A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA...

16
Curso de Enfermagem Artigo de Revisão A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA SALVA VIDAS: REVISAO DA LITERATURA A NURSING RELEVANCE IN PROTOCOL OF SAFE SURGERY SAVES LIVES: LITERATURE REVIEW Fernanda de Sousa Sales 1 , Rosimere Gonçalves Neres 1 ; Elias Rocha de Azevedo 2 1 Alunas do Curso de Enfermagem 2 Professor Especialista do Curso de Enfermagem, Orientador Resumo Introdução: Uma intervenção cirúrgica pode trazer diversos riscos para o paciente. Diante disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou protocolos a serem seguidos pelas equipes cirúrgicas, apresentado um Cheklist do que deveria ser observado. Objetivo: O estudo busca analisar os parâmetros pelos quais deve se orientar o enfermeiro no Protocolo de Cirurgia Segura Salva vidas, como é proposto pela OMS. Os objetivos específicos são: estabelecer as condições nas quais uma cirurgia se torna segura para o paciente; apontar os resultados do uso do cheklist para a segurança das cirurgias; e analisar a contribuição do enfermeiro na aplicação do checklist. Materiais e Métodos: Trata-se de um levantamento bibliográfico, com busca de materiais em livros, artigos publicados sobre o assunto e documentos publicados pela OMS e Ministério da Saúde. A busca de artigos foi feita na Biblioteca Virtual em Saúde, mediante os seguintes critérios de inclusão: publicação entre os anos de 2009 e 2015; em língua portuguesa; e completos. Resultado: A busca de material na BVS resultou na seleção de 27 artigos e na parte institucional foram selecionados cinco documentos. Conclusão: O uso do checklist torna as cirurgias mais seguras, evitando erros e a possibilidade de infecções no pós- operatório, diminuindo o tempo de internação e os custos hospitalares. O enfermeiro tem papel relevante na implementação e uso do checklist, desde a preparação do paciente, até a sua saída da sala de cirurgia, contribuindo para tornar a comunicação entre os membros da equipe cirúrgica mais eficaz, proporcionando segurança a todas as pessoas envolvidas no procedimento. Palavras Chave: Cirurgia Segura Salva Vidas; Protocolos da OMS; Checklist; Enfermeiro. Abstract Introduction: Surgery can bring several risks to the patient. Therefore, the World Health Organization (WHO) has developed protocols to be followed by surgical teams, submitted an Checklist than it should be observed. Objective: The study seeks to analyze the parameters by which to orient nurses in Safe Surgery Saves Lives Protocol as proposed by the WHO. The specific objectives are: to establish the conditions under which surgery becomes safe for the patient; point out the results of using the Checklist for the safety of surgery; and analyze nurses contribution in implementing the checklist. Materials and Methods: This is a literature review, with pursuit of material in books, articles published on the subject and documents published by WHO and Ministry of Health The search for articles was made in the Virtual Health Library (VHL), using the following inclusion criteria: publication between the years 2009 and 2015; in Portuguese; and complete. Results: The search for material in VHL resulted in the selection of 27 articles and institutional part were five documents selected. Conclusion: Use of the Checklist makes surgery safer, avoiding mistakes and the possibility of infection after surgery, decreasing the length of stay and hospital costs. The nurse has an important role in the implementation and use of the Checklist, from the preparation of the patient, until his operating room output, helping to make communication among members in the most effective surgical team, providing security to all persons involved in the procedure. Keywords: Safe Surgery Saves Lives; WHO Protocols; Checklist; Nurse. Contato: [email protected]; [email protected]; [email protected]

Transcript of A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA...

Page 1: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

Curso de Enfermagem Artigo de Revisão

A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA SALVA VIDAS: REVISAO DA LITERATURA A NURSING RELEVANCE IN PROTOCOL OF SAFE SURGERY SAVES LIVES: LITERATURE REVIEW Fernanda de Sousa Sales

1, Rosimere Gonçalves Neres

1; Elias Rocha de Azevedo

2

1 Alunas do Curso de Enfermagem 2 Professor Especialista do Curso de Enfermagem, Orientador

Resumo

Introdução: Uma intervenção cirúrgica pode trazer diversos riscos para o paciente. Diante disso, a Organização Mundial de Saúde

(OMS) elaborou protocolos a serem seguidos pelas equipes cirúrgicas, apresentado um Cheklist do que deveria ser observado.

Objetivo: O estudo busca analisar os parâmetros pelos quais deve se orientar o enfermeiro no Protocolo de Cirurgia Segura Salva

vidas, como é proposto pela OMS. Os objetivos específicos são: estabelecer as condições nas quais uma cirurgia se torna segura para

o paciente; apontar os resultados do uso do cheklist para a segurança das cirurgias; e analisar a contribuição do enfermeiro na

aplicação do checklist. Materiais e Métodos: Trata-se de um levantamento bibliográfico, com busca de materiais em livros, artigos

publicados sobre o assunto e documentos publicados pela OMS e Ministério da Saúde. A busca de artigos foi feita na Biblioteca Virtual

em Saúde, mediante os seguintes critérios de inclusão: publicação entre os anos de 2009 e 2015; em língua portuguesa; e completos.

Resultado: A busca de material na BVS resultou na seleção de 27 artigos e na parte institucional foram selecionados cinco

documentos. Conclusão: O uso do checklist torna as cirurgias mais seguras, evitando erros e a possibilidade de infecções no pós-

operatório, diminuindo o tempo de internação e os custos hospitalares. O enfermeiro tem papel relevante na implementação e uso do

checklist, desde a preparação do paciente, até a sua saída da sala de cirurgia, contribuindo para tornar a comunicação entre os

membros da equipe cirúrgica mais eficaz, proporcionando segurança a todas as pessoas envolvidas no procedimento.

Palavras Chave: Cirurgia Segura Salva Vidas; Protocolos da OMS; Checklist; Enfermeiro.

Abstract

Introduction: Surgery can bring several risks to the patient. Therefore, the World Health Organization (WHO) has developed protocols

to be followed by surgical teams, submitted an Checklist than it should be observed. Objective: The study seeks to analyze the

parameters by which to orient nurses in Safe Surgery Saves Lives Protocol as proposed by the WHO. The specific objectives are: to

establish the conditions under which surgery becomes safe for the patient; point out the results of using the Checklist for the safety of

surgery; and analyze nurses contribution in implementing the checklist. Materials and Methods: This is a literature review, with pursuit

of material in books, articles published on the subject and documents published by WHO and Ministry of Health The search for articles

was made in the Virtual Health Library (VHL), using the following inclusion criteria: publication between the years 2009 and 2015; in

Portuguese; and complete. Results: The search for material in VHL resulted in the selection of 27 articles and institutional part were

five documents selected. Conclusion: Use of the Checklist makes surgery safer, avoiding mistakes and the possibility of infection after

surgery, decreasing the length of stay and hospital costs. The nurse has an important role in the implementation and use of the

Checklist, from the preparation of the patient, until his operating room output, helping to make communication among members in the

most effective surgical team, providing security to all persons involved in the procedure.

Keywords: Safe Surgery Saves Lives; WHO Protocols; Checklist; Nurse.

Contato: [email protected]; [email protected]; [email protected]

Page 2: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

2 Introdução

O individuo exposto à intervenção

cirúrgica está sujeito a vários tipos de

riscos e complicações, que podem

favorecer o aumento da mortalidade

(CORREGIO, 2012).

A Organização Mundial de Saúde

(OMS) estima que aproximadamente 63

milhões de pessoas por ano realizam

alguma cirurgia, decorrente de traumas; 31

milhões por malignidade e 10 milhões por

complicações obstétricas, num número

total estimado em 234 milhões. A maioria

dos pacientes passa por complicações no

pós-operatório, dos quais 50% poderiam

ser evitadas (GRIGOLETO; GIMENES;

AVELAR, 2011; PARANAGUÁ et al., 2013).

Em 2002 ocorreu a Assembleia

Mundial de Saúde dos membros da OMS,

depois de identificar a necessidade de

diminuir os erros médicos e o sofrimento

dos pacientes. Em outubro de 2004, a OMS

criou a Aliança Mundial para Segurança do

Paciente; em 2005, deixou temas

prioritários a serem abordados a cada dois

anos, definido como desafios globais. Em

2008, foi adotada no Brasil a Campanha

Cirurgia Segura Salva Vidas (MOTTA

FILHO, 2013).

O checklist da Cirurgia Segura foi

elaborado por um grupo de peritos

internacionais reunidos pela OMS. Sendo

assim, foi criado com a intenção de auxiliar

as equipes operatórias na diminuição dos

casos de morte e danos ao paciente

(GRIGOLETO; GIMENES; AVELAR, 2011;

OMS, 2009).

O cheklist é formado por três fases:

Identificação (antes da aplicação da

anestesia), Confirmação (antes do corte

cirúrgico – pausa com a presença de todos

os membros da equipe na sala cirúrgica) e

Registro (antes do cliente se retirar da sala

cirúrgica) (PANCIERI et.al., 2013).

Com o uso do cheklist o número de

mortes na cirurgia caiu de 1,5% para 0,8%

e as complicações pós-cirurgia caíram d

11% para 7%%. Também houve queda nas

taxas de infecção e no retorno não

planejado ao centro cirúrgico (FONSECA,

2010).

Assim, o objetivo deste estudo é

analisar os parâmetros pelos quais deve se

orientar o enfermeiro no Protocolo de

Cirurgia Segura Salva vidas, como é

proposto pela OMS. Os objetivos

específicos são: estabelecer as condições

nas quais uma cirurgia se torna segura

para o paciente, de acordo com os

protocolos estabelecidos pela OMS;

apontar os resultados do uso do cheklist

para a segurança das cirurgias e

diminuição da infecção hospitalar; e

analisar a contribuição do enfermeiro no

protocolo de cirurgia segura, devido ao

grande aumento do número de mortes

ocasionado pela contaminação.

Diante desses objetivos, foram

propostos os seguintes problemas de

pesquisa: Qual a importância do enfermeiro

em Cirurgia Segura Salva Vidas? Por que

esse movimento pela segurança em

cirurgia é tão importante? Qual a

importância do Protocolo Cirurgia Segura

Salva Vidas? O papel do enfermeiro é estar

atento para a importância de ser um

componente das equipes multidisciplinares

dos centros cirúrgicos.

Todas as instituições de saúde

devem estar capacitadas para fazerem um

Page 3: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

3 checklist das atividades que ali serão

desenvolvidas, antes, durante e depois das

cirurgias, seja qual for a sua importância,

com vista à redução de erros e eventos

adversos, já que os mesmos podem ser

evitados com a implantação de medidas

simples e seguras, adotadas pela equipe

multidisciplinar, para evitar danos ao

paciente.

Diante da relevância das normas

dispostas no cheklist elaborado pela OMS

e levando-se em conta que o enfermeiro é

um dos maiores responsáveis pela sua

verificação nos centros

cirúrgicos é que foi escolhido o tema da

Cirurgia Segura Salva Vidas para a

elaboração deste artigo.

Materiais e Métodos

Para a realização da pesquisa foi

utilizado o método do levantamento

bibliográfico, por meio do qual foram

investigados conceitos, definições,

entendimentos e as principais discussões

realizadas por autores, pesquisadores e

especialistas, a respeito da importância dos

cuidados de enfermagem para que os

pacientes tenham cirurgias seguras. Nesse

sentido, o estudo se limita a refletir sobre a

importância da atuação do enfermeiro na

segurança cirúrgica.

Os instrumentos utilizados na

realização da pesquisa foram: livros,

artigos publicados sobre o assunto e

documentos publicados pela OMS e

Ministério da Saúde. Quanto aos artigos a

serem consultados, trata-se de publicações

realizadas em periódicos que foram

encontrados na Biblioteca Virtual em Saúde

(BVS), em sua fonte de dados Scientific

Electronic Library Online (SciELO).

Os descritores utilizados para a

busca de artigos na BVS foram Cirurgia

Segura e Enfermeiro. Os descritores

Protocolos da OMS; Cheklist foram

utilizados para a busca de material

institucional na internet. Esses descritores

foram utilizados individualmente e de forma

combinada. Os critérios de inclusão dos

artigos na pesquisa foram: publicação entre

os anos de 2009 e 2015; em língua

portuguesa; e completos. Não foram

incluídos artigos publicados fora do período

estabelecido; em idioma diverso da língua

portuguesa; e incompletos. O artigo segue

as normas do Núcleo Interdisciplinar de

Pesquisa (NIP).

Revisão da Literatura

Histórico

A segurança do paciente no

ambiente hospitalar constitui preocupação

das equipes de saúde em todo o mundo.

As estatísticas indicam que um em cada

seis pacientes cirúrgicos é vítima de algum

tipo de erro ou evento adverso, que

poderiam ter sido evitados, por meio de

medidas preventivas (VENDRAMINI et al.,

2009).

As situações inseguras para o

paciente são definidas pela OMS como

incidentes:

[...] evento ou circunstância evitável, decorrente do cuidado, não associado à doença de base. [...] os incidentes são classificados como incidente sem dano que constitui risco, mas não dano e evento adverso que, obrigatoriamente, resulta em dano ao paciente (WHO, 2009, p. 9).

Page 4: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

4 Essas situações geralmente

resultam de erros cometidos pela equipe de

saúde na qualidade da assistência e

prejudicam não só o paciente, mas também

a instituição, que pode não conseguir uma

acreditação desejada ou ainda dar margem

a processos na justiça, contra toda a

equipe ou um de seus membros

(CAMANHO, 2014).

A qualidade na assistência ao

paciente, no que se refere a sua

segurança, significa maior probabilidade de

se obter os resultados desejados e foi um

objetivo a ser atingido pela Organização

Pan-Americana de Saúde e Organização

Mundial de Saúde (OPAS/OMS), desde

2002, quando foi realizada a 55ª

Assembleia Mundial da Saúde. Em 2004 foi

criada a Aliança Mundial para a Segurança

do Paciente, com a proposição, a partir de

2005/2006, de desafios globais, como a

higiene das mãos como forma de

prevenção de infecções (BRASIL, 2013a).

No biênio 2007/2008 o desafio foi

promover a segurança do paciente no

ambiente cirúrgico. Cerca de 234 milhões

de cirurgias são realizadas por ano no

mundo, com sete milhões de complicações

e um milhão de mortes, devido aos eventos

adversos (EA), que correspondem a dois

terços daqueles que ocorrem nas demais

áreas hospitalares e que poderiam ser

evitados em pelo menos 43%, se as

equipes seguissem fielmente as normas de

segurança propostas pela Organização

Mundial de Saúde (OMS) (GUZZO;

GUIMARÃES; MAGALHÃES, 2014).

Fatores de insegurança cirúrgica

Para ter segurança nos

procedimentos cirúrgicos as equipes

devem buscar a qualidade no cuidado ao

paciente. O Instituto de Medicina dos

Estados Unidos (IOM) define essa

qualidade como:

[...] o grau com que os serviços de saúde voltados para cuidar de pacientes individuais ou de populações aumentam a chance de produzir os resultados desejados e são consistentes com o conhecimento profissional atual (BRASIL, 2013a, p. 20).

Para que esta definição tenha uma

aplicação prática é preciso levar em conta

três grandes problemas que afetam os

serviços de saúde, que são a

sobreutilização, a utilização inadequada e a

subutilização. No primeiro caso, as

chances de dano ao paciente são

superiores aos benefícios; o segundo caso

refere-se aos problemas que poderiam ser

prevenidos; e no terceiro caso, o cuidado

não é prestado ao paciente, também

resultando em dano. Essas três situações

envolvem a capacidade da equipe de

saúde em prestar os cuidados adequados e

que tragam benefícios aos pacientes

(BRASIL, 2013a).

Entre os danos que podem ser

prevenidos estão as infecções do sítio

cirúrgico (ISC), que constituem um dos

mais graves danos ao paciente, ocupando

o terceiro lugar em importância no Brasil,

com 14% a 16% das infecções

hospitalares. Essa problemática aumenta o

uso de antibióticos, do índice de

reoperações e do uso da Unidade de

Terapia Intensiva (UTI), influenciando

Page 5: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

5 diretamente nas finanças do sistema de

saúde público e do paciente, quando se

trata de tratamento na rede particular

(CORREGIO, 2012).

Os fatores que podem contribuir

para a insegurança do paciente cirúrgico

são de naturezas diversas (GRIGOLETO;

GIMENES; AVELAR, 2011):

a. Individuais: comportamento

inadequado, falta ou falhas na

comunicação e desempenho

abaixo do esperado para a

ocasião;

b. Ambientais ou relacionados à

organização do trabalho: falta de

capacitação, sobrecarga de

trabalho, carga horária em vários

locais;

c. Relacionados às tarefas: falta de

protocolos a serem seguidos;

d. Relacionados ao paciente:

complexidade do procedimento

cirúrgico; personalidade, falhas ou

falta de comunicação, extremos da

vida, gravidade da doença e

comorbidades.

Esses fatores contribuem para que

ocorram incidentes cirúrgicos. Eles

começam no processo de tomada de

decisões e na gestão da instituição

hospitalar, que resulta em más condições

de trabalho, como a sobrecarga, falhas na

comunicação, formação insuficiente,

indefinição de tarefas, recursos obsoletos e

manutenção inadequada das instalações e

equipamentos. Esses fatores levam à

prática de atos não seguros, como

omissão, distração, erros, falta de atenção

e não cumprimento dos procedimentos

necessários (MOTTA FILHO et al., 2013).

Alguns desses fatores podem ser

evitados e outros podem ser minimizados.

Um dos elementos que mais provoca

distração e interrupção da equipe cirúrgica

é a abertura da porta da sala de cirurgia, o

que pode ser evitado. Falhas nos

equipamentos e ausência de material

provocam interrupções, o que pode ser

evitado por checagem periódica e no

momento anterior à cirurgia. Quanto ao

nível de ruído, 56db é considerado

aceitável na sala de cirurgia, mas

geralmente atinge patamares bem mais

altos, principalmente em relação ao plano

de fundo, o que pode provocar distrações

(PEREIRA et al., 2011).

Dessa forma, o bom desempenho

de um Centro Cirúrgico (CC) está

relacionado à eliminação ou minimização

dos fatores que provocam insegurança

para o paciente. A qualidade do

desempenho está relacionada aos seus

próprios processos e aos processos de

apoio, combinando instalações físicas,

tecnologia, equipamentos adequados e

mão de obra habilitada, treinada e

competente. Essa combinação deve ser

capaz de produzir bons indicadores, que

norteiam o processo de gestão e sinalizam

possíveis desvios (PANCIERI et al., 2013).

Procedimentos de segurança cirúrgica

A segurança do paciente cirúrgico

pode ser entendida como “a redução, a um

mínimo aceitável, do risco de dano

desnecessário associado à atenção à

saúde” e se tornou uma meta a partir do

ano 2000, quando o IOM divulgou um

relatório sobre o assunto, apontando que

98 mil americanos morriam a cada ano, por

Page 6: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

6 eventos adversos que poderiam ter sido

evitados. A partir desses dados foram

estabelecidas quatro frentes de trabalho

(SANTANA, 2014):

1. Estabelecimento de um foco

nacional de liderança, com

definição de temas de pesquisas,

elaboração de ferramentas e

desenvolvimento de protocolos

para melhorar o conhecimento

sobre o assunto;

2. Notificação obrigatória e voluntária

de EAs em serviços de saúde,

identificação de erros e promoção

de aprendizagem em serviço e por

meio de Educação Continuada;

3. Elevação dos padrões de

segurança e implementação de

ações de fiscalização dos

procedimentos de trabalho;

4. Implementação de práticas seguras

na prestação de cuidados.

A primeira medida implantada foi

uma lista de verificação da segurança do

procedimento de inserção do cateter

venoso, que reduziu em 66% o índice de

infecção na corrente sanguínea, em um

período de 18 meses. Esse foi o primeiro

passo para que, em 2008, a OMS lançasse

o Programa “Cirurgia Segura Salva Vidas”

(Safe Surgery Saves Lives), ao qual o

Brasil logo aderiu, por meio da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

em parceira com a Organização

Panamericana de Saúde (OPAS) (PIRES;

PEDREIRA; PETERLINI, 2013).

O manual lançado pela ANVISA

tem como base o Programa “Cirurgia

Segura Salva Vidas”, da OMS, o qual

propôs o uso de um checklist (lista de

verificação) dos procedimentos cirúrgicos e

também de protocolos padronizados para a

assistência ao paciente. A validação do

instrumento foi feita por meio do estudo de

dois grupos de pacientes, distribuídos em

oito cidades do mundo, em todos os

continentes, como se observa na Figura 1

(FERRAZ, 2009).

Figura 1 – Locais de aplicação para validação do checklist

Fonte: FARIA, 2012

Os parâmetros avaliados foram

grandes complicações e mortalidade,

sendo que houve redução de 36% nas

primeiras e 47% na segunda. Esses

resultados impressionaram o mundo e o

checklist passou a ser analisado, validado

e adotado pelos países (FERRAZ, 2009).

O estudo de validação do checklist

foi realizado entre 2007 e 2008 e no ano

seguinte o uso do instrumento já era feito

por diversos países, incluindo hospitais

brasileiros, como se mostra na Figura 2:

Figura: Expansão do uso do checklist, 2009

Fonte: HARVARD UNIVERSITY, 2010

Page 7: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

7 Diversos hospitais do mundo (25,

em 2007) começaram a usar o checklist

antes mesmo que o estudo de validação

estivesse concluído e em junho de 2010 já

eram 3.790 hospitais a fazerem uso do

instrumento. O Brasil só apareceu nesse

mapa (Figura 2) em dezembro de 2009,

com predominância de hospitais na Região

Sudeste (HARVARD UNIVERSITY, 2010).

Em 2012, o Brasil contava com

6.746 hospitais, sendo que somente 30%

fazia parte do sistema público de saúde.

Em todo o Brasil, 176 hospitais eram

acreditados, sendo 73 com excelência de

conceito:

[...] sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde. Tem um caráter eminentemente educativo, voltado para a melhoria contínua, sem finalidade de fiscalização, controle oficial ou governamental (ONA, 2014).

A busca pela acreditação é uma

opção de cada hospital. No processo, junto

aos organismos acreditadores, o uso do

checklist e a consequente redução de

óbitos e taxas de infecção durante as

cirurgias ou depois delas, respectivamente,

são importantes para que a unidade

hospitalar consiga ser acreditada e receber

um selo de qualidade. Para isso, o hospital

precisa aplicar o checklist e documentar os

resultados e essa é uma decisão de cada

gestor hospitalar (RICUPERO, 2013).

Etapas de aplicação do checklist da OMS

O checklist (ANEXO) criado pela

OMS abrange a segurança do paciente em

todo o período perioperatório, em termos

do local da intervenção cirúrgica,

procedimentos e identificação do paciente.

Os registros devem ser feitos por uma só

pessoa (MARTINS; CARVALHO, 2014).

A primeira etapa de verificação é

constituída pela recepção do paciente:

Nesse primeiro momento, para recepcionar o paciente no centro cirúrgico, devem estar presentes o enfermeiro e o anestesista. A presença do cirurgião não é essencial para a realização dessa etapa, considerando-se que o prontuário esteja devidamente preenchido (MONTEIRO; SILVA, 2013, p. 484).

Nessa etapa devem ser realizados

procedimentos como receber a

confirmação verbal do paciente quanto a

sua identidade e se ele não puder

responder verbalmente, checar no

prontuário; confirmação do local da cirurgia

e o procedimento correto ou se este não se

aplica; verificação do consentimento do

paciente ou responsável para a cirurgia e

anestesia; verificação visual da marcação e

demarcação do sítio cirúrgico; instalação

dos equipamentos para monitorar os sinais

vitais; revisão, junto ao anestesista, se há

possibilidade de perda sanguínea;

checagem das possíveis alergias e

dificuldades nas vias aéreas, por parte do

paciente; verificação do acesso

endovenoso (OMS, 2009).

Essa etapa tem por objetivo

assegurar que documentos, informações e

equipamentos relevantes estejam

disponíveis antes que o procedimento seja

iniciado. Esses três elementos devem ser

consistentes entre si, com as expectativas

do paciente, com a compreensão da equipe

cirúrgica sobre ela e com o local marcado

para a cirurgia. Qualquer dúvida que

ocorrer nessa etapa deve ser abordada e

resolvida antes do início do procedimento

Page 8: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

8 cirúrgico, para evitar erros e eventos

adversos (LIMA; SOUSA; CUNHA, 2013).

O consentimento do paciente ou

seu responsável para a realização da

anestesia e da cirurgia é expresso no

Termo de Consentimento Informado (TCI),

sendo relevante para o paciente e o

cirurgião. Ambos devem assiná-lo

previamente, como forma de declararem a

prestação de um serviço e de que as duas

partes compreenderam bem o que deverá

ser feito. Assim, respeita-se a autonomia

do paciente ou de seu responsável, bem

como se demonstra a idoneidade, a

honestidade, princípios e boas intenções

do cirurgião (DONCATTO, 2012).

A fase de recepção também é o

momento da prevenção de infecções do

sítio cirúrgico no paciente, pois elas

constituem uma complicação séria. A

profilaxia antimicrobiana deve ser feita uma

hora antes da cirurgia, como procedimento

sistematizado. A sua administração muito

cedo, muito tarde ou de forma irregular

torna-a ineficiente (FARIA, 2012).

A anestesia também deve constituir

uma preocupação fundamental.

Procedimentos de higiene devem ser

cumpridos; a documentação do anestesista

deve ser preenchida corretamente;

materiais, medicamentos e máquinas

devem ser verificados; planejar o acesso à

via aérea, analgesia, monitorização e

reposição volêmica; proporcionar

transporte seguro para o paciente e mantê-

lo sob observação constante. Falhas na

anestesia ainda são responsáveis por 100

óbitos a cada mil pacientes cirúrgicos nos

países em desenvolvimento (FARIA, 2012).

A próxima etapa é constituída por

uma pausa cirúrgica, quando se confirma a

presença de todos os profissionais

destacados para o evento, bem como o

nome do paciente, o local cirúrgico e o

procedimento a ser feito; se exames

necessários estão disponíveis; confirmar

indicadores de esterilização e

instrumentais; verificar o horário da

profilaxia antimicrobiana; checar

quantidade de agulhas, gazes e

compressas para, só então, realizar a

incisão cirúrgica (OMS, 2009).

Essas verificações e confirmações

podem significar a distância entre o

sucesso e o fracasso da cirurgia,

impedindo complicações para o paciente;

prevenindo conflitos entre os membros da

equipe cirúrgica, diante de situações

inesperadas e promovendo conforto para o

paciente que, antes da indução anestésica,

pode ter a certeza de que todas as

pessoas, equipamentos e materiais

necessários para a sua cirurgia estão

disponíveis. A boa comunicação entre os

membros da equipe é fundamental nessa

etapa (PORTO, 2014).

A terceira e última etapa é a saída

do paciente da sala de cirurgia, após o

procedimento. Nesse momento deve-se

revisar a cirurgia e os cuidados pós-

operatórios que serão necessários, cuidar

para que o paciente seja transferido em

segurança para a recuperação anestésica

e repassar as informações críticas. O

cirurgião confirma o nome do procedimento

e a equipe de enfermagem conta agulhas,

gazes e compressas. Se houver

necessidade de novos exames, amostras

devem ser colhidas e enviadas ao

Page 9: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

9 laboratório. Quando acontece algum

problema no funcionamento da equipe

cirúrgica esse é o momento de discuti-lo

com o grupo. Problemas que tenham

ocorrido com os equipamentos também

devem ser relatados (OMS, 2009).

Numa cirurgia em que tudo tenha

funcionado perfeitamente calcula-se que o

tempo gasto para a execução das três

etapas seja de menos de cinco minutos,

mas que significam muito para a segurança

do paciente. E se houver problemas, vale a

pena gastar um pouco mais de tempo para

solucioná-los. Ao final, o documento

totalmente preenchido deve ser anexado

ao prontuário do paciente, pois constitui

importante guia para promover a sua

recuperação após o processo cirúrgico ou

detectar os eventuais problemas que

tenham ocorrido (MONTEIRO; SILVA,

2013).

A ANVISA tomou a iniciativa de

promover a segurança do paciente

cirúrgico, por meio de medidas legais e

também educativas, para os profissionais

de saúde, publicando o manual

“Assistência Segura: uma Reflexão Teórica

Aplicada à Prática”, resultante dos

trabalhos de um grupo formado em 2012 e

seguindo as recomendações da OMS

(FREITAS et al., 2014).

Em 2013 foi criado o Programa

Nacional de Segurança do Paciente

(PNSP), com o objetivo de estabelecer a

qualidade do cuidado em saúde em todo o

território nacional. No mesmo ano foi

publicada a RDC n. 36, que definiu as

competências dos Núcleos de Segurança

dos Pacientes (NSPs) (BRASIL, 2013a).

O objetivo principal dos NSPs é

promover a melhoria contínua dos

processos de cuidado e do uso de

tecnologias da saúde, seguindo três

princípios: construção de uma cultura de

segurança; implementação de processos

de gestão de risco e garantia de boas

praticas. O Núcleo tem a responsabilidade

não só de implementar ações para a

segurança do paciente, mas também

notificar os eventos adversos e capacitar os

profissionais de saúde para exercerem

ações preventivas (BRASIL, 2013b).

Com o encaminhamento da RDC n.

36/2013, 196 hospitais manifestaram

interesse em implantar os NSPs e o

checklist, sendo que 74 efetivamente o

fizeram e 95 iniciaram os procedimentos

naquele ano. Em 2014 já eram 3.517

hospitais registrados no programa de

cirurgia segura da OMS, com 45% de uso

do checklist, o que lhe deu acreditação da

Joint Comission International (JCI). Em

fevereiro do mesmo ano a ANVISA

começou a receber as notificações de

eventos adversos em cirurgias, por meio do

sistema informatizado NOTIVISA

(OLIVEIRA, 2014).

Contudo, a cultura da segurança do

paciente cirúrgico ainda não faz parte de

muitos hospitais e mesmo naqueles que

implantaram o checklist ainda ocorrem

problemas, como a não identificação do

paciente, registro incorreto do local

cirúrgico, falta de preparo para perdas

sanguíneas, prevenção de reações

alérgicas, retenção de gazes e compressas

no interior do organismo do paciente, não

especificação de espécimes cirúrgicos.

Esses erros é que levam aos eventos

Page 10: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

10 adversos em cirurgia e demonstram falta

de uma boa comunicação entre os

membros da equipe do centro cirúrgico

(AMAYA et al., 2015).

O tema tem sido amplamente

debatido na literatura médica e de

enfermagem, apontando que o uso do

checklist traz benefícios para o paciente

cirúrgico e facilita o trabalho das equipes

de saúde. O seu uso previne a infecção do

sítio cirúrgico, devido à melhoria na

profilaxia antimicrobiana, evitando as

reoperações; proporciona anestesia

segura; melhoria na comunicação entre os

membros das equipes; melhor identificação

do paciente e suas características. Esses

benefícios tornam os procedimentos

cirúrgicos eficazes, diminuem os custos

hospitalares, evitam o óbito do paciente e

problemas legais para as equipes de saúde

(ARAÚJO; OLIVEIRA, 2015).

A enfermagem e a segurança cirúrgica

O centro cirúrgico é um ambiente

fechado e destinado a procedimentos

invasivos e pode gerar no paciente que a

ele chega sentimentos de medo e

ansiedade. Isso demanda atenção do

enfermeiro na recepção desse paciente

para os procedimentos operatórios,

informando-o de tudo que vai ocorrer de

forma transparente, avaliando suas

condições físicas e emocionais, para

prevenir futuros problemas. Para isso, o

enfermeiro precisa ter formação acadêmica

adequada e humanizar o atendimento

(STUMM et al., 2009).

A Sistematização da Assistência de

Enfermagem Perioperatória (SAEP) tem

por objetivo promover, recuperar e manter

a saúde do paciente e seus familiares,

abrangendo três fases: o pré-operatório

mediato e imediato, transoperatório e pós-

operatório mediato e imediato. O pré-

operatório imediato é constituído pelas 24

horas que antecedem a cirurgia, momento

de revisar os processos cirúrgicos e

orientar o paciente e sua família sobre o

que vai ser realizado. O paciente e seus

familiares têm garantia legal de ter direito

às informações sobre o tratamento

(MUSSI; SOUZA; FÉLIX, 2013).

Nesse momento ocorre também a

montagem da sala operatória, com

equipamentos e materiais específicos para

cada tipo de cirurgia, tarefa onde o

enfermeiro tem especial relevância, pois

erros podem interferir na segurança do

paciente. Os principais erros estão

relacionados à saída da sala, falhas na

comunicação, distração, problemas com os

equipamentos e recursos disponíveis. O

enfermeiro deve ser proativo, para

antecipar problemas possíveis, torna-los

visíveis se ocorrerem e intervir de forma

eficaz, para minimizar os efeitos. Essa

etapa exige do enfermeiro conhecimentos

científicos e atualização tecnológica, devido

à evolução dos equipamentos e materiais

(LIMA; SOUSA; CUNHA, 2012).

Já o período pré-operatório

mediato é um pouco mais extenso e

abrange desde a indicação da cirurgia até o

dia anterior a sua realização. Nessa fase o

paciente faz os exames necessários, para

confirmar o diagnóstico e auxiliar no

planejamento cirúrgico. O objetivo é

diminuir os sintomas, para evitar

complicações posteriores. São momentos

de intensa ação da enfermagem, no

Page 11: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

11 preparo emocional do paciente,

mensuração de dados antropométricos,

orientações quanto à cirurgia,

encaminhamento para exames e preparo

intestinal, no dia anterior (MORAIS, 2015).

O período transoperatório

compreende desde a recepção do paciente

no centro cirúrgico, sua permanência, até a

alta e os cuidados com o transporte até o

local de recuperação anestésica. É o

período mais crítico do processo cirúrgico,

no qual a enfermagem circula pela sala,

promovendo o atendimento da equipe de

cirurgiões. O enfermeiro é responsável por

prescrições e intercorrências no ato

anestésico e operatório. Nessa fase, o

planejamento e a assistência ao paciente

são de responsabilidade da enfermagem.

Como as cirurgias são variadas e os

pacientes também, o enfermeiro precisa ter

conhecimentos técnicos e científicos, bem

como mantê-los atualizados

(ALBUQUERQUE; MORAES, 2013).

Considerações Finais

Quando o paciente se submete a

uma cirurgia o seu objetivo é recuperar a

saúde e ter mais qualidade de vida. No

entanto, nem sempre é isso que acontece,

visto que um procedimento cirúrgico é algo

complexo e que necessita de diversas

medidas de segurança, que nem sempre

são tomadas pela instituição hospitalar.

Essa situação é que fez com que a

Organização Mundial de Saúde (OMS) e

outros organismos da área estudassem o

assunto por mais de uma década, até que

foi sugerido aos países membros o uso de

um checklist, onde se pudesse registrar se

todos os parâmetros de segurança

cirúrgica tinham sido obedecidos, trazendo

segurança para o paciente e também para

a equipe.

O checklist foi testado em todos os

continentes e sua utilização, devido à

simplicidade, foi tida como viável. O Brasil

aceitou usar o procedimento e o Ministério

da Saúde passou a orientar os hospitais.

Contudo, nem todas as instituições fazem

uso do checklist, trazendo ao paciente

algumas situações que podem causar

insegurança, como problemas ligados à

anestesia e infecções no sítio cirúrgico, que

podem até leva-lo à óbito.

Uma cirurgia se torna segura

quando o antibiótico profilático é usado no

momento adequado; o sistema de

anestesia é checado com antecedência;

possíveis perdas sanguíneas são

antecipadas; o paciente é identificado

corretamente, antes da anestesia; o lado, o

local e o tipo de cirurgia são delimitados,

marcados e conferidos; existe uma

eficiente comunicação entre os membros

da equipe; prevenção de ameaças letais às

vias aéreas; possíveis alergias são

anotadas; os materiais e instrumental

utilizados são conferidos antes e depois da

cirurgia; os materiais para exames são

identificados e encaminhados

adequadamente à patologia; e são

anotados quaisquer eventos que possam

ter ocorrido durante o procedimento, antes

que o paciente seja levado da sala de

cirurgia.

Todos esses procedimentos fazem

parte do checklist e devem ser conferidos e

seus resultados registrados e anexados ao

prontuário do paciente. Quem faz essas

anotações geralmente é um enfermeiro

Page 12: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

12 circulante, mas pode ser outro membro da

equipe cirúrgica. Os resultados apontam

que seguir o checklist fez com que os

óbitos diminuíssem de 1,5% para 0,8%; as

complicações pós-cirúrgicas, de 11% para

7%; com significativa diminuição nas taxas

de infecção hospitalar, o que,

consequentemente, diminui o tempo e os

custos das internações de pacientes

submetidos às cirurgias.

O enfermeiro tem papel relevante

nesses resultados, pois geralmente o

manuseio do checklist é de sua

responsabilidade. Com o uso desse

instrumento de registro o enfermeiro tem a

possibilidade de reduzir drasticamente a

ocorrência de efeitos adversos, facilitando

o seu trabalho e diminuindo os custos

hospitalares. Para o paciente, o uso do

checklist constitui a garantia de passará por

um procedimento cirúrgico seguro e voltará

a ter saúde e qualidade de vida.

Agradecimentos

Primeiramente, agradecemos а

Deus, qυе permitiu qυе tudo isso

acontecesse ао longo dе nossas vidas е

nãо somente nestes anos, como

universitárias, mаs еm todos оs momentos.

Agradecemos à Universidade, sеυ

corpo docente, direção е administração,

qυе nos proporcionaram um ambiente

criativo e agradável.

Ao nosso Orientador, Professor

Elias, pelo emprenho dedicado à

elaboração deste trabalho.

Aos nossos pais e demais

familiares, pelo amor, incentivo e apoio

incondicionais.

A todos qυе, direta оυ

indiretamente, fizeram parte da nossa

formação, o nosso MUITO OBRIGADA!!

Page 13: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

12 Referências

1. ALBUQUERQUE, OS; MORAES, MW. Assistência de enfermagem à gestante no transoperatório em situações não obstétricas. Rev. SOBECC, 2013; 18(3): 30-37. Disponível em:

<http://itarget.com.br/newclients/sobecc.org.br/2014/pdfs/revisao-de leitura/Ano18_n3_%20jul_set2013-1.pdf>. Acesso em 25 out. 2015.

2. AMAYA, M.R. et al. Análise do registro e conteúdo de checklists para cirurgia segura. Rev. Esc Anna Nery Enferm., 2015;19(2): 246-251. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n2/1414-8145-ean-19-02-0246.pdf>. Acesso em 17 set. 2015. 3. ARAÚJO, MPS; OLIVEIRA, AC. Contribuições do Programa “Cirurgias Seguras Salvam Vidas” na

assistência ao paciente cirúrgico: revisão integrativa. Rev. Enferm. UFPE, 2015; 9(4):7448-7457.

Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/.../11961>. Acesso

em 24 out. 2015. 4. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência Segura: uma reflexão teórica

aplicada à prática. Brasília: ANVISA, 2013a. Disponível em: <http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/images/documentos/livros/Livro1-Assistencia_Segura.pdf>. Acesso em 17 set. 2015.

5. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 36, de 25 de julho de 2013, institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Brasília: ANVISA, 2013b.

6. CAMANHO, G. Cirurgia segura para todos. Rev. Bras. Ortop., 2014; 4 9(6): 553–554. Disponível

em: <http://www.scielo.br/pdf/rbort/v49n6/pt_0102-3616-rbort-49-06-0553.pdf>. Acesso em 18 set. 2015.

7. CORREGIO, TC. Avaliação da cultura de segurança em um Centro Cirúrgico de um Hospital Universitário do Sul do Brasil. Florianópolis: HU/UFSC, 2012.

8. DONCATTO, LF. Uso do termo de consentimento informado em cirurgia plástica estética. Rev. Bras. Cir. Plást., 2012; 27(3): 353-358. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n3/03.pdf>.

Acesso em 23 out. 2015. 9. FARIA, RA (Coord.). II Encontro Goiano de Gerenciamento de Risco: estratégias para a

implantação do segundo desafio global para a segurança do paciente. Goiânia: SES/SUNAS, 1-3 out. 2012. Disponível em: <http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_804_2_DraAMariaAInes_EstragegiasAdeAimpantacaoAdoAIIADesafioAGlobalAparaAsegurancaAdoApaciente.pdf>. Acesso em 21 out. 2015.

10. FERRAZ, EM. A cirurgia segura. Uma exigência do século XXI. Rev. Col. Bras. Cir., 2009; 36(4): 281-282. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v36n4/a01v36n4.pdf>. Acesso em 21 out. 2015.

11. FONSECA, SNS. Cirurgia segura. 15ª Jornada de Controle de Infecção Hospitalar, Ribeirão Preto, 7-8 maio 2010.Disponivel em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/ih/pdf/ih10_hsfjornada.pdf>. Acesso em 25 abr. 2015.

12. FREITAS, MR et al. Avaliação da adesão ao checklist de cirurgia segura da OMS em cirurgias urológicas e ginecológicas, em dois hospitais de ensino de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Cad. Saúde Pública, 2014; 30(1):137-148. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v30n1/0102-311X-csp-30-01-00137.pdf>. Acesso em 23 out. 2015.

13. GRIGOLETO, ARL; GIMENES, FRE; AVELAR, MCQ. Segurança do cliente e as ações frente ao procedimento cirúrgico. Rev. Eletr. Enf., 2011; 13 (2): 347-354. Disponível em:

<http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/10326/9642>. Acesso em 22 abr. 2015. 14. GUZZO, GM; GUIMARÃES, SM; MAGALHÃES, AMM. Efeitos e desafios da implantação de um

sistema de verificação de segurança cirúrgica: revisão integrativa. Journal Nurse Health, 2014; 4(2): 155-164. Disponível em: <http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/3393/3916>. Acesso em 18 set. 2015.

15. HARVARD UNIVERSITY. Surgical Safety Web Map. Center for Geographic Analysis, 2010. Disponível em: <https://gis.harvard.edu/services/project-consultation/project-resume/surgical-safety-web-map>. Acesso em 19 dez. 2015.

16. LIMA, AM; SOUSA, CS; CUNHA, ALSM. Segurança do paciente e montagem de sala operatória: estudo de reflexão. Rev. Enferm. UFPE, 2013; 7(1): 289-94. Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/.../5522>. Acesso em 22 out. 2015.

17. MARTINS, GS; CARVALHO, R. Realização do timeout pela equipe cirúrgica: facilidades e dificuldades. Rev. SOBECC, 2014; 19(1): 18-25. Disponível em:

Page 14: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

13

<http://itarget.com.br/newclients/sobecc.org.br/2015/pdfs/site_sobecc_v19n1/04_sobecc_v19n1.pdf >. Acesso em 22 out. 2015.

18. MORAIS, B. Técnicas de enfermagem na assistência ao paciente cirúrgico. DocSlide, 30 jul. 2015. Disponível em: <http://docslide.com.br/documents/assistencia-enfermagem-cirurgica-55b9fa454180c.html>. Acesso em 25 out. 2015.

19. MONTEIRO, F; SILVA, LR. “Checklist” Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica: avaliação e intervenção. Rev. Ciênc. Méd. Biol., 2013; 12(espec.): 482-485. Disponível em: <http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/viewFile/9196/6760>. Acesso em 22 out. 2015.

20. MOTTA FILHO, GR et al. Protocolo de Cirurgia Segura da OMS: O grau de conhecimento dos ortopedistas brasileiros. Rev. Bras. Ortop., 2013; 48(6): 554-562. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbort/v48n6/pt_0102-3616-rbort-48-06-00554.pdf>. Acesso em 22 abr. 2015.

21. MUSSI, GM; SOUZA, KM; FÉLIX, MS. Avaliação da orientação de enfermagem no período perioperatório de cirurgia cardíaca. Science in Health, 2013; 4(3): 147-163. Disponível em: <http://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/revista_scienceinhealth/12_set_dez_2013/Science_04_03_147-163.pdf>. Acesso em 25 out. 2015.

22. OLIVEIRA, A. Cirurgia segura: o que muda após a RDC n. 36/2013? 3º Congresso Internacional

de Prevenção de Infecção – INFECON, Guarujá, 3-5 abr. 2014. Disponível em: <http://www.prevencaodeinfeccao.com.br/wp-content/uploads/2014/04/Palestra-sabado-8_00-as-8_30-Adriana-NSP-Infecon-2014.pdf>. Acesso em 24 out. 2015.

23. OMS. Organização Mundial de Saúde. Segundo desafio global para a segurança do paciente:

Cirurgias seguras salvam vidas (orientações para cirurgia segura da OMS). Trad. de Marcela Sánchez Nilo e Irma Angélica Durán. Rio de Janeiro: OPAS/MS/ANVISA, 2009.

24. OMS. Organização Mundial de Saúde. Orientações da OMS para cirurgia segura 2009. Trad. Manuel Lucas. Brasília: MS/DGS, 2010.

25. ONA. Organização Nacional de Acreditação. O que é acreditação? ONA, 2014. Disponível em: <https://www.ona.org.br/Pagina/27/O-que-e-Acreditacao>. Acesso em 19 dez. 2015.

26. PANCIERI, AP et al. Checklist de Cirurgia Segura: Analise da segurança e comunicação das equipes de um hospital escola. Rev. Gaúcha Enferm., 2013;34(1): 71-78. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v34n1/09.pdf>. Acesso em 22 abr. 2015.

27. PARANAGUÁ, TTB et al. Prevalência de incidentes sem dano e eventos adversos em uma clínica cirúrgica. Rev. Acta Paul. Enferm., 2013; 26(3):256-262. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ape/v26n3/09.pdf>. Acesso em 23 abr. 2015.

28. PEREIRA, B.M.T. et al. Interrupções e distrações na sala de cirurgia do trauma: entendendo a ameaça do erro humano. Rev. Col. Bras. Cir., 2011; 38(5): 292-298. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v38n5/a02v38n5.pdf>. Acesso em 25 set. 2015.

29. PIRES, MPO; PEDREIRA, MLG; PETERLINI, MAS. Cirurgia segura em pediatria: elaboração e validação de checklist de intervenções pré-operatórias. Rev. Lat. Am. Enferm., 2013; 21(5):1-8.

Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/76025/79663>. Acesso em 20 out. 2015. 30. PORTO, KLH. A segurança do paciente na utilização do cheklist. Rev. Enferm., 2014; 17(2): 103-

115. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/enfermagemrevista/article/view/8336/7195 >. Acesso em 23 out. 2015.

31. RICUPERO, S.M.L. Checklist cirúrgico: realidade atual. Seminário Segurança do Paciente no

Ambiente Hospitalar, ONA/IBES, abr. 2013. Disponível em: <http://www.cremeb.org.br/data/site/uploads/arquivos/Dra.%20Sonia%20Ricupero%20-%20Ckecklist%20Cirurgico.pdf>. Acesso em 18 dez. 2015.

32. SANTANA, HT. A segurança do paciente cirúrgico na perspectiva da vigilância sanitária - uma reflexão teórica. Rev. Vig Sanit Debate, 2014; 2(2):34-42. Disponível em: <https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/124/122>. Acesso em 20 out. 2015.

33. STUMM, EMF et al. Ações do enfermeiro na recepção do paciente em centro cirúrgico. REME - Rev. Min. Enferm., 2009;13(1): 93-98. Disponível em: <http://www.bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?>. Acesso em 25 out. 2015.

34. VENDRAMINI, RCR et al. Segurança do paciente em cirurgia oncológica: experiência do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Rev. Esc. Enferm. USP, 2010; 44(3): 827-832. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n3/39.pdf>. Acesso em 17 set. 2015. 35. WHO. World Health Organization. World Alliance For Patient Safety. Taxonomy. The conceptual

framework for the international classification for patient safety: final technical report. Genève:

Page 15: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

14

dec. 2009. Disponível em: <http://www.who.int/patientsafety/taxonomy/icps_ full_report.pdf>. Acesso em 17 set. 2015.

Page 16: A RELÊVANCIA DO ENFERMEIRO NO PROTOCOLO DE CIRURGIA SEGURA ...nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/... · Identificação (antes da aplicação da anestesia),

15

ANEXO: CHECKLIST DE SEGURANÇA CIRÚRGICA CRIADO PELA OMS