Cometário Teoria da Linguagem Poética

2
Universidade de Brasília – UnB Instituto de Letras – IL Departamento de Teoria Literária e Literaturas – TEL Teoria da Linguagem Poética Professor Dr. Piero Eyben Aluna: Izabella Verônica Cardoso da Costa Matrícula: 10/0106005 Comentário: “A completude, as I were with meSimples human(o)-a-mente, Alberto Caeiro. Fernando Pessoa, em de suas “catarses esquisofrênicas”, fragmentou seu “eu” em mais um “outro”, inteiro e incompleto ser humano, a mercê da morte, do erro e do pensamento. Alberto Caeiro tem por características, citadas pelo próprio Fernando Pessoa em carta endereçada a seu amigo Adolfo Casais, sua fragilidade, afirmada por sua morte tuberculosa, órfão de mãe e pai desde a infância, também não estudou mais que o primário. Todas essas, evidenciam a humanidade de Caeiro, sua presença habitada pela ausência no mundo, seu modo de ser humano. Alberto Caeiro é o mestre de Fernando Pessoa e seus heterônimos, e tornou-se o meu mestre a partir de minha primeira leitura de seus poemas. A simplicidade com que encara à vida humana o expõe, a mim, como um familiar homem, no instante da vida, no existir na terra, em eterno devir. Mais familiar até que os humanos desumanizados que perambulam por ai com seus espíritos fantasmagóricos. Em poemas como os de “O guardador de rebanhos”, Caeiro aconselha, prega e confessa seu amor às divindades que habitam a terra até em seus espaços vazios. Sem necessidade de nada além de olhos e ouvidos, percebe a igualdade entre o “eu” e os “outros” e o não-mistério de se viver realmente, através dos sentidos, condenando os pensamentos desnecessários a cerca da existência que transcende o homem, a serem a “doença dos olhos”, o não-

description

Disciplina ministrada em 2012

Transcript of Cometário Teoria da Linguagem Poética

Page 1: Cometário Teoria da Linguagem Poética

Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Letras – IL

Departamento de Teoria Literária e Literaturas – TEL

Teoria da Linguagem Poética

Professor Dr. Piero Eyben

Aluna: Izabella Verônica Cardoso da Costa Matrícula: 10/0106005

Comentário: “A completude, as I were with me”

Simples human(o)-a-mente, Alberto Caeiro.

Fernando Pessoa, em de suas “catarses esquisofrênicas”, fragmentou seu “eu” em mais um “outro”, inteiro e incompleto ser humano, a mercê da morte, do erro e do pensamento. Alberto Caeiro tem por características, citadas pelo próprio Fernando Pessoa em carta endereçada a seu amigo Adolfo Casais, sua fragilidade, afirmada por sua morte tuberculosa, órfão de mãe e pai desde a infância, também não estudou mais que o primário. Todas essas, evidenciam a humanidade de Caeiro, sua presença habitada pela ausência no mundo, seu modo de ser humano.

Alberto Caeiro é o mestre de Fernando Pessoa e seus heterônimos, e tornou-se o meu mestre a partir de minha primeira leitura de seus poemas. A simplicidade com que encara à vida humana o expõe, a mim, como um familiar homem, no instante da vida, no existir na terra, em eterno devir. Mais familiar até que os humanos desumanizados que perambulam por ai com seus espíritos fantasmagóricos.

Em poemas como os de “O guardador de rebanhos”, Caeiro aconselha, prega e confessa seu amor às divindades que habitam a terra até em seus espaços vazios. Sem necessidade de nada além de olhos e ouvidos, percebe a igualdade entre o “eu” e os “outros” e o não-mistério de se viver realmente, através dos sentidos, condenando os pensamentos desnecessários a cerca da existência que transcende o homem, a serem a “doença dos olhos”, o não-sentir, não-ver, não-ouvir e ignorância às verdades simples da vida.

Caeiro é um poeta que permite a aceitação da presente condição humana, dentro de seus limites e contradições ilimitadas, possibilitando a reflexão sensível a cerca do mundo. Apesar de negar e condenar o pensamento-doença, que entorpece e confunde deveras os reais apreensores da realidade, os sentidos, tece poeticamente por referências a símbolos e imagens cotidianas que agrupam em todo a vida na terra, uma (anti)filosofia do pensamento e uma afirmação de sua escolha por não-pensar.

Por descontrolar-se em seus pensamentos e volta e meia cair no sono, na tarefa de vigiar seu rebanho é que se encontra com o outro, com o divino todo humano. A natureza da sensibilidade humana, para Caeiro, é algo incontrariável, inquestionável e inegável e é onde podemos contemplar todas as possibilidades que a matéria-divina de uma “flor, monte, luar ou sol” qualquer pode habitar.