Como Eu Modelei Um Golem

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Como e u modelei um Golem

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Texto que explica os motivos da criação do quadrinho "Golem". Narra a viagem e visita a Auschwitz. https://www.facebook.com/seilazinesepublicacoesindependentes

Transcript of Como Eu Modelei Um Golem

  • Como eu modelei um Golem

  • Este impresso foi criado para explicar as rezes pelas quais o autor decidiu fazer o quadrinho Golem no ano de 2013. O quadrinho bem curto, apenas 4 pginas mais introduo e fechamento, ento para se aprofundar no assunto nasceu a ideia de Como eu modelei meu Golem.Em 16 de Fevereiro de 2013 eu visitei a cidade de Praga na Repblica Tcheca, a cidade maravilhosa e apesar do inverno estar castigando o meu corpo latino acostu-mado a dias ensolarados eu fiquei encantado com a cidade das torres, ela possui toda uma aura de misticismo que o grande quadrinista Mike Mignola ajudou a criar em minha cabea. Ao passar por um bairro judeu eu vi algumas estatuas do Golem, criatura do folclore judeu, naquele momento eu no dei muita ateno para tal escultura, mas mais tarde ela fez muito sentido e me ajudou a fazer o quadrinho. O golem uma lenda, um rabino que via seu povo sendo hostiliza-do pela populao no-judia decidiu criar uma criatura de barro, como um frankstein, e na sua testa escreveu, (verdade em hebraico), assim a criatura ganhou vida e expulsou aqueles que ameaavam o povo Judeu.No dia 25 de Fevereiro de 2013 eu visitei a cidade de Owicim na Polnia, uma cidade pacata que tem o lema de A cidade da paz. Essa cidade foi invadida em 1939 e anexada ao territrio alemo, a partir desse momento a cidade passa a se chamar Auschwitz. Os alemes se apropriaram de um conjunto de prdios e pequenos galpes do exercito polons para criar o que ento viria a ser Auschwitz I. Cheguei nessa cidade com um trem que partiu de Katowice ao sudoeste do pas, foi uma pequena caminhada da estao at o museu, mas logo entendi que essa caminhada no existia nos tempos de guerra, a primeira coisa que as tropas alems fizeram foi um novo entroncamento da via frrea que levaria os prisioneiros direta-mente ao campo de concentrao. importante entender que o campo no foi o primeiro e nem o ultimo construdo

    pelos alemes, e menos ainda, por seres humanos. No Brasil colnia tivemos diversos campos como esses, as minas de ouro, a lavoura, e tantos outros s funcionavam com indgenas e negros escravos, ou seja, campos de concentrao no foi uma inveno nazista.

    Entrada da ponte Carlos de Praga

    Vista superior da cidade de Praga

  • Ao chegar em Auschwitz I (a entrada do museu) voc pode tomar um caf, comprar seu ingresso para a visita guiada (na poca me custou em mdia R$30,00 por 3 hrs de visita), h uma loja com muitos livros e dvds sobre a histria. No pense que Auschwitz um passeio turstico, no, nem perto disso, apesar de algumas pessoas no

    entenderem a seriedade disso os poloneses deixam bem claro que aquilo uma ferida aberta na histria deles, ento caso algum dia voc visite Aus-chwitz saiba que no um lugar para brincadeiras.A visita comeou passando por um porto, o qual estava escrito rm alemo: Arbeit Macht Frei que quer dizer S o trabalho liberta. Bom, nos meus primeiros 20 minutos de visita eu j percebi o quo cruel as pessoas podem ser.O guia era Polons, e ele deixava bem claro o porqu aquele local foi mantido por seu pas. Apesar de a guerra ser famosa pelo holocausto o povo polons sofreu muito com aquilo tambm, seu pas foi invadido e repartido por alemes e russos. Seu pas foi aniquilado e seus povo tambm. A capital Varsvia foi bombardeada e completamente destruda, a linda cidade que hoje l est apenas uma releitura da antiga capital, que s conseguiu se reerguer completamente em 1989. Ou seja, aquilo um

    monumento aos milhes de poloneses que morreram naquele campo, Auschwitz I foi primeiramente um campo para presos polticos, em sua maioria polacos, profes-sores, padres, e alguns outros cidados mais instrudos (os politices e militares foram assassinados o mais rpido possvel). O exrcito nazista no queria um povo instrudo que tentasse uma rebelio, assim todo aquele que tentasse erguer a vs era mandado para Auschwitz ou qualquer outro campo de trabalho forado, e por isso que aquele lugar se mantem e p, por isso que os poloneses buscam no deixar a histria morrer.

    Entrada de Auschwitz I

    Portes de Auschwitz I

  • Em fevereiro o fim do inverno naquela regio da Europa, eu peguei um dia bom, um dia agradvel para a poca do ano, faziam exatos -4 graus. A cada momento que andvamos pelo campo o guia insistia em nos mandar parar para explicar, e aquilo fazia nossos ossos doerem, o vento cortante machucava a pele do rosto e o corpo pedia por calor. Em um certo momento ele nos mostrou uma larga avenida dentro do campo e nos disse que ali era feita a contagem dos presos. Eles deveriam ficar em p, as vezes nus, e deveriam dizer seus respectivos nmeros em alemo, essa contagem durava horas e diariamente muitos morriam ali mesmo, naquele corredor. Havia algumas celas em Auschwitz, essas celas eram como solitrias, j que a maioria dos prisioneiros dormia em quartos abarrotados de gente. Uma dessas celas me chocou muito. Ela tinha menos de um metro de comprimento e de largura, ou seja a pessoa s podia ficar em p l dentro. No preciso nem citar que muitos morriam ali, uma coisa que eu logo percebi em Auschwitz era que as pessoas morriam a todo o momento l.Em Auschwitz I h o primeiro experimento de morte for asfixia usando o gs Zyklon B, ou seja primeira cmara de gs ainda se mantm em p, inclusive voc pode entrar nela e imaginar como aconte-ciam as coisas. como um pequeno galpo com duas salas, uma para matar as pessoas e uma para queimar, a estrutura metlica do forno ainda est por l, o guia nos explicou que por vezes os soldados nem se quer matavam os bebs e os arremessavam vivos dentro do forno.

    Corredor aonde era feita a contagem

    Corredor para guardas em Auschwits I

    Muro para fuzilamento Auschwitz I

  • A parte mais chocante de Auschwitz sem dvida dentro dos prdios, uma regio aonde por respeito as vtimas e suas famlias no permiti-do fotografar, por todos os andares de um dos prdios esto espalhados em aqurio gigantes 2 toneladas de cabelo humano, possvel ver cabelos de todas as cores e taman-hos, tranas de meninas ainda feitas com seus laos azuis, 2 toneladas de

    cabelo equivale a milhes de pessoas. Tambm h malas com nomes e passaportes escrito na parte exterior, as pessoas que eram levadas para o campo no sabiam exatamente o que aconteceria, e na verdade a histria era que eles seriam mantidos para trabalhar at quando durasse a guerra, ento empacotavam tudo que eles tinham de valor e colocavam sua identifi-cao na mala, ao chegar nos campos essas malas iam para os soldados, eles as colocavam num lugar chamado Canads pois para os europeus o Canad era uma terra prospera cheia de oportunidades de riquezas, ou seja, daqueles Canads eles tiravam suas riquezas (prataria, joias). As malas permanecem l, com

    nomes e passaportes de pessoas que no mais existem. possvel ver mais outros diversos utenslios pessoas pelo campo de concentrao, milhes de culos, prteses, chaleiras e pequenas panelas, coisas que as pessoas julgavam ser necessrias para uma fuga imediata perente uma guerra. Um fato que choca tambm a quantidade de brin-quedos que possvel visu-alizar nesse mesmo prdio, os brinquedos simples de crianas inocentes que foram brutalmente assassinadas ainda esto l expostos.

    Cmara de Gs Teste Auschwitz I

    Porta da Enfermaria aonde eram feitos experimentos em

    humanos

    Lata de Zyklon B

  • A segunda parte da visita foi tomar um nibus para Birkenau (Auschwitz II) que foi um campo construdo pelos prprios alemes, diferente de Auschwitz I que era uma construo polonesa reaproveitada. Birkenau foi feito para exterminar judeus, construram diversos Baraks onde eles poderiam dormir amontoados, e no final do campo (que enorme) 4 cmaras de gs que poderia matar cerca 200 pessoas por vez. Ao chegar em Birkenau voc v que a linha do trem desce at bem dentro do campo, ou seja os judeus eram leva-dos diretamente para a morte. Ao descer do trem um

    mdico dizia se ia para o banho ou para os baraks, ao entrar no banho as pessoas esperavam por gua que nunca sairiam dos chuveiros falsos, o Zyklon B era jogado no sistema de ar e as pessoas morriam com espas-mos, diarreia e vomito. Depois eram recolhidas e queimadas. As cmaras e fornos foram destrudos aps a guerra terminar, mas ainda possvel ver as runas do local. Ao lado das cmaras h um monumen-to com inscries em todas as lnguas europeias para que o homem no se esquea do que ele mesmo foi capaz de fazer. Aps a visita da cidade de Praga e do Auschwitz eu tive a ideia de fazer o quadrinho Golem, esses foram os motivos que me fizeram modelar meu prprio golem.

    Wallace Nunes

    Entrada de Birkenau

    Vago que transportava vtimas

    Cmara de gs destruida em Birkenau

    Todas as fotos de Auschwitz I, Birkenau e Praga por Wallace Nunes.

  • Em seguida vamos ver algumas referencias visuais para o quadrinho:

    1- Refrencia para grafismos da capa.

    2- Referencia para letras3- Souvenirs de Golem.

    4/5 - Referencias de roupas infantis da poca.

    6- Referencia de farda nazista7 - Birkenau com sada de

    prisioneiros.

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    Todas as imagens retiradas da Internet

  • Uma publiacao Sei L Zines e Publicaes Independentes

    Rua: Illarion Lobas, 14 - Carapicuba - SP - CEP:[email protected]

    Roteiro e Arte: Wallace NunesTexto Editorial: Wallace Nunes

    Tiragem: 50 cpias

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    Junho de 2015 - Carapicuba- SP/ Brasil