Como Escrever Bons Requisitos

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COMO ESCREVER BONS REQUISITOS RICARDO SOARES RESUMO: Este documento apresenta, de maneira resumida, algumas técnicas e ferramentas com uma orientação básica para se conseguir captar e escrever bons requisitos. Partindo de um pressuposto que você, leitor, conheça a definição de requisitos e sua importância para um projeto. PALAVRAS-CHAVE: Elicitação; Requisitos; Técnicas e Ferramentas; Escopo. 1 ELICITAÇÃO DE REQUISITOS Principal etapa para a solução de um problema ou necessidade, os requisitos devem ser completos, corretos, claros e consistentes. Elicitar 1 requisitos não é uma tarefa isolada e pode ser necessário que após o levantamento de um requisito seja necessário obter mais detalhes sobre ele. Por isto, torna-se importantíssimo a rastreabilidade de cada requisito obtido. 1.1 MATERIAIS DE APOIO Antes de iniciar as atividades é preciso definir quais serão os instrumentos de trabalho e conhecer (sentir) o ambiente organizacional. Assim será possível definir qual ou 1 Trazer a tona, elucidar, tornar visível ou extrair.

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Orientação básica para elicitação de requisitos.

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COMO ESCREVER BONS REQUISITOS

RICARDO SOARES

RESUMO:

Este documento apresenta, de maneira resumida, algumas técnicas e ferramentas com uma orientação básica para se conseguir captar e escrever bons requisitos. Partindo de um pressuposto que você, leitor, conheça a definição de requisitos e sua importância para um projeto.

PALAVRAS-CHAVE:

Elicitação; Requisitos; Técnicas e Ferramentas; Escopo.

1 ELICITAÇÃO DE REQUISITOS

Principal etapa para a solução de um problema ou necessidade, os requisitos

devem ser completos, corretos, claros e consistentes. Elicitar1 requisitos não é uma tarefa

isolada e pode ser necessário que após o levantamento de um requisito seja necessário obter

mais detalhes sobre ele. Por isto, torna-se importantíssimo a rastreabilidade de cada requisito

obtido.

1.1 MATERIAIS DE APOIO

Antes de iniciar as atividades é preciso definir quais serão os instrumentos de

trabalho e conhecer (sentir) o ambiente organizacional. Assim será possível definir qual ou

quais os métodos que devem ser aplicados para coletar os requisitos.

Segundo o BABoK2 as principais técnicas e ferramentas são:

1.1.1 Técnicas

Análise de Documentos (Revisão de Documentos Existentes), Análise de Interfaces (Análise de Interface Externa), Brainstorm, Delphi, Diagramas, Entrevistas, Gerenciamento de Mudanças, Grupo Nominal, Grupos focais, JAD, Mapas Mentais, Observação (Job Shadowing),

1 Trazer a tona, elucidar, tornar visível ou extrair.2 BABoK: Framework de boas práticas voltado para analistas de negócios assim como o PMBoK para

gerentes de projetos.

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Oficinas, Pesquisas / Questionários, Prototipação (Storyboarding, Fluxo de Navegação, Pototipação em Papel, Fluxos de Tela), Workshops de Requisitos (Workshop de Elicitação, Workshop Facilitado).

1.1.2 Ferramentas

Softwares3: Editores de textos, planilhas eletrônicas, softwares de

apresentação, modeladores de processos.

Linguagens: BPMN, UML.

Objetos: Gravador, quadro branco, projetor, flipchart, post-its, folhas de

papel, fita adesiva, canetões e documentos.

Apesar de todo este aparato, o documento é o mais importante de todos os

materiais de apoio, além do fato de ser útil durante o levantamento ele acaba sendo um

excelente material de pesquisa e refinamento.

1.1.2.1 Questionários

Os questionários devem ser elaborados com base nos processos das atividades de

trabalho, seja observada ou interrogada.

1.1.2.2 Documentos

O registro de cada levantamento deve ser documentado e armazenado em um

local previamente informado. Estes documentos devem seguir um mesmo padrão e conter

itens que permitam a rastreabilidade da informação, por isto é recomendado pelo IIBA4

através do BABoK™ que seja obtido e registrado os seguintes itens:

Referência absoluta5 (numérica ou textual), autor do requisito, complexidade

(dificuldade para implantação), Propriedade (quem precisa disto), Prioridade (quais os

requisitos que devem ser implantados antes), Risco (atendendo ou não ao requisito), Fonte do

Requisito (pessoa ou grupo de pessoas que informou o requisito e que pode ser consultada),

Estabilidade (indica quão maduro é o processo), Estado do requisito (proposto, aceito,

3 Atente a este item, pois todos ou grande maioria deverá possuir os mesmos aplicativos ou aplicativos que lhes permitam acessar ou criar as informações.

4 IIBA – International Institute of Business Analysis: Associação sem fins lucrativos que tem como objetivo facilitar o trabalho do crescente número de profissionais que atuam na área de análise de negócios.

5 A numeração é permanente, ou seja, havendo exclusões, não se altera a numeração.

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verificado, adiado, cancelado ou implementado), Urgência (Indica o quão cedo o requisito é

necessário – só se separa da prioridade quando há um prazo para implantação).

2 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO

Para escrever bons requisitos além de usar os itens apresentados até o momento é

necessário também realizar um bom planejamento e execução das atividades.

2.1 PLANEJAMENTO

2.1.1 Preparação da Elicitação

Para garantir que todos os recursos necessários estejam organizados e agendados é

aconselhável que seja criado um cronograma, porém, antes disto é importante conhecer os

seguintes itens:

2.1.2 Necessidade do Negócio

Esta é a necessidade do projeto em si e que permitirá saber o que deve ser

pesquisado junto aos stakeholders.

2.1.3 Escopo da Solução

Tratando-se de projetos, seriam os escopos do projeto e do produto, que permitirá

uma ligação entre ambos e o seu confronto com as expectativas, solução e transição.

2.1.4 Relação de Envolvidos

Listar todas as partes interessadas que participarão da elicitação. Especificar o

papel e a responsabilidade de cada um na organização.

2.2 EXECUÇÃO

De posse dos materiais necessários e com o cronograma de agendamento dos

recursos, já é possível iniciar a execução das atividades.

Observação: O Gerente do Projeto deve garantir a presença das pessoas.

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2.2.1 Execução

Pode-se, primeiramente, enviar os questionários e as pesquisas – elicitação

distribuída – e/ou analisar documentos e interfaces – elicitação executada.

Após esta(s) atividade(s) é possível iniciar a elicitação por meio das atividades

presenciais.

2.2.1.1 Escopo como base

Deve-se evitar o desvio dos escopos6 e rastrear os requisitos até as metas e

objetivos do negócio, pois isto auxiliará na validação de quais requisitos devem ser incluídos.

2.2.1.2 Capturar atributos dos requisitos

Sempre documentar as características do requisito durante o levantamento,

conforme informado no item 1.1.2.2 Documentos.

2.2.1.3 Priorização de Requisitos7

Esta priorização pode ser baseada em seu valor relativo, em seu grau de risco, na

complexidade de implementação, probabilidade de sucesso, conformidade legal ou política,

refinamento de outros requisitos, urgência ou qualquer outro indicador.

2.2.1.4 Requisitos Funcionais e Não-Funcionais

Requisitos Funcionais é o que o produto do projeto deverá fazer e os serviços que

deverá proporcionar, ou seja, suas funcionalidades.

Não funcionais são as condições nas quais o produto do projeto prestará os

serviços como; velocidade, tempo de resposta, tempo de execução, etc.

2.2.1.5 Suposições e Restrições

Durante o levantamento dos requisitos serão identificadas algumas suposições e

restrições. Suposição é qualquer coisa na qual se acredita ser verdade, mas que não foi

verificada. Já as restrições podem ser de negócios, quando limitações à solução ou partes

6 Escopo do Projeto e Escopo do Produto (PMBoK 4ª Edição)7 Muitas outras técnicas podem ser empregadas na priorização. (BABoK,108)

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inalteráveis são encontradas, ou técnicas, quando há o uso de alguma linguagem, ferramenta

ou materiais que limitam o design da solução.

2.2.1.6 Habilidades Psicológicas

Dizem que o cliente não sabe o que quer. Mas cabe aos profissionais envolvidos

na fase inicial do projeto entender o que o cliente pretende auxiliá-lo no encontro da solução.

É aí que entra as habilidades psicológicas necessárias.

Saber Ouvir (não só escutar) e compreender o outro.

Ser imparcial e evitar a tendenciosidade.

Ter uma visão macro do ambiente e dos processos de negócio.

Ser holista e crítico, buscar o entendimento completo de cada situação.

2.3 RESULTADO

Ao final das atividades e elaboração dos documentos, deve-se reunir em um único

documento (final) todos os requisitos mapeados, declarados e estruturados. Com textos

descritivos, matrizes e modelos8 indicando os procedimentos atuais e oportunidades de

melhorias que automatizem ou simplifiquem o trabalho desempenhados por pessoas,

melhorando o acesso à informação, eliminando redundâncias.

Este documento será o guia para o andamento do projeto e intrinsecamente uma

justificativa para a real necessidade do projeto.

REFERÊNCIAS

O Guia para o Corpo de Conhecimento de Análise de NegóciosTM (Guia BABOK®). Versão 2.0 by Google Books. Toronto: IIBA, 2011.

Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®). 3ª Edição. Pennsylvania: PMI, 2004.

Sotille, Mauro A. Menezes et al. Gerenciamento do escopo em projetos. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

8 Formais (seguem uma semântica uma iconografia) e Informais (não seguem uma definição semântica)

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