COMPETÊNCIA SOCIOCULTURAL INSERIDA NAS...

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1 Curso de Jornalismo Artigo Original COMPETÊNCIA SOCIOCULTURAL INSERIDA NAS CHARGES DE GLAUCO VILLAS BOAS SOCIOCULTURAL COMPETENCE INSERTED IN GLAUCO VILLAS BOAS POLITICAL CARTOONS Jéssica de Lima Fernandes¹, Luiz Reis² 1 Aluna do Curso de Jornalismo 2 Professor Doutor do Curso de Jornalismo RESUMO Este estudo ressalta a importância das questões sociais e culturais de um país no entendimento de charges de cunho político, pois quando algum indivíduo não compreende uma charge, essa falta de entendimento pode ocorrer pela razão da pessoa não ter alguma competência comunicativa. O embasamento teórico do assunto apresenta a visão de Celce-Murcia (2007) em seu estudo sobre a competência comunicativa, além de explicitar teorias anteriores de alguns autores com o intuito de sustentar os fundamentos do artigo, e analisa um subcomponente dessa teoria, a competência sociocultural. Para a compreensão da teoria serão utilizadas charges do livro Sapos, Cobras e Lagartos, que é um apanhado da obra do chargista brasileiro Glauco Villas Boas. Serão analisadas charges de acordo com a competência sociocultural, de forma cronológica. Palavras-chave: Competência comunicativa; competência sociocultural; Celce-Murcia; charge; Glauco Villas Boas ABSTRACT: This study highlights the importance of the social and cultural issues of a country on the understanding of political cartoons, because when a person does not understand a cartoon, this may occur by the fact that the person does not have any communicative competence. The theoretical basis of the subject presents the study of Celce-Murcia (2007) about the communicative competence, it also quotes some authors’ previous theories in order to sustain the article foundations, and analyzes a sub-component of this theory, the sociocultural competence. For the theory comprehension, cartoons of the book Sapos, Cobras e Lagartos will be used, that is an overview of the Brazilian cartoonist Glauco Villas Boas’ work. The cartoons will be analyzed in accordance with the sociocultural competence, chronologically. Keywords: Communicative competence; sociocultural competence; Celce-Murcia; cartoon; Glauco Villas Boas Contato: [email protected]/[email protected] INTRODUÇÃO Este artigo trata das competências comunicativas, em especial o subcomponente competência sociocultural, que aborda as questões culturais e sociais que um indivíduo deve ter anteriormente para conseguir entender sobre algum assunto. Para o desenvolvimento da competência comunicativa será apresentada, ao longo do artigo, a teoria de Celce-Murcia (2007) que mostra a importância de seis competências: linguística, formulaica, discursiva, sociocultural, interacional e estratégica. Essas competências servem para que um falante tenha a habilidade de se comunicar com êxito em diferentes contextos que lhes forem propostos. Também serão utilizadas citações de linguistas como Noam Chomysk e Dell Hymes para fomentar o desenvolvimento do artigo. A competência comunicativa analisada neste trabalho foi a sociocultural, que compreende elementos políticos, históricos, sociais, culturais etc, de um povo. A problematização do tema em questão é estabelecida pelos elementos da língua que só podem ser compreendidos com o entendimento sociocultural de uma região, povo ou grupo. E para tanto serão utilizadas charges tiradas do livro Sapos, Cobras e Lagartos, que contém um apanhado de 235 charges do brasileiro Glauco Villas Boas. As charges serão analisadas a partir da teoria sociocultural, com o intuito de demonstrar que as ilustrações só podem ser totalmente compreendidas com um conhecimento cultural ou social a priori. O objetivo deste estudo é confirmar a teoria sociocultural por meio de análises das charges.

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Curso de Jornalismo Artigo Original

COMPETÊNCIA SOCIOCULTURAL INSERIDA NAS CHARGES DE GLAUCO VILLAS BOAS SOCIOCULTURAL COMPETENCE INSERTED IN GLAUCO VILLAS BOAS POLITICAL CARTOONS

Jéssica de Lima Fernandes¹, Luiz Reis² 1 Aluna do Curso de Jornalismo 2 Professor Doutor do Curso de Jornalismo

RESUMO

Este estudo ressalta a importância das questões sociais e culturais de um país no entendimento de charges de cunho político, pois quando algum indivíduo não compreende uma charge, essa falta de entendimento pode ocorrer pela razão da pessoa não ter alguma competência comunicativa. O embasamento teórico do assunto apresenta a visão de Celce-Murcia (2007) em seu estudo sobre a competência comunicativa, além de explicitar teorias anteriores de alguns autores com o intuito de sustentar os fundamentos do artigo, e analisa um subcomponente dessa teoria, a competência sociocultural. Para a compreensão da teoria serão utilizadas charges do livro Sapos, Cobras e Lagartos, que é um apanhado da obra do chargista brasileiro Glauco Villas Boas. Serão analisadas charges de acordo com a competência sociocultural, de forma cronológica.

Palavras-chave: Competência comunicativa; competência sociocultural; Celce-Murcia; charge; Glauco Villas Boas

ABSTRACT:

This study highlights the importance of the social and cultural issues of a country on the understanding of political cartoons, because when a person does not understand a cartoon, this may occur by the fact that the person does not have any communicative competence. The theoretical basis of the subject presents the study of Celce-Murcia (2007) about the communicative competence, it also quotes some authors’ previous theories in order to sustain the article foundations, and analyzes a sub-component of this theory, the sociocultural competence. For the theory comprehension, cartoons of the book Sapos, Cobras e Lagartos will be used, that is an overview of the Brazilian cartoonist Glauco Villas Boas’ work. The cartoons will be analyzed in accordance with the sociocultural competence, chronologically. Keywords: Communicative competence; sociocultural competence; Celce-Murcia; cartoon; Glauco Villas Boas

Contato: [email protected]/[email protected]

INTRODUÇÃO

Este artigo trata das competências comunicativas, em especial o subcomponente competência sociocultural, que aborda as questões culturais e sociais que um indivíduo deve ter anteriormente para conseguir entender sobre algum assunto.

Para o desenvolvimento da competência comunicativa será apresentada, ao longo do artigo, a teoria de Celce-Murcia (2007) que mostra a importância de seis competências: linguística, formulaica, discursiva, sociocultural, interacional e estratégica. Essas competências servem para que um falante tenha a habilidade de se comunicar com êxito em diferentes contextos que lhes forem propostos. Também serão utilizadas citações de linguistas como Noam Chomysk e Dell Hymes para fomentar o desenvolvimento do artigo.

A competência comunicativa analisada neste trabalho foi a sociocultural, que compreende elementos políticos, históricos, sociais, culturais etc, de um povo.

A problematização do tema em questão é estabelecida pelos elementos da língua que só podem ser compreendidos com o entendimento sociocultural de uma região, povo ou grupo. E para tanto serão utilizadas charges tiradas do livro Sapos, Cobras e Lagartos, que contém um apanhado de 235 charges do brasileiro Glauco Villas Boas.

As charges serão analisadas a partir da teoria sociocultural, com o intuito de demonstrar que as ilustrações só podem ser totalmente compreendidas com um conhecimento cultural ou social a priori.

O objetivo deste estudo é confirmar a teoria sociocultural por meio de análises das charges.

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1. Competências Comunicativas

A competência comunicativa é composta por um conglomerado de competências que envolvem conhecimentos que o indivíduo deve ter para compreender frases ou sentenças, pois, para ser um bom comunicador de um idioma não basta somente falá-lo bem e conhecer as suas regras gramaticais, é preciso entender o contexto de uma frase em questão de sentido, e para isso é preciso conhecer os aspectos culturais inseridos em vários contextos para compreender determinados conhecimentos.

Por diversas razões as pessoas não conseguem entender uma piada, anedota ou até mesmo charge, pois não possuem alguma competência comunicativa, seja ela linguística, sociocultural, entre outras. Pensando nisso, ao longo do artigo serão explicitados fundamentos que confirmarão essa teoria.

Dell Hymes (1972) cunhou o termo competência comunicativa em resposta à teoria do linguista Noam Chomysk (1965) sobre a competência linguística, na qual os fatores sociais não estariam inseridos, pois nesta teoria acreditava-se que para obter uma ótima desenvoltura no uso de uma língua estrangeira era necessário apenas o conhecimento da gramática desta. Então Dell Hymes introduziu o termo competência comunicativa (CC), pois o falante competente necessita ter ambas as competências sociolinguística e linguística, considerando assim a língua, o seu contexto e as regras para usá-la adequadamente.

Canale e Swain (1980) estão entre os primeiros linguistas aplicados a desenvolver um modelo de competência comunicativa voltado para o ensino de línguas, que abrangia as competências: linguística, estratégica e sociocultural. Eles denominavam de competência gramatical o que Hymes chamava de competência linguística.

Celce-Murcia et al. (1995) propuseram um modelo de competência comunicativa no ensino e aprendizagem de línguas, no qual adicionaram a competência acional que representa a habilidade de compreender e reproduzir intenções comunicativas em atos de fala. Eles também optaram pela retomada do termo ‘competência linguística’, usada por Dell Hymes (1972), em vez de ‘competência gramatical’, como era utilizado por Canale e Swain (1980), para evitar uma interpretação equivocada que acarretaria na relação somente com a sintaxe e morfologia, deixando assim de lado questões fonológicas e lexicais. Eles também mudaram a competência sociolinguística para a sociocultural.

Após doze anos Celce-Murcia (2007) revisou o modelo de 1995 afirmando que:

While this model and the content specifications provided by Celce-Murcia et al. (1995) were a step forward with respect to Canale and Swain (1980) and Canale (1983), there were still some perceived gaps that Celce-Murcia tried to fill later during the same year (Celce-Murcia 1995) in an attempt to give a more central role to formulaic language (as opposed to language as system) and to the paralinguistic aspects of face-to-face oral communication.

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Então, no sentido de tornar o modelo de 1995 mais completo, foi apresentada uma nova proposta de competência comunicativa por Celce-Murcia (2007), composta por seis competências: sociocultural, discursiva, linguística, formulaica, interacional e estratégica.

Para a análise das charges políticas (tópico 4), será levada em conta principalmente a competência sociocultural, entretanto as outras que fazem parte da CC serão brevemente explicitadas a seguir.

A competência sociocultural é caracterizada por englobar o conhecimento social e cultural de cada comunidade de falantes, sejam eles históricos, políticos, geográficos, hábitos, costumes etc.

Segundo Rebouças (2012) o conhecimento sociocultural refere-se a tudo o que foi acumulado durante os anos em que um indivíduo viveu em determinada cultura, pois aprende quais são os personagens reais ou fictícios relevantes para a comunidade; quais são os momentos históricos mais relevantes; as figuras políticas de maior importância; a maneira como a sociedade lida com seus ídolos, seus idosos, suas crianças; por fim, o modus vivendi de uma comunidade. Somente com tal conhecimento é possível construir sentido de enunciados que fazem menção à determinada figura política, histórica, artística ou fictícia, por exemplo.

1 Enquanto este modelo e as especificações

de conteúdo fornecidos pelo Celce-Murcia et al. (1995) foram

um passo adiante em relação ao Canale e Swain (1980) e

Canale (1983), ainda havia algumas lacunas perceptíveis que

Celce-Murcia tentou preencher mais tarde no mesmo ano

(Celce-Murcia, 1995), na tentativa de dar um papel mais

importante para a linguagem formulaica (em oposição à

linguagem como sistema) e com os aspectos paralinguísticos

da comunicação oral face-a-face."(Tradução realizada pela

autora).

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A competência supracitada trata dos aspectos socioculturais em que uma sociedade está envolvida, se algo faz menção histórica, política, cultural e outros aspectos característicos de uma sociedade, chama-se de competência sociocultural.

Outra competência, presente no arcabouço teórico de Celce-Murcia (2007) é a discursiva, que diz respeito à coerência e coesão. De acordo com Almeida (2011) a competência discursiva:

refere-se à seleção, sequência e ordenamento de palavras, estruturas e enunciados para atingir o objetivo de uma mensagem falada ou escrita. (ALMEIDA, 2011, p. 153).

Portanto a competência discursiva está inserida em um âmbito sobre como as palavras estão sendo ordenadas em um determinado discurso, ou seja, as palavras são organizadas e dispostas em um contexto que é ordenado pelo falante que tem objetivo de passar uma mensagem com o seu discurso.

A competência linguística refere-se ao conhecimento lexical, morfológico, fonológico e sintático da língua. Segundo Almeida (2011), vale salientar que ela é:

provavelmente o componente mais universalmente aceito e presente em praticamente todos os modelos de CC, desde a proposta inicial de Chomsky (1966) que foi questionada por Hymes (1972). (ALMEIDA, 2011, p.154).

Segundo Bachman (2003) a competência linguística se divide em competência organizacional e competência pragmática. A primeira pode ser dividida em gramatical e textual, já a segunda em ilocucionária e sociolinguística.

A competência organizacional, que é uma subdivisão da linguística, trata de habilidades que controlam a estrutura formal da língua, fazendo com que o indivíduo produza sentenças que estejam gramaticalmente corretas, afim de que sejam precisamente compreendidas. De acordo com o autor, a competência organizacional pode ser dividida em duas: gramaticais e textuais.

A competência gramatical trata da variedade de conhecimentos diversos e independentes como conhecimento do vocabulário, morfologia, sintaxe e fonologia/grafologia. A competência textual refere-se à capacidade de organização das sentenças seja oral ou escrita de acordo com a coesão (referência, elipse, conjunção etc.), e com a organização retórica, que incluem métodos

como narração, descrição, comparação, classificação e análise do processo.

Ainda dentro da competência linguística, há a competência pragmática, que pode ser dividida em ilocucionária e sociolinguística. Bachman (2003) definiu a competência pragmática como os sinais linguísticos que são usados na comunicação pelos falantes de determinada língua por meio de conhecimentos pragmáticos.

A competência ilocucionária é classificada por Bachman (2003) pela capacidade que habilita o falante a se expressar de formas variadas. Segundo o autor um ato ilocucionário é a função de afirmação, aviso ou solicitação realizada ao dizer-se algo.

Uma frase como ‘Está frio aqui dentro’, por exemplo, pode funcionar como uma afirmação sobre a atmosfera física num cômodo, como um aviso para não trazer o bebê para dentro ou como uma solicitação para ligar o aquecedor. (BACHMAN, 2003, p.93).

E a competência sociolinguística que depois recebeu uma mudança no termo para sociocultural, demonstra a sensibilidade do falante de se comunicar, ou até mesmo entender determinada circunstância, por meio das convenções e pelas características de um determinado contexto da língua.

A competência formulaica no modelo de Celce-Murcia et al (1995) fazia parte da competência linguística. Entretanto na revisão publicada por Celce-Murcia (2007), esta competência foi separada da linguística, pois envolve expressões idiomáticas, ditados que estão inseridos na cultura; abrange formas fixas (‘de uma hora para a outra’); agrupamentos formulaicos (‘garfo e faca’, ‘café com leite’). Por sua importância e frequente ocorrência na língua era necessário dar maior relevância para essas expressões ou grupo de palavras que contêm significados característicos.

A competência interacional engloba três subcomponentes que estavam presentes no modelo 1995. De acordo com o que foi apresentado no modelo de Celce-Murcia (2007) O primeiro dos três subcomponentes, denominado competência acional, que foi apresentado como um componente independente no modelo anterior refere-se à intenção implícita na fala, e da compreensão dessa intenção. Um exemplo seria a pergunta ‘Tem horas?’ na intenção de saber a hora naquele momento.

O segundo subcomponente da competência interacional é a competência conversacional, que foi apresentada no primeiro modelo como parte da competência discursiva.

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No modelo de Celce-Murcia (2007) a competência conversacional é relativa ao sistema de troca de turnos, ou seja, da troca do discurso entre um falante e outro, que acontece pela vontade de um indivíduo continuar um assunto ou começar outro. Contudo também abrange o conhecimento de como começar e terminar uma conversa, como interromper o interlocutor, como saber se o que está sendo transmitido é compreendido pelo receptor, como estabelecer e mudar de tópicos durante o diálogo etc. Essa competência indica como a pessoa consegue perceber o momento em que ela poderá interromper a outra para iniciar uma fala.

Por fim, o terceiro subcomponente é a competência não verbal ou paralinguística, que fazia parte da competência sociocultural no modelo anterior (1995). Na revisão (2007), esta competência abarca a linguagem corporal (contato visual, expressões faciais, gestos), distância física entre os falantes etc.

E a última competência apresentada no modelo Celce-Murcia (2007) é a competência estratégica que envolve todas as outras competências anteriormente citadas e se utiliza de uma competência para lembrar de outra, por exemplo a mímica e o uso de sinônimos.

2. Competência Sociocultural

De todas as competências supracitadas, a sociocultural é a que será utilizada para a explicação da análise deste estudo. Para tanto ela será apresentada com maior quantidade de detalhes.

A competência sociocultural é caracterizada por tudo o que compreende o conhecimento sociocultural de cada comunidade de falantes. Segundo o que foi publicado no dicionário virtual Michaelis, a palavra sociocultural significa: “Relativo ou pertencente à sociedade e à cultura.”

2.

Segundo o conceito atribuído no dicionário virtual Michaelis, tudo o que estiver inserido na cultura ou sociedade é sociocultural, sendo assim: política, economia, história, hábitos, costumes etc, são elementos socioculturais.

Celce-Murcia em seu capítulo sobre competência sociocultural discorre que:

Sociocultural competence refers to the speaker’s pragmatic knowledge, i.e. how to express messages appropriately within the overall social and cultural context of

2

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?ling

ua=portugues-portugues&palavra=sociocultural 17/04/2015.

communication. (CELCE-MURCIA, 2007, p.46)

3.

Segundo a autora, a competência sociocultural refere-se ao conhecimento pragmático do indivíduo, ou seja, do conhecimento prático, de tudo aquilo que é vivenciado pelo falante. Celce-Murcia ainda fala que esta competência também trata da capacidade do falante de se expressar adequadamente dentro de todo o contexto social e global da comunicação.

A vivência tem importância significativa para a competência sociocultural, pois existem pessoas que entendem aspectos inseridos em sua cultura, mas não entendem aspectos socioculturais de outras por não vivenciarem estes ambientes. Nesse aspecto, Celce-Murcia (2007), fala que:

An extended living experience among members of the target language group is probably the best experience for language acquisition if the learner has adequate basic preparation in both linguistic and sociocultural competence coupled with good powers of observation. (CELCE-MURCIA, 2007, p.46)

4.

De acordo com a citação acima, para a aquisição da linguagem de uma determinada língua a melhor alternativa é a experiência de vida estendida junto aos falantes nativos de alguma cultura. Desta maneira, para entender os elementos que circundam a competência sociocultural, é importante adentrar na cultura e na sociedade da língua alvo.

Para o entendimento da competência sociocultural da língua alvo, é preciso compreender a cultura e a sociedade de um povo, pois em algumas situações não é necessário apenas ser um bom falante, ou até mesmo compreender sobre sua gramática, combinações de palavras e vocabulário, pois existem os fatores socioculturais que se o falante não tiver domínio sobre eles, dificilmente poderá entender quando ele for utilizado em alguma situação. Sendo assim, é relevante que seja conhecida a cultura, os hábitos e o cotidiano dos falantes nativos para adquirir uma boa compreensão da linguagem.

As análises feitas neste artigo são sobre as charges políticas de Glauco Villas Boas, inseridas

3

A competência sociocultural refere-se ao conhecimento pragmático do falante, ou seja, como expressar mensagens apropriadamente dentro de todo o contexto social e cultural da comunicação. (Tradução realizada pela autora).

4 Uma experiência de vida estendida junto aos

falantes nativos da língua alvo é, provavelmente, a melhor experiência para a aquisição da linguagem se o aprendiz tem preparação básica adequada para ambas as competências: linguística e sociocultural acoplada com bons poderes de observação. (Tradução realizada pela autora).

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em um contexto de competência sociocultural. Estas charges possuem humor e elementos da cultura e da sociedade como a política, contextos históricos, entre outros que as fazem serem entendidas apenas se o leitor carregar com ele a competência sociocultural necessária para entender e até mesmo conseguir entender o humor disposto nas charges.

Para o leitor compreender as charges é necessário que ele tenha algum conhecimento anterior, que é um elemento da competência sociocultural, que pode ser desde um conhecimento em política ou em costumes, hábitos da sociedade etc. Para exemplificar esta afirmação será analisada a charge abaixo do cartunista e jornalista brasileiro, Miguel Paiva que foi publicada no jornal O Estado de São Paulo, em 1988.

O entendimento da charge acima exige do leitor alguns conhecimentos anteriores, um deles é o conhecimento sobre a Constituição da República Federativa do Brasil, em que está escrito no artigo 6º que “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”. Além de ter conhecimento que, por mais que moradia seja um direito constitucional, no Brasil ainda existem pessoas que não têm acesso a moradia, a alimentação, a segurança etc.

De acordo com uma matéria publicada no site G1, em 2011, o Brasil tem 16,27 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, o que representa 8,5% da população. Por isso, para o entendimento da charge era preciso o leitor saber alguma coisa sobre os direitos humanos na constituição, e sobre a situação social vivenciada no Brasil.

A competência sociocultural também é importante para o jornalista, pois independente da área em que o jornalista for trabalhar, ele deve ter algum conhecimento anterior sobre a editoria que for seguir, seja ela política, econômica, habitacional etc. Segundo Maringoni na obra: “Humor da charge política no jornal” (1996) O chargista como qualquer jornalista, deve antes de tudo saber para qual veículo está trabalhando e qual a orientação editorial, sem perder suas características artísticas e de opinião.

Gilberto Maringoni (1996) também fala sobre o código prévio, que se trata do vínculo entre o autor e leitor, pois para fazer humor é preciso haver cumplicidade com o público. O autor ressalta que ninguém ri da piada que se conta se não houver um código prévio entre quem conta a piada e quem escuta. E esse código que é desenvolvido anteriormente vem estabelecido pela base sociocultural, pois segundo o autor, muitas vezes, está baseado no mais repugnante dos preconceitos, mas o vínculo deve existir.

3. Charge

A charge é uma palavra que vem do francês charger, ou carga, que vem de “carga de cavalaria”, pois traduz um estilo de ilustração que está carregado de conhecimentos e intenções implícitas, como a ironia e o humor.

Para definição visual e padrão das charges, Onici Flores diz em seu livro: A leitura da charge que:

A charge é um texto usualmente publicado em jornais sendo via de regra constituído por quadro único. A ilustração mostra os pormenores caracterizados de personagens, situações, ambientes, objetos. Os comentários relativos à situação representada aparecem por escrito. (FLORES, 2002, p.14).

Segundo o dicionário virtual Caldas Aulete, a palavra charge significa “Desenho caricatural com ou sem legenda, publicado em jornal, revista ou afim, que se refere diretamente a um fato atual ou a uma personalidade pública (ger. ligada à política) e os satiriza ou critica ironicamente”.

5·.

5http://www.aulete.com.br/charge 17/04/2015.

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Julgando pela definição do dicionário, a charge é, acima de tudo, um desenho cujo objetivo é ter cunho satírico ou irônico em forma de crítica.

Segundo Rozinaldo Miani a charge pode ser definida como:

uma representação humorística e satírica, persuasiva, de caráter político e de natureza eminentemente dissertativa e intertextual; ela se constitui, em certa medida, como “herdeira da caricatura” em sua conotação e expressão políticas (MIANI, 2010, p. 46).

A representação da charge é política, irônica e bem-humorada. Miani (2012) define a charge como herdeira da caricatura, por isso a origem da charge está atrelada ao advento da caricatura.

Segundo o dicionário online Michaelis, acessado em 2015 a caricatura tem como significado: “Representação pictórica ou descritiva, que exagera jocosamente as peculiaridades ou defeitos de pessoas ou coisas. Imitação cômica ou ridícula. Indivíduo ridículo pelo aspecto ou pelos modos.”

6.

De acordo com a citação acima a caricatura é um desenho que exagera as peculiaridades daquilo que está sendo retratado, que é basicamente o conceito da charge. Segundo Miani (2012):

Portanto, herdeira da caricatura, termo este que passou a fazer referência quase que exclusivamente aos retratos caricatos, a palavra charge foi “conquistando o direito” de significar o desenho humorístico de natureza política. (MIANI, 2012, p.39).

Por isso, a charge descende da caricatura, pois trata da exibição caricata dos indivíduos acrescentando a natureza política em sua representação.

A história da charge aparece diretamente ligada ao desenvolvimento da caricatura.

O desenvolvimento da caricatura está muito ligado ao das técnicas de reprodução. Suas origens podem ser encontradas desde o início da história. Foi, no entanto, um produto do Renascimento em função da importância do crescente individualismo a partir desse período. A caricatura, como retrato

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http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?ling

ua=portugues-portugues&palavra=caricatura 17/04/2015.

satírico, surge a partir da obra de Agostino Carracci, no final do século XVI. A família Carracci mantinha uma academia em Bolonha, tendo como uma das suas principais atividades a pintura de gênero, voltada a cenas do cotidiano. O interesse por personagens populares teria levado ao surgimento da caricatura. (HERMES, 2006, p.4)

A caricatura passou a ter natureza satírica a partir da obra de Agostino Carracci. De acordo com Fonseca, em seu livro: A imagem gráfica do humor (2009), os irmãos Carracci civilizaram a caricatura que no início tinha apenas a função de atacar e ridicularizar os adversários.

Segundo Fonseca (2009) a caricatura passou a ser objeto de crítica social e política ocasionada pelas diferenças sociais que geravam confrontos no século XVII. E, no entanto, a caricatura política possui suas origens na Holanda, ainda no século XVII, devido ao seu posicionamento geográfico e ao regime de liberdade que atraía refugiados de outras nações e opositores ao regime do rei Louis XIV.

O autor disserta que o trabalho com a caricatura como expressão de crítica sociopolítica começa na Inglaterra, e logo depois de passar por técnicas de aperfeiçoamento ela passou por toda a Europa. Porém na França, assim como na Inglaterra, a caricatura foi desenvolvida de forma independente. Dentre os autores que se destacaram está o francês Honoré Daumier que se concentrou em fazer críticas à política.

Honoré Daumier fez uma crítica ao rei Louis-Philippe por meio da gravura Gargantua publicada em 1831.

Ela mostra o rei Louis Philippe sentado em seu trono e sua boca abriga uma longa escada que leva uma grande quantidade de dinheiro, conduzidos por funcionários da corte, resultado da arrecadação de impostos. (FONSECA, 2009, p.35).

Por causa, da ilustração Daumier foi preso por seis meses no cárcere de SaintePélagie e depois na casa de saúde do doutor Pinel.

De acordo com Fonseca (2009) é possível entender que Daumier trouxe um novo significado ao trabalho dos irmãos Carracci, pois ele criticou o sistema sociopolítico ao elaborar um ataque contra as estruturas sociais e os costumes da época por meio da sátira. Assim ele fez basicamente o que os irmãos Carracci faziam: uma denúncia sociopolítica. Desta forma, o autor afirma que vários dos trabalhos de Daumier, transitam entre a caricatura e a charge, pois ocorre o exagero tanto da situação quanto do indivíduo representado, de forma que Daumier

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correlaciona o indivíduo com um acontecimento de conhecimento público e temporal, na maioria das vezes.

A ilustração começou a fazer parte dos jornais diários aos poucos, até começar a virar uma tendência.

O primeiro jornal diário americano a usar ilustrações regularmente foi o Daily Graphic, de Nova York, em 1873. Os outros jornais perceberam a tendência do público em consumir os diários ilustrados e, na década de 1880, as ilustrações passaram definitivamente a fazer parte dos jornais americanos. (ROMUALDO, 2000, apud HERMES, 2006, p.4.).

3.1 A charge no Brasil

Sobre o surgimento da charge no Brasil, Rozinaldo Antonio Miani fala em sua obra Charge: uma prática discursiva e ideológica, que a história da caricatura no Brasil estava incorporada à crítica dos costumes da política.

Antes mesmo do aparecimento do Diabo Coxo, em 1865, o primeiro jornal de caricaturas de São Paulo, produzido por Ângelo Agostini, a história da caricatura no Brasil já estava associada ao combate e à crítica dos costumes e da política. Era um termo genérico aplicado a todos os desenhos humorísticos, desde que desencadeasse o riso, a crítica escarnecedora e a sátira contundente. (MIANI, 2012, p.38)

Segundo Fonseca (2009) a charge surgiu no Brasil no ano de 1837, sendo criação de Manoel de Araújo Porto Alegre. A ilustração foi publicada por meio de uma estampa avulsa, e se tratava de uma crítica sobre as propinas recebidas por um funcionário do governo relativas ao jornal Correio Oficial. A charge foi noticiada pelo Jornal do Comércio do Rio de Janeiro da seguinte maneira:

[...] Saiu à luz o primeiro número de uma nova invenção artística, gravada sobre magnífico papel representando uma admirável cena brasileira, e vendida pelo módico preço de 160 réis cada número, na loja de livros e gravuras de Mongie, Rua do Ouvidor, nº 87. A bela invenção de caricaturas, tão apreciadas na Europa, apareceu hoje pela primeira vez no nosso país, e, sem dúvida, receberá do público aqueles sinais de estima que ele tributa às coisas úteis, necessárias e agradáveis (FONSECA, 2009, p.49).

Na charge está impresso um ponto de vista que pode ser um instrumento de persuasão para levar o leitor a se identificar com a ideologia nela contida.

A charge é um tipo de ilustração que trata com humor crítico algum acontecimento cotidiano. Mais do que um simples desenho, o chargista expressa seu ponto de vista, ou de forma implícita, o ponto de vista do próprio jornal. Como modalidade da linguagem iconográfica, caracteriza-se como prática discursiva e ideológica, podendo ser tratada como instrumento de persuasão, que influencia no processo de definições políticas e ideológicas do leitor através da sedução pelo humor que cria certo sentimento de adesão, que pode culminar em mobilização. (SELBACH, 2008, p.1318).

Flores (2002) discorre que a importância da charge não acontece somente como uma documentação da história, mas também, como espelho imaginário da época e como corrente de comunicação subliminar, que projeta e reproduz, simultaneamente, as principais ideologias que estão em circulação na sociedade, as concepções sociais e os pontos de vista. Pois a charge pode pautar e influenciar, mesmo que subliminarmente, toda a sociedade inserida em um contexto e período.

3.2 A charge de Glauco Villas Boas

No tópico quatro serão analisadas charges do brasileiro Glauco Villas Boas. Segundo a jornalista Rosane Pavam, em um artigo que foi publicado na editoria de cultura do site da Carta Capital (2014), Glauco Villas Boas foi “um pintor das vaidades”. O chargista nasceu em 1957 e morreu no ano de 2010, assassinado. Glauco fez charge política no jornal Folha de São Paulo de 1986 até sua morte.

Otavio Nazareth, que ficou responsável pela edição e textos do livro Sapos, Cobras e Lagartos, define Glauco Villas Boas como:

um dos chargistas mais atuantes da imprensa brasileira. Dia sim, dia não, às vezes em dias seguidos, outras com intervalos um pouco maiores, sua rotina envolvia acompanhar o noticiário político e econômico e expor seu lado farsesco, hilário, tragicômico. (NAZARETH, 2014).

O livro Sapos, Cobras e Lagartos publicado em 2014, é um apanhado de 235 charges de Glauco Villas Boas, dentre as três mil charges

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publicadas na página 2 da Folha de S.Paulo. As charges representadas no livro são distribuídas de forma cronológica, de 1986 até 2010. Para análise deste estudo serão usadas algumas charges selecionadas do livro Sapos, Cobras e Lagartos.

4. Análise das charges de Glauco Villas Boas

De todas as competências supracitadas no tópico 1, a escolhida para ser analisada será a sociocultural. Para isso, serão utilizadas charges políticas de cunho humorístico. No desenrolar das charges o leitor irá perceber que para compreendê-las, o entendimento da língua não é suficiente. É necessário ter um conhecimento sociocultural prévio.

Charge 1, página 16. 08/07/1986

A charge 1 mostra policiais flagrando um homem que trazia carne consigo. O policial diz na charge: “Arrá! Achei!” fazendo com que o leitor pense que ele achou algo ilícito. Porém, o entendimento da figura vem do contexto cultural, político e histórico.

Ao falar “Arrá! Achei!”, o policial dá a entender ao leitor que achou alguma coisa que pudesse incriminar o revistado, sejam drogas, porte ilegal de arma etc, porém o policial acha carne, que não é ilícito, e o contexto da carne é

histórico e faz parte da situação econômica vivenciada no país naquele momento.

O caráter humorístico viria da comparação do objeto ilícito com a carne, e neste caso o objeto viria a ser a droga, visto que o policial fala em 300 gramas de carne moída, e o fato de citar os gramas pode ser relativo à medida de peso das drogas.

Para o contexto político e econômico da época é importante informar que o presidente era José Sarney, que ficou no poder de 1985 até 1990. Segundo o historiador Tales Pinto (2012) no artigo “Governo Sarney- Economia” publicado no site Brasil Escola, o principal desafio desse governo era conter a inflação dos preços, que chegou a 235% ao ano.

A solução encontrada pela equipe econômica formada por Sarney encontra-se no “Plano Cruzado”, anunciado em fevereiro de 1986, cujas principais medidas eram: congelamento de preços; substituição da moeda corrente do país, do cruzeiro para o cruzado (daí o nome do plano); gatilho salarial, uma medida de aumento dos salários toda vez que a inflação atingisse 20% ao mês. Inicialmente, o Plano Cruzado teve sucesso, garantindo à população uma melhoria nas condições de vida, e por outro lado trazendo popularidade ao presidente, que além de transformar a população em “fiscais” de preços, conseguiu uma expressiva vitória eleitoral em 1986. (PINTO, 2012)

Segundo a matéria as condições tiveram uma melhora momentânea, porém já nos últimos meses de 1986 havia falta de mercadorias nas prateleiras; empresários conseguiam burlar as tabelas de preços e vender por preço maior (ágio); falta de carne em face da recusa dos pecuaristas em vender pelos preços tabelados.

A carne é ilustrada na charge justamente pelo contexto histórico em que está inserida, por faltar na mesa dos brasileiros e pela raridade de acesso à carne. E essa falta era devido a um plano econômico: Plano cruzado II, que fracassou, pois os empresários conseguiram alterar as tabelas de preços por conta dos pecuaristas que não queriam vender a eles por preço tabelado, e com isso faltou carne à população.

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Charge 2, página 17. 31/12/1986

A charge 2 é do final de 1986 e mostra uma comemoração de fim de ano entre Sarney e algumas pessoas. No momento do brinde as pessoas vão beber o que estão em seus copos, mas cospem o conteúdo e um homem questiona “Q-Suco?”.

Para o entendimento da charge, é necessário saber que o governo não passava por bons momentos econômicos, por isso na charge é retratado o desenho do presidente da época, José Sarney, que fala “que 87 seja mais próspero”. Segundo a matéria “Inflação, um problema que não pode ser esquecido” publicada no site Estadão, em 2011 pelo jornalista Hugo Passarelli, “Apesar dos esforços, o governo de José Sarney terminou em 1990 com inflação de 1764,86%”.

Sabendo que o governo estava economicamente prejudicado devido à inflação, pode-se inferir que a bebida que eles usaram para brindar a virada do ano não era de boa qualidade, pois as pessoas presentes na charge cuspiram o conteúdo. Por isso o homem questiona "Q-Suco?” que se trata de um suco em pó, de uma marca popular da época.

O humor impresso na charge vem do momento econômico do país, que enfrentava o problema da alta inflação, por isso até a bebida que o presidente usou para brindar com os convidados era popular, devido aos problemas econômicos enfrentados em 1986, e ainda desejando que 1987 fosse um ano melhor.

Charge 3, página 34. 10/01/1989

A charge 3 é do começo de 1989, o país ainda estava sendo governado por Sarney. Ela mostra o cruzado, um plano ecônomico, que ainda nem tinha passado por um banho de loja, ou seja, que chegou às pressas para ser apresentado, pois o contexto da época era de alta inflação. Segundo Cotrim (2002) nessa época, milhões de brasileiros sofriam com o drama da fome, da desnutrição, da falta de moradia e de péssimas condições de saúde, e por isso as condições sociais necessitavam de uma melhora urgente. De acordo com o autor, ao final do mandato de Sarney a crise econômica ainda era grave, pois o governo não conseguia equilibrar a inflação elevada, dívida externa e dívida interna do governo, que eram os três grandes problemas da economia.

Em uma tentativa de resolver os graves problemas na economia, o governo de José Sarney foi marcado pelo lançamento de vários planos econômicos. Neles estão o Plano Cruzado, Plano Cruzado II, Plano Bresser e Plano Verão. Entretanto Cotrim em seu livro História Global: Brasil e Geral (2002) define que os planos não obtiveram sucesso. Posto isso, para entender a charge era necessário saber sobre o contexto da época, seja político ou social.

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Charge 4, página 45. 07/12/19898

A charge 4, é do final do ano de 1988, em que o contexto eram as eleições diretas, segundo Cotrim (2002) depois de quase 30 anos sem eleições diretas para presidente da república, os eleitores brasileiros puderam exercer esse direito no dia 15 de novembro de 1989.

Um dos elementos importantes para o entendimento da charge é o de que o apresentador Sílvio Santos

7foi candidato a

presidência nessa eleição. Segundo a matéria “Há 25 anos, Sílvio Santos tentou a presidência; você votaria?” publicada no site Terra, escrita pelo jornalista Felipe Oliveira, em 2014, o apresentador se candidatou após muitas especulações sobre sua candidatura, e mesmo sem a informação oficial, um dos levantamentos feitos na época mostrava o apresentador em primeiro lugar na intenção de votos.

Silvio Santos tinha um programa de calouros, que segundo o dicionário Aulete digital significa artista principiante que se apresenta em programa de auditório, ou programa de calouros. Por isso, para o entendimento da charge é necessário que o leitor saiba que o apresentador Sílvio Santos foi candidato, e que ele apresentava um programa para artistas principiantes, assim

7 Silvio Santos nasceu no Rio de Janeiro no

dia, 12 de dezembro de 1930. Ele é um apresentador de

televisão que começou sua carreira em programas de

auditório, no ano de 1962, e atualmente, em 2015, Sílvio

Santos possui um programa de TV no canal Sistema Brasileiro

de Televisão (SBT).

como ele, que estava iniciando no cenário político.

O apresentador é bastante popular e carismático. Segundo a matéria “O desafio de substituir um líder carismático”, publicada no site do Senado em 2011 por Jussara Dutra Izac, Steve Jobs, Eike Batista e Sílvio Santos têm em comum o carisma. O fato de o apresentador ter essa qualidade levou sua popularidade para além do show de calouros, que ele era apresentador. A presença das bolinhas em suas mãos sugere uma atividade circense, comparando o “palhaço” e o apresentador, fazendo alusão à forma como as pessoas levam e entendem a política, sem fazer distinção entre uma vida política e uma atividade descontraída como a de um ambiente de show de calouros.

Charge 5, página 49. 30/05/1989

Ainda no contexto das eleições diretas em 1989, outro candidato era Fernando Collor de Mello. Segundo Cotrim (2002), Collor, em sua campanha eleitoral, expunha uma imagem de político renovador, preocupado em combater os marajás, que são funcionários com altos salários que desfrutam as mordomias do serviço público.

Para compreender a charge é necessário saber do que se tratam os marajás, e o que isso representava para a campanha política de Collor. Também é importante saber que o candidato visitou o programa humorístico brasileiro “A praça é nossa”

8 em 1989.

8

A Praça É Nossa é um programa de

televisão humorístico brasileiro criado em 1956, e continua sendo transmitido, atualmente, em 2015, por meio do canal Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).

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Segundo Melo (2007), Collor escolheu o marajá como símbolo de tudo o que se queria eliminar de ineficiente, atrasado e corrupto do Brasil.

Então se apropriou da expressão “marajá” para usar em sua campanha de forma massiva, por isso na charge o apresentador diz: “Putz! Outra de Marajá!”. Segundo Melo (2007), Collor levou as eleições com um estilo demagógico, apelando para o messianismo. Com sua perspicácia política rara, construiu o “Marajá” como objeto de ódio das pessoas que se sentiam injustiçadas por setores da elite e pelo Estado.

O candidato usou dessa expressão massivamente para alcançar todos na sociedade. Melo (2007) ressalta que a expressão “Marajá” se tornou o símbolo do patrimonialismo, do empreguismo, do nepotismo e do clientelismo. Ou seja, o “Maraja” era, neste momento, mais que uma expressão, pois ela começou a carregar muitos significados ruins, pois até para as elites o “Marajá” era compreendido como uma espécie de alegoria do setor estatal, anacrônico e ineficiente, repleto de privilégios e isento de deveres.

Charge 6, página 51. 12/06/1989

Nas eleições de 1989, outro candidato era Ulysses Guimarães

9, representado na charge 6.

O candidato não tinha a tamanha popularidade de Collor. Segundo Melo (2007), Ulysses Guimarães não empolgava o eleitorado, e nem as bases políticas, pois o país havia mudado.

9 Ulysses Silveira Guimarães foi um político e

advogado brasileiro, nascido em Itaqueri da Serra, no dia, 6 de outubro de 1916. Ulysses Morreu em um acidente aéreo em Angra dos Reis no dia, 12 de outubro de 1992.

“Pesquisas do Vox Populi demonstravam que o povo encontrava-se desiludido com os políticos profissionais e Ulysses e Aureliano eram assim compreendidos. Além disso, os levantamentos apontavam que a população se mostrava preocupada com a possibilidade de as urnas sufragarem um velho” (MELO, 2007, p.129)

De acordo com o autor, as pessoas consideravam Ulysses Guimarães velho, por isso a charge o mostra com cabelo para parecer mais jovem, em uma tentativa de se igualar ao outro candidato.

A capa da revista disponível no anexo 1, pode constatar em uma foto pequena na capa que Ulysses era praticamente calvo, sendo que a capa foi basicamente toda ocupada por Collor.

Melo (2007) descreve Collor, na foto que estampava a capa da revista Veja de 23 de março de 1988, na edição 1020, como um sujeito jovem, braços cruzados, paletó preto, camisa branca, uma gravata de um azul bem vivo, cabelos compridos, expressão resoluta anunciando um sorriso discreto. “Em primeiro plano, um cavalheiro empunha uma espada. Supõe-se que esteja numa batalha”. (MELO, 2007, p.87)

ANEXO 1

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Charge 7, página 178. 23/04/1996

A charge 7, datada de 24 de março de 1996, trata da ocasião em que o presidente da época, Fernando Henrique Cardoso, foi até a cidade de Porto Seguro.

Para o entendimento da charge é necessário saber o contexto político da época, bem como aspectos históricos.

Como aspecto histórico é necessário saber que o descobrimento do Brasil pelos portugueses aconteceu em 1500 em Porto Seguro, na mesma cidade em que o presidente foi recepcionado.

As flechas que estão em FHC remetem àquelas usadas como armas de luta para o povo indígena, significando alguma ofensiva agressiva, exatamente no mesmo local em que os portugueses “descobriram” o Brasi, e fizeram o primeiro contato com os índios.

No caso da charge, o presidente tinha sido vaiado pelos sem-terra. Segundo a matéria “Ser vaiado, herança que persegue os presidentes”, publicada pela editoria de política do site do Estadão, no dia 29 de julho 2007, FHC foi vaiado pelo menos três vezes em seu mandato. E nesta ocasião ele tinha sido vaiado por militantes do movimento dos sem-terra.

As flechas representadas pelas vaias de pessoas que são carentes por algo, fazem alusão de que o presidente não conhecia a realidade de pessoas que sofrem com a privação de algo, e por isso passou a saber, ou a “descobrir” o Brasil.

Charge 8, página 194. 27/01/1997

A charge abaixo é do ano de 1997 e representa dois elementos que devem ser considerados para o entendimento da charge. Um deles é a emenda constitucional que foi aprovada no mesmo ano pelo Congresso, que permitia que houvesse reeleição para cargos executivos: presidente da república, governadores e prefeitos.

Segundo o texto “O governo de Fernando Henrique Cardoso” publicado pelo site Infoescola no ano de 2007, a emenda permitia manobra política que beneficiaria o presidente FHC nas eleições que teriam em 1998. Por esse motivo, FHC comemora na charge com a possibilidade da reeleição, porém os dezenove anos mencionados na charge por sua esposa, Ruth Cardoso, não se tratam do tempo de mandato e sim de outro elemento que faz parte de um entendimento cultural.

Na mesma época o ator brasileiro Guilherme Pádua foi a julgamento por ter matado a atriz Daniela Perez, segundo o site Correio24horas, Guilherme foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão.

Segundo uma matéria sobre o caso publicada pelo site da Folha de S.Paulo, em 2012 o caso chocou o país. Por isso a mulher viu o resultado do julgamento pela televisão, pois teve repercussão.

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Charge 9, página 228. 17/11/2003

A charge a seguir, do ano de 2003, trata do 321° dia de mandato do presidente Lula. Para o entendimento do contexto da charge é necessário saber sobre os elementos que circundam a política do presidente da época.

Na charge é possível analisar pessoas com vestimentas simples fazendo cobranças de coisas simples como cafezinhos, almoços e “farinha”. De acordo com o livro Brasil de Lula, de Perry Anderson (2011), Lula teria dito que cuidar dos pobres é barato, pois este cuidado reflete as necessidades básicas dessas pessoas que precisam ser supridas.

“Desde o início, Lula havia se comprometido a ajudar os pobres, de onde ele viera.” (ANDERSON, 2011, p.28). De acordo com o autor, Lula se comprometeu a ajudar os pobres, pois ele viera de uma origem semelhante, por isso mesmo é mais fácil que ele seja cobrado por essa população, por ter saído do mesmo lugar que eles.

METODOLOGIA

Para a pesquisa deste artigo foram utilizados livros, artigos e sites que colaboraram para a sustentação das teorias que foram expostas. Para a organização do desenvolvimento da competência comunicativa foram colocadas teorias que foram revisadas, alteradas, acrescentadas e retiradas desde o linguista Noam Chomysk em 1965 até Celce-Murcia em 2007.

Após o processo de separar adequadamente as teorias que compõem a competência comunicativa, veio a necessidade de aprofundamento da teoria sociocultural, que foi de fato a teoria central para análise das charges.

Depois de explicitar a teoria sociocultural, veio o momento de introduzir o caráter histórico das charges, no Brasil e no mundo, bem como a sua importância.

A análise das charges foi apresentada de forma a juntar os outros capítulos, confirmando assim a teoria sociocultural nela inserida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O termo competência comunicativa proposto inicialmente por Dell Hymes (1972) é composto por uma série de competências que são importantes para o entendimento completo de toda uma cultura, língua e sociedade, pois o indivíduo que possui todas as competências presentes neste estudo pode ser considerado um falante eficiente, que sabe administrar todas as competências e compreender os diferentes contextos que estão inseridos na sociedade e na cultura.

É de extrema relevância que a cultura, os hábitos e o cotidiano dos falantes nativos sejam conhecidos, para adquirir uma segunda língua e ser um falante habilidoso.

O surgimento das charges, que são o objeto da análise deste estudo, tem sua criação amarrada à caricatura, que é a representação ridicularizada de alguém, assim como a charge, porém esta inclui o aspecto político em sua representação, visto que o chargista tem a intenção de fazer uma representação irônica e satírica de algo que faz parte da sociedade.

As charges de Glauco Villas Boas, que foram o instrumento utilizado para análise deste estudo, confirmam que para o entendimento das mesmas é necessário que o falante tenha conhecimento sociocultural, além do linguístico, pois mesmo que o leitor fale bem português e conheça as regras gramaticais da língua, sem o conhecimento sociocultural o leitor não vai compreender do que a charge trata.

O jornalista no exercício de sua profissão deve compreender os assuntos das editorias em que está trabalhando, pois sem compreender os aspectos socioculturais que estão envolvendo o assunto tratado, não será possível informar com propriedade, por isso o jornalista deve estar munido de informações anteriores que envolvem a política, a economia, os costumes, a cultura etc, pois esses elementos fazem parte da competência sociocultural.

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O entendimento dos elementos que fazem parte da competência sociocultural de um povo, grupo ou cultura tem extrema importância para a compreensão das charges, pois em algumas situações não é necessário apenas falar fluentemente uma língua, ou até mesmo saber sobre sua gramática, combinações de palavras e vocabulário, se o falante não tiver domínio sobre os aspectos que envolvem sociedade e cultura, dificilmente poderá entender quando eles forem utilizados em alguma situação.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças para persistir em um projeto que coloquei toda a minha fé e dedicação.

Minha eterna gratidão aos meus pais, Gardênia e Odimar, por acreditarem e me apoiarem desde o meu primeiro interesse acadêmico.

Ao David, por toda a confiança, companheirismo e por ouvir e dar sentido a cada plano e projeto até aqui.

Ao meu orientador, professor Dr. Luis Reis, pela simplicidade, e por acreditar no artigo desde quando ele era um simples brainstorming até se tornar em algo concreto.

Ao professor Francisco minha gratidão por repassar autores e bibliografias pertinentes, que ajudaram no meu interesse em falar sobre política.

Aos meus professores que em todos esses anos partilharam conhecimentos importantes para a minha formação como aluna e ser humano.

Aos meus colegas, por todas as discussões em sala de aula que foram importantes para o meu desenvolvimento crítico acerca do jornalismo.

Ao meu irmão Daniel, que está seguindo os mesmos passos que eu.

Agradeço aos membros da banca de avaliação, à professora Marta Mencarini e ao Professor Romoaldo de Souza, pela oportunidade de apresentar meu trabalho e receber suas importantes considerações.

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REFERÊNCIAS 1 - CELCE-MURCIA, M. Rethinking the Role of Communicative Competence in language teaching. In: E. Alcón Soler and M.P. Safont Jordà (eds.).Intercultural Language Use and Language Learning. Netherlands: Springer, 2007. p. 41–57. Disponível em: http://ptc-pku.yolasite.com/resources/English/interculutral%20language%20use%20and%20language%20learning.pdf. Acesso em 3 de abril de 2015 às 15h30min.

2 - HYMES, D. On Communicative Competence. In: PRIDE, J.; HOLMES, J. Sociolinguistics. 1. ed. Harmondsworth: Penguin Books, 1972.

3 - CHOMSKY, N. Aspects of the Theory of Syntax. Cambridge, MIT Press, 1965. Disponível em: http://faculty.georgetown.edu/irvinem/theory/Chomsky-Aspects-excerpt.pdf. Acesso em 3 de abril de 2015 às 15h08min.

4 - CANALE, M.; SWAIN, M. 1980. Theoretical bases of communicative approaches to second language teaching and testing. Applied Linguistics, n. 1, p. 1-47. Disponível em: http://ibatefl.com/wp-content/uploads/2012/08/CLT-Canale-Swain.pdf. Acesso em 5 de abril de 2015 às 11h35min.

5 - CELCE-MURCIA, M. et al. Communicative Competence: A Pedagogically Motivated Model with Content Specifications. Issues in Applied Linguistics, v. 6, n. 2, p. 5-35, 1995. Disponível em: http://www.zoltandornyei.co.uk/uploads/1995-celce-murcia-dornyei-thurrell-ial.pdf. Acesso em 5 de abril de 2015 às 10h20min.

6 - REBOUÇAS, M. D. S. R. A competência comunicativa em comédia: de que mesmo eles estão rindo? Brasília: Calea-cadernos de aula do lea, v. 1, 2012. Disponível em: http://www.uesc.br/revistas/calea/edicoes/rev1_artigo4.pdf. Acesso em: 17 de maio de 2015 às 15h30min.

7 - ALMEIDA, V. P. Conhecendo as regras do jogo: A competência comunicativa e os manuais didáticos de ensino de inglês como língua estrangeira. Tese de doutoramento. Brasília: UnB, 2011.

8 - BACHMAN, L. F. A habilidade comunicativa de linguagem. Tradução de Niura Maria Fontana. Linguagem e Ensino, 6, n. p. 77- 128.1, 2003. Disponível em: http://www.rle.ucpel.tche.br/index.php/rle/article/view/231. Acesso em: 3 de abril de 2015 às 16h10min.

9 – MICHAELIS, Dicionário Virtual. Sociocultural. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=sociocultural. Acesso em: 17 de abril de 2015 às 23h30min.

10 - O ESTADO DE S. PAULO. Charge de Miguel Paiva. In: Educação Paraná. São Paulo: Atual, 1990. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=469&evento=7. Acesso em 8 de junho de 2015 às 22h30min.

11 - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 25 de maio de 2015 às 14h30min.

12 - G1. Brasil tem 16,27 milhões de pessoas em extrema pobreza, diz governo. Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/05/brasil-tem-1627-milhoes-de-pessoas-em-situacao-de-extrema-pobreza.html. Acesso em 19 de março 2015 às 15h30min.

13 - MARINGONI, G. Humor da charge política no jornal. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 7, p. 85-91, 1996.

14 - FLORES, Onici. A leitura da charge. Canoas: Ulbra, 2002.

15 – AULETE, Charge. In: Dicionário virtual Aulete. Disponível em: http://www.aulete.com.br/charge. Acesso em 17 de abril de 2015 às 23h35min.

16 - MIANI, Rozinaldo Antonio. Iconografia na imprensa alternativa do Brasil no final do século XX: a presença da caricatura no jornal “Brasil Agora”. In: Patrimônio e Memória, Assis, v.6, n.1, p.54-79, 2010. Disponível em: http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/29/543. Acesso em 8 de junho de 2015 às 15h00min.

17 - MIANI, Rozinaldo Antonio. Charge: uma prática discursiva e ideológica. In: 9ª Arte. São Paulo, v. 1, n. 1, p. 37-48, 2012. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2012/resumos/R30-1688-1.pdf. Acesso em 8 de junho de 2015 às 15h30min.

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18 - MICHAELIS. Caricatura. In: Dicionário virtual Michaelis. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=caricatura. Acesso em: 17 de abril de 2015 às 23h20min.

19 - HERMES, Gilmar Adolfo. A Função das Ilustrações Jornalísticas. Porto Alegre: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2006. Disponível em: http://sbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/admjor/arquivos/ind_gilmar_hermes.pdf. Acesso em 9 de maio de 2015 às 16h30min.

20 - FONSECA, Joaquim da. Caricatura: A imagem gráfica do humor. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2009.

21 - SELBACH, Jeferson Francisco. Caderno de Pesquisa: textos e charges selecionados do Jornal do Povo, de 1929 a 2001. São Luis: Ed. Do Autor, 2008.

22 - CARTA CAPITAL, O Brasil de Glauco Villas Boas. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/revista/828/o-brasil-de-glauco-villas-boas-659.html. Acesso em: 2 de junho de 2015 às 15h30min.

23 - BOAS, Glauco Villas. Sapos Cobras e Lagartos. São Paulo: Olhares, 2014.

24 - BRASIL ESCOLA, Governo Sarney- Economia. Disponível em: http://www.brasilescola.com/historiab/governo-sarney.htm. Acesso em: 2 de junho de 2015 às 17h10min.

25 - ESTADÃO, Inflação: Um problema que não pode ser esquecido. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,inflacao-um-problema-que-nao-pode-ser-esquecido,83215e. Acesso em 2 de junho de 2015 às 16h30min.

26 - COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 2002.

27 - TERRA, Há 25 anos Sílvio Santos tentou a presidência; Você Votaria. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/ha-25-anos-silvio-santos-tentou-presidencia-voce-votaria,b08df5b2bb568410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html. Acesso em 6 de junho de 2015 às 11h30min.

28 – AULETE, Calouro. In: Dicionário virtual Aulete. Disponível em: http://www.aulete.com.br/calouro. Acesso em 4 de junho de 2015 às 10h00min.

29 - SENADO, O desafio de substituir um líder carismático. Disponível em: http://www.senado.gov.br/senado/portaldoservidor/jornal/Jornal130/carreira_carisma.aspx. Acesso em 13 de junho de 2015 às 15h30min.

30 – MELO, Carlos. Collor: O ator e suas circunstâncias. São Paulo: Novo Conceito, 2007.

31 - ACERVO DIGITAL, Veja. O caçador de Marajás. Disponível em: http://veja.abril.com.br/acervo/home.aspx. Acesso em 13 de junho de 2015 às 16h30min.

32 - ESTADÃO, Ser vaiado, herança que persegue os presidentes. Disponível em: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ser-vaiado-heranca-que-persegue-os-presidentes,26658. Acesso em 6 de junho de 2015 às 15h55min.

33 - INFOESCOLA, Governo de Fernando Henrique Cardoso. Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/governo-de-fernando-henrique-cardoso/. Acesso em 13 de junho de 2015 às 17h30min.

34 - CORREIO24HORAS, Guilherme de Pádua, assassino da filha de Glória Perez, ameaça ex-mulher. Disponível em: http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/guilherme-de-padua-assassino-da-filha-de-gloria-perez-ameaca- exmulher/?cHash=870acd0daa1944eff7396f81fbeac355. Acesso em 13 de junho de 2015 às 18h40min.

35 - FOLHA DE S.PAULO. Guilherme de Pádua, que matou Daniella Perez há 20 anos, dá entrevista para o "Domingo Espetacular". Disponível em: http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/zapping/1198445-guilherme-de-padua-que-matou-daniella-perez-ha-20-anos-da-entrevista-para-o-domingo-espetacular.shtml. Acesso em 13 de junho de 2015 às 20h30min.

36 - ANDERSON, Perry. O Brasil de Lula. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, n. 91, p. 23-52, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/nec/n91/a02n91.pdf. Acesso em 20 de junho de 2015 às 10h45min.