COMPLICAÇÕES RENAIS NO TRANSPLANTE HEPÁTICO · → Síndrome hepatorrenal tipo 1 e tipo 2: podem...
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COMPLICAÇÕES RENAIS NO
TRANSPLANTE HEPÁTICO
Rodrigo Alves Sarlo
Alvaro Luis Steiner Fernandes de Souza
Serviço de Nefrologia – HUCFF - UFRJ
TRANSPLANTE HEPÁTICO
• Primeiro transplante no início dos anos 60
• Nos últimos 10 anos: 14.000 transplantes hepáticos no
Brasil
• Grandes obstáculos: rejeição aguda e crônica, infecções
oportunistas (CMV e VHB)
• Afetam evolução a longo prazo: infecção recorrente por
VHC, diabetes mellitus, neoplasia e disfunção renal
ABTO_RBT 2012
DISFUNÇÃO RENAL NA CIRROSE HEPÁTICA
• Cr sérica geralmente baixa nos cirróticos: menor massa
muscular, produção hepática reduzida, secreção tubular
aumentada por medicações
• Medição do Clearance (urina 24h) = mais adequada
→ equações (MDRD, Cockcroft-Gault): superestimam TFG
→ cistatina C: melhor acurácia, porém maior custo
→ NGAL: em estudo = preditor de lesão renal aguda (AKI)
1. Taxa de Filtração Glomerular (TFG)
Liver Transpl 2010;16(10):1169-1177.
DISFUNÇÃO RENAL NA CIRROSE HEPÁTICA
2. Demais exames
• EAS: pesquisa de hematúria e proteinúria
• Eletrólitos: Na+, K+, gasometria
• spot de urina: relação proteína/creatinina (P/C)
→ P/C > 0.5 (500mg): considerar BX renal (avaliar TX duplo)
• Imagem do trato urinário: avaliação dos rins (tamanho,
relação cortico-medular) e pesquisa de obstruções
Liver Transpl. 2012 Nov;18(11):1290-301
DISFUNÇÃO RENAL NA CIRROSE HEPÁTICA
Lesão Renal Aguda (IRA) x Doença Renal Crônica (DRC)
• RIFLE e AKIN: pouca aceitação na cirrose hepática
• IRA: Working Party – proposta do International Ascites
Club (IAC) e Acute Dialisys Quality Initiative (ADQI)
→ elevação aguda > 50% Cr sérica (linha de base)
→ elevação > 0.3mg/dL em menos de 48h
• DRC: TFG < 60mL/min/1.73m² por mais de 6 meses
(KDIGO)
Gut; 2011;60(5):702-709.
DISFUNÇÃO RENAL NA CIRROSE HEPÁTICA
Etiologia
• Fisiopatologia: redução do volume circulante efetivo pela
vasodilatação, ativação do SRAA e vasoconstricção renal
→ Síndrome hepatorrenal tipo 1 e tipo 2: podem ser
precipitadas por diversos fatores (infecção, sangramento)
→ IRA pré-renal
→ Necrose Tubular Aguda – NTA: infecção, fármacos
→ Glomerulopatias (VHC): glomerulonefrite
membranoproliferativa (mais comum), IgA e mesangial
Liver Transpl. 2012 Nov;18(11):1290-301
INSUFICIÊNCIA RENAL E TRANSPLANTE HEPÁTICO
• Secundária a IRA per-operatória, DRC prévia ou DRC pós-TX hepático
• IRA = complicação frequente, com incidência variável entre 12 e 95%
→ NTA é a etiologia predominante (até 70% dos casos)
IRA pré-TX = preditor de IRA pós-TX?
• Algumas evidências sugerem que a IRA pré-TX hepático pode exercer um fator protetor em relação à lesão renal no pós-operatório!
Kidney Int 1998;54(2):518-524.
BMC Nephrol 2010;11:30.
INSUFICIÊNCIA RENAL E TRANSPLANTE HEPÁTICO
• Fatores pré-TX relacionados a IRA pós-TX = refletem
doença hepática de base
1. IMC elevado
2. Hiponatremia
3. Plaquetopenia
4. Discrasia sanguínea
5. Hipoalbunemia
Kidney Int 2006;69(6):1073-1080.
DRC E TRANSPLANTE HEPÁTICO
• Maior incidência de DRC em receptores hepáticos do que coração e pulmão = 22% em 5 anos
• Etiologia variável:
1. Toxicidade a inibidores de calcineurina (48% dos casos)
2. Alterações vasculares hipertensivas
3. Glomerulonefrite membranoproliferativa
4. Nefropatia por IgA
5. Nefropatia diabética
6. Glomerulonefrite proliferativa com crescentes
7. NTA
Nephrol Dial Transplant 2009;24(7):2276-2282.
• A sobrevida do receptor de acordo com UNOS
→ 1 ano: 88%
→ 5 anos: 74%
→ 10 anos: 60%
• DRC pré ou pós-transplante altera risco de morte em geral (HR = 3.59) e morte por falência hepática (HR = 5.1) após 1 ano do transplante
• Data do aparecimento da DRC parece ser preditor de mortalidade:
< 1 ano: HR 2.41
1 a 5 anos: HR 6.58
> 5 anos: HR 7.49
EVOLUÇÃO
Am J Transplant 2010;10:1003-1019.
Am J Transplant 2010;10(6):1420-1427.
IMUNOSSUPRESSÃO E DRC PÓS-TRANSPLANTE
• O uso de inibidores de calcineurina como principal causa
de DRC = dado que pode estar superestimado!!!
→ DRC prévia na maioria dos pacientes
→ diabetes, principalmente nos VHC
• Pouca diferença entre uso de inibidores de mTOR
(sirolimo) e inibidores de calcineurina no primeiro ano
Transplantation 1998;66(1):59-66.
TRANSPLANTE DUPLO: FÍGADO E RIM
• Benefício a longo prazo limitado a pacientes com Cr sérica > 2mg/dL e que iniciaram TRS antes do transplante
• Principais indicações: doença glomerular, diabetes mellitus e doença renal policística
• Pouca evidência para Síndrome hepatorrenal tipo 1
→ um subgrupo pode se beneficiar (> 8 semanas em TRS)
• Critérios histológicos: > 30% de fibrose intersticial,
> 30% de glomeruloesclerose global ou glomerulonefrite difusa
Am J Transplant 2008;8(11):2243-2251.