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1 AS GRANDES BÍBLIAS DA HUMANIDADE As Grandes Bíblias, uma vez estudadas, fazem reconhecer as Verdades Iniciáticas Fundamentais, vindas através de remotos tempos, centenas de milênios, e desmancham essa coisa repugnante que é o fanatismo religioso, sectário, e o fanatismo por homens, livros, médiuns, etc. Ensinam que boa é a VERDADE, não homens ou religiões. A Popol Bugg, ou Mãe das Bíblias, a dos Atlantes, citada em alguns antiqüíssimos documentos; B Ramaiana, de Rama, relatando a Grande Epopéia; C Zend Avesta, de Zoroastro, a Bíblia dos Persas; D Sabedoria Órfica, os Fundamentos Iniciáticos da Grécia; E Tábua de Esmeralda, de Hermes, Bíblia dos Egípcios; F Livro dos Mortos, também dos Egípcios; G Livro dos Princípios, de Viasa Veda; H Bagavad Gita, de Crisna, O SUPREMO LIVRO DA ANTIGÜIDADE; I Velho Testamento, começando por Moisés e terminando em Malaquias, relatando profundos ensinos iniciáticos, mais tarde queimados e perdidos, depois restaurados de maneira incompleta, contraditória. Contém a Lei de Deus ou Moral Divina, promete a vinda do Cristo Exemplo de Conduta e o Derrame de Espírito sobre a carne; J Evangelho de Buda, resumindo a Doutrina dos Trinta e Cinco Budas; K Código de Manu; L Versos Áureos de Pitágoras, ou o que restou da queima das bibliotecas; M Talmud, verdadeiro testamento da Traição, dos rabinos israelitas, contradizendo Moisés e os Profetas, a Lei Moral e o Sadio Cultivo Mediúnico, deixado por Moisés, a partir de Números, capítulo 11; N Novo Testamento, provando as profecias do Velho, isto é, a vinda do Messias Exemplo de Conduta, o Derrame de Revelação ou Espírito sobre a carne, etc. Convém lê-lo com honestidade, porque contra Jesus e Sua Tarefa Imortal se levantariam todas as pedradas contraditórias, todas as traições, como afirmou o Profeta Simeão, e elas estão no mundo, fantasiadas de verdadeiras...; O Corão, a Bíblia dos Árabes; P Evangelho Eterno, prometido em Apocalipse, 14, 6. Quem quiser estar a par dos Fundamentos Iniciáticos, de todas as Grandes Bíblias, leia os livros de Osvaldo Polidoro. E quem quiser, realmente, conhecer e praticar O VERDADEIRO CRISTIANISMO, leia a documentação Bíblico-Profética, com INTELIGÊNCIA E HONESTIDADE, ou fora de capciosos manobrismos de grupos quaisquer.

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AS GRANDES BÍBLIAS DA HUMANIDADE

As Grandes Bíblias, uma vez estudadas, fazem reconhecer as Verdades Iniciáticas Fundamentais, vindas através de remotos tempos, centenas de milênios, e desmancham essa coisa repugnante que é o fanatismo religioso, sectário, e o fanatismo por homens, livros, médiuns, etc. Ensinam que boa é a VERDADE, não homens ou religiões. A – Popol Bugg, ou Mãe das Bíblias, a dos Atlantes, citada em alguns antiqüíssimos documentos; B – Ramaiana, de Rama, relatando a Grande Epopéia; C – Zend Avesta, de Zoroastro, a Bíblia dos Persas; D – Sabedoria Órfica, os Fundamentos Iniciáticos da Grécia; E – Tábua de Esmeralda, de Hermes, Bíblia dos Egípcios; F – Livro dos Mortos, também dos Egípcios; G – Livro dos Princípios, de Viasa Veda; H – Bagavad Gita, de Crisna, O SUPREMO LIVRO DA ANTIGÜIDADE; I – Velho Testamento, começando por Moisés e terminando em Malaquias, relatando profundos ensinos iniciáticos, mais tarde queimados e perdidos, depois restaurados de maneira incompleta, contraditória. Contém a Lei de Deus ou Moral Divina, promete a vinda do Cristo Exemplo de Conduta e o Derrame de Espírito sobre a carne; J – Evangelho de Buda, resumindo a Doutrina dos Trinta e Cinco Budas;

K – Código de Manu;

L – Versos Áureos de Pitágoras, ou o que restou da queima das bibliotecas; M – Talmud, verdadeiro testamento da Traição, dos rabinos israelitas, contradizendo Moisés e os Profetas, a Lei Moral e o Sadio Cultivo Mediúnico, deixado por Moisés, a partir de Números, capítulo 11; N – Novo Testamento, provando as profecias do Velho, isto é, a vinda do Messias Exemplo de Conduta, o Derrame de Revelação ou Espírito sobre a carne, etc. Convém lê-lo com honestidade, porque contra Jesus e Sua Tarefa Imortal se levantariam todas as pedradas contraditórias, todas as traições, como afirmou o Profeta Simeão, e elas estão no mundo, fantasiadas de verdadeiras...; O – Corão, a Bíblia dos Árabes; P – Evangelho Eterno, prometido em Apocalipse, 14, 6. Quem quiser estar a par dos Fundamentos Iniciáticos, de todas as Grandes Bíblias, leia os livros de Osvaldo Polidoro. E quem quiser, realmente, conhecer e praticar O VERDADEIRO CRISTIANISMO, leia a documentação Bíblico-Profética, com INTELIGÊNCIA E HONESTIDADE, ou fora de capciosos manobrismos de grupos quaisquer.

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Problema ainda insolúvel é aquele que se refere à origem dos indo-europeus. As teorias são várias quanto à sua

proveniência. A mais exata é aquela que, como centro de irradiação, coloca a Sibéria sul-ocidental. Por ocasião do

congelamento desta região, os seus habitantes emigraram, parte para o ocidente e parte costeando o planalto inabitável do

Pamir.

Esta segunda emigração dividiu-se, por sua vez, parte descendo para a Índia, e parte detendo-se no planalto Irânico. É

claro que a afinidade que existe entre a língua e as concepções dos indianos e dos iranianos mostra que houve uma época em

que viviam juntos. A língua dos velhos hinos védicos se aproxima mais do Avesta do que do Mahâbhârata.

Os indianos desceram na Índia ao longo dos passos de Cheiber e avançaram para povoar as margens do Indhu, o “rio”

por excelência, na região chamada hoje Penjali. Não se pode fixar com segurança a época dessa emigração.

Segundo opinião corrente, os Vedas são de 1500 ou 1200 a.C. Deles se conclui que os conquistadores não conheciam

ainda as cidades, porém eram agrupados em comunidades rústicas, governadas por pequenos reis (râja) e dedicadas

especialmente à pecuária.

Mantiveram luta renhida contra os dravdas aborígenes, que habitavam o país na época da invasão e que foram

obrigados a recolherem-se ao interior do Dekkan.

A população indiana aborígene é dividida em três tipos principais: os drávidas propriamente ditos, no Dekkan; os

muredas, tribos alpinas a sudoeste de Calcutá; os weddas, recolhidos na parte florestal oriental do Ceilão.

O Vedismo é a antiga forma do Hinduísmo. Os documentos principais da religião e do pensamento indiano

encontram-se nos Vedas, que significam “ciência” e compreendem três séries de obras, separadas por um intervalo mais ou

menos longo de tempo. Os Vedas propriamente dito são em número de 4 (abaixo); e depois vêm os Brâhmanas e os Sûtras.

Hinduísmo (resumo):

(ver página 20) 1. Sruti (tradição oral, = foram ouvidos, revelados diretamente)

1.a Rig-Veda (hinos e rituais, oferendas, data de 1200 aC)

1.b Sama-Veda (melodias e cânticos)

1.c Yajur-Veda (fórmulas para os rituais Rig)

1.d Atharva-Veda (saber de acordo com uma classe particular de sacerdotes – Atharvan, são fórmulas e encantamentos – data de 900

aC)

1.e Vedanta (tradição de ensinamento transmitido de mestre a discípulo, num fluxo perene, desde tempos imemoriais – contém as

Upanishades, essência do conhecimento espiritual)

2. Smirti (aquilo que é lembrado, compostos por autores humanos, mas derivados de revelação), Veda popular

2.a Shastras – textos sobre leis, política, ética

2.b Puranas - mitologia hindu

2.c Itihasas – dois épicos: Ramayana e Mahabharata

2.d Ágamas – textos que comentam um aspecto do Criador

2.e Darshanas – pontos de vista da realidade

Além dos Vedas, há os Códigos da Lei (Smirtis), codificadas por Manu. Os Smirti (o corpo) mudam, são flexíveis, pois

regulam as necessidades do gênero humano. O Sruti (a alma), não, está além do tempo.

O Veda popular contém histórias e lendas que ilustram os princípios da Vedanta: Ramayana (de Valmiki, escrito entre 200

aC e 200 dC, conta a história de Rama) e Mahabharata (de Viasa, escrito em torno de 500 aC, com 200 mil versos, relata

as guerras das tribos da região do Ganges – contém o Bhagavad Gita, poema sobre o diálogo entre o Eu divino (Krishna),

e o ego humano (Arjuna).

Os Puranas são histórias que ilustram a Verdade, histórias da criação e das vidas dos deuses.

Através da vedanta aprende-se que o Veda já é existente, sendo que cada um o atingirá pelo Conhecimento. Ex:

Tu és aquilo! (não se diz: Tu te tornarás aquilo). O mestre de vedanta é o que elimina a ignorância que impede alguém de

conhecer a si mesmo. A raiz da palavra Upanishad significa “sentar-se próximo”, diante do mestre que passará os

capítulos que são, cada um deles, completos em si mesmos: um êxtase instantâneo da Realidade transcendental.

As verdades são eternas, a identidade dos que teceram as palavras é irrelevante.

No séc VI e VII dC, influenciado pelo budismo, o vedanta tornou-se elaborado como filosofia de salvação, mas a

escritura tem mais de 5000 anos.

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Com a decadência da antiga religião védica, inicia-se a segunda fase do hinduísmo, onde Brahma (da tríade

Brahma, Vishnu(*) e Shiva) torna-se o deus principal, sendo a manifestação antropomórfica do brahman, “a alma

universal”.

Cresce o cerimonialismo, os sacerdotes instituem cerimônias mágicas. O sistema de castas converte-se na

principal instituição da sociedade indiana (a brâmane é a mais elevada).

O Código de Manu dá a visão bramânica do mundo, e sua aplicação à vida – foi elaborado em forma escrita entre

os anos de 200 aC e 200 dC.

(*) Vishnu (Induismo na Storia delle Religioni, Hull E.)

Vishnu, no hinduismo, assumiu aspectos diversos, que são considerados encarnações (avatâra) em benefício dos

homens. Assume um aspecto de um deus bom, amigo dos homens, tão desejoso de salvar o mundo que, por 10 vezes, fez a

sua “descida” – avatâra, tendo encarnado:

1. em um peixe, sob cuja forma, durante o dilúvio, tirou a arca em que estava Manu, até o monte de Cashmir;

2. em uma tartaruga, para desarraigar o monte Mandara, ou para suster a terra que começava a afundar;

3. em um javali, que recuperou a terra, afundada nas águas de um novo dilúvio;

4. em um homem leão, que salvou o pio jovem Prhahada, matando o demônio Hiranka Kaçipu;

5. em Rama armado de machado, Paraçu Rama, sob cuja forma combate os príncipes orgulhosos;

6. em Rama, o herói brâmane de que trata o Râmâyana, distribuidor da casta dos guerreiros;

7. em Krishna, que aparece no fim da época do bronze para destruir o tirano Kansa, que representava o princípio

do Mal;

8. no Buda, que passa, assim, a fazer parte do sistema hinduísta e vem ao mundo para apressar, com a pregação, a

ruína dos ímpios;

9. a décima encarnação virá no fim do mundo, quando Vishnu, sob a forma de Kalkin, montado num cavalo

branco, virá com a espada cintilante fazer justiça contra os ímpios e renovar a vida do mundo.

MANU Manu é uma vida do Pai Divino. É conhecido como o pai dos Árias, pai original da espécie humana. No capítulo IV do

Bhagavad Gita, Krishna menciona: “Já na mais remota Antigüidade dei esta doutrina da união com o Eu Divino a

Vivasvat (Mente Divina, no princípio do mundo). Ele a ensinou a Manu (palavra que deriva da raiz sânscrita man, pensar.

= Filho do Sol, Pai da Raça Atual)”.

Manu fez uma sinopse deveras interessante, uma codificação valiosa, pois fez um extrato daquilo que havia de melhor

sido revelado, até então. Seu espírito de síntese foi genial, como soem ser todos os codificadores. Atrás deles funcionam

as Legiões do Senhor, o chamado Espírito da Verdade, e eles apresentam as linhas mestras, as chaves

doutrinárias.(Bíblia dos Espíritas)

De “A Bíblia dos Espíritas”:

O segundo grande codificador foi Moisés [Manu foi o primeiro], que inclusive tornou a transmitir o Código Divino, tendo

sido também o primeiro batizador coletivo da Revelação. Os Dez Mandamentos datam de mais de duzentos mil anos. E o

primeiro batismo de Espírito está relatado no capítulo onze do Livro de Números. [codificador: Que produz ou elabora

código; que compila, organiza, sistematiza leis, regras, documentos].

Todos os ensinos contidos nas demais Bíblias, nos demais chamados Livros Sagrados, partem daqueles dois. O Védico-

Budismo deu o primeiro, tendo a Raça Atlante contribuído fundamentalmente para isso; os continentes eram ligados e os

primeiros Grandes Reveladores nela viveram, não sendo a Índia mais do que continuação, assim também como o Egito de

eras posteriores.

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“A Verdade é a Alma de Deus, a Luz é o Seu corpo. Só os sábios, os videntes, os profetas o vêem - os homens

não vêem mais do que a Sua sombra. Os espíritos glorificados, que nós chamamos heróis e semideuses, habitaram

essa Luz, às legiões, em esferas inumeráveis.” - G. I.

Quem quer que saiba ler e procure confrontar encontrará, no Evangelho de João Evangelista e no Apocalipse,

fortíssimos traços pitagóricos. É que Pitágoras fora o terceiro Grande Concatenador da História das Revelações. E como

as Escolas Iniciáticas tinham uma mesma Chave da Verdade, porque sabiam perfeitamente que a parte de Deus é Eterna,

Perfeita e Imutável, também o Essenismo assim professava, daí derivando as parecenças doutrinárias ou fundamentais.

Manu e Moisés foram o primeiro e o segundo dos Grandes Concatenadores de Revelações.

A primeira sentença do texto acima diz respeito a Deus em Sua infinita profundeza, e na Sua primeira manifestação,

que é a Sua Luz. É muito inteligente conceituar a Verdade como sendo a Alma de Deus, porque a Verdade é o resumo de

tudo, quer seja do Absoluto, quer seja do Relativo.(A Bíblia dos Espíritas)

INTRODUÇÃO: (Artigo publicado no Diário de S. Paulo/Autor: Eng. Hernani M. Portella/Data: 02/04/1961)

Se de Colombo, o redescobridor da velha Atlântida (América), que viveu há quatro séculos e meio, ignora-se até

hoje o verdadeiro nome, o berço de sua origem e muitas outras passagens de sua vida, que dizer do continente Atlante, que

sofreu várias catástrofes entre um milhão de anos e nove mil quinhentos e sessenta e quatro anos antes de Cristo?

Cingir-se à ciência oficial ou mesmo à Bíblia com as suas vinte e duas mil emendas, da Vulgata, afora "enxerto" ou

passagens apócrifas?

Preferimos no caso em apreço, apelarmos para a tradição esotérica, a única talvez que ainda debaixo da letra que

mata poderá fazer luz sobre tão delicado tema.

Diz essa tradição que o Kusha-Dwipa onde habitavam os RUTAS ou os vermelhos, o País de MU, compreendia a

China, o Japão, a Índia, o Ceilão, a Birmânia e a Malásia; a oeste, a Pérsia, a Arábia, a Síria, a Abissínia, a bacia do

Mediterrâneo, a Itália meridional e a Espanha.

Da Escócia e da Irlanda, então emersas, estendia-se a oeste sobre o que atualmente se denomina de oceano Atlântico

incluindo-se a maior parte das duas Américas.

Durante sua existência multimilenar, os atlantes emigraram para todas as direções, levando sua poderosa civilização

às várias regiões do Globo, onde facilmente dominavam os povos das raças anteriores.

Ao contrário do que aconteceu à Lemúria, vasto continente destruído por um único cataclismo, sofreu a Atlântida

quatro catástrofes sucessivas e espaçadas por muitos milhares de anos.

Deu-se a primeira há cerca de 800.000 anos, durante o período mioceno, quando o continente se estendia da Islândia

ao Brasil, compreendendo o Texas, Yucatan, o Golfo do México, o Lavrador e toda a região que fica entre este país e a

Irlanda, a Escócia e o norte da Inglaterra. Após o cataclismo que fez submergir grande parte das terras setentrionais, a

Atlântida ficou constituída pelas que ocupavam o Oceano Atlântico, desde 50 graus de latitude norte até o sul do Equador.

Avisado dos acontecimentos, o Manu Vaivasvata dirigiu-se para a Meseta do Pamir conduzindo as vergônteas da

raça atlante que ficaram fiéis à Lei. Iniciou Vaivasvata o ciclo ariano dando ao povo os dez mandamentos originais, e o

Manava Dharma Shastra (Código do Manu). O segundo cataclismo, ocorrido há 200.000 anos, de menores proporções do que o primeiro, reduziu a Atlântida

propriamente dita a duas grandes ilhas uma setentrional denominada Ruta e outra meridional chamada Daitia. A América

do Norte e do Sul ficaram separadas, o Egito submergido e a ilha escandinava ligada à futura Europa.

O terceiro cataclismo eclodiu há 75.034 anos reduzindo a ilha de Ruta à pequena ilha Posseidonis fazendo

desaparecer completamente Daitia.

Durante o evoluir deste ultimo cataclismo, Osíris, dirigente atlante e depois deus egípcio, esposou uma princesa

egípcia dando origem à dinastia dos reis divinos pós-atlantes daquela região banhada pelo rio Nilo.

Chegou finalmente o ano 9.564 antes de Cristo, "o ano 6 do Kan, e 11 Muluk do mês de Zac" segundo as expressões

do Codex Troanus escrito há 3.500 anos pelos Mayas do Yucatan, e que se acha arquivado no museu de Londres, quando

tremendos tremores de terra que se prolongaram "até ao 13 Chuen", a ilha de Posseidonis, "o país de Mu foi sacrificado"

desaparecendo para sempre no seio das águas, com seus 64.000.000 de habitantes. Dez países separaram-se e

desapareceram, levando consigo os arquivos da origem da humanidade. Depois de duas tremendas convulsões, ela

desapareceu durante a noite, sendo constantemente sacudida pelos fogos subterrâneos que fizeram com que a mesma

tivesse tão trágico destino.

Isso aconteceu oito mil anos antes de ser feito o citado manuscrito. Corroborando com esse documento que faz parte

da coleção Le Plongeon (manuscrito troano) existente no "British Museum" outro documento de real importância e

pertencente aos arquivos de antigo templo budista em Lhasa, em língua caldaica, escrito há uns 2.000 anos assim relata o

mesmo acontecimento:

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“Quando a estrela Baal caiu no lugar onde hoje só existe mar e céu, as dez cidades, com suas portas de Ouro e

templos transparentes, tremeram e estremeceram como se fossem as folhas de uma árvore sacudidas pela tormenta. Eis que

uma nuvem de fogo e de fumo se elevou dos palácios. Os gritos de horror, lançados pela multidão, enchiam o ar. Todos

buscavam refugio nos templos, nas cidadelas e o sábio MU (o sacerdote de Rá-MU), apresentando-se, lhes falou”:

- "Não vos predisse eu todas essas coisas?"

Os homens e as mulheres cobertos de pedras preciosas e custosas vestes, clamaram:

- "Mú, salva-nos!"

Ao que replicou Mú:

- "Morrereis com vossos escravos, vossas riquezas, e de vossas cinzas surgirão outros povos. Se eles, porém, vos

imitarem, esquecendo-se de que devem ser superiores, não pelo que adquirirem, mas pelo que oferecerem, a mesma sorte

lhes caberá. O mais que posso fazer é morrer juntamente convosco"...

"As chamas e o fumo, afogaram as últimas palavras de Mú, que, de braço estendido para o Ocidente, desapareceu

nas profundezas do oceano com os 64 milhões de habitantes do imenso continente.

Essas são as provas que apresentamos da existência da Atlântida. A ciência oficial e as religiões exotéricas apenas

poderão negar o fato, citando o mito Platônico da existência da Atlântida. Mas a ciência e a religião param onde começa a

Teosofia, na perquirição do passado da humanidade.

Rasgando o véu das lendas maravilhosas, pode o teósofo descobrir a historia real desses povos. Traduzindo e

interpretando as variadas inscrições gravadas nas rochas ou abertas no interior dos hipogeus, torna-se passível ao

investigador criterioso conhecer o grau de adiantamento, o sistema social e político, o progresso industrial e artístico, a

religião e até os costumes desses povos cujo passado se perde na noite dos tempos.

O planalto que se estende pelos confins do Amazonas e Mato Grosso e se liga ao platô de Goiás, foi a sede de uma

dessas ramas atlantes salvas do cataclismo que há 200.000 anos dividiu o continente nas ilhas de Daitia e Ruta. os

indígenas de toda essa imensa região, cuja superfície é calculada em 4.000.000 de quilômetros quadrados, conservam

envolta na poesia de suas lendas, a história do poderoso Império que alongava seus domínios até as margens do Oceano

Pacifico.

As palavras desses remanescentes atlantes, caídos em estado de selvagismo, são confirmadas pelas inscrições

misteriosas abertas nos rochedos, das quais, só no Brasil, se encontram até hoje mais de 3.000, pelos restos de colossais

cidades afogadas na espessura das florestas, pelos discos de pedra, semelhante ao celebre "relógio de Montezuma" do

Museu Nacional do México, e por uma infinita variedade de objetos de cobre, bronze, prata e ouro artisticamente

trabalhados que, aqui e além, vão aparecendo e cuja origem os sábios com muito afã investigam, destacando-se dentre eles

o famoso Champollion brasileiro, Bernardo Ramos.

O CÓDIGO DE MANU

Na Índia antiga, preservou-se um código atribuído a Manu, personagem mítico, considerado "Filho de Brama e Pai

dos Homens". Escrito em sânscrito e elaborado entre o século II a.C. e o século II d. C., o Código de Manu é a legislação

mais antiga da Índia. As leis de Manu representam historicamente uma primeira organização geral da sociedade, sob forte

motivação religiosa e política. Elas exemplificam a situação do direito nos povos que não chegaram a distinguir a ordem

jurídica dos demais planos da vida social. Da premissa de que a humanidade passa por quatro grandes fases, que marcam

uma progressiva decadência moral dos homens, os idealizadores do código julgavam a coação e o castigo essenciais para

se evitar o caos na sociedade. No Código de Manu havia uma estreita correlação entre o direito e os dispositivos

sacerdotais, os problemas de culto e as conveniências de castas. Encontramos neste código, ao lado de uma extensa e

sistematizada determinação de preceitos jurídicos (com cominação de sanções seguindo uma escala coerente), uma série de

ideias sobre valores como verdade, justiça e respeito. Os dados processuais que se baseiam sobre credibilidade dos

testemunhos atribuem diferente validade à palavra dos homens conforme a casta a que pertencem. A mulher se acha

sempre em extrema desvantagem e em condição totalmente passiva dentro da sociedade. A honra das pessoas e sua

situação dentro da aplicação do direito, dependia da condição da casta. O código era bastante detalhado e meticuloso e

previa vários tipos de problemas, nos campos penal, civil, comercial, laboral, etc., trazendo ao início uma extensa série de

artigos sobre administração da justiça, modos de julgamento e meios de prova. Esse código objetivou favorecer a casta

brâmane, que era formada pelos sacerdotes, assegurando-lhes o comando social. Um exemplo revela a superioridade dessa

casta: " Se um homem achasse um tesouro deveria ter dele apenas 10% ou 6%, conforme a casta a que pertencesse. Se

fosse um brâmane, teria todo o tesouro, e se fosse o rei, apenas 50%."

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DHARMA-SHASTRAS E O MANAVA DHARMA SHASTRA

(O Código de Manu)

Doutrinas

Dharma-shastra é a "ciência de dharma" e é uma coletânea de textos que ensinam o dharma imutável eterno

encontrado nos Vedas. O Dharma-shastras se expandiu e foi reescrito em forma de versos, Dharmasutras. Estes grupos de

textos geralmente são traduzidos como "Os Livros da Lei”, mas nisto há erro. Dharma quer dizer bem mais que "Lei" (veja

Sva-dharma) e no pensamento hindu clássico não havia nenhuma distinção entre religião e lei. Em termos sócio-religiosos,

dharma sustenta a vida privada e a pública, estabelece a ordem social, moral, e religiosa. Como base de sistema legal,

dharma é um sistema de leis naturais com regras específicas derivadas de um ideal, moral, e da ordem eterna do universo.

Encontramos as declarações mais sucintas sobre dharma nos Dharma-shastras e Dharmasutras, que podem ser divididos em

três categorias: regras para uma boa conduta, regras para procedimento legal, e regras para penitência.

O Dharma-shastras prescrevem regras para toda sociedade, de forma que cada pessoa pode viver de acordo com o

dharma. Estes textos são atribuídos aos rishis antigos, videntes ou sábios. Manu era o mais importante destes, e seu

Manava Dharma-shastra (Leis de Manu) é o mais famoso dos seus textos. Também é chamado o Manusmrti dos smrti,

assim é lembrado. Está na forma do dharma revelado por Brahma a Manu, o primeiro homem, e passado à frente por

Bhrigu, um dos dez grandes sábios. Uma origem divina é reivindicada para todos os Dharma-shastras para facilitar a sua

aceitação.

O Manusmrti descreve a criação do mundo por Brahma, o próprio nascimento de Manu, as fontes de dharma, e as

cerimônias principais das quatro fases de vida. Tudo isto é para a evolução nas fases sucessivas da vida. Para alcançar a

quarta fase de renúncia se faz necessário atravessar as outras três fases. Outros capítulos tratam dos deveres de um rei, as

diversas castas, as regras de ocupação em relação à casta, ocupações em tempos de angústia, expiações de pecados, e as

regras que governam formas específicas de reencarnação. Embora seja um livro de ensino teórico, o Manusmrti trata da

parte prática da vida e é, em grande parte, um livro de ensino sobre a conduta humana.

MANUSMRITI, um Dharma Shastra: Manusmriti é um tratado de dharma. Foi o primeiro livro de leis, com normas

geralmente aceitas e praticadas na conduta social. Smritis tratam somente este aspecto do dharma. O objetivo principal de

Manu em formular suas leis era o caminho suave na vida social, partindo de um espaço muito pequeno para qualquer tipo

de contato social.

Manu percebeu que todos os seres são parte do Atman único, e que atingir a unidade a Ele é o dharma maior. Dharma não

seria dharma se falhasse em atingir esta unidade final que une o universo inteiro e mais além.

Depois de Manu, vieram Dharma-shastras atribuídos a Yajnavalkya, Vishnu, Narada, Brhaspati, Katyayana, e outros.

O Dharma-shastras posteriores são praticamente puros livros de ensino legal. O Manusmrti é considerado superior ao

outros Dharma-shastras.

História

Quem foi Manu?Considera-se que Manu foi uma figura humana real e o iniciador da história humana. Intitulado

Swayambhu, ou nascido por si mesmo, acredita-se que foi a primeira progênie do Criador, ou Brahma. É Brahma que diz

ter ensinado o dharma a Manu. Isto significaria que no Manusmriti veio a existir bilhões e bilhões de anos atrás.

Entretanto, diz-se que o manuscrito em sua forma atual não é mais velho do que Cristo.

Desde que Manu propagou primeiramente suas leis, seu smriti foi passado pelos rishis de uma geração a outra, por

longa data. No processo, deve ter-se submetido a mudanças, a emendas e a incontáveis adições, adaptando-se e moldando-

se às necessidades e condições de uma sociedade sempre mutante, vibrante.

Os Dharma-shastras proclamam serem divinos em sua origem e terem sido entregues por antigos rishis que não

podem ser identificados como figuras históricas. Manu é encontrado já no Rg Veda (1200 AC), onde ele é descrito

como Pai Manu, progenitor da raça humana. No Satapatha Brahmana, por volta de 900 AC, Manu é claramente o pai de

gênero humano, quando ele seguir o conselho de um peixe e constrói um navio no qual só ele, entre os homens, sobrevive

à grande inundação. Depois pratica sua adoração e executa penitências e uma mulher, Ida ou Ila, é produzida e então ele

inicia com ela o humano. Manu também foi o primeiro rei e o primeiro a acender o fogo sacrificial. Como o causador da

união social e da ordem moral, ele é o rishi que revela o mais autorizado dos Dharma-shastras. O texto de Manu, o

Manusmrti ou Manava Dharma-shastra é o primeiro dos Dharma-shastras. Sua data é incerta, situado entre 200 AC e 100

DC. Alcançou sua forma presente provavelmente ao redor do segundo século DC. Na seção do texto do rajadharma, o

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dharma do rei, há passagens da lei hindu. Estas passagens foram as que primeiramente chamaram à atenção dos estudantes

Ocidentais, e assim o texto ficou conhecido como as Leis de Manu.

O Manusmrti permite aos grupos governantes invadirem povos como os Sakas, Pahlavas, e os gregos que foram

chamados de Yavanas. Nisto, o Manusmrti estava acomodando as novas realidades sociais ao padrão teórico. Yavanas,

Sakas, Pahlavas e outros invasores estrangeiros são descritos por Manu como ksatriyas caducados, da classe dos

guerreiros. Estes guerreiros tinham perdido o seu estado por não terem seguido seu dharma, mas executando sacrifícios

expiatórios apropriados e reconhecendo os brahmans como líderes religiosos, eles poderiam entrar na comunidade

ortodoxa. Lá pelo quarto século DC estava comletamente colocada a escritura madura dos Dharma-shastras. A este

período, as regras das castas estavam sendo aplicadas sistematicamente pela primeira vez, através das dinastias

brahmanicas, depois de séculos de domínio estrangeiro.

Havia outros aspectos do texto de Manu que trouxe teoria alinhada com a prática atual e a realidade social. Na sua

teoria de castas misturadas, há um sistema elaborado de matrimônios entre as quatro classes (varnas), produzindo as muitas

castas (jati). Grupos profissionais ou guildas já tinham montado padrões fechados com características endogâmicas de um

jati, assim Manu estava ajustando a teoria dele aos fatos.

Discute-se se os Dharma-shastras pintaram um quadro ideal que não correspondeu com a vida real. Porém, é mais

provável que os Dharma-shastras, apesar de estilizados e sistematizados, foram compêndios dos costumes existentes e

práticas que proveram o vigamento teórico global para que todo o mundo praticasse o seu comportamento tradicionalmente

reconhecido de vida.

Logo no décimo sexto século houve várias ondas de criatividade religio-cultural entre hindus bengali. Um deles foi

Raghunandan Siromani, no campo do Dharma-shastra. Ele pode ter sido contemporâneo de Caitanya, em Mayapur.

Símbolos

O simbolismo hindu básico consta nos Dharma-shastras, especialmente em seções que lidam com ritos diários,

oferendas, sacrifícios, e roupas que identificam a casta, símbolos e marcas. Um exemplo de veste simbólica de casta é o

objeto pessoal que se carrega. Um brahman tem um bordão de madeira de bilva ou de palasa que alcança o fim do seu

cabelo, um ksatriya tem um bordão de vata, ou madeira de khadira, que alcança a sua testa, e um vaisya tem um bordão de

pilu, ou madeira de udumbara, que alcança a ponta do seu nariz.

O idioma simbólico foi usado no Manusmrti. Por exemplo, um brahman não pode nem mesmo cumprimentar os

homens que vivem como gatos, ou os homens que vivem como garças (IV, 30).

Os símbolos são usados em castigos, nas formas ao se marcar com ferro. Assim, por violar a cama de um guru, a

marca da parte feminina fica impressa na testa com um ferro quente; por beber o licor chamado sura, o sinal da taverna era

marcado com ferro; e ainda, por roubar o ouro de um brahman, o pé de um cachorro era marcado com ferro; e por

assassinar um brahman, a marca do símbolo de um cadáver acéfalo era aplicada (IX, 237).

Partidários

Todos os hindus tradicionalmente vivos.

Centro Principal

O Dharma-shastras são consultados pelos que têm autoridade, principalmente os brahmans, por toda parte da Índia.

Tradicionalmente aceito como um dos braços adicionais dos Vedas, 'As Leis de Manu' ou 'Manava Dharma Shastra'

é um dos livros standards no cânon hindu, e um texto básico para todos os gurus basearem seus ensinos. Esta 'Escritura

Revelada' inclui 2684 versos, divididos em doze capítulos que apresentam as normas de conduta na vida doméstica, social

e religiosa na Índia (aproximadamente 500 AC) sob a influência de Brâmane, e é fundamental à compreensão de sociedade

hindu antiga.

Trânsito suave à Liberdade: Manava Dharma Shastra, ou leis de Manu, são um trabalho de valor ético, social, legal

e, sobretudo, espiritualmente grande. Esboça meticulosamente os deveres ou as obrigações os homens e as mulheres e

como seu padrão de conduta deve ser, como membros de uma sociedade bem desenvolvida, sociedade dentro dos padrões

da lei.

Manu prescreve em detalhes a maneira de cruzar o samsara excedente, ou tornar a existência universal, atravessando

sistematicamente os estágios diferentes da vida, do nascimento - com a infância, a vida de estudante, a união e renúncia - à

morte, por meios corretos, sem deixar qualquer coisa sem ser feita pela evolução, e com o objetivo do moksha, ou da

liberação, sempre tendo em mente que é a finalidade última da existência humana. Dividiu a vida em quatro estágios - ou

ashramas - distintos: ashrama do brahmacharya (vida de estudante), ashrama do grihastha (vida do lar), ashrama do

vanaprastha (dos que se aposentam da vida social e que vivem na floresta) e ashrama do sannyasa (a realização da

liberdade).

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Bases

A sociedade Védica antiga teve a ordem social estruturada onde os Brâmanes foram estimados como os mais

elevados e o a maioria venerava a seita e determinava ser tarefa santa adquirir o conhecimento antigo e aprender. Os

professores de cada escola Védica compuseram manuais em sânscrito, conhecidos como 'sutras', pertencendo às suas

respectivas escolas, para a orientação dos seus alunos; eram venerados pelos Brâmanes e lembrados por cada estudante de

Brâmane.

Os mais comuns eram os 'Grihya-sutras', falando sobre cerimônias domésticas, e os 'Dharma-sutras', tratando dos

costumes e leis sagrados. Esta compilação enorme e complicada de regras e regulamentos antigos, costumes, leis e ritos

gradualmente se expandiram em seu escopo, aforisticamente escritos e apresentados em cadência musical e

sistematicamente organizados para constituir o 'Dharma-shastras'. Destes, o mais antigo e mais famoso é o 'Leis de Manu',

o 'Manava Dharma-shastra', um 'Dharma-sutra' pertencendo ao Manava antigo, escola Védica.

A base do pensamento de Manu eram os Vedas. Nas palavras de R.P. Dwivedi, "Manu fez exame e considerou todo

o material disponível dos Vedas e de outras fontes. Interpretou-os e usou-os de tal maneira que permite cada membro da

sociedade se conduzir a uma vida feliz ao fazer seu trabalho social, alcançando assim o objetivo estimado - o moksha." E

Manu era de opinião firme que o moksha só era possível quando há fundamentos sadios numa sociedade calma e pacífica.

Os postulados principais do Manusmriti vêm do Sanatan Dharma que, sendo totalmente além de tempo e espaço,

nunca poderá ser irrelevante ou fora de moda, mesmo que a ênfase possa mudar e se adaptar, de acordo com as

necessidades da pessoa e as circunstâncias sociais prevalecentes.

Gênese

Geralmente acredita-se que Manu, o antigo professor de ritos sagrados e leis, é o autor de 'Manava Dharma-shastra'.

O canto inicial do trabalho narra como dez grandes sábios atraíram Manu para que pronunciasse as leis sagradas a eles e

como Manu cumpriu os seus desejos pedindo ao instruído sábio Bhrigu, a quem tinha sido ensinada a métrica da doutrina

da lei sagrada, que transmitisse seus ensinos. Porém, igualmente popular é a convicção de que Manu aprendera as leis com

o Deus Brahma, o Criador, e assim é dito que a sua autoria é divina.

Datas prováveis da Composição

Sr William Jones datou o trabalho no período 1200-500 A.C., mas estudos mais recentes dizem que o trabalho, em

sua forma existente, data de antes do primeiro ou segundo século DC, ou poderia ser até mais antigo. Os estudiosos

concordam que o livro é uma compilação versificada moderna do Dharma-sutra de uns 500 A.C. que já não mais existe.

Estrutura & Conteúdo

O primeiro capítulo trata da criação do mundo pelas deidades, a origem divina do próprio livro, e o objetivo de

estudar tudo isto. Os capítulos de dois a seis recontam a conduta apropriada dos membros das castas superiores, a sua

iniciação na religião de Brâmane pela linha sagrada ou pela cerimônia da remoção dos pecados, o período de estudo

disciplinado dedicado ao estudo do Vedas com um professor de Brâmane, os deveres principais do dono da casa - escolha

de uma esposa, o matrimônio, proteção do fogo sagrado, a hospitalidade, os sacrifícios aos deuses, banquetes para os seus

antepassados, - juntamente com as numerosas restrições — e finalmente, os deveres da velhice. O sétimo capítulo fala dos

múltiplos deveres e responsabilidades dos reis. O oitavo capítulo trata do modus operandi em procedimentos civis e

criminais e dos castigos apropriados a serem dados em doses para cada casta diferente. O nono e o décimo capítulos

relacionam os costumes e as leis relativas à herança e propriedades, divórcio e as ocupações legais para cada casta. O

capítulo onze expressa os tipos vários de penitência para os malfeitores. O capítulo final expõe a doutrina do karma,

reencarnação e salvação.

Críticas

Os estudiosos atuais criticaram o trabalho significativamente. A rigidez no sistema de casta e a atitude desprezível

para com as mulheres não é aceitável hoje em dia. A reverência quase divina demonstrada à casta de Brâmanes e a atitude

desprezível para com os 'Sudras' (a casta mais baixa) é censurável. Os Sudras foram proibidos de participarem nos rituais

dos Brâmanes e foram sujeitados a castigos severos, enquanto os Brâmanes foram isentados de qualquer reprimenda para

seus crimes. A prática de medicina foi proibida à casta superior. As mulheres foram consideradas ineptas, incompatíveis e

sensuais, e tiveram restrições quanto ao aprendizado dos textos Védicos ou participarem de funções sociais importantes.

Elas foram mantidas em abjeta subjugação por todas suas vidas.

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Para Definir o Hinduísmo Claramente (de Dr. Frank Morales)

A origem Védica tem a Chave

Filósofos hindus tradicionais enfatizam a importância crucial de se entender o que é Hinduísmo própriamente e o que

são caminhos religiosos não-hindus. Você não pode reivindicar ser um hindu, afinal de contas, se não entender o que é que

reivindica acreditar, e o que é que outros acreditam.

“Vaidika” e "Avaidika"

Fixaram a condição antônima do Sanskrito empregada repetidamente por muitos filósofos hindus tradicionais, ser

vaidika ou avaidika.

O palavra vaidika (ou "Védico" em português) significa alguém que aceita os ensinos do Veda. Especificamente,

refere-se à posição de epistemológica única levada pelas escolas tradicionais de filosofia hindu, conhecida como shabda-

pramana, ou empregar a corrente saudável e divina de Veda como meio de adquirir o conhecimento válido.

Neste sentido, a palavra "vaidika" é empregada para diferenciar essas escolas de filosofia hindu que aceitam a

validade epistemológica do Veda como apaurusheya, ou fonte espiritual autorizada perfeita, eterna e intocada pelas

especulações da humanidade, justaposta com as escolas de avaidikas, que não designam tal validez ao Veda.

Em tempos pré-cristãos, escolas dos avaidika foram identificadas claramente por autores hindus como

especificamente sendo o Budismo, Jainismo e a escola atéia Charvaka, todos os que não aceitaram o Veda. Estas três

escolas foram consideradas não-védicas por unanimidade, e assim não-hindus (são certamente religiões geograficamente

hindus, mas não são teologicamente/filosoficamente religiões hindus).

Visões declaradas no "Manava-dharma-shastra"

Manu, um dos antigos grandes entregadores da lei da tradição hindu, declara o seguinte no seu Manava-dharma-

shastra:

"Todas essas tradições e todos esses sistemas desacreditados de filosofia que não são baseados no Veda não

produzem nenhum resultado positivo depois da morte; porque se declaram serem baseadas na escuridão. Todas essas

doutrinas que diferem do Veda que surgem e logo perecem são ineficazes e enganosas, porque elas são de data moderna”.

(XII, 95)

Colocadas em termos os mais simples, “vaidika" especificamente se refere a essas pessoas que aceitam o Veda como

sua Escritura sagrada e, assim, como a sua fonte de conhecimento válido sobre os assuntos espirituais.

Visões declararadas no "Sarva-darshana-samgraha"

No seu famoso compêndio de todas as escolas filosóficas hindus conhecidas, o Sarva-darshana-samgraha, Madhava

Acharya (o filósofo do XIV século, Advaita) sem ambiguidade declara que os Charvakins (ateísta empírico), “Bauddhas”

(os budistas) e "Arhatas" (Jainistas) estão entre os não-védicos e, assim, são escolas não-hindus. Reciprocamente, ele lista

Paniniya, Vaishnava, Shaiva e outros, entre as tradições Védicas, ou hindus. Igualmente, no seu Prasthanabheda, o famoso

Madhusudana Sarasvati (XVII séc) contrasta todos os mleccha (ou "selvagens") pontos de vista com as visões hindus e diz

que os anteriores nem mesmo são merecedores de consideração, considerando que as visões budistas devem ser pelo

menos consideradas, e devem ser debatidas.

A diferenciação entre "ortodoxo" e "heterodoxo", sob uma perspectiva hindu clássica, está na aceitação da revelação

Védica, contrapondo-se ao rejeitar a santidade do Veda.

“Astika" e "Nastika"

Como uma tentativa adicional para distinguir claramente entre os hindus e filósofos não-hindus, os hindus

regularmente usavam os termos sânscritos astika e nastika. As duas palavras são sinônimas com vaidika e avaidika,

respectivamente. Astika refere-se a esses que acreditam nos Vedas, nastika a esses que rejeitam os Vedas.

Na categoria de astika o Hinduísmo incluiria qualquer caminho hindu que aceita o Veda, como Vaishnavism,

Shaivism, Shaktism, Advaita, Ioga, Nyaya, Mimamsa, entre outros. As religiões de nastika incluiriam qualquer tradição

religiosa que não aceita o Veda: Budismo, Jainism, Sikhism, Cristianismo, Islã, Baha'i, etc.

Assim quando chegou a ter importância a diferenciação sem ambiguidade entre os ensinos do Hinduísmo e os

ensinos de religiões não-hindus, os sábios historicamente importantes do pensamento filosófico e teológico hindu são os

defensores claros do "Vaidika Dharma" - Hinduísmo - como uma tradição sistemática, unitiva, de expressão espiritual.

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SmR^iti de Manu: notas em sua história e cosmogonia

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História do Manava-dharma-shastra e as mitologias sobre a origem contidas nela

Como todos o shastras de dharma - ou livros da Lei hindu, o Manava-dharma-shastra (MDS) -ou o smR^iti de

Manu- principalmente preocupa-se com as regras da vida de um Indo-ariano. O shastras do dharma foram extensivamente

estudados para entender vários aspectos da vida da Índia antiga, e também vieram com a crítica desinformada dos variados

inimigos dos hindus determinados a acharem defeitos no pensamento hindu. No lugar de avaliarem os shastras do dharma

(DSs) pelos padrões e construções modernos, seria mais apropriado comparar os seus conteúdos relevantes socialmente

pertinentes com outros antigos e medievais Livros da Lei. Sistemas que se prestam a comparações mais ou menos iguais

aos shastras do dharma são os vi-diev-dat dos iranianos antigos, as leis de Hammurabi, e as pouco conhecidas Yasa

mongóis, de Chingiz Kha'khan. Parece plausível que as leis colocadas pelo DSs estavam de fato bem perto das práticas

correntes na era de Mauryan. Parecem ter atingido uma distribuição pan-Índia nesta fase. Na época subseqüente, elas

parecem ter se espalhado até mesmo para fora da Índia, nas colônias asiáticas Índias Orientais e Centrais. Porém, a sua

influência era, nesta época posterior, particularmente durante o preríodo Gupta e períodos de Chola, até posteriores, era

amplamente teórico, com um papel mais importante para as leis locais das unidades autônomas dentro dos impérios hindus.

Não obstante, os DSs tiveram um papel importante no desenvolvimento da unidade cultural hindu sobre a Índia.

Ao contrário da literatura Védica, mas mais como o gênero de itihasa-purana da literatura sânscrita, os DSs foram,

com o passar do tempo, propensos a emendas extensas e corrupções. Por causa disso, conclusões históricas só podem ser

tiradas deles depois que as várias etapas presentes nelas forem determinadas e a sua cronologia relativa entendida. Neste

trabalho nós nos concentraremos principalmente no principal dos shastras de dharma, isto é, o de Manu, que contém algum

material adicional além das preocupações habituais dos DSs. A idéia aqui é não discutir lei hindu, mas algumas conclusões

históricas que podem ser tiradas do MDS. A maioria do shastras de dharma e os sutras aforísticos relacionados de dharma

têm como seus autores conhecidos enciclopedistas Indo-arianos como Apastambha, Katyayana, Gautama e os similares.

Porém, o diferente MDS é atribuído a Manu, o antepassado legendário de todos os kshatriyas ou, por algumas contas, até

mesmo o antepassado comum legendário de todos os humanos, ou todas as formas de vida.

Esta atribuição provê uma liderança interessante relativa à história da tradição de MDS. Vidievdat, o livro das leis

análogo dos iranianos antigos, é atribuído a Yima Kshaeta (o ‘kshatriya’ primitivo dos iranianos), o filho de Vivahvant. No

mundo Indo-ariano, o kshatriya primitivo Manu, como Yama, é considerado um filho de Vivasvan. Neste contexto é

interessante notar que o shastra do dharma medieval resume uma citação-texto de um smR^iti quase perdido, o smR^iti de

Yama. Assim, há a evidência da existência paralela de um Yama ‘contraparte' do MDS entre os Indo-arianos. Colocados

juntos, parece possível que o MDS, em seu bojo, represente uma tradição essencialmente Indo-iraniana em que foram

atribuídos as leis sociais e tabus ao ser primitivo, o filho de Vivasvan. Consistente com isto, o Vidievdat Iraniano e o MDS

são obcecados pela pureza ritual e a purificação de objetos vários por lavagens e outros meios. Comparações entre os tabus

e práticas dos padres romanos - o dialis de Flamen e o brahmanas Indo-ariano mostram uma semelhança bastante precisa,

sugerindo que a codificação dos tabus rituais e o comportamento sacerdotal já tinha emergido no início do período indo-

europeu. Isto é consistente com a palavra reconstruída Proto-Indo-européia para padre *bhragsmen da qual brahmana e

Flamen terão descendido provavelmente. Isto insinua que é provável que até mesmo antes do período Indo-iraniano havia

um corpo de leis sociais e estatutos de conduta sacerdotal e real que já eram bastante bem estabelecidos e constituíam o que

pode ser chamado de o smR^iti proto-Manu. Dada esta conclusão, podemos identificar qualquer material no texto de MDS

existente que pode ser uma sobra deste período antigo?

O MDS é bastante distinto de numerosos outros textos de dharma ao prover uma mitologia de origem cosmogônica

no começo do texto. Há vários conceitos cosmogônicos vistos nos textos Védicos juntamente no MDS. Um destes pode ser

chamado purusha, mito da origem que parece ser muito primitivo, de interesse considerável neste contexto. O mito de

origem de purusha é exposto claramente no suktam de purusha (RV 10.90), que em seu âmago consiste no ser primitivo -

purusha dá origem à ordem social no plano da terra e ordem cósmica no plano universal. Esta visão é refletida

notavelmente em MDS.31-32.

“Por causa do crescimento dos povos, ele fez o brâmane, o kshatriya, o vaishya e o shudra emergirem

respectivamente da sua face, mãos, coxas e pés. Dividindo o seu corpo em metade masculina e metade feminina; assim

gerou virAj.”

No suktam de purusha falam-nos que virAj é o purusha primitivo (virAjo adhi pUrushaH). Assim o MDS reproduz

diretamente a mitologia de purusha; expressa, além disso no RV, introduzindo o conceito do virAj que emerge de uma

forma gêmea hermafrodita (divdhA kR^itva) formando o ser primitivo.

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Isto nos dá uma conexão com Yima - a contraparte Iraniana de Manu. Yima é derivado da antiga palavra *yema,

significando o gêmeo como é atestado em palavras como Jemini (gêmeo, em grego – pela transformação comum de y->j).

Até mesmo no R^igveda, há um hino inteiro onde Yama é colocado lado a lado o com YamI, seu gêmeo feminino (RV

10.10). Semelhantemente, na mitologia nórdica, contam-nos que o macho primeiro - o par feminino - “reino do gelo”

(Niflheimr) e “reino do fogo” (Muspellheimr) deram origem à randiosa figura primitiva Ymir. Ymir é derivado

diretamente do *Yuminaz proto-germânico e é equivalente a Yama ou Yima. O observador romano, Tacitus, no livro dele

Germania (capítulo 2) descrevendo a mitologia dos alemães primitivos menciona que o gêmeo primitivo deu origem ao

homem primitivo Mannus (equivalente de Manu). Mannus gerou, em troca, os progenitores dos 3 estratos da sociedade

alemã antiga - o Ingaevones, Herminones e Istaevones, como os brâmanes, kshatriyas e vaishyas. Assim nós podemos

concluir que o MDS traz material de um estrato muito antigo da existência.

O MDS contém material cosmogônico adicional que também tem fortes paralelos na 10ª mandala do R^igveda, e são

bem conhecidos só entre os Indo-arianos. O primeiro destes é o conceito da origem do universo de hiraNyagarbha (MDS-

9).

“A semente se tornou o ovo dourado que ardeu em mil raios; daí emergiu Brahma, de quem emanou o universo

inteiro.” Este mito de origem está em RV 10.121 (sUktaM de hiraNyagrabha). Outro é a idéia do universo manifesto

emergindo da Unidade – forma manifesta na qual a matéria foi totalmente desestruturada (MDS 5-6).

“Este universo existiu imanifesto, despercebido, destituído de estrutura, avesso à sondagem, incompreensível,

completamente imerso, em um estado inativo. Então o Ego-existente, indiscernível, mas incluindo tudo isso, os elementos

fundamentais do universo discernível, surgiram com poder irresistível, irrompendo diante da escuridão.” Isto se refletiu na

mitologia de origem apresentada em RV 10.129 (sUktaM de nAsadiya), um do mantras mais profundos na literatura hindu.

Todos estes hinos da mitologia de origem aparecem na 10ª mandala do R^igveda e parecem fazer parte de uma das partes

mais novas do saMhita do RV que pode ser associado com o reino de kuru-pa~nchAla. O termo purusha, que surgiu no

período de kuru-pa~nchAla, sustenta a mesma relação que tem a palavra pUru com mAnuSha e Manu. Como o rei dos

pUru era o patriarca fundador dos kuru-pa~nchAla, classe governante, é bastante provável que o renomear do ser

primordial como puruSha foi um movimento de ‘nacionalização' da mitologia de origem indo-européia antiga em direção

ao seu fundador dinástico. A ênfase destes motivos específicos no MDS sugere que seu precursor do período Indo-iraniano

provavelmente sofreu uma formalização no reino de kuru-pa~nchAla, onde foi ampliado para incluir as mitologias de

origem prevalecentes e emergiu como o corpo principal de lei ariana. Esta visão apóia-se fortemente na descrição

geográfica cedida MDS 2.19-2.23 que claramente coloca o reino de kuru-pa~nchAla como a área central dos arianos que

tinham se instalado na Índia:

“O reino do kurus, o matsyas, pa~nchAlas e shurasenakas, realmente formam o país dos sábios brâmanes que estão

próximos a brahmavarta (a terra dos brâmanes ou mantras que dizem que estão entre sarasvati e drishadvati). Dos homens

pioneiros nascidos naquela terra, deixe todos os homens na terra aprenderem seu comportamento. Esta terra que está entre

o Himalaia e as montanhas de Vindhyas, com prayAga no Leste e vinashana (o lugar onde o rio Sarasvati desaparece) para

o oeste, é chamado madhyadesa. Mas a área inteira entre essas duas montanhas (apenas mencionadas), estendendo-se até

onde os oceanos oriental e o ocidental são regiões dos arianos. É aquela terra onde o cervo negro vaga naturalmente, uma

terra ajustada ao desempenho dos sacrifícios; as terras além destas regiões são as regiões do mlecchadeshas.”

Especificamente, os clãs dos primeiros protagonistas da epopéia dos pUrus, o mahAbhArata, o kurus, o yadus, os

pa~nchAlas e os matsyas são mencionados como presentes no centro da região ariana. Porém, no MDS as principais

referências aos kshatriyas, são como paijavAna dos sudAs, gAthi, nahusha e vena, os quais foram exaltados nos textos

védicos e o brAhmaNas que os seguiram. Semelhantemente, há referências a bR^ibhu, o comandante dos paNI e o

patronato de bharadvAja, vidente védico, que é mencionado principalmente no R^igveda. A menção destas figuras, em

lugar dos heróis de mahAbhArata ou o IkshvAkus, ou as regras de Magadhan, sugere que o cerne básico do MDS foi

disposto bem antes do grande período de guerra de bhArata.

As descrições do rei ariano no MDS estão bem próximas da figura do primeiro governador indo-européia e

representam uma monarquia em um estado anterior ao visto em textos hindus posteriores como o artha shAstra e o

panchatantra. O rei do MDS é descrito repetidamente como a encarnação de deidades, indra, vAyu, agni, varuNa, yama,

kubera, chandra e surya (MDS 5.58, 7.04, 7.07). Por exemplo:

“O rei é a incorporação das essências eternas de indra, vAyu (anila), yama, surya (arka), agni, varuNa, chandra e

kubera (vittesha).” . (MDS7.04)

A este respeito, difere da descrição posterior do rei como uma incorporação de viShNu e chega mais perto do modelo

R^igvedico onde grandes heróis como o monarca IkshvAku, o poder real de trasadasyu é comparado ao de indra e varuNa.

O R^igveda também enfatiza a natureza de agni, varuNa e yama como divinos ‘kshatriyas' - as suas qualidades foram

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atribuídas facilmente ao governador terrestre. O rei foi concebido como uma concewentração de qualidades extraordinárias

individuais: supunha-se que Ele era conhecedor dos vários textos sobre a arte de governar, textos védicos, conhecimento de

negócios e comércio e os textos sobre debates (MDS 7.43). Do rei também se espera que se mantenha na humildade,

apesar do seu poder absoluto (MDS 7.40-42). Também lhe pedem que se abstenha dos excessos de álcool, xadrez,

mulheres e caça, e que desista de infligir danos ao seu povo (MDS 7.50-51).

O rei do MDS estava junto à elite bramânica, principalmente preocupado com assuntos legais - o brâmanes serviram

como intérpretes da lei, promotores e semelhantes, enquanto o rei serviu como o último juiz e cumpridor da lei, como

yama e varuNa na esfera divina. Todos os outros aspectos do estado não estavam diretamente ligados ao rei, mas relegados

a um painel de 7-8 sachivas (os ministros). Supunha-se que este sachivas fossem peritos para controlarem assuntos como

rendas, orçamentos, minas, casas comerciais e informarem diretamente ao rei (MDS 7.54). Havia dois outros postos

especializados: 1) o dutaH - que controlava relações exteriores e espionagem, também servindo como embaixador e 2) o

amAtya - que tomava conta de todos os assuntos da segurança interna e externa (MDS 7.63-68). O rei é repetidamente

aconselhado para construir lugares seguros e fortificados, especialmente fortes em colinas com plataformas protegidas por

arqueiros, e fazer de tal estrutura a base de seu poder. Isto parece estar alinhado com o antigo conceito ariano de guerra de

fortes e os títulos dos vitoriosos líderes arianos, como destruidores de fortes hostis. Claramente, em termos de guerra

domina o conceito dos vyuha ou das formações específicas de campo de batalha. Muitos do vyuhas mencionaram a

configuração do mahabhArata no MDS (MDS 7. 187-189). Os vyuhas também rememoram as formações de batalha

aludidos nos textos Mongóis onde se colocavam as tropas em particulares configurações para se permitirem certos tipos de

manobras. O rei, mesmo participando sempre das batalhas, deixava as preparações do exército ao senApati (o comandante

supremo) e aos balAdhyakshas (os generais). De forma interessante, o MDS insiste em que a força central só devesse ser

composta de homens kurus, pa~nchAla, matsya ou afiliados de yAdava - novamente reforçando a observação que o MDS é

essencialmente um texto de kuru-pancAla.

Estas observações, tomadas em conjunto, sugerem que os sacerdotes bramânicos produziam o texto sob o comando

dos seus protetores kurus, durante o ápice do seu reinado na Índia do norte (aproximadamente 1500-1400 AC). A primeira

rodada de redações provavelmente aconteceu logo depois disso, durante o período de paz e prosperidade no reinado dos

monarcas kuru-pa~nchAla parIkshita e janamejaya (~1300 AC). Este período viu uma ampla sistematização de vários

textos védicos e é muito provável que aquela forma básica do MDS que herdamos hoje foi disposta nesta fase. Assim, o

MDS, que é um dos textos principais de dharma dos smArtas, não surpreendentemente recebe o papel central do império

dos kuru-pa~nchAla no emergir da consciência nacional índia.

A presença de pensamento atômico no manu-smR^iti

Um das realizações filosóficas mais profundas dos hindus antigos era o desenvolvimento do vaisheShika, ou a teoria

da estrutura das partículas de toda a matéria. Sendo o texto dos princípios do vaisheShikas o trabalho de kaNAda, há

evidência clara de que a filosofia teve uma raiz mais antiga nos hinos especulativos dos védicos saMhitas (por exemplo,

Atharva Veda [shAkha de shaunaka] 12.1.26, e RV 10.72.6). É interessante notar que junto com outras construções védico-

filosófico e de origem mitológica o MDS também apresenta um plano para a construção em partículas da matéria particular

(MDS1.15-20):

“O Maior era a única entidade existente, sustentando os três gunas que habilitam os cinco órgãos, em sua ordem, a

perceberem a existência. Esta entidade diferenciou 6 tipos de partículas diminutas que possuem propriedades sem exceção,

e combinou com partículas diminutas daquela entidade original, dando origem aos elementos de tudo existente. Os

iluminados conhecem o corpo da entidade primitiva que constitui toda a existência como sendo moldado por esses seis

tipos de partículas minúsculas. Abragendo estas partículas indestrutíveis básicas, as partículas dos elementos primários que

constituem a existência combinam-se com suas forças e propriedades. As partículas minúsculas dos elementos primários,

em número de sete, conhecidas como o purushas de grande potencial, dão origem a várias combinações impermanentes

que incluem o universo, sendo elas indestrutíveis. As propriedades das partículas originais em uma combinação, e o modo

pelo qual se combinaram, influenciam as propriedades das partículas emergentes.”

Apesar de que esta mitologia da origem atômica do MDS pode não alcançar o nível das bem discutidas teorias físicas

e químicas da matéria apresentadas no sutras de kaNada, o kAshyapa, ou nos discursos de pa~nchashika, o A~Ngirasa, e

sulabhA, o vasiShTha, ela apresenta algumas características básicas do pensamento atômico hindu. Importantemente, ela

reconhece a presença de uma origem una de toda a existência, com a disposição estrutural do universo atribuível a um

pequeno grupo de partículas fundamentais minúsculas. Mais adiante, reconhece que estas partículas combinam-se para dar

origem ao universo variável embora elas mesmas permaneçam mais permanentes. Também apresenta o conceito de uma

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hierarquia de combinação das partículas básicas, com a combinação atual sendo influenciada pelas constituintes. A

ocorrência da doutrina atomística com outras mitologias de origem em escala mais macro no MDS sugere, que esta era

uma das correntes da mitologia de origem que se desenvolveu junto com outras no reino de kuru-pa~nchala. Tais conceitos

parecem ter sido as sementes da filosofia de vaisheShika, que se desenvolveu paralela à antiga vedAnta e sAmkhya que

emergiram de um grupo diferente de idéias-semente no mesmo ambiente.

Relações entre formas de vida e tabus dietéticos associados

O MDS, como muitas outras cosmogonias Indo-ariano encaram todos os organismos vivos como emergindo de um

antepassado comum, o prajApati, por vários ciclos de descida vertical. O MDS nota alguma espécie de hierarquia dentro da

qual estes organismos se formaram, com uma sugestão clara da divisão da vida em várias classes, cada uma contendo

formas de vida relacionadas entre si (MDS 42-49):

“Eu descreverei as classes de criaturas na ordem descendente da sua gênese. Gado, cervo, bestas carnívoras com

dois jogos de caninos, rakshasas (!), pishachas, e os homens são um grupo de vivos nascidos de úteros. Pássaros, cobras,

crocodilos e tartarugas formam outro grupo de nascidos de ovos, como os animais aquáticos. Besouros, mosquitos, piolhos,

moscas, percevejos e todos seus semelhantes são um grupo nascido de gotinhas em lugares úmidos e quentes. Diversas

plantas pequenas, propagadas através de semente ou por ramos e brotos, plantas anuais que dão muitas flores e frutas e

perecem depois do amadurecer das suas frutas, é o próximo grupo. Aquelas árvores que dão fruta sem flores visíveis são

chamadas vanaspati, e essas, que dão flores e frutas, são chamadas vriksha são o próximo grupo de plantas (Todas

dicotiledôneas?). Aí vem as plantas várias com muitos talos, crescendo de uma ou várias raízes, os tipos diferentes de

gramas, as trepadeiras e as rasteiras todas que crescem de sementes ou de galhos. Então depois há os organismos (Fungos?)

que possuem apêndices escuros multiformes; tudo como resultado das suas forças vitais, possuindo consciência interna e

sensações de experiência.”

Um aspecto importante do MDS é a aceitação de uma comunidade entre as diversas formas de vida animal, plantas e

outros semelhantes. Secundariamente, reconhece uma semelhança básica na sua habilidade de responderem ao sofrerem

sensações várias. Esta unidade de todas as formas de vida exposta pelo MDS se faz visível o tabu ao se considerar o comer

a carne e a expiação de pecados pela destruição de formas de vida. Explicitamente, a matança de um animal por um

brâmane somente com a finalidade de comer carne é fortemente proibida pelo MDS e diz-se que a morte violenta é a

retribuição divina para tal ato (MDS 5.37-38). Carne de matadouro, carne de pássaros, porcos, alho, cebola e alho-porros

são totalmente proibidos para um brâmane (MDS 5.11, 5.12, 5.19). Porém, o brâmane pode comer a carne de certo animal,

oferecida aos deuses em sacrifícios, e cuja carne seja consagrada nos ritos. Estes incluem o pescado - como pathina,

rohita,- e mamíferos como vacas, cavalos, rinocerontes, porcos-espinhos, tamanduás e lebres, e outros como monitores e

tartarugas. O MDS acrescenta um tanto enfaticamente que o comer da carne de acordo com as prescrições anteriores, beber

bebidas alcoólicas e ter prazeres sexuais não são pecados. Porém, acrescenta que a abstenção de excessos traz grandes

recompensas, apesar de tudo (MDS 5. 56). Assim, no MDS vemos uma organização completamente diferente do que a que

podemos observar nos hindus mais recentes.

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Código de Manu

retirado e traduzido de “Código de Manu y otros textos, anónimo”

Os árias hindus não são os primeiros habitantes do vale do Ganges. Vieram do Norte, e, maravilhados com a beleza do país, ali se instalaram. É preciso imaginar-se como é aquela localidade em todos os seus aspectos diversos e opostos: montanhas imensas, as mais altas do globo, de onde descem torrentes aprisionadas em fundos de gargantas; depois temos pântanos e brejos sinistros; na parte oriental do Sind, o deserto com suas solidões fantásticas; logo o rico vale do Ganges, de vegetação soberba; o Ganges propriamente, rio sagrado “cuja origem está no céu”, segundo dizem as lendas.

Tem que se imaginar também os árias, povo de imaginação viva, de sensibilidade sempre emotiva, penetrando nas selvas Sikkin, onde a luz do sol se filtra através dos galhos de árvores gigantescas enrolado por cipós e samambaias monstruosos; onde o solo e os vegetais transpiram uma umidade mortal, “onde inúmeras sanguessugas caem das folhas com a chuva...”, e, mais ao sul, planícies de flores de perfumes acres e violentos.

Os árias devem ter se identificado com este estado natural; devem ter amado suas manifestações deslumbrantes, terríveis, suaves, melancólicas, sempre poéticas. Aqueles amantes do maravilhoso, aqueles contempladores do infinito deviam adorar o sol, a chuva, o ar, a água. Seus deuses deviam ser o deus do fogo, o deus da lua, o deus dos ventos, o deus das pedreiras, dos quais, em linha descendente, se derivou uma inumerável corte de divindades secundárias; de 33 deuses o número passou a 3.300; depois a 33.000; mais adiante a 33.0.000.000...

Os deuses supremos se dividem em divindades femininas, apsaras, cortesãs dos deuses, bailarinas. Os sacerdotes, que formavam, entre os árias, uma casta poderosa, deram a seus antepassados, os richis, ou risis, a

série dos deuses. Esses richis chegaram a ser considerados pela lenda como os filhos de Manú Suayambú, o maior dos 14 manús: esse manú, espécie de regenerador da humanidade depois do Dilúvio, deu-lhes uma lei sagrada que havia recebido de Brahma, criador do Universo.

As leis teocráticas hindus provêm, portanto, de Deus mesmo, segundo os brâmanes. A introdução deste Código grandioso, chamado Darma-Sastra, é a história da gênese do mundo: Manú, em repouso, se entrega à meditação... O mundo estava envolto em trevas e submerso em sonho por todas as

partes. Então, Suayambú, o Ser existente por Si mesmo, enquanto os sentidos extremos podem compreender, fez perceptível o universo mediante os cinco elementos primitivos, manifestou-se e, resplandecendo com a claridade mais pura, dissipou a escuridão...

Havendo decidido ele somente, o Ser Supremo, fazer que todas as coisas emanaram de sua própria substância (da substância do Ser), fez com que surgissem as águas e nelas depositou um germe fecundo.

Este germe se transformou em ovo de ouro, brilhante como astro de mil raios luminosos, e no qual o Ser Supremo se revelou na forma de Brahma...

Por meio de partículas sutis emanadas do Ser se constituíram os princípios de todas as coisas que formaram este mundo perecível, derivado do Ser imperecível. Cada um dos elementos primitivos adquire as qualidades de todos os que lhe procedem: deste modo um elemento qualquer, quanto mais afastado da série esteja, mais qualidades reúne.

O Ser Supremo atribuiu a cada criatura uma categoria diferente, e dispôs nessas categorias, atos, funções e deveres diversos.

Assim foram criados os seres de todas as classes. Esses seres, em virtude dos atos anteriores, nascem entre os deuses, os homens ou os animais, e experimentam

suas transformações sem fim através do mundo que se destrói e se renova sem cessar. Depois de ter criado o universo desta maneira, Aquele cujo poder é incompreensível desapareceu de novo,

absorvido em sua alma repondo o tempo que passa pelo tempo que vem. Quando este deus vela, o Universo realiza seus atos; quando dorme, seu espírito fica absorto numa profunda letargia e o Universo se destrói a si mesmo. E por intermédio destes sonhos e repousos alternados o Ser imutável, sem cessar e sem fim, faz viver ou morrer o conjunto de criaturas imóveis ou viventes.

Um dia de Brahma compreende mais de 4 000 milhões de anos humanos e se divide em 14 épocas: cada uma

destas épocas é presidida por um Manu e terminada por um dilúvio que a tudo destrói. Quando o dia de Brahma acaba, a noite de Brahma começa: então o mundo não existe porque tudo entra no nada

(no indeterminado).

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Um dia e uma noite de Brahma formam um Kalpa, 360 Kalpas constituem um ano divino. Ao término de 100 anos desta categoria, o Universo se dissolverá de novo e o mesmo Brahma entrará no nada (no indeterminado) do Ser Supremo, do Ser que só existe em Si.

Depois, o Ser que existe em Si faz nascer um novo Brahma, e as criações começam tudo de novo. Ao meditar sobre esta sucessão fantástica de criações, de dilúvios, de milhões de anos que se extinguem, para que

depois deles outros períodos de milhões de anos renasçam e se prolonguem, sempre sob a perspectiva incessantemente fugidia do porvir, se crê haver-se penetrado nestes maravilhosos templos da Índia, nos quais as salas, semelhantes umas às outras, se sucedem no silêncio dos subterrâneos, ao longo dos vastos e sombrios claustros onde vários deuses de pedra presenciam o lento fluir dos anos.

O Darma Sastra compreende seis grandes divisões: 1- O Veda; 2- O Vedanta, sistema filosófico; 3- O Achara, cerimônia do culto religioso e preceitos da vida doméstica; 4 O Vyavahara, código de leis políticas e civis; 5- O Prayas-Sitta, tratado das expiações; 6- O Karma-Phala, que determina a sucessão dos atos no desenvolvimento das existências. O primeiro cuidado da lei é o estabelecimento das castas. Cada uma tem seus deveres perfeitamente definidos:

aos brâmanes corresponde o estudo dos Vedas e a celebração dos sacrifícios; os chátrias ou guerreiros devem proteger o povo; os vasías, lavrar a terra e criar animais domésticos; os párias não têm mais que um dever, e é o de servir às classes precedentes.

O Vedanta expõe os deveres dos anacoretas; quando o chefe de família vê que sua pele se enrugou e que seus cabelos branquearam , deve retirar-se para a selva confiando antes sua mulher a seus filhos.

Uma vasilha de barro, o tronco de grandes árvores para habitação, um traje humilde, uma solidão completa, uma

maneira de comportar-se igualmente para com todos, tais são os sinais que distinguem um brâmane que espera o término final.

O brâmane não deve desejar a morte nem a vida... Que purifique a água de beber, filtrando-a em um pano, se bem que com o temor de que pereçam os animaizinhos que nela se encontrem; que purifique suas palavras por meio da verdade... e se lhe dirigirem injúrias, que responda com doçura...

Que permaneça na espera da beatitude eterna, meditando com delícia na alma suprema, não tendo necessidade de nada, inacessível a todo desejo, sem outra sociedade mais que ele mesmo.

Um brâmane deve levar, segundo a lei, um bastão de vilva ou palasa; este bastão deve ser bastante longo para que lhe chegue aos cabelos; o bastão de um chátria deve alcançar até a frente; e de um vasía não deve passar da altura da boca.

Estes bastões devem ser retos, sem rachaduras, agradáveis à vista, revestidos de sua casca natural e não atacados pelo fogo.

O brâmane, provido de seu bastão, depois de ter-se colocado de frente ao sol e de haver dado uma volta ao redor do fogo, andando da esquerda para a direita, deve ir mendigar sua subsistência.

O iniciado que pertença à primeira classe das três regeneradas, ao pedir a esmola a uma mulher, deve começar seu pedido pela palavra Senhora. O que pertença à classe militar, deve colocar a dita palavra no meio da frase e o vasía no final.

Deve pedir primeiramente os meios de subsistência a sua mãe, a sua irmã, ou à irmã de sua mãe, ou a qualquer outra mulher pela qual não deva ser rejeitado.

Depois de haver-se recolhido e purificado, lavando-se a boca, deve tomar seu alimento, dirigindo seu rosto para o Oriente.

Aquele que come olhando ao Oriente prolonga a sua vida; se olhar para o Meio dia, adquire glória; voltando-se para o Ocidente alcança a felicidade, e dirigindo-se ao Norte, obtém a recompensa da Verdade.

Que tome sempre seus alimentos com reconhecimento e os mastigue sem repugnância; que ao vê-los se regozije, se console quando tenha algum pensar, e que faça votos por ter sempre sua subsistência.

Que faça em seguida a ablução de sua boca; que o brâmane faça sempre a ablução com a parte pura de sua mão consagrada a Veda, quer dizer, com aquela parte próxima da raiz do dedo polegar. A parte pertencente ao Criador é imediata à raiz do dedo mínimo; a dos deuses está na ponta dos dedos; a dos Manes se acha entre o dedo polegar e o indicador.

[livroII] [...]

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O jovem noviço deve pronunciar sempre o monossílabo sagrado no princípio e no fim do estudo da Santa escritura; toda leitura que não se fez anteceder de Aum se esvai pouco a pouco, assim como a que não se fez seguir deste monossílabo.

A letra a, a letra u e a letra m, que reunidas formam o monossílabo sagrado, foram tiradas por Brahma dos três livros santos.

Dos três vedas, o Senhor das criaturas extraiu também, estrofe por estrofe, a invocação dirigida ao Sol, e que começa pela palavra Tad.

Repetindo mil vezes, num local afastado, a tripla invocação composta do monossílabo sagrado e das três palavras: Bur, Buva e Suar, um Duidjá se descarrega em um mês de um grande pecado, como uma serpente se despoja de sua pele.

[livro II] [...] O homem que quer casar-se deve evitar unir-se a uma esposa que pertença a uma das famílias seguintes, mesmo

que sejam muito ricas: A família que descuide dos sacramentos; a que não procrie filhos varões; aquela cujos indivíduos tenham o corpo

coberto de pelos compridos ou que padeça de hemorróidas, de tuberculose, de dispepsia, de epilepsia, de lepra branca ou de elefantíase.

Que também não se case com uma jovem de cabelos avermelhados, ou que tenha um membro a mais, ou doente, ou que não tenha pêlos, ou que seja muito peluda, ou insuportável pela sua conversa, ou que tenha o cabelo vermelho.

Que tome por esposa uma mulher bem formada, cujo nome seja agradável de se pronunciar, que ande com a graça de um cisne ou de um elefante jovem, e que tenha cabelos finos, dentes pequenos e membros de certa doçura voluptuosa.

Um pai que conheça a lei não deve receber a menor gratificação ao casar sua filha, porque o homem que por cobiça aceita uma retribuição semelhante, é considerado como se tivesse vendido sua filha.

[livro II] [...] A alimentação dada a um vendedor de soma* para os sacrifícios vira imundícia; a que se dá a um médico se

converte em pus e sangue; a que se proporciona a um encarregado de mostrar os ídolos é perdida; a que se dá a um usurário não recebe a sanção dos deuses.

Se um homem depreciável fixa seus olhos em pessoas honoráveis convidadas a um banquete, o anfitrião não obtém no outro mundo recompensa alguma pela parte do festim correspondente aos indivíduos sobre os quais aquele homem tenha pousado sua vista.

Um cego que tenha estado no lugar de onde um homem depreciável tivesse podido ver as pessoas honoráveis que tomam parte de um banquete, anula para o anfitrião o mérito do serviço feito por este a 90 convidados honoráveis; um horticultor, o de 60; um leproso, o de 100; um tuberculoso, o de 1000.

O brâmane, para cumprir as sagradas regras, deve procurar que se façam oferendas em honra dos deuses; o que incorra na menor transgressão renascerá em outra existência na forma de um porco.

Durante o tempo em que os pratos se conservam quentes e os comensais comem em silêncio, sem falar nas qualidades destes pratos, os manes tomam parte do festim.

Convém que nenhum homem impuro veja um brâmane comer, nem um porco, nem um galo, nem um cachorro, nem uma mulher doente, nem um eunuco. O que estes seres vejam não produz o resultado desejado; o porco o destrói com seu fedor; o galo com o vento de suas asas; o cachorro com seu olhar; o homem vil com seu contato.

[livro IV] [...] É proibido ler os livros santos: durante a noite, quando o vento sopra; durante o dia, quando o vento levanta o pó;

quando relampeja, troveja, chove, ou sobrevêm os grandes cataclismos do céu ou de outras partes. Se se produz um ruído sobrenatural, ou um tremor de terra, ou um eclipse, a leitura deve ter lugar na mesma hora do dia seguinte.

O brâmane não deve estudar estendido em uma cama, nem tendo os pés sobre uma cadeira, nem sentado com as pernas cruzadas, nem estando vestido cm um traje que cubra seus joelhos ou seus rins, nem depois de ter comido carne cozida ou arroz que se tenha repartido por ocasião de um nascimento ou de uma morte.

Nem quando há neblina; nem quando se percebe o sibilar de flechas disparadas ou o ruído de luta; nem durante os momentos que precedem ou que se seguem ao nascer ou ao ocaso do sol, nem durante o dia da lua nova, nem o dia décimo quarto lunar, nem o oitavo dia.

[livro IV] [...]

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O homem que consente na morte de um animal, o que o mata, o que o corta em pedaços, o que o vende, o que prepara comida com suas carnes, o que a serve, e, enfim, o que a come são considerados como co-autores da morte daquele animal.

[...] A lei de Manu regulamentou a sorte das mulheres: foi feita sob preocupações curiosas e sutis; mas serve para nos

dar a conhecer a condição de dependência moral absoluta, mesmo que mesclada de respeito, em que se achavam as mulheres da Índia.

O nome da mulher deve ser de pronúncia fácil, doce, clara, agradável; deve terminar em vogais longas e parecer-

se a palavras de bênção. Procriar filhos, educá-los e ocupar-se com os cuidados domésticos, tais sãos os deveres das mulheres. Uma menina, uma jovem, uma mulher de idade avançada, em nenhum caso, nem mesmo em sua própria casa,

devem fazer nada por sugestão exclusiva de sua vontade. Nunca deve governar-se a si própria uma mulher: em sua infância depende de seu pai; em sua juventude de seu

marido; e quando seu marido morre, depende de seus filhos. A mulher deve sempre se mostrar de bom humor, conduzir com habilidade os assuntos da casa, cuidar

esmeradamente dos móveis, e proporcionar a seu marido um grato bem-estar com o menor gasto possível. Toda família em que o marido se compraz com a mulher e a mulher se compraz com seu marido tem assegurada

para sempre a felicidade. Mesmo que a conduta do esposo seja censurável, porque este se entregue a outros amores ou porque se ache

desprovido de boas qualidades, a mulher deve permanecer virtuosa e seguir reverenciando seu marido como se fosse um deus.

Não há sacrifícios, nem práticas piedosas nem jejuns que sejam particularmente concernentes às mulheres; uma mulher casada deve querer e respeitar seu marido, e isto lhe basta para ser honrada no céu.

Depois de ter perdido seu marido, a mulher deve procurar enfraquecer voluntariamente seu corpo, vivendo de flores e frutas puras, e jamais deve pronunciar o nome de outro homem.

Uma mulher infiel a seu marido se reduz à ignomínia durante a sua vida terrestre. Depois de sua morte, renasce dentro do ventre de um chacal, ou será atacada de elefantíase ou tuberculose.

Todo filho dado à luz por uma mulher que tenha tido comércio carnal com outro homem diferente de seu marido, não é filho legítimo desta mulher; do mesmo modo, o filho engendrado por um homem numa mulher alheia, não pertence a este homem.

A mulher virtuosa que depois da morte de seu marido se conserva perfeitamente casta vai diretamente para o céu, mesmo que não tenha tido filhos.

Mas a viúva que, pelo desejo de ter filhos, foi infiel a seu marido, depois da morte deste, incorre no desprezo das gentes e será excluída da mansão celestial de onde terá sido admitido seu esposo.

[livro V] [...] A terra e a água purificam o que está manchado; um rio se purifica pela sua correnteza; uma mulher que tenha tido

pensamentos culpáveis se purifica pela doença; a inteligência se purifica pelo saber. Os tecidos de lã ou de seda se purificam por meio de terras misturadas com sal; os tapetes de lã do Nepal, com os

frutos da saboneteira; as túnicas e as capas, com os frutos da vilva; os tecidos de linho, com grãos de mostarda branca macerados.

A erva, a lenha e a palha se purificam sendo regados com água; uma casa, varrendo-a e impregnando-a com esterco de vaca.

Uma coisa picada por um pássaro, cheirada por uma vaca, ou que tenha sido tocada pelo pé, ou por sobre a qual se tenha espirrado, ou que tenha sido manchada pelo contato com um piolho, ficará purificada mediante uma aspersão de terra úmida.

A mão de um artesão é sempre pura, enquanto ele trabalhe; também toda a mercadoria exposta à venda. A boca de uma mulher é sempre pura; um pássaro é puro no momento em que faz cair um fruto; um animal é puro

enquanto mama; um cachorro o é enquanto se dedica à caça de animais bravos. As moscas, os perdigotos que escapam da boca, a sombra de uma pessoa impura, uma vaca, um cavalo, os raios

de sol, o pó, a terra, o ar e o fogo que tenham tocado objetos impuros, apesar disso, devem ser considerados como puros. Depois de ter dormido, depois de ter espirrado, depois de ter comido, depois de ter cuspido, depois de ter dito mentiras, o indivíduo deve lavar sua boca mesmo que se encontre em estado de pureza.

[livroV] [...]

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Um rei, por seu poder e em seus atos, deve se esforçar para emular os deuses... Castigando os malvados e recompensando as pessoas de bem é assim que o rei se purifica; e os povos correrão até

ele como os rios para o oceano. O mundo privado de reis era, por todas as partes, presa do temor: então o Senhor criou um rei, tomando partículas

eternas da substância de Indra, de Anila, de Yama, de Surya, de Agni, de Varuna e de Chandra. Um rei sobressai em magnificência a todos os demais mortais, porque está formado de partículas da essência

daqueles deuses principais. Quando o rei, em sua benevolência, reparte os favores da fortuna, e com seu valor decide a vitória, e com sua

cólera causa a morte do homem injusto, reúne toda a majestade dos guardiões do mundo. Um rei nunca deve se separar das regras que lhe servem para determinar o lícito e o ilícito. Depois de haver deliberado com seus ministros sobre tudo o que é concernente ao Estado, depois de ter feito os

exercícios que convém a um guerreiro e de ter se banhado ao meio dia, que entre o rei em seus aposentos interiores para comer.

Ali deve se servir dos pratos preparados por servidores devotos de sua pessoa e dotados de uma fidelidade inabalável; seus alimentos devem ser examinados escrupulosamente, consagrados por orações que neutralizem o veneno, e misturados com antídotos.

Que mulheres cujos vestidos e adornos tenham sido examinados com antecedência, pelo temor de que ocultem armas ou substâncias tóxicas, vão abaná-lo.

Depois de ter comido, que se distraia com as suas mulheres no aposento interior conveniente e, quando tiver se regozijado durante um tempo regular, que se ocupe novamente dos negócios públicos.

Que passe em revista as tropas de guerra, os elefantes, as armas e os carros. De tarde, que se providencie com suas armas um lugar adequado do palácio para ouvir os informes secretos de

seus espiões. Depois deverá voltar rodeado das mulheres que o servem, ao aposento interior, para jantar. Logo que tenha comido pela segunda vez em quantidade moderada, pode entregar-se ao repouso, quando seja

oportuno. Tais são as regras que deve seguir um rei, para se sair bem. Quando se sentir enfermo, deve confiar aos seus

ministros o cuidado de seus assuntos. [livro VII]

[...] A lei usa palavras severas sobre os castigos. O castigo é um rei dotado de energia; é um administrador hábil, um sábio dispensador da lei. Governa e protege o gênero humano, e vigia enquanto todos dormem, é a justiça. O castigo, aplicado com circunspeção e oportunidade, assegura a felicidade dos povos, empregados sem

consideração destrói os reinos desde os seus fundamentos. Se o rei não castigasse sem reparos aqueles que merecem castigos, os mais fortes chegariam a ser vítimas dos

mais débeis. O guerreiro não deve empregar contra seus inimigos armas pérfidas nem flechas envenenadas, nem dardos dentados, nem setas com fogo.

Também não deve golpear seu inimigo se este estiver a pé e aquele que vai no seu carro; nem deve maltratar aquele que junta as mãos para pedir clemência; nem aquele que lhe diz: “Sou seu prisioneiro”.

[livro VII] [...] Aquele que pronuncia um falso testemunho com a esperança de obter algum benefício, deve ser condenado a 1

000 cortes de veludo de multa; se mentiu por medo, a multa deve ser de 150 cortes de veludo; se obedeceu a amigos, pagará 1000 cortes de veludo; se faltou com a verdade por concupiscência, 200; por aturdimento, 100 cortes de veludo apenas...

[livro VII] A lei é severa para o adultério. Se uma mulher que se orgulha de sua família é infiel a seu esposo, o rei deve fazer com que seja devorada por

cachorros em praça pública. O homem cúmplice da mulher adúltera será condenado ao fogo, que sofrerá estendido em um leito de fogo

esquentado até as brasas por fogueira feita de bambus secos. Pelo adultério com uma mulher da classe dos brâmanes, um vaisía será privado de seus bens depois de um ano de

detenção; um chatría sofrerá a pena de 1 000 panas de multa e sua cabeça será suja e regada com urina de asno. [...]

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Que o rei se guarde muito bem de matar um brâmane, mesmo que este tenha cometido todos os crimes imagináveis; que o desterro para fora do reino, mas deixando-lhe todos os seus bens.

[...] Uma esposa, um filho, um escravo, por efeito da lei, não possuem nada por si mesmos; tudo o que puderem

adquirir é de propriedade exclusiva daquele de quem dependem. Um brâmane, ao achar-se necessitado, pode, com toda tranqüilidade de consciência, apropriar-se do que pertence

a seu escravo, sem que o rei possa castigá-lo. [livro VII]

As mulheres, mesmo que estejam presas em sua casa sob a vigilância de homens fiéis e devotados, não estão bem

guardadas: somente pode haver segurança nelas quando elas mesmas, e por sua própria vontade, se guardem. [...] Por causa de sua paixão pelos homens, pela inconstância de seu caráter e pela falta de afeição que lhes é natural,

por muito que se as guarde com vigilância, podem ser infiéis a seus esposos. Manu dividiu as mulheres pelo amor do leito, dos presentes, da concupiscência, da cólera, das más inclinações, do

desejo de fazer mal e da perversidade. Uma mulher estéril deve ser substituída ao cabo de oito anos; uma, cujos filhos todos tenham morrido, deve ser

substituída aos dez anos; aquela que não dá ao mundo nada mais que filhas, ao décimo primeiro ano; a que fala com aspereza, imediatamente.

Quando não se tem filhos, a primogenitura que se deseja pode ser obtida mediante a união da mulher, convenientemente autorizada pelo esposo, com um irmão ou com outro parente.

[...] Por crimes cometidos nesta vida ou por faltas de uma existência precedente, alguns homens de coração perverso

padecem de certas enfermidades ou deformações: o que roubou ouro de um brâmane padece de doença nas unhas; o que bebeu licores proibidos terá seus dentes negros; o assassino de um brâmane sofre de conjunção pulmonar; o homem que tenha manchado o leito de seu pai espiritual é mutilado.

O que se compraz em divulgar as más ações tem um odor fétido no nariz; o ladrão de grãos tem um membro a menos; o que faz adulterações, um membro a mais.

Um brâmane que saiba de memória o Rig Veda todo, inteiro, não lhe será imputado nenhum crime mesmo que tenha matado os habitantes dos três mundos ou pedido a subsistência a um homem vil.

[livro XI] [...] Os vegetais, os vermes e os insetos, as serpentes, as tartarugas, o gado e os animais selvagens têm as condições

mais baixas da qualidade de obscuridade. Os elefantes, os cavalos, os sudras, os bárbaros depreciados, os leões, os tigres e os javalis formam os estados

médios da qualidade de obscuridade. Os bailarinos, os pássaros, os homens que são mentirosos por ofício, os gigantes e os vampiros compõem a ordem

mais elevada da qualidade de obscuridade. Os jogadores de taco, os saltimbancos, os atores, os mestres de armas, os homens entregues ao jogo ou aos licores

embriagadores constituem os estados mais baixos da qualidade de paixão. Os músicos celestes, os gênios que seguem aos deuses e às ninfas celestes são os mais elevados da qualidade de

paixão. Os anacoretas, os brâmanes, as legiões de semideuses nos carros aéreos formam o primeiro grau das condições da

qualidade de bondade. Os sacrificadores, os santos, os deuses, os gênios dos Vedas e as divindades dos anos compõem o grau

intermediário que conduz à qualidade de bondade. Brahma, o criador do mundo, o gênio da virtude, e as divindades que presidem o princípio intelectual e o princípio

invisível, são o supremo grau da qualidade de bondade. [livroXI]

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MARCOS ANTIGOS

ÍNDIA-- “A ALMA-MATER"(1) TEOSOFIA, VOL. 19, nº 11, setembro, 1931 (Páginas 495-501; Tamanho: 20K) (Número 43 de uma série de 59-parte)

IV- CÓDIGOS DE DEVERES

SMRITIS são tradições transmitidas oralmente; a palavra Smriti quer dizer Memória. A origem oculta é óbvia:

foram passados oralmente os fatos que não puderam ser transcritos; também o valor cultural da memória era muito

reconhecido, pois a orelha era considerada mais importante que o olho, e a palavra falada era mais usada educacionalmente

que a palavra escrita. O seu outro nome é Dharma-Shastra - Códigos de Lei, ou o Conhecimento das Leis dos Deveres. Há

quatro grandes Códigos reconhecidos, até mesmo pelos Tribunais do Governo britânico, e estes constantemente são usados

para buscar precedentes, etc. Da mesma maneira que os Itihasa-Puranas são realidades vivas nas casas da Índias, assim é o

Smritis, vital e essencial no governo e na administração cívica. Eles são: (1) Manu Smriti, sobre o qual o grande teósofo

Mahatmas escreveu a H.P.B. aconselhando aos estudantes de esoterismo "que estudem Manu"; (2) Yagnavalkaya Smriti;

(3) Shankha Likhita Smriti; (4) Parashara Smriti. Também há outros, alguns dos quais contêm regras e leis para ocasiões

especiais e precedentes para casos desfavoráveis e casos extraordinários.

De todo o Smritis, o Manu Smriti é o mais importante. Também é conhecido como o Manava Dharma Shastra.

Como outros textos autênticos, começa com o universal do qual procedem as particularidades. Por que éticas e ritos de

descrição particular deveriam ser praticadas está demonstrado pelo fato que estes repousam na verdade filosófica e

metafísica e nela têm a sua origem. Logo, o Código de Manu começa com a história de Svayambhu, o Ser que emana

brilho por Sua própria Vontade e o qual só pode ser percebido através de visão sutil. Então segue a manifestação de todos

os outros - princípios humanos, espírito, mente, corpo e as suas correspondências cósmicas e fontes. Em breve exposição,

mas sem lacunas, o Código dá a fundamentação, cósmica e universal, para a conduta humana. Aconselha a todos os

homens que aprendam a Lei Sagrada que é completamente conhecida pelos Iluminados; mas que dela se tem um

conhecimento intuitivo que é dado pelos mortais virtuosos que a seguem; dá a esses que praticam o poder dos poderes -

ficar livre de ódio e afetos irregulares (II, 1). Se o estudante, por causa do desejo intuitivo, tiver intenção de desempenhar o

seu próprio Dever, de acordo com os ensinos deste grande Código, verá que nele se abre o olho do discernimento (II, 8). E

como nenhum único ato executado pelos mortais na terra é livre de desejo (II, 4) o Código experimenta a tarefa de ensinar

como executar os deveres congênitos.

Agora, toda a luta da existência humana se baseia na luta do dever. O homem descarta o seu próprio dever porque

é desagradável e, por conseqüência, assume deveres que não são dele, e assim forja ligações com uma escravidão futura.

Ele se apressa a executar ações que não são os seus deveres e foge das suas reações legítimas quando elas têm que ser

enfrentadas. O que, então, é o dever congênito? Como um mortal comum não é capaz de determiná-lo pelo próprio esforço,

os Mestres codificadores dão indicações, sinais e símbolos. Como um homem saberá qual é o seu dever? Seguindo a

instrução dada nos Códigos, onde são descritas as fases diferentes da evolução humana, cada com suas qualidades

apropriadas e atributos. Da mesma maneira que, estando em uma cidade estranha, com a ajuda de um mapa os viajantes

encontram uma rua particular, e aonde aquela rua conduz, assim também, com a ajuda dos Códigos, uma alma nascida em

um ambiente novo pode aprender o seu lugar e pode se posicionar no esquema das coisas. Por esta razão ritos e

sacramentos são colocados, e as castas e estados são detalhados. Do nascimento à morte, a vida é um ritual longo e a linha

da vida, sutra-atma, é o Dever.

Seria impossível dizer de forma completa o que Código de Manu nos traz. Além disso, temos que estar vigilantes

contra a interpolação feita por sacerdotes e outros, com interesses vários. Uma vez mais, a chave da Teosofia, a religião de

bom senso por excelência, deve ser aplicada. De acordo com o Bhagavata Purana, bem lá para trás, nas névoas de um

passado esquecido, houve um tempo em que havia entre os hindus só “Um Veda, Uma Deidade, Uma Casta”. Então entrou

o ciclo das divisões naturais em quatro castas, as quais depois foram degradadas na instituição tirânica que o sistema é

agora. Examinaremos aqui os dois ensinos principais sobre Casta (Varna) e Estado (Ashrama), especialmente como podem

ser usados na prática, e como podem ser postas em serviço em nossa civilização moderna.

Diz-se que a origem das Castas é o próprio Brahma; para fazer a terra prosperar Ele fez o Brahamana nascer da

sua boca, o Kshatriya dos seus braços, o Vaisha das suas coxas e o Shudra dos pés. O ponto significante a ser notado é que

nascem de Brahma e que, realmente nas formas originais delas, nenhuma distinção de superioridade ou inferioridade é

feita. Estas castas são universais e o Código de Manu as aplica para o reino humano inteiro. Para proteger o universo, Ele,

o mais resplandecente, nomeou ocupações separadas a esses que saíram da sua boca, braços, coxas, e pés”(I, 87), e é dito

que "não há nenhuma quinta casta" (X, 4). Esses que não nascem de Brahma são nomeados Dasyus. Há muito

desentendimento e má interpretação neste assunto, porque na realidade as quatro castas têm uma significação esotérica e

representam o trabalho de quatro classes de supra-físicos, mas sendo todos os mesmos seres corpóreos (S.D. II, 89) que são

destituídos de intelecto (S.D. II, 91). A Doutrina Secreta contém a real chave à solução deste problema. Primeiro, deve se

perceber claramente que, por mais importante que o fato de um nascimento possa ser, a instituição de castas é determinada

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pelas marcas íntimas de nascimento. Nas primeiras Yugas, quando o balanço de evolução era rítmico, fisicamente e supra-

fisicamente, materialmente e espiritualmente, as leis de casta trabalharam infalivelmente, i.e., só uma alma apropriada

encarnava no corpo de uma casta. Mas neste Kali-Yuga, a confusão nas castas temida por Arjuna no Bhagavad-Gita

aconteceu. Hoje em dia, em casos sumamente raros, virtuosos de alma acham veículos virtuosos para encarnar. No mundo

inteiro a confusão de casta prevalece, causando problemas inumeráveis - entre eles, o problema de Varna, a cor. O

problema de cor na América, na Índia e em outros lugares achará seu verdadeiro significado e solução quando o Código de

Manu for realmente compreendido e, para tanto, a chave da Filosofia Esotérica tem que ser aplicada.

O Código de Manu diz: "O Comportamento desmerecedor de um ariano, dureza, crueldade e negligência habitual

dos deveres prescritos, trai neste mundo um homem de origem impura” (X, 58). Por este critério há apenas poucos homens

de casta! Novamente há muito nesta declaração paradoxal: tendo considerado o caso de um não-ariano que age como um

ariano, e de um ariano como que age um não-ariano, o criador declarou – “Esses dois são nem iguais nem desiguais.”

O Gita define as virtudes e atributos de cada casta. O próprio Karma determina a casta na qual uma alma nasce,

como pelo Karma passado atrai a ela os seus instrumentos que possuam Gunas ou atributos. Karma e Guna - ações e

qualidades – determinam a casta de um homem. Nós temos que notar o elemento dual das forças, espiritual e material.

Casta não é da Alma nem do corpo, mas surge fora da ação do conjunto dos dois. Krishna é o "autor" destes (Gita IV, 13).

Os deveres naturais das quatro castas ficam definidos (XVIII Gita, 41-44).

Cada e todo ser humano pertence a uma das quatro castas: Aquele cuja inclinação natural é estudar e ensinar,

sacrificar o ego a Ele e o ego dele para outros egos, ser generoso ao dar e a humildade em aceitar presentes, este é um

Brahmana, qualquer que seja o caminho dele na vida. Aquele cuja inclinação natural é oferecer proteção a todos, dar

presentes, oferecer sacrifícios, estudar e lutar contra a vida sensual, este é um Kshattriya, qualquer que seja o seu estado na

vida. Aquele cuja inclinação natural é acumular riqueza pela agricultura ou comerciar, pedir dinheiro emprestado e

emprestar, é um Vaishya, qualquer que seja seu lugar na vida. Aquele cuja inclinação natural é ser dependente de outros e

labutar para eles é um Shudra, qualquer que seja a posição que ocupe em vida. Estas inclinações naturais que expressam

qualidades mostram que vícios deveria evitar a pessoa e que virtudes deveria cultivar.

Ainda mais prática é a divisão de uma única vida em quatro compartimentos chamados Ashramas, ou estados,

sobre os quais também os Smritis fazem referência repetida e contundente. Vamos dar uma espiada neles.

A instituição de Casta descreve o círculo maior do desdobramento fixo e rítmico do homem por muitas vidas. As

cores das suas qualidades, desde a Inércia escura, passando pelo verde da Mobilidade, para o brilho dourado da Verdade e

o branco brilhante da Pureza do Um, marcam o progresso firme e longamente alcançado. A Ciência esotérica ensina que

esta mudança de cores verdadeiramente acontece no astral íntimo do homem. As Sombras de cores no Homem Astral são

tão reais quanto a pigmentação da pele, cor do olho, brilho do cabelo, etc., no seu corpo físico. Estes desenvolvimentos

representam uma linha longa de evolução pelo círculo de muitos nascimentos e mortes, e pertencem ao reino humano

inteiro.

Semelhantemente, os Códigos de Deveres posicionam o ritmo do progresso no círculo menor de uma única

encarnação. Se há uma confusão de castas, e sua sucessão, não-reconhecimento do fato que a evolução de homem pode

acontecer ao longo de linhas harmoniosas, assim também há confusão neste Kali-Yuga, quando jovens que deveriam estar

aprendendo viram escravas, quando os homens e mulheres que deveriam estar constituindo lares utilizam dispositivos

demoníacos para quebrar a dignidade da paternidade, e quando os homens velhos se agarram a posses mundanas ou a

passatempos mundanos, e morrem numa couraça, com as suas mentes fixas na terra, em vez de estarem fixas na quietude

da contemplação espiritual. Pode levar um tempo mais longo para o homem moderno perceber a sabedoria do ensinar

antigo sobre as castas, entender as quatro fases pelas quais cada um passa em uma única vida. Uma vez percebido o

esquema posterior de progresso rítmico, porém, não será muito difícil de se ver a verdade que está por baixo do anterior.

O que é o ensino sobre o quatro ashramas, ou ordens?

Cada ser humano deveria atravessar (1) escolaridade, (2) vida familiar, (3) contemplação não-mundana, (4) serviço

dos membros da sua raça humana.

I. Escolaridade chama-se Brahmacharya - serviço de brâmane, i.e., o estudante está adquirindo o conhecimento

agora para o serviço da Deidade onipresente ou Natureza, para todo o resto da vida dele. O termo é traduzido como

continência, celibato, porque a pureza de sexo é o centro da virtude, o fundamento da vida do estudante – “nunca o deixe

desperdiçar a sua humanidade” (II, 180). Também, o aprender, que é considerado como um processo acumulativo, tem

como sua contraparte a preservação das forças criativas, o agrupar das forças que só na próxima fase deveria ser usado. A

relação entre estes dois será vista neste verso: "Esses órgãos que são fortemente presos a prazeres sensuais, não podem

assim efetivamente ser contidos pela abstinência nem pela busca constante de conhecimento” (II, 96). Então, o termo

Brahmacharya tem este significado dual - celibato e serviço: à criação da progênie intelectual e física segue o ajuntamento

dos poderes seminais de ambos os tipos.

Sabedoria é a meta do estudante e para qualquer ramo de conhecimento que ele possa ter se ocupado em adquirir, é

chamado para observar as regras gerais seguintes:

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Um homem sábio deveria se esforçar para conter os seus órgãos que correm selvagens entre fascinantes objetos

sensuais, como um cocheiro e os cavalos dele. Esses onze órgãos que os sábios antigos nomearam, vou corretamente (e)

precisamente enumerar na ordem devida, a orelha, a pele, os olhos, a língua, e o nariz como o quinto, o ânus, o órgão de

geração, mãos e pés, e o (órgão da) fala, nomeado como o décimo. Cinco deles, a orelha e o resto de acordo com a sua

ordem, chamam órgãos dos sentidos, e cinco deles, o ânus e o resto, órgãos de ação. Saiba que o órgão interno (manas) é o

décimo primeiro, o qual por sua qualidade pertence a ambos (conjuntos); quando esse for dominado, terão sido dominados

ambos conjuntos de cinco. Pelo contato dos seus órgãos (para prazer sensual), um homem incorrerá em culpa

indubitavelmente; mas se ele os mantiver sob controle completo, obterá sucesso (alcançando todas as metas). (II, 88-93).

As regras de vida são muito mais acentuadas que os objetos de estudo. O que diria estudante universitário de hoje

sobre isto:

Deixe-o se privar de carne, perfumes, substâncias saborosas, e de provocar dano a criaturas vivas. Deixe-o se

privar de ungir o seu corpo, aplicar colírio nos olhos, assim como se privar do desejo, dançando, cantando, jogando,

olhando as mulheres atraentes; também das disputas inúteis, caluniando, e seduzindo ou sendo seduzido.

II. A fase de Dono da casa desdobra-se para a fase de estudante. O estudante morava no casa do professor dele, o

que era até como um internato. Ashram de Grihastha é a fase de construção do lar, o que se segue ao matrimônio.

Considera-se que esta fase é a mais elevada das quatro, pois dela as outras três saem. (VI, 87).

Como todas as criaturas vivas subsistem recebendo o apoio do ar, assim todas as ordens subsistem recebendo apoio

do dono da casa. (III, 77).

Regras detalhadas e regulamentos elaborados foram determinadas para esta fase - começando com o matrimônio.

Nossos estudantes modernos de Eugenias, que estão procurando no escuro, ganharão muito com um estudo cuidadoso e

discriminado destas seções do Código de Manu. Para esses que acreditam que as Leis de Manu mantêm preso e baixo o

status da mulher, o seguinte pode ser citado:

As mulheres devem ser honradas e adornaram pelos seus pais, irmãos, maridos, e cunhados se eles desejam o seu

próprio bem-estar. Onde as mulheres são honradas, lá os deuses estão contentes; mas onde elas não são honradas,

nenhum rito sagrado rende recompensa. (III, 55-56).

Seria impossível entrar em detalhes, e assim nos permitiremos mais uma mais afirmação que resume a vocação de

um Grihastha, um cavalheiro:

Não o deixe fora do desejo de se prender a prazeres sensuais, e deixe-o obviar uma excessiva ligação a eles,

refletindo no coração dele sobre a sua inutilidade, cuidadosamente. Deixe-o evitar todos os meios de amealhar riquezas, o

que impede o estudo do Veda; deixe-o manter-se de alguma maneira, mas mantenha-o estudando porque pelo estudo ele

afiança a realização das suas metas. Deixe estar em seu modo de vida com seu trajes, falas e pensamentos de

conformidade com a idade dele, a sua ocupação, a sua riqueza, a sua aprendizagem sagrada e a sua raça. (IV, 16-19).

III. Vanaprastha, a fase de morador da Floresta segue-se. Quando um homem estiver começando a ficar enrugado,

quando os cabelos cinzentos estiverem ficando brancos, quando vir os netos dele ao seu redor, então é o tempo da vida

pensativa, para perceber que tem que buscar aposentadoria, deixando também a sua esposa aos cuidados dos filhos, ou ser

acompanhado por ela, se ela estiver disposta. O trabalho do morador da floresta está recitado nos textos sagrados; a

independência dele não é pelo recebimento de presentes; o ritual dele estará com os três fogos sagrados. O Código

descreve o que deve comer e como deve viver e, para atingir a união com a Alma Suprema, deve estudar os Upanishads.

IV. Da mesma maneira que a fase de estudante é a fase preparatória para a de dono da casa, também a fase de

morador da floresta precede a quarta, a de Sannyasa, Renúncia completa. Nela, um homem entra em contato com os

membros da sua raça humana e vive para eles:

Não o deixe desejar morrer, não o deixe desejar viver; deixe-o esperar a sua hora, como um criado pelos seus

salários. Não o deixe ficar bravo contra um homem bravo; deixe-o abençoar quando for amaldiçoado; não o deixe com a

fala absoluta, destituída de verdade, espalhada nos sete portões. Nem explicando prodígios e presságios, nem por

habilidade em astrologia e quiromancia, nem dando conselho, deixe-o sempre buscar obter esmolas. Através de meditação

profunda, deixe-o reconhecer a natureza sutil da Alma Suprema, e sua presença em todos os organismos, tanto os mais

altos quanto os mais baixos. Deixe-o reconhecer pela prática da meditação o progresso da alma individual pelos seres de

tipos vários, um processo duro de entender pelo homem impenitente.

O estudante de Teosofia reconhecerá em tudo isso muito suas das próprias instruções e no seu esforço sincero de

mudar a mente da raça achará estes ideais antigos de significação profunda e de grande valor. Simplicidade e beleza saíram

da vida. Complexidades feias prenderam a Alma e produziram maldade. Iniqüidades prevaleceram porque o Dharma, a Lei

do Dever, não foi praticado. Seu conhecimento nos ajudará a trazer ao mundo o Dever e, com a simplicidade dos Deveres

da vida, assim também sua beleza virá à tona.

nota do compilador: O artigo seguinte é separado do anterior, mas estava na mesma página. Achei que era útil incluí-lo:

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OS VÁRIOS “FOGOS”

A doutrina ensina que a única diferença entre os objetos animados e os inanimados na terra, entre um animal e um

corpo humano, é que dentro de alguns os vários “fogos” estão latentes, e em outros estão ativos. Os fogos vitais estão em

todas as coisas e nenhum átomo é destituído deles. Mas nenhum animal tem os três princípios mais elevados despertados;

eles são simplesmente potenciais, latentes, e portanto, não-existentes. E assim seriam as compleições dos homens até hoje,

se os tivessem deixado conforme saíram dos corpos dos seus Progenitores, cujas sombras eram, ao crescer, multiplicadas

só pelos poderes e forças imanentes na matéria. --S.D., II, P.267.

MARCOS ANTIGOS

INDIA – “A ALMA MATER” TEOSOFIA, VOL. 19, n°. 12, outubro, 1931 (Páginas 535-539; Tamanho: 15K) (Número 44 de uma série de 59-parte)

V – SOBRE A REVELAÇÃO

SRUTI quer dizer Revelação. Smriti é o resultado de recordação do "que é ouvido," i.e., Sruti. Nas religiões

Ocidentais, tanto no Cristianismo moderno como no Judaísmo, a Revelação tem a conotação do que é revelado por Deus

aos Profetas escolhidos d’Ele. No Hinduísmo não significa nada disso. Pela pureza de vida, estudo e meditação, a alma

humana torna-se capaz de ouvir a Canção da Vida que Mãe Natureza canta na Voz do Silêncio; assim as almas altamente

evoluídas repetem no idioma de palavras o que é ouvido; aquela repetição é Sruti, ou Revelação. Nas margens dos rios

sagrados, no coração das florestas vivas, os sábios ouvem pela alma o que os Mahatmas e Nirmanakayas e Devas disseram

e cantaram; eles viam pela Alma o que o "Sustentador do Universo", o que "os Conhecedores da essência das coisas"

estavam fazendo pelo dever e pelo sacrifício; o que eles ouviram e viram eles descreveram, e a fiel descrição é o Sruti. Este

não é o trabalho de um ou vários indivíduos isolados, mas é o grande registro da Verdade feito pelo conferir, testar e

verificar o trabalho de cada um com todos os outros, e por séculos de experiência.

O Sruti é composto de Quatro Vedas. O ocultismo ensina que estes foram entregues através de Sábios Primevos no

Lago Manasa-Sarovar, além do Himalaya, dezenas de milhares de anos atrás.

Não é, comparativamente falando, importante discutir a era exata na qual os Vedas foram transcritos primeiro, ou

subseqüentemente organizados. As fases parecem ser: primeira, a idade quando eles foram ouvidos e lembrados; segunda,

a idade quando foram transcritos completamente; e em terceiro lugar, a idade quando foram rearranjados até que se

chegasse à sua forma atual. H.P.B. diz, "Eles são os mais antigos como também o mais sagrado dos trabalhos em

Sânscrito”.

Existem, hoje em dia, quatro Vedas: Rig, Yajur, Sama e Atharva. Se os Vedas de hoje contêm o seu Impulso

Original e a sua Visão Original, é duvidoso; isto, porém, pode ser levado como certo: que a eficácia do que existe não

consiste no seu significado superficial, mas o seu cantar correto. Originalmente havia três classes de sacerdotes, instruídos

e santos, Hotri, Adhvaryu, e Udgatri; os primeiros usavam o Rig, os segundos o Yajur, e o terceiros o Sama. O uso do

quarto, ou Atharva Veda, foi limitado a alguns versados no esoterismo dos três.

Os Hinos do Rig Veda são altamente filosóficos e descrevem os processos de Natureza visível e invisível e coloca

o Gênio Regente acima de todo esse processo. Até mesmo hoje em dia, através da repetição certa, as mentes puras podem

entender o plano de ação na Natureza que é um Todo Vivo.

Os Cantos do Sama Veda são canções de paz e reverência que desvelam os Poderes e Potências daquela Natureza

Viva; ainda hoje, cantados adequadamente produzem resultados.

Os Ritos do Yajur Veda detalham o desempenho de todos os sacrifícios; ensina por que, onde, quando e como

estes rituais deveriam ser executados. O real conhecimento está quase perdido, pois baseia-se naquela Fé ou Vontade que

são tão raros, e até mesmo o entender intelectualmente do que significa e do que é insinuado ficou difícil. Com a elevação

de Conhecimento Espiritual, que fortalece a Vontade Espiritual, será novamente conhecida a arte efetiva do puro ritual -

primeiro na Índia, e então no mundo.

Os encantamentos sagrados, fórmulas e provérbios que curam todas as doenças, físicas, mentais e morais, e

também por quais fenômenos mágicos podem ser executados, são determinados no quarto, ou Atharva Veda.

Estes quatro perfazem o fundamento do Sruti, ou Revelação, no qual edifícios majestosos estão baseados.

Cada Veda é dividido em três partes: Mantras ou Samhitas, Brahamanas e Aranyakas. Mantras são versos usados

como encantamentos e compunham-se de sons do poder. Samhita quer dizer coleção. Em cada Veda há versos de poder

sonoro, e todos eles, como numa coleção, são conhecidos como o Mantra Samhita do Veda. Eles são uma poesia majestosa

dirigida aos Devas e cantam a sua glória. Naqueles dias de antigamente, estes Mantras eram praticamente eficazes no seu

uso. No momento atual, todos reconhecem que são místicos e poderosos, mas ficam limitados o seu conhecimento e o seu

uso prático ao círculo encantado de Mahatmas e os seus discípulos; porém a mera repetição deles é muito generalizada, e

enquanto as pessoas não sabem usá-los, ficam atentos por causa da tradição do que um certo Mantra deve querer dizer para

produzir certos resultados definidos. Porém, o poder oculto deles não reside nas palavras, mas na inflexão ou acento dado,

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e o som necessário originou-se assim. Entre os Brahamanas muito ortodoxos de hoje em dia, há alguns que adquiriram por

hereditariedade a entonação correta, e a repetição automática deles não é completamente infrutífera.

Porém, há um significado maior que deveria ser dado à instituição do Mantra para entendermos completamente

para o que é tudo que está nesta seção dos quatro Vedas. Toda letra do alfabeto representa um Número, tem uma forma e

cor, além de um som. No alfabeto sânscrito há quarenta e nove letras, cada um número com uma cor, som e forma, e cada

uma é representativa de um Poder oculto na Natureza, de uma Força do universo invisível, chamado Deva, Brilhante, um

Deus Resplandecente. Deva-Nagari é o nome dos caracteres do alfabeto de Sânscrito.

Há Palavras Poderosas como Aum, Sat, Tat; ou frases e orações como Gayatri. Assim, para dar um exemplo destas

palavras iluminadas e nascidas do fogo: Manu registra que Prajapati ordenhou do Vedas três palavras ígneas -Bhur do Rig,

Bhuvah do Yajur, e Swar do Sama. Todas as três são potências criativas. O Satapatha Brahamana explica que elas são "as

três essências" luminosas do Vedas do calor pelos Pais Praja-patis. Brahmá proferiu Bhur, e eis! a terra; Bhuvah, e logo

após materializou o firmamento de Luz Astral; Swar, e havia o Céu das Idéias. Diz-se, e é verdade realmente, que Atharva-

Veda rendeu a quarta essência luminosa e a palavra Mahar, mas é tão puramente mágico que mesmo a sua entonação não

pode nem sequer ser ensinada, mas resulta da purificação da mais baixa tríade no homem.

Brahamanas são distintos de Mantras. Eles são comentários autênticos nas porções do Vedas que eram planejadas

para o uso ritualista e a orientação da casta de Brahamanas, e inclui as orações. A real casta de Brahamana (não os dos

relatórios do Censo) é composta de homens e mulheres que são nascidos duas vezes, Dwijas, nascidos no Mundo Oculto,

da Raça dos Imortais, e na Casa ou Chalé dos Órfãos - Anupadaka. Reais Brahamanas são os Filhos da Névoa do Fogo. Os

pertencentes àquela Raça Imortal eram e são recrutados das raças de homens que vivem e morrem. Houve um tempo em

que a instituição da casta (Varna ou cor) era real e era conhecida e reconhecida; hoje em dia é real no processo e operação,

porque é um fato na Natureza, mas é desconhecida e não reconhecida. Na Índia moderna, porém, a casta se tornou uma

superstição corrupta e degradante e os Brahamanas, advogados, balconistas ou cozinheiros, ninguém é mais duas vezes-

nascido que o mais menosprezado chandâla. Este último, às vezes, é conhecido como o que come a carne de cachorros,

atrás do que também há um significado místico. Agora, ai!, a maioria dos hindus, apesar de vegetarianos rígidos no plano

físico, comem, metaforicamente e metafisicamente falando, a carne de cachorro. A casta intocável, Párias ou Panchama,

realmente não só são um sexto das pessoas índias que estão submersas e deprimidas do ponto de vista sócio-econômico;

mas do ponto de vista interno e oculto, a maioria dos hindus é preta na cor (Varna), tendo se poluído com o que na nossa

frase é representado por "a carne" de cachorro. Outra expressão gráfica que é uma metáfora é que o verdadeiro Brahamana

é o protetor do gado. Capítulo após Capítulo do Mahabharata são dedicados ao assunto, mas o hindu moderno, que é

meticuloso no plano físico para não ser cruel e que constrói currais onde são alimentados os animais velhos até que

morram, não é o protetor do gado no sentido real.

Agora, a parte Brahamana do Vedas contém cerimônias e orações que só são eficazes quando executadas ou ditas

pelo real Brahamana - o dwija, ou duas vezes-nascido. Nas mãos e nos lábios do sacerdote comum do templo são uma

farsa, e pior que uma farsa. Milhões se viciam supersticiosamente no desempenho usado nestas cerimônias, e têm

esperança sobre esperança que os lábios ainda sejam capazes de algum jeito de encantar os inflexíveis deuses de justiça que

também são misericordiosos! Assim, temos na Índia a superstição absurda, imoral e debilitante que é uma variante da

imposição de mãos dos sacerdotes romanos e de outras igrejas Cristãs. A sucessão "apostólica dos padres" de Brahamana é

mais inteligente, mais próxima à base de verdade da qual toda a casta de sacerdotes vagueou, e bem mais perigosa, mais

fascinante.

Aranyakas são livros para os moradores da floresta - "meditação na floresta". Eles foram estudados pelos ermitões

santos e sábios dotados de grandes poderes místicos. Estes eram os Gimnosofistas descritos pelos escritores helenos - "os

mendicantes”. Aposentados na floresta, eles alcançam, por grandes severidades, um conhecimento sobre-humano e a

experiência. Os Upanishads famosos mundialmente fazem parte do Aranyakas do Vedas.

Além destes três, há tratados em ciência e filosofia.

Shad Angani ou Vedangas - Seis Membros, ou Membros do Veda—pode-se dizer que é o complemento da porção

das Brahamana do Vedas. Eles consistem em provérbios muito condensados chamado Sutras e os comentários deles. Eles

lidam com umas setenta ciências, classificadas sob seis tipos principais:

(A) Shiksha (Fonéticas), (B) Kalpa (Rituais), (C) Vyakarana (Gramática), (D) Niruktam (Etimologia), (E)

Chhandah (Prosódia), e (F) Jyotisham (Astrologia).

Não é possível, nesta série, lidar com o conhecimento da ciência da Índia antiga. Leitores interessados deveriam

voltar-se ao Fundo Positivo da Sociologia hindu, pelo Prof. Benoy Kumar Sarkar, que trata de geografia, etnologia,

mineralogia, botânica, zoologia, fisiologia, biologia e mecânicas; também para As Ciências Positivas dos hindus Antigos,

pelo Senhor Brajendranath Seal; então para a Química hindu, através do Senhor P. C. Roy. nota do compilador: O artigo seguinte é separado do anterior, mas estava na mesma página.

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O PENSAMENTO ANTIGO VS. MODERNO

OS ANTIGOS INICIADOS, que foram seguidos mais ou menos de perto por toda a antiguidade profana, diziam

do termo "ÁTOMO", uma Alma, um Gênio ou Anjo, o primogênito de tudo o que já veio da CAUSA de todas as causas; e

neste sentido os ensinos deles ficam compreensíveis. Eles reivindicaram, como fizeram os seus sucessores, a existência de

Deuses e Genii, anjos ou "demônios", não fora de, ou independente de, o Plenum Universal, mas dentro dele. Só este

Plenum, durante os ciclos de vida, é infinito. Eles admitiram e ensinaram bastante o que a Ciência moderna ensina agora -

isto é, a existência de um Mundo-material primordial ou "Substância Cósmica", das quais são formados mundos, já e

eternamente homogêneo, exceto durante sua existência periódica, quando diferencia sua difusão universal ao longo do

espaço infinito; e a formação gradual de corpos siderais daquilo. Eles ensinaram a revolução dos Céus, a rotação da Terra,

o Sistema Heliocêntrico, e os Vórtices Atômicos – Átomos - na realidade Almas e inteligências. Mas esses "Atomistas"

eram espirituais, a maioria transcendentais, e os Panteístas filosoficamente. Não foram eles que um dia teriam concebido,

ou sonhado aquela contrastada progênie monstruosa, o pesadelo de nossa Raça civilizada moderna; isto é - material

inanimado, átomos auto-guiados, por um lado, e um Deus extra-cósmico no outro. --S.D. eu, pág., 569.

TEOSOFIA, VOL. 54, não. 8, junho, 1966 (Páginas 244-247; Tamanho: 12K)

OS REPOSITÓRIOS IMUTÁVEIS

Como Platão e muitos outros sábios da Antigüidade afirmam, os Mistérios eram altamente religiosos, morais e

beneficentes como uma escola de ética. Os Mistérios Sagrados eram ordenados nos templos antigos pelo Hierofantes

iniciados para o benefício e instrução do candidato. O jargão secreto sacerdotal empregado pelos sacerdotes iniciados, e só

usado ao se discutir as coisas sagradas, era o idioma do Mistério. Toda nação teve sua própria "língua de mistério",

desconhecido a todos exceto aos admitidos nos Mistérios.

A razão por que em todas as épocas tão pouco se conheceu dos mistérios de iniciação é dupla. A primeira é

explicada por mais de um autor, e baseia-se na penalidade terrível que se seguia à menor indiscrição. A segunda, eram as

dificuldades sobre-humanas e até mesmo perigos que o ousado candidato de antigamente tinha de enfrentar, ou conquistar,

ou morrer na tentativa, quando, o que ainda é pior, não perdia a razão. Não havia nenhum perigo real a quem tivesse a

mente completamente espiritualizada, e estivesse preparado para tal visão maravilhosa. Aquele que reconhecia plenamente

o poder do seu espírito imortal, e nunca duvidasse por nenhum momento de sua proteção onipotente, não tinha nada a

temer. Mas era aflitivo ao candidato cujo mais tênue medo físico – infantil, portanto, no assunto - o fazia perder a visão e a

fé na sua própria invulnerabilidade. Aquele que não fosse totalmente confiante na sua aptidão moral para aceitar o fardo

destes tremendos segredos estava condenado.

Os Mistérios eram observâncias, geralmente mantidos secretos aos profanos e aos não-iniciados, nos quais eram

ensinados, por representação dramática e outros métodos, a origem das coisas, a natureza do espírito humano, sua relação

com o corpo, e o método de sua purificação e restauração para uma vida mais elevada. Eles eram, em todos os lugares, uma

série de desempenhos dramáticos nos quais os mistérios da cosmogonia e da natureza, em geral, eram personificados pelos

sacerdotes e neófitos que representavam as partes dos vários deuses e deusas, ao repetirem as cenas supostas (alegorias)

das suas respectivas vidas. Estes eram explicados ao candidato no seu significado oculto, e incorporados em doutrinas

filosóficas. Ciência física, medicina, leis da música, adivinhação, tudo era ensinado da mesma maneira, através de

representação dramática.

Duvidar que existam no homem certos poderes enigmáticos que, através de estudos psicológicos ele possa

desenvolver ao mais elevado grau, pode se tornar um hierofante e então distribuí-los a outros sob as mesmas condições de

disciplina terrestre, é imputar falsidade e loucura aos melhores, mais puros, e aos mais instruídos dos homens da

Antigüidade e da Idade Média. O que ao hierofante era permitido ver na hora final dificilmente era transmitido por eles. E

mesmo assim Pitágoras, Platão, Plotino, Jâmblico, Proclo, e muitos outros souberam e afirmaram a sua realidade.

A filosofia de Platão foi ensinada e ilustrada nos Mistérios. Augustino de Hippo declara que as doutrinas dos

Platônicos de Alexandrina eram as doutrinas esotéricas originais dos primeiros seguidores de Platão, e descreve Plotino

como um Platão ressuscitado. Ele também explica os motivos do grande filósofo para ocultar o sentido interior do que ele

ensinava. Nos Mistérios foi simbolizada a condição pré-existente do espírito e da alma, o lapso desta última na vida terrena

e no Inferno, as misérias daquela vida, a purificação da alma, e sua restauração das graças divinas, ou reunião com espírito.

"Fora Platão," diz Emerson, “vêm todas as coisas que ainda são escritas e debatidas entre os homens pensantes".

É certo que Pitágoras despertou a simpatia intelectual mais profunda de sua época, e que as suas doutrinas

mostraram uma influência poderosa na mente de Platão. A sua idéia cardeal era que existe um princípio permanente de

unidade sob as formas, mudanças e outros fenômenos do universo. A chave para os dogmas Pitagóricos é a fórmula geral

da unidade na multiplicidade, o um que evolui para muitos e penetra em tudo. Esta é a doutrina antiga da emanação, em

poucas palavras. Até mesmo o apóstolo Paulo aceitou-a como verdadeira. "Fora dele, por ele e nele estão" todas as coisas.

Isto é puramente hindu e Brahmanico: “Quando a dissolução, Pralaya, chegara a seu termo, o grande Ser - Paramatma e

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Parapurusha, o Deus que existe por Ele mesmo, fora de quem e em quem todas as coisas eram, são e serão - resolveu

emanar da Sua própria substância as várias criaturas" (Manava-Dharma-Shastra).

A Filosofia Hermética era tão envolta em mistério que Volney afirmou que os povos antigos adoravam os

símbolos materiais como divinos por si mesmos; já que achavam que estes só eram considerados como representantes dos

princípios esotéricos. Dupuis, depois de dedicar muitos anos de estudo ao problema, equivocou-se com o círculo

simbólico, e atribuiu a religião deles somente à astronomia. ... Como, sem possuir um conhecimento dos Mistérios seria

possível, a estes homens ou outros não dotados de intuição melhor que a de Champollion, descobrir a parte esotérica do

que estava oculto a todos, atrás do véu de Isis, exceto aos iniciados? O mérito de Champollion como Egiptologista

ninguém questionará. Ele declara que tudo leva a crer que os egípcios antigos eram profundamente monoteístas. A precisão

das escritas dos mistérios de Hermes Trismegistus, cuja antiguidade vem da noite dos tempos, é confirmada por ele aos

mínimos detalhes. Ennemoser também diz: "No Egito e no Oriente entraram Heródoto, Thales, Parmênides, Empédocles,

Orfeu, e Pitágoras, para se instruírem em Filosofia Natural e Teologia". Também Moisés adquiriu ali a sua sabedoria, e

Jesus passou ali o começo de sua vida. Ali ajuntavam-se estudiosos de todos os países, antes de Alexandria ser fundada.

"Como pode ser," Ennemoser diz, "que tão pouco fosse conhecido destes Mistérios, por tanto tempo e entre tantos povos

diferentes? A resposta é que tudo é devido ao rígido silêncio dos iniciados. Outra causa pode ser colocada: a destruição e

perda total de todo o memorial escrito do conhecimento secreto da mais remota antiguidade ".

"Na Índia antiga, o mistério da Tríade, conhecido apenas pelos iniciados, não pôde, sob penalidade de morte, ser

revelado ao vulgo," diz Vrihaspati. Também isso acontecia com os Mistérios de Samotrácia e na antiga Grécia. Está nas

mãos dos iniciados, e tem que permanecer mistério para o mundo enquanto os materialistas os considerarem como uma

falácia indemonstrável, uma alucinação insana, e o teólogo dogmático acharem que é uma armadilha do Demônio.

Aristóteles não era testemunha confiável. Ele não representou bem Platão, e quase caricaturou as doutrinas de

Pitágoras. Há um cânone de interpretação que deveria nos guiar em nossos exames de toda opinião filosófica: "A mente

humana tem sido compelida, enquanto faz a operação necessária de suas próprias leis, a entreter as mesmas idéias

fundamentais, e o coração humano a apreciar os mesmos sentimentos em todas as épocas". A unidade de Deus, a

imortalidade do espírito, a convicção da salvação apenas pelo nosso trabalho, mérito e demérito; tais são os artigos dos

princípios de fé da religião da Sabedoria, e a base do Vedismo, Budismo, Parsismo, e parece que até mesmo no Osirismo

antigo, quando, depois de abandonar o Deus Sol popular frente ao materialismo da populaça, limitamos nossa atenção aos

Livros de Hermes, o muito-grande.

Uma enorme dependência dos fatos físicos conduziu a um crescimento do materialismo e à decadência da

espiritualidade e da fé. No tempo de Aristóteles, esta era a tendência prevalecente do pensamento. E, entretanto, a ordem

de Delfos ainda não estava completamente eliminada do pensamento Grego; e alguns filósofos ainda a mantiveram pois

"para saber o que homem é, deveríamos saber que homem foi" – apesar de que o materialismo já tinha começado a roer

pela raiz a fé. Os Mistérios tinham se degenerado em grau profundo a meras especulações sacerdotais e fraudes religiosas.

Poucos eram os verdadeiros adeptos e iniciados, os herdeiros e descendentes desses que tinham sido espalhados pelas

espada conquistadora de vários invasores do Antigo Egito.

Schweigger mostra que uma filosofia natural perdida da antiguidade tinha ligação com as cerimônias religiosas

mais importantes. Ele demonstra, de maneira bem genérica, que a magia no período pré-histórico tinha partes comuns com

os Mistérios e que os maiores fenômenos, os chamados milagres - tanto Pagãos, judeus ou Cristão – baseavam-se

realmente no conhecimento dos antigos sacerdotes sobre os arcanos da física e de todos os ramos da química, ou mesmo

alquimia.

Nossos físicos se orgulham pelas realizações de nosso século [19º] e tocam hinos antifônicos de elogio. ... Eles se

esquecem, ou são totalmente desavisados do fato de que na ausência do [natural] soberano legítimo, este trono é apenas um

sepulcro embranquecido dentro do qual tudo é ruína e corrupção! A matéria sem o espírito que o vivifica, e do qual é

apenas "purgação total”, para se usar uma expressão hermética, não é nada mais que um cadáver vazio de alma, cujos

membros, para se moverem em uma direção predeterminada, requerem um operador inteligente na grande bateria galvânica

chamada VIDA!

O método de Platão, como na geometria, era descer do universal ao particular. ... Os mais entorpecidos dos

discípulos de Platão poderiam falar mais das maiores leis cósmicas e as suas relações mútuas, e demonstrar familiaridade e

controle com as forças ocultas que estão por trás delas, que o professor mais instruído da academia mais distinta de nossos

dias. THEOSOPHY, Vol. 19, No. 11, September, 1931 (Pages 495-501; Size: 20K) (Number 43 of a 59-part series)

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No que tange ao universo jurídico, a doutrina da transmigração das almas foi objeto de estudo de alguns dos

mais renomados juristas da humanidade... vale ressaltar que a mencionada doutrina se encontra positivada em um

diploma legal, mais especificamente no Livro Décimo Segundo do Código de Manu [08].

O Código de Manu possui doze livros, sendo que os Livros Oitavo e Nono são os de maior interesse no campo

jurídico. De um modo geral, o conteúdo desses doze livros dizem respeito aos deveres do rei, ao ordenamento

religioso da sociedade e ao direito processual. O Livro Décimo Segundo é uma exceção ao conteúdo geral dos doze

livros, pois aborda a recompensa das ações humanas. Assim, quem pratica o bem terá o bem eterno nas várias

transmigrações de sua alma e quem pratica o mal receberá a adequada punição nas encarnações vindouras; até

que a alma chegue à perfeita purificação e seja reabsorvida por Brahma.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DANO MORAL

CÓDIGO DE UR-NAMMU (século XXIII a.C.)

É a mais antiga codificação de que se tem notícia na história da civilização humana. Foi introduzido por Ur-

Nammu, presumido fundador da terceira dinastia de Ur, antiga Suméria.

Na verdade apresentava somente algumas idéias abstratas sobre a reparação por danos morais, embora admitisse

a reparação ao por pena pecuniária.

Os povos primitivos não se baseavam em leis para reparar os danos causados. Valia o “direito de vindita”

(direito de vingança) como maneira mais eficaz de reduzir a dor da vítima. Adotava-se o princípio: “Olho por

olho, dente por dente”.

CÓDIGO DE HAMURABI (1792 – 1750 a.C.)

Hamurabi, rei da Babilônia, instituiu um código que apresentava um conteúdo formado não por regras gerais,

princípios amplos e discutíveis, mas sim, preceitos circunscritos a casos especiais.

Desses preceitos, o que nos apresenta maior importância é o de que “o forte não prejudicará o fraco”. Desde essa

época, já era demonstrado, no caso pelo rei Hamurabi, uma preocupação em conferir ao lesado uma reparação às

custas de ofensas idênticas, incluindo-se o pagamento de valor pecuniário.

CÓDIGO DE MANU (Manara-Dharma-Sastra)

Com certa semelhança ao Código de Hamurabi, o Código de Manu, instituído na Índia, também previa uma

prévia reparação pecuniária do dano a ser arbitrado pelo legislador. Vê-se aqui uma evolução entre os dois

sistemas, visto que, no primeiro caso, a reparação de uma ofensa era, via de regra, retribuída com outra ofensa e,

no segundo, por pagamento de uma importância.

2.O DANO MORAL

O dano moral é reconhecido desde a época em que o homem começou a ditar regras de conduta e de respeito a

seus semelhantes, pois na Bíblia, especialmente no Deuteronômio, já havia punição prevista, como também

estabeleciam formas diversas de indenização: o Código de Manu, o Código de Ur, o Código de Hamurabi, o

Alcorão, que adota a Lei do Talião, mas admitindo a substituição da pena por indenização.2