Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

download Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

of 25

Transcript of Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    1/25

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    2/25

    W '

    * * * 1 -. - f .~ -

    .=

    . , . . . f . . . . ., . M . - ~ . ~ . ~ _ p , . ~ .1 . ~ . ~ . _ . = _

    _

    - I

    :w c m = w f = . - :

    2

    f f

    vi

    z

    r .

    ii

    si

    w w . -

    v f . v m ~

    u u w < v u . v n M . a

    1-

    MICHEL

    FOUCAULT

    Sbre_ a

    Arqueologia

    das

    Clencias

    Resposia ao Crculo Epistemolgico

    Perguntas

    a

    Michel Foucault

    NO

    HOUVE

    outro

    d e se jo n as qu es t e s

    que s o

    aqui

    colucadas

    ao

    Autor

    de

    llsiairc

    de

    la

    Folie,

    de Naissance de la

    Cli-

    nique e de le s Mots ct le s Choses

    seno

    o de l h . e pedir

    que

    enunciasse,

    sbr e sua teoria

    e a s implicaes d e s e u mtodo,

    proposies

    crticas

    que

    fundam

    sua

    possibi l dacle. O intcrsse

    do Circulo

    levou

    a pedir-

    lh e que definisse suas r espostas em re la o a o estatuto da cincia,

    de

    sua histria

    e de

    se u

    conceito.

    Da

    epsteme

    e da

    rutura epstemolgica

    A noo de futura epistemolgica

    serve,

    desde a obra de Ba -

    chelard, para

    des ignar

    a descont nuidade

    que

    a filosofia e a historia

    da s

    cincias

    crem ma r c a r

    en t re

    0 nasc imen to de qualqucr cincia

    e 0 tecido de e r ros posit vos, tenazes, solidrios retrospectiva-

    men te

    r econhec ido como

    a

    precedente . O s exemplos tpicos de Ga -

    li le u , N ew ton ,

    de Lavoisier,

    mas ,

    t amb m , de Eins te in e

    Mend l e f f ,

    i lustram a perpetuao

    horizontal dessa

    ruptura.

    O autor de le s Mots e t le s C hos es ma r ca um a

    descont inuidade

    vertical

    ent re

    a configurao

    epis tmica

    de

    um a

    poca

    e

    a

    seguinte.

    9

    /

    F

    x

    k

    V

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    3/25

    Perguntamos-lhe: quais

    a s

    relaes que m an t m e ntre si esta

    horizontalidade

    e esta

    verticalidade.

    '

    A pe rio dz a o

    arqueolgica delimita no cont nuo co nj un t os s in -

    crnicos, reunindo

    o s

    sa be re s na

    forma

    d e sistemas

    unitrios.

    E la

    apaga ao m esm o

    t empo

    a

    di fe rena

    que,

    ao s olhos de Bache lard,

    separa a todo ins tan te os discursos cient f icos dos outros e, atribun-

    do

    a

    cada

    um sua s temporalidades espec ificas, faz d e sua simulta-

    neidade

    e

    d e sua soiidariedade

    um efeito d e

    superficie.

    Pe rgun tamos se

    0 a r qu e lo go que r essa supresso, ou se q ue r, a i,

    distinguir

    dois registros, hie rarqu izados

    ou

    no.

    S e

    verdade que se obtm uma confgurao

    epistmica

    por art i -

    culao

    d e

    traos

    pertinentes

    escolhidos

    e m

    um

    conjunto d e enuncia-

    dos, perguntamos-lhe:

    _

    o

    que governa

    a

    seleo

    e

    justiiica por exemplo, a

    seguinte

    t ranse : Seuls

    ceux

    qui n e s ave nt p as lire

    s'tonneront que

    je l'ai

    appris p lus c la ir emen t chez Cuvier, chez Bopp,

    c h e z

    Ricardo que

    c h e z Kan t

    o u

    Hegel

    ( le s Mot s e t le s Choses, p . 318)?

    que

    valida

    a configurao

    obtida?

    e m

    sentido

    perguntar 0

    que

    define u m a e pis te m e em gera l?

    P e r gu n tamo s -l he ma i s : deve a arqueologia

    conhecer

    um conceito

    da cincia? um concei to da cincia que n o e ste ja e sg ota do p ela

    diversidade de

    suas

    fo rmas ('figures')

    his t r icas?

    Da leitura

    Qual

    o

    uso

    da

    letra

    que

    a

    arqueologia

    supe?

    lsto

    :

    que

    operaes

    praticar sb r e

    um

    enunc iado para deciirar,

    a t ravs do que

    diz,

    suas

    condes

    d e

    possibilidade e assegurar-se d e que s e atingiu o no-

    pensado que,

    fora d l e ,

    nle , o suscita e sistematiza?

    Reconduzir um

    discurso

    a seu impensado

    torna

    v o dar - lhe

    as

    es truturas in te rnas

    e recompor-lhe o funcionamento

    autnomo?

    Que

    r e lao fa z e r e n tr e

    estas duas

    sis temat izaes

    concor rentes?

    H

    um a

    arqueologia das doutrinas tilosiicas a

    opof

    tecnologia dos siste-

    mas filosficos, ta l como a pratica Mart ia l Gueroult?

    O exemp lo de Desca r t es pod eria te r, a qui, valor discriminante

    (Histoire de

    la

    Folie, pp. 54-57).

    1

    Tente-se r e tomar

    nesta

    questo a passagem

    seguinte

    du artlgo de C i.

    C a n guil hem c on s ag ra d a

    ao

    llvro de

    M. Foucault (Critique,

    nv 2 42, pp.

    612 -3 ) :

    Tratando-se de um sabe r

    t er ico,

    p os sl ve l p e n sa r

    na

    especlficldade de

    se u

    concel to

    sem

    referncia a qualquer norma? En t r e os dlscursos tericos con*

    slderados

    conformes ao

    sis tema

    ep ls temlco dos

    sculos

    XVII e XVlli,

    alguns.

    como a histria natural, to ram

    r ele ga do s p ela e pis le m e

    do

    sculo

    XIX,

    m as

    aiguns

    outros

    loram

    integrados.

    Apesar

    de te r

    servido de modelo aos

    fisiolo-

    gistas

    da economia

    a n im a l d ur a nt e

    0 sculo

    XVIII,

    a fisica de Newton n o

    caminhou

    com

    ela.

    Buffon

    refu tado p or D a rw in . se n o o

    por

    tienne

    Geoffroy Saint-Hilaire. Ma s Newton n o

    mais

    refu tado p or E in st e in do que

    p or M a x we ll. Darwin

    n o

    r e iu ta d o p or

    Mende l e

    Morgan.

    A sucesso

    Gall leu,

    Newton, Einstein n o a pr es e nt a

    rup turas

    semelhantes

    s

    que

    se

    es tabe lecem

    na

    sucesso

    Tournefort, Lineu,

    Engler em

    sistemt ica botnica.

    10

    .

    . . . s . .

    l y .

    _ s _ ..

    -

    . .

    * , ' * - * r * 1 ' * ' ' i _ . ' ' '

    **

    -

    I

    1 K `

    Da

    doxologia

    Como definir a r e lao

    que

    articula a configurao epis tmica

    aos conflitos d e opinio que

    s e

    desenrolam

    e m

    sua superficie?

    O n ive l da s opinies

    s

    te m propr iedades negativas: desordem,

    Sepa rao, dependnc ia?

    O sistema d e opinies

    que

    define

    um

    autor

    n o

    pode obedecer a

    um a le i

    prpria, de

    tal sorte que

    se poderiam

    es t abe l ece r

    reg ras

    que

    governem

    e m um a

    episteme

    a

    variedade

    dossistemas

    doxolgicos,

    a

    presena

    de tal opin i o imp li ca n do ou exclu indo tai outra no in-

    terior d e um m esm o sistema?

    Por

    que

    necessrio que a r e ia o en tr e

    o s

    sistemas d e opinies

    t ome s empr e a forma d e contlito?

    Das ormas

    de

    t ransio

    Na s iormas de t rans o que asseguram a passagem de um a grande

    configurao a outra, o captulo

    Vi,

    par te ill, de le s Mots et le s

    Choses,

    explica

    que se, no

    caso

    da

    histria

    natural

    e

    da gramtica

    gera l , la mutation s'est

    faite

    brusquement,...

    e n

    r evanche le mode

    d'tre de la m onn aie e t de la r ichesse, parce qu'il tait li toute

    une

    praxis, tout

    un ensemble institutionnel, avait

    um

    indice

    de

    viscosit historique beaucoup plus lev (p . 19 2 e 2 1 8 ) .

    Perguntamos d e que teoria a possibilidade e m geral d e uma

    ta l

    viscosidade pode se r o

    objeto?

    De que

    manei ra e

    segundo que

    relaes (causalidade,

    correspon-

    dncia,

    etc.)

    uma

    forma

    cl e

    transio

    pode

    se r

    determinada

    por

    ta l

    viscosidade?

    As descont inuidades que

    se

    es tabe lecem

    ent re conf iguraes que

    se

    sucedem s o tdas,

    de direito,

    do mesmo tipo?

    Qual 0 motor

    que

    transforma

    um a configurao e m outra? O

    princpio da

    arqueologa

    quer a

    reduo desta questo?

    Da

    historcidade e

    da

    finitude

    Pe rgun tamos

    ao

    Autor de Histoire

    de la

    Folie, de Naissance de

    la

    Clinique e de le s Mots

    et le s Choses

    como definiria o

    ponto

    de onde

    pode levantar a terra ep is tm i ca . Q ua nd o le

    atirma

    que para

    falar

    da

    loucura

    uma

    langage

    sans

    appui tait

    ncessaire

    (p. X ) , _

    que

    na ciin ica a lgo comea a mudar hoje, ou simplesmente

    que

    o fm _ c l e

    l ' l1omme

    e st

    prochaine ,

    que

    estatuto conferiria a

    sse

    pronuncia-

    mento

    mesmo?

    Pode,

    le

    hoje, situar sua prpria

    coniigurao?

    Se se

    chamasse historicidade de um autor o

    fato

    de que pe r t ena

    ep is teme de

    s ua poc a,

    e

    finitude o

    nome

    que

    um a

    poca

    _-

    notadamente

    a

    nossa

    --

    daria

    a

    seus

    prprios

    limites,

    que

    relaoes

    11

    x

    |

    i

    \

    r

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    4/25

    ou no-relaes

    manter iam, segundo le , e ss a historicdade

    e

    e s s a

    finitude?

    Aceitaria que

    um a alternativa lh e f sse proposta en t re um histo-

    r ic ismo radical (a a rqueolog ia pode r ia predizer sua prpria

    re ins -

    cr io

    em um

    nvo discurso)

    e um a e sp c ie d e

    sabe r

    absoluto (do

    quai a lgun s a ut r es p od er ia m ter o

    pr essen t imen to

    independente-

    men te

    da s r e s t ri es ep is tm icas )?

    O

    CiRcuLo

    D F .

    EPisrE.uoLoom

    ResP0srA Ao

    Cizcuco

    D E E P I S T E M O L O G I A

    1 . A Histria e a

    descontinudade

    Um cur ioso en tr ec ruz amen to.

    H dezenas

    d e anos

    que

    a

    a t eno dos

    his tor iadores

    se voltou pre fe renc ia lmen te

    para

    o s perodos longos. E ra

    como

    s e ,

    debaixo

    das peripcias

    politicas

    e

    d e

    seus episdios, buscassem

    revelar

    o s equilibrios

    estveis e

    ditceis

    de rompe r , os processos insensveis, as

    r egu la es cons tan t es , os f e nmenos tendenciais que culmi-

    na m

    e

    s e invertem aps contnuidades seculares, os movi-

    mentos

    d e

    acumulao

    e

    a s

    saturaes lentas,

    a s

    grandes

    bases imveis

    e mudas que

    0 ema r anhado

    da s

    narrativas

    t rad ic ionais recob r ia com

    um a cam ada

    d e acontecimentos.

    Pa r a

    conduzir essa anl ise, os

    h is t or iado r e s d ispunham

    de

    ins t rumentos

    que, em par te ,

    mo l da r am

    e em

    par te r e c ebe r am :

    modelos

    d e

    c rescimen to econm ico, anlis e quantitativa dos

    iluxos de

    t rocas, per f is

    dos

    desenvo lv imentos

    e

    da s

    regresses

    demogrticas,

    estudo das

    oscilaes

    do clima.

    stes

    instru-

    mentos

    permi t i ram-lhes

    distinguir, no c am po da histria, ca -

    madas sed imenta r es diversas; as sucesses l ineares,

    que ti-

    nham

    sido

    at ento

    o ob je to da

    pesquisa,

    foram subs t ituidas

    por

    um

    jgo de disjuncs e m protunddade. Da mobilidade

    politicas s lentides prprias

    da

    cvilzao

    matcrial>,

    o s

    nveis

    d e anlise

    s e

    mult ipl icaram;

    cada um tem

    suas

    ruptu-

    ra s

    especificas; cada

    um

    comporta

    um recorte que s

    a le

    per t ence ;

    e ,

    medida

    que se

    desce

    em di reo s camadas

    mais

    profundas,

    a s

    escanses

    s e

    fazem cada

    ve z

    maiores. A

    velha

    ques to da

    histria (que ligao

    es tabe lece r en t re

    acon-

    12

    a a . .

    tecimentos

    descontnuos?)

    substituida

    d e

    agora em

    diante

    por um jgo

    d e

    interrogaes dificeis: que estratos _ preciso

    isolar un s dos

    outros?

    Que tipo 0 que critro de

    pe r iodizao

    preciso

    adot a r par a c ada um dle s?

    Que sistema

    de

    relaes

    (hierarquia, dominncia, clsposio horizontal, determinao

    unvoca,

    causalidade circular) pode -sc obse r va r

    entre um e

    outro?

    O ra , m ais

    ou m enos na

    mesma poca,

    na s

    disciplinas

    que

    s e chamam histria

    das idias,

    das c incias , da filosoiia, do

    pensamen to,

    e

    t ambm da literatura ( sua espec if ic idade

    pode

    se r

    negligenciada

    por

    um

    instante),

    na s disciplinas

    que,

    apesar

    d e

    s e u

    titulo,

    escapam em

    gr ande par te

    ao t rabalho

    do

    historiador

    e a seus mtodos, a a t eno se deslocou, ao

    contrrio, das

    vastas

    Lmidades

    que formam poca ou

    s-

    c u l o > ,

    em

    dirco

    a o s fenmenos de

    ruptura.

    Sob a s grandes

    continuidades do pensamen to, sob a s man it e sta es mac i as

    e homogneas do espirito, sob

    o realizar-se

    obstinado

    d e

    um a

    cincia

    que luta para existir

    e

    para

    s e

    real izar

    desde

    s e u

    como,

    procura-se, agora , de tecta r a incidnca das in terrup-

    e s .

    G.

    Bachelard delimitou l im ia res ep is temolgicos que

    rompem

    0 acmulo

    indefinido dos

    conhc cimen tos ; M . Gue -

    routl desc reveu s is temas

    fechados,

    arquiteturas conceituais

    fechadas que escandem

    0

    espao

    do

    discurso

    filosfico; G.

    Canguilhem analisou

    a s

    mutaes,

    o s

    deslocamentos,

    a s

    t rans-

    formaes no campo de

    validadc

    e regras de uso dos

    con-

    ceitos.

    Quanto

    anlise l i terria,

    a

    es trutura in te r na da

    obra -_ menos ainda: do

    texto

    ue ela intcrroga.

    M as que sse en t r ecruzamen to

    no

    i luda.

    No

    se deve ima -

    ginar, confiando na aparncia, que algumas

    das

    disciplinas

    hs t r icas caminharam

    do

    continuo a o descont nuo, enquanto

    que

    a s outras

    ara dizer a verdade: a

    histria

    tou t cou rt :

    caminhar iam

    do

    formigamento

    das

    descontinuidades

    s

    g ra nde s u nid a d e s

    ininterruptas.

    D e

    fato,

    a

    noo de

    des-

    continuidade

    que mudou

    d e

    estatuto.

    Para

    a

    histria,

    sob

    sua forma clssica, o descontnuo era a o

    mesmo

    tempo o

    dado e o mpensve l : 0

    que

    se oterecia

    sob

    a

    forma dos

    acon-

    tccimentos,

    das instituies, das

    idias ou

    das prticas

    dis-

    persas; e o que devia

    ser,

    pelo

    discurso do historiador,

    con-

    tornado, reduzido, apagado, para que

    aparecesse

    a

    continui-

    da de dos

    encadeamentos. A descontinuidade e ra

    o

    estigma

    1 3

    v fi f .

    ,

    . _

    1

    1

    z

    1

    I

    i

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    5/25

    A flfl-* *'1' ~ fl'*W.'f * ` * F* *- v* i* :\ 'P~ ~.R.r

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    6/25

    Quando desde

    o

    inicio dste sculo, as pesquisas psicana-

    v

    .

    -

    l t icas, l ingisticas

    e , em seguida, as e t nologicas , dcsp iram

    o sujeito da s le is de seu

    dcseio,

    da s

    formas

    de sua palavra,

    da s

    regras

    de

    sua

    ao

    e dos

    sistemas de seus dscursos,

    .

    _

    . -

    a

    miticos, aque le s que , @ H U G l1 S S e

    dlspusefam

    3 Pf fee f

    t radio historiogrfica no

    cessaram

    de

    r e sponde r : s im , m a S

    a

    h i s t o r i a

    _

    ..

    A

    h i s t o r i a

    q ue n a o

    e s t r u f u r a _ i 1 1 = . * s _ d e u i L ,

    q u e

    _

    .

    -

    -

    -

    '

    '

    s

    na o simultaneidade

    m a ^ _ sa

    p ra ic a; ue na o e forma mas d

    h o

    conscincia que

    s e re toma

    a si mesma

    t entan

    o

    reassei i _ _

    rr-se

    de si

    mesmo

    a t o

    mais

    profundo de sua s

    cond.t0.r.

    a

    Historia que

    n o e

    descontinuidade

    mas l o i i _ g a _ p a c u ; * . n _ i

    ininterrut a.

    M as para

    canta r esta

    l i tania

    d a con te st a a o,

    ser ia

    necessrio desviar

    0 olhar do t rabalho dos historiadi-

    r e s: r e cusa r -s e a

    ve r

    o que

    s e passa atua lmente

    em

    sua piv-

    tica

    e em seu discurso; t echar os olhos grande

    mflaao

    de

    sua

    disciplina; pe rmanece r

    obst inadamente c e _ g o d a 0 c 1 t S 0

    de que a

    historia talvez

    n ao s eia ,

    para

    a

    soberania

    aue os

    cincia,

    um

    lugar

    melhor

    abr igado, menos arr isca 0 q

    mitos,

    a

    l inguagem ou a sexual idade; em r e _ s u m o , se ria n e-

    cessrio

    reconsti tuir , como

    medida

    de salvaao, u m a ' h _ 1 S t f _ l 2

    como no s e faz

    mais.

    E ,

    n o c a s o e m

    q u e

    e S S a

    h 1 S 0 fl a 1 1 2 0

    oferecesse segurana

    bastante,

    ao devir do pensamento,

    -

    ' ' cia

    dos

    conhec imen tos , do s ab e r ,

    e _

    ao

    devir

    de

    um a

    C O I I S C I C I 1

    sempre prx ima dela mesma , indef inidamente l igada

    a

    se u

    passado, e presente

    em

    todos

    os

    seus momentos, que s e pe -

    dria para

    salvar

    0 que dever ia se r

    salvo:

    quem ousaria

    privar

    o

    sujeito

    de

    sua

    prpr ia histr ia?

    Clamar -se- ia, entao,

    que a historia t inha

    sido assassinada

    cada

    vez

    que e m um a

    anlise

    histr ica

    (e , sobretudo, s e s e

    t ra ta

    do

    conhecimcnto),

    o uso da

    descontinuidade s e

    t or n ass e demasiado

    visivel.

    Mas

    n o h n cc es sid ad e

    de

    engano: o que s e last ima

    t o grave-

    m ente no

    a

    supresso da

    historia,

    o

    desaparec imento

    dessa

    fo rma

    de

    histria que

    e ra

    s ec re t amen te _ ~ mas intlei-

    ramente- refer ida a t iv idade s in t e t ica do suieito. Acumu a -

    r am - se to dos

    os

    tesouros

    de outrora na

    velha c r dade la de st a

    his tr a; n s a j ulgvamos s li da porque a

    haviamos

    sacra-

    l izado

    e porque

    e la

    e ra

    o

    u lt imo luga r do pei isamento

    an t ro-

    polgico. Mas h muito t empo que os historiadores par t i ram

    para

    t r aba lha r

    em outras reas. N o mais p re c iso con t ar

    16

    Estrutura l smo

    e

    Teoril . . .

    l

    l

    i

    m.. HIIIUUHIL- - - Y - -

    -

    ~ _ * ~ - > *

    - - ~ ~ ~ * - v ~ : ~ * ~

    ' '^ * **-~*-~~=. , . ,_. . , - . ~ . . . . .

    ~wm_wWMr,a

    com eles para guardar os prvilgios, nem para r ea f i rmar

    m ais um a vez _- ainda

    que

    tenhamos grande necessidade

    disso na angustia de hoie _que

    a

    historia, pelo me nos e la ,

    e

    viva e continua.

    2 .

    0

    campo dos

    acontecime ntos discursvos

    Se se

    quer

    apl car

    sis temt icamente

    (isto , definir,

    utiiizar

    d e tuma ma n e ir a

    t o

    ger a l qua n to pos sive l

    e

    val idar)

    o con-

    ce i o de

    descontinuidade a esses dominios, t o i nce r tos quan to

    a

    suas

    f rontei ras, t o

    indccisos em

    se u contedo que se

    - . . . ,.

    Y *

    chama

    historia

    das ideias, ou do pens amen to , ou da s ciencias,

    ou dos conhecimentos,

    encont ra -se um ce rto n m e ro

    de

    problemas. '

    Antes

    de

    mais nada, ta refas negatvas. E ' preciso s e 11 -

    ber t a r de

    todo

    um jgo de noes que esto l igadas ao pos-

    tulado

    de

    continuidade.

    Sem

    dvida,

    elas

    n o tm um a e str u

    tura.

    conceitual

    mu it o r igor osa , m as sua funo muj to

    p re c is a. C om o

    a

    noao

    de t radio, que

    pe rmi t e

    ao mesmo

    t empo del imi tar

    qualquer novidade

    a

    partir de um sis te m a

    de coo rde riadas pe rmane n t e s e de

    da r um estatuto

    a

    um

    conjunto de fe n menos const ant e s. Como

    a

    noo de influn-

    .

    .

    C 1 8

    que

    d

    um

    Suporte-

    antes

    mgico

    que

    substanc ia l

    .

    aos fatos de t ransmissao e

    de

    comun ica o . Como a noo

    .

    de

    desenvolvimento,

    que permi te d es cr ev er um a sucesso de

    a co nt ec im e n tos com o s cn do

    a

    manifestao de um nco e

    mesmo

    principio organizador.

    Como a noo, simt r ica e

    inversa,

    de

    teleologia ou

    de

    evoluo

    em

    direo

    a

    um estgio

    0 fma 1 V 0- C 0m0,

    aiflda, a s

    n o e s d e

    mentalidade

    ou d e

    e5P1'lt0 de um a poc a que permitem

    es ta b c lc ce r e n tr e

    fen -

    menos simultneos ou

    sucessivos

    um a

    comunidade

    de

    sent ido

    . .

    _

    1 ,

    de la os

    simbl icos,

    um Jgo de

    semelhanas e

    de espe lh os . f

    '

    1 -

    1

    E pre ciso abandona r essas

    sinteses

    ia feitas, esses

    agrupa-

    mentos

    que se

    admitem

    antes de qualquer exame, sses

    laos

    cuia

    val idade

    admi t ida

    ao inicio do jgo;

    destruir

    as formas

    e

    as

    foras obscuras

    p ela s qu ais temos 0 hbi to de ligar

    ent re

    si

    os

    pensamentosdos

    homens e

    seus

    d iscursos; ace i ta r

    que s

    s e

    t ra ta , em pr imei ra instncia, de um conjunto de

    acontecimentos

    dispersos.

    ,I

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    7/25

    N o preciso, t ampouco,

    toniar como vlidos os

    recortes

    (

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    8/25

    *sr .2 1*

    vs

    _

    _ _ , ,, ,

    ....=:,_ s T,/_ __ F

    4M _ J \H _

    < ` _ _ 0 V _ Y W

    V W

    M ` www i rr _ W n A

    ~ * ^

    *vw f '-~*

    .

    -~. .,__ V-g

    _.,,.

    ., .

    v .. [email protected],_q_/ ___ \

    t f k 5

    c ionar os esquemas

    abandonados?

    E que e sta tuto d ar s

    cartas, s notas,

    s conversaes

    relacionadas,

    aos propsitos

    transcri tos

    pelos auditores, enf m,

    a

    essa imensa mult ido

    de traos

    verba is que

    um indivduo deixa em t r no de si no

    momento

    de

    sua

    mor t e , que falam em um en t rec ruzamen to

    indef in ido t a nt a s l inguagens d if e re n t e s e

    demanda ro

    sculos,

    m i ln ios t a lvez,

    a nte s de

    se

    a pa ga re m ? E m qua lq ue r

    caso,

    a

    denotao

    de

    um

    tex to

    pelo nome

    Mal l a rm

    sem

    dvida

    n o

    do

    mesmo tipo

    s e s e

    trata de t emas

    inglses,

    da s

    t radues

    de Edga r Poe,

    dos p oe m a s ou

    da s

    respostas

    a pesqusas. Da

    mesma mane i ra , n o a mesma re lao que e xis te e n tr e

    o

    nome de

    Nietzsche

    de

    um lado e

    de outro

    lado

    as

    autobio-

    grat ias

    da juventude, as dissertaes

    escolares,

    os

    art igos

    filolgicos,

    Zaratust ra,

    Ecce homo,

    a s cartas,

    os lt imos

    car tes postais assinados

    po r

    Dionysos ou Ka i se r N ie t zs che ,

    as i nume rve s cade rne tas em que

    s e

    emaranham as notas de

    lavancleria e

    os projetos de

    atorismos.

    D e ato, a

    nica

    unidade que se poderia reconhecer na

    obra de um

    autor

    se ria um a c e rta fu n o

    de

    expresso.

    S upe -se que a de ve

    haver

    um nvel

    ( t o p ro fu ndo

    que

    necessrio

    sup-lo) em que a

    obra

    se revela

    em todos os s eus

    f ragmentos, mesmo os minsculos e os ma is aces s r io s, como

    a

    expresso

    do

    pensamento,

    ou da

    experincia,

    ou

    da

    imagi -

    n a o, ou

    do

    inconsciente

    d o a uto r,

    ou das

    dete rminaes

    histr icas na s

    quais estava envolvido.

    Mas

    v-se

    logo que

    essa

    unidade da opus , longe

    de

    se r da da imedia tamente,

    consti tuda po r um a

    operao;

    que e st a operao in te rpre-

    tativa (n o

    sentido

    de que

    e la

    decira,

    no texto,

    a

    expresso

    ou a t ranscr io de alguma coisa

    que

    le csconde e manifesta

    ao mesmo t empo ) ;

    que, inalmente, a op er a o que deter-

    mina a opus em sua unidade e , po r consegunte, a obra mesma

    como re sul ta do dessa ope r a o, n o sero

    as

    mesmas

    se

    s e

    t rata

    do

    autor do Th tre e t son

    double

    ou do autor do

    Tractatus. A

    obra n o

    pode se r

    considerada nem com o um a

    un id ade imed a ta ne m como

    um a unidade

    cer ta, ne m com o

    um a u nid ad e homognea.

    En f im , a l t ima

    medida

    para p r

    fora

    de

    circuito

    as con-

    t inuidades i r refletidas

    pe la s qua is s e

    organiza, de

    antemo,

    e em um me io -segrdo, o

    discurso

    que

    s e

    quer anal isar : re -

    nunciar a dois

    postulados

    que

    esto

    l igados

    ent re

    si e que

    20

    s e

    opoem. tlm supe que

    j ama is

    possvel

    a ss in a la r , n a

    ordem do

    discurso,

    a r rupo

    de um

    acontec imento ve rda-

    deiro;

    que alm de todo como a pa re nte h sem pre um a

    origem secreta_o s e cr e ta e

    t o originria que

    n o s e pode

    nunca retom- la in te i ramente n e la m e sma . Se bem

    que

    ser ia-

    m os

    f c lmen t e reconduz idos,

    atravs

    da

    ingenuidade da s

    cronologas,

    em

    direo

    a

    um

    ponto nf ini tamente

    recuado,

    Jamais

    presente

    em qualquer historia; le prpr io n o

    seria

    senao seu

    prpr io

    vazo, e , a partir

    dle,

    todos

    os comeos

    s poder iam se r

    recomo

    ou ocultamcnto (n a

    verdade,

    em

    um unico e mesmo gesto, isso

    e aquilo). A

    ste t ema

    est

    ligado

    o de que

    t odo d iscurso mani lesto r epousa sec re tamen te

    sobre

    um j dito; m as

    que

    ste j dito

    n o

    simplesmente

    um a trase j pronunciada, um texto j escrito,

    m as

    um

    J ama is d t o , um

    discurso

    se m

    corpo,

    um a

    voz

    t o

    silencosa

    quanto

    um spro,

    um a

    escri tura que

    apenas

    o co de seu

    prpr io

    t rao.

    Supe-se, a ss im , que tudo

    que o

    discurso

    tormula j

    s e encont ra

    art iculado

    nsse

    meio-si lncio que

    lhe

    e prvio,

    que

    continua

    a

    cor r e r obst in a damen t e sob le, m as

    que le recobre e fa z

    calar. O d is cu rso man i fe s to

    seria,

    apenas, at inal de contas,

    a

    p re se n a d e pr e ss iv a do que n o

    diz e esse no-di to se ra um co que

    an ima do

    in te r ior tudo

    0 que se

    cliz. O

    p r ime ir o mo t ivo

    dest ina

    a

    anlise histrica

    do

    discurso

    a

    se r

    procura

    e

    repet io

    de

    um a

    origem

    que

    escapa.a qua lque r dc te rminao

    de or igem;

    o

    outro, a

    dest ina

    a se r mterp re tao ou escuta de um j-dito que se ra ao

    mesmo

    t empo

    um no-dito.

    E '

    preciso renuncia r a

    todos

    stes

    temas, que

    tm po r

    funo

    garant i r a

    infinita contnuidade

    do discurso e s ua s ec re ta p re se n a em

    si no

    jgo

    de

    um a

    ausn c a s emp re reconduzida. E ' preciso

    acolher

    cada m o-

    m e nto do discurso em

    sua i r rupo de

    acontec imento;

    nessa

    pontualdade em que apar e ce e

    nessa

    disperso t empora l que

    lhe

    pe rmi t e se r

    r e pe ti do , s a b ido, esquecido,

    t ransformado,

    apagado

    at

    em seus

    meno res

    t raos,

    enterrado, be m

    longe

    de todos os olhares, na

    poera

    dos l ivros. No

    preciso

    r eme te r o discurso

    longnqua p re se n a d a

    or igem;

    pre -

    ciso

    t rat- lo no

    jgo

    de sua

    instncia.

    U m a ' ve z afas tadas estas fo rma s p r via s

    de

    continuidade,

    es ta s sm te ses m al cont roladas do

    discurso,

    todo

    um

    domnio

    se encont ra l iberado. U m dom n io imenso,

    m as

    que se pode

    21

    r

    r

    1

    i

    l

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    9/25

    definir:

    consti tuido

    pelo

    conjunto de

    todos

    os enunciados

    e f e tiv os ( que tenham

    sido ditos e escri tos),

    em

    sua disperso

    de acontecinientos e na instncia que prpr ia

    a

    cada um .

    Antes de es tar rclacionado a

    uma c i nc ia ,

    ou a

    romances,

    ou

    a

    discursos

    politicos, ou

    obra

    de um

    autor, ou

    mesmo

    a

    um

    l ivro,

    o mater ia l , que

    s e

    te m que t ratar em sua neutral i -

    dade

    pr me i ra , ie

    un i

    conjunto

    de

    acontecmentos

    n o e spa o

    clo

    discurso

    em

    geral.

    Aparece assim o

    projeto

    de um a

    des-

    crio

    para

    dos

    fatos

    do d iscurso. Es t a descrio

    se distingue

    fc i lmente da a n lise da l ingua. Ce r tamen te , s

    s e

    pode

    esta-

    be lecer

    um

    sistema

    liiigistco (se no o const ruimos artifi-

    cia lmente)

    uti l zando

    um

    corpus

    de

    enunciados ou um a

    coleo

    de

    fatos

    de discurso; mas

    t ra ta -se, ento,

    de definir,

    a

    partir

    dste conjunto, que

    te m

    valor

    de

    amostra, regras

    que

    perm tam construir eventualmente

    outros

    enunciados di-

    fe r en te s d aque le s. M e sm o que tenha

    desaparecido h

    mu to

    tempo, mesmo

    que

    ningum

    a

    tale

    mais e

    que

    tenl ia sido

    restaurada

    a

    partir

    de

    poucos f ragmentos, um a lingua scmprc

    coristitui um siste m a para enunciados possiveis: um con-

    junto

    finito de

    regras

    que autoriza um nme ro

    infinito

    de

    performances.

    O

    discurso,

    ao contrar io,

    o conjunto sempre

    *iinito e

    atua lmente

    l imitado

    pela s n icas s eqnc ia s

    l ingis-

    tica

    que foram

    formuladas; elas

    podem se r inumerveis,

    podem,

    po r

    s ua ma ss a,

    u lt r apassa r qua lquer capacidade

    de

    registro, de

    menir ia ,

    ou de

    lei tura: const it uem, en t re t an to ,

    um conjunto t n to . A questo que coloca

    a

    an lis e da l ingua,

    propsito

    de

    um

    fato

    de

    d iscurso qua lque r ,

    sempre : se -

    gundo

    que

    regra [...

    ta l

    enuncado

    fo i

    construdo, e , po r

    conseginte,

    segundo que regras

    . _

    _] outros

    enunciados

    se -

    melhantes poderiam se r construidos? A d esc ri o d o discurso

    coloca

    um a que st o

    i ii te i r amente d ife r en te : com o um

    deter-

    minado e nun c iado apa rcceu e nenhum outro em se u

    lugar?

    V-se, igua lmente,

    que essa descr io do

    discurso s e

    ope

    anlise

    do pen samen to . Ai t amb m , s s e pode reconsti tuir

    um

    sistema

    de

    pensaniento

    a partir de un i conjunto defindo

    de

    d iscursos . Mas sse conjunto

    t ra tado de

    ta l mane i ra que

    s e busca reencont ra r ,

    a l m dos prprios

    enunciados,

    a inten-

    o do

    sujeito que fala,

    sua

    atividade

    consciente, o que

    le

    quis

    dizer ou, ainda, o jgo inconsciente que

    aparece,

    malgr

    lui,

    no

    que le

    disse ou n a qua se impercept ivel f ra tura de

    2 2

    suas pa lav ras n ian if est as,

    Trata-se de reconsti tuir

    um

    outro

    discurso,

    de reencont rar a palavra muda, murmuran t e ,

    ines-

    gotvel, que an ima do interior

    a

    voz que s e ouve,

    de

    es tabe-

    lecer 0 texto mido e invisivel que pcrcorre o

    interst icio

    das

    l inhas

    escritas e ,

    s

    vzes,

    a s

    s ub ve rt e. A

    anlise

    do

    pensa-

    men to sempre alegrica em re lao

    ao

    discurso

    que

    utiliza.

    Sua

    questo

    in ta l ive lmentez

    o

    que

    s e

    dizia, pois,

    no

    que

    cstava

    dito?

    Mas

    a anlise do d is cu rso

    or ientada de

    m a-

    neira in te i ramente d ife r e n te ; tr a ta -s e de compreender o

    enunciado

    na estreiteza c singular idade de se u

    acontec imento;

    de

    de t e rmna r as condies de sua exstncia, de f ixar, o

    mais precisamente

    possivel,

    seus

    l imites,

    de

    es tabe lecer suas

    corre laes com outros enunciados

    aos

    quais

    _possa

    es tar

    l igado, de niostrar que out ra s fo rma s de enunciaao exclui.

    N o s e

    busca,

    sob o que e st manifesto,

    a

    t a ga r e lic e s em i -

    silenciosa

    de um

    outro discurso; deve-se most rar

    po r

    que na o

    poderia

    se r diferei i te

    do

    que , em que

    XClUd9f19 de

    qua lque r outro , como a ss ume , c m

    meio aos

    outros e

    em

    re -

    lao

    a e le s, um lugar que nenhum

    outro

    pode r ia ocupa r ._A

    questo

    prpria

    anlise do d is cu rso pode r ia se r

    assim

    for inulada: qua]

    essa r regular

    existncia

    que

    surge

    no que

    s e diz e em nenhum

    out ro luga r ?

    Pode-se perguntar para que serve f ina lmente essa

    colo-

    cao

    em

    suspenso

    de

    tdas

    as

    unidades

    admit idas,

    essa

    busca obst inada da descontnudade, s e s e t ra ta, afinal ,

    de

    l iberar um a poeira

    de acontecimentos

    discursivos,

    de

    acolh-

    los

    e

    de

    conserv-los em sua absoluta d is pe r so. De fato,

    a

    supresso S istem t ica

    da s unidades

    in te i ramente dadas

    pe r -

    mite inicial inente resttuir ao enunciado sua

    singular idadc

    de

    acontec imento:

    le n o mais

    cons ide rado s implesmen t e

    como [. . . a colocao em

    jgo de

    um a est r i itura l ingis tica,

    ne m como]

    man fes tao

    episdica

    de

    um a

    sgnificao

    mais

    profunda que

    le;

    t ra tado

    em

    sua i r rupo

    histrica; o

    que

    s e t e nt a obse r va r

    a incso que consttui, i r redut ive l _

    mu t o fr e q e nte me n te n i n sc ula

    _

    emergncia.

    P or

    mais

    bana l

    que s eja ,

    po r

    menos impor tante

    que

    o

    imaginemos

    em

    suas conseqncias,

    po r

    mais r p idamen t e e squec ido que

    pos sa s er depois de sua a pa ri o, por

    pouco

    e n te n did o ou

    m al

    decifrado que o

    suponhemos,

    po r

    mais

    rpido que possa

    se r

    devorado

    pe la noit e , um enuncado sempre um aconte-

    23 .

    l

    i

    i

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    10/25

    c imento

    que ne m a l ingua,

    ne m

    o

    sent ido

    podem

    esgotar in-

    t e iramen t e . Acon t ec ime n to

    es tranho,

    ce r tamen t e : in ic ia lmen t e ,

    porque est l igado po r

    um lado

    a um

    gesto

    de escri tura ou

    art iculao de

    um a fala

    (parole) , mas

    que,

    p or outr o

    lado, abre

    a si m e sm o

    um a

    existncia

    remanescente

    no

    campo

    de

    um a mem r i a ou na

    mater ia l idade

    dos manuscr i tes,

    dos

    l ivros

    e

    n o

    impor ta

    de

    que

    formas

    de

    registro;

    em

    seguida,

    J

    que

    nico

    como

    qualquer

    acontecimento, mas

    que se

    oferece

    repet io,

    t ranstormao,

    rea t ivao; f inalmente,

    porque

    l igado ao mesmo tempo a

    situaes

    que 0 provocam

    e a

    conseqncas

    que

    inci ta, m as

    est

    l igado,

    ao m esm o

    tempo, e segundo

    um a

    moda lid ad e in t e ir amen t e di ferente a

    enunciados

    que

    o

    precedcm e

    o que o

    seguem.

    Mas s e se isola, em re lao lingua e ao pensamento,

    a

    instncia do

    acontec imento

    enunciat ivo,

    n o para

    t rat- la

    em si

    mesma

    como

    se e la f sse independen te , solitria e so-

    be rana . E ', ao contr a r io , pa ra comp r e e nde r como sses

    enun-

    c iados , enquan to

    acontecmentos

    e em sua especif icidade t o

    e s tr a n ha , podem - se ar t icular com acontecmentos

    que no

    so de

    na tureza d iscurs iva ,

    mas

    que pod em

    se r de

    ordem

    tcn ica,

    prtica,

    econmica,

    social,

    polt ica,

    etc. Faze r apa-

    recer em sua

    pureza

    o espao em que

    s e dispersam

    os

    acon-

    tecmentos discursivos n o

    t en ta r

    estabelec-lo

    em um c or te

    (

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    11/25

    tora

    de

    qualquer me t to ra geol g ic a ,

    se m

    nenhuma citao

    de

    origem,

    sem o m e n or ge st o em

    direo

    ao como

    de

    um a

    arche' _aze r o que

    poderia

    chamar ,

    segundo

    os direi tos

    ldicos da etimologia, algo como um a arqueologia.

    Esta

    , mais ou menos, a problemt ica de l'Histoire de la

    Folie, de

    la

    Naissance de

    la C lin ique ,

    de le s Mots e t le s

    Choses.

    Nenhum

    dstes

    textos

    autnomo

    e

    sut ic ie n t e por

    si

    mesmos; apiam-se

    un s s bre os

    outros,

    na medida em

    que

    s e

    t rata em cada

    caso

    de

    exp lo ra o mu to

    parcia l de

    um a r e gi o l m ta d a. Devem

    se r

    lidos como um conjunto

    apenas e sbo ado

    de exper imentaes

    descrit ivas.

    Ent r e t an to ,

    s e n o

    necessrio

    justi t ic-los po r serem

    t o

    parciais e

    la -

    cunares, preciso

    explicar

    a escolha que ob e de ce m . Pois

    s e

    0

    campo gera l dos acontecmentos discursivos n o permite

    nenhum

    recorte ( < < d c o u p e > > ) a priori,

    excluido, ent re tanto,

    que s e

    possa descrever de

    um a ve z

    tdas as

    relaes carac-

    ter ist icas do arquivo. E ' preciso, ento, em um a

    pr imei ra

    aproximao,

    acei ta r

    um recorte (. M as isso n o pa ssa

    de

    um

    privi lgio

    de

    part ida. E ' p re c is o ma n te r

    bem

    presentes

    no espir i to

    dois

    tatos: que a

    anlise

    dos acontecmentos clis-

    cursivos e a descrio do

    arquivo

    n o esto de nenhuma

    f orma lim i tados a um domnio semelhante e que, po r outro

    lado,

    o

    recorte

    (

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    12/25

    3.

    As formaes discursivas e as postividades

    Busquei,

    ento, descrever

    a s

    relaes de

    coexistncia

    entre

    enunciados.

    T ome i c uid ad o

    para

    n o levar

    em considerao

    nenhuma da s

    unidades

    que

    podiam

    se r

    propostas e que

    a

    t radio colocava

    minha disposio,

    quer

    seja

    a

    obra

    de

    um

    autor, a c oe s o de

    um a

    poca, a

    evoluo

    de

    um a cincia.

    At ive-me p re se n a n ic a dos acontecmentos vizinhos a

    meu

    prpr io

    discurso,

    cer to de t r a ta r de

    um

    conjunto

    coe-

    rente s e

    eu chegasse

    a

    descrever

    ent re

    les um s iste m a de

    relaes.

    Pareceu-me, in ic ia lmente, que ce rt os e nun c iados podiam

    fo rmar um conjunto na

    medida

    em que s e re fe rem a um nic o

    e mesmo objeto.

    Afinal,

    os enunciados que dizem respeito

    po r

    exemplo,

    loucura, n o

    tm

    todos, cer tamente ,

    o

    mesmo

    nivel fo rmal ( e st o longe de obedecer ,

    todos,

    aos cri tr ios

    requeridos po r um

    enunciado cientifico); n o

    per tencem

    todos

    ao mesmo

    campo

    semnt ico

    (uns

    orginam-se da

    semnt ica

    mdica, outros da

    semnt ica

    juridica ou adminis t rat iva;

    outros

    utilizam um

    lxico literrio),

    mas

    les todos s e

    re la-

    cionam

    a sse

    objeto que

    se

    apresenta

    de

    diferentes mane i ras

    na

    exper inc ia

    individual ou

    social

    e que

    s e pode

    designar

    po r

    louc ur a. O r a, lo go nos apercebemos que

    a

    un id ad e d o

    objeto no permite

    individual izar

    um conjunto de enunciados

    e

    e s ta b e le ce r e n tr e les um a

    re lao ao

    mesmo

    t empo

    des-

    critiva e constante. E

    isso

    po r

    duas r a z es. E ' que

    0

    objeto,

    longe

    de se r aquilo

    em

    re lao a que se pode definir

    um

    conjunto de enunciados, , antes,

    consti tuido

    pelo conjunto

    dessas formulaes; es tar amos

    errados

    em p ro cu ra r j un t o

    doen a men t a l

    a

    unidade do discurso psicopatolgico ou

    psiquitr ico; enganar-nos- iamos, ce r tamen te ,

    s e perguntsse-

    m os ao

    se r m e sm o de sta doe n a,

    a seu

    contedo secreto,

    sua

    v er da de muda e fechada

    em si, o que se

    pde

    dizer

    dela

    em

    um momento

    dado;

    a doena menta l

    fo i consti tuda

    pelo

    conjunto

    do

    que pde se r dito no grupo de

    todos

    os enuncia-

    dos que

    a

    nomeavam, recortavam (

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    13/25

    aparec imento

    de

    um a s rie

    de

    medidas

    discr iminat ivas

    e

    re -

    pressivas

    (com seu objeto prprio),

    o_aparecimentod_de

    conjunto de prticas

    codif icadasyeni rece i tas ou

    em

    me ica0

    (com seu

    objeto

    especifico). E ,

    pois,

    o coniunto das

    regras

    que d o

    conta, n o espec i a lmentedp prpr io

    _ 0b ] 0 e m

    Sua

    ident idade,

    m as

    de

    sua

    no-coincidencia consigo

    iiiesrno,

    de

    sua pcrptua

    di ie rena,

    de seu

    afastamento e

    de sua

    disper-

    so. Alm da unidade dos discursos sobre

    a

    loucura, e

    o

    logo

    da s

    regras

    que

    definem a s t ransforniaes

    dsses

    diferentes

    objetos,

    sua

    no- ident idade atravs do tempo,

    a ruptura que

    se produz

    nles,

    a descon t inu idade in te rna que suspende Sua

    permanncia . De um a

    f orma pa radoxa l, definir um coniunto

    - ' ' ' ' it

    em

    de enunciados no

    que

    ele

    te m

    de

    individuil

    n i a j o

    dconrl

    edw-

    individual izar seu obleto, em fixar sua 1

    enu

    a e , i ' _

    crever

    os

    caracte res

    que conserva

    pe rmanen t emfiflfih

    B_1S'

    t amen te

    o contrr io

    descrever

    a

    disperso dsses

    obgetos,

    .

    - ' * d

    a s

    comprcender todos

    os

    mterst icios

    que os

    separ21m m _ U '

    _

    distncias

    que

    re in am e ntre

    les _em o utr os tc rm o s

    .

    ~

    - '

    ^

    ' 5 1

    fo rmular sua le i de

    r e pa r ti a o. Na o c ha ma re i

    a

    esse s i s t e m _

    domnio

    de

    objetos

    (pois

    a palavra

    implica

    antes em :m -

    dade, fechamento, viz inhana prx ima

    do

    qu S P Z l'

    men to e

    a disperso);

    d a r - l h _ - B 1 ,

    U m

    P O U C O afb'tfa(l'L'2la>;

    o

    nome

    de

    re ferenc ia l ,

    e

    direi,

    po r

    exemplo,

    que

    2 2 1 1

    ro

    osi

    n o ob je to ( ou r e fe r en te ) .comum a up i g r U p _ 0 P P b_

    es m as o refercncial,

    ou

    le i de

    disperso

    de

    diferentes

    o

    1 e -

    )

    .a

    '

    un

    tos ou r e fe ren tes pos tos

    em 10g0

    p0 h im Cfmlunto _d

    en

    ciados, cuja

    unidade s e encont ra

    precisamente d e fin id a p or

    e st a le i.

    _

    _

    _ _ _

    O

    segundo crtrio que

    s e

    poderia

    utilizar_pa_ra

    consti tuir

    con jun tos d iscurs ivos seria o t ipoudelenunciaao

    uti l izada.

    Pareceu-me , po r

    exemplo,

    que a c ie n cia m d ic a a

    partir do

    sculo XIX s e caracter izava menos po r seus obietos

    ou

    con-

    ceitos

    (d e

    que uns

    pe rma i iece ram idn ticos

    e

    outros

    foram

    intei ramente

    t ransformados) que

    po r um_ce r to

    e s 1 l 0 , _ U l 1 1 l

    cer ta fo rma constante de

    enunciaao: .assis ti r -se- ia

    ins ta-

    lao

    de

    uma c i n cia desc r it iva . Pe la pr imei ra vez, -a medic ina

    n o mais cons t ituida por um conlunto de

    t radioes,

    obser -

    vaes, r e ce itas he te rogeneas e sim po r um corpus

    de

    conhe-

    cimentos

    que supe um m e sm o olhar

    lanado sobre

    as mesmas

    cois as , um

    mesmo

    esquadrinhamento

    do

    campo

    pereeptivo,

    30

    _._,_._ ___ *-_*

    a ._ .__; .~

    ,_e:__ -_ ,-~~ri---V-.~ -_

    -

    --_---~- -

    _

    _ .

    _._r . . . ._

    .

    um a mesma

    anlise

    do

    f a to pa tolgi co

    segundo o espao vi-

    sve l do

    corpo, um m esm o s is tema de

    t ranscr io

    daquilo

    que

    s e

    percebe

    pa ra aquilo que s e diz (mesmo

    vocabulrio,

    mesmo

    jgo de met foras ) ; en f im, pareceu-me que a medi -

    cina s e

    formal izava,

    s e podemos

    assim

    dizer, como um a s rie

    de enunciados

    descrit ivos.

    Mas, ainda

    ai ,

    fo i

    preciso

    a ban -

    donar

    esta

    hiptese

    inicial.

    Reconhecer

    que

    a

    medc ina

    clinica

    e ra tanto um conjunto

    de

    prescries politcas,

    de

    decises

    eeonmicas,

    de

    regras

    inst i tucionais, de modelos de

    ensino,

    quanto um conjunto

    de

    descres;

    que

    ste,

    de

    qualquer

    mane i ra ,

    n o

    podia

    se r abst ra ido

    daqueles

    e

    que

    a enunciao

    descri t iva n o

    passava

    de

    um a da s iormulaes

    presentes

    no

    grande

    discurso

    clinico.

    Reconhecer

    que

    esta d e sc ri o n o

    ce ss ou d e

    s e

    de slo ca r , s e ja

    porque,

    de

    Bichat

    patologia

    celular, deixou-se

    de

    descrever a s mesmas cois a s, seja porque

    da inspeo visual,

    da auscultao e

    da

    palpao

    ao uso

    do

    microscpio,

    o

    sistema

    de inforniao fo i modificado,

    seja

    ainda

    porque, da

    corre lao

    anatomoclinica simples

    anlise

    re i inada

    dos

    processos fisiopatolgcos,

    o lxico

    dos

    signos

    e se u decif ramento

    fo i

    i n te i ramen t e recons ti tu do, seja, final-

    mente ,

    porque

    o

    in-dico deixou pouco a pouco

    de ser,

    le

    prprio, o lugar de

    registro e de interpretao da

    i n fo rmao

    e porque,

    ao lado

    dle,

    fora

    dle,

    consti tuiram-se

    massas

    documen t r ias , inst rume n tos

    de

    corre lao,

    e

    tcnicas

    de

    an -

    lise que le te m ce r tamen te que uti l izar, m as que

    modif icani ,

    em

    re lao ao doente, sua posio de sujeito observante .

    Tdas essas al te raes que n os fazem

    t al ve z sa ir ,

    hoje,

    da

    medcina c l n ica , depos it a ram-se len tamente , no decorrer do

    sculo

    XIX,

    no interior do

    discurso

    cl inco

    e no

    espao

    que

    le

    desenhava.

    S e

    s e quisesse definir sse discurso po r um a

    f orma cod it ic ada de

    enuncao, (por

    exemp lo, desc ri o de

    um c erto

    nme ro

    de elementos determinados na superficie do

    corpo, e

    inspecionados

    pelos

    olhos,

    ouvidos e

    dedos

    do

    m -

    dico;

    ident if cao da s unidades

    sinal i t icas

    e dos signos com-

    p lexos ava lia o

    de

    sua

    s ign if icao provve l;

    p r e sc ri o da

    t e ra pu ti ca cor r e sponden te ) , s e ria p r e ciso reconhecer que a

    medc ina

    clinica f racassou assim

    que apa re ceu e

    que prt ica-

    mcn te s conseguiu

    formular -se em Bichat

    e em

    Lannec.

    Na

    verdade,

    a

    unidade

    do

    discurso

    cl inco n o

    um a

    fo rma

    de -

    terminada de enunciados, mas

    o conjunto da s

    regras que

    31

    , M

    1 1

    l

    i .

    l

    il

    . t

    l

    . i

    r

    F

    l

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    14/25

    - , = - -W

    -

    -

    - *

    -* - -M

    MW`,w____,,_~_,,_,.N..,......M.

    . . . . . - .H

    tornaram

    possiveis,

    s imultnea ou sucess ivamente , descr ies

    puramen te pe r cep tiv a s,

    mas, t amb m ,

    observaes

    mediat i -

    zadas

    po r

    ins t rumentos, protocolos

    de

    experincias

    de

    labo-

    ratr ios, clculos estat st icos,

    constataes

    epidemiolgicas

    ou d em o gr fic as , r egr as

    inst i tucionais,

    decises

    politicas.

    Todo

    sse conjunto n o p od e

    obedecer

    a um m ode lo

    nico

    de

    encadeamento

    l inear :

    t ra ta-se

    de

    um

    grupo

    de

    enuncia-

    es

    diversas que e st o longe de obedecer as mesmas

    regras

    iormais,

    longe

    de

    te r

    as mesmas

    exigncias

    de validao,

    longe

    de

    man t e r um a

    re lao constan te com a

    ve rdade , longe

    de te r a mesma funo operatr ia .

    O

    que

    s e

    deve caracter izar

    como medc ina

    clinica a coexistncia dsses enunciados

    dispersos e l ieterogneos;

    o

    s is tema que re ge

    sua r epa r -

    t io, o

    apoio

    que

    estabelecem

    entre si, a

    m a n eir a p ela qua l

    s e

    implicam

    ou s e excluem,

    a t ransformao

    que sofrem, o

    jgo de seu revezamento, de sua

    disposio

    e de sua subst i-

    tuio. Pode-se

    fazer coincidir

    no tempo

    a

    apar io

    de

    dis-

    curso com a introduo

    em

    medc ina

    de

    um tipo privlegiado

    de

    enunciao.

    Mas

    este no tem um papel

    consti tuinte

    ou

    normativo.

    Abaixo

    dsse

    i enmeno

    e em t rno dle d es en -

    volve-se

    um

    conjunto de fo rmas

    enunciat ivas

    diversas

    e

    a

    regra

    gera l

    dsse

    desenvolvimento

    que constitui,

    em sua in -

    dividualidade, o

    discurso

    c lin ic o. A r e gr a de fo rmao dsses

    enunciados

    em

    sua

    heterogeneidade,

    em

    sua

    impossibi l idade

    mesma de

    s e

    in tegrarem em um a nica cadeia sintt ica,

    o

    que chama re i

    de

    desvio enunciativo ( < < . c a r t nonciat i fa) . E

    di re i que a

    medc ina

    clinica

    s e carac ter iza ,

    como coniunto

    discursivo

    individualizado,

    p elo d es vio ou le i de disperso

    que

    rege

    a diversidade d e se us enunciados.

    O t e rce iro cri trio segundo o qual s e poder iam es tabe lecer

    grupos unitr ios de enunciados

    e

    a

    existncia

    de

    um

    jgo de

    conceitos

    permanentes e coe r en te s e n tr e

    si.

    Pode - se supor ,

    po r

    exemplo,

    que a

    anlise da l inguagem e dos fa tos gr a-

    matcais

    repousava nos

    c lssicos (desde Lancelot at

    o

    fim

    do sculo XVIII) em um

    nme ro

    detinido de conceitos cujo

    contedo e uso es tavam es tabe lec idos de um a vez

    po r

    t das:

    o

    conceito

    do j ulgam ento def in ido

    como

    a fo rma gera l

    e

    nor -

    mat iva de

    qua lque r f rase , os conceitos

    de sujei to

    e de

    at r ibuto

    reagrupados sob

    a categoria mais

    gera l

    de substantivo, o

    conceito

    de

    verbo

    uti l izado

    como equivalente do

    de

    cpula

    32

    lgca, o

    conceito

    de palavra que

    s e define como signo

    de

    um a

    representao. Poder-se- ia

    assim reconsti tuir a

    arqui-

    tetura conceitual da gramt ica c l ss ic a . Mas ainda a

    encon-

    t rar -se- iam,

    logo,

    l imi tes: apenas, sem dvida, poder -se- iam

    descrever com

    tais

    elementos a s anlises

    fei tas

    pelos autores

    de

    Por t -Royal .

    E ,

    logo,

    ser amos obrigados a consta ta r o

    aparec imento

    de

    novos conceitos.

    Alguns t a lvez de r ivados

    dos

    primeiros, m as os outros lh es s o heterogneos e alguns

    so,

    mesmo, incompat ive is com les. As n o e s d e

    ordem

    sintt ica

    natural

    ou

    inver t ida,

    a

    de

    complemento

    ( in t roduzida

    no inicio

    do sculo XVIII po r B eauz e) p od e m , sem dvida, i n t egra r -

    se

    ainda no sistema conceitual da

    gramt ica de Port -Royal .

    Mas ne m a idia de um valor or iginr iamente

    expressivo

    dos

    s on s, n em

    a de um

    saber

    primitivo envolvido na s

    palavras

    e

    t ransmi t ido obscuramente

    po r elas,

    ne m

    a de

    um a regular i -

    dade na evoluo histr ica das

    consoantes

    podem

    se r

    dedu-

    zidas

    do

    jgo

    de conceitos uti l izado pelos gramticos do

    sculo

    XVIII.

    Ainda

    mais a

    concepo

    do

    ve rbo como

    simples

    substant ivo que pe rm i te d es igna r um a a o ou uma ope r a o,

    a

    def inio da

    frase

    no m ais como proposio at r ibut iva,

    m as

    com o um a

    srie de

    e lementos des igna tivos cu jo

    conjunto

    reproduz uma r e pr e se n ta o, tudo isso r igorosamente in -

    compat ve l com

    o conjunto

    dos conceitos

    que Lancelot

    ou

    Beauze

    podiam

    usar.

    E '

    necessrio

    admitir

    nessas

    condies

    que

    a gramt ica s aparen temen te consti tui um conjunto

    coerente, e

    que

    um a

    falsa

    unidade

    ste

    conjunto de enun-

    ciados, anlses,

    descries,

    prncpios

    e conseqncias, de -

    dues, que s e perpetuou

    sob

    ste

    nome

    durante

    ma is

    de um

    sculo?

    NaVed3as

    op menos heterogneos

    da

    gramt ica clssica, definir W

    s is tema comum que

    abagu

    a WSe de_

    E ste siste m a n o

    coristitudo

    de con ce it os ma is gerais

    e

    mais abst ra tos que

    aqueles

    que

    aparecem

    na superficie e so

    ma n ipulados os tens ivamen t e ;

    consti tuido

    antes po r um con-

    3 u n t o _

    de

    regras

    de t o rmao dos conceitos.

    s te

    conjunto se

    subdivide ele prpr io

    em_qua tro g rupos subo rd in ados . H

    o

    grupo que r ege a fo rmaao dos conceitos que pe rmi t em

    des-

    crever e anal isar

    a

    frase com o um a unidade em que os ele-

    Estrutural lsmo

    e Teora . .

    . _

    3

    33

    i

    E

    I

    l

    il

    ,i

    l

    i

    I

    5

    r

    v

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    15/25

    mentos (a s

    palavras) n o e st o s implesmente

    justapostoS

    m as relacionados uns aos

    outros;

    s te _ c o _ r i] _ u n to de regras e

    0

    que

    se pode

    chama r

    a teoria da

    otribuia0_; @

    @ m que e la

    prpr ia

    seja

    modi f icada, esta teoria

    da at r ibuia0

    Pde

    @ a f

    lugar aos conceitos de verbo-cpula oude

    verbo-substai i t io

    espec ific o da a o, ou

    de verbo- l igaao dos

    e lemen tosd

    a

    representao.

    H a

    tambtm

    0

    grUPO

    que

    fef

    3

    f01'ma0

    _ f S

    conceitos que permitem descrever as relaoes

    @ P i re O S

    d x 9'

    r e nt e s e lemen tos

    significantes

    da

    frase

    e

    os

    diferentes

    e le -

    m e ntos d o que

    representado po r esses s i g n 0 _ S ;

    e

    a

    teoria

    da ar t iculao que pode, em sua unidade

    especif ica,

    da r contla

    de

    conceitos

    t o

    diferentes quafl0

    0

    d a P a la vfa

    como r es

    '

    tado de um a

    anlse

    de pensamn0 G 0 da

    Palavffcom

    i ns t rumemo pelo qual s e pode fazer semelhante analise.

    teoria da desigiiao rege

    a

    emergencia de.C0nC10S _ C _ > m

    0 de

    signo

    arb i t rr io e eonvencional ( p e _ r r n i t l 1 1 C 1 0 C0US@q '

    temente ,

    a

    construo

    de

    um a

    linguaartificial)

    mas,

    tamhei,

    como

    o de

    s gno espontneo,

    natural ,

    imed ia t amen t e ca r rega

    0

    de valor

    expressivo

    (permi t indo, assim, reintroduzir.a ins-

    tncia da l ingua no devir,

    rea l

    ou id ea l, d a humanl01ad)-

    Fina lmen t e , a teoria da de r iv a o ab r a nge

    a

    fo rmaao

    de

    .U m

    jgo de

    noes

    mu to dispersas

    e

    mui to hete rogeneas . a

    ideia

    de

    um a

    imobil idade

    da lingua que s

    est

    submet idfl H

    t ransformao

    pelo

    efeito

    de

    acidentes

    exter iores;

    fi

    ldelfl

    d f *

    uma cor re la o histrica ent re

    o

    devir da lingua e _ a S _ C f 1 P - a c l :

    dades

    de

    anlse,

    de

    reflexo, de

    conliecimento dosindividuos,

    a

    ideia

    dc um a r e la o reciproca entre

    a s

    inst ituies P _ 1 1 ' s

    e

    a

    coniplexidade da

    gramt ica; a

    idia de

    um a

    cle te rminao

    circular ent re

    as formas

    da lingua,

    as

    da escr i tura ,

    as

    d0

    sabe r e da cincia, a s d a ' o r g fl 1 1 1 Z 2 a f _ > 5 0 0 2 1 1 _ d e n 1 ' e mg

    progresso histrico; a ideia da

    P P ? - _ S 1 a Once 1 a ,IO as

    um a certa

    uti l izao

    do Vocabular io 6 da gfamawa' m

    como

    o

    mov imen to espontneo

    da

    lllfgua deSl?ad'seet'

    e spa o da iniaginao hun 'i& flfl que 9 HO ' na ure tZa 't r 2 e S _

    fr ica. Essas quatro

    < < t e o r 1 a s _

    _

    que

    0 90m0

    fm?

    _ _ S

    quemas

    formadores de conceitos _em entre _ s i relaoe

    descrit veis

    (e las

    s e supem

    entre si ; elas se Opoem _ a

    duas; elas der ivam um a da

    outra

    e, HCadeafld0 'S

    hgam

    em um a s figura

    (tigure>>)

    discursos que

    n o p0fflm S 2 1 '

    nem unificados ne m superpostos). E las const it ue in

    o

    que se

    34

    t

    l

    I

    I

    i

    i

    L

    poder ia

    chama r um a rde

    ie ric a . Po r esta palavra n o se

    deve entender um grupo de conceitos fundamentais que r e a -

    grupar iam

    todos os outros e permi t i r iam recoloc-los na

    unidade

    de um a arquitetura dedutiva, mas,

    sim,

    a le i gera l

    de sua

    disperso,

    de

    sua

    hete rogene idade,

    de

    sua

    incompa-

    t bi l idade (quer e la seja simultnea ou sucessiva): a

    regra

    de

    sua

    insupervel plural idade.

    E ,

    s e

    lcito

    r ec on he ce r n a

    g ra m t ic a g er a l um

    conjunto

    individualizvel

    de

    enunciados,

    na

    medida

    em que

    todos

    os conceitos que

    a i

    f guram, que

    s e encade iam, s e ent recruzam,

    se

    i n t e r f e rem, s e perseguem

    uns aos outros,

    s e

    mascaram, se dispersam, s o formados a

    partir

    de

    um a nica e

    mesma rde

    terica.

    Fina lmente, pode r -se - ia t en ta r consti tuir

    unidades

    de

    dis-

    curso

    a

    partir

    de

    um a dent idade

    de opinio.

    Na s

    cincias

    humanas , des t nadas

    polmica,

    oferecidas

    ao jgo da s

    prefernc ias

    ou dos in te rsses , t o pe rmeve is a te mas filo-

    sficos

    ou

    mora is, t o

    prontas

    em certos casos

    uti l izao

    poltica, t o vizinhas,

    igualmente,

    de

    ce rt os dogmas

    religio-

    sos,

    legit mo

    em

    pr imei ra

    in s t nc ia supor

    que

    um a certa

    temt ica seja capaz de

    ligar

    e de a r ruma i ' como um organismo

    que

    te m

    suas

    necessidades,

    sua

    fra in terna e suas capaci -

    dades de

    sobrevivncia, um conjunto

    de

    discurso. Se r que,

    po r e xe m p lo, n o

    s e

    poderia consti tuir como

    unidade

    tudo

    aquilo

    que,

    de

    Buffon

    a

    Darwin ,

    constituiu

    o

    discurso evo-

    lucionista?

    Tema

    a princpio mais flosfico que cientifico,

    mais

    prx imo

    da cosmologia que da

    biologia;

    te m a que a nte s

    dirgiu de

    longe

    pesquisas que

    nomeou,

    recobriu

    e

    explicou

    resultados; t ema que supunha

    sempre

    mais do que s e sabia ,

    mas coagia a partir dessa escolha fundamenta l

    a

    t r ans formar

    em sabe r discursivo o que e sta va e sb o ado c om o hiptese

    ou c om o exigncia. Ser que n o

    s e

    poderia da m e sm a

    fo rma

    falar da id ia f is io cr tic a ? Id ia que postulava,

    a lm de

    qualquer

    demonst rao

    e antes

    de

    qualquer anl se , o carter

    natural da s

    tr es r en da s

    fundir ias; que supunha, em conse-

    qnca,

    0 pr imado

    econmico e

    politico

    da

    propr iedade

    agr r i a ; que ex c lu ia qua lque r

    anlse

    dos

    mecanismos

    da

    produo

    industrial; que

    implicava,

    ao contrar io,

    na descrio

    do

    circuito

    do

    dinhe ro no in te r ior de um

    Estado,

    de sua dis-

    t r ibuo

    ent re

    as d if e ren tes ca t egor ias sociais e dos canais

    atravs dos

    quais

    le voltava produo;

    que,

    f inalmente,

    3

    3 5

    W

    _,

    ,_,,

    ,

    -

    -

    * -

    4

    1 ,

    i i

    i

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    16/25

    _ _

    -

    5

    casos em

    ue essa

    conduzlu

    Rardo

    a

    s e

    mter rogar sl l i re em que

    seqpoderia

    tripla

    renda

    n ao apa re cia , em

    con__

    O arbitrflo do te ma

    t o rmar ,

    e a

    denuncia r,

    po r

    conseguin

    e ,

    . . .

    _

    9

    fislocrancol

    t'

    d e

    semelhante tentativa s o m o s le v a d 0S 3

    fazer

    d

    Manttaes

    inversas

    e comP1em a reS ' E m um ca so'

    as .

    .

    -

    -~

    mat ica

    a

    mesma

    es-

    m e s m o

    fato

    d e

    pml.a'

    a d m - e s l g a

    o t s a d e conceitos

    d e

    dois

    -

    1

    colha s e articula 2 1 Partr _ d e c a _ < : S O l S g d e ob je tos pe r f e it amen t e

    pos

    de

    dlsctlds' dilucoiista

    gm sua

    f0ffFlU1a0 mais gera l

    i ferentes: a i e ia

    ev _ Dderot

    ,

    't

    de Mai l le t , Bordeu ou 1

    e talvez

    a

    mesma em

    Benoi

    we l _ _

    _ _ dada 0 que a t oma

    poss

    e em Darwin, mas, na ve r ,

    _ 1 .

    _

    .

    mesma or de m a qu i e

    a.

    coe r e rit e n ao e

    de forrlla

    a 1 g ? _ _ g _ 3 _ _ _ _ : _ a uma e s co lh a operada

    No

    seculo

    XVIII, a ideiiod S

    bem

    d e _ e m _ _ _ _ a d a S _ ou

    be m

    a

    partir de duas possi

    ii a

    e _

    _

    _ _ c0nti_

    -

    da s

    especies

    fo rma

    um

    s e admite

    que

    0

    parentesco , t

    _ _ _ . . . ue s a s c ata s r 0

    G S

    nuidade intei ramente lida

    p a _ 1 _ r _ 1 _ i _ _ l 1 _ _ 1 _ e _ _ a _ S

    as

    p e _ t u _ _ _

    da natureza,

    S o a

    his

    r i : _ _ _ _ _ _ S e c 0 a mte r romperam

    e como

    b a o e s d e u m ( _ t c m _ p _ % o e S _ _ _

    m p o

    q u e

    criou a desc0nfinui_

    a

    am

    e e

    .

    (leragqic

    excli i i o evolucionism0) O U bem

    s e admlte

    que

    .

    - ~

    da

    natureza

    t inuidade, as mudanas

    e o t empo

    que

    criou

    a

    con

    _

    - diferentes dos

    s a t oma r caracte res

    _

    que m am ' b os olhos do natura-

    ' ' como o af loramento so _

    qas

    especii

    um a eSPes5ura

    de

    y e m p o -

    N

    Seculo

    XIX' a

    l s l s t a ' de l c`onista um a e scolh a

    que

    n o se mama ma is ' ia evo u i . .

    Sb

    as

    - -

    *

    ' C 1 0 quadro

    da s

    especies, mas

    sobre

    a consti tuiao _

    todos

    _

    - ~

    or anismo

    de

    que

    modal idades

    de _ i n t e a _ ; ; a o 0 : n r m L _ l m m e _ 0 g

    que m e O fe

    suas

    os

    elementos

    sao soi

    a ri

    _ _ '_

    arm

    de

    . - - -

    '

    c a ideia m a s

    a P

    condioes reaisdde vid: __Uma un i

    dois

    sistemas

    e esco a. _ _ _ _ ne a

    AO

    ntrrio'

    no ca sc da

    flsxotcratepsaeo

    d m z e e s r m g sis-

    escolha de

    Q U B S U Y

    repousa x am . 1

    t ema de con ce it os que a

    opiniao

    inversa sustentada 1 3 8 0 5

    d

    chamar util i taristas Nessa poca,

    a

    analise da s

    que s e

    po

    e - ^ '

    'tos

    re la t ivamente limi-

    riquezas

    comportava_u_m ]0g0

    ( _ i e d c c ; n c ( f _ i a v a _ S _ _ _ _ m esm a de fi_

    2\d0 E

    que

    e ra

    admmdo

    po r

    -O ,

    e

    s t in ha va lo r Pela m a-

    nio da moeda , que e ra um s lg a dsse

    signo.

    daVa_5e a

    ter ia l idade

    pr t icamente

    necess ri

    36

    l

    l

    l

    mesma

    explicao

    de um p re o p elo

    mecanismo

    da

    t roca

    e

    pe la quan ti dad e

    de t rabalho necessra

    para a ob te n o d a

    mercador a ; f ixava-se da m esm a forma o

    preo

    de um tra-

    ba lho:

    o que

    custava

    a

    manu teno

    de

    um operrio e

    de

    sua

    fam ilia

    durante o tempo de t r aba lho) .

    Ora ,

    a

    partir

    dsse

    jgo

    conceitual

    nico,

    havia

    duas

    formas

    de

    explicar

    a for-

    mao

    do

    valor :

    a partir

    da

    t roca

    ou da

    ret r ibuio

    jornada

    de t rabalho. Estas duas possib il idades inscr it as na teoria

    econmica e na s regras

    de

    seu jgo conceitual deram

    lugar,

    a partir dos m e sm os elementos,

    a

    duas opinies diferentes.

    Es t a r iamos

    errados,

    sem dvida, em procurar nsses fatos

    de op in i o p r nc p ios

    de individualizao de

    um

    discurso.

    O

    que define a

    unidade

    da

    histria

    natural n o

    a

    permanncia

    de

    c er ta s id ia s c om o a

    de

    evoluo; o

    que

    define a unidade

    do

    discurso

    econmico do s culo XVIII

    n o

    o confl i to

    ent re

    os t isocratas

    e

    os uti l i taristas ou os

    de fe n so re s da

    propr ie-

    dade fundiria ou os partidrios do com r cio e da

    indst r ia .

    O

    que permi te individual izar um

    discurso e

    de

    lhe conceder

    um a existncia independente

    o

    sistema dos pontos

    de

    es-

    colha

    que le

    deixa

    livre a

    partir

    de um

    campo

    de

    objetos

    dados, a

    partir

    de

    um a gam a enuncia t iv a d e te rm inada ,

    a

    partir

    de um jgo de conceitos definidos em seu contedo e

    em

    seu

    uso

    seria, pois,

    insuficiente

    procurar

    em

    um a op o

    rer ca

    o

    f undamen to ge ra l

    de

    um

    discurso

    e

    a

    fo rm a g lo b al

    de

    sua dent idade

    histr ica,

    pois um a m esm a opc o pod e

    reaparecer em dois

    tipos

    de discursos, e um s

    discurso

    pode

    da r

    lugar a

    vrias

    opes

    diferentes. Ne m

    a

    permanncia

    da s

    opinies

    a tr av s d o te m po, ne m a dialt ica de

    seus

    confltos

    b asta pa ra

    individual izar um conjunto de enunciados. E '

    necessrio para

    is so que se possa

    dema rca r

    a repar t i o dos

    pontos

    de

    escolha

    e que

    s e def ina, aqum

    de

    tda

    opo, um

    campo de possibi l idades estratgicas.

    S e

    a

    an l se dos fiso-

    cratas

    fa z

    parte d os me smos discursos que

    a

    dos

    uti l i taristas,

    n o porque

    viviam

    na m e sm a poca , n o porque s e de -

    f rontavam no in te r ior de

    um a

    mesma

    soc iedade, no

    porque

    seus intersses s e emaranhavam em um a mesma economia,

    porque

    suas d ua s op es s e originavam de

    um a

    nica

    e

    mesma repar t i o dos

    pontos

    de escolha, de um nico e

    mesmo

    campo estratgico.

    sse campo

    n o

    o total de todos

    os elementos em

    confl i to,

    n o

    tampouco

    um a obscura uni-

    37

    ,l

    t

    ti

    t

    ii

    i

    la

    Il

    i l

    l t

    ti

    l

    if

    t i l ,

    l

    li'

    l

    t

    t.

    \H

    if;

    H i

    'p i

    i*

    i

    i

    t

    tr i

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    17/25

    dade dividida contra e la m esm a e

    recusando-se

    reconhecer

    sob a

    mscara

    de

    cada adversr io,

    _ a le i de fo rmaao e de

    disperso

    de

    tdas a s opes possiveis.

    E m resumo, cis-nos

    em

    presena de

    qua t ro c r it r io s que

    pe rmi t em reconhecer

    unidades

    discursivas que no so a s

    unidades

    t radiconais

    (quer

    seja o texto, a < < o b r a , a cin-

    cia,

    ou

    o

    que se ja

    o

    domnio

    ou

    a

    forma do d is cu rso,

    os

    conceitos

    que utilza, ou as esco lh a s que man fes ta ) . stes

    qua t ro c r it r io s

    no

    smente

    no so incompat ive is, como

    se cha m am un s aos outros: o

    pr imei ro

    define

    a unidade de

    um discurso pela regra

    de

    fo rmao de todos os

    seus

    objetos_;

    o outro pela regra de fo rmao de

    todos

    os seus t ipos s in t a -

    t icos; o

    t e rce iro pela

    regra de

    formao

    de

    todos o s _ _

    seus

    e lementos

    semnt icos;

    o quarto pela regra de fo rmaao

    de

    t das

    as

    suas even tua lidades ope ra t r ias.

    Todos os aspectos

    do discurso esto assim cobe rtos . E quando, em um grup0_de

    enunciados, se

    pode dema rca r

    e

    d es cr ev er um re ferenc ia l ,

    um tipo de desvio enunciat ivo, um a rde t er ica, um ca mpo

    de possibilidades

    estratgicas, e nt o p od em o s e st ar

    certos de

    que les per tencem a o que se poderia

    chama r

    _ u m a fo rmaao

    discursiva.

    Essa

    fo rmao agrupa todo um coniunto de acon-

    tecmentos

    enuncat ivos.

    E la

    n o coincide

    evidentemente ,

    ne m

    e m se us cri tr ios, nem em seus l imites, ne m e_ m suas re laoes

    in ternas,

    com

    as

    unidades

    imedia tas

    e

    visiveis,

    sob

    as

    quais

    s e te m

    o hbi to de reagrupar os enunciados.

    Revela,

    en tre ps

    fenmenos de

    enuiiciao, relaes

    que pe rmanec iam a te e n ta o

    obscuras e

    n o s e encon t ra v am imed ia tamen t e

    t ranscr i tas na

    superficie dos d is cu rs os . Mas o que e la

    revela na o e

    um

    segrdo, a

    unidade

    de um

    sent ido

    oculto,

    ne m um a

    forma

    gera l e nica; um sistema regulado de

    diferenas

    e de dis-

    perses. sse sistema

    de

    quatro niveisi

    que

    rege ma fm

    mao discursiva e deve da r con ta n o

    de s e u s _

    e lementos

    comuns mas do jgo de sua s var iaes, de seus interst icios,

    de

    suas distncias

    _e

    alguma

    fo rma de

    suas la cun as ma is

    que de

    suas

    superficies

    cheias _

    isso que

    eu

    me propflre l

    chama r

    sua posit i i i idade.

    3 8

    i

    i

    i

    4. 0 saber

    No ponto de par t ida, o problema e ra

    definir,

    sob as

    formas

    apressadamente admi t idas de

    sintese, unidades

    que

    seria

    legit imo

    instaurar no

    c am p o t o d es m es ur ado dos aconteci-

    mentos enuncat ivos. A

    esta

    questo

    eu

    me esforara

    em

    da r

    um a r e sp os ta

    que f ss e

    emp r ica (e

    articulada

    a

    pesquisas

    prec isas)

    e cri t ica (pois

    que

    dizia

    respeito

    ao lugar de onde

    eu colocava a

    questo,

    a regio que a

    situava,

    a unidade es-

    pontnea no

    in te r ior

    da qual

    eu

    pod ia c re r que

    falava).

    Dai

    essas

    investigaes no domnio dos discursos

    que instaura-

    vain

    ou p re t end ian i ins tau ra r

    um

    conhecimento cienti fico

    d o h om e m vivo, que

    fala

    e t rabalha. Essas investigaes

    re -

    vela ram

    conjuntos de enunciados que chame i

    formaes

    discursivas e s is temas que

    sob o

    nome

    de

    posit ividades

    devem aba rca r sses conjuntos. Mas, afinal , n o

    t e re i

    fei to

    pura

    e

    s implesmente

    um a

    histria da s

    cincias

    humanas

    _

    ou, s e quisermos, dsses conhecimentos in e xa to s c ujo

    acmulo

    n o pde ainda consti tuir um a

    cincia? Se r

    que

    n o fiquei prso em

    se u

    recorte (

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    18/25

    cincia, ou

    como forma

    autnoma de discurso na

    poca_est_u-

    dada . Ass im ,

    o sistema de posit ividade

    analisado

    na Histoire

    de la

    Folie

    n o aba rca exc lus ivamen t e , ne m mesmo de um a

    fo rma

    privi legiada, o que os mdicos pud e ra m d iz e r, riessa

    poca, sbre a doena menta l , define

    antes o

    re ferenc ia l , a

    gama

    enunciat iva,

    a

    rde t er ica,

    os

    pontos

    de escolha que

    tornaram

    possiveis

    em

    sua

    disperso

    mesma

    os

    enunciados

    mdicos, as

    regras

    inst i tucionais,

    a s

    medidas

    administrativ_as,

    os textos juridicos, as

    expresses l i terr ias,

    as

    form_ulaoes

    filosficas. A fo rmao discursiva,

    const it uida_e desc ri ta pela

    anlse, ex t ravasa la rgan ien t e

    o que

    s e pode r ia con t a r c0m0

    sendo

    a pr-historia da psicopatologia ou

    como

    a ge ne se d e

    seus conceitos.

    E m

    le s Mots

    e t

    le s

    Choses,

    a

    situao

    inversa.

    As posi-

    t ividades obtidas

    pela

    descrio

    isolam

    formaes

    discursivas

    que s o menores que os domnios cientificos reconhecidos

    em

    pr imei ra

    instncia. O

    sistema da Histr ia natural permite

    aba rca r um certo nme ro

    de

    enunciados

    que

    dizem respeito

    semelhana e diferena entre os

    sres, a s constituies

    dos

    ca rac te res especi fi cos ou genricos,

    a repar t i o dos paren-

    tescos

    no e sp a o

    gera l

    do

    quadro;

    m as e la

    n o

    rege as

    an-

    lises

    do mov imen to

    involuntrio,

    ne m

    a teoria

    dos gneros,

    ne m

    as explicaes quimicas

    do crescmento.

    A

    existncia,

    a

    autonomia,

    a

    consis tnc ia interna,

    a

    l imi tao

    dessa

    fo rmao

    discursiva, p re c is am e n te um a da s

    razes

    pelas

    quais

    um a

    cincia

    gera l

    da vida n o

    s e

    constituiu no periodo

    clssico.

    Da

    mesma forma, a posit ividade que, na me s ma poc a,

    regeu

    a anlse

    da s

    r iquezas n o de te rm ina va t odos os enunciados

    concernentes s

    t rocas,

    aos circuitos comercais e aos preos:

    e la deixava

    de

    lado

    as

    aritmtticas

    poli t icas que

    s ent ra -

    ra m no campo da teoria econmica mu to mais

    t ar de , quando

    um

    nvo

    s is tema de posit ividade

    t o rnou poss ive l e necessria

    a introduo nsse tipo de discurso da anlse

    econmica;

    A

    gramt ica

    gera l

    n o

    d con ta t ampouco

    de tudo o que p od e

    se r dito sbre a l inguagem na poca clssica

    (quer

    seia

    pe los exege tas

    de

    t ex tos re l ig iosos ,

    filsofos,

    ou tericos da

    obra literria). E m ne nhum

    dstes

    trs casos

    s e

    t ratava de

    reencon t ra r

    o

    que os

    homens

    puderam pe nsa r d a l inguagem,

    da s

    riquezas

    ou da vida em

    um a

    poca em que

    s e

    consti tuiam,

    lenta e s ec re tam e nte , um a biologia, um a

    economia

    e um a

    4 0

    l

    i

    l

    i

    l

    l

    l

    ~

    -------se-a..

    filologia; n o

    se t ra tava,

    tampouco,

    de

    descobr i r

    o

    que ainda

    s e misturava

    de

    erros, preconceitos, confuses, fantasmas,

    talvez

    a

    conceitos em via de formao:

    n o

    se t ra tava de

    saber

    ao preo de que

    cortes

    ( >

    _

    ou a nte s, pois a

    palavra

    n o

    pode te r

    significao

    nesta

    anlse, de

    aba rca r

    a

    apa ri o s mu lt nea

    de_um

    certo

    nmero

    de enunciados

    cujo

    nivel

    de

    cienti fieidade,

    cuia

    forma,

    grau

    de

    elaborao podem

    bem , ret rospect iva-

    mente , parecer-nos heterogneos.

    A formao discursiva

    analisada

    na Naissance de

    la

    Clini-

    que

    representa um terceiro

    caso. E '

    be m

    maio r

    que

    0

    digufsg

    1 _ 1 _ : ; ` l _ _ i c o no sent ido

    estr i to

    do t rmo (g i

    reg]-ia

    denfifca da

    a , de

    suas_formas,

    de

    suas

    dete rminaoes, e dos instru-

    mentos

    teraput icos);

    e la eng loba t da uma s rie de re f lexes

    oli t icas de

    programas

    de reforma, de

    medidas

    legislativas,

    e

    re

    u

    amentos

    adminis t rat iv '

    ~ -

    mas, or outro la do , n o integ' tsocggi i resn am rals,

    _ , poca

    estudada, podia se r conhecido a respeito do corpo humano,

    de seu func ionamento, de suas corre laes anatomofsiol-

    gicasf da s P e 1 ' U f b a S

    de que podia

    se r passivel.

    A

    unidade

    do

    d i s _ c _ u r s _ o

    clinco

    n o

    de

    nenhuma

    fo rma

    a

    unidade

    de

    u m a c ie n cia

    ou de um conjunto de

    conhecimentos t entando

    da r um

    estatuto

    centi fico.

    E '

    um a

    unidade

    complexa:

    n o

    s e lhe podem apl icar

    os cri tr ios pe los qua is

    podemos

    _ou

    pelo me nos pe n sa mos poder _distnguir um a

    cincia

    de

    U _ F t 1 2 l _ 0 u t r a _

    (por

    exemplo,

    a fisiologia

    da

    patologia),

    um a

    c i e n _ c i a

    mais elaborada de

    um a

    que o menos

    (por

    exemplo,

    a _ bioquimica da neurologia),_um

    discurso

    ve rdade i ramen t e

    ientifico__(co_mo a hormonologia) _ d e

    um a

    simples codficao

    a

    expe r ie n c ia ( como

    a semiologia) ,

    um a verdadeiya

    dncia

    ( como a microbiologia)

    de

    um a c i nc ia que no

    o

    fsse

    ( como

    a f renologia) . A c lin ic a n o consti tui ne m

    um a

    ver -

    dadeira cincia nem um a falsa cincia,

    s e bem

    que em nome

    de _ nossos

    cri tr ios contemporneos

    podemos

    dar -nos o

    di-

    rei to

    de reconhecer como v e rdade ir os a lguns

    de seus

    enun-

    ciados, e como

    fa ls os a lgun s out ro s.

    E la um conjunto

    cnunciativo ao

    mesmo t empo terico e prtco, descri t ivo

    e

    4 1

    1

    i

    i

    i

    i

  • 7/25/2019 Estruturalismo e Teoria Da Linguagem

    19/25

    inst itucional , ana l it ico

    e regulamentar, cpmposto tanto

    de

    in -

    ferncias

    quanto de dec ises , de

    af i rmaoes

    como_de_decretos.

    As forma e s discursivas n o so, pois, ne m c ienc ias a tua l

    em vias de

    gestao, ne m

    cincias

    outrora

    r e conhe ci das e n -

    quanto

    t ais , d ep ois

    caidas em

    desuso

    e _ abandox iadasem

    funo da s

    exigncias

    novas

    de

    nossos cri ter ios. Sao unida-

    de s

    de

    um a

    natureza

    e

    de

    um

    nivel diferentes daquilo

    que

    _ S

    ch am a h oje (ou do que s e pde

    chama r

    outrora)

    _ c i e n _ c _ i a .

    Para ca rac te r iz - las , a disti i iao c l _ o

    cienti fico

    e

    nao-cient l ico

    n o

    per t inente:

    elas s a o _

    epistemologicamente n eu r as.

    Quanto aos

    sistemas

    _ d e positividade que lhe s a s _ S t _ _ l _ 1 fi 1 _ 1 _ 1 e

    grupamento

    unitr io,_esses nao

    sa_o_estruturas_rCi0S

    _ _ _ _ _ . _ e

    as

    fampuuco

    jogos, equil ibr ios,

    oposioes_ou

    _ d i a

    e _ i c a _

    _ ( _ _ _ -

    formas de racional idade

    e ent re

    C _ 0 0 e

    '_fa' _ alS*_a a ra

    t ino do

    racional

    e de

    seu cont rar io

    na_o_e_]_Jr'flefl

    PM S

    d e sc re v -la s, p ois n o s o leis

    de

    inteligibilida

    e , _ sa o

    de

    de fo rmao de

    todo

    um c