Combate Socialista Nro37

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COMBATE SOCIALISTA COMBATE SOCIALISTA nº 37 PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST Tendência Interna do Partido Socialismo e Liberdade ABRIL/MAIO 2011 www.cstpsol.com Governo presenteia empreiteiras e trabalhadores fazem greve nas obras

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Programa de aceleracao da corrupcao Governo presenteia empreiteiras e trabalhadores fazem greve nas obras

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COMBATESOCIALISTACOMBATESOCIALISTA

nº 37

PUBLICAÇÃO DA CORRENTE SOCIALISTA DOS TRABALHADORES - CST

Tendência Internado Partido Socialismoe Liberdade

ABRIL/MAIO 2011

www.cstpsol.com

Governopresenteiaempreiteiras etrabalhadoresfazem greve nas obras

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EDITORIAL

COMBATESOCIALISTACOMBATESOCIALISTA

PUBLICAÇÃO DA CORRENTESOCIALISTA DOS TRABALHADORESCST/PSOL - SEÇÃO DA UNIDADEINTERNACIONAL DOSTRABALHADORES - UITwww.uit-ci.org

Av. Gomes Freire 367 - 2º� andar -Centro - Rio de Janeiro - Telefone (21) 2507-9337 [email protected]

Editoria:Silvia Santos e Rosi Messias

Tradução e correção:Marco Antônio Costa e Priscila Guedes

Diagramação e projeto gráfico:Marcello Bertolo

As matérias assinadas são deresponsabilidade dosautores e colaboradores

Passados cem dias dogoverno Dilma, a maioriada grande imprensa, eco-ando as opiniões dos seto-res políticos e econômicos,bate palmas. Elogiam o re-lacionamento com a im-prensa, com os políticos daoposição, com os militarese com o imperialismo, tudoisto sem mudar o rumoeconômico iniciado porFHC e continuado por Lula.

Existem razões para tan-ta adesão. As empreiteirasestão sendo retribuídas pe-las suas contribuições decampanha com rios de di-nheiro para construir asobras do PAC. O agrone-gócio aplaude o projeto dealteração do Código Flo-restal Brasileiro do deputa-do governista Aldo Rebelo(PcdoB-SP). E o sistema fi-nanceiro continua a fazer afesta com altíssimos juros.

Por sua vez, os militares

condecoraram a ex-guer-rilheira e atual presidentacom a insígnia de Grã-Mes-tra da Ordem do Mérito daDefesa. E, o imperialismopresenteou a Dilma com avisita do próprio Obama.

Mas a alegria deles nãoé nossa alegria. A revoltanos canteiros de obra doPAC onde 170 mil trabalha-dores cruzaram os braçospara reivindicar por seus di-reitos são a prova de paraquem governa Dilma. Pro-vas que encontramos naviolenta repressão e prisão de 13 militantes duranteum protesto pacífico con-tra a visita de Obama, ou,nos Direitos Humanos umavez que criaram uma Co-missão da Verdade paraagir de mentirinha, já quenenhuma das investiga-ções servirá para julgar ecastigar os que mataram etorturaram durante a dita-

EDITORIAL CASSAÇÃO DOMANDATO ECADEIA PARA OMILITAR-DEPUTADOJAIRBOLSONARO

Racismo é crime, previstoem lei e dá cadeia. Essa temque ser a punição de Jair Bol-sonaro por suas declaraçõesracistas e homofóbicas na TV,além da cassação do seumandato de deputado fede-ral. Foi isso que exigiu a frenteMovimento Negro e GLBTS noprimeiro ato contra o racismoe a homofobia.

Mas, as declarações do mi-litar-deputado Jair Bolsonarono programa humorístico CQC,não podem ser consideradassomente como coisas de “umlouco” isolado. Elas refletem oque realmente pensa a elitebranca capitalista e setores dapequena-burguesia brasileira,descendentes dos antigos se-nhores de escravos com repre-sentantes no meio empresari-al, educativo, religioso, políticoe militar. Bolsonaro expressoucom palavras, o que aconte-ce no dia-a-dia desse país,como, por exemplo, a execu-ção sumária de jovens negrospor policiais sob a justificativados “autos de resistência”, ouainda, a agressão a homosse-xuais por grupos nazi-fascistas.

A punição ao militar-depu-tado tem de ser exemplar.Mas, é preciso alertar a socie-dade, que estas atitudes segarantem na certeza da impu-nidade, respaldada por seus“camaradas” dentro da esfe-ra governamental e das forçasarmadas. Por isso, é necessárioa mobilização permanente damaioria da sociedade pelacassação do mandato e prisãodo militar-deputado Jair Bolso-naro; punição aos agentes ci-vis e militares do Estado do pe-ríodo da ditadura militar e dosatuais pelos crimes de torturae assassinato ; e, pela imedia-ta condenação e punição detoda e qualquer manifestaçãode racismo e homofobia.

A edição nº 37 do Comba-te Socialista , vem com umaproposta para nossos leitores.A partir deste número estamosorganizando uma campanhade assinaturas em todo o país,com objetivo de manter e for-talecer o Combate. Os leitoresjá podem fazer sua assinatura,a partir deste número, que cus-

dura militar protegidos pelalei da Anistia.

Mas novos fatos estãoacontecendo no país e nomundo trazendo ar frescopara oxigenar os movi-mentos. As revoluções donorte de África derruban-do governos corruptos ecapachos do imperialismodemonstram do que sãocapazes os povos mobiliza-dos. Mais cedo ou tarde,esses processos influencia-rão na região. Mais pertoainda, a radical luta dostrabalhadores das obrasdo PAC conquistou triun-fos. Esses são os exemplosa seguir. Unificar as lutas,nos solidarizar com elas eajudar para que sejam vi-toriosas é uma grande ta-refa que temos pela fren-te. Nesse caminho, neces-sitamos construir uma novadireção sindical e políticapara os trabalhadores.

ta apenas R$ 10,00, e terão di-reito a 5 edições, podendotambém fazer a contribuiçãosolidária no valor de R$ 20,00.O jornal será entregue em mãospelos militantes responsáveis.Para fazer a assinatura, bastaentrar em contato com os mili-tantes da CST de seu estado,ou mandar um e-mail para:

ASSINE O COMBATE SOCIALISTA

Dirigente socialista tunisiano Amami Nizar visita o Brasile recebe apoio do Sindicato dos Quimicos de São Josédos Campos e Região/SP e do Sindicato dosTrabalhadores da UFF - Sintuff, em Niterói/RJ.

[email protected]

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SINDICAL

Douglas DinizDouglas Diniz - Dirigente daCST/PSOL e Unidos pra Lutar

Os cem dias de governoDilma, foram abalados pelapoderosa greve da construçãocivil nas obras do PAC. Umprocesso que explodiu por forae contra a política das gover-nistas CUT e Força Sindical.

O estopim da mobilizaçãoforam os baixos salários, aspéssimas condições de traba-lho, a falta de assistência mé-dico-odontológica e de aloja-mentos dignos para um mere-cido descanso após horas detrabalho sob sol escaldante.

Enquanto a CUT e a ForçaSindical faziam negociatas emBrasília trocando direitos econquistas dos trabalhadorespor cargos em ministérios ediscutem entre si a divisão dosR$ 100 milhões arrecadadoscom o imposto sindical, hones-tos pais de família embrenha-dos no meio do mato eram tra-tados como "vândalos" pelaimprensa e terroristas pelaForça Nacional de Seguran-ça, como ocorreu em Jirau eSanto Antônio (RO), enviadapelo governo para tentar aca-bar com a luta.

Os mais de 170 mil operá-rios grevistas foram vitorio-sos. Arrancaram melhoriassalariais em média acima dainflação, reajustes na cesta-básica e nas horas-extras, li-cença de 5 dias a cada trêsmeses com direito a passagemde avião para visitar familia-res, melhorias nas condiçõesde trabalho, garantias de alo-jamentos dignos e a constru-ção de banheiros femininosinexistentes em várias obras.

No RJ, os operários do Por-to Açu, do bilionário Eike Ba-tista, tiveram todas as suas

reivindicações atendidas, in-clusive o pagamento do adici-onal de 30% de periculosida-de, plano de saúde e a equipa-ração salarial com os trabalha-dores de Porto Sudeste (Ita-guaí/RJ). Em Pecém (CE), con-seguiram reajuste salarial de9,36% e um aumento de 20,2%na ajuda de custo. Em Suape(PE), dos 13 pontos reivindi-cados, 11 foram conquistados,a cesta básica e pagamento dehoras extras negados pela pa-tronal só foram atendidos apósjulgamento no TRT, único dopaís que decretou ilegalidadeda greve e determinou o des-conto dos dias parados.

A CSP-Conlutas e aComissão Nacional deenrolação

O governo não tardou emter política buscando recupe-rar o controle da situação.Para isso chamou uma reu-nião com empresários, CUT,Força Sindical, à qual convi-dou a CSP-Conlutas.

Não negamos a importân-cia de participar das mesas denegociações para debater as

pautas de greves, para garan-tir os direitos dos trabalhado-res. Mas o que nos preocupou,foi à política levada a cabo pelaConlutas na reunião. Não vi-mos a Conlutas questionar afalta de legitimidade da CUTe Força Sindical, que jamaispoderiam representar os gre-vistas, visto que eram contraa greve, fato denunciado portoda imprensa. Não vimos aConlutas exigir a presença nareunião, de representantesdos trabalhadores, eleitos de-mocraticamente nas assem-bléias. Não à toa, os elogios daburocracia à postura da CSP-Conlutas na primeira reunião:"ajudaram muito na reunião.Não foram desagregadores",superaram "a fase da agitação,que sozinha não constróinada". (O Globo de 03/04/2011). E as declarações de At-nágoras (executiva nacionalda CSP-Conlutas), alimentan-do expectativa na comissãotripartite (governo, empresá-rios e centrais sindicais): "ti-vemos consenso na primeirareunião, na forma de contra-tação (via Sistema Nacional de

Emprego do Ministério doTrabalho). Mas não podemosafirmar que haverá consensosempre com as outras cen-trais. Nossa idéia é contribuirao máximo. Se der problemas,vamos para o debate interno".Globo de 03/04/2011.

Lições de uma greveA greve da construção ci-

vil nos deixou uma grande li-ção: em primeiro lugar que épossível obter triunfos com aforça da mobilização, desde aorganização da base. Em se-gundo lugar, junto com des-mascarar a política traidorae conciliadora da CUT e For-ça Sindical, nos mostrou qualdeve ser o caminho a trilharpara construirmos uma novadireção sindical para classe.Pois não são acordos superes-truturais e nem disputas deaparatos que definem e cons-troem uma nova direção esim, processos vivos da lutade classe, a exemplo de Jiraue Antônio, onde a peãozadafez a experiência concretacom suas direções tradicio-nais e tomou em suas mãosas rédeas do destino.

Por último, a obrigação detodas as entidades classistase combativas é organizar umaCampanha Nacional de apoioe solidariedade a estas lutas,discutindo e votando nas as-sembléias das categorias aforma de apoiá-las. Pois nãopodemos depositar nenhumaconfiança na comissão tripar-tite. Junto a isto, a única for-ma de que todas as reivindi-cações dos trabalhadores daconstrução civil se concreti-zem e não se percam, é que apeãozada continue mobiliza-da, através de suas assembléi-as e comissões de base, acom-panhando de perto o cumpri-mento das reivindicações.

170 mil peões contra o governo,as centrais sindicais pelegas e os patrões!

Operários da Jirau em greve bloqueiam estradas em protesto

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CONJUNTURA

com o objetivo de evitar que lores. Ataque aos salários dos única saída de fundo é aplicar caminho.

BANDIDOS E DELINQÜENTES

A Comissão do Senadopara a Reforma Política en-cerrou seus trabalhos no dia07 de abril após 45 dias defuncionamento. Para compora Comissão, o presidente doSenado José Sarney convocouseu colega de casa e tambémex-presidente Fernando Co-llor. O presidente dessa Co-missão é o senador FranciscoDornelles (PP-RJ, o mesmopartido do racista e homofó-bico Bolsonaro). Com a recen-te decisão do STF de invali-dar a aplicação da lei da Fi-cha Limpa nas eleições pas-sadas, está praticamente ga-rantida a volta de Jader Bar-balho ao Congresso Nacionalpara completar a quadrilhacom Renan, Maluf, João Pau-lo, etc. Como podemos ficar

otimistas e confiantes em queuma reforma política feita poresse "bonde do esculacho",possa impedir a corrupção efortalecer a democracia noBrasil?

Pois muito bem, se a re-forma política fosse mesmoradical pra valer, não poderiapassar nunca pelas mãos dosdeputados e senadores "men-saleiros" atuais.

Driblados os interesseseleitorais de auto-sobrevivên-cia dos parlamentares, as duascomissões - do Senado e daCâmara - irão centrar o focono financiamento público decampanha, o fim das coliga-ções proporcionais e o voto emlista para o legislativo.

Com relação ao financia-mento de campanha, estãocogitando que o Congressoaprove uma proposta mistaentre financiamento público eprivado.

Pra valer, deveria ser o fi-nanciamento público somen-te, repassando aos partidos ovalor máximo pré-determina-do por lei, e a proibição totaldo apoio financeiro das gran-des empresas, o que facilita-ria o combate à corrupção,dificultaria a influência doslobys empresariais sobre acampanha política dos parti-dos e seus candidatos, e di-minuiria a desigualdade en-tre as grandes legendas bur-guesas e as pequenas organi-zações políticas dos trabalha-dores e do movimento popu-lar. Já o fim das coligaçõesproporcionais para o legisla-tivo federal, estadual e mu-nicipal evitaria a eleição depolíticos com poucos votos nacarona dos mais votados. Amanutenção do voto em listaaberta, onde o eleitor podeescolher o candidato e não sóo partido, evitaria o cresci-

pretendem se eternizar no poder

REFORMA POLÍTICA: com Sarney, Collor, Renan Calheiros, Maluf, Jader e os “Mensaleiros” do PT

mento ainda mais do poderdos caciques - que vai ocorrercom o sistema de lista fecha-da - nos grandes partidosburgueses e nas legendas dealuguel.

Uma reforma políticapara valer não poderia deixarde fora a revogabilidade dosmandatos dos parlamentares,no caso de envolvimento doparlamentar nos escândalosde corrupção, por não cumpriras promessas de campanha,por legislar e votar contra osinteresses dos trabalhadores.Seria interessante incluir,também, a eleição direta parajuízes e membros do Tribunalde Contas da União - TCU.

Mas, sem ilusões. Tudoindica que a reforma políticaque será produzida por esseCongresso corrupto vai passarlonge de uma grande reformana casa. No máximo um "pu-xadinho".

MakaíbaCST-PSOL/RJ

O Combate entrevista a Senadora eleita pelo Pará, Marinor BritoCS: Sabemos das limita-

ções da lei de ficha limpa,porém ela refletiu uma realmobilização do povo brasi-leiro. Qual sua avaliaçãosobre a decisão do STF deinvalidar a aplicação destalei nas eleições de 2010?

Senadora Marinor: A leiFicha Limpa é uma respostado povo brasileiro que, naprática, exigiu das autorida-des a participação diretado povo sobre não aceita-ção de corruptos participan-do do processo eleitoral. Eo STF frustrou essa expecta-tiva! A Dilma indicou o Fuxpara responder ao PMDB(via Governador Sergio Ca-bral), que o governo vaicontinuar fiel a aliança PT/PMDB. O Governo poucose lixou se Jader e

outros pudessem reassumir.O governo demonstra oque pensa em fazer na Re-forma Política quando aju-da no retrocesso dessa con-quista popular. ISSO MUITONOS PREOCUPA

CS: Que legitimidade po-derá ter a reforma política -coordenada por José Sar-ney - discutida e aprovadano Congresso Nacional,composto por uma grandeparcela de congressistascorruptos, fichas sujas?

Marinor: O Sarney estáem Plena sintonia com oque quer Dilma/PMDB/PSDB/PT. Estamos com re-ceio que a reforma retroce-da as conquistas do povo.O que ainda pode aconte-cer de pior, depois que a se-nadora Kátia Abreu entrou

na base do governo? Acre-dito que vem chumbo gros-so contra o povo por aí.

CS: Frente à ameaça deJáder Barbalho de substituí-la no Senado, uma vez queo STF invalidou a aplicaçãoda lei nas eleições de 2010,quais os passos que vocêpropõe para a defesa domandato popular?

Marinor: O povo precisair para as ruas em defesa daÉtica na Política. Se não de-fendermos a Lei da Ficha,não terá validade nem em2012, 2014, 2016,... Vamostambém pressionar o judici-ário para dificultar a vidados fichas sujas e pedir aju-da aos sindicatos,entidadesnacionais, OAB, CNBB, eoutras para nos ajudarem agarantir uma estrutura jurídi-

ca, para que possamos dis-putar de igual para igual,usando todos os recursosnecessários nessa, queacho, será uma longa dis-puta. Ousaremos lutar evencer!

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CONJUNTURA

Eloisa MendonçaCST-PSOL/RJ

A quem interessa a construçãodo "trem-bala"?

Apesar da urgência com queo governo federal conduz aconstrução do Trem de AltaVelocidade (TAV), que interli-gará as cidades do Rio de Ja-neiro, São Paulo e Campinas,foi adiado para julho deste anoo leilão do negócio milionárioavaliado em R$ 33,1 bilhões(valor de 2008), embora hajaquem diga que possa chegar aodobro deste valor conforme ascontingências, que teriam sidoexcluídas do traçado original edevido à pressa e improvisaçãodo empreendimento.

Dilma já conseguiu aaprovação da Câmara Fede-ral para sua Medida Provi-sória que autoriza o BNDESa emprestar R$ 20 bilhõespara a construção do trem,além de um dispositivo notexto que permite aumentarem mais R$ 2 bilhões esseempréstimo. Aprovaramtambém a criação da Empre-sa de Transporte Ferroviá-rio de Alta Velocidade(ETAV), que será a respon-sável pela supervisão da exe-cução das obras. Com issoela vence um dos principaisobstáculos para o megaloma-níaco projeto, que era teruma fonte de financiamentopública com juros baixos afim de atrair empresas es-trangeiras e empreiteirasnacionais para um negócioaltamente lucrativo com bai-xo índice de riscos para oempreendedor. Além disso,o governo entrará com R$3,4 bilhões de recursos doOrçamento da União parafazer frente às despesas comcompensações ambientais edesapropriações.

Mais dinheiro para asempreiteiras!

As cinco empreiteiras na-cionais - Camargo Corrêa,Odebrecht, Andrade Gutier-rez, Queiroz Galvão e OAS -,algumas delas já com seus pésfincados nas construções dasusinas hidrelétricas de Jirau eSanto Antonio no rio Madeira(RO), são as que demonstraminteresse claro pelo projeto ejá estão conversando com asmultinacionais estrangeirasque detêm tecnologia em trensde alta velocidade como a ca-nadense Bombardier, a alemãSiemens e a francesa Alstom.Aliás, a Alstom que vem sen-do investigada judicialmentena França por "corrupção" naatribuição de contratos no ex-terior, incluindo o Brasil, ondese apura se a multinacionalteria pagado US$ 6,8 milhõespara obter um contrato de US$45 milhões para a extensão dometrô de São Paulo. Além defornecedora de trens para Bra-sília, é também fornecedora deturbinas para as hidrelétricasde Belo Monte e Santo Anto-nio, de linhas de transmissãoda hidrelétrica Jirau no Rio

Madeira (obras que recente-mente foram palcos de gran-des manifestações da peaõza-da por péssimas condições detrabalho), e já está de olho nosnegócios trilionários que deve-rão acontecer na área de ener-gia nuclear se o governo fede-ral levar adiante as constru-ções de novas usinas em An-gra dos Reis.

Destacamos finalmente,que o preço do bilhete no trembala será equivalente ao doavião, pelo qual será mais umtransporte para ricos.

Transporte caro e de máqualidade para o povo

Enquanto isso, temos queenfrentar os péssimos trans-portes urbanos disponíveispara a locomoção de milharesde trabalhadores pelo país afo-ra. Para se ter idéia, no Rio deJaneiro todos os transportes demassa foram transferidos paraa iniciativa privada - cujosmaiores sócios são algumasdessas empreiteiras, comoOdebrecht (60 % da Supervia),Andrade Gutierrez (Barcas S/A) e Grupo Opportunity (Me-trô Rio), cujas missões são ob-

ter lucros e não fornecer trans-porte seguro, barato e de qua-lidade para seus usuários,como se depreende dos diver-sos conflitos envolvendo me-trô, barcas e trens com os seuspassageiros. São casos de pa-nes nas composições por faltade investimentos em manuten-ção, passagens caríssimas, nãocumprimento de intervalosentre uma viagem e outra, su-perlotação - as barcas são ver-dadeiras saunas ambulantespor falta de ventilação -, nahora do rush é preciso ser ma-labarista para andar de ôni-bus, metrô, barcas ou trem. Aquantidade de acidentes, commortos e feridos nos trens daSupervia é de chamar a aten-ção. Até espancamento de usu-ários, para que entrassem notrem e não impedissem o fe-chamento das portas, já foramflagrados sendo feitos pelosseguranças da empresa.

Quem vai mesmo lucrarcom a construção do trem dealta velocidade são as gran-des empreiteiras e as multi-nacionais estrangeiras que,com a crise econômica insta-lada na Europa e EUA desde2008, vêem uma forma deobter ganhos com alta taxa delucratividade e enviar esseslucros para suas matrizes nosseus países de origem. O Bra-sil e o BNDES são a salvaçãoeconômica para muitas dessasmultinacionais.

Ao invés de disponibilizaressa dinheirama para empre-sas lucrarem e atender somen-te a uma parte da população,o governo deveria estatizar otransporte público de massas,conseguindo assim baratearas passagens e oferecer trans-porte público, preferencial-mente de trens e metrôs, comagilidade e qualidade.

O “trem-bala” servirá aos mais ricos, enquanto a população pobre sofrecom a situação caótica dos transportes públicos

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CONJUNTURA

PAC: Programa deAceleração da Corrupção

O boom da construção ci-vil no governo Lula/Dilmaveio acompanhado do conluiocom as empreiteiras. Elas,que financiam as campanhaspolíticas dos governos conse-guem volumosos contratoscomo forma de retribuição eempréstimos do BNDES comjuros camaradas e prazos aperder de vista.

Por exemplo, uma dasprincipais obras do PAC doNE, a duplicação da BR-101foi investigada e denuncia-da pela PF e pelo Tribunalde Contas da União (TCU)apresentando indícios defraudes, pagamento de pro-pinas, desvio de verbas e máexecução dos serviços.

No RN, a Operação ViaApia indiciou dois dirigentes doDNIT e três funcionários dasempreiteiras por crimes de for-mação de quadrilha, peculatoe corrupção ativa e passiva.

Em PE, no consórcio forma-do pela Queiroz Galvão, An-drade Gutierrez, Odebrecht eBarbosa Mello, a PF consta-tou a falta de cerca de 50 milbarras de aço que são funda-mentais na estrutura do pavi-mento. O trecho, inauguradocom festa pelo ex. presidenteLula apresenta placas racha-das, sem poder esconder que oconsórcio deixou de cumprircom o contrato para aumen-tar seus lucros. Também emPE, o laudo da operação Cas-telo de Areia denunciou sobrepreço de R$ 45 milhões na obratocada pela OAS, CamargoCorrêa e Mendes Junior.

Em Jirau, foi denunciadopelo colunista Elio Gaspari que

a falta de projetos claros deengenharia levaram a Camar-go Correa, que lidera o consór-cio da hidrelétrica, a pedir R$1,2 bilhão adicional por contade escavações e serviços quenão estavam previstos. Ouseja, as íntimas relações como poder levam o governo a fe-char contratos bilionários comdinheiro público sem sequerter um projeto sério e detalha-do antes de começar as obras!

No entanto, não para poraí o poder das empreiteiras nogoverno PT/PMDB. Recente-mente, as provas da operaçãoCastelo de Areia desenvolvi-da pela PF - uma das maioresinvestigações de corrupçãonas obras públicas do país-foram anuladas por decisão doSuperior Tribunal de Justiça(STJ). Dita investigaçãoapontava um esquema de eva-são de divisas, lavagem dedinheiro, crimes financeiros erepasses ilícitos para políticos,envolvendo três executivos daCamargo Corrêa. Destaca-seque um dos advogados da Ca-margo Corrêa é Marcio Tho-

maz Bastos, ex. ministro daJustiça do governo Lula.

Auditoriaindependente nasobras do PAC!

A comunhão de interessesgoverno–empreiteiras levatambém à falta de fiscaliza-ção nas obras, razão pelaqual também aumentaramos acidentes de trabalho e asdenúncias de trabalho escra-vo nas obras do PAC. Já noano retrasado, no sul de Goi-ás, na construção da UsinaSalto do Rio Verdinho, toca-da pela Votorantim Energiacom apoio do BNDES, foramencontrados 98 trabalhado-res em regime análogo à es-cravidão! No entanto, o go-verno Dilma, poupando parapagar juros aos banqueiros,cortou verbas que reduzirampela metade o orçamentopara ações contra o trabalhoescravo: de R$ 5,3 milhõespara R$ 2,6 milhões!

Mesmo o programa MinhaCasa Minha Vida, que nãoresolve o déficit habitacional

das famílias pobres, aprofun-dou especulação imobiliária.Por outro lado, a falta de fis-calização possibilita que asempreiteiras alcancem altoslucros construindo moradiasde baixíssima qualidade quecomeçam a rachar ao poucotempo de ser inauguradas.

Este boom da construçãocivil - impulsionado por obrasdo PAC (Programa de Acele-ração do Crescimento) e doMinha Casa, Minha Vida -colaborou para o aumento de232% nas infrações registra-das pelo Ministério do Traba-lho. Em 2006, ano anterior aolançamento do PAC, foram5.005 irregularidades em re-lação à segurança e à saúdedo trabalhador. Quatro anosdepois, esse número chegou a16.630. (FSP 11/04).

Uma das necessidades ur-gentes é coordenar e unifi-car as lutas e reivindicaçõesdos trabalhadores da cons-trução civil, somando a exi-gência de uma imediata au-ditoria independente em to-das as obras do PAC.

Silvia SantosExecutiva Nacional do PSOL

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CONJUNTURA

Nas obras para Copa e Olimpíadas,

Desmentindo mais umavez aqueles setores que con-sideram a política externapetista como progressiva,Dilma aproveitou a visita deObama para abrir as portasàs empreiteiras dos EUA quevirão ao Brasil para exploraros trabalhadores e obter al-tos lucros.

Um dos acordos assinadosprevê que o Ex-Im Bank finan-cie a participação de empre-sas norte americanas nasobras de infraestrutura paraa Copa e para as Olimpíadas,além de negociar com o BN-DES o fomento de sociedadesentre companhias norte ame-ricanas e brasileiras para in-vestimentos em outros países.

Obras e mais obras que fo-ram e continuarão funcio-nando com base na corrup-ção, como o foram as doPAN, que custaram 10 vezesmais do que inicialmenteprevisto. Por ex. o “Enge-nhão” que se previa custarR$ 75 milhões, acabou comum custo de em torno de 400milhões de reais!`

Para cuidar dos interessesdo capital, tarefa que de-monstrou cumprir à risca napresidência do BC, a Presi-dente Dilma nomeou Henri-que Meireles à frente da Au-toridade Pública Olímpica. Enada menos que o deputadodo PMDB, Eduardo Cunha,envolvido no escândalo deFurnas, cuidará das licitaçõesda Copa e das Olimpíadas.Haja roubalheira!

Generosos empréstimos doBNDES são pagos pelo povo!

Conforme apontado noRelatório Final da recenteCPI da Dívida Pública, apartir de 2009 o governofederal passou a se endivi-dar pesadamente junto aosetor financeiro – aos mai-ores juros do mundo – paraobter recursos a serem em-prestados pelo BNDES(Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico eSocial) às empresas priva-das, a taxas de juros ex-tremamente subsidiadas.

Desta forma, mesmoque tais empresas pagas-sem suas dívidas com oBNDES, a sociedade ain-da arcaria com grande cus-

to, dado que as taxas de ju-ros pagas pelo governo fe-deral junto ao setor finan-ceiro são muito maioresque as taxas de juros pa-gas pelas empresas aoBNDES.

Agora, a MP nº 511 per-mite que tais empresas pos-terguem o pagamento dasdívidas ao BNDES, ou sim-plesmente não paguem taisfinanciamentos. Como con-sequência, o povo brasilei-ro irá arcar não somentecom os juros, mas tambémcom o principal da dívidainterna feita junto ao setorfinanceiro. (Noticias Audi-toria Cidadã da Dívida).

É comum ouvir setoresda esquerda atribuírem to-das as desgraças do país ao"capital especulativo" pou-pando as grandes empre-sas, que serviriam para de-senvolver o país. Inclusiveexistem setores que defen-dem que o PSOL deveria sealiar a setores do capital"desenvo lv iment i s tas "como uma forma de resol-ver os problemas dos seto-res populares.

Evidentemente, as em-preiteiras como as citadasnestas notas, são parte daschamadas empresas "pro-dutivas". Ficando absoluta-mente claro através destesexemplos, que jamais po-deriam ser cogitadas comoaliadas dos trabalhadores eda nação. Infelizmente,aqueles setores que as de-fendem como possíveis ali-adas abandonam todaanálise de classe, buscan-do um suposto "campo"com capitalistas produtivosque já vimos que, ao invésde ajudar o povo trabalha-dor, vive de sua brutal su-per exploração.

É no governo Lula que,

Empreiteiras: capital

turbinadas pelos créditosdo BNDES (Banco NacionalDe Desenvolvimento) - queacabam sendo pagos pelopovo -, empresas brasileirasavançam na sua internaci-onalização se fortalecendocomo multinacionais. Asonze principais multinacio-nais brasileiras concentram-se em recursos naturais(Gerdau, Vale, Petrobrás,Votorantim), engenharia econstrução civil (Odebre-cht, Andrade Gutierrez) emanufaturas intensivas emengenharia (Marcopolo,Sabó, Embraer, WEG e Ti-gre). Assim, além de explo-rar os trabalhadores brasilei-ros, super exploram os deoutros países, fundamental-mente na América Latina.

Agregamos tambémque os setores chamadosprodutivos obtêm parte deseus lucros do capital finan-ceiro, não produtivo. "Poisas empresas, ao invés de in-vestir no seu maquinário eestrutura, compram papéisbuscando o juro pago pe-los títulos públicos" explicao economista da UFRJ Rei-naldo Gonçalves.

mais subordinação a OBAMA

"produtivo progressivo"?

Silvia SantosExecutiva Nacional do PSOL

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CONJUNTURA

Os impactos das hidroelétricasno meio ambiente

Em nome do desenvolvi-mento econômico, a constru-ção de usinas hidroelétricassem os devidos estudos deimpacto socioambiental temgerado verdadeiras catástro-fes. O "desenvolvimento sus-tentável" torna-se um merodiscurso de palanque pré-eleitoral e os interesses eco-nômicos acabam primandosobre as necessidades davida das comunidades ribei-rinhas e o meio ambiente.

"Agora não pode porcausa de um bagreparar as obras"

Foi antológica, por irres-ponsável, a frase do entãoPresidente Lula referindo-seà paralização das obras Ji-rau e Santo Antônio peloefeito negativo que teria paraa vida da fauna no curso doRio Madeira, em especial dosbagres. Justamente, essasespécies que vão dos Andesa Belém, alimentam variascomunidades e dão trabalhoaos pescadores, dos quaissomente em Belém existem15 mil que dependem dessaespécie.

O governo não desconhe-ce as consequências negati-vas que, sem as devidas pre-cauções, causam estes em-preendimentos. Desde Itai-pu para cá, tem-se deixadouma marca de destruição naflora, na fauna e na vida dosmoradores das regiões afeta-das. Para mencionar só umexemplo, na Usina de Tucu-ruí, no Pará, houve uma fugaem massa de macacos, avese outras espécies durante osdois meses que durou a inun-

dação do lago de 2.430 km2.Atualmente, a estimativa éque apenas 1% das espéciessobreviveu em Tucuruí.

Este crime socioambien-tal está sendo cometido pelogoverno Dilma nas obras deJirau e Santo Antônio. Atro-pelando os vários relatóriosdo IBAMA que questionavama viabilidade do projeto ini-cial, as grandes empreitei-ras, beneficiadas pela rela-ção promíscua com o poderpolítico, não só conseguirama licencia definitiva para to-car a obra, como, no caso deJirau, mudaram em 9 km olocal do projeto original. Agravidade do problema temcausado protestos internaci-onais. A Bolívia expressousua preocupação com o im-pacto ambiental e sanitárioque as usinas de Santo An-tônio e Jirau poderão causar,tendo em vista a proximida-

de de sua construção com afronteira daquele país (100km).

Por tudo isto, não estra-nhou que, em resposta à de-núncia encaminhada em no-vembro de 2010 em nome devarias comunidades tradici-onais da bacia do Xingu à Co-missão Interamericana deDireitos Humanos (CIDH)da OEA, esta tenha solicita-do a imediata suspensão dalicencia e construção do com-plexo hidrelétrico Belo Mon-te no Pará. Para tal medida,cita "... o potencial prejuízoda construção da obra aos di-reitos das comunidades tra-dicionais da bacia do rio Xin-gu". É evidente que o quepoderia ser uma fonte limpade energia se foram cumpri-das as exigências ambien-tais, está-se transformandonuma fonte suja, manchadade sangue e destruição.

Adolfo SantosCST-PSOL

Verdadeiras cidadesconstruídas nos canteirosde obras, com péssimascondições de higiene eatendimento médico, aju-dam a disseminação dedoenças. Não por acaso,os casos de malária aumen-taram em 200% em Jiraudesde o início da obra, vis-to que está em uma zonade alto risco, uma vez queexiste uma enorme con-centração de trabalhado-res -22.500 - e a existênciana região de uma varieda-de do mosquito que atacapreferencialmente os hu-manos.

CRESCE AMALÁRIAEM JIRAU

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CONJUNTURA

DILMA mandou a Força Nacional deSegurança contra os trabalhadores do PAC

Adolfo SantosCST-PSOL

A revolta nos canteiros deobra também coloca a nu a po-lítica do governo frente às lu-tas dos trabalhadores. Os fa-tos no acampamento de Jiraue Santo Antônio são uma dasmaiores provas de como se cri-minalizam os movimentos quelutam. Não poderia ser diferen-te. Quem paga a banda esco-lhe a música. Empreiteirascomo a Camargo Corrêa e aAndrade Gutierrez, financiado-res de campanha são grandesbeneficiários deste governo.

O canteiro explodiuEm Jirau e Santo Antônio,

além do regime de trabalhopuxado, baixos salários e de-ploráveis condições de traba-lho, conhecidas e aceitas pelogoverno e as centrais chapa-branca, foram o combustívelque provocou uma das maio-res explosões dos últimos tem-pos. Cansados, os trabalhado-res paralisaram a obra, des-truíram veículos, e incendia-ram os barracos do acampa-mento onde são confinadosexigindo uma negociação paradiscutir suas reivindicações.

Mas ao invés de intervirem auxilio dos trabalhadorese abrir uma ampla investiga-ção sobre as condições de tra-balho nas obras do PAC, ogoverno enviou a Força Na-cional de Segurança Pública*,uma tropa de elite para atu-ar em situações de extremaemergência. Como tantas ou-tras vezes, o conflito socialvirou caso de policia. Essaação do governo foi a que ba-lizou os capangas da Camar-go Corrêa que agrediram fi-sicamente e tentaram expul-sar os estudantes da UNIR(Universidade de Rondônia)que mediante um panfletoforam a se solidarizar com os

trabalhadores em luta naentrada da obra.

O governo e a CUTsabiam das violações

O governo com sua açãorepressiva e o sindicato comsua omissão atuaram em fa-vor da empreiteira. Ambos sa-biam o que acontecia nas obrasjá que em 2010 os trabalhado-res da usina de Santo Antôniotinham efetuado outra revoltacontra a Camargo Correa. Aspéssimas condições de trabalhovêm sendo denunciadas demuito tempo pelo MAB (Movi-mento de Atingidos por Barra-gens). “... mais de 15 mil ope-rários da obra estão em situa-ção de super-exploração, comsalários extremamente baixos,longas jornadas e péssimascondições de trabalho”.

Infelizmente, o MAB,que também no segundo tur-no apoiou Dilma, poupa o go-verno e coloca toda a respon-sabilidade nas empreiteirasque foram denunciadas numrelatório de violação dos Di-reitos Humanos aprovadopelo próprio Governo Fede-ral. O governo joga para aplatéia aprovando relatórios

sem nenhum custo econômi-co, enquanto enchem os co-fres das empresas constru-toras que lhe financiam suascampanhas milionárias. Sede verdade o governo consi-dera que essas empresas vi-olam os direitos humanos,como é que ainda lhes adju-dicam as obras do PAC?

Muitos companheiros nãoquerem admitir que um go-verno do PT criminaliza aslutas, muito menos com aanuência de sindicatos queaderem à CUT. Mas o gover-no Lula abriu outra etapa nahistoria do PT. Integrou-se àordem e governa com os cor-ruptos, os coronéis e grandesempresários. Nesse giro sugoua CUT, cooptando seus diri-gentes que, acomodados emaltos cargos, só se lembramdo chão da obra na hora decobrar o imposto sindical.

Por isso, em meio destajusta luta, não é estranho ou-vir o prefeito do PT de PortoVelho, aderindo ao coro dasempreiteiras e chamando ostrabalhadores em luta de vân-dalos, ou um dirigente daCUT e do STICCERO, o sin-dicato da construção civil de

RO agitar: “... não podiamparar uma obra do PAC!”. Éa mesma lógica do prócer do“new PT”, José Dirceu, quenum recente artigo escritopara o Correio do Brasil, afir-mou que depois da reunião emBrasília entre patrões, gover-no e a CUT, em Jirau e SantoAntônio está tudo resolvido (?)e fecha seu artigo dizendo:“...Agora é mãos à obra, mi-nha gente! O Brasil precisamuito dessas hidrelétricas”.

De nossa parte podemosdizer que os trabalhadores doPAC podem e devem parar asobras para exigir melhorias.Nesse processo terão nossoincondicional apoio, porquedo que realmente o Brasil pre-cisa é de muitas lutas comoas de Jirau e Santo Antôniopara fazer justiça e mudarnossas condições de vida.

* A primeira missão oficial da

FNSP ocorreu em 30/11/2004, em Vi-tória (ES). Na ocasião, a FNSP subs-tituiu o Exército já que a cidade viviauma crise na segurança pública, comdenúncias de que traficantes teriamcorrompido todas as polícias e o Ju-diciário local. Em junho de 2006, aForça voltou a ser acionada no MatoGrosso do Sul, para apoiar o policia-mento local, após uma série de rebe-liões nos presídios.

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PARTIDO

Conferência Nacional

Em meio à poderosa revo-lução do norte de África, a CST- Corrente Socialista dos Tra-balhadores -, corrente internado PSOL, realizou sua Confe-rência Nacional no Rio de Ja-neiro. Além dos delegados e dadireção da corrente, participa-ram dirigentes da UIT-QI Uni-dade Internacional dos Traba-lhadores - Quarta Internacio-nal e da FOS - Frente de Opo-sição Socialista, com atuaçãona APEOESP - Sindicato dosProfissionais da Educação deSP e integrante da TendênciaSindical "Unidos Para Lutar".

Ato de abertura comdestaque paraRevolução Árabe

No primeiro dia, foi reali-zado um ato de abertura dedi-cado à Revolução Árabe. Nele,Babá, dirigente da CST e doPSOL ressaltou "a importân-cia do caráter internacionalis-ta da nossa Conferência, queocorre em um momento fun-damental para os povos ára-bes, que protagonizam revolu-ções que se alastram por todaa região, sendo um exemplopara os povos de todo o mun-do". Orlando Chirino, dirigen-te sindical e político venezue-lano e da UIT-QI, destacou:"Não temos ilusão em Chávez,que promove um plano de ajus-te e de fome, que penaliza osmais pobres e pretende tutelaro movimento sindical. Nós lu-tamos por organizar a classetrabalhadora de forma inde-pendente e autônoma do gover-no.". Para Marcus dirigente daFOS, "... participar da confe-

rência da CST é uma oportu-nidade ímpar para nossa or-ganização e pretendemos es-treitar ainda mais nossos la-ços". Encerrando as falas, Mi-guel Sorans, dirigente de Es-querda Unida da Argentina eda UIT-QI, se pronunciou so-bre a revolução árabe "... nes-sa luta, que não é somente de-mocrática, mas que tentaavançar em conquistas sociaisa nossa trincheira é a do povomobilizado contra as ditadu-ras e contra qualquer tipo deintervenção imperialista".

Em seguida, com muitosaplausos, se aprovou concedera presidência honorária daConferência à luta do povoárabe e aos dirigentes sindi-cais assassinados na Venezue-la, a maioria pertencente ànossa corrente irmã, mortospelas balas dos paramilitaresna tentativa de calar os quelutam de forma conseqüentepela verdadeira revolução so-cialista naquele país.

As resoluções votadasfortalecem o carátersocialista e decombate da CST

No ponto internacional,após entusiasta discussão, sevotou a realização de uma

campanha internacional deapoio a luta do povo árabe, emespecial do povo líbio, contraa agressão imperialista e a di-tadura de Kaddafi. Destaca-mos que no momento da Con-ferência, um companheiro daUIT-CI estava no Egito acom-panhando o processo nessepaís e seus informes ilustra-ram os debates.

Sobre a conjuntura naci-onal, a Conferência concluiuque o eixo da resolução polí-tica é fortalecer a resistên-cia e as lutas dos trabalha-dores e setores exploradospara derrotar o ajuste do go-verno PT/PMDB. Nesse pro-cesso, desenvolver novos or-ganismos da classe trabalha-dora na perspectiva de umanova direção, com democra-cia e autonomia dos patrõese do governo. Para tanto,apostar nas lutas concretasdos trabalhadores e dos es-tudantes pelas suas reais ne-cessidades, apoiar novaschapas classistas na disputados sindicatos e fortalecer asoposições sindicais. Nestesentido a atuação no movi-mento sindical adquire umcaráter prioritário e, desde a"Unidos Para Lutar", busca-remos fortalecer uma alter-

nativa de direção sindical.Se nossa Conferência Na-

cional demonstrou um impor-tante crescimento da CST noterreno sindical, o que ficoudemonstrado na origem damaioria dos delegados, não foimenos importante a partici-pação da juventude. Dirigen-tes estudantis de DCE's eDA's, além de participar ati-vamente dos debates, fizeramvárias propostas de resolução.O eixo de intervenção na ju-ventude será o de apoiar asmobilizações e a conformaçãode chapas para os DCE's eDA's com todos aqueles querejeitam a política governa-mental, assim como continu-ar lutando pela unidade de to-dos os setores, sejam da es-querda da UNE ou da ANEL,para construir um pólo nacio-nal de reagrupamento e opo-sição ao governo federal.

Outra importante discus-são foi o fortalecimento e re-gularização do jornal Com-bate Socialista, que conta-rá com uma campanha de as-sinaturas em todo o país. OPSOL também foi tema dedebate, destacando-se a ne-cessidade de batalhar paralocalizar o partido com umaclara oposição de esquerda,de luta e de classe ao gover-no Dilma, aos governadorese os partido políticos do re-gime, cúmplices na aplica-ção da política econômica.Sobre a questão racial, de-finiu-se abrir um debate so-bre o tema a partir de umavisão classista.

No final, a confraterniza-ção, selou a vitoriosa Confe-rência Nacional e a certezaque a CST se fortalece e cres-ce como uma corrente socia-lista e de esquerda do PSOL.

Rosi MessiasDirigente Nacional da CST e daExecutiva Estadual do PSOL/RJ

da CST/PSOL

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PARTIDO

Diego VitelloExecutiva PSOL/RS

LUCIANA GENRO cria cursinhofinanciado por grandes empresas

Cursinho vai contra adefesa da educaçãopública

No PSOL gaúcho a últimanovidade da direção majori-tária é um cursinho pré-ves-tibular encabeçado por Luci-ana Genro. O fato a primeiravista pode parecer bom, jáque todos defendemos a pro-liferação de cursinhos quesirvam de apoio para que aclasse trabalhadora entre nasuniversidades públicas. Po-rém, a realidade do cursinhoda companheira é outra. Seuprojeto já recebeu 500 milreais de 4 grandes empresase uma federação patronal(Zaffari, Panvel, Multiplan,Icatu Seguros e Fecomércio).Ao invés de fortalecer o cará-ter público da educação, lu-tando por mais verbas públi-cas, este cursinho corroborao discurso neoliberal, que co-loca a iniciativa privada como"parceira" da educação. NoRS, o sindicato dos trabalha-dores em educação, CPERS,travou recentemente umabatalha contra a ex-governa-dora Yeda, que fez "parceri-as" com bancos que financia-vam as escolas estaduais. Istomostra que a política do cur-sinho pré-vestibular de Luci-ana Genro está na contramãoda luta dos trabalhadores.

Quem são os"parceiros" deLuciana Genro?

Conforme o site de seucursinho www.emancipa-rs.com.br Luciana Genroclassifica seus financiadorescomo "parceiros". Apenaspara dar um exemplo, a Fe-comércio reúne 112 sindica-

tos patronais, em um dos se-tores onde a superexploraçãodos trabalhadores é mais bru-tal: trabalham cerca de 10hdiárias, 6 dias por semana, dedomingo a domingo, ameaça-dos pelos patrões de Fecomér-cio para fazerem horas ex-tras, por salários que emmédia são de R$600,00.

O que faz a direção do MESé utilizar o prestígio de Luci-ana Genro para embelezar osdonos das empresas, mentirpara os trabalhadores e os jo-vens alunos do seu cursinhoque estas empresas são suasparceiras. Enfim, uma políti-ca desastrosa para a consci-ência de nossa classe.

Uma trajetóriacambaleante quelevou o PSOL gaúchoa diversas derrotaspolíticas

Porém, as políticas desas-trosas não vêm de hoje porparte da direção do MES. Nacampanha de 2008, a multina-cional Gerdau, financiou acampanha desta corrente. Namesma eleição, Luciana disseque não havia problema em

receber dinheiro de "empresá-rios que estão dispostos a lu-tar contra a corrupção". Foi em2008 que o MES fez uma ali-ança eleitoral com o PV, parti-do governista. Também nesteano foi quando Luciana Genroapareceu no programa de TVdo PSOL, ao seu lado e trocan-do elogios, com o Ministro daJustiça na época e atual go-vernador do RS, Tarso Genro.

Já na campanha de 2010,o MES seguiu financiado porgrandes empresas. O resulta-do não podia ser outro. O gru-po que dirige o PSOL RS reti-rou a candidatura ao senadodo partido e chamou publica-mente voto em Paulo Paim doPT, o mesmo senador que vo-tou pelo salário mínimo defome de R$545,00 e vota emtodos os projetos de sua chefeDilma. Mas desta vez a traje-tória cambaleante infelizmen-te derrubou um patrimônio detodo o PSOL, que foi o man-dato de Luciana, fundamen-tal para a construção de nos-so partido no estado.

Todas estas vacilações napolítica do PSOL RS foramconstruídas pela direção doMES sem o mínimo de demo-

cracia partidária, atropelan-do instâncias, sem fazerqualquer plenária de debatecom a base do partido. Infe-lizmente muitos destes pas-sos equivocados foram apoi-ados pelo atual bloco majori-tário do PSOL em nível naci-onal. Exemplo recente distoforam os elogios do senadorRandolfe da APS ao cursinhode Luciana Genro.

É preciso reconstruir oPSOL RS para a luta dostrabalhadores e dajuventude!

O PSOL gaúcho atraves-sou difíceis momentos. Mes-mo assim, a militância do RSfoi uma parte fundamentalpara derrotar a proposta na-cional da direção do MES deque o PSOL apoiasse a candi-datura neoliberal de MarinaSilva para a presidência. Estavitória mostra o caminho quedevemos tomar no RS.

Não podemos deixar de ci-tar que a recente ruptura dacorrente regional AS, comum importante peso nos pro-fessores estaduais, foi culpados erros políticos do setormajoritário no RS. Porém,também não podemos concor-dar com os companheiros quese abstiveram de dar a bata-lha pelo PSOL, saindo dopartido sem apresentar alter-nativa política e mesmo apósvitórias importantes que ti-vemos, como a candidaturaprópria em 2010.

Para retomar o rumo daslutas contra os patrões é pre-ciso negar seu financiamen-to, colocar a luta de classe, enão as eleições, como o centroda atividade partidária, demo-cratizar o partido, ou seja, épreciso impor uma derrotaàqueles que impuseram estatrajetória cambaleante.

Grandes empresas patrocinam cursinhode Luciana Genro, na foto ao lado do paie governador Tarso Genro (PT)

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JUVENTUDE

Marcelo Freixo debate Segurança Pública na UNIRIO

Com o auditório lotado comquase 300 estudantes, no dia30/03, recebemos na UNIRIOo deputado estadual do PSOL,Marcelo Freixo, inspirador depersonagem no filme Tropa deElite 2. O evento fez parte dociclo de debates do DCE daUNIRIO e contou tambémcom a ilustre presença do vo-calista da Banda DetonautasTico Santa Cruz e o Profº Ja-dir do Curso de Direito dauniversidade.

No centro do debate estive-ram temas como violência, in-segurança pública e as lamen-táveis declarações do Deputa-do homofóbico e racista Bolso-naro. Os três palestrantes con-cordaram em um ponto cen-tral - a política de segurançapública do Governador SérgioCabral tem sido para reprimira população pobre e trabalha-dora e que as milícias que atu-am como máfias são sustenta-

das pelas elites e por grandesbanqueiros e empresários.

Marcelo Freixo fez referên-cia a CPI das Milícias (2008)que presidiu na AssembléiaLegislativa do Rio de Janeiro,que possibilitou a prisão devários milicianos como ex-che-fe de policia e ex-deputado es-tadual Álvaro Lins. No deba-te, Marcelo fez questão de afir-mar: “as UPPs, unidade depolicia pacificadora estão sen-do instaladas nas favelas, ondeestão os corredores dos gran-

des eventos da Copa do Mun-do e das Olimpíadas, de fatonão garante segurança à po-pulação das favelas.”

O debate foi bastante par-ticipativo, foram falas e ques-tionamentos aos palestrantes,que responderam com muitoentusiasmo, arrancandoaplausos da platéia. O DCEUNIRIO está de parabénspela iniciativa de realizar esteimportante debate, atraves-sando os muros da instituiçãotrazendo temas importantes

que envolvem toda a socieda-de. Barbara Sinedino do DCEe da Juventude Vamos àLuta ressalta: “Esse é apenaso primeiro de muitos debatespolíticos que o DCE realizarána gestão “Quem vem comtudo não cansa”.

Obama veio ao Brasil ten-tando diminuir os efeitos da cri-se econômica pela qual omundo e os EUA estão passan-do. O Pré-Sal é um dos seusgrandes interesses.

Dilma deu aula de subservi-ência e até os ministros tiveramque tirar seus sapatos para se-rem revistados pelo FBI. Cabralnão ficou atrás e reprimiu os mi-litantes que protestaram con-tra a presença de Obama noBrasil. 13 militantes foram presos,dos quais 10 do PSTU e o com-panheiro João Pedro, menor deidade estudante do ColégioPedro II e militante do PSOL.

Essa é a cara do novo PT ede seus aliados: proíbem a par-ticipação de seus militantes nosatos e reprimem com violênciaàqueles que não se calam.

Repudiamos a repressão eexigimos o arquivamento dosprocessos. Protestar não é cri-me e os militantes não são cri-minosos.

Obama no Brasil:subserviência de Dilmae repressão aosmovimentos sociais

Recentemente o governoDilma apresentou diversasmedidas para conter o consu-mo como forma de “combatera inflação”. Nada mais falso.A verdade é que a inflaçãosobe porque a maioria dos pre-ços regulados pelo próprio go-verno sofreu um duro aumen-to, como os de alimentos e ta-rifas. Exemplo disso foi o rea-juste na cesta básica que foide mais de 16%, na energiaelétrica 11,5% e principal-mente o preço da passagem deônibus de 11%. A saída deve-ria ser que Dilma através dasagências reguladoras proibis-se os aumentos e favorecessea maioria da população.

Como infelizmente o gover-

no tem outra prioridade a al-ternativa é a organização dostrabalhadores e da juventude.Por isso que em Belém a popu-lação está dando uma durabatalha contra o reajuste dapassagem de ônibus. A propos-ta da prefeitura e dos empre-sários é que haja um aumentode 16%. Caso seja aprovado,no trabalhador que recebe umsalário mínimo será de 20%.

Através da Unidos pra Lu-tar e do Vamos à Luta, comoutras entidades e movimen-tos, ingressamos na justiça ejá organizamos dois atos, queconseguiram congelar o au-mento da passagem.

Márcio Amaral, presiden-te do Sindicato dos rodoviári-

os de Ananindeua e Maritu-ba, diz que: “utilizaremos nos-sa data-base para denunciaro aumento da passagem. O re-ajuste só serve à patronal, en-quanto isso os rodoviárioscontinuam com jornadas ex-cessivas e baixos salários”. Emmeio a campanhas salariais ea volta das aulas na rede es-tadual de ensino faremos umapoderosa luta.

“O prefeito se surpreende-rá com a nossa mobilização.Se no Egito e Tunísia conse-guiram derrubar ditadoresquem duvida que aqui possa-mos derrubar o aumento dapassagem?” afirma RogérioGuimarães, presidente doDCE-Unama.

Barrado o aumento da passagemem Belém e Região Metropolitana

Priscila GuedesCoordenadora Geral

do DCE-UNIRIO

SOSOSOSOSOLLLLLIDIDIDIDIDARIEARIEARIEARIEARIEDDDDDADE AADE AADE AADE AADE AMARMARMARMARMARCELO FREIXCELO FREIXCELO FREIXCELO FREIXCELO FREIXOOOOO

Durante a prisão do ve-reador Luiz André Ferreira daSilva (PR), conhecido comoDeco, chefe de uma máfiaacusada de tortura, assas-sinato, extorsão, entre ou-tros, descobriu-se que pla-nejava o assassinato do de-putado estadual MarceloFreixo (PSOL/RJ).

Marcelo desde 2008 estácom sua vida ameaçada. Énecessário organizar umagrande campanha nacionalem defesa da vida de Mar-celo, que envolva os orga-nismos de direitos humanos,artistas, os partidos de es-querda, as entidades sindi-cais, estudantis e populares.

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SINDICAL

A CAMPANHA SALARIAL 2011O funcionalismo público foi

alvo do corte de 50 bilhões dereais que a presidente Dilmaanunciou no quadragésimo diado governo. Além da suspen-são dos concursos públicos,serão encaminhados váriosprojetos. O mais grave é o PL549, que congelará o salário dofuncionalismo por dez anos.Está em pauta também o PL248, que delibera sobre a per-da do cargo público por insufi-ciência de desempenho e aMedida provisória 520, quevisa entregar a gestão dos hos-pitais universitários nas mãosde uma empresa de direitoprivado. Anuncia-se uma novareforma da previdência; apli-ca-se uma pressão diária paracortar adicionais de insalubri-

dade, horas extras e reposicio-namento de aposentados. Odesmonte do funcionalismopúblico está declarado.

O ajuste fiscal é voltadocontra as áreas sociais, poisos deputados reajustaram opróprio salário em 61,83%, dapresidência da República em133,96% e do vice-presidentee ministros em 148,63%. Mas,para o salário mínimo, Dilmaexigiu a aprovação do valor deR$ 545,00, no que foi pronta-mente atendida pela maioriados parlamentares. Não háfalta de dinheiro, pois o paísgasta 48% do Orçamento daUnião com juros e amortiza-ção da dívida pública, passan-do aos agiotas mais de 1 bi-lhão de reais por dia! Essepacote exige dos trabalhado-res uma resposta à altura, noentanto, a maioria das enti-dades ainda é dirigida pela

CUT, que sendo braço direitodo governo Dilma, não jogapeso em uma luta nacional eunitária que possa derrotaressa política de ataques à clas-se trabalhadora e ao povo po-bre brasileiro. O dia 16 de fe-vereiro, quando foi realizadauma Marcha Nacional emBrasília com lançamento dacampanha salarial dos SPF´s,deveria ter sido um dia de lutade todos os trabalhadores,pois naquele dia seria votadoo valor do salário mínimo. ACUT, em sua decisão de pro-teger o governo Dilma, pro-pôs que apenas se lançasse acampanha salarial para "nãodescaracterizá-la". E, pelaprimeira vez no lançamentode uma Campanha Salarial,o governo não recebeu direta-mente das mãos dos represen-tantes sindicais a sua pautade reivindicações. A ministra

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

Mirian Belchior alegou nãopoder receber as entidades, oque revoltou os servidorespresentes.

O governo Dilma reproduzas práticas que marcaram osanos FHC: autoritarismo edesrespeito às entidades sin-dicais, pois sequer respondeuaos ofícios enviados pelas en-tidades. Os SPF´s devem se-guir o caminho dos trabalha-dores da Europa na sua lutacontra os planos de ajuste,como fizeram na Grécia, Es-panha, Portugal ou ReinoUnido, com greves e fortesmobilizações. Também, oexemplo dos trabalhadoresdas Usinas de Jirau e SantoAntônio, que se rebelaramcontra a falta de condições detrabalho e chamaram a aten-ção do Brasil inteiro para seusproblemas, tendo as suas rei-vindicações atendidas.

Neide SolimõesExecutiva da Condsef

e SINTSEP-PA

MAJORITÁRIA DA FASUBRA DESMONTAGREVE CONTRA A VONTADE DA CATEGORIA

No dia 16 de fevereiro, naPlenária nacional da Fasubra,a categoria definiu realizar as-sembléias para deliberar a re-alização de uma greve depoisde demonstrar sua força emuma grande mobilização emBrasília. Conscientes de quereajuste só se obtém com mui-ta luta, 24 entidades sindicais,representando os trabalhado-res da ampla maioria das Ins-tituições de Ensino, aprovarama greve para o dia 28 de mar-ço; outras quatro entidadesaprovaram o dia 28 para pres-sionar uma negociação e 11 de-finiram realizar mobilizações.Uma nova plenária da Fede-

ração encaminharia a defla-gração da greve. Infelizmen-te, no dia 26 de março, a dire-ção majoritária da Fasubra,liderada pelo coletivo Tribo(Articulação/PT), desconheceua decisão da ampla maioria dabase da categoria. Os delega-dos deste agrupamento vota-

ram contra a deliberação dasassembléias de seus própriossindicatos. Esta manobra per-mitiu que esta direção desmon-tasse uma luta em curso como argumento de que o governoteria marcado uma mesa denegociação para o dia 14 deabril. A Tribo demonstrou com

clareza que é cúmplice diretade um governo que quer im-plementar congelamento sala-rial para o funcionalismo eempreender a aplicação demedidas que retiram conquis-tas dos trabalhadores. Os co-letivos sindicais "Vamos àLuta" e "Base" - ao qual o Sin-tuff está alinhado - denuncia-ram esta traição, visto que en-tendem que a defesa dos tra-balhadores está acima dos in-teresses do governo e dos agru-pamentos que compactuamdesrespeitando as decisões dacategoria. Devemos buscar aunidade de todos os sindicatosdas universidades que vota-ram a favor da greve e que nãoaceitam a política conciliado-ra nem as manobras da maio-ria da Fasubra.

Claudia GonzálezExecutiva do PSOL - Niterói/RJ

APESAR da mobilização crescente, majoritária da Fasubra desmontou a greve.

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INTERNACIONAL

Se KADDAFI não é antiimperialista, por queo apoiam CASTRO, CHÁVEZ e ORTEGA?

Esta é uma reflexão im-prescindível no atual momen-to em que as atitudes destaslideranças criaram umaenorme confusão na vanguar-da lutadora mundial. A res-ponsabilidade de Castro,Chávez e Ortega é imensa,considerando a expectativaque despertam em setores demassas, sobretudo em nossocontinente, e a confiança que- erroneamente - lhe deposi-taram setores da esquerdamundial, permitindo que elesfalassem em nome dela. In-clusive confiando que poderi-am ser um apoio fundamen-tal para a revolução em cur-so nos países árabes.

Que Kaddafi não é an-tiimperialista o reconhece opróprio Fidel Castro, que nassuas "Reflexões" de 4 demarço afirmou: "... É um fatoirrebatível que as relaçõesentre EUA e seus aliados daOTAN com a Líbia nos últi-mos anos eram excelentes,antes que surgisse a rebeliãono Egito e na Tunísia.... Opaís era uma fonte segura deabastecimento de petróleo dealta qualidade, gás e inclu-sive potássio. Os problemassurgidos entre eles duranteas primeiras décadas tinhamsido superados... se abriramaos investimentos estrangei-ros setores estratégicoscomo a produção e distribui-ção do petróleo...."

No entanto, Fidel Castrose ocupou, logo que começouo processo revolucionário, decondenar uma possível agres-são militar imperialista, ne-gando os crimes de Kaddafi eapoiando-o contra a rebeliãode seu povo. Hugo Chávez,por sua vez, para saber o queestava acontecendo quandocomeçou o processo revoluci-

onário na Tunísia e no Egito,ligou diretamente para seu"amigo" Kaddafi, a quemconsidera "companheiro".Tanto que em 2009 lhe en-tregou uma réplica da Espa-da de Bolívar e o comparoucom o Libertador. Tambémdenunciou a possível inter-venção militar imperialistacomo perigo imediato dasmassas líbias e calou-se fren-te ao massacre que realizaesse regime corrupto contraseu povo. Daniel Ortega con-siderou Kaddafi vítima deuma "ofensiva midiática fe-roz", declarando apoio totalao regime do ditador. Evo Mo-rales, numa atitude aparen-temente neutra, conclamouKaddafi e o povo líbio a reali-zar "esforços para resolver acrise política de forma pacífi-ca", proposta assumida pos-teriormente também pelopresidente Chávez e aprova-

da na reunião da ALBA, tra-indo de fato a causa do povolíbio, e protegendo Kaddafi aoocultar seus crimes.

Não atribuímos esta polí-tica à falta de recursos polí-ticos ou ideológicos. Não há"confusão" nem "ignorân-cia". Tampouco estamosfrente a um problema táti-co. Nem existem razões deestado, nem diplomáticasque justifiquem o apoio à umgoverno assassino, que mas-sacra seu povo, e menos ain-da em nome do "antiimperi-alismo" e do "socialismo".

Eles atuam desta formaporque estão defendendo atéo fim seus próprios regimes,suas próprias burocracias,seus próprios privilégios, suasituação material que não secontrapõe frontalmente comos interesses do imperialismo;mas o que não podem supor-tar é o movimento de massas

Silvia SantosExecutiva Nacional do PSOL

mobilizado em busca de pão eliberdade, pois isso pode repre-sentar seu túmulo.

Fidel Castro não pode apoi-ar a luta por liberdade, demo-cracia e pão, enquanto emCuba existe regime de parti-do único, não existe liberdadesindical, e avança a aberturae entrega do país às multina-cionais imperialistas. Tam-bém Chávez não pode apoiaressa rebelião, pois estimula-ria a luta de seus próprios tra-balhadores e setores popula-res, reprimidos pelo seu gover-no quando lutam pelo salário,condições de trabalho ou di-reitos de se organizar de for-ma independente do governo.Confundir antiimperialismocom a defesa de interessesburocráticos e capitalistas é atarefa que a esquerda conse-quente tem a responsabilida-de de desfazer. É necessáriofalar com total transparência,dar nome aos bois e esclare-cer àqueles que vêm nestesgovernos um possível apoio àsua luta, que, infelizmente,eles estão na trincheira deKaddafi, como estiveram nade Mubarak e Bem Ali, umavez que nunca se pronuncia-ram em apoio ao povo que seinsurgia legitimamente paraderrubá-los.

Não existe hoje um parti-do ou organização socialista,de luta e consequente que sejareconhecida pelas massasnestes países. Mas existe umpovo e uma classe trabalha-dora que estão fazendo umarevolução o que possibilitaaprender em dias o que nãose aprende em décadas. Exis-te assim uma oportunidadeímpar para avançar na tare-fa de construir essa direção,que será chave para que oprocesso avance e possa resol-ver os graves problemas soci-ais que atingem a maioria dapopulação.

C S T - P S O L | C O M B AT E S O C I A L I S TA | 1 5

INTERNACIONAL

A OTAN e Kaddaficontra o povo líbio

A OTAN segue bombarde-ando a Líbia e, nos últimosdias, atacaram as forças rebel-des pela terceira vez, matan-do a 13 lutadores. Por outrolado, o imperialismo, iniciou asnegociações com Kadafi.

Depois do ataque aos re-beldes, a OTAN não se des-culpou, e disse que "seguirácumprindo com o mandato daONU" e atacando forças que"potencialmente possam cau-sar danos a população civil daLíbia", dando a entender quea milícia rebelde poderia cairnesta definição.

A rebeliãoA insurreição popular se

iniciou em fevereiro, depois darepressão armada aos protes-tos pacíficos. O povo reclamapor liberdades políticas, con-tra a corrupção e desempre-go, e pela saída de Kadafi. Opovo rebelde tomou quartéise delegacias e ocupou impor-tantes cidades como Bengha-zi (a segunda cidade do país),dentre outras. Nas cidades li-bertadas os comitês popularestomaram o poder local.

A Líbia é parte da rebeliãogeneralizada de 20 países ára-bes, em primeiro lugar a Tu-nísia e o Egito, que se levanta-ram contra ditaduras corrup-tas e pró-imperialistas. Na Lí-bia, o regime kadafista, de ori-gem nacionalista burguês, des-de 1992 pactuou com o impe-rialismo, entregou o petróleoe inclusive pactuou com Bushpara ser parte da "guerra con-tra o terrorismo". O custo foiuma desenfreada corrupção deKadafi e de seus filhos que seassociaram a empresas impe-rialistas (entre elas a FIAT).

Por isso o apoio de FidelCastro, Chávez e Ortega àKadafi, sendo que os dois úl-timos chegaram a chamá-lo de"antiimperialista", não temnenhuma justificação pro-gressista.

Contra-ataque de Kadafie ataque da OTAN

Frente à insurreição popu-lar, o imperialismo, compre-endendo que seu antigo alia-do Kadafi já não garantia seusinteresses petroleiros, pediusua renúncia, tentando influirem um futuro governo.

Na zona rebelde, se formouo Conselho Nacional de Tran-sição (CNT), com personalida-des que acabam de rompercom o regime de Kadafi, algunsintelectuais e burgueses. OCNT se colocou acima dos co-mitês populares aproveitandoa falta de uma centralizaçãodestes. O CNT, em vez de ape-lar para a solidariedade popu-lar do Egito e demais paísesárabes que poderiam enviararmas e voluntários, centrousua estratégia em buscar apoioimperialista, prometendo "res-peitar investimentos".

Enquanto isso, Kadafi con-tratou a milhares de merce-nários estrangeiros, grande

parte deles através da empre-sa Global CST, ligada direta-mente ao Estado de Israel (pá-gina Voltairenet) e ingressa-dos, junto com equipamentosbélicos, desde a vizinha Argé-lia a Síria. Com estes refor-ços, com uma superioridadede armamento sobre as malarmadas milícias voluntáriasrebeldes, Kadafi contra-ata-cou e conseguiu recuperargrande parte das cidades emposse dos rebeldes, chegandoaté as portas de Benghazi.Neste momento, em 19 demarço, se produziu o ataqueaeronaval da França, GrãBretanha e Estados Unidos àsinstalações militares de Ka-dafi, autorizado por uma re-solução da ONU para supos-tamente "defender os civis".

O imperialismo se negou adar armas às milícias rebeldespor considerá-las "incontrolá-veis". Então foi ficando claro oobjetivo da OTAN, golpear asforças de Kadafi, mas impedirum triunfo militar das milíciasrebeldes. O empate militar per-mite a OTAN atuar como árbi-tro de uma saída negociada.

Assim foi que se iniciaramas negociações semi-públicascom Kadafi, que poderiam in-clusive deixá-lo no poder, ain-

Miguel LamasCorrespondência Internacional

da que seja na parte oeste dopaís que controla, e a CNT noleste. Ambos como reféns daOTAN e das multinacionaispetroleiras.

Fora a OTAN! Armas paraque os rebeldes líbiospossam derrotar a Kadafi!

Qatar, um país do golfoárabe, disse que enviaria ar-mas aos rebeldes, mas o quefez foi somar-se aos ataquescomandados pela OTAN. He-zbollah, o partido político mi-litar islâmico da resistêncialibanesa contra Israel, cha-mou também a apoiar os re-beldes líbios.

A Unidade Internacionaldos Trabalhadores (QuartaInternacional) chama a lutarpela retirada imediata dosaviões da OTAN e a reclamarque os países árabes entre-guem armas e voluntários aosrebeldes líbios, para que pos-sam derrotar Kadafi.

Há que se dobrar a mobili-zação mundial contra a inter-venção imperialista e emapoio ao heróico povo comba-tente líbio para que se acabecom Kadafi e sua ditaduraassassina.

População:6.500.000 milhões dehabitantes. Entre eles1.500.000 trabalhadoresestrangeiros (maioria depaíses árabes e africanos)

Superfície total:1.760.000 km2

Principal produção:Petróleo, antes da guerra1.700.000 barris diários(quase como aVenezuela).

LÍBIA

Egito: A classe trabalhadora na

José CastilloEnviado Especial ao Cairo

Caminhar pelas ruas dequalquer cidade egípcia é “vi-ver” a revolução. Isso, que osegípcios chamam de “a revo-lução de 25 de janeiro”, eque é parte de algo mais am-plo, esta revolução que saco-de todo o mundo árabe, é se-guida dia a dia com paixão pormilhares de jovens ativistas,que em cada mobilização, emcada conflito, fazem aparecerbandeiras dos rebeldes líbios,ou da Palestina.

Houve, sem dúvida, umaimensa revolução democráticatriunfante. Que derrubou aoregime ditatorial e pró-impe-rialista de Mubarak. Que teveseu epicentro político nestascentenas de milhares, por ve-zes milhões de pessoas, que seinstalaram na Praça Tahrir doCairo, enfrentando e derrotan-do a policia e até os capangasde cavalo e Camelos pagos porMubarak. Com uma imensavanguarda de jovens que apa-recia surpreendendo a todos.

Muito se falou e se escre-veu sobre a “revolução do Fa-cebook ou twitter”. Sem dúvi-da estes jovens se comunicampor estes meios, como tantosoutros no mundo. No entanto,esta revolução não nasceu dociberespaço. Muitos destes ati-vistas se identificaram com o“Movimento 6 de Abril”, cri-ado justamente a partir daimpressionante greve do dia 6de Abril de 2008 na fábrica detecidos de Mahallah Al-Koubra,no centro do delta do Nilo. Foio ponto mais alto do que se co-nheceu como a “rebelião pelopão”, uma onda de paralisações,mobilizações e levantes popu-lares em conseqüência da ele-

vação astronômica do preço dosalimentos básicos dos egípcios.

Agora, nos primeiros diasde fevereiro, no momento emque a revolução chegava a seuponto culminante, com a mul-tidão acampando na PraçaTahrir, mas com Mubarak senegando a renunciar, o quedecidiu a balança e provocoufinalmente sua queda, foi avirtual greve geral lançadapelos operários de leste doDelta do Nilo (as cidades deIsmailiya, Mansoura, Suez ePort Said), que chegou ao seuponto máximo com a ocupa-ção indefinida da própria com-panhia do Canal de Suez.

Após a renuncia de Muba-rak, a política do governo mi-litar de transição, do conjuntoda burguesia egípcia e do im-perialismo foi insistir que a“revolução já terminou”, e “to-dos devemos voltar a trabalharpara reconstruir o país”.

“A revolução chegouàs empresas”

Mas os trabalhadores dequase todos os setores segui-ram mobilizados por suas exi-gências. A lista é quase inter-

minável: empregados dos Cor-reios reivindicando aumentossalariais e o pagamento debônus por suas atividades; ostrabalhadores do Metrô doCairo lutando pelo fim dos seuscontratos temporários; os mi-neiros do Oasis de Bahariapedindo melhores condições detrabalho e incremento de seussoldos; os empregados de AhliUnited Bank, também recla-mando por salários e melhori-as em seus seguros de saúde;empregados da aviação e doMinistério de Minas exigindoa renúncia do Ministro, milha-res de policiais em greve porseus salários de fome, traba-lhadores dos meios de comu-nicação tomando o edifício daTV estatal pedindo a renúnciado diretor, acusado de cumpli-cidade com o Mubarakismo.

Poderíamos citar mais unsinfinitos exemplos: os confli-tos que se sucedem no Cairo,entre suas dezenas de milha-res de trabalhadores da admi-nistração, do transporte, dosbancos e do turismo; na maisindustrial Alexandria, com asgreves têxteis e metalúrgicas,em Suez, com suas gigantes

empresas vinculadas ao negó-cio do Canal, nas minas dis-persas nos Oasis do Sahara,e, em geral, qualquer cidadeou povoação onde exista umagrupamento mínimo de tra-balhadores. Um ativista sin-dical descreveu: “agora a re-volução chegou às empresas”.

Os trabalhadores não sólutam por suas reivindicações.Mas também se organizam.Os velhos sindicatos, que eramsomente correia de transmis-são da ditadura de Mubarak,se esvaziam rapidamente. To-dos os dias surgem novos sin-dicatos independentes, funda-dos na velocidade da luz. To-memos um só exemplo: em ummesmo dia, no edifício recupe-rado por trabalhadores do ve-lho e burocrático sindicato deperiodistas, com apenas duashoras de diferença se funda-ram o novo sindicato dos mo-toristas de ônibus do Cairo e osindicato dos Trabalhadores daSaúde. “E isso ocorre todos osdias”, relatava entusiasmadoum de seus dirigentes. Já seconstituiu, inclusive, uma Fe-deração destes novos sindica-tos independentes.

A revolução no Egito nãoterminou. Entrou em umanova fase. E são centenas demilhares os que não queremque fique simplesmente restri-to ao chamado a votar no fimdo ano. Com um olho em comoseguem as revoluções no outrospaíses árabes, junto com osativistas que seguem mobili-zando-se todas as sextas naPraça Tahrir, os trabalhadoresegípcios, com sua luta e orga-nização, tem um imenso desa-fio de ser capazes de transfor-mar todas esta potencialidadesem uma alternativa políticaque represente as aspiraçõesda revolução de 25 de Janeiro.

REVOLUÇÃO!

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INTERNACIONAL