Coagulação
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Hemostase e Trombose
Hemostase
O processo da hemostase (paragem espontânea da hemorragia) permite ao organismo a auto-protecção contra a perda de sangue por ferimentos
Envolve, de início, o funcionamento de 3 compartimentos:
– Vasos sanguíneos– Plaquetas– Factores plasmáticos de coagulação
E por último o sistema fibrinolítico
Hemostase e Trombose
Vasos sanguíneos
Em resposta à agressão há uma vasoconstrição que, em vasos de pequeno calibre, é só por si importante na limitação da hemorragia
É temporária, mas geralmente é suficiente para que se inicie a adesão das plaquetas às estruturas sub-endo-teliais (colagénio)
Hemostase e Trombose
Vasculopatias hemorrágicasAs alterações vasculares produzem sangramento dos
pequenos vasos, são de pequena monta e traduzem-se pelo aparecimento de hemorragias cutâneas e das mucosas (púrpuras) com o aparecimento de petéquias e equimoses
O tempo de hemorragia e as restantes provas de coagu-lação são normais
Os defeitos vasculares podem ser:• Hereditários
– Telangiectasia hemorrágica hereditária– Sindroma de Ehler-Danlos
• Adquiridos– Sindroma de Schönlein-Henoch
HEMATOLOGIA
Equimoses Petéquias
Hemostase e Trombose
Vasculopatias hemorrágicas hereditárias
• Telangiectasia hemorrágica hereditáriaDoença de transmissão autossómica dominante
Caracteriza-se pelo aparecimento na infância de múltiplas telangiectasias que se tornam mais numerosas na vida adulta
Estas dilatações desenvolvem-se na pele, membranas mucosas e órgãos internos (GI) devido à diminuição de tecido muscular liso e à praticamente inexistência de fibras elásticas na estrutura das arteríolas, vênulas e capilares
Em 10% dos casos há malformações artério-venosas no pulmão
Hemostase e Trombose
Telangiectasia hemorrágica hereditária
Hemostase e Trombose
Vasculopatias hemorrágicas hereditárias
• Sindroma de Ehler-Danlos
É uma anomalia congénita do colagénio que se caracteriza por:
- hiperelasticidade e fragilidade cutânea e dos vasos- hiperextensibilidade articular
Há fragilidade vascular e deficiente agregação das plaquetas
Hemostase e Trombose
Vasculopatias hemorrágicas adquiridas
• Sindroma de Schönlein-Henoch
Prefere as crianças e adolescentes e habitualmente secunda uma infecção aguda
É uma vasculite mediada pela IgA
Embora auto-limitada, pode evoluir para a insuficiência renal
É típico o aparecimento de púrpura e artralgias e, mais tarde, cólicas abdominais e hematúria
A púrpura, habitualmente simétrica, é antecedida por um exantema eritemato-papuloso
Hemostase e Trombose
Vasculopatias hemorrágicas adquiridas
• Púrpura senil – por atrofia dos tecidos cutâneos de suporte dos vasos
• Púrpura esteróide – S de Cushing ou corticoterapia
• Púrpuras pós-infecciosas – em que a agressão tóxica ou imunoalérgica sobre o endotélio se observa nas septicémias meningocócicas, estreptocócicas, na febre tifóide, tuberculose, escarlatina e também nas infecções a vírus e ricketsias
• Púrpuras tóxicas – Medicamentos e venenos (serpentes, insectos, cogumelos)
• Escorbuto – a deficiência em vitamina C interfere com o colagénio, do que resultam petéquias perifoliculares, equimoses ao menor trauma e hemorragias gengivais
Hemostase e Trombose
Plaquetas
Fase 1 – Adesão plaquetária Em que as plaquetas aderem às fibras de colagénio Demora de 1 a 3 segundos
Fase 2 – Agregação plaquetária Em que as plaquetas libertam os factores plaquetários e
outras substâncias
Fase 3 – Consolidação do trombo plaquetário pela fibrina, o que torna a agregação irreversível
Hemostase e Trombose
Legenda:
ADP – adenosina difosfatoPF – factor plaquetário (3 e 5)β-TG – β-tromboglobulinaTX – TromboxanoPAF – factor activador plaquetário
Hemostase e Trombose
Contagem de plaquetasÉ provavelmente a prova mais importante, dado que a
trombocitopénia, por uma causa ou outra é também a causa mais comum de hemorragia na prática clínica
Testes de avaliação da função plaquetária:• Retracção do coágulo (também testa a via comum)• Adesividade plaquetária• Agregação plaquetária com diversos agentes:
(ADP, colagénio, ristocetina, ácido araquidónico, etc.)• Doseamento de β-tromboglobulina plasmática (↑ - ↑)
Determinação da semi-vida plaquetária (Cromium ou Indium radioactivos)
Hemostase e Trombose
Tempo de hemorragia (TH)Mede o tempo necessário para a paragem da hemorragia,
após uma punção padronizada num território capilar
• Método de DukeValores normais: 2 a 4 minutosValores patológicos: > 5 nas duas orelhas
• Método de Ivy (mod.)Valores normais: 8 a 10 minutos
Combina o estudo de:
– Função capilar– Número de plaquetas circulantes– Capacidade funcional das plaquetas
Hemostase e Trombose
Tempo de hemorragia (TH)• Método de Ivy (mod.)
Hemostase e Trombose
Tempo de hemorragia (TH)
Aumentado em:
• Trombocitopénias de várias etiologias (<100.000/mm)• Tromboastenias• Fragilidade capilar• Deficiências de FV e FVII• Deficiências de fibrinogénio• Doença de von Willebrand• Ingestão de drogas que influenciam a função plaquetária:
– Aspirina– Anti-inflamatórios
Hemostase e Trombose
Factores plasmáticos de coagulação
São proteínas plasmáticas com propriedades enzimáticas, à excepção dos FV e FVIII que actuam como cofactores e se envolvem na formação de complexos com factores enzimáticos
Segundo a teoria da “cascata enzimática” de Mac Farlane, os fenómenos de coagulação consistem numa série de acções enzimáticas em cadeia, em que cada factor activa o factor seguinte de forma a que o produto final seja a fibrina
Este processo também se comporta como um sistema amplificador, dado que pequenas concentrações de um factor, como a trombina, podem dar origem a elevadas concentrações de fibrina
Hemostase e TromboseFactor Sinónimo
I FibrinogénioII ProtrombinaIII Factor tecidular ou tromboplastinaIV CálcioV Proacelerina, factor lábilVII ProconvertinaVIII Factor anti-hemofílico AIX Factor anti-hemofílico BX Factor de Stuart-ProwerXI Antecedente da tromboplastina do plasmaXII Factor de HangemanXIII Factor estabilizador da fibrinaPK Pré-calicreína, Factor de FletcherHMWK Quininogénio de alto PM ou Factor de FitzgeraldFP3 Fosfolípidos plaquetários de membranaFP4 Factor anti-heparina plaquetário
Hemostase e Trombose
Via intrínseca
A formação do FXa pela via intrínseca é mais prolongada e mais complexa
Quatro proteínas: FXIIPré-calicreína (PK)HMWK (Quininogénio de alto PM)FXI
envolvem-se num conjunto de reacções que se reforçam mutuamente, para terminar na formação de FXIa
Paralelamente, não só a via extrínseca é activada pela proteólise do FVII, como também se activam a fibrinó-lise por activação do plasminogénio e os mecanismosde defesa dependentes do complemento (C3), e da bradiquinina
Hemostase e Trombose
Via intrínseca
Deste modo, o contacto com uma superfície aniónica pro-move uma resposta fisiológica em que o sistema da coagulação, o sistema vascular e o sistema imunológico respondem de forma cooperativa
Os compostos ou as substâncias biológicas capazes de promover a activação de contacto são numerosas e incluem o vidro, o colagénio, o caulino, a cartilagem, a pele, o ácido elágico, os ácidos gordos e substânciasexógenas como as toxinas bacterianas
Quando o FXII é adsorvido numa superfície aniónica sofre uma modificação conformacional que o torna mais sensível à proteólise
Hemostase e Trombose
Via intrínseca
O complexo bimolecular composto pelo HMWK e PK também é adsorvido á mesma superfície, dada a grande afinidade para a região rica em histidina do HMWK
Processa-se então uma activação recíproca entre a parte livre da PK e o FXII de que resulta FXIIa e calicreína
A quantidade inicialmente formada de FXIIa continua a activar a PK em calicreína e activa também o FXI em FXIa que está também ele fixado ao HMWK
No final, o HMWK é convertido em quininogénio activo
A amplificação processa-se pela retroactivação recíproca do FXII e calicreína
Hemostase e Trombose
Via intrínseca
A calicreína também transforma o quininogénio em bradiquinina que é um potente vasodilatador
Na presença de Ca++, o FXIa activa o FIX
O FIXa em conjunto com fosfolípidos, Ca++ e FVIII, forma um complexo que activa o FX
O FVIII é constituído por uma proteína procoagulante e uma proteína de transporte com que se relaciona o factor de von Willebrand, que é necessário à adesão plaquetar
Hemostase e Trombose
Hemostase e Trombose
Provas de coagulação
Tempo de tromboplastina parcial em plasma activado (PTTa)
É o tempo de recalcificação do plasma em presença de uma suspensão fosfolipídica (cefalina cerebral), com a função de factor 3 plaquetário, a que se adiciona uma quantidade constante de caolino que uniformiza a acção de contacto (activa FXII), tornando o teste mais preciso e reprodutível
Testa a via intrínseca da coagulação
Hemostase e Trombose
Tempo de tromboplastina parcial em plasma activado (PTTa)
Aumentado em:
• Diminuição (<25 a 35%) dos factores: V, VIII, IX, X, XI e XII
• Diminuição (<10%) do FII• Diminuição (<50 – 100 mg/dL) do FI• Anticoagulante circulante – heparina• Presença de inibidor circulante adquirido
LED ou anti-FVIII• Presença de PDF (acção anti-trombina)
Hemostase e Trombose
Tempo de tromboplastina parcial em plasma activado (PTTa)
É insensível aos FVII e FXIII
É a prova de eleição para rastreio de hemofilia
Face a PTTa alterado pode partir-se para os doseamentos dos factores VIII, IX, XI e XII
Tempo normal – 25 a 35 segsNível terapêutico – 1,5 a 2,5 x o tempo normal
Monitoriza a heparinoterapia
Hemostase e Trombose
Via extrínseca
Esta via é iniciada pelas substâncias que se libertam dos microssomas das células destruídas nas lesões tissulares
A mais importante é a tromboplastina tecidular (FIII) (complexo proteína-fosfolípido), que activa FVII
O FVII com fosfolípidos e Ca++ forma um complexo activador do FX
Hemostase e Trombose
Hemostase e Trombose
Provas de coagulação
Tempo de tromboplastina (TP)É o tempo de recalcificação do plasma em presença de um
excesso de extracto tissular (tromboplastina)
Testa a via extrínseca da coagulação
NOTA: Um TP normal pode existir com níveis de protrom-bina sub-hemostáticos (que é de 40%), com quanti-dades bastante baixas de fibrinogénio e com défices acentuados de outros factores, pelo que cada resultado, mesmo normal, deve ser criteriosamente julgado de acordo com a história e a observação do doente
Hemostase e Trombose
Tempo de tromboplastina (TP)Aumentado em:• Deficiência de um dos factores a níveis de:
FV, VII e X – 20 a 25 %FII – 10 %FI – 50 a 100 mg/dL
• Deficiência associada de vários factores por:• Insuficiência hepática (↓ FII, FV, FVII, FIX e FX)• Deficiência em vitamina K (↓ FII, FVII, FIX e FX) por:
– Alterações da absorção digestiva da Vit K– Antibioterapia prolongada– Tratamento com dicumarínicos (anti-vitK)
• CID (↓ FI e ↑ PDF)• Existência de anti-coagulante circulante (LED)• Presença de anti-trombinas
Hemostase e Trombose
Tempo de tromboplastina (TP)Está na dependência do reagente usado, pois as várias
tromboplastinas comerciais revelam diferentes sensi-bilidades aos diversos factores da via extrínseca, es-pecialmente aos FVII e FX
Para uniformização de resultados fez-se a correcção da razão de protrombina (R= tempo obtido no doente / tempo obtido no controlo normal) ao ISI de cada tromboplastina, o que é obtido por comparação com uma padrão de ISI=1,0 produzida pela OMS
Tempo normal – 10 a 13 segsINR normal - 0,9 a 1,13INR nível terapêutico – 1,5 a 2,5
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FI
FII, FV ou FX
FXII, FXI, FIX ou FVIII
Anormal
TP
Normal
Anormal
PTT
Normal
Anormal
TP
Normal
FVII
Plaquetasou Vascular
Hemostase e Trombose
Via comum
O FXa com fosfolípidos, Ca++ e FV forma um complexo que activa a protrombina (FII) em trombina (FIIa)
O FV, desempenha aqui um papel de regulador da activa-ção da protrombina
Para terminar, a trombina faz a conversão do fibrinogénio solúvel num coágulo de fibrina insolúvel, com a ajuda do FXIII (estabilizador da fibrina) que também é acti-vado pela trombina em presença de Ca++
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Hemostase e Trombose
Provas de coagulação
• Tempo de trombina (TT)
Mede o tempo de coagulação de um plasma adicionado de uma quantidade determinada de trombina (bovina)
Aumentado em:• Diminuição do fibrinogénio
– Congénita– Insuficiência hepática– CID
• Alterações qualitativas do fibrinogénio (Congénita ou adquirida)• Presença de inibidores da conversão do fibrinogénio em fibrina
– PDF– Heparina
Hemostase e Trombose
Tempo de trombina (TT)
Útil no controlo da terapêutica com heparina, sendo corrente a noção de que um TT aumentado de 2 a 3 vezes é indicativo de heparinémia eficaz e adequada
Valores normais – 14 a 15 segundos
Para distinguir entre se um TT está aumentado por acção da heparina ou por alteração da polimerização da fibrina, deve fazer-se o tempo de reptilase que é insensível àheparina
Hemostase e Trombose
Causas mais frequentes de diátese coagulopática
• Défice de vitamina K
– Diminuição de ingestão– Má absorção– Iatrogénicas
• Hepatopatias
– Cirrose hepática– Insuficiência hepática
Hemostase e Trombose
Causas mais frequentes de diátese coagulopática
• Disproteinémias
– Mieloma múltiplo– Macroglobulinémia
• CID
– Neoplasias
• Inibidores circulantes
– LED– Colagenoses
Hemostase e Trombose
Sistema fibrinolítico
Actua fazendo a remoção da fibrina indesejável que se deposita progressivamente durante a coagulação e fá-lo clivando a fibrina em fragmentos solúveis, por uma acção enzimática
Os sistemas de coagulação e de fibrinólise estão, em con-dições fisiológicas, num contínuo equilíbrio dinâmico que mantém a fluidez do sangue no sistema vascular
Hemostase e Trombose
Sistema fibrinolítico
Os processos de fibrinogenólise e fibrinólise são executados pela plasmina, que é uma enzima proteolítica presente no sangue e noutros tecidos sob a forma dum percursor inactivo, o plasminogénio
O plasminogénio pode ser activado por:
– factores de tipo tecidular (TPA) do endotélio vascular presentes em muitos tecidos (pulmão, placenta, útero)
– uroquinase – estreptoquinase (bactérias)– e ainda por outros estímulos (stress, exercício)
Hemostase e Trombose
Sistema fibrinolítico
Quando se inicia a fase de contacto do sistema de coagula-ção, o FXIIa pode iniciar a activação do plasminogénio, desencadeando a activação do sistema fibrinolítico
In vivo, a actividade do sistema fibrinolítico parece ser regulada pela taxa de formação da fibrina num mecanismo de feed-back
Os primeiros produtos de degradação do fibrinogénio e da fibrina (PDF), são os fragmentos X e Y que irão dar origem aos fragmentos D e E, com propriedades antigénicas
É possível obter antisoros no coelho
Hemostase e Trombose
Provas de avaliação da fibrinólise
Avaliação global:Tempo de lise do sangue totalTempo Lise Euglobulinas* (↓quando plasminogénio ↑)Dímeros DE*
Avaliação de componentes:Fibrinogénio*Plasminogénio*α2-antiplasminaTPA (activador tecidular do plasminogénio)
PAI (inibidor do activador do plasminogéno)
Hemostase e Trombose
Inibidores naturais
Conforme há activadores, também há inibidores da coagulação e da fibrinólise
Os mecanismos naturais de protecção contra tromboses incluem:
• O próprio fluxo sanguíneo• A remoção da circulação, pelo hepatócito, de FXIa,
FIXa, FXa e FIIa• Sistema de anticoagulantes naturais, de que mais
importam: Antitrombina III (ATIII)Proteína CProteína SPDFα2-Antiplasmina
Hemostase e Trombose
Inibidores naturais
Antitrombina III
É uma proteína que se combina com os factores activados da coagulação, para formar complexos inactivos
É o maior inibidor da trombina, mas também inibe FIXa, FXa, FXIa e FXIIa
São fortes inibidores do sistema de coagulaçãoTambém inibem a actividade proteolítica da trombina e
impedindo o crescimento das cadeias, evitam a polimerização dos monómeros de fibrina
Hemostase e Trombose
Inibidores naturaisProteína CSintetizada no fígado, é uma proteína vitamina K depen-
dente e um importante inibidor do sistema de coagula-ção plasmático
É activada (APC), in vivo, pela trombina em presença de trombomodulina que se encontra nas células endoteliais
Quando activada inibe os FVa e FVIIIa num processo em que a proteína S actua como cofactor
Em cerca de 20% da população há uma variante genética do FV, designado por FV de Leiden, que modificando o local de ligação do factor à APC, a impede de o inactivar
É causa de 20 a 50% de casos de trombofilia hereditária
Hemostase e Trombose
Inibidores naturais
α2-Antiplasmina
É uma proteína que se combina com a plasmina activa para formar um complexo inactivo
Existe no plasma em concentrações relativamente elevadas e protege, muito eficientemente, contra o aparecimento de grandes quantidades de plasmina livre no plasma
É o inibidor major da fibrinólise
Hemostase e Trombose
Hemostase e Trombose
Inibidores patológicos
São inibidores adquiridos, também designados de “anticoagulantes circulantes”
Podem desenvolver-se contra um qualquer factor e a qualquer nível da “cascata enzimática”
Podem surgir após múltiplas transfusões, como acontece na hemofilia A contra o FVIII
Hemostase e Trombose
Factores de risco de trombofilia
• Idade avançada• História familiar • Dislipidémias (↑ Triglicéridos, ↑ LDL-colesterol)• Tabagismo• Sedentarismo• Gravidez, puerpério, abortos de repetição• Fármacos (anticontraceptivos, antifibrinolíticos)• Cirurgias e traumas• Síndromes de hiperviscosidade (Policitémia Vera, MW)• Síndrome nefrótico• Infecção e sepsis• Doenças autoimunes• Doenças com elevado risco de trombose
(Aterosclerose, DM, neoplasias)
Hemostase e Trombose
Avaliação biológica do doente em risco de trombose
• Hemograma
• Glucose, ureia, creatinina
• CT, HDLc, TRG, Apo1, Apo B, Lp (a)
• Proteínas totais com Electroforese
• VDRL, RA teste
VDRL – Abreviatura de Venereal Disease Research Laboratories
Hemostase e Trombose
Testes de rastreio do risco de trombose
• Hiperactividade plaquetária– Agregação – β-Tromboglobulina, FP4
• Hipercoagulabilidade – Factores I, VII, VIII:C, VIII:vW e X– Défice de inibidores: ATIII, Proteínas C e S– Acs anti-fosfolípidos
• Hipofibrinólise– Tempo de lise das euglobulinas– Plasminogénio, α2-Antiplasmina– TPA e PAI
Hemostase e Trombose
Terapêutica anticoagulante
Pode fazer-se com:
• Heparina• Anticoagulantes orais• Agentes fibrinolíticos• Anti-agregantes plaquetários
O controlo laboratorial serve para se conseguir uma hipocoagulabilidade com o mínimo de risco hemorrágico
Hemostase e Trombose
Heparina
• Mucopolissacárido• PM de 6 a 25 KD• Sem absorção gastrointestinal• Imediato efeito anticoagulante• Semi-vida de 60 minutos• Só 1/3 de heparina se liga à ATIII• e é responsável pela acção anticoagulante• Causa trombocitopénia e osteoporose
Os intervalos de controlo, pelo PTTa, vão depender da forma de administração (subcutânea, perfusão contínua)
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Heparina
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Heparina
Antagonistas:
• Tetraciclinas• Antihistamínicos• Digitálicos• Nicotina• Ácido ascórbico
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Anticoagulantes orais
• Derivados da cumarina ou indandiona• Varfarina (Varfine) /Hidroxicumarina (Sintrom)• Antagonistas da vitamina K• Baixo PM• Tem absorção intestinal• Pico às 6 h de administração• Semi-vida de 35 h (Varfine)• Só 1-10 %, que não circula ligada à albumina, é
farmacologicamente activa• Não utilizar na grávida porque são teratogénicos
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Anticoagulantes orais
Acção:
• Impedem a redução da vitamina K
• Levam à acumulação, da sua forma epóxido, no hepatócito
• Bloqueiam a carboxilação do ácido glutâmico dos factores II, VII, IX e X
• Tornam impossível a ligação dos radicais carboxi-glutâmicos ao Ca++
Hemostase e Trombose
Anticoagulantes orais
PIVKA – Abreviatura de Protein Induced by Vitamin K Absence
Hemostase e Trombose
Anticoagulantes orais
A depuração dos factores demora 48 h
Factor Semi-vida (h) VII 4 a 5
V e VIII 15IX 25
X, XI e XII 40
II 60I e XIII 90
Hemostase e Trombose
Fármacos que interferem na terapêutica anticoagulante oral:
1. Reduzindo a absorção da vitamina K- Colestiramina
2. Interferindo na absorção do anticoagulante- Heptabarbitona (reduzindo)- Nortriptilina (aumentando)
3. Aumentando a razão de inactivação dos cumarínicos– Alopurinol– Cloranfenicol
4. Reduzindo a razão de inactivação dos cumarínicos, pelo sistema de oxidação microssomal hepática
– Barbituratos– Rifampicina
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Fármacos que interferem na terapêutica anticoagulante oral:
5. Reduzindo a ligação à albumina– Sulfonamidas– Fenilbutazona– Hidrato de cloral
6. Aumentando a síntese de factores dependentes de vitamina K– Estrogéneos
7. Aumentando o metabolismo dos factores dependentes de vitamina K– Tiroxina
Hemostase e Trombose
Tempo de tromboplastina (TP)INR = Razão internacional normalizadaISI = Índice de sensibilidade internacional
ISIINR = R
• Profilaxia TVP INR de 2,0 a 2,5
• Tratamento: TVPEmbolia pulmonarAIT INR de 2,0 a 3,0
• TVP recorrente de embolia pulmonar• Doença arterial, incluindo EAM• Enxertos arteriais• Próteses vasculares INR de 3,0 a 4,5
Hemostase e Trombose
Agentes fibrinolíticos (activadores do plasminogénio)
Estreptoquinase• Activador tecidular do plasminogénio (TPA)
Úteis em: EAMEmbolia pulmonarTrombose ileofemoral
Com boa eficácia se administrados nas primeiras 6 a 24h
Contra-indicações absolutas: Hemorragia GI activaDissecção da aorta Trauma craniano, neurocirurgia ou AVC nos 2 últimos mesesAneurisma ou neoplasia intracranianaRetinopatia diabética proliferativa
Hemostase e Trombose
Anti-agregantes plaquetários
• Aspirina: Inibe irreversívelmente a ciclo-oxigenase plaquetária, com
redução da produção de tromboxano A2Útil na prevenção de trombose em doentes com trombocitose e
nos que têm história de doença coronária e/ou cerebro-vascular
• Ticlopidina:Muito utilizado após angioplastiasCausa neutropénia e trombocitopéniaTem vindo a ser substituído por:
• Clopidogrel
Hemostase e Trombose
Plaqueta e locais de acção de fármacos
Hemostase e Trombose
Parâmetro V. Referência Unidades
Fibrinogénio 200-400 mg/dLFII, FV e FX 70-120 %FVII 70-130 %FVIII, FvW e FIX 60-150 %FXI e FXII 60-140 %ATIII 80-120 %Proteína C coagulante 70-130 %
Proteína S livre 65-140 %Tempo de lise de euglobulinas >120 minutosPDF <0.5 mcg/mL