com uma eOatido Nue nen.um outrotransporte mar!timo da poca con.ecia2Este6amos atentos, en9im, Js 9ormas 68 capitalistas, Nuer se Nueira Nuerno, deste comrcio de lon"a dist;ncia2 %s mercadores de todas as naResNue

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    Cornelius Goutraan viu acocorados no convs de seus navios, em Bantam,no pertencem a uma nica e i"ual cate"oria mercantil2 Kns -provavelmente os menos numerosos - via6am por conta prHpria e poderiam, ari"or, pertencer ao mundo simples ima"inado por Van #eur, o do andaril.oda $lta Idade Mdia )se 1em Nue mesmo esses - voltaremos a este ponto -,a 6ul"ar por al"uns casos precisos, evocam mais outro tipo mercantil02 %soutros, Nuase sempre, tQm uma particularidade Nue o prHprio Van #eur

    assinala@ por tr8s deles, .8 "randes comandit8rios aos Nuais estoli"ados por contrato mas, uma vez mais, os tipos de contrato di9erem2&a !ndia, na Insul!ndia, no in!cio de seu intermin8vel itiner8rio, ospedlars deVan #eur pediram emprestadas, Nuer a um rico mercador ou armador, 1anianoou muulmano, Nuer a um sen.or, ou a um alto 9uncion8rio, as somasnecess8rias ao seu ne"Hcio2 Em "eral, comprometeram-se a reem1olsar odo1ro ao emprestador, salvo em caso de nau9r8"io2 Suas pessoas e as desua 9am!lia so a 9iana@triun9ar ou 9icar escravo do credor at o reem1olso da d!vida, tais soos termos do contrato2 Estamos, como na It8lia ou em outros lu"ares,perante um contrato de commenda, mas os termos so mais ri"orosos aeOtenso da via"em e o 6uro do emprstimo so enormes2 odavia, se essas

    condiRes draconianas so aceitas , evidentemente, porNue os desn!veisde preos so 9a1ulosos, os lucros .a1itualmente muito elevados2Encontramo-nos em circuitos de enorme comrcio de lon"a dist;ncia2%s mercadores armQnios, Nue, tam1m eles, povoam os 1arcos das monRes eSo numerosos a transitar entre a *rsia e a !ndia, so muitas vezesmercadorescomiss8rios de "randes ne"ociantes de Ispa.an, contratadostanto na urNuia como na (ssia, na Europa e no oceano !ndico2 %scontratos, neste caso, so di9erentes@ o mercador-comiss8rio, em todas astransaRes Nue operar com o capital )din.eiro e mercadorias0 Nue l.econ9iaram J partida, rece1er8 um Nuarto dos lucros, ca1endo o resto aopatro, o .o6a2 Mas essa