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Comissão Organizadora Coordenador geral Elizabeth de Souza Nascimento Presidente Ana Carolina Cardoso dos Santos Durão Vice-presidente Lidia Emmanuela Wiazowski Spelta Secretário geral Gabriela de Oliveira Silveira Tesoureiro Flávia Lopes Roveri Diretor de mídia Gustavo Henrique Oliveira da Rocha Conselho consultivo Lorena do Nascimento Pantaleão Cristina Bichels Hebeda Silvana Sandri

Patrocinadores

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Toxicologia Experimental

CONSEQUÊNCIAS BIOQUÍMICAS DA EXPOSIÇÃO AGUDA AO HERBICIDA PARAQUAT NO ESTADO OXIDATIVO DO CORTEX

E HIPOCAMPO DE RATOS MADUROS

B RAHN1, EB PARISOTTO1, JT DOMINGUES1 VH CENCI1, PA CESCONETTO1, D. CATTANI1, C.E.H. RIEG1, A.HELLBRUGGE1, A

ZAMONER1.

1. Dept. de Bioquímica, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil.

Introdução: O consumo mundial de agrotóxicos vem crescendo

progressivamente nos últimos anos. O paraquat (PQ) é um herbicida

não-seletivo de amplo espectro, considerado extremamente tóxico,

podendo causar intoxicações fatais em humanos e animais, se

ingerido. Entretanto, é amplamente utilizado no Brasil, apesar de

estar banido na União Europeia desde julho de 2007 e classificado

como de uso restrito nos Estados Unidos. O presente estudo

investigou as alterações bioquímicas induzidas pela exposição in vivo

ao herbicida PQ em córtex pré-frontal e hipocampo de ratos de 60

dias de idade. Material e Métodos: Ratos Wistar machos de 60 dias

de idade receberam 10 mg/Kg de peso de PQ via intraperitoneal ou

salina (controle) por 5 dias consecutivos. Os animais (n=8 por grupo)

foram eutanasiados e o cérebro removido e dissecado. O córtex

cerebral e o hipocampo homogeneizados em tampão fosfato 20 mM

pH 7,4 contendo 0,1 % de Triton X-100 para avaliar os marcadores

de dano oxidativo (conteúdo de substâncias que reagem com o ácido

tiobarbitúrico - TBARS e proteína carbonilada - PC). A concentração

de glutationa reduzida (GSH) nas regiões cerebrais estudadas foi

determinada em extrato ácido (TCA 12%). Os resultados foram

analisados pelo teste t de Student e ANOVA de duas vias, e foram

considerados significativos para p<0,05, utilizando o software

GraphPad Prism 5.0. Resultados e Discussão: Os resultados

obtidos mostraram que a exposição ao PQ induz aumento do

conteúdo de TBARS e de PC no córtex pré-frontal de ratos adultos,

sugerindo indução de estresse oxidativo nesse tecido. Por outro lado,

não foram observadas alterações nesses parâmetros no tecido

hipocampal dos mesmos animais. Além disso, os resultados

mostraram que as concentrações de GSH não são alteradas pela

exposição ao PQ em nenhuma das estruturas cerebrais investigadas.

Considerando o que foi exposto, o córtex pré-frontal demonstrou

maior vulnerabilidade aos danos oxidativos induzidos por PQ em

animais adultos. Entretanto, resultados prévios do grupo de pesquisa

mostraram que em ratos imaturos o hipocampo apresenta maior

suscetibilidade à neurotoxicidade induzida por PQ, onde observa-se

peroxidação lipídica. Conclusão: No presente estudo demonstrou-se

que a exposição ao PQ induz estresse oxidativo, demonstrando-se

um bom modelo para investigar os mecanismos de neurotoxicidade

induzida pelo herbicida. O efeito pró-oxidante do PQ tem sido

frequentemente demonstrado. Novos experimentos são necessários

para esclarecer os mecanismos envolvidos na toxicidade desse

herbicida. Agradecimentos: PIBIC/CNP/UFSC; CAPES; CNPQ;

FAPESC.

AVALIAÇÃO DO EFEITO DO CLORETO DE ALUMÍNIO SOBRE

PARÂMETROS REPRODUTIVOS DE RATOS WISTAR NO

PERÍODO PERIPUBERAL

DANTAS, F. A. V.¹; SAMPAIO, C.F.¹; GONÇALVES, G. D.¹; VIEIRA, H. R.¹, FERNANDES, G. S. A.¹

1.Dept. de Biologia Geral, Univ. Estadual de Londrina, Londrina, Brasil.

Introdução: o alumínio (Al) é o metal mais amplamente distribuído

no ambiente sendo o terceiro elemento mais abundante na crosta

terrestre, no qual é amplamente utilizado em produtos farmacêuticos,

no processo de tratamento de água, em utensílios, em aditivos

alimentares e em produtos de consumo. Além disso, a população está

exposta ao nível elevado de Aluminio por conta da poluição

ambiental. Sendo assim, na literatura se encontram trabalhos que

demonstram que o sistema reprodutor masculino pode sofrer

alterações devida a essa exposição. Levando-se em conta que, na

puberdade ocorre um complexo desenvolvimento sexual,

envolvendo mudanças físicas, comportamentais e hormonais,

qualquer alteração nos eventos característicos que ocorrem nesta

fase pode acarretar sérios prejuízos e comprometer a reprodução do

indivíduo na vida adulta. Objetivo: Logo, o objetivo do presente

trabalho é avaliar se a exposição ao Cloreto de Alumínio (AlCl3),

durante o período peripubertal, pode afetar o desenvolvimento

testicular em ratos adultos jovens. Materiais e Métodos: Ratos

machos Wistar foram divididos em três grupos experimentais, sendo

dois grupos tratados com AlCl3 (em solução salina estéril 0,9%) nas

doses de 7 mg/Kg (grupo AL 7) ou 34 mg/Kg (grupo Al 34) de peso

corpóreo via intraperitoneal do dia pós natal (DPN) 36 ao 66 (período

peripuberal). O terceiro grupo (controle) recebeu apenas o veículo.

Ao final do período experimental, os animais foram anestesiados,

pesados e submetidos à eutanásia. Foram avaliados contagem

espermática, histopatologia e morfometria testicular. Resultados: As

análises histopatológicas dos testículos mostraram aumento

significativo no número de túbulos anormais, em relação ao grupo

Controle. Já a analise morfométrica não houve diferenças

significativas. Os animais do grupo Al 34 apresentaram diminuição da

contagem espermática. Conclusão: Dessa forma, podemos concluir

que o cloreto de alumínio, durante o período peripuberal, na dose de

34 mg/Kg afeta os parâmetros espermáticos e o desenvolvimento

testicular em ratos.

Agradecimentos: Fundação Araucária.

4 EXPOSIÇÃO AO MANCOZEB DURANTE O DESENVOLVIMENTO LARVAL PREJUDICA A LOCOMOÇÃO E AFETA A ATIVIDADE DE ENZIMAS ANTIOXIDANTES EM Drosophila melanogaster

CC ZIECH¹, NR RODRIGUES², ER ÁVILA¹, KK GOMES¹, GE

MACEDO¹, JF RODRIGUES¹, M SARAIVA1, LE SCHIMITH¹, IK MARTINS¹, JL FRANCO¹, T POSSER¹

1. Grupo de Pesquisa Estresse Oxidativo e Sinalização Celular (GPEOSCEL), Universidade Federal do Pampa, Campus São

Gabriel, 97300-000 São Gabriel, Rio Grande do Sul, Brasil. 2. Departamento de Química, Programa de Pós Graduação em Bioquímica Toxicológica, Universidade Federal de Santa Maria,

97105-900 Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Introdução: Mancozeb (Manganese ethylene-bis-dithiocarbamate

polymeric complex with zinc salt) é um fungicida muito utilizado na

agricultura brasileira, principalmente no cultivo de frutas. A exposição

ambiental e ocupacional de humanos a este composto está

relacionada à presença de sintomas de uma patologia neurológica

chamada Manganismo, apresentando marcadores clínicos e

bioquímicos similares ao Mal de Parkinson. Drosophila melanogaster

é um modelo animal alternativo para estudos toxicológicos, pois

apresenta um curto período de vida, e cerca de 75% dos genes

relacionados à doenças em seres humanos possuem ortólogos

funcionais nesse organismo. Objetivo: Neste estudo foram

investigados os efeitos do consumo de Mancozeb, durante o período

de desenvolvimento larval de D. melanogaster, na atividade de

enzimas antioxidantes e performance locomotora. Materiais e

Métodos: Moscas adultas foram deixadas por 24h em meio de

cultura padrão contaminado com Mancozeb nas concentrações, 0,

0,1 e 0,5 mg/ml para ovoposição, seus ovos foram mantidos nesse

meio pelo período necessário para seu desenvolvimento. Após a

eclosão, a atividade locomotora das moscas foi avaliada através do

ensaio de geotaxia negativa, e, para a análise da atividade das

enzimas glutationa-S-transferase (GST) e catalase (CAT), 20 moscas

foram homogeneizadas em tampão Tris 20mM pH 7,4 e o

sobrenadante utilizado para medida da atividade enzimática.

Resultados: Moscas recém-eclodidas expostas ao Mancozeb 0,5

mg/ml durante o período de desenvolvimento larval apresentaram

dificuldade ao escalar um tubo de vidro de 5 cm com relação ao

controle (levando de 2,69 ± 1,12 s até 7,1 ± 3,78 s). A atividade de

GST apresentou um aumento de 68% na concentração de 0,5 mg/ml

em relação ao controle, enquanto CAT apresentou um aumento inicial

de 30% na concentração de 0,1 mg/ml com relação ao controle, e em

seguida uma inibição de 47% na concentração mais alta com relação

à esta última. Discussão: Nossos resultados indicam que a

exposição ao fungicida durante o período de desenvolvimento larval

leva a um déficit locomotor na vida adulta, este efeito pode estar

relacionado ao dano oxidativo celular decorrente do estresse

oxidativo evidenciado pela alteração da atividade das enzimas

antioxidantes, sendo necessário mais estudos para confirmar esta

hipótese. Conclusão: O período embrionário é crítico para exposição

a este composto, tendo como alvos potenciais as defesas celulars

antioxidantes e o Sistema Nervoso Central e Periférico no modelo de

D. melanogaster. Agradecimentos: CNPq, CAPES, FAPERGS,

Unipampa.

PORQUE CÉLULAS TUMORAIS EXPRESSAM ANEXINA A1?

Daniela Regina Fernandes, Faculdades Metropolitanas Unidas A anexina A1 (ANXA1) é membro da superfamília das anexinas. Como as outras, a ANXA1 se liga aos fosfolipídios de membrana de forma dependente de cálcio. O gene da ANXA1 humana está localizado no cromossomo 9 (posição 9q12-21.2) e codifica uma proteína composta por 346 aminoácidos. O domínio N-terminal é específico para cada membro da família de anexinas, enquanto o domínio C-terminal é conservado e responsável pela afinidade ao cálcio. Alguns estudos tem sugerido que a região N-terminal da ANXA1, pode ser a região bioativa da proteína. É sabido que células expressam constitutivamente a ANXA1 e quando estimuladas há mobilização e secreção da proteína. Em macrófagos, a secreção de ANXA1 depende do sistema transportador ABC; em neutrófilos é secretada por grânulos de gelatinase; em células da glândula pituitária a sua secreção depende da fosforilação de resíduos específicos. A ANXA1 atua como ponte de ligação entre a membrana e o citoesqueleto. Além disso, ANXA1 modula a resolução da inflamação. Nesse sentido, a ANXA1 reduz a mobilização de neutrófilos e induz a apoptose através da sua ligação aos receptores formilados (formyl-peptide receptors). A ativação da depuração de neutrófilos apoptóticos mediada por ANXA1 aumenta o recrutamento de monócitos, diminui infiltrado de células inflamatórias e reprograma o fenótipo de macrófagos para um perfil que resolve a inflamação. ANXA1 inibe a produção de citocinas pró-inflamatórias secretadas por macrófagos, promovendo a liberação de citocinas anti-inflamatórias. Estudos mostram que a ANXA1 está envolvida em diferentes processos celulares, como a sobrevivência celular, proliferação, apoptose, diferenciação e migração celular, e, consequentemente a sua desregulação está relacionada a doenças como o câncer. O aumento da expressão da ANXA1 foi observado em diversos tipos tumorais como os de mama, fígado, pâncreas, pulmão, cutâneo, cérvix e em melanoma. O papel da ANXA1 em tumores não está totalmente estabelecido. Entretanto, a sua presença em tumores está relacionada à modulação do ciclo celular, da diferenciação e da apoptose. Há indícios que a ANXA1 modula a resistência às drogas antitumorais, regulando a proliferação celular. Também tem sido demonstrado que a ANXA1 regula a migração/invasão e adesão celular. Diante do exposto, observa-se que a ANXA1 tem uma expressão importante em células tumorais, sendo que a sua presença tem sido associada ao controle dos principais pontos em desequilíbrio da progressão tumoral, demonstrando que a ANXA-1 pode ser um alvo importante para as pesquisas relacionadas à compreensão do desenvolvimento tumoral. REFERÊNCIAS. Oliani et al., 2016 Arq Ciênc Saúde. Boudhraa et al., 2016 Clinical Science. Baracco et al., 2016 OncoImmunology. Han et al., 2016 International Journal of Molecular Medicine.

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AVALIAÇÃO IN VITRO DA TOXICIDADE NAS LINHAGENS DE CÉLULAS TUMORAIS HUMANAS FRENTE AOS COMPOSTOS

TIOSSEMICARBAZONAS, 4-TIAZOLIDINONAS E 5-BENZILIDENO

DSS SOUZA1, OS BARBOSA1, ALS BARROS2, TG SILVA2, JG

LIMA1

1 Dept. de Ciências Farmacêuticas, Univ. Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.

2 Dept. de Antibióticos, Univ. Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.

Introdução: Atualmente, 8,2 milhões de pessoas morrem por ano de câncer no mundo. No Brasil, foram registradas 189.454 mortes por câncer em 2013. Para 2016, esperava-se a ocorrência de mais de 596 mil casos da doença ao Brasil (INCA). O progresso na compreensão dos mecanismos da carcinogênese permitiu o desenvolvimento de novos fármacos. Diante disso, pesquisas para a eficácia nas células neoplásicas com ação seletiva têm aumentado. Testes em moléculas inéditas nas células cancerígenas vem sido observado devido ao emprego das análises toxicológicas. Assim, análogos de tiossemicarbazonas e 4-tiazolidinonas têm sido relatados como potenciais compostos citotóxicos. Neste trabalho, foram testadas a citotoxidade frente às seis linhagens celulares nas três séries tiossemicarbazonas, 4-tiazolidinonas e 5-benzilideno. Objetivos: Avaliar a citotoxicidade das tiossemicarbazonas, 4-tiazolidinonas e 5-benzilideno nas linhagens de células: HEp-2 (carcinoma epidermóide de laringe), HT-29 (carcinoma de cólon), NCIH-292 (câncer de pulmão), MCF-7 (câncer de mama), MOLT-4 (leucemia linfoblástica aguda) e Hl-60 (leucemia promielocitica aguda). Matérias e Métodos: As moléculas foram obtidas em três etapas conforme o esquema 01.

Esquema 01: (1a–b) Tiossemicarbazonas R=H; CH3; (2a–b): 4-tiazolidinonas R=H; CH3; (3a–c) 5-benzilideno R= H e CH3 R1=H, -N(CH3)2 e –NO2. Realizou-se a atividade citotóxica através do método do MTT nas

linhagens de células tumorais: HEp-2, HT-29, NCIH-292, MCF-7,

MOLT-4 para os compostos das séries 1a-b e 2a-b e para a série 3a-

f, as linhagens HEp-2, NCI-H292, MCF-7 e Hl-60. Os meios foram

adicionados soro fetal bovino, solução de antibiótico e sendo

incluídas em placas de 96 poços incubadas por 24 h. Adicionadas as

amostras dissolvidas em DMSO aos poços e o fármaco utilizado

como padrão foi doxorrubicina. Após a reincubação, adicionou-se

MTT. Mediu-se a absorbância no comprimento de onda de 560 nm.

Resultados e Discussão: Das tiossemicarbazonas testadas o

composto 1a (R=H) apresentou melhor percentual de inibição de

crescimento tumoral 86% na linhagem MOLT-4 e moderado em HEp-

2 com 50%. Já para os compostos 4-tiazolidinônicos (2a-b) o

percentual ativo foi moderado, como o 2a (R=H) com 54% em MOLT-

4. Os compostos 5-benzilideno-4-tiazolidinônicos (3a-f), o 3b (R=H e

R1=N(CH3)2) resultou grandes percentuais de inibição nas

linhagens: HL-60 com 81%, MCF-7 com 72%, NCI-H292 com 81% e

HEp-2 com 77%; o 3d (R=CH3 e R1= N(CH3)2) com inibição

moderada em HL-60 com 59%. Conclusão: A série 1a-b apresentou

melhor citotoxicidade em relação à série 2a-b nas linhagens testadas

tumorais, o composto 1a foi mais ativo com 86% em MOLT-4. Já a

série 3a-f o composto 3b foi o mais ativo em todas as linhagens de

células tumorais testadas. Agradecimentos: PROPESQ-UFPE

ESTRESSE OXIDATIVO INDUZIDO POR COCAÍNA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Aluno: Elaine Renata Motta de Almeida

Orientadora: Profa. Dra. Karin Argenti Simon A cocaína é uma droga de abuso, muito utilizada principalmente nos países da América Latina, e há estudos que mostram a relação entre a exposição à droga com o aumento de espécies reativas de oxigênio (EROs) e nitrogênio (ERNs) em vários tecidos do organismo, causando dano celular e comprometimento de órgãos e suas respectivas funções. Há várias etapas na geração dessas espécies durante a biotransformação da droga, desde a produção de metabólitos ativos radicalares, até o acúmulo de catecolaminas e suas reações de auto-oxidação. Alguns tecidos, devido às suas características, apresentam-se mais ou menos suscetíveis a esses efeitos, como é o caso do fígado, devido à ação marcante das isoenzimas do sistema CYP450. Assim, o estudo presente tem o objetivo de levantar dados na literatura sobre o tema, avaliando a relação entre os estudos realizados sobre o efeito da administração de cocaína e derivados em modelos animais experimentais e relatos de caso com usuários humanos, além de levantar dados sobre a associação entre o dano causado aos tecidos, como fígado, coração, pulmão e cérebro, pelo uso abusivo da droga e a geração de EROs e ERNs nesses tecidos alvo. O estresse oxidativo (EO) é um importante modulador da toxicidade da cocaína e de seus produtos. O uso da cocaína gera espécies reativas, que causam danos aos tecidos, alterando o funcionamento normal das células e órgãos. Na literatura, os produtos ativos da cocaína mostraram maior potencial de causar danos, do que a própria cocaína. Em adição, a cocaína leva a um acúmulo de catecolaminas, causado pelo bloqueio da recaptação pré-sináptica e, como elas geram EROs, conferem uma toxicidade adicional no local desse acúmulo, principalmente no músculo cardíaco. Outro importante fator na geração de EROs é a bioativação da cocaína pela via CYP450, que reduz o oxigênio (O2) gerando íon superóxido (O2•-) e outros radicais. Desse modo, a cocaína é uma droga que tem um alto potencial de causar danos, levando a toxicidade e comprometimento de sistemas orgânicos. É importante salientar a dificuldade de mimetizar as condições ambientais do usuário da droga por modelos animais. A alimentação, a pureza da droga, o tempo de exposição à cocaína, o estilo de vida, o estresse e a exposição a doenças, muitas delas sexuais, são alguns dos fatores que divergem das análises entre humanos e animais, podendo-se observar na literatura que as implicações do uso da droga são mais intensas em humanos quando comparadas a modelos animais. Palavras-chave: Cocaína. Estresse Oxidativo. Espécies Reativas de Oxigênio.

Toxicidade.

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EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO REPETIDA DE COCAÍNA ISOLADAMENTE E EM ASSOCIAÇÃO COM IMIPRAMINA E

TOPIRAMATO SOBRE A FORMAÇÃO DE NITRITO EM CÉREBRO DE RATOS

FVP SOUZA1, JG AMORIM1, MA SARAIVA1, MSA VIDAL1, VC

SANTOS1, RCC PEREIRA1, ISP LIMA2

1. Discente de Medicina, Universidade Federal do Cariri (UFCA), Barbalha, Ceará, Brasil.

2. Docente de Farmacologia, Faculdade de Medicina – Universidade Federal do Cariri, Barbalha, Ceará, Brasil.

Introdução: A cocaína é reconhecida por produzir marcantes

alterações sobre o humor e comportamento humanos. Vários estudos

demonstram que o uso repetido desta droga pode promover ações

neurotóxicas. Na tentativa de reduzir esta neurotoxicidade,

estudamos as ações da imipramina (antidepressivo já associado ao

tratamento de usuários de drogas ilícitas) e topiramato (que

apresenta resultados promissores no tratamento da dependência ao

álcool) em associação com cocaína para avaliar suas possíveis

propriedades neuroprotetoras. Objetivo: Verificar as ações da

cocaína isoladamente e em associação com imipramina e topiramato

sobre os níveis de nitrito (marcador de estresse oxidativo e

neurotoxicidade) em cérebro de ratos. Materiais e Métodos: Foram

utilizados ratos Wistar machos (200-250g) provenientes do biotério

da faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri e do

biotério da Estácio Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte. Os

animais foram tratados durante 7 dias com Cocaína (Coc)

isoladamente (20mg/Kg i.p.), Cocaína (20mg/Kg i.p.) + Imipramina

(Imi) (25mg/kg i.p.) e Cocaína (20mg/Kg v.o.) + topiramato (Tpm)

(50mg/Kg v.o). O grupo controle recebeu salina. 24 horas após o

ultimo tratamento, os animais foram sacrificados e seus cérebros

dissecados para preparo das soluções para dosagem de nitrito.

Resultados: A cocaína aumentou significativamente em 36% a

formação de nitrito em relação ao grupo controle (Controle: 0,047 ±

0,007; Coc20: 0,064 ± 0,008; p < 0.05). No grupo tratado com Coc +

TPM, o topiramato reverteu completamente as ações promovidas

pela cocaína (Coc20+TPM50: 0,034 ± 0,004) e no grupo tratado com

Coc + Imi, a imipramina não só bloqueou os efeitos promovidos pela

cocaína como também reduziu significativamente em 51% a

formação de nitrito em relação ao grupo controle (Coc20+Imi25:

0,023 ± 0,001; p < 0,05). Discussão: Nós demonstramos que a

cocaína aumentou de maneira significativa a formação de nitrito

quando comparado ao grupo controle. Possíveis mecanismos

neurotóxicos da cocaína incluem aumento do estresse oxidativa, da

formação de oxido nítrico e derivados e oxidação excessiva da

dopamina. Nos animais tratados com a associação de cocaína com

imipramina e topiramato ocorreu uma redução da ação da cocaína

sobre a formação de nitrito, apresentando assim um potencial

neuroprotetor. Conclusão: Nossos experimentos evidenciaram

importantes efeitos protetores promovidos pela imipramina e

topiramato quando associadas com cocaína, suscitando a

importância clínica do estudo destas associações e indicando um

elevado potencial destas drogas no tratamento de usuários de

cocaína.

EXCITOTOXICIDADE GLUTAMATÉRGICA ASSOCIADA AO PARKINSONISMO FARMACOLÓGICO INDUZIDO POR RESERPINA EM MODELOS EXPERIMENTAIS IN VIVO

GN FERREIRA1, CEN GIRARDI²

1. Graduando em Biomedicina, Centro Universitário do Sul de

Minas, Varginha, Brasil. 2. Dept. de Farmacologia, Univ. Federal de São Paulo, São Paulo,

Brasil. Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é uma doença

neurodegenerativa progressiva caracterizada pela perda acentuada

de neurônios dopaminérgicos localizados na parte compacta da

substância negra. Essa perda neural, causa redução no aporte de

dopamina nos núcleos da base, principalmente no corpo estriado. Os

atuais modelos experimentais in vivo para estudo da DP baseiam-se

na utilização de agentes farmacológicos capazes de alterar a via

dopaminérgica nigroestrial e causar a deficiência de dopamina no

corpo estriado, possibilitando assim a replicação patológica e/ou

fenotípica da DP. A reserpina é um fármaco capaz de bloquear a

proteína transportadora de monoaminas nos terminais nervosos,

acarretando a depleção de monoaminas no sistema nervoso central

e periférico, desencadeando sintomas como rigidez muscular,

hipomobilidade e tremores. Esse bloqueio leva ao acúmulo de

dopamina no citosol dos neurônios dopaminérgicos resultando em

metabolitos reativos e peróxido de hidrogênio que promovem danos

aos núcleos da base. Em condições normais, a aferência

dopaminérgica nigroestriatal modula efeitos glutamatérgicos dos

impulsos corticoestriatais por meio da ativação das vias direta ou

indireta. Entretanto, com a depleção dessa via, as projeções

glutamatérgicas e os seus receptores tornam-se hiperativos dando

início a uma cascata de eventos excitotóxicos que incluem aumento

da concentração intracelular de cálcio, estresse oxidativo e ativação

de mecanismos de morte celular. Objetivo: Relacionar a

administração de reserpina como modelo experimental para a doença

de Parkinson a excitotoxicidade glutamatérgica, oferecendo

informações revisadas a respeito dos parâmetros neuroquímicos,

comportamentais e anatômicos dessa associação em modelos

experimentais in vivo. Materiais e Métodos: O presente estudo

consiste numa revisão bibliográfica de artigos científicos disponíveis

em bases de dados vinculadas ao National Library of Medicine. A

busca na literatura científica foi executada relacionando

simultaneamente as seguintes palavras-chaves, neurotoxicidade,

neurotransmissão glutamatérgica, doença de Parkinson e modelos

experimentais in vivo, adicionando termos complementares como

íons cálcio, reserpina, cognição e plasticidade sináptica. Conclusão:

A administração de reserpina ocasiona dano neural por estresse

oxidativo aos núcleos da base. Paralelamente a esse processo, há

elevada liberação de glutamato proveniente dessas estruturas,

principalmente do núcleo subtalâmico, gerando eventos de

excitotoxicidade mediada pelo glutamato que resultam na redução

dos níveis de tirosina hidrosilase na parte compacta da substância

negra, diminuição do fator neutrofico derivado do encéfalo no estriado

e região CA3 do hipocampo, como também interferências na

plasticidade sináptica nos processos de aprendizagem e memória.

Agradecimentos: INFAR-UNIFESP.

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EFEITOS DO USO RECREACIONAL DA CANNABIS SATIVA SOBRE O DESENVOLVIMENTO E REMODELAMENTO DO

MIOCÁRDIO DE CAMUNDONGOS JOVENS

JANAINA IANNICELLI TORRES1, RAFAEL DARIOLLI3, MARIANA MATERA VERAS1,2

1. Departamento de Patologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil;

2. Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; 3. Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular, InCor,

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Introdução: A Cannabis sativa é a droga de abuso mais utilizada no mundo. Os impactos relacionados ao seu uso na adolescência e início da fase adulta ainda permanecem desconhecidos em diferentes sistemas de saúde, como o cardiovascular. Assim, neste projeto exploraremos se há efeitos cumulativos quando o indivíduo é exposto no período de vida intrauterino e na juventude. Nosso modelo tem o objetivo de mimetizar o uso humano por via inalatória a fumaça produzida pela pirólise da maconha. A maconha utilizada é proveniente de um processo de apreensão realizado pela polícia e trata-se da mesma droga que pode ser obtida ilegalmente para consumo pessoal. Objetivos: O objetivo deste trabalho é avaliar os efeitos da exposição recreacional à fumaça da Cannabis sativa durante o período gestacional e/ou pós-natal até o início da fase adulta sobre o remodelamento e função cardíaca. Para a avaliação funcional e geométrica do coração, utilizaremos técnicas ecocardiográficas, estereologia para a caracterização morfológica em 3D e análise imunohistoquímica para avaliação de dano celular e remodelamento. Materiais e Métodos: Camundongos Balb/c foram expostos diariamente (inalação), durante 5 minutos, à fumaça de Cannabis sativa (0,2 g da droga) (Grupo CS) ou ao ar filtrado (Grupo AF) a partir do 21° até o 90° dia pós-natal. Até o momento, avaliações ecocardiográficas foram realizadas no 21º, 60º e 90º dias após o início da exposição. As funções sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo foram avaliadas. Resultados: Nossos dados, embora preliminares devido a análise parcial de técnicas e animais por grupo, sugerem que o uso crônico de baixa dose de Cannabis sativa pode afetar negativamente a função cardiovascular em indivíduos jovens adultos. Observamos que a medida que o tempo avança, há uma diminuição do diâmetro diastólico e isso pode ser um indicador precoce de futuras deficiências da função cardíaca ventricular Discussão: Existem poucas evidências sobre os efeitos do uso recreacional da maconha sobre o desenvolvimento e funcionamento do sistema cardiovascular. Os estudos pré- clínicos mostram o potencial terapêutico dos diferentes canabinóides e do sistema endocanabinóide. Os dados disponíveis sugerem que a ativação de CB1 diminui o desempenho contrátil do miocárdio e o CB2 vem sendo investigado como um potencial alvo terapêutico para diminuir a inflamação após enfarte do miocárdio devido sua presença em células inflamatórias. Em estudos pré-clínicos, a administração por outras vias que não a inalatória de canabinóides mostra um efeito benéfico na modulação de processos aterosclerótico em modelos animais. Uma recente revisão sobre os efeitos cardiovasculares, cerebrovasculares e periféricos adversos da maconha em humanos descreve associações temporais entre o uso de maconha e eventos adversos graves, incluindo infarto do miocárdio, morte cardíaca súbita, cardiomiopatia, acidente vascular cerebral, ataque isquêmico transitório e arterite. Mas os autores ressaltam que os estudos disponíveis mostram sempre uma exposição concomitante à outra droga (cigarro, álcool e cocaína) e com isso, os achados devem ser avaliados com cautela. Portanto, estudos ainda se fazem necessários para a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos nesses desfechos. Conclusão: Nossos dados sugerem que a exposição crônica ao fumo de Cannabis sativa durante a gestação, adolescência e início da fase adulta pode predispor indivíduos a problemas cardiovasculares posteriores. Esse projeto foi aprovado pelo CEUA sob n° 039/16. AGRADECIMENTOS: CNPq/ CAPES.

EFEITO NEUROPROTETOR DE Anacardium microcarpum CONTRA DANO INDUZIDO POR 6-OHDA – RELAÇÃO COM AÇÃO ANTIOXIDANTE DA PLANTA E ENVOLVIMENTO DE

ERK1/2 E AKT

JF RODRIGUES1, IK MARTINS1, GE MACEDO1, KG KICH1, CC ZIECH1, LE SCHIMITH1, NR RODRIGUES2, VM BARBOSA-FILHO3,

IRA MENEZES3, JL FRANCO1, T POSSER1

1. Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Biotecnologia – CIPBiotec.

Universidade Federal do Pampa, São Gabriel, Rio Grande do Sul, Brasil.

2. Departamento de Química, Programa de Pós-Graduação em Bioquímica Toxicológica, PPGBTox Universidade Federal de Santa

Maria - UFSM, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

3. Departamento de Química. Universidade Regional do Cariri. Crato, Ceará, Brasil.

Introdução: A doença de Parkinson é a segunda desordem neurodegenerativa mais comum que pode se desenvolver com o aumento da idade afetando cerca de 1% da população acima de 60 anos de idade. Sua etiologia ainda é desconhecida, mas sabe-se que alterações genéticas, fatores ambientais estão envolvidos na patologia da doença. O desenvolvimento de modelos de parkinsonismo experimental in vitro e in vivo contribui para o conhecimento sobre os mecanismos que medeiam esta patologia dentre estes a 6-hidroxidopamina (6-OHDA). As plantas representam uma importante fonte de produtos biologicamente ativos e têm sido alvo de pesquisas relacionadas a várias doenças, incluindo as neurodegenerativas. Anacardium microcarpum Ducke (pop. Cajui) é encontrada principalmente no Bioma Cerrado brasileiro. Na medicina popular, devido ao seu potencial antioxidante, as cascas da planta são utilizadas para o tratamento de inflamações, reumatismo, tumor e doenças infecciosas. Objetivo: Investigar o possível potencial neuroprotetor da fração metanólica de Anacardium microcarpum, frente a exposição in vitro a neurotoxina 6-OHDA em modelo de fatias corticais de Gallus gallus e mecanismos envolvidos. Materiais e Métodos: Para este estudo, foram utilizadas fatias corticais de pintainhos (5-15 dias) (CEUA/UNIPAMPA #011/2012) incubadas durante 2 horas em tampão HEPES-salina oxigenado na presença / ausência de 6-OHDA (500 μM) e fração metanólica de Anacardium microcarpum (1-100 μg/mL). Após os tratamentos, viabilidade celular (teste por MTT), peroxidação lipídica (teste de TBARS) e envolvimento das vias de sinalização ERK1/2 e Akt através da utilização de inibidores (teste por MTT), foram avaliadas. Resultados: A fração metanólica (100 μg/mL) protegeu contra a diminuição da viabilidade celular causada pela 6-OHDA e foi capaz de reverter a peroxidação lipídica induzida pela neurotoxina 6-OHDA na concentração de 100 μg/mL. Na presença dos inibidores das vias de sinalização ERK1/2 e Akt, não foi observada neuroproteção na concentração de 100 μg/mL (p<0,0001). A fração metanólica não apresentou citotoxicidade per se. Discussão: Nossos resultados sugerem que o extrato tem ação antioxidante contra o estresse oxidativo decorrente da auto-oxidação da neurotoxina, sem no entanto interferir nestes processos. Além disso, sugere-se que as proteínas anti-apoptóticas ERK1/2 e Akt estejam envolvidas no efeito neuroprotetor da fração por mecanismos ainda não conhecidos. Conclusão: Nossos dados mostram pela primeira vez a ação neuroprotetora de A. microcarpum frente ao dano neuronal induzido pela 6-OHDA em fatias cerebrais e ressaltam o potencial desta planta como fonte de compostos bioativos com potencial terapêutico. Agradecimentos: FAPERGS, CAPES, CNPq, UNIPAMPA.

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EXPOSIÇÃO DE PARAQUAT E CLORPIRIFÓS MODULAM VIABILIDADE E SISTEMA LOCOMOTOR EM DROSOPHILA

MELANOGASTER

KAREN KICH GOMES1, GIULIANNA ECHEVERRIA MACEDO2, NATHANE ROSA RODRIGUES3, JÉSSICA FERREIRA

RODRIGUES1, CYNTHIA CAMILA ZIECH4, LUCIA EMANUELI SCHIMITH4, ILLANA KEMMERICH2, JEFERSON LUIS FRANCO5,

THAÍS POSSER5.

1. Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do pampa; São Gabriel, Rio Grande do Sul.

2. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica, Universidade Federal do pampa; São Gabriel, Rio

Grande do Sul. 3. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica, Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do

Sul. 4. Curso de Biotecnologia, Universidade Federal do Pampa; São

Gabriel, Rio Grande do Sul. 5. Universidade Federal do Pampa; São Gabriel, Rio Grande do Sul. Introdução: Com o aumento das práticas agrícolas, o uso de agroquímicos se tornou o método mais eficiente utilizado no combate de organismos-praga na agricultura. Porém seu constante uso pode levar a efeitos nocivos à natureza e a saúde humana. Paraquat (PQ) é um herbicida de largo espectro, mundialmente utilizado no controle de ervas daninhas, podendo levar a intoxicação, e desempenhar um papel crucial na neurotoxidade, capaz de induzir Parkinsonismo. Clorpirifós (CP) é um inseticida de alta eficácia pertencente ao grupo dos organofosforados, apresenta toxicidade, capaz de inibir a transmissão dos receptores do sistema nervoso e induzir doenças neurodegenerativas. As espécies vegetais possuem inúmeras propriedades farmacológicas e medicinais devido a biodiversidade da flora. Croton campestris (Pop. Velame do campo) é uma espécie nativa encontrado nas regiões nordeste, sudeste e centro oeste, utilizada popularmente para doenças inflamatórias e reumatismo Drosophila melanogaster é um modelo alternativo que possui inúmeras vantagens, principalmente por possuir homologia com genes relacionados a doenças em humanos. Ideal para estudos toxicológicos e análise da ação biológica de substâncias naturais, capaz de elucidar questões envolvidas no entendimento das doenças neurodegenerativas. Objetivo: Neste estudo, realizou-se a análise do perfil fitoquímico da fração metanólica do extrato bruto das folhas de Croton campestris (MFCC) quantitativa e qualitativamente através de HPLC-DAD e investigou-se o efeito biológico da MFCC frente à toxicidade dos agrotóxicos PQ e CP em Drosophila melanogaster sobre parâmetros de viabilidade e desempenho locomotor, além de fazer a avaliação enzimática, das enzimas SOD e GST (Superóxido Dismutase e Glutationa Transferase) dos tratamentos com clorpirifós. Materiais e Métodos: Moscas fêmeas (1-4 dias) foram expostas somente a MFCC (0, 0,1, 1, 10, 50 mg/ml) durante 7 dias, e co-expostas a MFCC (1 mg/ml) e/ou PQ 5mM e CP 0,25 ppm por 48 horas. Após término das exposições, avaliaram-se a sobrevivência e atividade locomotora das moscas através do teste de Geotaxia Negativa. Para o teste enzimático as moscas foram congeladas por 3 dias, após os 3 dias foi preparada e amostra e então realizado o teste. Resultados: O perfil cromatográfico da MFCC revelou a presença de organic acids, flobabenc tannis, cumarines, flavones, flavonols, quinoses, flavononols, flavonone e terpenes. MFCC não apresentou toxicidade, foi observado uma diminuição da sobrevivência em PQ (58,9%) e CP (34,17%) e atividade locomotora de D. melanogaster quando expostas a PQ (80%) e CP (58%). No entanto, a co-exposição da MFCC+ PQ protegeu em (95,56%) a toxicidade causada pelo PQ per se, já em MFCC + CP protegeu em (97,92%) e diminuiu o déficit locomotor causado pelo herbicida e inseticida respectivamente (65% e 89,25%). No teste enzimático dos tratados com clorpirifós aumentou a atividade das enzimas SOD e GST. Discussões: Nossos resultados demonstram que o MFCC possui propriedades antioxidantes de forte relevância por inibir a mortalidade de moscas expostas aos agroquímicos Paraquat e Clorpirifós, além de proteger contra déficits locomotores ocasionado pela exposição aos agroquímicos. O excesso de radicais livres presente no organismo gera o estresse oxidativo, a atividade aumentada de SOD e GST explica a tentativa de eliminar do

organismo corpos estranhos que danificam as células. Ensaios bioquímicos futuros são necessários para uma melhor explicação da proteção de MFCC sob Paraquat e clorpirifós. Conclusão: Nossos dados evidenciam o potencial neuroprotetor da MFCC frente à toxicidade causada pelos agroquímicos que geram doenças neurodegenerativas onde são caracterizadas por morte ou perda dos neurônios. Agradecimentos: CAPES, CNPQ, UNIPAMPA.

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ALTERAÇÕES IMUNOHISTOQUÍMICAS E SOBRE A VIABILIDADE NEURONAL PROMOVIDAS PELA COCAÍNA

ISOLADAMENTE E EM ASSOCIAÇÃO COM IMIPRAMINA EM RATOS

MA SARAIVA1, FVP SOUZA1, JG AMORIM1, GSB VIANA2, ISP

LIMA1.

1. Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Cariri, Barbalha/CE,

2. Laboratório de Biofisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte, Estácio FMJ, Juazeiro do

Norte / CE. Introdução: A cocaína produz importantes alterações no comportamento humano. Várias destas alterações têm sido relacionadas com ações neurotóxicas e redutoras da viabilidade neuronal. A imipramina, em pesquisas recentes, tem demonstrado atividades neuroprotetoras, o que justifica seu estudo em relação a uma possível proteção contra os efeitos neurotóxicos da cocaína. Objetivo: Avaliar as alterações promovidas pelo tratamento por 7 dias com cocaína isoladamente e em associação com imipramina sobre a imunomarcação para tirosina hidroxilase(TH) e sobre a viabilidade neuronal em córtex de ratos. Materiais e Métodos:O trabalho foi aprovado pela CEUA da Estácio FMJ (Protocolo nº 2014.1-015). Ratos machos Wistar (200-250 g) foram tratados durante 7 dias com Cocaína (Coc 40mg/kg, i.p.), Imipramina (Imi 25mg/kg, v.o.) e a associação destes (Coc 40mg/kg, i.p. + Imi 25mg/kg, v.o.). Nos grupos associados, a droga oral foi aplicada 30 minutos antes da droga intraperitoneal. O grupo controle recebeu apenas solução salina. Decorridas 24 horas após o último tratamento, os animais foram sacrificados e seus cérebros foram dissecados em gelo para retirada do corpo estriado e realização de imunohistoquímica para TH e para o preparo de fatias de córtex e hipocampo foram preparadas de acordo com o atlas de Paxinos e Watson, 1986, com 5 μm de espessura (pos-fixadas em paraformaldeido 4% e fixadas com Violeta Cresil). A análise estatística utilizou ANOVA, seguido do teste Newman-Keuls como post hoc e as diferenças foram consideradas significativas para p<0,05. Resultados: A análise imunohistoquímica para TH no corpo estriado mostrou uma intensa imunomarcação no Controle, que foi drasticamente reduzida (63%) no corpo estriado do grupo tratado com cocaína isoladamente. Essa redução na imunomarcação para TH foi em parte revertida pela imipramina, na qual a redução foi de apenas 39%. Nos estudos histológicos, cocaína promoveu dano significativo no córtex e giro dentado (GD) do hipocampo (52,2% e 16% de perda celular, respectivamente), reduzindo a contagem de células. No grupo tratado com a associação, a imipramina bloqueou o efeito da cocaína, reduzindo a injúria cerebral no córtex (39,4% de perda celular) e no GD (1,1% de perda celular), quando comparado com o grupo controle. Considerações Finais: A cocaína isoladamente proporcionou intensa redução da imunomarcação para TH, evidenciando assim uma ação neurotóxica no estriado, ação esta que foi parcialmente bloqueada pela imipramina nos grupos associados, além de promover uma redução da morte neuronal induzida pela cocaína, o que demonstra a propriedade neuroprotetora deste fármaco e sua possível utilização na redução dos malefícios promovidos pela cocaína.

AN ALTERNATIVE MICROMETHOD TO ACCESS THE PROCOAGULANT ACTIVITY OF BOTHROPS JARARACA

VENOM AND THE EFFICACY OF ANTIVENOM

Toxicon 90 (2014) 148-154

T. RIBEIRO¹, N. OGUIURA¹, J. KAPRONEZAI¹, M.M.T. ROCHA², C.R. MEDEIROS³, J.R. MARCELINO4, B.C. PREZOTO5.

1 Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan, São

Paulo, Brasil 2 Laboratório de Herpetologia do Instituto Butantan, São Paulo,

Brasil 3 Hospital Vital Brazil / Instituto Butantan, São Paulo, Brasil

4 Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil

5 Laboratório de Farmacologia do Instituto Butantan, São Paulo, Brasil

Lay summary: The assessment of the capacity of antivenoms to neutralize the lethal activity of snake venoms still relies largely on traditional rodent lethality assay (LD50). This assay consists on injection in mice of venom and venom mixed with antivenom using many venom dilutions and proportion of mixtures. It utilizes at least 100 mice per assay if repetition is not necessary. The assay is used during the immunization of horses to check their immunological response against the venom as well as for quality control of the serum purification process and lot releases. We propose a new coagulant assay to assess the neutralizing capacity of anti-bothropic serum (ABS). We used recalcified avian plasma because the dynamic of fibrin formation is extremely slow (clotting time, CT, of 1800 seconds) when compared to the presented by mammalian plasmas. In this work, we tested the neutralizing capacity of ABS against the coagulant effect of Bothrops jararaca snake venom on chicken recalcified plasma. The mean coagulant dose 50% (CD50) was defined as the quantity of venom (in micrograms) which reduces the CT parameter of the ROTEM profile to 900 seconds (almost 50% of CT of recalcified avian plasma without treatment). The effective dose (ED) was defined as the ABS dose (nanoliters) at which CT induced by one amount of venom corresponding to 5CD50 is displaced to the maximum threshold (1800 seconds). Five batches of the ABS, previously assayed for their lethality neutralizing activity (ED50) were assayed. The correlation coefficient (r) between both in vitro (ED) and in vivo (ED50) values was 0.87 (p value < 0.05). We propose this micro method as highly sensitive for characterization and quantification of procoagulant activity of small doses of snake venoms (nanograms) and for detecting small doses (nanoliters) of specific antibodies against this effect in little volume samples of biological fluids. This method allows to reduce the number of animals used and the suffering of mice due to the envenomation symptoms; it is sensitive because it utilizes a small quantity of venom and antivenom; the blood is collected from the wing vein of chicken which is easily accessible and painless; the quantity of blood obtained from each chicken is sufficient to 20 reactions, in addition the plasma can be stored at -80°C for months. Funding: FAPESP; PIBIC/CNPq.

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Toxicologia Ambiental

EFEITOS BIOQUÍMICOS E GENOTÓXICOS DO INSETICIDA IMIDACLOPRIDO NO PEIXE DE ÁGUA DOCE NEOTROPICAL

ASTYANAX ALTIPARANAE (TELEOSTEI: CHARACIDAE)

EC ALMEIDA1,4, CED VIEIRA2, RD ACAYABA3, CCM RAIMUNDO3, E PINTO4, CBR MARTINEZ2, AL FONSECA1

1. Inst. de Recursos Naturais, Univ. Federal de Itajubá, Itajubá-MG,

Brasil. 2. Lab. de Ecofisiologia Animal, Dept. de Ciências Fisiológicas, Univ.

Estadual de Londrina, Londrina-PR, Brasil. 3. Lab. de Química Ambiental, Inst. de Química, Univ. Estadual de

Campinas, Campinas-SP, Brasil. 4. Dept. de Análise Clínica e Toxicológica, Fac. de Ciências Farmacêuticas, Univ. de São Paulo, São Paulo-SP, Brasil.

Introdução: O imidacloprido é o primeiro inseticida e o segundo agrotóxico mais vendido no mundo. Devido a sua elevada toxicidade para abelhas e outros organismos não-alvo, já foi banido de alguns países. Este neonicotinóide interfere no sistema nervoso dos artrópodes e tem o potencial de causar danos citotóxicos e genotóxicos em vertebrados. Estudos verificaram sua presença em recursos hídricos em concentrações acima dos valores de referência para proteção da vida aquática em água doce, utilizados pelo Canadá e Estados Unidos. Objetivo: Neste contexto, para contribuir com novas informações científicas, o objetivo deste trabalho foi verificar se a exposição aguda ao imidacloprido promove alterações bioquímicas e danos genotóxicos em Astyanax altiparanae (lambari-do-rabo-amarelo). Materiais e Métodos: Os espécimes de lambari foram expostos por 96 horas a concentrações de 0 (controle), 3, 30, 300 e 3000 μg L-1 de uma formulação comercial de imidacloprido. Para avaliar sua genotoxicidade, a frequência de micronúcleos (MN) e outras anormalidades nucleares (ENA) foram estimadas em eritrócitos. A atividade da glutationa S-transferase (GST) foi determinada no fígado, brânquias, músculo e cérebro como biomarcador de biotransformação. A concentração de glutationa (GSH) e os níveis de peroxidação lipídica (LPO) e carbonilação proteica (PCO) foram quantificados nos mesmos tecidos para verificar a ocorrência de estresse oxidativo. Para determinar a neurotoxicidade do imidacloprido, a atividade da acetilcolinesterase (AChE) foi medida nos tecidos cerebrais e musculares. Resultados: Este inseticida levou a um aumento no conteúdo de GSH do músculo e LPO nas brânquias, e na frequência de ENA nos animais expostos à 3000 μg L-1. Discussão: A maior concentração testada de imidacloprido aparentemente aumentou a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO), promovendo uma elevação no conteúdo de GSH do músculo como forma de evitar o estresse oxidativo e a ocorrência de LPO. Por outro lado, nas brânquias, as defesas antioxidantes não foram eficazes na prevenção do dano oxidativo aos lipídeos dos animais expostos à 3000 μg L-1. O aumento da frequência de ENA (como núcleos segmentados e núcleo em forma de rim) nos animais desse grupo sugere que o imidacloprido também pode ter causado algum dano no material genético dos lambaris. Conclusão: Os resultados demonstram que a exposição aguda ao imidacloprido, na concentração de 3000 μg L-1, promoveu alterações no estado oxidativo, o que causou danos oxidativos a A. altiparanae. O sistema de defesa antioxidante foi mais eficiente no músculo do que nas brânquias (os órgãos mais afetados), destacando a importância da GSH neste processo. Os resultados também indicam que este inseticida pode apresentar um potencial mutagênico para A. altiparanae, representando uma ameaça para mais do que apenas insetos, devendo ser melhor investigado. Além disso, os parâmetros genotóxicos e de estresse oxidativo demonstraram ser biomarcadores eficientes para avaliar os efeitos tóxicos deste neonicotinóide em um peixe neotropical, agindo como um alerta antes do comprometimento de toda a população. Agradecimentos: CAPES.

DETERMINAÇÃO DE AFLATOXINA M1 EM LEITE BOVINO IN NATURA

L. GONÇALVES1, A. DALLA ROSA2, S. L. GONZALEZ3, M. M. C.

FELTES4, E. BADIALE-FURLONG5, G. C. DORS6

1 Departamento de Alimentos – Instituto Federal Catarinense,

Campus Concórdia – CEP: 89700-000 – Concórdia – SC – Brasil, Telefone: (55-49) 3441-4878 – Fax: (55-49) 3441-4800 – e-mail:

([email protected]). 2 Departamento de Alimentos – Instituto Federal Catarinense,

Campus Concórdia – CEP: 89700-000 – Concórdia – SC – Brasil, Telefone: (55-49) 3441-4878 – Fax: (55-49) 3441-4800 – e-mail:

([email protected]). 3 Departamento de Alimentos – Instituto Federal Catarinense,

Campus Concórdia – CEP: 89700-000 – Concórdia – SC – Brasil, Telefone: (55-49) 3441-4878 – Fax: (55-49) 3441-4800 – e-mail:

([email protected]). 4 Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos –

Universidade Federal de Santa Catarina- CEP: 88034-001– Florianópolis – SC – Brasil, Telefone: (55-48) 37212992 – e-mail:

([email protected]). 5 Escola de Química e Alimentos – Universidade Federal de Rio

Grande, CEP: 96203-900 - Rio Grande – RS – Brasil, Telefone: (55-53) 3233-8663 - e-mail: ([email protected])

6 Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial – Universidade Federal de Pelotas, Campus Capão do Leão -Caixa

Postal 354– CEP: 96010-900– Pelotas – RS – Brasil, Telefone: (55-53) 32757284 – e-mail: ([email protected]).

Introdução: O leite, apesar de ser um alimento nutritivo fornecendo macro e micronutrientes para o crescimento, o desenvolvimento e a manutenção da saúde humana, também pode ser veículo de contaminantes, como a aflatoxina M1. Devido ao consumo de leite e produtos derivados, principalmente por crianças, sendo estas mais susceptíveis aos efeitos tóxicos, torna-se justificável a determinação de aflatoxina M1 em amostras de leite bovino in natura. Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho foi determinar aflatoxina M1 em amostras de leite bovino in natura coletados na microrregião de Concórdia, SC. Materiais e Métodos: Um total de 20 amostras foram analisadas utilizando o método QuEChERS para extração e cromatografia líquida de alta eficiência com detector de fluorescência (CLAE-FL) para confirmação e quantificação. Resultados: Todas as amostras estavam contaminadas com aflatoxina M1 com valores que variavam de 0,075 a 1,280 μg L-1, sendo que 80% das amostras estavam acima do limite máximo permitido pela legislação brasileira, que é de 0,5 μg L-1. Avaliando as amostras com base na legislação da União Europeia, que é de 0,05 μg L-1, todas apresentaram níveis acima do permitido. Discussão: Outros autores têm encontrado elevadas frequências de contaminação de aflatoxina M1 em leite, entretanto, indicam um número menor de amostras contaminadas que excedem o limite preconizado pela legislação, por se tratarem de amostras processadas, diferente do que foi avaliado no presente trabalho, leite in natura com pouco tempo de ordenha. Fatores como o confinamento do gado leiteiro, que acarreta em uso de alimentação constituída praticamente por rações e/ou silagem, podem justificar os resultados aqui obtidos. A qualidade dieta é diretamente influenciada pelos cuidados na produção e armazenamento. Quando estes procedimentos não são conduzidos de forma correta poderá haver contaminação, perdas de qualidade e de valor nutritivo, refletindo diretamente na segurança dos alimentos ofertados aos animais e, por consequência, dos seres humanos. Conclusão: 80% das amostras quantificadas estavam com teores acima do limite permitido pela legislação brasileira (0,5 μg L-1).

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EXPOSIÇÃO AO INSETICIDA PERMETRINA LEVA A DÉFICIT LOCOMOTOR E DANOS OXIDATIVOS EM LARVAS DE PEIXE-

ZEBRA

LE SCHIMITH¹, MEM NUNES², LP LEANDRO¹, AR LOPES¹, DGC SILVA¹, CC ZIECH¹, IK MARTINS¹, NR RODRIGUES², GE

MACEDO¹, KK GOMES¹, JF RODRIGUES¹, JL FRANCO¹, T POSSER¹

1. Grupo de Pesquisa Estresse Oxidativo e Sinalização Celular (GPEOSCEL), Universidade Federal do Pampa, Campus São

Gabriel, 97300-000 São Gabriel, Rio Grande do Sul, Brasil. 2. Departamento de Química, Programa de Pós Graduação em Bioquímica Toxicológica, Universidade Federal de Santa Maria,

97105-900 Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

Introdução: Inseticidas da família dos piretróides, como a permetrina (PM), tem ampla aceitação para uso doméstico devido à sua baixa toxicidade para espécies não-alvo. No entanto, diversos estudos têm demonstrado efeitos adversos sobre indivíduos em desenvolvimento de diferentes espécies. Peixes-zebra (Danio rerio) em estágios embrio-larval tem se destacado como organismo modelo para o entendimento de mecanismos de toxicidade de xenobióticos, devido a sua anatomia básica do encéfalo e sistemas de neurotransmissores similares aos de mamíferos, além de atributos práticos como alta reprodutividade, pequeno porte e alto rendimento para triagens em larga escala. Objetivo: Avaliar as alterações comportamentais e bioquímicas sobre larvas de D. rerio expostas a diferentes concentrações de PM. Materiais e Métodos: Larvas de D. rerio com 4 dias pós-fertilização (dpf) foram expostas por imersão a faixa de concentração 25-600 μg/L de PM, durante 24h, para a determinação da DL50. Como grupo controle (CTL), os animais foram expostos somente a 0,01% de etanol (veículo). Posteriormente a determinação da DL50 (36,89 μg/L), foram escolhidas as concentrações de 25 e 50 μg/L. Alterações comportamentais foram determinadas através do método de reflexo de escape, onde observou-se a capacidade de cada indivíduo em buscar refúgio na periferia do aparato (tigmotaxia) e sensibilidade ao toque. Após a exposição, também foram observadas alterações em biomarcadores de estresse oxidativo, tais como: quantificação dos níveis de espécies reativas de oxigênio (EROS), glutationa reduzida (GSH) e glutationa oxidada (GSSG), determinação da peroxidação lipídica — através das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) —, e atividade das enzimas glutationa-S-transferase (GST), glutationa resutase (GR) e glutationa peroxidase (GPx). Resultados: Os grupos de 25 e 50 μg/L apresentaram significativa diminuição na atividade locomotora, onde os grupos tratados apresentaram significativa diminuição da tigmotaxia e responderam de maneira tardia aos estímulos de toque em relação ao CTL. Houve um aumento dose-dependente significativo no número de espasmos nos grupos expostos a PM. Notou-se a produção significativa de EROS em ambas as concentrações. Foram observados, nas larvas expostas à 50 μg/L, aumentos significativos tanto em marcadores de peroxidação lipídica, como na atividade da enzima GST e nos níveis de GSH e GSSG. Quando analisadas GPx e GR, ambas apresentaram atividade enzimática aumentada no grupo exposto a concentração de 25 μg/L. Discussão: A resposta tardia ao toque e diminuição significativa na tigmotaxia, podem estar relacionadas a um caráter menos ansioso, como também serem influenciadas pela diminuição na atividade locomotora, onde o animal debilitado não consegue exercer comportamentos defensivos. O aumento da peroxidação lipídica pode estar diretamente ligada ao aumento dos níveis de EROS. Já a atividade elevada da GST pode ser caracterizada com uma tentativa de eliminação do xenobiótico, lipídios oxidados, como também estar atuando em conjunto com as enzimas GPx e GR na neutralização de EROS, levando, desse modo, a uma maior redução e reoxidação do polipeptídio glutationa. Conclusão: Nossos resultados demonstram que larvas de D. rerio são sensíveis a baixas concentrações de PM, as quais são suficientes para causar mortalidade e déficit comportamental, provavelmente devido ao acúmulo de danos oxidativos. Agradecimentos: CNPq, CAPES, FAPERGS, Unipampa.

EXPOSIÇÃO À POLUIÇAO ATMOSFÉRICA PRÉ E PÓS-NATAL INDUZ UM PREJUÍZO DA ATIVIDADE LOCOMOTORA E

INFLAMAÇÃO

MD DOMENICO, VY YARIWAKE, SGM BENEVENUTO, PHN SALDIVA, MM VERAS

LIM 05 – Laboratório de Poluição Atmosférica, Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP, São Paulo/Br

Introdução: Poluição atmosférica é um problema de saúde pública que abrange todo o mundo. Estudos epidemiológicos têm demonstrado associação entre a exposição à poluição atmosférica e o aumento de morbidade e mortalidade devido às doenças cardiovasculares e pulmonares. Porém, pouco se sabe sobre os efeitos da exposição sobre desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC). Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da exposição à poluição atmosférica sobre parâmetros comportamentais e de inflamação no córtex cerebral. Materiais e Métodos: Camundongos Balb/C foram expostos ou não à poluição atmosférica da cidade de São Paulo no período pré e pós-natal até 90 dias de vida. A exposição foi realizada por meio do concentrador de partículas ambientais (CPA), localizado no pátio da FMUSP. Os animais realizaram teste comportamental campo aberto aos 90 dias de idade e também se avaliou a produção de IBA-1, marcador de micróglias, no córtex cerebral dos animais. Resultados: Em relação à análise comportamental, foi observado que o grupo AF-ANF apresentou maior frequência de locomoção quando comparado ao grupo AF-AF (P=0,002) e ao grupo ANF-AF (P=0,014). Do mesmo modo, o grupo ANF-ANF apresentou maior frequência de locomoção quando comparado ao grupo AF-AF (P<0,001) e ao grupo ANF-AF (P=0,004). Já em relação as células imuno-marcadas, o grupo AF-ANF apresentou maior quantidade quando comprado aos grupos AF-AF (P=0,018) e ANF-AF (P=0,043). Além disso, verificou-se que o grupo ANF-ANF também apresentou um aumento significativo de células imuno-marcadas quando comparado aos grupos AF-AF (P<0,001) e ANF-AF (P<0,001). Não foi observado diferença nos demais grupos. Discussão: Nossos achados sugerem que a exposição à poluição atmosférica em diferentes fases do desenvolvimento afeta a atividade locomotora dos animais. Os animais expostos à poluição no período pós-natal apresentaram atividade exploratória maior e isso pode desencadear distúrbios psicológicos graves. Além disso, observamos que os resultados referentes à inflamação são particularmente relevantes uma vez que a ativação de micróglias pode estar envolvida na fisiopatologia de doenças psiquiátricas. Conclusão: A exposição à poluição atmosférica no início do período pós-natal parece desencadear efeitos deletérios cerebrais persistentes, uma vez que há alteração de células inflamatórias e alteração comportamental.

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ANÁLISE DA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DA RAIZ DE SEMENTES DE LACTUCA SATIVA SOB DIFERENTES

CONCENTRAÇÕES DE CLORETO DE BÁRIO

M RELVAS1, D SCHWARZ1, G XAVIER1, M SAYURI1, T MARI1

1Curso de Bacharel em Ciências Biológicas, Univ. Anhembi

Morumbi, São Paulo, SP, Brasil

Introdução: Cloreto de bário é uma substância muito usada na indústria metalúrgica, com a finalidade de aumentar a dureza de ligas metálicas, bem como, no tratamento térmico de metais. No entanto, esse sal é a forma mais tóxica do bário, apresentando uma dose letal de 118 mg/kg em ratos. Além disso, o cloreto de bário apresenta alta solubilidade em água, podendo contaminar o solo e os lençóis freáticos caso não ocorra um controle no seu descarte. Objetivos: O objetivo desse estudo foi avaliar se o cloreto de bário afeta a germinação e o desenvolvimento de sementes de alface (Lactuca sativa). Materiais e Métodos: As sementes de L. sativa foram regadas durante sete dias em intervalos de 48 horas com soluções de cloreto de bário em diferentes concentrações (0,5%, 1%, 2%, 4%). Como grupo controle foi utilizado água destilada e para cada grupo foram utilizadas 1 placa contendo papel filtro e vinte sementes cada. Após o período de exposição foi realizada a contagem do número de sementes que germinaram e o comprimento das respectivas raízes. Discussão: Os resultados demonstraram que na concentração de 0,5% as sementes de L. sativa, apresentaram comportamento semelhante ao grupo controle, ou seja, o cloreto de bário não interfere na germinação, nem no crescimento das raízes de L. sativa. No entanto, os ensaios utilizando as concentrações de 1%, 2% e 4% inibiram a germinação e interferiram no crescimento das raízes, sugerindo um potencial efeito tóxico no processo germinativo e de desenvolvimento dessa espécie. Conclusão: O estudo demonstrou que o cloreto de bário interfere na germinação e no crescimento das raízes de L. sativa, sendo estes efeitos dose dependente. Tais resultados realçam a importância em conduzir estudos que avaliem a toxicidade do cloreto de bário, e os mecanismos pelos quais ocorrem os efeitos tóxicos em culturas vegetais, uma vez que esses são contaminantes ambientais provenientes da atividade industrial e muitos podem ser os prejuízos econômicos e sociais do descarte descontrolado desse sal no meio ambiente.

ANÁLISE DE FITOTERÁPICOS ADULTERADOS POR CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROMETRIA

DE MASSAS (CG-EM/EM)

Priscila Kakuda, Guilherme Juliatto Molina Tinoco, Paula Christiane Soubhia, Sueli Moreira de Mello, Rafael Lanaro, José Luiz da Costa.

Centro de Controle de Intoxicações - Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas - Unicamp -

Campinas, SP, Brasil. Toxicologia Analítica - PAP/FCM/UNICAMP.

Palavras-chave: medicamentos, fitoterápicos adulterados, CG-EM/EM Introdução: O Laboratório de Toxicologia Analítica (LAT) do Centro do Controle de Intoxicações de Campinas (CCI) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp realiza inúmeras análises toxicológicas com o objetivo de auxiliar no diagnóstico, prognóstico e tratamento das intoxicações agudas e monitoramento de intoxicações crônicas de pacientes de Campinas e região. Foi solicitada ao LAT a análise de um comprimido de fitoterápico (F1), após um médico do Hospital da Unicamp suspeitar de fraude devido à melhora muito rápida dos sintomas de dor apresentado pelo seu paciente, após uso desse fitoterápico. Posteriormente descobriu-se mais 10 pessoas que faziam uso do mesmo produto. Paralelamente, um morador do distrito de Barão Geraldo solicitou informações sobre a segurança de uma cápsula de fitoterápico manipulado em farmácia (F2), que estava fazendo uso para controle de dor, relatando preocupação por ser portador de doença renal leve, adquirida pelo uso excessivo de anti-inflamatórios. Observou-se que os comprimidos F1 apresentavam semelhanças físicas com os medicamentos contendo diclofenaco, fabricados em indústrias farmacêuticas e disponíveis em drogarias. Além disso, estavam sendo vendidos em sites de compra e em redes sociais sem receita médica e sem a responsabilidade de um profissional da saúde. Objetivo: Análise qualitativa de medicamentos fitoterápicos para verificação da sua composição. Metodologia: Foram analisados 4 comprimidos de F1 (de 4 fontes diferentes, com rótulos parecidos, porém despadronizados e fora das especificações da Anvisa) e 2 cápsulas de F2 (de 2 lotes diferentes, adquiridas na mesma farmácia de manipulação). Após maceração, 10 mg do material foram extraídos com 10 ml de metanol. O sobrenadante foi analisado pela técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas com detector triploquadrupolo (CG-EM/EM) em modo SCAN e biblioteca NIST. Resultados: Nos 4 comprimidos de F1 foi identificado diclofenaco e nas cápsulas de F2 foram identificados diclofenaco e paracetamol. Discussão: Esses produtos, dependendo da dose e do tempo de exposição podem causar enfermidades gástricas, renais e hepáticas. São contraindicados para pacientes com insuficiência renal. Verificou-se que o custo do comprimido de F1 é cerca de 300% maior do que o custo do diclofenaco disponível nas drogarias. Por serem de fácil acesso, efetivo no controle da dor, supostamente “naturais” (considerados de baixo risco pela população leiga) e disseminados pela propaganda “boca a boca” podem acarretar sérios problemas de saúde pública. Conclusão: Foram encontrados princípios ativos de diclofenaco (anti-inflamatório e analgésico) e paracetamol (analgésico e antitérmico) em amostras de medicamentos fitoterápicos. Os laudos das análises toxicológicas foram anexados aos relatórios para que as notificações fossem encaminhadas às autoridades sanitárias e policiais.

13 EXPOSIÇÃO À POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA DIMINUI O VOLUME

CEREBRAL E ALTERA ESPESSURA DAS CAMADAS CORTICAIS

MD DOMENICO, VY YARIWAKE, SGM BENEVENUTO, PHN

SALDIVA, MM VERAS

LIM 05 – Laboratório de Poluição Atmosférica, Faculdade de Medicina de São Paulo – FMUSP

Introdução: Poluição atmosférica é um problema de saúde pública que abrange todo o mundo. Estudos epidemiológicos têm demonstrado associação entre a exposição à poluição atmosférica e o aumento de morbidade e mortalidade devido às doenças cardiovasculares e pulmonares. Porém, pouco se sabe sobre os efeitos da exposição sobre desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC). Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da exposição à poluição atmosférica sobre o volume cerebral total e a espessura das camadas corticais cerebrais. Materiais e Métodos: Camundongos Balb/C foram expostos ou não à poluição atmosférica da cidade de São Paulo no período pré e pós-natal até completarem 90 dias de vida (n=20). A exposição foi realizada através do concentrador de partículas ambientais (CPA), localizado no pátio da FMUSP. Os animais foram eutanasiados e o cérebro dissecado para as análises morfométricas. Resultados: O volume cerebral total foi maior no grupo ANF-ANF quando comparado aos grupos AF-AF (P=0,004) e ANF-AF (P=0,043). Não foi observada diferença significativa entre outros grupos. Em relação à espessura das camadas corticais, a espessura total das camadas cerebrais não foi diferente entre os grupos analisados (P=0,278). A espessura da camada III no grupo AF-AF foi maior do que o grupo AF-ANF (P=0,022) e ANF-ANF (P=0,034). Além disso, a espessura da mesma camada no grupo AF-ANF foi menor do que o grupo ANF-AF (P=0,041). Contrariamente, a camada V foi menor no grupo AF-AF quando comparada ao grupo AF-ANF (P=0,027) e ANF-ANF (P=0,003) e foi maior no grupo ANF-ANF quando comparado ao grupo ANF-AF (P=0,013). Não foram observadas diferenças nas outras camadas corticais analisadas. Discussão: Nossos resultados sugerem que a exposição à poluição atmosférica no período pré e pós-natal aumenta o volume cerebral total e isso pode estar relacionado com desfechos adversos observados em humanos. Além disso, há alterações na espessura das camadas corticais III e V que, mesmo sendo compensadas, podem estar atreladas a desordens neurológicas. Conclusão: A exposição à poluição atmosférica durante o desenvolvimento desencadeou um aumento no volume cerebral e modificações nas espessuras das camadas corticais, sugerindo que o sistema nervoso central sofre alterações morfológicas decorrentes desse tipo de exposição.

14

Toxicologia Clínica

EVENTOS TOXICOLÓGICOS RELACIONADOS A

MEDICAMENTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

SILVA, A.M1.

1.Univ. do Vale de Itajaí, Brasil.

Introdução: A ocorrência de intoxicações medicamentosas tornou-se um problema mundialmente relevante e tem sido considerada um dos agravos para a saúde pública. Objetivo: Este trabalho teve por objetivo analisar o perfil das intoxicações medicamentosas no estado de Santa Catarina, no período de 2009 à 2015. Materiais e Métodos: Utilizou-se a categoria ‘’evento toxicológico relacionado a medicamentos’’ da base de dados do Centro de Informação Toxicológica de Santa Catarina. As variáveis do estudo foram o número de atendimentos, circunstância, faixa etária, sexo, zona de frequência, óbitos e óbitos segundo a circunstância registrada. Resultados: No período analisado foram registrados 17.157 casos de intoxicação. Observou-se durante a coleta e análise dos dados, um aumento gradativo no número de intoxicações por medicamentos. A tentativa de suicídio é a circunstância que mais se destaca, perfazendo um total de 59% dos casos registrados. A intoxicação medicamentosa afeta principalmente as crianças com faixa etária de 1 a 4 anos (36%), que está vinculado ao acidente individual. Dos casos registrados, houve predominância do sexo feminino em 68% dos casos de intoxicações por medicamentos, corroborando com levantamentos semelhantes. A zona urbana totaliza 93% das intoxicações e destaca-se como principal causa a tentativa de suicídio. Discussão: As crianças são mais susceptíveis a intoxicação medicamentosa, devido a curiosidade que possuem, atratividade de alguns medicamentos (coloridos, adocicados, embalagens atraentes). O predomínio das intoxicações medicamentosas está relacionado com prescrição de fármacos psicotrópicos, principalmente os ansiolíticos e os antidepressivos, onde a população tem acesso fácil aos agentes psicoativos que favorece o impulso de acometer suicídio. Conclusão: No presente estudo, foi possível verificar que a intoxicação por medicamento tem predominância no sexo feminino e em crianças da faixa etária de 1 a 4 anos, sendo estas intoxicações, relacionadas com o seu uso proposital e acidental, respectivamente. Agradecimentos: CIT/SC.

Palavras-chaves: Toxicologia. Intoxicação. Medicamentos.

EFEITOS NEUROTÓXICOS DO DISSULFIRAM NO TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA AO ÁLCOOL

JG AMORIM¹, MA SARAIVA¹, FVP SOUZA¹, NL CRUZ², JPM

VASCONCELOS³.

1. Discente de Medicina, Universidade Federal do Cariri (UFCA), Barbalha, Ceará, Brasil.

2. Discente de Medicina, Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte (FMJ), Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil.

3. Docente da Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Cariri (UFCA), Barbalha, Ceará, Brasil.

Introdução: Disulfiram (dissulfeto de tetraetiltiuram-DSF) tem sido

utilizado como tratamento farmacológico para dependência de álcool,

desde 1951, quando foi reconhecido pela Food and Drug

Administration. O DSF é um inibidor da aldeído desidrogenase e

provoca a acumulação de acetaldeído levando a uma resposta

adversa, caracterizada por rubor, náuseas e vômitos em pacientes

que tomam a droga e ingerem álcool. Objetivo: O objetivo desse

trabalho foi enumerar efeitos neurotóxicos do dissulfiram no

tratamento de dependência ao álcool. Materiais e Métodos: Revisão

sistemática da literatura do período de 1 de janeiro de 2012 à 30 de

março de 2017 na base de dados MEDLINE. Os descritores utilizados

foram toxicity (MeSH) e dissulfiram (MeSH). Foram encontrados 27

artigos dos quais 06 foram incluídos por estarem diretamente

relacionados com o tema. Resultados: Os resultados encontrados

falam de um caso raro de polineuropatia sensorial-motora axonal com

envolvimento de pares cranianos devido ao DSF. Falou-se ainda que

embora seja bem tolerado pela maioria dos pacientes, pode

apresentar efeitos nervosos, como encefalopatia, psicose, neuropatia

óptica e periférica; dentre outros efeitos tóxicos graves que envolvem

sistema hepático (hepatite), por exemplo. Discussão: Sabe-se que o

dissulfiram apresenta neurotoxicidade central e periférica e ainda é

relatado para ser neurotóxico com e sem ingestão de álcool. As

complicações neurológicas relatadas em associação com exposição

ao dissulfiram incluem encefalopatia, parkinsonismo, neurite óptica,

distúrbios neuropsiquiátricos e polineuropatia. Ele apresenta ainda

outros efeitos em diferentes sistemas. Conclusão: A fisiopatologia

da neurotoxicidade devido ao dissulfiram não é bem compreendida,

mas pensa-se estar relacionada com os efeitos prejudiciais da própria

droga e seus metabólitos. Nota-se a importância de abordagem da

temática, contudo, há uma escassez mundial de pesquisa nessa

temática.

15

ANÁLISE DAS INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA ENTRE OS ANOS DE 2012 E

2015

MG DOS SANTOS Introdução: Os agrotóxicos são agentes constituídos, em geral, por

uma variedade de compostos químicos ou biológicos, cujo principal

emprego é na produção e beneficiamento de produtos agrícolas, no

controle de pragas e vegetações nocivas ao cultivo desses produtos.

Os agrotóxicos têm ação sobre a constituição física e a saúde do ser

humano, e representam risco de contaminação ambiental para a

fauna e flora. Objetivo: Diante do exposto, objetivou-se investigar a

incidência de intoxicação por agrotóxicos no estado de Santa

Catarina, no período de 2012 à 2015. Materiais e métodos: Por meio

da análise dos dados disponibilizados pelo Centro de Informações

Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC) avaliou-se o perfil

socioeconômico dos indivíduos que sofreram intoxicações com

agrotóxicos e as circunstâncias destas exposições no período de

2012 à 2015. Resultados: Segundo dados disponibilizados pelo

CIT/SC, no período avaliado foram registrados 1.962 casos de

intoxicação por agrotóxicos de uso rural no estado. Em 2015, o

número de casos registrados foi de 586 (52,2/1000 casos de

intoxicação), e representa um aumento de 33% em relação ao ano de

2012, que registrou 414 casos (39,1/1000 casos de intoxicação). Dos

casos registrados nesse intervalo, as principais circunstâncias das

intoxicações por agrotóxicos foram por exposição acidental (29%),

ocupacional (22%) e tentativa de suicídio (44%). Houve mudança

significativa no cenário em relação às circunstâncias durante o

período, sendo que a tentativa de suicídio, que figurava a principal

causa, entre os anos de 2012 e 2015 teve redução de 30% do número

de casos; enquanto que as causas exposição acidental e ocupacional

tiveram um aumento no número de casos de, 62 e 45%,

respectivamente. A maioria dos casos foi registrada em indivíduos

com idades entre 20 e 49 anos, sendo que a ocorrência em indivíduos

do sexo feminino e masculino foi de 51 e 49%, respectivamente.

Discussão: Em geral, as causas para intoxicação são por erros

humanos, seja pelo desconhecimento do risco, falta de treinamento

e/ou falta de EPI ou quaisquer outros equipamentos de segurança.

Analisando os dados obtidos do CIT/SC é possível fazer uma

correlação entre o número de intoxicações em indivíduos com idade

entre 20 e 49 anos (idade cuja atividade laboral é comumente mais

ativa), e o aumento no número de casos de intoxicação ocupacional

e acidental no intervalo; e corroborar essas informações com o fato

que trabalhadores rurais costumam ter dificuldades em interpretar

rótulos de produtos por não serem alfabetizados, na maioria das

vezes; e a falta de informação sobre o correto manuseio dos produtos

pode ocasionar acidentes. Conclusão: Diante do risco que o uso

indevido de agrotóxicos pode representar aos trabalhadores rurais é

necessário que se pratiquem ações de conscientização e educação

em saúde com essa população, para que a prática profissional seja

executada com segurança. Agradecimentos: CIT/SC.

PANORAMA DAS INTOXICAÇÕES REGISTRADAS NA BAIXADA SANTISTA PELO CENTRO DE CONTROLE DE INTOXICAÇÕES

DE SANTOS, REFERENTE AO PERÍODO DE 2008 A 2014

NATHÁLIA DE ASSIS AGUILAR DUARTE¹; FABIANA GASPAR GONZALEZ1;

1 Centro Universitário Lusíada, Santos, São Paulo, Brasil.

Introdução: A incidência de intoxicações no Brasil, como no resto do

mundo, constitui um grave problema de saúde pública. A

disponibilidade e a utilização cada vez maior de substâncias

químicas, como medicamentos, agrotóxicos e domissanitários,

durante as últimas décadas, acarretaram uma elevação de risco à

saúde humana provocada pela exposição a estes agentes. Objetivo:

Apresentar um panorama sobre os casos de intoxicação por

diferentes agentes tóxicos na Baixada Santista no período de 2008 a

2014 e evidenciar ao longo do período estabelecido, os principais

toxicantes, correlacionando com a faixa etária e sexo. Material e

métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo utilizando os dados

referentes aos casos de intoxicação registrados na região da Baixada

Santista pelo Centro de Controle de Intoxicações de Santos entre o

período de 2008 e 2014. RESULTADOS: Dentro do período de

escolha para o estudo, foram registrados 4352 casos causados por

diversos agentes. Os medicamentos foram responsáveis por 42,7%

(n= 1859) das intoxicações, seguido dos domissanitários com 14,1%

(n=615). Com relação à faixa etária, as crianças de 1 a 4 anos foram

as mais atingidas, perfazendo 42,6% das notificações. Cerca de 51%

(n= 2178) das ocorrências envolveram o sexo masculino. Acidentes

Individuais tiveram o maior número de vítimas, com 64,2% (n=2795)

dos casos. A tentativa de suicídio ficou em segundo lugar com 21%

(n=912) das notificações. Discussão: Constatou-se que a

intoxicação medicamentosa é um agravo tipicamente urbano, já que

a maioria das notificações foram das cidades, principalmente do

município de Santos, o maior da Baixada Santista. Em relação ao

gênero, de 2008 a 2011, o sexo masculino obteve mais casos de

intoxicações, sendo um fato atípico quando comparado a outros

estudos em diferentes regiões do país, onde as mulheres obtêm o

maior número de vítimas principalmente relacionadas a intoxicações

medicamentosas. Assim como no quadro nacional, as crianças de 1

a 4 anos foram as mais atingidas e ressalta a importância de criar

medidas preventivas para tentar minimizar as ocorrências

envolvendo esse grupo de risco. O trabalho apresentou limitações

devido a ausência de registro de informações referentes as classes

terapêuticas envolvidas nas intoxicações. Na variável Evolução,

cerca de 85% dos casos foram ignorados, ou seja, não se tem a

informação se o paciente evoluiu ou não para cura. Tais fatos indicam

a falta de padronização e critérios para registrar as notificações,

sendo prejudicial para a toxicovigilância. Conclusão: Traçar um perfil

do quadro de intoxicações de uma população é extremamente

necessário para reconhecer e controlar essas ocorrências. Para que

isso ocorra, os dados coletados dos Centros de Controle de

Intoxicações devem manter um padrão para que ofereça informações

coerentes e que através delas possam ser realizadas análises

específicas para criar medidas preventivas a fim de minimizar os

casos de intoxicação.

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Toxicologia de Alimentos

DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA DE ÁCIDO CIANÍDRICO EM MANDIOCA

ALFA LINHARES1, BC SEIXAS2, MJO MAIA3

1. Graduanda em Biomedicina. Centro Universitário de Belo

Horizonte. Belo Horizonte, Brasil. 2. Graduanda em Biomedicina. Centro Universitário de Belo

Horizonte. Belo Horizonte, Brasil. 3. Professor do Centro Universitário de Belo Horizonte. Belo

Horizonte, Brasil.

Introdução: A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é a espécie cianogênica de maior importância no Brasil e a raiz mais consumida na alimentação humana e animal. Os glicosídeos cianogênicos, linamarina e lotaustralina, são capazes de gerar ácido cianídrico (HCN) após a hidrólise. O HCN é responsável pela toxicidade da mandioca e quando é consumida insuficientemente detoxificada pode causar intoxicações agudas além de estar relacionada a doenças como neuropatia tropical atáxica, bócio, cretinismo e konzo em intoxicações crônicas. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo quantificar a concentração de ácido cianídrico total na mandioca adquirida de agricultura familiar através do método de Volhard, comparar a concentração de ácido cianídrico total nas etapas de produção da farinha seca, verificar a aplicabilidade do processamento da mandioca na sua detoxificação e ressaltar as consequências de altas concentrações do HCN para a saúde humana. Materiais e métodos: A quantificação do HCN na mandioca proveniente de agricultura familiar foi realizada nas principais etapas do processamento para a produção de farinha seca (massa triturada, massa prensada e farinha seca) a partir do método de Volhard através da destilação de arraste por corrente de vapor. Resultados: Os teores cianogênicos variaram entre 120,42 e 127,02 mg HCN/kg. Houve um decréscimo de concentração de HCN na amostra após a produção da farinha seca, mas os resultados continuaram acima do limite permitido pela Sociedade Brasileira de Mandioca (100 mg HCN/kg). Discussão: O teor de HCN na massa triturada não teve diferença em relação a massa prensada. Isto pode ocorrer devido a resíduos não eliminados no processamento da farinha. O processo de detoxificação da mandioca através da produção da farinha geralmente é efetivo, mas os resíduos não eliminados podem ser devido a adaptações do processo, falta de equipamentos mais eficazes e processamento demorado, que podem levar a condições ruins de detoxificação. Estas condições como falta de estrutura, processamento manual ou demora no processamento podem levar a uma acidificação do meio e a um tempo excessivo a temperatura ambiente, ocasionando a sua fermentação. Além disto, a temperatura de secagem utilizada pode ter interferido na baixa diminuição do HCN da amostra após a secagem. Conclusão: O processamento da mandioca em farinha seca pode ser eficaz para a detoxificação do HCN, diminuindo a possibilidade do desenvolvimento de uma doença relacionada a sua toxicidade. Apesar da redução na análise efetuada ter sido pequena, pode-se observar que ocorreu diminuição na concentração de HCN na amostra após a secagem.

RISCOS TOXICOLÓGICOS ASSOCIADOS AO PROCESSO DE ADULTERAÇÃO DO LEITE DE VACA: UMA REVISÃO DA

LITERATURA

D FERREIRA¹, G DOANY¹, H JUNIOR¹, I MURAWJOW¹, J VITRIO¹, J LOIOLA¹, M NISHIDA¹, R SILVATI¹, T MATOS¹, L FONTES1, ED

BARIONI1

1.Universidade Nove de Julho (UNINOVE), São Paulo, Brasil.

Introdução: Segundo o artigo 475 do Decreto nº 30.691 de 29 de março de 1952, leite é o produto originado da ordenha completa e interrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Entretanto, o leite pode ser adulterado de várias formas, a saber: com neutralizantes, hidróxido de sódio, bicabornato de sódio, água, formol, cloro, água oxigenada, ácido bórico, amido, entre outros, e oferecer sérios riscos toxicológicos à saúde do consumidor. Objetivo: Identificar na literatura as principais adulterações encontradas em leite de vaca, os efeitos nocivos decorrentes da exposição, e a respectiva metodologia para identificação da adulteração. Materiais e Métodos: O estudo foi desenvolvido por meio de levantamento bibliográfico Resultados: Nossos resultados foram divididos em: principais adulterações, efeitos nocivos e metodologia para identificação. i) Aguagem, diminui o valor nutricional do leite, e pode ser identificado por crioscopia. ii) Resíduos de antibióticos, pode causar hipersensibilidade e choque anafilático, e pode ser identificado por cromatografia de alta pressão. iii) Formol, pode causar dor de cabeça, náuseas, vômito, dores abdominais, entre outros, e sua identificação se dá por meio de reação com floroglucina (coloração rosa salmão). iv) Soda, pode causar queimaduras química que podem afetar a mucosa da boca, garganta e esôfago, e é identificado por reação com alizarina (coloração violeta). v) Acidez, pode causar febre e dor abdominal, e é identificado por graus de Dornic. vi) Retirada de Gordura, diminuiu o valor nutricional do leite, e pode ser identificado por meio do método de Gerber. vii) Amido, sem reações em pouca quantidade, é identificado por meio de reações com Lugol (coloração azul/violeta). Discussão: O leite adulterado pode causar diversos problemas à saúde do consumidor. Assim, o risco toxicológico das adulterações pode ir além de sintomas gastrointestinais, febre, queimaduras, e causar cânceres no sistema respiratório e leucemias. O efeito, no entanto, não é agudo, e os estudos sugerem que o uso prolongado e em grandes quantidades são responsáveis por tais condições. Ademais, durante a pesquisa, percebemos que os órgãos mais afetados pela exposição ao leite adulterado são: intestinos, rins, fígado e bexiga. A legislação vigente possui parâmetros para que o leite possa ser consumido com segurança, porém, comerciantes de leite procuram tirar vantagem adicionando substâncias e mascarando a deterioração do produto. Conclusão: As adulterações do leite por comerciantes que visam aumento de lucro podem ocasionar complicações toxicológicas à saúde humana, porém estas podem ser identificadas por métodos laboratoriais, e há necessidade de mais fiscalização por parte dos órgãos oficiais. Agradecimentos: Gostaríamos de agradecer os professores e a Universidade Nove de Julho.

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AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DA INFUSÃO DE Hibiscus

sabdariffa Lineo PELO MÉTODO DE ALLIUM CEPA

COELHO, M.B1, HOLANDA, J.N.P1, SOUSA, L.R,B1, ARAUJO,

M.F.S1, SANTOS, J.V.O1.

1.Dept. de Toxicologia, UFPI, Teresina, Brasil.

Introdução: As infusões de plantas agem sobre o ciclo celular do

Allium cepa, provocando alterações mutagênicas, que é evidenciada

pela diminuição da proliferação celular de pontas de raízes tratadas

com diferentes espécies de plantas medicinais. Também pode-se

avaliar efeitos contrários caso a infusão não seja mutagênica.

Objetivo: O presente trabalho possui como objetivo avaliar a

toxicidade da infusão feita com flores de Hibiscus sabdariffa Lineo,

popularmente conhecida como Hibisco, preparada segundo

recomendação informal presente na embalagem comercial.

Materiais e Métodos: Foram realizadas diversas lavagens nos

bulbos com água corrente por cerca de 15 minutos. Após esse

período, as cebolas foram colocadas em contato com as amostras de

cada concentração da substância teste e mantidas por 48 horas no

escuro a temperatura ambiente. Para o preparo da substância teste,

segundo as recomendações da embalagem, preparou-se uma

infusão que deveria conter 200 mL de água para cada colher de chá

da flor de hibisco. Foram realizados os testes com três

concentrações, sendo a primeira, a concentração tal como orientava

a embalagem, a segunda composta por 25 mL do chá recém

preparado e 25 mL de água e, a terceira, em que se usou 6,25 mL do

chá e diluiu-se com 43,25 mL. Após o tempo do experimento, as

raízes foram removidas e fixadas em solução Carnoy (metanol e

ácido acético) por 24 horas. Para a preparação das lâminas, foram

lavadas as raízes com água destilada para a remoção do fixador;

realizando hidrólise com HCl 1N por 40 min. Após a hidrólise, foram

retiradas as raízes do ácido e lavadas em água destilada a

temperatura ambiente. Com o auxílio de uma pinça de ponta fina, as

raízes foram secas em papel de filtro. Em seguida, reagiu-se as

mesmas com reativo de Schiff, por aproximadamente 2 horas e

lavadas em água corrente até a total remoção do corante. A seguir,

separou-se a região meristemática das raízes, colocando sobre a

mesma uma gota de carmim acético a 2% e cobrindo com lamínulas.

Em seguida realizou-se a técnica de esmagamento. As leituras das

lâminas foram feitas em microscopia ótica em aumento de 400Xou

1000X. Como controle negativo foi utilizado água desclorada. Já

como controle positivo utilizou-se sulfato de cobre 0,6 µg/mL.

Resultados: Analisando-se o gráfico, infere-se que na análise da

citotoxicidade, as preparações que possuem a maior e a menor

concentração do chá possuem citotoxicidade considerável quando

comparadas à água desclorificada. No entanto, quando comparadas

com a citotoxicidade do sulfato de cobre, entende-se que apresentam

uma citotoxicidade intermediária entre a água desclorificada e o

sulfato de cobre. No que diz respeito à genotoxicidade, entende-se

que apenas a preparação com maior concentração do chá foi

estatisticamente significante em relação ao controle positivo e ao

controle negativo. No âmbito da mutagenicidade, analisa-se que, de

acordo com o gráfico, tanto a preparação com maior concentração do

chá quanto a preparação com menor concentração do chá não

apresentaram diferenças em relação à água desclorificada. Ademais,

na análise da toxicidade, entende-se que as preparações analisadas

foram tão tóxicas quanto o sulfato de cobre. Discussão: O presente

trabalho analisou o potencial citotóxico, genotóxico, e mutagênico da

infusão de Hibiscus sabdariffa L utilizando o sistema de teste Allium

cepa. O sistema de teste de Allium é bem aceito para o estudo de

efeitos de citotoxicidade de plantas medicinais, porque as suas raízes

ficam em contato direto com a substância testada, permitindo a

avaliação de concentrações diferentes. As alterações cromossômicas

e as da divisão das células meristemáticas da raiz de cebola são,

frequentemente, usados para alertar a população sobre o consumo

do produto. Os organismos vivos estão frequentemente expostos à

substâncias mutagênicas que podem causar danos celulares. Os

danos podem ser induzidos por agentes químicos, físicos ou

biológicos que afetam processos vitais como a duplicação e a

transcrição gênica, bem como alterações cromossômicas, levando a

processos cancerosos e morte celular. Pelo fato de causarem lesões

no material genético, essas substâncias são conhecidas como

genotóxicas. Percebe-se, com isso, que a genotoxicidade aumenta

de acordo com a concentração do chá; quanto mais o chá estiver

concentrado, mais tóxico o mesmo será. Os efeitos das infusões de

plantas medicinais sobre o ciclo celular de Allium cepa têm sido

relatados por vários autores, os quais mostraram que os principais

efeitos que ocorrem são mutagenicidade e anti-mutagenicidade, bem

como aumento e diminuição da proliferação celular de pontas de

raízes tratadas com diferentes espécies de plantas medicinais. Assim

sendo, analisa-se que, de acordo com o gráfico, tanto a preparação

com maior concentração do chá quanto a preparação com menor

concentração do chá não apresentaram diferenças em relação à

água desclorificada. Para análise da toxicidade, a inibição do

crescimento foi considerada quando houve uma diminuição

significativa entre os grupos teste e o controle negativo. Conclusão:

A infusão de Hibiscus sabdariffa L apresenta toxicidade considerável,

sendo necessária a realização de monitorizações frequentes do

consumo da infusão com o objetivo de alertar a população sobre os

efeitos da mesma sobre os organismos vivos.

18 IDENFITICAÇÃO POR CCD COM EXTRAÇÃO POR SOLVENTES

ORGÂNICOS DE MICOTOXINAS (AFLATOXINAS B1, B2, G1 E

G2) PRESENTES NO AMENDOIM

SS LETÍCIA¹

1. Estudante de Biomedicina, Universidade Paulista, São Paulo,

Brasil.

Introdução: As Aflatoxinas são micotoxinas produzidas por fungos

do gênero Aspergillus Flavus ou Aspergillus Parasiticus e apresentam

anéis aromáticos que em contato com a radiação U.V. mudam de

posição e emitem energia em forma de luz azul (B1, B2) ou verde

(G1, G2). As AF não alteram sabor, cor ou cheiro dos alimentos e

para identificar sua presença utiliza-se placa de CCD (cromatografia

em camada delgada). Objetivo: Identificar a presença de aflatoxinas

em amendoins e analisar o tipo através da energia emitida em forma

de luz. Materiais e métodos: Foram utilizados 50g de amendoim,

270ml de metanol e 30ml de Cloreto de Potássio 4% para extração.

O extrato foi purificado com 150ml da solução de sulfato de cobre

10%. Foi transferido 150ml do filtrado anterior para um funil de

separação e adicionado 150ml de água e extraído 3 vezes com 20ml

de clorofórmio. Os extratos clorofórmicos foram misturados e

evaporados à secura em uma capela. O extrato foi ressuspendido

com etanol/éter (aproximadamente 0,5ml) e aplicado na placa de

CCD com o uso de um capilar 100 vezes. A placa foi colocada em

uma cuba de desenvolvimento contendo o sistema solvente

clorofórmio-acetona. A placa foi retirada da cuba e deixada à

temperatura ambiente para completa evaporação do solvente.

Resultados: Ao expor a placa de CCD ao transluminador de U.V.

emitiu energia em forma de luz azul, podendo ser AF B1 ou B2, que

possui maior potencial carcinogênico hepático. As aflatoxinas são

ubíquas e podem estar presentes nos alimentos e no ambiente.

Discussão: As aflatoxinas são biotransformadas por enzimas

microssomais – Citocromo P450 – e formam compostos 8,9 epóxidos,

levando a um processo tumoral. Como são ubíquas podem estar

presentes no ambiente e contaminar alimentos como amendoim,

aveia, soja, trigo, entre outros presentes em embalagem aberta. Além

disso, a contaminação ocorre em elevadas temperaturas, umidade e

a presença de fungos. Conclusão: Durante a análise foram

encontradas aflatoxinas presentes no amendoim que podem causar

câncer hepático por ter grande afinidade com a guanina do DNA dos

hepatócitos levando a um processo tumoral. A amostra de amendoim

esteve presente em um erlenmeyer por 3 dias no laboratório,

podendo ser contaminada com a AF presente no ambiente ou já estar

contaminada antes.

Agradecimentos: UNIP, USP.

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Toxicologia Forense SUICÍDIOS COM AGROTÓXICOS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO

GARÇAS, MT

ES SILVA, JM JUNIOR, EA SUCHARA.

Introdução: O suicídio é um problema de saúde pública e está entre

as principais causas de morte no mundo. A autoingestão de

agrotóxicos representa cerca de um terço de todos os suicídios a

nível mundial. No Brasil 40% das causas de óbito por autointoxicação

são causadas por pesticidas. Objetivo: Analisar a ocorrência e

caracterizar os casos de suicídio envolvendo agrotóxicos em Barra

do Garças, Mato Grosso. Materiais e Métodos: Tratou-se de um

estudo epidemiológico descritivo, não probabilístico e transversal.

Foram incluídos todos os casos registrados como suicídios por

agrotóxicos registrados entre os anos de 1999 e 2016 no Instituto

Médico Legal (IML). Resultados: Entre o tempo do estudo ocorreram

137 suicídios, destes 18,2% ocorreram por agrotóxicos. Avaliando o

perfil dos indivíduos, o gênero masculino correspondeu a 76% e o

feminino a 24% e a faixa etária predominante foi os adultos com

76%. O mês de maio teve o maior número de casos com 16%

enquanto o dia da semana com mais suicídios por agrotóxicos foi à

quarta-feira com 24%. Quanto aos agrotóxicos utilizados, os homens

utilizaram principalmente os carbamatos (47,3%), seguido pela

glicina substituída (21%), e pelos organofosforado e organoclorado

(10,5%), os com menores números de casos foram os cumarinicos e

ácido piridinocarboxílico (5,2%). Já o gênero feminino utilizou

carbamatos (66,6%), seguido pela glicina substituída e

organofosforado (16,6%). Discussão: O suicídio é predominante

observado na faixa etária dos adultos, podendo estar relacionada

com o fato desta ser faixa etária mais predominante no trabalho rural.

Com uma superioridade de casos do gênero masculino, isto pelo fato

deste gênero ser predominante em trabalhos rurais. Este estudo teve

maior número de casos no meio da semana, sendo isto pouco visto

na literatura. Quanto aos agrotóxicos, alguns fatores que podem

influenciar o suicídio com estes produtos pode ser o fácil acesso as

estas substancias, além da crescente venda indiscriminada destes

produtos que podem influenciam o suicídio por esse

método. Conclusão: Diante do exposto, conclui-se que adultos do

gênero masculino está mais propenso a cometer a autoagressão com

agrotóxicos, sendo o mês de abril e a quarta feira as datas com maior

incidência, e os carbamatos são os produtos mais utilizados. Assim,

projetos relacionados à Saúde Pública e estratégias de prevenção

são necessários, pensando também em ações mais efetivas voltadas

para o perfil das vítimas.

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Toxicologia Ocupacional

IDENTIFICAÇÃO DE SINAIS DE INTOXICAÇÃO ATRAVÉS DO USO DE

PRODUTOS QUÍMICOS EM SALÕES DE BELEZA

LL ALVES1, RI SANTANA1, MM ANDRADE1, JTV BITTENCOURT1, QCV

SANTANA1, JPS MACHADO1, PCCS JUNIOR1, SS OLIVEIRA2

1. Alunos de Graduação do curso de Biomedicina – Uni. Tiradentes, Aracaju, Sergipe, Brasil. 2.

Professor Orientador, Uni. Tiradentes, Aracaju, Sergipe, Brasil. Introdução: O uso de produtos químicos em procedimentos estéticos capilares tem mostrado grandes resultados. Porém, vários produtos utilizados em salões de beleza podem ser tóxicos a saúde. Além do mais, a sua exposição diária e constante tem apresentado diversos efeitos colaterais provenientes do contato com tais substâncias. Os riscos relacionados a esses agentes químicos são muitas vezes desconhecidos pelos próprios profissionais da beleza, o que aumenta as chances de intoxicação. Objetivos: Realizar uma pesquisa qualitativa no intuito de avaliar a exposição de cabeleireiros aos diversos agentes químicos utilizados no local de trabalho além de identificar sinais de intoxicação apresentados pelos mesmos como resultado dessa exposição ocupacional. Materiais e Métodos: Um formulário de 15 questões foi aplicado a profissionais de variados salões de beleza na cidade de Aracaju, capital de Sergipe. O estudo foi realizado no período de Março a Abril de 2016. Participaram voluntariamente da pesquisa 26 cabeleireiros, sendo 18 do sexo feminino e 8 do sexo masculino onde a idade média era de 32 anos. Os dados coletados através do formulário foram analisados e serviram de base para um provável diagnóstico toxicológico dos profissionais avaliados. Resultados: Os entrevistados informaram realizar diversos procedimentos estéticos capilares através da utilização de produtos químicos. Dentre os principais sinais de intoxicação relatados, destacam – se: dores de cabeça regulares, irritação da mucosa nasal, da pele e dos olhos, náuseas, problemas respiratórios, perda da sensibilidade das mãos e lombalgia. A não utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) também foi uma característica relatada pelos profissionais, agravando mais ainda os riscos de intoxicação pelas substâncias químicas manipuladas. Discussão: Os resultados sugerem que a exposição direta a produtos tóxicos trazem consequências relevantes para a saúde do indivíduo. Além disso, a negligência quanto o uso de EPIs potencializa tais sintomas colocando em risco a saúde dos profissionais. Conclusão: A exposição diária a compostos altamente tóxicos contribuiu para a produção de efeitos adversos para os cabeleireiros, comprometendo assim a saúde de cada um deles. Finalmente foi possível detectar que grande parte dos cabeleireiros desconhecem a legislação que rege a utilização de produtos químicos em salões de beleza como também a toxicidade de cada reagente e seus riscos à saúde humana.

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Toxinologia

MECANISMOS DE TOXICIDADE SELETIVA DE VENENOS DE SERPENTES EM CÉLULAS TUMORAIS

VAS HERING¹

¹Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de

São Paulo, São Paulo, Brasil. Introdução: O estudo dos venenos eventualmente fornece resultados que podem ser aproveitados no desenvolvimento de novos fármacos e moléculas de potencial terapêutico. Os exemplos mais famosos são o captopril, tirofiban, ziconotide e a toxina botulínica. No início da década de 1930 Calmette et al começou estudos usando venenos de serpentes em células tumorais, os resultados obtidos sugeriram a possibilidade do desenvolvimento de tratamentos a partir dos venenos. Através de estudos in vitro e in vivo verificou-se que determinados componentes dos venenos de serpentes apresentam seletividade por células tumorais, podendo apresentar efeitos citotóxicos em concentrações dez vezes inferiores às necessárias para afetar células saudáveis. Questões mecanísticas foram propostas para explicar essa seletividade. Objetivo: Formular uma hipótese que explique a seletividade observada. Materiais e métodos: Pesquisa nas bases de dados PubMed e Portal CAPES usando as palavras-chave: “snake venom”, “cancer”, “biotherapy” e “antitumor effect”. Selecionando artigos publicados a partir de 1933. Resultados e Discussão: Os tumores malignos secretam vários fatores para alterar o seu entorno, criando um microambiente, sinalizando a angiogênese, coagulação (fornecendo uma barreira de fibrina) e inibindo a migração de macrófagos. As integrinas são proteínas transmembrânicas que exercem múltiplos papéis na patologia do câncer, envolvidas na proliferação celular, angiogênese, invasão de tecidos e metástase. O padrão de expressão dessa proteina é alterado nas células tumorais. Altos níveis do subtipo αvβ3 estão relacionados ao aumento da malignidade em melanomas. A peçonha das serpentes é composta majoritariamente por proteínas, com e sem ação enzimática: fosfolipases, nucleotidases, LAAOs (L-amino ácidos oxidases), lecitinas, metaloproteases, serinoproteases, desintegrinas e citotoxinas. A composição do veneno varia amplamente em função da espécie. As fosfolipases A2 são uma classe particularmente promissora como antitumoral, sendo que as fosfolipases secretadas nos venenos das serpentes são estruturalmente diferentes das fosfolipases endógenas e apresentam ação antiangiogênica e antimetastásica. Muitos estudos foram conduzidos usando os venenos brutos, tornando difícil discriminar quais frações são responsáveis por determinada ação. A defibrinação foi observada em estudos com o veneno de Agkistrodon rhodostoma em associação com ciclofosfamida e apenas com crotalase, uma enzima trombina-símile de Crotalus adamanteus. Desintegrinas se ligam especificamente a integrinas expressas em plaquetas, células do endotélio vascular e algumas células tumorais. Atuam como antagonistas das integrinas, inibindo a agregação plaquetária, adesão celular, migração, angiogênese e sinalização de fatores de crescimento. Um estudo com as desintegrinas recombinantes r-mojastina 1 e r-viridistatina 2 demonstrou que ambas inibiram a proliferação de células BXPC-3 com CC50(concentração citotóxica que causa a morte de 50% das células tumorais viáveis) de 10,6 e 8,7 μM, respectivamente, não havendo diferença estatística entre ambas (p>0,05). Conclusão: Observando os mecanismos de ação descritos é possível concluir que a seletividade ocorre pela ruptura do microambiente necessário para o tumor se proliferar. Agradecimentos: Raphael C.T. Garcia e Veridiana de Freitas Tofik.

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Nanotoxicologia

NANOPARTICULAS DE TIO2 E ZNO EM FOTOPROTETORES

SANTOS JM, SUCHARA EA. Introdução: A nanotoxicologia é uma área emergente que cresce na

mesma proporção em que investimentos são inseridos na área

nanotecnológica. E dentre os numerosos produtos que estes

materiais são aplicados, destacam-se os nanocosméticos. Uma das

principais características das nanopartículas é sua vantagem de

absorção em relação a partículas maiores, por essa razão vêm sendo

cada vez mais inseridas em produtos cosméticos, principalmente o

Dióxido de Titânio (TiO2) e o Óxido de Zinco (ZnO). O Dióxido de

Titânio na forma nano difere das partículas em tamanho usual devido

a sua área de superfície muito maior em relação partículas

convencionais. O nanomaterial TiO2 está correlacionadao a

capacidade segregação cromossômica, citocinese, duplicação

centrossomica, e regulação funcional do mitótico da proteína PLK1,

efeitos diretos na ativação de sinalização da cinase reguladora

extracelular (ERK) e produção de espécies reativas de oxigênio

(EROS). As nanopartículas de Óxido de Zinco possuem potencial de

levar a significativa redução na atividade de desidrogenase

mitocondrial em células de linfócitos humanos e a geração

considerável de EROS. Observa-se efeitos efetivos à células

epidérmicas células epidérmicas humanas mesmo em baixas

concentrações possuem potencial efeito genotóxico e citotóxico,

sendo estes mediados pela peroxidação lipidica e extresse oxidativo.

Assim, o presente estudo buscou avaliar a utilização de potenciais

nanopartículas de TiO2 e ZnO em foto protetores comercializadas

nacionalmente. Materiais e métodos: Foram analisados os rótulos

de fotoprotetores comercializados de forma livre em drogarias, lojas

de produtos cosméticos e a partir de revendedoras, quanto a

utilização de TiO2 e ZnO na forma nano. Também foi avaliado a

presença de apelo de rótulo nestes produtos. Resultados: A partir da

análise de 25 rótulos de fotoprotetores, 16 produtos apresentavam

apenas TiO2 em sua composição, um produto apresentava apenas

ZnO, dois produtos apresentavam a associação de TiO2 e ZnO e seis

produtos não apresentavam nenhum dos filtros físicos estudados.

Quanto ao apelo de rótulo, apenas três produtos apresentavam apelo

quanto a utilização de TiO2 e ZnO na forma nano. Segundo a RDC

nº 7/2015 que dispõe sobre os requisitos técnicos para a

regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e

perfumes, os filtros solares são sujeitos a registro na ANVISA, pois

são produtos que possuem indicações específicas, cujas

características exigem comprovação e cuidados, modo e restrições

de uso, entretanto não é observado nessa plataforma a quantidade

real de fotoprotetores registrados com nanopartículas. Existe um

potencial crescimento dos nanocosméticos, no entanto não há

informações claras sobre a utilização de nanopartículas nos rótulos

avaliados. Os consumidores não têm conhecimento real sobre quais

produtos com tecnologia nano estão adquirindo. A decisão é do

fabricante no que diz respeito a propaganda e rotulagem dos produtos

desses produtos. Conclusão: Os compostos TiO2 e ZnO são as

potenciais nanopartículas mais utilizadas em cosméticos e os rótulos

destes não fornecem a informações completas e suficientes para

esclarecimento do consumidor. Considerando que nanopartículas

estão sendo cada vez mais utilizadas nos cosméticos há a

necessidade de mais estudos para que os riscos a longo prazo sejam

conhecidos.