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AVALIAO DE ALTERAES EM REDES DE DRENAGEM
DE MICROBACIAS COMO SUBSDIO AO ZONEAMENTO
GEOAMBIENTAL DE BACIAS HIDROGRFICAS: APLICAO
NA BACIA HIDROGRFICA DO RIO CAPIVARI - SP
VOLUME I
Eduardo Goulart Collares
Tese apresentada Escola de Engenharia
de So Carlos, da Universidade de So
Paulo, como parte dos requisitos para
obteno do ttulo de Doutor em Geotecnia
ORIENTADOR: Prof. Dr. Jos Eduardo Rodrigues
So Carlos
2000
-
SUMRIO
VOLUME I
LISTA DE FIGURAS............................................................................................ i
LISTA DE TABELAS............................................................................................ vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................... vii
LISTA DE SMBOLOS......................................................................................... ix
RESUMO............................................................................................................. xi
ABSTRACT.......................................................................................................... xii
1 - INTRODUO ............................................................................................... 1
1.1 - Objetivos............................................................................................ 3
1.1.1 Objetivo geral........................................................................ 3
1.1.2 Objetivos especficos............................................................ 3
1.2 Localizao da rea de aplicao da proposta metodolgica .......... 4
2 BACIA HIDROGRFICA COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO
(UMA REVISO)........................................................................................... 5
2.1 Evoluo da poltica ambiental brasileira.......................................... 5
2.2 A bacia hidrogrfica como limite territorial para planejamento
ambiental........................................................................................ 9
2.3 Condicionantes das alteraes ambientais em bacias
hidrogrficas..................................................................................... 12
2.3.1 Conceituao de alterao ambiental................................... 12
2.3.2 Atividades modificadoras do meio e impactos decorrentes.. 13
2.3.2.1 Atividade agropecuria............................................. 15
2.3.2.2 Ocupao urbana..................................................... 16
2.3.2.3 Disposio de resduos urbanos.............................. 18
2.3.2.4 Mineraes............................................................... 21
2.3.2.5 Indstrias.................................................................. 22
2.3.3 O planejamento como preveno s alteraes ambientais 23
2.4 Tcnicas de geoprocessamento e anlises estatsticas utilizadas
em bacias hidrogrficas.................................................................... 24
-
3 CARACTERIZAO GERAL DA REA DE ESTUDO................................ 30
3.1 Aspectos scio-econmicos.............................................................. 30
3.2 Aspectos fisiogrficos e geolgicos.................................................. 33
3.2.1 Clima..................................................................................... 33
3.2.2 Geomorfologia....................................................................... 35
3.2.3 Geologia................................................................................ 36
3.2.4 Solos..................................................................................... 39
3.2.5 Aspectos da qualidade das guas........................................ 41
4 LEVANTAMENTO DE CARACTERSTICAS DE USO E OCUPAO DO
TERRENO E ATIVIDADES ANTRPICAS .................................................. 47
4.1 Consideraes iniciais....................................................................... 47
4.2 Obteno do mapa de uso e ocupao............................................ 48
4.2.1 Processamento de imagem de satlite................................. 48
4.2.2 O programa ENVI 3.0.......................................................... 51
4.2.3 Processamento das imagens da bacia do rio Capivari......... 52
4.2.3.1 Georreferenciamento................................................ 53
4.2.3.2 Aplicao de realce................................................... 55
4.2.3.3 Classificao............................................................. 58
4.2.3.4 Refinamento da classificao................................... 62
4.2.3.5 Construo do mosaico e delimitao da bacia....... 66
4.3 Levantamento das atividades modificadoras do meio fsico............. 67
4.3.1 Levantamento dos dados existentes..................................... 67
4.3.2 Levantamento de campo....................................................... 70
4.3.3 Elaborao do banco de dados georreferenciado................ 71
4.4 Anlise temporal de intervenes antrpicas.................................... 75
4.5 Resultados........................................................................................ 76
4.6 Concluses parciais.......................................................................... 82
4.6.1 Quanto ao processamento das imagens de satlite e
obteno do mapa de uso e ocupao................................. 82
4.6.2 Quanto ao levantamento pontual das atividades
modificadoras do meio fsico................................................ 83
4.6.3 Avaliao das alteraes no meio fsico............................... 84
5 ANLISE MORFOMTRICA DAS REDES DE DRENAGEM DAS
-
MICROBACIAS ............................................................................................. 85
5.1 Consideraes iniciais....................................................................... 85
5.2 Anlise morfomtrica de bacias hidrogrficas (uma reviso)............ 87
5.3 Descrio das variveis morfomtricas............................................. 92
5.4 Levantamento e processamento das informaes............................ 101
5.4.1 Obteno das redes de drenagem........................................ 102
5.3.2 Digitalizao e processamento dos dados............................ 105
5.5 Anlise das alteraes nas microbacias........................................... 109
5.5.1 Anlise estatstica multivariada............................................. 109
5.5.1.1 Anlise discriminante................................................ 110
5.5.1.2 Anlise de agrupamento........................................... 113
5.5.2 Resultados e discusses...................................................... 113
5.6 Concluses parciais.......................................................................... 121
5.6.1 Quanto obteno e processamento da rede de drenagem 121
5.6.2 Quanto anlise morfomtrica............................................. 122
6 AVALIAES DOS PARMETROS MORFOMTRICOS E DAS
MICROBACIAS ............................................................................................ 124
6.1 Consideraes iniciais....................................................................... 124
6.2 Definio de faixas de distribuio para as variveis morfomtricas 125
6.2.1 ndice de circularidade (Ic).................................................... 126
6.2.2 Relao de relevo (Rr).......................................................... 127
6.2.3 ndice de sinuosidade (Si)..................................................... 128
6.2.4 Densidade de drenagem (Dd)............................................... 129
6.2.5 Densidade hidrogrfica (Dh)................................................. 130
6.2.6 Coeficiente de manuteno (Cm)......................................... 131
6.2.7 Extenso do percurso superficial (Eps)................................ 132
6.2.8 Textura topogrfica (Tt)......................................................... 133
6.2.9 Razo de bifurcao entre canais de primeira e Segunda
ordens (Rb1-2)...................................................................... 134
6.2.10 Razo de comprimento mdio entre canais de segunda e
primeira ordens (Rlm2-1).................................................... 135
6.3 Avaliao das variveis morfolgicas............................................... 136
6.3.1 Relao entre variveis morfolgicas................................... 136
6.3.2 Relaes entre as variveis morfolgicas e a litologia....... 139
-
6.3.3 Influncia das variveis morfolgicas na avaliao das
alteraes das microbacias.................................................. 142
6.4 Avaliao das variveis da rede de drenagem................................. 143
6.4.1 Relao entre as variveis da rede de drenagem e
variveis morfolgicas.......................................................... 143
6.4.2 Relao entre variveis da rede de drenagem e a litologia.. 146
6.4.3 Relao entre variveis da rede de drenagem e suas taxas
de variao (%) no perodo entre 1972 e 1995.................... 150
6.4.4 Relaes entre taxas de variao de variveis da rede de
drenagem e caractersticas de uso e ocupao................... 156
6.4.5 Influncia das variveis da rede de drenagem na avaliao
das alteraes das microbacias............................................ 161
6.5 Avaliao das microbacias com base na configurao das redes
de drenagem e caractersticas de uso e ocupao.......................... 163
7 CONCLUSES............................................................................................. 170
7.1 Quanto ao uso das tcnicas e aplicativos de geoprocessamento.... 170
7.2 Quanto anlise temporal de alteraes em componentes da
paisagem.......................................................................................... 171
7.3 Quanto ao uso de variveis morfomtricas como indicadores de
alteraes em bacias hidrogrficas.................................................. 171
7.4 Quanto s alteraes verificadas na bacia hidrogrfica do rio
Capivari e classificao de suas microbacias.................................. 173
8 RECOMENDAES..................................................................................... 175
9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................. 178
VOLUME II
APNDICE 1: dados gerais das microbacias
APNDICE 2: dados morfomtricos temporais das microbacias
APNDICE 3: atividades modificadoras do meio fsico na bacia do rio Capivari
APNDICE 4: dados estatsticos das variveis morfomtricas
-
iLISTA DE FIGURAS
Figura 01: Localizao da bacia do rio Capivari................................................ 4
Figura 02: Alteraes provocadas por atividades antrpicas em bacias
hidrogrficas (modificado de Pires & Santos, 1995)......................... 14
Figura 03: Esquema do mtodo de Hrkal & Trouillard (1994)............................ 28
Figura 04: Mapa pluviomtrico da bacia do rio Capivari (adaptado de DAEE,
1998)................................................................................................. 34
Figura 05: Precipitaes mdias mensais na bacia do rio Capivari (adaptado
de CBH-PCJ, 1996).......................................................................... 34
Figura 06: Precipitao mdia acumulada na bacia do rio Capivari (adaptado
de CBH-PCJ, 1996).......................................................................... 35
Figura 07: Mapa geomorfolgico da bacia do rio Capivari - escala original
1:500.000 (adaptado de Pires Neto, 1996)....................................... 36
Figura 08: Mapa de substrato rochoso da bacia do rio Capivari (adaptado de
Maniakas, 1986; IG, 1993; UNESP, 1986 e DNPM/CPRM, 1984)... 37
Figura 09: Mapa pedolgico da bacia do rio Capivari escala original
1:500.000 (adaptado de Kertzman et al, 1991)................................. 40
Figura 10: Carta de susceptibilidade eroso da bacia do rio Capivari
escala original 1:500.000 (adaptado de Kertzman et al, 1991)......... 41
Figura 11: Carga poluidora orgnica na bacia do rio Capivari em 1995
(adaptado de CBH-PCJ, 1996)......................................................... 42
Figura 12: Esquema adotado no processamento das imagens de satlite........ 53
Figura 13: Layout da janela de insero de pontos do ENVI 3.0 e o RMS
Error.................................................................................................. 54
Figura 14: Utilizao do recurso link do programa ENVI 3.0............................. 56
Figura 15: Utilizao do recurso de contraste interativo do ENVI 3.0, atravs
da manipulao dos histogramas de tons de cinza dos pixels em
diferentes bandas espectrais............................................................ 57
Figura 16: Diagramas de disperso n-dimensionais do programa ENVI 3.0..... 59
Figura 17: Aparncia das amostras de treinamento das classes de uso e
ocupao da bacia do rio Capivari na composio de bandas 4-5-
3 (observar reas demarcadas com o quadrado vermelho)............. 61
Figura 18: Layout do aplicativo Classedit mostrando a imagem de sattite ao
fundo (bandas 4-5-3) e a classe Hortifruti sobreposta...................... 65
-
ii
Figura 19: Delimitao da classe Centro Urbano com o uso do aplicativo
classedit............................................................................................ 65
Figura 20: Imagem de satlite Landsat-TM (bandas 4-5-3) da bacia do rio
Capivari............................................................................................. 68
Figura 21: Mapa de uso e ocupao da bacia hidrogrfica do rio Capivari....... 69
Figura 22: Sequncia dos procedimentos adotados para a obteno do
banco de dados georreferenciado com as atividades
modificadoras do meio...................................................................... 70
Figura 23: Mapa das atividades modificadoras do meio fsico da bacia do
Capivari............................................................................................. 72
Figura 24: Sequncia dos procedimentos adotada na anlise temporal das
intervenes antrpicas.................................................................... 76
Figura 25: Classificao das microbacias da bacia do rio Capivari por
predominncia do tipo de uso e ocupao....................................... 78
Figura 26: reas urbanizadas e rodovias na bacia do rio Capivari em 1972 e
1995.................................................................................................. 79
Figura 27: Represas e reas alteradas por mineraes e/ou disposio de
resduos na bacia do rio Capivari em 1972....................................... 79
Figura 28: Represas e reas alteradas por mineraes e/ou disposio de
resduos na bacia do rio Capivari em 1995....................................... 80
Figura 29: Microbacias da bacia do rio Capivari com as maiores reas
ocupadas por atividades de minerao e disposio de resduos.... 80
Figura 30: Microbacias com as maiores reas ocupadas por represas............. 81
Figura 31: Esquema com a sequncia dos procedimentos adotados na
anlise morfomtrica das microbacias.............................................. 101
Figura 32: Redes de drenagens traadas para a microbacia B51 com base
em fotografias areas nas escalas 1:60.000 e 1:25.000.................. 103
Figura 33: Matriz de correlao entre variveis com dados das microbacias
da bacia do rio Capivari das fotografias areas de 1972 e 1995...... 114
Figura 34: Matriz de correlao considerando a taxa de variaes das
variveis das microbacias da bacia do rio Capivari no perodo
entre 1972 e 1995............................................................................. 115
Figura 35: Histogramas de frequncia e testes grficos de normalidade para
as variveis Dd e Dh, em 1972 e 1995 ............................................ 117
Figura 36: Dendrograma obtido para as 65 microbacias da bacia do rio
-
iii
Capivari considerando a taxa de variao das variveis Dr e Dh
entre 1972 e 1995............................................................................. 119
Figura 37: Mapa com a classificao das microbacias quanto ao grau de
alterao entre 1972 e 1995 (anlise de agrupamento)................... 121
Figura 38: Valores da varivel ndice de circularidade (Ic) das microbacias da
bacia do rio Capivari......................................................................... 126
Figura 39: Valores da varivel relao de relevo (Rr) das microbacias da
bacia do rio Capivari ........................................................................ 127
Figura 40: Valores da varivel ndice de sinuosidade (Si) das microbacias da
bacia do rio Capivari......................................................................... 128
Figura 41: Valores da varivel densidade de drenagem (Dd) das microbacias
da bacia do rio Capivari.................................................................... 129
Figura 42: Valores da varivel densidade hidrogrfica (Dh) das microbacias
da bacia do rio Capivari.................................................................... 130
Figura 43: Valores da varivel coeficiente de manuteno (Cm) das
microbacias da bacia do rio Capivari................................................ 131
Figura 44: Valores da varivel extenso do percurso superficial (Eps) das
microbacias da bacia do rio Capivari................................................ 132
Figura 45: Valores da varivel textura topogrfica (Tt) das microbacias da
bacia do rio Capivari......................................................................... 133
Figura 46: Valores da varivel razo de bifurcao entre os canais de
primeira e segunda ordens (Rb1-2) das microbacias da bacia do
rio Capivari....................................................................................... 134
Figura 47: Valores da varivel razo de comprimento mdio entre os canais
de segunda e de primeira ordens (Rlm2-1) das microbacias da
bacia do rio Capivari......................................................................... 135
Figura 48: Matriz grfica com dados morfolgicos das 64 microbacias da
bacia do rio Capivari......................................................................... 136
Figura 49: Relao entre rea e relao de relevo para as 64 microbacias da
bacia do rio Capivari......................................................................... 137
Figura 50: Relao entre comprimento do canal principal e ndice de
sinuosidade para as 64 microbacias da bacia do rio Capivari.......... 138
Figura 51: Relao entre ordem do canal principal e ndice de sinuosidade
para as 64 microbacias da bacia do rio Capivari.............................. 138
Figura 52: Matriz grfica com dados morfolgicos e do substrato rochoso das
-
iv
64 microbacias da bacia do rio Capivari........................................... 139
Figura 53: Relao entre microbacias arenticas e o ndice de circularidade.... 140
Figura 54: Relao entre microbacias do Embasamento e a relao de relevo 141
Figura 55: Relao entre microbacias arenticas e o ndice de sinuosidade..... 141
Figura 56: Relao entre microbacias do Embasamento e o ndice de
sinuosidade....................................................................................... 142
Figura 57: Matriz grfica com dados morfolgicos e da rede de drenagem...... 144
Figura 58: Relao entre rea e densidade de drenagem................................. 144
Figura 59: Relao entre relao de relevo e densidade de drenagem............ 145
Figura 60: Relao entre razo de bifurcao (Rb1-2) e razo de
comprimento mdio (Rlm2-1) para as 64 microbacias da bacia do
rio Capivari........................................................................................ 146
Figura 61: Matriz grfica com dados da rede de drenagem e do substrato
rochoso das 64 microbacias da bacia do rio Capivari....................... 147
Figura 62: Relao entre microbacias arenticas e a densidade de drenagem. 147
Figura 63: Relao entre microbacias do Embasamento e a densidade de
drenagem.......................................................................................... 148
Figura 64: Relao entre microbacias arenticas e a densidade Hidrogrfica.. 148
Figura 65: Relao entre microbacias do Embasamento e a densidade
Hidrogrfica....................................................................................... 149
Figura 66: Relao entre microbacias do Embasamento e a razo de
bifurcao.......................................................................................... 150
Figura 67: Matriz grfica com variveis da rede de drenagem e taxas de
variao das variveis morfomtricas no perodo entre 1972 e
1995.................................................................................................. 151
Figura 68: Relao entre densidade de drenagem e sua taxa de variao (%)
no perodo entre 1972 e 1995........................................................... 152
Figura 69: Relao entre densidade Hidrogrfica e sua taxa de variao (%)
no perodo entre 1972 e 1995 ......................................................... 152
Figura 70: Relao entre taxas de variao (%) de densidade de drenagem e
densidade Hidrogrfica, no perodo entre 1972 e
1995.................................................................................................. 153
Figura 71: Relao entre rea da microbacia e taxa de variao de Rb1-2
(%) no perodo entre 1972 e 1995.................................................... 154
Figura 72: Relao entre ordem da microbacia e taxa de variao de Rb1-2
-
v(%) no perodo entre 1972 e 1995.................................................... 154
Figura 73: Relao entre densidade de drenagem e taxa de variao de Rb1-
2 (%) no perodo entre 1972 e 1995................................................. 155
Figura 74: Relao entre densidade hidrogrfica e taxa de variao de Rb1-2
(%) no perodo entre 1972 e 1995.................................................... 155
Figura 75: Relao entre taxas de variao (%) de razo de bifurcao e
razo de comprimento mdio, no perodo entre 1972 e 1995.......... 156
Figura 76: Relao entre microbacias urbanas e taxa de variao de Dd (%)
no perodo entre 1972 e 1995........................................................... 157
Figura 77: Relao entre microbacias urbanas e taxa de variao de Dh (%)
no perodo entre 1972 e 1995........................................................... 158
Figura 78: Relao entre microbacias rurais (com predomnio de pastagem) e
taxa de variao de Dd (%) no perodo entre 1972 e 1995.............. 159
Figura 79: Relao entre microbacias rurais (com predomnio de pastagem) e
taxa de variao de Dh (%) no perodo entre 1972 e 1995.............. 159
Figura 80: Relao entre microbacias rurais (com predomnio de cana de
acar) e taxa de variao de Dd (%) no perodo entre 1972 e
1995.................................................................................................. 160
Figura 81: Relao entre microbacias rurais (com predomnio de cana de
acar) e taxa de variao de Dh (%) no perodo entre 1972 e
1995.................................................................................................. 160
Figura 82: Mapa com a classificao das microbacias da bacia do rio
Capivari quanto s alteraes na rede de drenagem....................... 164
-
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Efeitos ambientais devido s prticas agrcolas (modificado de
Corson, 1993)...................................................................................... 16
Tabela 02: Alteraes fsicas e qumicas decorrentes de intervenes
antrpicas sobre o meio fsico (modificado de FAO, 1995)................ 17
Tabela 03: Problemas gerados devido disposio inadequada de resduos
(modificado de Cunha & Consoni, 1995)............................................ 20
Tabela 04: Formas de mineraes e impactos decorrentes no municpio de
Campinas SP (modificado de IG, 1995)........................................... 22
Tabela 05: Metas ambientais para o estudo de impactos em planejamento
(adaptado de McDonald & Brown, 1995)............................................ 23
Tabela 06: Dados demogrficos e de infra-estrutura urbana dos municpios
integrantes da bacia do rio Capivari (IBGE, 1994).............................. 31
Tabela 07: Dados agropecurios dos municpios que compem a bacia do rio
Capivari (IBGE, 1994)......................................................................... 31
Tabela 08: Licenas de implantao (LI) e de funcionamento (LF) de indstrias
na bacia do rio Capivari emitidas pela CETESB em 1995 (CBH-
PCJ, 1996)........................................................................................... 32
Tabela 09: Carga poluidora orgnica dos municpios que compem a bacia do
rio Capivari (adaptado de CBH-PCJ, 1996)........................................ 43
Tabela 10: Cargas orgnicas e inorgnicas geradas nas indstrias instaladas
na bacia do rio Capivari (CETESB, 1996)........................................... 43
Tabela 11: Quantidade de resduos slidos, por classes, gerada na bacia do rio
Capivari (adaptado de CETESB, 1993)............................................... 45
Tabela 12: Quantidade de resduos slidos domsticos, por municpios,
gerada na bacia do rio Capivari (adaptado de CETESB, 1993).......... 45
Tabela 13: Imagens de satlite Landsat TM utilizadas para a obteno do
mapa de uso e ocupao da bacia do rio Capivari............................. 52
Tabela 14: Tipos de uso e ocupao levantados na bacia do rio Capivari para
serem utilizados como amostras de treinamento na classificao
supervisionada.................................................................................... 60
Tabela 15: Dados referentes extenso das classes de uso e ocupao na
bacia do rio Capivari............................................................................ 77
Tabela 16: Dados da bacia do rio Capivari referentes anlise temporal
-
vii
efetuada por meio do estudo comparativo de fotografias areas....... 78
Tabela 17: reas ocupadas por mineraes e/ou disposio de resduos nas
microbacias mais significativas........................................................... 81
Tabela 18: reas ocupadas por represas nas microbacias mais significativas.... 82
Tabela 19: Aspectos referentes fotointerpretao que influenciaram no
traado das redes de drenagem.......................................................... 103
Tabela 20: Dados morfomtricos da microbacia B51 adquiridos com base na
interpretao das fotografias areas, nas escalas 1:60.000 e
1:25.000............................................................................................... 104
Tabela 21: Terminologia utilizada para arquivos e layers na digitalizao da
microbacia B51.................................................................................... 108
Tabela 22: Resultados do Passo 1 da anlise discriminante, considerando as
variveis Dd, Dh, Rb1-2 e Rlm2-1....................................................... 118
Tabela 23: Resultados do Passo 2 da anlise discriminante, considerando as
variveis Dd e Dh................................................................................ 118
Tabela 24: Classificao das microbacias por grau de alterao com base nos
grupos obtidos com a anlise de agrupamento.................................. 120
Tabela 25: Resultados da anlise discriminante obtidos no programa Statstica
5.5 para grupos definidos na anlise de agrupamento..................... 120
Tabela 26: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para os valores
de Ic..................................................................................................... 126
Tabela 27: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para Rr............... 127
Tabela 28: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para os valores
de Si.................................................................................................... 128
Tabela 29: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para Dd.............. 129
Tabela 30: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para Dh.............. 130
Tabela 31: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para os valores
de Cm.................................................................................................. 131
Tabela 32: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para os valores
de Eps................................................................................................. 132
Tabela 33: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para Tt................ 133
Tabela 34: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para os valores
de Rb1-2.............................................................................................. 134
Tabela 35: Dados estatsticos bsicos e faixas de distribuio para Rlm2-1....... 135
-
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Basic Stats - Estatstica Bsica
CBH-PCJ - Comit de Bacias Hidrogrficas dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundia
CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de
So Paulo
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DAEE - Departamento de gua e Energia Eltrica
DNPM - Departamento Nacional de Produo Mineral
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
ENVI - Environment for Visualizing Images
FJP - Fundao Joo Pinheiro
GPS - Geographic Position System
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renovveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IDL - Interactive Data Linguage
IG - Instituto Geolgico
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do estado de So Paulo
JUCESP - Junta Comercial do estado de So Paulo
LF - Licena de Funcionamento
LI - Licena de Implantao
MDT - Modelo Digital do Terreno
PCM - Prefeitura Municipal de Campinas
PIB - Produto Interno Bruto
RGB - Red Green Blue
RMS - Root Mean Square
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SIG - Sistema de Informaes Geogrficas
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UNESP - Universidade Estadual Paulista
UTM - Universal Transverse Mercator
-
ix
LISTA DE SMBOLOS
A - rea
ARENITO% - porcentagem de rea ocupada em uma microbacia por rochas
sedimentares arenticas
Cd - Cdmio
Cm - Coeficiente de Manuteno
D2 - Distncia Generalizada Mahalanobis
DBO - Demanda Bioqumica de Oxignio
Dd - Densidade de Drenagem
Dh - Densidade Hidrogrfica
dm - Largura Mdia
E - Leste
EMBASAM% - porcentagem de rea ocupada em uma microbacia por litologias do
Embasamento Cristalino
Eps - Extenso do Percurso Superficial
Ft - Fator Topogrfico
H0 - Hiptese nula
H1 - Hiptese alternativa
hab - habitantes
Hm - Amplitude Altimtrica Mxima
Ic - ndice de Circularidade
INTERC% - porcentagem de rea ocupada em uma microbacia por rochas
sedimentares intercaladas
kg - quilograma
km - quilmetro
Km2 - quilmetro quadrado
L - Maior Comprimento
Li - Comprimento Total de Canais por Ordem Hierrquica
Lmi - Comprimento Mdio por Ordem Hierrquica
Lrio - Comprimento do Rio Principal
Lt - Comprimento Total da Rede de Drenagem
Lvec - Comprimento Vetorial do Rio Principal
m - metro
mm - milmetro
-
xmodo Q - agrupamento entre casos
modo R - agrupamento entre variveis
N - Norte
N/km2 - nmero de canais por quilmetro quadrado
Ni - Nmero Total de Canais por Ordem Hierrquica
P - Permetro
Rb - Razo de Bifurcao
Rlm - Razo de Comprimento Mdio
Rr - Relao de Relevo
S - Sul
Si - ndice de Sinuosidade
Tt - Textura Topogrfica
v. limite - valor limite
W - Oeste
% - porcentagem
a - grau de significncia
mm - micrometros0C - graus Celsius
-
xi
RESUMO
Collares, E. G. (2000). Avaliao de alteraes em redes de drenagem de
microbacias como subsdio ao zoneamento geoambiental de bacias
hidrogrficas: aplicao na bacia hidrogrfica do rio Capivari - SP. So Carlos,
2000. 2v. Tese (Doutorado) Escola de Engenharia de So Carlos,
Universidade de So Paulo.
A rede de drenagem se constitui em importante indicador de alteraes
ocorridas na composio da paisagem de bacias hidrogrficas, seja por mudanas
na sua estruturao, forma ou ento por ganho ou perda de canais. O objetivo
deste trabalho apresentar e aplicar uma proposta metodolgica, com base em
anlise morfomtrica temporal das redes de drenagem de microbacias, visando a
avaliao das alteraes e o zoneamento regional de uma bacia hidrogrfica. A
metodologia envolve o uso de imagens de sensoriamento remoto e tcnicas de
geoprocessamento para a caracterizao das atividades antrpicas e levantamento
das variveis morfomtricas em duas datas, com um intervalo de 23 anos. A
avaliao das alteraes e a consequente classificao das microbacias so
efetuadas com base em anlise estatstica multivariada. A proposta foi aplicada na
bacia hidrogrfica do rio Capivari e os resultados comprovam que ocorreram
alteraes significativas na composio da rede de drenagem no perodo de
anlise. As variveis morfomtricas que mais contriburam para a avaliao das
alteraes foram a Densidade de Drenagem e Densidade Hidrogrfica. Dentre as
microbacias que mais se alteraram esto as urbanas ou em processo de
urbanizao e, dentre aquelas onde as alteraes foram menos pronunciadas esto
as microbacias rurais, com predomnio de pastagens e/ou cana de acar.
Palavras-chave: anlise morfomtrica; sensoriamento remoto; fotointerpretao;
geoprocessamento; anlise estatstica multivariada.
-
xii
ABSTRACT
Collares, E. G. (2000). Alteration evaluation in microbasin drainage systems as a
subsidy to the geoenvironmental zoning of hydrographic basins: application in the
Capivari river hydrographic basin. So Carlos, 2000. 2v. Tese (Doutorado)
Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.
The drainage system is an important indicator of the alterations occurred in
the composition of the hydrographic basin environment, either due to changes in
their structure and shape or due to channel loss and gain. The objective of this
project is to present and apply a methodological proposal, based on time
morphometric analysis of the microbasin drainage systems, aiming at the alteration
evaluation and the regional zoning of a hydrographic basin. The methodology
involves the use of remote images and geoprocessing techniques for the
characterization of the anthropic activities and the determination of the morphometric
variables on two dates, with a 23-year interval. The evaluation of the alterations and
the consequent microbasin classification are carried out based on multivariate
statistical analysis. The proposal was applied on Capivari river hydrographic basin,
and the results prove that there were significative alterations in the drainage system
composition in the analyzed period. The morphometric variables which most
contributed to the alteration evaluation were the Drainage Density and the
Hydrographic Density. Among the microbasins which were most altered there are
the urban and under urbanization ones, and among those which had less
significative alterations there are the rural microbasins, prevailing the pasture lands
and sugar-cane raising.
Keywords: morphometric analysis; remote sensing; photointerpretation;
geoprocessing; multivariate statistical analysis.
-
11 INTRODUO
A adoo de bacia hidrogrfica como unidade de gesto ambiental e
planejamento uma tendncia em muitos pases e vem ganhando fora no Brasil,
com a regulamentao da Poltica Nacional dos Recursos Hdricos (Lei n0 9433, de
1997), que estipula ainda uma atuao descentralizada e participativa nos
processos de gesto.
A nova legislao prev a criao de comits e agncias de bacias e a
participao de organizaes civis no planejamento ambiental e na elaborao de
planos diretores para as bacias hidrogrficas. Profissionais ligados s geocincias
devem ter participao efetiva neste mbito, para o estabelecimento de diagnstico
geoambiental e proposio de medidas corretivas.
Os limites de atuao para uma unidade de gesto e planejamento
ambiental, previstos na legislao, referem-se a bacias de mdio e grande portes.
Desta forma, considerando-se as condies scio-econmicas e geoambientais do
pas, torna-se necessrio estabelecer a melhor escala de trabalho para se atingir os
objetivos pretendidos e disponibilizar sistemticas compatveis com esta escala.
Atualmente, com raras excees, o diagnstico ambiental e da qualidade
das guas nas bacias hidrogrficas efetuado por rgos governamentais
estaduais, que se limitam anlise da qualidade das guas em um nmero muito
limitado de estaes, geralmente no canal principal da bacia. Este procedimento,
entretanto, s apropriado para indicar o enquadramento destes corpos dgua em
classes de uso e no permite uma anlise das alteraes ocorridas no meio fsico.
O estabelecimento de um programa de atuao nas unidades de gesto
deve, em um primeiro momento, utilizar tcnicas de cunho regional, de carter
restritivo, permitindo a discriminao dos setores mais crticos. Aes mais efetivas
-
2e estudos em escalas maiores devero ser efetuados, preferencialmente, nestes
setores; apenas nestes casos as anlises quantitativas, como o monitoramento da
qualidade das guas, devero ser prioritrias.
As anlises regionais devem ser encaminhadas visando estabelecer o
zoneamento da bacia com base nas formas de uso e ocupao e no diagnstico
das alteraes provocadas por intervenes antrpicas no meio fsico. Imagens de
sensoriamento remoto e tcnicas de geoprocessamento tm sido utilizadas com
propsitos semelhantes em alguns pases.
Para o diagnstico das alteraes em escala regional, a rede de drenagem
parece ser um bom indicador, uma vez que est vulnervel s diversas formas de
atuao antrpica, tais como atividades urbanas, agrcolas, minerrias e obras de
infra-estrutura. Mudanas na sua estruturao e forma ou devidas ainda perda ou
surgimento de novos canais podem determinar uma nova dinmica para o
escoamento superficial das guas.
Diante dos novos desafios traados pelas mudanas na poltica ambiental e
da necessidade de desenvolvimento de tecnologias aplicveis realidade
brasileira, procurou-se estabelecer uma proposta metodolgica para subsidiar o
zoneamento geoambiental de bacias hidrogrficas, em escala regional. O ponto
fundamental foi o estabelecimento de um critrio para avaliar as alteraes
ocorridas em componentes da paisagem e, desta forma, promover a
compartimentao do terreno (em microbacias) e a identificao daquelas em
situaes mais crticas.
O trabalho foi estruturado de maneira que cada um dos temas que norteiam
a proposta metodolgica pudessem ser consultados de forma independente, sem
que seja necessrio um conhecimento global sobre a proposta para o entendimento
e a aplicao das partes. Desta forma, os principais captulos (4, 5 e 6) foram
escritos na forma de artigos tcnicos, envolvendo os conhecimentos fundamentais
para a compreenso do tema, reviso bibliogrfica, metodologia, resultados e
discusses.
-
3No mbito geral o trabalho apresenta os seguintes tpicos: reviso sobre o
uso de bacias hidrogrficas como unidade de planejamento (Captulo 2);
caracterizao da rea de aplicao da metodologia (Captulo 3); Levantamento de
caractersticas de uso e ocupao do terreno e atividades antrpicas, com uso de
tcnicas de geoprocessamento (Captulo 4); anlise temporal de alteraes em
redes de drenagem de microbacias com base em variveis morfomtricas (Captulo
5) e avaliao das alteraes ocorridas nas microbacias da bacia hidrogrfica do rio
Capivari e suas relaes com caractersticas do meio fsico e de uso e ocupao
(Captulo 6). Nos apndices so apresentadas fichas descritivas das microbacias
com as redes de drenagem em 1972 e 1995 e dados analticos referentes
morfometria e caractersticas de uso e ocupao.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Apresentar e aplicar uma proposta metodolgica, em escala regional, que
permita avaliar alteraes em componentes da paisagem de bacias hidrogrficas e
desta forma disponibilizar um instrumento de avaliao geoambiental aos orgos
regionais responsveis pelo planejamento ambiental das bacias hidrogrficas
brasileiras.
1.1.2 Objetivos especficos
- Avaliar o uso de tcnicas e aplicativos de geoprocessamento no levantamento
de caractersticas de uso e ocupao do terreno e na obteno da rede de
drenagem de bacias hidrogrficas;
- Avaliar as alteraes em componentes da paisagem com base em anlise
temporal de fotografias areas;
- Avaliar o uso de variveis morfomtricas como indicadores de alteraes em
bacias hidrogrficas;
- Aplicar a proposta metodolgica na bacia hidrogrfica do rio Capivari e
classificar suas microbacias quanto ao grau de alterao na rede de drenagem.
-
41.2 Localizao da rea de aplicao da proposta metodolgica
A bacia do rio Capivari possui uma rea de 1580 km2 e est localizada na
regio centro-leste do estado de So Paulo, com os seguintes limites geogrficos
aproximados: latitudes 22050 S e 23020 e longitudes 46040 W e 47050 W (Figura
01). Possuem sede dos municpios dentro dos limites da bacia as cidades de
Campinas, Monte Mor, Louveira, Capivari, Elias Fausto, Rafard e Mombuca. As
principais rodovias que cortam a bacia so: Rodovia dos Bandeirantes (SP-348);
Rodovia Anhanguera (SP-330) e Rodovia Santos Dumont (SP-300).
Figura 01: Localizao da bacia do rio Capivari.
-
52 BACIA HIDROGRFICA COMO UNIDADE DE
PLANEJAMENTO (UMA REVISO)
2.1 Evoluo da poltica ambiental brasileira
O marco inicial da implantao da poltica ambiental no Brasil ocorreu no
incio da dcada dos setenta, aps a Primeira Conferncia das Naes Unidas em
Estocolmo, em 1972, e surgiu como resultado de uma presso exercida por
organizaes internacionais insatisfeitas com a ausncia de poltica e de legislao
de contedo especificamente ambiental no pas (FJP, 1998).
Como resposta presso internacional, o governo brasileiro encaminhou a
criao, em 1973, do SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente (Decreto n0
73.030). Vale ressaltar que, em termos de aparato legislativo, existem documentos
legais mais antigos, tais como o Cdigo Florestal (editado em 1934 e reformulado
em 1965), o Cdigo das guas (1934), o Cdigo de Pesca (1938), o Cdigo de
Minas (1940), o Cdigo Nacional de Sade (1954) e a Poltica Nacional de
Saneamento Bsico (1967).
As primeiras medidas advindas com a criao do SEMA ocorreram em
1975 (Decretos-lei 1.413 e 7.389) e se referem poluio industrial nos grandes
centros urbanos e s medidas de preveno e controle de poluio industrial. Esta
fase, entretanto, no se mostrou efetiva na resoluo dos problemas ambientais,
posto que nesta poca o Brasil estava mais preocupado com o desenvolvimento
econmico. Um reflexo deste quadro foi sentido com o Decreto 81.107, de 1977,
que definiu o elenco de atividades consideradas de alto interesse para o
desenvolvimento e a segurana nacional, onde, dentre elas, se destacou o
incentivo a algumas indstrias altamente poluidoras.
-
6A poltica ambiental comeou a tomar novos rumos em 1981, no governo
Geisel, com a Lei Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938), que teve por objetivo a
preservao, a melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida,
visando assegurar, no pas, condies ao desenvolvimento scio-econmico, aos
interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana. Os
princpios abordados na lei so os seguintes:
- ao governamental na manuteno do equilbrio ecolgico, considerando o
meio ambiente como um patrimnio pblico a ser necessariamente assegurado
e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
- racionalizao do uso do solo, do subsolo, da gua e do ar;
- planejamento e fiscalizao do uso dos recursos ambientais;
- proteo dos ecossistemas, com a preservao de reas representativas;
- controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
- incentivos ao estudo e pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional
e proteo dos recursos ambientais;
- acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
- recuperao de reas degradadas;
- proteo de reas ameaadas de degradao;
- educao ambiental em todos os nveis de ensino, inclusive a educao da
comunidade, objetivando capacit-la para participao ativa na defesa do meio
ambiente.
A Lei apresenta ainda uma srie de instrumentos que visa contribuir para
que se alcance o objetivo proposto. Alguns destes instrumentos, entretanto, at
hoje no foram implementados e outros necessitam de ajustes para que atendam,
satisfatoriamente, ao objetivo ao qual esto destinados. Os instrumentos so:
- o estabelecimento de padres de qualidade ambiental;
- o zoneamento ambiental;
- a avaliao de impactos ambientais;
- o licenciamento e a reviso de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
- os incentivos produo e instalao de equipamentos e criao ou absoro
de tecnologia, voltados para melhoria da qualidade ambiental;
- a criao de espaos territoriais especialmente protegidos pelo poder pblico
federal, estadual e municipal, tais como reas de proteo ambiental, de
relevante interesse ecolgico e reservas extrativistas;
-
7- o sistema nacional de informaes sobre o meio ambiente;
- o cadastro tcnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental;
- as penalidades disciplinares ou compensatrias ao no cumprimento das
medidas necessrias preservao ou correo da degradao ambiental;
- a instituio do relatrio de qualidade do meio ambiente a ser divulgado
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renovveis (IBAMA);
- a garantia da prestao de informaes relativas ao meio ambiente, obrigando-
se o poder pblico a produz-las quando inexistentes;
- o cadastro tcnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
utilizadoras dos recursos ambientais.
A promulgao da lei resultou na criao do CONAMA (Conselho Nacional
do Meio Ambiente) e na formao do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio
Ambiente), sendo o primeiro destinado formulao de diretrizes para a Poltica
Nacional do Meio Ambiente e o outro, constitudo por rgos da Unio, dos
estados, do Distrito Federal e dos municpios e por fundaes institudas pelo poder
pblico, responsvel pela proteo e melhoria da qualidade ambiental.
Um ponto fundamental na Lei 6.938, radicalmente contrria posio da
Unio at ento, com respeito s questes ambientais, foi a descentralizao da
execuo da poltica de controle ambiental, motivando a ao dos estados e
municpios e reservando a ela a superviso e edio de normas gerais da poltica
ambiental, endossando, assim, a idia da internalizao da gesto ambiental pelos
governos locais. Com a nova legislao, os estados podem elaborar normas,
quando delegado pela Unio (competncia privativa) ou ento complementar as
normas gerais elaboradas pela Unio, desde que sejam de carter mais restritivo.
Os municpios, assim como os estados, podem tambm legislar complementando
as normas estabelecidas pelos estados e pela Unio.
Um importante instrumento em defesa do meio ambiente foi institudo em
1985 (Lei 7.347), autorizando a Ao Civil Pblica. At ento, o nico meio de ao
legal em defesa do meio ambiente era a Ao Popular, que aquela onde qualquer
cidado pode ser parte legtima para prop-la, desde que assistido por um
-
8advogado. Os custos processuais e com advogado, entretanto, sempre dificultaram
a utilizao deste instrumento pelo cidado comum.
Com o advento da Ao Civil Pblica, o Ministrio Pblico apresenta-se
como curador do meio ambiente e tem a incumbncia de apresentar-se como autor
em aes referentes a atos que provoquem a degradao do meio ambiente, e
desta forma tornou-se um aliado do cidado comum preocupado com os danos
causados ao meio ambiente.
Em 1988, a Constituio Nacional dedicou um captulo ao meio ambiente e,
pela primeira vez na histria do pas, fez referncia explcita ao direito coletivo a um
meio ambiente protegido, atribuindo responsabilidade administrativa, civil ou
criminal em relao aos danos a ele causados.
No final da dcada dos 80 at os dias atuais ocorreram vrias mudanas
administrativas nos organismos responsveis por ditar as regras relacionadas ao
meio ambiente, provocadas pelos diferentes governos. Em 1989 o presidente Jos
Sarney extinguiu a SEMA e criou o Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos
Recursos Naturais Renovveis IBAMA (Lei 7.735). Em 1990 o presidente
Fernando Collor criou a Secretaria Nacional do Meio Ambiente e alterou as
estruturas e atribuies do SISNAMA e do CONAMA (Decreto 99.274). Em 1992 o
governo Itamar franco elevou a Secretaria Nacional do Meio Ambiente categoria
de Ministrio do Meio Ambiente e em 1993 a Ministrio do Meio Ambiente e da
Amaznia Legal e o presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995, o trasformou
em Ministrio do Meio Ambiente, Recursos Hdricos e da Amaznia Legal.
Em 1998 a legislao ambiental tomou novo impulso com a promulgao da
Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605), onde os princpios assegurados pela
Constituio Federal passaram a ser disciplinados e regulamentados. A Lei versa
sobre condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente que passam a
ser punidas civil, administrativa e criminalmente, obrigando o autor da conduta a
promover a recuperao do dano e a responder com o pagamento de multa,
prestao pecuniria e processo criminal.
-
9No tocante a medidas que priorizassem o planejamento ambiental, foi
sancionada em Janeiro de 1997 a Poltica Nacional de Recursos Hdricos (Lei
9.433), com base no modelo francs de gesto ambiental. Como princpios bsicos
da nova Lei esto:
- Adoo da bacia hidrogrfica como unidade de planejamento;
- Usos mltiplos da gua (todos os setores usurios tm igual acesso ao uso dos
recursos hdricos);
- Reconhecimento da gua como um bem finito e vulnervel;
- Reconhecimento do valor econmico da gua;
- Gesto descentralizada e participativa.
2.2 A bacia hidrogrfica como limite territorial para planejamento ambiental
Lanna (1995) prope a adoo da unidade territorial bacia hidrogrfica
como uma das alternativas para o planejamento e gerenciamento ambiental,
destacando algumas vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens argumenta
que a rede de drenagem de uma bacia pode ser capaz de indicar relaes de
causa-efeito, particularmente aquelas que envolvem o meio hdrico. Dentre as
desvantagens argumenta que nem sempre os limites municipais e estaduais
respeitam os divisores da bacia.
Ross & Del Prette (1998) ressaltam que a gesto ambiental caminha
progressivamente para tomar as bacias hidrogrficas como unidades de
planejamento regional, mas com uma clara nfase nos recursos hdricos. Advertem,
entretanto, sobre a necessidade de uma poltica que contemple os outros
componentes dos recursos naturais (solos, relevo, atmosfera, substrato rochoso,
flora e fauna) e os componentes sociais e econmicos, no em termos de bacias
hidrogrficas, mas tambm considerando sua insero regional e sua articulao
com os problemas nacionais.
A adoo da bacia hidrogrfica como unidade de planejamento no uma
unanimidade entre os pases. Segundo Bourlon & Berthon (1993) vrios pases da
Europa, como por exemplo, Alemanha, ustria, Blgica, Dinamarca e Sucia,
adotam limites administrativos. Dentre os pases que adotam os limites definidos
-
10
por bacias hidrogrficas esto Frana, Espanha, Grcia, Portugal, Reino Unido e os
Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, apesar haver deste 1965 uma lei que determina a
utilizao de bacias hidrogrficas no planejamento ambiental e dos recursos
hdricos, a grande autonomia dos estados, conforme Setti (1996), faz com que
ocorram algumas dificuldades para a implantao e execuo deste sistema.
Na Frana, a legislao que instituiu a adoo da bacia hidrogrfica como
unidade bsica de planejamento e gerenciamento data de 1964. Trata-se de um
sistema descentralizado, com a participao da comunidade e que prev a
cobrana pelo uso da gua. A organizao do sistema se estabelece pela atuao
de trs entidades, conforme Lanna (1995) e Setti (1996): o Comit de Bacia, que
funciona como um parlamento das guas, sendo responsvel pelas aes
normativas; a Agncia de Bacia, que um organismo pblico com personalidade
civil e autonomia financeira, responsvel pela cobrana do uso da gua, atribuio
de subsdios e emprstimos para realizao de obras de interesse comum e
contribuio na execuo de estudos e pesquisa; e as Comunas e Departamentos,
que estabelecem os objetivos de qualidade para os cursos dgua e executam as
obras pblicas na bacia. Acima destas trs entidades est o Estado, por meio de
uma coordenao interministerial, que monitora as fontes poluidoras e/ou
consumidoras e exerce a tutela sobre as agncias e comits.
O sistema que vem sendo implementado no Brasil desde 1976 por meio de
projetos-piloto e que foi posteriormente incorporado pela Poltica Nacional de
Recursos Hdricos (Lei 9.433), tem por base o modelo francs. A primeira
experincia, segundo Assis (1996), foi implantada nas bacias do Alto Tiet e
Cubato, no estado de So Paulo.
Assis (1996) e Ross & Del Prette (1998) destacam outras experincias a
partir de 1979, com a participao dos governos federal e estaduais por meio de
Comits Executivos de Estudos Integrados de Bacias de Rios Federais,
destacando-se as bacias dos rios Paraba do Sul (So Paulo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro), Paranapanema (So Paulo, Paran), Grande (So Paulo e Minas
Gerais), Ribeira do Iguape (So Paulo e Paran), Jaguari-Piracicaba (So Paulo e
-
11
Minas Gerais), Iguau (Paran e Santa Catarina) e So Francisco (Minas Gerais,
Bahia, Sergipe e Pernambuco).
Segundo Assis (1996) estes comits logo se desgastaram pela ineficincia
de suas proposies, devido, principalmente, falta de poder deliberativo e de
recursos financeiros. Entretanto, conforme Ross & Del Prette (1998), a iniciativa foi
importante por estabelecer um modelo de macrozoneamento para as bacias
hidrogrficas brasileiras.
O primeiro grande passo para instituir uma poltica efetiva de recursos
hdricos utilizando-se de bacias hidrogrficas como unidade de planejamento surgiu
no estado de So Paulo em 1987, quando comeou a ser formulado o Plano
Estadual de Recursos Hdricos, promulgado como lei em 1991. Pela nova lei
ficaram estabelecidos os seguintes pontos: adoo da bacia hidrogrfica como
unidade fsico-territorial de planejamento e gerenciamento; gerenciamento
descentralizado, participativo e integrado dos recursos hdricos; e cobrana pelo
uso da gua. Para servir de experincia piloto em suas disposies transitrias
estabeleceu-se dois Comits de Bacias em regies diferenciadas e crticas: um
para as bacias do Alto Tiet e Baixada Santista e outro para as bacias dos rios
Piracicaba, Capivari e Jundia (Assis, 1996).
O comit das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundia teve como ponto
de apoio a Consrcio Intermunicipal da Bacia do Piracicaba-Capivari, estabelecido
em 1989. Segundo Ross & Del Prette (1998) a criao deste consrcio foi um
exemplo pioneiro no Brasil, mas j prtica comum no gerenciamento de bacias
hidrogrficas na Europa, Japo e Estados Unidos. O consrcio foi criado com os
seguintes objetivos: representar o conjunto de municpios em assuntos de interesse
comum; melhorar e controlar as condies de saneamento e uso das guas;
promover formas articuladas de planejamento do desenvolvimento regional;
desenvolver servios e atividades de interesse dos municpios consorciados.
Com base no modelo francs e na experincia j consumada pela
legislao paulista, o governo brasileiro sancionou, em Janeiro de 1997, a Poltica
Nacional de Recurso Hdricos, que prev o estabelecimento de bacias hidrogrficas
como unidades de planejamento e gerenciamento e a criao dos seguintes
-
12
organismos: Conselho Nacional de Recursos Hdricos; Comits de Bacias
Hidrogrficas; Agncias de Bacias e Organizaes Civis de Recursos Hdricos.
Neste sistema, vale destacar o princpio da gesto descentralizada e participativa,
onde as discusses sobre a melhor maneira de lidar com o meio ambiente devem
ser geradas pelas prprias localidades.
As experincias de planejamento ambiental j consumadas no Brasil por
meio dos comits de bacias priorizam o desenvolvimento regional e o
estabelecimento de macrozoneamentos. Partindo desta constatao, Lanna (1995)
questiona sobre qual escala de atuao deveria ser a mais adequada para atender
aos objetivos e metas pretendidos. Desta maneira, sugere a adoo de, no mnimo,
duas escalas: a primeira destinada a tratar da complexidade das inter-relaes
entre o todo e suas partes, envolvendo toda a superfcie territorial da bacia e outra
que deve tratar especificamente das partes, considerando as restries, limitaes
e demandas impostas pelo todo, devendo ser aplicada em microbacias.
Uma proposta de gesto envolvendo microbacias hidrogrficas foi
apresentada por Christofoletti (1996) utilizando como reas-piloto as microbacias do
Ribeiro das Furnas e do Ribeiro Claro, localizadas, respectivamente, nos
municpios de Araras SP e Rio Claro SP. Os procedimentos metodolgicos
envolvem: a descrio e anlise das caractersticas morfolgicas; a anlise dos
fluxos de matria e energia e da dinmica dos processos atuantes; e a anlise da
integrao entre as caractersticas morfolgicas e a dinmica processual.
2.3 Condicionantes das alteraes ambientais em bacias hidrogrficas
2.3.1 Conceituao de alterao ambiental
So os processos do meio fsico e/ ou tecnolgicos que promovem
dinamismo ao meio ambiente, e que provocam mudanas no mesmo. Segundo
Fornasari Filho (1992) os processos, de maneira geral, so descritos por intermdio
da anlise de fluxos de energia e de matria que resultam de interaes entre seus
diversos componentes.
-
13
Os processos do meio fsico, decorrem de interaes com predominncia de
componentes abiticos. Para Bitar (1995) e Fornasari Filho (1992), a caracterizao
destes processos, em termos qualitativos e/ou quantitativos, constitui um alicerce
nos planos de estudos ambientais. Os processos tecnolgicos esto ligados
interferncia do homem no meio ambiente e so acionados pelas atividades
modificadoras do meio, tais como ocupaes urbanas, implantao de indstrias,
cultivo agrcola, obras virias e mineraes.
s mudanas no meio ambiente decorrentes dos processos, d-se o nome
de alteraes ambientais. Dentre estas alteraes, aquelas consideradas
significativas sero denominadas impactos. Na determinao da significncia das
alteraes, Duinker & Beanlands (1986) incluem os seguintes aspectos:
- a importncia dos atributos ambientais passveis de serem alterados;
- a distribuio das alteraes no tempo e no espao;
- a magnitude das alteraes;
- o grau de confiana nas medies e previses das alteraes.
Alguns autores, como Leopold et al (1971) e Tommasi (1994), incluem no
conceito de impacto ambiental um fator de julgamento, qualificando-o em positivo
ou negativo. O impacto positivo, ou benfico, resulta de uma melhoria da qualidade
de uma caracterstica ambiental, enquanto o impacto negativo, ou adverso, resulta
de um dano qualidade de uma varivel ambiental.
2.3.2 Atividades modificadoras do meio e impactos decorrentes
Dentre as atividades que podem provocar alteraes na paisagem ou em
caractersticas fsicas ou qumicas das guas em uma bacia hidrogrfica, pode-se
citar como mais importantes aquelas advindas da agropecuria, da urbanizao, da
minerao e de indstrias. Estas atividades, bem como algumas das principais
alteraes delas decorrentes sero descritas neste sub-captulo.
Pires & Santos (1995) procuraram esquematizar e montar a cadeia de
alteraes geradas em decorrncia destas atividades, culminando com as
-
14
alteraes dos recursos hdricos. Este esquema apresentado no organograma da
Figura 02.
AGRICULTURA - URBANIZAO - MINERAO - INDSTRIAS
retirada da coberturavegetal
impermeabilizao e/oucompactao dos solos
captao de gua para abastecimento
utilizao da gua paraescoamento de resduo
diminuio daprecipitao local
aumento doescoamento superficial
diminuio da guano sistema por evaporao
e derivao
aumento de substnciasorgnicas e/ou txicas no
ambiente aqutico
diminuio da infiltrao aumento da erosodos solosdiminuio da
evapo-transpiraoprejuzo
biota aqutica
diminuio do estoquede gua subterrnea
aumento doassoreamento decrregos e rios
alterao da funoambiental de ciclagem dos
materiais e despoluio
alterao nos padresde vazo dos crregos e
rios
alterao da qualidadeda gua
cheias e secaspronunciadas
problemas dequalidade da gua para
abastecimento
Figura 02: Alteraes provocadas por atividades antrpicas em bacias hidrogrficas
(modificado de Pires & Santos, 1995).
-
15
2.3.2.1 Atividade agropecuria
O uso de mtodos insustentveis na agricultura est causando srias
degradaes e eroso nas terras de cultivo. Segundo Doyle (1991), no incio dos
anos 80, estimou-se que 6 toneladas de solo foram perdidos para cada tonelada de
gros produzidos. No mundo so gastos U$ 24 bilhes, anualmente, na tentativa de
controlar a eroso nas plantaes.
O crescente uso de fertilizantes qumicos, pesticidas e herbicidas est
poluindo os aquferos e ameaando pessoas e animais. A cada ano h centenas de
milhares de acidentes com envenenamento por pesticidas em todo o mundo.
Segundo Seager et al (1992), s na Inglaterra e Pas de Gales foram 2889 s em
1989; em 1988 foram 4141.
Alm destes, h outros efeitos secundrios relacionados s atividades
agroindustriais:
- a irrigao das terras de cultivo responde a 73% do consumo total de gua em
todo o mundo; deste total, segundo Corson (1993),apenas 43% realmente
utilizado, os outros 57% so perdidos no estoque ou transporte. Este
desperdcio comea a esgotar o suprimento de gua subterrnea e de
superfcie, e ainda, o uso excessivo elimina os nutrientes do solo e pode fazer
com que a terra fique alagada ou demasiamamente salinizada ou alcalinizada.
- o lanamento de estrume de animais, segundo Seager et al (1992), o principal
causador de incidentes em fazendas na Inglaterra e Pas de Gales.
- a abertura de clareiras para a criao de animais e cultivo uma causa
importante das perdas de florestas. Cerca de 16 milhes de hectares de
florestas so desmatados a cada ano para o cultivo ou criao de gado
(Corson, 1993).
Os principais efeitos ambientais no solo, gua, seres vivos ou outros
componentes do meio ambiente, devido s diversas prticas agrcolas podem ser
observados na Tabela 01.
-
16
Tabela 01: Efeitos ambientais devido s prticas agrcolas (modificado de Corson,
1993).
PRTICASAGRCOLAS
SOLO GUASUBTERRNEA
GUA DESUPERFCIE
FLORA E FAUNA
OUTROS:ar, barulho,paisagem,produtosagrcolas
Desenvolvi-mento da terra:programas deconsolidaoda terra
direoinadequadalevando degradaodo solo
outra direo daguainfluenciando olenol subterrneode gua
perda de espciePerda doecossistema,perda dadiversidadebiolgica,
irrigao,drenagem
sais emexcesso,represamentode gua
perda daqualidade (maissais),fornecimento degua potvelafetado
degradao dosolo,sedimentao,poluio da guacom partculas dosolo
ressecamento deelementos naturaisafetando osecossistemas nosrios
degradao daterra se aatividade nofor apropriada localidade
lavoura erosocausada pelovento e/oupela gua
mecanizao:equipamentosgrandes oupesados
compactaodo solo,eroso dosolo
gases com acombusto,barulho
uso defertilizante:- nitrognio
lixiviao donitrato afetando agua
- fosfato acmulo demetaispesados (Cd)
escoamento,lixiviao oudescarga diretalevando eutrof icao
efeito sobre amicroflora do solo
- esterco,adubo deorigem animal
excesso:acmulo defosfato decobre(esterco deporco)
nitrato, fosfato(atravs do usoexcessivo deesterco comoadubo)
eutrofizao leva: aexcesso de alga eplantas aquticas ediminuio dooxignio, afetandoos peixes
mau cheiro,amnia
- adubo commatria deesgoto,composto
acmulo demetaispesados,contaminado-res
resduos
aplicao depesticidas
acmulo depesticidas eprodutosdegradantes
lixiviao deresduos depesticidas mveise de produtosdegradantes
afeta a microflorado solo; resistnciade algumas ervasdaninhas;envenenamento:resistncia
evaporao;acmulo pelavaporizao,resduos
2.3.2.2 Ocupao urbana
O xodo rural e o consequente crescimento acelerado das cidades tem
provocado, alm de uma situao de insalubridade nas reas marginais, tais como,
-
17
falta de saneamento, gua tratada, coleta de lixo, dentre outros fatores essenciais
para uma vida aceitvel, um alto ndice de vulnerabilidade dos terrenos frente s
eroses, assoreamentos e acidentes naturais, como escorregamentos.
Segundo Prandini et al (1995), os principais fatores do meio fsico que, para
um dado clima, condicionam os problemas decorrentes da ocupao so:
- as caractersticas geomorfolgicas: formas e dinmica do relevo;
- as caractersticas geolgicas: tipos litolgicos, estruturas, processos geodinmicos
internos e externos;
- as caractersticas geotcnicas: caractersticas dos terrenos, propriedades dos
solos e rochas.
FAO (1995) discorre sobre a influncia de intervenes antrpicas no meio
fsico e as potenciais alteraes decorrentes. A Tabela 02 apresenta as alteraes
fsicas e qumicas a que so submetidos os constituintes do terreno, em funo das
diferentes intervenes antrpicas.
Tabela 02: Alteraes fsicas e qumicas decorrentes de intervenes antrpicas
sobre o meio fsico (modificado de FAO, 1995).
Atividade Alteraes fsicas Alteraes qumicas
relevo cobertura
vegetal
solo densidade de
drenagem
ar solo gua
Urbanizao x x x x x x
Indstria x x x x
Agricultura x x x x x x
Manejo de floresta x x
Turismo x x x
A ocupao humana, iniciada pelo desmatamento e seguida pelo cultivo da
terra, construo de estradas, criao e expanso das vilas e cidades, sobretudo
quando efetuada de modo inadequado, constitui, conforme Salomo & Iwasa
(1995), o fator decisivo da origem e acelerao dos processos erosivos. Uma vez
ativada, a eroso passa a ser comandada por fatores naturais, tais como, chuva,
relevo, solo e cobertura vegetal.
-
18
Kertzman et al (1991), ao estudar as eroses na bacia do mdio Tiet,
indicam as atividades scio-econmicas como principais potencializadoras das
eroses aceleradas. Os desmatamentos generalizados e as atuaes antrpicas no
sentido de concentrar o fluxo da gua, tais como obras de drenagem, arruamentos
e construo de cercas atuam diretamente na proliferao de ravinas e boorocas.
Um dos problemas mais srios na deflagrao de processos erosivos a expanso
de loteamentos em reas imprprias ao uso do solo.
Uma das maiores consequncias da eroso, alm das grandes perdas de
terrenos, o assoreamento que provoca nos cursos dgua e reservatrios. O
principal impacto provocado pelos assoreamentos o desequilbrio das condies
hidrulicas, o qual gera, por sua vez:
- enchentes;
- perdas da capacidade de armazenamento dgua;
- incremento de poluentes;
- prejuzos para o abastecimento e produo de energia.
Os escorregamentos, responsveis por milhares de mortes e prejuzos de
dezenas de bilhes de dlares a cada ano no mundo, constituem-se em um dos
processos mais importantes associados dinmica superficial, tanto pelas elevadas
frequncias com que ocorrem, como pela grande extenso de reas com risco
potencial de ocorrncia.
2.3.2.3 Disposio de resduos urbanos
A disposio de resduos um problema que vem sendo encarado com
muita seriedade pelos ambientalistas, principalmente pelo alto potencial de cargas
txicas que lana no meio ambiente. S nos Estados Unidos estima-se que cada
cidado descarta 1,5 kg de lixo slido municipal por dia e no Canad, 1,9 kg.
Segundo dados da Organizao Panamericana de Sade (Philippi Jr, 1999) na
America Latina e Caribe a quantidade de resduos domiciliares gerados varia entre
0,3 a 0,6 kg/hab/dia, enquanto a quantidade bruta gerada em mdia de 0,7
kg/hab/dia.
-
19
A destinao de todo este lixo pode ser a reciclagem, a incinerao ou os
depsitos de resduos. Quando opta-se pelos depsitos, a disposio deve ser feita
de maneira controlada de forma a evitar a contaminao das guas subterrneas e
de superfcie. Zuquette (1991) indica como causas principais da disposio
inadequada de resduos os seguintes pontos:
- falta de conhecimento regional das caractersticas do meio fsico e do meio
ambiente como um todo;
- no caracterizao e separao dos tipos de resduos;
- falta de bases mais reais das normas existentes no Brasil para a escolha dos
locais;
- baixo ndice de estudos em aterros existentes ou experimentais;
- falta de fiscalizao pelos orgos pblicos e punio aos responsveis pela
disposio inadequada dos resduos.
Segundo Bisordi (1999), a disposio direta no solo a forma de destinao
final de resduos slidos mais difundida e utilizada em todo o mundo e em especial
em pases menos desenvolvidos. No Estado de So Paulo, 56,4 % dos municpios
dispem lixos domiciliares inadequadamente, 25,4 % de forma controlada e apenas
18,2 % de forma adequada.
A disposio inadequada pode gerar tanto problemas de contaminao,
quanto acelerao nos processos do meio fsico (Tabela 03). Os principais fatores
que conduzem a estes problemas, segundo Cunha & Consoni (1995), so os
seguintes:
- imperfeito conhecimento das caractersticas do meio fsico (rocha, solo, gua,
etc.) e dos resduos al dispostos, resultando em projeto inadequado;
- negligncia no monitoramento das condies ambientais e operacionais do
aterro;
- sobrecarga da capacidade inicial do projeto, no intento de prolongar sua
utilizao.
Alm dos problemas construtivos e de localizao, os depsitos esto
sempre sujeitos aos vrios processos fsicos, qumicos e biolgicos que ocorrem
entre os resduos e o meio ambiente. Dentre estes, Campbell (1993) coloca como
-
20
um dos mais importantes os processos anaerbicos acionados pela matria
orgnica contida nos resduos. Como consequncia destes processos, so
produzidos percolantes ricos em amnia e com alto contedo orgnico e gases
ricos em metano e dixido de carbono. Tais emisses so poluentes potenciais ou
perigosos, se no adequadamente controlados.
Tabela 03: Problemas gerados devido disposio inadequada de resduos
(modificado de Cunha & Consoni, 1995).
TIPO ORIGEM CAUSAS
-falha naimpermeab ilizao debase (aterro /lagoa detratamento dechorume
- impermeabilizao (solo/manta) incompatvel com ospercolados- m compactao
Contaminaodas guas
subterrneas-recalques(aterro/lagoa detratamento dechorume)
- solo natural com propriedade inadequada- recalques devido s alteraes (carga, aumento daumidade, agresso ao solo, etc.)
-elevao do nveldgua acima da basedo aterro
- dados insuficientes (nvel piezomtrico, pluviometria,vazes, etc.)- mal dimensionamento do sistema de drenagem
Potencializaode processos do
meio fsico
-escorregamentos eeroso
- cortes em altos ngulos nas encostas- cortes contra a foliao ou fraturamentos- alteraes na vegetao marginal- deficincias de compactao dos aterros e resduosdispostos
-assoreamentos -eroso dos cortes (solo de fcilalterao/instabilizao)- carreamentos devido deficincia na drenagemsuperficial- desvegetao/alteraes nas reas marginais
Embora o risco de contaminao seja o principal problema na disposio de
resduos, existem outros fatores que tambm contribuem para a degradao
ambiental. Dentre eles se incluem:
- impacto visual e esttico;
- danos fauna e flora;
- doenas em animais e populao carente;
- acmulo de produtos no biodegradveis no ambiente;
- mal cheiro.
-
21
2.3.2.4 Mineraes
Mascarenhas (1989) classifica as fontes de impacto em atividades
minerrias conforme o tipo de lavra e o tipo de minrio:
A) conforme o tipo de lavra:
- Cu aberto: o tipo de lavra que gera maior impacto: produz grande quantidade
de estril, alm de poeira, ruido, vibraes e poluio das guas.
- Subterrnea: o impacto menor: o estril pode ser jogado nas prprias galerias
abandonadas, os efluentes lquidos surgentes so pontuais, o mesmo ocorre
com a poeira, os ruidos e a vibrao.
- Dragagem: potencialmente poluidora: o revolvimento do leito dos rios e reas
vizinhas provoca turbidez e slidos em suspenso. H tambm poluio
qumica devido utilizao de produtos qumicos no beneficiamento (ex:
mercrio e cianeto na minerao de ouro).
B) conforme o tipo de minrio:
- Minrios utilizados na construo civil: So geralmente pedreiras localizadas
prximas aos centros urbanos: causam problemas principalmente na ocasio
das detonaes e britagem, acarretando poluio devido ao p, vibrao e
ruido.
- Metlicos: geralmente, para obteno do concentrado, mais de 90% do run of
mine liberado como rejeito em forma de lama fina, contaminada com
reagentes qumicos e orgnicos. Muitas vezes liberam tambm SO2
atmosfrico, o que provoca chuvas cidas.
- Ferrosos: libera, geralmente, grande quantidade de estril, devido ao
decapeamento. O minrio submetido a diversos processos de beneficiamento
que geram poluio (p, ruidos, vibraes, etc). O rejeito lanado na fase
lquida em barragens de decantao.
- Carvo: quando a cu aberto, abrange grandes reas e causa poluio no ar e
gua. Quando subterrnea pode liberar efluentes cidos, gerar combusto e
tambm estar sujeita subsidncia.
IG (1993), ao estudar o meio fsico como subsdio ao planejamento territorial do
municpio de Campinas SP, apresenta os principais tipos e formas de mineraes
ocorrentes na regio bem como os principais impactos gerados (Tabela 04).
-
22
Tabela 04: Formas de mineraes e impactos decorrentes no municpio de
Campinas SP (modificado de IG, 1995)
Bem mineral Forma de lavra Principais impactos gerados
Argila para cermica
cava seca Retirada do solo superficial; desmatamentos; processos
erosivos; assoreamento das drenagens; formao de
cavas abandonadas
Cava submersa
(plancies de inundao)
Comprometimento da vegetao na plancie de inundao
ou mata ciliar; formao de lagoas; alterao do perfil
hdrico; assoreamento
Dragagem no leito do rio Aumento da turbidez das guas; eroso nas margens;
comprometimento da mata ciliar devido disposio dos
estoques de areia
Areia para construo
civil
Dragagem nas plancies
de inundao
Comprometimento da vegetao na plancie de inundao
ou mata ciliar; formao de lagoas; alterao do perfil
hdrico; assoreamento
Explorao com p em
aluvies de pequenas
drenagens
Referem-se s atividades precedentes (normalmente
loteamentos) que ocasionam processos erosivos e
assoreamentos nas drenagens
Brita Desmonte em bancadas
com explosivo
Alterao da paisagem devido desfigurao topogrfica e
desmatamento; emisso de p; vibraes e rudos devidos
s detonaes; praas de lavras abandonadas
Pedra ornamental Desmonte com marretas
ou similares
Comprometimento do patrimnio paisagstico;
desmatamento; processos erosivos; disposio irregular de
rejeitos nas encostas
gua mineral Captao superficial Sem impactos associados
Saibro ou cascalho Trator ou
retroescavadeira em
encostas ou cortes de
estradas
Alterao da paisagem; desmatamento; instabilizao de
encostas e taludes; processos erosivos e assoreamento
das drenagens no entorno; reas de extrao
abandonadas
2.3.2.5 - Indstrias
As indstrias, como atividades produtoras e de transformao, tm a
capacidade de lanar na gua poluentes que podem ser nocivos sade humana
ou sobrevivncia de outros seres vivos. Lana desde poluentes orgnicos, como
derivados de petrleo, fenis e detergentes, passando pelos derivados de
fertilizantes e agrotxicos, chegando at os metais pesados. Estes ltimos,
constituem uma classe de destaque dentre os poluentes, tanto pelo grau de
-
23
periculosidade de alguns dos seus elementos, como o caso do chumbo, do
cromo, do cdmio e do mercrio, quanto pela sua mobilidade.
2.3.3 O planejamento como preveno s alteraes ambientais
McDonald & Brown (1995) defendem a utilizao do estudo de impacto
ambiental (EIA) em termos de planejamento e no apenas na avaliao de impacto
ambiental para empreendimentos especficos. Um trabalho com este intuito dever
permitir avaliar o grau de degradao que existe em uma determinada rea, devido
s atividades existentes e ainda avaliar as suas limitaes ambientais no sentido de
acomodar novas atividades. Para a efetivao do processo de impacto ambiental
no planejamento, os autores definem algumas metas que devem ser incorporadas
aos planos. Estas metas esto expostas na Tabela 05.
Tabela 05: Metas ambientais para o estudo de impactos em planejamento
(adaptado de McDonald & Brown, 1995).
Metas quanto aos recursos ambientais
i controlar a intensidade do uso de recursos ambientaisi conservar o habitat dos animais selvagens e manter a biodiversidadei estimular a eficincia do uso de energia em transporte, indstria e setores residenciaisi assegurar que a ocupao no utilize reas destinadas para outros finsi assegurar que a ocupao no ocorra em terrenos imprprios
Metas quanto queda da qualidade ambiental
i assegurar que a capacidade de assimilao de resduos dos corpos aquticos e do ar possa conviver com o terreno planejadoi coleta e disposio dos resduos slidos e lquidos sem causar a longo prazo contaminao do terreno e da guai promover mobilidade nas reas urbanas, mas minimizar os efeitos ambientais adversos da intruso da infra-estrutura de transporte e movimento do trfego sobre pessoasi previnir problemas de poluio em gerali proteger a sade humana
Maglio (1991), defende a utilizao do estudo de impacto ambiental (EIA)
como instrumento de planejamento ambiental no Brasil, aplicando-o na avaliao
-
24
de planos e programas regionais e locais, visando promover o desenvolvimento
sustentvel. Para que esta questo torne-se realidade, algumas necessidades
devero ser supridas:
- retomada do planejamento fsico-territorial urbano, regional e local,
considerando a varivel ambiental;
- desenvolvimento do zoneamento dos diferentes espaos;
- promoo do planejamento ambiental das bacias hidrogrficas.
Pires & Santos (1995) utilizam uma sistemtica de trabalho para o
planejamento e gerenciamento de bacias hidrogrficas, verificando causas e efeitos
das intervenes humanas e traando diretrizes de desenvolvimento adequadas ao
ambiente fsico e biolgico. A sistemtica envolve as seguintes etapas:
- diagnstico ambiental;
- prognstico ambiental;
- integrao das anlises ambiental, poltica e econmica;
- zoneamento ambiental.
2.4 Tcnicas de geoprocessamento e anlises estatsticas utilizadas em
bacias hidrogrficas
Civco et al (1995) destacam que embora a caracterizao de bacias
hidrogrficas no seja uma novidade para cientistas e planejadores, suas
possibilidades e aplicaes tornaram-se exponencialmente maiores com a evoluo
dos sistemas de geoprocessamento.
A gerao, digitalizao e manipulao de dados georeferenciados em
sistemas informatizados vm sendo utilizadas desde a dcada dos 70, com o
desenvolvimento dos sistemas de informaes geogrficas (Aronoff, 1989). Na
dcada dos 80, Burrough (1986) estimou que, s nos Estados Unidos haviam,
aproximadamente, mil diferentes sistemas de informaes geogrficas com funes
especficas e destinados s mais diversas aplicaes cartogrficas.
Na dcada dos 90, alguns sistemas se despontaram dos demais por
atenderem a aplicaes mais generalizadas. Cmara (1994) comparou a
-
25
funcionalidade de alguns dos sistemas mais utilizados no mercado brasileiro e
mundial, com base nos seguintes instrumentos de geoprocessamento: anlise
geogrfica, processamento digital de imagens, modelagem numrica de terreno,
modelagem de redes e produo cartogrfica. O autor constatou que a grande
maioria apresentava deficincias em pelo menos um dos instrumentos.
Sheng et al (1997) propem o uso de Sistemas de Informaes Geogrficas
(SIGs) na classificao e avaliao de bacias hidrogrficas em pases em
desenvolvimento e destacam a importncia de ferramentas como o Modelo Digital
do Terreno (MDT) na obteno de parmetros como borda da bacia, elevaes e
caractersticas das encostas e em combinao com outros fatores, como mapa
geolgico e de solos, para derivar cartas interpretativas. Civco et al (1995) tambm
consideram o MDT importante para a caracterizao de bacias e complementam
que a sua combinao com outros dados fornece grandes oportunidades para
identificar novos parmetros descritivos.
Muitos autores desenvolveram algortimos com base em MDT para a
extrao de redes de drenagem de bacias hidrogrficas. Meisels et al (1995)
agrupam os procedimentos at ento desenvolvidos em trs grupos: algortimos de
passo simples; algortimos de passo duplo e clculos automticos da rede de
drenagem. Destes, os primeiros a serem desenvolvidos e tambm os mais
deficientes foram os de passo simples, porque alm de produzirem canais
descontnuos, no so capazes de locar canais onde as concavidades do relevo
no esto bem definidas.
Band (1986) desenvolve um algortimo de passo duplo adicionando
operadores para conectar fragmentos de canais separados que permite a extrao
das redes em sub-bacias de bacias hidrogrficas. Band (1989) aprimora esta
tcnica com o objetivo de produzir mais detalhes e a associa a um SIG, melhorando
as funes de armazenamento, manejo e recuperao de atributos da rea de
drenagem.
Meisels et al (1995) discutem sobre os vrios procedimentos utilizados para
a extrao de redes de drenagem com o uso de MDT e destacam a ocorrncia de
deficincias tcnicas nos mais simplificados e deficincias operacionais nos mais
-
26
complexos. Os autores propem um mtodo composto por um algortimo principal,
complementado por procedimentos de pr e ps-processamento.
Ferreira (1997) utiliza MDT, em escala regional, para a estimativa de
enchentes em bacias hidrogrficas onde h escassez de dados hidrolgicos. No
mtodo apresentado, alguns parmetros morfomtricos so extrados do MDT e
correlacionados com dados fluviomtricos. Dentre os parmetros analisados, a
amplitude altimtrica e o desvio padro das altitudes mostraram-se mais adequados
para o estudo das cheias.
Ferreira (1999) utiliza-se de uma tcnica de geoprocessamento denominada
Modelo Digital das Distncias Mnimas (MDI), por meio da funo de vizinhana
extensiva presente em SIGs, para interpretar a variabilidade espacial de parmetros
morfomtricos dentro de uma bacia hidrogrfica.
Sousa (2000) utiliza tcnicas de realce em fotografias areas digitalizadas,
para testar a viabilidade de se traar a rede de drenagem de bacias hidrogrficas a
partir da tela do computador, em detrimento ao processo manual com uso de
estereoscpio. Os resultados no produziram o efeito desejado. O autor s
recomenda a tcnica para bacias com rede de drenagem muito bem definida,
preferencialmente com ocorrncia sistemtica de matas ciliares.
A anlise de terreno, com auxlio de sensoriamento remoto e sistemas de
informaes geogrficas, vem se tornando cada dia mais usual, tanto nos rgos
administrativos quantos em empresas privadas e de pesquisa. Saito et al (1994),
fizeram um levantamento em 200 agncias americanas envolvidas com a qualidade
das guas e constataram que mais de um tero destas utilizam algum tipo de SIG.
Ferreira (1996) apresenta aspectos conceituais relacionados modelagem
cartogrfica em SIG e suas aplicaes