CLARA _ENFOPE_A07-04-2015

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 O PENSAMENTO DA IGREJA CATÓLICA NA GÊNESE DO CAPITAL INDUSTRIAL: EXPRESSÃO DO PENSAMENTO LIBERAL E INFLUÊNCIA PARA TEORIA CRÍTICA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS Clara Angélica de Almeida Santos Bezerra(Autora)[1] José Carlos Santos (Co-autor)[2] Maristela do Nascimento Andrade(co-autora)[3] Resumo:  O trabalho analisa a enclica papal  Reru m Novarum  de 1891, como exp res são do pen samento da igr eja cat óli ca acerca das pri meiras manif est açõ es e org ani zaç ões da classe ope rár ia, fac e à bar bár ie, no pro ces so de industrializa ção . Esse conflito imanente ao modo de pr odão capi talist a e no cerio os tr ês principais protagonistas: a classe operária, a burguesia industrial e o Estado Liberal. A Igre ja ca lica , nesse peodo, co mp õe o quarto elemento de infl ncia na sociedade industrial , atras do pensamento filofico idealist a, posiciona-se concretamente no for tal eci men to da bur guesia industrial e do Estado Libera l, com uma doutrina moralizante no chamamento de uma paz social e formula o conceito  “questão social” como definição de lutas de classes sociais, absorvido pelas ciências sociais e humanas. Palavras-chave :  igre ja calica, cl as se operár ia, burguesia industrial , queso social. Abstract : The paper analyzes the Rerum Novarum papal encyclical of 1891 as an expression of the thought of the Catholic Church about the first manifestations and organizations of the working class in the face of barbarism in the industrialization process. This immanent to the capitalist mode of production in conflict scenario puts the three main pro tag onists: the wor king class, the industrial bourge oisie and the Liberal State. The Catholic Church in this period makes up the fourth element of  influ ence in industrial societ y by idealistic philos ophical thought, is posi ti oned specifically on strengthening the industrial bourgeoisie and the liberal state, with an

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educação e marxismo.

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  • O PENSAMENTO DA IGREJA CATLICA NA GNESE DO CAPITALINDUSTRIAL: EXPRESSO DO PENSAMENTO LIBERAL E INFLUNCIA PARATEORIA CRTICA DAS CINCIAS SOCIAIS

    Clara Anglica de Almeida Santos Bezerra(Autora)[1]

    Jos Carlos Santos (Co-autor)[2]

    Maristela do Nascimento Andrade(co-autora)[3]

    Resumo: O trabalho analisa a encclica papal Rerum Novarum de 1891, comoexpresso do pensamento da igreja catlica acerca das primeiras manifestaes eorganizaes da classe operria, face barbrie, no processo de industrializao.Esse conflito imanente ao modo de produo capitalista pe no cenrio os trsprincipais protagonistas: a classe operria, a burguesia industrial e o Estado Liberal.A Igreja catlica, nesse perodo, compe o quarto elemento de influncia nasociedade industrial, atravs do pensamento filosfico idealista, posiciona-seconcretamente no fortalecimento da burguesia industrial e do Estado Liberal, comuma doutrina moralizante no chamamento de uma paz social e formula o conceitoquesto social como definio de lutas de classes sociais, absorvido pelas cinciassociais e humanas.

    Palavras-chave: igreja catlica, classe operria, burguesia industrial, questosocial.

    Abstract: The paper analyzes the Rerum Novarum papal encyclical of 1891 as anexpression of the thought of the Catholic Church about the first manifestations andorganizations of the working class in the face of barbarism in the industrializationprocess. This immanent to the capitalist mode of production in conflict scenario putsthe three main protagonists: the working class, the industrial bourgeoisie and theLiberal State. The Catholic Church in this period makes up the fourth element ofinfluence in industrial society by idealistic philosophical thought, is positionedspecifically on strengthening the industrial bourgeoisie and the liberal state, with an

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  • uplifting call the doctrine of social peace and the formula concept "social question" asdefining struggles of social classes, absorbed by the social sciences and humanities.

    Key words: Catholic church, working-class, industrial bourgeoisie, the socialquestion.

    Introduo

    O sculo XIX foi o palco de grandes mudanas na histria dos homens, as mudanasesto vinculadas ao intenso desenvolvimento das foras produtivas, com a vastaexpanso da industrializao e ampliao dos mercados. O referido perodopresenciou uma alterao radical nos processos e nas relaes de produo. Foi oincio de uma nova dinmica industrial, com a chegada das mquinas no processoprodutivo exigiu um reordenamento fabril e concentrao de mo de obra nascidades.

    O fundamento marxiano nos conduzir a apreender as bases materiais e humanas dasociabilidade capitalista. Iremos analisar seu carter revolucionrio e a radicalidadedas relaes sociais que se manifestam a partir desse reordenamento econmico.Acompanhar as relaes sociais, imanentes ao capitalismo, nos faz entender osurgimento de duas especificas classes sociais o operariado e a burguesia que ocontrata para suas frentes de trabalhos nas fbricas. A relao social entreproletariado e burguesia condio sine qua non a existncia do sistema deproduo. O trabalho operrio fonte de mais valor das mercadorias produzidas poreles. Na sociedade capitalista, o trabalho humano apenas tem sentido se produzircoisas teis, porm lucrativas ao capital, ou seja, essencialmente a produo temque ter valor de troca. So as mercadorias produzidas pela mo de obra humana queso a fonte da produo da mais valia.

    A relao social entre proletariado e a burguesia detentora dos meios de produodas mercadorias uma realidade imanente produo do capital, a grande indstria,ser forma social onde emana em termos mais desenvolvidos a contradio entrecapital e trabalho. Essa contradio expressa na total subordinao do trabalho aocapital, o trabalho abstrato, na sociedade capitalista, conduz o trabalhador asubordinar sua condio humana a apndice da mquina. Essa condio conduz aorebaixamento de salrios, jornada de trabalho para alm das condies fsicas dostrabalhadores e a proletarizao da famlia. A insero de mulheres e crianas nafrente da mquina se tornou irremedivel para ampliao da renda familiar e suareproduo social.

    Essa nova sociabilidade, imposta pelo modo de produo capitalista, trouxe comoreflexo uma nova pobreza agora desvinculada de condies naturais e climticas,de ausncia de conhecimento e manipulao dos homens dos bens naturais. Mas, aocontrrio, a referida nova pobreza, ou seja, o pauperismo da classe trabalhadora

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  • denominada pelo pensamento liberal como questo social[4] acontece para classetrabalhadora de forma proporcionalmente inversa a riqueza da classe burguesa,detentora dos meios de produo. O capitalismo forjou uma classe operria urbanacom imensas necessidades jamais supridas, levando milhares de pessoas a viverem afase produtiva de suas vidas subjugadas indstria de trabalho, e logo aps seremtratadas como peas obsoletas.

    O novo contexto dessa relao social trouxe a tona diversos pensamentos e anlises,sobretudo acerca da organizao dos trabalhadores, diante da incapacidade do novomodelo produtivo em administrar o processo contraditrio entre o capital e otrabalho. Uma vez que, a classe burguesa encontrava-se na sua maturidade e noencontrava respostas em suas bases materiais e humanas que nortearam osprincpios de sua revoluo.

    O pensamento burgus encontrou suas razes na filosofia idealista que buscouharmonia na contradio entre as classes. A ideologia burguesa enraizou seusfundamentos, sobretudo, no pensamento liberal cristo. A economia clssica aoexprimir seus pressupostos tericos, apontava uma naturalizao nas relaessociais, com se no houvesse uma causa histrica nas referidas relaes de classe,mas, ao contrrio, as relaes teriam sido estabelecidas por fundamentos naturais epredestinao de uma classe em detrimento de outra. Ou seja, a nova pobreza eravista como um desarranjo social, um desvio de conduta da classe trabalhadora, queviviam em desacordo com a moral e tica crist.

    O pensamento da Igreja catlica, nesse perodo, estabeleceu uma direta conexo aopensamento da economia clssica, ambos estavam fundamentados nas filosofiasidealistas. A igreja pronunciou claramente que as classes deveriam buscar umarelao social pacfica, e as manifestaes proletrias foram rechaadas comosubverso s leis divinas. E que em contra partida a classe burguesa deveria usar debenevolncia com os proletariados e promover a paz entre os homens.

    A encclica papal Rerum Novarum, de 15 de maio de 1891, elaborada pelo papa LeoXIII, representa o pensamento oficial da Igreja catlica. O documento ir apontar apossvel harmonia entre as classes sociais, sobrepondo uma concepo religiosadiante da concepo civil. Observaremos que a influncia do pensamento da Igrejaencontra eco no aspecto poltico filosfico da ideologia burguesa. Essa filosofia decarter liberal embasou o Estado no intervencionista, sobretudo nas relaes sociaiseconmicas, restando sua eficcia em coibir as reivindicaes da classe operriafrente explorao nas indstrias e suas condies de vida degradante.

    Em Contra partida s ideologias burguesas Engels e Marx apontaram, ainda nesseperodo, os fundamentos acerca das relaes sociais entre a classe operria e aclasse burguesa. Engels ao apresentar o cenrio da classe operria, na Inglaterra,apontou as suas condies da vida como reflexo do modelo produtivo do capitalindustrial, sob o comando especfico da classe burguesa. Para Marx, o processo da

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  • acumulao primitiva do capital a base para analisar o fenmeno destaemblemtica nova pobreza, surgida no seio do capital industrial. A partir de Marx emsua obra O Capital de 1866, ns vamos ter uma crtica ao pensamento da economiaclssica. Essa obra profcua nos levar a aprender o novo modelo produtivo, comoreflexo de um processo histrico da transio de um antigo modo de vidasocioeconmico para outro totalmente diversificado em sua base material e humana.

    Os fundamentos marxianos apontam a relativa pobreza da classe operria, intrnsecaa esse novo modelo produtivo. Para Marx o carter objetivo do capital causa ametamorfose no mundo do trabalho, atravs da concentrao do capital sob odomnio exclusivo do regime fabril. Entretanto, ontologicamente uma classe demandaas respostas sociais dessa concentrao do capital. A classe operria, com seusinteresses conflitantes com os proprietrios do meio de produo, busca preservar asua fora produtiva e reclamam condies de vida. Diante desse conflito o EstadoLiberal atua como um comit executivo da burguesia, atravs da coero e daregulamentao das leis fabris que regulamentam as relaes de trabalho, sob odomnio direto do capital sobre o trabalho. A anlise crtica de Marx ir revelar apostura idealista do estado liberal nesse perodo, que tem no pensamento catlicocristo o seu apoio incondicional no pensamento ideolgico do sculo XIX.

    1. O cenrio socioeconmico e poltico: a batalha das idias.

    O sculo XIX representa o alvorecer de duas grandes revolues acontecidas nosculo XVIII, a grande revoluo francesa e a revoluo industrial, ocorridosinicialmente na Inglaterra, ambos os acontecimentos ocorridos na segunda metadedo sculo XVIII. Falar da revoluo industrial significa falar de um conjunto detransformaes em diferentes aspectos da vida humana. Muda de forma radical avida econmica com o surgimento da indstria, a agricultura, transportes, a chegadados bancos e mais que tudo, a entrada em cena de duas grandes classes que levou aconsolidao do modo de produo capitalista: a burguesia, possuidora dos meios deproduo e, portanto, concentradora da maior parcela do dinheiro; e o proletariado,que, destitudo historicamente dos meios de produo, possui apenas como nicobem, a ser negociado nas relaes socioeconmicas, a sua fora de trabalho. Essadestituio dos bens da referida classe operria estar longe de ser um acontecimentonatural.

    Do perodo dos sculos XV ao XVII foram marcados por grandes conflitos no campo enas cidades, sobretudo pela tomada de poder. Na Europa, nesses dois ltimossculos, a descentralizao feudal gradualmente substituda pela formao deEstados nacionais unificados e pela centralizao de poder com a formao demonarquias absolutas. (ANDERY, 2001, pg.163) A fragmentao da sociedade feudalfoi condio sine qua non para a ascenso de uma nova sociedade, esta por sua vezmoderna e industrial. Porm, a passagem do feudalismo ao capitalismo ser o fim de

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  • uma relao estanque constituda por uma economia voltada para subsistncia. E,tambm, o fim de uma relao social fundamentada na vassalagem e relao servil.O fim dessa relao aconteceu mediante a transformao da vida econmica e aexpulso dos camponeses das terras.

    O fechamento das terras e a elevao dos arrendamentos fizeram com que milharesde pessoas ficassem sem condies de sobrevivncia, e, no futuro, quando aindstria capitalista teve necessidade de trabalhadores, essas pessoas formaramparte da mo-de-obra por ela utilizada. (ANDERY, 2001, pg. 169)

    No ser objeto da nossa discusso o detalhamento da transio do feudalismo parao capitalismo. Temos no trabalho de Huberman,1936 o pice de uma pesquisa acercada trajetria humana at a ascenso do capitalismo, e, ainda, nos textos de Falcom eMoura,1981; e Andery,2001 encontramos uma rica interlocuo acerca desseperodo. Porm, desde j afirmamos, impossvel a existncia do capitalismo sem afragmentao paulatina e sangrenta do sistema feudal.

    De acordo com a pesquisa de Castelo (2006), uma das condies histricasfundamentais da acumulao primitiva, alm da fora fsica exercida pela burguesia epela aristocracia inglesas, a prosperidade material e a ascenso poltica doscomerciantes e rentistas. Ao longo de vrios sculos lutaram contra os entraves dosistema feudal, baseado na propriedade restrita sobre a terra e numa concepoesttica de riqueza, do pecado da usura e do preo justo. (CASTELO, 2006, p.27)Esta batalha culminou, segundo Leo Huberman (1964 [1936], p.164), nas ReformasProtestantes e em lutas ideolgicas, econmicas e polticas, com a vitria daburguesia. A descoberta das minas de ouro e prata na Amrica levou um enormefluxo de riqueza aos tesouros nacionais europeus e aos cofres privados doscomerciantes e rentistas, financiadores das atividades estatais de navegao econquista de novos territrios.

    Os salrios nominais subiam, mas os reais caam, levando para baixo a qualidade devida daqueles que viviam do prprio trabalho. O enriquecimento dos comerciantes erentistas, em consonncia com a lgica do capital, geram, todavia, a pobreza dostrabalhadores europeus (e americanos). A prosperidade daquela nova classe foiseguida de perto, como uma sombra, pela pauperizao de milhares de sereshumanos a Idade dos Fuggers foi tambm a Idade dos mendigos (HUBERMAN,1964 [1936], p.114 apud CASTELO, 2006, p.29).

    A indstria moderna chegar ao apogeu e fortalecimento, sobretudo sobre doispilares: a existncia de capital acumulado pelo processo da expanso comercial, e aexistncia de uma classe trabalhadora livre e sem propriedade. Somente nas dcadasposteriores, com a consolidao da acumulao capitalista e o surgimento da classeproletria, que estariam dadas as condies materiais para a emergncia de uma

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  • teoria social sobre a luta de classes. O processo organizativo da classe operriainglesa ir provocar duas distintas teorias em constante conflito: a teoria burguesa,pautada numa ideologia liberal e idealista e a teoria crtica sociedade burguesa que a teoria marxista. Marx e Engels partiram para construir a sua teoria socialrevolucionria, que influenciaria o movimento operrio pelos prximos 150 anos. Foinesse cenrio terico poltico que Marx e Engels empenharam-se na batalha dasideias. Ao contrrio dessa forma de entender o mundo, como um vir-a-ser das ideias,Marx e Engels tecem uma nova maneira de entender os homens como de fato elesso. A raiz da concepo marxista so os homens e como estes produzem a sua vida.Na contramo da ideologia alem vigente, Marx e Engels apresentaram o primeiropressuposto de toda a existncia humana, e, portanto, de toda a histria: oshomens devem estar em condio de viver para poder fazer histria (MARX, 2009,p. 40).

    Marx e Engels, em resposta aos jovens hegelianos[5], refutaram a concepoidealista da histria. A tradio idealista hegeliana, na figura daqueles jovens,entendia a histria como um processo de evoluo de ideias e conceitos. Enxergavana mudana de um modo de pensar o mundo para outro, mais crtico, o momento deautoconstruo dos homens. A conscincia humana era erigida ao grau deautoconscincia, conscincia absoluta, que saltava por entre o mapa da histria, indode um perodo histrico ao outro, rompendo todos os obstculos objetivos possveispor meio do pensamento.

    2. O pensamento da igreja catlica como apoio burguesia liberal

    Segundo Andery,2001, apenas possvel destacar algumas tendncias dopensamento vigente na transio do sculo XVIII ao sculo XIX, uma vez que essepensamento foi marcado por fortes mudanas com a ascenso econmica e polticada burguesia. Com isso, as idias e pensamentos, desse perodo, refletiam as idiase necessidades dessa classe. A partir da Revoluo Francesa e Revoluo IndustrialInglesa, podemos destacar trs valores expressados pela burguesia: a liberdade, oindividualismo e a igualdade. Os grandes filsofos Franceses do sculo XVIII, comoVoltarie(1694-1778) e Rousseau (1712-1788) expressavam suas idias acerca deuma liberdade com idias liberais contrrio a toda restrio as instituies quelimitavam a liberdade individual.

    Sendo contrrio a qualquer forma de religio organizada e despotismo poltico.Voltaire, um representante da alta burguesia e da nobreza letrada, ao defender adestituio a crena na religio crist, afirmava que isto s deveria ser feito junto sclasses abastadas, pois para ele quanto para Rousseau, considerava despiciendo oesclarecimento s massas, preocupados, assim, com a educao apenas da elite.Esses filsofos franceses, na defesa intransigente da liberdade individual, acabarampor favorecer um desenvolvimento do individualismo. Esse individualismo

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  • perceptvel nas obras de Voltaire, Rousseau e Kant. (ANDERY, 2001, p.284)

    O pensamento filosfico da transio do sculo XVIII para o sculo XIX em suamaior parte racionalista. Enfatiza-se o papel da razo como instrumento naelaborao do conhecimento, porm, so considerados racionalistas empiristas, jque admitiam que o conhecimento no podia prescindir da observao, daexperincia, na percepo sensorial. No incio do sculo XIX, a razo assumeimportncia mxima. Hegel foi o filsofo de expresso maior desse racionalismo,atribuindo o real como condicionado ao pensamento racional. A partir de Marx, queessa concepo ser posta de cabea para baixo. O pensamento marxiano coloca oreal como a base do pensamento, ao contrrio de Hegel ,em Marx o pensamento amanifestao do real. Teremos, assim, no perodo do sculo XIX as antinomias dospensamentos filosficos, que expressaro na realidade os clamores das determinadasclasses que amadureceram o referido sculo a burguesia e o proletariado.

    O pensamento oficial da Igreja catlica, atravs da encclica papal Rerum Novarum,de 1891, expressar no fim do sculo XIX os anseios do pensamento tico cristo eda filosofia idealista. Centrado numa sociedade teocntrica onde Deus se colocavacomo mediador das relaes sociais vigentes. A igreja catlica se coloca, ento, afavor do estado burgus ao responder acerca das manifestaes do proletariadocontra a situao de explorao apresentada. Inicialmente a Igreja se coloca comomediadora sobre a causa operria, diante da popularidade que a relevanteQuesto social[6] foi debatido pela sociedade a partir do sculo XIX. O documentofoi contundente ao afirmar que a Rerum Novarum tinha uma importncia mpar paraos cristos, assim como o Manifesto Comunista ou a prpria obra o capital de Marxtinham para os socialistas.

    O pensamento oficial da Igreja, manifestado na encclica do Papa Leo XIII, expeque as causas dos conflitos sociais se manifestam por trs fatores: a supresso dascorporaes de artes, a secularizao das instituies pblicas e a soluo secularmarxista como sendo subversiva ordem social. O pensamento da liberdadeindividual se fazia presente no documento, como ponto nodal o direito propriedadeprivada. Nesse sentido, a Igreja declarava uma postura totalmente contrria aosprincpios socialistas da poca. A Igreja apontava que os princpios comunistas,propalados pelos socialistas, tinham a priori a inteno de dissolver a famlia noEstado e dissolver as economias particulares na economia coletiva.

    A igreja surge, com pleno direito, para dizer a sua palavra de magistrio. Enaturalmente, contra as teorias da luta de classe, propugna a colaborao deoperrios e patres no respeito mtuo dos direitos e na prtica recproca dasobrigaes. (RERUM NOVARUM, 2005, p.7)

    O pensamento da igreja ficou preso as ideais liberais burguesas e referendava osprincpios de liberdade, individualidade e igualdade. Para a Igreja a posse particular

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  • era um dom de Deus. E que para a igreja todas as pessoas eram iguais, noimportava a classe social, e, portanto, a liberdade era dada por Deus a todos oshomens. Para que os referidos princpios tornassem realidade era preciso buscarsoluo na justia e caridade crist, na colaborao entre as classes. Para a Igreja afuno do Estado era promover a concrdia entre as classes. Sobretudo, o Estadotinha como funo no absorver a propriedade particular e a vida familiar. Para essefim o Estado, na concepo da igreja, teria que proteger os direitos e atividades detodos.

    Com especial cuidado dos pobres e fracos; salvaguardar a propriedade particular;prevenir as causas das greves, prejudiciais a toda comunidade particular. (Idem, p.7)

    Era perceptvel que a encclica papal continha influncias do socialismo utpico.Creditava causa da misria humana a destruio das corporaes antigas, deixandoos trabalhadores isolados e sem defesa. O documento ento expressa que a novarealidade de produo social deixava, assim, os trabalhadores dependentes etotalmente nas mos de homens desumanos e a cobia duma concorrnciadesenfreada. (RERUM NOVARUM, 2005, p. 10) Lembramos aqui a crtica de Engels burguesia, quando desejava reacender a idia da Merry England (Inglaterra Feliz)atravs de concepes que historicamente era impossvel diante do progresso dasforas produtivas.

    A igreja criticava essas novas formas produtivas,o monoplio do trabalho e dospapis de crdito que estava concentrado nas mos de poucos. E apontava que essanova realidade social conduzia a um sistema de servido imensa multido dosproletrios. Porm, Enxergava que nas manifestaes operrias, especialmente nainterveno poltica socialista, uma completa subverso da ordem social.

    Os socialistas, para curar este mal, instigam nos pobres o dio invejoso conta os quepossuem, e pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve sersuprimida, que os bens dum indivduo qualquer devem ser comuns a todos, e que asua administrao deve voltar para os municpios ou para o Estado (...) semelhanteteoria, longe de ser capaz de pr termo ao conflito, prejudicaria o operrio se fossecolocada em prtica. Outrossim, sumamente injusta, por violar os direitos legtimosdos proprietrios, viciar as funes do estado e tender para a subverso completa doedifcio social. (RERUM NOVARUM, 2005, p.11)

    A encclica de Leo XVIII colocava, assim, o que seria o divisor de gua dopensamento liberal cristo e o pensamento socialista- a dissoluo da propriedadeprivada. O sculo XIX que apresentava uma concentrao de renda atrelada ao novomodelo social de produo, que tinha na posse dos instrumentos de trabalho o pontonodal de sua estrutura. Os trabalhadores historicamente destitudos dessa posseficavam, assim, atravs do discurso oficial da Igreja em apreender os conflitos entre

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  • as classes e a interveno poltica dos socialistas e comunistas como atitudescontrrias aos valores ticos cristos.

    A teoria criacionista defendida pela Igreja foi, nesse perodo, um elemento agregadoraos valores liberais burgueses, uma vez que a igreja defendia que a relao dohomem com a terra era uma ddiva divina e precedia o Estado. Portanto, era lcita apropriedade particular, porque a terra, segundo a encclica papal, existia no paradomnio desordenado de todos os homens. Mas, a terra foi divinamente limitadapara ser administrada pelos homens. Dessa forma, para a igreja quem no tivesseterra superaria atravs do trabalho as suas necessidades pessoais. Aqui o trabalho visto como desconectado com a realidade do trabalho abstrato, ou seja, a razo dapobreza dos trabalhadores causa individual do ser, que ainda no possui medianteos seus esforos pessoais os determinados bens que necessita.

    A Encclica Papal manifesta, assim, a sua preocupao com a questo operria, aqual ela denomina de questo social (RERUM NOVARUM, 2005, p19). Segundo odocumento, a Igreja a nica instituio que pode solucionar os conflitos entre asclasses operria e burguesa, uma vez que a funo da igreja no seria apenas deesclarecer o esprito dos seus ensinamentos (Idem,p.19) .

    Mas tambm se esfora em regular, de acordo com eles a vida e os costumes decada um; a Igreja, que quer e deseja ardentemente que todas as classes empregamem comum os seus conhecimentos e as suas foras para dar questo operria amelhor soluo possvel; a Igreja, enfim, que julga que as leis e a autoridade pblicadevem sem dvida, com medida e prudncia, prestar seu concurso para estasoluo. (RERUM NOVARUM, 2005, p.20)

    Nesse sentido, a Encclica Papal apresenta aqui um fundamento a ser seguido pelasociedade. Fica claro para a Igreja que a pobreza relativa da classe operria, notem relao alguma com a realidade social vigente, onde cada vez mais a riquezaproduzida gera por uma determinada classe, gera a sua prpria pobreza. As leismetafsicas so, para o pensamento da igreja, determinantes para a sociabilidadehumana. Portanto, para dirimir os conflitos entre as classes a instituio igreja,juntamente com suas aes beneficentes, supriria as carncias humanas, causadaspelas diferenas naturais entre os homens. Uma vez que, o homem deve aceitar suacondio: impossvel que na sociedade civil todos sejam elevados ao mesmo nvel.(Idem,p.20)

    Diante dessa constatao metafsica, segundo o pensamento da Igreja seriam inteisos esforos dos partidos socialistas, que discutiam uma igualdade entre as classessociais. Para a igreja, o esforo e clamor de greves organizado pelos movimentospolticos da poca eram despiciendos, porque prometiam aos pobres uma vida semsofrimento, quando este era uma causa metafsica, ligada a realidade de pecado queo homem se encontrava. Aqui se apresenta, ento, um ponto nodal das divergncias

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  • de pensamento entre igreja e movimento operrios da poca. Enquanto o primeiroenxergava a inevitabilidade da luta de classes o segundo entendia que os homensdeveriam lutar contra a situao de misria que se encontravam. Para a Igreja,pobres e proletrios representavam um nico fundamento, ou seja,a pobreza relativados operrios era totalmente desconectada do modo social de produo vigente, masuma pobreza proveniente das diferenas naturais e , portanto, eternas entre oshomens.

    3. A crtica marxiana sobre o pensamento da Igreja: pressuposto paracincias sociais e humanas.

    Marx (2004) fez uma severa crtica aos economistas clssicos que tentavamesclarecer os fatos da sociedade burguesa a partir de um estado primitivo primrio, esimplesmente empurravam as questes para uma regio nebulosa e cinzenta. E deforma anloga dizia que os economistas se comportavam como os telogos queexplicavam a origem do mal pelo pecado original, ou seja, buscavam apresentar numfato acabado o que ainda estava por explicar na histria. Enquanto a econmicaclssica concebia a concorrncia, liberdade industrial, diviso da posse da terra comoconseqncias naturais, Marx partia da anlise do trabalho, na sociedade burguesa, ea interconexo entre a propriedade privada com o novo sistema dinheiro.

    Agora temos, portanto, de conceber a interconexo essencial entre a propriedadeprivada, a ganncia, a separao de trabalho, capital e propriedade da terra, de trocae concorrncia, de valor e desvalorizao do homem, de monoplio e concorrnciaetc., de todo este estranhamento (Entfremdung) com o sistema dinheiro. (MARX,2004, p.80)

    Na anlise marxiana, o trabalhador na sociedade burguesa existe de formainversamente proporcional a riqueza produzida. O trabalhador se torna mais pobrequanto mais riqueza ele produz. Para Marx (2004) o trabalhador se torna umamercadoria to mais barata quanto mais mercadoria ele cria. A valorizao do mundodas coisas (Sachenwelt) aumenta em proporo direta a desvalorizao do mundodos homens (Menschenwelt). Ao produzir a mercadoria em geral o trabalhador noproduzia apenas produtos, mas produzia a si mesmo como uma mercadoria.

    Este fato nada mais exprime, seno: o objeto (Gegenstand) que o trabalho produz, oseu produto, se lhe defronta como um ser estranho, como um poder independentedo produtor. O produto do trabalho o trabalho que se fixou num objeto, fez-secoisal (salchlich), a objetivao (vergegenstandlichung) do trabalho. A efetivao(verwirklichung) do trabalho a sua objetivao. Esta efetivao do trabalho apareceao estado nacional-econmico como desefetivao (entwirklichung) do trabalhador, aobjetivao como perda do objeto e servido ao objeto, a apropriao como

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  • estranhamento (Entfremdung), como alienao (Entausserung) (MARX, 2004, p.82)

    A sociedade burguesa, na concepo marxiana, oculta o estranhamento na essnciado trabalho porque no considera a relao imediata entre trabalhador (o trabalho) ea produo. Ao substituir o trabalho por mquinas, parte dos trabalhadores no temsua vida e tempo mais livre, ao contrrio, so submetidos a um trabalho maisbrbaro ainda e, outra parte torna-se apndice da mquina. O trabalho burgusproduz maravilhas para o rico, mas privaes para o trabalhador; produz palcios,mas cavernas para o trabalhador; produz esprito, mas imbecilidade e cretinismopara o trabalhador (MARX, 2002, p. 82)

    A ideologia burguesa garante uma liberdade humana pautada nos direitos civis,alicerada numa estrutura econmica da sociedade civil onde o homem burgus jno a realizao, mas ao contrrio, o limite da liberdade do indivduo. Eles do aohomem a plena liberdade de alienar-se a seu arbtrio no plano social e naturalmentetambm naquele ideolgico. O ponto neuvrgico de discusses aqui no a religio,mas a alienao burguesa do homem de si mesmo, o homem que no se reconhececomo ente genrico. A sociedade o espao limitado do homem, uma vez que Marxapresenta o homem egosta, sendo ele membro da sociedade civil.

    Dessa forma fica explicitado que o debate filosfico da poca estava atrelado sconcepes burguesas da liberdade religiosas, era preciso que os homens tivessemseus direitos civis garantidos. Marx ir justamente mostrar o carter de alienaonessa discusso.

    O homem no , portanto, libertado da religio, ele recebeu a liberdade religiosa. Eleno libertado da propriedade, recebeu a liberdade da propriedade. Ele no libertado do egosmo do ofcio, recebeu a liberdade do ofcio. (MARX apudLukcs,1981,p.59)

    Para Marx, portanto, a centralidade da subjetividade sempre significou, de algumamaneira, uma dissociao entre a conscincia e a realidade efetiva na suaintegralidade. Pois ela produto de um processo social marcado pela produo demercadorias, do qual o fetichismo essa centralidade subjetiva. Para Marx, era ntidaa necessidade que os homens tinham de desvencilhar-se do pensamento burgus dapoca e as influncias ticas crists, que de certo no era uma convergncia deidias despropositadas. Mas igreja e burguesia, no sculo XIX, expressavam umbloco homogneo de fundamentos acerca das relaes sociais entre as classes.

    A estrutura do processo vital da sociedade, isto , do processo da produo material,s pode desprender-se do seu vu nebuloso e mstico, no dia em que for obra dehomens livremente associados, submetida a seu controle consciente e planejado.(MARX, 1975, p.88)

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  • A contribuio marxiana foi, portanto, para o sculo XIX, e penso que nos dias emvigncia, os fundamentos crticos ao pensamento burgus, que se contraps anaturalizao das relaes scias. E permitiu, assim, a anlise crtica do trabalhohumano na sociedade capitalista, como consequncia do trabalho abstrato oriundo domodelo de capitalista de produo. Para Marx era urgente a necessidade de ohomem apreender a histria como produto real de suas aes. E que o pensamentofilosfico, vigente do sculo XIX, estava ainda atrelado as concepes metafsicas,que propositadamente objetivava retirar a centralidade objetiva do trabalho humano,como a verdadeira convergncia nas discusses entre as classes.

    Consideraes finais

    Ao longo deste trabalho pudemos constatar que a critica realizada por Marx e Engels economia clssica e ao pensamento filosfico vigente do sculo XIX, apontou ocaminho das pedras no processo do conhecimento da superao influncia dopensamento filosfico e religioso. A partir de Marx, a histria dos homens tem suagnese e desenvolvimento na produo humana, os homens passaram a serresponsveis pelo seu destino. O fundamento filosfico marxiano apontou o trabalhocomo a protoforma do agir humano, proporcionando ao posterior pensamentofilosfico, cito aqui a especial contribuio de Lukcs, para o estudo de uma novaontologia do ser social. Descortinando assim a discusso da nova materialidade parahumanidade ao apreender a real conexo entre a relao homem e natureza.

    Para Marx e Engels a classe operria tinha em suas mos o destino de sua prpriahistria. A anlise e superao do trabalho abstrato, na sociedade capitalista, foi oponto de partida para compreender a sociabilidade humana atravs da inter-relaoentre homem e natureza orgnica e inorgnica. Essa constatao marxiana,aparentemente simples, de sinalizar a passagem do homem meramente biolgico aosocial, conduziu aos filsofos marxistas ao estudo da complexidade da formao doser social, portanto, a gnese e o desenvolvimento das complexas mediaes entre otrabalho e a totalidade social.

    Marx, portanto, no recorreu a nenhuma transcendncia para explicar os complexosque articula os indivduos sociedade. Buscou apreender a complexidade nasociedade capitalista do Sculo XIX. A sociedade burguesa e sua forma de produo,atravs do trabalho alienado foi o solo gentico para contribuio marxiana, paracompreender a relao entre a individualidade e sua conexo com a totalidade. Aotratar da influncia religiosa, Marx apontou a desmistificao da religio enquantoum fenmeno ideolgico isolado na histria humana, mas apresentou a real conexodo pensamento burgus no pensamento religioso da poca.

    Enquanto o pensamento religioso da poca apontava o fenmeno da pobreza comoalgo exclusivamente natural, e que, portanto, imutvel. Com a contribuio deEngels e Marx, a sociedade burguesa passa a ser apreendida no mais como uma

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  • eterna impossibilidade de superao, ou muito menos, como outrora pensava osatenienses, um arqutipo de sociedade evoluda. Mas, ao contrrio, como umarealidade que pode ser superada a partir das constantes interaes entre o homem,em sua individualidade, e a totalidade. Na prxis social desenvolvemos uma srie decomplexos sociais, que tm a funo de sistematizar os nossos conhecimentosadquiridos numa concepo de mundo que fornea razes para a existncia humana.E podermos, assim, dentro das necessidades histricas, construirmos as relaeshumanas para alm das relaes mercantilizadas e subservientes ao jugo do capital.

    Referncias:

    ANDERY,M.A. et al. Para compreender a cincia. So Paulo: EDUC/ Espao etempo, 2001.

    CASTELO BRANCO, R. A questo social na origem do capitalismo:pauperismo e luta operria na teoria social de Marx e Engels/ Tese dedoutorado Rio de Janeiro: UFRJ/Escola de Servio Social, 2006.

    ENGELS, Friedrich. A situao da classe trabalhadora na Inglaterra. So Paulo:Boitempo, 2008.

    MARX, K. Manuscritos Econmicos Filosficos. So Paulo: Boitempo, 2004.

    ______. O capital. So Paulo: Abril Cultural,1983.Vol.I,tomoI.

    MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alem. So Paulo: Expresso Popular,2009

    NETO, J.P. Cinco notas a propsito da Questo Social.In: Temporalis3.Braslia, ABEPESS,jan-jun. de 2001,p.41-49

    PIMENTEL,Edlene. Uma Nova Questo Social Rases Materiais ehumano-Sociais do Pauperismo de Ontem e de Hoje. Macei: EDUFAL, 2007.

    RERUM NOVARUM,Carta Encclica de Sua Santidade o Papa Leo XIII Sobre aCondio Dos Operrios. 15. ed.So Paulo: Paulinas,2005.

    [1] Mestre em Servio Social PPGSS, da UFAL, Professora da UniversidadeTiradentes Lder do grupo de pesquisa Servio Social Mercado de Trabalho e questo

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  • Social,[2] Doutorando em Educao pela PUCRS. Mestre em educao pela UniversidadeFederal de Sergipe. Professor da Universidade Tiradentes e Membro do GrupoGPGFOP[3] Mestranda em educao pela Universidade Americana - PY, Especialista emdocncia e tutoria EaD pela Universidade Tiradentes, Professora da UniversidadeTiradentes e Membro do Grupo GPGFOP[4] A explicao dos economistas polticos para a origem do capital e, por sua vez,do trabalho assalariado, , no mnimo, inusitada. Ambos os elementos essenciais domodo de produo capitalista teriam surgido como expresses exteriores danatureza humana presente nas classes sociais: uma, laboriosa e poupadora,prenhe de virtudes, acumularam capital e dinheiro; a outra, vagabunda e perdulria,portadora de vcios incorrigveis, reteve pobreza material e misriaespiritual.(CASTELO BRANCO,2006,p.29)[5] Um grupo de pensadores jovens que, na esteira do hegelianismo, constituam umpensamento crtico na direo da crtica religio, visando modernizao do Estadoalemo. Tratava-se de um grupo que pretendia interpretar o pensamento de Hegelna direo do que eles denominavam de idealismo ativo, isto , um idealismo queopera na realidade efetiva. A crtica radical religio, como propsito de emancipar acidadania e fundar o Estado moderno superador do absolutismo alemo, o objetivodos neo-hegelianos (CHASIN, 1988, p. 82).[6] A encclica papal utiliza o termo Questo Social por j esse ser um termoutilizado por diversos idelogos da poca. Ao fazer uso do termo a Igreja aquiapresenta a situao da classe operria e os movimentos operrios que politicamentese manifestavam contra a burguesia.

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