Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo · convencional e usa sulfato de alumínio...
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Companhia de Saneamento Básico do Estado de São PauloXVI Audiência de Inovação
Alternativas para a Reciclagem do Lodo de Estações de
Tratamento de Água
Universidade de São PauloInterunidades Ciência e Engenharia de Materiais
Av. Trabalhador São Carlense, 400. Parque Arnold Schimidt – São Carlos / São Paulo
Francis Rodrigues de Souza – (16) 97027975
Universidade Federal de São CarlosDepartamento de Engenharia Civil
Rodovia Washington Luiz, Km 235 – São Carlos / São Paulo
Almir Sales – (16) 33518262 ramal 231
Concreto Leve produzido com Compósito Manufaturado à base de Lodo
de Estação de Tratamento de Água e Serragem de Madeira
Introdução
Escassez de água que hoje afeta 400 milhões de pessoas, afetará 4 bilhões de pessoas até 2050. USA Today, Nation, 1/26/2003.
Todas as ETAs produzem resíduos durante o processo de purificação da água para o consumo humano. Os quais são compostos de Água, Matéria orgânica e inorgânica no estado sólido, líquido e gasoso. Water Research, 38 (2004) 1173 – 1182.
Os coagulantes utilizados durante o tratamento da água podem resultar em lodos ricos em Fe e/ou Al. Os lodos de estações de tratamento de água também podem conter outros metais pesados provenientes da água bruta ou de contaminantes da adição dos coagulantes. Chemosphere 68 (2007) 628-636.
No Brasil, 7.500 ETAs geram seus resíduos nos decantadores e filtros e os lançam na mesma fonte de onde é retirada a água para o tratamento. RIMA / ABES / PROSAB (2001) cap. 5, 121-142.
O hidróxido de alumínio presente no lodo de estação de tratamento de água é insolúvel e pode ser utilizado como coagulante no tratamento primário de esgoto. Water Research 39 (2005) 3433-3440.
Em um típico sistema primário de tratamento de esgoto, a eficiência na remoção dos sólidos suspensos e na demanda química de oxigênio é de aproximadamente 50% e 30% respectivamente. Mc-Graw Hill Book Company. Singapore, (1985) 207-228.
O Al presente no LETA pode ser recuperado por acidificação. A recuperação do alumínio por acidificação torna o lodo mais concentrado. O Al (III) recuperado pode ser utilizado para a remoção do fósforo no tratamento de efluentes domésticos, mas não pode ser reutilizado como um coagulante em estações de tratamento de água porque, em condições extremamente ácidas, a matéria orgânica coloidal e alguns metais pesados são recuperados juntos. Journal, American Water Works Association. Lancaster, Oct. 1992, v.64, n.10, p.96-103.
Os resíduos de estação de tratamento de água podem ser substitutos efetivos e de baixo custo para os hidróxidos naturais de Fe e Al no tratamento de solos degradados pelo uso intensivo de pesticidas e fertilizantes. Environmental Pollution 146 (2007) 414-419.
O LETA pode ser utilizado na produção de tijolos, telhas e blocos cerâmicos, dependendo da temperatura de queima e da concentração da mistura. Cerâmica 52 (2006) 215-220.
O LETA também pode ser utilizado como material para o retardo de pega e aumento da trabalhabilidade de argamassas plásticas. Construction and BuildingMaterials 21 (2007) 646-653.
Outra opção, é na produção de concreto de média resistência com substituição total da brita por RCD e substituição parcial da areia pelo lodo (5% em massa). Ambiente Construído, abr/jun 2004, v.4, n.2, p.33-42.
Outro problema ambiental está relacionado à deposição irregular de resíduos de madeira. Aproximadamente 50% do volume original das toras tornam-se resíduos. Os resíduos de madeira quando depostos e misturados com outros resíduos são facilmente contaminados e dificilmente reciclados.
São alternativas para reciclagem dos resíduos de madeira:
Utilização destes resíduos na fabricação de painéis de madeira como MDF e aglomerados. BNDES Setorial. Rio de Janeiro n.6, p. 117-132, set. 1997.
Produção de wood pellets que podem ser usados como combustíveis de caldeiras, fogões domésticos, etc. Biomass & Bioenergy 32 (2008) 90-93.
Produção de etanol celulósico. Oil and Gas Jounal, 2 Jun 2008, 106 (21), 54-59.
Produção de concreto leve de baixa condutividade térmica. Construction and Building Materials 21 (2007) 662-668.
Objetivos
Desenvolver um compósito à base de LETA e serragem de madeira.
Tornar o compósito uma opção para a substituição da pedra britada
natural em aplicações na construção civil.
Diminuir o impacto ambiental causado pela deposição irregular destes
resíduos.
Procedimento Experimental
Inicialmente foram determinadas as propriedades físico-químicas dos lodosdas Estações de Tratamento de Água de Araraquara, São Carlos e Rio Claro.
O lodo escolhido para a produção do compósito foi coletado na ETA de São Carlos no dia de limpeza de um de seus decantadores.
A ETA de São Carlos trata atualmente 650 l/s de água bruta em sistema convencional e usa sulfato de alumínio como coagulante.
O lodo da ETA de São Carlos é depositado de forma irregular no Córrego Monjolinho.
A limpeza de cada decantador é trimestral e dura aproximadamente 4 horas.
Figura 1 - A ETA de São Carlos.
Figura 2 – Deposição irregular no Córrego Monjolinho.
Figura 3 – Momento de coleta do lodo.
Figura 4 – Entrada dos funcionários no interior do decantador com jatos de água para forçar o escoamento do lodo.
Figura 5 – Leito de drenagem de manta geotêxtil.
0,400,500,200,15Kg/m2Peso
6070130150µmAbertura
3 x 10-13 x 10-13 x 10-13 x 10-1cm/sPermeabilidade normal
> 90> 90> 90> 90%Porosidade
600300200150g/m2Densidade Superficial
4,54,12,01,5MmEspessura
OP-60OP-50OP-20OP-15UnidadesCaracterísticas
Tabela 1 – Características das Mantas Geotêxteis
505038031.2704,38
604565026.3002,97
1907079014.7001,79
Sólidos totais (mg/L)
Turbidez (uT)Cor (uC)Sólidos totais (mg/L)
Concentração sólidos (%)
Água drenadaLodo bruto
Manta OP-60ETA São Carlos
Tabela 2 – Características da Água Drenada
Figura 6 – Lodo seco em estufa a temperatura de 105 ± 05oC.
Figura 7 – Moedor de agregados graúdos.
Figura 8 – Lodo seco e moído.
Figura 9 – Serragem de madeira do gênero Pinus, seca a temperatura ambiente(dimensão máxima 3,64 mm).
Figura 10 – Dosagem dos materiais e produção do compósito.Relação em massa Serragem:Lodo:Água (1:6:4,5)
Figura 11 – Compósito de forma arredondada e dimensão 12 ± 2 mm.
Figura 12 – Compósitos imersos por 1 min em óleo de linhaça.
Figura 13 – Os materiais utilizados na produção do concreto.
Figura 14 – Mistura dos materiais em betoneira.
Figura 15 – Determinação da consistência e trabalhabilidade do concreto pelo processo de abatimento do tronco de cone.
ABNT / NBR 7223 – Concreto: Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone.
Figura 16 – Preparo de corpos de prova cilíndricos e adensamento do concreto com vibrador mecânico.
ABNT / NBR 5738 - Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos ou prismáticos de concreto.
Figura 17 – Determinação da resistência à compressão áxial.
ABNT / NBR 5739 – Concreto: Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos
Figura 18 – Determinação da resistência à tração por compressão diamentral.
ABNT / NBR 7222 – Concreto: Determinação da resistência a tração por compressão diametral.
Figura 18 – Determinação do módulo de elasticidade e deformação.
ABNT / NBR 8522 – Concreto: Determinação dos módulos de elasticidade e deformação.
Figura 19 – Determinação da absorção de água, massa específica e índice de vazios.
ABNT / NBR 9778 – Concreto: Determinação da massa específica, absorção de água e índice de vazios.
Figura 20 – Determinação das propriedades térmicas pelo método do fio quente paralelo.
SANTOS W. N. (2002) – Método do fio quente. Cerâmica 48 (306) Abr/Mai/Jun 86-91
Figura 21 – Seção de um corpo de prova cilíndrico utilizada para micrograficaóptica
Resultados
Na Estação de Tratamento de Água de Araraquara, o lodo é removido até
três vezes ao dia.
Na Estação de Tratamento de Água de Rio Claro e na Estação de
Tratamento Água de São Carlos, a remoção do lodo é trimestral.
Quanto maior o acúmulo de lodo nos tanques de decantação, maior será a
concentração de metais no resíduo e, conseqüentemente, maior será o
impacto ambiental causado pela deposição irregular do mesmo.
0.020.270Cadmium (mg/l)
1.61.060Lead (mg/l)
4.2548.530.1Zinc (mg/l)
11,100302.16Aluminum (mg/l)
32,11042,070845Dissolved solids (mg/l)
26,52015,330775Suspended solids (mg/l)
58,63057,4001,620Total solids (mg/l)
4,8005,450140Chemical oxigen demand (mg/l)
--924Turbidity (uT)
--10,650Color (uC)
7.27.358.93pH
4.685.490.14Concentration of solid (%)
São CarlosRio ClaroAraraquara
Sludge from the water treatment plants in thePhysicochemical characteristicsof sludge
Tabela 3 – Propriedades físico-químicas do lodo das Estações de Tratamento de Água de Araraquara, São Carlos e Rio Claro.
Tabela 4 – Análise comparativa das propriedades do compósito e da pedra britada 1.
1,1224Absorção de água (%)
1.440672Massa unitária no estado seco e solto (kg/m3)
1912Dimensão máxima característica (mm)
2,931,82Massa específica (kg/dm3)AngulosaArredondadaForma geométrica
_1:6:4,5Relação serragem:lodo:água (kg)
Pedra britada 1Compósito
Agregado GraúdoPropriedades
De acordo com o método ASTM C 330 [33], os agregados leves graúdos não devem ter massa unitária no estado seco e solto maior do que 880 Kg/m3.
2,21,2Resistência à tração (MPa)
7,39,9Módulo de deformação secante à tensão de ruptura (GPa)
27,915,9Módulo de elasticidade (GPa)
20,911,1Resistência à compressão (MPa)
12,116,2Índice de vazios (%)
5,18,8Absorção de água (%)
2.3731.847Massa específica aparente (Kg/m3)
2.6992.200Massa específica real (Kg/m3)
40 ± 1070 ± 10Slump test (mm)
1:4,8:5,8:0,81:2,5:0,67:0,6Relação em massacimento : areia : agregado graúdo : água
Concreto Referência
Concreto com o Compósito
Propriedades
Tabela 5 – Análise comparativa dos valores médios das propriedades físicas e mecânicas dos concretos estudados.
0
5
10
15
20
25
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Deformação (µΕ)
Ten
são
(MPa
)
Concreto Referência Concreto Produzido com o Compósito
Figura 23 – Comportamento Tensão x Deformação dos concretos em estudo.
Figura 23 – Superfície de ruptura do concreto produzido com o compósito.
Figura 24 – Micrografica óptica (400x) da área de transição compósito / argamassa matriz.
Conclusões
O compósito produzido a base de lodo de estação de tratamento de água e
serragem de madeira pode ser aplicado em concreto como agregado graúdo
de peso leve.
O concreto produzido com o compósito apresentou massa específica
aparente de 1.847 Kg/m3 e resistência a compressão axial média de 11,1
MPa, caracterizando-se como concreto não estrutural de peso leve.
A alta porosidade e o potencial de absorção de água do compósito exigiram
elevada quantidade de água para o amassamento do concreto.
O concreto apresentaria melhores propriedades mecânicas com um
compósito de maior resistência a compressão, menor potencial de absorção
de água, menor dimensão e maior variabilidade granulométrica.
O compósito apresentou boa aderência à matriz de argamassa e fissurou
junto com esta durante a ruptura do concreto submetido a compressão e a
tração por compressão diametral.
Uma maior impermeabilização do compósito pode ser conseguida com o
aumento do tempo de imersão do compósito no óleo de linhaça e com o
aumento da pressão mecânica utilizada no seu processo de produção.
O concreto produzido com o compósito apresentou propriedades mecânicas
adequadas à aplicação em elementos construtivos não estruturais.
Esta pesquisa se caracteriza como um estudo pioneiro para o uso destes
dois resíduos na produção de um compósito a base de estação de
tratamento de água e serragem de madeira para aplicação como agregado
graúdo na produção de concreto leve.
Agradecimentos
Os autores agradecem:
As instituições brasileiras, CAPES, MCT/CNPQ, USP e UFSCar,
pelo suporte dado durante a pesquisa.
A SABESP pelo convite e oportunidade de divulgação do trabalho
científico e tecnológico.
A todos os presentes.
Muito Obrigado.