Civismo?

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CIVISMO? Estamos longe de tornar exequível qualquer proposta que estabeleça em nossos jovens e crianças, experiências valiosas de sentimento patriótico. Houve um tempo em que brasileiros foram torturados e até morreram pela pátria. Época em que a leitura, mesmo que feita às escondidas, era visceral. Enquanto não decidirmos construir uma nova grade curricular que force o educador a aprender a ler para ensinar a ler, continuaremos fazendo de conta que formamos cidadãos. Amor à pátria surge da conscientização, do conhecimento real de nossa história, da análise dos seus primordiais problemas, do conhecimento dos principais avanços que conquistamos e do longo caminho que precisamos percorrer para atingirmos novas metas. O aparelho ideológico escola precisa se renovar para combater a tão nociva alienação. A nova ordem deve ser formar agentes de transformação da sociedade e não fomentar a ignorância, a robotização, a subserviência e uma intencional preparação para a mão de obra. Precisamos fazer nossos alunos perceberem a força de nossa diversidade cultural. Precisamos ensinar aos nossos alunos a importância de pensar por conta própria. Temos que ensiná-los quem são nossos verdadeiros heróis...Quem ama respeita e cuida. Hoje, ao ver os desfiles “cívicos” fiquei a refletir: será mesmo que nossas crianças e jovens sabem o real significado de ser brasileiro? Afinal, o que é amor à pátria? Será mesmo que conhecem o torrão natal? Não venha me dizer que para mostrar amor e respeito à pátria é preciso bater forte no chão com o pé esquerdo ao som de uma fanfarra. Isto não é civismo. O civismo nasce da formação de um povo envolvido, coletivamente, na construção de um país cujo desenvolvimento sustentável é lei. E não há outra alternativa fora da educação escolar. Mas quem ousa fazer essa mudança? Não haverá mudança. A não ser, se juntarmos forças e decidirmos que ir às ruas é sim um ato cidadão, é sim um ato de amor à nação. Não se ama forçosamente. O amor é natural. Acontece. Fantoches podem amar e desamar. Depende da história que escrevemos. Que possamos, pois, ler mais. Mas ler mesmo para que possamos fazer as melhores escolhas. O Brasil precisa ser reinventado, pautado na ética, no respeito às diferenças, no combate às injustiças, ao poder mesquinho e efêmero. O Brasil pode ter outra cara, mas precisa de um novo coração para dar morada aos seus filhos tão carentes de uma melhor realidade. Saúde de qualidade para todos. Educação de qualidade para todos. Segurança de qualidade para todos. Meio ambiente respeitado por todos. Civismo é ação, é atitude. E tudo passará por uma boa leitura!

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CIVISMO?

Estamos longe de tornar exequível qualquer proposta que estabeleça em nossos

jovens e crianças, experiências valiosas de sentimento patriótico. Houve um tempo em que

brasileiros foram torturados e até morreram pela pátria. Época em que a leitura, mesmo que

feita às escondidas, era visceral. Enquanto não decidirmos construir uma nova grade curricular

que force o educador a aprender a ler para ensinar a ler, continuaremos fazendo de conta que

formamos cidadãos.

Amor à pátria surge da conscientização, do conhecimento real de nossa história, da

análise dos seus primordiais problemas, do conhecimento dos principais avanços que

conquistamos e do longo caminho que precisamos percorrer para atingirmos novas metas. O

aparelho ideológico escola precisa se renovar para combater a tão nociva alienação. A nova

ordem deve ser formar agentes de transformação da sociedade e não fomentar a ignorância, a

robotização, a subserviência e uma intencional preparação para a mão de obra. Precisamos

fazer nossos alunos perceberem a força de nossa diversidade cultural. Precisamos ensinar aos

nossos alunos a importância de pensar por conta própria. Temos que ensiná-los quem são

nossos verdadeiros heróis...Quem ama respeita e cuida.

Hoje, ao ver os desfiles “cívicos” fiquei a refletir: será mesmo que nossas crianças e

jovens sabem o real significado de ser brasileiro? Afinal, o que é amor à pátria? Será mesmo

que conhecem o torrão natal? Não venha me dizer que para mostrar amor e respeito à pátria

é preciso bater forte no chão com o pé esquerdo ao som de uma fanfarra. Isto não é civismo. O

civismo nasce da formação de um povo envolvido, coletivamente, na construção de um país

cujo desenvolvimento sustentável é lei. E não há outra alternativa fora da educação escolar.

Mas quem ousa fazer essa mudança? Não haverá mudança. A não ser, se juntarmos forças e

decidirmos que ir às ruas é sim um ato cidadão, é sim um ato de amor à nação.

Não se ama forçosamente. O amor é natural. Acontece. Fantoches podem amar e

desamar. Depende da história que escrevemos. Que possamos, pois, ler mais. Mas ler mesmo

para que possamos fazer as melhores escolhas. O Brasil precisa ser reinventado, pautado na

ética, no respeito às diferenças, no combate às injustiças, ao poder mesquinho e efêmero. O

Brasil pode ter outra cara, mas precisa de um novo coração para dar morada aos seus filhos

tão carentes de uma melhor realidade. Saúde de qualidade para todos. Educação de qualidade

para todos. Segurança de qualidade para todos. Meio ambiente respeitado por todos. Civismo

é ação, é atitude. E tudo passará por uma boa leitura!