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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS CLÁUDIO HENRIQUE DE ALMEIDA OLIVEIRA DESENVOLVIMENTO FETAL EM CABRAS DA RAÇA ANGLO- NUBIANA ALIMENTADAS COM FARELO DE MAMONA FORTALEZA 2010 .

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

CLÁUDIO HENRIQUE DE ALMEIDA OLIVEIRA

DESENVOLVIMENTO FETAL EM CABRAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA ALIMENTADAS COM FARELO DE MAMONA

FORTALEZA 2010

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CLÁUDIO HENRIQUE DE ALMEIDA OLIVEIRA

DESENVOLVIMENTO FETAL EM CABRAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA ALIMENTADAS COM FARELO DE MAMONA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade Animal.

Linha de Pesquisa: Reprodução e Sanidade de Pequenos Ruminantes.

Orientador: Prof. Dr. Davide Rondina.

FORTALEZA 2010

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CLÁUDIO HENRIQUE DE ALMEIDA OLIVEIRA

DESENVOLVIMENTO FETAL EM CABRAS DA RAÇA ANGLO-NUBIANA ALIMENTADAS COM FARELO DE MAMONA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias.

Aprovada em: 10/12/2010

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Dr. Davide Rondina

Universidade Estadual do Ceará Orientador

____________________________________________ Prof. Dr. Dárcio Ítalo Alves Teixeira

Universidade Estadual do Ceará Co-orientador

____________________________________________ Profa. Dr. Débora Andrea Evangelista Façanha

Universidade Federal Rural do Semi-Árido Examinador

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As pessoas responsáveis pelo meu sucesso, minha família, Leozilda, Francisco e Philipe,

e a minha namorada, Aline Maia Dedico.

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AGRADECIMENTO

Antes de tudo à Deus, por ter me concedido força, determinação e coragem, fazendo-

me chegar até aqui.

Aos meus pais e toda minha família, pelo amor e apoio a mim oferecidos, eu não seria

capaz de realizar mais esta conquista se não fosse por vocês, um agradecimento todo especial.

A minha namorada que tanto me ajudou nesta importante fase da minha vida, um

agradecimento mais do que especial pelo amor, dedicação, companheirismo, amizade,

paciência e apoio. Amo você Nine.

Ao meu orientador, Davide Rondina, por todos os ensinamentos, conselhos,

dedicação, confiança e amizade, os quais foram indispensáveis durante todo o mestrado;

Ao meu co-orientador, Dárcio Ítalo Alves Teixeira, pelos seus ensinamentos,

esclarecimentos e atenção.

À Universidade Estadual do Ceará (UECE), em especial ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) que através de sua equipe de funcionários,

professores, secretários e coordenadores, muito contribuíram para minha formação

profissional.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

auxílio financeiro na forma de bolsa de estudo, indispensável para a realização desse trabalho.

Ao Hospital Geral de Fortaleza-HGF, por permitir a realização das análises hemato-

metabólicas, junto ao laboratório de análises clínicas, em especial, a dedicada colaboração da

Prof. Drª Diana Célia Sousa Nunes-Pinheiro;

A empresa CARBOMIL química S.A., por ter cedido o oxído de cálcio para a

realização da destoxificação do farelo de mamona;

Agradeço ao coordenador Sr. Lino, e a todos os funcionários da Fazenda Piamarta, em

especial ao Carlos, Luciano e Antonio, por terem contribuído na execução do experimento,

sempre cuidando dos animais experimentais e auxiliando nas atividades executadas.

À todos os componentes do Laboratório de Nutrição e Produção de Ruminantes

(LANUPRUMI), em especial, a Liliane Moreira Silva, por me acompanhar em todo o meu

experimento, pelos ensinamentos, conselhos, confiança, amizade e principalmente, pela

grande paciência para com a minha pessoa, aos pós-graduandos Iracelma Julião de Arruda,

Matheus Wagner P. de Sousa e Fabiana Vinhas Rodrigues, pela amizade e companheirismo

durante o mestrado, e a IC Aline Maia Silva, pela grande ajuda com as capturas das imagens

ultrassonográficas.

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A todos, que direta ou indiretamente, independente da função, grau de parentesco e ou

instrução contribuíram neste percurso e que não foram supracitadas, terão sempre meu

reconhecimento e estarão em meus pensamentos. O meu muito obrigado.

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RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da utilização do farelo de mamona sobre o

desenvolvimento fetal e a resposta metabólica em cabras. Para tanto, 60 cabras foram

submetidas durante quinze dias antes da monta e sessenta dias após a mesma a três diferentes

suplementações alimentares contendo farelo de mamona, antes e após a destoxificação. Os

animais tiveram o estro sincronizado mediante CIDR seguido de monta natural. O

acompanhamento do desenvolvimento fetal foi realizado mediante ultrassonografia do 25° ao

60° dias após a monta. A dosagem dos níveis plasmáticos de uréia, lactato desidrogenase

(LDH), gama-glutamiltransferase (GGT) e aspartato aminotransferase (TGO) foram

realizadas nos dias –15, 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60 após a monta natural. Não foram

encontradas diferenças significativas para o desenvolvimento fetal nos três grupos

alimentares, bem como entre os níveis de uréia e TGO. No entanto, os níveis de LDH e GGT

diferiram entre tratamentos, mas os mesmos se encontraram dentro dos padrões da espécie.

Conclui-se que a utilização do farelo de mamona antes ou após destoxificação não afetou o

desenvolvimento fetal e o perfil metabólico em cabras gestantes.

Palavras-chave: Caprino. Farelo de Mamona. Feto. Metabólitos.

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of castor meal on fetal development and

metabolic response in goats. Thus, 60 goats were fed from mate to sixty days of gestation

three different supplements containing castor oil before or after detoxification. All females

were synchronized by CIDR for 5 days and mated for 72 hours. Fetal development was

analyzed by ultrasound from 25th to 60th days after mate. Measurement of plasma levels of

urea, lactate dehydrogenase (LDH), gamma-glutamyltransferase (GGT) and aspartate

aminotransferase (AST) were performed on days -15, 0, 10, 20, 30, 40, 50 and 60 after mate.

No significant differences were found for embryo/fetal development parameters and for urea

and GOT when groups were compared. By contrast, LDH and GGT concentration differed

between treatments, but values were within the limits of specie. It was concluded that use of

castor meal, before or after detoxification did not affect the fetal development or metabolites

pattern in pregnant goats.

Keywords: Goat. Castor Meal. Fetus. Metabolites.

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LISTA DE FIGURAS

Revisão de Literatura

Figura 1 - Mecanismo de ação da ricina... ................................................................................ 20

Figura 2 - Parâmetros fetais mensurados por ultra-sonografia: A - Diâmetro de Vesícula

(35 dias de gestação); B - Comprimento crânio-caudal (45 dias de gestação); C – Diâmetro

biparietal (60 dias de gestação); D- Diâmetro abidominal e torácico (60 dias de

gestação).... ............................................................................................................................... 26

Apêndice B

Figura 1 - Fazenda do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta, Itaitinga –

CE. ............................................................................................................................................ 67

Figura 2 - Farelo de mamona adquirido na usina BOM - Brasil Óleo de Mamona Ltda,

localizada em Salvador - Bahia. ............................................................................................... 67

Figura 3 - Processo de destoxicação do farelo mamona com solução de óxido de cálcio

(CaO). ....................................................................................................................................... 67

Figura 4 - Rações experimentais: A – Controle; B – Mamona destoxificada; e C –

Mamona. ................................................................................................................................... 67

Figura 5 - Exames ultrassonográficos em tempo real com um transdutor transretal linear de

3,5 – 5,0 MHz. A – Exame transretal, utilizando uma freqüência de 5,0 MHz. B - Exame

transabdominal, utilizando uma freqüência de 3,5 MHz. ......................................................... 68

Figura 6 - Imagens ultrassonográficas obtidas no laboratório pelo programa Gom Player

(Gretech Corporation Seul, Coréia). ......................................................................................... 68

Figura 7 - Mensurações das imagens ultrassonográficas através do programa Image J

(Image J, National Institutes of Health, Millersville, USA).. ................................................... 68

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Figura 8 - Meio de transporte para levar os equipamentos do laboratório até a baia dos

animais. . ................................................................................................................................... 68

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Table 1 - Médias e erros padrões para as mensurações embrionárias e fetais durante os

sessenta dias de gestação, segundo as diferentes dietas.. ......................................................... 48

Table 2 - Médias e erros padrões para as concentrações plasmáticas de uréia, lactato

desidrogenase (LDH), gama-glutamiltransferase (GGT) e aspartato aminotransferase

(TGO) durante os sessenta dias de gestação, segundo as diferentes dietas.. ............................ 49

Apêndice A

Tabela 1 - Parâmetros hepático-renais registrados ao início e aos trinta dias após

alimentação com farelo de mamona detoxificado.. .................................................................. 66

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

C - Controle

CaO - Óxido de Cálcio

CB-1 - Fração Alergênica da Mamona

CCC - Comprimento Crânio-Caudal

CE - Ceará

CEUA - Comissão de Ética para o Uso de Animais

cm - Centimétros

CEP - Código de Endereçamento Postal

CIDR - Dispositivo Intravaginal de Liberação Controlada (controlled internal drug release)

DA - Diâmetro do Abdômen

DBP - Diâmetro Bi-parietal

dL - Decilitro

DT - Diâmetro Torácico

DV - Diâmetro de Vesícula

FM - Farelo de Mamona

FMD - Farelo de Mamona Destoxificada

FS - Farelo de Soja

g - Gravidade

g - Grama

GGT - Gama-Glutamiltransferase

HGF - Hopital Geral de Fortaleza

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Kg - Kilograma

KDa - Kilodalton

L - Litro

LANUPRUMI - Laboratório de Nutrição e Produção de Ruminantes

LDH - Lactato Desidrogenase

M - Mamona

M - Molar

MM - Marcador Molecular

m - Metro

mA - Milianpere

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MD - Mamona Destoxificada

mg - Miligrama

mL - Mililitro

MHz - Megahertz

mm - Milímetro

mmol - Milimol

MS - Matéria Seca

NaCl - Cloreto de Sódio

p - Probabilidade

PGF2α - Prostaglandin F2α

PPGCV - Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias

PV - Peso Vivo

RPM - Rotações Por Minuto

TGO - Aspartato Aminotransferase

UECE - Universidade Estadual do Ceará

UI - Unidade Internacional

USA - Estados Unidos

VET - Veterinário

ºC - Grau Celsius

% - Percentual

® - Firma Registrada

º - Graus

’ - Minutos

” - Segundos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 17

2.1 Aproveitamento dos subprodutos da cadeia do biodiesel na alimentação animal ........... 17

2.2 Utilização dos subprodutos da mamona na alimentação de ruminantes ......................... 19

2.3 Desenvolvimento fetal em pequenos ruminantes ............................................................ 24

2.4 Perfil metabólico em ruminantes ..................................................................................... 27

3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 31

4 HIPOTESE CIENTÍFICA ................................................................................................. 32

5 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 33

5.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 33

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 33

6 CAPÍTULO I ....................................................................................................................... 34

7 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 50

8 PERSPECTIVAS ................................................................................................................. 51

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 52

10 APÊNDICE A ...................................................................................................................63

11 APÊNDICE B ...................................................................................................................67

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a caprinocultura vem se destacando como uma das principais

atividades econômicas exercidas por pequenos e grandes produtores de carne, leite e pele em

todo o mundo. Entretanto, a região Nordeste, caracterizada por concentrar em torno de 92,4%

(IBGE, 2006) da população caprina do Brasil, ainda enfrenta sérios entraves no que concerne

à obtenção de índices reprodutivos satisfatórios nesta espécie.

Um dos principais fatores que determinam a baixa eficiência reprodutiva dos rebanhos

no nordeste é o manejo nutricional deficiente empregado em grande parte das criações.

De encontro a essa problemática, destaca-se o enorme volume de subprodutos gerados

pela agroindústria (FADEL, 1999). A utilização desses subprodutos substituindo as

forrageiras ou parte do concentrado na alimentação de ruminantes apresenta algumas

vantagens, dentre elas a disponibilidade e o custo, pois, enquanto a produção de forrageiras

sofre com a sazonalidade causada pela baixa produtividade em épocas secas do ano, a

produção de subprodutos agroindustriais se destaca em regiões em que estes resíduos são

abundantes, acessíveis e de baixo custo ao produtor durante todo o ano.

Diante do exposto, pode-se encontrar um grande volume de subprodutos gerados pela

agroindústria da cadeia do biodiesel. Dentre estes subprodutos, o farelo de mamona apresenta

um grande potencial na alimentação de ruminantes devido ao seu elevado valor protéico

(41%), a sua boa degradabilidade ruminal efetiva, ao seu baixo custo, ao seu elevado

potencial de exploração em regiões marginalizadas economicamente e também a sua

disponibilidade, pois para cada tonelada de sementes de mamona processada estima-se que

sejam gerados 530 Kg de farelo ou torta (MOREIRA et al, 2003; SEVERINO, 2005).

Apesar do seu potencial de utilização na alimentação de ruminantes, este resíduo

apresenta uma potente toxina (ricina) que inativa especificamente e irreversivelmente os

ribossomos eucarióticos, o que pode inviabiliza a sua utilização na alimentação animal.

Devido a este entrave, este subproduto vem sendo explorado como fertilizante orgânico, mas

esta prática favorece a longo prazo uma maximização de contaminantes ambientais e

alimentares, visto que a ricina é considerada pelos países exportadores de produtos agrícolas

como um dos contaminantes mais perigosos (EFSA, 2008).

ASLANI et al. (2007) observaram sintomas tóxicos e morte de ovinos ao ser

alimentados com resíduos de mamona. Os mesmos autores afirmam que ingestões entre 2,5 a

6g de sementes de mamona/kg de peso vivo (PV) são tóxicas para ruminantes.

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Com isso, diversos estudos têm desenvolvido técnicas para eliminar a ricina destes

subprodutos, tornando-os disponíveis para serem utilizados na alimentação animal.

OLIVEIRA et al. (2007), avaliando o consumo, digestibilidade dos nutrientes e indicadores

de função hepática em ovinos alimentados com dietas contendo farelo ou torta de mamona

tratado ou não com hidróxido de cálcio, verificaram que estas dietas não causaram problemas

de intoxicação e de lesão hepática nesta espécie e que os procedimentos de destoxificação

com óxido de cálcio mostraram-se operacionalmente simples e com potencial de viabilidade

econômica para os produtores. Assim, a utilização de procedimentos para destoxificação do

farelo de mamona poderá contribuir para o aumento da disponibilidade de insumos para

nutrição animal.

Nesse contexto, a utilização de produtos da agroindústria, como o farelo de mamona,

constitui uma importante alternativa para a alimentação dos rebanhos na região Nordeste, no

entanto, os efeitos desta fonte alimentar sobre os parâmetros reprodutivos e na espécie caprina

ainda não são conhecidos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aproveitamento dos subprodutos da cadeia do biodiesel na alimentação animal

Durante muitos anos tem-se utilizado fontes de energia fósseis, como carvão e o

petróleo, o que levou gradativamente a humanidade graves conseqüências, como uma

crise ambiental séria, porque a queima desses combustíveis destrói a camada de ozônio

e aquece o planeta e além disso pode gerar uma crise energética, pois os combustíveis

fósseis são recursos naturais não renováveis.

Assim, a crescente necessidade de exploração de formas alternativas de energia que

sejam menos poluentes abriu a oportunidade de se desenvolver tecnologia para a exploração

econômica da biomassa e da bioenergia. Logo, as emissões de gases liberados pelas ações

humanas e pelo uso intensivo de combustíveis fósseis, com danosos impactos ambientais,

reorientam o mundo para a busca de novas fontes de energia (CHING & RODRIGUES,

2006).

Dentro desse contexto, o biodiesel está surgindo nos últimos anos como opção de

combustível alternativo, comumente obtido a partir de óleos vegetais (dendê, babaçu, coco,

caroço de algodão, pinhão manso, girassol, soja e mamona). O biodiesel é obtido através

do processo químico de transesterificação, no qual envolve a reação do óleo vegetal (obtido

através do processamento ou esmagamento de uma oleaginosa) com um álcool, utilizando

como catalisador a soda cáustica. O resultado dessa reação é um éster de óleo vegetal

(biodiesel), (PLÁ, 2002).

A cadeia produtiva do biodiesel gera alguns subprodutos, os quais devem ser foco de

análises mais detalhadas, pois podem ser um fator determinante para a viabilidade econômica

da produção desse combustível. Entre os principais pode-se citar: glicerina, lecitina, farelo e a

torta de oleaginosa.

A busca por alimentos alternativos e de baixo valor comercial, como os subprodutos

da cadeia do biodiesel, representa uma forma de minimizar os gastos com alimentação animal,

que representa um dos principais componentes do custo de produção, podendo oscilar entre

30 a 70% dos custos, dependendo da atividade e tipo de exploração. Dentre os vários fatores a

serem considerados na escolha de um material a ser utilizado na alimentação de ruminantes,

destacam-se os seguintes: a quantidade disponível; a proximidade entre a fonte produtora e o

local de consumo; as suas características nutricionais; a presença de compostos tóxicos e/ou

antinutricionais; e os custos de transporte, condicionamento e armazenagem (BURGI, 1992).

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Dentre os diversos produtos que podem ser utilizados na dieta dos ruminantes, estão os

subprodutos da cadeia do biodiesel derivados do algodão, girassol, pinhão manso, mamona e

outros.

O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) da família das malváceas é cultivado para a

produção de fibras. A torta resultante da semente, após a extração do óleo, representa

mundialmente a segunda mais importante fonte ou suplemento protéico disponível para a

alimentação animal, ultrapassada apenas pela soja. De acordo com sua composição, alguns

dos subprodutos do algodão podem ser classificados como alimentos volumosos e outros

como concentrados protéicos ou protéico/energéticos.

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família Compositae,

originária do continente Norte-Americano. Destaca-se como a quarta oleaginosa em produção

de grãos e a quinta em área cultivada no mundo (CASTRO et al., 1997). Na nutrição de

ruminantes, tanto o grão quanto a torta de girassol tornam-se alternativa de alimento por

possuírem altos teores de proteína e energia, e os efeitos da sua adição nas dietas de

ruminantes vem sendo promissores.

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é um arbusto da família das Euforbiáceas, é

nativo da América do Sul e tem sido explorado agronomicamente com sucesso na América

Central, Índia e África. Esta planta produz como resíduo a torta e a casca. A torta não pode ser

diretamente usada na alimentação animal por causa de sua toxidade, devido à presença de

uma proteína tóxica chamada curcina e de esteres diterpeno. Para a utilização da torta na

alimentação animal, devem-se desenvolver variedades não tóxicas ou realizar tratamentos de

destoxificação a baixo custo (OPENSHAW, 2000).

O Dendê (Elaeis guineensis) é uma palmeira de origem africana que chegou ao Brasil

no século XVI, através dos escravos, e se adaptou no litoral do sul da Bahia. A torta de dendê

surge como uma fonte alternativa de alimento energético, uma vez que apresenta potencial de

uso, principalmente para animais ruminantes. A torta de dendê é abundante em diversas

regiões tropicais do mundo e apresenta disponibilidade ao longo do ano. O provável aumento

do consumo mundial de óleo desta palmeira possibilitará maior acessibilidade a esse

subproduto.

A mamona (Ricinus comunis L.) é uma oleaginosa pertencente à família Euforbiaceae,

que possui um grande potencial na cadeia do biodiesel devido à mesma produzir sementes

ricas em óleo glicídico solúvel em álcool com viscosidade bem superior aos demais óleos

vegetais, com isso podendo dar origem a um grande volume de resíduos.

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Os seus principais subprodutos são a torta (produto resultante da extracao mecânica) e

o farelo (resultante da extração química), mas também pode-se incluir a casca do fruto, os

quais são produzidos a partir da extração do óleo das sementes desta oleaginosa. A torta

obtida da extração por prensa hidráulica apresenta maior teor de óleo e, consequentemente,

menor teor de proteina em relação aquela resultante da extração por prensa tipo expeller, além

de maior variabilidade. O farelo, por ser obtido de um processo mais eficiente de extração de

oleo, contem menor teor de extrato etéreo e, consequentemente, maior teor de proteína bruta

(EVANGELISTA et al., 2004). É estimado que para cada tonelada de óleo extraído, são

produzidos 1,2 toneladas de farelo ou torta de mamona (AZEVEDO & LIMA, 2001), o que

corresponde a 55% do peso médio das sementes (SEVERINO et al., 2005), valor que pode

variar de acordo com o teor de óleo da semente e do processo industrial de extração do óleo.

A torta e o farelo de mamona são aproveitados na agricultura como adubo orgânico,

justificável pelo alto teor de proteínas e pela velocidade de liberação do nitrogênio (BON,

1977) ou também podem ser utilizados no controle de pestes como produto natural, devido os

mesmos possuírem proteínas vegetais com efeitos inseticidas (CARLINI & SÁ, 2002).

Os subprodutos da mamona também podem ser utilizados na alimentação animal, o

que pode agregar um maior valor econômico à cultura. No entanto, mesmo sendo ricas em

proteínas (38,08% a 41,51%), fibras (32,84%), minerais (7,65%) e gorduras (2,62%) e

apresentando uma degradabilidade ruminal efetiva da proteína bruta intermediária entre o

farelo de soja e o farelo de algodão (BELTRÃO, 2003; MOREIRA et al, 2003), não se

recomenda seu uso direto na alimentação animal, uma vez que ela apresenta três fatores

antinutricionais: uma proteína tóxica denominada ricina, um alcalóide de baixa toxidez

chamado ricinina e um conjunto de proteínas alergênicas conhecidas por CB-1A. O farelo e a

torta de mamona somente podem ser consumidos depois de destoxificados e desalergenizados

via tratamentos químicos ou físicos, para desativar as proteínas tóxicas (RIBEIRO & ÁVILA,

2006).

2.2 Utilização dos subprodutos da mamona na alimentação de ruminantes

O farelo de mamona é um subproduto promissor da cadeia produtiva do biodiesel,

tendo um grande potencial na alimentação de ruminantes devido o seu alto teor de proteínas e

por apresentar uma degradabilidade ruminal efetiva da proteína bruta intermediária entre o

farelo de soja e o farelo de algodão (BELTRÃO, 2003; MOREIRA et al, 2003). No entanto,

este uso não tem sido possível, até o presente momento, devido à presença de elementos

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tóxicos e alergênicos em sua composição e à inexistência de tecnologia viável em nível

industrial para o processo de destoxificação do mesmo.

Os princípios tóxicos e alergênicos do farelo ou torta de mamona que tornam inviável

seu uso são: ricina, ricinina e CB-1A. A toxidez da mamona já é conhecida desde a

antiguidade, a qual já foi relatada pelos antigos hebreus, egípcios, persas, gregos e romanos,

embora somente na segunda metade do século XX se tenha descoberto que sua toxidez e

alergenicidade se deviam a diferentes compostos (ICOA, 1989).

A ricina é uma proteina classificada como uma potente lectina, componente do grupo

das “proteínas inativadoras de ribossomos”, compostas pelas subunidades A e B que

apresentão funções biológicas distintas. A subunidade B encontra-se ligada a subunidade A e

a mesma se liga as glicoproteínas e glicolipídios da membrana celular permitindo à entrada da

ricina por endocitose para o citosol. Uma vez dentro do citosol, a ricina é translocada por

transporte vesicular para os endossomos e posteriormente algumas moléculas de ricina entram

Figura 1. Mecanismo de ação da ricina. Fonte: adaptado por Audi et al. (2005).

A ricina é uma lectina composta pelas subunidades A e B, ligadas por uma ponte de dissulfeto.

Ricina 60 – 65 kDa

Subunidade B 34 kDa

Sítios de ligação com a superfície celular, através de resíduos de galactose.

Sítio enzimático

Uma vez que as moleculas de ricina se ligam à superfície da célula pela cadeia B, as mesmas entram na célula por endocitose e são

transportadas para os endossomos.

Espaço extracelular

Transporte Vesicular

Citosol

Subunidade A 32 kDa

S--S

Glicolipídios

Glicoproteínas

Exocitose

Lisossomo

Endosomo

Aparelho de Golgi

Aparelho de Golgi

Algumas moléculas de ricina entram no aparelho de Golgi e passam para o retículo endoplasmático.

Retículo endoplasmático

Clivagem das subunidades A e B Citosol

A partir do retículo endoplasmático, a subunidade A transloca-se para o citosol. Núcleo

Citosol Inativação ribossômica

Ribossomo

40 S

60 S

No citosol, a subunidade A inativa os ribossomos através da remoção de uma adenina contida na subunidade ribossômica 60S.

Uma única molécula da subunidade A no citosol, pode inativar cerca de 1500 ribossomos por minuto, levando a

rápida inibição da síntese protéica e morte celular.

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no aparelho de Golgi, retornam à superfície celular por exorcitose ou são degradadas nos

lisossomos. Quando as mesmas são transportadas para o aparelho de Golgi, elas seguem ainda

por transporte vesicular para o retículo endoplasmático, onde ocorrerá a clivagem das

subunidades A e B, ou seja, ocorrerá uma redução da ponte dissulfeto pela dissulfeto

isomerase. No citosol, as subunidades A inativam os ribossomos eucariontes, impedindo sua

síntese protéica, através da remoção de uma adenina contida na subunidade ribossômica 60S

(Figura 1). Uma única molécula da subunidade A no citosol, pode inativar cerca de 1500

ribossomos por minuto, levando a rápida inibição da síntese protéica e à morte celular. Além

da inibição da síntese protéica, a ricina pode causar outros problemas como a apoptose, lesão

de membrana celular e aumento de mediadores inflamatórios (AUDI et al., 2005).

ASLANI et al. (2007) observaram sintomas tóxicos e morte de ovinos ao ser

alimentados com resíduos de mamona. Os mesmos autores afirmam que ingestões entre 2,5 a

6g de sementes de mamona/kg de peso vivo (PV) são tóxicas para ruminantes.

Em organismos procarióticos, a ricina nas formas intacta ou com as subunidades

isoladas não apresentaram efeitos tóxicos, mas polipeptídios ativos obtidos da hidrólise da

ricina por tripsina foram capazes de inibir a síntese protéica e o crescimento microbiano de

Escherichia coli (HASS-KOHN et al., 1980).

Um aspecto interessante da ricina é sua capacidade de induzir imunidade no animal

quando administrada repetidas vezes em doses subletais com algum intervalo de tempo

(BRITO & TOKARNIA, 1996), o que poderia explicar algumas observações de tolerâncias

em animais ruminantes alimentados com dietas contendo farelo de mamona sem tratamento

(ALBIN et al., 1969; SANTANA et al., 1971).

Já a ricinina, é um alcalóide sintetizado ativamente em tecidos jovens, parecendo não

ser uma toxina tão potente como a ricina (TÁVORA, 1982). Ela é considerada uma substância

de defesa da planta, sintetizada em maior quantidade em situações como danos mecânicos ou

alta temperatura (AZEVEDO & BELTRÃO 2007).

Na torta ou farelo de mamona também foi identificado um complexo de proteínas e

polissacarídeos designados CB-1A (“Albuminas 2S”), presente na semente, pólen e partes

vegetativas da planta, sendo responsáveis por reações alérgicas no homem, mas não

constatada a ocorrência em animais (TÁVORA, 1982).

O complexo alergênico, apesar de poder resistir à desnaturação térmica só causa

problemas pelo contato cutâneo e respiratório de pessoas susceptíveis que manipulam grandes

quantidades da torta ou farelo de mamona em ambiente fechado, não representando risco de

intoxicação na ingestão.

S--S

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Para a eliminação do efeito tóxico do farelo de mamona, podem-se utilizar diversos

métodos de tratamentos químicos (adição de produtos alcalinos: NaOH, KOH, CaO,

Ca(OH)2; amonização; tratamentos ácidos; permanganato de potássio; fermentação aeróbica)

ou físicos (tratamento com diferentes temperaturas; encharcamento; fervura) (RIBEIRO &

ÁVILA, 2006).

Com isso, a transformação da torta ou farelo de mamona em um produto atóxico

podendo ser utilizado para alimentação animal despertou a atenção de diversos pesquisadores

no mundo, tendo-se obtido alguns resultados satisfatórios, embora alguns passos tecnológicos

ainda necessitem de desenvolvimento para que o produto possa tornar-se economicamente

viável (PERRONE et al., 1966; BOSE & WANDERLEY, 1988).

MIRANDA et al. (1961), testaram o uso da torta destoxicada (Lex Protéico)

comparada à torta de soja na alimentação de vacas leiteiras. O Lex Protéico não intoxicou os

animais e trouxe resultados próximos ao da torta de soja. O autor alertou para a necessidade

de conduzir experimentos com maior duração para avaliação mais segura desse produto.

Segundo TÁVORA (1982), é comum o uso de torta de mamona na formulação de

ração de bovino nas principais bacias leiteiras do Estado do Ceará, e que a torta de mamona

destoxificada pode substituir totalmente a torta de algodão em rações na engorda de bovinos.

BOSE & WANDERLEY (1988), estudaram torta de mamona destoxicada em mistura

com feno de alfafa em diferentes proporções para alimentação de ovinos. Nesse estudo,

observou-se que a adição de torta de mamona ao feno de alfafa traz benefícios, aumentando a

digestibilidade das proteínas e da energia.

Em uma série de estudos realizados em 1979 na Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Minas Gerais, avaliou-se o efeito da torta destoxicada sobre o desempenho, valores

hematológicos, proteinograma, atividade de algumas enzimas e alterações histopatológicas do

fígado em suínos (SOUZA, 1979; BENESI, 1979; VIEIRA, 1979). O farelo de soja foi

substituído pela torta de mamona em três níveis (33%, 66% e 99%) e testou-se também a

complementação da torta com aminoácidos essenciais e um tratamento com reautoclavagem

para avaliar se ainda restava efeito tóxico na torta destoxicada. Concluiu-se que a substituição

do farelo de soja por torta de mamona destoxicada piorou o desempenho dos suínos e muitas

das características estudadas, inclusive causando danos ao fígado e anemia. Porém, esses

sintomas foram causados pela deficiência de alguns aminoácidos essências e não por resíduos

de efeito tóxico de ricina. A complementação da dieta com os aminoácidos lisina e triptofano

proporcionou desenvolvimento dentro da normalidade.

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Segundo SEVERINO (2005), a partir da década de 80 não se encontra relatos na

literatura brasileira de pesquisas com o uso da torta ou farelo de mamona para alimentação

animal no Brasil. É provável que a torta e o farelo de mamona destoxificada tenham se

tornado pouco competitivas em relação à torta de algodão que estava disponível em grande

quantidade e que tinha custo relativamente menor por não precisar ser submetida ao processo

de destoxificação. Nos anos seguintes, a produção brasileira de mamona declinou

acentuadamente e a quantidade de torta e farelo disponível deixou de ser uma das importantes

alternativas para alimentação animal, o que provavelmente deixou de atrair a atenção de

pesquisadores.

Atualmente, com o retorno da mamona ao cenário nacional, como oleaginosa

promissora para a cadeia produtiva do biodiesel, já se pode observar renascer o interesse pelas

pesquisas envolvendo a utilização dos seus co-produtos na alimentação de ruminantes, como a

pesquisa desenvolvida por CÂNDIDO et al. (2007), que avaliaram a digestibilidade da

matéria seca e dos nutrientes de rações com quatro níveis de substituição do farelo de soja

pelo farelo de mamona e por OLIVEIRA et al. (2007), que avaliaram o consumo,

digestibilidade dos nutrientes e indicadores de função hepática em ovinos alimentados com

dietas contendo farelo ou torta de mamona tratado ou não com hidróxido de cálcio.

Dentre os métodos de destoxificação do farelo ou torta de mamona, os procedimentos

utilizando o óxido de cálcio são operacionalmente simples e com potencial de viabilidade

econômica (OLIVEIRA; 2008). O óxido de cálcio em solução aquosa se transforma em

hidróxido de cálcio, onde o mesmo é misturado ao farelo de mamona na dose de 60 g/kg, base

da matéria natural (OLIVEIRA, 2008). Após permanecer por uma noite (12-18 horas) para

ocorrer o processo de destoxificação, o material tratado é seco para posterior armazenamento

e utilização na alimentação animal (ANANDAN et al, 2005).

Portanto, o emprego deste processo de destoxificação nas próprias unidades de

produção de mamona, ou mesmos nos sistemas de produção de animais ruminantes, poderá

gerar um grande potencial de renda e emprego. Este cenário poderá trazer as seguintes

vantagens: eliminação da desvantagem competitiva do óleo de mamona em relação aos

obtidos por outras oleaginosas (BARROS et al., 2006), minimização dos contaminantes

ambientais e o maior leque de opções em concentrados protéicos na alimentação de

ruminantes.

Contudo, já existe um considerável volume de informações sobre a torta e o farelo de

mamona, resultado de pesquisas realizadas em diversos países, mas ainda se faz necessário

dar continuidade à pesquisa com o objetivo principal de conhecer a sua ação sobre os

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parâmetros reprodutivos dos ruminantes, para conseguir transformar-lhe em um alimento

viável.

2.3 Desenvolvimento embrionário e fetal em pequenos ruminantes

O desenvolvimento pré-natal dos pequenos ruminantes compreende o intervalo entre a

fecundação e o parto (TONIOLLO & VICENTE, 1995) podendo ser dividida em três

períodos principais. O primeiro período é denominado de fase de ovo ou zigoto, que está

compreendido desde o momento da fecundação até o desenvolvimento das membranas

primitivas (ROBERTS, 1979). O segundo período é chamado de fase embrionária, que se

estende do 11° ao 34° dia de gestação, no qual ocorre um rápido crescimento e diferenciação

do embrião, formando os principais tecidos, órgãos e sistemas do corpo (ISHWAR, 1995;

JAINUDEEN & HAFEZ, 2000). O terceiro período é a fase fetal, a qual é a mais longa, se

estendendo do 35° dia de gestação até o parto, em média com 150 dias, caracterizando-se pelo

crescimento e pelas modificações da forma do feto (ISHWAR, 1995; HAFEZ & HAFEZ,

2000).

A fase de ovo se inicia com a fecundação que ocorre poucas horas após a ovulação na

ampola da tuba uterina e em seguida tem início à clivagem do zigoto, que consiste em

divisões mitóticas sucessivas da célula ovo. O zigoto é conduzido em direção ao útero através

das contrações dos músculos circulares e longitudinais da tuba uterina, devido à influência

dos hormônios esteróides ovarianos (ROBERTS, 1979).

A fase embrionária corresponde do 11° ao 34° dia e consiste em um rápido crescimento

e diferenciação dos principais tecidos, órgãos e sistemas, estabelecendo as características da

forma externa do corpo (ISHWAR, 1995; JAINUDEEN & HAFEZ, 2000). A placentação

tem início no 15° dia da gestação tanto nos caprinos quanto nos ovinos (FREITAS &

SIMPLÍCIO, 2002).

Já a fase fetal se estende do 35° dia de gestação até o parto e caracteriza-se pelo

crescimento e modificações da forma do feto (ISHWAR, 1995; JAINUDEEN & HAFEZ,

2000). O padrão de crescimento fetal depende, primariamente, do suprimento alimentar e da

habilidade do concepto em utilizar a alimentação fornecida (DOMINGUES, 1995; FREITAS

& SIMPLÍCIO, 2002, ISHWAR, 1995).

Ao passo que o blastocisto e o embrião jovem são nutridos pelo fluido endometrial, o

feto recebe seu suprimento de nutrientes da circulação materna através da placenta. O feto tem

prioridade no evento de uma nutrição materna insuficiente de modo que seu desenvolvimento

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pode prosseguir sem alteração. Ele requer carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais para

manutenção, diferenciação e subseqüente desenvolvimento e crescimento (HAFEZ &

HAFEZ, 2000).

Nos estágios iniciais da gestação o padrão de crescimento, o aumento porcentual em

peso e dimensões por unidade e tempo (crescimento relativo), é muito mais rápido e vai

diminuindo à medida que a gestação progride, enquanto que o incremento absoluto por

unidade de peso (crescimento absoluto) aumenta exponencialmente, atingindo o máximo no

final da gestação (HAFEZ & HAFEZ, 2000).

Ao longo da gestação dos pequenos ruminantes pode-se observar algumas estruturas

com o auxílio da ultrassonografia em tempo real, dentre elas estão: presença de líquido intra-

uterino, visualização da vesícula embrionária, detecção de pelo menos um embrião, detecção

dos batimentos cardíacos fetais, identificação da membrana amniótica, visualização dos

placentomas, diferenciação da cabeça e tronco, identificação do botão germinativo dos

membros, movimento embrionário/fetal, delimitação do cordão umbilical e visualização do

globo ocular (AZEVEDO et al., 2001; CHALHOUB & RIBEIRO FILHO, 2002).

O primeiro indício de gestação em caprinos e ovinos é a presença do líquido intra-

uterino, o qual pode ser detectado a partir do 15º dia da cobertura através de uma sonda

transretal (SALLES et al., 1997), mas o mesmo nem sempre ocorre em forma de vesículas e

pode ser confundido com líquido proveniente da fase estrogênica (KAHN, 1994) ou com

líquido oriundo de casos de hidrometra (LEGA & TONIOLLO, 1999).

Já em relação à vesícula embrionária, sua visualização pode ocorre entre os dias 17 e

19 após a cobertura, sendo difícil distinguir se é fluido intra-uterino ou alongamento do

trofoblasto (GARCIA et al., 1993). Neste sentido, estes autores apontam que o período para a

realização deste exame, por via transretal, se concentre entre o 32o e o 34o dia de gestação,

para oferecer uma maior acurácia do exame.

A visualização do embrião é possível entre o 20º e 23º dia de gestação (SALLES et al.,

1997; MARTINEZ et al., 1998), mas a mensuração acurada de todos os embriões somente é

admissível a partir do 25º dia.

Os primeiros batimentos cardíacos do embrião podem ser observados a partir do 21°

dia de gestação (MARTINEZ et al., 1998), sendo que se intensificam entre o 25º e o 29º dia

de gestação (SALLES et al., 1997; MARTINEZ et al., 1998).

Além da visualização das estruturas durante a gestação, a ultrassonografia em tempo

real permite acompanhar o crescimento fetal através de mensurações das dimensões lineares

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de partes do corpo, correlacionando tais dimensões com a idade gestacional (HAIBEL et al.,

1989; SOUZA, 2000) e até com o peso do feto ao nascimento (MESSIAS, 2002).

Os principais parâmetros que podem ser mensurados com a ultrassonografia são:

diâmetro de vesícula (DV), comprimento crânio-caudal (CCC), diâmetro bi-parietal (DBP),

diâmetro do abdômen (DA) e diâmetro torácico (DT).

O DV é determinado pelo seu maior eixo transversal (Figura 1A), normalmente na

altura em que se encontra o embrião (SANTOS et al., 2005).

O CCC é determinado pelo tamanho da linha traçada entre a porção anterior do crânio

(osso occipital) até a base da cauda ( primeira vértebra coccígea) (Figura 1B) (SANTOS et al.,

2005) .

O DBP é determinado pela maior distância entre os ossos parietais (Figura 1C)

(SANTOS et al., 2005).

O DT é determinado pela distância entre os bordos ecogênicos das últimas costelas em

corte horizontal (Figura 1D) (LEE et al., 2005).

Já, o DA é determinado pela maior distância entre os bordos do tronco, obtidos na

altura do cordão umbilical (Figura 1D) (SANTOS et al., 2005).

Figura 2- Parâmetros fetais mensurados por ultra-sonografia: A - Diâmetro de Vesícula (35 dias de gestação); B - Comprimento crânio-caudal (45 dias de gestação); C - Diâmetro biparietal (60 dias de gestação); D - Diâmetro abidominal e torácico (60 dias de gestação).

A B

C D

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Segundo SOUZA (2000), é possível inferir a idade gestacional em caprinos tomando

por base as mensurações ultrassônicas, no entanto, devem ser utilizadas equações específicas

para cada raça e parte fetal mensurada. Este autor relata também que o comprimento céfalo-

caudal, o diâmetro bi-parietal e o diâmetro do abdômen apresentam alta correlação positiva

com a idade fetal.

Já em relação aos placentomas, DOIZÉ et al. (1997) afirmam que, em ovelhas, a

correlação entre tamanho de placentomas e idade gestacional é pobre, mas em contrapartida, é

significativa em fêmeas da espécie caprina.

Recentemente, SOUZA et al. (2002), realizaram exames ultrassonográficos em cabras

visando estabelecer correlação entre a idade gestacional e medidas fetais, utilizando

transdutor linear com freqüência de 5 MHz por via transretal e transabdominal, a depender do

período gestacional. Os resultados demonstraram que as mensurações fetais possuem alta

correlação positiva com idade gestacional.

Por fim, a duração da gestação em pequenos ruminantes varia em torno de cinco

meses, dependendo do número de fetos, tamanho da cria, tamanho da fêmea, fatores

genéticos, condições ambientais, espécie e raça (JAINUDEEN & HAFEZ, 2000).

2.4 Perfil metabólico em ruminantes

O estudo da composição bioquímica do sangue pode ser realizado através da avaliação

do perfil metabólico, que trata-se de análises que nos permitem predizer e diagnosticar

problemas metabólicos de maneira precoce, permitindo avaliar lesões teciduais, transtornos

no funcionamento dos órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais e

fisiológicos e desequilíbrios metabólitos específicos ou de origem nutricional (GONZÁLEZ

& SCHEFFER, 2003).

Neste último caso, considera-se que a avaliação do status nutricional deva ser

cautelosa, pois, de maneira geral, para que a nutrição comprometa o perfil metabólico, as

alterações causadas pela dieta devem ser de grande magnitude. Alguns autores, baseados em

observações e estudos prévios, acreditam inclusive que tomando alguns cuidados de

interpretação, o perfil metabólico possa ser utilizado para predizer, além dos distúrbios

metabólicos, distúrbios de fertilidade (INGRAHAN e KAPPEL, 1988).

Considerando apenas os distúrbios metabólicos, a escolha das variáveis a serem

analisadas depende da importância das mesmas no problema a ser investigado, seu custo,

facilidade de análise e estabilidade da amostra até o processamento no laboratório

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(INGRAHAN e KAPPEL, 1988; ROWLANDS, 1980). Alguns parâmetros bioquímicos

podem ser afetados pela idade (SHERMAN e ROBINSON, 1983), sexo (CHIERICATO et

al., 1986), raça (CHIOFALO et al., 1982; PUGLIESE et al., 1982), gestação e lactação

(GARNIER et al.,1984; CISSIK et al., 1987; BIAGI et al., 1988) e até mesmo nutrição (BAS

et al., 1980; BLACKWELL e LIBBY, 1982).

A avaliação do perfil metabólico pode ser distribuída em três grandes grupos:

avaliação do status energético, protéico e mineral. Dentre as variáveis consideradas para a

avaliação do status protéico estão a uréia, a albumina e a proteína total.

Os níveis de uréia tem relação direta com a digestão protéica e com o metabolismo dos

microrganismos ruminais, sendo que este metabólito se altera rapidamente em função da

dieta, refletindo o status protéico a curto prazo. A uréia é sintetizada no fígado em

quantidades proporcionais à concentração de amônia produzida no rúmen, assim o aumento

do nível de amônia no sangue pode indicar uma insuficiência hepática, pois no fígado ela é

metabolizada em uréia sendo eliminada pela urina. Com o órgão lesado, não ocorre a

transformação de amônia em uréia, acumulando o mesmo no sangue podendo ocasionar lesão

no sistema nervoso central (encefalopatia hepática), em consideração da ação de toxicidade

que este metabólito exerce sobre o tecido nervoso (MEYER et al., 1995).

Já a diminuição dos níveis de uréia, não só é resultado de uma maior filtração

glomerular, mas também devido uma redução na sua síntese hepática. Com o aumento da

progesterona e das concentrações de estrógenos, a atividade das enzimas diminui o ciclo da

uréia (KALHAN, 2000). BALIKCI et al. (2007), ao avaliarem os metabólitos durante a

gestação em ovelhas Akkaraman, obtiveram redução nos níveis de uréia (28,5 ± 1,17 VS 23,2

± 1,26) durante o período gestacional, e os mesmos não encontraram diferenças entre os

níveis de uréia em relação a partos simples e duplos. DUGGLEBY & JACKSON (2002)

observaram comportamento similar aos encontrados neste estudo.

Adicionalmente, realiza-se a análise dos indicadores de função hepática, no caso dos

ruminantes, as principais enzimas a serem determinadas neste caso são a aspartato

aminotransferase (TGO), a gama-glutamiltransferase (GGT) e lactato desidrogenase (LDH).

A enzina aspartato aminotransferase (TGO ou AST), conhecida também pelo nome de

transaminase oxalacética, catalisa a transaminação de aspartato e α-cetoglutarato em

oxalacetato e glutamato, tendo como cofator o piridoxal-fosfato. Esta é encontrada em muitos

tecidos como duas isoformas, no citosol e na mitocôndria, sendo mais abundante no fígado e

nos músculos. Segundo GONZÁLEZ (2003), os aumentos de TGO podem ser observados em

hepatite infecciosa e tóxica, cirrose, obstrução biliar e fígado gorduroso. Seu nível também

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está aumentado quando ocorre hemólise, deficiência de selênio e vitamina E e no exercício

físico intenso.

A TGO, nos ruminantes, é um bom indicador de funcionamento hepático. Vacas com

altos valores de TGO antes do parto (> 35 U/L) têm uma maior tendência a sofrer problemas

de infertilidade, paresia de parto e retenção de placenta que vacas com baixos valores (<

25U/L). Valores altos de TGO e baixos valores de colesterol e de albumina revelam, com

razoável certeza, transtornos na função hepática. Lesões no músculo cardíaco também são

demonstradas pelo aumento da TGO.

A gama-glutamiltransferase (GGT), também é conhecida como gama glutamil

transpeptidase (GTP), está presente em todas as células com exceção do músculo. Apresenta

grande atividade nos rins e no fígado, mas somente aquela de origem hepática é normalmente

encontrada no plasma, pois a de origem renal é excretada na urina. O aumento da atividade da

enzima ocorre, em todas as espécies examinadas, após colestase. Em felinos, pode ser

utilizada no lugar da fosfatase alcalina, com maior sensibilidade e especificidade para o

fígado (CENTER et al., 1997).

Em ruminantes, a GGT é transferida para filhotes pelo colostro (KRAMER;

HOFFMANN, 1997). Desta forma, é possível usar a GGT como forma de monitorar a

ingestão de colostro pelos terneiros, embora com menor eficiência que a imunoglobina G.

Feitosa e Birgel (2002), não encontraram diferenças entre os níveis de GGT de vacas

holandesas no periparto, confirmando que esta enzima não sofre alteração pelos efeitos do

parto ou da colostrogênese. Muller (2001), descreve que animais infestados com Fasciola

hepatica têm os níveis de GGT aumentados cerca de 6 semanas após infecção.

Já a enzima lactato desidrogenase (LDH) catalisa a oxidação reversa do lactato para

piruvato com o cofator NAD. É uma enzima presente em vários tecidos, em particular no

músculo esquelético, músculo cardíaco, fígado e eritrócitos, mas também nos rins, ossos e

pulmões. Existem cinco isoenzimas conhecidas, que não são comumente analisadas nos

laboratórios veterinários. Isoladamente a enzima não é específica para nenhum órgão.

Qualquer intensidade de hemólise é prejudicial, pois o extravasamento de enzimas

eritrocitárias ainda incrementa a atividade total da LDH no plasma.

Lesões musculares de etiologias variadas podem estar relacionadas ao aumento da

LDH. A LDH pode ser utilizada para avaliar cardiomiopatias diversas (isquemia, endocardite

bacteriana, dirofilariose, trombose aórtica e infarto do miocárdio). Normalmente a LDH

aumenta menos rapidamente que a creatinina quinase kinase, mas também mantém os valores

elevados por mais tempo. A concentração de LDH nos eritrócitos é 150 vezes maior do que

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no plasma. Smith (1993), considera comum o aumento de LDH, em grandes animais, por

problemas hepáticos como colelitíase, fasciolose e insuficiência hepática.

A gestação é um fenômeno fisiológico normal, com muitas mudanças bioquímicas que

vão desde alterações da função renal, dos carboidratos e metabolismo das proteínas e, em

particular sobre o padrão hormonal da fêmea. Os resultados dos testes bioquímicos durante a

gestação podem, portanto, diferir dos intervalos normais de referência para animais não

gestantes, podendo ser erroneamente interpretados como anormais (HUY, 2005).

HUY (2005), afirma que todos os marcadores da função hepática são geralmente

reduzidos ou abaixo do normal durante o período gestacional, devido à expansão do fluído

extracelular. Daí Logo, a albumina, TGO, GGT, LDH e bilirrubina total são baixas quando

comparados com o período fisiológico não gestacional. A única exceção é para a fosfatase

alcalina, que é elevado devido a mesma ser de origem placentária.

Embora se saiba das particularidades de idade, sexo, raça e status fisiológico, as

tabelas clássicas de valores considerados normais para estas variáveis ainda são genéricas, não

considerando as possíveis peculiaridades para cada metabólito. Portanto mais estudos devem

ser realizados a fim de que se obtenham números de dados suficientes para consolidar uma

tabela padrão com tais considerações, possivelmente melhorando a acurácia dos dados

clássicos para a espécie caprina.

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3 JUSTIFICATIVA

A nutrição representa em torno de 30% a 70% dos custos totais de produção, sendo

que o milho e a soja são tidos como os principais ingredientes utilizados nas rações. Com isso,

tem-se buscado formas que possam reduzir os custos, como a utilização de subprodutos da

cadeia do biodiesel. Estes subprodutos inseridos na alimentação animal tem despertado o

interesse de vários produtores, que em certos casos fornecem este alimento aos animais

mesmo sem ter informações básicas sobre a conseqüência do seu uso, tais como sua influência

sobre os parâmetros reprodutivos.

A expectativa de crescimento gradual da participação do biodiesel na matriz energética

mundial está criando oportunidades para a produção de ruminantes devido a potencial oferta

de farelos e tortas, obtidos após a extração do óleo de sementes de oleaginosas, constituindo

os principais co-produtos da cadeia produtiva do biodiesel.

Na espécie caprina, assim como em outros ruminantes, o potencial reprodutivo é

influenciado pelos efeitos nutricionais no estro e durante os diferentes estados fisiológicos dos

animais. A nutrição atua de forma direta na fertilidade dos animais através do fornecimento de

nutrientes específicos requeridos para o crescimento e desenvolvimento do embrião/feto e de

forma indireta sobre as concentrações de hormônios e metabólitos circulantes, fundamentais

para o sucesso destes processos e para a conseqüente produção de crias viáveis (ROBINSON

et al., 2006). Com isso, a utilização do farelo da mamona destoxificado como alimento

economicamente viável e de fácil aquisição, surge como uma alternativa de amenizar os

efeitos da escassez de alimentos sobre o desempenho reprodutivo dos rebanhos.

Portanto, a eficiência e qualidade em todo o processo produtivo são desafios que

precisam ser equacionados sem, contudo, aumentar os custos, já que o desempenho

reprodutivo do rebanho é resultado do manejo nutricional aplicado, em conjunto com as

técnicas sanitárias.

Neste contexto, o farelo de mamona se destaca devido ao seu elevado valor protéico,

disponibilidade e custo, consistindo um importante recurso para a substituição das fontes

protéicas tradicionais na alimentação animal. Pesquisas sobre aos aspectos nutricionais e de

desempenho produtivo já estão sendo desenvolvidas em vários países, no entanto, existem

ainda poucas informações sobre os efeitos nos parâmetros reprodutivos, sobretudo em

caprinos, visto que esta espécie é de grande importância econômica para o Nordeste

brasileiro.

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4 HIPOTESE CIENTÍFICA

A utilização do farelo de mamona destoxificado como fonte protéica na alimentação

de cabras não produz efeitos desfavoráveis sobre o desenvolvimento fetal e a resposta

metabólica.

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5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Estudar o efeito da utilização do farelo de mamona antes e após a destoxificação sobre

o desenvolvimento fetal e a resposta metabólica em cabras.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Acompanhar o desenvolvimento fetal, através de ultrasonografia, do vigésimo ate o

sexagésimo dia após a monta em cabras alimentadas com farelo de mamona

destoxificado ou não;

• Mensurar os níveis plasmáticos de uréia, lactato desidrogenase, gama-

glutamiltransferase e aspartato aminotransferase até o sexagésimo dia após a monta

em cabras alimentadas com farelo de mamona destoxificado ou não;

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6 CAPÍTULO I

Desenvolvimento fetal e resposta metabólica em cabras alimentadas com farelo de mamona

Fetal development and metabolic response in goats fed with castor meal

Periódico: Ciência Rural (Submição em outubro de 2010).

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Desenvolvimento fetal e resposta metabólica em cabras alimentadas com farelo de

mamona

Fetal development and metabolic response in goats fed with castor meal

Cláudio Henrique de Almeida OliveiraI Davide RondinaII Liliane Moreira Silva III

Matheus Wagner P. de SousaIII Fabiana Vinhas RodriguesIII Dárcio Ítalo A. TeixeiraII

Diana Célia Sousa Nunes-PinheiroII Roselayne Ferro FurtadoIV Aline Maia SilvaIII

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da utilização do farelo de mamona sobre o

desenvolvimento fetal e resposta metabólica em cabras. Para tanto, 60 cabras foram

submetidas durante quinze dias antes da monta e sessenta dias após a mesma a três diferentes

suplementações alimentares contendo farelo de mamona antes e após destoxificação. Os

animais tiveram o estro sincronizado mediante CIDR seguido de monta natural. O

acompanhamento do desenvolvimento fetal foi realizado mediante ultrassonografia do 25° ao

60° dias após a monta. A dosagem dos metabólitos sanguíneos foi realizada nos dias –15, 0,

10, 20, 30, 40, 50 e 60 após a monta natural. Não foram encontradas diferenças significativas

para o desenvolvimento fetal nos três grupos alimentares, bem como entre os níveis de uréia e

TGO. No entanto, os níveis de LDH e GGT diferiram entre tratamentos, mas os mesmos se

encontraram dentro dos padrões da espécie. Conclui-se que a utilização do farelo de mamona

antes ou após destoxificação não afetou o desenvolvimento fetal e o perfil metabólico em

cabras gestantes.

Palavras-chave: Caprino, Farelo de Mamona, Feto, Metabolitos.

I Engenheiro Agrônomo, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinária (PPGCV) da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Av. Paranjana, 1700, CEP: 60740-000 Fortaleza-CE, Brasil. e-mail: [email protected]. Autor para correspondência. II Professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinarias da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza – CE, Brasil. III Integrantes do Lab. de Nutrição e Produção de Ruminantes (LANUPRUMI) da Medicina Veterinária – UECE, Fortaleza – CE, Brasil. IV Pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza – CE, Brasil.

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ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the effect of castor meal on fetal development and

metabolic response in goats. Thus, 60 goats were fed from mate to sixty days of gestation

three different supplements containing castor oil before or after detoxification. All females

were synchronized by CIDR for 5 days and mated for 72 hours. Fetal development was

analyzed by ultrasound from 25th to 60th days after mate. From plasma, metabolites were

assessed on days -15, 0, 10, 20, 30, 40, 50 and 60 after mate. No significant differences were

found for embryo/fetal development parameters and for urea and GOT when groups were

compared. By contrast, LDH and GGT concentration differed between treatments, but values

were within the limits of specie. It was concluded that use of castor meal, before or after

detoxification did not affect the fetal development or metabolites pattern in pregnant goats.

Key words: Goat, Castor Meal, Fetus, Metabolites.

INTRODUÇÃO

Com a crescente demanda dos programas governamentais em implementar a produção

e uso do Biodiesel de forma sustentável a partir de sementes oleaginosas, como a Mamona

(Ricinus communis L.), uma das grandes preocupações é o destino dos resíduos gerados.

No entanto como a região Nordeste apresenta baixa produção de grãos para a

formulação de rações concentradas, o uso de subprodutos da agroindústria, como o farelo de

mamona, pode constituir uma importante alternativa para a alimentação dos rebanhos.

O farelo de mamona destaca-se por apresentar elevado valor protéico (SEVERINO,

2005), boa degradabilidade ruminal, baixo custo e um grande potencial de exploração em

regiões marginalizadas economicamente (MOREIRA et al, 2003).

Apesar do seu potencial na alimentação animal, este resíduo apresenta uma potente

toxina (ricina) de natureza protéica com ação de inativação ribossomal (BARBIERI ET AL.,

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1993), inviabilizando sua utilização na alimentação. Devido a este entrave, este resíduo vem

sendo explorado como fertilizante orgânico, mas esta prática favorece a longo prazo uma

maximização de contaminantes ambientais e alimentares.

A ricina é considerada como um dos contaminantes mais perigosos para saúde animal

e para os produtos de origem animal (EFSA, 2008). ASLANI et al. (2007) relataram sintomas

tóxicos e morte em ovinos ao ser alimentados com resíduos de mamona. Os mesmos autores

afirmam que ingestões entre 2,5 a 6 g de sementes de mamona/kg de peso vivo (PV) são

tóxicas para ruminantes. CHAN & NG (2001) adicionando ricina durante o desenvolvimento

embrionário de rato observaram uma ação fortemente toxica em concentrações entre 10 e 20

ng/mL de ricina.

Com isso, diversos estudos têm desenvolvido técnicas de destoxificação destes

resíduos (ANANDAN et al., 2005), tornando-os disponíveis para a alimentação animal. Na

alimentação de ovinos a destoxificação do farelo de mamona mostrou aumentar a

digestibilidade das proteínas e da energia, (BOSE E WANDERLEY 1988), e do consumo de

matéria seca e proteína bruta (OLIVEIRA et al., 2007) sem qualquer relato de intoxicação dos

animais. Assim, a utilização de procedimentos para destoxificação do farelo de mamona

contribui para o aumento da disponibilidade de insumos para nutrição animal.

A bibliografia presente relacionada a esta potencial fonte alimentar em ruminantes é

principalmente direcionada aos aspectos nutricionais e de desempenho produtivo, enquanto

ainda existem poucas informações sobre os efeitos da administração para períodos

prolongados nos parâmetros reprodutivos, sobretudo em caprinos.

Desta forma, em consideração que esta espécie é de grande importância econômica

para o Nordeste brasileiro, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da utilização do

farelo de mamona sobre o desenvolvimento fetal e níveis de metabólitos em cabras.

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MATERIAL E MÉTODOS

Destoxicação da mamona e quantificação da ricina

O farelo de mamona foi obtido na usina BOM Brasil, localizada em Salvador - Bahia.

Para realização do tratamento de destoxicação, foi escolhido o método desenvolvido por

ANANDAN et al., (2005) e adaptado por OLIVEIRA, (2008). Foi adicionada ao subproduto

uma solução de óxido de cálcio (CaO) (1 kg para 9 litros de água) na proporção de 60 gramas

de CaO/kg de farelo. Após permanecer por uma noite (12-18 horas) para ocorrer o processo

de destoxificação o material tratado foi seco para posterior armazenamento e utilização. Esta

técnica foi escolhida por ser simples, comprovadamente eficaz e de fácil reprodutibilidade

também em nível de produtor.

A ausência da ricina após o processo de destoxificação foi verificada através da

técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida 12% em condições não desnaturantes (native-

PAGE) em um sistema de mini-gel vertical Bio-Rad PowerPac Basic Supply, corados em

solução de Comassie Blue R250. A quantificação da ricina foi realizada através da

determinação da quantidade total de proteínas das amostras de farelo de mamona, utilizando

BSA como proteína padrão, segundo metodologia de BRADFORD (1976). Posteriormente,

foi realizada a análise da imagem do gel de poliacrilamida, onde a mesma foi digitalizada no

ImageScanner™ da GE Healthcare (compatível com ImageMaster software) e logo em

seguida analisada pelo programa Image Master Platinum. As bandas protéicas foram

quantificadas em unidades de volume (área vs intensidade) segundo metodologia descrita por

BANDIL (2008).

Animais e delineamento experimental

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para o uso de Animais da Universidade

Estadual do Ceará (CEUA-UECE), com o número de protocolo: 09503497-8/82. O

experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Campo da Semente - Guaiúba - CE,

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pertencente à Faculdade de Veterinária/UECE, localizada a 4° 02’ sul e 38° 30’ oeste e na

Fazenda Padre João Piamarta, Itaitinga-CE, localizada à 4º 01’ sul e 38º 31’ oeste, durante o

período de março a junho de 2010. Sessenta cabras mestiças foram divididas em três lotes (n

= 20) homogêneos em peso, condição corporal e idade (33,34 ± 1,05 kg; 2,34 ± 0,09 e 27,88 ±

0,95 meses; respectivamente). Os animais receberam três suplementações alimentares

isoenergéticas (74% de NDT) e isoprotéicas (14% de proteína bruta na base da matéria seca)

conforme as exigências nutricionais de monta e início de gestação (NRC, 2007), fornecidas

durante 75 dias, iniciando 15 dias antes da monta ate o 60º dia de gestação, segundo a

seguinte formulação: Grupo controle: feno de tifton e concentrado (Milho 80%, Farelo de soja

15%, Minerais 5%); Grupo mamona destoxificada: feno de tifton e concentrado com farelo de

mamona detoxificada substituindo o FS (Milho 80%, Farelo de mamona 15%, Minerais 5%);

e o Grupo mamona: feno de tifton e concentrado com farelo de mamona substituindo o farelo

de soja (FS) (Milho 82%, Farelo de mamona 13%, Minerais 5%). Os animais experimentais

foram mantidos em baias coletivas, recebendo sal mineral e água ad libitum.

Todas as fêmeas tiveram o estro induzido por um dispositivo intra-vaginal (Controlled

Internal Drug Release devices-CIDR®), impregnados com 0,33 g de progesterona (Eazi-Breed

CIDR®, InterAg, Hamilton, New Zealand) que permaneceram por 5 dias. No momento da

remoção dos dispositivos, as cabras receberam uma aplicação de 1 mL de prostaglandina F2α

(Lutalyse®, Upjohn, Kalamazoo, USA) e após esta aplicação, machos de fertilidade

comprovada, foram introduzidos junto às fêmeas por um período de 72 horas.

Colheitas de sangue e dosagem de metabólitos

Amostras de sangue foram coletadas por venupunção da jugular com vacutainers

heparinizado nos dias -15, 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60 após a monta. As amostras de sangue

foram centrifugadas a 3000 rpm durante 15 minutos e o plasma obtido foi estocado em freezer

a uma temperatura de - 20 oC para posterior dosagem dos metabólitos. As concentrações

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plásmáticas de uréia, lactato desidrogenase (LDH), gama-glutamiltransferase (GGT) e

aspartato aminotransferase (TGO) foram determinadas por espectrofotometria em analisador

bioquímico automatizado (Konelab, Wiener®), utilizando kit’s comerciais (Wiener

Laboratórios, Rosário, Argentina).

Mensurações embrionárias e fetais

A determinação do número de fetos e o acompanhamento do desenvolvimento do

embrião/feto foram realizados através de ultrassonografia em tempo real (Chisson D600 VET,

Chisson Medical Imaging Co. Ltd., China) utilizando um transdutor transretal linear de 3,5 –

5,0 MHz. Para a mensurações foram utilizados 56 fetos, oriundos do grupo controle (n = 18),

mamona destoxificada (n = 20) e mamona (n = 18). Nestes, foram avaliadas as seguintes

estruturas: diâmetro de vesícula (DV), do 25º ao 45º dia de gestação; comprimento crânio-

caudal (CCC), do 30º ao 50º dia de gestação; diâmetro bi-parietal (DBP) e diâmetro do

abdômen (DA), do 40º ao 60º dia de gestação segundo metodologias propostas por SANTOS

et al. (2005). Já o diâmetro torácico (DT), foi avaliado do 45º ao 60º dia de gestação segundo

LEE et al. (2005).

Avaliação e mensuração das imagens ultrassonográficas

Os exames ultrassonográficos foram capturados em placa de vídeo (Play TV 405

DVD Marker, Pixel View, Taiwan), transferidos para o computador e gravados em forma de

vídeos (formato MPG) para reduzir o tempo necessário dos exames. No laboratório, os vídeos

foram avaliados e foram realizadas capturas de pelo menos três imagens (formato JPEG) de

cada estrutura de interesse do estudo através do programa software Gom Player (Gretech

Corporation Seul, Coréia). Para as mensurações foi utilizado o programa software Image J

(Image J, National Institutes of Health, Millersville, USA), previamente calibrado. No caso da

gestação gemelar, foi considerada a média dos dois embriões/fetos, segundo metodologia

descrita por GONZALES DE BULNES et. al. (1998).

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Análise estatística

Os dados foram analisados utilizando a PROC GLM do programa estatístico SAS

(SAS, Inc., Cary, NC, USA). Para os metabolitos e mensurações embrionárias/fetais os

fatores testados foram o tratamento alimentar, o tempo e a interação. Para a análise dos dados

de mensuração, foi utilizado a ANOVA por medidas repetidas. As imagens ultrassonográficas

utilizadas para mensuração das estruturas (Imagens 1, 2 e 3) foram consideradas como

variável de medida repetida. A comparação entre as médias foi analisada pelo teste Duncan ou

teste t- Student. Os valores foram expressos como média ± erro padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se na tabela I, que não houve efeito significativo (p>0,05) para diâmetro de

vesícula, comprimento crânio-caudal, diâmetro do abdômen, diâmetro torácico e diâmetro bi-

parietal entre os tratamentos alimentares, mas que ocorreram diferenças significativas

(p<0,05) ao longo do tempo. Estes resultados podem ter ocorrido devido à eficácia do método

de destoxificação com óxido de cálcio, no grupo mamona destoxificada. Já para o grupo

mamona, a possível justificativa para tais resultados pode ser em função da quantidade de

ricina deste resíduo fornecido para os animais, o qual foi de aproximadamente

34,01g/dia/animal, o que equivaleu a 0,05 mg ricina/kg PV, sendo que esta proteína tóxica

pode ter sido inativada por proteases microbianas ruminais, o que poderia explicar algumas

observações de tolerâncias em animais ruminantes alimentados com este resíduo (OLIVEIRA

et al., 2007). Em pequenos ruminantes foram observados sinais clínicos tóxicos com 1,4 mg

de ricina/kg PV, enquanto em bovinos são tolerados entre 15 e 20 mg de ricina/kg PV (EFSA,

2008). Os valores administrados neste estudo foram aproximadamente 28 vezes abaixo dos

relatos citados para pequenos ruminantes e 300 vezes inferiores que nos bovinos.

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Os resultados da tabela 1 evidenciaram também que todos os parâmetros embrionários

e fetais aumentaram conforme o decorrer da gestação independentemente da aplicação do

tratamento alimentar. Embora em caprinos o desenvolvimento do embrião/feto ocorra

lentamente na fase inicial da gestação, em comparação com a fase intermediaria e final, este

apresenta sempre uma fase de grande relevância para o animal. Os valores encontrados no

presente trabalho resultaram conforme a literatura em caprinos. MARTINEZ et al. (1998), ao

avaliarem o diagnóstico de gestação precoce e crescimento embrionário em cabras Anglo-

Nubianas, encontraram valores de CCC semelhantes aos achados neste trabalho. LEGA et al.

(2003), ao acompanharem através da ultrassonográfia, os primeiros 60 dias de gestação na

cabra doméstica, também encontraram valores bem próximos para CCC, DV, DA e DBP.

Verifica-se na tabela 2 que não houve efeito significativo (p>0,05) para os níveis

plasmáticos de uréia entre os tratamentos, mas que ocorreram diferenças significativas

(p<0,05) ao longo do tempo. Pode-se observar ainda, que os níveis de uréia plasmáticos foram

diminuindos ao logo do desenvolvimento da gestação. KALHAN (2000), afirma que a

diminuição da concentração de uréia, não só é resultado de uma maior filtração glomerular,

mas também devido uma redução na sua síntese hepática. Com o aumento da progesterona e

das concentrações de estrógenos, a atividade das enzimas diminui o ciclo da uréia.

BALIKCI et al. (2007), ao avaliarem os metabólitos durante a gestação em ovelhas

Akkaraman, obtiveram redução nos níveis de uréia (28,5 ± 1,17 VS 23,2 ± 1,26) durante o

período gestacional, e os mesmos não encontraram diferenças entre os níveis de uréia em

relação a partos simples e duplos. DUGGLEBY & JACKSON (2002) observaram

comportamento similar aos encontrados neste estudo. No presente trabalho os valores médios

plasmáticos de uréia encontram-se de acordo com os padrões da espécie (SMITH AND

SHERMAN, 2009) e aqueles obtidos por RONDINA et al. (2005) em cabras SRD adultas

bem alimentadas.

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Quanto aos níveis plasmáticos de LDH, foram encontradas diferenças significativas

tanto entre tratamentos, como em relação ao tempo de gestação (Tabela 2). Foi observada

uma redução nos níveis de LDH durante o período experimental, com período de maior

declínio do valor deste metabólito aos 40 dias de gestação para os três grupos experimentais

(C.: 643 UI/L; MD.: 587 UI/L; M.: 562 UI/L). GARNIER et al. (1984), encontraram que em

fêmeas caprinas adultas, a faixa dos níveis séricos de LDH pode ser menor durante o período

gestacional do que durante o período de lactação.

HUY (2005), afirma que todos os marcadores da função hepática são geralmente

reduzidos ou abaixo do normal durante o período de gestação, devido à expansão do fluído

extracelular. Apesar do teste de comparação entre médias ter mostrado diferenças

significativas entre tratamentos, os valores médios plasmáticos de LDH encontram-se de

acordo com os padrões da espécie (SMITH AND SHERMAN, 2009) e aqueles obtidos por

GARNIER et al. (1984).

Foram verificadas diferenças significativas para os níveis plasmáticos de GGT, em

relação aos tratamentos alimentares (Tabela 2). Os níveis médios de GGT encontram-se

dentro dos padrões da espécie preconizados por SMITH AND SHERMAN (2009).

MENEZES et al. (2008), encontraram valores similares a este trabalho, ao avaliarem a

resposta hepática-renal em cabras Saanen.

Não foram observadas diferenças (p>0,05) para os níveis séricos de TGO, tanto entre

tratamentos, quanto ao tempo de gestação (Tabela 2). OLIVEIRA et al. (2007), avaliando os

indicadores de função hepática em ovinos alimentados com farelo ou torta de mamona tratado

ou não com óxido de cálcio, encontraram que os níveis de TGO não foram afetados e que os

mesmos foram bem próximos aos achados neste trabalho. Os valores médios plasmáticos de

TGO encontram-se de acordo com os padrões da espécie (SMITH AND SHERMAN, 2009).

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CONCLUSÃO

A adição de farelo de mamona antes e após destoxificado em dietas para cabras

durante a gestação não comprometeu o desenvolvimento fetal.

A utilização deste produto não causou sintomas clínicos de intoxicação, nem o quadro

metabólico indicou alterações hepáticas nas fêmeas caprinas durante os primeiros sessenta

dias de gestação.

AGRADECIMENTOS

Fonte de financiamento Edital CNPq/MAPA/SDA nº 064/2008 – ref. n°

578189/2008-9; Edital FUNCAP 05/2009 - ref. n° 101.01.00/09. Os autores agradecem as

equipes técnicas das Fazendas Campo da Semente e Padre João Piamarta, pelo suporte técnico

e auxilio no manejo dos animais. O Prof. Dr. Davide Rondina é bolsista de produtividade em

pesquisa CNPq/Brasil.

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48

Tabela 1. Médias e erros padrões para as mensurações embrionárias e fetais durante os

sessenta dias de gestação, segundo as diferentes dietas.

Dias Controle Mamona

destoxificada Mamona Trat. Tempo

Trat. vs

Tempo

DV

(mm)

25 16,81 ± 0,16ª 16,43 ± 0,16ª 16,47 ± 0,15ª

ns ** ns

45 39,12 ± 0,33b 39,03 ± 0,31b 39,59 ± 0,26b

CCC

(mm)

30 8,82 ± 0,08ª 8,88 ± 0,07ª 8,75 ± 0,09ª

ns ** ns

50 36,43± 0,39b 36,42 ± 0,44b 36,76 ± 0,32b

DT

(mm)

45 8,53 ± 0,13a 8,59 ± 0,08a 8,76 ± 0,06a

ns ** ns

60 17,28 ± 0,12b 16,97 ± 0,09b 17,04 ± 0,12b

DA

(mm)

40 8,87 ± 0,07a 8,75 ± 0,07a 8,72 ± 0,07a

ns ** ns

60 19,68 ± 0,15b 19,57 ± 0,13b 19,37 ± 0,12b

DBP

(mm)

40 8,22 ± 0,06a 8,14 ± 0,05a 7,97 ± 0,08a

ns ** ns

60 14,33 ± 0,12b 14,47 ± 0,09b 14,60 ± 0,14b

a,b p < 0,05 comparação entre dias; A,B,C p < 0,05 comparação entre grupos

alimentares; ns: não significativo (p > 0,05); *(p < 0,05); **(p < 0,01).

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49

Tabela 2. Médias e erros padrões para as concentrações plasmáticas de uréia, lactato

desidrogenase (LDH), gama-glutamiltransferase (GGT) e aspartato aminotransferase (TGO)

durante os sessenta dias de gestação, segundo as diferentes dietas.

Dias Controle Mamona

destoxificada Mamona Trat. Tempo

Trat. VS

Tempo

Uréia

(mg/dL)

0 33,6 ± 2,9a 34,00 ± 2,2a 32,37 ± 3,2a

ns ** ns

60 23,25 ± 2,41b 21,76 ± 1,7b 23,60 ± 2,6b

LDH

(UI/L)

0 664,67 ± 53,5 664,56 ± 38,1a 641,37 ± 46,9a

* ** ns

60 588,00 ± 36,8A 466,07 ± 47,3bAB 359,01 ± 36,62bB

GGT

(UI/L)

0 46,6 ± 2,6 42,93 ± 2,5 53,69 ± 3,8

** ns ns

60 44,00 ± 1,9 38,23 ± 4,2 46,10 ± 2,5

TGO

(UI/L)

0 74,6 ± 4,1 80,62 ± 3,3 79,75 ± 6,4

ns ns ns

60 67,50 ± 4,5 78,46 ± 9,1 64,30 ± 3,1

a,b p < 0,05 comparação entre dias; A,B,C p < 0,05 comparação entre grupos alimentares;

ns: não significativo (p > 0,05); *(p < 0,05); **(p < 0,01).

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50

7 CONCLUSÕES

A utilização do farelo de mamona destoxificado ou não como fonte protéica

alternativa na alimentação de cabras não produziu efeitos desfavoráveis sobre o

desenvolvimento fetal e resposta metabólica, nas condições descritas neste experimento.

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51

8 PERSPECTIVAS

O conhecimento da utilização dos subprodutos da cadeia do biodiesel na alimentação

animal, realizado no âmbito do presente trabalho representa uma alternativa viável e de baixo

custo para os pequenos produtores da região Nordeste. No entanto, mais estudos são

necessários para consolidar esses achados, através da avaliação dos efeitos desta fonte

alimentar alternativa fornecida durante períodos prologados sobre os parâmetros reprodução e

produtivos. Tal situação poderá maximizar a produtividade da caprinocultura, sobretudo na

região Nordeste, devido à sazonilidade de nutrientes produzidos nesta região.

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APÊNDICE A RESUMO PUBLICADO: RESPOSTA HEPÁTICA-RENAL EM CABRAS ALIMENTADAS COM FARELO DE MAMONA DETOXIFICADO

4° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel

7º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel

5 a 8 de outubro de 2010, no Expominas, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

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Resposta Hepática-renal em cabras alimentadas com farelo de Mamona detoxificado

Liliane Moreira Silva (PPGCV/UECE, [email protected]), Cláudio Henrique de Almeida Oliveira (PPGCV/EUCE, [email protected]), Iracelma Julião de Arruda (RENORBIO/EUCE, [email protected]), César Carneiro Linhares Fernandes (FAVET/UECE, [email protected]), Antonnio Henrique Afonso Alves (FAVET/UECE, [email protected]), Alline Barbosa Leal (FAVET/UECE, [email protected]) Diana Célia Souza Nunes Pinheiro (FAVET/UECE, [email protected]) e Davide Rondina (FAVET/UECE, [email protected])

Palavras Chave: Caprinos, mamona, hepato-renal, metabólito

- Introdução

No nordeste do Brasil, as secas periódicas, impõem severas restrições ao suprimento

de forragens e, por conseguinte à produção de pequenos ruminantes. Nesse contexto, o uso de subprodutos da agroindústria e de menor custo na alimentação animal, pode representar uma opção viável para os produtores principalmente durante os períodos críticos de estresse alimentar, desde que certos critérios sejam considerados, como por exemplo, a presença de compostos tóxicos e/ou anti-nutricionais.

De encontro a essa problemática, destaca-se a disponibilidade de subprodutos gerados na agroindústria do biodiesel a partir da semente da mamona. Severino (2005) e Hoffman et al., (2007), através de duas revisões sobre o problema da utilização do farelo de mamona, descrevem de forma completa os principais obstáculos existentes hoje no aproveitamento deste produto, dentre eles a presença de substâncias alergênicas. No entanto, existem diversos métodos para promover a detoxificação e a desalergenização do farelo da mamona, por meio de processos físicos e químicos (Avila Filho et al., 2007), entretanto, a literatura detalha de forma clara as dificuldades no controle da eficiência do processo de detoxificação. Em relação à resposta animal bem pouco sabemos sobre a influência da utilização de farelo de mamona no metabolismo animal.

Portanto objetivo deste trabalho foi verificar a reposta hepático-renal de cabras alimentadas com farelo de mamona detoxificado.

2 - Material e Métodos

O experimento foi realizado na fazenda Centro Educacional Padre João Piamarta,

Itaitinga – Ceará. Um grupo de 32 cabras, adultas e pluríparas foram divididos em dois grupos homogêneos com base no peso vivo (p > 0,05) e mantidos em baias coletivas, alimentados com feno de tifton e uma ração concentrada (Grupo Controle) ou uma ração concentrada onde a fonte protéica (farelo de soja) foi substituída por farelo de mamona detoxificado (Grupo Mamona). As rações concentradas eram isoenergéticas e isoprotéicas. As dietas foram fornecidas em quantidade para satisfazer os requerimentos nutricionais (NRC, 2007). O acesso a água e sal mineral foram ad libitum. O plano alimentar iniciou-se 15 dias antes da sincronização do estro e estendeu-se durante toda a gestação.

Em todos os animais o estro foi sincronizado através a aplicação por 5 dias do dispositivo intra-vaginal (CIDR; Pharmacia & Upjohn, New Zealand), seguido de 1 mL de Dinoprost Trometamina (Lutalyse®, Pfizer animal health, USA). Vinte e quatro horas após a retirada do CIDR, às fêmeas foram cobertas por 3 dias subsecutivos. O diagnóstico de gestação foi realizado aos 30 dias após a monta mediante ultrassonografia.

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No início do tratamento alimentar (Dia 0) e aos 30 dias de gestação todos os animais foram submetidos a colheitas de sangue por venopunção da jugular, utilizando tubos vacutainer heparinizados. Após separação, o plasma foi estocado a uma temperatura de - 20oC. Foram analisadas a concentração de uréia, glutamil oxaloacético transaminase (TGO) e gamaglutamiltransferase (GGT), atraves kits comerciais enzimáticos colorimétricos (Wiener Laboratórios, Rosário, Argentina).

O farelo de mamona foi adquirido na usina de extração do óleo Bom Brasil - BA. Para o procedimento de detoxificação utilizou uma solução de CaO (1 Kg para 9 litros de água) adicionada ao farelo na proporção de 60 gramas de CaO/Kg de farelo, segundo Oliveira (2008). Logo após a mistura, o material permaneceu por um período de 8 horas (uma noite) para ocorrer o processo de detoxificação, e posteriormente o mesmo foi secado a campo sobre uma lona por 2 dias. O óxido de cálcio utilizado foi do tipo micropulverizado, contendo, segundo os fabricantes, mínimos de 88% e 90% de óxidos totais. A ausência da ricina no farelo de mamona detoxificado foi verificada através de eletroforese em gel de poliacrilamida.

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), procedimento GLM do programa SAS (SAS Institute, Cary, NC, USA). Os fatores testados foram o tratamento alimentar (Controle e Mamona), o tempo de coleta (0 e 30 dias), bem como a interação entre os dois fatores. Para comparações entre média foi utilizado o teste t de Student para tratamentos independentes (Controle vs. Mamona) ou dependentes (0 dias vs. 30 dias).

3 - Resultados e Discussão

Na tabela 1 são ilustrados os valores de uréia, TGO e GGT nas diferentes dietas. O perfil bioquímico tem sido utilizado como importante ferramenta para obtenção de informações sobre a adaptação dos animais diante de desafios nutricionais e de desequilíbrios metabólicos específicos de origem nutricional (González & Scheffer, 2003). A literatura relata vários estudos envolvendo os parâmetros hematológicos e bioquímicos do sangue durante o período de transição, ou seja, final da gestação e o início da lactação, porém, poucos deles se referem ao acompanhamento destes constituintes durante a gestação.

No presente trabalho os valores médios plasmáticos de uréia, TGO e GGT encontram-se de acordo com os padrões da espécie (Smith and Sherman, 2009) e aqueles obtidos por Rondina et al. (2005) em cabras SRD adultas bem alimentadas.

A concentração sanguínea de uréia está diretamente correlacionada com o aporte protéico da ração, bem como da relação energia:proteína. Valores baixos de uréia são encontrados em animais que utilizam dietas deficitárias em proteínas e valores altos naqueles que utilizam dietas com excessivo aporte protéico ou com déficit de energia (Wittwer, 2000). No entanto, no presente trabalho as dietas fornecidas eram isoprotéicas e isoenergéticas. Segundo Tesseraud et al. (2007) o catabolismo protéico está relacionado com o requerimento de aminoácidos para a síntese protéica de acordo com suas exigências fisiológicas, além disso, esse catabolismo é associado ao aumento da concentração de uréia no plasma. Os resultados experimentais mostraram uma redução significativa da uréia plasmática no grupo tratado com mamona após 30 dias de gestação (Tabela 1), indicando nesses animais, uma menor proteólise e, de forma geral, uma maior eficiência na síntese de proteínas a partir dos aminoácidos provenientes da dieta para atender às exigências para o desenvolvimento nutricional.

Apesar da diferença significativa entre os grupos estudados, a concentração de uréia se encontra dentro dos padrões normais. Segundo Kaneko et al. (1997) os valores de uréia no plasma bovino estão entre 17 e 45 mg/dL. González et al. (2000) observaram valores entre 12,2 e 29,5 mg/dL de uréia plasmática em bovinos. Diante do exposto, conclui-se que a utilização do farelo de mamona na alimentação de caprinos, não afeta negativamente a resposta hepática, mas induz uma alteração significativa no metabolismo protéico.

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Tabela 1. Parâmetros hepático-renais registrados ao início e aos trinta dias após alimentação com farelo de mamona detoxificado.

Parâmetros Controle Mamona E.P.

Efeitos

0d 30d 0d 30d A. T. I.

Uréia (mg/dL) 34 30 34a 24b 1,4 NS * NS

TGO (UI/L) 75 78 81 79 2,3 NS NS NS

GGT (UI/L) 47 41 43 40 1,2 NS NS NS

A,B p < 0,05 entre grupos no mesmo dia; a,b p < 0,05 comparação entre dias no mesmo grupo; * p < 0,05; NS não significativo. E.P. erro padrão; A= alimentação, T = tempo, I = interação.

4 - Agradecimentos

Suporte financeiro: Edital CNPq/MAPA/SDA nº 064/2008, processo nº 578189/2008-9

5 - Bibliografia

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APÊNDICE B

Fotos experimentais

A B C

Figura 1 - Fazenda do Centro Educacional da Juventude Padre João Piamarta, Itaitinga - CE.

Figura 2 - Farelo de mamona adquirido na usina BOM - Brasil Óleo de Mamona Ltda, localizada em Salvador - Bahia.

Figura 3 – Processo de destoxicação do farelo mamona com solução de óxido de cálcio (CaO).

Figura 4 – Rações experimentais: A – Controle; B – Mamona destoxificada; e C – Mamona.

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A B Figura 5 – Exames ultrassonográficos em tempo real com um transdutor transretal linear de 3,5 – 5,0 MHz. A – Exame transretal, utilizando uma freqüência de 5,0 MHz. B - Exame transabdominal, utilizando uma freqüência de 3,5 MHz.

Figura 6 – Imagens ultrassonográficas obtidas no laboratório pelo programa Gom Player (Gretech Corporation Seul, Coréia).

Figura 7 – Mensurações das imagens ultrassonográficas através do programa Image J (Image J, National Institutes of Health, Millersville, USA).

Figura 8 – Meio de transporte para levar os equipamentos do laboratório até a baia dos animais.