COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE MICRORGANISMOS … · viabilidade celular, a menor concentração de...
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UNI VERSI DADE EST ADUAL PAULI ST A “JULI O DE MESQUI T A FI LHO”
FACULDADE DE CI ÊNCI AS AGRÁRI AS E VET ERI NÁRI AS
CÂMPUS DE JABOT I CABAL
COMPORT AMENT O FI SI OLÓGI CO DE MI CRORGANI SMOS
SUBMET I DOS A BI OCI DAS CONVENCI ONAL E NAT URAL NA
PRODUÇÃO DE CACHAÇA ORGÂNI CA.
Flávia Cecílio Ribeiro Bregagnoli
MS. Engenheiro Agrônomo
JABOT I CABAL – SÃO PAULO – BRASI L
Março de 2006
UNI VERSI DADE EST ADUAL PAULI ST A “JULI O DE MESQUI T A FI LHO”
FACULDADE DE CI ÊNCI AS AGRÁRI AS E VET ERI NÁRI AS
CÂMPUS DE JABOT I CABAL
COMPORT AMENT O FI SI OLÓGI CO DE MI CRORGANI SMOS
SUBMET I DOS A BI OCI DAS CONVENCI ONAL E NAT URAL NA
PRODUÇÃO DE CACHAÇA ORGÂNI CA.
Flávia Cecílio Ribeiro Bregagnoli
Orientador: Profa. Dra. Márcia Justino Rossini Mutton
T ese apresentada à Faculdade de CiênciasAgrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus deJaboticabal, como parte das exigências para aobtenção do título de Doutor em Microbiologia(Microbiologia Agropecuária).
JABOT I CABAL – SÃO PAULO – BRASI L
Março de 2006
Bregagnoli, Flávia Cecílio RibeiroB833c Comportamento fisiológico de microrganismos submetidos a
biocidas convencional e natural na produção de cachaça orgânica /Flávia Cecílio Ribeiro Bregagnoli. – – Jaboticabal, 2006
viii, 76 f. ; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade deCiências Agrárias e Veterinárias, 2006
Orientador: Márcia J. R. MuttonBanca examinadora: Fernando Valadares Novaes, Francisco
Gaiotto Cleto, João Bosco Faria, Clóvis Parazzi.Bibliografia
1. Cachaça Orgânica. 2. Contaminantes. 3. Biocidas naturais. I.Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 664.153
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
iii
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
FLÁVIA CECÍLIO RIBEIRO BREGAGNOLI – Nascida em Guaxupé (MG), em 10 de
dezembro de 1971, graduada em Engenharia Agronômica em janeiro de 1997 pela
Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – UNESP/ Jaboticabal , pós-graduada pela
mesma Universidade em Julho de 2000, ao nível de Mestrado em Agronomia – área de
concentração em produção e Tecnologia de Sementes. Foi instrutora pedagógica e
professora substituta - nível E da Escola Agrotécnica federal de Muzambinho (MG) do setor
de Agroindústria.
iv
Ao meu filho João que é a luz da minha vida.
Ao meu filho Pedro que vai nascer e somar alegria as nossas vidas.
Ao Marcelo pelo incentivo e carinho.
A Márcia e ao Miguel Mutton por tudo que fizeram por mim e pela minha família.
Aos meus pais Odilon e Maria Paixão pela vida.
Dedico
A Cláudia pela dedicação e amor à nossa família.
Ao meu irmão Odilon por tudo que já vivemos.
A dona Cleuza e a Vó Maria pelo incentivo. “Existem pessoas naturalmente sábias”
Aos meus sobrinhos Marcus Vinícius e Ana Clara pelo carinho.
Ofereço
v
PAI
Obrigada por todo AMOR, obrigada pelos exemplos, obrigada por ter sido um
GRANDE PAI, obrigada acima sobretudo pelo AMOR ao meu filho JOÃO...
ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Senhor, fazei de mim, instrumento de Vossa Paz;Onde houver ódio, que eu leve o amor;Onde houver ofensa que eu leve o perdão;Onde houver discórdia que eu leve a união;Onde houver dúvida que eu leve a fé;Onde houver erro que eu leve a verdade;Onde houver desespero que eu leve a esperança;Onde houver tristeza que eu leve a alegria;Onde houver trevas que eu leve a luz.Oh Mestre! permita que eu procureMais consolar que ser consolado;Compreender que ser compreendido;Amar que ser amado;Pois é dando que se recebe;É perdoando que se é perdoado;E é morrendo que se vive para vida eterna.
Amém.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus pela possibilidade da vida, pela oportunidade de aprender, evoluir e amar.
A FCAV/ UNESP Campus de Jaboticabal e à CAPES pela oportunidade de realizar o
Doutorado em Microbiologia com todo amparo financeiro e tecnológico.
Ao Miguel, Márcia, Michele, Matheus, Lydi, Vó, enfim toda essa família maravilhosa .
Aos meus tios e primos pela convivência em família, berço de precioso aprendizado.
Aos amigos do laboratório colocados por Deus no meu caminho para me ajudar e alegrar os
meus dias. Leandro, Ronaldo, Fernando, Kaspa, Tiraboschi, Cidinha e Álvaro.
Aos amigos que já passaram por lá, mas deixaram o carinho e a saudade Cláudia, Chico,
Marco , Munira, Fernanda, Renata e Maionese.
Aos amigos Diane Teo, Gisele Ravanili, Eduardo Rossini, Leonardo Madaleno e David
Banzatto pela amizade, ensinamentos, ajuda e pelo carinho comigo e com o João, amo
vocês.
Ao amigo Sérgio Nobukuni pela ajuda, atenção e carinho.
Aos amigos do laboratório de Enzimologia Prof. João Pizauro, Fátima e Vanessa Nakagi pelo
carinho e amizade.
Aos Professores Fátima Antunes Nogueira, Venâncio Vicente, Miguel Mutton, David
Ariovaldo Banzatto pelo auxílio, correções e atenção dispensados.
Aos amigos José Mauro, Gratieri, Binho, Juliana, Guy, Babete, Gustavo, Tia Nenén, Tia
Lena, Barreto, enfim a todos aqueles que me apoiam e alegram.
A todos que cuidaram do João Marcelo com todo zelo e carinho enquanto trabalhava: Dina,
Manoel, Biana, Beta, Sílvia, Iara, Tuti, Biba, Cristiane, Juliana, Gisele, Eduardo Rossini,
Diane, Leandro, Miguel, Márcia e Marcelo. Minha eterna gratidão.
Aos atenciosos vizinhos Ester e Afonso.
Aos fiadores do imóvel Telo e Ditinha.
As indústrias de bebidas Muller pela atenção e pelas análises cromatográficas.
Ao amigo Valmir Barbosa pela atenção e concessão do caldo de cana.
A Angélica (Usina Santa Adélia) pela atenção e pelo extrato de pomelo.
Aos membros da banca examinadora pelo carinho e pelas dicas preciosas.
Aqueles que direta ou indiretamente colaboraram pela realização do Doutorado.
vii
SUMÁRIO
Página
I. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 01
II. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 03
2.1 Considerações Gerais................................................................................................ 03
2.2 Cachaça..................................................................................................................... 04
2.3 Fermentação .............................................................................................................. 06
2.4 Formação de Componentes Secundários.................................................................. 08
2.5 Microrganismos Contaminantes da Fermentação Alcoólica ...................................... 09
2.6 Antissépticos no Controle de Bactérias Contaminantes............................................. 10
2.7 Extratos de Própolis e de Pomelo .............................................................................. 12
III. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 18
3.1 Matéria Prima............................................................................................................. 18
3.2 Preparo do Mosto....................................................................................................... 18
3.3 Leveduras .................................................................................................................. 18
3.4 Biocidas ..................................................................................................................... 19
3.5 Preparo dos Inóculos ................................................................................................. 19
3.6 Condução da Fermentação........................................................................................ 19
3.7 Análises Microbiológicas do Caldo, Mosto e Vinho.................................................... 20
3.8 Destilação .................................................................................................................. 21
3.9 Amostragens e Avaliações......................................................................................... 22
3.10 Análises Físico-químicas do Mosto, Vinho e Destilado............................................ 22
3.11 Delineamento Experimental ..................................................................................... 23
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 24
4.1 Condições de Desenvolvimento do Experimento....................................................... 24
4.2 Comportamento Microbiológico.................................................................................. 24
4.3 Glicerol ....................................................................................................................... 47
4.4 Acidez Sulfúrica ......................................................................................................... 50
4.5 Teor Alcoólico ............................................................................................................ 51
4.6 Açúcares Redutores Residuais Totais (ARRT) .......................................................... 54
viii
4.7 Componentes Secundários........................................................................................ 55
V. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 58
VI. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 59
ix
COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE MICRORGANISMOS SUBMETIDOS A BIOCIDAS
CONVENCIONAL E NATURAL NA PRODUÇÃO DE CACHAÇA ORGÂNICA.
RESUMO: As indústrias sucroalcooleira e de bebidas alcoólicas têm como
preocupação o controle de bactérias contaminantes do processo de produção, que
causam problemas como o menor rendimento em álcool e na qualidade final do
produto, sendo necessária à utilização de agentes antimicrobianos. Com esse
enfoque, o objetivo deste trabalho foi utilizar antimicrobianos naturais para redução da
contaminação na fermentação etanólica. Foi empregado o delineamento inteiramente
casualizado em esquema fatorial 4x2x10: mosto testemunha, mosto com extrato de
própolis 4mg L-1, mosto com solução de ampicilina 4mg L-1 e mosto com extrato de
pomelo 18mg L-1, dois inóculos e dez ciclos fermentativos. Entre os tratamentos a
solução de ampicilina e extrato de própolis apresentaram os maiores índices de
viabilidade celular, a menor concentração de bactérias, além de baixa produção de
glicerol. O tratamento com extrato de pomelo diferiu significamente da testemunha na
concentração de bactérias, porém demonstrou influenciar negativamente na atividade
metabólica das células de leveduras visto que, o vinho, apresentou maior teor de
glicerol, maior concentração de açúcares redutores residuais totais e menor
porcentagem de álcool. O extrato de própolis pode ser utilizado no controle de
bactérias contaminantes, uma vez que se mostrou tão eficiente quanto a ampicilina.
Palavras-chave adicionais: ampicilina, fermentação alcoólica, própolis, pomelo.
x
Physiological behaviour of microorganism submet to conventional and natural
biocides in organic cachaça production.
SUMMARY: Sugar, alcohol and beverage industries have a growing concern with the
control of contaminating bacteria, which are responsible for sugar loss and lower
alcohol yield. For this reason, synthetic antimicrobial substances have been widely
used in sugar and alcohol mills. This work was undertaken to evaluate the efficiency of
natural biocides on contamination control in ethanolic fermentation. The experiment
was arranged in completely randomized design in a 4x2x10 factorial. Factor A was
represented by the biocides [control, propolis-treated must (4 mg L-1), ampicillin-treated
must (4 mg L-1) and grapefruit extract treated must (18 mg L-1). Factor B corresponded
to yeast types and factor C comprised ten fermentation cycles. Ampicillin and propolis-
treated musts showed higher yeast cell viabilities, lower bacterial contamination and
lower glycerol yield. Bacterial contamination in grapefruit-treated must was significantly
lower than control must, although it negatively influenced yeast cell metabolism, which
can be seen from the higher glycerol production, higher total residual reducing sugars
and lower alcohol yield. Propolis has shown to be as efficient as ampicillin and can
therefore be used to control bacterial contamination.
keywords: alcoolic fermentation, ampicillin, grapefruit ,propolis.
I. INTRODUÇÃO
Genuinamente brasileira, a cachaça é o destilado mais consumido no país,
onde a produção ultrapassa 1,5 bilhão de L/ano com receita superior a US$ 600
milhões e 450 mil empregos. É produzida em todas as regiões do país, com
destaque para os estados de São Paulo, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro,
Goiás e Minas Gerais. Atualmente, 20 milhões de litros/ano são vendidos para
mais de 60 países, reflexo do aumento expressivo das vendas para o mercado
externo nos últimos cinco anos. Embora o mercado da cachaça possua uma série
de pontos favoráveis, é preciso que o produtor atente para a qualidade do
destilado, de modo a garantir a permanência nos mercados interno e externo.
A cachaça é obtida pela destilação do vinho de cana, produzida tanto em
alambique como em colunas industriais, é produzida em pequenas propriedades,
embora o maior volume seja obtido em grandes indústrias. Produzida em pequena
ou grande escala, a cachaça pode ter suas qualidades química e sensorial
reduzidas, devido à presença de microrganismos contaminantes que se instalam
ao longo do processo de sua produção. A contaminação bacteriana é o fator que
mais preocupa o produtor, sob os pontos de vista qualitativos e quantitativos da
bebida pois, além de contribuir para a redução do rendimento alcoólico do
processo fermentativo, as bactérias são responsáveis pela produção de
substâncias como ácidos (acético, láctico e outros) que interferem no sabor e
aroma da cachaça, além de contribuir para a síntese de compostos causadores da
chamada “ressaca”, compostos estes dificilmente eliminados durante o processo
de destilação. É importante que as bactérias contaminantes sejam controladas
não somente para garantir a conversão dos açúcares em álcool mas, sobretudo,
almejando uma bebida de qualidade.
Atualmente o controle das bactérias contaminantes, ocorre através da
redução do pH do “pé-de-cuba” ou fermento, pela adição de ácido sulfúrico, ou
pela adição de antibióticos, como a Penicilina e seus derivados, nas dornas de
fermentação. A acidificação do meio pode gerar inconvenientes, como a redução
da viabilidade das células de leveduras que embora ácido-tolerantes, são
2
sensíveis ao tempo de exposição ao ácido, donde a queda da viabilidade. A
adição de produtos químicos no controle de bactérias contaminantes além de ser
prática onerosa, pode comprometer o produto final. Neste caso, verifica-se que
não atende as características exigidas para um produto de qualidade, podendo
inclusive interferir na saúde do consumidor. Alternativa para o impasse seria o
emprego de biocidas naturais que poderiam atender aos produtores do destilado
convencional, como também, aqueles que vislumbram o lucrativo e crescente
mercado dos produtos orgânicos. Biomoléculas naturais como as contidas nos
extratos de própolis e de pomelo (Citrus paradisi) apresentam-se eficientes no
controle de bactérias.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de leveduras
alcoólicas em presença de biocidas convencional e natural na produção de
cachaça orgânica, e sua eficiência no controle de bactérias contaminantes.
II. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Considerações Gerais
O setor de agronegócios tem grande importância na geração de divisas para o
país. Com a globalização da economia, as empresas deste setor ao se voltarem para as
exportações, melhoram sua capacidade produtiva, de sorte a gerar produtos de
qualidade superior. O agronegócio da cachaça, no período de 1970 a 1999, alavancou
a produção de 418 milhões de litros para 1,5 bilhão de litros anuais (SEBRAE, 2001).
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) em pesquisas
realizadas pelo consultor Eduardo Campelo, relata que a VARIG serve doses de
cachaça em todos seus 88 vôos internacionais (AFFONSECA, 2000). As exportações
deste destilado tipicamente nacional, no período de 1999 a 2001, passaram de US$ 7,3
milhões para US$ 8,7 milhões, evidência do aumento de adeptos da bebida, embora
apenas 20 milhões de litros sigam para mercados externos (FRANCO, 2001).
A cachaça produzida no Brasil ainda não ocupa o seu lugar de direito junto às
demais bebidas destiladas no mercado internacional. Sua comercialização no exterior
exige que nosso produto se enquadre em critérios de qualidade dos países
importadores, critérios estes muitas vezes mais rígidos que os nossos. No Brasil, os
critérios de qualidade existentes em cada etapa da produção de cachaça precisam ser
mais difundidos entre os pequenos e médios produtores, individualmente pouco
expressivos do ponto de vista de mercado CHAVES & PÓVOA (1992). Ao final da
década de 70, segundo artigo publicado por STUPIELLO (1979) a agroindústria de
aguardente de cana (cachaça), apesar do importante papel no contexto nacional, já
mostrava baixo desenvolvimento tecnológico.
Os produtores de cachaça erroneamente procuravam crescer baseados no
aumento da quantidade e não da qualidade do que era produzido; Embora possa
parecer contraditório, perceberam que investir em qualidade era a saída para a
conquista de novos mercados FARIA (1996). O caminho em busca da qualidade de
bebidas alcoólicas já foi trilhado pelos produtores do uísque, da grapa, da vodka, do
4
rum, do vinho e do conhaque, que atingiram seu “status” junto ao mercado consumidor,
após muito investimento em pesquisa (ISIQUE et al., 2001).
O aprimoramento da tecnologia de produção de cachaça é essencial para se
obter um produto com preço e padrão de qualidade competitivos, propiciando condições
de abertura de um firme e uniforme mercado de exportação, bem como aumentar sua
aceitação pelas classes de maior poder aquisitivo no mercado interno (BOZA &
OETTIERER, 1999).
2.2 Cachaça
A cachaça é um produto nacional de graduação alcoólica que oscila entre 38 a
48% em volume. Sua produção é obtida pelo processo de destilação alcoólica simples
do vinho do caldo de cana. No Brasil, a Lei número 8.918, de 14 de julho de 1994,
dispõe sobre a padronização, classificação, registro, inspeção, produção e a
fiscalização de bebidas, complementada pelo Decreto número 4.851, de 2 de outubro
de 2003. Visando proteger a marca brasileira no cenário internacional, o artigo 92 desta
Lei define que cachaça é um produto genuinamente brasileiro, além da Instrução
Normativa nº 13 publicada no D.O.U. de 30/06/05. “A produção de cachaça é uma
atividade desenvolvida em todo o Brasil, incorporando segredos e tradição pelo seu
valor histórico” (CÂMARA, 2004).
Até o início da década de 1980 conceitos, crendices e técnicas populares
envolviam esta atividade de tal forma que cada alambique parecia produzir uma
cachaça especial e diferente de todas as outras. Embora a contragosto da elite
brasileira, a cachaça tornou-se a bebida nacional, a cara do Brasil (ABRANTES, 2005).
Em 2002, após diversos debates, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
regulamentou o setor de cachaça a operar em sistema de cooperativas, decisão esta
que colocou o setor no mesmo nível das indústrias de destilado de todo mundo, que
operam em tal sistema (RODAS, 2005).
Ao lado desta realidade, já existem pequenos grupos de empreendedores que
perceberam o potencial que a cachaça possui e investem no setor com espírito
5
empresarial. Resultado deste empreendedorismo, os produtores vêm substituindo
embalagens tradicionais (garrafões, cascos de cerveja e etc.) por embalagens melhor
elaboradas, rótulos sofisticados, usando diversos artifícios para agregar valor ao
produto (MESTRINTER, 2004), bem como investem na qualidade da bebida.
A cachaça é o destilado mais consumido no país e ocupa o segundo lugar entre
as bebidas alcoólicas, ficando atrás somente da cerveja. Graças ao sucesso da
caipirinha, a cachaça ingressou também no mercado externo, consolidando-se a cada
ano. De acordo com PORTER (1989), é importante que se formule uma estratégia
competitiva relacionando a indústria ao meio ambiente. Um importante nicho de
mercado e que atende esta relação é o de produtos orgânicos, que também possuem
forte apelo comercial e demanda crescente no mercado, cerca de 20% ao ano, sem,
contudo, suprir a demanda. Os preços são de 30 a 200% superiores aos produtos
convencionais (CACHAÇA ORGÂNICA, 2005).
Ainda, com a globalização da economia, a vinda de empresas multinacionais e
decorrente intercâmbio de executivos estrangeiros e nacionais mostraram ao mundo
que o Brasil não fabrica somente apenas cachaça industrial (destilado básico para
fabricação de caipirinha), mas tem como tradição a produção de cachaça de alambique
que rivaliza em aroma, paladar e técnicas de fabricação com destilados mundialmente
conhecidos como vodka, whisky e o cognac (RODAS, 2005).
A cachaça orgânica, aquela onde não há emprego qualquer tipo de produto
químico durante todo o processo de produção, é o principal responsável pela
valorização deste produto no exterior (CACHAÇA ORGÂNICA - BAHIA, 2005). Para se
consolidar no cenário nacional, a cachaça orgânica na Bahia precisa superar a
concorrência com as cachaças industriais, que contam com uma produção mil vezes
maior (200 milhões por ano, contra 200 mil litros da cachaça orgânica). Na Bahia,
existem cerca de cinco mil produtores, sendo que apenas vinte estão capacitados a
disputar esse mercado com produtores de outros estados (CACHAÇA ORGÂNICA -
BAHIA, 2005).
Embora tenham assumido um papel importante na mídia internacional, sobretudo
por tratar-se de antítese aos alimentos geneticamente modificados, os produtos
6
orgânicos ainda representam uma pequena parte do mercado de alimentos e de
bebidas, como a cachaça. As informações sobre sua participação no mercado mundial
são difusas e muitas vezes imprecisas. Até o início de 2002 não existiam dados
consolidados sobre o volume e o valor de produtos orgânicos comercializados no
mundo. A Europa é o maior mercado consumidor mundial, com movimento anual de
US$ 6,2 bilhões, seguida pelos Estados Unidos (US$ 4,2 bilhões) e pelo Japão (US$
1,2 bilhão). De acordo com a Agra Europe, empresa inglesa especializada em
informações para a indústria alimentícia, o consumo de alimentos orgânicos tem
crescido, nos últimos 10 anos, a taxas próximas de 25% ao ano na Europa, nos
Estados Unidos e no Japão (PRODUTO ORGÂNICO, 2005).
2.3 Fermentação
A fermentação etanólica é o processo biológico através do qual as leveduras
desdobram os carboidratos presentes no substrato, transformando-os principalmente
em etanol e gás carbônico. Assim, quando o inóculo é obtido a partir de fermento
selecionado, ocorre a homogeneidade no processo, considerando-se o aspecto da
contaminação microbiana.
A fermentação deve ser conduzida para possibilitar a obtenção do máximo
rendimento alcoólico, e a destilação deve ser efetuada de forma que o destilado tenha
aroma e sabor dos elementos naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivado
do processo fermentativo, ou formados durante a destilação, conforme proposto por
VARGAS & GLÓRIA (1995).
As características que melhoram o sabor da cachaça são determinadas pelos
componentes secundários formados durante o processo de fermentação, destilação,
matéria-prima e processo de envelhecimento em tonéis de madeira (BOZA &
OETTIERER, 1999).
O processo fermentativo de caldo de cana-de-açúcar para a produção de
cachaça, normalmente é realizado num período de 24 horas em bateladas sucessivas,
com o aproveitamento do fermento em vários ciclos subseqüentes. Este sistema faz
7
com que as leveduras se tornem mais resistentes a altas concentrações de etanol. Este
método é o mais utilizado pelas destilarias de produção de álcool combustível
(AQUARONE et al., 1986; MAIA et al., 1995).
Com relação ao mosto, é importante determinar a diluição a ser empregada para
a fabricação da cachaça. Quanto maior for a quantidade de açúcar disponível, maior
será o teor de álcool produzido; portanto , concentração elevada de açúcar pode levar a
uma concentração de álcool que é prejudicial à ação fermentativa da levedura e , com
isso, diminuir o rendimento na produção.
Efeito inibitório da atividade da levedura foi confirmado por MAIA et al. (1995),
sendo observado que em altas concentrações de açúcar, o processo de fermentação foi
mais lento e ocorreu um aumento de congêneres nos destilados. A temperatura e
acidez do mosto são outros fatores que afetam a atividade microbiana e,
consequentemente, a eficiência e produtividade do processo de fermentação. A faixa
ideal de temperatura para fermentação alcoólica, segundo MARQUES (1991) está entre
26 e 32ºC. Para manter essa faixa de temperatura, a indústria deve aquecer o mosto
em épocas frias e possuir um sistema de resfriamento quando a temperatura estiver
elevada.
Em baixas temperaturas, há um retardamento do processo fermentativo e em
altas temperaturas pode ocorrer evaporação de álcool (MARQUES, 1991). Deve-se
considerar ainda que sendo o processo exotérmico, há a liberação de grande
quantidade de calor para o meio, resultante do metabolismo natural dos açúcares e de
sua transformação em etanol.
Na produção artesanal da cachaça, a fermentação do mosto inicia-se com o
inoculo “caipira” (pé-de-cuba) ao qual podem ser adicionados vários ingredientes
naturais (fubá de milho, farelo de soja, caldo de cana, biscoito, limão), os quais são
contaminados pela microbiota local. Estes microrganismos contaminantes são
provenientes da manipulação na colheita, do transporte e da moagem da cana. O maior
grau de contaminação aparece no caldo bruto, pois, geralmente as águas de
embebição ou de diluição apresentam poucos microrganismos (CLETO, 1997; CLETO
& MUTTON, 1995).
8
Além dos cuidados durante os processos fermentativos e de destilação, existem
também indicações de que a avaliação da microbiota e a seleção de melhores
linhagens de leveduras fermentativas venham a contribuir para melhora da qualidade
da bebida (PATARO et. al., 1998; MENDONÇA, 1999). A qualidade e o tipo de fermento
ou inoculo são imprescindíveis para o processo fermentativo, sendo considerados, por
alguns autores, mais importantes do que a matéria-prima utilizada (NIKANEN, 1996).
Nas indústrias de cachaça são utilizados basicamente quatro tipos de fermento
ou pé-de-cuba: “caipira” (selvagem), prensado (panificação), misto, (selvagem e
panificação) e liofilizado, sendo os dois primeiros de uso mais extensivo. O fermento
selecionado, obtido a partir de leveduras selvagens que foram isoladas e selecionadas,
é indicado como o melhor inoculo em termos de produtividade. Isto porque, durante a
seleção das estirpes, são isoladas aquelas que se destacam pela tolerância a elevados
teores alcoólicos e rapidez de fermentação (NÓBREGA, 1994).
Entretanto, para o processo de produção de cachaça, as leveduras selecionadas
ainda não estão disponíveis no mercado. O processo de seleção de leveduras para uso
em processos fermentativos tem sido realizado com objetivos distintos, para a produção
de álcool combustível (BASSO et al., 1996), bebidas fermentadas, vinho
(COLAGRANDE et al., 1994) e cachaça (PATARO, et al., 1998; DATO, 2001 e FIALHO,
2004).
2.4 Formação de Compostos Secundários
O glicerol, um dos produtos secundários sintetizados durante a fermentação
alcoólica, é volátil e contribui para a qualidade de bebidas como o vinho e também dos
destilados, pois conferem doçura e viscosidade á bebida (WANG et al., 2001). O glicerol
é um importante osmoregulador presente em S. cerevisiae , que em condições de
estresse osmótico ocorre um aumento da síntese deste trialcool, sendo o glicerol
responsável pela estabilização da membrana plasmática da célula de levedura. A
quantidade de glicerol depende da estirpe da levedura bem como da composição do
meio fermentativo (fonte de nitrogênio, oxigênio, temperatura e pH) REMIZE et al, 2000.
9
A formação de congêneres como acetaldeído ocorre principalmente nas
primeiras horas da fermentação, diminuindo posteriormente, principalmente, sob
condições de anaerobiose (MAIA et al., 1995). A formação de álcool superior está
relacionada com a linhagem da levedura e com a ocorrência de oxigênio e
temperaturas elevadas. Os ácidos são compostos normais da fermentação pois estão
sempre presentes na matéria-prima. Ésteres, como o acetato de etila, são formados a
partir de uma reação entre os álcoois e ácidos, têm aroma peculiar de frutas e compõe
o “buquet” de vinhos e destilados (CARDOSO 2001).
As estirpes de leveduras, a matéria-prima, a destilação e o envelhecimento são
fatores determinantes dos níveis, da natureza e proporção dos compostos citados
anteriormente. Pesquisas apontam que as leveduras e as condições das fermentações
são os principais fatores determinantes do sabor e aroma das bebidas alcoólicas, já que
é durante a fermentação que a maior parte dos compostos secundários é formada
(SUOMALAINEN & LEHTONEN 1979).
Aqueles compostos são indesejáveis no de álcool combustível ao passo que na
cachaça quantidades harmônicas dos congêneres são desejáveis, tornando o destilado
agradável, dotado de sabor e aroma característicos (VALSECHI, 1960). Uma prática
que vem auxiliar na obtenção de quantidades adequadas de congêneres em bebidas
destiladas é a separação das frações cabeça, coração e cauda. Sendo feita tal
separação, a fração “cabeça” concentrará o metanol caso este composto tóxico tenha
se formado, além do etanol.
2.5 Microrganismos Contaminantes da Fermentação Alcoólica
Durante a fermentação alcoólica, etapa do processo de produção de álcool
etílico, as leveduras convertem os açúcares presentes no substrato em etanol e gás
carbônico. Nesta fase podem ocorrer vários problemas. Entre os principais merece
destaque a contaminação bacteriana (CHERUBIN, 2003), que consiste em uma das
principais preocupações das agroindústrias de açúcar (como a formação de gomas),
álcool e cachaça. Os contaminantes causam problemas como: consumo de açúcar,
10
queda de viabilidade de células de levedura, floculação do fermento e queda no
rendimento industrial (AMORIM et al.,1989), bem como bebidas de baixa qualidade e
baixo valor comercial.
O caldo de cana contém quantidades variáveis de nutrientes orgânicos e
inorgânicos, alta atividade de água (Aa), pH e temperatura favoráveis que proporcionam
o crescimento de uma grande flora microbiana; enfim, as próprias condições de cada
etapa do processo de produção de álcool selecionam o desenvolvimento de
microrganismos, sendo que todo o processo está sujeito à contaminação, desde a
cana-de-açúcar no campo até a fermentação do seu caldo (GALLO, 1989).
A contaminação bacteriana é considerada a maior causa da redução na
produção de etanol durante a fermentação de meios amiláceos e de mosto de cana, por
S. cerevisiae. O estímulo para o desenvolvimento de bactérias como as do gênero
Lactobacillus, quando em cultura mista, se deve à excreção de metabólitos, de
leveduras para o meio, tais como adenina, guanina, ácido aspártico e nicótico,
triptofano, glicina, alanina e lisina (NARENDRANATH et al., 1997; CHIN & INGLEDEW,
1994).
Portanto, o estímulo ao desenvolvimento bacteriano também é causado pela
liberação de aminoácidos, sendo que a presença destes no meio fermentativo pode ser
causada pela autólise das células de leveduras. O desenvolvimento bacteriano é
favorecido nos estágios finais do ciclo fermentativo (OLIVA NETO, 1995).
A maioria dos trabalhos identificou e tornou evidente a predominância de
bactérias Gram-positivas e em formas de bastonetes no processo de fermentação
alcoólica, com destaque para os gêneros Bacillus e Lactobacillus e as espécies L.
fermentum e L. helveticos (CHERUBIN, 2003).
2.6 Antissépticos no Controle de Bactérias Contaminantes
Os antissépticos não são largamente usados; há restrições, porque existe
possibilidade de deixarem resíduos nos destilados. Pentaclorofenol foi usado durante
alguns anos nas proporções de 0,01 a 0,05 g/L de mosto, com bons resultados, porém
11
seu uso é hoje proibido. O hexaclorofenol em dose de 4 mg/L de mosto contribui para
boas fermentações. Sulfato de cobre e colofônia também são citados na literatura,
como bons antissépticos (LIMA, 2001).
O ácido sulfúrico que se adiciona nos mostos em fermentação é um dos
antisséptico mais utilizados nas fermentações industriais para produção de álcool. Os
antibióticos, em virtude de suas propriedades bactericidas ou bacteriostáticas, agem
como agentes desinfetantes. Foi demonstrado que a administração de penicilina ao
mosto, na concentração de 500 a 1000 unidades por litro, resulta em acréscimo do
rendimento de álcool, cuja diferença com o controle compensou o gasto com este
antibiótico (LIMA, 2001).
A escolha do antibiótico depende de seu custo no tratamento (LIMA, 2001). O
cloranfenicol e a tetraciclina também são empregados, mas a penicilina é
economicamente mais vantajosa (ROITMAN et al., 1988). A ampicilina é um tipo de
penicilina de amplo espectro, sendo um quimioterápico do grupo β-lactâmico que
interfere na síntese de polipeptidioglicano, na parede celular bacteriana, cuja ação final
é a inativação de um inibidor das enzimas autolíticas, conduzindo à lise da bactéria. A
ampicilina é destruída por algumas bactérias que produzem β-lactamase e por muitos
microrganismos Gram-negativos (RANG et al.,1995).
A fermentação alcoólica industrial é um processo fermentativo que, certas vezes
se processa em condições tecnicamente adversas. Canas cortadas há muitos dias,
secas, contaminadas com diversos tipos de microrganismos, mostos ricos em
impurezas minerais, são comuns em destilarias (MUTTON, 1998).
As contaminações também se apresentam com freqüência na produção de
cachaça, prejudicando o rendimento do processo e a qualidade da bebida. E esse
inconveniente pode ser contornado com supervisão constante, para evitar ou suprimir
as infecções (LIMA, 2001). Deve-se registrar que a acidificação através de adição de
ácido sulfúrico ao mosto ou “pé-de-cuba” é a prática mais freqüente na produção de
cachaça em média e grande escala (CLETO & MUTTON, 1995). No entanto, esta
prática não se adequa à produção de cachaça orgânica, pois descaracteriza o produto
do ponto de vista natural.
12
2.7 Extratos de Própolis e de Pomelo
A própolis se constitui numa série de substâncias resinosas, gomosas e
balsâmicas, de consistência viscosa, recolhida de brotos e cascas de árvores ou de
outras partes do tecido vegetal, pelas abelhas, que a transportam até a colméia, onde
modificam sua composição, através de secreções próprias como a cera e secreções
salivares essenciais ou, ainda, seria resultante do processo de digestão do pólen pelas
abelhas (PARK et al., 1997). Possui aroma característico (balsâmico e resinoso),
dependendo da origem botânica, cor variável desde a amarelada, esverdeada clara ao
pardo escuro. Pode ter um sabor de suave balsâmico a forte, amargo e picante e a sua
consistência varia do maleável a ligeiramente rígida, quando em temperatura ambiente,
e rígida em temperaturas abaixo de 20ºC. É composta, em média, por 55% de resinas e
bálsamos, 30% de ceras, 10% de óleos voláteis e 5% de pólen (GRANGE & DAVEY,
1990).
Possui uma composição química complexa, contendo mais de 160 componentes
e, dentre os compostos químicos identificados, podem ser citados os flavonóides
(flavonas, flavolonas e flavononas), chalconas, ácido benzóico e derivados,
benzaldeídos, álcoois, cetonas, fenólicos, heteroaromáticos, álcool cinâmico e
derivados, ácido caféico e derivados, ácidos diterpenos e triterpenos, minerais e outros
(SOARES et al., 2000).
Entre as substâncias isoladas, preponderam os flavonóides (flavonas, flavolonas
e flavononas), como uns dos principais responsáveis pelas atividades antiviróticas,
antiparasitárias, antibacterianas, antioxidantes e demais propriedades farmacológicas
observadas na própolis (GRANGE & DAVEY, 1990). As vitaminas B1, B2, B6, C, E e
minerais como manganês, ferro, cálcio, alumínio também já foram identificados em
amostras de própolis , assim como os açúcares arabinose, frutose, glicose, sacarose e
maltose (BONVEHI et al., 1994). Diversos pesquisadores relatam que na própolis
brasileira os ácidos fenólicos são mais abundantes que os flavonóides (SEIXAS et al.,
2000). Dependendo do tipo de solvente empregado na extração ou mesmo das
13
condições utilizadas no processo, haverá maior ou menor eficiência de extração das
substâncias fenólicas, nas quais concentra-se a maior parte da atividade farmacológica
da própolis (MARCUCCI et al., 1998).
Extrato etanólico de amostra de própolis originária da França foi testado quanto à
sua atividade antimicrobiana “in vitro” contra algumas linhagens de bactérias Gram
positivas e Gram negativas. O extrato inibiu completamente o crescimento de
Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Enterococcus spp.,
Corynebacterium spp., Branhamella catarrhalis e Bacillus cereus .Houve inibição do
crescimento de Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli, mas não houve efeito
sobre Klebsiella pneumoniae. As propriedades antimicrobianas e os efeitos benéficos
da própolis foram atribuídos à presença de flavonóides na sua composição. (GRANGE
& DAVEY, 1990).
Foram isolados três compostos antimicrobianos distintos da própolis brasileira
coletada no Estado de São Paulo: ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico, ácido 3- prenil-
4-dihidroxicinamoloxicinâmico e ácido 2,2-dimetil-6-carboxietenil-2H-1-benzopirano.
Estes compostos foram testados contra B. cereus, Enterobacter aerogenes e
Arthroderma loenhaniae, sendo que o primeiro composto apresentou maior atividade
(AGA et al., 1994).
A atividade antibacteriana de alguns própolis do Brasil e Bulgária foi investigada,
utilizando Staphylococcus aureus. Os autores notaram atividade em todos os extratos
alcoólicos de própolis e também na mistura de constituintes voláteis, exceto para os
voláteis da Bulgária (BANKOVA et al., 1995).
Foram isolados quatro tipos de ácidos diterpênicos e siringaldeído da própolis do
Brasil, sendo que todos apresentaram atividade antibacteriana contra Staphylococcus
aureus. Os diterpenos encontrados pela primeira vez na própolis são típicos de
algumas espécies de Araucaria, indicando uma possível fonte vegetal da própolis do
Brasil (BANKOVA et al., 1996).
Foi testada a atividade antimicrobiana da própolis comercial preparada com os
seguintes solventes: etanol 60%, glicerol puro, propilenoglicol e óleo de cereais
comestíveis. Os autores mostraram que o tipo de solvente aplicado para a extração
14
pode aumentar a potência da atividade antimicrobiana, sendo que os melhores
resultados foram obtidos utilizando óleo de cereais como solvente (TOSI et al., 1996).
Algumas amostras de extrato etanólico de própolis do Brasil foram testadas,
mostrando que todas inibiram o crescimento de Staphylococcus aureus (coagulassse
+), não havendo inibição da E.coli ( coagulasse -) (PARK et al., 1997).
Foi verificada a inibição do crescimento de Streptococcus mutans e da enzima
glicosiltransferase, pelos extratos etanólicos de amostras de própolis do Brasil,
provenientes dos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Paraná e Rio Grande do Sul. A atividade antimicrobiana foi atribuída aos compostos
pinocembrina e galangina. Devido ao sinergismo dos efeitos antimicrobianos e inibição
da atividade da enzima glicosiltransferase, conclui-se que a própolis poderia controlar a
cárie dental (PARK et al., 1998a).
Foi estudada a relação entre a virulência de linhagens de bactéria e sua
susceptibilidade ao extrato etanólico de própolis (EEP). Das quatro linhagens não
virulentas estudadas nenhuma era susceptível ao EEP; enquanto que das 13 virulentas,
7 foram susceptíveis e 6 resistentes (SCHELLER et al., 1998).
Os extratos etanólicos das própolis brasileiras coletadas nos Estados: do Paraná,
São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, foram
testados quanto à sua atividade “in vitro” contra Streptococcus mutans, Staphylococcus
aureus e Actinomyces naeslundii e potencial de inibição da atividade da enzima
glicosiltransferase, relacionada à formação da placa e cárie dentária. Todas as
amostras inibiram a atividade enzimática e crescimento microbiano, sendo que a
amostra proveniente do Rio Grande do Sul apresentou maior atividade em ambos os
casos (PARK et al., 1998b).
Um novo composto do extrato etanólico da própolis cubana foi isolado por
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), sendo identificado como uma
benzofenoma poliprenilada. Suas atividades antimicrobianas e fungicidas foram
testadas contra Actinomyces, linhagens de bactérias Gram positivas e negativas e
leveduras. A maior atividade foi observada contra duas linhagens Gram positivas:
Streptomyces chartrensis e S. violochromogenes. Em relação às linhagens Gram
15
negativas e leveduras, foi verificada atividade contra Shigella somnei, Candida albicans,
Candida tropicalis, Pseudomonas aeuruginosa e Candida parapsilosis (RUBIO et al.,
1999).
Foram analisados os extratos etanólicos das própolis, bem como seus
compostos voláteis de diversas regiões como: Sofia (Bulgária), Tirana (Albânia), Ulan
Bator (Mongólia),Bani Swaief (Egito),Prudentópolis (PR-Brasil), Rio Claro (SP-
Brasil),Pacajus (CE-Brasil), Limeira (SP-Brasil), San Mateo ( Ilhas Canárias), Telde
(Ilhas Canárias). As atividades antibacteriana (S.aureus e E. coli) ,antifúngica (Candida
albicans) e antiviral (vírus influenza) dos extratos etanólicos foram investigadas. Todas
as amostras apresentaram atividades antibacteriana, antifúgica e antiviral similares,
sendo que a própolis das Ilhas Canárias foi mais potente contra S.aureus. Nenhuma
amostra apresentou atividade anti E. coli . Essas similaridades contradizem às
diferentes composições químicas, levando os autores a concluir que as propriedades se
devem à mistura de substâncias, e não a um composto específico (KUJUNGIEV et al.,
1999).
Os extratos etanólicos da própolis de Minas Gerais e extratos de Arnica montana
foram testados contra 15 linhagens de bactérias: Candida albicans (duas linhagens),
Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis, Streptococcus sobrinus, S. sanguis, S.
cricetus, S. mutans, Actinomyces naeslundii, A. Viscosus, Porphyromonas gingivalis, P.
Endodontalis e Prevotella denticola. O extrato de própolis inibiu todos os
microrganismos apresentando maior atividade contra Actinomyces spp. O extrato de
Arnica montana não demonstrou atividade significante. A aderência das células e
formação de glucana insolúvel em água também foram quase que totalmente inibidos
por uma concentração de 400ug/ml e 500 ug/ml de extrato de própolis,
respectivamente; enquanto que o extrato de Arnica montana apresentou leve inibição
da aderência das células (19% para S. mutans e 15% para S.sobrinus) e formação de
glucana insolúvel em água (29%) na mesma concentração (KOO et al., 2000 a).
Uma nova variedade de própolis originária da Bahia (nordeste do Brasil) foi
avaliada quanto à inibição do crescimento de Streptococcus mutans, S. sobrinus e S.
cricetus, aderência da célula e síntese de glucana insolúvel em água, sendo comparada
16
com as amostras previamente testadas, provenientes dos Estados de Minas Gerais e
Rio Grande do Sul. Os resultados mostraram que a nova variedade de própolis
apresenta maior potência em relação a todos os parâmetros “in vitro” testados, sendo
excepcionalmente efetiva contra S. mutans (KOO et al., 2000 b).
O uso indiscriminado e prolongado de antimicrobianos químicos sintéticos tem
levado à seleção de microrganismos patogênicos mutantes resistentes a esses
compostos, tornando o uso de antimicrobianos de origem natural uma alternativa eficaz
e econômica (CRISAN, 1995). O problema da resistência microbiana é crescente e a
perspectiva de uso de drogas antimicrobianas no futuro é incerta. Portanto, devem ser
tomadas atitudes que possam reduzir este problema como, por exemplo, controlar o
uso de antibióticos, desenvolverem pesquisas para melhor compreensão dos
mecanismos genéticos de resistência e continuar o estudo de desenvolvimento de
novas drogas, tanto sintéticas como naturais (NASCIMENTO, 2000).
Sugere-se que o extrato etanólico de própolis tem efeito bactericida causado pela
presença de ingredientes muito ativos, porém, lábeis. É sugerido que a combinação de
extratos de própolis com antimicrobianos possa permitir a redução da dose clínica de
determinados antibióticos e, assim, diminuir a incidência de efeitos colaterais e, ao
mesmo tempo, potencializar a antibioticoterapia no tratamento de infecções em que a
resistência bacteriana torna-se fator determinante (RANG et al., 1995). Nenhum
componente isolado possui atividade antibacteriana sobre o Staphylococcus aureus, ou
outra bactéria, tão potente quanto todo o extrato (KUJUNGIEV et al., 1999).
Muitos trabalhos nacionais e estrangeiros ilustram a diversidade de atividades
biológicas da própolis e, dentre elas, a antibacteriana. A maioria dos relatos mostra que
os diversos tipos de extratos de própolis possuem acentuada ação inibidora, in vitro,
sobre os gêneros Gram-positivos e, em menor escala, sobre as bactérias Gram-
negativas (GRANGE & DAVEY, 1990). Esta e outras reconhecidas capacidades desta
resina natural servem de estímulo para investigações sobre a sua utilização em
processos de obtenção de álcool combustível ou de cachaça convencional; sobretudo,
de cachaça orgânica.
17
O extrato de pomelo, outro antimicrobiano natural, é empregado na conservação
de pescado e higienização de equipamentos; elimina em torno de 97% das bactérias da
superfície de folhas de alface, contribuindo para conservação pós-colheita do produto.
O extrato de pomelo tem na sua composição vários princípios ativos como o ácido
caféico e terpenos (LÓPEZ et al. 2001). O ácido caféico é um agente bactericida e os
terpenos são fungicidas em potencial (ORDONEZ, 2004).
Não existem trabalhos na literatura científica sobre o uso de extratos de própolis
e/ou derivados no controle ou prevenção da contaminação bacteriana do caldo de
cana-de-açúcar, bem como o mosto usado nas fermentações para obtenção de
produtos derivados. Este trabalho é pioneiro abordando controle de bactérias
contaminantes da fermentação alcoólica utilizando biocidas naturais como o extrato de
própolis e o extrato de pomelo (Citrus paradise).
III. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Laboratório de Tecnologia do Açúcar e do Álcool-
Microbiologia das Fermentações, do Departamento de Tecnologia da FCAV/UNESP,
Campus de Jaboticabal-SP, durante a safra 2004/2005.
3.1 Matéria-Prima
Utilizaram-se neste estudo colmos de cana-de-açúcar da variedade SP87-5181,
ciclo precoce, cultivada em unidade de produção orgânica do município de Cajuru-SP,
sob solo areno-argiloso. Os tratos culturais consistiram em adição de cinzas e
fertirrigação com vinhaça, ambos resíduos provenientes da produção da cachaça
orgânica do alambique da propriedade. A infestação de pragas e incidência de doenças
foi baixa, dispensando-se medidas de controle adequadas ao cultivo orgânico. A cana
foi cortada manualmente sem queima prévia, despontada e processadas imediatamente
em moendas sem embebição.
3.2 Preparo do Mosto
O caldo extraído foi filtrado em tecido de trama fina para retenção de impurezas
minerais e bagacilho. O grau Brix inicial era de 20 e foi reduzido através da adição de
água destilada para preparo de mostos de 6, 9, 12 e 14° Brix. O pH foi de 5,2 e foi
mantido nas diferentes fases do experimento.
3.3 Leveduras
Os microrganismos utilizados para a composição dos inóculos foram o fermento
comercial prensado constituído predominantemente por Saccharomyces cerevisiae e a
mistura composta por S. cerevisiae e duas estirpes de leveduras nativas, pertencentes
à coleção do Laboratório de Microbiologia das Fermentações do Departamento de
19
Tecnologia da FCAV/UNESP, Jaboticabal-SP, Pichia anomala e Pichia silvicola. Essas
leveduras foram isoladas de processos fermentativos, que segundo DATO (2001)
apresentaram-se como excelentes fermentadoras.
3.4 Biocidas
A própolis utilizada neste experimento foi coletada no município de Guaxupé-MG
e a extração dos princípios ativos foi realizada a partir da mistura de 25g de própolis
triturada em 100mL de solução de etanol 80% v.v-1 sob agitação em banho
termostatizado a temperatura de 70ºC durante 30 minutos (KOO, 1996). O extrato de
pomelo (Citrus paradisi) utilizado foi o da marca comercial Citril 200d. A solução de
ampicilina foi elaborada triturando-se um comprimido de ampicilina 500 mg em
almofariz e, a seguir, completando-se o volume para 100mL com água autoclavada.
3.5 Preparo dos Inóculos
As leveduras selecionadas foram reativadas e cultivadas em meio estéril YEPD
(2% extrato de levedura, 1% peptona e 2% de dextrose) entre 24 e 48h a 32ºC em
agitador a 100rpm. A massa de células foi centrifugada (10000 g/15min) e transferida
para mosto de caldo de cana a 6° Brix, visando à multiplicação de células, através do
processo de cortes, até a obtenção da massa necessária para o início das
fermentações. Foram adicionados 30g de massa úmida equivalente a 60x108
células.mL-1 para o inóculo S. cerevisiae e 10g de massa úmida equivalente 20x108
células.mL-1 das estirpes P. anomala , P. silvícola e S. cerevisiae para o inoculo
composto pela mistura de leveduras.
3.6 Condução da Fermentação
As fermentações foram realizadas em bateladas, com recuperação do fermento
por decantação, em dornas de aço inoxidável de fundo cônico, com capacidade para 6L
20
de mosto (volume útil) a 14º Brix, pH 5,2, Açúcares Redutores Totais (ART) 13,1%,
Acidez Total 0,37g de H2SO4 L-1. Dividiu-se a alimentação das dornas em quatro etapas
de 1,5L em intervalos de 60 min. Os tratamentos utilizados foram: mosto testemunha,
mosto com adição de 4 mg L-1 de extrato de própolis, mosto com 4 mg L-1 de ampicilina
e mosto com 18 mg L-1 de extrato de pomelo a temperatura de 30°C ± 2.As doses dos
biocidas foram definidas após a realização de ensaios preliminares. No 1º ciclo, cada
dorna recebeu por hora 1500 mL de mosto a 6, 9, 12 e 14° Brix, respectivamente na 1ª,
2ª, 3ª e 4ª hora. Do 2º ao 10º ciclo, 1500 mL de mosto não estéril, a 14° Brix foi
adicionado a cada alimentação/dorna.
Foram conduzidos 10 ciclos fermentativos, em duplicata, com duração variável
entre 18 a 21 horas cada um, considerando o final da fermentação, quando o Brix do
vinho era ≤ 1. A cada dois ciclos o fermento foi lavado com água destilada para a
testemunha e água destilada mais os biocidas correspondentes a cada tratamento, nas
concentrações citadas anteriormente. Após o final do 4º ciclo fermentativo foi realizada
a limpeza do fundo de dornas para retirada de material inerte e células mortas.
3.7 Análises Microbiológicas do Caldo, Mosto e Vinho.
As análises microbiológicas pelo método direto foram realizadas no início e final
de cada ciclo segundo LEE et al. (1981). Os parâmetros avaliados foram: viabilidade
celular e de brotos e concentração de bactérias contaminantes.
Para realização do plaqueamento (método indireto) foram retiradas amostras do
vinho, no início e final de cada ciclo fermentativo. O plaqueamento foi feito em meio de
cultura WLN (Wallerstein Laboratories Nutrient Agar-Difco: glicose – 50g, fosfato
hidratado de potássio – 550mg, cloreto de potássio – 425mg, cloreto de cácio – 125mg,
sulfato de magnésio – 125mg, cloreto férrico – 2,5mg, sulfato de manganês – 2,5g,
caseína – 5g, extrato de levedura – 4g, verde de bromocresol – 22mg e Agar – 20g
para cada litro de meio) com ampicilina (500mg/L) e ácido nalidíxico (500mg/L), para
contagem total de leveduras. Para contagem de microrganismos totais utilizou-se o
21
meio de cultura PCA (Plate Count Agar – Difco: caseína – 5g, extrato de levedura –
2,5g, dextrose – 1g e Agar – 15g por litro de meio).
O meio de cultura MRS (Man, Rogosa e Sharp – Merck: extrato de levedura – 5g,
peptona – 10g, extrato de carne – 5g, dextrose – 20g, fosfato hidrogênio dipotássico –
2g, tween 80 – 1g, acetato de sódio – 5g, sulfato de magnésio – 0,05g e agar – 15g por
litro de meio) com cicloheximida (100mg/L), foi utilizado para contagem de bactérias
láticas.
As amostras de vinho foram diluídas em solução salina estéril (0,85%), para 10-7
e 10-8 para os meios WLN e PCA e 10-5 e10-6 para o meio MRS. Alíquota de 0,1mL
foram transferidas para as placas contendo os meios de culturas e incubadas por 7 dias
a 25°C±1 para o WLN e 32°C±2 por 4 dias para os meios PCA e MRS.
3.8 Destilação
A destilação foi realizada em aparelho de cobre, com capacidade para destilar 20
litros de vinho. O equipamento foi aquecido através de fogo direto (Figura 1). O vinho
decantado foi recolhido na quantidade de 4.500 mL de cada repetição, em cada
tratamento. Os vinhos dos mesmos tratamentos (repetições) foram misturados
totalizando 9.000 mL e enviados ao alambique, aquecido sob temperatura constante. A
destilação foi conduzida separando-se as frações de cabeça, coração e cauda. Foi
recolhida a fração de coração, correspondente a 80% (volume) do destilado com
graduação de 36 a 40% (36% para os vinhos obtidos nos tratamentos com extrato de
pomelo).
22
Figura 1: Destilador de cobre para obtenção da cachaça, aquecimento direto.
3.9 Amostragens e Avaliações
Foram coletadas amostras de mosto (300mL) para realização de análises físico-
químicas que apresentaram as seguintes características: pH 5,2; Açúcares Redutores
Totais (ART) 13,1%, Acidez Total 0,37g de H2SO4 L-1. Para o vinho foram coletadas três
amostras simples, de 50mL, no fundo, no meio e na superfície de cada dorna,
perfazendo-se uma amostra composta de 150mL. Realizaram-se análises físico-
químicas para Açúcares Redutores Residuais Totais (ARRT%), Acidez Total
(gH2SO4/L), Glicerol (mg 100mL-1), pH e º Brix além das Análises Microbiológicas.
3.10 Análises Físico-químicas do Mosto, Vinho e Destilado.
• Brix do caldo, mosto e do vinho: quantificado por densimetria com correção de
temperatura.
• pH do mosto: determinado por leitura direta no pHmetro, modelo DMPH-2
digital, com correção de temperatura.
• Açúcares redutores totais (ART) % do mosto: expressos em relação à glicose
e dosados pelo método volumétrico de LANE & EYNON (1934).
23
• Acidez sulfúrica do mosto e vinho: metodologia proposta por AMORIM (1996).
• Açúcares redutores residuais totais (ARRT) do vinho: segundo técnica
descrita em COPERSUCAR (1988).
• Glicerol: segundo MACGOWAN et al. (1983).
Para análises cromatográficas (teor alcoólico, componentes secundários e
carbamato de etila) das cachaças, foram coletadas amostras da fração de coração dos
ciclos: 1, 4, 7 e 10. As análises foram realizadas segundo MONICK (1986).
3.11. Delineamento Experimental
O experimento foi conduzido na safra 2004/2005, utilizando delineamento
inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x2x10, com duas repetições, sendo o
primeiro fator os tratamentos testemunha e três biocidas (extrato de própolis, solução
de ampicilina e extrato de pomelo), o segundo dois inóculos: S. cerevisiae e mistura de
leveduras (S. cerevisiae, P. anomala e P. silvicola) e o terceiro os 10 ciclos
fermentativos.
A análise estatística dos componentes secundários foi realizada em
delineamento em blocos casualizados, utilizando-se o esquema fatorial 4x2 com quatro
repetições (ciclos 1, 4, 7 e 10), analisando-se amostras do destilado de coração de três
biocidas (extrato de própolis, solução de ampicilina e extrato de pomelo) e da
testemunha, provenientes da fermentação em dois inóculos: S. cerevisiae e mistura de
leveduras (S. cerevisiae, Pichia anomala e Pichia silvicola) BANZATTO & KRONKA
(1995).
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Condições de Desenvolvimento do Experimento
O experimento foi realizado de modo a reproduzir em laboratório as condições de
produção de cachaça orgânica, conforme as Boas Práticas de Fabricação (BPF).
Seguiram-se os preceitos de higiene e práticas que aperfeiçoam e/ou preservam a
qualidade da matéria prima, como colheita sem queima, desponte e processamento
imediato dos colmos, além de passagem por peneiras e ajuste do grau brix do caldo,
para obtenção do mosto. Empregaram-se também práticas como lavagem do fermento
a cada dois ciclos e limpeza do fundo de dornas, de maneira a reduzir a incidência de
bactérias contaminantes.
Para garantir ainda a qualidade do destilado realizou-se a separação das frações
de cabeça, coração e cauda. Os vinhos e destilados obtidos neste experimento foram
analisados e as informações resultantes destas análises estão apresentadas e
discutidas a seguir.
4.2 Comportamento Microbiológico
Os resultados obtidos e submetidos a análise de variância, para a viabilidade das
células de leveduras presentes no vinho no início e no final dos ciclos fermentativos,
indicaram diferença significativa (p<0,01) (Tabela 1) com os maiores valores de F no
início das fermentações para inóculos e ciclos e no final para inóculos e biocidas. Os
resultados médios de viabilidade celular obtidos para os tratamentos com extrato de
própolis e solução de ampicilina foram superiores aos dos tratamentos testemunha e
com o extrato de pomelo, para ambos inóculos utilizados (Figura 1).
A levedura é um microrganismo que se adapta ao meio facilmente, dependendo
onde é inoculada. Esta ocorre, sobretudo, em condições que favoreçam suas atividades
metabólicas, como por exemplo, a presença no meio de nutrientes essenciais ao seu
metabolismo, que é afetado em condições adversas ocasionando então o estresse do
25
Tabela 1: Análise de variância da porcentagem de viabilidade de células de levedurasno início e final dos ciclos fermentativos, em vinho de mosto de cana.
Causas da variação Viabilidade (valores de F)
Início Final
Biocidas (A) 51,67** 37,79**
Inóculos (B) 27,51** 69,33**
Ciclos (C) 11,42** 01,76ns
AxB 04,10** 03,24*
AxC 03,29** 02,12*
BxC 04,36** 01,60ns
AxBxC 01,78* 00,88ns
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Bc
Ab
AaAa
Bb
Aa
Ac Ac
82
84
86
88
90
92
94
96
98
100
Saccharomyces Mistura (S.c+P.a+Ps)
Via
bilid
ade
inic
ial (
%)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 1: Interação entre biocidas e inóculos para viabilidade de células de leveduras(%) em amostragens realizadas nos ciclos fermentativos. Letras maiúsculas comparamas médias entre inóculos e letras minúsculas comparam as médias entre os biocidas.
microrganismo MUTTON (1998). De acordo com pesquisas de OLIVA-NETO &
YOKOYA, 1997 o principal indicador de estresse na levedura é a viabilidade celular.
Quanto maior a viabilidade, melhor o desempenho fermentativo. Baseados nestes
preceitos os resultados obtidos neste estudo evidenciam que os mostos tratados com
26
extrato de própolis ou solução de ampicilina não contribuem para o estresse das
leveduras, Uma vez que não se detectou diminuição da viabilidade celular,
permanecendo a níveis superiores a 93% de células vivas. Pode-se relacionar este fato
a ocorrência de algum tipo de estresse, causados por contaminação bacteriana ou
mesmo biomoléculas presentes no extrato de pomelo.
No decorrer dos ciclos fermentativos no início das fermentações, os índices de
viabilidade decresceram para os tratamentos testemunha e extrato de pomelo, o que
era esperado em função da perda de células viáveis devido aos reciclos e lavagem do
fundo das dornas, bem como aumento da competitividade entre células de levedura e
de bactérias contaminantes. Para o tratamento com o extrato de própolis a viabilidade
manteve-se constante e sempre a níveis elevados e superiores a 92%. A viabilidade,
embora tenha oscilado, também foi superior para o tratamento com solução de
ampicilina, o que pode estar relacionado a redução da competitividade das bactérias
contaminantes com as leveduras, demonstrando assim, a eficiência daqueles dois
biocidas sob o controle das bactérias contaminantes. A manutenção e supremacia da
viabilidade no tratamento com extrato de própolis podem estar relacionados não
somente a sua eficiência biocida sobre as bactérias, mas também devido à presença de
compostos como as vitaminas B1, B2, B6, C, E e minerais como manganês, ferro, cálcio
e açúcares presentes nesta resina BURDOCK (1998). Tais elementos são importantes
para o metabolismo das leveduras do ponto de vista nutricional contribuindo assim para
maior viabilidade celular (Figura 2).
A ocorrência de situações de estresses na fermentação provoca reduções na
viabilidade da levedura. Esta também pode ser resultante da recirculação de células,
uma vez que a reciclagem do fermento não seleciona somente células viáveis. Assim
sendo, o reaproveitamento do inóculo promove um estímulo à multiplicação bacteriana
devido ao enriquecimento do meio causado pelas proteínas hidrolisadas e aminoácidos
provenientes das células de leveduras CHERUBIN (2003), fato comprovado neste
estudo, principalmente nos tratamentos testemunha e com extrato de pomelo.
Ao longo dos ciclos os índices de viabilidade não diferiram significativamente e
apresentaram menores valores em relação ao início. Tal era esperado, pois no início do
27
Aa
AB
a
Aa
AB
a
Cb
AB
Cb
AB
Cb A
BC
ab
AB
Cb
AB
Cb
Aa
Aa Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
Aa
Bab
AB
a
AB
a
AB
a
Aa
AB
ab
AB
a
AB
ab
AB
ab
AB
ab
Aa Aa
Aa A
a
BC
Db
Dc
CD
b
AB
Cb
AB
b
AB
ab
75
80
85
90
95
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Ciclos
Via
bilid
ade
inic
ial (
%)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 2: Interação entre biocidas e ciclos para a viabilidade de células de leveduras(%) em amostragens realizadas no início das fermentações. Letras maiúsculascomparam médias entre ciclos e letras minúsculas comparam médias entre biocidas.
processo, o mosto é rico em nutrientes e açúcares dando condição para a levedura se
desenvolver, o que não ocorre no final da fermentação, quando se observa redução
natural da viabilidade. A concentração de etanol também contribuiu para reduzir a
viabilidade no final dos ciclos fermentativos (MUTTON, 1998). Existe ainda relação
inversa entre viabilidade celular de leveduras e concentração de bactérias (final das
fermentações), principalmente pela competição entre leveduras e bactérias pelos
nutrientes e açúcares do meio, bem como pela excreção de metabólitos tóxicos pelas
bactérias.
A análise de variância do brotamento de células de leveduras tanto no inicio
quanto no final dos ciclos fermentativos, foi significativa para biocidas, inóculos, ciclos e
para as interações entre eles. Os valores de F estão representados na (Tabela 2).
O brotamento no início dos reciclos foi superior para o tratamento com extrato de
própolis seguido pelos tratamentos testemunha e com solução de ampicilina que não
diferiram entre si no inóculo composto pela mistura de leveduras. Já o tratamento com
28
Tabela 2: Análise de variância da porcentagem de brotamento de células de levedurasem amostragens feitas no início e final das fermentações (brotamento inicio de ciclos ebrotamento final de ciclos), em vinho de mosto de cana-de-açúcar.
Causas da variação Brotamento (valores de F)
Início Final
Biocidas (A) 43,46** 25,92**
Inóculos (B) 09,97** 00,49NS
Ciclos (C) 15,97** 10,97**
AxB 10,41** 10,21**
AxC 05,12** 03,93**
BxC 29,52** 15,81**
AxBxC 03,40** 03,04**
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
extrato de pomelo apresentou diferença significativa e menor porcentagem de
brotamento em relação aos demais. Ocorreu comportamento diferente do inóculo
composto somente por S. cerevisiae onde o brotamento foi superior somente para o
tratamento com extrato de própolis nos demais não houve diferença significativa (Figura
3).
Aa
Bb
AaAa Aa
Bb
Bb
Ab
2
3
4
5
6
Saccharomyces Mistura
Bro
tam
ento
Inic
ial (
%)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 3: Interação entre biocidas e inóculos para brotamento de células de leveduras(%) em amostragens realizadas no início das fermentações. Letras maiúsculascomparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam as médias entre osbiocidas.
29
O brotamento celular ao final dos reciclos, foi superior para o tratamento com
extrato de própolis, diferindo significativamente dos demais tratamentos em ambos
inóculos. Observa-se também que no inóculo S. cerevisiae o tratamento com extrato de
própolis apresentou maior brotamento, seguido pelos tratamentos testemunha e com
extrato de pomelo. O mesmo comportamento não foi observado para o inóculo
composto pela mistura de leveduras onde o tratamento com extrato de própolis
apresentou maior brotamento em relação aos demais, que não diferiram significamente
entre si (Figura 4).
Bb
Ab
AaAa
Ab
BcBb
Ab
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Saccharomyces Mistura
Bro
tam
ento
Fin
al (%
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 4: Interação entre biocidas e inóculos para brotamento de células de leveduras(%) em amostragens realizadas no final das fermentações. Letras maiúsculascomparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam as médias entre osbiocidas.
Quanto ao comportamento dos inóculos durante os ciclos fermentativos
observou-se neste estudo que o brotamento celular foi superior para o inóculo S.
cerevisiae nos ciclos 1, 8 e 9 diferindo significativamente do inóculo composto pela
mistura de leveduras. Nos ciclos 2, 3, 5 e 7 o inóculo que apresentou maior brotamento
30
foi aquele composto pela mistura de leveduras. Já nos ciclos 4, 6 e 10 não houve
diferenças significativas (entre inóculos quanto ao brotamento das células de
leveduras). E comportamento oscilante entre inóculos, ora mostrando melhores
porcentagens em um ora em outro, e ainda em ciclos onde não se observaram
diferenças significativas pode estar ligado à adaptabilidade das leveduras ao longo dos
ciclos na tentativa de permanecer no meio fermentativo. (Figuras 5 e 6).
CD
Ea
BC
a
Aa
BC
b
AB
a
Eb
CD
a
DE
b
CD
Eb
Aa
Da
DbC
Db
Aa
Ba
Aa
Da
BC
aBa
Bb
1
2
3
4
5
6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Bro
tam
ento
Inic
ial(%
)
Saccharomyces Mistura
Figura 5: Interação entre inóculos e ciclos para brotamento de células de leveduras (%)em amostragens realizadas no inicio das fermentações. Letras maiúsculas comparamas médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médias entre os inóculos.
31
Bb
Bb
Aa
Bb
Bb
Aa
Bb
AaA
aAa
Aa
Aa
Ab
AaA
a
Bb
Aa
Bb
Aa
Aa
0
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Bro
tam
ento
Fin
al(%
)
Saccharomyces Mistura
Figura 6: Interação entre inóculos e ciclos para brotamento de células de leveduras (%)em amostragens realizadas no final das fermentações. Letras maiúsculas comparam asmédias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médias entre os inóculos.
Antes do início do 5°ciclo fermentativo houve remoção de resíduos dos fundos
das dornas de fermentação o que acarretou perdas de células reduzindo
conseqüentemente o número das mesmas responsáveis pela conversão do açúcar em
álcool. Ambos os inóculos apresentaram adaptabilidade a este procedimento. O inóculo
S. cerevisiae apresentou maior brotamento no início do 6°ciclo e o inóculo composto
pela mistura de leveduras apresentou maior brotamento no ao final do 5° e 7° ciclo
(Figuras 5 e 6), portanto ambos foram capazes de repor o número de células viáveis
perdidas através da limpeza das dornas, em detrimento a produção de álcool.
Da interação entre biocidas e ciclos observa-se que o brotamento de células de
leveduras foi oscilante em ambos os momentos da avaliação isto é, inicio das
fermentações (Figura 7) e final das fermentações (Figura 8). De modo que, as maiores
porcentagens de brotamento foram observadas nos vinhos tratados com extrato de
própolis, seguidas pelo tratamento com solução de ampicilina. Nos tratamentos
“testemunha” e com “extrato de pomelo” o brotamento foi menor, o que era esperado
uma vez que a viabilidade celular também foi menor para ambos. O brotamento celular
32
pode estar ligado a vários fatores dentre os quais destaca-se o estado nutricional das
células que refletem em maior viabilidade celular no início, sobretudo no final das
fermentações.
Os tratamentos com extrato de própolis e solução de ampicilina apresentaram
menor índice de bactérias contaminantes, portanto, atenuaram a competição entre
células de leveduras e bactérias pelos nutrientes do meio. Além disso, há relatos na
literatura de que o extrato de própolis possui compostos que podem regenerar as
células (MARCUCCI et al., 1998). O brotamento como o próprio nome indica, é o
método mais comum de reprodução celular das leveduras. Os compostos que podem
regenerar as células provavelmente auxiliam na reprodução.
Aa
AB
CD
a
BC
Da
CD
Eab
AB
CD
a
AB
a
BC
Db A
BC
b
DE
b
Eb
AB
Ca
Ca
BC
a
BC
a BC
a
AB
a
Aa
Aa
BC
a
BC
a
BC
Da
AB
a
CD
a
Da C
Dab
AB
Ca
Aa
Dc
BC
Dab
CD
a
Aa
AB
a
Cb C
b
BC
a
BC
b
BC
b
AB
Cbc
BC
ab
Cb
1
3
5
7
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Bro
tam
ento
Inic
ial(%
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 7: Interação entre biocidas e ciclos para o brotamento de células de leveduras(%) em amostragens realizadas no início das fermentações. Letras maiúsculascomparam médias entre ciclos e letras minúsculas comparam médias entre biocidas.
O presente estudo não identificou nem classificou as bactérias contaminantes
observadas no vinho, mas quantificou o número de células mL –1 de bactérias
presentes, tanto no inicio quanto no final das fermentações, os quais foram
33
significativamente diferentes (p<0,01) para biocidas, inóculos, ciclos e para as
interações biocidas e ciclos e inóculos e ciclos (Tabela 3).
Os principais microrganismos contaminantes da fermentação etanólica são
bactérias dos gêneros: Staphylococcus, Acetobacter, Lactobacillus, Bacillus,
Streptococcus, Leuconostoc, Aerobacter e outros (AMORIM & OLIVEIRA, 1982). O
extrato de própolis exerce efeito antibacteriano sobre bactérias do gênero
Staphylococcus, Streptococcus e outros gêneros de bactérias (PINTO et al., 2001) o
extrato de própolis possui mais de 160 substancias ativas; contudo não se pode atribuir
CD
b
CD
b
AB
Ca
Db
Db
BC
Da
Db
BC
Da
AB
aAa
AB
CaA
Ba
AB
CaA
a
AB
a
BC
a
AB
a
Ca
AaAa
AB
ab
AB
b
Aa
AB
bAB
b
Bb
AB
a
AB
Eb
AB
b
AB
a
BC
Dab
Dab
AB
Ca
CD
b
CD
b
AB
CD
a
BC
DbAB
CD
aAB
ab
Aa
0
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Bro
tam
ento
Fin
al(%
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 8: Interação entre biocidas e ciclos para o brotamento de células de leveduras(%) em amostragens realizadas no final das fermentações. Letras maiúsculascomparam médias entre ciclos e letras minúsculas comparam médias entre biocidas.
a esta ou aquela sustância seus efeitos bactericidas. A ampicilina é um tipo de
penicilina de amplo espectro, possuindo apenas um ingrediente ativo e interferindo na
síntese de peptidioglicanos. Tanto o extrato de própolis quanto a solução de ampicilina
não são eficazes no controle de bactérias Gram-negativas; no entanto, o são em
bactérias Gram-positivas. As bactérias contaminantes da fermentação alcoólica são em
34
Tabela 3: Análise de variância da concentração de bactérias contaminantes (10 7 UFCmL-1 em amostragens feitas no início e final das fermentações) em vinho de mosto decana-de-açúcar.
Causas da variação UFC mL-1 (valores de F)
Início Final
Biocidas (A) 203,51** 243,67**
Inóculos (B) 42,19** 6,15**
Ciclos (C) 41,77**20,23**
AxB 0,62NS 7,43**
AxC 5,02** 3,98**
BxC 7,53** 8,23**
AxBxC 1,66* 2,67**
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
sua maioria Gram-positivas, o que pode explicar a eficiência biocida do extrato de
própolis e solução de ampicilina.
Analisando a interação entre biocidas e ciclos observou-se que a contaminação
foi crescente ao longo dos ciclos para todos os tratamentos, tendo sido superior na
testemunha, seguida pelo tratamento com extrato de pomelo (Figura 9). Pode-se
verificar que o extrato de pomelo na dosagem utilizada no presente estudo é menos
eficaz que os biocidas extrato de própolis e solução de ampicilina.
Os maiores prejuízos causados pela contaminação bacteriana são a degradação
da sacarose e a formação de ácidos lático e acético que ocasionam perda de açúcar e
intoxicação das leveduras (OLIVA NETO & YOKOYA, 2001). A presença dos ácidos
lático e acético, que permanecem no produto final após a destilação, contribui para a
depreciação da bebida.
Para controlar as bactérias contaminantes, uma vez que as medidas anteriores à
contaminação falharam, é necessário o uso de biocidas que não afetem o fermento
(AMORIM & OLIVEIRA, 1982) e controlem as bactérias, evitando os inúmeros prejuízos
por elas causados. O controle das bactérias foi efetivo quando o extrato de própolis, a
solução de ampicilina e o extrato de pomelo foram utilizados (Figura10), sendo que este
último foi menos eficaz (no controle das bactérias) em ambos os inóculos.
35
Aa
AB
Ca
AB
Ca
AB
Ca
BC
Da
CD
Ea
DE
a
AB
a
EFa
Fa Ac
AB
bc
AB
Cc
AB
Cbc
BC
c
AB
Cbc
CbCcB
Cb
Cb A
c
Ac
Ac
AcAc
AbAc
Ab
Aab
Ac
Ab
BC
b
Bb
BC
b
BC
b
BC
b
BC
a
BC
b
CbBC
a
0
0,5
1
1,5
2
2,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Ciclos
Con
tam
inan
tes
Fina
l(1
07 UFC
/mL)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 9: Interação entre biocidas e ciclos para o número de UFC mL-1 de bactérias emamostragens realizadas no final das fermentações. Letras maiúsculas comparammédias entre ciclos e letras minúsculas comparam médias entre biocidas.
BaAa
Ac AcAc Ac
Bb Ab
0
0,5
1
1,5
Saccharomyces Mistura
Con
tam
inan
tes
Fina
l (1
07 UFC
mL-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 10: Interação entre biocidas e inóculos para concentração de bactériascontaminantes (10 7 UFC mL-1) em amostragens realizadas no final das fermentações.Letras maiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparamas médias entre os biocidas.
36
Os resultados da análise de variância para o plaqueamento dos vinhos diluídos
para 10-8 em meio PCA mostraram haver diferenças significativas para biocidas,
inóculos e ciclos (p<0,001) em plaqueamentos feitos tanto no início quanto no final das
fermentações (Tabela 4).
O meio de cultura elaborado para o crescimento de microrganismos totais
mostrou que estas estavam presentes em ambos os momentos das análises. Alguns
gêneros de bactérias exercem um efeito inibidor sobre a levedura em função da
pressão osmótica exercida pela presença de ácido lático no meio de cultivo no caso do
vinho (NGANG et al., 1989).
Tabela 4: Análise de variância do Número de UFC em placas de PCA de vinhosdiluídos a 10-8 em amostragens feitas no início e final das fermentações em vinho demosto de cana-de-açúcar.
Causas da variação UFC mL-1 (valores de F) em PCA
Início Final
Biocidas (A) 49,54** 155,45**
Inóculos (B) 11,47** 7,79**
Ciclos (C) 18,53** 22,77**
AxB 4,29** 3,37*
AxC 3,67** 8,85**
BxC 1,16NS 1,39NS
AxBxC 2,43** 2,48**
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Das interações entre os fatores pode-se observar que para o tratamento
testemunha o número de UFC mL-1 foi semelhante em ambos os inóculos e superior
para os tratamentos com extrato de própolis, solução de ampicilina e extrato de pomelo
respectivamente, evidenciando a capacidade dos biocidas usados neste estudo em
controlar as bactérias láticas, que são produtoras de peptídeos cuja função é executar
a comunicação célula-célula e exercer atividade antimicrobiana sobre outras espécies
de bactérias QUADRI (2002) o que faz a supremacia destas no ambiente em questão.
37
Analisando-se a interação entre biocidas e inóculos no início das fermentações
para o inóculo composto pela Saccharomyces o número de UFC mL-1 foi distinto nos
tratamentos testemunha e com extrato de pomelo e semelhante nos tratamentos com
extrato de própolis e solução de ampicilina (Figura 11 e 12). Para o inóculo composto
pela mistura de leveduras não houve diferença significativa entre os tratamentos
testemunha e extrato de pomelo que apresentaram número de UFC mL-1 elevados, ou
seja o biocida natural, extrato de pomelo, proporcionou crescimento de bactérias láticas
semelhante ao que ocorreu na testemunha na dosagem utilizada neste estudo, o que
pode caracterizar a sua incapacidade de controlar este grupo de bactérias.
O biocida natural extrato de própolis e o convencional solução de ampicilina
apresentaram menor número de UFC mL-1 em ambos os inóculos, sendo que o extrato
de própolis foi mais efetivo no controle das bactérias no inóculo composto pela mistura
de leveduras (Figura 11) este comportamento foi semelhante ao final dos ciclos
fermentativos.
AaAa
AcAc
Ab
Bc
Aa
Bb
100
120
140
160
180
200
220
Saccharomyces Mistura
PC
A in
icio
(UFC
x 10
8 mL-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 11: Interação entre biocidas e inóculos no número de UFC em placas de PCAde vinhos diluídos a 10-8 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os biocidas.
38
BaAa
AbAcBb
Ac
Ba Ab
7090
110130150170190210230
Saccharomyces Mistura
PC
A fi
nal(U
FCx
108 m
L-1)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 12: Interação entre biocidas e inóculos no número de UFC em placas de PCAde vinhos diluídos a 10-8 em amostragens realizadas no final das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os biocidas.
Da interação entre biocidas e ciclos observou-se que para vinhos inoculados no
meio de cultura PCA, não mostraram diferenças significativas entre os tratamentos
quanto ao número de UFC mL-1 tendo apresentado maiores valores nos ciclos 2, 3, 4 e
5. A partir do 6° ciclo fermentativo o tratamento testemunha, quando comparado aos
demais, mostrou maior número de UFC mL-1. O menor número de UFC mL-1 foi
observado nos tratamentos com extrato de própolis e solução de ampicilina, seguidos
pelo tratamento com extrato de pomelo em avaliações feitas no início das fermentações
(Figura 13) e também no final destas. Resultado semelhante ocorreu na avaliação
direta (câmara de Neubauer), evidenciando o efetivo controle das bactérias pelos
biocidas estudados.
39
Aa
AB
a
Aa
AB
Ca
BC
Da
CD
a
CD
a
Da
Ea
CD
a
AcA
b
Ac
AbAb
AaA
aAa
Aa
Ab
AB
c
Ab
Ab
AB
b
AB
ab
AB
a
AB
a
AB
a
Bb
AB
a
AB
Cb
Aa
AB
abAa
BC
Dab
AB
Ca
BC
Da
BC
Da
CD
a
Db
50
90
130
170
210
250
290
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
PC
A In
icia
l(UFC
x 10
8 mL-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 13: Interação entre biocidas e ciclos no número de UFC em placas de PCA devinhos diluídos a 108 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os biocidas.
No final dos ciclos fermentativos, os tratamentos com extrato de própolis e
solução de ampicilina apresentaram menores números de UFC mL-1 e não diferiram
entre si ao longo dos processos. A testemunha não diferiu (em alguns ciclos) do
tratamento com extrato de pomelo quanto ao número de UFC mL-1 , evidenciando
novamente que este biocida na dosagem utilizada neste estudo foi menos eficaz que os
demais biocidas utilizados.
Para vinhos diluídos para 10-8 e plaqueados em meio WLN próprio para o
crescimento de leveduras, a análise de variância das médias do número de unidades
formadoras de colônia por mL revelou a existência de diferenças significativas para
biocidas, inóculos, ciclos e para as interações entre estes (p<0,001) em vinhos
analisados no início e no final das fermentações (Tabela 5).
40
Tabela 5: Análise de variância do Número de UFC em placas de WLN de vinhosdiluídos a 10-8 em amostragens feitas no início e final das fermentações (WLN inicio deciclo e WLN final de ciclo), em vinho de mosto de cana-de-açúcar.
Causas da variação UFC mL-1 (valores de F) em WLN
Início Final
Biocidas (A) 1674,19** 258,61**
Inóculos (B) 7,37** 228,61**
Ciclos (C) 1656,75** 406,72**
AxB 1161,97** 80,73**
AxC 109,24** 19,84**
BxC 247,82** 101,11**
AxBxC 166,95** 25,42**
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Da interação entre biocidas e inóculos observou-se que no início das
fermentações em meio WLN o número de UFC mL-1 foi maior no inóculo S. cerevisiae
para os tratamentos com extrato de própolis e solução de ampicilina. Tal era esperado
pois as condições oferecidas pelos vinhos neste estudo eram mais favoráveis ao
crescimento das leveduras, pois devido ao efeito dos biocidas, ocorreu menor número
de bactérias que poderiam competir com o inóculo pelos nutrientes e açúcares do meio
(CHERUBIN, 2003) (Figuras 14 e 15). O número de UFC mL-1 neste meio de cultura foi
maior no inóculo composto pela mistura de leveduras nos vinhos provenientes dos
tratamentos com extrato de própolis e solução de ampicilina, demonstrando que a
combinação de leveduras (convencional e nativas) aliado ao fato de estarem presentes
em vinhos com menor número de bactérias devido a interferência das biomoléculas
constituíra para que o meio fosse mais propício para a fermentação.
Da interação entre inóculos e ciclos no início e final das fermentações o número
de UFC mL-1 observados em placas de WLN aumentou do início ao final dos cilcos para
ambos os inóculos (Figuras 16 e 17).
41
AcBd
Aa
Bb
BbAa
Bd
Ac
100
120
140
160
180
200
Saccharomyces Mistura
WLN
inic
io (U
FCx1
08 m
L-1)
Testem unha Própolis Am picilina Pom elo
Figura 14: Interação entre biocidas e inóculos no número de UFC em placas de WLNde vinhos diluídos a 10-8 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os biocidas.
Bd
Ac
Bc
AbBb
AaAaBb
50
70
90
110
130
Saccharomyces Mistura
WLN
Fin
al (U
FCx1
08 mL-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 15: Interação entre biocidas e inóculos no número de UFC em placas de WLNde vinhos diluídos a 10-8 em amostragens realizadas no final das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os biocidas.
42
Ca
Aa
Ba
DaCD
a
Eb
Fb
Gb
Hb
Ib
Db
Ab
Bb
BbBb
Ca
Da
Ea
Fa
Ea
60
120
180
240
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
WLN
Inic
ial (
UFC
x 1
08 mL
-1)
Saccharomyces Mistura
Figura 16: Interação entre inóculos e ciclos para número de UFC em placas de WLN devinhos diluídos a 10-8 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os inóculos.
Da interação entre biocidas e ciclos, o extrato de própolis e solução de ampicilina
apresentaram, de maneira geral, maior número de UFC mL-1 ao longo dos ciclos
fermentativos, em relação aos demais tratamentos, em avaliações feitas no início das
fermentações (Figura18) e final das fermentações.
43
Ab
Bb
Cb
Ba
Ba
EbD
a
EFb
Fb
Eb
Aa
Aa
Ba
Cb
Db
Ca
Eb
Ca
Da
Ca
40
80
120
160
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
WLN
Fin
al (U
FC x
10
8 mL-1
)
Saccharomyces Mistura
Figura 17: Interação entre ciclos e ciclos para número de UFC em placas de WLN devinhos diluídos a 108 em amostragens realizadas no final das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os inóculos.
Ea
Gb
Gc F
d Ed
CD
c
BC
b
Bc
Ac
Dc
Eb E
a Da C
a
Aa
Bb A
a Ab
Ab
CcE
b
Ab G
Ha
Gb F
b
Bc
Ca B
a Aa
Da
FG
c
Gc F
c
Ec
BC
c
Bc
Dc C
d
Ad Ab
0
50
100
150
200
250
300
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
WL
N In
icia
l (U
FC
x 10
8 /mL-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 18: Interação entre biocidas e ciclos para número de UFC em placas de WLN devinhos diluídos a 10-8 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os biocidas.
44
Observou-se também que no meio WLN houve crescimento de leveduras que
apresentaram colônias com bordas pontiagudas que desidratavam rapidamente o meio
de cultura e produziam formação vigorosa de células (Figura 19A). Isto ocorreu
principalmente no vinho proveniente do inóculo composto pela mistura de leveduras.
Ocorreu também crescimento de leveduras de coloração rubra (Figura 19B).
Figura 19: Placas com meio de cultura WLN de vinhos (testemunha) diluídos à 10-8.
Os vinhos diluídos para 10-6 e plaqueados em meio MRS para crescimento de
bactérias láticas mostraram diferenças significativas quanto ao número de UFC mL-1
nos plaqueamentos feitos no início e final dos ciclos fermentativos, para biocidas,
inóculos e ciclos, verifica-se interações entre eles, principalmente em amostras
analisadas no início das fermentações (Tabela 6).
A partir da interação entre biocidas e ciclos observou-se que o maior número de
UFC mL-1 tanto no início quanto no final das fermentações foi contabilizado nos vinhos
dos tratamentos testemunha e com extrato de pomelo. Os menores números de UFC
mL-1 foram contabilizados nos tratamentos com extrato de própolis e solução de
ampicilina (Figura 20). Portanto a capacidade dos biocidas natural e convencional em
controlar bactérias principalmente, já que nestes plaqueamentos houve raras colônias
de fungos.
A B
45
Tabela 6: Análise de variância do Número de UFC ml-1 em placas de MRS de vinhosdiluídos a 106 em amostragens feitas no início e final das fermentações (MRS inicio deciclo e MRS final de ciclo), em vinho de mosto de cana-de-açúcar.
Causas da variação UFC mL-1 (valores de F) em MRS
Início Final
Biocidas (A) 232,02** 426,89**
Inóculos (B) 11,11** 7,51**
Ciclos (C) 7,09** 13,55**
AxB 4,24** 2,02NS
AxC 3,45** 4,86**
BxC 3,14** 1,73NS
AxBxC 1,88* 1,18NS
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Ea
Da
Da
BC
Da
CD
a
AB
Ca
BC
Da
AB
CD
a Aa
AB
a
Aa A
b
Ab
Ab A
b
Ab
Ab
Ab Ac Ac
AbAa
Ab
Ab Ab A
b
Ab
Ab
Ac A
cBa
Aa A
a
Aa A
a Aa
Aa A
a
Ab
Ab
0
5
10
15
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
MR
S fi
nal (
UFC
106 m
L-1)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 20: Interação entre biocidas e ciclos para número de UFC em placas de MRS devinhos diluídos a 106 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os biocidas.
Da interação entre inóculos e ciclos observou-se que no início dos reciclos, o
número de UFC mL-1 foi maior no inóculo composto pela mistura de leveduras (Figura
21) o que também ocorreu em avaliações realizadas no final das fermentações.
46
Ba
AB
a Aa
Aa
AB
b
Ab
Aa A
a
AB
Cb
AB
b
Da
CB
a AB
CD
a AB
CD
a Aa
AB
a
BC
Da
AB
a
AB
Ca
AB
Ca
2
6
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
MR
S In
icia
l (U
FC x
106 m
L-1)
Saccharomyces Mistura
Figura 21: Interação entre inóculos e ciclos para número de UFC em placas de MRS devinhos diluídos a 106 em amostragens realizadas no início das fermentações. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os ciclos.
Ao longo dos ciclos fermentativos, os tratamentos biocidas extrato de própolis e
solução de ampicilina mantiveram as médias de UFC mL-1 abaixo de 5 106 UFC mL-1,
enquanto que os tratamentos testemunha e com extrato de pomelo mostraram números
entre 1,0 e 1,6.107 UFC mL-1 em meio MRS, tanto no início (Figura 21), quanto no final
dos ciclos fermentativos o que, de acordo com CHERUBIN (2003), causa prejuízos
econômicos significativos. O meio MRS foi o que menos evidenciou variação
morfológica e de tamanho das colônias, sendo que a maioria apresentava bordas lisas
e de cor branca.
47
4.3 Glicerol
De acordo com o quadro da análise da variância, pode-se observar que houve
diferenças significativas na produção de glicerol para biocidas, inóculos, ciclos e para
as interações entre eles (p<0,001).
Tabela 7: Análise de variância dos valores médios de glicerol mg mL-1 dos vinhos demosto de cana-de-açúcar.
Causas da variação Glicerol (valores de F)
Biocidas (A) 84,79**
Inóculos (B) 65,00**
Ciclos (C) 15,85**
AxB 48,61**
AxC 14,80**
BxC 10,88**
AxBxC 10,34**
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Os maiores teores de glicerol foram obtidos pelo inóculo composto por S.
cerevisiae nos vinhos oriundos de mostos tratados com extrato de pomelo. Este fato
pode estar ligado a ação de compostos presentes no extrato desse antimicrobiano
natural sobre as atividades e o desempenho fisiológico das leveduras. O inóculo S.
cerevisiae mostrou-se ainda sensível à solução de ampicilina, originando maiores
valores deste triálcool. Considerando-se o fato de que a produção de diferentes
quantidades de glicerol depende da estirpe da levedura (BASSO et al.,1996) a variação
entre inóculos era esperada, além de que isto pode se intensificar na presença de
certas biomoléculas, como aquelas presentes no extrato de pomelo que, a exemplo do
extrato de própolis, é composto por diversos princípios ativos (Figura 22).
O glicerol forma-se na mesma via de síntese do etanol, como um desvio,
competindo com este pela utilização do poder redutor (NADH), motivo pelo qual a
síntese deste composto é inversamente proporcional à do etanol (BASSO et al., 1996).
48
AbaAc AaAcBa
AbBa
Aba
10
12,5
15
17,5
20
Saccharomyces Mistura
Glic
erol
(mg
100m
L-1)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 22: Interação entre biocidas e inóculos na produção de glicerol mg mL-1 nosvinhos. Letras maiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculascomparam as médias entre os biocidas.
Da interação entre biocidas e ciclos verificou-se que a produção do triálcool,
formado pela redução da dihidroxicetona fosfato (DHAP) a glicerol 3-fosfato, através da
enzima glicerol 3-fosfatase (CRONWRIGHT & ROHWER, 2002), foi menor na
testemunha (ciclos: 7, 8, 9 e 10) e no tratamento onde se utilizou o extrato de própolis
(ciclos 1, 2, 3 ,4 e 5), seguidos pelo tratamento com solução de ampicilina e, finalmente,
naquele com extrato de pomelo, o qual apresentou maiores valores de glicerol nos
primeiros ciclos fermentativos (Figura 23).
Ao longo dos ciclos fermentativos, a produção de glicerol variou e os maiores
valores foram produzidos nos 5° e 6° ciclos, em todos os tratamentos (Figura 23). Este
fato pode estar relacionado com a limpeza feita no fundo das dornas para remoção de
material inerte, células mortas e bactérias, o que, devido à redução da viabilidade
celular, pode ter ocasionado estresse no inóculo restante, acarretando maior produção
de glicerol.
49
Db
Dc
BC
Db
BC
Da
AB
b
AB
Cb
Aa
Aa
Ab
CD
b
AB
Ca
Aa
Aa
AB
CaA
b
AB
b
BC
b
Cb
DcDc
AB
a
BC
bAB
Ca
AB
Ca
AB
Cb
Cb
Aa
AB
Cb
Cb
AB
Cb
DaC
Db
CD
a
Da
Aa
Aa
AB
a
BC
aAB
aAB
a
6
9
12
15
18
21
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Glic
erol
(mg
100
mL-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 23: Interação entre biocidas e ciclos na produção de glicerol mg mL-1 no svinhos. Letras maiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculascomparam as médias entre os biocidas.
No tratamento com extrato de pomelo, a formação de glicerol foi maior nos seis
primeiros ciclos, em relação aos demais tratamentos, provavelmente resultado da
resposta das leveduras ao estresse nelas provocado por este extrato. Após o 6° ciclo os
teores de glicerol para os tratamentos com extrato de própolis, solução de ampicilina e
extrato de pomelo foram semelhantes, o que pode estar relacionado com a adaptação
dos inóculos à presença da biomolécula que outrora causava estresse.
Valores elevados de glicerol no produto final são indesejáveis. Este estudo
mostrou que o extrato de pomelo proporcionou maiores teores de glicerol. Embora
estes valores tenham se estabilizado a partir do 6° ciclo. Neste caso, a qualidade da
bebida estaria comprometida, já que a maioria dos produtores de cachaça misturam os
destilados provenientes de diferentes ciclos fermentativos em tanques de
armazenamento, para posterior comercialização.
50
4.4 Acidez Sulfúrica
Quanto à acidez dos vinhos, analisando-se a interação entre biocidas e inóculos,
observou-se que os maiores valores ocorreram no tratamento testemunha em ambos
os inóculos; contudo, no inóculo composto pela mistura de leveduras produziram-se
vinhos com menor acidez em todos os tratamentos em relação ao inóculo S cerevisiae.
A acidez dos vinhos tratados com biocidas foi menor que 2g L-1 e a acidez dos vinhos
dos tratamentos com extrato de própolis, solução de ampicilina e extrato de pomelo
foram menores do que a acidez do vinho testemunha em ambos os inóculos. Portanto,
quanto a acidez produzida, o comportamento dos inóculos foi semelhante (Figura 24).
Ba
Aa
BbAb AbAb AbAb
1
1,5
2
2,5
3
Saccharomyces Mistura
Aci
dez
(H2S
O4 m
L-1
)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 24: Interação entre biocidas e inóculos na acidez mg mL-1 no s vinhos. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre inóculos e letras minúsculas comparam asmédias entre os biocidas.
Em observações feitas da interação inóculos e ciclos, nos primeiros quatro ciclos
fermentativos, em ambos os inóculos, a acidez não diferiu significativamente entre si e
se manteve em torno de 1,5 g L-1. Os maiores valores de acidez foram observados no
51
inóculo composto por S. cerevisiae, ficando entre 2,5 e 3 gL-1. Já no inóculo composto
pela mistura de leveduras, os valores ficaram entre 1,5 e 2 gL-1 (Figura 25).
As bactérias contaminantes do processo fermentativo provocam um aumento na
acidez do meio, devido à maior produção dos ácidos fixos e voláteis (AMORIM &
OLIVEIRA, 1982). No presente trabalho, o ligeiro aumento da acidez evidenciado no
tratamento testemunha foi decorrente da ação do maior número de bactérias no meio,
assim como o aumento progressivo da acidez observada no decorrer dos ciclos. Logo a
ação dos biocidas estudados seja ela mais ou menos eficaz teve reflexos na acidez dos
vinhos.
Aa
AB
a
BC
a
CaCa
Da
DaDa
Da
Da
Ab
Ab
Aa
Aa
Bb
Cb
BaBa
Ba
Ba
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Aci
dez
(g H
2SO
4mL-1
)
Saccharomyces Mistura
Figura 25: Interação entre inóculos e ciclos na acidez mg mL-1 no s vinhos. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os inóculos.
4.5 Teor Alcoólico
A análise de variância dos valores médios para o grau alcoólico dos vinhos indica
diferenças significativas para biocidas, inóculos, ciclos e para as interações entre eles
52
(p<0,001 e p<0,05), exceto para a interação entre biocidas e inóculos, que não
apresentou diferenças significativas.
Tabela 8: Análise de variância dos valores médios do álcool vv1 dos vinhos de mosto decana-de-açúcar.
Causas da variação Teor Alcoólico (valores de F)
Biocidas (A) 1663,08**
Inóculos (B) 53,40**
Ciclos (C) 11,71**
AxB 1,48NS
AxC 4,13**
BxC 3,07**
AxBxC 1,81*
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Comparando-se os inóculos, observou-se que os maiores teores de álcool
ocorreram naquele composto pela mistura de leveduras, corroborando com as
conclusões obtidas por GUIDI (2000), DATO (2001) e FIALHO (2004) que descreveram
a mistura destas leveduras como excelentes fermentadoras (Figura 26).
Em observações feitas a partir da interação entre biocidas e ciclos, os vinhos do
tratamento com extrato de pomelo foram aqueles que produziram menor teor alcoólico
em relação aos tratamentos, testemunha, extrato de própolis e solução de ampicilina
(Figura 27), o que pode ser explicado pela maior produção de glicerol pelas leveduras
naquele tratamento, resposta à anaerobiose e/ou estresse osmótico das células de
levedura (OVERKAMP et al., 2002). As células de leveduras produzem glicerol para
manter o potencial redox citosólico para, mesmo sob condições de estresse, obter ATP
e NADH da via glicolítica (CRONWRIGHT & ROHWER, 2002).
53
Cb B
Cb
Bb A
a
AB
a
Ba
BC
b
BC
a
Cb B
Ca
BC
a AB
a
Aa
AB
a
BC
a
AB
Ca
AB
Ca
Ca
BC
a
BC
a
4
5
6
7
8
9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Teor
Alc
oólic
o (v
v-1 )
Saccharomyces Mistura
Figura 26: Interação entre inóculos e ciclos nos teores alcoólicos dos vinhos. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os inóculos.
CD
ab AB
CD
ab
Aab Aa
AB
a
AB
a
AB
Ca
Db
Db B
CD
b
Ca
AB
Ca
Aa
AB
a
AB
Ca
AB
Ca
BC
a
BC
a
Ca AB
Ca
AB
a
Cb B
Cb
AB
b
Aa
AB
a
AB
a
AB
a
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a
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ab
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c
Ac
BC
c
AB
Cb
AB
Cb
BC
b
BC
b
BC
c
Cc BC
c
4
5
6
7
8
9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
Teor
Alc
oólic
o (v
v-1)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 27: Interação entre biocidas e ciclos nos teores alcoólicos dos vinhos. Letrasmaiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculas comparam as médiasentre os inóculos.
54
4.6 Açúcares Redutores Residuais Totais (ARRT)
De acordo com a análise de variância das médias dos valores de Açúcares
Redutores Residuais Totais (ARRT) presentes nos vinhos, pode-se observar diferença
significativa entre biocidas (p<0,001), ciclos (p<0,05) e para as interações biocidas e
inóculos (p<0,05) e biocidas e ciclos (p<0,001); Portanto verifica-se que os inóculos não
interferem nos níveis de ARRT dos vinhos.
Tabela 9: Análise de variância dos valores médios de ARRT dos vinhos de mosto decana-de-açúcar.
Causas da variação ARRT (valores de F)
Biocidas (A) 2360,73**
Inóculos (B) 0,51NS
Ciclos (C) 2,02*
AxB 3,17*
AxC 2,05**
BxC 0,47NS
AxBxC 0,51NS
NS= não significativo, *= significativo ao nível de 5% e **= significativo ao nível de 1%
Observou-se em representação gráfica a interação biocidas e ciclos, verificando-
se que no tratamento onde se empregou extrato de pomelo, a porcentagem de ARRT
foi superior aos demais tratamentos, já estes, não diferiram entre si. Tal fato pode estar
relacionado ao estresse provocado pelo biocida extrato de pomelo nos inóculos. Nesta
condição, as leveduras não foram capazes de metabolizar grande parte do açúcar do
mosto, além de desviarem a rota fermentativa para a produção de glicerol, em
detrimento da síntese de etanol (Figura 28).
O extrato de pomelo tem na sua composição elementos capazes de controlar
bactérias, como é o caso do ácido caféico; No entanto, também possui moléculas de
terpenos, compostos capazes de controlar o desenvolvimento de fungos ORDONEZ
(2004), podendo assim, interferir na fisiologia das leveduras. O extrato de própolis,
embora de composição variável e complexa, não mostrou neste estudo possuir
55
princípios ativos que interfiram de forma negativa no desempenho fisiológico das
leveduras.
Ab
Ab
Ab
Ab Ab
Ab
Ab
Ab
Ab
Ab
Ab Ab
Ab
Ab Ab Ab
Ab Ab
Ab
Ab
Ab
Ab
Ab
Ab Ab
Ab
Ab
Ab Ab
Ab
AB
a
Aa
BC
a
AB
Ca
AB
Ca
BC
a
BC
a
BC
a
Ca BC
a
0
0,5
1
1,5
2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclos
AR
RT
(%)
Testemunha Própolis Ampicilina Pomelo
Figura 28: Interação entre biocidas e ciclos nos valores médios de ARRT presente nosvinhos. Letras maiúsculas comparam as médias entre ciclos e letras minúsculascomparam as médias entre os biocidas.
4.7 Componentes Secundários
Os componentes secundários analisados por cromatografia gasosa e analisados
estatisticamente, conforme descrito no capítulo materiais e métodos, mostraram valores
que não diferiram entre si em ambos os inóculos, bem como entre os biocidas
utilizados. Para compostos como: N-propanol, valores entre 20 e 25 mg 100 mL-1, N-
butanol, valores entre 0,4 e 0,6 mg 100 mL-1 , metanol, valores entre 2 e 3 mg 100
mL-1, álcool isoamílico 270 a 280 mg 100 mL-1 e acetona, valores entre 0,2 e 0,32 mg
100 mL-1 . Portanto, dentro daqueles previstos na legislação para compostos
secundários da cachaça.
56
Os componentes secundários, como os aldeídos, foram significativamente
superiores nos vinhos provenientes do inóculo S. cerevisiae, enquanto que este
composto apresentou menores valores nos vinhos obtidos do inóculo composto pela
mistura de leveduras (Figura 29). Embora estes valores não tenham ultrapassado
aqueles previstos na legislação, pesquisas revelam que cachaças ricas em acetaldeído
são provenientes de alambiques cuja separação das frações cabeça, coração e cauda
não é realizada (CHAVES & POVOA,1992).
Composto como o metanol não foi observado nas amostras analisadas, o que
pode estar relacionado com o preparo do mosto, onde o caldo foi coado para retirada
do bagacilho, que contém pectinas que, por hidrólise ácida é responsável pela
formação do metanol durante a fermentação.
O isobutanol foi produzido em maiores quantidades nos vinhos obtidos a partir do
inóculo composto pela mistura de leveduras, e esta diferença foi significativamente
maior do que aquela observada para o inóculo S. cerevisiae (Figura 30). Segundo
SUOMALAINEN & LEHTONEN (1979), as quantidades de propanol, isoamílico e
isobutanol produzidas durante a fermentação do mosto variam conforme a levedura
utilizada. Resultados concordantes foram observados neste estudo no inóculo
composto pela mistura de levedura convencional e leveduras nativas.
Para o carbamato de etila presente nos destilados, o inóculo composto pela
mistura de leveduras apresentou maior teor deste composto, sendo os menores valores
observados para o inóculo S. cerevisiae, no entanto estes valores provavelmente não
se atribuem aos inóculos mas sim a precursores deste composto nos vinhos.
As análises para detectar e quantificar compostos secundários nas cachaças
originadas neste estudo, objetivar não somente a detecção destes congêneres per si,
mas também de incrementos significativos na produção de compostos não permitidos;
ainda a possibilidade de formação de compostos outrora não freqüentes no destilado,
que poderiam estar relacionados à adição aos mostos dos diferentes biocidas
estudados.
57
0
10
20
30
Saccharomyces cerevisiae Mistura
Inoculos
Ald
eído
s m
g 10
0mL-1
Figura 29: Interação entre biocidas e inóculos nos valores médios de aldeídos presentenos destilados.
0
20
40
60
80
Saccharomyces cerevisiae Mistura
Inoculos
Isob
utan
ol m
g 10
0mL
-1
Figura 30: Interação entre biocidas e inóculos nos valores médios de isobutanolpresente nos destilados.
V. CONCLUSÕES:
O extrato de própolis pode ser utilizado no controle de bactérias
contaminantes, uma vez que se mostrou tão eficiente quanto a ampicilina.
Os biocidas, na dosagem utilizada, não interferiram na formação de
componentes secundários avaliados.
O extrato de pomelo, nas condições deste trabalho, mostrou-se inadequado
no controle de bactérias contaminantes, por causar inibição parcial do processo
fermentativo.
Novos estudos devem ser conduzidos a fim de identificar os princípios ativos
do extrato de própolis responsáveis pela redução do número de bactérias
contaminantes da fermentação alcoólica.
VI REFERÊNCIAS
ABRANTES, A. Cachaça. Disponível em
http://inventabrasil.net.t5.com.br/cachaça.htm. Acesso em: 29 de jun. 2005.
AFFONSECA, F. A cachaça quer virar símbolo nacional. Jornal O Tempo, Belo
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