Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

download Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

of 11

Transcript of Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    1/11

    A ideiafundamental: aordemarquitect6nicaFilippo Brunelleschi,o inlciadon.daarquitecturarsnascentista, pasna base cdli nova .linguagem 0conceito - c riadopalos Gregos eutilizado, depoisdeles, pelosRomanos -d.e.orderrrjarqrrtectorsca, 0aeum conjunfO de __re9ms formais-edelprop_or9a0_qi,Le - _ligavam entre s l, de Iuma forma_der ~antemao \

    I eslabeleeida,-t

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    2/11

    ArquitecturaA direita: fachadado Palacio Rucel iai,em Florenr,;a,cons truido par leonBattista Albertientre 1447 e 1451,Em baixo: Iachadado pa laclo Farnese,em Roma,. deAntonio 8angallo, 0Jovem, e Mig.uelAngelo Buoriarrotiprimeira metade doseculo XVI .

    8

    A fachada: ospalacioso palaclo, a r icar norada c l tad i nados nobres au dosmercadores,. e umtipo de eonstrucaoque se alirmadurante aRenascimento,tendo-se espalhadopar toda a ltalia. Natachaca do PalacioRucell\!-i,encontra-se umadas primeirasapl lcacoes domoHv-o_das_or,der.lssobrepostas.Jstoe,C~Qstentau m < ! _ _ Q r d e mdjlerenie"ld6r.ica nopisoterreo, jOnlcano pr imeiro andar ecorfntia no -segundo), enquantoque no PalacioFarnese tal motivoesta limi tado ascorni jas dasjanelas

    Arquitecturamas fixes. Desse modo, cada arquitecto dispunha de umaestrutura que fomecia solueoes-padrao pam a maier partedos problemas. Assim, a sua atencao podia concentrar-senos aspectos verdadeiramente novos aprcsentados peJoterna. Esta enorme economia em termos de tempo e detrabalho era a primeira vantagem do sistema. Cada projec-tista tomava como ponto de partida a regra comum edava-lhe uma interpretacao mais ou menos brilhante aoaplica-Ia ao. caso que tratava Aqueles que viessem depoisdele podiam continuar a partir do ponto em que ele sedet ivera: isto e, rejeitavarn os elementos negatives e adop-tavam as solucoes posit ivas. Ate se chegar, com 0 correrdotempo, 11 perfeicao quase absoluta.Era este 0metodo que tinha conduzido a imortal graca doPartenon, Os inventores do processo tinham sido, de facto,os Gregos: tomando como ponto de partida 0 seu tipicoedificio monumental, 0 templo, e a tecnica dos blocos depedra sobrepostos com a qual ele era construfdo, tinhamestabelecido algumas normas fixas para as colunas e osentablamentos, fazendo incidir as atencoes nas relacoes queos uniam entre si, A esse conjunto charna-se ordern arqui-tectonica. Os Romanos tinham adoptado plenamente estesistema, mas, devido ao facto de praticarern uma arquitec-tura baseada em abobadas de alvenaria, em vez de cantaria,tinham-no limitado a ornarnentacao das fachadas dos edifl-

    c1OS. As tres ordens gr-egas - danca, jonica e corintia -,acrescentaram eles; depois, mais duas: a toscana (umavariante simplificada da dorica) e a composita (urna varianteenriquecid a da corintia).Foi este sistema que Brunelleschi teve oportunidade deestudar a fundo nos monumentos rornanos, entao bastantemais numerosos e mais bern conservados do que hoje.Nao tardou a descobrir as suas vantagens; e, uma vezregressado a Florenca, decidiu aplica-lo. As dificuldades,no entanto, foram rnuitas, quase insuperaveis, A maneiracomo ele - e os arquitectos que 0 seguiram - as resolveuconstitui 0 guia mais seguro para saber reconhecer e , aomesmo tempo, compreender 0 novo estilo.Como ja vimos, ele baseava-se, antes de mais nada, emforrnas canonicas. Ja nao era precise estabelecer caso acaso a forma de cada coluna, do seu capitel, das variaspartes ornamentais: bastava escolher qual das cinco ordensempregar e estabelecer-Ihe as proporcoes. Todo 0 aparelho

    ornamental ficava, por corisequericia," resolvido. Fixadoisto, a tinica coisa que faltava era determmar a forma e as- - - - - - - - - - - - - - - _ -J

    '9

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    3/11

    Arquitectura

    II ,

    10

    As fachadas: aIgrejaFachada da SantaMar ia Novella, emFlorenr,;a, iiIexlstents aquandoda intervencao deLeon BattistaAlberti, 0 qual, pari sso, apenas pOdedar urn aspectorenascentlsta aorosto caracterlsticode uma igreja coma nave cenl ra l maises lreila e mais alia ,D sislemados doisplanes de ordensl igadas entre si parduas aletaslorna-se depoisquase u r n pa dr ao .

    Em Santo Andre deMantua,lntslramenteconst ru ldo par s i,Leon BattistaAlberti, criou urnsegundo esquemapara a fachada,mu lto m a is original,tsrnbem destinadoa ler grandesucesso: a ordemcolossal (daaltura de daisandares), queart icula toda afachada, co m umaordem maispequena queretorna asproporeoes dointerior e constituiuma sagundasubcivlsao. A igrejafoi consl ru ida parvoila de 1470.

    Arquitecturadime~-ificay'ao. Estas decisoes competiarn, am-Bas, a uma 86 pessoa, 0 arquitecto. Assirn, este concentravanas suas maos toda a parte criativa do trabalho, deixandopara os outros (escultores, decoradores, pintores, vitralis-tas, e assim por diante) a unica tarefa de seguirem as suasordens. Tratava-se de urn procedimento completamentediferente do medieval . Na Idade Media, a arquitectura naose baseava num sistema unitario de formas , mas sim naimaginacao de artistas que trabalhavam independentemente,cuja unica limitacao era a da tradicao. Todavia, a irnensavariedade das escolhas necessaries a todos os nfveis perm1-tia a cada operario uma intervencao pessoal, Nao se podiaesperar que os operarios aceitassem de boamente uma taldesclassif icacao. E, de facto, um des primeiros trabalhos deBrunelleschi, a cupula da catedral de Florenca, foi pertur-bado por uma greve ilimitada dos operarios, greve essa aque 0 arquitecto respondeu come despedimento massivodos grevistas.Havia apenas uma mane ira de superar esta dif iculdade:

    fazer reconhecer pelos comitentes a, autoridade que oscolaboradores repudiavam. Com efeito, foi este 0 caminhoescolhido pelos arquitectos renascentisras, Mas a contra-partida foi a de a arquitectura renascentista se tornar numproduto excfuSivo das classes al tas, a fina flor , como lhechamararn, com toda a justica. E diIfcHimo encCi"i1iTa-la-feradas grandes cidades e prat icamente ImpossIve! ve~n:cada a um tema que naoseja aulico-: igreja , palazzo, vt'l!a.Este, 0 primeiro ponto e as suas consequencias, 0segundo consistiu em que 0 novo movimento nao sentiaqualquer interesse pela \estrutura do ediffcio: apenas lhei. .!!!p0J1aya~9aspecto final que deveria vir a ter. Isto teve

    duas consequencias: por urn lado, urn caracter de arquitec-tura desenhada, muito mais do que construide; p,0routre lado, 6 , _ _ abandono de.rodas.as esquisas estruturais}o resultado desta sene de reconsideracoes ot aconcep-gao segundo a qual cada ediffcio se compunha de duaspartes: uma caixa. formada pelas paredes, que const ituia asua estrutura, e urna ornarnentacao, que se sobrepunha aessa caixa e que era, por assim dizer, a sua jJele. Deste -....---:- . - - . - - - ~modo, as duas pal;_po_diam_s~ projectadas em s~ado.Por outras palavras: .0 arquitecto renascentista podia resel-ver, antes de qualquer outra coisa, a disposicao da constru-cao, a forma e as dimensoes que ela deveria ter. Feito isto,escolhia, a ordern arquitectoaica a utilizar, fixava-Ihe ospormenores e as proporcoes e, com base nestes elementos,

    11

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    4/11

    Arquitectnra

    Os interiores: aperspecttvaespactalOs espacosinteriores dosedificios tambemcorrespondem aosnovos crl terios dapsrspectlva. Assirn,deixou de seconstruir umasueessao detr amos, cada umdeles dotado deautcnornra, massim uma linha deparedes artlcuiadassegundo as regmsdas ordensarqultectorricas, nasquais as linhashor izonta ls - quesao dominantes -convergem para umponte unlco.

    definia as paredes do ediffcio, encaixando-as na reticulageometries formada pelas colunas e seus entablarnentos. Acaixa nao era importante em si rnesma, era-o apenas.enquanto s~-das ordeas, Assim, bern depressa surgiu apropellsaopara se subest irnar 0 aspecto funcional quedeveria ditar a disposicao de toda e qualquer construcao e secomecou a tentar transformar 0 ediffcio Dum iinico ecoerente teorema. Em resumo, comecou-se a revestir acaixa- com 0 involucro mais comedo para a omamen~-fao.~ Esta, pois - ernbora em termos rnuito esquem.iticos-,delineado 0 sistema inteiro da arquitecrnra renasceruista: 0mosaico de que os diversos edificios dos diversos autoresvirao a consti tuir as tesselas. Finalrnente, vejamos agora asformas adquiridas poresta arquitectl;lra. No que diz respeitoas paredes, lIas deviarn corresponder a duas exigencies:s er er n c on st ru f da s com u m m fn irn o de esforco, dado naoserem 0 elernento principal, e s er er n e xe cu t ad as de rnaneiraa tornarem facilmente perceptivel 0 aspecto maternatico egeornetrieo desta nova arte. Para isso, adoptaram-se formassimples e de sintetica evidencia: cubos e paraleleptpedos.As relacoes entre a altura, a largura e a profundidade foram

    12

    Brunelleschi,inter ior do SantoSpiri to, emFlorenr;:a.Aparentemente, aigreja adoptou osesquemasrnedievais: plantade cruz lat ina, t resnaves, cupula aocentro. Mas nadasepara um trarnodo outre:entrelanto, asarquitravescontinuas por c imados areosevidenciam ac on nu s nc ra d etodas as linhashor izonta is para umunloo ponte, 0ponte de fuga.

    Arquitecturatambern simplificadas e, fosse de que mane ira fosse,sempre reconhecfveis. A estrutura sofreu uma slmplificacaoanaloga; entre as ab6badas que sustentarao 0 tecto, seraopreferidas a de berco e a de arestas, em vez da de cruzariaogival, visualrnente rnais complicada e, no aspecto estatico,bastante mais diffcil de erguer. Melhor ainda, logo quepassive I renunciar-se-a as ab6badas, substituindo-as porcoberturas de madeira, as quais implicam paredes desustentacao muito mais delgadas, economicas e faceis deerguer. Ou entao inserir-se-ao metod icamen te , entre urnarco e outro, t irantes metalicos, para eliminar as pressoes:de facto, a ab6bada nao so descarrega 0 seu peso sobre 0pilar em que esta apoiada, de cima para baixo, comotambern tende a derruba-lo para fora; para obstar a esteinconvenienre, pode reforcar-se 0 pilar, ou entao el i.minar apressao que a ab6bada exerce de dentro para fora. Noentanto, os tirantes eram dernasiado visfveis; mas naoimportava: expulsava-se os tirantes do discurso estetico,considerando-os elementos tecnicos que 0 olhar deveriaignorar. No que concerne aos arcos. foi cornpletamentebanido 0 areo quebrado, ogival, bern como qualquer outroripo de arco que nao fosse 0 de volta perfeita, istoe, que nao

    13

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    5/11

    Arquitectura

    o .ideal: a simetriaabsolutaA arquitecturarenasoentistanasceu dae:

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    6/11

    Arquitectura

    o elementodomlnante: acupulaFilippo Brunelleschi,cupula da igreja deSanta Mar ia delFiore, em Floreno;:a.A cupula eoelementodominante dequase todas asigrejasrenascentistas. Afonte de lnsplracao I romana: a grandecupula do Panteao

    I'"

    de Roma; mas a"sua construcao I i i 'muito diferente.Nao s6 no querespsita a teenica(de dols cascossobre pendentes ousobre trornpas, emvez de urn unicobloco de alvenana),como tarribernquanto a forma.Saot ipicos, porexemplo , asnervuras e trompasde pedra quedivjdem os varlospanos da -eonstrucao.16 17

    o;oes da rica c1a~se dos ~ercadores, que, naquela epoca,comecavam a vir para pnmeiro plano: os palacios. Paraambos estes tern as , os problemas eram: estabelecer amane ira mais correcta de os dispor, e fixar, em esquemasadequados, a disposicao das fachadas.No que re~peita aos palacios, a solucao para 0 primeiroproblema foi encontrada logo nas primeiras tentativas:q~atrocorpos construidos em tomo de urn patio central. Em

    SlQtes~, urn c u bo com u m espa~o vazio no centro. Este?r~an.lsmo era a melhor compromisso entre as exigencias demll~l1dade (garantida pelo patio interior, para 0 qual seabnam as portas das camaras, que comunicavam entre sipor mei? de co.rredores em. forma de portico, as -Iogge) eas de vida social (ele podia providenciar uma vista impo-nente para a estrada).. A s fachadas a arranjar eram, assim, as que ficavamviradas para 0 patio interior e a frontaria - au frontarias -

    Miguel AngeloIluonarroti., cupulado Sao Pedro, emltorna. TarnbernIIqui surg.em asnorvuras, emlIumero duplieadololal ivamente as del iunta Maria de lI lore. Mas ja na ocomo elementaunlco, mas simc om e am c ut ac a onntre 0 tarnbor (abase cil lndrica quesustenta a cupula).

    !:flITI colunas eillnelas, e aIntilerna (elementouornslhante aotrunbor, mas rnais[lilqueno, que1ilillAta a cupula). 0IJIIO ora 16gieo, ja'1 '1 1) B e tratava de11111xarnplar do1 1 1 1 11 1 ' 1 0 p e r to d oIIII IIlIlcentista,oll!pmnla que anhrn doI 1 1 1 1 1 ,ulloschi e1 1 I 1 ) ~ l I n o do seulululo: nurn secuio e1 1 1 1 ) 1 1 1 ,(I' cupulaIlIll-lHlI do eiemento

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    7/11

    ArquitecturaUrn revivalisrno: a~vlllaA ltaliadoRenascimenioredescobre urn tipode edilfcio que'tinha desaparecidoda Europa com aqueda do ImperioRomano: a vi lla-,resldencla fora dacidade dos nobrese dos ricos. Entreas rnultiplas razoesdisto, figuram 0exercfcio do poderpolitico ja nao por ~.parte de individuos I .i solados, mas simpo r parte doEstado, unicaentidade, a partirde entao, aconstruirfortificayoes, alernda maier sequrancarainante nosc a m p o s .

    -II'I,I!

    "I i'I"

    18

    nao mostra urn esquema unico , mas sim tres, numa ordemsucessiva de tempo. 0 primeiro tipo remonta ao proprioBrunelleschi e teve a sua maior expressao durante quasetodo seculo XV: trata-se da fachada com almofadadosesse peculiar revestimento parietal de grossas pedras gros-seiramente esquadriadas. Este revestimento - au para-mento, se quisermos reeorrer ao tenno eerto - e usado emtoda ~ facha~~, apenas interrompido pelas janelas e por umaestreita comlJa omarnentada, que separa os andares, Geral-mente, a irregularidade e 0 relevo das pedras vao dimi-nuindo de andar para andar, de tal modo que nalgunsexemplares 0 ultimo piso e totalmente liso.Embora bastante vulgar no seculo XV, e evidente queeste esquema e pouco concordante com as prernissas daa~quitectura renascentista, apesar de tao regular e racional ,ainda que tambem subjectivo, sem ligacoes geometric asdefinidas entre as suas varias partes. Efectivamente, de-pressa surge ao seu lade urn segundo tipo, de ordenssobrepostas, Talvez nao tenha side por aeaso que a primeiratentativa nesse sentido tenha sido feita por Leon BattistaAlberti, 0 segundo grande arquitecto quatrocentista e 0primeiro a escrever um tratado sobre arquitectura, a reflec-

    I \IIIIIIHI Palladio eV I I I! I I Il Z O" ll ll Ilnni , "vi llaI IIIIIH, mais, i ll ll il lcida por

    " , 1 1 1 1 1 " Rotunda, emV ir tlllIO, Projectaqa1 0 1 1 1 ' 1 1 de rnaadosIi i 1 r lCOulO XVI, '1 1 1 1 0 o r1\0 os t r a c e sI 1111Ir.toristicosdolililluocimenlo,flll'lolutamenle1 I 11 1 1 o t r ic a , c o mhI! 1 11 1I . i a s a imitar1 1 1 1 1tornplo antigo,dllllliliada ao centro1 , 1 1 1 l ima cupula(1IIIldllicada, noI ll ll lInlo, durants a, LJlIlllruGao), todos1 1 1 1 I IO US lados se'IIIIIUTI para a1llIlHllgem-

    Arq u i tect u ra

    tir , em suma, sobre os aspectos teoricos da sua propriaactividade. Em smtese , tratava-se de uma fachada tambemcom almofadados, mas em que as janelas eram separadaspor outras tantas pilastras planas, Mas nao s6 ; a cada p~socorresponde urna determinada ordem: toscana no PISOterreo, 0 mais nistico, para acabar com a composite noultimo andar; e entre cada piso nao corria ja uma estreitacomija, mas sirn 0 entablamento correspondente a ordem dacoluna que Ihe ficava par debaixo. Em suma, todo 0 edificioficava encaixado numa malha base ada nas ordens: urnesquema muito mai~ logico e coe~ente. ,. ..Urn terceiro e mars requintado tipo de palacio devena vira surgir bastante tarde no seculo XVI: 0 de janelas sobre-postas. 1 2 dele prototipo 0 palacio F~mese, construi~o porAntonio da Sangallo e par Miguel Angelo - Na reahdade,tratava-se de urn edlftcio bastante menos ritmado do queos de Alberti .e no qual os varies pisos eram indicadosapenas por uma faixa ornamentada - uma arquitravecontinua - e rematados por uma enorme cornija. As ordensDaO faltavam e erarn empregadas sobrepostas. Mas surgiamapenas nas janelas dos diversos andares, c~da um.ad~s 9uaisconstituia, por assim dizer, urn pequenissimo ediffcio inde-

    19

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    8/11

    Arquitectura Arquitectura

    Uma inven9iio: afortalezaEnquanto a vi lla"se deslina aresidencta, afor taleza foipro jeclada para adefesa. As suaslorres sao,habitualmente,redondas, cadauma delas maisbalxa que asout ras, para melhorresisti rem aos tirosdos can hoes; tantoas torres como ascortinas saoencimadas par-barbacas- , nomeque se da it parteque forma umasallenc ia com aface exter ior dosmuros e quepermitia desferirgolpes sabre osassaltantes,

    20

    p~ndente, completado por cornijas e tfrnpanos (a partetriangular que delimita 0 tecto). Por outras palavras, toda aarquitectura da fachada se resume nurn unico elemento, aoqual sao atr ibuidas quase todas as funcoes: a janela. Das tressolucoes, esta e certamente a mais requintada, a que sedestina a fazer escola nos seculos vindouros.Tarnbern no que concerne a igreja os do is problemas aresolver erarn 0 da fachada e da estrutura do organisrno, ainsercao do ediffcio. Aqui , tcdavia, os termos eram bastan-tes diferentes dos do palacio. Nao era muito diffcil chegar aurna definicao canonica - ou a uma serie de definicoes

    canonicas - para a fachada. Com efeito, 0 lema tinha sidoja encarado, e resolvido nos seus elementos gerais, porLeon Batt ista Alberti . A fachada de Santa Maria Novella jaexistia, em parte, quando ele desenhou os pianos para aacabarem. Para Alberti, tratava-se de the dar urn tracadorenascentista. 0 proprio facto de este tracado surgir sobre-posto - sem a anular - a fachada ja existente, perrni tedetectar-Ihe os aspectos essenciais. Que, em sintese, sao:uma estrutura de ordens arquitectonicas que artieula, res-pect ivamente, as partes inferior e superior da fachada; e,sobretudo, duas grandes aletas que Iigam a parte inferior,mais larga, a superior, mais estreita, por corresponder aunica nave da igreja. Trata-se de urn elemento elegante efuncional que tera, ele tarnbem, urn grande sucesso nos

    II Im(.lleza de TivoliIIII prlrnalro" Irnp lo do novoO po d edificaQoesr lll lon lvas : foiI II Il 'l tlufda em1 1 1 1 1 Tem sidoI tliitinmenteIlt li llulda ao granderuqu l tecto Filarele.I ItU orro, tem,Iunludo, a sua1111\0 de ser , dado!jIll! nlguns dos1I1111uresrquitectosII I6poca seuoupararn daIlIqultecturamlli tar.A. torres, nesteox mplar alIas eII Inllvamenteulagonles. berndopressa seIwnararn da alturadfls muralhas ema ls r n ac le a s.

    seculos seguintes, sobrerudo durante a epoca do barrocc.Bastante mais requintado, e ainda mais t lpico, e urn outroexemplo de Alberti: a fachada da igreja de Santo Andre, emMantua. E extremamente claro que 0 antepassado destafachada eo areo triunfal romano, 0 qual, no fundo, resolviao mesmo problema funeional: uma estrutura que ostentavauma passagem em arco no meio. Mas e tambern claro que 0arquitecto encontrou uma solucao muito mais complexa esofisticada para articular a fachada segundo as ordensarquitectonicas Estas nao estao sobrepostas, mas sim -por assim dizer - encastradas urnas nas outras, Ao centroda fachada, urn par de pilastras planas, sobrepostas a umareo, denuncia no exterior a estrutura do interior (elepr6prio coberto com estes elementos). Por seu turno, 0conjunto pilastras planas-arco esta integrado num esquemamais vasto, uma ordem colossal, na qual a al tura daspilastras planas e dada pela pr6pria al tura total do conjuntoinferior. Provavelmente, 0 motive deveria ser repetido aoalto, a uma escala mais pequena; mas desta intencao apenasficou 0 areo central,o problema da fachada podia, pois, ser resolvido combastante faci lidade. E foi-o, corn tais esquemas. Bern maiscomplicado era 0 da estrutura geral do organismo. Portradicao, a igreja crista tinha uma planta em cruz, isto e,desenhava no chao uma figura simb6Jica. Era urn esquema21

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    9/11

    Arquiteetura

    II,I

    "'III

    Estudosurbanisticoso Renascimentopreocupou-ss multocom 0 urbanisrno.As reall zacoes naosao numerosasdevido a sdificuldadestecrucas, M a s ,entre eras, a PraeaDuca l de Vigevanoe talvez a rnaissignilicativa. Toda asua art iculaeao sebaseian um arepeticao coarentede um untooesquema: 0 amploarco no piso tar reo;a janela de arco, noprimeiro andar; e ajanela maispequenae redondado segundo.

    22

    ! iturgico e estruturalmente val ido. Mas pouco compativelc~m as .tendendas gerais do Renascimento. E isto porquenao havia ~ e.nem I?odiahaver ~ qualquer regra gera! queIigasse entre SI as dimensoes dos diversos braces da cruz.No entanto, este esquema estava de ta l forma enratzado queera impossfvel abandona-lo de repente. Assirn, numa pri-meira fase ~ praticarnente, durante todo 0 seculo XV ~limitaram-se a modifica-Io no interior, mOdificando-se ~mane ira deapreender as seus espacos. Abolidas as grandesab6badas de cruzaria romsnicas e goticas, 0 tecto da navecentral tornava-se plano; ja nao eram necessaries as paredesmacrcas, nem os grandes pilares: como nos primeirosseculos do cristianismo, as paredes voltavarn a ser simplesmuros a direito , sustentados por colunas, ligadas por arcosde volta perfeita; e podiam ser rebocadas, s6 deixando itvista a pedra que correspondia as rnolduras, aos perfis dosentablamentos. Estas longas faixas de pedra, com urnmo.vimento linear, faziam com que, assim, 0 espaco interiorda igreja nao fosse ja sentido como urna escansao, isto e ,como uma sequencia de elementos sempre iguais, cada urndeles bern isolado em relacao aos outros, mas sim com umafuga, uma serie de linhas que convergiarn para urn unico

    \

    ] J ~ 1 1 1 1

    \ 1 1 11 1 1, 11 1Duca l deII I ! 1V11l10 cu jo

    I'" I /U(.; lOtern sido11111 11[do,porI I ld ll ino, ao grandeIlIIlIHlrdo da Vinci.I 1 1 11 1 v s rd a d el roIIiIO (\0 ar livre,' 1 1 1 1 1 1 porque da,"Itwln p a r a 0III II Ide castelo que!1 vl'l por detras,

    ' 1 "111 porque eI ' 1 1 1 1 que os

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 5entendern,II' I I lmente, a1 '1 1 19 1 1. M a s e1 1 1 ' l t J 6 m a, oncrenzacao de1 1 1 1 1nooaco da1 1 I i ' I e I ' o ideal: para1 1 ' 1 nrqul tectcs dolnuinscjmento, era"'Inlrn G1,uedev ia1 ,1 1 1 0 c u ra c a o da, 1 1 1 . l d e .

    Arquitecturaponte. Emergia aqui a segundo elemento basilar do Renas-cimento, talvez ainda pouco importante para 0 retorno ateoria das ordens e da retomada das formas antigas: aperspective. Palava-se muito dela no seculo XV; e foi aindaFilippo Brunelleschi quem a dernonstrou na pratica e lheestabeleceu as regras de aplicacao. Em substancia, trata-va-se de uma tecnica que, segundo regras cientificas,permitia fixar sabre as duas dimensoes de uma superffcie 0aspecto da realidade tridimensional. Ela permitiavprojec-tar uma obra de arte, mostrando com urn desenho 0 seuaspecto definit ive; par outro lado, dado que para desenharuma perspective era necessario, primeiro, escolher 0pontea partir do qual se irnaginava estar aver 0 objecto, 0 usa dapropria perspectiva fazia sempre com que 0centro geome-trico, 0 ponto mais importante de urn ediffcio, tendesse aidentificar-se com 0 centro da perspectiva. E foi, de facto, aisto que chegaram os arquitectos do Renascimento entre osfinais do seculo XV e as principios do secu lo XVI: a real izayaode arquitecturas perfeitamente simetricas e regulares em todosos sentidos, como setodas asiinhas perspectivadas conver-gissem para urn unico ponto central , que era tambern aquele apartir do qual sepodia aperceber tod asas partes do edificio ao

    23

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    10/11

    Arquitectura

    As tendlmcias daornamentaescEmbora 0Renascimenlo sejaum dos estilos maisracionais, naofal tam exemplos deenormissimo valoromamental . Valoreste obtido , e isto eabsolutamentet ipico, nao par meiode umaincontroladaexpansao doselementosdecorativos, massirn com aapucacao de ummotive unico. Aqui,a traves damul tip li ca9ao de umfino almofadadosobre todo 0espaco l iv re dasfachadas dopataclo, umparamento depedra lalhada.

    24

    rnesmo tempo: quer porque tossem direcramente visiveios ,quer porque se podia irnaginar a parte que se nao via, sendoesta perfeitamente igual aquela que se via. A tipica igreja doRenascimentn, 0 seu produto mais requintado , torna-se entaoa d~ cruz grega, corn todos os seus quatro braces iguais, OUentao a circular, Num e noutro caso, 0 centro era coberto comum~ c.upula, mostran~o, ~em deixar lugar a duvidas, 0 pontomMS unportante da 19reJa2. Como sistema, nao era muitoc6moda do ponto de vista l iturgico, pois havia demasiadaspessoas a ficar de costas para 0 altar -rnor. Mas foi adoptadatambe~ por.!az6es esteticas: e nao haduvida deque as igrej asdeste t ipo sao pequenas, verdadeiras joias,

    2 Estas igreja s, chamada s de planta centrada, , tin ham a inda cape lasnos topos dos brace s. Sao do chamado Renasci rnen to Plene , que abrange ,na Italia, 0 pri rnei ro qua rtel do seculo XVI . 0 per iodo antes deste, iniciadoent re 1400 e 1450, chama-se Pro to-Renascimento. Em 1500, inicia-se 0chamado Renasc imento Seten tnona ] , na Alemanha, Franca e Paise s-Ba i,xos, 0 qual se proionga ate cerca de 1600, acompanhando 0 RenascimentoPleno i ra liano e 0 Maneirisrno, que se Ihe seguiu. NT.

    IUnIJlo Rossetti,1'lIll'1clodos1llilll1antes, Ferrara.IHilliS as paredes'l~ljr lores do1lllIUclo, construido1111114 92 para 01IIIIllJe SigismundoIi'l nte, saor lnocradas comI l lucos de pedraItl ll il lda em -pontasrlu rllamante: dar 0II I I lG do palaclo.I xornplo t fp loo deillnn manei ra deIII"or arquitecturaliDll1 muita atencaoII Ir com osulornentoslIocorativos, muitoIHpalhados, I II r studo naI Inilia-Romagna,nude se apercebemI!I as tsndenelas doIlonascimentolui nlrionaL

    Arquitectura

    o palacio e a igreja foram os dois principals ediflcioscaracteristicos, mas nao as unicos. Houve, pelo menos,mais dois tipos que se desenvolveram durante estes anos.Curiosamente, derivaram do desdobramento de urn unicotipo de ediffcio , Na Idade Media, as area~ entre as cidadeseram pontilhadas de castelos, simultaneamente instalacoesmilitares e habitacoes dos poderosos. Durante 0 seculo XV,pelo menos na Italia, os campos tornararn-se rnais tranqui-los. E 0 senhor, 0 rico citadino, criou 0 habito de mandarconstruir nao urn castelo, mas lima villa; ou seja, umahabitacao fora da cidade, c6moda, aberta para a paisagem epropria para repousar dos negocios. Naturalmente, haviasempre necessidade de ter guarnicoes militares dentro doterr it6rio: mas essas eram alojadas num ediffcio concebidode prop6sito para elas. Nasce assim a fortaleza, comfuncoes exclusivamente militares; e foi de imediato projec-tada para ter em conta 0 poder destrut ivo das armas de fogo,que cornecavam a estar muito difundidas e eram cada vezmais temiveis.

    25

  • 8/3/2019 Como Reconhecer a Arte Do Renascimento - Arquitetura

    11/11

    Arquitectura

    A exuberancta doNorteNa Italiaselenlrional, 0Henascimentochegou mais tardeque no resto dapeninsula. E,sobretudo, assumiuformas diversas, decerto modopercurssorasdaquelas queviriam a surgir nossculo seguinte, noresto da Europa,onde a culturarenascentista seimplantou numambiente detradicoes muitodiferenles. Aarquitecturaconstruida no Norte

    26

    da peninsula pelosartistas doRenascimentodiferencia-se, todaela, pela absolutapreponderancla,sabre as aspectospuramentearquitect6nicos, dosornamentais eexuberantes, .omnipresentes.

    Tanto assim que 0esquemaarquitect6nicopropriamente ditof icava como quesubmerso pelaavalancha deasculturas, deapl icaeoes demarmors, f rescos eornamentos que acobriam. .

    Os melhores arquitectos aplicaram-se' no estudo tanto da"villa como da fortaleza. E se para esta depressa encon-traram os principios que durante seculos - ate ao nosso _regeram as fortificacoes, da primeira construtram rapida-mente esplendidos exemplares em varies pontes da penfn-sula. Sobretudo, na regiao em torno de Veneza, a villa"constituiu a principal construcao civil, alem de ter sido 0campo de acs:iio d e um dos maiores arquitectos de toda ahistoria da arte, Andrea Palladio.Finalmente, duas tendencias houve que se devem acres-centar, como complemento, a este rapido quadro da arqui-tectura renascentista. A primeira e a aspiracao aracionalizaro estudo da cidade como 0 dos edificios. Na pratica, nao sefoi muito mais alem da realizacao do coracao monumentalda cidade, a praca, Mas isto ja foi urna excelente meta. E,de qualquer modo, estes estudos inauguraram a historia daurbanistica rnoderna; 0 que tambern aconteceu porque,caracteristicamente, a Renascimento nao adoptou para osseus proprios esquemas urbanisticos os mais aperfeicoadossistemas antigos, preferindo elabora-Ios a todos de novo.A segunda tendencia e absolutamente formal: a arquitec

    Arquitectura

    ( , A. Amadeo.Ii ichada da Cartuxa!I I Pavia:urnamentadissima'Isobreposta a umaIWGja ainda de1 1 0 1 1 1 0 gotico, e umrlcs exemplos maisnnracterlsticos daI llunei ra como seIllInram no Nor te asItmnas e.abcradasII I Toscania. EsleIlpo demonurnentos fai 0l}Jhneiro que osIrnl1cases v i ramdurante as guerrasII I lIooas e, assim,uql l Ie que mais osI Inpresslcnou.

    tura renascentista tinha-se desenvolvido com artistas docentro da peninsula, enquanto que a Norte permaneciam asmanifestacoes do gotico. Quando ela se espalhou tambempara as regioes setentrionais aos Apeninos, os arquitectosinterpretaram-na em versoes bastante menos rigorosas emuito mais decorativas. Na Italia, esta tendencia foi POllCOimportante. .Mas nao aconteceu assim fora dela. Quando os France-ses, nos finais do seculo XV, invadiram a peninsula, aprimeira arquitectura renascentista que viram foi a dasregioes setentrionais; foi esta a primeira que copiaram; e foicertamente aquela que rnais proxima estava do seu gosto.Deste modo, por um determinado perfodo , esta escolarnenor, acabou por se tamar mais conhecida e apreciadado que a original. Nao gratuitamente; na realidade, elaantecipava a evolucao de toda a arte renascentista: atransformacao da constantepesquisa em aplicacao quasemecanica dos esplendidos resultados alcancados; a trans-formacao numa mane ira" . Mas isto vira depois. E etambem uma outra historia, POI'agora, apos dois mil anos, aEuropa era digna de se pdr ao lado do Partenon.

    27