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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO LEANDRO AMARAL STURION Londrina 2017 COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO MANIPULATIVO OSTEOPÁTICO NOS SINTOMAS CLÍNICOS E NA ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR DO TRONCO EM PACIENTES COM DOR LOMBAR CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CRUZADO

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

LEANDRO AMARAL STURION

Londrina 2017

COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO MANIPULATIVO OSTEOPÁTICO NOS

SINTOMAS CLÍNICOS E NA ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR DO TRONCO EM PACIENTES COM DOR LOMBAR

CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CRUZADO

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LEANDRO AMARAL STURION

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina - UEL e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências da Reabilitação. Orientador: Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Jr.

Londrina

2017

COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO MANIPULATIVO OSTEOPÁTICO NOS

SINTOMAS CLÍNICOS E NA ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR DO TRONCO EM PACIENTES COM DOR LOMBAR

CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CRUZADO

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

Biblioteca CCBS/CCECA PIZA Setor de Tratamento da Informação

Sturion, Leandro Amaral

S935c Comparação entre duas técnicas de tratamento manipulativo osteopático nos sintomas clínicos e na ativação neuromuscular do tronco em pacientes com dor lombar crônica: ensaio clínico randomizado cruzado. / Leandro Amaral Sturion. Londrina: [s.n], 2017.

73f.

Dissertação (Mestrado em Ciências da Reabilitação). Universidade Norte do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Junior.

1- Reabilitação – dissertação de mestrado – UNOPAR 2- Dor lombar 3-Fisioterapia 4- Tratamento manipulativo 5- Eletromiografia 6- Equilíbrio postural I- Silva Junior, Rubens Alexandre da; orient. II- Universidade Norte do Paraná.

CDU:615.8

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LEANDRO AMARAL STURION

COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO

MANIPULATIVO OSTEOPÁTICO NOS SINTOMAS CLÍNICOS E NA

ATIVAÇÃO NEUROMUSCULAR DO TRONCO EM PACIENTES COM DOR

LOMBAR CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CRUZADO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Reabilitação (Programa Associado entre Universidade Estadual de Londrina -

UEL e Universidade Norte do Paraná - UNOPAR), como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos

professores:

_________________________________________ Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Jr.

(Orientador) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

_________________________________________ Profa. Dra. Viviane de Souza Pinho Costa

(Membro Interno) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

_________________________________________ Prof. Dr. Fellipe Amatuzzi Teixeira

(Membro Externo) Universidade de Brasília - UnB

_________________________________________ Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Jr.

(Coordenador) Universidade Norte do Paraná - UNOPAR

Londrina, 28 de março de 2017.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às minhas famílias e amigos, e aos profissionais da Fisioterapia, Osteopatia e Reabilitação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus pela vida, pelas bênçãos e

proteção, e por possibilitar que chegasse até aqui. À Mãe celestial, por interceder

sempre para que tudo ocorresse bem.

Aos meus pais Ely e Neusa, pela base, educação, valores,

suporte e paciência. Ao meu irmão Leonardo, por me ajudar sempre que precisei.

A vocês minha eterna gratidão.

Ao Prof. Rubens, pelos conhecimentos e ensinamentos,

cobranças, direcionamentos, amizade e exemplos, que me conduziram nessa

jornada. Por ter aberto as portas do laboratório desde a disciplina como aluno

especial, o que foi o primeiro passo para este momento tão importante. Meu

agradecimento especial a você Prof.!

A todos os professores e coordenadores do programa, que

contribuíram e muito para esta formação, de maneira direta ou indireta. E a todos

os meus professores, desde a infância até a graduação; todos igualmente

importantes.

À minha esposa Danielle, por todo amor, carinho, dedicação e

paciência no seu trato, me apoiando, incentivando, acalmando, alimentando,

estando ao meu lado em todos os momentos. Faltam palavras para te agradecer

à altura, minha querida!

A todos do LAFUP, da “família LAFUP”, que ajudaram de todas

as maneiras possíveis e em todos os momentos solicitados. Em especial àqueles

que estiveram comigo desde o início desta jornada: Adriana, Alexandre, André,

Leonardo, Mariana, Nelson, Rogério, Pablo e Rubia.

Aos amigos e colegas do mestrado, com quem pude

compartilhar conhecimentos diversos e momentos de aprendizado e

companheirismo. E a todos meus amigos que compreenderam minha ausência

quando precisaram, em especial aos amigos Osteopatas, os pterogândios.

A todos os alunos que passaram pelo laboratório, nos ajudando

com seus tempos e trabalhos; sem a participação de vocês não terminaríamos

nossos projetos. Agradeço especialmente ao grupo que trabalhou neste projeto:

Aline, Amanda, Andryne, Borges, Brunna, Bruno, Lougan, Mariane, Natalia e

Thais.

Aos pacientes que participaram do projeto, que gentilmente

doaram seus tempos e confiaram nas nossas intervenções. E também à agência

de fomento CAPES.

A todos os colaboradores da UNOPAR e UEL, que com seus

trabalhos possibilitam a realização dos nossos; em especial às Jéssicas.

Muito obrigado a todos vocês!!

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“Fica, tranquilo, pois estou contigo.” Isaías 43:5

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STURION, Leandro Amaral. Comparação entre duas técnicas de Tratamento Manipulativo Osteopático nos sintomas clínicos e na ativação neuromuscular do tronco em pacientes com dor lombar crônica: Ensaio Clínico Randomizado Cruzado. 2017. 73p. Dissertação do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação (programa associado entre a Universidade Estadual de Londrina [UEL] e a Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2017.

RESUMO Introdução: A dor lombar crônica (DLC) pode comprometer o controle motor e alterar os padrões de ativação neuromuscular do tronco de trabalhadores ativos. Este estudo objetivou avaliar o efeito de duas técnicas osteopáticas (AVBA – Alta-Velocidade Baixa-Amplitude; ME – Músculo Energia) nos sintomas clínicos e nas respostas de controle neuromuscular do tronco de trabalhadores homens com DLC. Métodos: Este ensaio clínico randomizado cruzado avaliou 10 trabalhadores ativos com DLC, com idade média de 44,4 anos, em três tempos: 1) Pré-intervenção, 2) Imediato (logo após a 1ª intervenção), e 3) 15 dias (3ª intervenção); utilizando questionários clínicos (intensidade da dor, incapacidades, medos e crenças), teste de Schober (mobilidade), eletromiografia (ativação neuromuscular) e plataforma de força (equilíbrio postural). Cada grupo (AVBA ; ME), com 5 pacientes, recebeu 3 tratamentos (1x semana) com sua técnica correspondente (AVBA; Músculo Energia). Após uma semana de intervalo (washout) os participantes receberam o mesmo protocolo de avaliação e aplicação da técnica subsequente (modelo cruzado). Resultados: Ambas as técnicas apresentaram redução significante (P<0,01) da dor no tempo 2 (AVBA= 26% ; ME = 39%) e tempo 3 (AVBA = 52% ; ME = 73%). Os questionários e a mobilidade apresentaram melhora (diferenças clínicas detectáveis), porém, não significantes. A ativação neuromuscular e o equilíbrio postural também não apresentaram efeito significante. Conclusão: Ambas as técnicas de tratamento manipulativo osteopático (AVBA e ME) foram eficazes para reduzir a dor lombar de maneira imediata e após 15 dias de intervenção, e melhoraram a mobilidade. Por outro lado, as técnicas não alteraram o padrão de ativação neuromuscular do tronco nem o equilíbrio postural durante tarefas com e sem carga externa ao tronco. Palavras-chave: Dor Lombar; Fisioterapia; Tratamento Manipulativo Osteopático (TMO); Eletromiografia (EMG); Equilíbrio Postural.

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STURION, Leandro Amaral. Comparison between two Osteopathic Manipulative Treatment techniques on clinical symptoms and trunk neuromuscular activation in patients with chronic low back pain: a randomized crossover trial. 2017. 73p. Dissertação do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação (programa associado entre a Universidade Estadual de Londrina [UEL] e a Universidade Norte do Paraná [UNOPAR]) – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2017.

ABSTRACT

Introduction: Chronic low back pain (CLBP) can compromise motor control and change trunk neuromuscular activation patterns in active workers. The purpose of this study was to evaluate the effect of two osteopathic manipulative treatment techniques (HVLA and Muscle Energy) in clinic symptoms and trunk neuromuscular control responses in adult male workers with CLBP. Methods: This randomized crossover trial evaluated 10 adult male workers (mean age: 44,4 years old) with CLBP, in three times: 1) Baseline; 2) Immediate (post 1st technique application); and 3) 15 days (post 3rd intervention). A 0 to 10 numeric pain rating scale and McGill pain questionnaire measured pain intensity. Clinic questionnaires also were used Roland Morris (disability) and Fear-Avoidance Beliefs. The Schober’s test measured de lumbar spine mobility. In addition, a electromyography (EMG) and a force platform (balance tasks with and without extra load in the trunk) measured the neuromuscular activation and postural balance, respectively. Each group (HVLA; ME) received only one of techniques. Three 1-week intervention for each technique (HVLA and Muscle Energy) with 1-week washout between were performed. The participants received the same assessment protocol according the other technique application (crossover model). Results: Both techniques were significant (P<0,01) to immediate and post 15 days pain reduce (HVLA = 26% immediate and 52% post 15 days; ME = 39% immediate and 73% post 15 days). The other variables did not present significant results, but their clinical differences indicated an improvement. No significant effect post-intervention in both groups were presented for neuromuscular activation and postural balance with and without extra load. Conclusion: Both osteopathic manipulative techniques (HVLA and Muscle Energy) were effective to immediate and post 15 days low back pain reduce. On the other hand, the techniques did not change the trunk neuromuscular activation patterns neither postural balance during the tasks with and without extra load in the trunk). Keywords: Low Back Pain; Physical Therapy Specialty; Osteopathic Manipulative Treatment (OMT); Electromyography (EMG); Postural Balance.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

REVISÃO DA LITERATURA

Figura 1a – Regiões da coluna vertebral ................................................ 16

Figura 1b – Curvaturas da coluna ........................................................... 16

Figura 2 – Vértebras lombares .............................................................. 17

Figura 3 – Ligamentos vertebrais lombares ......................................... 17

Figura 4 – Músculos dorsais .................................................................. 18

Figura 5 – Movimentos lombares .......................................................... 18

Figura 6a – Movimento lombar de rotação ............................................. 19

Figura 6b – Movimento de inclinação lombar ........................................ 19

ARTIGO

Figura 1 – Fluxograma ………………….................................................... 35

Figura 2a – Posição e estabilização durante CVM abdominal ............. 40

Figura 2b – Posição e estabilização durante CVM paravertebral ........ 40

Figura 3 – Tarefa de apoio bipodal com carga ...................................... 42

Figura 4 – Descrição do modelo intervencionista Crossover............... 43

Figura 5 – Posicionamento para aplicação da técnica Alta-

Velocidade Baixa-Amplitude (AVBA)...................................................... 45

Figura 6 – Posicionamento para aplicação da técnica de Músculo

Energia ...................................................................................................... 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Efeito da aplicação das técnicas AVBA e Músculo

Energia nas variáveis clínicas ............................................................. 58

Tabela 2 – Ativação neuromuscular - tarefa SEM carga….............. 59

Tabela 3 – Ativação neuromuscular - tarefa COM carga................. 60

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A/P Anteroposterior A-COP Área do Centro de Pressão ADM Amplitude de movimento AINE Anti-inflamatório não esteroides AVBA Grupo AVBA AVBA Alta-Velocidade Baixa-Amplitude (técnica) CLBP Chronic Low Back Pain CO-ATIV. Co-ativação CONSORT Consolidated standards of reporting trials COP Centro de pressão CVM Contraçao voluntária máxima DLC Dor lombar crônica EMG Eletromiografia ES Effect Size FABQ Fear-Avoidance Beliefs Questionnaire FNP Facilitação neuromuscular proprioceptiva HVLA Grupo HVLA HVLA High-velocity low-amplitude (técnica) IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ILC Iliocostal JCR Journal Citation Reports LAFUP Laboratório de Avaliação Funcional e Performance motora humana M/L Médio-lateral MANOVA Análise de variância multivariada ME Grupo Músculo Energia MMII Membros inferiores MU Multífido NPRS Numeric Pain-Rating Scale RABD Reto abdominal RMDQ Roland Morris Disability Questionnaire RMS Root Mean Square SENIAM Surface EMG for Non-Invasive Assessment of Muscles SF-MPQ Short Form – McGill Pain Questionnaire SPSS Statistical Package for Social Sciences TMO Tratamento Manipulativo Osteopático UEL Universidade Estadual de Londrina UM Unidade Motora UnB Universidade de Brasília UNOPAR Universidade Pitágoras Unopar= USA United States of America VAS Visual Analog Scale VEL Velocidade do Centro de Pressão

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Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 13

2 OBJETIVOS....................................................................................... 15

2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 15

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 15

3 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO................... 16

3.1 COLUNA VERTEBRAL LOMBAR..................................................... 16

3.2 DOR LOMBAR.................................................................................. 19

3.3 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E DOR LOMBAR.................. 21

3.4 AVALIAÇÃO NEUROMUSCULAR DO TRONCO ............................. 22

3.4.1 ELETROMIOGRAFIA .................................................................... 23

3.4.2 PLATAFORMA DE FORÇA............................................................ 24

3.5 TERAPIA MANUAL E OSTEOPATIA NO TRATAMENTO DA DOR

LOMBAR.................................................................................................. 25

3.6 JUSTIFICATIVA............................................................................... 27

4 ARTIGO.............................................................................................. 28

5 CONCLUSÃO GERAL ...................................................................... 61

6 REFERÊNCIAS.................................................................................. 62

APÊNDICES............................................................................................. 67

ANEXOS................................................................................................... 71

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1 INTRODUÇÃO

A dor lombar crônica (DLC) não específica é uma afecção muito

comum e um dos maiores problemas de saúde pública, com prevalência de até

70% da população mundial1 e de 80% da população brasileira2. Ela pode levar a

vários problemas socioeconômicos, e é uma das mais importantes causas de

absenteísmo em trabalhadores adultos3-5. Dentre os trabalhadores com DLC,

27,1% são mulheres e 24,5% homens6, porém características exclusivas do sexo

feminino podem ter influenciado nessa diferença. Dos trabalhadores homens

com 35-55 anos de idade, 27,8% relatam repetidas ou antigas dores lombares7.

Visto a escassez da literatura sobre esta faixa etária e a prevalência de dor

lombar em trabalhadores de ambos os sexos, o presente estudo se deterá na

população de homens (35-55 anos) ativos no marcado de trabalho, para diminuir

a interferência hormonal e/ou do ciclo menstrual ao longo do estudo de

tratamento proposto.

A DLC, além dos seus sintomas (dor, diminuição da força

muscular, fadiga lombar, alterações do equilíbrio, diminuição da mobilidade,

limitação funcional e restrição laboral e social)8, também pode estar associada

ao comprometimento do controle motor e ao aumento da instabilidade postural9;

indivíduos com esta disfunção apresentam padrões diferentes de ativação

neuromuscular do tronco: hiperatividade e hipoatividade10.

Para melhor compreender o problema, Van Dieen et al.10

estudaram o comportamento neuromuscular do tronco e propuseram uma

explicação que depende do padrão de ativação (hiper ou hipo) dos músculos do

tronco. Já para Panjabi11,12, a instabilidade mecânica da coluna vertebral pode

levar à má coordenação motora e, consequentemente, ao aumento da ativação

dos músculos lombares (hiperativação). Esses dois modelos propostos de

auxiliam no entendimento de quais seriam os fatores causais e de recidiva do

problema para certos tipos de pacientes. Instrumentos de alta-tecnologia, que

quantificam as respostas de controle neuromuscular do tronco, podem ser

usados para avaliar esses modelos, tais como a plataforma de força e a

eletromiografia (EMG).

A fisioterapia, uma das melhores opções no tratamento da dor

lombar, dispõe de vários recursos; dentre eles a Osteopatia, que é composta por

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técnicas manipulativas, entre as quais destacam-se: a técnica de Alta-

Velocidade Baixa-Amplitude (AVBA) e a técnica de Músculo Energia. Ambas são

amplamente utilizadas no tratamento das disfunções lombares, sendo que a

primeira (AVBA) é uma técnica passiva, aplicada próximo do final da amplitude

de movimento (ADM) articular13. Já a técnica de Músculo Energia é uma técnica

ativa/passiva, caracterizada por contrações voluntárias do paciente14,15.

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2 OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito da aplicação de duas técnicas de tratamento

manipulativo osteopático, denominadas Alta-Velocidade Baixa-Amplitude

(AVBA) e Músculo Energia sobre as respostas de controle neuromuscular do

tronco e nos sintomas clínicos de trabalhadores homens adultos com dor lombar

crônica.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar e comparar os sintomas clínicos: dor (por meio da Escala

numérica de dor e do questionário de dor McGill) – antes e

imediatamente após a execução de ambas as técnicas e no

término da intervenção (efeito médio prazo após 15 dias).

Avaliar e comparar os aspectos psicossomáticos e as

incapacidades funcionais (por meio dos questionários de medos

e crenças e Roland Morris, respectivamente) – antes da

execução de ambas as técnicas e no término da intervenção

(efeito médio prazo após 15 dias).

Avaliar e comparar a mobilidade da coluna lombar (por meio do

teste de Schober) – antes da execução de ambas as técnicas e

no término da intervenção (efeito médio prazo após 15 dias).

Avaliar e comparar o padrão de ativação neuromuscular do

tronco (por meio da eletromiografia) antes e imediatamente após

a execução de ambas as técnicas (efeito imediato) e após a

última intervenção (efeito médio prazo após 15 dias).

Avaliar e comparar o equilíbrio postural estático (por meio da

plataforma de força) em apoio bipodal com e sem sustentação

de uma carga externa ao tronco antes e imediatamente após a

execução de ambas as técnicas (efeito imediato) e após a última

intervenção (efeito médio prazo após 15 dias).

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3 REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO

3.1 COLUNA VERTEBRAL LOMBAR

A coluna vertebral é uma das mais complexas estruturas do

nosso corpo, que inclui ossos, músculos, ligamentos, nervos, vasos sanguíneos

e articulações sinoviais. Além dessas, outras estruturas estão diretamente

relacionadas a coluna: discos intervertebrais, raízes nervosas, medula espinhal

e suas meninges, e o líquor. Cada uma dessas estruturas apresenta respostas

únicas ao trauma, envelhecimento e às atividades16.

A coluna típica de um adulto consiste de 33 vértebras dispostas

em cinco regiões: 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas

(Figura 1a)17; e apresenta quatro curvaturas: lordose cervical, cifose torácica,

lordose lombar e cifose sacral (Figura 1b)18.

1a 1b

Figura 1a. As 5 regiões da coluna vertebral – representadas pelas diferentes cores17. Fonte: MOORE (2006). 1b. Curvaturas da coluna18. Fonte: NETTER (2007).

Como parte integrante do pilar central do tronco, a coluna lombar

suporta todo o peso da parte superior do tronco19. Por esse aspecto as vértebras

lombares (Figura 2)18 são maiores que as cervicais e as torácicas, e necessitam

de um conjunto reforçado de estabilizadores estáticos: os ligamentos (Figura

3)18. O conjunto desses ligamentos constituem uma união extremamente sólida

não só entre os corpos vertebrais, mas também para o conjunto da coluna19.

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17

Figura 2. Vértebras lombares e suas articulações facetarias18. Fonte: NETTER (2007).

Figura 3. Ligamentos vertebrais: região lombar18. Fonte: NETTER (2007).

Os músculos extensores do tronco são citados como os mais

importantes para a manutenção da estabilidade e funcionalidade da coluna.

Destacamos aqui (Figura 4)18 os músculos paravertebrais: multífidos e

iliocostais; e os músculos abdominais: reto abdominal e transverso do abdome.

Estes músculos poder ser classificados como posturais, ricos em fibras do tipo I,

de contração lenta. São altamente oxidativos, gerando principalmente energia

aeróbica e suas fibras são recrutadas durante atividades que necessitam de

resistência à fadiga20,21.

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18

Figura 4. Músculos dorsais: planos intermediário e profundo18. Fonte: NETTER (2007).

A coluna lombar realiza seis movimentos básicos: flexão e

extensão, rotações direita e esquerda, inclinações direita e esquerda. No

movimento de flexão a vértebra superior inclina-se e desliza para frente,

afastando as apófises articulares superior e inferior, e deslocando o núcleo

pulposo discal posteriormente; enquanto que na extensão a vértebra superior

inclina-se e desliza para trás, aproximando as apófises articulares e deslocando

o núcleo pulposo anteriormente (Figura 5)19. Nas rotações a vértebra superior

desliza seu corpo sobre o corpo da inferior, num movimento de cisalhamento,

seguindo um eixo localizado no arco vertebral (Figura 6a)19. Já no caso das

inclinações ou flexões laterais os movimentos não ocorrem de maneira isolada.

Durante a inclinação os corpos vertebrais giram sobre si mesmos, desviando sua

linha média anterior para o lado da convexidade da curva (Figura 6b)19. Ou seja,

enquanto os processos transversos do mesmo lado se aproximam,

simultaneamente, os corpos giram para o lado oposto.

Figura 5. Movimentos lombares: flexão (9) e extensão (10) 19. Fonte: KAPANDJI (2012).

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19

6a 6b

Figura 6a. Movimento lombar de rotação. 6b. Movimento de inclinação lombar associado à rotação19. Fonte: KAPANDJI (2012).

3.2 DOR LOMBAR

A dor lombar, também conhecida na vida cotidiana como

lombalgia, é um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo. Nos

Estados Unidos, por exemplo, é considerada a causa mais comum de limitação

física e funcional, e pode ser: a segunda razão mais frequente para as consultas

médicas e fisioterapêuticas; a quinta causa de admissão hospitalar; e a terceira

causa de procedimentos cirúrgicos22. Estima-se que o custo total com a dor

lombar é superior a 100 bilhões de dólares por ano, devido aos gastos salariais

e à redução da produtividade23. No Brasil, a prevalência desta disfunção pode

alcançar até 80% de toda a população2; e cerca de 10 milhões de brasileiros

poderão se tornar incapazes fisicamente por causa da dor lombar crônica

(DLC)24.

De acordo com sua duração, ela pode ser classificada em:

aguda (menos de 6 semanas); sub-aguda (de 6 semanas a 3 meses); e crônica

(quando persiste por mais de 3 meses), associada ou não à dor contínua ou

recorrente1,25,26. Os sintomas da DLC podem ser caracterizados como: dor

(latejante, em queimação, tensional, muscular ou mista), diminuição da força

muscular, fadiga muscular, diminuição da amplitude de movimento (mobilidade),

espasmos musculares e alterações posturais. Esses sintomas podem levar a um

quadro de limitação funcional para a realização de atividades da vida diária e

restrição para participação do indivíduo na sociedade8. Além disso, a dor lombar

é uma das mais importantes causas de absenteísmo em trabalhadores na faixa

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etária adulta5, que é a população alvo da presente pesquisa.

A causa desta disfunção é multifatorial ou de origem mecânica

(muscular-ligamentar-articular) desconhecida, e pode estar relacionada a

doenças discais, lesão miofascial, artropatias facetárias, entre outros. Além

disso, outros fatores como psicossociais, ansiedade e depressão, tabagismo,

atividade laboral e sedentarismo podem desencadear a dor lombar, mas a

associação desta com estes fatores nem sempre pode ser feita25-28. Para alguns

autores, essa dor pode levar à falta de mobilidade da região, aumentando a

instabilidade postural e sobrecarregando as estruturas passivas (ligamentos e

articulações), culminando em lesões estruturais, e mais dor11,29,30.

A DLC também pode estar associada ao comprometimento do

controle motor, alteração da propriocepção lombossacral, aumento da

instabilidade postural e queda de adultos mais velhos quando as demandas

posturais estão aumentadas9. Estudos encontraram o controle postural fraco

(maior oscilação postural) em indivíduos com DLC comparando com indivíduos

sem a dor lombar31-33.

Além de alterações de equilíbrio, pessoas com DLC apresentam

padrões diferentes de ativação neuromuscular do tronco, tanto para maior

ativação dos músculos anteriores e posteriores da coluna vertebral

(hiperatividade)10 quanto para menor ativação dos mesmos (hipoatividade)10,34;

além disso, é possível que uma alteração da propriocepção possa contribuir para

a diminuição da ativação muscular do tronco35,36.

De fato, uma das formas de compreender o problema é estudar

o comportamento neuromuscular do tronco, uma vez que a DLC é multifatorial.

Van Dieen et al.10 propuseram uma explicação para tal fenômeno, no qual o

modelo é dependente do padrão de ativação (hiper ou hipo) dos músculos do

tronco apresentado por certos subgrupos de pacientes com DLC. O primeiro

aspecto é referente ao comprometimento lombar por um estado de dor reflexa

por espamos musculares10 e assim diminuindo o recrutamento dos músculos do

tronco (hipoativação).

O segundo aspecto é referente ao estado de instabilidade

mecânica da coluna11,12, no qual leva ao comportamento de má coodenação

motora, e consequentemente, a um aumento da ativação dos músculos

(hiperativação) a fim de preservar a estabilidade da coluna vertebral durante às

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21

atividades funcionais. Este segundo modelo, infelizmente, pelo excesso de

atividade dos músculos, pode levar: à fadiga muscular, à compressão das

estruturas passivas e, como consequência, à dor.

Embora a causa-efeito da DLC não seja exata na literatura,

esses dois modelos auxiliam entender quais seriam os fatores causais e de

repetição da dor para certos tipos de pacientes. Uma forma de avaliar esse

modelo é utilizar de instrumentos de alta-tecnologia que permitem quantificar as

respostas de controle neuromuscular do tronco, tais como a plataforma de força

e a eletromiografia (EMG), que estão descritos adiante.

Outro componente importante é a fadiga dos músculos do tronco

(especificamente os músculos da região lombar), que é considerada hoje um dos

principais fatores de risco associado à origem da DLC e às incapacidades30,37;

nas quais prejudicam o retorno do indivíduo à prática de suas atividades de vida

diária e/ou do trabalho. Mesmo não sendo foco de investigação do presente

estudo, é importante salientar que a fadiga da musculatura lombar é considerada

preditora para o primeiro episódio de dor lombar e está, geralmente, associada

à DLC37-39.

3.3 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E DOR LOMBAR

O envelhecimento é considerado um processo dinâmico e

progressivo, no qual ocorrem alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas

que alteram progressivamente o organismo, tornando-o mais suscetível às

agressões intrínsecas e extrínsecas que terminam por levá-lo à morte40-42.

Muito se pesquisa sobre a população adulta jovem (entre 18 e

30 anos de idade) e idosa (acima dos 60-65 anos), porém, poucos trabalhos

investigaram a parcela da população que se encontra nesse intervalo: 35 a 55

anos de idade; justamente a faixa etária que antecede a terceira idade, e que

seus integrantes ainda estão economicamente ativos no mercado de trabalho.

O fato das mulheres, nessa faixa etária, apresentarem fatores

intrínsecos (anatômicos e biomecânicos) e passarem por processos fisiológicos

e hormonais importantes, que podem influenciar na sintomatologia da DLC,

inviabilizou a inclusão das mesmas na pesquisa. Sendo assim, o presente estudo

avaliou somente trabalhadores homens (35 a 55 anos), entre outros motivos,

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22

para melhor conhecer as respostas desses participantes (acometidos

patologicamente pela DLC) ao Tratamento Manipulativo Osteopático (TMO), e

para tentar diminuir a interferência de outros fatores na avaliação da

sintomatologia.

Além disso, é importante conhecer as características clínicas,

fisiológicas e neuromusculares dessa faixa etária (em processo de

envelhecimento), para que melhores cuidados com essa população e com a

população idosa sejam adotados, e melhores planos de ação sejam traçados.

Alguns dados ilustram essa importância e mostram que o fenômeno global de

envelhecimento populacional é cada vez mais presente.

Estima-se que, na Finlândia, a população com mais de 65 anos

chegará a 25% até 20207, e na França, em 2050, um em cada três habitantes

terá 60 anos ou mais de idade43. Com isso aumenta-se o número esperado de

anos saudáveis e funcionalmente sem restrições, podendo ser traduzida em uma

vida profissional mais longa7. Na Europa, novos cálculos sobre a expectativa de

vida no trabalho indicam que indivíduos com 50 nos de idade teriam em média

mais 30,7 anos de vida, sendo que 9,3 destes anos seriam de vida ativa e 8,7

anos trabalhando7.

No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), os idosos (60 anos ou mais de idade) somam hoje 24,9

milhões de pessoas (12% da população) e as projeções para os próximos 20

anos mostram que serão 48,8 milhões (21,5%); já os homens na faixa etária

entre 35 e 55 anos de idade somam hoje 27,2 milhões (13,2% da população) e

nos próximos 20 anos serão aproximadamente 33 milhões (14,5% da

população)44. Na região sul do país, onde encontra-se o maior índice de

longevidade, estima-se que no ano de 2100 os homens dessa região poderão

apresentar uma idade superior a 80 anos45.

3.4 AVALIAÇÃO NEUROMUSCULAR DO TRONCO

O corpo humano necessita de diversos ajustes posturais para

marter-se em posição estática sem ou com sustentação de carga. Ambas as

situações exigem o bom funcionamento de mecanismos complexos e elaborados

para a manutenção da estabilidade postural. Trabalhadores que sustentam

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cargas de forma repetidas, por exemplo, podem apresentar instabilidades

importantes na coluna vertebral, que, ao longo do tempo, podem provocar a

DLC46.

Um sistema de controle da estabilidade da coluna vertebral foi

descrito por Panjabi11, baseado em três subsistemas de participação: o neural

(controle central – sistema nervoso central recebe as informações e planeja as

respostas coordenadas dos músculos para estabilidade); o ativo (músculos) e o

passivo (ligamentos, discos e vértebras). De acordo com esse sistema, quando

um subsistema é acometido, os demais também são, seja causado por

disfunções dos subsistemas passivo ou ativo (músculos paravertebrais e

abdominais, por exemplo)11,46.

Isso mostra que a interrelação entre esses subsistemas e o bom

funcionamento dos mesmos estão diretamente relacionados: à estabilidade da

coluna vertebral, e consequentemente, à postura e ao controle postural; e

também, à atividade neuromuscular. Dessa forma é importante a realização de

uma avaliação mais apurada e fidedigna dos aspectos físicos e fisiológicos

relacionados.

3.4.1 ELETROMIOGRAFIA

Definida como o registro da atividade elétrica dos músculos, a

eletromiografia (EMG) é feita por meio dos eletrodos de superfície (posicionados

sobre a pele) ou de modo intramuscular. O somatório de várias séries de

potencial de ação das unidades motoras (UM) dentro das fibras musculares,

durante a contração muscular, constitui o sinal eletromiográfico47.

A análise do sinal da EMG pode ser feita tanto no domínio

temporal como em frequência. Quanto ao domínio do tempo, a medida mais

usada é a amplitude do sinal da EMG, chamada de Root Mean Square (RMS);

que permite quantificar a magnitude de ativação de um grupo muscular, e é

sensível ao aumento de disparos das UMs sendo recrutadas47,48. Em geral, a

medida que a força aumenta, durante uma contração voluntária isométrica

máxima, a amplitude do sinal da EMG também aumenta, caracterizando então a

relação EMG-força. A medida EMG em RMS é geralmente a mais utilizada para

quantificar fisiologicamente estes mecanismos de força muscular47. Já o domínio

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em frequência é a energia contida no espectro de potência do sinal EMG durante

uma contração voluntária; e é sensível à fadiga muscular, mudanças no

recrutamento das UMs e mudanças da posição dos eletrodos em relação às

fibras musculares ativas48.

A avaliação da atividade muscular, realizada pela EMG, pode se

tornar clinicamente mais aceitável com a utilização de esforço submáximo,

principalmente em indivíduos com dor lombar49. A EMG independe do esforço

do sujeito, portanto, é mais representativa da capacidade verdadeira; além de

ser de suma importância para a avaliação da função muscular, e de fornecer

subsídios biomecânicos e fisiológicos que norteiam as tomadas de decisões

clínicas48. Uma diminuição nos impulsos proprioceptivos dos músculos do tronco

resulta em atrasos na ativação muscular; em consequência, uma maior oscilação

postural e um atraso no tempo de resposta muscular50,51.

3.4.2 PLATAFORMA DE FORÇA

A plataforma de força é um instrumento de alta tecnologia

constituído por placas rígidas e sensores de força (célula de carga ou sensor de

carga piezoelétrico), considerado padrão ouro para análise do controle postural,

e que pode revelar de forma direta os mecanismos biomecânicos e

neuromusculares como: força de reação do solo; momentos de força das

articulações; ajustes posturais (em velocidade e frequência de oscilação do

Centro de Pressão - COP) e estabilidade postural (manutenção do equilíbrio).

Sua principal medida é a posturografia, que mede e quantifica as oscilações do

corpo durante a postura ereta quieta ou durante tarefas de equilíbrio na postura

em pé46.

Seus dados derivam de sinais elétricos detectados pelos

sensores, que após amplificados são registrados em um computador; e suas

variáveis mais comumente analisadas, bem como no presente estudo, são: COP

(ponto de aplicação da resultante das forças verticais; em cm2); e sua derivada,

Velocidade de oscilação do COP (rapidez que o COP se desloca; em cm/s)9,46.

Um bom controle postural é essencial para a realização de

atividades de vida diárias e profissionais, como sustentação de carga externa ao

corpo, por exemplo9. A principal e mais completa forma de avaliação do controle

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postural (que é importante para a manutenção de posturas e atividades, e

responsável pela programação e restauração do estado de equilíbrio) é a

plataforma de força (instrumento padrão ouro para essa investigação)46.

Segundo Shigaki et al9, é preciso entender os efeitos da

sustentação de cargas externas em adultos para evitar a incidência ou o

agravamento das dores lombares, como resultado de sobrecargas repetitivas ou

prolongadas; e seus resultados mostraram que a sustentação de cargas

externas aumenta a instabilidade postural9,52. Outras características e alterações

causadas pela DLC foram apresentadas anteriormente (item 3.2).

3.5 TERAPIA MANUAL E OSTEOPATIA NO TRATAMENTO DA DOR LOMBAR

A fisioterapia destaca-se como uma das melhores opções de

tratamento para a dor lombar especialmente pelo grande número de recursos

que ela disponibiliza. Dentre esses recursos encontra-se a terapia manual,

considerada uma das mais importantes e eficazes frentes de atuação da

fisioterapia e que vem ajudando e muito na evolução da profissão, principalmente

com o aumento do número de evidências científicas publicadas nos últimos

anos13-15,53-56. Um bom exemplo disso é a indicação da terapia manual para o

tratamento da dor lombar pelos Guidelines57, que são diretrizes de atuação

clínica baseadas e sustentadas em evidências científicas.

Compondo a grande diversidade da terapia manual encontra-se

a Osteopatia, uma especialidade da fisioterapia, que é um sistema de avaliação

e tratamento manual, voltado para a globalidade do indivíduo e que visa

principalmente, restabelecer: a mobilidade, a função e o equilíbrio das estruturas

corporais (tecidos e órgãos)58. A Osteopatia é composta por diversas técnicas

manuais para a realização dos tratamentos, entre elas a técnica Alta-Velocidade

Baixa-Amplitude (AVBA) e a técnica de Músculo Energia.

A primeira técnica (AVBA) utiliza um impulso de alta velocidade

que é aplicado em uma articulação sinovial em uma pequena ou curta amplitude,

como o próprio nome sugere59. É uma técnica mais enérgica, passiva,

caracterizada por um impulso curto e rápido, aplicado próximo ao final da

amplitude de movimento (ADM) passiva ou fisiológica da articulação13. Ao final

de sua aplicação pode ocorrer um evento intra-articular denominado "cavitação",

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que é o termo usado para descrever a formação e atividade de bolhas (ou

cavidades) dentro do fluido através da redução local da pressão59,60. Seu

mecanismo de redução da dor é muito especulado e duas hipóteses são mais

citadas: a) manipulação articular ativaria mecanorreceptores capsulares que

inibiriam as aferências nociceptivas (ao nível medular) proporcionando um alívio

da dor, de acordo com a teoria de portão da dor de Melzack e Wall (1965)61,62;

b) a distensão capsular decorrente da manipulação articular reduziria o edema

intra-articular e aumentaria a ADM, diminuindo assim a dor62,63.

A técnica de Músculo Energia é uma técnica ativa/passiva, mais

suave, caracterizada por contrações voluntárias do paciente, em direções

controladas, contra uma resistência do terapeuta, seguida do relaxamento

associado a um leve estiramento dessa mesma musculatura15. Esta técnica

pertence à uma classe de técnicas osteopáticas de manipulação de tecidos

moles, projetadas para melhorar a função musculoesquelética e reduzir a dor64.

O sucesso da aplicação desta técnica depende de um diagnóstico exato, um

posicionamento preciso da articulação ou músculo, uma contração muscular

adequada e um controle, também preciso, da modificação na amplitude de

movimento14.

Existem semelhanças entre a Músculo Energia e outros

procedimentos utilizados pela fisioterapia, tais como a facilitação neuromuscular

proprioceptiva (FNP)64. Ambas se baseiam no mecanismo fisiológico da inibição

recíproca, onde a contração de um músculo inibe ou diminui a excitabilidade dos

motoneurônios que inervam o músculo antagonista64,65.

Diversos trabalhos demonstram a eficácia do TMO nas dores

lombares15,31,53,62,66,67. Além disso, a Osteopatia é reconhecida e recomendada

pela Organização Mundial de Saúde para o tratamento eficaz de disfunções

neuro-musculoesqueléticas, das quais a dor lombar faz parte.

De acordo com a literatura a técnica AVBA poderia trazer os

melhores resultados, pois é eficaz na redução da dor e incapacidade68,69, tem

efeito imediato sobre mecanismo da dor a nível central61,62,70, e é segura e bem

aceita pelos pacientes71. Todavia, a Músculo Energia (que é semelhante e possui

as mesmas bases fisiológicas da FNP), também poderá trazer benefícios para o

paciente, visto que, tanto a Músculo Energia quanto a FNP são, amplamente e

há muito tempo, utilizadas pela fisioterapia em seus tratamentos.

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27

3.6 JUSTIFICATIVA

Poucos estudos investigaram e compararam quantitativamente

as respostas fisiológicas da aplicação das técnicas manipulativas osteopáticas

AVBA e Músculo Energia, cujas eficácias já foram demonstradas em outras

situações62; porém, nenhum estudo publicado comparou os efeitos destas em

indivíduos com dor lombar no que se refere aos sintomas, mobilidade, postura,

equilíbrio e ativação muscular.

Assim, é importante a realização do presente estudo para o

preenchimento de algumas lacunas da literatura sobre o assunto, pois seus

resultados poderão contribuir no avanço do conhecimento científico na área da

reabilitação, além de ajudar os fisioterapeutas nas tomadas de decisões clínicas

relacionadas ao tratamento da dor lombar e outras disfunções do sistema neuro-

musculoesquelético.

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4 ARTIGO

Comparação entre Alta-Velocidade Baixa-Amplitude e Músculo Energia na

dor, função e no padrão neuromuscular do tronco em trabalhadores com

dor lombar crônica

Comparison between High-velocity low-amplitude and Muscle Energy on pain,

function, and trunk neuromuscular pattern in male workers with chronic low

back pain

Leandro A. Sturion1,2, Alexandre H. Nowotny1,2, Nelson A. Shirabe1,2, Pablo E.A.

Souza1, Fabrice Barilec3, Gilles Barette3, Karen B.P. Fernandes1,2, Rubens A. da

Silva1,2

1Health Science Research Center, Laboratory of Functional evaluation and

human motor Performance (LAFUP), University of Northern Paraná (UNOPAR),

Londrina, Paraná, Brazil;

2Master’s and Doctoral Programs in Rehabilitation Sciences, UEL/UNOPAR,

Londrina, Paraná, Brazil;

3Théma Formation, Paris, France.

Autor correspondente: Rubens A. da Silva, Laboratório de Avaliação Funcional e Performance motora humana (LAFUP) Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) Av. Paris, 675, Londrina-PR, Brasil CEP 86041-120. Tel: 55 (43) 3371-7700 #7990 | Fax: 55 (43) 3371-7721 Email: [email protected] Conflito de interesse Os autores do presente estudo afirmam que não houve conflito de interesse referente a esta pesquisa.

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Comparação entre Alta-Velocidade Baixa-Amplitude e Músculo Energia na

dor, função e no padrão neuromuscular do tronco em trabalhadores com

dor lombar crônica

RESUMO Introdução: A dor lombar crônica (DLC) pode comprometer o controle motor e alterar os padrões de ativação neuromuscular do tronco de trabalhadores ativos. Este estudo objetivou avaliar o efeito de duas técnicas osteopáticas (AVBA – Alta-Velocidade Baixa-Amplitude; ME – Músculo Energia) nos sintomas clínicos e nas respostas de controle neuromuscular do tronco de trabalhadores homens com DLC. Métodos: Este ensaio clínico randomizado cruzado avaliou 10 trabalhadores ativos com DLC, com idade média de 44,4 anos, em três tempos: 1) Pré-intervenção, 2) Imediato (logo após a 1ª intervenção), e 3) 15 dias (3ª intervenção); utilizando questionários clínicos (intensidade da dor, incapacidades, medos e crenças), teste de Schober (mobilidade), eletromiografia (ativação neuromuscular) e plataforma de força (equilíbrio postural). Cada grupo (AVBA ; ME), com 5 pacientes, recebeu 3 tratamentos (1x semana) com sua técnica correspondente (AVBA; Músculo Energia). Após uma semana de intervalo (washout) os participantes receberam o mesmo protocolo de avaliação e aplicação da técnica subsequente (modelo cruzado). Resultados: Ambas as técnicas apresentaram redução significante (P<0,01) da dor no tempo 2 (AVBA= 26% ; ME = 39%) e tempo 3 (AVBA = 52% ; ME = 73%). Os questionários e a mobilidade apresentaram melhora (diferenças clínicas detectáveis), porém, não significantes. A ativação neuromuscular e o equilíbrio postural também não apresentaram efeito significante. Conclusão: Ambas as técnicas de tratamento manipulativo osteopático (AVBA e ME) foram eficazes para reduzir a dor lombar de maneira imediata e após 15 dias de intervenção, e melhoraram a mobilidade. Por outro lado, as técnicas não alteraram o padrão de ativação neuromuscular do tronco nem o equilíbrio postural durante tarefas com e sem carga externa ao tronco. Palavras-chave: Dor Lombar; Fisioterapia; Tratamento Manipulativo Osteopático (TMO); Eletromiografia (EMG); Equilíbrio Postural.

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30

Comparison between High-velocity low-amplitude and Muscle Energy on

pain, function, and trunk neuromuscular pattern in male workers with

chronic low back pain

ABSTRACT Introduction: Chronic low back pain (CLBP) can compromise motor control and change trunk neuromuscular activation patterns in active workers. The purpose of this study was to evaluate the effect of two osteopathic manipulative treatment techniques (HVLA and Muscle Energy) in clinic symptoms and trunk neuromuscular control responses in adult male workers with CLBP. Methods: This randomized crossover trial evaluated 10 adult male workers (mean age: 44,4 years old) with CLBP, in three times: 1) Baseline; 2) Immediate (post 1st technique application); and 3) 15 days (post 3rd intervention). A 0 to 10 numeric pain rating scale and McGill pain questionnaire measured pain intensity. Clinic questionnaires also were used Roland Morris (disability) and Fear-Avoidance Beliefs. The Schober’s test measured de lumbar spine mobility. In addition, a electromyography (EMG) and a force platform (balance tasks with and without extra load in the trunk) measured the neuromuscular activation and postural balance, respectively. Each group (HVLA; ME) received only one of techniques. Three 1-week intervention for each technique (HVLA and Muscle Energy) with 1-week washout between were performed. The participants received the same assessment protocol according the other technique application (crossover model). Results: Both techniques were significant (P<0,01) to immediate and post 15 days pain reduce (HVLA = 26% immediate and 52% post 15 days; ME = 39% immediate and 73% post 15 days). The other variables did not present significant results, but their clinical differences indicated an improvement. No significant effect post-intervention in both groups were presented for neuromuscular activation and postural balance with and without extra load. Conclusion: Both osteopathic manipulative techniques (HVLA and Muscle Energy) were effective to immediate and post 15 days low back pain reduce. On the other hand, the techniques did not change the trunk neuromuscular activation patterns neither postural balance during the tasks with and without extra load in the trunk). Keywords: Low Back Pain; Physical Therapy Specialty; Osteopathic Manipulative Treatment (OMT); Electromyography (EMG); Postural Balance.

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INTRODUÇÃO

A dor lombar crônica (DLC) não específica é uma afecção muito comum

e um dos maiores problemas de saúde pública mundial1. Consequentemente,

pode levar à incapacidades por longo prazos e ausência no trabalho2,3, e ainda,

é uma das mais importantes causas de absenteísmo em trabalhadores adultos4.

Dentre os trabalhadores com DLC, a prevalência pode alcançar 27,1% em

mulheres e 24,5% nos homens5. Dos trabalhadores homens com 35-55 anos de

idade, 27,8% relatam repetidas ou antigas dores lombares6. Visto a escassez da

literatura sobre esta faixa etária e a prevalência de dor lombar em trabalhadores

de ambos os sexos, o presente estudo se deterá na população de homens (35-

55 anos) ativos no marcado de trabalho, para diminuir a interferência hormonal

e/ou do ciclo menstrual ao longo do estudo, conforme o tratamento proposto por

técnicas manipulativas.

A DLC também pode estar associada ao comprometimento do controle

motor e ao aumento da instabilidade postural7, e indivíduos com esta disfunção

apresentam padrões diferentes de ativação neuromuscular do tronco: maior ou

menor ativação dos músculos anteriores e posteriores da coluna vertebral

(hiperatividade e hipoatividade, respectivamente)8. Para melhor compreender o

problema, Van Dieen et al.8 estudaram o comportamento neuromuscular do

tronco e propuseram uma explicação que depende do padrão de ativação (hiper

ou hipo) dos músculos do tronco: o comprimentimento lombar, por um estado de

dor reflexa por espamos musculares, diminui o recrutamento dos músculos do

tronco (hipoativação)8.

Já para Panjabi9,10, a instabilidade mecânica da coluna vertebral leva a

uma má coodenação motora e a um aumento da ativação desses músculos

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(hiperativação), para preservar a estabilidade da coluna durante às atividades

funcionais. Isto pode levar à fadiga muscular, a compressão das estruturas

passivas e à dor. Esses dois modelos auxiliam no entendimento de quais seriam

os fatores causais e de repetição da dor para a variabilidade de sintomas entre

os pacientes. Instrumentos de alta-tecnologia, que quantificam as respostas de

controle neuromuscular do tronco, podem ser usados para avaliar esses

modelos, tais como a plataforma de força e a eletromiografia (EMG).

A fisioterapia, uma das melhores opções no tratamento da dor lombar,

dispõe de vários recursos, dentre eles a Osteopatia, que é composta por técnicas

manipulativas como: a técnica de Alta-Velocidade Baixa-Amplitude (AVBA) e a

técnica de Músculo Energia. A primeira é uma técnica passiva, aplicada próximo

do final da amplitude de movimento (ADM) articular11. Já a técnica de Músculo

Energia é uma técnica ativa/passiva, caracterizada por contrações voluntárias

do paciente12,13.

Vários trabalhos científicos demonstram a eficácia do Tratamento

Manipulativo Osteopático (TMO) em pacientes com dores lombares13-18. Porém,

sabe-se muito pouco sobre as repercussões fisiológicas e neuromusculares da

aplicação dessas técnicas em trabalhadores com DLC; e poucos estudos

investigaram e compararam quantitativamente a aplicação das técnicas AVBA e

Músculo Energia nestes trabalhadores, no que se refere aos sintomas clínicos,

à mobilidade musculoesquelética, à postura, ao equilíbrio postural e ao padrão

de ativação dos músculos do tronco.

Sendo assim, a realização do presente estudo justifica-se por preencher

lacunas da literatura sobre o assunto, e por contribuir para o avanço do

conhecimento científico na área da reabilitação física com base nas tomadas de

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decisões clínicas, relacionadas ao tratamento da dor lombar por meio da

aplicação de técnicas de TMO, em pacientes com disfunções da coluna lombar.

O principal objetivo deste estudo foi comparar o efeito de duas técnicas

de TMO (AVBA e Músculo Energia) nas respostas de controle neuromuscular do

tronco e nos sintomas clínicos de trabalhadores adultos homens com dor lombar

crônica. A hipótese é que ambas as técnicas sejam benéficas para a redução

dos sintomas clínicos dos indivíduos, como a dor. Para o comportamento de

controle neuromuscular do tronco, a hipótese é que a técnica de Músculo

Energia, por trabalhar com base da facilitação neuromuscular19,20 forneça

melhores resultados do que a AVBA, caso exista uma alteração de controle do

tronco.

MÉTODO

Trata-se de um ensaio clínico randomizado cruzado (crossover), realizado

no Laboratório de Avaliação Funcional e Performance motora humana (LAFUP)

da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR – Unidade Piza, no município de

Londrina, Paraná, Brasil. O trabalho foi conduzido de acordo com a Resolução

466/12 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Instituição (Parecer nº 1.626.690). O protocolo de pesquisa foi

registrado no ClinicalTrials.gov (NCT02983435). Todos os participantes,

voluntários, foram informados sobre os objetivos e metodologia da pesquisa e,

estando de acordo, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

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34

Amostra

Uma amostra de 10 homens voluntários com DLC, trabalhadores ativos,

com idade entre 35 e 55 anos, participou do estudo durante o segundo semestre

do ano de 2016. Eles foram recrutados por conveniência, na comunidade local,

por meio de contatos telefônicos. A Figura 1 mostra o fluxograma de

recrutamento e desenho do estudo. Os critérios de elegibilidade para incluir os

participantes foram: apresentar dor lombar ou lombossacral sem irradiação para

membros inferiores (MMII); apresentar dor crônica – dor cotidiana ou quase-

cotidiana durante os últimos três meses; apresentar dor lombar de origem

mecânica (muscular/estruturas passivas) desconhecida; não estar participando

de programas de reabilitação; não ter praticado atividade física regular nos

últimos 3 meses. Os critérios de exclusão do estudo foram: não apresentar sinais

de “bandeira vermelha” para a terapia manual (ex. tumores, osteoporose, fratura

vertebral, hérnia discal, osteomielite espinhal, espondilite anquilosante, artrite

reumatoide, síndrome da calda equina, histórico de uso prolongado de

corticosteroides, etc.); não ter histórico de cirurgia lombar ou do aparelho

locomotor; não apresentar qualquer tipo de doença neurológica,

cardiorespiratória e/ou ortopédica de alta gravidade; e não apresentar desordem

psiquiátrica e/ou distúrbios de atenção e fala15,21-25.

Randomização

Um avaliador não envolvido no estudo, responsável pela aleatorização

dos grupos, gerou uma ordem (sequência) pelo random.org e a distribuiu em

envelopes lacrados e opacos. Após este processo, cada participante foi alocado

para seu grupo de intervenção correspondente: (1) Grupo AVBA e (2) Grupo

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Músculo Energia (ME). Os participantes não foram cegos devido à natureza da

intervenção; e todos receberam a aplicação da técnica correspondente ao seu

respectivo grupo e no nível vertebral da disfunção aparente, determinado após

avaliação vertebral específica, descrita adiante.

Figura 1. Fluxograma – CONSORT.

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Instrumentação e Medidas

Na avaliação inicial, todos os participantes responderam a um

questionário com características demográficas, sintomáticas de dor na coluna

vertebral e sobre suas atividades laborais. A duração dos sintomas, em meses,

foi dividida em 3 categorias (24-36; 40-120; 150-360 meses), de acordo com os

relatos dos participantes.

O tipo de atividade laboral também foi dividido em 3 categorias, seguindo

o exemplo de Langevin et al.26, porém, consideramos a posição predominante

de trabalho e o esforço necessário para realizá-lo: Trabalho em escritório

(sentado – sem sustentação de carga); Trabalho físico leve (em pé e sentado –

sem sustentação de carga); Trabalho físico pesado (agachado e ajoelhado – com

sustentação e transporte de carga).

Sintomas clínicos

Questionários validados foram utilizados para avaliar os sintomas clínicos

dos participantes. A dor foi avaliada por meio da Numeric Pain-Rating Scale

(NPRS), que é uma escala de 11 pontos, cuja pontuação varia de 0 (zero -

nenhuma dor) a 10 (dez - pior dor imaginável). O avaliador questionava o

participante da seguinte forma: “Em uma escala de 0 a 10, onde 0 corresponde

à nenhuma dor e 10 à pior dor imaginável, avalie a intensidade da sua dor lombar

neste momento”26. A dor também foi avaliada por meio da versão curta do

questionário McGill (Short Form – McGill Pain Questionnaire (SF-MPQ)). Este

questionário contém 15 descritores da sensação da dor (11 sensoriais; 4

afetivos) com 4 possíveis graduações (0-nenhuma a 3-severa). O somatório das

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37

respostas indicadas pelo avaliado resulta numa pontuação de 0 a 45, que

corresponde à pior sensação da dor27.

Os sintomas psicossomáticos foram avaliados por meio do questionário

de medo e crenças (FABQ Brasil)28. Este questionário é composto por 16 itens

divididos em dois tópicos: sintomas relacionados aos aspectos físicos (FABQ-

Phys) e ao trabalho (FABQ-Work), e sua pontuação varia de 0-24 (FABQ-p) e de

0-42 (FABQ-w) respectivamente. A maior pontuação reflete maior medo e crença

do indivíduo relacionada às atividades físicas e/ou ocupacionais.

A capacidade funcional de forma subjetiva foi avaliada por meio do

questionário de Roland Morris (RMDQ). Este questionário também foi traduzido

e validado para versão brasileira como os demais29. Existem 24 itens em uma

lista que relaciona as capacidades funcionais do paciente frente aos sintomas de

dor lombar. Sua pontuação varia de 0-24, e quanto maior a pontuação obtida

maior é a influência da dor lombar nas capacidades funcionais ou indicador de

maior incapacidade.

Além de uma anamnese clínica, todos os participantes realizaram o teste

de mobilidade do tronco de Schober para determinar a flexibilidade funcional do

segmento frente a dor30,31. O teste é simples e não-invasivo31, e avalia restrições

de movimentos lombares30 através de marcações demográficas: sobre a

articulação lombo sacral (unindo as espinhas ilíacas póstero-superiores) e 10 cm

acima; a distância entre estas marcações, na posição ereta, é anotada; em

seguida, o participante realiza uma flexão máxima de tronco (membros inferiores

estendidos) e o avaliador mede a nova distância entre os pontos e registra a

diferença entre as marcas pelo melhor score de alcance do paciente com relação

ao solo30,31.

Page 39: COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO ... · Isaías 43:5 . STURION, Leandro Amaral. Comparação entre duas técnicas de Tratamento ... Tabela 1 – Efeito da aplicação

38

A escolha deste teste se fez por ser de fácil aplicação, barato,

amplamente utilizado no contexto clínico, quando comparado aos instrumentos

de alta tecnologia como inclinômetros ou acelerômetros. Embora de não

quantificação fisiológica por de meios sinais biológicos, o teste de Schober tem

se mostrado confiável na avaliação da flexibilidade do tronco para algumas

condições30,32.

As avaliações e as medidas de movimento lombar são importantes

indicadores do nível de comprometimento dos indivíduos com dor lombar32; as

técnicas osteopáticas também têm por objetivo melhorar a mobilidade das

vértebras em disfunção.

Avaliação específica do nível vertebral

Dois fisioterapeutas experientes, especialistas em Osteopatia, ambos

com mais de dez anos de formação e experiência no tratamento osteopático da

dor lombar, realizaram a avaliação específica (seguindo o modelo

osteopático13,33,34) do nível vertebral lombar (L1-L5) que se apresentava em

disfunção (menor mobilidade) e na qual deveria ser manipulado. Cada terapeuta

ficou responsável pela intervenção de um dos grupos.

Padrão de ativação neuromuscular do tronco (eletromiografia)

O padrão de ativação neuromuscular do tronco foi avaliado por meio da

eletromiografia (EMG). O sinal da EMG foi capturado com seis eletrodos de

superfície ativos pré-amplificados (gain: 1000) e filtrados em uma banda-

passante entre 25 e 450 Hz, com uma frequência de amostragem de 2000 Hz,

por meio do sistema Bagnoli-8 EMG System (Delsys Inc., Wellesley, MA, USA).

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39

Após a tricotomia e limpeza da pele, os eletrodos foram posicionados,

bilateralmente, de acordo com a orientação das fibras musculares dos músculos

alvo: reto abdominal (RABD); ílio-costal ao nível de L3 (ILC-L3) e multífidos ao

nível de L5 (MU-L5), ambos paravertebrais, como proposto pelo Guia Surface

EMG for Non-Invasive Assessment of Muscles (SENIAM)35 e como realizado no

procedimento de Larivière e colaboradores36,37. Pela dificuldade em capturar o

sinal dos multífidos com eletrodos de superfície, atribuímos a validade do sinal

EMG ao local do ponto de referência e não ao próprio músculo. O eletrodo de

referência (eletrodo terra ou ground) foi posicionado no processo espinhoso da

sétima vértebra cervical (C7)35. Depois de instalados, os eletrodos foram

retirados somente ao final da reavaliação imediata para evitar viés.

Um procedimento de normalização por meio da contração voluntária

máxima (CVM) foi realizado para permitir o cálculo do percentual de ativação

neuromuscular do tronco e, por conseguinte, a comparação entre os dois grupos

antes e após intervenção. Para a avaliação da CVM, primeiramente os

participantes foram posicionados em decúbito dorsal com membros inferiores

fletidos sobre uma maca clínica para a mensuração da atividade neuromuscular

abdominal (RABD). Cada participante foi estabilizado por duas cintas, nas quais

estabilizam os pés e o tronco (Figura 2a). Para mensurar a atividade

neuromuscular dos músculos paravertebrais (MU-L5 e ILC-L3), o participante

permaneceu em decúbito ventral sobre a maca. Os participantes eram

estabilizados por meio de cintas na região do tronco e tornozelos, como mostra

a Figura 2b (adaptado de: da Silva et al. 2005)38.

Em cada uma das posições, os participantes foram orientados e

estimulados (comandos verbais) a elevarem seus troncos com o máximo de

Page 41: COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO ... · Isaías 43:5 . STURION, Leandro Amaral. Comparação entre duas técnicas de Tratamento ... Tabela 1 – Efeito da aplicação

40

força possível em contração isométrica contra resistência da cinta. Foram

realizadas duas contrações voluntárias máximas de 5 segundos cada para

ambos os grupos musculares, com um intervalo de um minuto entre as

contrações23. Caso o participante relatasse um aumento da dor durante a fase

de sustentação do tronco, a CVM seria interrompida. Durante os cincos

segundos da CVM, uma análise da amplitude do sinal (Pico em Root Mean

Square, chamado de: RMSCVM) foi calculado com janelamentos de 100ms para

cada grupamento muscular, para fins de normalização.

Figura 2a. Posicionamento e estabilização durante a mensuração da atividade neuromuscular abdominal (RABD). 2b. Posicionamento e estabilização durante a mensuração da atividade neuromuscular paravertebral (MU-L5 e ILC-L3). Fonte: Autor.

Durante as tarefas de apoio bipodal com e sem manutenção da carga

externa ao tronco sobre uma plataforma de força, durante 60 segundos

(procedimentos descritos abaixo), a atividade da EMG, para ambos os grupos

musculares, foi computada por meio da média de ativação em amplitude RMS

durante essas tarefas (chamada de: RMSMEAN-TAREFA), igualmente por

janelamentos de 100ms.

O tratamento destes dados coletados utilizou os primeiros 30 segundos

do tempo total da tarefa, para evitar os efeitos de fadiga muscular no

2b 2a

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41

procedimento de normalização. O programa EMG work analysis da Delsys

system (Version 4.0, Delsys, MA, USA) foi utilizado para realizar todo o

processamento de dados da EMG. As atividades neuromusculares das tarefas

foram normalizadas pelo pico RMS calculado durante a CVM de cada grupo

muscular, como segue na equação abaixo38,39:

Equação: %RMS (nível de ativação muscular) = [ (RMSMEAN-TAREFA / RMSCVM) x 100% ]

Equilíbrio postural estático (plataforma de força)

Para avaliar o equilíbrio postural estático com e sem a presença de uma

carga externa ao tronco7, foi utilizada uma plataforma de força BIOMEC 400

(EMG System do Brasil, SP Ltda.)40. Todos os sinais de força registrados pela

plataforma, sincronizados com a eletromiografia, foram coletados numa

frequência de amostragem de 100Hz. Os dados foram filtrados por um filtro de

banda-passante baixo de segunda ordem (Butterworth filter - 35 Hz) para

eliminar os ruídos elétricos.

Para aquisição e tratamento dos parâmetros de equilíbrio nas duas

condições experimentais: com e sem carga, foi utilizado o próprio software

Bioanalysis da plataforma BIOMEC 400, compilado com rotinas de computação

de análises MATLAB (The Mathworks, Natick, MA). Os principais parâmetros de

equilíbrio baseados no Centro de Pressão (COP) computados foram: a área

elipse 95% de deslocamento do COP (A-COP cm2) e a Velocidade média (VEL

cm/s) das oscilações do COP nas direções do movimento: anteroposterior (A/P)

e médio-lateral (M/L)41.

Após familiarização, a ordem das tarefas (apoio bipodal sem carga e com

carga) foi definida por sorteio. Ambas as tarefas foram executadas em uma

tentativa de no máximo 60 segundos, com três minutos de intervalo. O protocolo

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de equilíbrio para as duas tarefas consistiu em: posicionar o participante sobre a

plataforma de força com pés descalços e paralelos, olhos abertos e fixos em um

alvo posicionado ao nível dos olhos e dois metros à sua frente, braços estendidos

ao lado do tronco (tarefa sem carga)40.

Na tarefa de apoio bipodal com carga o participante sustentou (com os

ombros em posição neutra e os cotovelos semi-flexionados) uma caixa pesando

10% de sua massa corporal o mais próximo ao seu tronco anterior7 (Figura 3).

Os participantes poderiam interromper o teste a qualquer momento, caso não

conseguissem manter o tempo máximo de 60 segundos devido à dor ou à própria

incapacidade muscular; o tempo-limite em segundos foi registrado. Antes e após

a tarefa com carga o participante relatou sua fadiga subjetiva através da escala

de Borg CR-10 proposta por Dedering e colaboradores42.

Simultaneamente, o registro das medidas da plataforma de força e da

EMG foram computados para determinar os parâmetros de equilíbrio e o padrão

de ativação neuromuscular do tronco em amplitude do sinal RMS38,39,43,44.

Figura 3. Apoio bipodal com carga. FONTE: Autor.

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43

Intervenção

Após a aplicação dos questionários, avaliação clínica e vertebral (descrita

abaixo), iniciou-se a intervenção para ambos os grupos. As intervenções

ocorreram uma vez por semana, ou seja, uma aplicação da técnica por semana,

durante um tempo total de 7 semanas de estudo, no modelo crossover.

Este período pode ser divido em 3 momentos: A) aplicação de uma das

técnicas (3 semanas consecutivas); B) uma semana de intervalo (washout) 45,46

– sem atendimento; C) aplicação da outra técnica (3 últimas semanas, também

consecutivas) (Figura 4). O washout é um período de tempo importante no

estudo cruzado, pois permite que os desfechos medidos reflitam com maior

precisão cada tratamento, isoladamente46.

Figura 4. Descrição do modelo intervencionista do estudo Crossover.

Semana Procedimentos

Mo

me

nto

A)

Semana 1

(inicial)

- Avaliação Inicial (Tempo 1)

- Intervenção

- Reavaliação imediata (Tempo 2)

Semana 2 - Intervenção

Semana 3 - Intervenção

- Reavaliação final (Tempo 3)

Mo

me

nto

B) Semana 4 Intervalo (whashout)

Mo

me

nto

C)

Semana 5

(inicial)

- Avaliação Inicial (Tempo 1)

- Intervenção

- Reavaliação imediata (Tempo 2)

Semana 6 - Intervenção

Semana 7 - Intervenção

- Reavaliação final (Tempo 3)

Obs.: Exemplo da intervenção para o grupo ME: Momento A) aplicação da técnica de Músculo Energia; Momento C) aplicação da técnica AVBA.

Page 45: COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO ... · Isaías 43:5 . STURION, Leandro Amaral. Comparação entre duas técnicas de Tratamento ... Tabela 1 – Efeito da aplicação

44

As avaliações e reavaliações foram realizadas em 3 tempos distintos, em

cada um dos momentos de intervenção (Momento A e C), sendo eles: Tempo 1

(avaliação inicial ou baseline); Tempo 2 (reavaliação imediatamente após a

primeira aplicação da técnica); e Tempo 3 (reavaliação final; 15 dias após a

avaliação inicial, ou seja, depois da terceira aplicação da técnica). Os

participantes foram orientados a evitar a realização/execução de tarefas ou

atividades diferentes das suas habituais durante todo o período do estudo (7

semanas).

Aplicação das Técnicas

A técnica AVBA foi conduzida por um dos terapeutas especializados, da

seguinte forma33,47: participante em decúbito lateral; terapeuta a sua frente

estende o membro inferior apoiado na maca e flexiona o outro membro inferior

até o nível da vértebra alvo, roda o tronco superior para trás até sentir o

movimento na mesma vértebra; e ao final da amplitude de movimento aplica o

impulso em alta velocidade e baixa amplitude (Figura 5). Diferentemente do

trabalho de Rabin (2014)47, neste estudo a técnica foi executada uma vez em

cada encontro.

A técnica de Músculo Energia foi aplicada pelo outro terapeuta

especializado, da seguinte forma13,19: participante em decúbito lateral; terapeuta

a sua frente flexiona o tronco superior até a vértebra alvo, flexiona o tronco

inferior e depois roda o tronco superior até o nível da mesma vértebra, inclina

lateralmente a lombar (usando os pés do participante) até a vértebra alvo;

seguindo o comando, o participante realizou uma contração isométrica de 3-5

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45

segundos contra a mão do terapeuta, empurrando-a em direção ao chão (Figura

6); esse processo foi repetido 3 vezes.

Figura 5. Posicionamento da técnica Alta-Velocidade Baixa-Amplitude (AVBA). FONTE: Autor.

Figura 6. Posicionamento da técnica de Músculo Energia. FONTE: Autor.

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46

No presente estudo, ambas as técnicas foram executadas ao nível

vertebral lombar que apresentava a disfunção (hipomobilidade), diagnosticada

na avaliação específica descrita anteriormente. Após a intervenção, a

reavaliação imediata e final incluiu todas as medidas empregadas na avaliação

inicial, tais como: padrão de ativação neuromuscular do tronco (EMG), equilíbrio

(plataforma de força), e aspectos clínicos e funcionais (NPRS, SF-MPQ, RMDQ,

FABQ, Teste de Schober).

Análise Estatística

A distribuição de normalidade dos dados da amostra nas diversas

variáveis analisadas foi verificada por meio do teste de Shapiro Wilk e suportada

pelo teste de Levene para análise de variância. Estabelecida a normalidade, uma

análise de variância multivariada (MANOVA) foi empregada para cada variável

dependente para comparar os dois grupos (AVBA x ME), os efeitos dos tempos

(pré-intervenção, pós-imediato e após 15 dias) e os efeitos de interação para as

medidas de sintomas clínicos, padrão de ativação neuromuscular do tronco,

equilíbrio (com e sem carga no tronco) e mobilidade (Schober). Quando

necessário, o teste de Post hoc de Tukey foi empregado para localizar as

diferenças significantes entre os tempos (pré-, imediato- e pós-intervenção 15

dias). Também, a diferença clínica detectável entre as medidas pré- e pós-

intervenção 15 dias foi computada para ambas as técnicas e em todas as

variáveis dependentes analisadas no estudo. Quando necessário, o Effect Size

(ES) foi computado para determinar a magnitude da melhora. Todas as análises

estatísticas foram realizadas no programa estatístico SPSS (versão 20.0 para

Windows) com a significância adotada de 5% (p < 0,05).

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47

RESULTADOS

Por ser um estudo crossover, os mesmos sujeitos integraram os dois

grupos. A amostra apresentou inicialmente, em média, 44,4 anos de idade, peso

de 80,7 kg, e 173,5 cm de altura. Cinquenta por cento (50%) dos participantes

relataram possuir dores lombares há 24-36 meses, 30% há 40-120 meses e 20%

há 150-360 meses. Metade (50%) dos participantes trabalha quase que

exclusivamente sentado, 40% possui trabalho físico leve e 10% trabalho físico

pesado.

As características clínicas da amostra na avaliação inicial mostram que

ambos os grupos foram semelhantes nos sintomas clínicos durante o estudo,

independente do washout. Em relação ao nível da disfunção vertebral para

execução das técnicas, foi possível observar certa homogeneidade na

frequência relativa entre os grupos para os níveis L3 a L5 (em média AVBA e

ME = 20 a 30% da amostra), com exceção apenas para os níveis de L1 (AVBA

= 20% e ME = 0%) e L2 (AVBA = 10% e ME = 30%).

A Tabela 1 apresenta os efeitos das duas técnicas para as variáveis de

desfecho clínico, sendo para dor em três tempos (antes, imediato e após 15

dias). Ambas as técnicas de TMO foram significantemente (P<0,01; Tabela 1)

eficientes para a redução da dor conforme a escala numérica de imediato e após

15 dias de intervenção (AVBA = 26% imediato e 52% após 15 dias; enquanto

ME = 39% imediato e 73% após 15 dias). A diferença clínica detectável foi de

1,8 de melhora na dor para o grupo AVBA (ES d = 0,78 após 15 dias – grande

efeito), enquanto 2,8 para o grupo ME (ES d = 1,27 – efeito muito grande).

Embora sem apresentar significância estatística entre os tempos e grupos para

as demais variáveis, as diferenças clínicas detectáveis indicaram melhora nos

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valores dos questionários de incapacidades, medos e crenças, assim como no

teste de Schober para ambas as técnicas de aplicação (onde, após 15 dias,

grupo AVBA: ES d = 0,18; e grupo ME: ES d = 0,05 – ambos efeitos pequenos).

As Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados para o comportamento de

ativação neuromuscular do tronco e os parâmetros de equilíbrio postural durante

as tarefas de apoio bipodal sem e com carga de sustentação ao tronco.

Nenhuma diferença significante entre os grupos e nem entre os tempos de

intervenção foi observada para essas variáveis. Porém, no que se refere à

ativação neuromuscular, ambos os grupos apresentaram diferenças clínicas

detectáveis, como por exemplo, destacada para o músculo multífido (%MU-L5)

no qual houve aumento após 15 dias para AVBA (em média 2,1% para condições

com e sem carga) e ME (em média 1,2% para condições com e sem carga).

DISCUSSÃO

Este estudo avaliou o efeito da aplicação de duas técnicas de TMO,

AVBA e Músculo Energia, nos sintomas clínicos e padrão de ativação

meuromuscular do tronco de trabalhadores adultos homens com dor lombar

crônica. Nossa hipótese foi confirmada em partes. Melhora significante foi

encontrada para ambos os grupos somente na intensidade da dor, na qual a

diferença clínica detectável foi de 1,8 para o grupo AVBA, enquanto 2,8 para o

grupo ME (ES mais forte que do grupo AVBA).

No que concerne as demais variáveis, algumas diferenças clínicas foram

observadas, porém sem nenhuma diferença significante entre os grupos e os

tempos de intervenção. Nossa hipótese sobre a superioridade do ME contra

AVBA para as medidas de ativação neuromuscular foi refutada, em razão de

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49

nenhuma alteração encontrada para essas demais variáveis. Esses resultados

têm implicações diretas na prática clínica em virtude da escolha do terapeuta

quanto ao tipo de técnica osteopática, e do próprio paciente que poderá se

beneficiar de ambas as técnicas caso o intuito seja reduzir a dor lombar.

Em relação à literatura do assunto, este é o primeiro estudo que avaliou

e comparou ambas as técnicas em que concerne o padrão de ativação

neuromuscular do tronco frente à uma tarefa de equilíbrio e sustentação de

carga; no qual tem implicações ergonômicas importantes. Geralmente os

estudos de terapia manual avaliam a eficácia das técnicas considerando apenas

os aspectos de sintomas clínicos de dor e funcionalidade.

Hamilton et al.15 que avaliaram essas mesmas técnicas, porém em

coluna cervical, demonstraram resultados semelhantes entre elas para redução

da dor, o que está de acordo com o presente achado. Licciardone et al.48 também

apresentaram melhoras significantes após tratamento osteopático para DLC

durante 12 semanas. Outro estudo16 que utilizou essas técnicas (mas em

associação) também demostrou o efeito analgésico imediato da terapia manual

nos pacientes com DLC.

Diferentemente do presente estudo, Xia et al.17 encontraram melhoras

não somente na dor, mas também nas incapacidades funcionais (RMDQ) e nos

fatores psicossomáticos (FABQ), após quatro intervenções entre uma amostra

de homens e mulheres com dor lombar, trabalhadores e desempregados, com

idade entre 21-54 anos. A falta de diferenças apontadas para essas variáveis

dentro do presente estudo pode ser explicada pelas diferenças no desenho

experimental entre os estudos; e principalmente pelo tamanho e perfil da

amostra, uma vez que no presente somente 10 homens ativos no mercado de

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trabalho foram analisados. Os pacientes no baseline do estudo de Xia et al.17

eram mais graves também do que aqueles do presente estudo, no qual

apresentaram um escore baixo de incapacidade (RMDQ score = 9 em média),

pouco sintoma psicossomático (FABQ score = 14 em média) e moderada dor no

dia do teste em geral (Visual Analog Scale - VAS = 55mm em média).

Em que concerne o padrão de ativação neuromuscular do tronco e

equilíbrio, nenhum efeito de ambas as técnicas foi encontrado. Embora as

hipóteses que ambas as técnicas podem mediar o sistema sensório motor19,23, e

principalmente, a Músculo Energia que trabalha em paralelo a neurofisiologia da

facilitação neuromuscular19, o presente achado suporta que ambas não alteram

o controle postural e nem o recrutamento muscular frente à uma tarefa de apoio

bipodal com e sem sustentação de carga, durante um período de intervenção

imediata e 15 dias após.

É possível assim, que ambas as técnicas manipulativas durante este

estadiamento de tratamento não alterem os mecanimos de dor lombar quanto à

hipotividade dos músculos do tronco (caso um subgrupo de pacientes com

diagnóstico de dor reflexa por espamos musculares sejam identificados)8 como

a hiperatividade (caso mecanimos de instabilidade mecânica sejam o principal

fator causal ou consequente à disfunção). Certamente a combinação de terapia

manual com exercícios como apontandos nos Guidelines49 para DLC sejam as

melhores ferramentas para equilibrar as melhoras na dor, assim como, na

resposta neuromuscular do tronco. Neste sentido, os exercícios de controle

motor podem execer muito bem esse papel complementar49,50.

Vale ressaltar que outros estudos tais como Goertz et al.18 também

mostraram que a manipulação vertebral (AVBA), a curto prazo, não altera

Page 52: COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS DE TRATAMENTO ... · Isaías 43:5 . STURION, Leandro Amaral. Comparação entre duas técnicas de Tratamento ... Tabela 1 – Efeito da aplicação

51

significativamente as respostas de equilíbrio postural, assim como apontado no

presente estudo. Com relação à ativação neuromuscular do tronco, por ser o

primeiro estudo com essa metodologia, infelizmente não podemos extrapolar a

discussão além, embora esperava-se um efeito da Músculo Energia

principalmente pelo uso das bases neurofisiológicas19,20.

Destacamos aqui alguns pontos importantes destes achados referentes

aos aspectos neuromusculares. Os resultados imediatos após a aplicação das

técnicas foram praticamente iguais aos valores iniciais em ambas as tarefas

(com e sem carga), ou seja, as técnicas não criaram perturbações

neuromusculares. Assim, surge a reflexão sobre as recomendações clínicas que

são transmitidas aos pacientes (após as intervenções) para evitarem esforços

ou ações/atividades diferentes das usuais após aplicação de uma técnica

manipulativa.

Com relação a mobilidade, ambas as técnicas apresentaram melhoras

(diferença clínica detectável positiva), porém, não significativas. Mas ao

compararmos o Effect Size após 15 dias, notamos que o grupo AVBA apresenta

resultado 4 vezes maior que o grupo ME. Acreditamos que essa vantagem do

grupo AVBA (que recebeu a técnica AVBA) deve-se ao fato desta técnica ser

aplicada diretamente nas articulações11,51,52. Um trabalho que avaliou o

movimento da coluna vertebral, mas em ângulos, também mostrou melhora da

mobilidade após intervenção com técnicas manuais26. Talvez com uma amostra

maior, esses achados poderiam ser significantes.

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52

Implicações

As implicações deste estudo para o conhecimento científico da

Osteopatia é que, a curto prazo, ambas as técnicas apresentam melhoras

clínicas detectáveis, principalmente para dor. Além disso, mostra aos

fisioterapeutas que tanto uma quanto a outra técnica poderão ser aplicadas

quando necessárias, auxiliando assim os profissionais nas tomadas de decisões

clínicas e nas orientações relacionadas ao tratamento da dor lombar crônica em

trabalhadores.

Limitações

Este estudo apresenta algumas limitações. O n=10 amostral pode ser

um fator limitante para obtenção da significância para algumas variáveis, e

assim, levando aos erros do tipo II. Além do mais, o tamanho da amostra pode

ter contribuído pela falta de homogeneidade entre os grupos nos níveis de

disfunção para L1 e L2 quando comparados aos níveis L3 a L5. Embora essa

disparidade entre os grupos em L1 e L2, algumas evidências suportam, todavia,

a independência do nível vertebral nos efeitos benéficos de cada técnica53. A

avaliação de mobilidade ficou restrita ao plano sagital e às medidas não

angulares por cinemática. O tempo de intervalo (washout) talvez tenha sido

pequeno para diminuir a interferência da aplicação de uma técnica nos

resultados da aplicação da outra subsequente, para tal diferenciação entre as

duas. Não é possível estender os presentes resultados para outras populações

como idosos, jovens inativos do mercado de trabalho, ou para indivíduos que

apresentem escoliose, hérnia discal, entre outros. Acreditamos que novos

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estudos realizados com uma amostra maior e mista, com tempos de tratamento

e intervalos maiores, e com uma investigação mais aprofundada da cinemática

da coluna lombar dos pacientes poderão contribuir no melhor entendimento

desta temática.

CONCLUSÃO

Ambas as técnicas de tratamento manipulativo em Osteopatia, AVBA e

Músculo Energia, são eficazes e comparáveis para reduzir a dor lombar de

imediato e após 15 dias de intervenção, sendo aplicadas uma vez por semana.

Todavia, ambas as técnicas não alteram o padrão de ativação neuromuscular do

tronco nem o equilíbrio postural durante o apoio bipodal com e sem carga externa

ao tronco. Esses resultados têm implicações diretas nas tomadas de decisões

clínicas por parte das técnicas de terapia manual no tratamento da dor lombar

crônica.

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54

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58

Tabela 1. Efeito da aplicação das técnicas AVBA e Músculo Energia nas variáveis clínicas, nos diferentes tempos: Inicial (pré-intervenção);

Imediato (pós-intervenção imediato), e 15 dias (após terceira intervenção).

Variáveis Tempo de intervenção Diferença

Clínica ( X̅ )

Grupos Tempos Interação

Grupos Inicial (1) Imediato (2) 15 dias (3) P P P

NPRS (Dor)

AVBA 3,4 (2,3) 2,5 (3,1) 1,6 (1,8) -1,8 0,816 <0,01* 0,785

ME 3,8 (2,2) 2,3 (1,8) 1,0 (1,3) -2,8 Post hoc

1≠3

SF-MPQ

AVBA 8,2 (7,9) // 7,2 (7,7) -1,0 0,883 0,435 0,769

ME 9,1 (4,4) // 6,9 (4,5) -2,2

RMDQ

AVBA 7,0 (5,5) // 6,0 (5,0) -1,0 0,714 0,513 >0,99

ME 6,4 (5,9) // 5,4 (3,7) -1,0

FABQp

AVBA 12,3 (8,0) // 10,0 (8,1) -2,3 0,293 0,444 0,852

ME 14,4 (8,2) // 13,0 (5,2) -1,4

FABQw

AVBA 15,1 (11,2) // 13,0 (9,1) -2,1 0,579 0,625 0,845

ME 12,8 (8,8) // 11,9 (8,9) -0,9

Teste de Schober

(cm)

AVBA 5,4 (1,6) // 5,7 (1,0) +0,3 0,620 0,708 0,832

ME 5,3 (1,9) // 5,4 (1,4) +0,1

Nota: Valores do Tempo de intervenção em média (desvio padrão). Diferença Clínica Detectável: valores negativos (NPRS, SF-MPQ, RMDQ, FABQp e FABQw) e positivos (Teste

de Schober) indicam evolução do quadro clínico. Somente a Escala Numérica de Dor (NPRS) foi solicitada imediatamente após a aplicação da primeira intervenção.

*Diferença significante entre os tempos para ambas as técnicas (P<0,05). Abreviações: NPRS (Numeric Pain-Rating Scale); SF-MPQ (Short Form – McGill Pain Questionnaire); RMDQ (Roland Morris Disability Questionnaire); FABQp (Fear-Avoidance

Beliefs Questionnaire - Phys); FABQw (Fear-Avoidance Beliefs Questionnaire - Work).

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Tabela 2. Mudanças da ativação neuromuscular e dos parâmetros de equilíbrio postural na tarefa de apoio bipodal SEM carga, nos diferentes

tempos.

Variáveis Tempo de intervenção Diferença

Detectável (�̅�)

Grupos Tempos Interação

Grupos Inicial (1) Imediato (2) 15 dias (3) P P P

% MU-L5

AVBA 20,7 (12,9) 23,0 (15,9) 23,3 (14,8) +2,6 0,391 0,932 0,956

ME 25,1 (12,1) 25,7 (12,0) 25,2 (12,9) +0,1

% ILC-L3

AVBA 24,2 (14,7) 25,2 (14,6) 21,0 (11,0) -3,2 0,354 0,463 0,993

ME 21,8 (8,9) 22,3 (11,6) 17,8 (7,4) -4,0

% RABD

AVBA 9,3 (6,2) 10,3 (7,0) 10,3 (5,4) +1,0 0,236 0,899 0,924

ME 11,6 (4,9) 12,2 (3,7) 11,3 (5,1) -0,3

% CO-ATIV.

AVBA 54,4 (31,2) 50,9 (34,8) 60,8 (36,8) +6,4 0,447 0,838 0,861

ME 51,4 (19,8) 48,3 (19,9) 49,2 (25,9) -2,2

A-COP (cm2)

AVBA 0,6 (0,1) 0,7 (0,1 ) 0,7 (0,2) +0,1 0,223 0,723 0,330

ME 0,8 (0,3) 0,8 (0,2) 0,6 (0,2) -0,2

VEL A/P (cm/s)

AVBA 0,7 (0,09) 0,7 (0,08) 0,7 (0,07) 0,0 0,755 0,912 0,670

ME 0,7 (0,1) 0,7 (0,08) 0,7 (0,1) 0,0

VEL M/L (cm/s)

AVBA 0,5 (0,06) 0,5 (0,08) 0,5 (0,07) 0,0 0,367 0,893 0,852

ME 0,5 (0,04) 0,5 (0,06) 0,5 (0,04) 0,0

Nota: Valores do Tempo de intervenção em média (desvio padrão). Diferença Detectável: valores positivos indicam aumento da ativação neuromuscular e da área do centro de pressão;

e valores negativos indicam redução dos mesmos.

Abreviações: % MU-L5 (Porcentagem de ativação do multífido a nível de L5); % ILC-L3 (Porcentagem de ativação do iliocostal); % RABD (Porcentagem de ativação do reto abdominal);

% CO-ATIV (Porcentagem de co-ativação – relação entre multífido e reto abdominal); A-COP (área do centro de pressão); VEL A/P e M/L (velocidade do COP nas direções

anteroposterior e médio-lateral, respectivamente).

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Tabela 3. Mudanças da ativação neuromuscular e dos parâmetros de equilíbrio postural na tarefa de apoio bipodal COM sustentação de carga

externa, nos diferentes tempos.

Variáveis Tempo de intervenção Diferença

Detectável (�̅�)

Grupos Tempos Interação

Grupos Inicial (1) Imediato (2) 15 dias (3) P P P

% MU-L5

AVBA 23,4 (14,7) 25,3 (15,1) 25,0 (16,1) +1,6 0,136 0,888 0,998

ME 28,9 (11,6) 31,0 (14,2) 31,1 (15,9) +2,2

% ILC-L3

AVBA 25,5 (15,1) 27,0 (14,8) 22,0 (11,9) -3,5 0,329 0,407 0,961

ME 23,6 (9,8) 23,0 (10,7) 18,7 (7,6) -4,9

% RABD

AVBA 10,6 (7,7) 11,4 (7,2) 10,8 (5,9) +0,2 0,219 0,875 0,973

ME 12,9 (3,6) 13,5 (5,2) 12,3 (5,8) -0,6

% CO-ATIV.

AVBA 71,4 (58,7) 68,7 (69,4) 67,2 (47,8) -4,2 0,116 0,999 0,952

ME 47,8 (26,1) 50,2 (24,7) 52,7 (26,5) +4,9

A-COP (cm2)

AVBA 0,9 (0,4) 0,9 (0,4) 0,9 (0,4) 0,0 0,202 0,830 0,614

ME 1,1 (0,4) 1,0 (0,4) 0,9 (0,4) -0,2

VEL A/P (cm/s)

AVBA 0,8 (0,1) 0,8 (0,1) 0,8 (0,1) 0,0 0,655 0,694 0,499

ME 0,8 (0,1) 0,9 (0,07) 0,8 (0,1) 0,0

VEL M/L (cm/s)

AVBA 0,5 (0,07) 0,5 (0,06) 0,5 (0,07) 0,0 0,546 0,789 0,951

ME 0,5 (0,07) 0,5 (0,06) 0,5 (0,06) 0,0

Nota: Valores do Tempo de intervenção em média (desvio padrão). Diferença Clínica Detectável: valores positivos indicam aumento da ativação neuromuscular; e valores negativos

indicam redução da ativação neuromuscular e da área do centro de pressão.

Abreviações: % MU-L5 (Porcentagem de ativação do multífido a nível de L5); % ILC-L3 (Porcentagem de ativação do iliocostal); % RABD (Porcentagem de ativação do reto

abdominal); % CO-ATIV (Porcentagem de co-ativação – relação entre multífido e reto abdominal); A-COP (área do centro de pressão); VEL A/P e M/L (velocidade do COP nas

direções anteroposterior e médio-lateral, respectivamente).

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5 CONCLUSÃO GERAL

O principal objetivo deste estudo foi comparar o efeito de duas

técnicas manipulativas osteopáticas (AVBA e Músculo Energia) nas respostas de

controle neuromuscular do tronco e nos sintomas clínicos de trabalhadores adultos

com dor lombar crônica. Os resultados demonstraram que ambas as técnicas

osteopáticas, AVBA e Músculo Energia, são eficazes e comparáveis para reduzir a

dor lombar imediato e após 15 dias de intervenção, aplicadas uma vez por semana.

Todavia, ambas as técnicas não alteram as respostas

neurofisiológicas do tronco (padrão de ativação neuromuscular e equilíbrio postural

estático) durante as tarefas de apoio bipodal com e sem carga externa ao tronco.

Esses resultados têm implicações diretas nas tomadas de decisões clínicas por

parte dos profissionais com relação à escolha das técnicas de terapia manual no

tratamento da dor lombar crônica. Ademais, estudos com uma amostra maior e

mista poderiam contribuir para o melhor entendimento sobre esta temática.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

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APÊNDICE B

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ANEXOS

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ANEXO 1

Normas da Revista Physical Therapy

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ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidado a participar como voluntário do projeto de pesquisa: COMPARAÇÃO ENTRE DUAS TÉCNICAS TERAPÊUTICAS EM OSTEOPATIA NO TRATAMENTO DE DOR LOMBAR CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CRUZADO (CROSSOVER), desenvolvido pelo professor Dr. Rubens Alexandre da Silva Jr. (UNOPAR) e colaboração com outros docentes. Este projeto tem por objetivo avaliar a eficácia da aplicação de duas técnicas em osteopatia, denominadas Thrust e Músculo Energia, no tratamento de trabalhadores adultos com dor lombar crônica; e contará com participantes recrutados por conveniência provenientes da comunidade local e contato prévio com o Ambulatório de Dor Lombar realizado em parceria com o programa de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação e a Clínica de Fisioterapia da UNOPAR – Londrina/PR. Os participantes precisam: (1) apresentar dor lombar ou lombo-sacral sem irradiação para MMII; (2) apresentar dor crônica definida como dor cotidiana ou quase-cotidiana durante os últimos três meses; (3) apresentar dor lombar de origem mecânica (muscular/estruturas passivas) desconhecida; (4) não participar de programas de reabilitação; (5) não ter praticado atividade física regular nos últimos 3 meses. E NÃO podem: (1) ter recebido tratamento por terapia manual nos últimos 90 dias; (2) apresentar qualquer uma das condições da “bandeira vermelha” para a terapia manual (ex. Tumores, osteoporose, doenças metabólicas, fratura vertebral, hérnia discal, osteomielite espinhal, espondilite anquilosante, artrite reumatoide, síndrome da calda equina, histórico de uso prolongado de corticosteroides, etc.); (3) apresentar radiculopatia lombar e/ou compressão de raiz nervosa; (4) relatar dor irradiada para membros inferiores; (5) apresentar neuropatia periférica e/ou diminuição da atividade reflexa ou da sensibilidade em extremidades de MMII; (6) apresentar lesão muscular lombar ou de MMII; (7) possuir histórico de lesão ou cirurgia lombar; (8) apresentar qualquer tipo de doença neurológica, cardiorespiratória e/ou ortopédica de alta gravidade; (9) acusar vestibulopatias e crises labirínticas; (10) apresentar desordem psiquiátrica, distúrbios de atenção e fala; (11) não tolerar a aplicação das técnicas; (12) apresentar algum outro tipo de problema de força maior que interfira nas avaliações. Após o aceite em participar do estudo, será agendado um horário e data em comum acordo entre você e os pesquisadores para o início das atividades. Você deverá comparecer no Laboratório de Avaliação Funcional e Performance motora humana, da UNOPAR, com roupa adequada para a realização da intervenção (tratamento). PROCEDIMENTOS QUE SERÃO NECESSÁRIOS: A pesquisa será conduzida da seguinte forma: • Inicialmente será realizada uma entrevista com objetivo de obter informações demográficas (ex: idade, endereço); • Em seguida o participante irá responder alguns questionários para se avaliar o estado da saúde relacionado a dor lombar; • Será necessário realizar algumas medidas antropométricas, tais como peso e altura, e avaliações físicas de ativação neuromuscular de tronco (eletromiografia de superfície) e equilíbrio (plataforma de força); • Será realizada uma coleta de células da mucosa da boca do participante da pesquisa. A coleta consistirá em uma leve raspagem de um palito de madeira contra a mucosa da bochecha e um bochecho com água e açúcar. O pesquisador irá usar luvas, um palito de madeira para afastar a bochecha e um copo com a solução de água e açúcar para o bochecho; • O participante receberá a intervenção (aplicação das técnicas) como delineado no estudo, na frequência de 1 vez por semana durante 6 semanas, com 1 semana de intervalo, totalizando 7 semanas. Obs. Serão solicitadas duas autorizações aos doadores da saliva. A primeira é uma autorização específica para o estudo discutido acima, a segunda é uma permissão para usar o DNA, extraído das células da boca, que será guardado para o uso em outros estudos que porventura a UNOPAR venha a desenvolver no futuro, sempre com a aprovação das comissões de ética da instituição. O DNA estocado poderá ser guardado por mais de 10 anos desde que em condições ideais de preservação. Caso o doador concorde em participar somente do primeiro estudo, ao final deste todo o material colhido do participante será descartado e não mais será usado em outras pesquisas.

______________________________________ ______________________________________ Autorização para participar somente no primeiro estudo

Autorização para usar a doação em futuros estudos da UNOPAR

PRIVACIDADE: O nome será mantido em sigilo, fazendo uso da sua participação somente para avaliação científica deste trabalho e possíveis publicações em eventos, revistas e meios científicos, dentro dos princípios éticos que devem nortear a pesquisa e nossa profissão. BENEFÍCIOS: Não haverá nenhuma compensação financeira, custo ou benefício, em sua participação neste projeto. Os benefícios recebidos são relativos a dor lombar e serão discutidos individualmente com você. As informações obtidas nessa pesquisa ajudarão os profissionais da área da saúde a decidir melhor qual técnica utilizar no tratamento da lombalgia. RISCOS: Você será submetido aos testes físicos e sessões de aplicação das técnicas (tratamento) delineados no estudo que poderão deixar a região lombar um pouco mais sensível nas primeiras 24 horas, mas sem nenhum risco prejudicial à saúde. Também não haverá nenhum risco de integridade física, mental ou moral por participar dessa pesquisa. DESISTÊNCIA: Você poderá desistir a qualquer momento deste estudo, sem que isso lhe traga qualquer consequência. E em momento alguma essa pesquisa gerará gastos financeiros para sua pessoa. O senhor tem o direito de pedir outros esclarecimentos sobre a pesquisa que considerar necessário e de se recusar a participar ou interromper a sua participação a qualquer momento, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo. CONTATO COM OS PESQUISADORES: Caso haja necessidade de esclarecimento de dúvidas ou reclamações ligue para o Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde da UNOPAR, (43) 3371-7990, nos seguintes horários: 14 às 18 horas. No período da manhã, telefonar para Clínica de Fisioterapia da UNOPAR, entre as 8 às 12 horas, (43) 3371-7700. Declaro estar ciente das informações deste termo de consentimento livre e esclarecido e concordo em participar desta pesquisa.

______________________________________ ______________________________________ Assinatura do entrevistado Assinatura do (a) Pesquisador (a)

Nome: Nome: RG: RG:

Contato do Responsável: Comitê de Ética e Pesquisa:

Rubens Alexandre da Silva Jr, Ph.D. PT Av. Marselha, 591 (Londrina-PR) Av. Marselha, 591 (Londrina-PR) Professor Titular - UNOPAR. CEP: 86041-140. Tel (43) 3371-9848 / (43) 9816-4000 CEP: 86041-140. Tel.(43) 3371-9849 Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde – UNOPAR Email: [email protected]