CMU FOCO em - Centro de Memória Unicamp - CMU em Foco - edicao... · Trata-se de uma pintura mural...

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U m significativo fragmento da história de Campi- nas acaba de ser doado ao Centro de Memória- Unicamp (CMU). Trata-se de uma pintura mural com a imagem de São Rafael (foto) , que pertenceu à Igreja N.S. do Rosário, situada no centro da cidade e de- molida em 1956. A demolição fez parte do Plano de Melhoramentos Urbanos, ou Plano Prestes Maia, na gestão do prefeito Rui Novaes. A obra foi pintada no estilo Beuron pelo artista e monge aus- tríaco, Thomaz Scheuchl, o mesmo pin- tor da Abadia do Mosteiro de São Bento (em São Paulo). A peça foi doada ao CMU pela família do professor Lenine Righetto, falecido em 2007. Pouco resta dos mosteiros decorados com o estilo Beuron na Europa, uma vez que estes foram descaracterizados ou destruídos antes e durante a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, restam pin- turas deste estilo apenas na Capela São Gerardo, no Alto da Boa Vista no Rio de Janeiro, na Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento em São Paulo e na Sala Ca- pitular do Mosteiro de São Bento em Olinda. Pouco resta, igualmente, na cidade de Campi- nas das grandes obras arquitetônicas do seu passado. O imponente Teatro Municipal ficou na memória e nas fotografias mantidas em coleções pessoais e em acervos públicos, como o Arquivo do CMU. Assim é, também, o caso da antiga edificação da Igreja N.S. do Rosário, posteriormente erigida no Bairro Caste- lo. A perda deste espaço arquitetônico só não foi to- tal porque, após a demolição desta antiga edificação, várias das suas pinturas murais foram resgatadas pelo médico José de Angelis. Dentre essas peças está o fragmento ora doado ao Centro de Memória. O traba- lho foi oferecido por José de Angelis ao amigo Lenine Righetto, que manifestou sua vontade de ver essa pin- tura mantida por uma instituição preocupada com a preservação de obras históricas. O CMU foi a escolha da família. Com aproximadamente 50 cm x 60 cm, a peça de arte se apresenta em tons terra e ocre e possui filamentos dourados. O estilo Beuron mescla elementos do cristian- ismo primitivo, ornamentos bizantinos e cânones geométricos, bastante utilizados na Escola Alemã de Arte Sacra - anexa à Abadia beneditina de Beuron - entre 1870 e 1940. “Esta peça pode ser encarada como um fragmento de obra importante para podermos entender melhor o processo de construção da modernidade em Campinas, no final do século XIX e início do XX”, afirma a diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani. Para ela, o estilo da pintura da peça convida à oração, ao recolhi- mento, ou, ainda, a uma leitura da arte sacral mais in- timista, mais introspectiva. “Dentre outras dimensões ambivalentes, na relação com práticas do cristianismo primitivo, a peça traz à tona a concepção de que a obra é produto de um esforço coletivo, elaborado não para a glória do artista, mas de Deus”. Neste sentido, a aquisição desta peça, segundo ela, potencializa pes- quisas relativas aos processos de educação das sensi- bilidades, existentes em Campinas no final do século XIX e início do XX. Fragmentos da Doação Painel pintado pelo artista e monje Thomaz Scheuchl foi doado ao CMU. Peça pertencia à Igreja N.S. do Rosário, demolida em 1956 CMU FOCO em Publicação mensal do Centro de Memória-Unicamp - Campinas, agosto de 2011 - Ano I - N o . 4 Painel pintado pelo artista e monje Thomaz Scheuchl foi doado ao História

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Um signifi cativo fragmento da história de Campi-nas acaba de ser doado ao Centro de Memória-

Unicamp (CMU). Trata-se de uma pintura mural com a imagem de São Rafael (foto), que pertenceu à Igreja N.S. do Rosário, situada no centro da cidade e de-molida em 1956. A demolição fez parte do Plano de Melhoramentos Urbanos, ou Plano Prestes Maia, na gestão do prefeito Rui Novaes. A obra foi pintada no estilo Beuron pelo artista e monge aus-tríaco, Thomaz Scheuchl, o mesmo pin-tor da Abadia do Mosteiro de São Bento (em São Paulo). A peça foi doada ao CMU pela família do professor Lenine Righetto, falecido em 2007.

Pouco resta dos mosteiros decorados com o estilo Beuron na Europa, uma vez que estes foram descaracterizados ou destruídos antes e durante a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, restam pin-turas deste estilo apenas na Capela São Gerardo, no Alto da Boa Vista no Rio de Janeiro, na Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento em São Paulo e na Sala Ca-pitular do Mosteiro de São Bento em Olinda.

Pouco resta, igualmente, na cidade de Campi-nas das grandes obras arquitetônicas do seu passado. O imponente Teatro Municipal fi cou na memória e nas fotografi as mantidas em coleções pessoais e em acervos públicos, como o Arquivo do CMU. Assim é, também, o caso da antiga edifi cação da Igreja N.S. do Rosário, posteriormente erigida no Bairro Caste-lo. A perda deste espaço arquitetônico só não foi to-tal porque, após a demolição desta antiga edifi cação, várias das suas pinturas murais foram resgatadas pelo

médico José de Angelis. Dentre essas peças está o fragmento ora doado ao Centro de Memória. O traba-lho foi oferecido por José de Angelis ao amigo Lenine Righetto, que manifestou sua vontade de ver essa pin-tura mantida por uma instituição preocupada com a preservação de obras históricas. O CMU foi a escolha da família.

Com aproximadamente 50 cm x 60 cm, a peça de arte se apresenta em tons terra e ocre e possui fi lamentos dourados. O estilo Beuron mescla elementos do cristian-ismo primitivo, ornamentos bizantinos e cânones geométricos, bastante utilizados na Escola Alemã de Arte Sacra - anexa à Abadia beneditina de Beuron - entre 1870 e 1940.

“Esta peça pode ser encarada como um fragmento de obra importante para podermos entender melhor o processo

de construção da modernidade em Campinas, no fi nal do século XIX e início do XX”, afi rma a diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani. Para ela, o estilo da pintura da peça convida à oração, ao recolhi-mento, ou, ainda, a uma leitura da arte sacral mais in-timista, mais introspectiva. “Dentre outras dimensões ambivalentes, na relação com práticas do cristianismo primitivo, a peça traz à tona a concepção de que a obra é produto de um esforço coletivo, elaborado não para a glória do artista, mas de Deus”. Neste sentido, a aquisição desta peça, segundo ela, potencializa pes-quisas relativas aos processos de educação das sensi-bilidades, existentes em Campinas no fi nal do século XIX e início do XX.

Fragmentos daDoação

Painel pintado pelo artista e monje Thomaz Scheuchl foi doado ao CMU. Peça pertencia à Igreja N.S. do Rosário, demolida em 1956

CMU FOCOemPublicação mensal do Centro de Memória-Unicamp - Campinas, agosto de 2011 - Ano I - No. 4

Painel pintado pelo artista e monje Thomaz Scheuchl foi doado ao

História

2 Agosto - 2011CMU FOCOem

Centro de Memória - Unicamp

Diretora Maria Carolina Bovério Galzerani Diretora-associada Ma-ria Elena Bernardes Assessor de Pesquisa Marcos Tognon Chefi as de setores técnicos: Amarildo Carnicel (Publicações) Fernando A. Abrahão (Arquivos Históricos) Carlos R. Pereira de Souza (Lab. História Oral) Cássia Denise Gonçalves (Arquivo Fotográfi co) Mirdza Sichmann (Lab. de Conservação e Restauração) Rosaelena Scarpeline (Biblioteca)

Elaborado pela Área de Publicações do Cen-tro de Memória-Unicamp. Editoração, Projeto Gráfi co e Diagramação Amaril-do Carnicel (MTb 11.519) Periodicidade mensal Contatos e sugestões [email protected]

CMU FOCOem

Expediente

Mestrado

Historiador do CMU obtém título de mestre

O historiador e responsável pelo Laboratório de História Oral

do Centro de Memória-Unicamp (CMU), Carlos Roberto Pereira de Souza, é o mais recente mestre do corpo de funcionários do CMU. Sob a orientação da professora So-nia Giubilei, da Faculdade de Edu-cação da Unicamp (FE), Carlos apresentou o trabalho “As vozes dos educandos do Projeto Educati-vo de Integração Social (PEIS)” no dia 29 de julho. As professoras Sil-mara de Campos (Secretaria Mu-nicipal de Educação de São Paulo) e Olga Rodrigues de Moraes von Simson (FE-Unicamp) integraram a banca examinadora.

A pesquisa teve como objetivo reconstruir a trajetória educacional dos educandos do Projeto Educati-vo de Integração Social (PEIS). A pesquisa investigou os educandos que freqüentam um curso superior e que, ao mesmo tempo, continu-avam a freqüentar o PEIS, projeto que funciona aos sábados no Colé-gio Técnico da Unicamp. Em seu trabalho, o autor buscou elementos de um passado recente para com-preender a razão da longevidade do projeto e seu papel sócio-político e pedagógico. Também buscou dados sobre as origens regionais, sociais, educacionais dos educan-dos do PEIS, bem como a trajetó-

ria educacional e as contribuições das práticas pedagógicas do projeto em suas vidas e atividades profi s-sionais. A pesquisa revela a razão de alguns educandos, mesmo cursando o ensino superior, permanecerem ainda vinculados ao PEIS. Segundo Carlos, a busca por um trabalho de reforço escolar, a afetividade e o di-álogo com colegas e professores jus-tifi cam essa ligação, mesmo em uma fase educacional mais avançada.

O historiador Carlos é responsá-vel pelo LAHO desde 2005, quan-do transferiu-se da Reitoria para o Centro de Memória. Sua trajetória na Unicamp começou em 1982, quando, aos aos 17 anos, foi contra-tado como patrulheiro (offi ce-boy) no Gabinete do Reitor. “Na época, eu estava concluindo o ensino fun-damental na Escola Estadual Car-los Lencastre, no Jardim Garcia”. Iniciou o curso superior em Histó-ria na PUC-Campinas, em 87. Em 91, com o diploma em mãos, seu

objetivo era deixar de lado ofícios e processos administrativos e atuar, de vez, no campo de sua formação. Vislumbrou no Centro de Memó-ria o espaço para esse trabalho. Em 2008 ingressou no Programa de Pós-graduação na Faculdade de Educa-ção (FE-Unicamp), onde conseguiu aprofundar seus estudos. “Nunca imaginei que um patrulheiro, de ori-gem bastante humilde, pudesse tor-nar-se mestre em uma universidade do porte da Unicamp. Meu projeto agora é fazer doutorado”, afi rma or-gulhoso.

Com a obtenção do título de mestre, Carlos torna-se o sétimo funcionário do CMU com pós-gra-duação stricto sensu. São três mes-tres, três doutorandos e um doutor, números que revelam a preocupa-ção do CMU com a formação de um corpo técnico qualifi cado e ca-pacitado para o auxílio à produção científi ca, em diferentes áreas do conhecimento.

Sonia Giubilei (orientadora), Silmara de Campos e Olga von Simson (Integrantes da banca julgadora) e Carlos Souza: mestrado sobre projeto de educação de jovens e adultos

Ex-patrulheiro da Unicamp apresenta dissertação na Faculdade de Educação

3 Agosto - 2011CMU FOCOem

Periódico

O Centro de Memória-Unicamp lançou em julho mais uma edição

de Resgate – Revista Inter-disciplinar de Cultura (www.centrodememoria.unicamp.br/resgate). A edi-ção, intitulada “Me-mória e Patrimônio Rural” e organizada pe lo professor do Instituto de Filoso-fi a e Ciências Hu-manas da Unicamp, Marcos Tognon, oferece ao leitor um panorama das recentes pesquisas sobre o Patrimônio Cultural existente nos contextos rurais paulis-tas. Artigos, ensaios, resenha, apresentação de documentá-

rio e mostra fotográfi ca inte-gram o volume.

Segundo o organizador, que também é assessor de Pesquisa do CMU-Unicamp, o material ora apresentado é

fruto do projeto de políticas públicas “Patrimônio Cultu-ral Rural Paulista”, fi nancia-do pela Fapesp, que reúne pesquisadores de diferentes

universidades e várias áreas do conhecimento. “Boa parte do tempo passamos em cam-po, no diagnóstico, na compre-ensão, no estabelecimento de áreas de estudo como a histó-

ria das técnicas, dos costumes, dos bens, das práticas, dos assentamentos, das experiências atuais que visam valorizar o patrimônio cultu-ral rural junto ao tu-rismo. É sobre esse complexo ter ritório de nossas pesquisas

e contatos com especialistas da área que oferecemos uma pequena parte de resultados expressos na edição”, afi rma Marcos Tognon.

Mostra fotográfi ca

Revista traz refl exão sobre o

CAMPOArtigos, ensaios, resenhas e exposição de fotos podem ser acessados em

www.centrodememoria.unicamp.br/resgate

Mostra apresenta 48 fotos de 16 fazendas do interior do Estado de São Paulo: projeto tem apoio da Fapesp e reúne

pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento

4 Agosto - 2011CMU FOCOem

Encontros

Pesquisadores do Centro de Memória apresentam trabalhos na USP

Mesa redonda e Grupos de Trabalho sobre história oral dão visibilidade à pesquisas desenvolidas no CMU

Revista Interdisciplinar de CulturaResgate

www.centrodememoria.unicamp.br/resgateArtigos, ensaios, exposições, críticas, resenhas e entrevistas nas áreas de história

(história oral), patrimônio, memória, educação (formal, não-formal e informal), comunicação e artes (fotografi a, música etc.)

A Associação Brasileira de História Oral – Regional

Sudeste promove nos dias 16, 17 e 18 de agosto, na Universi-dade de São Paulo (USP), o IX Encontro Regional Sudeste de História Oral. O evento, reali-zado na Faculdade de Filosofi a, Letras e Ciências Humanas e na Escola de Artes, Ciências e Humanidades, conta com tra-balhos de pesquisadores vin-culados a grupos de pesquisa sediados no Centro de Memó-ria-Unicamp (CMU). Neste ano, o encontro, com o tema “Diversidade e Diálogo” foca-liza a discussão dos desafi os contemporâneos da história oral, em seus aspectos teóricos, metodológicos e temáticos.

A socióloga e ex-diretora do CMU, Olga Rodrigues de Mo-raes von Simson, participa no dia 17 de agosto, das 11h00 às 12h30, no Anfi teatro de His-tória, da Mesa Redonda “Da história oral no Brasil à histó-ria oral do Brasil”. A discus-são, mediada pela professora Tânia Regina de Luca (Unesp/

Franca) tem como debatedo-ras as professoras Ligia Maria Leite Pereira (UFMG) e Marie-ta de Moraes Ferreira (FGV e UFRJ).

Em parceria com a mestre em Gerontologia, Lívia Morais Garcia Lima, Olga apresenta o trabalho “Memória familiar e fazendas históricas paulistas: relações entre história oral e turismo cultural”. A comunica-ção ocorre no dia 17 de agosto, no GT¨ “Os bairros têm histó-rias e memórias da cidade”. A pesquisa analisa as formas pe-las quais propriedades rurais históricas paulistas se preo-cupam em proporcionar ativi-dades para o lazer de idosos, focalizando o turismo cultural com uma preocupação voltada à educação patrimonial não-formal. As autoras do trabalho atuam como pesquisadoras no Projeto Fazendas e no Grupo de Pesquisa Memória e Foto-grafi a (GPMeF). No espaço destinados aos pôsteres, tam-bém no dia 17 de agosto, Olga assina a orientação do trabalho

“Impactos do adensamento po-pulacional na saúde e meio am-biente na região dos Amarais em Campinas (SP)”, realizado pela aluna Adriana do Amaral (FE-Unicamp).

No mesmo dia, o historiador e mestre em Educação, Carlos Pereira de Souza, apresenta o trabalho “Persistência, identi-dade e tradição: a trajetória da corporação musical campineira dos homens de cor”. A comuni-cação apresentada no GT “Di-versidade étnica e fontes orais em construção de diálogos: afrodescendentes e indígenas”. Neste trabalho, Carlos focaliza a Banda dos Homens de Cor, organização musical fundada em Campinas em 1933, que in-clusive, através do ensino mu-sical, atuou nos movimentos de resistência cultural, produzi-dos pela população afrodescen-dente da cidade. O historiador lembra que a sede da Corpora-ção Musical é um dos últimos imóveis que representaram os antigos territórios da popula-ção negra em Campinas.

Mestrado e Doutorado

5 Agosto - 2011CMU FOCOem

Seminários CMU

No próximo dia 25 de agosto, às 14h00,

o Centro de Memória-Unicamp (CMU) dá pros-seguimento ao projeto “Seminários CMU” com o tema “O programa de pesquisas do Centro de Estudos Interdiscipli-nares do Século XX da Universidade de Coimbra e as perspectivas de in-tercâmbio com o CMU”. A palestra será proferi-da pela professora Alda Mourão, da Escola Supe-rior Educação de Leiria (Portugal) e pesquisadora

do Centro de Estudos In-terdisciplinares do Sécu-lo XX (CEIS 20) da Uni-versidade de Coimbra. O evento será realizado no Ciclo Básico da Univer-sidade. No dia do evento haverá venda de livros e revistas editados pelo CMU.

Na palestra a profes-sora fará um balanço das pesquisas desenvolvidas no CEIS 20 e discorrerá sobre as possibilidades de intercâmbio entre a instituição portuguesa e o CMU. Como resultado da

discussão do seminário espera-se obter um pri-meiro esboço de convê-nio de cooperação entre as duas instituições.

Os Seminários do CMU têm por objetivo promover, a cada bimes-tre, a discussão de temas relacionados às áreas de antropologia, socio-logia, história (história-oral), geografi a, arquite-tura, educação, (for mal, não-formal e informal), comunicação e artes. O evento é aberto a todos os interessados.

Pesquisadora portuguesa ministra palestra no CMU

A diretora do Centro de Memória-Unicamp

(CMU), Maria Carolina Bovério Galzerani, orien-tou dois trabalhos de pós-graduação defendidos no mês de julho, na Fa-culdade de Educação da Unicamp (FE). A tese de doutorado “Imagens vi-suais nos livros didáticos: permanências e rupturas nas propostas de leitura (Brasil, décadas de 1970 a 2000)” foi apresentada por João Batista Gonçalves Bueno, dia 15 de julho, na FE. Participaram da banca julgadora os profes-sores Décio Gatti Junior

(UFU), Ana Heloisa Mo-lina (UEL), Maria Inês de Freitas Petrucci dos Santos Rosa (FE-Unicamp) e Er-nesta Zamboni (FE-Uni-camp).

Também sob a orienta-ção de Maria Carolina, foi apresentada dia 28 de julho a dissertação de mestrado de Bruno Felippe Vieira, intitulada “A agonia do pa-trimônio: imagens ambi-valentes na cidade de Am-paro (década de 1980)”. Participaram da banca de avaliação os professores Pedro Paulo Abreu Funari (IFCH-Unicamp) e Cláu-dia Engler Cury (UFPB).

Ainda na FE, a diretora do CMU integrou a ban-ca de doutorado de Juraci Conceição de Faria, que apresentou no dia 29 de ju-lho o trabalho “Diários de viagens de Malba Tahan: história e memória da for-mação de professores de matemática na CADES”. A aluna foi orientada pela professora Maria Angela Miorim (FE-Unicamp). Também participaram des-sa banca os professores Antonio Sérgio Cobianchi (USP), Arlete de Jesus Bri-to (Unesp) e Sérgio Appa-recido Lorenzato (FE-Uni-camp).

Diretora do CMU integra bancas na FE

6 Agosto - 2011CMU FOCOem

EncontroEEEEEEEnnnncccooonnnttrrooo

Pesquisadores de 12 universidades brasileiras distribuídas em nove países participaram do

International Summer School on Communication and Media (ISCM), realizado no período de 1 a 7 de julho na Universidade de Viena, na Áustria. Den-tre os 60 trabalhos apresentados, estava o paper “Os desenhos animados e seriados nas memórias televisivas femininas e masculinas em 4 gerações: anos 50, 60, 70 e 80”, elaborado pela pesquisa-dora-colaboradora do CMU, Margareth Brandi-ni Park em parceria com a pesquisadora da Unisal, Renata Sieiro Fernandes. O evento deste ano teve como tema “Mídia, conhecimento e so-ciedade”.

Nesse trabalho, são apresentados resultados parciais de pesquisa basea-da nas memórias de quatro gerações de homens e mulheres que nas ceram nos anos 50, 60, 70 e 80 e que cresceram em ambientes urbanos e rurais. Foram enviados questionários com pergun-tas abertas, por e-mail, para uma rede de sujeitos conhecidos e indicados. Os dados extraídos das memórias narradas permitem discutir sobre o con-sumo de desenhos animados e seriados televisivos levando-se em conta o papel de telespectadores ativos e de produtores de cultura.

Os entrevistados nascidos nos anos 70 são os que mais se lembram de desenhos e seriados e, isso, possivelmente, tem a ver com o boom de

compra de televisores para a Copa do México. “Para essa época, a grande novidade é ser apresen-tado a uma nova tecnologia generalizada que cria um sentimento ou uma marca de pertença geracio-nal”, afi rma Margareth.

Os desenhos animados mais lembrados são os seguintes: Barbapapa, Batfi no, Banzé, Bobi Pai e Bobi Filho. Frajola, Piu-piu, Papa-léguas, Pepe-legal e Pernalonga também estão entre os persona-gens citados pelos entrevistados.

Segundo Renata, é possível perceber as infl uências televi-sivas nos repertórios de brincadeiras e devaneios e embora o aparelho de tevê fosse uma constan-te, especialmente na vida doméstica das gerações dos anos 70 e 80, ela sempre foi preterida em razão de momentos lúdicos de brincadeira com sujeitos de mesma idade e também de outras faixas etárias.

Margareth, além de pesquisadora-colaboradora do CMU é escrito-ra, pedagoga e doutora em Educação pela Facul-dade de Educação (Unicamp). Renata é pedagoga, mestre e doutora em Educação pela Faculdade de Educação (Unicamp) e docente do Centro Univer-sitário Salesiano de São Paulo (Unisal – campus de Americana). O trabalho foi apresentado por Renata em Viena com auxílio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Memória televisiva Trabalho de pesquisadora do CMU é apresentado na Universidade de Viena

Personagens como Frajola, Pernalonga, Patolino e Piu-Piu estão entre os personagens lembrados pelos entrevistados

7 Agosto - 2011CMU FOCOem

Pesquisadores pedem tombamento de muro da

Ponte Preta O muro localizado no Cambuí: indício do

passado que deve ser preservado

Doação

Na semana em que a Associação Atlética Pon-te Preta completou 111 anos, um grupo de

pesquisadores do Centro de Memória-Unicamp (CMU) e do Arquivo Municipal de Campinas protocolou o pedido de tombamento de muro re-manescente do primeiro centro poliesportivo da Ponte Preta, localizado no bairro Cambuí, em Campinas. O evento ocorreu dia 12 de agosto, quando pesquisadores reuniram-se no local da edifi cação (rua Guilherme da Silva, esquina com a rua Pedro Magalhães), e de lá seguiram para a Prefeitura Municipal de Campinas, onde forma-lizaram o pedido.

Trata-se de muro de alvenaria, com medidas aproximadas de 65 metros de comprimento e al-tura variável de 0,90 metros na sua parte mais baixa e cinco metros em sua parte mais elevada. O muro pertenceu ao antigo estádio da Asso-ciação Atlética de Campinas de 1921 até 1927, quando passa para a propriedade da Associação Atlética Ponte Preta (AAPP). Essa praça espor-tiva foi demolida em 1933, depois de a Ponte Preta ter realizado 75 partidas naquele campo.

No espaço da sede administrativa e esporti-va da AAPP – que se estendia pela avenida Júlio de Mesquita, rua Guilherme da Silva, travessa Irmãos Bierrenbach e praça 15 de Novembro – existia, naquele período, piscina para a prática de pólo aquático e natação, rinque de patinação, pista e tanque de areia para saltos, campo de basquete, campo de futebol e uma pista circular para atletismo. Em 1933, em decorrência da cri-se da cafeicultura, o estádio, de propriedade do médico José Penido Burnier, foi demolido e em

seu lugar foi criado o empreendimento imobiliá-rio “Vila Júlio de Mesquita”, com 47 lotes e duas ruas projetadas, que receberam, posteriormen-te, as denominações de rua Pedro de Magalhães e rua Alferes Domingos.

Segundo a diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani, “este pedido de tombamento constitui uma oportunidade singular de proble-matização da crescente atrofi a da experiência temporal, vivida, também, na cidade de Campi-nas, que a cada dia se aproxima culturalmente das grandes metrópoles do mundo globaliza-do. Oportunidade de sinalizar a existência des-te indício do passado, como capaz de detonar memórias, narrativas e pesquisas acadêmicas, relativas à história da Associação Atlética Ponte Preta, na relação com a história sociocultural da cidade e com a macro-história”. Segundo ela, ainda, “esta iniciativa de preservação do que res-tou dos muros, existentes entre os anos de 1920 e de 1930, no estádio da então elitista Associação Atlética – hoje associada às classes populares –, pode potencializar a derrubada simbólica dos muros ainda persistentes nesta cidade, não só nas práticas esportistas, mas nas culturais, em geral”.

Além da diretora do CMU, os historiadores Maria Elena Bernardes, diretora associada do CMU, Fernando Antonio Abrahão, responsá-vel pelos Arquivos Históricos do CMU, Antonio Carlos Galdino, diretor do Arquivo Municipal de Campinas, e o jornalista Gilberto Gatti, inte-gram o grupo de pesquisadores que solicitaram o tombamento.

Páginas do esporteAcervo de 3.608 fotografi as do professor de educação física

Pedro Stucchi Sobrinho é doado por familiares ao Centro de Memória

Nos anos 80, Campinas, Santo André e São Caetano do Sul eram cidades favoritas à

conquista dos Jogos Abertos do Interior. Nos Jogos Regionais, Campinas era a cidade mais respeitada pelos adversários. A qua-lidade técnica dos atletas campineiros não era defi nida por acaso. As escolas públicas da cidade eram usinas de atle-tas que eram lapidados pelos clubes para representar a cidade nessas competições. Parte signifi cativa dessa história ocorrida nas quadras e ginásios de escolas da cida-de pode ser contada em 3.608 fotografi as da coleção pessoal do professor de edu-cação física, Pedro Stucchi Sobrinho, fa-lecido em 2009, e que agora pertence ao Arqui-vo Fotográfi co do Centro de Memória-Unicamp (CMU). A doação foi feita pelo fi lho e também professor de Educação Física da Unicamp, Sér-gio Stucchi.

O acervo fotográfi co doado pela família retra-ta parte da história do esporte olímpico na cida-de e no Estado, registrado nas décadas de 1940

a 1980. Fotografi as referentes aos jogos ofi ciais da cidade e aos jogos colegiais em diferentes mo-dalidades integram o acervo. Há, também, fotos

relativas às primeiras equipes de ginástica de solo, atualmente rebatizada de ginásti-ca artística, modalidade treinada por Pedro Stucchi Sobrinho, que, antes de se tornar docente na Faculdade de Educação Física da Unicamp (FEF), lecionou durante quase 30 anos no Colégio Culto à Ciência (1950 a 1979), em Campinas.

Para a diretora do CMU, Maria Caroli-na Bovério Galzerani, essa coleção cons-titui-se importante fonte de pesquisa para a refl exão e produção de trabalhos sobre

a história dos esportes da cidade. “Não basta preservar esse material. É preciso disponibilizar aos pesquisadores essa página do esporte cam-pineiro”. Segundo a responsável pelo Arquivo Fotográfi co do CMU, Cássia Denise Gonçalves, após o trabalho de higienização, catalogação e digitalização das fotos, o material será disponi-bilizado para pesquisa.

8 Agosto - 2011CMU FOCOem

Alunos da Escola de Educação Física da USP com a Rhonrad (Roda Alemã). Pedro Stucchi Sobrinho

é o primeiro à direita. São Paulo, 1943.

Prof. Pedro Stucchi

Sobrinho

Doação

9 Agosto - 2011CMU FOCOem

Encontros

CMU tem presença em evento comemorativo dos 50 anos da ANPUH

Historiadores rememoraram o percurso da associação, suas lutas, conquistas e derrotas, e debruçaram sobre suas memórias, sempre de modo questionador

Pesquisadores do Centro de Memória-Unicamp (CMU)

participaram do XXVI Simpó-sio Nacional de História, pro-movido pela Associação Nacio-nal de História (ANPUH), em julho, na Universidade de São Paulo (USP). Nesse encontro, em que a ANPUH comemorou 50 anos de fundação da entida-de, historiadores de todo o país produziram refl exões sobre os modos de produção de conhe-cimentos históricos. Tiveram, também, a oportunidade de re-memorar o percurso da asso-ciação, suas lutas, conquistas e derrotas, e debruçar sobre suas memórias, sempre de modo questionador.

A diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani e a professora Helenice Ciampi (PUC-SP) coordenaram o GT “História, memórias e ensino de história: diálogo entre dife-rentes saberes”. Maria Carolina apresentou o trabalho “Ensino de História, educação dos sen-tidos, produção de saberes edu-cacionais: em foco um projeto de educação patrimonial”. Nes-te trabalho focalizou resultados analíticos de uma pesquisa rela-tiva a um projeto de educação patrimonial desenvolvido na ci-dade de Campinas, SP, entre os anos de 2003 e 2004, em aten-dimento às demandas da Secre-taria da Segurança Pública, da Prefeitura Municipal desta ci-

dade. O mote fundamental des-te projeto foi potencializar aos guardas municipais (em núme-ro de 594), aos seus parentes de 8 a 12 anos (em número de 30, numa segunda etapa) e aos alu-nos de 8 a 12 anos (60) de duas escolas municipais do Bairro Jardim São Marcos (num ter-ceiro movimento) a aproxi-mação dialogal com a história da cidade de Campinas. Nesta apresentação Maria Carolina analisou imagens dos saberes históricos educacionais, produ-zidas por professores e alunos, ao longo deste trajeto de educa-ção dos sentidos, sobretudo no diálogo com as contribuições do fi lósofo Walter Benjamin. Helenice Ciampi, por sua vez, apresentou a comunicação inti-tulada “Em nome da ordem: As escolas municipais de ensino de 1º Grau da cidade de São Paulo, no período da ditadura militar (1964-1985)”. Nesta pesquisa investigou o processo de insti-tucionalização e consolidação do sistema municipal de ensi-no da cidade de São Paulo, no contexto da ditadura militar, (1964-1985) por meio da histó-ria de oito escolas de primeiro grau (atual ensino fundamental II – 6ª a 9ª séries), que foram re-nomeadas, neste período, com nomes de militares brasileiros.

No mesmo GT, a pesquisa-dora e diretora associada do CMU, Maria Elena Bernardes,

apresentou o trabalho “Sensibi-lidades urbanas: educação dos sentidos e a democratização dos espaços públicos”. Esta comu-nicação teve por objetivo discu-tir o lugar cultural ocupado na cidade de São Paulo pelo Teatro Municipal; ou, mais explici-tamente, analisar as propostas de Mario de Andrade, voltadas à democratização do acesso ao equipamento público mais sun-tuoso da cidade, bem como os programas de música erudita como estratégias de educação.

O GT reuniu ao todo 32 tra-balhos, produzidos por pesqui-sadores – em nível de mestrado e de doutorado – situados em dife-rentes universidades públicas e particulares brasileiras, dentre as quais, Unicamp, PUC-SP, USP, Unifesp, UEL, UFES, UFRB, UFRB, Unochapecó, UFMS, USF, UCS, UFPB, dentre outras.

Segundo Maria Carolina, “tratou-se de um momento pri-vilegiado de expressão de pes-quisas situadas no campo da memória, que vêm sendo de-senvolvidas em nosso país nos últimos anos, as quais potencia-lizam a abertura e o desenvol-vimento investigativo de temá-ticas como memória, cidade e educação das sensibilidades; memória, patrimônio e educa-ção; memória, livros (didáticos ou não) e práticas de leitura; memória e produção de saberes docentes, escolares”.

10 Agosto - 2011CMU FOCOem

Projeto oferece ofi cinas de capacitaçãoem fazendas históricas do interior paulistaArquivos fotográfi cos, história oral e conservação de edifícios

rurais são temas de trabalhos de pesquisadores do CMU

O projeto de políticas públicas “Patrimô-nio Cultural Rural Paulista”, sediado no

Centro de Memória-Unicamp, promove em agosto três cursos de capacitação. A cientista social e especialista em Conservação de Ar-quivos do CMU, Marli Marcondes, ministra nos dias 22 e 23 na Fazenda Santa Maria do Monjolinho, em São Carlos, o curso “Con-servação e preservação de arquivos foto-gráfi cos”. A socióloga Olga Rodrigues de Moraes von Simson coordena o curso “Me-mória, história oral e empoderamento”, dia 29, na Fazenda Nossa Senhora da Concei-ção, em Lorena. O assessor de Pesquisa do CMU e professor do Instituto de Filosofi a e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Marcos Tognon, e a arquiteta e mestranda pela Unicamp, Wania Bertinato, ministram no dia 30 de agosto, na Fazen-da Quilombo, em Limeira, o curso “Conservação de edifí-cios na área rural – estruturas de tijolos”.

Segundo Marli Marcondes, responsável pelo curso de pre-servação de arquivos fotográfi -cos, essa prática envolve ativi-dades que buscam prolongar a permanência dos documentos e podem ser agrupadas em três eixos temáticos: a reprodução dos documentos originais, a estabilização dos processos de deterioração e a conserva-ção (reparos e acondicionamento). “Também faz parte do processo de tratamento a criação de ambientes apropriados para manuseio e guarda dos documentos, a defi nição de po-

líticas de preservação, o estabelecimento de prioridades e, por último, a capacitação pes-soal”, afi rma.

No curso “Memória, história oral e em-poderamento”, Olga von Simson apresenta e discute as principais técnicas utilizadas na história oral em consonância com a aná-lise de fotografi as históricas. “A proposta é alertar os participantes sobre o valor das informações contidas em fotografi as, muitas vezes esquecidas em gavetas. São imagens que contêm informações importantes sobre o histórico familiar e sobre o lugar onde vi-vem essas pessoas”, afi rma Olga. Outro ob-jetivo do curso é formar pesquisadores para coletar a memória das propriedades agrícolas e assim contribuir para somar aspectos histó-ricos ao espaço dos visitantes das fazendas.

A ofi cina proposta por Marcos Tognon e Wania Bertinato oferece orientação técnica para intervenções preliminares de conservação e manutenção nas alvenarias de tijolos. Além de um breve histórico sobre o uso de alve-naria de tijolos nas fazendas paulistas, serão abordados, em caráter preliminar, os principais fatores de degrada-ção, as principais patologias e

os métodos de tratamento e proteção. Todos os cursos são gratuitos e estão

com inscrições abertas. Não serão permi-tidas inscrições no momento dos cursos. Mais informações pelo e-mail [email protected]

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A especialista em conservação de arquivos, Marli

Marcondes, durante trabalho no CMU