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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL CURSO DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA GOIÂNIA DEZEMBRO/2017 EFICIÊNCIA DO COAGULANTE EXTRAÍDO DE SEMENTES DE MORINGA OLEIFERA LAM. NO TRATAMENTO DE ÁGUA PELA TECNOLOGIA DA FLOTAÇÃO Artur Ribeiro Marques Filipe Augusto Abreu

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

CURSO DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA AMBIENTAL E

SANITÁRIA

GOIÂNIA

DEZEMBRO/2017

EFICIÊNCIA DO COAGULANTE EXTRAÍDO DE

SEMENTES DE MORINGA OLEIFERA LAM. NO

TRATAMENTO DE ÁGUA PELA TECNOLOGIA

DA FLOTAÇÃO

Artur Ribeiro Marques

Filipe Augusto Abreu

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

CURSO DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA AMBIENTAL E

SANITÁRIA

GOIÂNIA

DEZEMBRO/2017

Artur Ribeiro Marques

Filipe Augusto Abreu

EFICIÊNCIA DO COAGULANTE EXTRAÍDO DE

SEMENTES DE MORINGA OLEIFERA LAM. NO

TRATAMENTO DE ÁGUA PELA TECNOLOGIA

DA FLOTAÇÃO

Monografia completa apresentada na disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso II do curso de graduação em Engenharia

Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Goiás.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio Scalize.

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RESUMO

A semente da árvore Moringa Oleifera é utilizada desde a antiguidade na clarificação de

águas turvas por processos rudimentares. Contudo, pesquisas contemporâneas demonstraram

sua capacidade em clarificar águas de baixa turbidez, inserindo-a em processos mais

modernos no papel de coagulante, apresentando-a como alternativa aos coagulantes químicos

consolidados. Porém, uma alta concentração de carbono orgânico na água clarificada pela

moringa é apontada por alguns pesquisadores como um possível impedimento para seu uso.

Objetivou-se, neste trabalho, avaliar o potencial coagulante do extrato de sementes de

Moringa Oleifera Lamarck no tratamento de água de baixa turbidez utilizando a tecnologia de

flotação por ar dissolvido em escala de bancada, avaliando-se ainda a quantidade de carbono

orgânico residual nas amostras flotadas. Nos ensaios foi avaliada a influência do pH e da

dosagem da solução coagulante e os parâmetros investigados para mensurar a eficiência do

processo de tratamento foram turbidez, cor aparente, cor verdadeira e carbono orgânico total.

Os resultados confirmaram a capacidade de coagulação da semente em ampla faixa de

dosagem e nos três valores de pH estudados (6, 7 e 7,7), alcançando nas condições ótimas (pH

6 e dosagem de 75 mg.L-1

) remoção de 80% de turbidez e remoção de carbono orgânico.

Palavras-chave: coagulante de moringa; tratamento de água; flotação; turbidez; cor; carbono

orgânico total.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 – Fluxograma dos experimentos ............................................................................. 22

Figura 4.2 – Tanque utilizado para o armazenamento da água bruta. ...................................... 23

Figura 4.3 – Sementes de Moriga oleifera com casca (a) e sem cascas (b)..............................24

Figura 4.4 – Sementes de moringa oleifera trituradas manualmente com almofaris e pistillo (a)

e filtrado do coagulante pronto para o uso em um erlenmeyer (b)...........................................24

Figura 4.5 – O equipamento floteste, marca Nova Ética, modelo 218-3 LDB do Laboratório

de Águas....................................................................................................................................25

Figura 4.6 – Gradiente de velocidade médio em função da rotação do agitador......................26

Figura 4.7 – Analisador de COT Elementar Analysensysteme GmbH....................................28

Figura 5.1 – Experimentos preliminares de Jar-Test...............................................................29

Figura 5.2 – Ensaios de flotação...............................................................................................30

Figura 5.3 – Variação da turbidez remanescente (a) e eficiência de remoação (b) em função

das dosagens do coagulante empregadas nos ensaios de flotação............................................31

Figura 5.4 – Variação da cor aparente remanescente (a) e eficiência de remoação (b) em

função das dosagens do coagulante empregadas nos ensaios de flotação...............................32

Figura 5.5 – Variação da cor verdadeira remanescente (a) e eficiência de remoação (b) em

função das dosagens do coagulante empregadas nos ensaios de flotação................................32

Figura 5.6 - Variação do pH em função das dosagens do coagulante empregadas nos ensaios

de flotação.................................................................................................................................33

Figura 5.7 – Variação do cabono orgânico total (COT) em função das dosagens do coagulante

empregadas nos ensaios de flotação..........................................................................................34

Figura 5.8 - Ensaio de flotação com filtração em filtro de papel de 14 µm..............................34

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LISTA DE QUADROS

Quadro 5.1 – Caracterização da água bruta utilizada nos ensaios de flotação ......................... 29

Quadro 5.2 – Ensaio de Flotação com filtração........................................................................ 35

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LISTA DE ABREVIATURAS

COT – Carbono Orgânico Total

ER – Eficiência de Remoção

ETA - Estação de Tratamento de Água

EECA – Escola de Engenharia Civil e Ambiental

FAD - Flotação por Ar Dissolvido

GO - Goiás

pH - Potencial Hidrogeniônico

CETESB – Companhia Ambinetal do Estado de São Paulo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 11

2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 11

2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 11

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 12

3.1 Coagulação ...................................................................................................................... 12

3.2 Moringa oleifera .............................................................................................................. 14

3.3 Carbono Orgânico Total (COT) ...................................................................................... 16

3.4 Floculação ................................................................................................................................... 17

3.5 Flotação ........................................................................................................................... 19

4 MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................................ 22

4.1 Amostra de Estudo .......................................................................................................... 22

4.2 Preparo do coagulante ..................................................................................................... 23

4.3 Dosagem do coagulante...................................................................................................24

4.4 Valores de pH .................................................................................................................. 25

4.5 Taxa de recirculação, gradientes de velocidade médios, tempos de detenção e pressão de

saturação ................................................................................................................................................ 25

4.6 Ensaios de flotação .......................................................................................................... 25

4.7 Analise físico-químicas .................................................................................................. 28

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................29

5.1 Caracterização da água bruta utilizada nos ensaios de flotação.......................................29

5.2 Resultados e discussão dos ensaios de flotação...............................................................30

5.3 Considerações acerca da flotação..................................................................................35

6. CONCLUSÃO.................................................................................................................36

7. RECOMENDAÇÕES.................................................................................................... 37

8. REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 38

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

1 INTRODUÇÃO

A população mundial vem crescendo vertiginosamente, fato que aumenta cada vez mais a

demanda por água potável, ao passo em que acentua a contaminação dos mananciais devido

ao lançamento inadequado de efluentes domésticos e industriais. À medida que novas

pesquisas são realizadas, idéias convencionais podem ser contestadas e alternativas surgem

para sanar esses problemas. Um exemplo disso é o uso extensivo do sulfato de alumínio como

coagulante em estações de tratamento de água (ETA) para abastecimento, que vem sendo

apontado como causador ou agravador de doenças neurológicas como Alzheimer

(FERREIRA et al., 2008, MARTYN et al., 1989). Além disso, o lodo gerado é volumoso e

não é biodegradável, acarretando em dificuldades de adequação de sua disposição final para

evitar a contaminação do meio ambiente.

Leone et al. (2015) concluíram que a Moringa oleifera é uma das plantas mais estudadas e

utilizadas, com seus usos abrangendo desde alimentação e uso medicinal até tratamento de

água, produção de biodiesel e pesticida biológico. Apesar disso, a planta não é muito

conhecida no Brasil, sendo cultivada em grande escala apenas no Maranhão, com produção de

folhas e sementes voltada para exportação.

Nas diversas pesquisas com coagulantes alternativos, a semente da Moringa oleifera se

destaca não só por sua capacidade de tratar a água, mas também por outras vantagens da

própria planta. Suas folhas e sementes possuem propriedades medicinais e altíssimo valor

nutricional, sendo comprovadamente seguras para ingestão humana e animal. Somando isso

ao seu crescimento rápido e sua adaptabilidade a diversos climas e solos pobres, o uso da

moringa se torna muito recomendável (ANWAR et al., 2007).

A capacidade da moringa de tratar águas para abastecimento público, removendo turbidez e

cor, já foi verificada por diversos estudos científicos e algumas experiências práticas.

Sutherland et al. (1994) reportaram o sucesso de uma ETA por flotação no Malawi, que utiliza

a moringa como coagulante e trata 60 m³.h-1

. Nesse país, a venda do óleo retirado das

sementes paga todo o custo da produção de coagulantes, gerando uma economia considerável.

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

O coagulante de moringa apresenta uma série de vantagens em relação aos coagulantes

sintéticos: não altera o pH da mistura, funciona numa faixa relativamente ampla de pHs, gera

pouco lodo, o lodo produzido é biodegradável e possui propriedades bactericidas.

(NDABIGENGESERE; NARASIAH, 1998; GHEBREMICHAEL et al., 2005)

Ribeiro (2010) sugere que para tratamento com moringa, a flotação é mais indicada, pois sua

velocidade de sedimentação é relativamente baixa. Porém a pesquisadora aponta que em seus

ensaios o extrato aquoso não atendeu ao padrão de potabilidade português no quesito limite de

carbono orgânico residual, o que já havia sido relatado por Ndabigengesere e Narasiah (1998)

e Okuda (1999). Ela sugere a realização de mais pesquisas para contornar esse problema, pois

o potencial da moringa no tratamento de água é muito grande. Portanto, neste trabalho foi

avaliada essa possível sinergia do uso do coagulante de moringa com a flotação, avaliando-se

sua capacidade de remover cor e turbidez sem extrapolar o limite de carbono orgânico

residual.

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a eficiência do coagulante de semente de Moringa

oleifera Lam. na diminuição de cor e turbidez em amostras de água, tratadas pela tecnologia

da flotação em equipamento laboratorial, averiguando-se ainda a concentração de carbono

orgânico residual.

2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:

Avaliar a remoção de cor verdadeira e turbidez em amostra natural utilizando

coagulante de Moringa oleifera em diferentes valores de pH;

Avaliar a concentração de carbono orgânico residual após o tratamento;

Avaliar a melhor dosagem do coagulante de Moringa oleifera nos ensaios de

flotação.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Coagulação

Os colóides são responsáveis por dificultar a remoção de cor e turbidez no tratamento de água

para abastecimento. Eles são partículas sólidas muito pequenas que se encontram suspensas

em equilíbrio na massa líquida, ou seja, tendem a permanecer estáveis e isolados uns dos

outros. Para viabilizar sua remoção, deve-se desestabilizá-los, causando sua aglomeração. A

essa aglomeração dá-se o nome de coagulação.

Edzwald (1993) e Lyklema (1978) afirmam que os colóides podem ser orgânicos ou

inorgânicos. Entre as teorias que explicam a estabilidade dos colóides, destacam-se: repulsão

eletrostática devido à dupla camada elétrica de Gouy e Stern, efeitos da hidrofilia das

partículas e forças advindas de macromoléculas adsorvidas. O primeiro deles é considerado,

por muitos autores, como o mais relevante na maioria dos casos.

A dupla camada elétrica é a região ao redor da partícula que concentra íons. Os colóides

geralmente são carregados negativamente (LYKLEMA, 1978). Sua carga negativa atrai uma

alta concentração de íons de carga positiva (que se moviam pelo meio através da agitação

térmica e do movimento browniano) para formar a camada compacta, ou camada de Stern, a

partir da qual é formada a segunda camada, a camada difusa, que é formada tanto por íons de

carga positiva quanto de carga negativa. O potencial zeta é a medida do potencial elétrico

entre a partícula e a solução (o meio), resultante da carga negativa da partícula e da carga

positiva resultante dos íons da dupla camada. O potencial zeta pode ser medido

experimentalmente e é utilizado para estabelecer a dosagem de coagulante recomendada para

o tratamento de uma determinada água.

As forças de Van Der Waals são forças que resultam na atração de partículas que estejam

numa certa proximidade umas das outras. Hamaker (1937) demonstrou que essas forças eram

válidas mesmo que as partículas estivessem submersas. De acordo com Ledo (2008), a teoria

DLVO foi desenvolvida pelos cientistas Derjaguin, Landau, Verwey e Overbeek. Nela a

estabilidade dos colóides é mensurada pela diferença entre as forças de repulsão (decorrentes

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

da dupla camada elétrica) e as forças de atração (Van Der Walls) entre eles. Nessa teoria, é

possível observar que, para que as forças de atração vençam, o potencial zeta deve ser

diminuído. O potencial zeta sofre bastante interferência do pH da solução.

Segundo Di Bernardo et al. (2002), a coagulação se dá através de quatro mecanismos de

coagulação, que podem ocorrer juntos. O primeiro é a compressão da camada difusa, que não

consiste em método muito eficiente para o tratamento de água de abastecimento. Esse

mecanismo se dá quando a introdução de eletrólitos na solução aumenta a densidade de cargas

na camada difusa, diminuindo seu “diâmetro” e, com isso, permitindo que duas partículas

possam se aproximar e sofrer maior influência das forças de Van Der Waals. A concentração

de eletrólitos não dependerá diretamente da concentração de colóides.

O segundo mecanismo citado por Di Bernardo et al. (2002) é a adsorção e neutralização de

cargas. Se um agente coagulante que tenha carga contrária ao do colóide for adsorvido em sua

superfície, a carga resultante será neutra, desestabilizando-o. Esse mecanismo geralmente

demanda menos concentração de coagulante e segue uma relação estequiométrica entre

concentração de colóides e concentração de coagulante, tornando-o muito recomendado para

tratamento de água de abastecimento.

O terceiro mecanismo de coagulação explicado por Di Bernardo et al. (2002) é a varredura.

Nesse mecanismo, dependendo do pH da solução e da presença de certos íons, a excessiva

dosagem de coagulantes acarretará a formação de precipitados que tenderão envolver os

colóides. Esse coágulo apresentará um tamanho tal que, será massivo o suficiente para uma

boa sedimentação, ao mesmo tempo em que terá uma área e configuração espacial suficiente

para acumular bolhas para uma boa flotação.

Há uma grande variedade de compostos orgânicos (polímeros), sintéticos ou naturais, que

apresentam uma estrutura longa e são capazes de serem adsorvidos pelos colóides. Depois de

adsorvida por um colóide, a estrutura passa a funcionar como uma haste que alcança outros

colóides, atuando como uma ponte que os liga. Desse modo, esses polímeros são coagulantes

eficientes cujo mecanismo de coagulação é chamado de adsorção e formação de pontes,

também explicado por Di Bernardo et al. (2002). Também são muito utilizados como

auxiliares de floculação.

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

Ammirtharajah e Trusler (1986) ressaltam que a coagulação tem, além de uma etapa química,

uma etapa física que consiste na submissão da água a alta turbulência e gradiente de

velocidade para misturar o coagulante e causar uma primeira ocorrência de

contato/desestabilização entre colóides por um curto período. Essa etapa pode ser chamada de

mistura rápida, podendo ser realizada mecânica ou hidraulicamente. Um exemplo de

misturador hidráulico é o ressalto hidráulico formado por uma calha Parshall. Um exemplo de

misturador mecânico pode ser um tanque de mistura rápida provido de equipamento agitador.

Amirtharajah e Mills (1982) concluiram que a etapa física da coagulação afeta mais a

eficiência do processo quando o principal mecanismo de coagulação é a adsorção e

neutralização de cargas, sendo indiferente à varredura. Para a adsorção e neutralização de

cargas, a mistura rápida com Gm superior a 3000 s-1

é melhor que a com Gm inferior a 1000 s-1

.

3.2 Moringa oleifera

Existem 14 espécies do gênero Moringa, único representante da família Moringaceae. Com

origem no Noroeste da Índia, a planta está presente nas zonas tropicais da Ásia, África e da

América. A espécie Moringa oleifera Lam., que pode crescer de 5 a 10 metros de altura, é a

mais conhecida e mais distribuída (ANWAR et al., 2007). Essa espécie cresce em quase todos

os tipos de solos, inclusive em solos pobres e com baixa umidade (JAHN, 1988 apud

NDABIGENGESERE; NARASIAH, 1998) e numa vasta faixa de temperatura e de altitude.

Segundo Amagloh e Benang (2009), Ndabigengesere e Narasiah (1998), Oslen (1987) e

Sotheeswaran (2011) a semente da moringa é um dos melhores coagulantes naturais já

descobertos. Corroboram com Gassenschmidt et al. (1995), Okuda et al. (1999) e

Ghebremichael et al. (2004) que, quando triturada, ela libera proteínas que promovem

adsorção e neutralização de cargas, sendo esse o seu principal mecanismo de coagulação. Em

trabalho posterior, Okuda et al. (2001) extrai outro componente coagulante das sementes

usando NaCl, afirmando que esse não é proteína, polissacarídeo e nem lipídio e que,

provavelmente, o principal mecanismo de coagulação é a varredura.

Com a evolução do processo aplicado na obtenção do agente coagulante a partir da semente

da Moringa olifeira, sua aplicabilidade tem sido melhorada, permitindo-a ser empregada não

somente no tratamento de água com alta turbidez (MUYIBI, EVISON; 1995), mas também

em baixa turbidez (FRANCO; SILVA, PATERNIANI, 2012; LEDO, 2008; LEDO; PAULO;

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

LIMA, 2013; OKUDA et al., 2001; RIBEIRO, 2010; VALVERDE et al., 2014). A principal

causa da ineficiência em águas pouco turvas, relatada por Ndagigengesere e Narasiah (1998),

era o incremento do carbono orgânico residual advindo da própria semente, o que poderia

causar odor, sabor e cor na água, além de ser precursor de subprodutos indesejados na fase de

desinfecção.

A semente de Moringa oleifera possui uma fina casca que a envolve. Ndabigengesere e

Narasiah (1998) testaram o coagulante de moringa produzido tanto com sementes com casca

quanto com sementes descascadas e chegou à conclusão que sua eficiência era maior quando

retirada a casca. Já Muniz; Duarte e Oliveira (2015) chegaram à conclusão que a retirada da

casca não faz muita diferença, inclusive que para tempos de sedimentação menores a semente

com casca era mais efetiva. Sendo assim, os esforços com a retirada da casca não seria

compensador, principalmente quando essa ação for manual.

Arantes; Túlio Ribeiro e Paterniani (2012) ressaltaram que nunca houve uma padronização no

preparo do coagulante de Moringa oleifera, listando os trabalhos mais relevantes que

estudaram a moringa e seus diferentes métodos de produção do coagulante. Seu objetivo foi

avaliar qual o melhor equipamento para aplicação residencial (acessível em comunidades de

baixo poder aquisitivo) para preparar o coagulante. De forma geral, concluíram que as

sementes devem ser trituradas a seco e peneiradas.

Olsen (1987) atestou, no uso da moringa, uma capacidade anti-microbial, apesar de considerar

sua pesquisa inconclusiva quanto a bactérias. Porém Ghebremichael et al. (2004) atestaram

uma relevante capacidade bactericida da semente de moringa, além de uma certa resistência

das proteínas coagulantes a altas temperaturas (até 95°C).

O principal coagulante utilizado para tratamento de água no Brasil atualmente é o sulfato de

alumínio, devido às suas habilidades comprovadas, seu preço competitivo e sua

disponibilidade. Porém o tratamento com a moringa produz entre 20% e 25% da quantidade

de lodo que o tratamento com sulfato de alumínio produz (ABALIWANO et al., 2008 apud

VALVERDE at al., 2015; PISE; HALDUKE, 2012). Desse modo, a adequada disposição

final do lodo gerado pelo coagulante natural, que é mais biodegradável e em menor

quantidade, se faz mais fácil que a do lodo gerado com sulfato de alumínio. Valverde et al.

(2015) sugerem o uso combinado dos dois coagulantes. A maior desvantagem da moringa

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

seria o carbono orgânico total residual, que ainda carece de pesquisas para definir uma

solução definitiva. Ndabigengesere e Narasiah (1998) e Ledo (2008) e concluíram que o pH

da mistura influencia bem menos na sua eficiência da moringa quando comparada com o

sulfato de alumínio.

3.3 Carbono Orgânico Total (COT)

Edzwald (1993) explica que a matéria orgânica presente na água muitas vezes pode ser o

principal fator a se considerar na escolha dos mecanismos de coagulação e tecnologias de

tratamento. Ou seja, a cor muitas vezes é mais importante que a turbidez. Ele explica que

testes que medem a capacidade da água em absorver raios ultravioleta podem indicar a

composição do carbono orgânico ali presente. Se a absorvância for baixa (menor que 3 L.mg-1

.m-1

), a maior parte da matéria orgânica é composta por partículas leves e hidrofílicas que

quase não serão removidas no tratamento e não afetarão na dosagem de coagulante. Se a

absorvância for alta (4 ou 5 L.mg-1

.m-1)

, a maior parte da matéria orgânica é composta por

partículas de alto peso molecular e hidrofóbicas que controlarão a dosagem de coagulante e

serão bastante removidas no tratamento. Di Bernardo et al. (2002) e Edzwald (1993) explicam

que a matéria orgânica pode possuir em sua composição compostos capazes de reagir com o

cloro livre, formando trialometanos e outros compostos organo-halogenados na fase de

desinfecção. Esses compostos são prejudiciais à saúde humana. Di Bernardo et al. (2002)

explicam que se o teor de carbono orgânico total for maior que 5 mg.L-1

enquanto a cor

verdadeira é menor que 20 uH, é recomendável verificar a existência dos subprodutos

indesejados da desinfecção.

A portaria Nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, que dispõe sobre os procedimentos de

controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade, não estabelece o limite de carbono orgânico total, mas em seu anexo VII ela

estabelece o limite de ácidos haloacéticos total em 0,08 mg.L-1

e de trihalometanos Total em

0,1 mg.L-1

.

Na natureza o carbono pode ser encontrado em três diferentes formas: carbono elementar

(carvão, grafite e fuligem), carbono inorgânico (sais de carbonatos) e carbono orgânico

(átomos de carbono ligados covalentemente a moléculas). O carbono elementar em amostras

de água é desprezível, de modo que o carbono total da amostra é dado pela soma do

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

inorgânico com o orgânico (SCHUMACHER, 2002). A quantificação do COT pode ser feita

por equipamentos analisadores que funcionam da seguinte forma: o carbono inorgânico

presente na água é todo convertido em CO2 e quantificado por absorvância óptica. Depois o

carbono orgânico é convertido em CO2 e quantificado. O COT se dá pela diferença entre a

quantidade de CO2 final e a quantidade de CO2 após a converção da fração orgânica

(FONSECA et al., 2006; OPERATING INSTRUCTIONS VARIO TOC - CUBE VARIO

TOC SELECT - TOC/TNB ANALYZER, 2012).

3.4 Floculação

A floculação é a etapa do tratamento convencional de água em que são fornecidas condições

para facilitar o contato das partículas que foram desestabilizadas na etapa anterior

(coagulação) sem permitir sua sedimentação no processo. Esse contato faz com que as

partículas desestabilizadas se agreguem, formando flocos que, por sua vez, podem continuar

somando partículas para crescer ou podem se romper devido a forças cisalhantes. Essa

formação e quebra dos flocos ocorre simultaneamente, porém a sequência de câmaras dos

floculadores é projetada para conferir gradientes de velocidade médios decrescentes em cada

câmara, possibilitando a formação dos flocos e o seu aumento com menor quantidade de

rompimentos.

Di Bernardo (2002) e Sontheimer (1978) dizem que o estabelecimento do tempo de detenção

hidráulica e dos gradientes hidráulicos no projeto dos floculadores depende,

fundamentalmente, da qualidade da água bruta e da tecnologia de tratamento.

Camp e Stein (1943 apud Manetta, 2014) explicam que o gradiente de velocidade varia em

diferentes momentos e regiões da unidade de tratamento, porém é possível utilizar o conceito

de gradiente de velocidade médio (Gm), dado pela equação 3.1:

(3.1)

Onde:

Gm = gradiente de velocidade médio (s-1

);

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P = potência útil introduzida no sistema (N.m.s-1

);

V = volume útil (m³);

μ = viscosidade absoluta do fluido (N.s.m-2

).

O escoamento pode se dar em regime laminar, quando as linhas de corrente são paralelas e

predominam as forças viscosas, ou regime turbulento, quando as linhas de corrente são

irregulares e predominam as forças inerciais. Porém maiores valores de gradientes de

velocidade médios não se dão com relação direta aos valores de turbulência. O Gm é maior

quanto maior for a energia disponível. Nesse caso a energia disponível será aquela dissipada

pelos vórtices, característicos do regime turbulento, devido às forças viscosas. Porém existem

vórtices grandes (concentradores de energia) e vórtices pequenos (dissipadores de energia) e é

a proporção desses tipos de vórtices e a interação entre eles que de fato influem no Gm

(AMMIRTHARAJAH; TRUSLER, 1986).

Crittenden (2005 apud Manetta 2014) cita que o conceito de gradiente de velocidade médio

desenvolvido por Camp e Stein (1943) passou a ser largamente utilizado nos projetos dos

floculadores e unidades de mistura rápida (coagulação), sendo valores baixos para o primeiro

(entre 10 s-1

e 70 s-1

de acordo com a NBR 12216) e valores altos para o segundo (700 s-1

e

1100 s-1

de acordo com a NBR 12216). É interessante ressaltar que esses valores

normatizados são para ETAs ciclo completo. E que, de acordo com Ammirtharajah e Trusler

(1986), a floculação não é apenas causada pelo gradiente de velocidade, mas também pelo

movimento browniano (e pericinética) e pela colisão vertical devido à diferença de velocidade

de sedimentação decorrente da granulometria dos flocos.

Voltan (2007) explicou que a refloculação é quando os flocos rompidos formam novos flocos

após serem submetidos a gradientes de velocidade médios menores. Ele realizou

experimentos relacionando a refloculação diretamente com a turbidez remanescente da água

decantada. Ele concluiu que a refloculação não anula os efeitos adversos da ruptura, inclusive

a turbidez remanescente foi maior para maiores valores de gradiente de velocidade médio

durante a ruptura. Então qualquer trecho do floculador que apresente falhas pode ter uma

grande influência negativa na qualidade da água efluente da próxima unidade de tratamento.

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De acordo com Di Bernardo e Pádua (1997) os floculadores convencionais podem ser

hidráulicos ou mecânicos. No primeiro caso a água percorre um canal ou um meio granular

que a força a mudar de direção constantemente, provocando um gradiente de velocidade. O

floculador mecânico é composto por câmaras equipadas com agitadores mecânicos que

transferem energia cinética para a água. O equipamento de floteste é capaz de simular uma

câmara de floculação mecanizada, permitindo o controle do gradiente de velocidade médio e

o tempo de detenção hidráulica, aproximando a simulação da situação real.

3.5 Flotação

A flotação é uma técnica de tratamento de água que consiste em promover a associação das

partículas sólidas presentes no líquido com bolhas de gás para que esse conjunto sólido-gás

tenha massa específica aparente menor que a do líquido, provocando um empuxo maior que o

seu peso. Esse agregado se dirige à superfície do líquido, onde um raspador pode removê-lo.

As ETAs que utilizam flotação, apesar de gastarem mais energia elétrica, demandam menor

área se comparadas às que utilizam decantação (ZABEL, 1985). Os principais motivos são

que a flotação demanda flocos menores e permite uma maior taxa de escoamento superficial.

Além disso, a flotação é mais indicada para tratar águas que apresentam cor elevada e

florações algais, além de produzir menos lodo (REALI et al., 2003; ZABEL, 1985). Zabel

(1985) concluiu que o custo total final de uma ETA que utiliza a tecnologia flotação-filtração

é equivalente ao de uma que utiliza decantação-filtração, sendo o custo de implantação da

primeira bem menor que o da segunda. Ele explica que esse custo final vai depender muito do

preço da energia elétrica local, mas que no geral a flotação se mostra mais vantajosa.

Di Bernardo e Paz (2008) citam que existem três principais tipos de flotação: flotação por ar

disperso, flotação eletrostática e flotação por ar dissolvido (FAD). A primeira se dá pela

agitação do líquido sob pressão atmosférica, o que produz bolhas relativamente grandes que

formarão uma escuma na superfície que conterá principalmente os sólidos mais hidrofóbicos.

Além de certas dificuldades de manejo do processo, essa agitação causa turbulência e pode

quebrar os flocos, tornando esse método inviável para o tratamento de águas de

abastecimento. A flotação eletrostática, ou eletrolítica, se baseia na eletrólise. Uma corrente

elétrica de baixa voltagem percorre o líquido entre dois eletrodos imersos, liberando pequenas

bolhas de hidrogênio e oxigênio que se agregarão com os sólidos. Apesar de provável eficácia

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no tratamento de águas de abastecimento, o processo demanda muita energia elétrica e é

inviabilizado pelo risco de contaminação da água por metais pesados oriundos dos eletrodos.

A flotação por ar dissolvido se baseia na formação de microbolhas quando a água (ou outro

líquido) saturada com ar (ou outro gás) chega a uma câmara de pressão inferior à da câmara

de saturação. Essa saturação se dá pelo encontro forçado entre ar comprimido e água

pressurizada. Essa água saturada é dirigida ao flotador, que se encontra à pressão atmosférica

e, portanto, permite a liberação do ar na forma de microbolhas. A FAD é bastante

recomendada para tratamento de águas de abastecimento, pois permite o manejo do sistema

(pela regulação das pressões) e o tamanho das bolhas é ideal (EDZWALD, 1995).

Existem diferentes concepções para uma ETA que utiliza flotação por ar dissolvido (FAD). A

principal diferença entre elas está no método de pressurização, que pode ocorrer em todo o

afluente do flotador ou apenas numa certa quantidade de água desviada para a câmara de

saturação que, por sua vez, pode ser a própria água afluente ou água recirculada. O método

mais viável é o de recirculação de água já tratada, pois nos dois outros casos a turbulência da

câmara de saturação pode romper os flocos. Reali et al. (2003) citam a flexibilidade da FAD,

em decorrência da possibilidade de ajuste da razão de recirculação, como uma de suas

principais vantagens.

Chaves; Leal Filho (2002 apud Ledo, 2008) apontam que o processo de flotação pode ser

analisado pela probabilidade de ocorrência de três fenômenos: probabilidade de colisão

partícula-bolha (Pc), probabilidade de adesão partícula-bolha (Pa) e probabilidade de

formação de agregado partícula-bolha estável (Ps), levando à equação (1) da probabilidade de

flotação (Pf):

Pf = Pc × Pa × Ps (3.2)

O processo de flotação é otimizado com o aumento das chances de bolhas se encontrarem

com sólidos e de se prenderem a eles. De Rijk et al. (1994) e Edzwald (1995) concluíram que

quanto menores forem as bolhas, melhor a eficiência da flotação. O fato é que a associação do

gás com o sólido se dá tanto pela sua adesão com a superfície da partícula quanto pelo seu

aprisionamento no interior da sua estrutura. A probabilidade de adesão partícula-bolha

aumenta com o aumento do ângulo de contado entre eles, sendo esse ângulo maior para

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bolhas menores. Além disso, a velocidade ascensional de bolhas menores é menor, o que evita

a quebra de flocos devido a colisões bruscas.

Edzwald (1995) afirma que há concordância universal e evidências suficientes de que a

neutralização de cargas e a indução de hidrofobicidade são duas condições essenciais para o

processo de flotação, concluindo que a coagulação é uma condição necessária para flotação

ser eficiente. Já na questão dos fenômenos físicos que ocorrem na zona de contato entre as

bolhas e as partículas há uma considerável divergência entre os pesquisadores.

Moruzzi e Reali (2008) fizeram uma breve síntese daquelas que, para eles, são os três

principais modelos matemáticos que equacionam o contato bolhas-partícula: Fukushi, Tambo

e Matsui (1995), Malley e Edzwald (1991) e Reali (1991) . Conforme a síntese de Moruzzi e

Reali (2008):

Enquanto Malley e Edzwald (1991) apresentam a teoria do coletor simples Single

Collector Efficiency (SCE) em escoamento laminar onde o principal mecanismo de

contato entre microbolhas/flocos é a interceptação, Fukushi, Tambo e Matsui (1995)

utilizada um modelo baseado no encontro de partículas em campo turbulento. Já

Reali (1991) apresenta um modelo baseado na teoria de encontro de partículas

utilizada para floculação e introduz a velocidade relativa entre as partículas (bolhas e

flocos) como importante componente na eficiência de colisão. (MORUZZI; REALI,

2008, p3)

Na prática, a principal consequência da escolha do modelo no momento de projetar a ETA

será o tamanho dos flocos, que varia com os tempos de detenção hidráulica e os gradientes de

velocidade médios utilizados na floculação.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados conforme o fluxograma da Figura 4.1:

Figura 4.1 – Fluxograma dos experimentos.

4.1 Amostra de Estudo

Foram coletados 180 litros de água do ribeirão João Leite no ponto de chegada de água bruta

no laboratório da ETA Jaime Câmara, os quais foram armazenados em um tanque (Figura 4.2)

no Laboratório de Análise de Águas da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (EECA)

devendo ser utilizada, de acordo com o Guia de Nacional de Coleta e Preservação de

Amostras da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB, 2001), no

mínimo de 7 dias, tendo como referências o tempo de armazenamento das substâncias

orgânicas especificas no manual, para evitar mudanças bioquímicas relevantes.

Ponto de Coleta de

Água Bruta:

Captação de Água

Bruta da ETA

Jaime Câmara

Caracterização e

Armazenamento

na EECA

Ensaios de Flotação para

Determinação da Dosagem Ótima

entre Diferentes Concentrações de

Coagulante (0 mg.L-1

, 50 mg.L-1

,

62,5 mg.L-1

, 75 mg.L-1

, 87,5 mg.L-

1, 100 mg.L

-1, 112,5 mg.L

-1 e 250

mg.L-1

) emTrês Diferentes pHs (6,

7 e Ph natural). Total de 8

flotestes.

Preparo do Coagulante na Concentração de 25 g.L-1

Material Flotado

Subnadante

Condições do Ensaio:

Mistura Rápida:

*Gm= 1000 s-1

*TDH=2 min

Floculação:

*Gm=20 s-1

*TDH= 25 min

Flotação:

*Taxa de Recirculação = 15%

*Pressão da Câmara de

Saturação = 5 Kg.f.cm-²

*TDH= 2,5 min

Análise de Turbidez, Cor

Aparente, Cor Verdadeira,

pH e COT

Resultados e Discussões dos Dados

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Figura 4.2 – Tanque utilizado para o armazenamento da água bruta.

4.2 Preparo do coagulante

As sementes de Moringa oleifera Lam. utilizadas foram colhidas um ano antes de sua

utilização e tiveram origem na Bahia e em São Paulo. Para se ter uma melhor representação

da variabilidade nas características das sementes, elas foram utilizadas juntas, ou seja, no

momento de preparo da solução coagulante metade era de uma origem e metade de outra

origem. Existem, na literatura, vários métodos de extrair os compostos da semente

responsáveis pela coagulação. No presente trabalho, o coagulante foi produzido utilizando o

seguinte procedimento:

As sementes foram descascadas (Figura 4.3) e trituradas manualmente com almofaris e

pistillo (Figura 4.4a). O pó foi adicionado em água ultrapura na proporção de 25 g.L-1

em um

erlenmeyer e agitado manualmente por 4 minutos. A suspensão foi filtrada a vácuo em filtro

descartável utilizado no preparo de café. O filtrado é o coagulante pronto para o uso (Figura

4.4b). Como recomendado por Lo Monaco et al. (2013) a solução foi utilizada apenas no dia

do seu preparo.

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Figura 3.4 – Sementes de Moriga oleifera com casca (a) e sem cascas (b).

Figura 4.4 – Sementes de moringa oleifera trituradas manualmente com almofaris e pistillo (a) e filtrado do

coagulante pronto para o uso em um erlenmeyer (b).

4.3 Dosagem do coagulante

Ledo; Paulo e Lima (2013) verificaram que a melhor dosagem de coagulante de moringa foi

de 50 mg.L-1

. Já Ribeiro (2010) verificou que 80 mg.L-1

foi a melhor dosagem. Ambas

trabalharam com água de baixa turbidez. Baseado nisso e em ensaios anteriores, os flotestes

foram realizados com as dosagens de 0,0 mg.L-1

, 50 mg.L-1

, 62,5 mg.L-1

, 75 mg.L-1

, 87,5

mg.L-1

, 100,0 mg.L-1

, 112,5 mg.L-1

e 250 mg.L-1

. Considerando que a concentração do

coagulante é de aproximadamente 25000 mg.L-1

, os volumes de coagulante para as dadas

dosagens foram, respectivamente, 0 mL, 4 mL, 5 mL, 6 mL, 7 mL, 8 mL, 9 mL e 20 mL.

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4.4 Valores de pH

De acordo com os resultados encontrados por Ledo (2008) e Ledo, Paulo e Lima (2013) a

eficiência do tratamento é melhor em pH básico, verificando que os melhores resultados

foram para pH igual a 8. Porém Ribeiro (2010) verificou que, para o extrato de Moringa

oleifera, a maior eficiência foi obtida em pH ácido e neutro. Baseados nisso, os ensaios de

floteste foram realizados com três valores de pH: pH 6, pH 7 e pH 7,7. O pH natural da água

bruta foi de 7,7 e, portanto, utilizamos ácido clorídrico a 50% para seu ajuste quando

necessário.

4.5 Taxa de recirculação, gradientes de velocidade médios, tempos de detenção e

pressão de saturação

Os parâmetros aqui escolhidos para realização dos flotestes foram baseados em experimentos

e nos trabalhos de Ledo; Paulo e Lima (2013), que utilizaram coagulante de moringa em

ensaios de flotação. Todos os ensaios foram realizados com taxa de recirculação de 15%. A

mistura rápida se deu em 2 minutos com Gm de 1000 s-1

e a floculação em 25 minutos com Gm

de 20 s-1

. A pressão de saturação foi de 5 Kg.f.cm-² e o tempo de flotação foi de 2,5 min.

4.6 Ensaios de Flotação

O equipamento floteste, marca Nova Ética, modelo 218-3 LDB (Figura 4.5), do Laboratório

de Águas é do mesmo modelo que o apresentado por Di Bernardo et al. (2002), por isso a

metodologia para os ensaios de flotação será baseada nesse livro (Di Bernardo et al. 2002).

Figura 4.5 – O equipamento floteste, marca Nova Ética, modelo 218-3 LDB do Laboratório de Águas.

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O equipamento é constituído de 1 câmara de pressurização e 3 jarros de coagulação-

floculação-flotação. Ele é capaz de fornecer gradientes de velocidade entre 10 e 2000 s-1

através de agitador de paleta com dimensões de 25 por 75 mm. A Figura 4.6 apresenta a curva

característica do aparelho relacionando o gradiente de velocidade médio com a rotação. Os

jarros são feitos de acrílico transparente e possuem base quadrada de 115 x 115 mm dotada de

121 orifícios de 2mm de diâmetro por onde a água saturada será distribuída. A câmara de

pressurização (ou saturação) é construída em acrílico transparente, com seção transversal

circular de diâmetro interno de 100 mm e sua altura é de 320 mm, resultando num volume de

2,5 L. O volume útil é de 2 L e a câmara resiste à pressão de 50 atm. O topo da câmara é

dotado de válvula reguladora de pressão com filtro, registro de esfera para entrada de ar sob

pressão durante recirculação, manômetro e registro para ajuste da pressão na câmara. A base é

dotada de um registro para regular a entrada de água clarificada, um registro para regular a

entrada de ar e um registro para regular a saída de água saturada com ar. Existe um suporte

horizontal para tubos que pode girar de modo a despejar simultaneamente o conteúdo

(coagulante) dos tubos no interior dos seus respectivos jarros. As mangueiras de condução de

ar e água são resistentes a alta pressão e contam com registros para permitir ou impedir o

fluxo.

Figura 4.6 - Gradiente de velocidade médio em função da rotação do agitador.

Fonte: Di Bernado et al. (2002).

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Procedimento experimental que será seguido nesse estudo, o qual foi sugerido por Di

Bernardo et al. (2002):

1: encher a câmara de saturação com água clarificada.

2: ligar o compressor de ar e regular a pressão pouco acima da desejada mantendo fechado o

registro que dá acesso ao ar para o interior da câmara.

3: abrir gradativamente o registro para permitir a entrada do ar na câmara e regular a pressão

interna utilizando a válvula reguladora de pressão. Saturar pelo tempo necessário.

4: fechar o registro de entrada de ar na câmara.

5: colocar 2 litros da água a ser estudada em cada jarro, porém fazê-lo em pequenas porções

alternando-se os jarros para garantir a homogeneidade da água em cada um deles. As bolhas

de ar da base dos jarros devem ser eliminadas com a inclinação dos jarros quando a água

atingir um quarto da altura.

6: encher a mangueira de condução da água saturada. Utilizar o registro de descarte para

descartar uma pequena parcela de água saturada com o intuito de manter a mesma pressão até

a entrada dos jarros.

7: ligar o equipamento e ajustar a rotação para cerca de 100 rpm.

8: dosar o coagulante nos recipientes que se encontram no suporte horizontal.

9: regular o gradiente de velocidade médio estipulado para mistura rápida.

10: acionar o cronômetro simultaneamente ao giro do suporte horizontal para adicionar o

coagulante nos jarros.

11: reajustar o gradiente de velocidade médio de acordo com o estipulado para floculação

após o tempo de mistura rápida.

12: após o tempo de floculação, desligar a agitação, suspender as hastes dos agitadores e abrir

os registros dos jarros imediatamente. A água saturada vai entrar nos jarros e o nível d’água

vai começar a se elevar. Fechar os registros imediatamente quando o nível d’água atingir a

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altura referente à taxa de recirculação prevista. Acionar o cronômetro simultaneamente à

fechada dos registros.

13: esperar o tempo de flotação referente à taxa de aplicação superficial.

14: descartar a água por 2 segundos e iniciar coleta das amostras utilizando o suporte coletor.

15: efetuar a leitura dos parâmetros físico-químicos das amostras.

4.7 Análises físico-quimicas

Os parâmetros físico-químicos analisados nas amostras foram turbidez, cor aparente, cor

verdadeira, pH e COT. O Laboratório de Análise de Águas possui os equipamentos

necessários à pesquisa, com exceção ao analisador de COT, sendo eles: turbidímetro,

centrífuga, espectrofotômetro, balança de precisão, cronômetro, pH-metro, vidrarias diversas,

água ultrapura e o equipamento floteste com seu motor e compressor. O analisador de COT

utilizado na pesquisa foi o Elementar Vario TOC Select (Figura 7.4), tendo sido realizados os

ensaios no laboratório Leolídio Di Ramos Caiado da Secretaria de Estado de Meio Ambiente,

Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos de Goiás (SECIMA).

Figura 4.7 - Analisador de COT Elementar Vario TOC Select.

Os métodos empregados para determinação dos parâmetros analisados nessa pesquisa foram

conforme descritos no Standard methods (APHA; AWWA; WEF, 1999).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Caracterização da água bruta utilizada nos ensaios de flotação

Após experimentos preliminares em equipamento Jar test (Figura 5.1) e floteste, os ensaios de

flotação (Figura 5.2) foram realizados em um único dia. A caracterização da água captada na

ETA do ribeirão João Leite foi realizada no dia em que foi utilizada e é mostrada no Quadro

5.1:

Quadro 5.1 – Caracterização da água bruta utilizada nos ensaios de flotação.

Parâmetros Resultados

Temperatura (ºC) 23,5

Turbidez (NTU) 7,1

Cor aparente (uC) 31,0

Cor verdadeira (uC) 10,0

pH 7,7

COT (mg.L-1

) 15

Figura 5.1 – Experimentos preliminares de Jar-Test.

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Figura 5.2 – Ensaios de flotação.

5.2 Resultados e Discussão dos ensaios de Flotação

De forma geral, os resultados obtidos nos ensaios de flotação evidenciaram que ocorreu

remoção de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e carbono orgânico total, apresentando

pequenas variações do pH. Com relação à remoção de turbidez e os seus valores remascentes,

observa-se na Figura 5.3 que no ensaio utilizando a água bruta com o pH igual a 6,0 e

dosagem de 75,0 mg.L-1

ocorreu a maior remoção, 80,3% (Figura 5.3b), acarretando uma

menor turbidez remanescente de 1,4 NTU (Figura 5.3a). Observa-se que entre as dosagens de

62,5 mg.L-1

e 100 mg.L-1

do coagulante, a turbidez remanecente permanece abaixo de 2,0

NTU. Empregando-se dosagens superiores, a turbidez remanescente tende a aumentar. Já os

ensaios de flotação utilizando água bruta com pH de 7,0 e 7,7 apresentaram turbidez

remanescente com valores um pouco acima do ensaio com pH igual a 6,0, sendo 1,6 NTU e

1,8 NTU, respectivamente, apresentando uma semelhança no comportamento das curvas para

todos os valores de pH estudados, com a ocorrência de dois picos que são separados por um

pequeno aumento da turbidez remanecente. É possível observar que o coagulante se mostra

efetivo em faixas de dosagem e de pH semelhantes às observadas por Ledo; Paulo e Lima

(2013) e por Ribeiro (2010).

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Figura 5.3 – Variação da turbidez remanescente (a) e eficiência de remoação (b) em função das dosagens do

coagulante empregadas nos ensaios de flotação.

Na Figura 5.4 pode-se observar que o menor valor de cor aparente remanescente foi 7,9 uC e

ocorreu no pH 6 na concentração de 100 mg.L-1

. As 3 curvas são muito semelhantes. Apartir

da concentração de 62,5 mg.L-1

a cor aparente remanescente permanece abaixo de 15 uC em

todos os valores de pH estudados. Porém a eficiência na remoção começa a diminuir a partir

da concentração de 112,5 mg.L-1

para os valores de pH 7,7 e 7, e na concentração 100 mg.L-1

para o pH 6. Assim como para a turbidez, as curvas relacionadas à cor aparente também

apresentam uma ínfima diminuição na eficiência entre dois picos de eficiência próximos, mas

os melhores resultados desta ocorreram para uma dosagem de coagulante um pouco maior.

No geral o comportamento das curvas de cor verdadeira (Figura 5.5) é parecido com o das de

cor aparente. Porém desta vez a eficiência de remoção é maior no pH 6 para todas as

concentrações de coagulante enquanto a eficiência no valor de pH 7 é menor ou igual em

todas as concentrações de coagulante.

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Figura 5.4 – Variação da cor aparente remanescente (a) e eficiência de remoação (b) em função das dosagens do

coagulante empregadas nos ensaios de flotação.

Figura 5.5 – Variação da cor verdadeira remanescente (a) e eficiência de remoação (b) em função das dosagens

do coagulante empregadas nos ensaios de flotação.

A princípio o pH da água sem uso de coagulante deveria ser o mesmo antes e depois dos

flotestes, mas evidencia-se na Figura 5.6 que nas curvas referentes aos valores de pH 6,0 e 7,0

que o final está mais alto que o inicial. Isso provavelmente decorre da mistura da água bruta

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

com a água de recirculação de 15% que é proveniente da torneira do laboratório e possui

valores de pH entre 7,8 e 8,1. O tratamento com o coagulante de moringa causa muito pouca

variação no valor de pH da água tratada, o que condiz com os resultados obtidos por

Ndabigengesere e Narasiah (1998) e Ghebremichael et al. (2005).

Figura 5.6 – Variação do pH em função das dosagens do coagulante empregadas nos ensaios de flotação.

Para os valores de pH 7,0 e 7,7 observa-se (Figura 5.7) que o COT final aumenta

proporcionalmente ao aumento na dosagem de coagulante, com exceção do ponto com 50

mg.L-1

no pH 7,0, que remove uma quantidade considerável de matéria orgânica. Já para o

valor de pH 6,0 o COT final diminuiu (atingindo 9,3 mg.L-1

) com o aumento da concentração

de coagulante até chegar na 75 mg.L-1

, quando passa a aumentar junto com o aumento da

dosagem. É relevante ressaltar que o valor do COT da água da torneira que é utilizada na

recirculação está situado entre 8 e 11 mg.L-1

. Então, diferentemente do que foi relatado por

Ndabigengesere e Narasiah (1998) e Okuda et al. (1999), que afirmaram que a moringa

adiciona matéria orgânica à água, estes resultados demonstram que o extrato filtrado da

semente, nas condições ótimas, é capaz de remover o COT.

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Eficiência do coagulante extraído de sementes de Moringa oleifera lam no tratamento... 34

A.R.. Marques, F. A. Abreu;

Figura 5.7 – Variação do cabono orgânico total (COT) em função das dosagens do coagulante empregadas nos

ensaios de flotação.

Para se avaliar a possibilidade de remoção de COT através de filtração, um novo floteste

(Figura 5.8) foi realizado utilizando-se três dosagens diferentes de coagulante, cada uma com

um valor de pH. A caracterização do subnadante foi feita antes e depois dele passar por um

filtro de papel de 14 µm. A nova caracterização da água bruta e os resultados do novo ensaio

são dispostos no Quadro 5.2, onde percebe-se que nas amostras filtradas há mais remoção de

turbidez e cor aparente, porém não há remoção de COT.

Figura 5.8 – Ensaio de flotação com filtração em filtro de papel de 14 µm.

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Eficiência do coagulante extraído de sementes de Moringa oleifera lam no tratamento... 35

A.R.. Marques, F. A. Abreu;

Quadro 5.2 – Ensaio de Flotação com filtração.

Amostra pH inicial Dosagem

(mg.L-1

)

Turbidez

(NTU)

Cor aparente

(uC) COT (mg.L

-1)

Água Bruta 7,7 0,0 5,8 30,0 17

Não Filtrada 6,0 75,0 0,9 9,4 16

Filtrada 6,0 75,0 0,8 7,5 15

Não Filtrada 7,0 100,0 1,5 10,0 20

Filtrada 7,0 100,0 0,8 8,0 20

Não Filtrada 7,7 62,5 1,0 9,4 18

Filtrada 7,7 62,5 0,7 8,4 18

5.3 Considerações acerca da flotação

Os flocos formados são bem pequenos, de modo que as bolhas precisam ser muito pequenas

para sua flotação, assim como observado pela Lédo (2008). Isso foi observado pela total

ineficiência do ensaio quando a abertura da válvula de entrada de água saturada nos jarros era

feita relativamente rápido, o que acarretava em bolhas maiores. Essa abertura incorreta

também propiciava uma pior distribuição de vazão através dos furos da base.

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A.R.. Marques, F. A. Abreu;

6 CONCLUSÃO

O presente trabalho permitiu concluir que :

- a utilização da moringa olifeira como coagulante em ensaios de flotateste foi eficiente para

tratar água com baixa turbidez e, em certas condições, remover COT;

- a moringa oleífera quase não altera o pH da água e é eficaz nos valores de pH 6, 7 e 7,7,

apresentando melhores resultados no pH 6;

- o filtro de 14 µm não é capaz de reter a matéria que confere COT às amostras flotadas, e:

- os flocos formados pelo coagulante natural são pequenos nos três valores de pH.

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Eficiência do coagulante extraído de sementes de Moringa oleifera lam no tratamento... 37

A.R.. Marques, F. A. Abreu;

7 RECOMENDAÇÕES

Para trabalhos futuros, seria interessante investigar :

- se a utilização de pressões de saturação maiores, o que acarreta em bolhas menores, traz

benefícios ao processo;

- se a utilização de filtros com diâmetros de poros menores poderia remover mais matéria

orgânica;

- estudar a presença de trihalometanos e halogenados após a desinfecção com cloro das

amostras flotadas com moringa;

- realizar uma análise de viabilidade econômica do tratamento de água com moringa no

Brasil, e:

- estudar o lodo gerado nesse tipo de processo.

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