Coluna 09 - Gentileza - 21-02-2014

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Cidades VITÓRIA, ES, SÁBADO, 15 DE FEVEREIRO DE 2014 ATRIBUNA 7 PROTESTOS “Manifestantes têm relação com partidos” Secretário da Segurança também recebeu denúncias de que pessoas foram pagas para estimular atos de violência nos protestos Keyla Cezini “A lguns manifestantes têm rel ação com partidos po- líti cos . Não dig o que fos- sem patrocinados oficialmente, mas com relação. Muita gente tem filiação”. Essa afi rmaç ão foi fei ta ontem pelo secretário d e Estado da Segurança Pública e Defesa So- cial, André Garcia, em entrev ista a uma rádio. Ele também disse que recebeu muitas denúncias de que pessoas eram pagas para participar das ma- nife staçõe s que aconteceram no Estado e m 2013 e que havi a quem estimulasse atos de violência. “É claro que existem pessoas que estimu lam es se tip o de com- portamento. Tivemos informa- ções de que algumas pessoas esta- vam sen do pagas. Mas, como não teve prov as, não le vamo s adian te. Seria uma leviandade”, afirmou. Estudantes que participaram dos protest os, a partir de junho do ano passado , negaramterem rece-  bid o di nhe iro. “Só consigo rir quando ouço uma declaração dessas. A gente partici- pa das mani festa ções porqu e tem um ideal. N ão conheço nin guém que tenha rec ebido pra isso” , disse a estudante Naiara Abdalla, mem-  bro do D iretório Cen tral dos Estu- dantes (DCE) da Universidade F e- deral do Espírito Santo (Ufes). A estudante Bianca Oliveira, 23 anos, também afirma que nunca ofereceu dinheiro. Mas conta que teve conhecimento de denúncias de que políticos estava m pagando para que pessoas praticassem van- dalismo. “As denúncias não diziam quem eram esse s polí ticos e não chegaram a ser confirmadas”, diz. RIO A Polícia Civil do Rio de Janeiro entregou ontem ao Ministério Pú-  blico inquérito indician do Fábio Raposo e Caio Silva de Souza, am-  bos d e 22 a nos , por h omic ídi o do- loso com dolo eventual (quando se assume o risco de mata r) qualif i- cado (po r uso de art efato explos i- vo) e crime de explosão. Eles são os principais suspeitos de provocar a morte do cinegrafista Santiago Andrade. Se condenados, podem pegar até 35 anos de prisão. O advogad o dos jov ens , Jonas Tadeu Nunes, disse que vai pedir a anulação do inquérito. Segundo ele, Caio teria sido pressionado por policiais a prestar depoimento, no qual negou que tenha acendido o rojão que matou Santiago. FERNANDO RIBEIRO - 01/03/2013 ANDRÉ GARCIA disse que houve denúncias de incentivo ao vandalismo Proposta para segurança na Copa O governo do Estado pediu e o gove rno fede ral parec e ter com- preendido, mas ain da não respon- deu se os investimentos e equipa- mentos destin ados inicialm ente às cidades-sede da Copa do Mundo para reforço na segurança serão redistribuídos também entre os es- tados que vão receber delegações. O pedido foi feito ontem pelo subsecretário de Gestão Estratégi- ca da Secretaria de Estad o d a Se- gurança Pública (Sesp), Gustavo Debortoli, em reunião realizada em Araca ju (SE) c om o mini stro da Justiça. “O governo federal ficou sensí- vel à redi str ibu içã o dos rec urso s e pensa em fazer a redistribuição , mas nada foi de fin ido n ess a reu- nião. O objetivo dela não era esse”. Gustav o Debortoli contou que, na reunião, diversos pontos da no- va propo sta de legi slaç ão relacio- nada a protesto s foram discuti dos. Entre eles, a criação do crime de terr oris mo e a proi biç ão do uso de m á s c a ras. “A reunião foi para recolher opi- niões para elaborar um projeto comp atív el com a real idad e de to- do o País”, disse. “A intenção é garantir segurança e dir eito de ma nif est ação. Fo i dito que é impo rtante combatero ano- nimato, mas isso é mais complexo que pro ibi r o uso de más caras e é necessário estudar a melhor forma de fazer isso”. AGÊNCIA ESTADO - 12/02/2014 CAIO DE SOUZA foi indiciado por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Advogado vai pedir anulação de inquérito J. JERRY TONONI é professor universitário, escri tor e consultor em comunicação e comportamento profissional. E AÍ, PROFES SOR? J. JERRY TONONI | jjerr [email protected] MOSTRA (DA) SUA LÍNGUA A gentileza S egundo o poeta e dramaturgo grego Sófocles (495- 406 a.C.), “gentileza gera gentileza”. Mais de dois mil anos depois, William Penn (1644-1718), líder religioso inglês e fundador do estado americano da Pensilvânia, disse: “Q ualquer bo a ação ou gen til eza que eu qu eir a dedicar aos meus irmãos deve ser feita agora.” Em todo dicionário, a palavra “gentileza” apresenta vários sig- nificados, todos ligados a pessoas que usam seus “poderes” pa ra o  bem. Nesta coluna, ser gentil é “a grad ar pela del ica deza de sen- timento ou fineza de maneiras”. Provavelmente, neste universo da genti leza, ha verá uma evol u- ção gramatical e “humana”. A líng ua portugue sa agradec e- ria se ocorressem menos erros com a palavra “obrigado”, por exemplo. O mundo (do português ofici al) agrade ceria se as pe ssoas dissessem “obrigado” (e suas fle- xões) com mais frequência. A maioria dos itens abaixo é empregada diaria- mente. Em teoria, não se pode pensar em desvio da norma culta e formal da língua com vocábu- los tão “nobre s”. Na prática, quanto ao uso dele s, as dúvi- das persistem. A saudável (e eterna) briga acon- tece, por exemplo, quando se “enfren - ta” o uso do h ífen. Essa briga continua entre homens e mu- lheres , por c ausa de “términos”, como a(s) e o(s). Boa-noite Com hífen, esse substantivo composto nomeia o cumprimen- to que se dirige a alguém (Exe m- plos: 1. Eutanásio Boa Morte ain- da não me deu boa-noite. 2. Cumprimentou-o calorosamen- te com um bom-dia.). quan do s e cump rime nta al- guém, retira-se o hífen (Exem- plos: 1. Boa noite, Eutanásio Boa Morte. 2. Bom dia a todos.). O b ri gad o(a  ) Atenção, leitoras! Uma mulher agradece de sta forma: Obrigada! Duas ou mais mulher es de vem exclamar: Obrigadas! Essa última regra (a do plural) vale também para o homem. Se um homem resp onde “o  bri ga- do”, dois ou mais homens dizem “obrigados”. Faz-se essa concordância tam-  bém com a gra dec ido : mul her (es ) – agradecida(s); homem(ns) a g ra d ec i do ( s  ) . B e m - v i n d o (a ) Com hífen, bem-vindo(a) cor- responde a “bem recebid o(a)”, “bem acolhido(a)”. Além da fle- xão de gêner o (bem-vindo, bem- vinda), admite-se flexão de nú- mero do t ermo “vin - do” (Exemplo: Se-  jam todos bem-vin- dos.). Sem hífen, transformamos es- sas palavras em “no - mes próprios de pessoas( Exe m- plos: Benvindo e B e nv i n d a  ) . Pe rg u n ta r V ale rev isar a dif e- ren ça ent re os ve r-  bos “pe rgun tar ” e “questionar ”. Per- gunta-se quando se quer saber algo de alguém; questiona-se quando se duvida de algo dito por alguém. Pess oas gentis e/ou educadas não fazem estas pe rguntas: Qual sua idade? Quanto você ganha? Lem-  br a-s e d e mim ? V ocê est á g rávida? Ainda não casou? Novo Acordo Ortográfico Quando convivemos com a gentileza, sentimo-nos mais feli- zes, com outro “a st ral”. Por esse motivo e por causa do Novo Acordo Ortográfico, lembramos algumas “palavras positivas” pa - ra que sejam empregadas com convicção: alto-astral, autocon- fiança, autoestima e bem-estar. Toque de letra JUDE U – Que n ão se confun- dam os adjeti vos “j udeu” e ju - daico”. Os dois têm relação com a Judeia. O primeiro se refere a pessoas, enquanto o seg undo, a c o i s as. Curiosidade FAX – Essa reprodução é oriunda do latim “fac simile” (Tradução: Faze semelhante.). Lembre-se de que esse termo de- si gn a também o nom e do apa re- lho (Plural: os fax).

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Ci da d e s

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 15 DE FEVEREIRO DE 2014 ATRIBUNA 7

P ROT ESTOS

“Manifestantes têmrelação com partidos”Secretário da Segurançatambém recebeudenúncias de quepessoas foram pagaspara estimular atos deviolência nos protestos

Keyla Cezini

“Alguns manifestantes têm

relaçãocom partidos po-líticos. Não digo que fos-sem patrocinados oficialmente,mas com relação. Muita gente temfiliação”. Essa afirmação foi feitaontem pelo secretário de Estadoda Segurança Pública e Defesa So-cial, André Garcia,em entrevista auma rádio.

Ele também disse que recebeumuitas denúncias de que pessoaseram pagas para participar das ma-nifestações que aconteceram noEstado em 2013 e que havia quemestimulasse atos de violência.

“É claro que existem pessoasque estimulam esse tipo de com-portamento. Tivemos informa-ções de que algumas pessoas esta-

vam sendo pagas. Mas, como nãoteve provas, não levamos adiante.Seria uma leviandade”, afirmou.

Estudantes que participaramdos protestos, a partir de junho doano passado, negaramterem rece-

 bido dinheiro.“Só consigo rir quando ouço uma

declaração dessas. A gente partici-pa das manifestações porque temum ideal. Não conheço ninguémque tenha recebidopra isso”, dissea estudante Naiara Abdalla, mem-

 brodo Diretório Central dosEstu-dantes (DCE) daUniversidade Fe-deral do Espírito Santo (Ufes).

A estudante Bianca Oliveira, 23anos, também afirma que nuncaofereceu dinheiro. Mas conta queteve conhecimento de denúnciasde que políticos estavam pagandopara que pessoas praticassem van-dalismo. “As denúncias não diziamquem eram esses políticos e não

chegaram a ser confirmadas”, diz.

RIOA Polícia Civil do Rio de Janeiro

entregou ontem ao Ministério Pú- blico inquérito indiciando FábioRaposo e Caio Silva de Souza, am-

 bos de 22 anos, por homicídio do-loso com dolo eventual (quando seassume o risco de matar) qualifi-cado (por uso de artefato explosi-

vo) e crime de explosão.Eles são os principais suspeitosde provocar a morte do cinegrafistaSantiago Andrade. Se condenados,podem pegar até 35 anos de prisão.

O advogado dos jovens, JonasTadeu Nunes, disse que vai pedir aanulação do inquérito. Segundoele, Caio teria sido pressionadopor policiais a prestar depoimento,no qual negou que tenha acendidoo rojão que matou Santiago.

FERNANDO RIBEIRO - 01/03/2013

ANDRÉ GARCIA disse que houve denúncias de incentivo ao vandalismo

Proposta para segurança na CopaO governo do Estado pediu e o

governo federal parece ter com-preendido, mas ainda não respon-deu se os investimentos e equipa-mentosdestinados inicialmenteàscidades-sede da Copa do Mundopara reforço na segurança serãoredistribuídos também entre os es-tados que vão receber delegações.

O pedido foi feito ontem pelosubsecretário de Gestão Estratégi-ca da Secretaria de Estado da Se-gurança Pública (Sesp), Gustavo

Debortoli, em reunião realizada

em Aracaju (SE) com o ministroda Justiça.“O governo federal ficou sensí-

vel à redistribuição dos recursos epensa em fazer a redistribuição,mas nada foi definido nessa reu-nião. O objetivo dela não era esse”.

Gustavo Debortoli contou que,na reunião, diversos pontos da no-va proposta de legislação relacio-nada a protestos foram discutidos.Entre eles, a criação do crime de

terrorismo e a proibição do uso de

m á s c a ras.“A reunião foi para recolher opi-niões para elaborar um projetocompatível com a realidade de to-do o País”, disse.

“A intenção é garantir segurançae direito de manifestação. Foi ditoqueé importante combatero ano-nimato, mas isso é mais complexoque proibir o uso de máscaras e énecessário estudar a melhor formade fazer isso”.

AGÊNCIA ESTADO - 12/02/2014

CAIO DESOUZA foiindiciado porhomicídio comdolo eventual,quando seassume o riscode matar.Advogado vaipedir anulaçãode inquérito

J. JERRY TONONIé professor universitário, escritor e consultor emcomunicação e comportamento profissional.

E AÍ,P RO F ES S O R?J. JERRY TONONI | [email protected]

MOSTRA (DA) SUA LÍNGUA

A gentileza

Segundo o poeta e dramaturgo grego Sófocles (495-406 a.C.), “gentileza gera gentileza”. Mais de dois milanos depois, William Penn (1644-1718), líder religioso

inglês e fundador do estado americano da Pensilvânia, disse:“Qualquer boa ação ou gentileza que eu queira dedicar aosmeus irmãos deve ser feita agora.”

Em todo dicionário, a palavra

“gentileza” apresenta vários sig-nificados, todos ligados a pessoasque usam seus “poderes” para obem. Nesta coluna, ser gentil é“agradar pela delicadeza de sen-timento ou fineza de maneiras”.

Provavelmente, neste universoda gentileza, haverá uma evolu-ção gramatical e “humana”.

A língua portuguesa agradece-ria se ocorressem menos erroscom a palavra “obrigado”, porexemplo. O mundo (do portuguêsoficial) agradeceria se as pessoasdissessem “obrigado” (e suas fle-xões) com mais frequência.

A maioria dos itens abaixo éempregada diaria-mente. Em teoria,

não se pode pensarem desvio da normaculta e formal dalíngua com vocábu-los tão “nobres”. Naprática, quanto aouso deles, as dúvi-das persistem.

A s a u d á v e l ( eeterna) briga acon-tece, por exemplo,quando se “enfren -ta” o uso do hífen.Essa briga continuaentre homens e mu-lheres, por causa de“términos”, como a(s) e o(s).

Boa-noiteCom hífen, esse substantivocomposto nomeia o cumprimen-

to que se dirigea alguém (Exem-plos: 1. Eutanásio Boa Morte ain-da não me deu boa-noite. 2.Cumprimentou-o calorosamen-te com um bom-dia.).

Já quando se cumprimenta al-guém, retira-se o hífen (Exem-plos: 1. Boa noite, Eutanásio BoaMorte. 2. Bom dia a todos.).

O b riga do(a )Atenção, leitoras! Uma mulher

agradece desta forma: Obrigada!

Duas ou mais mulheres devem

exclamar: Obrigadas!Essa última regra (a do plural)vale também para o homem. Seum homem responde “o briga-do”, dois ou mais homens dizem“obrigados”.

Faz-se essa concordância tam- bém com agradecido: mulher(es)– agradecida(s); homem(ns) –a gra d ec ido ( s ).

B e m - v i n d o (a )Com hífen, bem-vindo(a) cor-

responde a “bem recebido(a)”,“bem acolhido(a)”. Além da fle-xão de gênero (bem-vindo, bem-vinda), admite-se flexão de nú-

mero do termo “vin -do” (Exemplo: Se-

 jam todos bem-vin-dos.). Sem hífen,transformamos es-sas palavras em “no -mes próprios depessoas” (Exe m-plos: Benvindo eB e nv i n d a ) .

Pe rg u n ta rValerevisar a dife-

rença entre os ver- bos “pergun tar ” e“questionar ”. Per-gunta-se quando sequer saber algo de

alguém; questiona-se quando seduvida de algo dito por alguém.Pessoas gentis e/ou educadas não

fazem estas perguntas: Qual suaidade? Quanto você ganha? Lem- bra-se de mim? Você está grávida?Ainda não casou?

Novo Acordo OrtográficoQuando convivemos com a

gentileza, sentimo-nos mais feli-zes, com outro “a stral”. Por essemoti vo e por causa do NovoAcordo Ortográfico, lembramosalgumas “palavras positivas” pa -ra que sejam empregadas comconvicção: alto-astral, autocon-fiança, autoestima e bem-estar.

Toque de letraJUDEU – Que não se confun-dam os adjetivos “judeu” e “ju-daico”. Os dois têm relação com aJudeia. O primeiro se refere apessoas, enquanto o segundo, ac o i s as.

CuriosidadeFAX – Essa reprodução éoriunda do latim “fac simile”(Tradução: Faze semelhante.).Lembre-se de que esse termo de-signa também o nome do apare-lho (Plural: os fax).