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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO
“COMO AS INSTITUIÇÕES INFLUENCIAM NA ESTRATÉGIA
CORPORATIVA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO”
LLEEOONNAARRDDOO VVIILLEELLAA DDEE AARRAAÚÚJJOO
Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho
Rio de Janeiro, 01 de dezembro de 2011.
COMO AS INSTITUIÇÕES INFLUENCIAM NA ESTRATÉGIA CORPORATIVA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO
LEONARDO VILELA DE ARAÚJO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral
Orientador: Luiz Alberto Nascimento Campos Filho
RIO DE JANEIRO, 01 DE DEZEMBRO DE 2011.
COMO AS INSTITUIÇÕES INFLUENCIAM NA ESTRATÉGIA CORPORATIVA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO
LEONARDO VILELA DE ARAÚJO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor Luiz Alberto Nascimento Campos Filho (Orientador) Instituição: IBMEC _____________________________________________________
Professor Raimundo Nonato Sousa Silva Instituição: IBMEC _____________________________________________________
Professora Helder Gomes Costa Instituição: Universidade Federal Fluminense - UFF
RIO DE JANEIRO, 01 DE DEZEMBRO DE 2011.
FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha Catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas). 1) Nome completo; 2) Título e subtítulo (se houver e separados); 3) Ano da defesa; 4) Área de concentração: 5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários; 7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível) 9) Curso: Mestrado profissionalizante em ...) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu filho, Rafael, que foi a grande inspiração para que eu iniciasse esta jornada, em busca de mais conhecimento para me tornar um profissional mais completo. Foi sempre pensando nele que encontrei forças para prosseguir nos momentos mais difíceis. Dedico também à minha mulher, Leila, que sempre esteve ao meu lado, foi incansável em me apoiar e incentivar em todos os momentos, principalmente nos mais difíceis e que, por fim, sempre acreditou em mim e no meu potencial.
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente a meus pais, que sempre me deram bons exemplos e me
enchem de orgulho pelas pessoas maravilhosas que são. Graças a vocês, concluí mais uma
etapa da minha vida com sucesso. Obrigado por tudo que vocês sempre fizeram e fazem por
mim.
Aos meus amigos e familiares também um agradecimento especial, pois seu apoio e
sua compreensão foram fundamentais durante minha ausência em diversos eventos no
decorrer desses dois últimos anos.
A todos os entrevistados que compartilharam seus conhecimentos e experiências para
elaboração deste trabalho e gentilmente cederam seu precioso tempo para contribuir, de
forma significativa, para a obtenção de bons resultados. Em especial, agradeço ao professor
Gilberto Silva que, em diversos momentos, me ensinou muito sobre o mercado de
telecomunicações brasileiro e sempre esteve disponível e disposto a ajudar.
Aos meus colegas do IBMEC que, durante o mestrado, me ajudaram muito com a
troca de ideias, críticas, apoio e por terem compartilhado os mesmos anseios, sucessos,
dúvidas e momentos de tensão que eu.
Por fim, porém não menos importante, gostaria de fazer um agradecimento ao meu
orientador, Prof. Luiz Alberto por tudo o que me ensinou academicamente e por todo o
incentivo que me deu para o desenvolvimento deste trabalho. Gostaria de agradecer
também aos membros da banca examinadora, Prof. Helder e Prof. Raimundo pelas
contribuições feitas.
RESUMO
Este trabalho propõe uma revisão da literatura da Teoria Institucional, com objetivo de discutir e confrontar diferentes perspectivas teóricas aplicadas a um único estudo de caso, o setor de telecomunicações brasileiro. Por ser dinâmico e viver uma realidade de constantes mudanças institucionais, o setor de telecomunicações foi escolhido para esse estudo de caso. A regulamentação do setor faz com que seja muito importante o conhecimento sobre a dinâmica de como as instituições interferem no processo de tomada de decisão das empresas, sua busca por legitimidade e em como alteram seu comportamento por meio das pressões que exercem. Conclui-se o trabalho analisando as entrevistas, por meio do método de análise de conteúdo, e comparam-se os resultados com a teoria instrucional. Observou-se que as empresas multinacionais que atuam no Brasil apresentam vantagens em relação aos grupos nacionais, principalmente por obterem ganho em escala mundial e por apresentarem custos e financiamentos mais atraentes. No entanto, foi observado que as pressões institucionais não variam se as empresas são multinacionais ou não, e sim pela sua outorga de atuação no Brasil. Por fim, propõe-se um diagrama institucional onde os atores mais influentes do setor são evidenciados, assim como o funcionamento de suas relações.
Palavras-chave: Estratégia. Isomorfismo. Legitimidade. Setor de telecomunicações brasileiro. Teoria institucional.
ABSTRACT
This paper proposes a literature review of institutional theory, in order to discuss and compare different theoretical perspectives applied to a single case study, the Brazilian Telecommunications Industry. Being a dynamic and living reality of institutional changing the sector was chosen for this case study. The regulation of the sector makes it very important knowledge about the dynamics of how institutions affect the decision making process of corporate market, his quest for legitimacy and how to alter their behavior through pressures of performing. Concludes the work by analyzing the interviews by the method of Content Analysis and compares the results with the Instructional Theory. It was observed that multinational companies operating in Brazil have advantages compared to the national groups, mainly by gain a global scale and more attractive financing costs. However, it was observed that the institutional pressures do not vary if the companies are multinational or not, but for its granting activities in Brazil. Lastly it is proposed an institutional diagram where the most influential players in the industry are highlighted, as well as the functioning of their relationship. Keywords: Institutional theory. Isomorphism. Legitimacy. Strategy. The Brazilian Telecommunications Industry
LISTA DE FIGURAS Figura 1− PRINCIPAIS PILARES DAS INSTITUIÇÕES (SCOTT, 1995). ........................ 6 Figura 2 - ESTRATÉGIAS E TÁTICAS PROPOSTAS POR OLIVER ............................. 18 Figura 3 - ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO – YIN ........................................................ 24 Figura 4 - REFORMA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO ............ 29 Figura 5 - REGIME PÚBLICO X REGIME PRIVADO ..................................................... 31 Figura 6 - LINHA DO TEMPO DO SETOR ....................................................................... 31 Figura 7 - PRINCIPAIS OPERADORAS NO BRASIL ...................................................... 32 Figura 8 - PRINCIPAIS AQUISIÇÕES DO SETOR .......................................................... 32 Figura 9 - RECEITA DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL ................................................................................................................................ 33 Figura 10 - BASE DE CLIENTES PRÉ E PÓS-PAGO E ARPU ...................................... 34 Figura 11 - DIAGRAMA INSTITUCIONAL PROPOSTO ................................................ 48 Figura 12 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA ANATEL ................................................ 50 Figura 13 - PRINCIPAIS BARREIRAS DE ENTRADA DO SETOR ............................... 55 Figura 14 - CONCESSIONÁRIAS X AUTORIZATÁRIAS .............................................. 59 Figura 15 - ANÁLISE DOS ENTREVISTADOS - DINÂMICA OI X GOVERNO .......... 60
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 4
2.1 TEORIA INSTITUCIONAL ................................................................................................................... 5
2.2 DINÂMICA DAS INSTITUIÇÕES ........................................................................................................ 7
2.3 ISOMORFISMO ................................................................................................................................... 11
2.4 ESTRATÉGIAS DE MUDANÇAS E INFLUÊNCIAS INSTITUCIONAIS ....................................... 15
3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 20
3.1 ESTUDO QUALITATIVO ................................................................................................................... 20
3.2 COLETA DE DADOS .......................................................................................................................... 21
3.3 ESTUDO DE CASO.............................................................................................................................. 23
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO .............................................................................................................. 25
4 O SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO ........................................... 27
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................................... 27
4.2 MODELO REGULATÓRIO BRASILEIRO ........................................................................................ 28
4.3 NÚMEROS DO SETOR ....................................................................................................................... 32
4.4 TRIBUTOS ............................................................................................................................................ 34
5 ANÁLISE DE RESULTADOS ....................................................................................... 36
5.1 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ATORES DO SETOR ..................................................................... 36
5.2 MUDANÇAS NO SETOR X ESTRATÉGIAS UTILIZADAS ............................................................ 41
5.2.1 Concessionárias X Autorizatárias .................................................................................................. 41
5.2.2 Incertezas ....................................................................................................................................... 43
5.2.3 Estratégias: concessionárias X Governo ........................................................................................ 44
5.3 DIAGRAMA INSTITUCIONAL PROPOSTO..................................................................................... 47
5.4 AVALIAÇÃO DA ANATEL ................................................................................................................ 49
5.5 MODELOS INTERNACIONAIS ......................................................................................................... 52
5.6 NOVOS ENTRANTES ......................................................................................................................... 54
5.7 EMPRESAS MULTINACIONAIS X OI .............................................................................................. 56
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 67
APÊNDICES ....................................................................................................................... 72
APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas ....................................................................................................... 72
APÊNDICE B – Ranking de operadoras ..................................................................................................... 73
APÊNDICE C – Ranking de fabricantes ..................................................................................................... 73
APÊNDICE D – Concessões e Autorizações do Grupo OI ......................................................................... 74
APÊNDICE E – Referencial Teórico Pesquisado........................................................................................ 75
APÊNDICE F – Perfil dos Entrevistados .................................................................................................... 77
APÊNDICE G – Bases de Busca utilizadas ................................................................................................. 78
ANEXOS ............................................................................................................................. 79
ANEXO A - Estrutura Acionária OI ............................................................................................................ 79
ANEXO B - Plano Geral de Outorgas – Mapa Brasileiro ........................................................................... 80
ANEXO C - Plano Geral de Outorgas – Localidades .................................................................................. 81
ANEXO D – Oliver 1991 - Tabelas ............................................................................................................. 84
1
1 INTRODUÇÃO
O ambiente industrial em que está inserido o setor de telecomunicações é muito
dinâmico, exigindo grande flexibilidade das organizações para adaptação às profundas
transformações da sociedade, da tecnologia e do mercado. Os novos padrões de competição
requerem que as empresas respondam mais rapidamente a essas mudanças por meio da
introdução, cada vez mais frequente, de novos produtos e serviços, adaptados a um maior
número de segmentos de mercado e a preços competitivos com os dos produtos padrão.
Diversos posicionamentos são sugeridos para o novo cenário do setor de
telecomunicações brasileiro, caracterizado pela abertura de mercado, privatização das
empresas operadoras atuais, pelo intenso desenvolvimento tecnológico, desconhecimento
dos entrantes potenciais, pela grande expansão e diversificação do mercado, e pela
necessidade de vultosos recursos financeiros para investimentos na expansão das redes de
telecomunicações, pesquisa e desenvolvimento tecnológico e de serviços.
O objetivo deste estudo foi identificar como as instituições interferem no processo
de tomada de decisão das empresas do setor de telecomunicações brasileiro. Mais
especificamente, em como o ambiente institucional influencia nas estratégias das empresas
do setor, considerando, principalmente, as operadoras de telecomunicações e, em segundo
plano, os fabricantes de equipamentos e soluções que atuam no Brasil.
O setor de telecomunicações foi escolhido como estudo de caso por ser um setor
regulado pelo governo por meio de sua agência reguladora e por se adequar às definições
apresentadas no terceiro capítulo para estudo de caso único. Essa regulamentação influencia
diretamente as empresas do setor, pois as principais atribuições da agência são:
regulamentar a prestação dos serviços de telecomunicações, editar atos de outorga e
extinguir os direitos de exploração de serviços nos regimes, de acordo com suas regras
vigentes.
Um bom exemplo para ilustrar essa situação é a empresa OI. Ela foi escolhida para
exemplificar este estudo de caso por ser, de acordo com dados da ANATEL e da consultoria
Teleco, a maior empresa concessionária de serviço de telecomunicações fixo comutado (STFC)
da América Latina. Além disso, a empresa atua em outros mercados por meio de produtos
2
oferecidos para os mercados varejo, corporativo e atacado (Voz Fixa, Dados, Longa Distância,
Mobilidade, Banda Larga, TV por Assinatura e Mobile Payment) somando, aproximadamente,
60 milhões de clientes em todo o território nacional. Outro fato importante considerado para a
escolha da OI foi que a empresa possui importantes acionistas, tais como o Banco Nacional de
Desenvolvimento (BNDES) e os Fundos de Pensão: PREVI (Bando do Brasil), FUNCEF
(Caixa Econômica Federal) e PETROS (PETROBRAS), constituindo-se em instituições
financeiras ligadas diretamente ao governo brasileiro. Dessa forma, além da agência reguladora
influenciando diretamente o setor, podemos observar o governo brasileiro com capacidade de
agir indiretamente por meio de suas instituições. Caracteriza-se então uma relação onde o
governo brasileiro é, simultaneamente, o Regulador e Acionista. Esse trabalho procura explorar
essa relação e entender como funciona essa dinâmica.
Considerando-se as outras operadoras concorrentes da OI que atuam no setor de
telecomunicações brasileiro (Telefônica, Telmex/América Móvil, Vivendi, Telecom Itália e
Nextel), pode-se observar outra situação interessante que está aderente à discussão
proposta, ou seja, por serem empresas multinacionais atuando como controladoras de
empresas brasileiras, há vantagens ou desvantagens frente à OI? Elas sofrem as mesmas
pressões institucionais? Tais questionamentos estimulam o estudo da teoria institucional
aplicado ao mercado de telecomunicações brasileiro.
Alguns exemplos recentes das alterações nas regras do setor de telecomunicações,
que tiveram e terão grande impacto nas estratégias das empresas são: a compra da Brasil
Telecom pela OI em 2009,** para tal fato ocorresse houve uma mudança no Plano Geral de
Outorgas; entrada das operadoras móveis virtuais (MVNO) (2011); Projeto de Lei 116, que
regulamenta o mercado de TV por assinatura (2011); Novas Licenças 3G (Nextel em 2010
e a entrada da OI em São Paulo em 2008); transmissão de TV pela internet e pelos
celulares; reativação da Telebrás (2010); Plano Nacional de Banda Larga (PNBL)
(2010/2011); Power Line Communications (PLC) (2010/2011). Conforme exposto durante
as entrevistas, a identidade dos entrevistados foi preservada, assim como sua empresa e
função. Com essa garantia, os entrevistados puderam expressar suas opiniões livremente,
sem futuras preocupações. Dessa forma pôde-se obter informações mais assertivas e
verdadeiras. Foram entrevistados 25 profissionais ligados ao setor de telecomunicações
brasileiro com mais de 15 anos de experiência
3
profissional. As entrevistas foram realizadas entre março e maio de 2011 e gravadas
e transcritas. O material obtido foi analisado pelo método de análise de conteúdo, para
maiores detalhes verificar Capítulo 3.
Este trabalho foi dividido em seis capítulos. No primeiro, foi feita uma introdução
do cenário atual e do contexto do setor de telecomunicações brasileiro, assim como são
apresentados o objetivo e a motivação para realização desse estudo, bem como sua
relevância. No segundo, foi apresentado o referencial teórico que deu embasamento para a
formulação do roteiro de entrevistas demonstrado no Apêndice A. No terceiro, consta a
metodologia que serviu de base para a execução da pesquisa, que foi realizada por meio de
uma abordagem qualitativa e em um estudo de caso único aplicado ao setor de
telecomunicações brasileiro. No quarto, foi apresentado o setor de telecomunicações
brasileiro, na forma de um estudo de caso único, conforme mencionado anteriormente. No
quinto, foi demonstrada a análise de resultados das entrevistas realizadas de acordo com o
capítulo dois e do roteiro de entrevistas (Apêndice A). O método utilizado para análise e
interpretação de dados escolhido para este estudo foi o de análise de conteúdo. Nesse
capítulo, ainda são feitas comparações entre as respostas dos entrevistados, entre a teoria
apresentada no capítulo dois e suas aplicações gerenciais, quando aplicáveis. Por fim, no
sexto, foram feitas as considerações finais que avaliam os resultados obtidos e, ao mesmo
tempo, apresentadas algumas tendências do setor, além de sugerir alguns temas na mesma
linha de estudo da Teoria Institucional para futuros trabalhos, considerando as novas
variáveis e cenários do setor.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
O objetivo deste capítulo foi apresentar a base teórica relacionada à Teoria
Institucional utilizada para fundamentar esse trabalho. No entanto, faz-se necessário
salientar que o capítulo está dividido em quatro partes: Teoria Institucional, Dinâmica das
Instituições, Isomorfismo, Estratégias de Mudanças e Influências Institucionais. Mais
detalhes sobre as bases de busca utilizadas na obtenção dos artigos científicos utilizados,
encontram-se no Apêndice G.
Para organizar o capítulo, o referencial teórico aqui apresentado foi iniciado tendo
como base a análise da obra de Douglass North (1990) sobre as instituições, suas mudanças
e a sua relação com o desempenho econômico. O próximo passo consistiu em uma análise
dos conceitos de isomorfismo e de legitimidade, discutidos por DiMaggio e Powell (1983),
e tratados como as premissas do Neoinstitucionalismo. Outros autores importantes
considerados foram Meyer e Rowan, Richard Scott (1995), Christine Oliver (1991), Mike
Peng (2003) e Kostova et al (2008). Meyer e Rowan (1977), que abordam as influências
que o ambiente institucional pode ter sobre o desenvolvimento de estruturas formais de
uma organização, bem como o caráter preponderante dessas influências, que, em muitos
casos, se mostram mais profundas do que as pressões do mercado. Os artigos de Richard
Scott (1995) consideram a importância da Teoria Institucional para um melhor
entendimento das mudanças nas estruturas sociais. Christine Oliver (1991) propõe respostas
estratégicas para as organizações lidarem com as pressões institucionais sofridas. Já os
artigos analisados de Mike Peng (2003) propõem uma visão estratégica baseada nas
instituições para empresas incumbents e novos entrantes, considerando seus períodos de
transição das instituições. O artigo de Kostova et al (2008) contribuiu para diferenciar as
ideias propostas pelos autores acima de isomorfismo e de legitimidade para as empresas
multinacionais.
5
2.1 TEORIA INSTITUCIONAL
North (1990, p. 3-6) sustenta que as instituições são as regras do jogo em uma
sociedade, ou, mais formalmente, são as restrições projetadas pelos homens que moldam a
interação humana. Por consequência disso, as instituições estruturam os incentivos no
intercâmbio humano, seja ele político, social ou econômico. Basicamente, as instituições
definem o que é ou não é legítimo. O papel mais importante desempenhado pelas
instituições na sociedade é o de reduzir as incertezas por meio de estruturas estáveis para a
interação humana, mas essas estruturas não são necessariamente eficientes.
Scott (2001, p. 50) anui a essas afirmações, considerando que:
(...) Instituições impõem restrições definindo limites legais, morais, e culturais que imprimem legitimidade a atividades ilegítimas, mas também, sustentam e autorizam atividades e atores. Instituições fornecem guias e recursos para agir bem como proibições e pressões sobre a ação.
Não há uma definição única e universalmente aceita de uma "instituição" na Escola
Institucional do Pensamento. Scott (1995, p. 33, 2001, p. 48) afirma que as instituições são
estruturas sociais que atingiram um alto grau de resiliência. Elas são compostas por
componentes cognitivo-culturais, normativos, reguladores e elementos que, com atividades
associadas e recursos, proporcionam estabilidade e significado à vida social. Instituições
são transmitidas por vários tipos de veículos, incluindo sistemas simbólicos, sistemas
relacionais, rotinas e artefatos. Instituições operam em diferentes níveis de competência,
que vão desde o sistema do mundo até a localizada relações interpessoais. Instituições, por
definição, conotam estabilidade, mas estão sujeitas a processos de mudança, tanto
incremental quanto descontínua.
Depois de algum tempo, o comportamento instituído torna-se sedimentado e tomado
como certo. Então, pode ser difícil para os atores até mesmo perceber que seu
comportamento é, em parte, determinado por uma instituição. Agir de acordo com a
instituição é visto como racional por aqueles que compartilham da instituição.
A Teoria Institucional está focada nos aspectos mais profundos e resilientes da
estrutura social, de acordo com Scott (2004). O autor considera os processos pelos quais
6
estruturas, incluindo esquemas, regras, normas e rotinas, tornam-se estabelecidas como
diretrizes para o comportamento social. Ele ainda indaga sobre como esses elementos são
criados, difundidos, adotados e adaptados no espaço e no tempo, inclusive como eles
entram em declínio e desuso. Por fim, o autor comenta sobre a importância da teoria
institucional para um melhor entendimento sobre as mudanças que ocorrem nas estruturas
sociais. A Figura 1 a seguir, proposta pelo autor, apresenta os três principais pilares das
instituições: Regulador, Normativo e Cognitivo.
FIGURA 1− PRINCIPAIS PILARES DAS INSTITUIÇÕES (SCOTT, 1995).
Jepperson (1991, p. 145) define instituição como a "[...]ordem social ou padrão que
tenha atingido certo estado ou propriedade, e a institucionalização significa o processo de
tal aquisição”. Institucionalismo é, de acordo com ele, "[...]uma estratégia teórica que
caracteriza as teorias institucionais e procura desenvolver e aplicá-las", considerando-as
como "processos sociais, obrigações ou realidades vem a assumir um status de regra
semelhante no pensamento social e ação"(autor???
A publicação das obras Novo Institucionalismo em Análise Organizacional
(POWELL e DIMAGGIO, 1991) e Instituições e Organizações (SCOTT e MEYER, 1995)
marcou o renascimento do estudo das instituições no campo das ciências sociais, segundo
os respectivos autores. Esses autores revelam que o Institucionalismo é um campo
altamente complexo, com contribuições delineadas por meio de diversas disciplinas
(economia, sociologia, ciência política e história) e que definem intervalos de tempo para o
Institucionalismo com o velho e o novo Institucionalismo.
Outros autores, tais como Greenwood e Hinings (1996, p. 1023), exemplificam a
combinação entre o velho Institucionalismo, com ênfase no conflito de interesses,
competitividade e influência social, e o novo Institucionalismo, com seu foco na
legitimidade e na incorporação de áreas organizacionais, resultando no comumente
7
chamado “Neoinstitucionalismo”. Ainda segundo os autores, a Teoria Neoinstitucional é
fraca em analisar a dinâmica interna da mudança organizacional e, por consequência, é
omissa sobre o motivo pelo qual algumas organizações adotam uma mudança radical
enquanto outras não, apesar de experimentarem as mesmas pressões institucionais. No
entanto, essa teoria contém insights (compreensões) e sugestões que, em conjunto,
fornecem um modelo de mudança que liga o contexto organizacional com a dinâmica
intraorganizacional.
2.2 DINÂMICA DAS INSTITUIÇÕES
North (1990) então faz uma relação com as estruturas eficientes, onde propõe que as
mudanças econômicas, ao longo dos anos, são decorrentes da evolução de suas instituições.
Basicamente, uma sociedade será mais eficiente quanto maior for sua capacidade de se
adaptar a adversidades ao longo do tempo. O conceito de path dependence, representa a
eficiência econômica. De acordo com ele, não necessariamente com a evolução de suas
instituições, os países chegarão aos melhores resultados. Essa evolução pode estar
fundamentada em tecnologias, governos, restrições informais que levarão a economias
ineficientes, pois o conjunto de decisões tomadas pelos atores no passado irá influenciar o
seu desempenho no futuro. Basicamente, isso significa que a história importa no
desenvolvimento, ou seja, não poderemos entender as escolhas de hoje e defini-las na
modelagem do desempenho econômico, sem rastrear a evolução das instituições.
Um ponto muito importante, comentado pelo autor, que pode influenciar positiva ou
negativamente na eficiência das instituições, é o poder de barganha de alguns atores que,
sob certas circunstâncias, conseguem impor seus objetivos próprios e, assim, moldam as
instituições e sua evolução, visto que regras formais (políticas, jurídicas, monetárias ou
mesmo contratos) em uma sociedade podem ser criadas e alteradas em benefício dos
próprios atores. Ele conclui que estudar o desenvolvimento econômico significa estudar o
desenvolvimento institucional.
8
Ronald Coase (1937) em sua obra A Natureza da Firma afirma: “[...]when it is
costly to transact, institutions matter”. Em uma tradução livre, seria algo mais ou menos
como: quando há custos para negociar as instituições importam. North (1990, p. 30-32), por
sua vez, traduz o conceito de incerteza ao de custos de transação (Transaction costs). Esses
custos de transação se dividem em dois tipos: measurement e de enforcement. O primeiro é
relativo à dificuldade dos agentes em conhecer, de fato, o objeto da transação em curso. O
ponto crucial aqui está na impossibilidade do conhecimento prévio, por parte do agente
comprador, da qualidade do produto comercializado. No limite, esse problema pode abortar
a negociação, anulando possíveis ganhos de comércio. Em linhas gerais, esse custo seria
relativo à assimetria de informações por parte dos agentes. Um exemplo bem simples que
ajuda a clarear o conceito seria uma transação que envolve a compra de um carro usado.
Nesse caso, geralmente o agente vendedor possui informações precisas sobre o estado do
veículo, enquanto o agente comprador, caso este não seja um especialista em mecânica,
dependerá das informações passadas pelo próprio vendedor. Um comportamento
oportunista pode facilmente aparecer em transações dessa natureza.
Os custos de enforcement, por sua vez, referem-se à incerteza dos agentes sobre a
propriedade do bem a ser trocado e, portanto, relacionam-se a problemas de legitimidade da
transação a ser efetuada. A preocupação aqui se volta para transações complexas que
envolvem bens consumidos e produzidos ao longo do tempo, e não meramente a trocas
simples e únicas. Se algum tipo de arcabouço de proteção não estiver presente que
minimize esse tipo de incerteza, observar-se-á que, novamente, as trocas entre agentes
sofrerão reduções. Resumindo o conceito discutido, ante as incertezas, e visando superar os
custos de transação, surgem as instituições.
As instituições também afetam a ação das organizações, restringindo as ações que
são aceitáveis e suportáveis de acordo com sua estrutura funcional (ALDRICH e FIOL,
1994). Em poucas palavras, as instituições ajudam a reduzir a incerteza tanto dos
indivíduos quanto das organizações e como eles interagem uns com os outros.
Com a premissa aceita de que a incerteza leva a negociações que são mais propícias
para o oportunismo, os autores Walker e Weber (1984) e Williamson (1985) decompõem a
incerteza em volatilidade e ambiguidade, e consideram a robustez de cada uma das
alternativas de governança formal e contratação-relacional para cada forma de incerteza.
9
Sua hipótese é que a eficácia dos contratos relacionais, como salvaguardas contra o
oportunismo, vai ser robusta para a volatilidade, mas suscetível para a ambiguidade. Por
outro lado, eles defendem que a eficácia de contratos formais como salvaguardas irá
progressivamente diminuir com o aumento da volatilidade, mas não será tão afetada pelo
aumento na ambiguidade. Tais questões são abordadas no roteiro de entrevistas (Apêndice
A) e em mais de uma oportunidade demonstram aderência ao estudo de caso escolhido. A
partir da análise de resultados apresentada no Capítulo 5, podem-se identificar esses
conceitos nas respostas dos entrevistados.
A lógica subjacente à contratação relacional é que há muitas sanções não-legais que
tornam conveniente para indivíduos e organizações cumprirem os compromissos
(MACAULAY, 1963). Assim, os contratos podem permanecer incompletos, sem induzirem
comportamentos oportunistas. Os fatores que apoiam o intercâmbio relacional têm sido
discutidos basicamente em três formas principais: reputação, continuidade e confiança.
Uma variável adicional que, muitas vezes é considerada, é a história de troca e transações
entre duas empresas. Nesse contexto, a História é, muitas vezes, usada como um elemento
fundamental para a confiança, já que a confiança é presumida que se desenvolve ao longo
do tempo (GULATI, 1995).
Carson, Madhok, e Wu (2006) fazem uma distinção entre volatilidade e
ambiguidade como aspectos de incerteza. Eles se referem à volatilidade como a taxa de
imprevisibilidade e de mudança em um ambiente ao longo do tempo, que geram incertezas
em relação as condições futuras. Uma vez que é difícil antecipar todas as contingências
futuras, possíveis ajustes, geralmente, tornam-se necessários em ambientes voláteis.
Ambiguidade, por outro lado, refere-se ao grau de incerteza inerente à percepção do estado
ambiental, independentemente da sua mudança ao longo do tempo.
A ambiguidade, ao contrário da incerteza, não é relativa à incerteza do futuro,
porém é relativa às experiências entre presente e passado. A ambiguidade envolve vários
aspectos, entre os quais: (i) Falta de informações claras; (ii) Incerteza em relação a
importância das variáveis ambientais; (iii) Incerteza de relações causa-efeito entre as
variáveis, e (iv) Incerteza quanto aos cursos disponíveis de ação e seus efeitos potenciais
(DAFT ; MACINTOSH, 1981)
10
Tanto a volatilidade quanto a ambiguidade tornam as negociações mais favoráveis
para o oportunismo e aumentam sua probabilidade de ocorrência. A volatilidade gera a
necessidade de renegociarmos os acordos para evitarmos uma adaptação inadequada quanto
ao ambiente externo. O confronto e a negociação não-cooperativos são inerentes a tais
renegociações entre os atores (WILLIAMSON, 1985). A ambiguidade, por outro lado,
aumenta a oportunidade de as partes se esquivarem, se enganarem, ou participarem de
oportunismo sem serem apanhadas (OUCHI, 1980). Uma vez que alguns atos de
oportunismo passarão despercebidos quando os comportamentos de alguns atores forem
ambíguos, a ambiguidade reduz sanções (ou seja, as punições) contra o oportunismo,
aumentando assim a probabilidade de sua ocorrência. Da mesma forma, sob a ambiguidade,
alguns atos cooperativos serão incorretamente sancionados como oportunistas, reduzindo os
incentivos para a cooperação.
Pfeffer e Salancick (1978) observam que ambientes politicamente construídos têm
dois fatores característicos: os tomadores de decisões políticas frequentemente não
experimentam diretamente suas ações e as decisões são aplicadas por meio do conselho
para toda a organização. Desses fatores resultam que tais decisões se tornam menos
adaptativas e menos flexíveis. Segundo os autores, nem todo o isomorfismo institucional
deriva, entretanto, da autoridade coercitiva. A incerteza é uma poderosa força que encoraja
a imitação. Quando os objetivos são ambíguos ou quando o ambiente cria incerteza
simbólica, as organizações devem modelar-se em outras organizações. As vantagens do
comportamento mimético na economia do comportamento humano são consideráveis.
Quando uma organização coloca um problema com causas ambíguas ou soluções não
claras, a busca da resposta deve produzir uma solução viável com poucos gastos. No
entanto, em geral, quanto maior a população de pessoal empregado ou consumidores
servidos por uma organização, mais forte a pressão sentida por ela para fornecer programas
e serviços oferecidos por outras organizações. Então, ou uma força de trabalho bem
treinada ou uma ampla base de consumidores deve encorajar o isomorfismo mimético.
11
2.3 ISOMORFISMO
Partindo da discussão anterior, torna-se apropriado chamar atenção para a
classificação proposta por North (1990, p. 5), em que as instituições se dividem
basicamente, quanto a seu grau de formalidade, em formais e informais. Nas instituições
formais, podemos encontrar, por exemplo, leis, regulamentações e regras. Seu pilar de
sustentação seria a regulamentação, isto é, elas teriam um caráter coercivo. Nas instituições
informais, podemos encontrar, por exemplo, normas, princípios, costumes, culturas e ética.
Seus pilares de sustentação seriam o normativo e cognitivo.
A partir dos estímulos oferecidos pela matriz institucional, surgirão diversas
organizações que atuarão na busca de diversos objetivos. As organizações são os principais
agentes de uma sociedade, e, nessa categoria, encontramos os mais diversos entes: políticos
(Partidos, Senado, Agências Reguladoras e etc.), econômicos (Firmas, Sindicatos,
Cooperativas e etc.), Sociais (Igrejas, Clubes, Associações Atléticas) e Educacionais
(Escolas, Universidades e etc.). Para melhor explicar o papel dessas organizações no
modelo, o autor lança mão da metáfora dos jogos esportivos. “Se as instituições são as
regras do jogo, as organizações representam os diversos times que disputam o campeonato
da sociedade”(autor. North conclui que, para maximizar o retorno de suas atividades,
organizações investem, na margem, em atividades econômicas ou políticas. Dessa forma,
ao se depararem com mudanças de preços relativos e preferências ou algum tipo de
mudança exógena ao ambiente econômico, têm duas opções para capturar novas
oportunidades de ganho: (i) rearranjar a relação de insumos e produtos com que trabalham,
sem alterar a matriz institucional sob a qual operam; (ii) investir esforços para mudar essa
matriz, de modo a poder capturar tais ganhos decorrentes de mudanças no ambiente.
Peng (2003) aborda a distinção entre instituições informais e formais com base na
forma como as transações econômicas são realizadas. Nas instituições informais, as
transações são chamadas de contratos relacionais, ou seja, como intercâmbio personalizado,
com base na confiança mútua e no relacionamento. Nos instantes iniciais dessa relação há
um tempo necessário para formar-se a confiança; nesse interregno, os custos são maiores
que o benefícios. Em um instante intermediário, essa situação se inverte, pois as relações já
12
estão formadas e a confiança estabelecida. Por fim, com o aumento do número e da
variedades das transações com o passar do tempo, tais relacionamentos informais e
personalizados atingem, possivelmente, seu limite. A partir desse ponto, os custos de tais
transações passam a serem maiores que os benefícios.
Partindo da situação anterior, Peng observa que as instituições formais vêm para
regularizar o cenário propondo relações comerciais, denominadas arm’s length. Tratam-se
de transações nas quais as partes mantêm “certa distância”. Nesse cenário, é realizado o
intercâmbio impessoal, formal e baseado nas regras, com o reforço de terceiros para
fiscalizar e regular as ações. Nesse modelo, também há custos iniciais elevados, porém,
com o passar do tempo, os benefícios passam a ser maiores que os custos, na medida em
que aumentam a quantidade, a variedade e a complexidade das transações. Esse fato pode
ser observado pelo aumento do número de atores que não precisam de uma relação baseada
no relacionamento personalizado, pois têm confiança em transacionar devido à reputação
das instituições formais que regem o sistema com suas regras. Por fim, Peng propõe
respostas estratégicas para três tipos de empresas, considerando os mesmos períodos de
transições comentados anteriormente. Os três tipos de empresas são: Incumbents, Startups e
Novos Entrantes.
Para uma maior adequação ao estudo de caso proposto com o setor de
telecomunicações brasileiro, iremos focar apenas nas Imcumbents, que, no nosso estudo de
caso, representarão as operadoras de telecomunicações que seriam as concessionárias e os
Novos Entrantes Internacionais, que podemos associar às autorizatárias (mais detalhes do
modelo de atuação das empresas do setor no Capítulo 4).
Para um melhor entendimento do tema proposto por Peng, faz-se necessário
apresentar o conceito de competência sugerido anteriormente. Ele é parte integrante e
bastante abordado, na Teoria Baseada em Recursos (Resource Based View), por outros
autores que apresentam suas definições para o termo. Segundo Wernerfelt (1984), as firmas
são consideradas como “feixes de recursos” ou como conjuntos de competências e
capacidades (PRAHALAD e HAMEL 1990). Esses recursos e capacidades trazem
vantagem competitiva sustentável para as firmas, pois são vistos como elementos raros, de
imitação e substituição difíceis e custosas no quadro de uma organização particular
(BARNEY, 1991, 1997). A ideia de recursos inclui não apenas recursos físicos e
13
financeiros, mas também recursos intangíveis (HALL, 1992) ou invisíveis (ITAMI e
ROEHL, 1987).
O foco deste trabalho foi sobre as instituições formais, mais especificamente, o
poder regulador e coercivo das instituições financeiras, do governo e da agência
reguladora, para alterarem as regras do setor de telecomunicações, permitindo a entrada de
novos modelos de negócio que impactam a estratégia de todas as empresas já estabelecidas
no setor de telecomunicações brasileiro.
Uma organização, ao operar, afeta variáveis políticas e econômicas. Quando seu
cálculo de custo-benefício levá-la a atuar na esfera política, isto é, alterar leis, contratos e
normas, assistiremos a uma mudança institucional. Para melhor explicitar essa concepção, é
introduzido a noção de equilíbrio institucional (NORTH, 1990). Uma dada sociedade estará
nesse equilíbrio quando, dada às condições correntes, nenhum de seus agentes
(Organizações) tiver estímulo para alterar as regras formais e informais (Instituições) sob as
quais essa sociedade opera.
A Teoria Institucional não é normalmente vista como uma teoria de mudança
organizacional, mas, geralmente, é considerada uma explicação da similaridade
(Isomorfismo) e estabilidade de arranjos organizacionais em uma dada população ou área
de interesse organizacional (GREENWOOD e HININGS, 1996, p. 1.023).
Os estudos institucionais destacam a existência de uma similaridade nas formas e
práticas das organizações. A similaridade de estrutura, cultura e resultados tem como
principal objetivo a busca de legitimação e estabilidade entre as organizações. Essa
legitimidade é obtida por meio do isomorfismo, que é “[...]um processo de restrição que
força uma unidade em uma população a se assemelhar as outras unidades que enfrentam o
mesmo conjunto de ações” (DIMAGGIO e POWELL, 1983, p. 76). Segundo os autores,
esse isomorfismo é dividido em coercivo, mimético e normativo a serem descritos a seguir.
O Isomorfismo Coercitivo é definido pelos autores como as pressões, formais ou
informais, entre organizações e que tendem a limitar o espaço para mudanças, estimulando
a adoção de formas estruturais semelhantes. As formas de coerção podem ser mais ou
menos explícitas, mas sempre denotam a necessidade de adequação de forma e
comportamento em relação a uma ou mais organizações dominantes.
14
O Isomorfismo Mimético é definido como um processo de imitação de formas e
estruturas organizacionais percebidas como bem-sucedidas em seu ambiente. O ambiente
tecnológico pode ser demasiadamente ambíguo e as inovações dificilmente compreendidas
pelas organizações. Assim, a incerteza leva à busca por imitação dos modelos vigentes,
tomados de organizações que sejam referência de sucesso. Nesse caso, as grandes e
reconhecidas empresas de consultoria, associações industriais ou comerciais ou ainda
renomados executivos, podem difundir os modelos de sucesso, estimulando sua adoção
pelas organizações. Diferentemente dos processos coercitivos, as organizações que estão
servindo como modelos não necessariamente impõem suas práticas ou estruturas e podem
até mesmo ignorar que estão sendo mimetizadas.
O Isomorfismo Normativo é definido como sendo as normas e regulamentações de
um setor, geralmente derivadas da profissionalização. A profissionalização pode ser
compreendida como:
[...] a luta coletiva de membros de uma profissão para definir as condições e os métodos de seu trabalho, para controlar a produção dos produtores e para estabelecer uma base cognitiva e legitimação para a autonomia de sua profissão (DIMAGGIO e POWEL, ibid.)
Os autores concluem que o efeito líquido das pressões institucionais é aumentar a
homogeneidade das estruturas organizacionais em um ambiente institucional. As empresas
adotam estruturas semelhantes, como resultado de três tipos de pressões: coercitivas,
miméticas e normativas.
De maneira similar, outro exemplo que podemos citar é o estudo de Galakiewicz e
Wasserman (1989) de processos miméticos em que os decisores das organizações, em
condições de incerteza, imitam o comportamento de outros atores em seu ambiente.
Observam-se, em particular, imitações de atores que os decisores já conheciam e nos quais
confiavam devido a interações passadas.
Segundo Hannan e Freeman (1977, p. 957) e Aldrich e Fiol (1994) há dois tipos de
isomorfismo: o competitivo e o institucional. O isomorfismo competitivo é um sistema
racional que enfatiza a competição de mercado, a mudança de nicho e a avaliação de
aptidão, comuns nas áreas de livre mercado e de competição. O isomorfismo institucional,
para, os autores é um conceito útil para entender as políticas e os cerimoniais existentes em
15
várias organizações que competem entre si, não apenas por recursos e clientes, mas por
poder político e legitimidade institucional, com foco em objetivos sociais e econômicos.
Como exemplo desse tipo de Isomorfismo, podemos citar as organizações do setor público
ou organizações presentes em segmentos com baixa competitividade.
Eisenhardt, (1988, p. 492) propõe que a ideia chave por trás da institucionalização é
que muitas ações organizacionais refletem uma maneira de fazer coisas que evolui ao longo
do tempo e torna-se legitimada dentro de uma organização ou ambiente. Essa legitimidade
faz com que coisas sejam feitas de uma certa maneira, pelo simples fato de haver se tornado
o único modo aceitável de fazê-las.
A noção de campo organizacional é um elemento importante para os estudos
realizados sob a luz da teoria institucional, pois representa o espaço onde as pressões para
uma assimilação estrutural emergem. Para DiMaggio e Powel (2005, p. 75), o campo
organizacional pode ser entendido como
[...] organizações que, em conjunto, constituem uma área reconhecida da vida institucional: Fornecedores-chave, consumidores de recursos e produtos, agências regulatórias e outras organizações que produzam serviços e produtos similares.
2.4 ESTRATÉGIAS DE MUDANÇAS E INFLUÊNCIAS INSTITUCIONAIS
Teóricos como Meyer e Rowan (1977), afirmam que o ambiente institucional pode
influenciar fortemente o desenvolvimento de estruturas formais de uma organização, muitas
vezes, mais profundamente do que as pressões do mercado. Em última análise, inovações
propostas por essas estruturas podem atingir um nível de legitimação em que não adotá-las
passa a ser visto como "irracional e negligente". Nesse ponto, as organizações novas e já
existentes irão adotar a mesma forma estrutural, mesmo se o formato utilizado não vier a
melhorar sua eficiência. Os autores argumentam que, muitas vezes, esses "mitos
institucionais" são aceitos apenas para que a organização possa obter ou manter a
legitimidade do ambiente institucional. Organizações adotam o vocabulário dessa estrutura
predominante em seu ambiente, tais como cargos específicos, procedimentos e papéis
organizacionais. A adoção e a exposição proeminente desse modelo institucionalmente
16
aceitável, das chamadas "armadilhas de legitimidade", podem ajudar a preservar uma aura
na ação organizacional baseada na "boa fé".
A legitimidade no ambiente institucional, segundo Meyer e Rowan, ajuda a garantir
a sobrevivência organizacional e, no entanto, as estruturas formais de legitimidade podem
reduzir a eficiência e dificultar a posição competitiva da organização em seu ambiente
técnico. Para reduzir esse efeito negativo, as organizações, muitas vezes, dissociam seu
núcleo técnico de outras de suas estruturas que podem sofrer com tais "armadilhas".
Kostova et al (2008) argumentam que as multinacionais exercem uma manipulação
em atores específicos e usam a negociação visando a construção de sua aceitação e
aprovação social. Alcançar legitimidade, nesse contexto, torna as empresas menos, não
mais, semelhantes. Portanto, em empresas multinacionais, a ênfase é sobre mecanismos
alternativos de legitimação. Nesse caso, o caminho para se tornarem legítimas aos olhos
dos atores mais importantes de legitimação é negociar essa situação individualmente. Pela
negociação, que significa um processo político de interação, comunicação e intercâmbio,
cria-se uma certa percepção de legitimidade sobre a organização multinacional sem que
necessariamente ela tenha que implementar alguns modelos e práticas isomórficas locais.
Outros autores ainda definem legitimidade como mais uma construção social do que uma
função de isomorfismo para as multinacionais.
Ainda segundo os autores, o Isomorfismo Institucional é limitado nas empresas
multinacionais devido à atuação destas em vários países em diferentes campos
organizacionais. Essas empresas não dependem tanto de um único país, ou seja, caso haja
uma pressão institucional muito forte em um determinado país, ela pode continuar
prosperando, o que a torna, de certa forma, mais forte perante as empresas locais. Se há
alguma expectativa para que acatem as pressões institucionais locais, esta será limitada aos
domínios regulamentares e legais e não atingirá o isomorfismo proposto em um campo
organizacional. Podemos observar, mais uma vez, grande aderência da teoria vista por esse
ângulo com o estudo de caso do setor de telecomunicações brasileiro, visto que há diversas
multinacionais no controle de operadoras de telecomunicações brasileiras. Esse processo de
aquisição veio evoluindo desde a privatização do setor em 1998. Os principais grupos
internacionais são espanhóis, mexicanos, italianos, franceses e, por último, os portugueses.
Mais detalhes são expostos no Capítulo 4.
17
A força das pressões isomórficas pode ser experimentada em diferentes graus, e
requer a formulação de diversas estratégias de ação. Estas podem variar consoante o
conteúdo de tais pressões, dos motivos que as geram, de quem as exerce, de como, por
quais meios e onde são exercidas, e também em razão da natureza da atividade da
organização, das suas características internas e da sua localização no campo organizacional
(OLIVER, 1991; POWELL, 1991; SCOTT, 2001).
Oliver (1991) elabora uma tipologia das diferentes reações estratégicas de
organizações às pressões ambientais, cuja variação parte da conformidade até a resistência
a elas, uma vez que o confronto entre a necessidade de manter a eficiência e o almejado
alcance de legitimidade institucional pode se tornar uma fonte de conflitos internos. Assim,
a conformidade com as exigências do ambiente não é inevitável: se a resistência é passível
de ameaçar a sobrevivência organizacional, ao acarretar retaliações, perda de recursos ou de
apoio externo, a conformidade pode conduzir ao mesmo caminho, por causar rigidez
estrutural e processual em organizações que encontram dificuldade de adaptação. Desse
modo, os princípios da Teoria Institucional não expressam somente a emergência de
passividade, permanência e conformidade, mas também de reação, variação e mudança nas
organizações. Partindo do pressuposto de uma variação potencial nessas dimensões do
comportamento organizacional, a autora apresenta uma síntese de cinco comportamentos
estratégicos que as organizações podem adotar em resposta às pressões para a
conformidade com o ambiente institucional. Então cinco tipos de respostas estratégicas são
propostas: concordar, conciliar, evitar, desafiar e manipular.
A Figura 2a seguir apresenta as estratégias e táticas propostas por Oliver:
18
FIGURA 2 - ESTRATÉGIAS E TÁTICAS PROPOSTAS POR OLIVER
A partir do quadro anterior, podemos estabelecer uma graduação consoante a maior
ou menor resistência das empresas a pressões institucionais, onde concordar seria o nível
mais baixo de resistência e manipular, o mais alto. Tais estratégias de respostas das
empresas foram analisadas nesse estudo para buscar determinar quais são as práticas mais e
menos comuns e se realmente tais estratégias se aplicam ao setor de telecomunicações
brasileiro.
No Anexo E, são apresentados os antecedentes institucionais que classificam e que
geram as respostas estratégicas esperadas para seu respectivo antecedente. Inclusive,
algumas perguntas do roteiro de entrevista (Apêndice A) partiram da análise de tais
antecedentes aplicados ao estudo de caso visando proporcionar um maior embasamento
teórico.
De acordo com Oliver (1991), considerando os antecedentes institucionais, quanto
maior o número de agentes que exercem as pressões, maior a dependência organizacional
por recursos críticos providos por esses agentes. E quanto maior for o grau de restrição
imposto às organizações pelas instituições, maior a probabilidade de observarmos todas as
respostas estratégias. A escolha desses antecedentes institucionais foi feita em razão da alta
aderência ao tema proposto no estudo de caso.
19
Um aspecto interessante proposta por North (1990), com a dinâmica da matriz, e por
Oliver (1991), com as suas respostas estratégicas, é o que trata das organizações alterando
as instituições de acordo com os seus interesses, utilizando as respostas estratégicas. Visto
sob esse aspecto, tem-se que o tema escolhido para o estudo de caso novamente demonstra
adequação à teoria, principalmente no que tange ao relacionamento das empresas de
telecomunicações (mais especificamente as operadoras) com o governo.
20
3 METODOLOGIA
O objetivo deste capítulo foi apresentar a metodologia adotada na elaboração deste
trabalho. Foi feita uma revisão bibliográfica da Teoria Institucional, exposta no Capítulo 2,
aplicada a um estudo de caso único, o setor de telecomunicações brasileiro, exposto no
Capítulo 4. Este capítulo está organizado em 4 partes: Estudo Qualitativo, Coleta de Dados,
Estudo de Caso e Limitações do Método.
3.1 ESTUDO QUALITATIVO
O estudo foi realizado por meio de uma abordagem qualitativa. Para
complementação, foram realizadas 25 entrevistas em profundidade com executivos do setor
de telecomunicações com mais de 15 anos de experiência e membros do governo, entre
março e maio de 2011, que foram submetidas ao método da análise de conteúdo e que, ao
final, puderam nos prover um estudo de caso único, por meio do qual foi possível observar,
na prática, os impactos das instituições no cotidiano das empresas do setor de
telecomunicações. Como fontes secundárias, foram analisados documentos públicos
(Relatórios anuais, incluindo diversos materiais escritos como a literatura acadêmica e
técnica, jornais, sites das empresas envolvidas e revistas especializadas). Estatísticas
obtidas de diversas fontes foram utilizadas com a finalidade de explicitar a grandeza, o
comportamento e a qualidade em relação aos aspectos socioeconômicos e de desempenho
empresariais considerados relevantes.
Segundo Godoy (1995, p. 58), a pesquisa qualitativa “(...) parte de questões ou
focos de interesses amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve”.
Essa abordagem pode ser classificada simultaneamente como pesquisa de desenvolvimento
e exploratória. No primeiro caso, visa-se ao desenvolvimento de processos e instrumentos,
que são os modelos, sistemas, técnicas, políticas e estratégias de ação. Enquanto a pesquisa
exploratória, do tipo projetiva, é utilizada para prospecção e caracterização de cenários,
21
situações e tendências (MATTOS, 1996, p. 8-9). As conclusões então são restritas e não
podem ser generalizadas, pois o objetivo principal do trabalho é refletir com o leitor e não
aplicar métodos estatísticos de análise.
Para Flick (2004), a abordagem qualitativa atende a necessidades mais indutivas. Ou
seja, ao invés de partir de teorias já existentes para testá-las em campo, a meta é
desenvolver novas teorias. As conclusões então são restritas e não podem ser generalizadas,
pois o objetivo principal do trabalho é refletir com o leitor e não aplicar métodos
estatísticos de análise (MATTOS, 2006). E como não se pretende chegar a dados
estatísticos ou numéricos para contabilizar pessoas ou opiniões, os dados na abordagem
qualitativa são obtidos a partir de um número relativamente pequeno de respondentes.
Flick (2004) também nos lembra que na pesquisa qualitativa, números dão lugar a
textos. Enquanto na pesquisa quantitativa, eles são os personagens principais, na qualitativa
o texto é o protagonista. O texto é a base tanto para a interpretação dos dados, como para a
comunicação das descobertas. Flick (2004) aponta ainda que, nesse caso, os dados podem
ser verbais ou visuais (fruto da observação atenta do entrevistador), sendo transformados
em texto por gravação e transcrição.
3.2 COLETA DE DADOS
Na abordagem qualitativa, ao contrário do que comumente ocorre na quantitativa, os
entrevistados não são selecionados aleatoriamente. Nesse caso, o processo de seleção tem
uma grande relevância, pois os entrevistados devem ser pessoas que possam contribuir
sobre o tema em estudo (FLICK, 2004). O entrevistador deve usar um mínimo de
sugestões e questões de orientação (COOPER et al., 2003). Seu objetivo é guiar o
entrevistado por entre os assuntos que precisam ser abordados. Assim, em se tratando de
uma pesquisa qualitativa, não há questionário porque, como afirmam Aaker et al. (1999),
algumas vezes pode não ser possível ou desejável obter as informações dos respondentes
pelos métodos formais e totalmente estruturados. Dessa forma, o instrumento utilizado é
um roteiro não-estruturado ou semiestruturado que serve para guiar a entrevista. A
22
sequência das perguntas não é fixa, podendo variar de acordo com a lógica de cada
entrevistado. Tal roteiro semiestruturado é extremamente útil para se obter diferentes
opiniões sobre um dado assunto. Dada a riqueza de informações possíveis, dificilmente elas
seriam capturadas por meio de um questionário estruturado. Nesse tipo de entrevista, o
pesquisador procura cobrir uma lista específica de assuntos. O momento, as palavras exatas
e o tempo alocado para cada uma das questões fica a critério do pesquisador que ganha,
com essa estrutura aberta, a oportunidade para explorar fatos ou atitudes inesperados
(AAKER et al., 1999).
Sampson (1986) argumenta que a pesquisa qualitativa, faz uso de amostras menores
e não-probabilísticas, ao contrário da pesquisa quantitativa. Por essa razão, esse estudo
utilizará dois tipos de seleção não-probabilística de amostra citados por Cooper e Schindler
(2003), frequentemente utilizados em metodologias qualitativas: (i) a seleção proposital, em
que se escolherá entrevistados de acordo com suas características pessoais e experiências e
(ii) o método “bola de neve”, em que os próprios entrevistados indicam outros que possuam
características ou experiências similares às suas.
A seleção dos entrevistados seguiu o seguinte critério: Ser um executivo ligado ao
setor de telecomunicações e ter trabalhado por um período mínimo de 15 anos em:
Operadoras de Telecomunicações, Fabricantes, ANATEL, BNDES ou Fundos de Pensão
com participação direta nas empresas do setor de telecomunicações brasileiro como
acionistas. Foram feitas 25 entrevistas em profundidade para que fossem abordados os
pontos mais relevantes do estudo. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente,
transcritas. O período de realização das entrevistas foi de março a maio de 2011.
Com base nos pressupostos expostos anteriormente e na teoria exposta no Capítulo
3, foi elaborado um roteiro que serviu como base para guiar as entrevistas pessoais e
individuais em profundidade. O roteiro completo encontra-se no Anexo 1.
23
3.3 ESTUDO DE CASO
Yin (2001) discute que a adoção do Método do Estudo de Caso é adequada quando
são propostas questões de pesquisa do tipo “como” e “por que”, e nas quais o pesquisador
tenha baixo controle de uma situação que, por sua natureza, esteja inserida em contextos
sociais. Embora o pesquisador utilize um quadro teórico referencial como ponto de partida
para utilização do método, alguns estudos organizacionais enquadram-se em situações em
que o pesquisador se vê frente a frente com problemas a serem compreendidos e para os
quais estudos experimentais não podem ser aplicados; ou em situações nas quais estudos de
natureza predominantemente quantitativa não dão conta dos fenômenos sociais complexos
que estejam envolvidos.
Yin (2001) classifica os projetos de estudo de caso como sendo: Estudo de Caso
Único e Estudo de Casos Múltiplos. É fundamental que seja feita essa distinção na coleta de
dados, inclusive quanto à profundidade esperada entre os dois, pois se espera uma
profundidade maior no estudo de caso único.
O estudo de caso único, análogo a um experimento único, representa um teste
decisivo para uma teoria significativa. Em termos gerais, o estudo de caso único é
justificável quando o caso representar um teste crucial da teoria existente; quando o caso
for um evento raro ou exclusivo; ou servir a um propósito revelador. Já estudos de casos
múltiplos são aqueles em que várias unidades de estudo são analisadas. Podem-se
considerar casos múltiplos como experimentos múltiplos, seguindo-se, assim, a lógica da
replicação, diferentemente do entendimento existente no passado, quando se considerava,
erroneamente, que os casos múltiplos eram semelhantes aos respondentes múltiplos em um
levantamento.
Esse método, assim como os métodos qualitativos, é útil quando o fenômeno a ser
estudado é amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para
suportar a proposição de questões causais e nos casos em que o fenômeno não pode ser
estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre (BONOMA, 1985). A partir de tais
24
análises, o método de estudo de caso único foi escolhido para analisar o setor de
telecomunicações brasileiro.
Yin (2004) enfatiza que o método de pesquisa de estudo de caso aplica-se quando se
deseja explicar ligações causais na vida real que são muito complexas para serem
abordadas pelos surveys ou estratégias experimentais. O autor ainda afirma que esse
método de pesquisa desponta-se quando se deseja entender fenômenos sociais complexos,
pois pode ser utilizado quando o caso a ser estudado mantém as características holísticas e
importantes dos eventos da vida real, tais como processos organizacionais e
administrativos, mudanças em regiões urbanas, relações internacionais, maturação de
setores econômicos e outros.
O método de estudo de caso é uma estratégia que abrange todas as etapas de uma
pesquisa, ou seja, trata do seu planejamento, da coleta de dados e da análise desses dados
(YIN, 2004). Apresentam-se então na Figura 3 as situações relevantes para diferentes
estratégias de pesquisa para auxiliar na escolha da metodologia:
FIGURA 3 - ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO – YIN
Segundo Eisenhardt (1989), o método de pesquisa de estudo de caso possibilita o
desenvolvimento de teorias baseadas na narrativa histórica, na possibilidade de teste e
validade empírica que surgem a partir da íntima ligação entre as evidências empíricas. A
mesma autora completa que, considerando-se a força de sua abordagem de construção de
teoria e a sua independência de literaturas anteriores ou de observações empíricas passadas,
o estudo de caso é bem apropriado para novas áreas de pesquisa ou para áreas onde as
teorias existentes parecem inadequadas, como é o caso da pesquisa proposta onde há
poucas evidências de estudos combinando a teoria institucional com o setor de
25
telecomunicações no Brasil. A autora afirma ainda que esse método é altamente
complementar ao desenvolvimento de teoria incremental de pesquisa científica.
O método para análise e interpretação de dados escolhido para esse estudo foi o de
análise de conteúdo, proposto por Bardin (2007), uma vez que se aplica a discursos
extremamente diversificados. A autora menciona que a análise de conteúdo consiste em
[...] um conjunto de técnicas de tratamento de dados para análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) de mensagens.
O método de análise de conteúdo engloba as iniciativas de explicitação,
sistematização e expressão do conteúdo de mensagens, com a finalidade de se efetuarem
deduções lógicas e justificadas a respeito da origem dessas mensagens.
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
Dado o caráter qualitativo da pesquisa e a especificidade do tema do estudo de caso
alinhado à Teoria Institucional, as considerações ao final do estudo são restritas a este
trabalho e não podem ser generalizadas.
Outro ponto que não nos permite fazer generalizações, diz respeito à
representatividade do estudo, pois conta com uma população reduzida de,
aproximadamente, 25 pessoas. Tal fato é decorrente da escolha dos entrevistados se dar por
conveniência do entrevistador, utilizando sua rede de contatos e indicações dos próprios
entrevistados, porém, respeitando o critério de seleção estabelecido anteriormente.
O método de coleta de dados utilizado e a entrevista em profundidade, também
trazem dificuldades e limitações, pois o entrevistador conta apenas com o relato do
entrevistado, dessa forma a primeira dificuldade repousaria na possibilidade de o
entrevistado esquecer detalhes importantes ou mesmo confundi-los. Com relação aos dados
coletados por meio das entrevistas, também poderemos ter erros ou imprecisões, pois fica a
cargo do entrevistador perceber tais fatos. Com relação à interpretação dos dados coletados,
26
dada a particularidade do tema e por depender da experiência do entrevistador, pesquisas
futuras sobre o mesmo tema e utilizando o mesmo roteiro de entrevista podem levar a
resultados distintos.
27
4 O SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO
O objetivo desse capítulo é apresentar o setor de telecomunicações brasileiro como
estudo de caso para esse trabalho, para isso, foi dividido em quatro partes. Na primeira
parte é feita uma breve introdução e contextualização do setor; na segunda, é apresentado o
modelo regulatório que foi adotado no Brasil; na terceira, são apresentados os principais
números e dados do setor, por fim, na quarta, apresentam-se os principais tributos
incidentes no setor.
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Desde que o setor de telecomunicações foi privatizado, em 1998, houve um
aumento exponencial em todos os serviços prestados pelas operadoras. Segundo dados da
ANATEL, pode-se observar que após treze anos de privatização do setor houve um
crescimento de 853% na oferta de serviços, pois o número de clientes passou de,
aproximadamente, 30 milhões para 286 milhões, em dezembro de 2010, entre os usuários
de telefonia fixa, móvel, banda larga e TV por assinatura. Graças às constantes mudanças
nas regras do setor, por meio da ANATEL, e das contribuições de todos os atores
envolvidos durante todos os processos de consultas públicas, podemos observar uma boa
sinergia e grande aplicação entre o referencial teórico e o estudo de caso.
O mercado brasileiro de telecomunicações é regulado pela Agência Nacional de
Telecomunicações - ANATEL. De acordo com seu site na internet, sua missão é promover
o desenvolvimento das telecomunicações do país, de modo a dotá-lo de uma moderna e
eficiente infraestrutura de telecomunicações, capaz de oferecer à sociedade serviços
adequados, diversificados e a preços justos, em todo o território nacional. A ANATEL é
uma autarquia especial criada pela Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472, de 16 de
julho de 1997), é administrativamente independente, financeiramente autônoma e não se
subordina hierarquicamente a nenhum órgão de governo, dessa forma, suas decisões só
28
podem ser contestadas judicialmente. Do Ministério das Comunicações, a ANATEL herdou
os poderes de outorga, regulamentação e fiscalização e um grande acervo técnico e
patrimonial. De acordo com o art. 8.º da LGT, a ANATEL tem a função de órgão regulador
das telecomunicações e a ela compete, conforme estabelecido no art. 1º.
Organizar a exploração dos serviços de telecomunicações, incluindo, entre outros aspectos, o disciplinamento e a fiscalização da execução, comercialização e uso dos serviços e da implantação e funcionamento de redes de telecomunicações, bem como da utilização dos recursos de órbita e espectro de radiofrequências. Compete também à ANATEL, conforme o art. 19 da LGT, adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, entre outras.
Destacam-se ainda, entre as competências da ANATEL, a adoção de medidas no
sentido de impedir a monopolização do mercado, reprimir as infrações à ordem econômica,
assegurar o uso eficiente do espectro radioelétrico, bem como de qualquer outro meio
natural limitado que seja utilizado na prestação de serviços de telecomunicações, e
estimular a participação ativa do setor de telecomunicações brasileiro no contexto
internacional.
4.2 MODELO REGULATÓRIO BRASILEIRO
De acordo com o Plano Geral para Atualização da Regulamentação das
Telecomunicações no Brasil (PGR), a reforma estrutural das telecomunicações no Brasil
partiu da constatação de que o modelo então vigente, essencialmente monopolista e não
diversificado, gerou uma regulamentação não compatível com a então realidade mundial,
ditada por forças inter-relacionadas, tais como a globalização da economia, a evolução
tecnológica e a rapidez das mudanças no mercado e nas necessidades dos consumidores.
Um novo modelo institucional para as telecomunicações brasileiras começou então
a ser concebido, buscando adequar a estrutura do setor ao novo cenário que se pretendia
para o Brasil, tendo como referência os direitos dos usuários dos serviços de
telecomunicações e o incentivo ao aumento da participação de capitais privados, nacionais
29
e estrangeiros. Esse novo modelo foi desenvolvido e abaixo são apresentados apresentam-
se os objetivos principais dessa reforma:
FIGURA 4 - REFORMA DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO
O modelo atual das telecomunicações brasileiras é suportado por um conjunto de
objetivos que podem ser sintetizados em duas ideias principais: competição na exploração
dos serviços e universalização do acesso aos serviços básicos.
A Lei Geral de Telecomunicações (LGT) e a regulamentação decorrente
estabeleceram: (i) Os princípios fundamentais do novo modelo institucional e do setor; (ii)
Uma nova classificação para os serviços de telecomunicações (quanto ao interesse e ao
regime de exploração); e (iii) A reestruturação e a desestatização.
Convém destacar o Plano Geral de Outorgas (PGO), cujo advento fez com que a
estrutura do setor de telecomunicações passasse a contar com três grandes holdings de
concessionárias regionais locais de telefonia (T1, T2 e T3). Mais detalhes do PGO são
apresentados nos Anexos C e D.
A T1 constituiu a Tele Norte/Nordeste/Leste (hoje OI), abrangendo 16 estados da
União; a T2, chamada de Tele Centro/Sul, atual Brasil Telecom, abrangeu 9 Estados e o
Distrito Federal; e, por último, a T3, formada pela operadora de São Paulo − Telesp (hoje
Telefônica). Manteve-se, entretanto, a Embratel com sua configuração tradicional. Por
último, realizou-se licitação para expedição de termos de autorização de operação de
quatro empresas-espelho, nas respectivas áreas T1, T2, T3 e da Embratel. Nos anexos B e C
30
pode-se visualizar melhor como foi distribuído o PGO, as empresas atuantes e suas
respectivas localidades.
Para cada empresa privatizada criou-se uma empresa espelho que estava autorizada a
oferecer exatamente o mesmo serviço e fazer concorrência às concessionárias. Dessa
forma, as empresas espelho foram: a Intelig da Embratel, a Vésper S/A da Telemar (OI), a
Vésper (S.P.) S/A da Telefônica e a GVT da Brasil Telecom.
Em relação à exploração dos diferentes serviços, a decisão governamental foi a de
que as três empresas regionais (Concessionárias) deveriam explorar os serviços locais,
interurbano intraestadual e interestadual, dentro de sua região de concessão. A Embratel,
por sua vez, exploraria os serviços interestaduais e internacionais e internacional em todo o
País. Haveria, portanto, competição entre as empresas regionais e a Embratel. Cumpre
ressaltar, contudo, que a referida competição não ocorreria inicialmente nos serviços locais
(restritos às empresas regionais e aos novos operadores locais) nem nos de longa distância
inter-regiões de concessão e internacional (restritos à Embratel e aos novos operadores de
longa distância nacional e internacional).
A estrutura de mercado inicialmente estabelecida foi caracterizada por um duopólio
na telefonia local, em que a empresa incumbent (Concessionária) teria como concorrente
uma empresa espelho (Autorizatária) e por um oligopólio na telefonia intra-regional,
formada pelas autorizadas, pelas Concessionárias regionais e pelas duas empresas de
atuação nacional Embratel e Intelig. A estrutura de mercado da telefonia de longa distância
inter-regional e internacional consistiria em um duopólio dessas duas últimas empresas.
A ANATEL classifica os serviços prestados quanto aos interesses que eles atendem:
Coletivo: Prestação obrigatória a qualquer interessado na sua fruição, em
condições isonômicas. Regime das Concessionárias.
Restrito: Destinados ao uso do próprio executante ou a determinados grupos
selecionados a critério da prestadora. Regime das Autorizatárias.
31
Quanto à natureza dos contratos de serviços, podemos visualizar melhor na Figura 5 a
seguir:
FIGURA 5 - REGIME PÚBLICO X REGIME PRIVADO
Nos Estados Unidos há uma analogia entre as Concessionárias e as Autorizatárias.
As Concessionárias são as chamadas Incumbent Local Exchange Carrier (ILEC) e as
Autorizatárias são chamadas de Competitive Local Exchange Carrier (CLEC). Com o
intuito de esclarecer e exemplificar essa questão, no Apêndice D apresenta-se todas as
concessões e autorizações do grupo OI.
O modelo brasileiro é composto por diferentes leis e regulamentos que evoluíram de
maneira independente, a seguir apresentam-se os principais marcos regulatórios em uma
linha do tempo, de acordo com dados extraídos da ANATEL em janeiro de 2011 e expostos
a seguir na Figura 6:
FIGURA 6 - LINHA DO TEMPO DO SETOR
32
4.3 NÚMEROS DO SETOR
Com o intuito de mensurar a representatividade e o tamanho do setor de
telecomunicações brasileiro, esse tópico destina-se a apresentar os seus principais números
e dados. As informações a seguir foram obtidas após consultas ao site da ANATEL e do
Portal Teleco, ambos com ano base de 2010 e consultas realizadas em janeiro de 2011 e
expostos na Figura 7 a seguir:
FIGURA 7 - PRINCIPAIS OPERADORAS NO BRASIL
FONTE: TELECO (JANEIRO DE 2011)
Seguindo uma tendência mundial, o mercado brasileiro passa por um período de
consolidação dos players. A Figura 8 a seguir mostra uma tabela que apresenta as
aquisições mais recentes no setor brasileiro:
FIGURA 8 - PRINCIPAIS AQUISIÇÕES DO SETOR
FONTE: TELECO (JANEIRO DE 2011)
33
Para obter mais informações, sobre as operadoras de celulares e de
telecomunicações no cenário mundial, no Anexo 3 é apresentada uma tabela com suas
respectivas classificações. As tabelas foram baseadas em dados extraídos dos relatórios
anuais (20F), no período de janeiro de 2011 a maio de 2011, de cada empresa e com base
na Receita Líquida de 2010 como principal indicador, porém, são apresentados outros
indicadores como: margem EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, And
Amortization), investimentos, dívida líquida, número de funcionários e de clientes.
A seguir, a Figura 9 apresenta as principais operadoras de telecomunicações que
atuam no Brasil, em razão de suas receitas (Bruta e Líquida), do seu market share e em
números de acessos:
FIGURA 9 - RECEITA DOS PRINCIPAIS GRUPOS DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL
FONTE: TELECO (JANEIRO DE 2011)
Ainda de acordo com os números apresentados na Figura 9 pode-se perceber que a
Telefônica é o maior grupo de telecomunicações do Brasil, considerando a receita líquida
de aproximadamente R$ 33 bilhões no acumulado de 2010. Outros dois itens muito
importantes que caracterizam e servem de avaliação de rentabilidade para o setor de
telefonia móvel são: a base de clientes pré-pago e pós-pago e o Average Revenue Per User
(Arpu) ou Receita Média Mensal por Usuário, que são apresentados a seguir na Figura 10,
também com dados extraídos em janeiro de 2011:
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FIGURA 10 - BASE DE CLIENTES PRÉ E PÓS-PAGO E ARPU
A partir da Figura 10, a seguinte análise pode ser feita: Quanto maior o ARPU
melhor, pois maior será a receita e quanto maior a base de pós-pago melhor, pois esse perfil
de clientes representa um compromisso de receita por meio de uma assinatura mensal para
as operadoras de telecomunicações, seja em serviços de voz (fixa ou móvel) ou dados (fixo
ou móvel. Por outro lado, uma outra análise pode ser feita, no caso brasileiro tem-se um
número muito baixo de clientes pós-pagos, da ordem de 22%, se fizermos uma média da
base de clientes.
4.4 TRIBUTOS
Esse item tem por objetivo apresentar a carga tributária do setor de
telecomunicações brasileiro, considerando os seus principais impostos incidentes.
Conforme será discutido na análise resultados mais adiante, tais impostos representam
grande impacto no setor como um todo. De acordo com uma consulta realizada em maio de
2011 no site da ANATEL e no Portal Teleco, os principais impostos incidentes no setor são
COFINS (3%), PIS/PASEP (0,65%), ICMS (25%*), FUST (1%) e FUNTTEL (0,5%).
35
*Com relação ao ICMS, o valor da alíquota de 25% é o menor hoje em dia para serviços de voz e dados. Estados como: Rio de Janeiro, Mato Grosso, Pará e Paraíba contabilizam um ICMS de 30%, figurando como os mais altos do Brasil para este tipo de serviço.
FISTEL - Foi criado pela Lei nº 5070 de 07/07/66 e tem por finalidade prover
recursos para cobrir despesas feitas pelo Governo Federal na execução da fiscalização de
serviços de telecomunicações, desenvolver os meios e aperfeiçoar a técnica necessária para
essa execução.
FUST -> Foi criado no ano 2000, o Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (FUST) que tinha como objetivo arrecadar recursos entre as empresas de
telecomunicações para sustentar a expansão da telefonia fixa no país.
FUNTTEL - Foi instituído pela Lei no 10.052, de 28/11/2000. Esse fundo tem a
finalidade de estimular o processo de inovação tecnológica, incentivar a capacitação de
recursos humanos, fomentar a geração de empregos e promover o acesso de pequenas e
médias empresas a recursos de capital, de modo a ampliar a competitividade da indústria
brasileira de telecomunicações.
Outros tributos -> Além desses tributos, incidem também sobre as empresas de
serviços de comunicações: Imposto de Renda sobre Pessoas Jurídicas (IRPJ) – 15%;
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSSL) – 9%; Imposto sobre Operações
Financeiras − IOF; outras contribuições, tais como a Contribuição de Intervenção do
Domínio Econômico (CIDE); encargos trabalhistas.
Existe ainda cobrança de taxas e tributos relativos aos direitos de passagem de cabos
e à implantação de infraestrutura por parte de algumas prefeituras e outros órgãos do
governo em geral. Por exemplo, para o caso de estradas, aeroportos, terras indígenas e etc.
Dessa forma, a questão da desoneração fiscal volta a ganhar importância dado que a
política governamental deverá manter as condições de mercado necessárias ao grau de
intensidade de competição requerido na indústria, por meio de incentivos ou limitações às
empresas concorrentes.
36
5 ANÁLISE DE RESULTADOS
Antes de iniciar a análise dos resultados obtidos nas entrevistas, faz-se necessário
uma descrição breve de como essa análise foi norteada. Primeiramente, buscou-se
identificar os impactos gerenciais para as organizações, para a teoria e, por fim, em
trabalhos futuros. Após as entrevistas realizadas e transcritas, o método de análise de
conteúdo foi utilizado, conforme descrito em detalhe no Capítulo 3. A partir desse ponto,
com o material todo consolidado, os pontos mais relevantes foram destacados. Neles foram
feitos três tipos de comparações: comparação entre os entrevistados; comparação entre os
entrevistados e a teoria; e por fim, comparação entre os itens anteriores e a parte
internacional. Todos esses itens foram observados nas respostas dos entrevistados, e,
quando identificados, foram comparados adequadamente.
5.1 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES E ATORES DO SETOR
Esse item é dedicado ao modo como os entrevistados definem quais são as
principais instituições que influenciam o setor de telecomunicações brasileiro, de que
maneira elas exercem tal influência e como podem promover mudanças institucionais no
Brasil. As perguntas utilizadas como referência para esse tema nas entrevistas foram as de
número 4, 5, 6 e 11 do Apêndice A. Dessa forma, apresento abaixo as principais
instituições e atores que, de alguma maneira, exercem influências no setor. Os principais
atores influenciadores identificados no setor de telecomunicações brasileiro são:
ANATEL; Associações; Consumidores; Fabricantes; Governo Federal; Governos
Estaduais; Operadoras de Telecomunicações e Órgãos de Defesa do Consumidor;
A ANATEL, por ser uma autarquia federal com atribuição de regular e fiscalizar o
exercício das atividades das empresas de telecomunicações, atua como principal agente
influenciador no setor, de acordo com todos os entrevistados. Todos descreveram as
atribuições da agência conforme àquelas descritas mais detalhadamente no Capítulo 4.
37
Basicamente, a ANATEL transforma as políticas definidas pelo Governo em práticas,
regulamentos, regras, portarias, etc.; atua no fomento da competição saudável, fiscalizando
o cumprimento das regras pelas empresas, dado que para o consumidor final o foco é ter
um serviço de qualidade, acesso para todos respeitando a situação isonômica do mercado.
Caso as regras não sejam cumpridas, a ANATEL autua as empresas com multas, de
maneira a forçar sempre o seu cumprimento.
As Associações, sejam elas constituídas por usuários ou por empresários do setor
(Provedores de banda larga; Empresas de TV a Cabo; Assinantes de telefonia fixa e de
telefonia móvel; Operadoras Concessionárias; Operadoras Autorizatárias e Fabricantes),
atuam de forma a pressionar não só o governo, mas também as operadoras e fabricantes
para que sejam cumpridas as metas, flexibilizados os acessos, ou até mesmo modificada a
forma como determinada questão foi regulamentada. Exercem bastante pressão não só no
governo, mas também nas operadoras e fabricantes para que sejam cumpridas as metas,
para que sejam flexibilizadas acessos ou para que seja desregulamentado algum tipo de
regra.
As Associações são classificadas de acordo com o Código Civil Brasileiro, lei
10.406, artigo 53 como: “A união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Já as associações de classe representam os interesses de determinada classe profissional
e/ou empresarial”. Dessa forma, as associações conseguem atuar como formadores de
opinião por meio de debates públicos, consultas públicas, feiras e eventos, influenciando,
assim, as tomadas de decisão no setor.
Entrevistado 1: "Essas associações influenciam inclusive na chamada, no convite a uma sedução ou novos players tanto nacionais como internacionais que se vejam atraídos ou interessados no mercado brasileiro, e têm se mostrado o “Great
Field” na América do Sul. Então, é um atrativo pra novas empresas. E para a construção da estratégia dos que aqui já estão".
O Governo Federal exerce sua influência por meio dos três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário), porém foram identificadas influências diretas também,
principalmente, por parte da ANATEL. Tais influências serão mais exploradas no momento
que em que os entrevistados avaliaram o desempenho da agência.
38
Entrevistado 2: "A discussão em cima das telecomunicações no Brasil é uma discussão de poder. Quem é que tem o poder? É a ANATEL, é o Ministério das Comunicações, é a Câmara dos Deputados, são as empresas... Quer dizer, quem é que captura quem?".
O Poder Executivo influencia por meio do Ministério das Comunicações, dado que
o há o regime de concessão ou autorização, oferecido pelo Estado. Nele, são estabelecidas
as políticas e as grandes diretrizes do setor.
Entrevistado 3: "Existe uma tendência hoje no MINICOM e na Casa Civil de tentar fazer com que esses investimentos e essa influência no setor de telecomunicações sejam feitos através das empresas que são privadas. Isso é um desafio complicado, porque, apesar de serem concessionárias, essas empresas privadas precisam trazer retorno e, se elas forem fazer políticas públicas, vamos dizer assim, não será sustentável para as empresas e, por consequência, não será bom, no meu ponto de vista, para o futuro da indústria do Brasil".
O Poder Judiciário influencia, na medida em que, ao fazer um julgamento,
estabelece uma determinada jurisprudência, que pode ser mais ou menos custosa, pode ser
mais ou menos favorável para todos os atores do setor.
O Poder Legislativo influencia por meio dos projetos de lei, nas comissões de
ciência, tecnologia, meio ambiente, defesa do consumidor e etc. O legislador influencia
favoravelmente ou desfavoravelmente no crescimento do setor, dependendo do interesse do
País ou do Estado no momento. Os poderes executivo e legislativo são independentes entre
si. Logo, em tese, o legislativo não legisla para atender a um interesse do executivo
(Governo) e sim para atender aos interesses da nação, da coletividade (interesses gerais).
Entrevistado 4: "O Governo atua principalmente através do órgão regulador, nos diversos elementos que a regulação e a legislação permitem ao órgão regulador intervir, ele procura se apoderar, às vezes, até de forma discutível, se é legítima ou não, trazendo novas obrigações e novos compromissos para as empresas."
Os Governos Estaduais apareceram em todas as respostas dos entrevistados como
um dos principais influenciadores do setor devido à alta carga tributária de competência dos
estados. Pela grande dependência que os estados têm das receitas advindas dos impostos,
essa queda de braço entre os Estados e as empresas está sempre em discussão e longe de ser
resolvida. No Capítulo 4, subitem 4.3, há mais detalhes sobre a carga tributária do setor de
telecomunicações brasileiro.
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Em razão da grande importância desse tópico e o fato de ter havido consenso entre
todos entrevistados, são apresentados abaixo alguns trechos das respostas que melhor
retrataram o contexto:
Entrevistado 6: "Telecomunicações é um motor, é uma ferramenta importante, com a carga tributária alta, os incentivos pra esse dinamismo ficam maculados onde a empresa tem que pagar imposto".
Entrevistado 7: "O CONFAZ e os Estados nunca se sensibilizaram. Por quê? Por entenderam que o setor sempre foi um setor com um bom grau de pujança econômica e organizadinho, um bom pagador de impostos, então, os estados se veem sem condições de perderem esses recursos que são certos, garantidos e organizados... Então, há essa dicotomia entre o benefício para a sociedade versus uma redução de impostos. Isso é um dilema que perdura e há quase 3 décadas que tem esse debate e voltou em alta com o PNBL".
Entrevistado 8: "A carga tributária sobre telecomunicações é indecente. Com a importância desse setor para a economia e desenvolvimento brasileiro, há uma carga de impostos só sobre o cidadão, da ordem de quarenta e três por cento. Se fosse prioridade nacional, existiria um movimento muito forte para reduzir esses impostos, que são indecentes. Então o movimento para alterá-la é uma ação política institucional e uma ação técnica junto à Secretaria de Fazenda, que são os órgãos que têm autoridade para aumentar, o ICMS principalmente que é o mais caro."
Entrevistado 9: "Considero a nossa estrutura tributária muito complexa. A busca pela redução das alíquotas é uma luta inglória, pois as concessionárias de serviços de telecomunicações respondem pelos maiores valores arrecadados em impostos principalmente nos estados."
Os Fabricantes e operadoras influenciam o mercado, por meio da inovação
tecnológica e da atuação em conjunto com as associações e entidades de classe em prol dos
seus interesses junto ao Governo e a ANATEL.
Entrevistado 10: "As empresas propõem alterações, uma alavanca grande de alteração é a própria mudança da tecnologia, que tem ocorrido de uma forma muito rápida. É natural em todos os países que a regulamentação ande atrás da tecnologia, porque a tecnologia avança a passos muito largos, a regulamentação ou a legislação não consegue acompanhar as mudanças que ocorrem no nosso setor."
Entrevistado 11: "As empresas têm que estar sempre alertas, participar das consultas públicas, responder e colocar suas ponderações, estar presente nas audiências. E tentar fazer com que a cabeça do regulador possa absorver as contribuições das empresas. Eu não creio que a melhor maneira seja o lobby, mas
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ele acontece muito, eu acho que a melhor maneira é realmente um diálogo via consultas públicas da ANATEL."
O Consumidor influencia ditando suas tendências e seus interesses de consumo. Ele
se torna muito importante também pelo fato de o setor de telecomunicações ter um número
muito grande de clientes, não existindo, talvez, nenhum outro serviço com tanta penetração
no país. Apenas para exemplificar, de acordo com dados atualizados da ANATEL
<http://www.ANATEL.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do#> Acesso em junho de 2011,
atualmente há cerca de 42 milhões de telefones fixos, 217 milhões de telefones móveis e 15
milhões de acessos em banda larga, de forma que podemos fazer uma rápida comparação
com outros setores que atuam em regime de concessões no país (transporte, iluminação, gás
e saneamento) e identificar o serviço de telecomunicações como o setor que, efetivamente,
detém maior capilaridade no país. Dessa forma, observa-se o grande peso desse ator na
influência do mercado de telecomunicações como um todo. Além de influenciar muito com
os seus hábitos de consumo, o consumidor atua muito fortemente por meio dos Órgãos de
Defesa do Consumidor e do Judiciário.
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5.2 MUDANÇAS NO SETOR X ESTRATÉGIAS UTILIZADAS
Essa seção é dedicada ao exame da maneira como as empresas, mais
especificamente como as operadoras de telecomunicações, estão se comportando em
relação às mudanças nas regras vigentes do setor e quais são os seus principais mecanismos
e estratégias. São analisadas também as principais incertezas que tais mudanças ocasionam,
propostas nas questões 2 e 3 do Apêndice A, e que impactos teriam para mercado
corporativo e consumidores.
Observaram-se quatro principais frentes de discussão entre os entrevistados, a saber:
Concessionárias x Autorizatárias; Incertezas; Estratégias utilizadas pelas concessionárias; e
Estratégias utilizadas pelo Governo.
5.2.1 Concessionárias X Autorizatárias
As Concessionárias já estão estabelecidas no mercado e, normalmente, reagem
contrariamente às mudanças nas regras que possibilitam ameaças às suas receitas e ao seu
market share. Isso acontece principalmente na área móvel, onde o mercado é muito
competitivo.
Dessa forma há dois aspectos interessantes a serem considerados: a pressão política
do Governo para concretizar seus planos e conseguir com que as empresas façam novos
investimentos e garantam a universalização dos serviços e a competitividade, que redundem
na redução dos preços praticados no mercado.
Por exemplo, do ponto de vista dos movimentos regulatórios observados na Europa
e Estados Unidos, procurou-se evoluir de um movimento monopolista para um ambiente
competitivo por meio do desconforto da competição. Assim sendo, esse movimento vem se
repetindo no Brasil e será sempre uma pressão constante, e cada vez maior, sobre as
concessionárias, quer seja pelos instrumentos regulatórios, quer seja pela própria evolução
da tecnologia.
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As Concessionárias vêm apresentando uma visão inicial de defesa de base, ou seja,
procuram defender o seu espaço e, principalmente, acompanhar a evolução da tecnologia.
Observa-se que as concessionárias tiveram de se adaptar rapidamente às novas regras
propostas pelo setor, em termos de preço e qualidade, para não perderem receita e market
share, além de manterem suas obrigações com a universalização do STFC.
Entrevistado 1: "É muito forte para as concessionárias essa pressão e elas tentam ganhar tempo com isso, tentam preservar um pouquinho sua situação, controlando, de um lado, a competição, e do outro, o governo que faz fomentar mais competição, e administrando as obrigações de expansão e a necessidade de investimento com a atualização tecnológica, meio de cobertura."
As obrigações de universalização foram estabelecidas inicialmente em 1998, antes
da privatização, pelo Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU), que é atualizado a
cada cinco anos.
A prestação de serviço no regime público (Concessionárias) pressupõe uma série de
obrigações e regras que são mais rigorosas do que as que são impostas as prestadoras em
regime privado (Autorizatárias), conforme exposto no Capítulo 4 com mais detalhes. O
único serviço prestado no regime público no Brasil é o Serviço Telefônico Fixo Comutado
(STFC) em suas várias modalidades, a saber, local, longa distância nacional e internacional.
Ao contrário das Concessionárias, as Autorizatárias não têm metas de
universalização, de forma que elas podem prestar serviços nas melhores e mais rentáveis
localidades. A concessionária é obrigada a atuar em toda sua área de concessão, mesmo nos
locais onde não haja um retorno econômico-financeiro adequado ou esperado.
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5.2.2 Incertezas
O tema escolhido para tratar das incertezas foi o acesso ao sistema de dados, como,
por exemplo, o serviço de internet em banda larga, que não está enquadrado no serviço de
telefonia fixo comutado (STFC). Ele está classificado pela ANATEL como Serviço de
Comunicação Multimídia (SCM) que é prestado, única e exclusivamente, no regime
privado, conforme exposto no Capítulo 4. Quando ocorre a introdução de novas metas de
universalização à Concessionária (Regime Público) é obrigada a cumpri-las, ainda que para
isso ela precise da indicação de fontes de financiamento. O Governo então indica, por meio
da ANATEL, as fontes de financiamento para custear essas novas regras de
universalização, se assim forem necessárias.
Um dos principais problemas observados no modelo brasileiro para universalização
da internet em banda larga, é que o Governo não pode e não tem como obrigar as
operadoras do regime privado (Autorizatárias) a expandirem suas redes, terem padrões de
qualidade regulamentados e exercerem o controle dos preços ao consumidor final. A razão
disso é que ele não poderia criar fontes de financiamento para um serviço prestado em
regime privado, já que não poderia beneficiar uma operadora em detrimento de outra.
A partir do exposto, comparando o modelo proposto no Brasil para a
universalização da internet em banda larga, por meio do PNBL com o adotado nos Estados
Unidos, observou-se que a questão da transparência, do financiamento e das contrapartidas
exigidas pelo Governo dos Estados Unidos são muito mais palatáveis dos que os
apresentados no Brasil para a as concessionárias. Dessa forma, o modelo norte americano
mostrou-se mais autossustentável até o presente momento, de acordo com
aproximadamente metade dos entrevistados.
Entrevistado 2: "O que eu acho que existe, hoje, é um ambiente muito ruim de confiança mútua, vamos dizer assim. Governo e ANATEL não confiam nas operadoras e vice-versa."
Entrevistado 3: "Até hoje ninguém consegue entender o que a Telebrás vai fazer. Se ela vai vender serviço pro público final, se ela vai ser um atacado, se ela vai ser uma empresa que vai subsidiar os outros, se ela vai ser uma empresa que vai ser subsidiada pela governo... Então não existe uma clareza nisso. Então como não existe uma clareza, o mercado detesta surpresas."
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Entrevistado 4: "O Governo e ANATEL vão procurar sempre extrair o máximo possível de concessões e de obrigações das operadoras. O PNBL é um exemplo dito por isso, é lógico que a inserção da banda larga na sociedade é uma necessidade e um desejo. Por outro lado, dadas as dimensões do Brasil, dificilmente isso vai poder acontecer sem algum tipo de subsídio governamental. O quanto isso vai ser subsidiado acho que é o ponto central da questão. Então essa pressão vai existir sempre, e a empresa vai buscar sempre o menor desequilíbrio possível nas suas contas financeiras, no seu resultado econômico."
North (1990) procurou traduzir o conceito de incerteza ao de custos de transação,
conforme exposto mais detalhadamente no Capítulo 2. Como já foi mencionado também no
Capítulo 2, Ronald Coase (1937) afirma que, "[...]quando há custos em negociar as
instituições importam". Dessa forma, podemos observar que as instituições do setor de
telecomunicações brasileiro têm causado esse ambiente repleto de incerteza entre os atores
e que não há confiança nas relações de mercado. Podemos ainda constar que os conceitos
de volatilidade e ambiguidade apresentados pelos autores Walker & Weber (1984) e
Williamson (1985) e a forma como a contratação torna-se mais eficiente (formal ou
relacional) também estão presentes nessa situação. Uma observação que vale a pena
resgatar foi feita por Ouchi (1980), e consistiu em assinalar que ambiguidade aumenta a
oportunidade para as partes se esquivarem, se enganarem, ou participarem de oportunismo
sem serem apanhadas.
5.2.3 Estratégias: Concessionárias X Governo
Nessa seção, são apresentadas algumas estratégias observadas na relação entre as
operadoras concessionárias e o Governo.
Troca de metas - Se procuram trocar metas de universalização que demandam
grandes investimentos em localidades onde o retorno econômico-financeiro é mais difícil
ou inexistente.
Entrevistado 5: "A troca de metas é muito utilizada nos períodos de renovação do PGMU. No limite das negociações, é analisada a troca que traz um benefício real e maior para a sociedade, e não só para o erário público."
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Analisando a teoria, Oliver (1991) apresentou a estratégia de evitar com a tática de
escapar alterando metas, atividades ou domínios.
Parceiro do Governo - Onde se procura controlar o processo, ou seja, persuadir o
Governo de que a concessionária é mais eficiente para administrar uma rede ou para fazer
um investimento, de modo que melhor do que ele investir seria desenvolver uma parceria.
Nesse caso, procura-se controlar o processo, ou seja, mostrar ao governo que a
concessionária é mais eficiente para administrar uma rede ou fazer um investimento, de
modo que é melhor desenvolver uma parceria do que investir no setor.
Entrevistado 6: "As empresas discutem, apresentam seus pareceres, suas opiniões, para o órgão regulador (ANATEL), seja numa consulta pública, para mudança de alguma regra, de algum regulamento. E passam a cumprir aquilo que está escrito."
A argumentação também funciona para tentar dificultar a entrada de novos
competidores no setor.
Entrevistado 7: "Tanto nos Estados Unidos, quanto no Reino Unido, em que eles tinham, em menos de cinco anos atrás, cinco operadoras móveis, estão se consolidando em três. Se você olhar o histórico do Reino Unido, do momento em que tinham três operadoras em diante, ou seja, teve uma perda real acima de dez pontos percentuais na margem Ebitda das operadoras."
No entanto, apesar de muito utilizada, de acordo com 16 entrevistados, essa
estratégia verifica-se muito difícil de emplacar segundo eles.
Analisando a teoria, Oliver (1991) apresentou a estratégia de manipular por meio da
tática de cooptar, conseguindo o apoio de agentes influentes das instituições para sua
estrutura.
Caminho Jurídico - Onde se procura contestar os resultados apresentados pelo
Governo, mostrando sua inconsistência e a não-estruturação do governo.
Entrevistado 8: "Em geral, eles erram muito e fazem absurdos, cometem abusos competitivos, abusos na legislação de licitações, etc."
Entrevistado 9: "As grandes operadoras tentam, institucionalmente, barrar ou ganhar tempo desse movimento do governo, minar, propor alternativas, através
46
da associação das operadoras que tentam criar resistência a esse movimento do governo."
Entrevistado 10: "As operadoras tentam criar barreiras institucionais juridicamente, mas o governo também consegue vencê-las, mais até na pressão política do que qualquer outra coisa, porque tecnicamente não tem muita sustentação, mas é um movimento inevitável e que as operadoras sabem que vai acontecer e fica aquele ponto de tentar estar junto, cooperar, mas tentar ganhar tempo para estar o máximo de tempo possível."
A estratégia do caminho jurídico é uma frente que gera muito conflito e atrito.
Dessa forma, ela é usada por um período e depois acaba sendo derrubada pelo próprio peso
institucional do governo. Nesse caso, houve consenso entre todos os entrevistados.
Podemos observar as estratégias propostas por Oliver (1991). A autora apresentou a
estratégia de desafiar por meio da tática de ataque, onde as organizações contestam as
regras e requisitos e combatem as fontes de pressões institucionais e, no limite, a estratégia
de concordar e seguir as regras determinadas.
Pressões sociais - Onde se procura demonstrar, por meio da mídia, que o governo
está indo por um caminho que não deveria ser prioridade para ele no momento.
Entrevistado 11: "Não é uma pressão direta, mas a ineficiência do governo acaba fazendo com que você tenha mais tempo do que você planejava de início."
Observando o cenário entre o Governo e as concessionárias, é interessante notar
uma discussão proposta sobre se o mercado de telecomunicações dá lucro efetivamente ou
não. Um dos argumentos usados pelas concessionárias, por exemplo, é a que se o mercado
dá lucro, por definição, não deveria ser uma obrigação, nem uma imposição como ocorre
com a universalização do serviço. Ou seja, se o setor dá lucro efetivamente, não deveria
haver um arcabouço regulatório forte por trás empurrando metas de universalização,
deveria ser livre mercado.
Entrevistado 12: "O governo, por sua vez contra-argumenta: - Mas não dá lucro e as concessionárias respondem: Se não dá lucro tem que ter um equilíbrio econômico financeiro para suportar os investimentos realizados."
Analisando a teoria, Oliver (1991) apresentou a estratégia de manipular,
influenciando os atores envolvidos, visando a alteração de normas, fazendo lobby. Podemos
47
observar outro item compatível com a teoria, a proposição de North, consoante a qual, a
partir dos estímulos oferecidos pela matriz institucional, surgirão diversas organizações que
atuarão na busca de diferentes objetivos. Assim sendo, uma organização, ao operar, afeta
variáveis políticas e econômicas. Quando seu cálculo de custo-benefício a levar a atuar na
esfera política, isto é, alterar leis, contratos e normas, assistiremos a uma mudança
institucional. Dessa forma, podemos concluir que a mudança institucional está presente no
setor de telecomunicações e em franca expansão.
5.3 DIAGRAMA INSTITUCIONAL PROPOSTO
Em um breve resgate da parte teórica, de acordo com teoria proposta por Oliver
(1991) exposta no Capítulo 3, e considerando os antecedentes institucionais do Anexo D,
quanto maior o número de agentes que exercem pressões, maior a dependência
organizacional por recursos críticos providos por esses agentes. E quanto maior for o grau
de restrição impostos às organizações pelas instituições, maior a probabilidade de
observarmos todas as respostas estratégicas. Dessa forma, a partir da avaliação dos
resultados expostos anteriormente nos itens 6.2 e 6.3, podemos confirmar a existência das
respostas estratégicas propostas por Oliver: concordar, conciliar, evitar, desafiar e
manipular em todos os atores e relações. O conceito de matriz institucional e de equilíbrio
propostos por North (1990) também estão presentes na relação contínua das organizações.
Tais relações são mais bem evidenciadas na Figura 11 a seguir:
48
FIGURA 11 - DIAGRAMA INSTITUCIONAL PROPOSTO
O sentido das setas no diagrama representa exatamente o mesmo sentido que as
interações entre os atores ocorrem. A cor verde representa uma interação saudável e regular
entre os atores; e a cor vermelha, a problemática enfrentada nas interações entre
operadoras, fabricantes, Governo e ANATEL. O maior volume das setas representa as
relações mais influentes no setor de telecomunicações como um todo, mais especificamente
o Governo e ANATEL.
Analisando as operadoras de telecomunicações (incumbents), de acordo com Peng
(2003), a primeira escolha estratégica natural é fortalecer ainda mais e alavancar os laços
existentes com o governo, e a segunda é se reestruturar e desenvolver novos recursos e
competências para atenderem ao mercado, conforme definido por Barney (1991 e 1997).
49
5.4 AVALIAÇÃO DA ANATEL
Esse tópico é referente à pergunta 5 do Apêndice A e se detém nos principais
critérios que os entrevistados usaram para avaliar o desempenho da ANATEL e se a
regulamentação do setor de telecomunicações foi positiva ou negativa.
Observou-se que 23 entrevistados entendem que a regulamentação do setor é
positiva e ruim para somente 2 entrevistados. Esse item teve maior ênfase, tendo em vista
os números do setor se comparados com o período anterior à regulamentação (maiores
detalhes no Capítulo 4). Em contrapartida, os entrevistados foram unânimes em classificar
o desempenho da ANATEL como ruim, principalmente pelo viés político que vem
sofrendo nos últimos anos por parte do Governo, deixando as decisões técnicas em segundo
plano. Esse viés político e a falta de transparência acabam contribuindo diretamente para
um aumento da incerteza do mercado em relação às decisões da ANATEL.
Outra influência negativa muito importante verificada na atuação da ANATEL é a
morosidade de suas decisões, o que é incompatível com a celeridade do desenvolvimento
tecnológico, principalmente no setor de telecomunicações. Como é notório, o setor de
telecomunicações evolui muito rapidamente, estando em permanente transformação. Assim
sendo, não raras são as vezes em que a regulação não acompanha a evolução tecnológica,
tornando-se inadequada e lacunosa em relação ao serviço prestado.
Entrevistado 1: "Normalmente, a tecnologia atropela a regulação. É um conflito que tem sempre que ser equacionado."
A Figura 12 a seguir apresenta os principais itens observados nas 25 entrevistas que
motivaram as avaliações da ANATEL:
50
FIGURA 12 - CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA ANATEL
Apesar da má classificação da agência, um ponto interessante observado foi a boa
avaliação sobre a competência do corpo técnico da agência. No entanto, a falta de histórico,
em razão da grande e constante renovação do corpo técnico, também aparece como fator
negativo. A seguir, são apresentados alguns dos principais trechos das entrevistas que
ilustram muito bem suas avaliações acima com alguns exemplos:
Entrevistado 2: "Eles têm posicionamentos às vezes muito mais ideológicos do que no cumprimento do papel, na essência do que eles se propõem como órgão fiscalizador e regulador fazer. Ou seja, tem um coeficiente político por trás."
Entrevistado 3: "A minha visão do ponto de vista das empresas, ela é, em alguns casos, muito intervencionista, tentando regulamentar, arbitrar preços, em muitos casos ela é omissa, a gente pede um posicionamento um pouco mais duro, ou ela faz vista grossa em alguns assuntos."
Entrevistado 4: "Na ANATEL, os técnicos são de altíssimo nível, são pessoas atuantes, não tem nenhum funcionário público clássico, daquele que fica encostado, não os caras são muito bons, muito ativos."
Entrevistado 5: "O Ministério das Comunicações cresceu e a ANATEL diminuiu no papel de regulamentação. O Ministério ganhou muito porque a regulamentação ganhou mais o viés político, virou política setorial. Ela perdeu tecnicamente, diminuiu o quadro técnico, se politizou demais, ficou mais subjugada ao Ministério, e com isso as novidades do setor são muito mais políticas, mais projetos de governo e aí são mais ineficientes. É o governo querendo montar rede, infraestrutura, algumas coisas com menos capacidade técnica, com menos zelo técnico."
Entrevistado 6: "Porque o segredo da ANATEL, que ela não conseguiu descobrir até hoje, é conciliar a solvência com o idealismo. Quer dizer, você tem no regulador, ele tem um idealismo, onde, no fundo, tudo que ele quer é que todo mundo tenha acesso a todos os meios de comunicações ao menor preço possível. Para fazer isso, do outro lado você tem a solvência, para fazer isso tem custo. Então, como você concilia? Até onde você empurra, até onde você consegue
51
manter as tensões, de tal maneira que não haja rompimento nem no idealismo e nem na solvência. E a ANATEL não consegue manter esse equilíbrio. Ela faz uma truculência em cima das empresas em nome de uma defesa do consumidor ou ela faz uma omissão terrível em grandes definições e ingerências políticas que ela tem. Então ela está com essa dificuldade na vida."
Conforme já mencionado anteriormente, o conceito de path dependence, conforme
apresentado por North (1990), representa a eficiência econômica, ou seja, não
necessariamente com a evolução de suas instituições, os países chegarão aos melhores
resultados. Essa evolução pode estar fundamentada em tecnologias, governos, restrições
informais que levarão à economias ineficientes, pois o conjunto de decisões tomadas pelos
atores no passado irá influenciar o seu desempenho no futuro. A partir da análise feita pelos
entrevistados, onde o viés político se sobrepõe ao técnico, podemos verificar que na teoria
esse caminho irá levar o setor de telecomunicações brasileiro a práticas ineficientes e
ineficazes. Os outros fatores que mais influenciaram negativamente a avaliação da
ANATEL, foram a incerteza, falta de transparência e demora nas decisões. Esta constitui
outro item que podemos buscar um respaldo na teoria apresentada por Walker e Weber
(1984) e Williamson (1985), onde se sustentou que as instituições ajudam a reduzir a
incerteza para os indivíduos e organizações e como eles interagem uns com os outros. Com
a premissa aceita de que a incerteza leva a negociações que são mais propícias para o
oportunismo, os autores ainda desdobram a incerteza em volatilidade e ambiguidade. A
partir dessa análise todos esses itens foram verificados na análise dos resultados para esse
tema.
52
5.5 MODELOS INTERNACIONAIS
Quando o Brasil adotou a LGT (Lei Geral de Telecomunicações) em 1997,
praticamente todos os países do mundo consideravam telecomunicações como assunto de
segurança nacional e, portanto, tinham monopólios estatais que prestavam os principais
serviços de telecomunicação. Exceção a esse quadro eram os Estados Unidos, que tinham
monopólio privado. Nos países da Europa, da América Latina e da Ásia, o que se verificou
nessa pesquisa foi um modelo parecido com o brasileiro, com uma empresa estatal
gerenciando o serviço de telecomunicações. Esse modelo adotado era direcionado pela
União Internacional de Telecomunicações (UIT), sob orientação dos fóruns econômicos
internacionais, que consistiu na privatização. Dadas as características de cada país,
ocorreram pequenas diferenças na maneira como as privatizações foram realizadas.
Os países europeus, em geral os países do primeiro mundo, abriram a competição
privatizando em blocos, ou seja, vendendo parcelas das empresas estatais (Alemanha,
França, Espanha, Inglaterra, Portugal e Austrália). Alguns governos desses países ainda
detêm uma parcela considerável dessas empresas maiores. No Brasil, na Argentina e na
maioria dos países de terceiro mundo, exceto México, que também privatizou em bloco, o
que foi feito foi um retalhamento da empresa estatal, dividindo-a em várias empresas
menores. Aqui no Brasil, tínhamos a Telebrás que atendia ao Brasil inteiro e foi dividida
em quatro outras empresas, conforme detalhamento feito no Capítulo 4.
Dado que a lei aplicada aos serviços de telecomunicações deve ser brasileira, sendo
de competência legislativa federal, a regulamentação de outros países não se verificou
aplicável ao Brasil. Mesmo se houvesse como aplicar diretamente uma regulamentação
externa aqui no Brasil, seria necessário que o momento vivido pelos dois países fosse o
mesmo, ou seja, fosse verificada a mesma realidade em ambos os países. Como o modelo
regulatório instituído altera significativamente as estratégias de negócio de todos os atores
envolvidos, a ANATEL precisa ainda estar alinhada às diversas realidades brasileiras
(fiscal, constitucional, consumerista, cultural, expectativa, regional e territorial) que tornam
o nosso mercado e nossas condições únicos no mundo. No entanto, observou-se que todos
53
os entrevistados estavam de acordo com o processo de benchmarking regulatório,
amplamente utilizado pela ANATEL.
Entrevistado 1: "O Brasil não tem sido fidedigno a nenhuma, ele não é fiel a nenhum comportamento internacional. Ele vem aproveitando, não vou dizer o de melhor, mas o que lhe interessa de cada experiência internacional e constrói a sua."
Entrevistado 2: "Hoje, mais de setenta por cento dos países acompanhados pela UIT, utilizam fundos setoriais para poder fazer o atendimento as camadas da população mais pobre. O Brasil tem um fundo estabelecido há mais de dez anos e nunca usou um centavo dele para fazer uma prática que hoje setenta por cento dos países fazem. Então é uma questão de vontade."
Entrevistado 3: "A ANATEL, normalmente, procura adaptar algumas normas que vêm nos reguladores internacionais, que já passaram por essas fases mais ou menos que a ANATEL tem passado. Nos últimos tempos, a ANATEL se aproximou muito de um modelo regulatório europeu, principalmente do inglês. Então, a gente tem percebido que vários tipos de regulamentos aí seguem muito o modelo inglês. Anteriormente, bem lá atrás, a gente usava mais o modelo americano."
Entrevistado 4: "A ANATEL sempre procura fazer um benchmarking regulatório, procurando os modelos no mundo que ela pode usar no Brasil, basicamente são dois, o americano e o europeu, que são duas linhas bastante diferentes."
Galakiewicz e Wasserman (1989) e North (1990) argumentam que o ambiente
tecnológico pode ser demasiadamente ambíguo e as inovações dificilmente compreendidas
pelas organizações. Assim, a incerteza leva à busca por imitação dos modelos vigentes,
tomados de organizações que sejam referência de sucesso. Observa-se então o isomorfismo
mimético entre as agências reguladoras de telecomunicações de todos os países. Esse
processo verifica-se muito comum e usual no setor de telecomunicações brasileiro.
54
5.6 NOVOS ENTRANTES
Nessa seção, foram exploradas quais seriam os principais desafios e barreiras de
entrada para novas entrantes no mercado brasileiro, operadoras e fabricantes de
equipamentos.
Houve consenso entre os entrevistados, no que tange à entrada de novas operadoras
(móveis e fixas) no setor de telecomunicações brasileiro, que não há mais espaço para um
novo player, dado a grande saturação do mercado atual por meio de alta competição e o
alto nível de penetração dos players atuais. Para 88% dos entrevistados não há mais espaço
para operadoras móveis e para 100%, não há mais espaço para operadoras fixas.
Como solução alternativa, 32% dos entrevistados observaram que ainda há
mercados em nicho que podem ser explorados, como a GVT vem fazendo e ganhando
espaço, e 44% dos entrevistados comentaram sobre o grande potencial de crescimento da
TV por assinatura. No entanto, ainda há problemas regulatórios a serem resolvidos e há
impedimento que empresas de capital externo detenham empresas brasileiras do setor de
TV.
Entrevistado 1: "Para as novas operadoras entrarem num mercado de telefonia fixa não tem mais espaço, ela virou agregação de serviço de outros serviços."
Do ponto de vista dos fabricantes, não foram observados grandes problemas para
sua entrada, até porque praticamente todos já atuam no mercado brasileiro, seja vendendo
direto ao varejo, por atacado e/ou a operadoras. No entanto, especificamente para os
fabricantes de capital estrangeiro, foi observado que, além da alta carga tributária, um
desafio a ser enfrentado é o discurso do Governo favorável à criação de uma indústria
nacional de telecomunicações, principalmente com o mote da reativação Telebrás e do
PNBL. Esse ponto foi observado por 28% dos entrevistados. Mais detalhes dos principais
fabricantes de telecomunicações estão expostos no Apêndice C.
Entrevistado 2: "Acho um desafio, porque é um jogo muito de escala e eu acho que esse jogo já está praticamente ganho pela China pelos players europeus tradicionais."
55
Entrevistado 3: "Para os fornecedores, eu acredito que não tenha muitas barreiras de entradas. Na verdade, é uma grande oportunidade, porque eles fomentam o mercado com novas tecnologias, as empresas têm que acompanhar porque essa nova tecnologia se torna um desejo por parte dos consumidores, e eles no final das contas são a infraestrutura, e tanto tem produtos como serviços, obviamente associados, e também linhas de financiamento."
Como principais barreiras de entrada, foram identificadas três principais: mercado já
consolidado e com alto número de competidores, alta carga tributária e o conhecimento da
estrutura regulatória do Brasil atrelada às incertezas regulatórias advindas da influência do
Governo. A seguir, na Figura 13 apresentam-se as principais barreiras de entrada
identificadas nas entrevistas:
FIGURA 13 - PRINCIPAIS BARREIRAS DE ENTRADA DO SETOR
Entrevistado 4: "Um aventureiro não terá sucesso aqui, porque está pautado nas suas regras de onde veio e as regras de onde veio não são as mesmas, não foram importadas tal qual."
Entrevistado 5: "Montar uma empresa do zero dentro do mercado que o Brasil tem hoje, apesar ser um mercado emergente, não maduro na totalidade, tanto na fixa quanto na móvel. Mas o espaço pra entrar um novo player construindo rede é quase inexistente”.
Entrevistado 6: "A carga tributária brasileira é extremamente onerosa. Os estrangeiros costumam ter muita dificuldade em entender o nosso sistema e a diversidade de alíquotas aplicáveis, os fatos geradores dos impostos etc."
Peng (2003) apresentou algumas estratégias para novos entrantes em países onde a
transição institucional já ocorreu e avançou. Segundo o autor, esses novos entrantes
escolhem entrar em outros países, principalmente, por meio de subsidiárias e aquisições de
empresas locais ao invés de joint ventures e alianças para competir com base em recursos e
competências, devido, principalmente, às pressões institucionais normativas exercidas. Tais
56
pressões podem ser observadas nos itens apresentados pelos entrevistados, tais como "alta
carga tributária", "incertezas regulatórias" e "conhecimento do arcabouço regulatório".
Outro item aderente à teoria é o modo de entrada das autorizatárias que vieram para o
Brasil, Vivo, TIM, Claro e GVT. Todas vieram comprando empresas nacionais após a
privatização, em períodos distintos, porém, da mesma maneira. Importante ressaltar que a
GVT e em menor escala as outras vêm aderindo a estratégias de investir em seus recursos e
competências, conforme definido por Barney (1991, 1997) para se diferenciar dos demais
competidores, principalmente das concessionárias.
5.7 EMPRESAS MULTINACIONAIS X OI
Essa seção procurou avaliar se as empresas multinacionais que atuam no Brasil, tais
como Telefônica, Telmex /América Móvil, Telecom Itália e Vivendi sofrem as mesmas
pressões institucionais que a Oi, e se elas teriam vantagens ou desvantagens em relação à
Oi.
Conforme exposto no Capítulo 4 e no Anexo A, a Oi atualmente possui como sócio
a Portugal Telecom. No entanto, esse trabalho foi iniciado em meados de 2010 enquanto a
operação em questão não era uma realidade. Outro ponto importante que não interfere na
análise proposta nesse trabalho é o fato de o tamanho e a representatividade mundial que
empresas, tais como a Telefônica, Telmex/América Móvil e Telecom Itália têm em relação
à Portugal Telecom e Oi, podemos analisar e comparar esses dados no Apêndice B.
Com relação às pressões institucionais, exercidas pelo Governo nos grupos de
telecomunicações que atuam no Brasil, verificou-se que elas ocorrem, de maneira
assimétrica, de acordo com 23 entrevistados e que tais pressões estão relacionadas com o
regime de atuação dessas empresas, ou seja, se são concessionárias ou autorizatárias (tais
classificações são apresentadas no Capítulo 4).
Entrevistado 1: "O Brasil não diferencia as empresas de acordo com seu país de origem. O Brasil diferencia as empresas pelas licenças que elas têm."
57
Entrevistado 2: "Elas não teriam vantagem e nem desvantagem. Elas são submetidas ao mesmo tipo de pressão, é idêntico. Elas seguem o mesmo regulamento, o mesmo compromisso de qualidade, compromisso constitucional, os mesmos compromissos de consumeristas."
Entrevistado 3: "Eu diria que a questão não é ser multinacional, acho que a questão principal é ser uma concessionária, eu acho que a concessionária tem pressões institucionais maiores, e a Telefônica nesse caso, também sofre as mesmas pressões da Oi. Por outro lado, as autorizatárias têm menos compromisso, têm menos obrigações e sofrem menos pressões. Então, eu acho que não é uma questão de ser multinacional ou nacional, e sim uma questão de ser concessionária ou autorizatária."
Entrevistado 4: "Agora, vantagem ou desvantagem frente à Oi, no que diz respeito a questões institucionais, eu não vejo muita diferença. Existe vantagem e desvantagem frente ao aspecto econômico, a questão do investimento, da grana. Isso aí nós teríamos essa vantagem, porque como são empresas mundiais, aí tem possibilidades muito maiores de terem ganhos de escala nas compras globais que elas fazem."
Por outro lado, verificou-se que, se compararmos os dois regimes de atuação há
vantagens sim para as autorizatárias em relação às pressões sofridas. Esse item teve
consenso entre a maioria dos entrevistados. Além de terem menos obrigações inerentes ao
próprio regime de atuação em si, outros itens foram observados, por exemplo, o fato de
essas empresas serem multinacionais de grande porte (mais detalhes no Apêndice B), e, por
isso, conseguirem obter, por meio de uma barganha com fornecedores, custos menores e
diferenciados (observado por 19 entrevistados) e ter acesso a um capital com juros menores
e condições mais atrativas no exterior para subsidiar suas operações no Brasil (observado
por 8 entrevistados) se comparados com a Oi.
Entrevistado 5: "As autorizatárias não estão sujeitas às mesmas regras, lógico, têm meta de qualidade, obrigações que você tem que fazer, mas você não tem de uma hora para outra que fazer um PGMU botando um orelhão na oca de cada índio gastando não sei quantos milhões para isso."
Entrevistado 6: "A principal vantagem é a barganha de negociação delas em qualquer aspecto é infinitamente maior do que da Oi, até porque eles têm grupos enormes com atuação mundial, barganha com fornecedores para fins de preço tudo em escala mundial e não só no Brasil. Eu acho que institucionalmente elas têm um peso grande no montante de dinheiro global que elas geram comparado com a nacional."
Entrevistado 7: "Tem, tem vantagens, tem escala, elas têm acesso a financiamentos com taxas diferenciadas, mais nessa linha de escala."
58
Entrevistado 8: "É claro que elas têm vantagens, porque o fato de serem operadoras multinacionais dá a elas condições de exercerem uma pressão econômica em determinados países alavancados na receita que eles têm com outros países que operam. Para ser mais claro, por exemplo, eles podem oferecer serviços ou produtos, como, por exemplo, vender aparelhos a preços altamente subsidiados e recuperar essa perda de receita com relação a outros países."
Kostova et al (2008) sustentam que as empresas multinacionais não dependem tanto
de um único país. Assim, caso haja uma pressão institucional muito forte em um
determinado país, elas podem continuar prosperando, o que a torna, de certa forma, mais
forte perante as empresas locais.
Apenas dois entrevistados consideraram que as referidas multinacionais têm
vantagens em relação a Oi por terem apoio institucional do seu país de origem. No entanto,
outros cinco entrevistados acreditam que elas sofrem desvantagens em relação a Oi pela
distância que têm para os seus países de origem. Poderíamos classificar como distância
cultural e distância regulatória entre seus países de origem e o Brasil.
Entrevistado 9: "Se você tem muita força no seu país de origem, isso funciona como recurso pra você conseguir fazer sua expansão. Fundear recursos para aplicar em outros lugares. Como é que isso afeta a competição? Afeta no seguinte sentido: como essas empresas estrangeiras têm um apoio local muito forte, apoio dos seus países de origem, teoricamente quando elas vêm para o Brasil, elas alavancam esse poder que elas têm nos seus mercados locais."
Entrevistado 10: "Agora eu também acho que elas têm uma deficiência gigantesca de mobilidade, porque os Ministérios delas não estão aqui, elas não criam proximidade com a cultura nacional e a cultura institucional, elas têm até um certo engessamento nesse tipo de atuação e eu tenho visto que elas têm um diferencial muito grande com relação a Oi."
Não foram verificadas pressões assimétricas relevantes no mesmo regime de
atuação. O único item apontado por apenas quatro entrevistados foi o fato de a Oi sofrer
uma pressão maior do que as demais concessionárias por atuar na maior parte do território
nacional. Esse item seria visto como uma desvantagem para a Oi. Para mais detalhes,
verificar os Anexo B e C, onde é apresentado como o Plano Geral de Outorgas foi dividido
de acordo com as operadoras e o território brasileiro. A Figura 14, a seguir, resume os
principais itens analisados anteriormente:
59
FIGURA 14 - CONCESSIONÁRIAS X AUTORIZATÁRIAS
Em relação à maneira como as multinacionais lidam com as pressões exercidas pelo
Governo, verificou-se que elas agem de forma idêntica. A OI, tenta sempre reverter o
quadro, sempre tentando melhorar as assimetrias regulatórias (mais detalhes das estratégias
utilizadas pelas empresas são apresentadas no item 5.2). A Telefônica e a OI tentam
diminuir as assimetrias regulatórias (por serem concessionárias) e, por outro lado, a Telmex
/América Móvil, Telecom Itália E Vivendi tentam aumentar essas assimetrias regulatórias
(por serem autorizatárias). Dessa forma, as pressões são das concessionárias tentando
diminuir e a pressão das autorizadas, com o intuito de aumentar essas assimetrias
regulatórias.
Entrevistado 11: "As vantagens frente à Oi das autorizadas são exatamente as assimetrias regulatórias, elas não têm que fazer universalização, não têm obrigação de continuidade, ela pode a qualquer tempo, essas autorizadas podem a qualquer tempo fechar as portas e tchau para o cliente e não tem obrigação com a continuidade."
Por fim, na última pergunta do Apêndice A, procurou-se avaliar como o mercado e
os próprios entrevistados enxergam o duplo fato de, por um lado, a OI possuir os fundos de
pensão: PREVI, PETROS e FUNCEF e o BNDES como acionistas e, por outro, o Governo
atuar como regulador via ANATEL e Ministério das Comunicações.
60
De acordo com 40% dos entrevistados, o processo de privatização do setor de
telecomunicações brasileiro só se tornou viável financeiramente graças à ação dos fundos
de pensão, que naquele momento, eram as instituições que tinham condições de injetar o
capital necessário para realização da privatização. Esse fato, inclusive, foi determinante
para tornar o processo legítimo e aumentar a confiança do mercado. A Figura 15 apresenta
uma síntese da percepção dos entrevistados (visão particular e visão do mercado), ou seja,
se o fato de a OI possuir fundos de pensão e o BNDES como acionistas traria alguma
vantagem, desvantagem ou se seria indiferente.
FIGURA 15 - ANÁLISE DOS ENTREVISTADOS - DINÂMICA OI X GOVERNO
Dada a complexidade do tema, a seguir são apresentados alguns trechos mais
relevantes e que retratam bem essa questão.
Entrevistado 12: "O governo mostrou que pode influenciar negativamente como foi o caso da Vale que ganhou grande repercussão, mas nunca vi isso acontecendo na Oi."
Entrevistado 13: "Eu acho que pode influenciar? Pode, lógico! Os caras fazem parte do conselho. Podem ter questionamentos. Mas eu acho que a coisa tem tido uma independência que tem sido saudável para a companhia e para os clientes."
Entrevistado 14: "As pessoas confundem muito, Fundo de Pensão não é Governo, ele é privado, pode ser um Fundo de Pensão de uma empresa do Governo, tipo Petros, ou seja, lá o que for, mas é uma empresa privada, não representa, teoricamente, interesse do Governo. O fato do BNDES ele também não é um executor de políticas do Governo."
61
Entrevistado 15: "O mercado sempre enxerga isso como privilégio. Porque você, o seu sócio, vamos dizer assim, ele é o mesmo que regula, mas não é assim que funciona." Entrevistado 16: "Eu diria que o mercado não dá muita atenção a esse ponto, quer dizer, ele não é um fator relevante para o mercado, por isso que a ação da Oi tem um determinado preço maior ou menor, na minha visão eu acho que não. O governo usa desses instrumentos, muitas vezes ele usa o fato de ser acionista para também conseguir algumas coisas que ele deseja, faz parte do jogo, não tem jeito."
Entrevistado 17: "A ANATEL não é uma agência de governo, ela é uma agência de estado. Então ela deveria estar imune às pressões de governo. Não está porque está distorcido. Porém, a ANATEL não filtra o fato de uma empresa ser estatal, semiestatal, brasileira, italiana ou suíça."
Entrevistado 18: "O posicionamento do BNDES PAR e dos fundos de pensão poderia até dizer que é saudável, o comportamental deles, ou seja, não existe nenhuma pressão muito forte para que você faça coisas absurdas e aventureiras. Eu diria que ele respeita muito a posição técnica, e não aprova grandes aventuras sem fundamentos, os votos são bem consistentes." Entrevistado 19: "O mercado não tem muito visão disso. Falo mercado como um todo, o mercado não tem muita sensibilidade em relação a isso. Desde que a agência tome decisões de forma independente eu não vejo problemas. Um judiciário independente, teoricamente não há qualquer tipo de problema desde que as instituições funcionem como devam funcionar. Independência entre executivo, legislativo e judiciário e agência reguladora principalmente."
Foram observadas divergências entre a visão do entrevistado sobre o tema e a visão
que ele entende que o mercado tem em relação a essa dinâmica, como foi apresentado no
início desse trabalho, o perfil dos entrevistados é de executivos do setor de
telecomunicações brasileiro com mais de 15 anos de experiência, então todos deram suas
opiniões baseados no seu conhecimento técnico, pessoal e de mercado.
Para vinte e dois entrevistados, o fato de a OI ter os fundos de pensão e o BNDES
como acionistas é indiferente, não traz vantagens ou desvantagens, principalmente pelos
fundos de pensão serem instituições financeiras que cuidam dos interesses dos seus
pensionistas e com uma visão em retorno financeiro como qualquer outra, assim como o
papel do BDNES, uma instituição que empresta dinheiro e recebe seus juros. Comparando
com a visão do mercado, o tema muda muito. Dezoito entrevistados entendem que essa
relação da OI com os fundos de pensão e o BNDES traz vantagens para a OI. Entre esses
entrevistados, houve consenso de que o principal fator para o mercado acreditar nessa
questão é o alto viés político que a ANATEL vem sofrendo atualmente e não por algum
benefício ou favorecimento que a Oi tenha sofrido, inclusive a alteração do PGO para que a
62
OI comprasse a Brasil Telecom não teve repercussões negativas, pois o processo
transcorreu de maneira legal e foram exigidas contrapartidas regulatórias e obrigações para
a OI dado o novo cenário. Esse tema foi abordado com mais detalhes no item 5.4, em que
se analisou o desempenho da ANATEL de acordo com os entrevistados.
63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo proposto nesse estudo foi identificar como as instituições interferem no
processo de tomada de decisão das empresas do setor de telecomunicações brasileiro. Mais
especificamente, em como o ambiente institucional influencia nas estratégias das empresas
do setor, considerando, principalmente, as operadoras de telecomunicações e, em segundo
plano, os fabricantes de equipamentos e soluções que atuam no Brasil.
Inicialmente, foram propostas duas questões relativas às empresas multinacionais
que atuam no setor de telecomunicações brasileiro, mais especificamente: Telefônica,
Telmex/América Móvil, Vivendi, Telecom Itália e Nextel, primeiro se por serem empresas
multinacionais, teriam vantagens ou desvantagens em relação à OI e segundo se tais
empresas sofreriam as mesmas pressões institucionais. Considerando a primeira questão foi
observado que as multinacionais apresentam vantagens, principalmente em ganho de escala
mundial, com isso conseguem custos mais atraentes se comparados com a Oi, inclusive na
obtenção de recursos financeiros, porém com relação à segunda questão, foi observado que
as pressões institucionais não variam se as empresas são multinacionais ou não, e sim pela
sua outorga de atuação no Brasil, ou seja, se são concessionárias e autorizatárias.
O crescimento das telecomunicações é um dos parâmetros de análise que, com
certeza, deve ser levado em consideração para o desenvolvimento do país, pois contribui,
de forma efetiva, nas atividades econômicas dos cidadãos e melhorando a qualidade de vida
dos usuários. Nesse sentido, as telecomunicações são mais causa do que consequência do
desenvolvimento econômico. Inclusive, considerando o exemplo da banda larga, o Banco
Mundial (BIRD) lançou um estudo que relaciona o aumento da banda larga com o Produto
Interno Bruto dos Países (PIB). De acordo com esse estudo, a cada aumento de 10% no
número de pessoas com acesso à internet via banda larga há um aumento diretamente
proporcional de 1,4% do PIB do país.
O reconhecimento de que o setor de telecomunicações é estratégico para o país, a
exemplo do que ocorre no exterior, especialmente quando ele é utilizado para promover
desenvolvimento social e econômico, é muito importante, principalmente em razão da
criação de empregos e trabalhos de nível que garantam a continuidade, sustentabilidade e
64
integração do Brasil no rol dos países desenvolvidos. Tal fato, sem dúvida, possibilita que o
país se torne competitivo em vários segmentos econômicos da sociedade da informação e
não se restrinja à condição de caudatário e centro de exploração de matérias primas e
commodities.
O processo de privatização, pelo qual o Estado deixou de ser empresário,
entregando à iniciativa privada a prestação dos serviços em um ambiente de competição,
em parte de origem internacional, aumenta significativamente a responsabilidade do Estado
no processo de criação de políticas para a manutenção e ampliação da produção e
competência nacional. Soma-se a isso, o fato do Estado ainda figurar como acionista de
algumas empresas do setor, como é o caso da OI, o que o torna ainda mais responsável.
Dessa forma, o papel do Estado torna-se cada vez mais importante e fundamental
para o setor, pois cabe a ele definir e conceder as outorgas, de acordo com seus interesses e
políticas de desenvolvimento sustentável. Partindo desse pressuposto, a existência de um
planejamento estratégico estruturado, tanto de médio quanto de longo prazo, pode orientar
o setor na busca de visões e vontades da sociedade em se tornar ente ativo na formulação
das decisões do País.
Com a convergência das plataformas de telecomunicações observadas atualmente
torna-se necessário analisar o rol de serviços de telecomunicações existente, bem como os
demais instrumentos regulatórios, de forma a promover a evolução da regulamentação para
o cenário de convergência. A oferta de qualquer tipo de conteúdo ou facilidade, por meio
dos diversos tipos de acesso, leva à possibilidade de ofertas convergentes operadoras de
telecomunicações, de forma a atender as necessidades dos usuários. Identificada essa
tendência, verifica-se ainda grande quantidade de outorgas, com níveis de qualidade de
serviço diferenciados. Assim, para atingir os objetivos de oferta de serviços convergentes e
de qualidade percebida pelo usuário, devem-se avaliar as condições regulatórias existentes
com a finalidade de racionalizar a regulação do setor de telecomunicações, de modo a
preparar o marco regulatório atual para as novas situações determinadas pela convergência
tecnológica.
Nesse cenário de projeções, a competição é vista como o principal fator no
desenvolvimento das telecomunicações, em todos os sentidos. Sendo assim, o
fortalecimento dos grupos existentes, bem como o incentivo ao surgimento dos novos
65
grupos, tanto pequenos quanto grandes, por meio de mecanismos como assimetrias
regulatórias, acabarão por contribuir para o aumento da competição. Esse aumento da
competição, por sua vez, somado ao estabelecimento de contrapartidas em favor da
sociedade, trará, como principal consequência, uma maior oferta de serviços aos usuários, a
preços menores e com a qualidade satisfatória.
Outro item observado de extrema importância diz respeito ao fomento do
desenvolvimento tecnológico e industrial nacionais, que está sendo bastante abordado com
duas das mudanças mais recentes nas regras do setor de telecomunicações: O PNBL e a
reativação da Telebrás. Dessa forma, o governo atua de maneira central no sucesso ou
fracasso dos modelos, principalmente com relação à questão tributária, que funciona como
grande incentivo, se for revista, de maneira a atrair novos investimentos e novos atores para
o mercado.
Como se pode observar em países como os Estados Unidos, Austrália e Singapura, o
governo foi determinante para a universalização do serviço de banda larga, por exemplo.
Entre os seus diferentes modelos de negócios adotados durante esses processos, podemos
destacar o apoio do governo para o sucesso. Outros países também, tais como China,
França, Espanha, Portugal e Inglaterra adotaram a postura de considerar o setor de
telecomunicações como estratégico para o desenvolvimento nacional, inclusive durante
algum tempo as estratégias das principais operadoras de telecomunicações desses países se
confundia com a própria estratégia do governo.
Como sugestão de estudos futuros, pode ser analisado como será, por exemplo, o
desdobramento e consolidação da chegada da Portugal Telecom ao mercado brasileiro
como um dos principais acionistas da Oi nos próximos 2 anos. Com essa configuração,
teremos os cinco principais grupos de telecomunicações brasileiros com capital estrangeiro
(espanhol, mexicano, italiano, francês e português). Dados movimentos já anunciados na
mídia, apontam as pretensões da Oi em se internacionalizar e chegar a meta de 100 milhões
de clientes. Esse movimento faria todo sentido se avaliássemos o grupo em relação aos seus
concorrentes e o fato de o mercado brasileiro estar saturado em alguns setores, como
observado nos Capítulos 4 e 5, como e quais serão os desafios para esses movimentos?
Quais serão os movimentos institucionais e as estratégias utilizadas? Da mesma forma,
podemos observar a chegada do grupo Frances Vivendi e a mudança regulatória para a
66
abertura da TV a cabo, como e quais serão os desafios para esse movimento? Quais serão
os movimentos institucionais e estratégias utilizadas? Por fim, dado o contínuo processo de
evolução do setor, é pertinente afirmar que a avaliação das estratégias de todos os atores
envolvidos em relação as mudanças institucionais subsequentes e inerentes a cada ciclo
evolutivo é cada vez mais importante no setor de telecomunicações brasileiro.
67
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72
APÊNDICES
APÊNDICE A – Roteiro de entrevistas
Em qual organização você trabalha ou trabalhou e qual o ramo desta organização? Em qual
área e cargo atua ou atuou e por quanto tempo? Qual sua experiência profissional neste ramo?
Como as empresas estão se comportando em relação às mudanças nas regras vigentes, por
exemplo, TELEBRAS, PNBL, Novos Players Internacionais e as operadoras móveis virtuais
(MVNO) e etc?
Quais são as principais incertezas com as mudanças propostas na questão anterior? Que
impactos tais incertezas terão no mercado corporativo e nos consumidores?
Quais são as principais instituições que influenciam no setor de telecomunicações brasileiro e
de que maneira elas exercem tal influência?
Como você avalia o desempenho da ANATEL? A regulamentação do setor de
telecomunicações é positiva ou negativa? Por quê?
Como as empresas de telecomunicações podem promover mudanças institucionais no Brasil?
Ou seja, como podem alterar as regras? Você poderia citar um exemplo prático?
Quais são os modelos regulatórios internacionais que o Brasil mais se assemelha? Explique a
similaridade nas práticas de mercado entre as operadoras no Brasil e no mundo, resultante das
pressões institucionais sofridas em seus países?
Como adequar os modelos de negócios internacionais de sucesso para as operadoras
brasileiras? As regras estabelecidas pelos órgãos reguladores desses países se aplicam aqui no
Brasil? Por quê?
Como evitar os erros cometidos nos modelos internacionais? Como funciona o processo de
benchmarking entre as operadoras e órgãos reguladores?
Quais seriam os principais desafios para novos entrantes no mercado brasileiro (operadoras e
fabricantes)? Poderia citar algum exemplo?
O que você tem a dizer sobre a carga tributária do setor de telecomunicações? Há movimentos
para altera-la? Quais são e como são esses movimentos?
As empresas multinacionais que atuam no Brasil (TELEFÔNICA, Telmex /América Móvil,
Telecom Itália e Vivendi) sofrem as mesmas pressões institucionais que a OI? Como elas
lidam com essas pressões? Elas teriam uma vantagem ou desvantagem frente à OI?
Como o mercado e você enxergam o fato da OI possuir os fundos de pensão (PREVI,
PETROS e FUNCEF) e o BNDES como acionistas e o governo atuando como regulador via
ANATEL e MINICOM? Como funciona essa dinâmica?
75
APÊNDICE E – Referencial Teórico Pesquisado
Autores Avaliados Periódico / Publicação
Ano da Publicação Tema Discutido Citações
Recebidas
Aldrich e Fiol Academy of Management Review
1994
As restrições que enfrentam os empreendedores nas indústrias emergente e sua relativa falta de legitimidade cognitiva e sócio-política.
1352
Carson, Madhok e Tao WU
Academy of Management Journal
2006
Relação de governança com incerteza, oportunismo e os efeitos da volatilidade e ambiguidade sobre contratação formal e relacionais
199
Christine Oliver Academy of Management Review
1991 Respostas estratégicas das organizações às Pressões Institucionais sofridas.
2740
Daft & Macintosh Administrative Science Quarterly
1981
Exploração experimental na quantidade e equivocidade da informação no processo cotiano das organizações.
587
DiMaggio e Powell American Sociological Review
1983 / 1991 / 2005
A existência de uma similaridade nas formas e práticas das organizações através do Isomorfismo para chegar à Legitimidade.
13618 / 3951 / 3234
Douglass North
Cambridge: Cambridge University Press.
1990 Análisa as instituições, suas mudanças e a sua relação com o desempenho econômico dos países.
20311
Eisenhardt Academy or Management Journal
1988 Este estudo explora como estrutura social afeta os padrões de formação de aliança interfirmas
13852
Galaskiewicz e Wasserman
Administrative Science Quarterly
1989 Processos miméticos dentro do campo interorganizacional 455
Greenwood e Hinings Academy of Management Review
1996 Combinação entre o Velho Institucionalismo e o Novo Institucionalismo.
1232
Gulati Administrative Science Quarterly
1995 Aborda as implicações dos laços repetidos para escolhas contratuais em alianças nas organizações.
1316
Hannan e Freeman American sociological review
1977
Variabilidade na organização, isto é, diversidade através da referência à história de adaptações por organizações individuais, anteriores
3450
Hoskisson Academy of Management Journal
2000 Análise sobre as estratégias a serem utilziadas em economias emergentes.
Jepperson Chicago, IL: University of Chicago Press
1991 O novo institucionalismo na análise organizacional 1386
76
Tatiana Kostova, Kendall Roth e M. Tina
Dacin
Academy of Management Review
2008 Teoria institucional aplicada às Corporações Multinacionais 652
Macaulay American Economic Review
1964 Relações Não-Contratuais nos neg[ocios 3236
Meyer e Rowan American Journal of Sociology
1977
As organizações adotam formas que são institucionalizadas e legitimadas pelo Estado
1977
Mike Peng
Academy of Management Review / Journal of International Business Studies
2003 / 2008
Transições institucionais e escolhas estratégicas / Visão baseada nas instituições como estratégia de negócios internacionais com foco em economias emergentes
639 / 210
Ouchi Administrative Science Quarterly
1980
Estudo sobre como as organizações avaliam de acordo com o critério de eficiência e maneiras de efetuarem suas previsões.
3385
Richard Scott Academy of Management Journal
1995, 2001 e 2004
Estudo sobre Teoria Institucional e Mudança Institucional 441
Ronald Coase Oxford University Press
1937 A Natureza das empresas: Origens, evolução e desenvolvimento 18042
Selznick American Sociological Review
1948 Fundamentos da Teoria da Organização 735
Thompson NewYork: McGraw-Hill. 1967 Obra sobre as organizações e como
elas agem 11256
Walker & Weber Administrative Science Quarterly
1984 A abordagem dos custos de transação para fazer ou comprar decisões
732
Williamson New York: Free Press 1985
As instituições econômicas do capitalismo: as empresas, mercados e contratação relacional.
6728
77
APÊNDICE F – Perfil dos Entrevistados
O presente apêndice tem por objetivo demonstrar o perfil dos entrevistados no que diz
respeito ao seu ramo de atuação, cargo e quando foi realizada a entrevista.
OBS: O ramo de atuação “Governo” apresentado na tabela acima é referente às empresas como: BNDES, Fundos de Pensão e ANATEL.
78
APÊNDICE G – Bases de Busca utilizadas
Este apêndice tem o propósito de explicitar todo os passos relevantes que foram
realizados na busca e obtenção dos artigos. Entre outubro e dezembro de 2010 foi feita uma
pesquisa na base de busca EBSCO nos principais periódicos de acordo com o Journal
Citation Report de 2008. Os periódicos analisados foram: Academy of Management
Executive, Academy of Management Journal, Academy of Management Review, Journal of
International Business Studies, Journal of Management e Strategic of Management
Journal. O período demarcado para a pesquisa na base EBSCO foi entre janeiro de 2000 e
setembro de 2010. Em julho e agosto de 2011, uma nova busca foi realizada na base
EBSCO, porém foram acrescentadas as bases de busca Google Acadêmico e Scientific
Electronic Library Online – SciELO com o intuito de identificar e consultar artigos mais
atuais, dessa forma a análise final realizada considerou em sua totalidade o período de
janeiro de 2010 a julho de 2011. A leitura e a análise dos periódicos mencionados
conduziram a outros artigos e periódicos também relevantes para o exame do tema em
questão. Para uma exposição mais completa dos conteúdos examinados, é apresentada no
Apêndice E uma tabela com um resumo dos principais artigos utilizados como referência
teórica para este estudo, também são relacionados os periódicos onde cada artigo foi
publicado, assim como o ano da publicação, o tema abordado e a quantidade de referências
nas bases de busca acima citadas.
79
ANEXOS
ANEXO A - Estrutura Acionária OI
Disponível em: <http://ri.oi.com.br/oi/web/conteudo_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=27900> Acesso em maio de 2011.
80
ANEXO B - Plano Geral de Outorgas – Mapa Brasileiro
O Plano Geral de Outorgas (PGO) definiu as regiões e setores para concessões e
autorizações de STFC conforme o mapa a seguir:
Disponível em: < http://www.teleco.com.br/pgo.asp> Acesso em maio de 2011
81
ANEXO C - Plano Geral de Outorgas – Localidades
Concessionárias do Serviço de Telefonia Fixo Comutado – STFC
Região I
Estado Setores DDD (CNF) Rio de Janeiro 1 21,22,24 Minas Gerais 2 e 3 31,32,33,34,35,37,38 Espírito Santo 4 27,28 Bahia 5 71,73,74,75,77 Sergipe 6 79 Alagoas 7 82 Pernambuco 8 81,87 Paraíba 9 83 Rio Grande do Norte 10 84 Ceará 11 85,88 Piauí 12 89,86 Maranhão 13 99,98 Pará 14 91,93,94 Amapá 15 96 Amazonas 16 97, 92 Roraima 17 95 Setores Especiais da Região I Setor Municípios 2 Todos de Minas Gerais excetuados os do setor 3.
3
Araporã, Araújo, Campina Verde, Campo Florido,Campos Altos, Canápolis, Capinópolis, Carmo do Paranaíba, Carneirinhos, Centralina, Comendador Gomes, Conceição das Alagoas,Córrego Danta, Cruzeiro da Fortaleza, Delta, Frutal, Gurinhatã, Ibiraci,Igaratinga, Iguatama, Indianópolis, Ipiaçú, Itapagipe, Ituiutaba,Iturama, Lagamar, Lagoa Formosa, Lagoa Grande, Limeira D'Oeste,Luz, Maravilhas, Moema, Monte Alegre de Minas, Monte Santo deMinas, Nova Ponte, Nova Serrana, Papagaios, Pará de Minas, Patos de Minas, Pedrinópolis, Pequi, Perdigão, Pirajuba, Pitangui, Planura,Prata, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Juliana, Santa Vitória,São Francisco de Sales, São José da Varginha, Tupaciguara, Uberaba,Uberlândia, União de Minas e Vazante, do Estado de Minas Gerais.
82
Região II Estado Setores DDD Santa Catarina 18 47,48,49 Paraná 19 e 20 41,42,43,44,45,46 Mato Grosso do Sul 21 e 22 67 Mato Grosso 23 65,66 GOIás 24 e 25 61,62,64 Tocantins 24 63 Distrito Federal 26 61 Rondônia 27 69 Acre 28 68 Rio Grande do Sul 29 e 30 51,53,54,55 Setores Especiais da Região II Setor Municípios 10 Todos do Paraná excetuados os do setor 20. 20 Londrina e Tamarana, no Estado do Paraná. 21 Todos do Mato Grosso do Sul excetuados os do setor 22. 22 Paranaíba, no Estado de Mato Grosso do Sul. 24 Todos de GOIás e Tocantins excetuados os do setor 25.
25 Buriti Alegre, Cachoeira Dourada, Inaciolândia, Itumbiara, Paranaiguara e São Simão, no Estado de GOIás.
29 Todos do Rio Grande do Sul excetuados os do setor 30.
30 Pelotas, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu, no Estado do Rio Grande do Sul
Região III Estado Setores DDD São Paulo 31, 32, 33 e 34 11,12,13,14,15,16,17,18,19 Setores Especiais da Região III Setor Municípios 31 Todos de São Paulo excetuados os dos setores 32,33 e 34. 32 Guatapará e Ribeirão Preto.
33
Altinópolis, Aramina, Batatais, Brodosqui, Buritizal,Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Colômbia, Franca, Guaíra, Guará, Ipuã, Ituverava, Jardinópolis, Miguelópolis, Morro Agudo, Nuporanga, Orlândia, Ribeirão Corrente, Sales de Oliveira, Santa Cruz da Esperança, Santo Antônio da Alegria e São Joaquim da Barra.
34 Cubatão, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, RibeirãoPires, Rio Grande da Serra e Suzano.