CLORETOS EM ÁGUA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CAMPUS DE FLORESTAL
Relatório de Higiene Industrial e Legislação: Cloretos em água
Mônica Xavier de Almeida, EF00354
Florestal – Minas Gerais
2013
Introdução:
Os cloretos estão presentes em todas as águas naturais, em maior ou menor
escala. Os íons cloretos são advindos da dissolução de sais, da intrusão de águas
salinas e do lançamento de efluentes domésticos e industriais. As águas de
montanhas e de terras altas têm normalmente baixo teor, enquanto que águas de
rios e subterrâneas podem apresentar quantidades apreciáveis (VON SPERLING,
2005).
O aumento progressivo da concentração de cloretos é relativamente comum
em açudes da região Nordeste do País, devido à significativa evaporação e da curta
duração da estação de chuvas (LIBÂNIO, 2008).
Os cloretos, mesmo em concentrações razoáveis, não são nocivos aos seres
humanos, a menos que ele sofra de moléstia cardíaca ou renal, mas pode conferir
gosto salgado à água. A portaria a n° 518 do Ministério da Saúde de 25 de março de
2004, diz no Art.16: “A água potável deve estar em conformidade com o padrão de
aceitação de consumo...”, portanto é determinado um limite máximo aceitável de
cloretos em água para consumo de 250 mg/L (RICHTER, 1991).
Os problemas ambientais acarretados pelos cloretos estão relacionados com
o potencial osmótico, que afetam a vida de seres aquáticos de água doce. Por
exemplo, o sapo, se mantido numa água salgada, perderá toda a água do seu corpo
por osmose (em que a água passa do meio menos concentrado para o meio mais
concentrado), e morrer por desidratação (NEIVOLARI, 2003).
Os problemas relacionados a quantidade excessiva de cloretos são: podem
indicar poluição fecal, podem causar corrosão em equipamentos e podem formar
incrustações em pisos e equipamentos (RICHTER, 1991).
No esgoto sanitário os cloretos aparecem numa concentração próxima a 15
mg/L. A resolução CONAMA 20 e o Decreto Estadual Paulista 8468/76 não fixam
valores para cloretos. Na indústria de alimentos, o limite máximo permitido (mg/L
NaCl) é determinada em função da pressão de trabalho do equipamento. Em
caldeiras de baixa pressão (10 Kgf/cm2), o limite é até 200 mg/L NaCl. Em caldeiras
de média pressão (10-20 Kgf/cm2), o limite é menor que 50 mg/L NaCl. Em caldeiras
de alta pressão (>20 Kgf/cm2) exige ausência de cloretos. O controle de cloretos nas
caldeiras é realizado por meio de purgas, em que a frequência das purgas é
determinada de acordo com a dureza da água (NEIVOLARI, 2003).
A determinação analítica de cloretos normalmente é feita por métodos
potenciométricos, com eletrodos seletivos para cloretos. Nessa prática, a
determinação da concentração de cloretos das amostras será feita através da
titulação com Nitrato de Prata (AgNO3) e indicador Cromato de Potássio (K2CrO4)
(NEIVOLARI, 2003).
As amostras utilizadas serão:
Água do laticínio;
Água destilada;
Água para caldeira;
Vapor de água;
Água do bebedouro;
Água do manancial;
Objetivos:
Determinação do teor de cloretos em diferentes amostras de água.
Materiais e métodos:
Bureta de 50 mL;
Béquer;
Proveta 50 mL;
Frasco Erlenmeyer de 250 mL;
Espátula;
Haste universal;
Garras;
AgNO3 0,01N;
Pitada de CaCO3;
Indicador K2CrO4 5%;
100 mL de amostra de água: de caldeira, laticínio, destilada, vapor,
bebedouro e manancial. As amostras foram coletadas na Universidade
Federal de Viçosa, Campus de Florestal;
Com o auxílio de uma proveta transferiu-se 100 mL de amostra para o
erlenmeyer, adicionou-se uma pitada de CaCO3 e 4 gotas do indicador K2CrO4. Em
seguida, realizou-se a titulação com a solução de Nitrato de Prata 0,01N
anteriormente preparada.
Os resultados obtidos foram anotados para realização dos cálculos que
determinam o teor de cloretos para cada amostra.
Resultados e Discussão:
No processo de titulação, o haleto Cl- presente na água reage com a prata da
solução de AgNO3, formando AgCl. No momento em que todo cloro é consumido, o
excesso de íons Ag+ reagem com o indicador (K2CrO4), ocasionando a precipitação
do Cromato de Prata (Ag2CrO4), de cor tijolo, indicando o ponto de viragem. A
equação abaixo mostra a formação do Cromato de Prata.
2 Ag (aq )+¿+CrO 4( aq)
2−¿→Ag 2CrO 4(S) ¿¿
Após a adição do indicador Cromato de Potássio (K2CrO4) as amostras
apresentaram cor amarela. O ponto de viragem foi determinado pela presença da
cor tijolo das amostras, como esperado.
Na prática, o ponto final ocorre um pouco além do ponto de equivalência
devido a necessidade de se adicionar um excesso de Ag+ para precipitar o Ag2CrO4
em quantidade suficiente para ser notado visualmente na solução amarela, que á
contem a suspensão de AgCl.
No ponto de equivalência o número de mols de NaCl é igual ao número de
mols de AgNO3, então pode-se calcular o teor de cloreto das amostras através dessa
relação. Dessa forma:
mg/L NaCl= 5,85 x V(mL) x fator de correção
em que o fator de correção é igual a 1.
A tabela 1 mostra o volume utilizado na titulação da solução de Nitrato de
Prata e a concentração de cloretos para cada amostra.
Tabela 1: Teor de cloreto para amostras de água.
Volume utilizado de AgNO3 Concentração de cloretos
mg/L de NaCL
Caldeira 7,9 mL 46,2 mg/L
Vapor 1,6 mL 9,4 mg/L
COPASA (água potável) 2,9 mL 17 mg/L
Destilada 0 mL
Refrigeração 2,2 mL 12,9 mg/L
Manancial 0,7 mL 4,1 mg/L
A amostra de caldeira apresentou um valor até mais baixo de teor de cloreto
que o permitido para caldeiras de média pressão, o que é um fator positivo, devido a
menor possibilidade de formação de incrustações e corrosões.
O valor apresentado para a amostra de vapor, embora seja inexpressivo,
esperava-se que o teor de cloretos fosse igual a zero. É um ponto a se estudar, para
que se descubra a fonte de cloretos, que pode ser de tubulações entre outros
motivos que devem ser investigados.
A água da COPASA apresentou-se com um valor bem abaixo do permitido
que é de 250 mg/L de NaCl de acordo com a Portaria 2914 -2011.
A água de refrigeração e manancial apresentaram-se também com baixas concentrações de cloretos.
Conclusão:
O conhecimento da concentração de cloretos em águas tem por finalidade
obter informações sobre o grau de mineralização ou indícios de poluição, como
esgotos domésticos e resíduos industriais, devendo portanto ser conhecida e
controlado.
Conclusão:
RICHTER, C. A.; NETTO, J. M. de A. Tratamento de água: Tecnologia
atualizada. São Paulo: Editora Blucher, 1991, p. 33-34.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. Campinas,
SP: Editora Átomo, 2008, 2ª ed. p. 40.
NUVOLARI, A. et al. Esgoto Sanitário: coleta, transporte, tratamento e
reuso agrícola. São Paulo: Editora Blucher, 2003, p. 172 – 193.
MARCOS, Von S. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. 3. ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental,
Universidade Federal de Minas gerais, 2005, 452 p.