Como desenvolver a psicometria

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Como Desenvolver a Psicometria Interpreta¸c˜ao da Aura dos Objetos e Dedu¸ c˜aodeSuaHist´oria W. E. Butler 1979

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Exercícios e práticas para o desenvolvimento de faculdades psico-energéticas.

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Como Desenvolver a PsicometriaInterpretacao da Aura dos Objetos e

Deducao de Sua Historia

W. E. Butler

1979

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Sumario

1 Uma historia a ser contada 5

2 Os dons psıquicos 13

3 Treinamento preliminar 21

4 Os primeiros passos 37

5 Pos-escrito 55

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Capıtulo 1

Uma historia a ser contada

Voce deve ter ouvido frequentemente pessoas que, ao observar um objetohistorico de algum interesse, exclamassem: “Se pudesse falar, que historiaspoderia nos contar!”. E as pessoas que, como nos, tem um conhecimentopratico da faculdade que e conhecida correntemente como P.E.S (abreviaturade Percepcao extra-sensorial) sabem, por experiencia propria, que isto everdade. O objeto historico, alias qualquer objeto, nao tem apenas umahistoria a contar, mas esta contando esta historia em continuacao, da mesmaforma, para usarmos uma analogia, como a fita magnetica de um gravadortem gravadas as palavras ou a musica que, em condicoes adequadas, poderaoser ouvidas a quaquer hora, reproduzidas por um aparelho.

E fato que nao existe um instrument, eletrico ou de outro tipo, que possareproduzir para nos as imagens e os sons, as emocoes, as paixoes e os pen-samentos que permanecem gravados num objeto material. Todavia, existempessoas que parecem possuir um certo “sexto sentido”, que as torna capazesde captar estas vibracoes e impressoes ocultas e traze-las a consciencia. Es-tas pessoas sao chamadas “psicometristas”.

A palavra deriva de duas palavras gregas, psiche, que significa alma, emetron, que significa medida. Portanto, por esta definicao, a psicometria ea capacidade de medir e interpretar “a alma das coisas”.

O professor Denton

Quem batizou assim esta faculdade foi um professor norte-americanode Geologia, no seculo dezenove. O professor Denton levou a termo umaserie completa de experiencias com o auxılio de sua irma, a senhora AnnDento Cridge. Ele descobriu que quando ela colocava sobre a testa umespecime geologico, mesmo cuidadosamente embrulhado de maneira a naodixar transparecer sua aparencia, ela era capaz de conseguir, atraves deimagens coloridas que surgiam “no olho de sua mente”, algumas nocoes dehistoria passada daquele mesmo especime.

Denton excteveu um livro muito interessante, A alma das coisas, sobre a

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faculdade psicometrica e deu neste alguns otimos exemplos da precisao dasvisoes de sua irma. Atualmente, porem, poderıamos obfetar que professornao considerou a possibilidade da telepatia entre ele proprio e sua irma epor causa disto o valor da evidencia de uma faculdade supranormal ficaum pouco enfraquecido. Por outro lado, isto se aplica apenas a uma partereduzida de suas pesquisas.

Denton foi levado a estudar esta estranha faculdade ao ler os relatoriosde certo Dr. Rhodes Buchanan, que fez experiencias com alguns de seusestudantes, mandando-os segurar frascos que continham drogas poderosas.Ele descobriu que alguns estudadtes, ao manusear os frascos identificadosapenas por uma etiqueta numerica, comecavam a sentir as reacoes fısicas queteriam se tivessem tomado efetivamente uma dose das respectivas drogas.

Um gosto de metal

Buchanan comecou a desenvolver suas experiencias depoes de uma in-formacao fortuita a respeito de um certo general Palk que, durante a GuerraCivil Americana, descobriu que todas as vezes que tocava em algo metalico,mesmo no escuro, percebia um estranho gosto de metal na boca.

O termo “psicometria” foi cunhado originariamente atraves das pesquisasde Denton, mas desde entao adquiriu um segundo significado e os psicologosa utilizam agora neste segundo sentido. A definicao do dicionario indicaambos os sentidos. A saber: “A medida da duracao dos processos mentaisutilizados na psicanalise e nos testes de inteligencia. Tambem, a faculdadeoculta de adivinhar, ao tocar um objeto, o carater, as qualidades pessoais,etc., de uma outra pessoa que o manuseou”.

E ate um pouco divertido ver como os psicologos, de comum acordo,tentam ansiosamente se dissociar do sentido original da palavra cunhadopor Denton e tentam convencer o publico de que a palavra lhes pertence enao tem qualquer relacao possıvel com a firma ao lado: a do “ocultista”!

O trabalho de um psicometrista

Depois de mencionar brevemente a descoberta moderna desta faculdadepsıquica (que nos seculos passados era muito conhecida em varias partes domundo), vamos tentar, com a nossa imaginacao, observar um psicometristaenquanto trabalha.

Existem as “reunioes de psicometria”, assim chamadas porque um psi-cometrista profissional examina um certo numero de objetos trazidos pormembros da audiencia. Nestes casos, costuma-se colocar os objetos em com-partimentos separados sobre uma bandeja, conforme dizem, para que umobjeto nao influencie outro que se encontra proximo. Entretanto, sabemospela experiencia pratica que este metodo nao e uma savaguarda completacontra a mistura de influencias.

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Pode ser interessante mencionar, a este respeito, algo que aconteceu nocomeco das pesquisas de psicometria moderna. Certa senhora, que ouvirafalar a respeito desta estranha e nova faculdade, estava deitada a noite epensava na psicometria, como tinha sido descrita. De repente, resolveufazer um teste pratico para ver se realmente funcionava. Levantou-se noescuro e desceu a escada; sem acender a luz, escolheu uma carta ao acasoentre a correspondencia em sua escrivaninha e que ela costumava guardarem ordem cronologica numa das gavetas. Colocou conscienciosamente acarta sobre a testa e procurou “ver” algo a respeito da pessoa que escreveraa carta. Conseguiu: sua mente foi inundada de impressoes. E todas estasimpressoes se juntaram delineando o carater e os tracos gerais de um homem,uma pessoa muito voluntariosa e poderosa. Agitadıssima por ter encontradouma prova da existencia deste estranho poder, ela voltou para a cama, sempensar em confirmar suas impressoes; sentia que estavam completamentecertas.

Surpresa e decepcao

Na manha seguinte, ao despertar, ela se lembrou de sua experienciapsicometricae olhou ansiosa para a carta que dixara sobre o criado-mudo.Ficou surpresa e muito decepcionada, porque o carater do remetente naocorrespondia absolutamente ao que sentira durante a experiencia.

Muito contrariada, a senhora desceu para guardar a carta em seu lugarcerto, na gaveta. Enquanto fazia isto, olhou para a carta proxima do mesmomaco e percebeu, encantada, que o que sentira durante sua tentativa noturnade psicometria da carta escolhida se aplicava completamente a personalidadedo homem que escrevera a carta ao lado. A energia varonil de seu carater,emanando de sua carta, tinha sobrepujado a personalidade fraca da cartaescolhida.

Uma leitura imaginaria

Voltando a nossas leituras psicometricas, sabemos que o psicometristaapanha um objeto e o segura na mao ou entao o comprime contra a testa;em seguida, comeca a descrever o que sente e o que “ve” quando entra emcontato psıquico com o objeto. Aqui vai uma leitura imaginaria, baseadaem nossa experiencia pessoal com um bom psicometrista:

“Vejo diante de mim uma grande extensao de agua – acho que e o mar.Sim, sinto que e o Oceano Atlantico. Estou no conves de um navio – o navioparece de madeira – e uma belonave, porque vejo os canhoes – canhoes quese carregam pela boca, do tempo de Nelson ou mais ou menos isto. O mar emuito azul e esta muito calmo, a luz do sol e intensa. A distancia percebo olitora baixo e entre os colinas achatadas que surgem atras das dunas possover uma cidade com casas caiadas. Minha atencao e atraıda por um homem

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que e, evidentemente, o capitao do navio. Enverga a farda de oficial daMarinha da epoca de Nelson. Sinto que algumas arvores nas colinas saooliveiras e acho que o litoral deve ser da Espana ou de Portugal. O navioparece participar do bloqueio da cidade.

Um prelado

“Agora estou olhando para um anel – um anel de ouro com uma grandeametista – e este mesmo anel que estou segurando agora e ele emana podere autoridade. Sim, pertence a este oficial, mas me leva para uma outraepoca do passado. Parece que estou na Italia – pelo menos, tenho estaimpressao – e sinto que o primeiro proprietario viveu na Italia e foi umprelado proeminente de sua epoca – acho que foi um bispo, ou, de qualquerforma, um dignatario – ouco salmodiar em latim e sinto que este anel vemdo tempo da Renascenca.

“O anel deve ter chegado as maos do capitao como uma heraca e damesma forma chegou as maos de seu proprietario atual.

“Agora quero falar da pessoa que me entregou este anel para uma leitura.Neste momento voce esta diante de dois caminhos a tomar – ambos saoigualmente atrativos. Sinto porem que dentro de pouco tempo – uma questaode dias e nao de semanas – o assunto se tornara mais claro e o caminho deabrira. Nao tome qualquer decisao precipitada ate que nao se apresente umaindicacao clara da atitude correta a ser tomada.”

Capitao da Marinha

O proprietario do anel confirma que o objeto efetivamente pertenceu aum capitao da Marinha que serviu com Nelson, que foi seu avoengo e queantigamente pertenciu a um dos grandes bispos catolicos da Renascenca.Confirma tambem que esta atravessando uma crise de negocios e que estaindeciso a respeito do caminho a tomar.

Esta e uma tıpica leitura psicometrica de boa qualidade. Algumas leituraspodem ser ate melhores, outras podem ser piores, mas o exemplo propor-ciona uma boa ideia do que podemos esperar.

Voce ja deve ter percebido que nesta leitura existem tres nıveis bemdefinidos. Temos a descricao do primeiro proprietario do anel e de seuambiente, depois temos uma descricao do capitao da Marinha e das condicoesgerais deste e finalmente temos uma observacao que se refere ao proprietarioatual do objeto.

Podemos chamar o primeiro nıvel de “registro primario”, o segundo de“nevel secundario”, enquanto o nıvel que abarca as condicoes presentes efuturas do atual proprietario do anel pode ser chamado nıvel terciario. Estestres nıveis serao encontrados em proporcoes variaveis em todas as leituraspsicometricas.

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A fonte do conhecimento

A este ponto podemos nos perguntar como foi que o psicometrista con-seguiu estes conhecimentos. Na maioria dos casos, podemos excluir qual-quer conluio entre o psicometrista e o proprietario do objeto em questao.Quando este conluio existe e logo descoberto. Ficamos com uma quantidadeconsideravel de informacoes que devem ser explicadas de outra maneira.

Um exame imparcial do assunto revela, em geral, a presenca de muitascoisas que absolutamente nao sao claras. Isto se deve a realidade psicologicade que o nıvel de aceitacao varia muito entre uma pessoa e outra. Existempessoas com fraco senso crıtico e estas aceitam como verdade muitas coisasque outras pessoas nao aceitariam como evidencia. Portanto, ao avaliar asinformacoes dadas, temos que levar em conta o que podemos chamar defator de credibilidade.

Por outro lado, nao podemos deixar de salientar que aquilo que muitasvezes pode parecer uma banalidade pode ter uma importancia efetiva paraa pessoa interessada. E que muitas vezes estas banalidades podem pro-porcionar provas conclusivas sobre a correcao das informacoes dadas pelopsicometrista.

Informacoes efetivas

Todavia, depois de eliminar as informacoes vagas e generalizadas, que ob-viamente nada tem de efetivo, mas que podem ser chamadas de prolixidade,ainda temos informacoes positivas e detalhadas, realmente comprobatoriase que nao podem ser tachadas de teorias fraudulentas ou de conjeturas. emoltamos a nossa primeira pergunta, a saber, de que forma estas informacoesefetivas se apresentam a mente do psicometrista. Evidentemente, isto naoacontece atraves dos conhecidos cinco sentidos.

Naturalmente, uma resposta poderia ser que estes conhecimentos foramrecebidos telepaticamente da propria mente da pessoa qeu trouxe o objetopara um exame psicometrico. Isto pode acontecer em alguns casos, masacreditamos que recorrer a uma explicacao telepatica significa apenas sub-stituir uma forma de percepcao extra-sensorial pela outra e, em muitos casos,a informacao realmente nao esta na mente de qualquer pessoa viva.

Por conseguinte, os cepticos se sentem, muitas vezes, na obrigacao demencionar o “conhecimento universal” e a “memoria cosmica” dos quaiso psicometrista pode, aparentemente, tirar suas informacoes. A teoria eatraente e, contrariamente a forma como a vezes e empregada, apesar daspretensoes dos espiritualistas, coincide com os resultados da pratica psi-cometrica.

Pode ser util analisar brevemente esta ideia de um conhecimento univer-sal, do qual podemos extrair informacoes em determinadas circunstancias.

Os leitores que conhecem a obra do Dr. C. G. Jung devem lembrar que

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este, em seus escritos, lancou a ideia do Inconsciente Coletivo, paralela aconsciencia individual normal que todos conhecemos. Atraves de seu sub-consciente mais profundo, cada pessoa esta em contato direto com este incon-sciente coletivo. Desta forma, em determinadas circunstancias conseguimostrazer a tona, para a nossa consciencia, uma parte dos conhecimentos local-izados naquelas esferas ocultas da mente.

A luz astral

O conceito do inconsciente coletivo e conhecido por todos os que estu-daram os ensinamentos da ciencia conhecida com o nome de ocultismo. Porestes ensinamentos, o inconsciente coletivo e conhecido como “a luz astral”,e tambem se afirma que as atividades deste inconsciente coletivo se mani-festam atraves de muitos e diferentes graus de uma “substancia” imaterial,que e o substrato de toda materia fısica.

Afirma-se tambem que esta substancia subjacente nao contem apenas osregistros da memoria, consciente e subconsciente, de toda a vida do plan-eta fısico, mas que e tambem o canal pelo qual a Consciencia universal doCriador e Esteio deste universo mantem em Seu poder e controle todas asmanifestacoes, em todos os nıveis da existencia.

Os registros akashicos

No Oriente se acredita que a vida e a consiencia divina trabalham come atraves do que se chama o “Akasha”, e por isto encontramos a expressao“registros akashicos”, utilizada para indicar esta “memoria cosmica”. Ev-identemente, este e apenas um esboco muito primitivo de um sistema fi-losofico muito complexo, mas pode servir para explicar tal expressao.

Ademais, acredita-se tambem que estes registro akashicos se refletema nıveis variaveis na luz astral, e que podem eventualmente sofrer algumasdistorcoes quando se encontram proximos das correntes emocionais e mentaisque surgem atraves do inconsciente coletivo do planeta.

Assim, temos o conceito de uma mente e consciencia universal nao muitoafastada da vida terrestre e de suas lutas, mas efetivamente imanente nesta,enquanto permanece, simultaneamente, em toda Sua Plenitude acima e alemde qualquer manifestacao.

Acredita-se tambem que, por efeito de sua propria divindade inata, ohomem pode se colocar en rapport, em graus variaveis, com aquela con-sciencia divina, e na medida em que isto se verifica, ele se torna capaz deentrar em contato com a memoria cosmica, da qual sua propria memoriapessoal e apenas uma componente microscopica.

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A alma do mundo

Da mesma forma que Games, Fechner e muitos outros filosofos, os ocultistasacreditam tambem que este planeta nao e meramente uma bola de materiamineral se baloucando nos ceus, mas e o ‘corpo” ou veıculo de uma vidasimples mas poderosa, e portanto possui sua propria memoria sobre tudoque nele aconteceu.

Qualquer partıcula de materia e considerada, atraves desta hipotese, ummeio para entrar em contato com a Anima Mundi, a Alma do Mundo.

O eter reflexivo

E chegamos a simples definicao de Denton e de seus colaboradores, pelaqual, com a psicometria, entramos em contato com, e lemos a memoriainapagavel da alma das coisas. Alias, os ocultistas dizem que esta memoriaplanetaria esta registrada no que eles chamam de “eter reflexivo” do planeta.Este eter reflexivo nao apenas contem a memoria planetaria, mas tambemreflete de forma mais ou menos clara, dependendo das circunstancias, opre-conhecimento da Mente Divina, que ja se encontra nos fieis RegistrosAkashicos.

Desta forma, atraves do eter reflexivo, o psicometrista pode conseguiralguns vislumbres do futuro, algumas “sombras lancadas para a frente”,mas a exatidao destas predicoes do futuro depende da clareza com a qualas reflexoes da Mente Divina se espelham nas profundezas da memoria da“Anima Mundi”.

Queremos ainda mencionar, brevemente, que o conhecimento desta me-moria universal era simbolizado pelos registros que, conforme a crenca dosantigos egıpcios, eram lidos quando as almas desencarnadas eram levadasao Juızo dos deuses, e uma parte deste simbolismo egıpcio pode ter sidoadotada pelo cristianismo nas imagens do livro das Revelacoes, no qual seafirma que “os livros foram abertos” e os mortos foram julgados.

O desenvolvimento da faculdade

Depois de lhes oferecer algumas das teorias e hipoteses que foram lev-antadas para explicar os fenomenos da psicometria, queremos assinalar que,embora estas ideias possam ser interessantes e instrutivas, e mais oportuno“voltarmos para a terra”, para nos concentrarmos no desenvolvimento dafaculdade; podemos voltar a discutir o lado metafısico mais tarde, depois deuma experiencia pratica pessoal.

Nao e necessario que voce tenha qualquer teoria especial a respeito dapsicometria; voce pode desenvolver a faculdade e usa-la sem ter que aceitarqualquer teoria, da mesma forma que as pessoas podem enxergar sem terconhecimentos especıficos de optica. Depois de desenvolver a faculdade psi-

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cometrica, voce podera usa-la, como pode usar todas as faculdades, as fısicase as suprafısicas, para qualquer proposito que escolher.

Lembre-se, entretanto, que uma maior habilidade exige uma maior re-sponsabilidade em usa-la de maneira coreta, e obviamente, a este ponto,voce se defronta com o aspecto moral deste desenvolvimento. Vamos falarmais a este respeito numa outra parte deste livro.

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Capıtulo 2

Os dons psıquicos

Por algum motivo, parece ter surgido a ideia de que as faculdades psıqui-cas, como a clarividencia, a clariaudiencia, a psicometria, e assim por diante,sao “dons” peculiares que a natureza outorga a determinados indivıduos,e que nao se trata de faculdades em poder de toda a humanidade. Estacrenca tem tres aspectos. Em primeiro lugar, temos a velha ideia “paga”dos “deuses” que distribuem dadivas entre os mortais. Mais especificamente,como se acreditava que estas qualidades psıquicas significavam que existiauma especie de elo entre os deuses e seus devotos, as qualidades psıquicaseram consideradas, de uma forma especial, superiores a qualquer outra, eao redor de seu uso se centrava a atmosfera “divina” da religiao.

No coracao das religioes primitivas da humanidade se encontrava a ideiado “oraculo”, do vidente, do “adivinho”, e atras da religiao esoterica oficialda epoca havia uma inclinacao e uma pratica “interna” ou “esoterica”.

Quando o cristianismo comecou a surgir como uma religiao, aparece-ram varios grupos, identificados de forma geral como “gnosticos”, porqueafirmavam possuir um conhecimento pessoal direto das coisas espirituais.Muitos entre os que se converteram ao cristianismo, vindos de uma ou outraantiga religiao de misterios, sentiam que uma boa parte de seus conhecimen-tos anteriores poderia ser “batizada em Cristo”, e um bom numero destesse tornou mestre da Igreja primitiva.

As faculdades psıquicas

Vale a pena notar que nos misterios classicos e tambem no gnosticismodos primeiros cristaos o uso de faculdades psıquicas nao significava qualquercomunicacao com os “espıritos” de criaturas humanas desencarnadas, comono espiritismo moderno, mas apenas se ocupava dos contatos com entidadesespirituais de varios tipos.

Quando, por um contratempo, se manifestava algo que parecia umacriatura humana desencarnada, acreditava-se que algo estava errado e setomavam medidas para que isto nao se repetisse. Vale a pena enfatizar que

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nem o “kerheb” egıpcio, nem o hierofante de Eleusis, nem o teurgo neo-platonico e nem o gnostico cristao tentavam se comunicar com os “mortos”atraves da mediunidade, embora conhecessem todas as formas de faculdadespsıquicas.

Isto, naturalmente, nao refuta a explanacao espırita, mas como muitosespıritas afirmaram que estes contatos devem ter acontecido, e apenas comespıritos humanos, torna-se necessario frisar que, embora nao possamos ne-gar a possibilidade destes contatos com os mortos, todos os que mencionamosnunca consideraram ser este o objetivo mais importante de suas praticaspsıquicas.

Sao Paulo

Numa passagem bastante conhecida de uma de suas epıstolas aos con-vertidos corıntios, Sao Paulo da instrucoes aos pequenos grupos de cristaosque se reuniam para a comunhao espiritual e as oracoes.

Precisamos lembrar que os primeiros “adeptos”, como eram chamados osprimeiros cristaos, levaram muito a serio a promessa do Mestre. Ele prom-etera que lhes mandaria o Espırito Santo para guia-los, e eles acreditavamque a influencia do Espırito Santo estava presente em todas as reunioes dosfieis. Diziam que era uma “Igreja repleta do Espırito”.

Entre os pequenos grupos que se reuniam para o culto e a comunhao,se manifestavam fenomenos psıquicos, como alias aconteceu muitos seculosmais tarde em grupos parecidos da Sociedade de Amigos (mais conhecidoscomo “quacres”).

Acredita-se que tambem nas reunioes dos quacres estes fenomenos eramproduzidos pelo poder e pela presenca do Espırito, e nao pelo esforco doschamados “mortos”.

Dons psıquicos

De fato, Paulo diz que e este mesmo Espırito que da a cada pessoa um“dom” ou “carisma” particular, e neste ponto encontramos uma ligacao coma ideia paga e tambem judaica dos deuses ou de Deus distribuindo dadivasentre os homens.

Uma infeliz traducao do texto grego fez com que Paulo se referisse adons espirituais, quando na realidade a traducao correta da expressao edons psıquicos, a saber, que pertencem a “psique”, ou alma, mais que aoespırito; para Paulo, o homem era uma trindade de corpo, alma e espırito.

Portanto, desde a antiguidade paga e atraves dos seculos cristaos ate opresente, estas faculdades psıquicas foram consideradas um dom recebidodos ceus, e esta atitude da mente foi aplicada tambem a todas as faculdadeshumanas. Por conseguinte, falamos em oradores dotados, artistas dotadosou musicos dotados. Em todos estes casos estamos usando as formas de pen-

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samento do passado, e isto se torna ainda mais marcante quando tratamosde faculdades psıquicas.

O limiar da consciencia

Existe, entretanto, mais um ponto de vista que se encontra implıcito nosensinamentos e que sao a base da filosofia de vida deste autor. Queremosdizer que as faculdades psıquicas estao presentes em todos os homens, deforma latente, em toda a vida, mas em alguns casos elas atuam acima dolimiar da consciencia normal, enquanto na maioria dos caso atuam abaixodeste limiar. A profundidade abaixo deste limiar determina se vale fazer umesforco para traze-las ate uma atividade consciente de trabalho. Em algunscasos, nao valeria a pena.

Vamos simular um exemplo considerando um outro “dom”: o da musica.Ja exitiram pessoas que, com muito pouca idade, mostraram ter aptidao paraa musica, com tamanho talento para composicoes e expressoes musicais queforam consideradas verdadeiros prodıgios. Nestas pessoas a musica e suasexpressoes parecem inatas. Alguns grandes compositores de musica podemser classificados nesta categoria.

Na outra extremidade da linha podemos tomar a exemplo este escritor.Desde a mais tenra infancia nunca conseguiu cantar afinado, sendo em parteincapaz de distinguir os sons: os misterios do desempenho de uma orquestrapermanecem, para ele, completamente desconhecidos.

Enquanto frequentava o primario, recebia um livro para ler durante aaula de canto, porque nao apenas era incapaz de cantar uma nota afinada,mas ninguem que estivesse perto dele conseguia cantar afinado, apesar detodos os esforcos! E obvio que qualquer tentativa de lhe dar uma educacaomusical teria sido completamente inutil.

Atividae espontanea

O mesmo acontece com as faculdades psıquicas. Em alguns casos, pare-cem brotar e atuar espontaneamente. Em outros casos, anos seguidos de“sessoes de desenvolvimento” resultarao inuteis. Entretanto, a maioria daspessoas parece se situar entre estes dois extremos. Elas podem desenvolverou revelar estas faculdades, mas o tempo necessario varia de pessoa parapessoa.

Todavia, revelar uma faculdade e uma coisa; estabiliza-la e controla-lae outra coisa bastante diferente. E este o ponto onde um sem-numero decandidatos a medium nao conseguem superar o teste. Nao fazem qualquertentativa para disciplinar e treinar sua habilidade psıquica, e isto dependemuitas vezes da ideia errada dos “dons” que ja mencionamos. Vamos voltara discutira toda esta questao de estabilizacao, disciplina e treinamento maisadiante, mas achamos que cabia menciona-la neste ponto.

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Vamos considerar agora o ponto de vista etico. Ja explicamos que umatraducao infeliz estabeleceu uma ligacao entre estas faculdades e a ideiade “espiritualidade”. Vale a pena examinar o que significa esta expressaoe ate que ponto pode ser aplicada a estas faculdades supranormais que seencontram em cada um de nos.

Espırito e materia

Na Igreja Crista primitiva surgiu uma curiosa “heresia”, ou ponto devista (que e o significado original de heresia), que estabelecia uma divisaodefinida, ou “dicotomia”, entre o “Espırito” e a “Materia”. As origenspodem ser encontradas em alguns trechos das epıstolas de Sao Paulo, maselas se tornaram proeminentes nos ensinamentos de um certo Manes, ummestre cristao que adotou algumas ideias da religiao persa, o zoroastrismo.O Espırito e a Materia eram tidos como em eterno conflito, e a Materia eraconsiderada totalmente perversa.

Esta heresia, embora condenada nos grandes Concılios da Igreja, nuncafoi completamente erradicada da cristandade e voltou a aparecer seguida-mente, numa ou noutra forma.

Foi a base do filao puritano que colore toda a historia crista, e que trans-formou as reacoes naturais e necessarias diante de ensinamentos e comporta-mentos licensiosos em exageros e desequilıbrios, que resultou em ensinamen-tos e praticas igualmente prejudiciais para o desenvolvimento harmoniosodo espırito humano.

A traducao errada

Atualmente, embora as escolas que ensinam a usar a faculdade psıquicaafirmem se terem livrado de ideias “ortodoxas”, aparentemente ainda estaotolhidas pela traducao errada da passagem do Novo Testamento que se refereaos dons psıquicos, e muitos de seus seguidores insistem em considerar estasfaculdades como dons espıritas.

Eles estao certos, enquanto todos os poderes e faculdades humanas saoespirituais, no verdadeiro sentido da palavra, porque a Materia nada mais eque uma manifestacao do Espırito; porem, e este e um POREM maiusculo,se eles consideram as faculdades psıquicas como espirituais, eles tem queconsiderar tambem as faculdades fısicas do homem como espirituais, paraevitar cair na heresia maniqueısta.

Infelizmente, continua a vicejar o falso conceito de que uma pessoadotada de faculdades psıquicas significa obrigatoriamente que esta pessoaseja tambem “espırita” no sentido etico e moral. Qualquer pessoa que con-hece de perto o mundo do psiquismo e de assuntos correlatos, sabe perfeita-mente que isto nao corresponde a verdade, entretanto, trata-se de uma ideiaprofundamente arraigada, que nao parece destinada a desaparecer tao cedo.

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Como vimos, suas origens sao antigas e nao podera ser eliminada num piscarde olhos.

Resta o fato de que uma pessoa dotada de faculdades psıquicas e dehabilidades mediunicas nao e, necessariamente, uma pessoa com elevadospadroes espirituais e morais. De fato, muitas vezes verificamos o contrario.

Sugestoes telepaticas

Ja mencionamos as profundidades variaveis da mente, nas quais estasfaculdades psıquicas podem ser encontradas no estado latente. Vamos con-siderar agora o caso de uma pessoa na qual estas faculdades se encontrammuito proximas da superfıcie da mente subconsciente, mas nao estao nocampo consciente do estado de vigılia. Entretanto, elas atuam constante-mente nos nıveis subconscientes, recebendo impressoes dos pensamentos edas emocoes de outros ao redor.

Todas estas impressoes chegam a sua mente como sugestoes, que podemser boas ou mas, e que alteram constantemente toda a consciencia.

Todas as pessoas estao interligadas desta maneira, homem nenhum e umailha, como ja disse um poeta e, alem de nossa base subconsciente comum noque se chama o “Inconsciente Coletivo” da raca, estamos sempre cercados e,praticamente, submersos por uma corrente turbulenta de pensamento e deemocao, atravessada por mares rıtmicas de energia, e estamos, conscienteou inconscientemente, sempre reagindo conforme o conteudo desta mareinvisıvel.

A vida de uma prostituta

Desta forma, pode acontecer que uma mulher se entregue a prostituicao,nao por ter escolhido conscientemente este caminho, mas por causa dospensamentos e das emocoes de outras pessoas, que atuam sobre seus sentidospsıquicos parcialmente despertos. Esta sendo arrastada pela sua propriasensibilidade.

Se esta mulher foi criada conforme determinados ideais de comporta-mento em assuntos sexuais, ela provavelmente resistiu a influencia combi-nada de seus instintos naturais e das sugestoes insidiosas que a atingiamatraves de sua sensibilidade oculta. Mas pode ter chegado um momento emque nao estava ‘alerta”, e seus impultos instintivos combinados com as sug-estoes telepaticas concorreram para que perdesse seu equilıbrio emocional eetico, e ela “caiu no pecado”.

Todavia, a culpa desta queda pode ser de alguem que, convencido de suapropria virtuosa “respeitabilidade”, prejulgou a moca, e com a forca de seupensamento (que muitas vezes e provocado por impulsos sexuais recalcados)contribuiu para a sua queda. “Nao julgues, para nao seres julgado” e umamaxima muito saudavel.

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Um codigo de vida

Por causa desta interacao entre nos mesmos e o universo ao nosso redor,e se realmente quisermos ser “nos mesmos”, e altamente recomendavel queconstruamos, consciente e deliberadamente, um codigo de vida para o nossocotidiano e para nosso trabalho, um padrao etico e moral que evite ficarmosa merce destas influencias invisıveis, mas poderosas, que recebemos do nossoambiente.

Sabemos quanto estes codigos de pensamento e de comportamento setornam necessarios frente as tentacoes visıveis e tangıveis de nossa vida nor-mal consciente. Estes codigos, porem, se tornam ainda mais imprescindıveiscomo uma salvaguarda contra as tentacoes subconscientes, intangıveis e in-visıveis.

Depois de estabelecer este codigo de vida, podemos tentar, com segu-ranca, trazer ate nossa mente consciente e desperta as impressoes recebidaspor meio destes sentidos psıquicos submersos. Quando conseguimos con-trola-las conscientemente desta forma, elas deixam de ser fontes ocultas e de-sconhecidas de uma parte de nosso pensamento irresponsavel, e comecamosa ser menos afetados pelas muitas facetas da “mente da rale” ao nosso redor.

Estaremos assim obedecendo a maxima que , na antiguidade, se encon-trava gravada acima do portal do Templo dos Misterios: Gnothi heauton, eque significa: “Conhece-te a ti proprio”! Quando as impressoes psıquicas saotrazidas assim a conciencia, e possıvel avaliar seu valor e trata-las conformeo codigo de vida desenvolvido.

A ciencia da alma

O leitor tem a possibilidade de se valer delas para o aperfeicoamentode seu proprio carater, e como tem um conhecimento consciente destas im-pressoes, nao eta mais a sua merce. Pode observar as condicoes que lhespermitirao atuar, e tambem pode comecar a avaliar o valor que elas poderaoter em sua vida. Se o leitor possui uma mente do tipo cientıfico, ele poderatambem comecar a reconhecer os caracteres do alfabeto de uma ciencia hamuito esuqecida nestes tempos modernos: a ciencia da alma.

E verdade que no estado atual de nosso conhecimento moderno destasfaculdades, o fato de exerce-las e muito mais uma arte que uma ciencia, masprogredindo na compreensao dos princıpios que regem suas manifestacoes,vamos comecar a vislumbrar a ciencia sublime que regulamenta as mani-festacoes das faculdades paranormais.

O sistema iogue

A humanidade nunca perdeu completamente esta ciencia; no ocidente,entretando, ela foi aparentemente suplantada pelo tipo de civilizacao queaqui se desenvolveu. No oriente sobreviveu mais abertamente nos diferentes

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sistemas de ioga, dos quais alguns fragmentos estao sendo insistentementepropagados no ocidente em nossa epoca. Uma grande parte e apenas umaparodia do verdadeiro conhecimento.

Todavia, no oriente e no ocidente existem os iniciados e os zeladoresdesta Eterna Sabedoria, e eles estao prontos para assistir, neste momentoimportante da historia humana, aos que se dedicam ao trabalho de pesquisano campo da paranormalidade no mundo ocidental.

Entre estes poderes paranormais, a faculdade da psicometria e uma dasmais interessantes e instrutivas, e pode ser de grande valia quando aplicadacorretamente.

Treinamento especial

E relativamente facil adquirir um pouco de habilidade psicometrica semqualquer instrucao especial, mas e preferıvel, sob todos os pontos de vista,que o candidato-psicometrista siga um sistema definido de treinamento. Afaculdade bem treinada e muito superior a nao treinada.

O treinamento necessario para desenvolver a faculdade de psicometriapode ser subdividido em diferentes tecnicas, que discutiremos mais detal-hadamente no capıtulo seguinte. Todavia, gostarıamos de explicar por queutilizamos o termo “faculdade” com uma frequencia que podera parecerexcessiva a alguns de nosso leitores. A maior parte das pessoas que lidacom estes assuntos usaria, provavelmente, a expressao “poderes psıquicos”,enquanto nos preferimos o termo “faculdade” porque consideramos esta ex-pressao mais correta. Trata-se de faculdades receptivas e nao de poderesexpressos.

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Capıtulo 3

Treinamento preliminar

Ja mencionamos que e possıvel desenvolver capacidades psicometricassem qualquer treinamento e, alias, foi isto que aconteceu com os pioneirosque redescobriram a faculdade nos tempos atuais. De fato, isto acontececom todas as novas descobertas ou com as redescobertas, porque, apenasrepetindo as experiencias e classificando os resultados obtidos, e possıvelformular os princıpios da materia. Em seguida, pode-se planejar um metodode treinamento sistematico.

Todavia, mesmo depois de desenvolver um tal sistema de treinamento, enecessario lembrar sempre que o exercıcio destas faculdades psıquicas, emb-ora tenha um fundamento realmente cientıfico, tambem tem muito de arte,e qualquer sistema de treinamento deve levar em conta os fatores pessoais.

Podemos encontrar uma situacao muito parecida nas artes visuais; porexemplo, um pintor pode possuir uma tecnica mecanica de pintura muitoexata, entretanto o valor efetivo de seu trabalho e dado pelo elemento pessoalque ele transfere para seus quadros. O mesmo acontece com a faculdadepsıquica da psicometria.

O domınio da lei natural

No caso da pratica psıquica, a referencia a uma base “cientıfica” poderasurpreender muitos de nossos leitores, especialmente os que sempre acredi-taram que estas coisas se encaixavam numa ordem “sobrenatural” de coisase, portanto, nao estavam sujeitas a lei cientıfica. Todavia, os que estudaramestas materias de maneira mais aprofundada estao convencidos de que real-mente estao sujeitas a lei natural.

Talvez seja necessario explicar que, quando falamos nas leis naturais douniverso, estamos nos referindo efetivamente a que foi descrita como a “asequencia previsıvel de eventos observados durante um perıodo demorado” enao a lei cosmica atual e imutavel, que e o proprio arcabouco deste universo.Em outras palavras, trata-se de nosso conceito da verdadeira lei natural.

Podemos encontrar um exemplo na hipotese newtoniana da gravidade e

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luz. Estas teorias funcionam bem dentro de determinados limites, e explicama maioria dos fatos observados, mas existem fatos que nao se enquadramnestes esquemas, enquanto a hipotese geral da relatividade, formulada porEinstein, consegue engloba-los.

Da mesma maneira, os cientistas victorianos, cujas hipoteses eram formu-ladas em bases meramente materiais, estavam convencidos de que as man-ifestacoes psıquicas nao poderiam ser incluıdas no “universo racional” dopensamento cientıfico.

Novas hipoteses

“No universo nao ha lugar para fantasmas”, declarou destes cientistas,e um outro arrematou: “Vejo na materia a promessa e a potencia de toda avida”.

Fizemos esta digressao para indicar que as “leis da natureza”, da maneiracomo sao formuladas numa epoca qualquer, podem sempre ser modificadaspor novas hipoteses formuladas numa epoca posterior. Afinal, sao ape-nas teorias, hipoteses, desenvolvidas para expressar e explicar determinadosfatos. Alem destas se encontra a lei imutavel do universo, e a verdade oufalsidade de qualquer “hipotese da lei da natureza” depende de quanto elase aproxima da lei verdadeira.

Osa anais da historia cientıfica estao apinhados de exiemplos de exatidaorelativa de teorias desenvolvidas por pensadores cientıficos para explicar osfenomenos naturais observados.

Todas as hipoteses e declaracoes sobre a lei natural estao condicionadaspela nossa compreensao dos fatos observados, pelos nossos preconceitos pes-soais, conscientes ou inconscientes, e pelo escopo e a amplitude de nossaexperiencia relativa ao assunto. Os cientistas victorianos nem sempre en-tendiam isto, alias ainda hoje muitos cientistas nao o admitem.

Algum tempo atras ouvimos um proeminente psicologo declarar que,apesar de qualquer quantidade de provas, jamais chegaria a considerar aideia da possibilidade da Percepcao Extra-Sensorial, porque a admissao detal possibilidade destruiria a base de todo o ensinamento moderno.

Pensadores religiosos

Um “bloqueio” bastante parecido existe tambem na mente de muitospensadores religiosos, como esta demonstrado pela tendencia de estabeleceruma divisao rapida e nıtida entre coisas “sagradas” e coisas “seculares”.Este e o enfoque mental que sempre indicou uma tendencia a considerar asfaculdades psıquicas como sendo “sobrenaturais”.

Nao concordamos com estas crencas porque, como a maioria dos que tra-balharam seguindo estas diretrizes, acreditamos que “sobrenatural” e apenasAquele que se encontra acima de toda a Natureza, por ser Ele a Fonte e a

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Origem. Acreditamos tambem que a Vontade e o Proposito d’Ele sao averdadeira lei do Universo.

Manifestacoes paranormais

Desta forma, todas as manifestacoes em qualquer plano de existenciasao regidas pelas leis naturais, e nao devem ser definidas “sobrenaturais”.Costumamos, portanto, nos referir as faculdades psıquicas como “paranor-mais”. Por conseguinte, e logico que se enquadram no campo da observacaoe do metodo cientıficos.

Da mesma forma, uma grande parte dos testes e das investigacoes efetu-ados nada tem de cientıfico, e ambos os extremos da escala mental indicamuma igual teimosia e a mesma ma vontade em obedecer aos ditamos dogrande cientista victoriano, Huxley, que afirmava que o verdadeiro cientistadeve estar preparado para “se sentar diante da Natureza como uma crianc-inha, e segui-la para onde ela nos conduz”.

Em tudo que escrevemos aqui a respeito do treinamento da faculdadepsicometrica, tentamos evitar as duas posicoes extremas, a da aridez int-electual e a da asneira sentimental.

Um exemplo de leitura inadequada

Voce deve se lembrar que reproduzimos um esboco sumario de um “en-contro psicometrico”, e que observamos a respeito que a “leitura” do psi-cometrista era de boa qualidade. Queremos agora reproduzir uma “leitura”psicometrica de qualidade inferior. Voce pode reparar que as declaracoes saomuito claras, e podem ser reconhecidas pelo proprietario do objeto. A in-formacao nao apresenta defeito, mas a apresentacao e definitivamente fraca.

Nosso psicometrista apanha o objeto e diz: “Vejo um bocado de agua -tem um homem aı - acho que e o mar - o homem esta metido numa fardaesquisita - estou vendo um montao de arvores, as folhas com uma coloracaoverde acinzentada - tenho uma sensacao de influencias eclesiasticas - incenso- as arvores estao crescendo nas colinas baixas atras de uma cidade - voceesta com alguma duvida sobre uma decisao? - este objeto tem algumarelacao com influencias italianas - o homem esta observando alguma coisa -voce estava querendo ir para a Italia? - tenho a impressao de disparos decanhoes - voce esteve na guerra? - o homem tem uma espada, parece queesta no comando de alguma coisa - nao se preocupe a respeito da decisao atomar, em alguns dias tudo ficara mais claro”.

Acao seletiva

Voce pode ver que esta “leitura” contem a maioria das informacoes pro-porcionadas pelo primeiro psicometrista, entretanto, ao inves de uma serie

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de informacoes coerentes, neste caso temos um amontoado de fragmentosconfusos. Como pode acontecer isto?

Existem, neste caso, dois fatores principais e um fator secundario. Emprimeiro lugar, existe a caracterıstica das faculdades psıquicas que atua daseguinte forma: todas as informacoes recebidas atraves destas faculdadesse apresentam a mente como um bloco de conhecimentos, que em seguidadevem ser selecionados pela mente subconsciente e projetados para a con-sciencia, seguindo uma determinada sequencia.

Incidentalmente, a mesma coisa se verifica com a visao fısica normal. Osolhos absorvem o quadro completo e depois o transmitem ao centro visual docerebro, e por conseguinte a informacao e transmitida a mente conscienteatraves do subconsciente. Normalmente, existe uma acao seletiva que seprocessa no subconsciente, e esta acao seletiva subconsciente subdivide obloco de impressoes visuais recebidas e apresenta as partes, num padraodeterminado, a mente desperta.

A acao seletiva subconsciente e desencadeada por varios fatores. Pode-mos ter lido a respeito de um rio em cheia e os prejuızos provocados pelaenchente, e depois, no mesmo dia, podemos ir para o campo e ver umapaisagem na qual ha, entre outros detalhes, um trecho de rio. Quase sem-pre a primeira coisa que atraira nossa atencao naquele panorama compestresera o rio, porque nosso subconsciente ficou impressionado pela leitura donoticiario daquele mesmo dia.

Preconceito psicologico

Tambem e possıvel sentirmos uma enorme antipatia por certos animais,por exemplo, vacas: e sem percebe-lo conscientemente, nossa primeira ob-servacao sera que existem vacas na paisagem! Aqui nos defrontamos como segundo fator em materia de percepcao. Um preconceito psicologico sedesenvolveu automaticamente em nosso subconsciente e todas as impressoesque chegam a qualquer um dos sentidos estao afetadas por este preconceitoem sua passagem atraves dos nıveis conscientes da mente.

Quando conhecemos os nosso preconceitos, em qualquer sentido, pode-mos compensa-los conscientemente, mas quando os desconhecemos, eles po-dem afetar nossa capacidade de avaliar o que recebemos atraves de nossossentidos. Isto se verifica sobretudo quando temos que julgar e registrar oque vimos ou ouvimos.

Esta selecao imperfeita das impressoes pode ser, obviamente, encontradaem algumas das “descricoes” feitas por clarividentes e psicometristas e, emgrande medida, isto depende da ausencia de um bom treinamento mental. Ebastante obvio que tudo que se apresenta a mente e gravado na consciencia,e este registro mental e a base do que chamamos de “memoria”.

Da mesma forma, o registro que resulta da entrada de percepcoes psı-quicas atua sob os mesmos princıpios mentais do registro mental que e o

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resultado da entrada de percepcoes dos sentidos fısicos.

A habilidade de observacao

No caso do psicometrista, as impressoes psıquicas que entram em blocodevem ser registradas e enviadas de novo para fora muito rapidamente, deuma forma quase parecida como as impressoes visuais recebidas por umcomentarista esportista de televisao devem ser devolvidas imediatamenteem forma de comentario, acompanhando o jogo que esta sendo observado.

Isto significa que o poder seletivo da mente deve processar rapidamenteos incidentes do jogo em sua sequencia correta, e para que este processo possaser executado com sucesso, a principal habilidade exigida e a de observacao.Observar em sequencia nao e tao comum como pode parece. A maioria daspessoas apresenta a tendencia, provocada por pontos falhos psicologicos, deobservar algumas coisas e deixar de observar outras, ou entao de confundira sequencia dos acontecimentos.

O treinamento da observacao e um ponto essencial para qualquer pes-soa que utiliza seus sentidos psıquicos, e sua ausencia e a ja mencionadacausa secundaria de dificuldades no desenvolvimento psicometrico. Os sutisimpulsos psıquicos recebidos pelo psicometrista devem ser percebidos, reg-istrados e traduzidos em palavras faladas ou escritas (alguns psicometristasefetuam a chamada “psicometria por correspondencia”). Quando isto naose efetua de maneira praticamente imediata, estas impressoes submergiraono campo mental geral, misturando-se e ficando distorcidas pelas imagensde pensamento que nele existem.

Por conseguinte, uma parte essencial do treinamento e cultivar esta ca-pacidade de observacao, e, como ja explicamos, esta capacidade nao e muitocomum, porque, embora todas as impressoes fiquem gravadas na mente,raramente elas chegam a emergir na consciencia desperta, mas permanecemabaixo do limiar mental, a saber, no subconsciente. Portanto, existe a ne-cessidade de treinar a mente para atuar de maneira que muito mais destasimpressoes recebidas sejam registradas pela consciencia desperta.

Existem muitos exercıcios que foram desenvolvidos para este treinamentoespecıfico, todavia muitos apresentam o defeito de serem excessivamentecomplexos, e na realidade acabam por ser contraproducentes. Nestes assun-tos, quanto mais simples o exercıcio, melhor: as probabilidades de sucessoaumentam com a simplicidade.

Atencao e concentracao

Consideremos rapidamente o que e realmente a “observacao”. E a ca-pacidade de prestar uma atencao concentrada e conscientemente dirigidaas impressoes provocadas em nossas mentes pela atuacao de nossos senti-dos, enquanto estes sentidos reagem frente as varias coisas e aos diferentes

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acontecimentos que formam o cenario de nossas vidas.

Esta atencao dirigida e concentrada significa que precisa aprender amanter a atencao voltada para qualquer ponto daquele cenario, conformea vontade. Evidentemente, e isto que chamamos de “concentracao”. Porconseguinte, a atencao e a concentracao sao ambas valiosos utensılios detreinamento para o desenvolvimento psicometrico. Por outro lado, a atencaotambem e a chave para uma vida fısica de muito sucesso, e vale a pena anotarque o paranormal bem treinado, seja ele clarividente ou psicometrista, nao eabsolutamente a pessoa distraıda ou pernostica que geralmente se acredita.

Evidentemente, existem paranormais que sao distraıdos e pernosticos, eexistem varias razoes para que sejam assim. Por outro lado, existem muitospadres que, mais ou menos, apresentam uma imagem que se parece bastantecom a parodia que se faz deles nos programas humorısticos.

Existe ainda um curioso detalhe: depois do treinamento e desenvolvi-mento da faculdade psıquica, as impressoes que entram podem, em algunscasos, ser comparadas, pela intensidade, as percepcoes puramente sensoriais.

“Reflexo condicionado”

Os seguidores de determinados sistemas “ocultos” afirmam que as pes-soas comuns atravessam a vida num sonho desperto, reagindo automatica-mente as condicoes ao seu redor, e justificam em geral as afirmacoes dospsicologos “behavioristas” e dos Materialistas Daleticos comunistas, no sen-tido de que uma criatura humana e apenas a peca complexa de um mecan-ismo, que funciona dirigida pelo que se chama de “reflexo condicionado”.

A famosa experiencia dos “caes de Pavlov” e considerada a prova desteenfoque mecanico da vida, e estas escolas de ocultismo, embora discordemcompletamente com o enfoque basicamente materialista, afirmam, entre-tanto, que a maioria dos pensamentos e das acoes do homem medio e oresultado deste “reflexo condicionado”. Por outro lado, eles afirmam, comabsoluta certeza, que o homem tem a possibilidade de acordar deste sonhoe de comecar a atuar como uma criatura consciente.

As implicacoes ulteriores desta doutrina nos afastariam demais da rotaque escolhemos, mas quisemos menciona-la porque e um fato indiscutıvelque, em maior ou em menor medida, esta qualidade onırica da conscienciase manifesta em nossa vida desperta e em nosso trabalho.

A vida urbana embota a percepcao

As condicoes da vida moderna no ambiente urbano tendem a provocarem nos uma reacao automatica as condicoes ao nosso redor, enquanto que,se estivessemos vivendo num ambiente selvagem e natural, onde qualquerfalta de atencao nos pormenores da vida provavelmente significaria nossamorte, descobrirıamos que estamos observando conscientemente tudo em

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nossa volta, de uma forma como jamais pensarıamos fazer vivendo na cidade.Qualquer impressao dos sentidos, ao chegar em nossa mente, seria avaliadaconscientemente e o resultado seria um aumento sensıvel da acuidade denosso sentido fısico.

Mesmo em nossa vida urbana moderna, poderıamos diminuir muito ataxa de mortalidade provocada por “acidentes” se aprendesseom a prestaratencao ao que nos cerca, ao inves de caminhar e de dirigir de forma quaseautomatica, dependendo apenas do bom senso dos outros, ou entao da ve-locidade de nossos reflexos.

Isto nao significa que precisamos sempre observar o ambiente em nossavolta com a mesma intensidade utilizada pelos “batedores brancos” no tempoda colonizacao do oeste norte-americano; significa apenas que uma partedesta intensidade deve ser trazida para a vida comum. E, considerando, naoseria uma ma ideia.

O jogo de Kim

Em alguns de meus escritos anteriores mencionei um determinado ex-ercıcio, conhecido em geral com o nome de “jogo de Kim”, extraıdo deum livro de Rudyard Kipling, cujo tıtulo e Kim. Pelos comentarios demeus leitores, parece que este jogo foi considerado excessivamento difıcilpor muitos.

Acredito que uma grande parte da dificuldade foi, na realidade, psi-cologica, porque quando se comeca a praticar este exercıcio, quase todos oacham um pouco desanimador. O motivo e que o jogo comprova de maneirabastante energica o quanto nossa capacidade mental de atencao e precaria.Todavia, a repeticao sistematica deste exercıcio pode desenvolver a capaci-dade num tempo relativamente curto.

Para os leitores que ainda nao ouviram falar no jogo de Kim, devo ex-plicar que e jogado com um certo numero de pequenos objetos, como aneis,botoes coloridos ou lavrados, porcas e parafusos pequenos e outras pecin-has mecanicas diminutas, que sao colocados sobre uma bandeja. Firmamosnossa atencao nos objetos durante dois ou tres minutos e depois a bandejae coberta com um pano. A seguir, escrevemos os nomes dos objetos quelembramos ter visto na bandeja. Pode ser util pedir a ajuda de uma outrapessoa para colocar os objetos na bandeja, mas este detalhe nao e realmenteessencial.

Depois de escrever o nome do maior numero possıvel de objetos, reti-ramos o pano que cobre a bandeja, para verificar a diferenca entre o numerode objetos lembrados e o numero efetivo dos objetos sobre a bandeja.

Como referencia, quando conseguimos lembrar o nome de oito ou noveobjetos entre os vinte que estao sobre a bandeja, podemos dizer que o re-sultado e bom. Na maioria dos casos, as pessoas lembram apenas cinco ouseis. A capacidade de lembrar melhora com a pratica, quando se chega a

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lembrar dezessete ou dezoito objetos entre os vinte. Depois de conseguirum marcador razoavel, podemos variar o exercıcio tentando lembrar os de-talhes de cada objeto: sua forma, o tipo de gravacao, sua cor e qualquerdefeito aparente. As pessoas que acham que o espırito de competicao e umbom auxılio, podem tentar executar o exercıcio como um jogo, com um doisamigos. Por outro lado, na maioria dos casos nos sentimos a tal ponto enver-gonhados pela nossa incapacidade inicial, que preferimos um jogo solitario!

Pense nos cordoes dos sapatos

Aqui temos outro exercıcio, tambem muito simples, mas assim mesmo,muito eficaz. Eu o chamo de “Pense nos cordoes dos sapatos”, porque foiassim que meu primeiro tutor neste assunto o apresentou para mim.

Em resumo, trata-se apenas de firmar a atencao em qualquer coisa quevoce estiver fazendo naquele momento. Neste caso, estamos atando oscordoes do sapato. Por conseguinte, concentramos toda a nossa atencaoem fazer apenas isto. Nao estamos automaticamente atando os cordoes dossapatos, ouvindo, ao mesmo tempo, distraidamente, o noticiario do radio, oua voz de nossa mulher que enumera uma lista de coisas que precisamos com-prar antes de nossa volta. Tambem nao estamos refletindo subjetivamentesobre o que fazer no escritorio ou na fabrica. devido a determinadas dificul-dades que poderiam surgir. Nada disso: simplesmente, nos concentramosem atar os cordoes dos sapatos.

Parece uma coisa tao simples, que a ideia de um treinamento mentalnestas bases parece quase gozacao, mas neste caso poderıamos cair no errode um determinado cavalheiro mencionado na Bıblia, que quando ouviu quedevia se lavar nas aguas do Rio Jordao para ficar curado da lepra, ficouindignado e declarou que o famoso profeta que lhe dera este conselho deviater feito alguma coisa espetacular: “Devia ter estendido suas maos sobremim”, protestou o tal cavalheiro, imaginando que isto poderia levar a umacura instantanea. E de qualquer forma, na terra do cavalheiro havia algunsrios realmente bonitos, como, por exemplo, Abana e Farfar. Rios de verdade,bem diferentes deste corrego turbulento e lodacento, chamado Jordao! Mas,como relata a historia, o corrego tao desprezado curou a doenca.

Esta curiosa atracao pelo bizarro e pelo espetacular nao desapareceu aolongo dos seculos, e podemos encontra-la bem manifesta tambem em nossosdias. Este e o gosto que leva muitas pessoas a serem vıtimas de curandeirospsıquicos ou ocultistas, que podem ser encontrados a margem ou no seio desociedades e organizacoes que se dedicam ao estudo destes assuntos.

A simplicidade do exercıcio e apenas aparente. Ao pratica-lo algumasvezes, voce percebera as armadilhas que sua propria mente consegue colocar,quando se apresenta uma oportunidade.

O formidavel neste exercıcio tao simples, e que voce pode praticar aqualquer hora, sem qualquer preparo especial, e a menor de suas vanta-

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gens sera uma maior capacidade de concentracao: ja isto pode proporcionardividendos razoaveis no cotidiano.

A faculdade da memoria

Um desenvolvimento ulterior de tudo isto e estender esta atencao direta econsciente a qualquer coisa que estiver acontecendo perto de nos, enquantoapananhamos o onibus ou o trem, a caminho do escritorio ou da fabrica.Quantos, entre os meus leitores, poderiam lembrar os detalhes de uma casana esquina, por onde passam quando, de sua propria travessa, entram naarteria principal? Quantos poderiam agora descrever sua aparencia geral,o numero de suas janelas, sua decoracao e seu jardinzinho (ou a ausenciadeste jardim)?

E mais, as pessoas no onibus ou no trem, sua aparencia, seus cacoetes,etc. Quantos, entre nos, apenas prestam uma atencao mınima nestes por-menores? Aqui temos os materiais para um exercıcio mental realmente com-pensador, e como o anterior, pode ser praticado em qualquer momento.

Obviamente, prestar atencao nao significa que precisamos ficar de olhosarregalados olhando para os outros, pois afinal seria grosseiro, e poderiaate levar a complicacoes desagradaveis, especialmente em se tratando depessoas que nao gostam de ser observadas com insistencia. Nao e necessarioolhar fixamente durante alguns minutos para reter uma boa imagem mentalde uma pessoa ou de um objeto. E muito importante lembrar isto. Narealidade, basta um olhar rapido, com atencao concentrada.

Para rematar este assunto, quero resumir o que um amigo meu, que ehipnotizador, me contou a respeito da memoria visual. Ele mostrou a umapessoa uma pagina de um livro de psicologia, depois de se certificar de quea pessoa em questao nao estava muito interessada em psicologia.

Em seguida, hipnotizou esta pessoa, e quando esta ja se encontrava noestagio de hipnose profunda, sugeriu que ela era uma conferencista de grandepopularidade, e que se encontrava sobre uma plataforma, pronta para iniciaruma conferencia sobre um aspecto peculiar de psicologia, relatado na paginado livro antes mostrada, e que a pessoa tinha visto durante apenas umminuto.

A pessoa aceitou a sugestao e fez uma otima conferencia sobre quantotinha lido durante um minuto naquele texto de psicologia. Nao mencionoupontos nao incluıdos na pagina, mas apenas alongou bastante o assunto,porem falou nas declaracoes incluıdas na pagina, comentando-as, e citoualguns trechos, palavra por palavra.

Isto aconteceu depois de apenas um minuto dedicado a uma pagina in-teira, impressa em letra miuda. Nos tambem ja fizemos experiencias dogenero, e com os mesmos resultados. Incidentalmente, e esta poderosıssimacapacidade de memoria da mente subconsciente que muitas vezes falsifica oque, a primeira vista, pode parecer uma prova de percepcao extra-sensorial.

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Resumindo, a questao nao esta no tempo gasto em observar uma coisaou uma pessoa, mas esta na intensidade da atencao necessaria.

Apresentacao da prova

Chegamos a um ponto muito importante deste treinamento. Voce deve selembrar de que, quando descrevemos a “leitura” de um paranormal, demosduas versoes da mesma leitura: a primeira, feita por um psicometrista debom nıvel, e a outra por um psicometrista cujo trabalho era de qualidademuito inferior. Afirmamos na ocasiao que a diferenca mais evidente entre osdois paranormais estava na apresentacao, e isto esta relacionado com o queestavamos dizendo um pouco mais atras, a respeito da atencao concentrada.

Existe uma “tecnica da descricao”, e em geral, esta tecnica nao pode seraprendida sem metodo. Envolve o uso disciplinado da atencao, mas depoisde aprende-la, esta tecnica significa a diferenca entre o sucesso e o fracasso.E de nossa opiniao que o sucesso nesta tecnica da descricao e essencial sevoce deseja executar qualquer trabalho neste campo. Uma tecnica parecidae utilizada pelos investigadores e tambem no trabalho rotineiro da polıcia.

Voce ja se perguntou alguma vez como e que voce reconhece um amigoou um conhecido? Provavelmente isto nunca lhe ocorreu, mas na maioriados casos costumamos reconhecer as pessoas de forma subconsciente, e rara-mente conseguimos explicar como isto acontece. Precisamos examinar estaquestao com o maior cuidado.

Evidentemente existem, nas pessoas, determinadas coisas, pontos car-acterısticos, e alguns destes sao extremamente pessoais, de maneira que oreconhecimento se efetua quase que exclusivamente atraves deles. Por ex-emplo, o nariz de Cyrano de Bergerac era a marca de identificacao de seudono; o mesmo vale para as costas tortas de Ricardo III (se e que a imagemde Shakespeare e correta). Entretanto, todos ou quase todos estes pontosde reconhecimento tao salientes podem ser imitados, e nao servem tao bempara o reconhecimento quanto alguns outros aspectos do indivıduo.

Os pontos mais sutis de reconhecimento

Um destes outros pontos, alias um ponto muito util, e a maneira de umapessoa parar ou se movimentar. Cada um de nos tem seu jeito caracterısticode ficar de pe ou de se movimentar, e este jeito esta associado com a nossapessoa nas mentes dos que se encontram conosco. De fato, existe o quepoderıamos chamar de um grupo inteiro de pontos muito sutis, e a naturezadestes pontos nos confere nossa identidade pessoal.

Os movimentos das maos, dos dedos e dos pes, trejeitos que se tornam umhabito, o virar repentino da cabeca e as tensoes mutaveis dos musculos dorosto, especialmente ao redor dos olhos: tudo isto, e muito mais, serve paranos identificar, e e esta identificacao, proporcionada por estas caracterısticas

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mais sutis, que muitas vezes sao a melhor prova que pode ser oferecida pelopsicometrista.

Descricao do rosto e da forma

Depois disso, e pela ordem de importancia, segue a descricao do rosto eda forma, das roupas e qualquer outro ponto relacionado com estas.

Neste caso, tambem, a tecnica e muito bem definida, e como regra geral,a descricao deve ser coerente.

Por exemplo, o psicometrista aprendiz nao deveria comecar uma de-scricao do rosto, que esta percebendo psiquicamente, afirmando que o homemtem olhos azuis e uma pequena verruga no pescoco. Antes de mais nada,deve comecar a descrever qualquer caracterıstica importante do rosto, comoum nariz bem pronunciado, ou a ausencia de um porcao da orelha, ou aausencia de uma vista.

A seguir, deve descrever o rosto, comecando com a cor e a textura doscabelos, e se esta corretamente penteado ou com os cabelos revoltos, emseguida, a testa, larga e alta, ou baixa e estreita, enrugada ou bastente lisa.

Sobrancelhas largas ou finas, asperas ou lisas; os olhos, no que diz re-speito a cor, sua posicao no rosto, aproximados ou distantes entre si, as rugasou os musculos relaxados ao redor, se estao encovados ou bem abertos; onariz, aquilino, reto ou arrebitado, largo ou estreito na base das narinas; asorelhas, grandes ou pequenas, sua posicao na cabeca; as faces, cheias ou re-dondas ou encovadas, coradas ou palidas; colorido geral; bigodes e/ou barba,tipo, forma e aparencia geral; boca e labios, labios cheios ou finos; maxi-lares e queixo, firme ou de outro tipo, forma do rosto, redondo, quadradoou comprido; pescoco, fino ou grosso, comprido ou curto.

Sequencia automatica de atencao

A primeira vista, esta pode parecer uma tarefa complicada, mas comosempre registramos estes e outros detalhes todas as vezes que olhamos parauma pessoa (embora a maior parte dos detalhes permaneca abaixo do limiarda consciencia), nao e apenas o registro dos detalhes que pede um treina-mento.

O importante e o desenvolvimento gradativo de uma sequencia automaticade atencao, de maneira que todos os detalhes fiquem arquivados em seus re-spectivos compartimentos do subconsciente, dos quais poderao ser retiradosna mesma sequencia.

Esta tecnica se aplica tambem aos pormenores do corpo, os bracos, aspernas, as vestimentas, e tudo o mais. Evidentemente, existem determinadascaracterısticas gerais que deveriam ser descritas logo de inıcio. A altura, otipo geral (gordo ou magro) e quaisquer outras caracterısticas importantes,como uma perna mecanica ou coisa parecida.

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A seguir, chegaremos a pontos mais sutis, como a postura, etc., queja mencionamos, e, neste caso, muitas vezes podemos conseguir os detal-hes mais convincentes. Para resumir o que ja explicamos a respeito destaquestao de descricao cuidadosa, poderıamos sugerir a seguinte sequenciageneralizada:

1. Altura e constituicao aproximadas da pessoa percebida, junto comcaracterısticas principais, como, por exemplo, grandes ou pequenosdefeitos fısicos.

2. Roupas, tipo e cor de pele.

3. Uma rapida descricao pormenorizada das feicoes, com qualquer pecu-liaridade a ser anotada e descrita em primeiro lugar.

4. Quaisquer detalhes mais sutis de identificacao, trejeitos, etc.

Talentos pessoais

Tudo isso se aplica a descricao de pessoas, mas, obviamente, os mesmosprincıpios se aplicam a descricao de panoramas e ambientes em geral. Eagora que voce conhece o princıpio envolvido, pode aplica-lo conforme suapropria maneira. De fato, em qualquer trabalho psıquico existe uma area naqual se manifestam os talentos pessoais, como acontece tambem na pinturae na escultura.

Voce deve se lembrar que afirmamos que todo trabalho psıquico nao eapenas uma arte, mas tambem uma ciencia. Neste ponto voce pode empre-gar seus talentos individuais, e e tambem neste ponto que se podem fazernovas descobertas.

Portanto, nao tenha medo de fazer experiencias neste campo. O esbocoque foi dado e um esboco geral, e enquanto voce continua com a descricao se-quencial firme em sua mente, pode variar a aplicacao conforme sua tendenciapessoal.

Lembre-se que mesmo com uma descricao sequencial deste tipo, vocepode cair na rotina, num sulco rıgido, que pode impedir qualquer progressoem seu trabalho. Em um de seus livros, Oliver Wendell Holmes afirmou: “Adiferenca entre um tumulo e um sulco esta apenas na profundidade”.

Portanto, cuide para que sua mente se mantenha flexıvel. Use as tecnicaspsicologica e psıquica que foram explicadas aqui, ate estar completamentefamiliarizado com ambas, e poder confiar nelas. Depois, enquanto seus con-hecimentos e sua experiencia aumentam, voce podera adaptar estas tecnicasao seu metodo individual de trabalho.

Nao se esqueca que seu subconsciente tem seus proprios pontos de vista,que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente,

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e a nao ser que voce proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor-tunidade de se expressar, ela podera comecar a atuar em sentido contrarioaos seus esforcos,

Nao se esqueca que seu subconsciente tem seus proprios pontos de vista,que nem sempre concordam com os pontos de vista de sua mente consciente,e a nao ser que voce proporcione a esta faceta oculta do seu eu uma opor-tunidade de se expressar, ela podera comecar a atuar em sentido contrarioaos seus esforcos. Vamos discutir este assunto um pouco mais adiante.

Controle das reacoes emocionais

Trata-se de um outro fator muito importante: o lugar da emocao emnosso trabalho psicometrico. Muitas vezes, quando tentamos um examepsicometrico de um objeto, descobrimos que a atmosfera emocional quepercebemos esta comecando a inundar nossa mente, e sentimos de formamuito aguda o sofrimento, a dor, ou a raiva, que emana do objeto.

Esta empatia, esta sensacao de sentimento compartilhado, e uma partemuito essencial do trabalho psicometrico, mas se deixarmos que ela se apoderede nossa consciencia, perderemos o controle de nossas reacoes emocionais eassim destruiremos as sutis impressoes psıquicas que estao se apresentando.

Podemos encontrar uma analogia perfeita no conhecido fenomeno deradio chamado “oscilacao”. Um aparelho de radio, em determinadas condicoes,pode nao apenas receber os sinais num certo comprimento de onda, mas podetambem retransmiti-los numa forma distorcida, como um assovio penetranteque todos conhecemos. No tempo dos primeiros radios, o fenomeno eramuito comum, mas desde entao foram desenvolvidos dispositivos de ajusteque eliminaram quase completamente o fenomeno, embora ainda possa ocor-rer em determinadas circunstancias.

Como controlar as reacoes emocionais

Da mesma maneira, e possıvel perceber o registro emocional do objetoque voce esta manuseando e ficar afetado por ele a ponto de perder qual-quer contato com as impressoes psıquicas, apenas se debatendo numa mareemocional, sem se dar conta que tudo esta fora de foco, e o que pode ser umregistro emocional moderado foi apenas exagerado enormemente pelas suasproprias reacoes.

Por estes motivos, e recomendavel aprender a controlar suas reacoesemocionais, e o melhor exercıcio para isto e de comprovada antiguidade.Tambem, e bastante simples: basta ficar ouvindo um ataque extremamenteemocional a um de seus assuntos favoritos.

Se na polıtica voce e conservador, ouca um violento ataque comunistacontra sua ideologia; se voce e socialista, ouca um conservador atacar en-ergicamente as ideias que voce preza como muito importantes. A mesma

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tecnica pode ser utilizada com ideias religiosas, artısticas ou sociologicas.

A parte importante, nisto tudo, e que voce nao deve ficar sentado e ou-vir, disfarcando seu odio, e tambem nao pode se impor um estado mental deresistencia passiva. Voce deve apenas ouvir calma e atentamente todas asdeclaracoes, concordando ou discordando so mentalmente e nao emocional-mente.

Lembre-se de que as ideias que lhe parecem repugnantes fazem a alegriada pessoa que voce esta ouvindo, e da mesma forma, as ideias que voce achatao obviamente corretas parecem odiosas ao seu adversario.

Algumas experiencias neste sentido poderao convence-lo do papel daemocao no que costumamos chamar de “pensamento racional”.

Ate no campo da matematica, que ja foi considerada praticamente ounico assunto antiemocional, podemos encontrar o mesmo preconceito emo-cional atuando, enquanto os varios defensores de diferentes novos sistemasde geometria a da revolucionaria hipotese da relatividade se insultam comartigos violentos ou pronunciam discursos inflamados durante os congressoscientıficos.

O treinamento e necessario?

Muitas pessoas desenvolvem a faculdade de psicometria sem nenhumtreinamento mental, e algumas pessoas podem estar a se perguntar se todoo treinamento mencionado no capıtulo anterior e realmente necessario. Aresposta e que o treinamento nao e absolutamente necessario, mas podeproporcionar um grande auxılio.

Para dar um exemplo, sabemos que existem pessoas com um senso mu-sical e um ritmo inatos, e que conseguem tocar um instrumento musicalde forma bastante razoavel. Existem ate prodıgios musicais natos, mas otrabalho destas pessoas pode se tornar muito mais facil quando aprendem ateoria e a tecnica da musica.

Portanto, existem pessoas que ganharam a faculdade de psicometriasem qualquer treinamento, a nao ser o que aprenderam num “cırculo dedesenvolvimento”, e que conseguem efetuar um bom trabalho. Mas acon-tece muitas vezes que a faculdade seja mal empregada, para propositos quemuitos de nos considerarıamos afastados dos propositos legıtimos da psi-cometria.

Isto acontece sobretudo quando a psicometria e usada para entrar emcontato com criaturas desencarnadas. Durante os muitos anos de experienciasneste campo constatamos que estas tentativas as vezes alcancam seu ob-jetivo, mas isto nao significa que aconteca sempre, e, de qualquer forma,deploramos que a psicometria seja utilizada desta maneira.

E nossa opiniao que existem outras maneiras melhores para conseguirestes contatos, e queremos sugerir da maneira mais energica que seria melhorse esta maravilhosa faculdade pudesse ser separada da atmosfera religiosa

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e sectaria onde geralmente e encontrada, e tratada de forma objetiva. Aomesmo tempo, e com ainda maior urgencia, gostarıamos de resgata-la doambiente mesquinho onde os profissionais da clarividencia a exploram comintuito venal.

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Capıtulo 4

Os primeiros passos

Conhecendo muito bem a natureza humana, acreditamos que um bomnumero de nosso leitores abriram o livro neste capıtulo, sem ter lido nadado que recomendamos ate agora; pois e uma lastima, mas e um fato muitonormal. Alias, nos proporciona o ensejo de salientar que, embora seja real-mente preferıvel comecar com um treinamento preliminar antes de se dedicara trabalhos praticos, este treinamento pode ser efetuado juntamente com otrabalho. Sem duvida, representa um esforco adicional para o psicometristaaprendiz e por este motivo achamos oportuno sugerir que , depois de daruma lida neste capıtulo, o futuro psicometrista volte ao trabalho indicado nocapıtulo anterior, comecando dali, e apenas ocasionalmente fazendo algumasexperiencias de tecnica de percepcao.

Percepcoes psicometricas

Como ja dissemos, este metodo dara bons resultados, porque quandoa mente aprendeu um determinado tipo de disciplina, as percepcoes psi-cometricas se tornam mais confiaveis.

Voce deve ter notado que estamos falando em percepcoes e esta e a melhormaneira de descrever o que acontece quando tentamos examinar um objetoatraves da psicometria. Esta percepcao e uma impressao generalizada querecebemos, e durante algum tempo, ate que o experimentador nao desen-volva concretamente suas formas de percepcao visual ou aural, permaneceraapenas uma impressao.

Em seguida, com o progresso do desenvolvimento, comecarao a apare-cer as imagens visuas e/ou audıveis. Lembre-se, qualquer percepcao, fısicaou metafısica, na realidade e o desenvolvimento de um jogo basico de im-pressoes.

No plano fısico, o sentido basico e o tato, e cada um dos cinco sentidos eum tipo diferente de “tato”. Assim, os raios de luz tocam na retina sensitivade nossos olhos e provocam determinadas mudancas quımicas e opticas alie no nervo optico. Estas mudancas sao transmitidas ao centro da visao no

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cerebro, e ali, de alguma forma misteriosa, sao traduzidas em impressoesvisuais.

As ondas sonoras que repercutem sobre o tımpano provocam movimentosno complicado ouvido interno, e estes afetam o fluido que se encontra numcanal especial, no qual tambem estao muitas fibras nervosas. A partir destasfibras, mudancas eletricas e quımicas sao transmitidas ao centro da audicaono cerebro, e aı sao transformadas em impressoes audıveis.

O paladar e o olfato atuam exatamente da mesma forma: todos os cincosentidos se fundamentam no tato, que foi o primeiro sentido a se desenvolverna fase da evolucao.

Uma percepcao unica e imediata

Embora o modo seja diferente, as percepcoes psıquicas atuam da mesmaforma. Efetivamente, a percepcao psıquica e unica e imediata, transmitindo-nos diretamente o conhecimento, mas como a mente se desenvolveu de umacerta maneira, atraves da especializacao dos sentidos fısicos, as impressoespsıquicas recebidas sao, em geral, traduzidas automaticamente nas imagensdos sentidos fısicos que conhecemos.

Portanto, nos primeiros estagios do desenvolvimento sera recebida estaimpressao generalizada, e voce nao deve ficar desapontado se durante muitotempo apenas conseguir receber esta impressao, sem qualquer imagem visualou audıvel.

Durante um estagio posterior do desenvolvimento, se voce tiver a tenaci-dade de insistir, chegara o momento no qual as imagens e os sons cederaoseu lugar a uma percepcao sem qualquer forma, mas que lhe dara muitomais que qualquer imagem. Ao mesmo tempo voce mantera a capacidadede usar as impressoes visuais, se assim o desejar.

Desenvolvimento posterior

Todavia, esta fase posterior de desenvolvimento nao chegara tao cedo,depois de iniciar seu desenvolvimento; alias, pode nao aparecer de jeitonenhum, a nao ser que voce assim o queira.

Para alguns, este desenvolvimento posterior podera ficar fora de alcance,e seria aconselhavel que se limitassem e treinassem apenas a psicometria“formal”.

Na realidade, embora tenhamos afirmado que as impressoes cedem lugaras imagens de varios generos, sempre existe um segundo plano de percepcaopela impressao, que acompanha as imagens que vemos e os sons que ouvimos,e estes segundo plano e importante porque proporciona a possibilidade deinterpretar o que voce esta percebendo. Vamos ainda voltar a esta questaoda atmosfera criada pela impressao.

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Preperacao para uma leitura

Agora voce esta pronto para comecar efetivamente seu desenvolvimentopsicometrico. Quais sao os pontos mais importantes que deves ser observa-dos? Acreditamos que o primeiro e que voce deve se sentir o mais possıvela vontade para poder trabalhar com exito. Nada de roupas apertadas, desapatos apertados que fazem doer os pes, nada de assentos incomodos; nesteponto vale evitar o extremo oposto em materia de assentos: o excesso decomodidade tambem e desaconselhavel.

Na medida do possıvel, voce deve se sentir fisicamente a vontade. Umaboa maneira para conseguir isto e praticar um exercıcio de relaxamento erespiracao, como o seguinte:

Sente-se de maneira confortavel, mas nao cruze as pernas; mantenha ospes firmemente plantados no chao, e tome cuidado para que a borda dacadeira na qual voce esta sentado nao comprima sua perna logo atras dojoelho, impedindo a circulacao. Descanse as maos sobre os joelhos. Inspireprofundamente e depois solte o ar bem devagar, enquanto firma calmamentesua atencao mental no topo de sua propria cabeca, e enquanto continua asoltar o ar bem devagar, deixe que sua atencao desca ao longo de todo oseu corpo, chegando aos seus pes. Agora volte a inspirar profundamente erepita tudo de novo.

O ponto importante deste exercıcio e que, enquanto sua atencao vaidescendo ao longo de seu corpo, voce deve tambem relaxar os musculos dospontos atingidos. Voce descobrira que, no comeco, nao conseguira manterrelaxados todos os seus musculos; alguns, especialmente os musculos do rostoe do pescoco, votlarao a se contrair enquanto sua atencao prossegue para aproximas parte de seu corpo. Nao se preocupe com isto, apenas continuea praticar o exercıcio. Com o tempo, os musculos permanecerao relaxados,mesmo quando a atencao ja passou mais adiante.

No comeco e suficiente que voce inspire e depois expire uma meia duziade vezes, porem isto fica a seu proprio criterio. O exercıcio alcancara o exitoalmejado quando voce constatar que seu corpo inteiro permanece sensivel-mente relaxado.

A escolha do objeto

Voce agora esta pronto para sua primeira leitura. Isto naturalmente lev-anta a questao do objeto que voce tera que escolher para as suas primeiras ex-periencias, porque existem grandes diferencas entre os objetos, por causa dosregistros que eles podem nos proporcionar, e para as primeiras experienciase melhor escolher os que proporcionam as impressoes mais fortes e, portanto,de leitura mais facil.

Antes de discutir os tipos de objeto, vale a pena pensar onde voce poderaobte-los. Se voce puder contar com a ajuda de um ou dois amigos que possam

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fornecer objetos e que depois verifiquem a exatidao de sua “leitura”, istosera de grande valia. porque voce pode evitar dar demonstracoes de suafaculdade a pessoas cepticas, ou ate tomar atitudes antagonicas.

Tambem sera util se voce nao estiver a par de todos os detalhes da vidaıntima de seus amigos, porque estes conhecimentos podem confundi-lo, e dequalquer forma diminuiriam o valor de sua leitura.

Duas “memorias”

Existem duas “memorias” principais relacionadas a qualquer objeto. Aprimeira e a que podemos chamar de memoria inerente ou pessoal da ex-istencia individual e separada do objeto. A outra, a que podemos chamarde memoria “acumulada”. Trata-se do total de todas as impressoes acu-muladas no objeto atraves de sua associacao com criaturas humanas, e estaassociacao proporcionara memorias muito complexas, cuja leitura exige con-sideravel habilidade.

Naturalmente, sempre acontece que um ou outro estrato desta memoriae tao poderoso que prevalece sobre os outros e nao permite que voce penetremais profundamente na memoria geral de sua historia. Sugerimos, portanto,que para suas primeiras experiencias voce escolha objetos que ou tenhamuma poderosa memoria primaria ou aura de memoria inerente, ou entao quese trate de um objeto que nao passou por muitas maos.

O ideal, evidentemente, seria um objeto que tivesse pertencido a apenasuma pessoa, porque neste caso voce nao precisaria separar as camadas dememorias relativas as diferentes pessoas que possuıram o objeto. E mel-hor simplificar o maximo possıvel suas experiencias iniciais. Mais adiante,quando voce ja tiver adquirido uma maior confianca em suas capacidades,podera tentar o exame psicometrico de objetos mais difıceis.

Em geral, os colares proporcionam boas leituras, enquanto os aneis eoutros objetos muito miudos sao mais difıceis. As chaves nao podem serconsideradas recomendaveis, porque costumam passar por muitas maos, eo mesmo vale para os lencos e outros objetos lavaveis, porque as muitaslavagens e manuseios complicam a memoria-aura.

Se voce tiver a intencao de fazer um exame psicometrico de luvas, seramelhor vira-las do avesso, porque a superfıcie externa pode estar carregadade muitas impressoes estranhas.

As cartas proporcionam boas impressoes, mas ao examinar uma carta,lembre-se de que o envelope passou por muitas maos, e praticamente naotem utilidade. Retire a carta do envelope antes do exame. Podemos comecara descrever suas primeiras tentativas de exame psicometrico usando comoobjeto uma carta.

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A tecnica da percepcao

Voce pode abrir a carta sobre uma mesa e colocar sua mao sobre a carta.Ou entao pode apoiar apenas as pontas dos dedos sobre a assinatura; podetambem tentar comprimir a carta sobre a testa. Voce deve encontrar sozinhoo metodo que mais lhe convem; toda pessoa tem suas proprias peculiaridadesneste assunto.

Como mencionamos, e preferıvel que o remetente da carta seja umapessoa que voce nao conheca pessoalmente, embora seja util que voce estejana condicao de obter informacoes a respeito desta pessoa depois da leitura;caso contrario, voce nao tera a possibilidade de verificar se acertou ou se seenganou.

De posse da carta, voce expressara sua vontade ou “intencao” de ler oregistro psıquico desta carta. Basta a simples intencao; basta esta indicacao,enderecada ao seu subconsciente, de seu desejo para que todas as impressoesque possam ser captadas sejam transmitidas a sua consciencia desperta.Esta e a “acao de desengate”, sobre a qual falaremos mais adiante.

Agora voce apenas espera, ate perceber impressoes novas e diferentesem sua mente. Estas impressoes podem permanecer apenas impressoes, oupodem ser acompanhadas de imagens coloridas e sons interiores. As vezesas imagens se apresentam sem qualquer impressao, mas qualquer coisa queaconteca deve ser descrita ao amigo que o esta assistindo, atuando comoauditor. Se voce nao tiver a possibilidade de ser assistido por outra pessoa,podera registrar as suas impressoes num gravador.

Sensacoes fısicas

Voce podera frequentemente se sentir impelido a reagir violentamentepor causa das impressoes que esta recebendo, mas sera muito melhor paravoce nao permitir que esta reacao se alastre no campo da sua conscienciae provoque em voce condicoes parecidas. Na psicometria tambem acontecefrequentemente que o examinador receba sensacoes corporeas, indicacoes dedoenca ou de um acidente, e estas impressoes podem se manifestar commuita forca. Jamais permita que estas sensacoes o influenciem de maneiraindesejavel.

Lembre-se que voce esta aberto a todas as influencias que chegam doobjeto que esta sendo “lido”, e isto significa que muitas vezes voce percebecondicoes que julga atrativas. Neste estagio de seu desenvolvimento, porem,voce nao pode ser seletivo, e deve permitir que todas as impressoes recebidasvenham a tona em sua consciencia.

Num estagio mais adiantado voce pode ser seletivo, e seguir uma sequenciaparticular de imagens psıquicas, mas no comeco isto e impossıvel. Ao mesmotempo, voce nao deve deixar que qualquer impressao indesejavel o afete ex-cessivamente. Quando isto esta para acontecer, e preferıvel largar o objeto

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e interromper o contato. As vezes o psicometrista consegue isto lavandoas maos antes de iniciar o contato com um objeto diferente, mas pode-seconseguir a interrupcao tambem apenas atraves da expressao da vontade,de uma intencao definida de interromper o contato.

A necessidade de discriminacao

Especialmente quando se trata de cartas, voce pode receber com frequenciauma impressao da personalidade do remetente, e isto pode ser bastante utile comprobatorio. Entretanto, lembre-se que se o remetente da carta ouo dono do objeto sofreram recentemente um forte choque, ou estiveram asvoltas com uma forte carga mental ou emocional, voce, muito provavelmente,recebera em primeiro lugar a impressao desta condicao.

Portanto, mesmo na leitura mais simples, voce podera constatar que setorna necessario exercer a discriminacao, e que nao se podem aceitar todasas impressoes apenas pelo seu valor aparente. O pensamento tem uma ex-istencia real, distinta da mente e das emocoes que causaram sua formulacao,e os resultados dos pensamentos muitas vezes permanecem gravados nos ob-jetos, e podem ser lidos por voce como impressoes de fatos realmente ocorri-dos. Da mesma forma, as vezes os clarividentes encontram muita dificuldadeem fazer distincoes entre imagens mentais com grande carga emocional e en-tidades ou condicoes astrais efetivas.

Uma estranha intuicao

Esta discriminacao se desenvolvera enquanto voce pratica a psicometria.Voce descobrira que esta desenvolvendo uma estranha intuicao, que lhe daracondicoes para distinguir a sutil diferenca entre impressoes provocadas porpensamentos e outras provocadas por uma efetiva atividade fısica. Estapercepcao sutil deve ser cultivada, porque podemos utiliza-la em muitasoutras areas de experiencias.

Quando voce descreve as impressoes que esta recebendo, deve sempretentar apresentar uma imagem o mais equilibrada possıvel. Se errar, e pre-ferıvel errar por causa da concisao do que por causa da prolixidade.

Embora as impressoes psıquicas sejam recebidas pelo subconsciente numso bloco, voce descobrira que, na pratica, elas emergem na consciencia comvelocidades variaveis. Em alguns casos voce tera que esperar durante umbom tempo antes que comece a emergir uma impressao qualquer, e elaspodem continuar a emergir a grandes intervalos.

Com alguns objetos voce constatara que as impressoes chegam aos bor-botoes, e muito rapidas. Portanto, nao se preocupe quando as impressoesparecem estar “gotejando” em sua mente, ou, ao contrario, quando pareceate impossıvel anota-las todas.

Ademais, a fortıssima personalidade do proprietario do objeto pode,

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muitas vezes, forcar impressoes sobre este de maneira a se constituir nacamada mais forte de influencias relacionadas com este objeto: estas im-pressoes serao percebidas antes de qualquer outra.

Precisao incrementada

Muitas vezes as condicoes de saude do proprietario do objeto podem serpercebidas, e em alguns casos esta percepcao pode ser tao intensa que vocesentira as dores que esta pessoa sente, como se estivessem em seu propriocorpo.

Isto pode ser desagradavel, a nao ser que voce interrompa deliberada-mente o contato com o objeto que esta examinando. Mais adiante vamossugerir um metodo para poder interromper um determinado contato, e aomesmo tempo estabelecer contato com determinados aspectos do bloco geralde impressoes psıquicas que voce recebe de qualquer objeto. Entretanto, emais facil conseguir isto depois de registrar resultados efetivos com suasexperiencias.

No comeco voce descobrira que em cada dez anotacoes feitas a respeito deum determinado objeto, talvez duas resultarao mais ou menos precisas, umatera uma possıvel relacao com o estado efetivo das coisas, e o resto poderaser vagamente aproximado ou entao completamente afastado do alvo.

Esta proporcao comecara a se alterar gradativamente com a pratica, eenquanto voce adquire uma maior seguranca, a proporcao de acertos e deerros chegara a dezesseis ou dezessete em vinte. A este ponto voce poderacomecar a se considerar um psicometrista satisfatorio.

Sobretudo, seja sempre sincero; este nosso trabalho nao pretende sugerirque voce se afaste da verdade, e nao queremos que enverede pelo caminhoda ilusao.

O registro do trabalho experimental

Mantenha um registro de seu trabalho experimental, e anote tudo, naoapenas os exitos mas tambem os fracassos. Nao tenha medo de admitirque fracassa, mas utilize estes fracassos como mum meio para descobrir osprincıpios que governam seu trabalho.

Existem mares e correntes psıquicas que atuarao contra ou a seu favor,existem mares psıquics em seu interior que podem trabalhar com ou contraas mares e influencias externas, e tambem existe um fator imponderavel: ainfluencia de sua propria personalidade sobre a psicometria. Como ja foidito, isto faz parte da natureza da ciencia e da arte.

Aprenda a observar suas proprias reacoes frente as impressoes recebidas.Voce descobrira que algumas sao bem-vindas, e que outras provocam emvoce uma barreira. Tente descobrir as causas; procure compreender sua

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propria equacao pessoal e, sobretudo, nunca torca ou altere conscientementeas impressoes recebidas, para impressionar os outros ou para se justificar.

Condicoes de doenca ou de morte

Queremos mencionar mais um ponto importante, ou seja, como vocedeve apresentar sua “leitura”. As vezes acontece que sentimos intensamenteum indıcio de doenca, ou ate de morte; neste caso voce deve ter o maiorcuidado para nao externar esta impressao de uma forma chocante, para quea pessoa em questao nao se auto-sugestione e nao se convenca de que acondicao e irreversıvel, e que a morte e inevitavel.

Ouvimos declaracoes muito irresponsaveis de psicometristas, e queremosrecomendar encarecidamente que voce formule estas impressoes de maneiraque se resumam numa advertencia de dificuldades futuras, e acrescente qual-quer outra impressao sobre como estas dificuldades podem ser superadas.

Lembre-se disto: mesmo quando voce conseguir uma consideravel ha-bilidade neste trabalho, ainda nao podera se considerar o proprio oraculo.E nos estagios iniciais voce, com certeza, nao tera qualquer pretensao deinfalibilidade.

Temos motivos muito fortes para fazer estas recomendacoes, porque con-statamos ate que ponto declaracoes irresponsaveis podem ser prejudiciais.Amigos nossos ouviram declaracoes deste tipo, e as consequencias em suasvidads foram calamitosas. Por este motivo, insistimos mais uma vez paraque voce tenha discricao.

A importancia da discricao

Temos mais uma recomendacao a fazer. Acabamos de usar o termo“discricao”. Muitos paranormais tem o habito desprezivel de discutir comoutras pessoas as informacoes psıquicas recebidas sobre outros indivıduos.Isot e realmente imperdoavel.

O comportamento do psicometrista deve ser igual ao do medico ou doadvogado; qualquer informacao adquirida mediante o exercıcio de sua fac-uldade psıquica deve ser considerada estritamente confidencial, e nao deveser comentada com qualquer um.

Constatamos muitas confusoes surgidas por causa de indiscricoes, e ped-imos mais uma vez para que voce nao esqueca nossa recomendacao. Asfofocas maliciosas ou vulgares so conseguem afastar as pessoas inteligentese cultas, que sao, afinal, as pessoas que desejamos interessar no assunto.

Trabalho seletivo

Depois de alcancar uma certa eficiencia no exame psicometrico de ob-jetos, da forma que descrevemos, voce podera comecar a utilizar o quechamamos de metodo “seletivo” de trabalho. Ate este ponto voce apenas

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recebias passivamente qualquer impressao ou imagem que penetrava em suamente, enquanto “lia” o objeto. Agora precisa aprender a desenvolver acapacidade de dirigir sua visao psıquica da maneira que deseja.

Voce deve procurar ativamente a informacao que deseja, ao inves de re-ceber passivamente qualquer coisa. Ao conseguir esta capacidade de selecao,voce dara um passo decisivo para a frente, acelerando seu desenvolvimento,e tera um controle sempre maior sobre sua faculdade.

Existem duas formas para conseguir isto. No primeiro caso, formula-seuma intencao geral, fazendo uma pergunta especıfica, e a pergunta deve sersimples e em termos vıvidos. Quanto mais vıvida for a pergunta, maioresserao as chances de uma resposta atraves das faculdades psıquicas da pessoaem questao.

Um exemplo pode ajudar a ilustrar melhor este ponto. Quando dese-jamos conseguir informacoes de tipo especıfico, relacionadas com o objetoque esta sendo examinado, apanhamos o objeto e estabelecemos o costumeirocontato passivo com o mesmo. Via de regra, em nossa mente surge uma es-fera de nevoa cinzenta em rotacao, em cujo meio brilham pequenos pontosluminosos. Cada ponto luminoso e a origem de uma linha de informacoesque se referem ao objeto e a quem esta ligado ao mesmo.

A seguir, formulamos mentalmente a pergunta que interessa, e logo umponto de luz parece se sobressair, e enquanto o observamos, uma torrentede impressoes relacionadas com a pergunta comeca a inundar nossa mnente.Este e um dos metodos de utilizar uma acao positiva.

A arvore da vida

O outro metodo para conseguir um contato seletivo se vale de um “sımbolo-chave”. Este sımbolo foi ligado com uma ideia emocional e mental especıfica.Assim, om sımbolo-chave que pode ser utilizado e um cırculo alaranjado como sımbolo do planeta Mercurio no centro. Este sımbolo especıfico e um deuma serie de dez que, juntos, formam a chamada “Arvore da Vida”; estee um grupo muito importante de sımbolos usados numa filosofia ocultistacujo nome e a Cabala. Para maiores informacoes sobre este grande sımbolode grupo, voce pode consultar nosso livro intitulado “A Magia e a Cabala”.

O sımbolo de Mercurio esta especialmente ligado com todos os assuntosque se referem a mente: livros, conferencias, transmitir informacoes por to-dos os meios (Mercurio, ou Hermes dos gregos, era o mensageiro dos deuses),como cartas, telefonemas, telegramas ou conversacao pessoal. Portanto, sequisermos conseguir qualquer informacao, atraves da psicometria, sobre oquilate intelectual de quem escreveu uma determinada carta que esta emexame psicometrico, este sımbolo podera servir como um excelente sımbolo-chave, e manter as impressoes psıquicas contidas nesta unica linha, excluindoos assuntos irrelevantes.

Entretano, o sımbolo-chave deve ter sido pensado e relacionado na mente

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com a caracterıstica para a qual serviria de chave. Neste caso, voce teriaque inventar seus proprios sımbolos-chave, embora possa usar como base osistema de sımbolos da Arvore da Vida.

Simbolismo das cores

Existe tambem a questao do simbolismo das cores. Voce descobriraque recebe muitas impressoes de cores relacionadas com os objetos que estaexaminando, e em alguns casos a cor aparecera muito viva. Existe um codigogeral de sımbolos de cores, que pode ser encontrado no livro Man, Visibleand Invisible, de Annie Besant e C. W. Leadbeater.

Por outro lado, voce descobrira tambem que seu eu interior tem seus sen-tidos especıficos em relacao as varias cores, e para voce isto e muito melhordo que depender de achados alheios. Por conseguinte, tera que elaborar suapropria escala de simbolismo de cores, que sera extremamente valiosa paravoce durante seu desenvolvimento, como podera descobrir por si proprio.

Alguns psicometristas, incidentalmente, consideram as cores fortes e vi-brantes como relativamente “baixas” e “terrestres”, e as tonalidades pas-tel, mais delicadas, como “elevadas” e “espirituais”. Procure evitar estaarmadilha. As cores fortes e vibrantes sao tao “elevadas” quanto as tonali-dades pastel, mais esmaecidas. Nestes assuntos, voce deve usar seu proprioraciocınio, e nao seguir cegamente o raciocınio de outros.

Psicometria das flores

Existe uma forma bastante curiosa de “percepcao”, frequentemente ex-ibida em reunioes publicas de psicometria. Em geral, e chamada “Psicome-tria das flores” e se efetua da seguinte maneira: a pessoa que deseja umexame psicometrico chega a reuniao trazendo uma flor, e esta flor e sub-metida a psicometria, de forma normal. A pessoa interessada, antes de ir areuniao, segura a flor que colheu (que e o melhor procedimento) ou a flor quecomprou (este procedimento nao e tao bom) e ao mesmo tempo consideramentalmente qualquer problema particular que a preocupa, e sobre o qualdeseja receber esclarecimentos.

Num grande numero de casos o psicometrista percebe este problema: oconselho dado pode ter sua origem na propria mente do psicometrista, ouentao na impressao psıquica recebida atraves da flor. De qualquer forma, aflor serviu de elo entre o psicometrista e a pessoa que procura conselho.

A aura das flores

Este metodo especıfico e explicado com o fato de que ao redor de qualquerobjeto existe uma atmosfera psıquica, ou “aura”. Nos objetos, esta aura quecontem os registros e complexa, pois ja foi submetida a muitas influencias

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em varias epocas de sua existencia, e por conseguinte torna-se difıcil para opsicometrista selecionar uma determinada epoca do passado.

Por outro lado, a aura da flor, que tambem e uma criatura viva, se parecemais com uma folha branca, uma tabula rasa, e a forca do pensamento e daemocao que a marcam atraves da pessoa que procura um conselho pode serfacilmente identificada.

O paranormal em desenvolvimento pode experimentar a psicometria dasflores, mas queremos salientar que ele deve continuar as experiencias comtoda especie de objetos, com complexos registros psıquicos, e nao se satis-fazer com este metodo elementar.

E extremamente facil cair nesta armadilha, mas se voce o fizer, limitarasensivelmente suas capacidades psicometricas, porque o uso dos sımbolos-chave como desengate e tao eficaz quanto o contato floral, e em compensacaopode proporcionar uma quantidade muito maior de informacoes.

Experiencias para melhorar a eficiencia

O ponto mais importante a lembrar e que voce nunca deve se satisfazerem permanecer num nıvel. Voce deve sempre se esforcar para progredir,para conseguir uma maior eficiencia, e nunca deve ter medo de fazer no-vas experiencias. As experiencias que voce mesmo chega a inventar podemresultar muito mais frutıferas que as experiencias sugeridas por outras pes-soas, porque em geral resultarao dos pensamentos positivos que surgiramnas profundezas de sua mente.

Ao mesmo tempo voce deve ficar alerta para sugestoes que levem a novasexperiencias. Deixe que ilustremos melhor nosso pensamento. Ha algunsanos assistimos a uma demonstracao publica de psicometria oferecida porum certo Capitao Blanda. Durante a demonstracao ele nos mostrou umaexperiencia interessante.

Ao inves de segurar o objeto na mao para efetuar a psicometria, oCapitao Bland pediu que o dono do objeto o colocasse sobre uma mesa,a uns tres metros de distancia. Em seguida, concentrou sua atencao no ob-jeto durante um momento, e nos ofereceu uma leitura comprobatoria muitoconvincente.

Isto levantou uma questao muito interessante, porque alguns afirmamque o psicometrista le o registro mantido na “aura” do objeto, agindo comoum cao que segue um homem, guiando-se pelo cheiro que este deixou nochao, nas folhas e em qualquer outra cois que tocou, enquanto outros sus-tentam que o objeto, por sua existencia efetiva, esta ligado, com todos osseus registros associados, a Inteligencia Universal e tambem a mente dopsicometrista, atraves das imagens que nela provoca.

Esta explicacao parece ligeiramente obscura, mas, se substituirmos a ex-pressao “Inteligencia Universal” por “Registros Akashicos”, poderemos verque se trata de uma teiroi muito difundida no oriente. O outro conceito,

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que costumamos chamar de “Teoria do Cao Fila”, e talvez mais acessıvelpara a media das pessoas que a ideia metafısica oriental. A este propositogostarıamos de acrescentar que ambos os pontos de vista sao corretos, en-tretanto um precisa do outro para se tornar mais completo.

Numa certa epoca fizemos um bocado de experiencias neste sentido, e aideia que apresentamos realmente e o resultado de todos aqueles trabalhos.

Objetos com cargas

Veremos agora um aspecto ainda mais profundo do assunto. Quandoapresentamos uma descricao imaginosa de uma leitura media de psicometria,incluımos nela um anel que outrora estivera nas maos de um personagemeclesiastico, e o fizemos com um intuito bem definido.

No comeco deste livro nos referimos a tres tipos de impressoes que po-diam ser recebidas, e em seguida nos referimos a apenas dois. Tratava-se,em primeiro lugar, do registro do proprio objeto, sua natureza basica e suamanufatura. Em segundo lugar, havia as lembrancas acumuladas enquantoera usado por criaturas humanas, em circunstancias diferentes.

Existe, porem, um terceiro tipo de impressoes que podem ser encontradasem objetos, e sao impressoes que foram colocadas propositalmente nesteobjeto pela vontade de algum ente, talvez humano, sububumano e sobre-humano.

Muitas vezes as impressoes que foram deixadas sobre o objeto apresen-tam caracterısticas de todos os tres graus de inteligencia. Naturalmente,aqui estamos, ate um certo ponto, mexendo com alguns aspectos da ex-istencia que muitos “modernos” acreditam ser totalmente imaginarios.

Os anjos e as fadas estao relegados entre as fantasias da infancia, eantropologistas muito sabios inventam maravilhosas teorias para explicar osregistros que se encontram em todas as partes do mundo e que parecemindicar que muitas pessoas, e em condicoes muito diferentes, viram formasde vida diferentes das que se valem de corpos materiais.

Todavia, devido a nossa experiencia pessoal neste campo, estamos ra-zoavelmente certos de que existem boas razoes para insistir em acreditar naexistencia destas inteligencias.

Nos limiares da magias

Estamos pisando nos limiares da magia. De qualquer forma, vamos apre-sentar certas ideias e sugerir determinadas experiencias que podem interessara voce, que deseja se aventurar alem da simples “leitura” psicometrica.

A este ponto, pode ser oportuno falar pormenorizadamente num aspectoimportante de seu desenvolvimento. Se voce estivesse interessado num de-terminado trabalho de quımica, ja teria aprendido um pequeno truque quemuitas vezes evita um bocado de preocupacoes. O quımico pode querer saber

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o que ha numa certa garrafa ou num certo frasco cujo rotulo desapareceu;naturalmente, quando a identificacao visual e impossıvel, o procedimentonatural e abrir a garrafa para sentir o cheiro do produto.

Mas isto pode ser muito perigoso, porque a substancia pode ser toxicae muito volatil, de maneira que poderia afeta-lo antes que tivesse tempo deexpeli-la de seus pulmoes. O truqe consiste em respirar fundo e, mantendoo ar nos pulmoes, farejar de leve o conteudo da garrafa.

Seus pulmoes estao cheios de ar e nao obsorvem qualquer quantidade dogas que emana da substancia desconhecida e que esta sendo testada, masos nervos olfativos captam o suficiente para uma identificacao. Quando asubstancia e especialmente irritante ou perigosa, os pulmoes podem ser ime-diatamente esvaziados, e o ar que estava retido arrasta consigo a quantidademınima do elemento mortal que ainda pode se encontrar nas narinas. Nopassado descobrimos que este pequeno macete podia nos poupar uma porcaode complicacoes.

Uma atitude receptiva

Mencionamos isto porque sua maneira de se aproximar de objetos, quepoderıamos chamas de objetos com carga, deve se parecer com este metodopara poder tratar com qualquer forca que voce possa encontrar em conexaocom objetos deste tipo, sendo que o anel que mencionamos para ilustrarnossa “leitura psicometrica” e um objeto deste tipo.

Voce precisa se aproximar destes objetos com uma atitude mental cor-reta, que deve ser uma intencao positiva de ler o registro do objeto. Emseguida, depois desta acao de desengate, a mente deve se manter receptiva,mas ainda positiva.

Um escritor catolico romano, o ja falecido Monsenhor R. H. Benson, fa-lando nesta atitude, quis compara-la ao voo de uma gaivota que paira, prati-camente imovel, resistindo a um forte vento. Sabemos que, apesar de suaimobilidade aparente, a gaivota esta se esforcando muito para permanecerno mesmo lugar.

Assim, a atitude receptiva que mencionamos deveria ser tambem o “pontoreceptivo” de uma forte intencao mental. Nao se pode conseguir esta ati-tude da mente logo na primeira tentativa; por causa disto nos reservamos aopontunidade de tratar destes objetos com carga depois de lhe ter explicadoas tecnicas mais simples e de mais facil assimilacao.

O abuso do “mıstico”

Alias, caso algum leitor, depois de nossa referencia a R. H. Benson, sesinta inclinado a pensar que este escritor se converteu a doutrinas psıquicas, emelhor esclarecer logo que ele se valeu da comparacao num livro de historiassobre misticismo, e isto tem muito pouco a ver com fenomenos psıquicos.

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E verdade que alguns fenomenos psıquicos se manifestam frequentementena vida dos mısticos, mas sao considerados obstaculos e nao um auxıliona vida mıstica. Alias, o mesmo vale para o budismo e algumas outrasreligioes orientais. Todas elas se opoem energicamente ao desenvolvimentode faculdades psıquicas, porque sao opiniao que estas, como brinquedos,atrairao as pessoas para longe da senda espiritual, e na melhor hipoteseapenas fazem perder tempo.

Em nossos tempos modernos abusa-se excessivamente da expressao “mıstico”,pois a expressao e aplicada aos fenomenos psıquicos e ocultistas. Esper-amos, futuramente, poder discutir os valores respectivos do psiquismo, doocultismo e do misticismo, conforme nosso proprio conceito, num outro livro.

Talismas e amuletos

Os talismas e os amuleto, cujas virtudes sao aninciadas nas varias pub-licacoes psıquicas e ocultistas, podem ser citados como exemplo de “objetoscarregados”. Alguns sao vencidos com base na conhecida maxima do “show-man” norte-americano Barnum: “A todo minuto nasce mais um”, poremha outros, cuidadosamente preparados por pessoas com conhecimentos sufi-cientes dos princıpios da magia.

O primeiro tipo de objeto carregado funciona sobretudo atraves da auto-sugestao de quem o usa, mas o segundo tipo tem poderes reais, auto-sugestaoa parte, e este segundo tipo de objeto carregado exige muitos cuidadosquando nos aproximamos dele.

Quando e sabido que temos, ou entao que estamos desenvolvendo poderespsıquicos, acontece frequentemente que alguem nos ofereca um destes objetospara uma “leitura”, e nunca e demais tomar alguns cuidados. Afinal, vocenao tentou desenvolver capacidades psicometricas so para “ser sacrificadoe proporcionar uma festa psıquica”, se nos for permitido parafrasear umpouco um ditado que se referia aos antigos gladiadores romanos.

Os objetos carregados deste segundo tipo foram abencoados e consagra-dos pelos ministros de organizacoes cristas e nao-cristas. O anel, trazidopelo hipotetico postulante, para uma leitura psicometrica, era deste tipo. Ainfluencia irradiada do objeto (sobretudo quando a consagracao foi efetuadade forma apropriada, e nao superficialmente, como acontece com alguns re-ligiosos) esta situada num elevado nıvel moral e etico, e o efeito so pode serbenefico.

Entretanto, mesmo neste caso, e aconselhavel usarmos, na aproximacao,a mesma atitude mental que assumirıamos com objetos de outro tipo.

Exercıcios para carregar objetos

Sugerimos que voce execute algumas experiencias pessoais relativas aestes “objetos carregados”. Isto exige a colaboracao de um amigo bem

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disposto, e se este amigo tem uma boa capacidade de visualizacao, melhorainda.

Este exercıcio deve ser executado da seguinte forma: providencie cincopedacinhos de madeira, com um comprimento de sete centımetros e qualquerespessura. Marque os pedacinhos de madeira com numeros ou letras, parapoder distingui-los. A pessoa que deve “carrega-los” anota num cadernoqual e a emocao forte que deseja gravar em cada um. Como e mais facilfazer isto com imagens visuais, deve-se anotar no caderno tambem quaisimagens serao usadas em cada caso.

Suponhamos que o objeto “A” deva ser carregado com a emocao quechamamos raiva. A pessoa podera usar qualquer imagem que, na sua opiniao,reproduz bem esta emocao, e segurando o objeto entre as maos desenvolveraesta imagem da maneira mais forte possıvel, esforcando-se ao mesmo tempopara sentir a emocao que representa.

Feito isto, deve embrulhar o objeto num pedaco de seda, e transferirsua atencao para o proximo objeto. Alias, e aconselhavel deixar passaraproximadamente quinze minutos, para fazer desaparecer qualquer rastroemocional de sua mente, caso contrario as influencias no proximo objetopoderao resultar um pouco misturadas.

Este trabalho deve ser continuado ate conseguir carregar os cinco objetos.E claro que durante este trabalho voce, pessoalmente, nao deve permanecerno mesmo local, e nem mesmo a uma distancia suficiente para ouvir. Epreferıvel que fique fora de casa durante todo o trabalho.

A “leitura” dos objetos

Agora voce apanha os objetos, um de cada vez, e o desembrulha e fazsua leitura, tentando descrever o efeito emocional geral e tambem quaisquerimagens que possam surgir.

Depois de “ler” o primeiro objeto, voce cuida do segundo: desembrulhao artigo e repete o procedimento, e faz o mesmo com os outros. Depois decada “leitura” e aconselhavel esfregar as mao com uma certa energia, comose estivesse livrando-as de po. Alguns psicometristas lavam as maos depoisde cada leitura, mas isto nao e realmente necessario, e numa demonstracaopublica e praticamente impossıvel.

A este ponto as leituras de todos os objetos devem ser comparadas comas anotacoes do caderno, feitas pela pessoa que cuidou de “carregar” osobjetos, e tambem se anotam os sucessos e fracassos.

Este e um otimo exercıcio, porque quando voce comecar a ser capaz deperceber estas diferentes emocoes desta forma, estara ampliando sua habili-dade de selecionar exatamente aquela linha especıfica que deseja examinar afundo, entre uma quantidade de informacoes que recebe de um determinadoartigo.

Quando voce estiver em condicoes de escolher as influencias por este

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metodo, podera se valer da faculdade para sentir as condicoes em cadaquarto ou casa onde pretende entrar, e isto pode ser muito util num perıodoposterior.

A psicometria das pessoas

Finalmente, voce tambem pode examinar psicometricamente uma pessoa,dirigindo suas intencoes para ela, captando as imagens e percepcoes quechegam a sua consciencia. Este e um campo muito vasto para experiencias.

Incidentalmente, voce descobrira durante esta “psicometria das pessoas”que a maioria delas costuma levar consigo, em sua aura, algumas formas depensamento muito definidas, e em alguns casos estas formas contem umaconsideravel energia emocional. Em alguns casos, isto pode ser o resul-tado de uma visualizacao intensiva; as pessoas podem ter lido um livroemocionante, que prendeu sua atencao, visualizando tao claramente os pro-tagonistas da historia, que elas estao presentes na aura como formas bemdefinidas e que podem ser captadas facilmente pelo psicometrista.

Durante a psicometria das pessoas pode-se verificar um outro fenomenobastante interessante. Alem dos personagens imaginarios de livros e novelas,podem ser vistas, as vezes, outras formas que, quando descritas, em geralnao sao reconhecidas pela pessoa interessada. Entretanto, quando se tratade uma forma com uma aparencia bastante vistosa, a pessoa examinada asvezes exclama: “Isto nao tem nada a ver comigo, mas realmente e uma boadescricao de um cara que apareceu la em casa durante a semana, e provocouum verdadeiro fuzue!”

A chave de tudo se encontra na observacao final. As fortes reacoes emo-cionais provocadas na ocasiao deixaram a imagem do personagem firme-mente gravada na aura, de maneira que pode ser vista com facilidade edescrita pelo psicometrista. Ocasionalmente nos divertimos descrevendo es-tas “imagens impressas”, como nos as chamamos, a pessoas que acabamosde conhecer e cuja vida nos e totalmente desconhecida. Muitas vezes osresultados foram surpreendentes.

Num trabalho posterior, cujo assunto sera a “leitura da aura”, esperamostratar mais amplamente disto e de outros aspectos no campo da “psicometriada personalidade”.

Diagnostico psicometrico

Temos aqui mais uma interessante aplicacao da psicometria: podemoschama-la de “diagnostico psicometrico”. O ocultismo ensina que a doencado corpo fısico se origina no sutil “duplo eterico”, que e o segundo planodo corpo fısico, e sobre o qual o corpo fısico e continuamente construıdoe demolido, de maneira que hoje nao temos o mesmo corpo material quetınhamos, por exemplo, ha cinco anos (algumas autoridades medicas afir-

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mam que em dois anos se verifica uma total mudanca de materia fısica nocorpo).

Portanto, conforme os ensinamentos ocultistas, o corpo eterico e o corporeal contınuo, que mantemos durante toda nossa vida, e neste corpo podemser encontrados os primeiros sintomas de doenca, muito antes que se mani-festem os primeiros sintomas fısicos ou que se possam ver os primeiros sinaisque permitem a um medico fazer um diagnostico.

E durante esta fase “pre-material” que se pode cuidar melhor da doencaatraves de metodos mais sutis da medicina homeopatica e mediante aschamadas “curas espirituais”, embora, naturalmente, esses metodos pos-sam ser aplicados com sucesso mesmo quando a doenca ja esta instalada noverdadeiro corpo material.

O contato fısico e desnecessario

No campo da psicometria deve-se ter um cuidado todo especial, porqueexistem muitas pessoas que podem reagir de maneira negativa a este tipo dediagnostico e tambem por causa da auto-sugestao destas mesmas pessoas;facilmente isto pode levar a tragedia, e ja se verificaram desfechos tragicosno passado.

Se voce estiver interessado em seguir esta linha de trabalho, seria muitoutil se seguisse o exemplo de um meu amigo, que durante dois anos fez umcurso de anatomia e fisiologia antes de comecar a trabalhar.

Nos primeiros estagios de desenvolvimento desta fase da psicometria,voce deveria passar sua mao sobre o corpo do sujeito, mantendo a mao auma distancia de dez centımetros, sem ter um contato fısico com a pessoa.Neste trabalho de diagnose nao ha qualquer necessidade de entrar em qual-quer contato fısico com o corpo da pessoa em questao. Ao contrariar esteprincıpio, voce se coloca na turba dos charlataes cujos propositos sao sexuaise nao psıquicos, e voce se arrisca a criar-se muitas dificuldades, em todos osnıveis.

Pelos mesmos motivos, se precisar fazer este tipo de trabalho, tenha sem-pre uma terceira pessoa presente durante a entrevista. Temos nos referido aesta forma de psicometria porque se trata de uma fase muito interessante dotrabalho, mas falando de um ponto de vista pessoal, nao aconselharıamos avoce executa-lo numa escala mais ampla.

Uma outra interessante fase do trabalho e a de separar joias “falsas” dejoias legıtimas, antiguidades egıpcias falsas fabricadas em Birmingham deantiguidades genuınas, e moveis de estilo e pecas de arte falsas de artigoslegıtimos. As pessoas que se interessam por isto podem inventar um bomnumero de experiencias neste campo.

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Capıtulo 5

Pos-escrito

Escrever este livro foi, para nos, um trabalho de amor. Deixando de ladoqualquer consideracao de lucro, sentimos uma grande satisfacao em reuniruma parte dos conhecimentos relativos a esta maravilhosa faculdade e queadquirimos durante cinquenta e tres anos de experiencias praticas no campo.

Existem poucos livros sobre o assunto, e os que existem parecem ter sidoescritos partindo de um ponto de vista sectario e religioso. Neste livro fize-mos o possıvel para evitar este tipo de preconceito, porque estamos conven-cidos, como alias repetimos no texto, que estas faculdades psıquicas estao,por si proprias, na mesma categoria dos nossos outros sentidos do planofısico, e nao dependem de nossos pontos de vista eticos ou morais.

Evidentemente, ao mesmo tempo, todos que leram ate este ponto devemter percebido que existe um padrao definido que o psicometrista aprendizdeve respeitar.

Isto nao significa que o psicometrista deve pertencer a uma congregacaoreligiosa definida, mas significa que, se ele quer executar plenamente seutrabalho, deve estar preparado a se impor uma disciplina.

Diz a Bıblia: “E maior aquele que se controla do que aquele que tomauma cidade pelas armas”. O autocontrole e uma das maiores virtudes do psi-cometrista; se ele realmente quer ser eficaz, deve estender este autocontrolesobre uma ampla area de sua personalidade e fazer dele um fator poderosoem sua vida cotidiana.

Quando tiver um maior controle sobre si proprio, o psicometrista desco-brira que esta comecando a ter maior poder sobre os outros, e a este pontocomecam a aperecer determinadas consideracoes de carater etico.

Princıpios de comportamento

Quando voce descobre que e capaz de exercer seu poder sobre outros aoseu redor, logo se defronta com esta questao: Que tipo de influencia vocevai exercer sobre os outros, e em nome de qual autoridade voce usa estainfluencia? Ha uma maxima que diz que o poder corrompe, e, de fato, no

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campo da atividade psıquica, surgem as tentacoes do poder, e quanto maiscresce o sucesso do paranormal, maior se torna a tentacao de utilizar estepoder sobre os outros de forma abusiva.

A disciplina que voce se impos, ate este momento, e apenas um controleemocional e mental, e e esta a disciplina que lhe confere seu poder. Deque forma, porem, deve ser empregado este poder? Quais regras deveraele respeitar a qual codigo de comportamento devera adotar para si? Opsicometrista deve se colocar diante de todas estas questoes antes de iniciarseu trabalho.

Evitamos cuidadosamente qualquer enfoque sectario ou religioso ao tratardesta faculdade puramente natural; agora, porem, sentimo-nos obrigados aentrar no campo da religiao, porque o exercıcio destes poderes, como dequalquer poder que esta ao nosso alcance, e essencialmente um assunto es-piritual. Nao pode haver qualquer dicotomia: nao e possıvel dividir a vidaem “espiritual” e “material”, porque toda a existencia e, em ultima analise,espiritual.

Os ensinamentos da religiao

Por conseguinte, podemos procurar um codigo de comportamento, umaregra a seguir, entre os ensinamentos da religiao. E claro, estamos na erada iconoclastia, da destruicao de todas as velhas imagens ja estabelecidase, tambem, da entronizacao de novas imagens, porque o homem precisa teralgumas imagens, algumas regras. Por conseguinte, os velhos codigos caıramem desgraca, mas vamos sugerir que eles ainda possam voltar a valer.

Nos primeiros tempos da revolucao russa, a ideia da permissividade, queparece ser a tonica de nossos tempo, foi estendida a toda a area da eticasexual, e o “amor livre”, que hoje esta sendo fervorosamente defendido pormuita gente, floresceu com ampla liberdade.

Entretanto, as atribulacoes e a decadencia social que foram causadaspela difusao da etica do amor livre foram tao graves que os governantesbaniram a permissividade e reassumiram os padroes que tinham apressada-mente descartado.

Os dez mandamentos

Nossa sugestao, por conseguinte, e que o codigo de comportamento con-tido nos Dez Mandamentos e muito util para qualquer pessoa que dispoedestes maiores poderes pessoais. O sumario da lei, como foi transmitido porJesus, e uma afirmacao positiva deste mesmo codigo, mas no presente estadode caos semantico, quando ate o significado de palavras parece duvidoso, asdeclaracoes mais definidas e contundentes do antigo codico mosaico podemser mais uteis.

Outras religioes tem seus proprios codigos eticos e tambem podem ser de

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utilidade para o paranormal em desenvolvimento. Nos adotamos ha muitotempo os ensinamentos deixados por nosso Mestre Jesus e deste fizemosnosso codigo de comportamento; embora seja necessario confessar que emmuitas ocasioes transgredimos este codigo, ele permanece nosso guia nasdificuldades da vida, e especialmente nas dificuldades que surgem por causado exercıcio destes poderes sobrenormais da mente.

Nossa palavras de despedida aos nossos leitores sao um conselho: adotemuma norma, imponham-se um sistema de autodiscliplina e depois vao emfrente com o desenvolvimento deste poder. Isso lhes dara, como nos deuatraves de todos estes anos, a felicidade e sempre maiores oportunidades deservir ao proximo.

Afinal, a unica razao para cultivar intensamente esta ou qualquer outrafaculdade e - conforme as palavras do neofita que se encontra diante da portada Loja dos Misterios: “Desejo conhecer para poder servir” - servir a Deus eservir ao proximo; isto traz um vislumbre da verdadeira paz e da verdadeiraliberdade, vindas d’Ele, que disse: “Estou entre vos para servir”. Pois ecomo Dante falou ha muito tempo: “Em Sua Vontade esta nossa paz”.

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