Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

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COMPORTAMENTO SÍSMICO DE SISTEMAS DE ELEVADORES EM HOSPITAIS Joana Isabel Freire Palha Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. José Manuel Matos Noronha da Câmara Orientador: Prof. Jorge Miguel Silveira Filipe Mascarenhas Proença Vogal: Prof. Luís Manuel Coelho Guerreiro Outubro 2010 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa

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COMPORTAMENTO SÍSMICO DE SISTEMAS DE

ELEVADORES EM HOSPITAIS

Joana Isabel Freire Palha

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Prof. José Manuel Matos Noronha da Câmara

Orientador: Prof. Jorge Miguel Silveira Filipe Mascarenhas Proença

Vogal: Prof. Luís Manuel Coelho Guerreiro

Outubro 2010

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

Universidade Técnica de Lisboa

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RESUMO

Os sistemas de elevadores apresentam uma importância vital na funcionalidade dos hospitais. A falha

destes sistemas pode conduzir à paralisação dos serviços hospitalares, impossibilitando a prestação

de cuidados de saúde, o que pode adquirir proporções críticas após um evento sísmico.

A dissertação apresenta uma descrição dos componentes mais importantes que integram os

elevadores e elabora uma análise retrospectiva do desempenho observado destes sistemas em

terramotos anteriores, permitindo revelar a diversidade e severidade das falhas observadas.

Este processo, resulta numa análise lógica que permite reconhecer a importância destes sistemas e

confirmar a sua vulnerabilidade face à acção sísmica. O descarrilamento do contrapeso destaca-se

como a falha mais frequentemente relatada. Também é exposta uma retrospectiva de pesquisas

focadas no comportamento dinâmico dos elevadores, mais especificamente do sistema

contrapeso-guia.

Apresenta-se uma retrospectiva de regulamentos internacionais destinados a padronizar

metodologias de dimensionamento sísmico de elementos não estruturais. Destacam-se as normas e

recomendações dos EUA, Japão e Europa (ainda em desenvolvimento) pela sua especificidade

relativamente aos sistemas de elevadores. Contudo, Portugal carece ainda de uma regulamentação

que incorpore critérios de dimensionamento sísmico para estes elementos. Face a este panorama, o

ICIST/IST, correspondendo a um pedido da ACSS, implementou o presente estudo, o qual pretende

analisar o desempenho sísmico de sistemas de elevadores instalados em edifícios hospitalares, com

o principal objectivo de informar e alertar para a vulnerabilidade destes elementos, de introduzir o

conceito de dispositivos de segurança sísmica (interruptor sísmico e detector de descarrilamento do

contrapeso) e abordar metodologias de dimensionamento sísmico e instalação dos componentes e

das suas ligações à estrutura. Estas medidas visam a aumentar a segurança e manutenção da

operacionalidade do sistema, após um evento sísmico.

As metodologias referidas foram aplicadas e confrontadas, no contexto de um caso de estudo

baseado no novo Hospital de Cascais, de forma a analisar a resposta dinâmica do sistema de guias

da cabine e do contrapeso.

Neste estudo, refere-se a colaboração de representantes de fabricantes de sistemas de elevadores,

tais como a KONE, a OTIS, a Schindler, a SICMALEVA e a ThyssenKrupp.

Palavras – Chave: Hospital, elevador, comportamento sísmico, dispositivos de segurança sísmica,

NP EN 1998-1, prEN81-77, ASME A17.1.

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ABSTRACT

Elevator systems are a vital key regarding the functional quality of hospitals. The defective functioning

of these systems may cause the disruption of medical services, leading to the generalized suspension

of medical care, a situation that may reach critical proportions after a seismic event.

This dissertation presents a description of the most important components of elevator systems and

makes a retrospective analysis of the observed performance of elevators in past earthquakes, thus

allowing drawing conclusions about the diversity and severe nature of the defective functioning

reported.

This leads to a logical assessment of the importance of these systems and confirms their vulnerability

in moments of seismic activity. The derailment of counterweights stands as the most common failure

here reported. A comprehensive review of the researches conducted to study the dynamic behaviour

of the elevators, more specifically the rail-counterweight system, is also presented.

This work includes a retrospective of international regulations regarding the seismic design of non-

structural elements, aimed at standardizing the methodologies used. Among these, the standards and

recommendations of the US, Japan and Europe (still under development), are characterized by a

higher specificity in the context of elevator systems. Portugal hasn’t so far developed any regulations

concerning the seismic design of the elements in the elevator systems and this is the reason why the

ICIST/IST, answering a request addressed by the ACSS, has implemented the study reported in this

dissertation. The study intends to analyse the seismic performance of the elevator systems as

installed in hospitals, with the main purpose of informing and alerting about the vulnerability of these

elements, introducing the concept of seismic safety devices (seismic switches and counterweight

derail sensors) and the methodologies to deal successfully with the seismic design and instalment of

the components and their connections to the main structure. These measures aim at increasing the

safety of the people involved and the operative functioning of the system after a seismic event.

The methodologies here presented have been applied and confronted in the context of a case study

based on the recently built hospital in Cascais, in order to analyse the car and counterweight guide

rails seismic response.

The study mentions the involvement/participation of the representatives of well-known manufacturers

of elevator systems, such as KONE, OTIS, Schindler, SICMALEVA and Thyssenkrupp Elevators.

Keywords: Hospital, elevator, seismic response, seismic safety devices, NP EN 1998-1, prEN81-77,

ASME A17.1.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos que contribuíram, das mais variadas

formas, para a concretização da presente dissertação.

Ao Professor e orientador Jorge Miguel Proença, pela constante disponibilidade e paciência

demonstradas, o inestimável apoio e pelo estímulo e exigência crescente ao longo da realização

deste trabalho.

Ao co-orientador Engenheiro Virgílio Augusto e Engenheiro Custódio Coutinho da ACSS, pela

dedicação prestada e os decisivos esclarecimentos e contributos teóricos.

Aos representantes nacionais de alguns dos principais fabricantes mundiais de sistemas de

elevadores: Eng. Pedro Casanova e Eng. António Terenas (KONE), Eng. Francisco Craveiro Duarte

(Schindler), Eng. Jorge Leitão (SICMALEVA), Eng. José Pirralha (ThyssenKrupp Elevadores) e ao Sr.

Luís Marmelo e Hélio Tinone (OTIS), pela disponibilidade manifestada e a vasta informação facultada,

as quais contribuíram para uma melhor compreensão da dinâmica destes sistemas.

Ao Professor José Noronha da Câmara, pela disponibilização do modelo numérico e todo a

informação concernente ao novo Hospital de Cascais.

Ao Eng. Moreira de Carvalho e Eng. Rui Cardoso da empresa Teixeira Duarte, pelo acompanhamento

em obra do novo Hospital de Cascais, permitindo uma melhor compreensão do funcionamento e

disposição dos componentes integrantes do sistema de elevador utilizado no caso de estudo.

Por fim, à minha família, namorado e amigos, pela eterna paciência, insubstituível apoio,

compreensão e carinho que sempre me dedicaram e que constituíram elementos preciosos para

conclusão desta dissertação.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................1

1.1. ÂMBITO E OBJECTIVOS ..........................................................................................................1

1.2. ORGANIZAÇÃO DOS RESTANTES CAPÍTULOS ............................................................................3

2. SISTEMAS DE ELEVADORES ...................................................................................................5

2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................................................................5

2.2. TIPOS DE ELEVADORES ..........................................................................................................5

2.2.1. Elevadores de Eléctricos de Tracção............................................................................6

2.2.1.1. Descrição Geral .......................................................................................................6

2.2.2. Elevadores Hidráulicos............................................................................................... 11

2.2.2.1. Descrição Geral – Acção Directa ............................................................................ 12

2.2.2.2. Descrição Geral - Acção Indirecta .......................................................................... 14

2.2.3. Sistema sem Casa de Máquinas (MRL) ..................................................................... 15

2.2.4. Sistemas de Segurança ............................................................................................. 17

2.3. DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA SÍSMICA ................................................................................. 18

2.3.1. Interruptor Sísmico ..................................................................................................... 18

2.3.2. Detector de Descarrilamento do Contrapeso .............................................................. 19

3. RETROSPECTIVA DE DANOS RESULTANTES DE EVENTOS SÍSMICOS............................. 21

3.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ..................................................................................................... 21

3.2. DANOS EM ELEVADORES RESULTANTES DE EVENTOS SÍSMICOS .............................................. 21

3.3. SUSCEPTIBILIDADE À SÍSMICA ............................................................................................... 28

3.3.1. Identificação dos Principais danos.............................................................................. 28

3.3.2. Sensibilidade Sísmica ................................................................................................ 35

3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 36

4. RETROSPECTIVA DE TRABALHOS DE INVESTIGAÇÃO ...................................................... 39

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ..................................................................................................... 39

4.2. SISTEMA DO CONTRAPESO-GUIA .......................................................................................... 39

4.3. ANÁLISES DINÂMICAS DO SISTEMA CONTRAPESO-GUIA .......................................................... 41

4.4. SISTEMAS DE PROTECÇÃO DO SISTEMA CONTRAPESO-GUIA FACE À ACÇÃO SÍSMICA ................ 46

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4.4.1. Amortecedores Viscosos ............................................................................................ 47

4.4.2. Amortecedores de Material Viscoelástico ................................................................... 47

4.4.3. Amortecedor de Massa Sintonizado (TMD) ................................................................ 47

4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 49

5. RETROSPECTIVA DE METODOLOGIAS DE VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA ..................... 51

5.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ..................................................................................................... 51

5.2. ESTIMATIVA DA FORÇA DE INÉRCIA OU ACELERAÇÃO DEVIDO À ACÇÃO SÍSMICA ....................... 51

5.2.1. Guia de Instalação de Equipamentos para Unidades de Saúde em Zonas Sísmicas .. 52

5.2.2. FEMA 450 (e ASCE 7-0.5 ) ........................................................................................ 56

5.2.3. Eurocódigo 8 (e OPCM 3431) .................................................................................... 60

5.2.4. Análise Modal com Espectros de Resposta ................................................................ 62

5.3. LIMITES DE DESLOCAMENTOS RELATIVOS ENTRE PISOS DEVIDO À ACÇÃO SÍSMICA ..................... 63

5.3.1. Eurocódigo 8.............................................................................................................. 64

5.3.2. Vision 2000 ................................................................................................................ 65

5.4. REGULAMENTOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 66

5.4.1. Guide for Earthquake Resistant Design and Construction of Vertical Transportation

(Japão) .................................................................................................................................. 66

5.4.2. ASME A17.1: Safety Code for Elevators and Escalators (EUA) .................................. 70

5.4.3. prEN 81: 2010 – 77 .................................................................................................... 88

5.5. SÍNTESE DE REQUISITOS DE DIMENSIONAMENTO E INSTALAÇÃO DE SISTEMAS DE ELEVADORES

FACE À ACÇÃO SÍSMICA .................................................................................................................. 98

5.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 101

6. CASO DE ESTUDO ................................................................................................................ 103

6.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................... 103

6.2. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA ............................................................................................... 104

6.2.1. Materiais .................................................................................................................. 106

6.2.2. Acções ..................................................................................................................... 106

6.2.2.1. Dimensionamento à Acção Sísmica ..................................................................... 107

6.2.3. Estrutura Hipotética.................................................................................................. 108

6.3. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ELEVADORES ........................................................................... 109

6.4. MODELAÇÃO ..................................................................................................................... 117

6.4.1. Estrutura .................................................................................................................. 117

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6.4.1.1. Propriedades Dinâmicas ...................................................................................... 119

6.4.2. Elevador – Sistema de Guias ................................................................................... 121

6.4.2.1. Análise Dinâmica ................................................................................................. 121

6.4.2.2. Análise Estática.................................................................................................... 123

6.5. ANÁLISES REALIZADAS ...................................................................................................... 124

6.5.1. Hipóteses Consideradas .......................................................................................... 124

6.5.2. Análise Dinâmica ..................................................................................................... 126

6.5.2.1. Modelação da Cabine e Contrapeso ..................................................................... 127

6.5.2.2. Modelação da Acção Sísmica .............................................................................. 131

6.5.3. Análise Estática ....................................................................................................... 133

6.5.3.1. Modelação da Acção Estática (Cabine e Contrapeso) .......................................... 133

6.5.4. Resultados a Verificar .............................................................................................. 135

6.5.5. Acelerações ............................................................................................................. 136

6.5.6. Momentos Flectores e Tensões ............................................................................... 136

6.5.7. Deslocamentos ........................................................................................................ 139

6.6. ANÁLISE DE RESULTADOS .................................................................................................. 140

6.6.1. Forças Estáticas de Dimensionamento Sísmico ....................................................... 140

6.6.2. Acelerações ............................................................................................................. 143

6.6.3. Momentos Flectores ................................................................................................. 146

6.6.4. Tensões de Flexão................................................................................................... 150

6.6.5. Deslocamentos ........................................................................................................ 153

6.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 156

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 157

7.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................... 157

7.2. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 158

7.3. RECOMENDAÇÕES FUTURAS ............................................................................................... 161

8. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 163

9. ANEXOS ................................................................................................................................. 169

A.1.1 – VALORES DE COEFICIENTE DE IMPORTÂNCIA E DE COMPORTAMENTO PARA DIFERENTES ELEMENTOS

NÃO ESTRUTURAIS ......................................................................................................................... 169

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A1.3 – DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DO SOLO ........................................................................... 171

A.3.1 – IDENTIFICAÇÃO DAS POSIÇÕES CONSIDERADAS .................................................................... 177

A.3.2 – CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO SISTEMA DE GUIAS ............................................................ 178

A.3.3 – COMPORTAMENTO SÍSMICO DO SISTEMA DE GUIAS CONSIDERANDO UMA DISTRIBUIÇÃO VERTICAL

DE MASSA IDÊNTICA À DO CONTRAPESO (2/3 + 1/3) .......................................................................... 179

A.3.4 – DESLOCAMENTOS TOTAIS ................................................................................................... 183

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ÍNDICE DE FIGURAS

Fig. 2.1 - Tipos de sistemas de elevadores..........................................................................................5

Fig. 2.2 - Esquema do elevador eléctrico de tracção tradicional com casa de máquinas para transporte

de pessoas..................................................................................................................................6

Fig. 2.3 - Cabos de tracção (a) convencional; (b) cinta de aço. ............................................................7

Fig. 2.4 - Identificação dos gornes. ......................................................................................................8

Fig. 2.5 - Tipos de secções transversais de guias................................................................................8

Fig. 2.6 – Esquema do sistema de suporte e fixação de guias. ............................................................9

Fig. 2.7 - Esquema de duas configurações de apoios intermédios. ......................................................9

Fig. 2.8 - Guiadeiras: (a) roçadeira; (b) rodadeira. ............................................................................. 10

Fig. 2.9 – Esquema da placa de restrição de movimento (retainer plate). ......................................... 10

Fig. 2.10 - Esquema do elevador hidráulico de acção directa. ........................................................... 12

Fig. 2.11 - Esquema do sistema hidráulico de acção directa: (a) holeless (com pistão telescópico);

(b) in-ground. ............................................................................................................................ 13

Fig. 2.12 - Esquema do elevador hidráulico de acção indirecta. ......................................................... 15

Fig. 2.13 - Percentagem de instalação de elevadores na Europa em 2004. ....................................... 16

Fig. 2.14 – Sistemas de elevador MRL: (a) eléctrico de tracção; (b) hidráulico. .................................. 16

Fig. 2.15 - Exemplo de um interruptor sísmico. .................................................................................. 19

Fig. 2.16 - Sensor de descarrilamento do contrapeso (Ring on a String). ........................................... 20

Fig. 3.1 – Danos sísmicos em elevadores: (a) queda da guia direita e da rodadeira do canto superior

esquerdo do contrapeso; (b) derrubamento da unidade motriz................................................... 22

Fig. 3.2 – Identificação das forças de inércia geradas num elevador durante um evento sísmico: (a)

sistema de tracção; (b) sistema hidráulico. ................................................................................ 30

Fig. 3.4 - Descarrilamento do contrapeso. ......................................................................................... 31

Fig. 3.3 - Esquema do descarrilamento do contrapeso com consequente embate na viga de

distribuição. ............................................................................................................................... 31

Fig. 3.5 - Danos na porta e parede da caixa do elevador. .................................................................. 31

Fig. 3.6 - Deformação do bracke. ...................................................................................................... 32

Fig. 3.7 - Derrubamento de equipamento eléctrico localizado na casa das máquinas ........................ 32

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Fig. 3.8 – Danos no elevador hidráulico: (a) deslocamento da unidade hidráulica; (b) rotura das

mangueiras hidráulicas. ............................................................................................................. 33

Fig. 3.9 - Cabo danificado. ................................................................................................................ 33

Fig. 4.1 - Esquema do modelo físico do sistema contrapeso-guia. ..................................................... 42

Fig. 4.2 - Esquema do modelo de elementos finitos do sistema contrapeso-guia. .............................. 42

Fig. 4.3 - Esquema de uma única massa do sistema do contrapeso. ................................................. 43

Fig. 4.4 - Esquema do modelo de elementos finitos do sistema do contrapeso. ................................. 43

Fig. 4.5 - Esquema do modelo de elementos finitos do sistema do contrapeso com espaçamentos

elevados (cerca de 15 centímetros). .......................................................................................... 44

Fig. 4.6 - Esquema do contrapeso com parte dos pesos a actuar como um TMD .............................. 49

Fig. 5.1 - Espectro normalizado. ........................................................................................................ 55

Fig. 5.2 - Evolução de Af/aN com h/ht. ................................................................................................ 55

Fig. 5.3 - Evolução do factor ap em função do período do elemento, Tp , e do da estrutura, T. ........... 58

Fig. 5.4 - Evolução de S/SDS em função de z/H. ................................................................................ 58

Fig. 5.5 - Evolução de Sa/α.S em função de z/H. ............................................................................... 61

Fig. 5.6 - Evolução de Sa/α.S em função de Ta/T1. ............................................................................. 62

Fig. 5.7 - Modelo da estrutura e do elemento não estrutural. ............................................................. 63

Fig. 5.8 - Zonamento sísmico de Portugal Continental de acordo com o regulamento norte-americano.

................................................................................................................................................. 71

Fig. 5.9 - Zonamento sísmico do arquipélago da Madeira de acordo com o regulamento norte-

americano. ................................................................................................................................ 71

Fig. 5.10 - Zonamento sísmico do arquipélago dos Açores de acordo com o regulamento norte-

americano: esquerda - grupo ocidental; centro - grupo central; direita - grupo oriental. .............. 72

Fig. 5.11 - Esquema do limitador de movimento. ............................................................................... 73

Fig. 5.12 - Secção transversal em T de uma guia. ............................................................................. 74

Fig. 5.13 - Espaçamento entre brackets para guias de 12kg/m. ......................................................... 75

Fig. 5.14 - Factor de carga (Q). ......................................................................................................... 76

Fig. 5.16 - Forças de dimensionamento sísmico dos brackets. .......................................................... 81

Fig. 5.15 - Esquema de uma viga de dois vãos sujeita a carga concentrada. ..................................... 80

Fig. 5.17 - Esquema do contrapeso cuja arcada apresenta um comprimento igual ao vão da guia..... 82

Fig. 5.18 - Esquema do contrapeso cuja arcada apresenta um comprimento inferior ao vão da guia. 82

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Fig. 5.19 - Esquema do limitador de movimento durante um evento sísmico. .................................... 90

Fig. 6.1 - Localização dos blocos estruturais (piso 2). ...................................................................... 104

Fig. 6.2 - Planta do edifício. ............................................................................................................. 104

Fig. 6.3 - Alçado sul do edifício........................................................................................................ 104

Fig. 6.4 - Planta estrutural do núcleo central (piso 2). ...................................................................... 106

Fig. 6.5 - Identificação em planta da área considerada no caso de estudo (piso 2). ......................... 108

Fig. 6.6 - Esquema de um elevador do núcleo central do novo Hospital de Cascais. ....................... 109

Fig. 6.7 - Esquema da caixa do elevador (dimensões em milímetros): (a) corte; (b) planta com cabine

e contrapeso. .......................................................................................................................... 110

Fig. 6.8 - Localização das guias da cabine e do contrapeso. ........................................................... 111

Fig. 6.9 - Secção transversal em T de uma guia. ............................................................................. 112

Fig. 6.10 - Corte da caixa do elevador (dimensões em milímetros). ................................................. 113

Fig. 6.11 – Brackets utilizado no elevador do novo Hospital de Cascais: (a) fixação simples da guia da

cabine; (b) fixação simples da guia do contrapeso; (c) fixação da guia combinada. .................. 113

Fig. 6.12 - Pormenor de um empalme. ............................................................................................ 114

Fig. 6.13 - Parâmetros das dimensões dos empalmes. .................................................................... 114

Fig. 6.14 - Pormenor do topo da cabine e das roçadeiras. ............................................................... 115

Fig. 6.15 - Pormenor do sistema de contrapeso (dimensões em milímetros).................................... 116

Fig. 6.16 - Pormenor da máquina de tracção (Mx20). ...................................................................... 116

Fig. 6.17 - Modelo de elementos finitos da estrutura idealizada. ...................................................... 117

Fig. 6.18 - Elemento central de modelação do núcleo e respectivas características. ........................ 118

Fig. 6.19 - Pormenor de modelação do núcleo central ao nível de cada piso, identificando os

elementos rígidos a vermelho e as vigas a azul. ...................................................................... 119

Fig. 6.20 – Modelação do sistema de guias. .................................................................................... 123

Fig. 6.21 - Esquema do modelo de viga contínua. ........................................................................... 123

Fig. 6.22 – Forças de contacto entre as guiadeiras e as guias consideradas no caso de estudo,

definindo a situação A (esquerda) e a situação B (direita) correspondentes a uma translação e

rotação da cabine/contrapeso respectivamente. ...................................................................... 125

Fig. 6.23 - Pormenor do contacto entre a cabine/contrapeso com a guia quando solicitada por uma

acção sísmica segundo a direcção indicada. ........................................................................... 125

Fig. 6.24 - Esquema do modelo do contrapeso ou cabine para ambas as situações consideradas. . 127

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Fig. 6.25 – Esquemas das deformações associados a cada uma das parcelas que definem o

comportamento global da guia quando afectada pela acção sísmica. ...................................... 129

Fig. 6.26 - Três primeiros modos de vibração da guia da cabine e do contrapeso sem massa

aplicadas. ................................................................................................................................ 130

Fig. 6.27 - Modos de vibração da guia da cabine para a posição 15 e situação A segundo x, com e

sem a influência do edifício. .................................................................................................... 130

Fig. 6.28 - Modos de vibração da guia do contrapeso para a posição 15 e situação A segundo x, com

e sem influência do edifício. .................................................................................................... 131

Fig. 6.29 - Espectros de cálculo. .................................................................................................... 133

Fig. 6.30 - Esquema do veículo tipo utilizando na definição da acção estática para a situação A. .... 134

Fig. 6.31 – Diagrama de momentos flectores associados a cada uma das parcelas. ....................... 137

Fig. 6.32 - Forças estáticas de dimensionamento sísmico transmitidas a cada guia da cabine segundo

y: (a) situação A (guiadeira inf.); (b) situação B (guiadeira inf.); (c) situação B (guiadeira sup.).

............................................................................................................................................... 141

Fig. 6.33 - Forças estáticas de dimensionamento sísmico transmitidas a cada guia do contrapeso

segundo y: (a) situação A (guiadeira inf.); (b) situação B (guiadeira inf.); (c) situação B (guiadeira

sup.). ....................................................................................................................................... 142

Fig. 6.34 - Envolvente das acelerações ao longo da guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a)

segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segund y, situação B. ............................ 144

Fig. 6.35 - Envolvente das acelerações ao longo da gu ia do contrapeso geradas pelo sismo tipo 1: (a)

segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segund y, situação B. ............................ 144

Fig. 6.36 - Envolvente dos momentos flectores ao longo da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1

em função da direcção de aplicação das massas: (a) x, situação A; (b) y, situação A; (c) y,

situação B. .............................................................................................................................. 147

Fig. 6.37 - Envolvente dos momentos flectores ao longo da guia do contrapeso gerados pelo sismo

tipo 1 em função da direcção de aplicação das massas: (a) x, situação A; (b) y, situação A; (c) y,

situação B. .............................................................................................................................. 148

Fig. 6.38 - Envolvente das tensões de flexão na guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a)

situação A; (b) situação B. ....................................................................................................... 151

Fig. 6.39 - Envolvente das tensões de flexão na guia do contrapeso geradas pelo sismo tipo 1: (a)

situação A; (b) situação B. ....................................................................................................... 151

Fig. 6.40 - Envolvente dos deslocamentos da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo

x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B. ........................................ 153

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Fig. 6.41 - Envolvente dos deslocamentos da guia do contrapeso gerados pelo sismo tipo 1: (a)

segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B. .......................... 154

Fig. 9.1 - Envolvente das acelerações ao longo da guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a)

segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segund y, situação B. ............................ 179

Fig. 9.2 - Envolvente dos momentos flectores ao longo da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1

em função da direcção de aplicação das massas: (a) x, situação A; (b) y, situação A; (c) y,

situação B. .............................................................................................................................. 180

Fig. 9.3 - Envolvente das tensões de flexão na guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a) situação

A; (b) situação B. ..................................................................................................................... 181

Fig. 9.4 - Envolvente dos deslocamentos da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo x,

situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B. ............................................ 182

Fig. 9.5 - Envolvente dos deslocamentos da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo x,

situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B. ............................................ 183

Fig. 9.6 - Envolvente dos deslocamentos da guia do contrapeso gerados pelo sismo tipo 1: (a)

segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B. .......................... 184

Page 18: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xviii

Page 19: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xix

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1. Sistema de segurança de elevadores. ............................................................................ 17

Tabela 3.1 - Principais danos sísmicos observados nos elevadores de tracção e hidráulicos. ........... 29

Tabela 3.2 - Classificação dos componentes de elevadores em função da sua sensibilidade. ........... 36

Tabela 5.1 - Duas abordagens de definição do zonamento sísmico do território Francês. .................. 52

Tabela 5.2 - Valores mínimos de aceleração do solo (m/s2) em função da zona e da classe. ............. 53

Tabela 5.3 - Classificação dos equipamentos. ................................................................................... 53

Tabela 5.4 - Valores de Rp em função da deformabilidade do elemento. ........................................... 57

Tabela 5.5 - Objectivos de desempenho para instalações hospitalares. ............................................ 65

Tabela 5.6 – Derivas máximas. ......................................................................................................... 66

Tabela 5.7 - Valores de PGA para as zonas sísmicas dos EUA. ....................................................... 70

Tabela 5.8: Características geométricas das guias de secção transversal em T. ............................... 74

Tabela 5.9- Valores máximos da massa do sistema de contrapeso em função do tipo de guia. ......... 77

Tabela 5.10 - Requisitos de instalação dos empalmes. ..................................................................... 83

Tabela 5.11 - Acelerações horizontais (ah) e verticais (av) produzidas pelas forças de

dimensionamento sísmico para elementos rígidos e que não estão sujeitos a forças de impacto.

................................................................................................................................................. 84

Tabela 5.12 - Dispositivos de segurança sísmica. ............................................................................. 85

Tabela 5.13 - Classe de sistemas de elevadores sujeitos a eventos sísmicos.................................... 88

Tabela 5.14 - Valores de coeficientes de segurança (St) em função da extensão do material. ........... 95

Tabela 6.1 – Características geométricas da caixa do elevador. ...................................................... 110

Tabela 6.2 - Dimensões da caixa e poço do elevador. ..................................................................... 111

Tabela 6.3 - Características geométricas das secções das guias simples (dimensões definidas de

acordo com os parâmetros identificados na Fig. 6.9). .............................................................. 112

Tabela 6.4 - Características geométricas dos empalmes. ................................................................ 114

Tabela 6.5- Massa e carga nominal da cabine (valores em quilograma) .......................................... 115

Tabela 6.6 - Período e frequência de cada modo de vibração para os dois modelos. ...................... 120

Tabela 6.7 – Factores de participação modal de massa do modelo idealizado. ............................... 121

Tabela 6.8 - Comprimento dos vãos das guias simples ordenados da base para o topo do edifício. 122

Page 20: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xx

Tabela 6.9 - Caracterização dos comportamentos da cabine e contrapeso nas guias admitidos no

estudo. .................................................................................................................................... 124

Tabela 6.10 - Coeficiente de distribuição vertical de massa da cabine e do contrapeso na respectiva

guia. ........................................................................................................................................ 126

Tabela 6.11 - Massa da cabine e do contrapeso ao nível de cada guiadeira para uma guia (valores

em toneladas). ........................................................................................................................ 128

Tabela 6.12 – Altura entre guiadeiras (L) consideradas na definição da acção sísmica.................... 134

Tabela 6.13 - Parâmetros para a definição da acção de dimensionamento prescrita no FEMA 450. 135

Tabela 6.14 - Acelerações máximas na guia associadas ao movimento dos pisos, obtidos em cada

análise para a situação A (sismo 1). ........................................................................................ 145

Tabela 6.15 - Acelerações máximas na guia associadas ao movimento dos pisos, obtidos em cada

análise para a situação B (sismo 1). ........................................................................................ 145

Tabela 6.16 - Limites máximos e mínimos do comprimento dos vãos e dos momentos de inércia da

secção transversal da guia respectivamente de acordo com o estipulado no ASME A17.1 (sem

apoios intermédios). ................................................................................................................ 148

Tabela 6.17 – Momentos flectores máximos na guia obtidos em cada análise para a situação A (sismo

1). ........................................................................................................................................... 149

Tabela 6.18 - Momentos flectores máximos na guia obtidos em cada análise para a situação B (sismo

1). ........................................................................................................................................... 149

Tabela 6.19 – Tensões de flexão máximas na guia obtidas em cada análise para a situação A (sismo

1). ........................................................................................................................................... 152

Tabela 6.20 - Tensões de flexão máximas na guia obtidas em cada análise para a situação B (sismo

1). ........................................................................................................................................... 152

Tabela 6.21 – Deslocamentos máximos na guia (associados à sua deformação local) obtidos em cada

análise para a situação A. ....................................................................................................... 154

Tabela 6.22 - Deslocamentos máximos na guia (associados à sua deformação local) obtidos em cada

análise para a situação B. ....................................................................................................... 155

Tabela 9.1 - Valores do coeficiente de importância para diversos elementos não estruturais (γa). .... 169

Tabela 9.2 - Valores do coeficiente de comportamento para diversos elementos não estruturais (qa).

............................................................................................................................................... 169

Tabela 9.3 – Valores dos parâmetros definidores do espectro de resposta de projecto. ................... 171

Tabela 9.4 - Posições das guiadeiras consideradas na análise comparativa. ................................... 177

Tabela 9.5 - Frequências fundamentais do sistema de guias para cada posição (valores em Hz). ... 178

Page 21: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xxi

Tabela 9.6 – Distribuição da massa ao nível das guiadeiras inferior e superior da cabine (valores em

toneladas). .............................................................................................................................. 179

Page 22: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xxii

Page 23: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xxiii

ÍNDICE DE ABREVIAÇÕES

ad – aceleração de dimensionamento sísmico do sistema de elevador:

E – módulo de elasticidade do aço;

Fh – componente horizontal da acção sísmica;

Fv – componente vertical da acção sísmica;

Fx-x – força sísmica de dimensionamento das guias aplicada segundo o eixo x da guia;

Fy-y – força sísmica de dimensionamento das guias aplicada segundo o eixo y da guia;

g – aceleração gravítica;

I – coeficiente relativo à importância, uso e risco de falha do edifício;

I’ – momento de inércia da tubagem do elevador hidráulico;

Ix – momentos de inércia da guia segundo o eixo x;

Iy – momentos de inércia da guia segundo o eixo y;

Kd – factor de desempenho associado ao comportamento sísmico dos elementos

secundários;

Kp – coeficiente de amplificação dinâmica;

l – Espaçamento entre brackets (vão da guia);

L – distância entre os limitadores de movimento superior e inferior da cabine/contrapeso;

Q – factor correctivo da massa da cabine/contrapeso;

Q – coeficiente de comportamento do edifício

qa – coeficiente de comportamento do elemento.

qa – coeficiente de comportamento do elemento não estrutural

Sa – coeficiente sísmico aplicável ao elemento não estrutural;

W – peso ou massa do contrapeso ou da cabine acrescida de 40% da sua capacidade

nominal;

Wa – massa do contrapeso ou da cabine afectado pelo factor de carga Q;

Wp – massa do pistão hidráulico;

Wx – massa máxima admissível do contrapeso, ou da cabine acrescida de 40% da sua

capacidade nominal, para uma força normal ao eixo x;

Page 24: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xxiv

Wx’ – massa máxima admissível por par de guias da cabine de elevadores hidráulicos para

forças normais ao eixo x;

Wy – massa máxima admissível do contrapeso, ou da cabine acrescida de 40% da sua

capacidade nominal, para uma força normal ao eixo y;

Wy’ – peso máximo admissível por par de guias da cabine de elevadores hidráulicos para

forças normais ao eixo y;

z x – módulos de flexão da guia segundo o eixo x;

zy – módulos de flexão da guia segundo o eixo y;

α – coeficiente igual a 1 para a zona sísmica 3 ou superior e o valor 2 para a zona 2;

β – apresente o valor 1 para a zona sísmica 3 ou superior e o valor 0.5 para a zona 2.

γa – factor de importância do elemento.

Page 25: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xxv

SIGLAS

AN – Anexo Nacional do Eurocódigo 8

ASME – American Society Of Mechanical Engineers

EC8 – Eurocódigo 8

FEMA – Federal Emergency Management Agency

OPCM – Ordinanza Presidenza del Consiglio dei Ministri

PGA – Peak Ground Acceleration

REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado

ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde

RSA – Regulamento de Segurança e Acções para Edifícios e Pontes

Page 26: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

xxvi

Page 27: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. ÂMBITO E OBJECTIVOS

Na sequência de terramotos registados em zonas urbanas, constata-se que o principal factor que

compromete o funcionamento dos hospitais é a ocorrência de danos não estruturais [31] [41]. Os

elementos não estruturais consistem em todos os componentes do edifício que não são considerados

na avaliação da resistência estrutural, podendo ser classificados de acordo com as seguintes

categorias [47]:

Elementos arquitectónicos (paredes divisórias e tabiques, tectos falsos, chaminés, etc.);

Equipamentos (equipamento eléctrico, mecânico e médico, mobiliário, estantes, etc.);

Instalações básicas (redes de abastecimento, redes de gases medicinais, etc.).

Estes danos provocam um impacto ao nível das instalações hospitalares, nomeadamente na

manutenção da operacionalidade da estrutura, na segurança dos próprios utentes, ameaçada pela

queda de equipamentos, e do elevado custo do material. Por esta razão, surge a necessidade de

aperfeiçoar o comportamento sísmico destes elementos, com o intuito de criar um conjunto de

objectivos de desempenho para os mesmos. Dada a ampla diversidade de elementos não estruturais

existentes em instalações hospitalares, confere-se especial destaque aos sistemas de elevadores,

nomeadamente eléctricos de tracção e hidráulicos.

Actualmente, os elevadores desempenham um papel fundamental na dinâmica de funcionamento dos

hospitais ao permitir o acesso vertical, de pessoas e equipamentos, aos diversos serviços médicos.

Posto isto, torna-se legítimo questionar a vulnerabilidade destes sistemas quando a estrutura é sujeita

a um evento sísmico.

Em 1964, o terramoto do Alasca despertou a atenção de alguns investigadores para a vulnerabilidade

sísmica destes sistemas. Contudo, só a partir de 1971, com o terramoto de San Fernando (EUA), é

que se expressou uma séria preocupação com o desempenho sísmico dos elevadores,

procurando-se recolher e registar, de forma sistemática e organizada, os danos sustidos por estes

sistemas durante estes fenómenos naturais. Este procedimento despoletou no desenvolvimento de

estudos que levaram, mais tarde, à introdução de mudanças no regulamento norte-americano de

dimensionamento de elevadores.

Com base na colectânea de danos e respectivas causas apresentada neste trabalho, é possível

reconhecer a importância destes sistemas e identificar a sensibilidade sísmica dos vários

componentes, em termos de aceleração e deriva1, destacando-se o descarrilamento do contrapeso

como o dano mais frequentemente observado.

1 Variável adimensional resultante do quociente entre o deslocamento horizontal relativo entre dois pisos

sucessivos e a distância vertical entre os mesmos.

Page 28: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

2

Durante um evento sísmico, os elevadores são fortemente afectados pelas deformações e

acelerações do edifício, cujos impactos podem ser agravados pelo efeito de amplificação associado

ao tipo de solo e à própria estrutura. A operacionalidade destes sistemas apresenta-se ainda

condicionada pela manutenção da energia eléctrica. Contudo, é importante salientar que, de uma

forma geral, os elevadores têm demonstrado um desempenho favorável na salvaguarda da vida

humana.

A falha destes sistemas pode conduzir à paralisação dos serviços hospitalares, comprometendo a

prestação de cuidados de saúde, o que pode adquirir proporções críticas após um evento sísmico,

com o natural aumento do afluxo de feridos. Como tal, o dimensionamento dos elevadores em

hospitais, deve não só garantir a segurança dos ocupantes, mas também a limitação do nível de

danos, de forma a assegurar a manutenção da sua operacionalidade após o terramoto. Por esta

razão, o estudo do desempenho de elevadores e das características do seu comportamento durante

o evento sísmico, tem sido alvo de um crescente interesse, resultando no desenvolvimento de

inúmeras pesquisas nas últimas décadas.

Actualmente, existem várias metodologias de dimensionamento sísmico de elementos não

estruturais, baseadas essencialmente no cálculo das acelerações e forças de inércia e na limitação

da deriva máxima. Porém, os EUA, Japão, e recentemente a Europa, procuram dar resposta às

exigências sísmicas dos diferentes componentes que integram o sistema de elevador, com a

introdução de códigos e normas mais específicas. Contudo, os danos verificados em terramotos

recentes revelam ainda algumas debilidades presentes nestas regulamentações, o que leva à

necessidade do desenvolvimento de medidas mais rigorosas, destinadas a aperfeiçoar o

desempenho destes sistemas.

Portugal carece de recomendações de instalação e de dimensionamento sísmico específicas para

estes equipamentos. Este aspecto pode adquirir contornos gravosos, nomeadamente nas instalações

que desempenham um papel importante nas acções de protecção civil num cenário pós-sismo.

É no âmbito desta temática, associada às exigências de segurança e de manutenção da

operacionalidade de elevadores em instalações hospitalares, e correspondendo a um pedido da

ACSS ao ICIST/IST, que surge a presente dissertação que visa os seguintes objectivos:

a descrição genérica dos componentes básicos que integram os sistemas de elevadores

usualmente utilizados em instalações hospitalares (eléctricos de tracção e hidráulicos);

a introdução do conceito de dispositivos de segurança sísmica, nomeadamente o interruptor

sísmico e sensor de descarrilamento do contrapeso;

a análise do desempenho sísmico dos elevadores e dos dispositivos de segurança, com o

intuito de identificar as sensibilidades do sistema, de forma a informar e alertar a comunidade

técnica para a vulnerabilidade destes elementos;

Page 29: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

3

a abordagem de metodologias de dimensionamento sísmico e de instalação aplicáveis a nível

internacional;

a aplicação e confrontação dos procedimentos preconizados no ASME A17.1 [5] e prEN81-77

[49] referentes aos sistemas de guias localizados em instalações hospitalares, de forma a

aferir a sua adequabilidade no contexto nacional. Para tal, realiza-se uma análise dinâmica

servindo-se para o efeito de um caso de estudo baseado no novo Hospital de Cascais.

Este trabalho conta com a colaboração dos representantes de conhecidos fabricantes de sistemas de

elevadores, tais como a KONE, a OTIS, a Schindler, a SICMALEVA e a ThyssenKrupp Elevadores.

1.2. ORGANIZAÇÃO DOS RESTANTES CAPÍTULOS

Segue-se a síntese do tema abordado em cada um dos capítulos integrados na dissertação.

O Capítulo 2 destina-se à apresentação dos principais sistemas de elevadores actualmente

existentes, destacando-se os eléctricos de tracção e os hidráulicos. Nesta secção são descritos os

principais componentes que integram os elevadores, o seu mecanismo de funcionamento e os

sistemas de protecção. Em seguida, são referidos dois dispositivos de segurança sísmica com maior

aplicabilidade a nível internacional designados por interruptor sísmico e sensor de descarrilamento.

No Capítulo 3 avalia-se o comportamento sísmico dos sistemas de elevadores com base numa

extensa recolha e análise de danos observados em terramotos ocorridos no último século, e na

identificação das causas associadas. Este procedimento destina-se à identificação do conjunto de

componentes que apresentam uma maior vulnerabilidade durante o referido fenómeno natural.

O Capitulo 4 dedica-se a uma retrospectiva de investigações centradas na análise do comportamento

sísmico dos elevadores, particularmente do sistema guia-contrapeso.

No Capítulo 5 aborda-se um conjunto de normas e recomendações a nível nacional e internacional,

destinados ao dimensionamento de elementos não estruturais e das suas ligações à estrutura face à

acção sísmica, com especial destaque para o procedimento preconizado no ASME A17.1 [5] e

prEN81-77 [49] pela sua especificidade aos sistemas de elevadores. Finaliza-se com uma síntese de

requisitos de dimensionamento sísmico para sistemas de elevadores.

O Capítulo 6 destina-se ao caso de estudo, iniciando-se com uma breve descrição da estrutura do

novo Hospital de Cascais e das opções consideradas na definição da estrutura hipotética. Segue-se a

apresentação dos vários componentes que integram o sistema de elevador instalado no núcleo

central do edifício. Procede-se à identificação dos pressupostos considerados na modelação do

conjunto estrutura-sistema, e na quantificação dos parâmetros que definem a acção sísmica utilizada

nas análises estática e dinâmica (espectro de resposta de projecto). Para a realização de uma análise

comparativa de carácter viável, procurou-se garantir a coerência de pressupostos considerados nos

Page 30: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

4

diferentes regulamentos. Os resultados são apresentados sob a forma de acelerações, momentos

flectores (e tensões) e deformações. Sucede-se a discussão e comparação dos resultados obtidos

pela aplicação das diferentes metodologias de dimensionamento, encerrando-se com a apreciação da

sua adequabilidade para o caso de estudo.

No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões gerais da dissertação, resultantes da referida análise

comparativa e ainda do desempenho sísmico dos elevadores nas últimas décadas. Finaliza-se com a

sugestão de algumas recomendações a nível de dimensionamento e futuras pesquisas, com o intuito

de minimizar a vulnerabilidade sísmica dos diversos componentes, de forma promover a manutenção

dos sistemas de elevadores em instalações hospitalares.

Page 31: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

5

Elevadores

Eléctrico

TracçãoMotor de Indução Linear

SchindlerMobile ®

Hidráulico

Acção Directa

Acção Indirecta

2. SISTEMAS DE ELEVADORES

2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os elevadores constituem um complexo sistema mecânico e eléctrico [63], considerado essencial no

acesso vertical em edifícios. O dimensionamento deste meio de transporte baseia-se essencialmente

em dois parâmetros, a capacidade de carga e a velocidade nominal, os quais variam com a altura a

atingir e a utilidade do edifício em que se insere.

Para uma melhor compreensão do comportamento dos elevadores durante um evento sísmico, é

imperativo possuir uma noção básica dos principais componentes integrantes, assim como, o modo

de funcionamento destes sistemas. Como tal, no presente capítulo dá-se a conhecer os modelos de

elevadores actualmente mais utilizados, salientando os sistemas de segurança incorporados, assim

como os dispositivos de protecção sísmica mais conhecidos.

2.2. TIPOS DE ELEVADORES

Actualmente, os elevadores podem ser classificados em função de várias características, sendo a

principal e mais distinta, o seu mecanismo de funcionamento, associado a diferentes componentes,

permitindo que cada sistema apresente características próprias com o intuito de garantir resposta às

diferentes exigências do mercado. Com base neste aspecto, identificam-se os sistemas eléctricos e

hidráulicos, cujos modelos se encontram identificados na Fig. 2.1 [34].

Fig. 2.1 - Tipos de sistemas de elevadores.

Tendo em conta a vasta complexidade e sofisticação que envolve o mecanismo de funcionamento

dos elevadores, apenas se abordará, de forma generalizada, os modelos mais frequentemente

empregues em unidades hospitalares, destacando-se os eléctricos de tracção e hidráulicos,

destinados ao transporte de passageiros, macas e equipamentos.

Page 32: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

6

2.2.1. Elevadores de Eléctricos de Tracção

Os sistemas tradicionais de tracção caracterizam-se, essencialmente, por uma cabine e um

contrapeso suspensos por um sistema de cabos, ao qual é imposto o movimento de tracção. Os

elevadores podem diferir entre si pela existência ou não de casa de máquinas, a qual constitui o

compartimento onde se encontram instalados os equipamentos eléctricos de tracção e de comando.

Comparativamente com os elevadores hidráulicos, estes sistemas (com casa de máquinas)

caracterizam-se por menores gastos de energia devido à actuação do contrapeso e maiores

velocidades de percurso, traduzindo-se numa vasta aplicabilidade, com particular interesse em

estruturas altas.

2.2.1.1. Descrição Geral

Os principais componentes integrantes de um típico sistema de elevadores de tracção encontram-se

identificados na Fig. 2.2, os quais se podem localizar em três zonas distintas, denominadas por casa

de máquinas, caixa e poço (extremidade inferior da caixa).

Fig. 2.2 - Esquema do elevador eléctrico de tracção tradicional com casa de máquinas para transporte de

pessoas (adaptado de [63]).

Cabo do limitador

de velocidade

Caixa

Motor-gerador

Cabo de tracção

Guiadeiras da cabine

Cabo de

comando

Painel de

controlo

Limitador de

velocidade

Cabine

Casa de Máquinas

Máquina de

tracção

Guia do

contrapeso

Guiadeiras

do contrapeso Guia da

cabine

Contrapeso Amortecedores

Poço

Contrapeso

Page 33: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

7

A cabine, destinada ao transporte de pessoas e outras cargas, caracteriza-se por uma plataforma

sobre a qual assenta uma arcada de aço, composta por duas longarinas fixas, superior e

inferiormente, por cabeçotes.

O contrapeso consiste numa arcada metálica, constituída por duas longarinas fixas a dois cabeçotes,

preenchida por blocos de ferro fundido ou betão, ou chapas metálicas. Estas massas encontram-se

empilhadas e com o movimento restringido entre si por meio de travamentos fixos à arcada. Assim, o

contrapeso consiste no componente mais pesado de todo o sistema, permitindo reduzir o trabalho

produzido pela unidade motriz ao contrabalançar a cabine e cerca de 40% a 50% da sua capacidade

de carga [net 1].

Estes componentes movimentam-se verticalmente e em direcções opostas, ao longo do comprimento

da caixa do elevador, a qual é limitada por paredes de betão ou alvenaria, compostas, exteriormente,

por portas, botoneiras de chamadas e indicadores electrónicos. Este compartimento comporta ainda

um conjunto de quatro sistemas de cabos, designados por tracção, comando, cabo ou corrente de

compensação e cabo do limitador de velocidade (o qual se abordará mais à frente). Os primeiros,

permitem interligar e manter suspensos a cabine e o contrapeso ao passar pela polia de tracção

constituinte da unidade motriz, sendo utilizados num conjunto mínimo de três cabos de aço de

elevada resistência. Para garantir a segurança do sistema, recorre-se a um número de cabos superior

ao realmente necessário.

Actualmente, verifica-se uma tendência crescente para a substituição dos convencionais cabos de

tracção por cintas de aço revestidas por poliuretano, esquematizados na Fig. 2.3, proporcionando

alguns benefícios, nomeadamente em termos de dimensão das polias e motor de tracção, e ainda um

transporte mais suave (menor desgaste e ruído) e com menor consumo de energia. As polias

apresentam ranhuras especiais designadas por gornes (ver Fig. 2.4), destinadas à colocação dos

cabos, que permitem diminuir o esforço do motor eléctrico em função do seu formato (U e V).

Fig. 2.3 - Cabos de tracção (a) convencional; (b) cinta de aço [net 6].

O cabo de comando apresenta uma das extremidades fixa à parte inferior da cabine e a outra na

parede da caixa, prolongando-se até à casa de máquinas, permitindo a transmissão de sinais

eléctricos entre a unidade de controlo e a cabine, nomeadamente, botões, luzes, interruptores,

operador de porta, entre outros.

(a) (b)

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

8

Fig. 2.4 - Identificação dos gornes [18].

O sistema de cabos ou correntes de compensação estabelecem a ligação entre as partes inferiores

da cabine e do contrapeso, com o intuito de equilibrar o peso dos cabos de tracção e limitar as

vibrações destes componentes durante a frenagem.

O movimento vertical da cabine e do contrapeso é orientado por pelo menos duas guias resistentes,

geralmente uma em cada um dos lados opostos dos componentes. Estes elementos destinam-se a

reduzir as vibrações no plano horizontal durante o movimento do elevador, prevenir a ocorrência de

inclinações da cabine resultantes da excentricidade da carga e proporcionar uma superfície para a

aplicação de um dispositivo de segurança (pára-quedas). As guias são constituídas por aço,

caracterizado por uma tensão de cedência compreendida entre 370 a 520 MPa. [34], embora em

alguns países possa ser adoptado outro material caso este constitua algum perigo [5]. Na Fig. 2.5 é

possível observar a diversidade de secções transversais destes elementos, todavia, de uma forma

geral, caracterizam-se por um formato em T, cujas dimensões encontram-se definidas em vários

regulamentos.

Fig. 2.5 - Tipos de secções transversais de guias [net 2] [net 3] [net 4].

As guias são dispostas verticalmente na caixa do elevador e fixas em cadeiras, também designadas

por brackets, por meio de braçadeiras e grampos, em intervalos regulares ao longo da altura do

edifício (ver Fig. 2.6). Por sua vez, os brackets são soldados ou aparafusados a vigas de aço ou

directamente às paredes da caixa. Geralmente, quando a caixa é constituída por alvenaria, as guias

são fixas ao nível das lajes.

Como se verá mais adiante, a distância adoptada entre os brackets apresenta um papel

condicionante no âmbito da vulnerabilidade sísmica das guias.

Page 35: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

9

Fig. 2.6 – Esquema do sistema de suporte e fixação de guias (adaptado de [net 5]).

Alguns regulamentos defendem o reforço das guias do contrapeso por meio de apoios intermédios,

caracterizados por um formato em ―U‖ ou duplo ―U‖, esquematizados na Fig. 2.7, colocados a meio

vão ou a 1/3 dos apoios principais. Estes elementos, para além de aumentarem a rigidez do sistema

por restrição do movimento, proporcionam a distribuição de esforços entre as guias gerados pelas

vibrações horizontais do componente. Desta forma, os apoios intermédios contribuem

substancialmente para uma maior segurança de sistemas de contrapeso instalados em zonas de

elevada sismicidade.

A cabine e o contrapeso deslocam-se ao longo do sistema de guias através de um conjunto de

guiadeiras fixas às extremidades inferior e superior da arcada. Em função da velocidade operada pelo

elevador, estes dispositivos podem ser denominados por roçadeiras (velocidade inferior a 3 m/s) ou

rodadeiras (velocidade entre a 3 a 12 m/s), expostas na Fig. 2.8. As primeiras deslizam através de um

sistema de corrediças de ferro fundido envolvidas por um material com um baixo coeficiente de atrito

e com uma elevada resistência ao desgaste, sendo necessário garantir a lubrificação das guias.

Alternativamente, é possível recorrer a um material plástico de natureza auto-lubrificante. Na

utilização destes dispositivos verifica-se a ocorrência de oscilações no plano horizontal, devido à folga

existente entre estes elementos e a guia.

Fig. 2.7 - Esquema de duas configurações de apoios intermédios.

Page 36: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

10

As rodadeiras são constituídas por um conjunto de pelo menos três rodas revestidas por uma película

de borracha ou poliuretano, não exigindo qualquer lubrificação. Cada roda é suportada por um veio

móvel associado a uma mola em aço helicoidal pré-tensionada, garantindo o contacto permanente

com a guia. Estes dispositivos proporcionam uma viagem mais suave e com menores gastos de

energia associado a um menor atrito [63].

Fig. 2.8 - Guiadeiras: (a) roçadeira; (b) rodadeira [net 7].

As vibrações induzidas pelo contrapeso ou pela cabine, ao sistema de guias, nomeadamente durante

um evento sísmico, podem resultar em deslocamentos excessivos e, consequentemente, no

desencaixe e descarrilamento do componente. Para prevenir esta situação alguns regulamentos

exigem a instalação dos designados position restraints, doravante identificados por limitadores de

movimento, fixos à arcada. Na prática, estes elementos consistem em placas metálicas aparafusadas

à arcada sob as guiadeiras, como se encontra esquematizado na Fig. 2.9.

Na casa de máquinas encontram-se instalados diversos equipamentos, nomeadamente, motor

eléctrico, máquina de tracção, painel de controlo, limitador de velocidade, entre outros, geralmente

fixos ao chão ou à parede. Normalmente, este compartimento localiza-se sobre a caixa e, como tal,

os equipamentos aí existentes são sujeitos a vibrações sísmicas geralmente mais intensas

comparativamente com os pisos inferiores.

Fig. 2.9 – Esquema da placa de restrição de movimento (retainer plate).

O painel de controlo consiste num conjunto de elementos destinado ao armazenamento de

informações, captando o sinal de chamada do utilizador através da botoneira de pavimento e do

interior da cabine. Este equipamento é ainda responsável pelo comando da movimentação do

elevador (partida e paragem), estabelecendo a prioridade e o sentido do atendimento.

Legenda:

1 – Limitador de movimento;

2 – Base da guiadeira;

3 – Guia;

4 – Bracket;

5 – Arcada.

1

2

4

3

5

(a) (b)

Page 37: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

11

A máquina de tracção encontra-se apoiada num chassis conectado ao piso por meio de ligações

flexíveis, constituindo um isolador de vibração. Este dispositivo contribui para a redução de vibrações

transmitidas do equipamento para o edifício, tornando-o, no entanto, vulnerável a acções horizontais.

A unidade motriz pode apresentar duas configurações consoante o motor se encontra, ou não,

acoplado a uma caixa de engrenagem, correspondendo aos sistemas geared e gearless

respectivamente. O movimento de rotação gerado na unidade motriz é transmitido ao sistema pela

polia de tracção através dos cabos de tracção, os quais se encontram pressionados na polia pela

cabine e contrapeso, permitindo assim o movimento vertical destes componentes. Para redireccionar

os cabos provenientes da polia de tracção recorre-se a polias de desvio.

Nos sistemas cujo motor eléctrico não se encontra acoplado a uma caixa de engrenagem

— gearless — este impõe directamente o movimento rotativo à polia de tracção, resultando num

transporte mais suave, com menor ruído e de fácil manutenção. Estes mecanismos permitem operar

a velocidades superiores a 2,5 m/s, apresentando uma maior aplicabilidade em edifícios altos e que

exijam uma elevada capacidade de carga.

Nos sistemas geared, o motor impõe o movimento rotativo à polia de tracção através do sistema de

engrenagem ao qual se encontra acoplado. Estes elevadores exigem menores potências, podendo

atingir velocidades compreendidas entre 1,75 a 2,5 m/s. De uma forma geral, os sistemas geared não

são utilizados em edifícios altos.

A alteração da velocidade do elevador é obtida por variação da corrente eléctrica no motor, sendo a

paragem realizada por meio de um freio instalado na polia de tracção.

2.2.2. Elevadores Hidráulicos

Actualmente, os elevadores hidráulicos constituem um dos meios de transporte vertical mais utilizados

em edifícios médio e baixos. Este aspecto pode dever-se ao menor número de componentes,

traduzindo-se numa maior simplicidade no processo de instalação e num menos custo em termos

construtivos e de equipamentos. Contudo, também existem sistemas hidráulicos sem casa de máquinas

[13] [14].

O mecanismo de funcionamento dos elevadores hidráulicos baseia-se no Princípio de Pascal, sendo

constituído pelos equipamentos: cilindro, pistão, cabine, unidade hidráulica e unidade de controlo, não

apresentando, usualmente, um contrapeso. Estes modelos podem ainda diferir entre si em função do

número e localização dos pistões, os quais podem ser compostos por um ou vários troços, neste caso

designados por telescópios, permitindo atingir alturas mais elevadas.

Os elementos de guiamento são similares aos existentes nos sistemas de tracção, pelo que não se fará

novamente referência.

Page 38: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

12

Comparativamente com os elevadores de tracção, estes sistemas caracterizam-se por um vasto

conjunto de vantagens para edifícios com um reduzido número de pisos, destacando-se o menor

custo inicial do equipamento e da sua manutenção. Também apresentam uma maior eficiência e

flexibilidade na utilização do espaço do edifício, pois não impõe quaisquer cargas verticais à estrutura,

o que permite reduzir as dimensões dos pilares na zona da caixa, e a localização da casa de

máquinas pode ser bastante diversa, devido ao recurso de tubagens hidráulicas, que constituem as

ligações mecânicas entre esta e o elevador. Estes sistemas permitem ainda menores gastos de

energia no movimento descendente da cabine, associado ao aproveitamento da acção gravítica.

2.2.2.1. Descrição Geral – Acção Directa

Analogamente aos elevadores de tracção, o sistema hidráulico encontra-se distribuído ao longo da

casa de máquinas, caixa e poço. Na Fig. 2.10 é possível visualizar os componentes básicos que

constituem o mecanismo hidráulico de acção directa.

Fig. 2.10 - Esquema do elevador hidráulico de acção directa (adaptado de [net 8]).

Estes sistemas caracterizam-se por uma cabine directamente assente sobre a extremidade superior

do cilindro. Em função da posição deste elemento, existem os seguintes modelos (ver Fig. 2.11):

Convencional ou In-Ground;

Holeless (sem furo).

Cabine

Cilindro

Guia da

cabine

Unidade

hidráulica e

de controlo

Tubagem

Hidráulica

Pistão

Page 39: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

13

Comummente utilizados em estruturas com 2 a 7 pisos, os elevadores in-ground comportam um

cilindro que se estende para o interior do solo, sob o poço, exigindo a execução de perfurações. A

profundidade do furo está directamente relacionada com a altura de elevação a atingir. Geralmente,

nestes modelos o cilindro é revestido por PVC, para evitar a ocorrência de vazamentos.

Os principais problemas típicos dos sistemas in-ground consistem na corrosão do cilindro, pois a

inacessibilidade associada a este componente (e do pistão), impede a realização de inspecções

visuais e, por conseguinte, a detecção de vazamentos do fluido hidráulico. Esta situação pode gerar

consequências bastante graves, tais como a corrosão química e electrolítica do cilindro ou mesmo a

contaminação do terreno. Contudo, estes riscos podem ser minimizados através de sistemas de

monitorização de vazamento e de protecção de corrosão.

Nos elevadores holeless o cilindro encontra-se acima do solo, dispensando a realização de furos para

alojar o componente. Estes modelos, geralmente aplicados a edifícios com 2 a 4 pisos, constituem

uma alternativa aos in-ground quando as características do terreno tornam impraticável a execução

de perfurações.

Fig. 2.11 - Esquema do sistema hidráulico de acção directa: (a) holeless (com pistão telescópico);

(b) in-ground (adaptado de [net 9]).

A unidade hidráulica, localizada na casa de máquinas, é composta por um reservatório, bomba

eléctrica e sistema de válvulas (válvula de controlo). A bomba hidráulica, ao ser accionada por um

motor, impulsiona o fluido armazenado na central para o cilindro através de um sistema de tubagens

rígidas ou flexíveis (mangueiras). Para evitar a ocorrência de vazamentos em sistemas compostos

por mangueiras de borracha, estas são constituídas por um conjunto de quatro camisas,

caracterizadas por uma resistência de 200 a 300 bar, embora trabalhem apenas a 30 a 40 bar.

A regularização da velocidade de percurso traduz-se no controlo do fluxo de óleo para o cilindro, o

qual é realizado não só pela bomba hidráulica, como também pela válvula de controlo que impede o

(a) (b)

Page 40: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

14

fechamento do êmbolo do pistão. À medida que o cilindro é preenchido por óleo, o pistão é impelido

vertical e ascendentemente, permitindo a elevação da cabine ao piso pretendido.

Similarmente aos elevadores de tracção, a cabine é orientada por um par guias, geralmente com

secção transversal em T, fixas às paredes da caixa do elevador. As guias percorrem toda a altura da

caixa de elevador, para evitar que as guiadeiras se desencaixem, quando o êmbolo hidráulico se

encontra totalmente comprimido ou distendido.

Ao aproximar-se do piso solicitado o sistema de controlo emite sinais ao motor eléctrico para cessar,

de forma gradual, o funcionamento da bomba hidráulica. Com a válvula fechada, o fluído fica retido

na central e no cilindro, traduzindo-se na imobilização da cabine ao atingir o andar. Quando é

necessário impor um movimento descendente à cabine, o sistema de controlo acciona a abertura da

válvula. O efeito conjunto da acção gravítica e da capacidade de carga na cabine empurra o pistão,

obrigando o fluido existente no cilindro a regressar para a central, permitindo um movimento

descendente gradual. Procede-se, novamente, ao encerramento electrónico da válvula, cessando o

movimento da cabine [net 10].

A unidade de controlo localiza-se na casa de máquinas, apresentando a função de coordenar o

sistema como um todo, concentrando o processamento de chamadas, definindo a prioridade e

sentido do movimento e activando o sistema hidráulico. A casa de máquinas pode situar-se em

qualquer ponto próximo do elevador, optando-se, geralmente, pelo primeiro pavimento ou cave do

edifício, o que constitui um aspecto benéfico relativamente à solicitação sísmica do equipamento.

Contudo, estes sistemas acarretam alguns inconvenientes, tais como, o facto das variações de

temperatura do óleo prejudicarem o desempenho da bomba, nomeadamente em sistemas sujeitos a

um substancial esforço de elevação ou em casa de máquinas com uma inadequada ventilação.

Também os custos associados ao acréscimo do esforço do motor para ascender a cabine aos vários

pisos (modelos sem contrapeso), complementado pela possibilidade de inexistência de meios de

armazenamento da energia necessária, o que condiciona a altura de elevação máxima proporcionada

pelo sistema [13] [14] [19].

2.2.2.2. Descrição Geral - Acção Indirecta

Os elevadores hidráulicos de acção indirecta ou de cabo (roped) distinguem-se do modelo acima

descrito pela suspensão da cabine e a sua ligação ao pistão por intermédio de um sistema de, pelo

menos, dois cabos (e polias) por êmbolo hidráulico. Na Fig. 2.12 são identificados os componentes

típicos destes sistemas.

Page 41: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

15

Fig. 2.12 - Esquema do elevador hidráulico de acção indirecta (adaptado de [net 10]).

Nos elevadores de acção indirecta, o cilindro não se prolonga para o interior do solo, abrangendo

apenas modelos do tipo holeless.

Uma das vantagens associadas a estes sistemas consiste na possibilidade de atingir maiores alturas,

nomeadamente edifícios de 8 a 10 pisos, sem grandes acréscimos de custo.

2.2.3. Sistema sem Casa de Máquinas (MRL)

Em 1995, foi introduzido o revolucionário sistema eléctrico de tracção sem casa de máquinas,

também conhecido por sistema MRL (Machine Room Less). Este engenho constitui o resultado de

uma crescente evolução tecnológica, a qual permitiu desenvolver motores eléctricos e polias com

menores dimensões.

A unidade motriz encontra-se instalada sobre vigas colocadas no topo da caixa de elevador, apoiadas

em duas a quatro guias robustas. Desta forma, o peso da unidade motriz é suportado directamente

pelas guias, minimizando a transmissão de vibrações às paredes da caixa e à restante estrutura. Os

dispositivos de comando encontram-se repartidos pela cabine, botoeiras de chamadas dos

pavimentos e interior do batente da porta do último piso servido pelo elevador.

Guias da

cabine

Unidade de

controlo

Unidade

hidráulica

Sistema de

cabos e polia

Pistão

Cilindro

Page 42: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

16

Comparativamente com o sistema convencional, este modelo permite optimizar a gestão do espaço,

proporcionando uma maior flexibilidade e versatilidade a nível de projectos de edifícios. Permite ainda

realizar percursos mais suaves e silenciosos e com menor consumo de energia. Na Fig. 2.13 é

possível observar a forte aderência a este tipo de modelo em vários países europeus em 2004.

Fig. 2.13 - Percentagem de instalação de elevadores na Europa em 2004 (adaptado de [30]).

Dada a forte dominância dos modelos de tracção MRL na comercialização de elevadores,

desenvolveram-se os sistemas hidráulicos sem casa de máquinas, com a principal vantagem de

reduzir as dimensões da caixa. Nestes sistemas a unidade hidráulica localiza-se no interior da caixa

ou no poço e o sistema de controlo encontra-se instalado exteriormente à caixa, junto à porta do

elevador, ao nível do piso de paragem mais inferior, como se pode observar na Fig. 2.14.

Relativamente ao sistema de tracção MRL, este modelo caracteriza-se por um processo de instalação

mais simples.

Fig. 2.14 – Sistemas de elevador MRL: (a) eléctrico de tracção [net 11]; (b) hidráulico [net 12].

Hidráulico Trac. MRL Tracção

Áustr

ia

Bélg

ica

Suíç

a

Ale

manha

Din

am

arc

a

Fra

nça

Fin

lân

dia

Itália

Luxem

burg

o

Turq

uia

Noru

ega

Hola

nd

a

Port

uga

l

Espanha

Suécia

Gré

cia

Rein

o U

nid

o

DIA

Insta

laçõ

es (

%)

(a) (b)

Page 43: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

17

2.2.4. Sistemas de Segurança

Para garantir um máximo de segurança durante o movimento, o elevador é dotado de um sistema de

segurança redundante, destinado a executar paragens de emergência da cabine e/ou do contrapeso

em situação de queda livre, excessiva velocidade ou perda de tensão dos cabos.

Na tabela que se segue são identificados alguns dos principais dispositivos de segurança dos

elevadores, assim como os modelos que os comportam.

Tabela 2.1. Sistemas de segurança de elevadores.

Dispositivo

de Segurança Definição

Elevador de

Tracção

Elevador

Hidráulico

Pára-Quedas

Garra metálica localizada na cabine (e opcionalmente no

contrapeso), que se fixa às guias de forma instantânea ou

progressiva, resultando na paragem do elevador. Note-se que o

funcionamento deste dispositivo não requer energia eléctrica.

X X

Limitador de

Velocidade

Composto por duas polias (uma, na casa de máquinas, alinhada

verticalmente com a uma outra localizada no fundo do poço),

cabo de aço ligado à cabine e interruptor. Caso o elevador

ultrapasse a velocidade limite pré-estabelecida, o limitador

activa o pára-quedas e desliga a parte eléctrica do motor

simultaneamente, conduzindo assim à paragem do elevador.

X X*

Limites de

Percurso

Os interruptores de limite final constituem sensores

electromagnéticos localizados nos fins de curso superior e

inferior, sendo responsáveis por interromper o funcionamento do

elevador sempre que este exceder a posição dos mesmos.

X X

Interruptor de

Afrouxamento

de Cabos

Corta o fornecimento de energia eléctrica ao motor e acciona o

pára-quedas quando pelo menos um dos cabos de tracção

perde tensão relativamente aos restantes.

X X*

Válvula de

Rotura

Localizada no ponto de entrada e saída do fluído do cilindro.

Interrompe o circuito hidráulico, com consequente imobilização

do elevador, quando ocorre uma variação brusca de pressão no

interior do cilindro correspondente à descida repentina da

cabine, geralmente devido a uma fuga na tubagem hidráulica.

No caso de elevadores com dois pistões laterais a válvula é

instalada de forma equidistante, sendo a sua interligação

realizada por meio de tubagens

X

Amortecedor

Caso os dispositivos de segurança acima referidos falhem,

existe ainda um conjunto de amortecedores instalados no poço,

para a cabine e o contrapeso, os quais absorvem parte do

impacto, prevenindo o choque directo destes componentes com

o fundo da caixa.

X X

*Apenas obrigatório em sistemas hidráulicos de cabo

Page 44: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

18

2.3. DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA SÍSMICA

Os EUA e o Japão constituem os pioneiros no desenvolvimento de medidas de aperfeiçoamento do

comportamento sísmico destes sistemas, desempenhando um papel fundamental na optimização da

sua segurança.

Actualmente, no âmbito da segurança de elevadores face a um evento sísmico, nomeadamente

eléctricos de tracção, existem essencialmente duas operações de controlo, uma associada ao

interruptor sísmico também conhecido por seismic switch (modo sísmico) e outra ao detector de

descarrilamento do contrapeso. Contudo, existem regulamentos que defendem o uso de apenas um

dos dispositivos, enquanto que outros requerem ambos.

Por questões de segurança, estes equipamentos só devem ser reiniciados por técnicos autorizados,

após garantida a ausência de qualquer perigo, através da realização de inspecções adequadas. Este

processo é bastante importante, pois permite evitar a ocorrência de danos com maior severidade, os

quais podem colocar em perigo a vida de futuros ocupantes.

Em Portugal, só muito recentemente se começou a expressar algum interesse na utilização destes

dispositivos, no entanto, a sua aderência permanece bastante escassa.

2.3.1. Interruptor Sísmico

O interruptor sísmico consiste num sensor electrónico que detecta movimentação do edifício sob a

forma de um determinado parâmetro, geralmente acelerações verticais e/ou horizontais segundo dois

ou três eixos (ver Fig. 2.15).

O modo sísmico é activado pelo interruptor sísmico quando este detecta uma determinada

aceleração, superior à previamente estabelecida. Este limite deverá corresponder às primeiras ondas

sísmicas (ondas P), cujo valor deverá ser inferior ao limiar de ocorrência de danos. Desta forma, a

cabine em movimento é direccionada para o piso disponível mais próximo, as portas abrem-se para

permitir a saída dos passageiros, e segue-se o encerramento de todo o sistema. Esta operação tem

como principal objectivo antecipar a chegada das ondas mais destrutivas ao edifício (ondas S). No

entanto, em situações de elevada proximidade ao epicentro, as ondas podem chegar à edificação

quase simultaneamente, comprometendo a eficácia do sensor e a segurança nos elevadores.

Actualmente, a maioria dos interruptores sísmicos registam a data, o tempo, a duração e a aceleração

de pico em cada eixo para cada terramoto detectado. Esta informação constitui um elemento

fundamental no desenvolvimento de futuros estudos referentes ao comportamento sísmico de

elevadores.

Para garantir um desempenho adequado, estes dispositivos requerem a realização de uma

manutenção periódica.

Page 45: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

19

Porém, verifica-se que a localização a adoptar para este dispositivo não é consensual. As opiniões

dividem-se entre a casa de máquinas [5], localizada no topo do edifício onde, geralmente, são

registadas vibrações mais intensas, ou ao nível do poço [49], permitindo detectar mais rapidamente

as acelerações sísmicas, embora sem o efeito de amplificação associado ao próprio edifício.

Evidentemente que a localização do interruptor sísmico, deverá ter implicações na calibração do nível

de disparo.

A adequada definição do valor de activação do sensor, desempenha um papel importante na

prevenção de danos, devido a eventos sísmicos. Em 1972, os EUA adoptaram o limite de aceleração

vertical de 0,03g com uma frequência de 1 a 10 Hz, todavia este valor tem sofrido modificações

incrementais ao longo dos anos e alguns regulamentos exigem também a consideração da

aceleração horizontal. Em Portugal desconhece-se o valor adoptado.

Fig. 2.15 - Exemplo de um interruptor sísmico [net 13].

2.3.2. Detector de Descarrilamento do Contrapeso

O sensor de descarrilamento do contrapeso tem como função interromper o funcionamento do

elevador, quando detectado o deslocamento do contrapeso, para fora do seu plano normal de curso.

Este dispositivo desempenha um papel bastante importante na segurança do sistema, face à acção

sísmica, uma vez que, como se verá mais adiante, o descarrilamento do referido componente

constitui o dano mais frequente, aquando um terramoto.

O sistema de detecção consiste, usualmente, na montagem de dois cabos paralelamente às guias do

contrapeso e carregados com uma corrente eléctrica. Este sistema denomina-se por ring-on-a-string,

uma vez que cada fio atravessa um anel metálico, fixo em cada lado da respectiva arcada, como se

pode observar na Fig. 2.16. Assim, se o contrapeso se deslocar, um dos cabos entra em contacto

com o anel, fechando o circuito e gerando-se um sinal eléctrico que é amplificado e interpretado pela

unidade de controlo, como sinal de paragem por desalinhamento do componente. Durante este

Page 46: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

20

processo, caso o elevador se encontre em movimento, a cabine pára e, em seguida é orientada para

o piso disponível mais próximo a uma velocidade reduzida, de valor pré-definido.

Estes dispositivos distinguem-se dos sensores sísmicos, na medida em que identificam,

primeiramente, a posição da cabine e depois a do contrapeso, procedendo-se à decisão de enviar o

elevador para os pisos superior ou inferior, com a ordem base em garantir o distanciamento entre

ambos os componentes. Quando a cabine é imobilizada, sucede-se a abertura das portas, para

garantir a libertação dos passageiros e o encerramento do sistema.

O sensor de descarrilamento do contrapeso pode apresentar várias configurações. Uma outra

consiste num único fio a atravessar um anel localizado no topo e na base da arcada do contrapeso.

Relativamente ao fio utilizado existem duas variações possíveis. Numa, o fio metálico liga a arcada a

um interruptor que activa o dispositivo mesmo aquando a sua rotura, não ocorre contacto com o anel.

Na outra, recorre-se a um fio em zig-zag que percorre o edifício em altura, verificando-se a perda de

continuidade quando o descarrilamento ocorre. Neste último, o dispositivo é denominado por detector

de colisão, sendo geralmente aplicado em elevadores de velocidade reduzida.

Fig. 2.16 - Sensor de descarrilamento do contrapeso (Ring on a String) [net 14].

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

21

3. RETROSPECTIVA DE DANOS RESULTANTES DE EVENTOS SÍSMICOS

3.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Durante um evento sísmico, os elevadores, sendo elementos integrantes do edifício, são sujeitos a

deformações e acelerações induzidas pela própria estrutura. Como tal, este meio de transporte

vertical pode suportar maiores vibrações devido ao efeito amplificador da edificação e do próprio solo

onde se encontra assente.

Na sequência de danos sofridos durante terramotos, os elevadores têm sido sujeitos a um contínuo

aperfeiçoamento, com a principal preocupação em criar sistemas operacionais e seguros, face às

acções sísmicas.

Para o desenvolvimento de medidas destinadas a mitigar a vulnerabilidade sísmica dos elevadores, é

imprescindível avaliar o seu desempenho aquando um terramoto. Neste capítulo, procede-se à

análise do comportamento destes sistemas em oito terramotos, com a recolha exaustiva dos

respectivos danos e a identificação das causas associadas. Esta informação é obtida com base em

relatórios sustentados por inspecções, inquéritos e entrevistas a empresas responsáveis pela

instalação e/ou manutenção de elevadores em edifícios localizados nas regiões sismicamente

afectadas. Note-se que muitas das inspecções realizadas depararam-se com algumas limitações em

termos de acessibilidade, particularmente nos pisos mais altos dos edifícios.

3.2. DANOS EM ELEVADORES RESULTANTES DE EVENTOS SÍSMICOS

Terramoto do Alasca (EUA) – Mw2= 9,2

Em 1964, o Alasca sofreu um dos sismos mais fortes alguma vez registados na América do Norte,

originando avultados prejuízos devido, essencialmente, a danos não estruturais. Pela primeira vez,

observaram-se danos extensivos nos elevadores, constituindo, para alguns engenheiros de

elevadores, o despertar para a inerente vulnerabilidade sísmica destes sistemas.

Ayres [6] fornece uma análise qualitativa dos danos observados nos 100 elevadores existentes em

Anchorage (tracção e hidráulicos aproximadamente em igual número). Os sistemas de tracção

apresentaram falhas bastante severas, destacando-se em praticamente todos os sistemas desta

tipologia, o descarrilamento do contrapeso, associado, maioritariamente, à deformação das

rodadeiras. Estas foram identificadas como os elementos de ligação mais vulneráveis à acção

sísmica, devido às colisões entre o contrapeso e as guias. Em algumas ocorrências de

descarrilamento, o contrapeso chegou a oscilar livremente na caixa de elevador, embatendo e

danificando a viga de distribuição onde as guias se encontravam apoiadas. Descreve-se ainda a

2 Magnitude de Momento

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

22

flexão e deformação severas das guias do contrapeso e dos brackets, e ainda emaranhamento dos

cabos. Devido à maior rigidez, característica das guias da cabine, estas foram pouco afectadas. Os

sistemas de guias também foram danificados pela queda de fragmentos do elevador e do material

constituinte das paredes da caixa.

A inexistência de geradores de emergência levou à interrupção do funcionamento destes sistemas

durante as falhas de energia eléctrica, resultando na redução do número de colisões entre

contrapesos e cabines. Na casa das máquinas constatou-se que a causa de pelo menos 80% das

falhas no equipamento deveu-se ao deslizamento ou derrubamento da unidade motriz, originado por

uma deficiente fixação entre o piso, o isolador de vibração e o equipamento. Este tipo de falha foi

observado em cinco unidades de tracção do Hospital Elmendorf ABF, e ainda em outros

equipamentos eléctricos localizados na casa de máquinas. Um elevado número de painéis de

controlo, entre os quais o existente no referido hospital, tombaram por falta de fixação. Na Fig. 3.1 é

possível visualizar alguns dos danos ocorridos nos sistemas de tracção.

Fig. 3.1 – Danos sísmicos em elevadores: (a) queda da guia direita e da rodadeira do canto superior

esquerdo do contrapeso; (b) derrubamento da unidade motriz [6].

A maioria dos elevadores hidráulicos (acção directa) comportou apenas danos mínimos, associados à

queda de fragmentos das paredes da caixa, resultando no bloqueio do movimento da cabine. Numa

situação, a ocorrência de assentamentos diferenciais levou à formação de fendas no chão, cuja

propagação chegou atingir o poço do elevador, provocando a inclinação do cilindro. Constatou-se

ainda que o maior elevador hidráulico da cidade, instalado num hospital de 6 pisos, não apresentava

qualquer tipo de falha, retomando a sua operacionalidade assim que a energia foi restabelecida.

Terramoto de San Fernando (EUA) - Mw= 6,6

Em 1971, a grande devastação resultante do terramoto de San Fernando no estado de Califórnia,

nomeadamente ao nível não estrutural, suscitou, pela primeira vez, a preocupação em recolher e

(a) (b)

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

23

registar, de forma sistemática e organizada, a informação quantitativa e qualitativa relativa às falhas

sustidas pelos elevadores devido a fortes terramotos [7] [63]. Este procedimento levou à formulação

das primeiras propostas de aperfeiçoamento das metodologias de dimensionamento destes sistemas.

Mais tarde, algumas destas recomendações foram incluídas nos códigos da Califórnia e da ASME,

das quais se destacam as seguintes [63]:

utilização de guias mais pesadas do que as de secção em T de 12 kg/m;

utilização de brackets menos espaçados, sugerindo ainda a soldagem de placas de forma a

reforçar as suas zonas angulosas;

instalação de apoios intermédios;

aparafusar os isoladores de vibração da unidade motriz ao piso;

utilização de dispositivos de segurança sísmica [6] e [38].

Desta feita, em 1975 a Califórnia foi o primeiro Estado Norte-Americano a incorporar medidas de

protecção sísmica, no respectivo código de elevadores. Em 1981 estas foram adicionadas ao Código

Nacional Segurança de Elevadores e Escadas Rolantes [17].

A cidade de Los Angeles constituiu a zona mais afectada a nível de sistemas de elevadores,

chegando mesmo a constituir em alguns edifícios, os únicos danos existentes. Note-se que dos

aproximadamente 9000 elevadores existentes no Norte da cidade, cerca de 1000 ficaram afectados.

A falha mais frequentemente observada nos elevadores de tracção consistiu no descarrilamento do

contrapeso, perfazendo um total de 674 registos, dos quais 109 resultaram na colisão com a cabine

[63]. Numa destas situações, o elevador transportava um passageiro, o qual foi projectado contra as

paredes da cabine e, num outro caso, o ocupante observou o contrapeso a trespassar a própria

cabine. Verificaram-se ainda 18 descarrilamentos da cabine, quebra ou perda de 286 rodadeiras, 9

roçadeiras partidas, 49 sistemas de guias deformadas ou facturadas, 174 brackets danificados. No

Hospital de Olive View, quatro elevadores ficaram severamente afectados devido à flexão e

descarrilamento da arcada do contrapeso. Na caixa, cerca de 22 portas deslocaram-se da sua

posição. Os danos observados no sistema de cabos deveram-se aos elementos salientes existentes

na caixa do elevador, resultando na retenção ou rotura de 20 cabos de limitador de velocidade e 7

cabos de comando, e no deslocamento para fora dos gornes de 100 cabos de compensação. Na

casa das máquinas verificou-se o deslocamento ou derrube dos equipamentos aí existentes devido a

uma fixação inadequada.

A ocorrência de falhas de energia levou à interrupção do funcionamento de um elevado número de

elevadores, uma vez que o recurso a geradores de emergência não era obrigatório. Este aspecto

pode ter estado na origem da paragem da cabine entre pisos numa unidade hospitalar, resultando no

enclausuramento de dois doentes, os quais acabaram por falecer.

Relativamente aos danos verificados em elevadores hidráulicos não foi possível encontrar qualquer

informação disponível.

Page 50: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

24

Terramoto de Miyagi (Japão) - Mw= 7,4

Em 1978, o terramoto de Muyagi constituiu o primeiro grande evento sísmico no Japão onde se

verificou a recolha do tipo e extensão de danos sofridos pelos sistemas de elevadores. Este processo

permitiu o desenvolvimento de medidas de segurança sísmicas e a sua inclusão no regulamento

Japonês de sistemas de elevadores, onde se destaca a instalação de sensores sísmicos e a definição

de forças sísmicas a suportar pelos componentes localizados na caixa e na casa das máquinas.

De acordo com Suarez e Singh [63], dos 5462 elevadores existentes nas seis províncias afectadas,

aproximadamente 483 apresentavam algum tipo de dano. A província de Miyagi constituiu a zona

mais lesada, com cerca de 18% dos seus sistemas de tracção danificados. Mais uma vez,

constatou-se que a falha mais frequente consistiu no descarrilamento do contrapeso, registando-se

cerca de 282 ocorrências, referentes a este ou à cabine. Relativamente às caixas dos elevadores,

verificou-se cerca de 40 brackets flectidos, 23 cabos danificados e 54 guiadeiras deformadas. É

importante salientar que a maioria dos danos observados nas cabines resultou do descarrilamento do

contrapeso.

Na casa das máquinas verificou-se o deslocamento ou derrubamento de cerca de 53 motores-

geradores e 11 painéis de controlo. Neste terramoto não houve quaisquer registos de feridos ou

vítimas mortais.

A nível de sistemas hidráulicos, não foi possível obter qualquer informação referente aos respectivos

danos.

Terramoto de Whittier Narrows (EUA) - Mw= 5,9

Em 1987, o terramoto de Whittier Narrows constituiu o primeiro evento sísmico a provocar danos

significativos nos elevadores após terem sido implementadas as recomendações impostas pelo

código da Califórnia. Contudo, muitos dos requisitos não se aplicavam aos sistemas já existentes.

De uma forma geral, verificou-se que o desempenho dos sistemas de tracção foi bastante positivo,

comparativamente com o de São Fernando. Não foi possível encontrar qualquer informação

disponível relativa ao comportamento dos elevadores hidráulicos.

Com base no levantamento de danos executado por Schiff [57], destaca-se o descarrilamento do

contrapeso como o mais observado, tendo-se registado pelo menos 91 ocorrências, das quais 11

resultaram na colisão com a cabine. No sistema do contrapeso constatou-se ainda 19 casos de guias

danificadas, 10 casos de falha dos sistemas de fixação e suporte das mesmas, dos quais se salienta

a ocorrência de parafusos a saltarem das paredes da caixa, e ainda uma arcada deformada. Todavia,

o autor associou a falha do sistema de fixação de guias à construção dos edifícios originais dos anos

30.

Page 51: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

25

Na casa das máquinas reportaram-se poucos danos associados à deficiente fixação dos

equipamentos. Note-se que não houve quaisquer registos de danos relativos aos painéis de controlo

e aos sistemas de cabos.

No que diz respeito aos dispositivos de protecção sísmica, verificou-se que nem todos os seismic

switches chegaram a disparar, traduzindo-se no contínuo funcionamento dos elevadores aquando e

após o terramoto. Foram ainda registados 11 casos de descarrilamento, resultantes da reiniciação

dos dispositivos de segurança, sem a realização da inspecção exigida, permanecendo o sistema

operacional com o contrapeso fora das guias. Após a reiniciação dos interruptores sísmicos, alguns

destes voltaram a disparar devido a uma forte réplica, o que exigiu uma nova inspecção.

Aparentemente, os detectores de descarrilamento do contrapeso apresentaram um desempenho mais

favorável, comparativamente com os interruptores sísmicos, pois, na maioria dos casos reportados,

estes dispositivos activaram-se quando o contrapeso se deslocou para fora das guias, no entanto,

verificaram-se duas situações de rotura do fio metálico do sensor.

De uma forma geral, o desempenho destes dispositivos não atingiu na íntegra os objectivos

propostos, contudo, conduziram a uma redução significativa dos danos.

Apenas se observou um caso de hospitalização, devido ao pânico de um passageiro retido no

elevador durante o corte de energia.

Terramoto de Loma Prieta (EUA) - Mw= 6,9

Em 1989, o terramoto de Loma Prieta constituiu o segundo fenómeno a provocar danos significativos

nos elevadores após a incorporação das medidas de segurança sísmica.

A maioria dos prejuízos registados deveu-se ao descarrilamento do contrapeso, tendo sido

inicialmente reportados cerca de 286 ocorrências. As possíveis causas indicadas para este tipo de

dano consistiram na deformação das guias, brackets e respectivos parafusos de fixação [17].

Salienta-se o facto de grande parte dos descarrilamentos observados estarem associados a sistemas

de guias de 12 kg/m, e tenderam a ocorrer no topo dos edifícios. Porém, várias guias deste tipo

resistiram ao sismo sem apresentar qualquer dano, ao contrário de algumas de 16,5, 18 e 22,5 kg/m.

Os danos registados em cabines resultaram, essencialmente, das colisões com o contrapeso, após o

restabelecimento do funcionamento do elevador, depois de o componente ter-se deslocado para fora

das guias. Uma destas situações teve lugar num hospital, na qual o contrapeso trespassou o tecto da

cabine. Apenas existem registos de um descarrilamento da cabine. Perante as evidências, Ding e

Arnold [17] sugeriram que os elevadores existentes em edifícios de estrutura metálica

encontravam-se sujeitos a maiores cargas dinâmicas, associadas a uma maior flexibilidade da

estrutura ou ao facto das frequências fundamentais do edifício e do sistema do contrapeso

apresentarem valores muito próximos.

Page 52: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

26

Relativamente à caixa do elevador verificou-se a queda de parte do reboco das paredes e a

danificação das portas. Constatou-se ainda o emaranhamento dos cabos do limitador de velocidade

em torno de protuberâncias.

Apesar do número de danos registados, verificou-se que uma quantidade substancial de interruptores

sísmicos, não chegou a disparar. Além disso, constatou-se para um mesmo edifício, o accionamento

de apenas parte dos sensores aí instalados. Alguns detectores de descarrilamento, embora poucos,

activaram-se sem o componente se ter deslocado para fora das guias, o inverso também ocorreu (10

casos). Observaram-se várias situações em que os geradores de emergência não entraram em

funcionamento, aquando os cortes de energia.

Comparativamente com o sismo de Whittier Narrows, um total de 34 elevadores hidráulicos sofreram

danos mais significativos devidos, essencialmente, a fenómenos de liquefacção do solo. Este facto

resultou na ascensão do cilindro no poço (sistemas in-groud), e ainda num caso de vazamento nas

tubagens flexíveis. Nos 77 elevadores hidráulicos existentes na Universidade de Stanford, quatro

unidades ficaram danificadas. A diversidade de danos observada nestes sistemas, resume-se a

vazamentos na tubagem hidráulica, aparentemente devido à própria vibração, e ainda danos nas

portas da caixa e da cabine [55] [63].

Terramoto de Northridge (EUA) - Mw= 6,7

Em 1994, o terramoto de Northridge abalou a cidade de Los Angeles, com valores de aceleração de

pico do solo raramente registados nas áreas urbanas da América do Norte. Apesar da introdução de

medidas mais rigorosas nas revisões do código de sistemas de elevadores, verificou-se a ocorrência

de danos mais severos, comparativamente com os resultantes do terramoto de Whittier Narrows e o

de Loma Prieta [63].

O evento sísmico afectou cerca de 968 elevadores eléctricos. Mais uma vez, o descarrilamento do

contrapeso consistiu no principal dano, perfazendo um total de 688 ocorrências. Verificou-se ainda a

deformação das guias e a destruição dos sistemas de rodadeiras do contrapeso. A colisão entre as

massas do contrapeso e a respectiva arcada são apontados como um mecanismo de falha não

considerado no código, associando-o ao espaçamento existente entre estes e a arcada, resultando

na sua deformação [29]. Este dano foi observado no Hospital de Olive View, também em 1971, no

entanto, sem ocorrer o descarrilamento do contrapeso.

Na caixa de elevadores reportou-se o emaranhamento de cabos de comando em torno dos

dispositivos de limite de curso e ainda o deslocamento das portas da caixa e da cabine.

Cerca de 97 elevadores hidráulicos sofreram algum tipo de falha, nomeadamente vazamentos nas

tubagens de abastecimento.

Page 53: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

27

Posteriormente ao terramoto de Northridge, o Departamento Estadual de Planeamento e

Desenvolvimento de Saúde (Office of Statewide Health Planning and Development - OSHP) do

estado Californiano demandou a elaboração de estudos referentes ao impacto da acção sísmica nos

sistemas de elevadores [63]. Finley et al. [27] analisaram o desempenho de 100 e 14 sistemas de

tracção e hidráulicos respectivamente, localizados em nove instalações hospitalares. As unidades

dimensionadas e instaladas de acordo com a regulamentação, datada anteriormente à

implementação das medidas sísmicas no código da Califórnia, ficaram bastante afectadas. Do

conjunto de danos observados em sistemas de tracção destaca-se o descarrilamento do contrapeso,

a queda dos painéis interiores do tecto da cabine, a rotura das fixações do limitador de velocidade e o

emaranhamento dos cabos do limitador em torno das saliências da caixa. Concluiu-se que os

requisitos sísmicos regulamentados no Título 243, parte 7, da Califórnia — California Elevator Safety

Construction Code — eram suficientes para o dimensionamento e instalação dos elevadores em

hospitais, devendo-se ainda introduzir algumas modificações, nomeadamente, a adaptação de

antigos elevadores de acordo com a nova regulamentação. No que diz respeito aos elevadores

hidráulicos salienta-se a ocorrência de falhas ao nível das tubagens, do cilindro e da ancoragem do

equipamento e das guiadeiras da cabine, e ainda de danos no seu interior.

Terramoto do Golfo de Eilat-Aqaba (Golfo de Eilat-Aqaba) - Mw= 7,1

Em 1995, Israel foi atingida pelo terramoto de Eilat-Aqaba por um sismo de 6.2 na escala de Richter.

Refere-se que os sistemas de elevadores instalados neste país aquando o sismo, encontravam-se

dimensionados e instalados de acordo com a norma SI-24, baseada na norma Europeia de

elevadores EN-81, a qual não comporta quaisquer requisitos sísmicos.

Levy et al. [36] apresenta uma colectânea de danos suportados por elevadores de tracção existentes

em Israel, nomeadamente na região centro e sul onde existiam 882 e vários milhares de sistemas

operacionais respectivamente. No cenário geral, cerca de 141 unidades sofreram um total de 201

falhas resultantes do evento sísmico. Mais de metade dos danos registados consistiram no

descarrilamento do contrapeso (57%), perfazendo um total de 115 ocorrências, das quais 43 (12%)

resultaram na colisão com a cabine. Em algumas situações, a causa associada a este dano consistiu,

essencialmente, no funcionamento do elevador sem a activação do dispositivo de segurança sísmica.

Observaram-se ainda sete situações de descarrilamento da cabine.

O segundo dano mais frequente consistiu na flexão das guias, tendo-se verificado 28 unidades

afectadas. Os autores identificaram o sistema de guias como o principal responsável pela ocorrência

de descarrilamento, relacionando este tipo de falha com o comportamento elástico ou elasto-plástico

3 O California Code of Regulations (CCR) é constituído por 28 Títulos. O Título 24, ou também denominado por

California Building Standards Code é reservado para os regulamentos estaduais que regem requisitos de dimensionamento e construção de estruturas, instalações e equipamentos. O código foi publicado pela California Building Standards Commission, sendo aplicado a todos edifícios existente neste estado. A edição trianual de 2007 do Título 24 comporta um total de 12 partes correspondentes a cada tema específico. Note-se que a parte 7, correspondente aos sistemas de elevadores passou a ser incorporada no Título 8 [net 15].

Page 54: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

28

das guias. A frequente utilização de guias de contrapeso de 3,73kg/m (T50/A), caracterizadas por um

reduzido momento de inércia e por uma maior leveza, comparativamente com as de 12kg/m utilizadas

nos EUA, , promove a ocorrência de descarrilamento na fase elástica. Levy et al. [36] chega mesmo a

afirmar que as guias, usualmente utilizadas em Israel, não resistem ao terramoto do Golfo de

Eilat-Aqaba de 1995.

Terramoto Chi-Chi e Min-Shong (Taiwan) – ML4 921 = 7,3; ML 1022 = 6,4

No ano de 1999 Taiwan foi bastante afectada pelos sismos Chi-Chi (Setembro - 921) e Min-Shong

(Outubro – 1022). Yao [72] expõe um leque de falhas sofridas pelos cerca de 1600 sistemas de

tracção existentes na cidade de Chia-Yi. Aproximadamente 20% dos elevadores apresentavam algum

tipo de dano, destacando-se, como as falhas mais frequentes, o descarrilamento do contrapeso,

seguido pelo emaranhamento dos cabos. Em pelos menos dois hospitais o contrapeso deslocou-se

para fora das guias, colidindo com a cabine. Cerca de 95% dos descarrilamentos registados

ocorreram em sistemas compostos por guias de 5 kg/m, as quais são referidas como as mais

utilizadas em edifícios baixos. As causas associadas a 60% e 40% dos descarrilamentos consistiram

na indução de vibrações sísmicas no plano da arcada do contrapeso e perpendicularmente a este

respectivamente. O embate entre as massas e a arcada provocaram a deformação desta, com

consequente libertação de grande parte dos pesos que se encontravam posicionados a meia altura

do contrapeso. No entanto, tal não se verificou em componentes com as massas restringidas por

meio de um par de travamentos fixos à arcada.

Também se observou a rotura dos cabos de controlo e do limitador de velocidade, devido ao seu

emaranhamento em elementos proeminentes da caixa. Relativamente à casa das máquinas,

constatou-se que os danos nos painéis de controlo estavam associados a uma instabilidade da

corrente eléctrica nos instantes inicias de funcionamento do gerador de emergência, provocando o

curto-circuito das placas de circuito. Todavia, de acordo com a ACSS, os geradores de emergência

actuais apresentam características que permitem controlar essa instabilidade.

3.3. SUSCEPTIBILIDADE À ACÇÃO SÍSMICA

3.3.1. Identificação dos Principais danos

Atendendo a gama de danos comportados pelos diversos componentes dos sistemas de elevadores,

durante os eventos sísmicos analisados e outros, tais como o de Umbria-Marche (1997) [65], Kobe

(1995) [63], Perú (2001) [10] e de Sichuan (2008) [18], é possível sintetizar as principais falhas,

apresentadas na Tabela 3.1.

4 Magnitude Local de Richter

Page 55: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

29

Tabela 3.1 - Principais danos sísmicos observados nos elevadores de tracção e hidráulicos.

Eléctrico de Tracção Hidráulico

- descarrilamento do contrapeso;

- descarrilamento da cabine;

- desprendimento das massas do contrapeso;

- colisão do contrapeso ou dos próprios pesos com a

cabine;

- flexão das guias;

- danificação dos sistemas de suporte das guias;

- deslocação ou derrubamento do equipamento

existente na casa das máquinas;

- deslocação dos cabos para fora dos gornes das

polias;

- danificação dos cabos devido ao seu emaranhamento

em protuberâncias da caixa;

- perda de referência espacial por desalinhamento do

sensor electromagnético responsável pela identificação

da posição da cabine;

- falha dos dispositivos de segurança sísmica.

- vazamentos na tubagem hidráulica;

- deslocação ou perda de verticalidade do cilindro e

pistão;

- perda de equilíbrio do reservatório.

- deformação das portas da cabine e da caixa;

- queda de material constituinte das paredes da caixa de elevador;

- deformação ou quebra das guiadeiras;

- danos no interior da cabine.

A notória discrepância quantitativa e qualitativa de danos observados entre ambos os sistemas,

permite distinguir a susceptibilidade dos elevadores eléctricos de tracção. Constata-se ainda que as

falhas verificadas nos elevadores hidráulicos constituem apenas uma pequena fracção das registadas

em sistemas de tracção [12]. Este facto pode ser justificado pela ausência de um contrapeso na

maioria dos modelos hidráulicos, uma vez que este, como já foi referido, caracteriza-se por ser um

dos componentes mais vulneráveis à acção sísmica.

Uma outra razão consiste na instalação destes sistemas em edifícios, geralmente, com menos de

sete pisos e, portanto, sujeitos a menores forças de inércia, associado ainda ao facto da casa de

máquinas localizar-se nos pisos mais baixos, onde as acelerações são, geralmente, menores,

comparativamente com os pisos de topo. Também o menor número de componentes integrados no

sistema reduz a possibilidade de falha. Desta forma, é possível afirmar que muitas dos danos

observados em elevadores de tracção não se verificam nos hidráulicos. Posto isto, os sistemas

hidráulicos aparentam ser bastante menos susceptíveis a eventos sísmicos (ver Fig. 3.2).

Page 56: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

30

Fig. 3.2 – Identificação das forças de inércia geradas num elevador durante um evento sísmico:

(a) sistema de tracção; (b) sistema hidráulico [12].

Contudo, reconhece-se, nos diversos relatórios consultados, a escassez de informação relativa às

falhas comportadas pelos elevadores hidráulicos devido a eventos sísmicos.

Procede-se à sumarização dos componentes mais afectados pela acção sísmica, com a identificação

das possíveis causas.

Sistema do Contrapeso e Guiadeiras

É perfeitamente expectável que o contrapeso consista no elemento mais vulnerável à acção sísmica,

uma vez que, sendo o componente mais pesado de todo o sistema, é sujeito a elevadas forças de

inércia aquando um terramoto. Este facto encontra-se em concordância com a informação recolhida,

uma vez que o descarrilamento do contrapeso consiste no dano mais observado em qualquer um dos

sismos acima analisados.

Comparativamente com a acção imposta perpendicularmente, as vibrações sísmicas induzidas no

plano da arcada promovem consequências mais penalizadoras, traduzindo-se na colisão entre o

contrapeso e as guias, com consequente flexão ou rotura das guias, danificação das guiadeiras,

deformação da arcada e possível libertação das massas (ver Fig. 3.3 e Fig. 3.4). Este conjunto de

danos promove a ocorrência de descarrilamento do contrapeso, com possível colisão com a cabine

ou as paredes da caixa, ou ainda o seu emaranhamento nos sistemas de cabos.

Contudo, a utilização de guias de maiores dimensões e de dispositivos que restrinjam o movimento

dos pesos para fora da arcada constituem propostas que poderiam melhorar o desempenho deste

sistema.

(a) (b)

Page 57: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

31

Fig. 3.4 - Descarrilamento do contrapeso [18].

Sistema da Cabine e Caixa

Comparativamente com o sistema do contrapeso, as

guias da cabina são bastante menos afectadas, este

aspecto pode dever-se a uma maior rigidez, uma vez

que estes elementos são dimensionados para resistir a

cargas dinâmicas excêntricas associadas à carga e

descarga da cabine e a forças de frenagem impostas

pela acção do pára-quedas.

Os deslocamentos dos pisos originam a deformação da

caixa do elevador, com consequente danificação das

portas desta e da cabine, e dos cabos eléctricos. Esta

ocorrência leva à interrupção da funcionalidade do

sistema, uma vez que os elevadores actuais impedem a

Cabine Guia da

cabine

Contrapeso

Guia do

contrapeso

Bracket

Guia da

cabine

Viga de distribuição

Paredes

da caixa

Fig. 3.3 - Esquema do descarrilamento do contrapeso com consequente embate na viga de distribuição

e nas paredes da caixa (adaptado de [6]).

Fig. 3.5 - Danos na porta e parede da

caixa do elevador [18].

Page 58: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

32

movimentação das portas, quando estas não se encontram devidamente posicionadas.

A deformação deste compartimento também resulta na fendilhação, desprendimento e queda de

materiais constituintes das paredes de circulação do elevador, danificando assim os elementos

existentes na caixa e no poço.

Estudos revelam que o material constituinte das paredes da caixa apresenta um papel aparentemente

bastante significativo na extensão de danos do elevador durante um evento sísmico, uma vez que

reagem de forma diferente. Também a localização da caixa no edifício e o número de paragens do

elevador, ou seja a sua altura, afectam a vulnerabilidade do sistema [65].

Sistema de Guias, Brackets e seus Suportes

As cargas impostas pelo impacto da cabine ou do

contrapeso nas guias devido às vibrações sísmicas,

associadas às deformações da estrutura, podem

provocar a flexão ou rotura da própria guia e/ou dos

respectivos bracket, como se pode observar na

Fig. 3.6. Estes danos podem resultar no

descarrilamento do contrapeso ou da cabine.

Sistema de Fixação

A falha dos sistemas de fixação dos componentes foi

observada no poço, no interior da cabine e,

essencialmente, na casa das máquinas (ver Fig. 3.7). A

deficiente ou inadequada ancoragem dos equipamentos

à laje ou à parede, como é o caso da unidade motriz e de

controlo, reservatório e sistema de bombas, constitui a

principal razão para a ocorrência do deslizamento,

derrubamento ou desalinhamento dos mesmos.

A unidade motriz encontra-se instalada sobre um isolador

de vibração, tornando o equipamento vulnerável às

vibrações sísmicas (acções horizontais) as quais são,

geralmente, superiores ao nível do último piso, onde é

frequente instalar-se a casa de máquinas. A ausência de

fixações entre o isolador e o equipamento, e entre este e

o chão constituiu a principal causa para o seu

Fig. 3.6 - Deformação do bracket [18].

Fig. 3.7 - Derrubamento de equipamento

eléctrico localizado na casa das máquinas

[22].

Page 59: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

33

deslizamento ou derrubamento. Note-se que este problema não se verifica nos sistemas MRL.

A inadequada ancoragem das tubagens ou mesmo dos elementos que interligam, resulta no

deslocamento e rotura destes componentes, com consequente vazamento do fluído hidráulico (ver

Fig. 3.8).

Também a deficiente fixação dos elementos existentes no interior da cabine, resulta na queda do

tecto e em estragos dos elementos decorativos, do sistema de abertura de portas, do painel de

operação e do dispositivo de indicador de posição.

Fig. 3.8 – Danos no elevador hidráulico: (a) deslocamento da unidade hidráulica; (b) rotura das

mangueiras hidráulicas [22].

Sistema de Cabos

A vibração da estrutura durante um evento sísmico, pode induzir

oscilações excessivas nos cabos (tracção, limitador de velocidade ou

comando). Este facto pode resultar na sua deslocação para fora dos

gornes, deformação (ver Fig. 3.9) ou no seu emaranhamento em

componentes existentes na caixa, provocando, caso o elevador

prossiga viagem, a rotura dos cabos e/ou danificação dos elementos

aos quais se encontram presos. Também a ocorrência de

descarrilamento do contrapeso ou da cabine pode levar à rotura ou

emaranhamento dos cabos.

A deficiente fixação da máquina de tracção na casa das máquinas,

pode provocar o seu deslizamento, com consequente embate dos

cabos entre si e/ou o seu desgaste ao roçarem nas arestas da

abertura da laje que permite a passagem vertical dos mesmos. No

(a)

Fig. 3.9 - Cabo danificado [18].

(b)

Page 60: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

34

caso do respectivo isolador de vibração também se movimentar, pode se verificar o corte dos cabos à

sua passagem [9].

Cilindro e Pistão

Segundo a SICMALEVA, o pistão, ao encontrar-se sujeito aos deslocamentos horizontais dos pisos,

flecte exercendo uma pressão nas paredes do cilindro resultando em eventuais problemas na ligação

pistão-cilindro ou mesmo na base do cilindro. A perda de verticalidade destes componentes pode

ainda comprometer o funcionamento do elevador.

Dispositivos de Segurança Sísmica

O dano mais comum associado aos dispositivos de segurança sísmica, nomeadamente do interruptor

sísmico, consiste no restabelecimento da operacionalidade do sistema após a sua imobilização por

acção dos sensores, sem a realização de uma inspecção por um técnico. Esta acção pode resultar

em maiores danos no sistema, por exemplo, caso tenha ocorrido o descarrilamento do contrapeso,

pondo em risco a vida de futuros ocupantes. Em acrescento, os interruptores sísmicos sem baterias

incorporadas deixam de funcionar na ausência de electricidade. Os elementos de memória volátil

chegam mesmo a auto-reiniciar-se quando a electricidade é restabelecida.

Também se levantam algumas questões relativamente à eficácia dos interruptores sísmicos baseados

no parâmetro das acelerações, uma vez que no sismo de 1983 ocorrido no Japão, as vibrações

induzidas a um edifício alto provocaram oscilações de elevada amplitude no piso de topo e nos

sistemas de cabos, resultando no seu emaranhamento. No entanto, o interruptor sísmico não

disparou, pois a aceleração de pico do solo (0,016g no período de 5 segundos) era inferior ao valor

de activação do dispositivo (0,03g). Meses mais tarde, um outro sismo atingiu o mesmo edifício com

acelerações máximas do solo de 0,033g no período de 0,33 segundos, activando o sensor. Contudo,

os deslocamentos registados no piso superior foram substancialmente menores, aproximadamente

menos de 1/100 [63].

O incorrecto funcionamento do sensor de descarrilamento pode ser justificado pela rotura do fio

durante o mecanismo de falha ou mesmo pela corrosão do próprio dispositivo, inviabilizando a

conexão eléctrica entre o fio e o anel. Geralmente, os sismos de média intensidade chegam a activar

os sensores sísmicos, sendo também bastante frequente o accionamento do detector de

descarrilamento mesmo sem este ocorrer [17].

Outras causas associadas à falha dos dispositivos de segurança devem-se à ausência de uma

manutenção periódica, nomeadamente, no caso dos interruptores sísmicos, ajustes mecânicos e

substituição de baterias, ou mesmo uma incorrecta calibração do nível de disparo.

Como já foi referido, a activação dos dispositivos de segurança sísmica requer a realização de uma

inspecção prévia ao restabelecimento do funcionamento do elevador por um técnico. Porém, a

Page 61: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

35

saturação da capacidade de resposta dos técnicos na inspecção dos vários sistemas de elevadores,

associada aos eventuais congestionamentos de tráfego verificados após o terramoto, pode resultar

em longos períodos de espera, mesmo em instalações consideradas prioritárias, como é o caso dos

hospitais. Nestas instalações, em que a afluência aumenta substancialmente na fase pós-sismo, a

inutilização dos elevadores pode comprometer fortemente a operacionalidade dos serviços médicos,

nomeadamente no transporte entre pisos de doentes em condições críticas. Por outro lado, o

interruptor sísmico pode ser activado por vibrações de origem não sísmica, provenientes, por

exemplo, de uma obra próxima. Assim, a actividade do elevador é interrompida, afectando o

funcionamento da instalação hospitalar. Uma possível solução para este problema ou mesmo para

situações de emergência, consiste no desenvolvimento de um procedimento que forneça a orientação

necessária para que um indivíduo, sem conhecimentos técnicos, consiga reiniciar o sensor e

restabelecer o funcionamento do elevador a uma velocidade reduzida.

Contudo, de uma forma geral, é unânime a eficácia demonstrada pelo desempenho destes

dispositivos na mitigação dos danos em sistemas de elevadores quando sujeitos a um evento

sísmico. No entanto, é inegável a necessidade de desenvolvimento de mais estudos focados no

aperfeiçoamento destes sensores.

Energia Eléctrica

As frequentes, e geralmente prolongadas, perdas de energia que se verificam durante e após os

terramotos, obrigam, na ausência de geradores de emergência, à imediata paragem do elevador, com

consequente enclausuramento dos seus ocupantes e invalidação dos dispositivos de segurança

sísmica.

Também o confinamento a espaços pequenos e sem iluminação, associado aos fortes receios que a

ocorrência de um sismo suscita, constituem alguns dos factores que definem o nível de terror vivido

pelas pessoas presas no interior da cabine. Estas situações são particularmente graves em hospitais,

caso estes passageiros consistam em doentes que necessitem de cuidados médicos.

Estas ocorrências geralmente exigem operações de salvamento, as quais, se não realizadas por

pessoas que conheçam o processo adequado de abertura das portas do elevador, podem tornar-se

perigosas e resultar na danificação das mesmas [56].

3.3.2. Sensibilidade Sísmica

De uma forma geral, os dois factores responsáveis pela falha dos componentes de elevadores devido

a fenómenos sísmicos, resumem-se à aceleração e deformação induzidas no sistema através da

estrutura. Assim, em função da sensibilidade dos elementos face aos efeitos da acção sísmica, estes

podem ser classificados como sensíveis à aceleração, sensíveis à deriva, ou sensíveis à aceleração e

deriva.

Page 62: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

36

A gama de propriedades intrínsecas dos componentes integrantes dos elevadores, impossibilita a

inserção destes sistemas numa única categoria. Desta forma, Taghavi e Miranda [64] sugerem uma

classificação dos mesmos, apresentada na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Classificação dos componentes de elevadores em função da sua sensibilidade.

Sensibilidade Definição Componente

Aceleração

Elementos que podem sofrer perda de equilíbrio devido às

forças de inércia ou que não podem sofrer acelerações

acima de um determinado valor, destacando-se os

equipamentos pesados simplesmente apoiados ou

elementos associados a fixações deficientes.

Equipamento

existente na casa

das máquinas

Deriva

Elementos afectados pela deformação da estrutura,

nomeadamente pelo deslocamento relativo entre pisos,

uma vez que são obrigados a acompanhar a edificação por

se encontrarem fixos a esta em vários pontos, pela rigidez

incompatível entre o edifício e o componente, pela

interacção entre sistemas adjacentes estruturais e não

estruturais.

Cabine

Aceleração e

Deriva

Elementos afectados pelas acelerações e deformações

entre pisos. Guias e Contrapeso

Note-se que não são referidos os componentes específicos dos elevadores hidráulicos. Contudo, com

base nos dados recolhidos, aponta-se as tubagens e os reservatórios como elementos sensíveis à

deriva e aceleração respectivamente.

3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante os terramotos, existe uma evidente discrepância ao nível do comportamento dos sistemas de

tracção e hidráulicos, o que aponta para uma menor sensibilidade destes últimos (sem contrapeso).

Contudo, aquando a realização deste trabalho constatou-se uma escassez de informação referente

ao desempenho sísmico dos elevadores hidráulicos, o que pode comprometer significativamente a

avaliação da sua vulnerabilidade sísmica.

Page 63: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

37

O sistema do contrapeso-guia apresenta-se como o mais vulnerável à acção sísmica devido,

essencialmente, à elevada massa do contrapeso, sendo mesmo o componente mais pesado do

conjunto.

Chama-se a atenção para o facto dos relatórios elaborados, não apresentarem uma informação

detalhada das causas associadas aos danos registados, assim como a localização e caracterização

dos edifícios que incorporam os elevadores afectados. Estas omissões impossibilitam estabelecer

uma correlação entre os danos observados e a vibração sísmica induzida aos sistemas.

A inutilização dos elevadores, devido a cortes de energia ou à activação dos dispositivos de

segurança sísmica, associados aos atrasos na realização de inspecções para o restabelecimento da

operacionalidade do sistema, pode afectar gravemente a capacidade de resposta dos hospitais.

Posto isto, e dada a extensão de danos observados em sismos recentes, verifica-se ainda a

necessidade de melhorar o desempenho dos sistemas de elevadores, nomeadamente em hospitais.

Page 64: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

38

Page 65: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

39

4. RETROSPECTIVA DE TRABALHOS DE INVESTIGAÇÃO

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O terramoto de San Fernando constitui um ponto de viragem na evolução de elevadores na temática

da segurança sísmica, despertando a atenção para a vulnerabilidade inerente destes sistemas em

edifícios, nomeadamente hospitais, quando sujeitos a fortes movimentos do solo. Este facto conduziu

a uma crescente preocupação na limitação e mitigação de danos, traduzindo-se na elaboração de

diversos estudos, centrados no comportamento sísmico deste meio de transporte.

Neste capítulo são apresentados um conjunto de estudos com base em diferentes modelos e

pressupostos, focados essencialmente na resposta sísmica do sistema do contrapeso-guia. A escolha

do objecto de estudo deve-se facto dos danos associados a este sistema constituírem, num cenário

sísmico, a causa mais significativa na falha de elevadores [71].

Em nenhuma das pesquisas seguidamente apresentadas, se considera a hipótese de ocorrência de

corte de energia, o que resultaria na interrupção do funcionamento do referido transporte vertical e de

outros dispositivos.

4.2. SISTEMA DO CONTRAPESO-GUIA

A forte susceptibilidade dos elevadores face à acção sísmica fomentou contínuas pesquisas do seu

comportamento dinâmico, com particular destaque do sistema contrapeso-guia associado a

rodadeiras. Contudo, a complexidade inerente deste sistema, gera inúmeras dificuldades na

elaboração de modelos que reproduzam de forma fidedigna a sua resposta sísmica

O profundo conhecimento da mecânica e dinâmica do sistema constitui uma ferramenta indispensável

na identificação das características do seu comportamento e a sua inclusão nos modelos de estudo,

nomeadamente as não linearidades introduzidas durante as vibrações. Estas podem apresentar as

seguintes origens [61]:

cedência das guias ou do sistema de suporte. Porém, pode coincidir com o descarrilamento do

contrapeso resultante, possivelmente, da flexão da alma. Desta forma, o estudo do sistema em

fase pós-cedência não apresenta grandes vantagens;

compressão total das molas das rodadeiras, que pode ser evitada com base num adequado

dimensionamento;

forças introduzidas pelo contacto entre as guiadeiras ou limitadores de movimento e as guias

(vibrações induzidas no plano da arcada do contrapeso e/ou perpendicularmente a este);

forças introduzidas pelo contacto entre a arcada e as guias (vibrações contidas no plano do

contrapeso).

Page 66: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

40

De acordo com Singh et al. [61], é bastante plausível admitir que, para sismos de média intensidade,

o sistema é dotado de um comportamento linear. Porém, para fortes movimentos do solo as não

linearidades são introduzidas pelos contactos entre os referidos elementos (dois últimos pontos).

Estudos revelam que o comportamento do sistema contrapeso-guia é fortemente afectado pela

intensidade da acção sísmica, pelos espaçamentos entre elementos, pelas características dinâmicas

do sistema e pela localização do contrapeso. Assim, a introdução das não linearidades em sistemas

com distintas características e sujeitos a diferentes acções sísmicas, aparentam constituir factores

fundamentais numa correcta avaliação do desempenho sísmico dos elevadores [61].

As várias investigações realizadas no âmbito do comportamento do sistema contrapeso-guia num

cenário sísmico, recorrem a um leque de metodologias, nomeadamente empíricas, analíticas e

numéricas. Estas últimas apresentam uma vasta aplicabilidade uma vez que permitem recorrer a

programas de cálculo automático para modelar o sistema de acordo com o grau de complexidade

pretendido. Neste contexto destaca-se o conhecido método de elementos finitos que se baseia na

equação de equilíbrio dinâmico:

(4.1)

Sendo,

[M] – matriz de massa do sistema;

[C] – matriz de amortecimento;

[K] – matriz de rigidez;

– vector de acelerações do sistema;

– vector de velocidades;

– vector de deslocamentos (e rotações);

– vector das forças aplicadas.

As forças aplicadas estão associadas à aceleração imposta pelo edifício ao sistema ( e às acções

introduzidas pelas não linearidades ( ). Posto isto, a resposta do contrapeso sujeito a uma acção

sísmica pode ser determinada pela seguinte expressão [61]:

(4.2)

Procede-se a uma breve descrição de alguns modelos utilizados no estudo da resposta sísmica do

sistema contrapeso-guia.

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

41

4.3. ANÁLISES DINÂMICAS DO SISTEMA CONTRAPESO-GUIA

Em 1983, Yang e seus colaboradores [71] elaboraram uma análise comparativa do comportamento

dinâmico não linear do sistema contrapeso-guia, com base num modelo físico e um numérico, quando

sujeito a uma acção imposta no plano da sua arcada.

O modelo físico é composto por dois veios de secção circular, destinados a orientar horizontalmente o

movimento de uma plataforma, a qual se encontra conectada a uma mesa sísmica. A plataforma

suporta o modelo do contrapeso e das respectivas guias, as quais consistem em duas barras

metálicas horizontais, de secção rectangular. O contrapeso foi modelado por um par de placas

conectadas às extremidades de uma barra central e a dois elementos flexíveis que simulam a arcada.

Os pesos são representados por um conjunto de massas ligadas perpendicularmente ao elemento

central. Cada canto da arcada foi apoiado por uma mola representativa das rodadeiras.

Este modelo foi assim utilizado para a medição do deslocamento da arcada do contrapeso e do meio

vão das guias, através de um conjunto de transdutores, quando o sistema é sujeito a uma aceleração

harmónica imposta na direcção indicada na Fig. 4.1, caracterizada por um leque de frequências de

0,5 Hz a 20 Hz.

No modelo de elementos finitos, o sistema contrapeso-guia foi modelado com base num modelo de

viga simplesmente apoiada, através de elementos de barra, como se encontra esquematizado na

Fig. 4.2. A arcada do contrapeso consiste num elemento de barra com as extremidades elasticamente

apoiadas. Os pontos de contacto entre a arcada e as guias durante a imposição da acção sísmica

foram simulados através de molas de comportamento não linear. Estes elementos caracterizam-se

por uma elevada rigidez durante o contacto, traduzindo um movimento conjunto dos dois

componentes, sendo nula na situação contrária. Para a determinação da resposta dinâmica

recorreu-se ao método de integração directa, com a definição de dois intervalos de tempo, ΔT1 e ΔT2,

durante o contacto entre a arcada e a guia e na situação contrária respectivamente. Note-se que ΔT2

é muito reduzido, devido à elevada rigidez das molas não lineares. As matrizes de amortecimento da

arcada e das guias foram definidas com base no amortecimento de Rayleigh5 e considerando um

coeficiente de amortecimento de 2%. Foi imposta uma aceleração harmónica traduzida pela seguinte

equação:

(4.3)

Com A0 igual a 0,16 g e f a frequência da acção excitadora comportando os valores 2, 3 e 4 Hz, pois,

com base numa análise anterior, verificou-se que os deslocamentos do contrapeso, sem a influência

das guias, apresentam uma amplitude máxima para 4 Hz, uma vez que constitui o valor mais próximo

da frequência fundamental do contrapeso (7 Hz).

5 A matriz de amortecimento de Rayleigh é estabelecida por [C]=α[M]+β[K], sendo [C] a matriz de amortecimento,

[M] a matriz de massa, [K] a matriz de rigidez e α e β constantes definidas em função do coeficiente de amortecimento.

Page 68: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

42

k1 – Mola linear

k – Mola não linear

Para reduzir o elevado período de processamento e evitar que os deslocamentos do contrapeso

excedessem os verificados nas guias, aplicaram-se duas técnicas. A primeira consistiu na diminuição

da rigidez das molas não lineares, implicando um aumento de ΔT2, e a imposição de deslocamentos

relativos nulos sempre que era estabelecido o contacto entre dois pontos nodais da guia e do

contrapeso. A segunda técnica consistiu na colocação de amortecedores paralelamente às molas de

comportamento não linear, caracterizados por um elevado coeficiente de amortecimento durante o

contacto entre o contrapeso e a guia, sendo nulo na situação contrária. Como ambos os modelos não

apresentam as mesmas características físicas, apenas foi possível comparar qualitativamente as

formas gerais das respostas dos sistemas de cada modelo, isto é, sem ter em conta as respectivas

amplitudes, constatando-se a concordância de resultados dos modelos.

Tzou e Schiff [66] [68] recorreram a um modelo de elementos finitos semelhante ao utilizado por Yang

[71], para realizar uma análise dinâmica não linear do sistema contrapeso-guia, considerando a acção

contida no plano do referido componente. Este estudo focou-se nos impactos entre a arcada, as

rodadeiras e as guias.

Na modelação do contrapeso apenas se considerou a rigidez de um dos lados da arcada, pois as

vibrações impostas no plano das guias provocam o contacto das massas com um dos lados da

arcada. Assim, admitiu-se o contacto permanente da arcada e das massas, desprezando-se a

influência introduzida pela colisão entre estas. Para simular o peso do contrapeso, consideraram-se

cinco massas concentradas, ligadas ao elemento de modelação da arcada, dispostas ao longo dos

2/3 inferiores da altura desta. As extremidades da barra central encontram-se apoiadas em quatro

molas lineares, correspondentes às rodadeiras.

As guias foram modeladas como vigas simplesmente apoiadas, adoptando-se um pequeno

espaçamento entre estas e a arcada. Os pontos de contacto dinâmico entre a arcada e as guias

foram modelados por molas de comportamento bilinear e amortecedores viscosos. Assim, quando o

Guias

Direcção da

Excitação

Pesos Arcada

(barra central) Plataforma

Suporte das

guias

Fig. 4.1 - Esquema do modelo físico do sistema

contrapeso-guia (adaptado de [71]).

Fig. 4.2 - Esquema do modelo de elementos finitos

do sistema contrapeso-guia (adaptado de [71]).

Arcada do

contrapeso

Guia

Guia

k1

k1 k k

k1

k1

k k k

k

Page 69: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

43

deslocamento relativo entre a guia e a arcada excede o espaçamento entre estas, a segunda secção

da mola (não linear) é automaticamente activada. Este processo introduziu elevadas forças de

contacto no sistema, as quais podiam ser bastante destrutivas. A adição do amortecedor viscoso, em

paralelo com a mola de contacto, permitiu reduzir as frequências de oscilação das massas

concentradas e estabilizar os resultados obtidos pelo processo de integração numérica. Na Fig. 4.4 é

possível observar um esquema do modelo utilizado na análise dinâmica.

Fig. 4.3 - Esquema de uma única massa do sistema do contrapeso (adaptado de [68]).

No estudo considerou-se o contrapeso localizado entre pisos, modelando-se um único vão da guia. A

acção imposta consistiu numa aceleração harmónica, com uma amplitude de 0,4g e frequências de

1,2, 0,5 e 0,3 Hz.

Constatou-se que o número de contactos consecutivos aumenta com a diminuição da frequência da

acção imposta, e que, os esforços resultantes destes contactos eram bastante superiores à acção de

cálculo em vigor na altura. Verificou-se ainda que a utilização do apoio intermédio em U, permite

reduzir substancialmente (cerca de 40%) a força transmitida pelas colisões entre os referidos

componentes, e ainda limitar o deslocamento relativo entre guias, evitando o desencaixe das

guiadeiras e, consequentemente, o descarrilamento do contrapeso.

Fig. 4.4 - Esquema do modelo de elementos finitos do sistema do contrapeso (adaptado de [68]).

Para avaliar os esforços resultantes do contacto entre os pesos e a arcada do contrapeso num

cenário sísmico, Tzou e Schiff [69] [67] modelaram a guia e a arcada do contrapeso como uma única

viga combinada, e introduziram grandes espaçamentos entre as massas e a arcada. Esta alteração,

inicialmente proposta pela empresa Hitachi Elevator, surgiu do pressuposto de que, se os pesos e a

Acção

Imposta Guias

Contrapeso

Massas

Mola da

rodadeira

Espaçamento

Contrapeso

(arcada e massas) Guia

Guia

Elemento de

contacto não

linear

Page 70: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

44

arcada estivessem bastante afastados entre si, não estabeleceriam contacto quando o sistema fosse

sujeito a uma acção sísmica.

Assim, esta modificação permitiu aperfeiçoar o desempenho sísmico do contrapeso quando não é

verificado contacto. No entanto, as massas ficam sujeitas a maiores forças de inércia devido à

aceleração gerada pelo aumento do referido espaçamento, resultando no incremento da acção de

contacto, comparativamente com o obtido no modelo de espaçamento reduzido [68]. Contudo, a não

consideração da influência do atrito entre os pesos, pode levar a uma majoração da força de contacto

calculada.

Fig. 4.5 - Esquema do modelo de elementos finitos do sistema do contrapeso com espaçamentos

elevados (cerca de 15 centímetros) (adaptado de [67]).

Singh et al. [62] [61] procuraram analisar analítica e numericamente as características do

comportamento sísmico do sistema contrapeso-guia no plano da arcada e perpendicularmente a este,

de forma a apreciar a influência da inclusão das não linearidades e avaliar a eficácia dos apoios

intermédios. O contrapeso foi modelado como um corpo rígido na arcada, caracterizado por cinco

graus de liberdade, correspondentes a duas translações horizontais e três rotações relativas ao eixo

vertical e dois horizontais, traduzindo a resposta do sistema no plano do contrapeso e

perpendicularmente a este. Considerou-se cada canto do contrapeso apoiado por molas em série

representativas da flexibilidade do sistema proporcionada pelas guias, brackets e rodadeiras,

nomeadamente, as molas helicoidais e o revestimento de borracha dos rolamentos. A rigidez do

sistema guias-brackets depende da localização do contrapeso.

Considerando apenas as linearidades do sistema, Singh et al. [62] determinaram as rigidezes das

guiadeiras, pressupondo o contacto permanente entre a rodadeira e a guia. Neste estudo

considerou-se o elevador instalado em dois edifícios de características dinâmicas distintas, para

definir as diferentes acelerações transmitidas ao sistema pelos diversos apoios da guia, ao longo da

altura do edifício. Assim, admitiu-se duas estruturas de 10 e 24 andares, caracterizadas por 3 e 1

graus de liberdade por piso respectivamente, em que a primeira apresenta uma forte componente de

torção. Para ambos os edifícios assumiu-se um amortecimento de 5%. Recorreu-se ao

amortecimento de Rayleigh para o sistema contrapeso-guia, admitindo-se um coeficiente de

amortecimento de 2%. Com base em acelerogramas impostos aos edifícios realizaram-se análises no

Viga combinada

(Guia e Arcada) Acção

Imposta

Espaçamento

Page 71: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

45

domínio do tempo, para determinar a acção imposta ao sistema do contrapeso, através dos quatros

pontos de contacto com a guia.

Com base nos resultados obtidos, foi possível identificar os principais factores que influenciam a

resposta do sistema contrapeso-guia durante um evento sísmico, e que apresentam um particular

interesse no âmbito do seu dimensionamento. Neste sentido, destacam-se os seguintes aspectos:

características dinâmicas da estrutura afectam a resposta do sistema, uma vez que tensões

máximas nas guias não ocorrem necessariamente no topo do edifício, onde as acelerações

são superiores;

efeito simultâneo de ambas as componentes horizontais da acção sísmica na análise do

comportamento dinâmico do sistema contrapeso-guia, uma vez que as tensões geradas no

banzo são afectadas por ambas as direcções. Esta consideração torna-se particularmente

importante, em edifícios caracterizados por uma elevada componente de torção;

tensões geradas nas guias devido às vibrações contidas no plano do contrapeso tendem a

ser superiores às resultantes da acção aplicada na direcção perpendicular, devendo ser

dotadas de particular atenção no dimensionamento destes componentes;

selecção de um adequado coeficiente de rigidez do sistema da rodadeira, pois se este for

pouco rígido pode gerar elevadas tensões, nomeadamente, nas guias de reduzidas

dimensões. No entanto, o aumento da rigidez poderá ter repercussões negativas na

qualidade do transporte. Assim, a utilização de rodadeiras com mais de três rodas e com uma

superfície mais flexível poderá minimizar as tensões nas guias, sem deteriorar o conforto da

viagem;

dimensionamento dos brackets tendo em conta as dimensões das guias, pois, geralmente, o

uso de secções transversais de maiores dimensões para o mesmo sistema, resulta em

maiores esforços nos apoios.

Os autores comprovaram ainda a eficácia dos apoios intermédios instalados a meio vão das guias, na

minimização da vulnerabilidade sísmica do contrapeso, constatando-se uma redução de cerca de

25% nas tensões máximas de flexão geradas na alma. A utilização de mais do que um apoio

intermédio, num único vão, permite incrementar a redução dos esforços nas guias.

Num estudo posterior, Singh et al. [61] procuraram incluir as não linearidades do sistema

contrapeso-guia, provenientes do contacto entre o limitador de movimento e a guia e, entre esta e a

arcada do contrapeso, traduzindo-se em grandes alterações da rigidez do conjunto. Na primeira

situação, a rigidez do sistema foi proporcionada essencialmente pela guia e os brackets, a qual

apresenta-se bastante superior, comparativamente com a das guiadeiras, uma vez que após o

contacto estas funcionam como um corpo rígido, verificando-se assim um aumento da rigidez do

sistema.

Na análise numérica considerou-se o contrapeso a deslocar-se descendentemente ao longo do piso

de topo do edifício de 10 andares, definido no estudo anterior.

Page 72: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

46

Neste estudo, os autores procuram avaliar a influência dos espaçamentos máximos entre os referidos

componentes.

Mais uma vez, os resultados permitiram constatar que as tensões máximas nas guias podem ocorrer

nos pisos baixos. Os valores máximos de tensões nas guias e de forças nos apoios crescem com o

aumento da distância entre a guia e os limitadores de movimento, embora em proporções diferentes,

até atingir um valor de pico, decrescendo à medida que esse espaçamento continua a aumentar. A

distância entre guia e os limitadores de movimento correspondente ao referido valor de pico é

superior ao estabelecido no código norte-americano (5 milímetros). Estes espaçamentos influenciam

a frequência (e intensidade) das forças de impacto. Este facto aponta para a necessidade de incluir

estas acções na metodologia de dimensionamento destes elementos. Os resultados obtidos

indicaram uma maior frequência de colisões entre as guias e a arcada para espaçamentos inferiores

a 13 milímetros (valor estabelecido no ASME A17.1).

4.4. SISTEMAS DE PROTECÇÃO DO SISTEMA CONTRAPESO-GUIA FACE À ACÇÃO

SÍSMICA

Durante terramotos de média a forte intensidade, o contrapeso, sendo o componente mais pesado de

um elevador, pode induzir excessivos esforços às respectivas guias. Com o intuito de minimizar a

acção transmitida ao sistema contrapeso-guia e, por conseguinte, optimizar o desempenho sísmico

do sistema, é possível recorrer a apoios intermédios, aumentar as secções das guias ou variar os

espaçamentos entre a arcada, guia e limitador de movimento. Contudo, estas modificações podem

introduzir outros factores que podem comprometer o comportamento do elevador, como é o caso da

qualidade de transporte depender dos espaçamentos referidos.

Dadas as exigências impostas aos elevadores em instalações hospitalares, nomeadamente na

manutenção da sua operacionalidade após o evento sísmico, a utilização de sistemas de protecção

mais desenvolvidos, destinados a melhorar o desempenho do transporte vertical, constitui uma opção

bastante vantajosa.

Actualmente, é bastante comum a utilização de sistemas de dissipação de energia e de isolamento de

base no dimensionamento estrutural de edifícios, destinados a minimizar os efeitos dinâmicos da

acção sísmica na edificação. Posto isto, é perfeitamente lógico considerar mecanismos semelhantes

para reduzir a resposta sísmica de sistemas mecânicos e aperfeiçoar o desempenho dos elevadores

aquando terramotos. Neste contexto, Tzou [67], Ridolva e Singh [52] [53] analisaram a eficácia e

respectivas limitações dos seguintes métodos de dissipação de energia no sistema do contrapeso:

amortecedores viscosos;

amortecedores de material viscoelástico;

amortecedor de massa sintonizado em modo passivo ou activo.

Page 73: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

47

4.4.1. Amortecedores Viscosos

Ridolva e Singh [52] consideraram pequenos amortecedores viscosos (sistema de controlo passivo)

acomodados em espaços restritos. Os autores verificaram que um aumento do coeficiente de

amortecimento do sistema de 2% para 5%, permite optimizar significativamente a sua capacidade de

dissipação de energia e consequentemente, minimizar a resposta sísmica do sistema.

Contudo, o reduzido espaço disponível para a instalação destes dispositivos pode comprometer o seu

desempenho. Uma possibilidade consiste na sua instalação paralelamente às molas das rodadeiras.

Esta opção apenas se apresenta (pouco) eficaz quando não é estabelecido contacto entre as guias e

os limitadores de movimento.

4.4.2. Amortecedores de Material Viscoelástico

Tzou [67] avaliou a eficiência de amortecedores de material viscoelástico (sistema de protecção

passivo), instalados entre as massas e a arcada do contrapeso, na minimização do contacto dinâmico

entre estes, e na dissipação de parte da energia de vibração. Os amortecedores de material

viscoelástico podem ser definidos analiticamente com base num modelo viscoelástico linear padrão,

caracterizado por uma mola em paralelo com uma combinação em série de uma mola e um

amortecedor viscoso. Na análise de elementos de finitos foram modelados com uma mola não linear

e um amortecedor.

O recurso a amortecedores permitiu obter uma redução significativa da força de contacto na guia,

desde que seja seleccionado um coeficiente de rigidez adequado, ou seja, suficientemente rígido

para evitar a colisão entre as massas e o elemento de modelação da arcada e guia (viga combinada),

e suficientemente flexível para não restringir o movimento dos pesos.

Apesar das desvantagens associadas ao recurso destes elementos num sistema de contrapeso,

nomeadamente o custo de instalação e a modificação da configuração do sistema existente, os

autores consideraram estes dispositivos uma mais-valia para elevadores instalados em hospitais,

uma vez que os benefícios da sua utilização poderiam compensar o respectivo custo.

4.4.3. Amortecedor de Massa Sintonizado (TMD)

O amortecedor de massa sintonizado (TMD – Tuned Mass Damper) consiste num oscilador de um

grau de liberdade cuja frequência fundamental é seleccionada de forma a coincidir com a do sistema.

Este dispositivo destina-se a receber a energia transferida pelo componente do elevador, com o

intuito de diminuir a deformação deste por aumento da deformação do TMD.

Page 74: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

48

Para reduzir os níveis de vibração do contrapeso, Ridolva e Singh [52] propuseram a utilização da

parte superior do conjunto formado pelos pesos do contrapeso como a massa de um amortecedor de

massa sintonizado, recorrendo-se a uma de mola e um amortecedor entre a massa e a arcada.

Também é possível recorrer a um TMD activo, com a introdução de um actuador, como se pode

observar na Fig. 4.6, que introduz uma força de controlo no dispositivo

A utilização dos amortecedores de massa sintonizados comporta algumas dificuldades que, podem

inviabilizar esta abordagem, das quais se destacam:

reduzido espaço livre existente entre os pesos e arcada do contrapeso, podendo não

acomodar o movimento da massa do TMD ou condicionar a dimensão do actuador e,

consequentemente a força imposta ;

dificuldades na selecção da frequência de sintonização, uma vez que a frequência do sistema

varia com a posição do contrapeso, com a intensidade da acção sísmica e com a ocorrência

de contacto entre as guiadeiras, ou a arcada do contrapeso, e a guia, e entre esta e o

limitador de movimento.

Note-se que estes dispositivos apenas são eficazes na minimização da resposta sísmica do sistema

no plano da arcada. Contundo, no capítulo anterior constatou-se que as vibrações induzidas no plano

do contrapeso resultam em consequências mais severas.

Com base em modelos utilizados em estudos anteriores (acima referidos), e considerando o

contrapeso inserido num edifício de 10 pisos, os autores analisaram numericamente o desempenho

dos TMD de diferentes massas (10, 20, 30 e 40% da massa do contrapeso) e frequências. A acção

imposta consistiu em acelerogramas.

Para o modo passivo, constatou-se que o valor óptimo das frequências de sintonização encontra-se

no intervalo de 80 a 100% da frequência do sistema quando ambos os limitadores de movimento

(superior e inferior) estão em contacto com a guia. O estudo comprovou a eficácia destes dispositivos,

traduzida pela redução das tensões geradas nas guias, associada a deslocamentos da massa

aceitáveis.

Porém, o desempenho dos TMD pode ser substancialmente melhorado com a sua utilização em

modo activo, nomeadamente para os dispositivos mais leves (10%), exigindo, no entanto, uma maior

força introduzida pelo actuador [52].

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

49

Fig. 4.6 - Esquema do contrapeso com parte dos pesos a actuar como um TMD [52].

4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vulnerabilidade do sistema do contrapeso-guia durante um evento sísmico, resultou no

desenvolvimento de inúmeras pesquisas, centrados no estudo do seu desempenho e das

características do seu comportamento. Os estudos analisados visam aperfeiçoar e desenvolver

metodologias de instalação e dimensionamento, destinadas a mitigar as perdas humanas e materiais.

Reconhece-se a eficácia dos amortecedores de material viscoelástico e dos TMD na redução da

resposta do sistema, revelando-se uma hipótese a considerar a nível dos sistemas de elevadores,

nomeadamente em instalações hospitalares.

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

50

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

51

5. RETROSPECTIVA DE METODOLOGIAS DE VERIFICAÇÃO DE

SEGURANÇA

5.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os sistemas de elevadores constituem elementos não estruturais e, como tal, não são considerados

na avaliação da resistência estrutural da edificação onde se encontram instalados. Porém, comportam

uma importância inquestionável na capacidade das instalações hospitalares desempenharem as suas

funções.

A sensibilidade própria dos componentes integrados no elevador, em termos de acelerações e/ou de

deslocamentos entre pisos (Tabela 3.2), pode condicionar a respectiva integridade e,

consequentemente, a sua operacionalidade aquando um evento sísmico. A este propósito

apresenta-se um conjunto de normas e recomendações de dimensionamento de elementos não

estruturais.

Também são abordados regulamentos específicos para os elevadores, abrangentes os seus vários

componentes, com a definição de acções de dimensionamento sísmico e disposições construtivas, a

limitação das tensões e deformações e a imposição de dispositivos de segurança.

5.2. ESTIMATIVA DA FORÇA DE INÉRCIA OU ACELERAÇÃO DEVIDO À ACÇÃO

SÍSMICA

O dimensionamento dos elementos sensíveis à aceleração baseia-se em expressões empíricas para

estimar a força de inércia (ou acelerações) que se desenvolve no elemento.

A força de inércia gerada num componente durante um evento sísmico, resulta do produto entre a sua

massa e a respectiva aceleração, traduzindo um requisito de dimensionamento sísmico exigido para

cada elemento, dependente de uma gama específica de parâmetros. Assim, tem-se observado um

contínuo esforço no desenvolvimento de expressões que melhor reproduzam a acção sísmica gerada

nos equipamentos, com o intuito de dimensionar as suas ligações à estrutura ou verificar da sua

estabilidade.

Desta forma, estas metodologias destinam-se a prevenir derrube ou deslocamento dos componentes

do elevador durante o sismo, nomeadamente das guias, dos equipamentos existentes na casa de

máquinas, etc.

Contudo, dada a diversidade de componentes que integram os elevadores e respectivas localizações

na estrutura hospitalar, os valores de aceleração de dimensionamento sísmico devem ser

considerados meramente indicativos.

Page 78: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

52

5.2.1. Guia de Instalação de Equipamentos para Unidades de Saúde em Zonas

Sísmicas

A Associação Francesa de Engenharia Sísmica (AFPS) desenvolveu o Guia de Instalação de

Equipamentos para Unidades de Saúde em Zonas Sísmicas com o intuito de optimizar o

funcionamento dos principais elementos não estruturais e garantir a sua operacionalidade após a

ocorrência de sismos.

No território francês, a avaliação do risco sísmico necessária para a definição das zonas sísmicas

baseia-se numa metodologia empírico-estatística. Todavia, verifica-se uma tendência para a transição

de uma abordagem probabilística destinada à aplicação do EC8 [23]. Com base na metodologia

actualmente implementada, existem cinco níveis de sismicidade: 0, Ia, Ib, II e III.

Em 2005 foi publicado um novo mapa de zonamento sísmico, o qual baseia-se numa avaliação

probabilística do risco sísmico, permitindo estimar, em qualquer ponto do território, o nível de

aceleração do solo com maior probabilidade de ocorrer para um determinado intervalo de tempo [51].

Tabela 5.1 - Duas abordagens de definição do zonamento sísmico do território Francês.

Empírico-Estatística Probabilística

Zona Sísmica Nível de

Sismicidade Zona Sísmica

Aceleração

(m/s2)

0 Insignificante 1 < 0,7

Ia Muito Fraco 2 [0,7; 1,1[

Ib Fraco 3 [1,1; 1,6[

II Média 4 [1,6; 3,0[

III Forte 5 ≥ 3,0

Em função da gravidade das consequências resultantes da ocorrência de terramotos, a legislação

Francesa classifica as edificações em duas categorias, ―risco normal‖ e ―risco especial‖. A primeira

engloba estruturas, equipamentos e instalações cujos danos resultantes de eventos sísmicos (com

uma probabilidade de ocorrência de 10% em 50 anos) apenas afectam os seus ocupantes e as

estruturas existentes nas proximidades, definindo-se um total de quatro classes, A (não sujeita a

medidas de dimensionamento sísmico), B, C e D, as quais correspondem às categorias de

importância I, II, III e IV respectivamente, definidas no EC86. Na categoria de ―risco especial‖, os

efeitos sísmicos não se limitam apenas às imediações das instalações e equipamentos abrangendo

uma área mais vasta, como é o caso de barragens e instalações nucleares.

6 Excepção ao nível das escolas, uma vez que encontram-se inseridas na classe B no regulamento Francês e na

categoria III no EC8.

Page 79: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

53

Desta forma, com base no zonamento e na classe de importância socioeconómica conferida à

estrutura, o documento define os seguintes valores mínimos de aceleração a considerar no cálculo da

acção sísmica, para o dimensionamento de estruturas e equipamentos pertencentes à categoria de

risco ―normal‖. As instalações hospitalares encontram-se inseridas na classe D.

Tabela 5.2 - Valores mínimos de aceleração do solo (m/s2) em função da zona e da classe.

Zona

Sísmica

Classe

A B C D

0

0

0 0 0

Ia 1,0 1,5 2,0

Ib 1,5 2,0 2,5

II 2,5 3,0 3,5

III 3,5 4,0 4,5

Actualmente, tal como se verifica em Portugal e em muitos outros países europeus, França não

apresenta qualquer regulamento específico para o dimensionamento sísmico de elevadores. Todavia,

para uma informação mais detalhada, o referido documento recomenda a consulta dos regulamentos

dos EUA e do Japão, os quais serão abordados nesta dissertação.

De acordo com os seus níveis de exigência de desempenho, os equipamentos existentes nas

unidades de saúde são classificados em quatro categorias definidas na Tabela 5.3. Esta distinção é

definida com base na hierarquização das funções essenciais a realizar, nos riscos associados às

falhas dos equipamentos, e ainda nos efeitos da interacção entre os mesmos. Como seria expectável,

para os sistemas de elevadores é exigida a manutenção da sua operacionalidade após um evento

sísmico, inserindo-se na classe E1.

Tabela 5.3 - Classificação dos equipamentos.

Classe Equipamentos

E1 Para os quais é necessário garantir a sua operacionalidade

após o sismo, ou seja, manter as suas funções activas.

E2 Para os quais é necessário garantir a sua estabilidade e

integridade, ou seja, manter as suas funções passivas.

E3 Para os quais é necessário garantir apenas a sua

estabilidade; ou seja, evitar o seu colapso (total ou parcial).

E4 Todos os equipamentos não pertencentes a nenhuma das

categorias anteriores.

Page 80: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

54

Abordam-se três metodologias de dimensionamento dos elementos e respectivas ligações. O primeiro

método reside em garantir a segurança às tensões geradas pela força sísmica determinada pela

equação (5.1), a actuar no centro de massa do equipamento. A acção é aplicada segundo a direcção

que traduz a situação mais desfavorável em conjunto com a acção da força gravítica.

(5.1)

Sendo,

FS – força de dimensionamento sísmico aplicada no centro de massa do equipamento (N);

aN – aceleração do solo (m/s2);

g – aceleração gravítica (m/s2);

P – peso do equipamento (N).

No entanto, esta expressão considera o efeito de amplificação de forma constante, traduzido por um

coeficiente de valor 3, desprezando a variação da aceleração sísmica com a altura, a influência da

frequência do equipamento e da estrutura, pois a aceleração a que um equipamento está sujeito

depende das frequências próprias deste e da estrutura, cujo efeito de amplificação máxima está

associado ao fenómeno de ressonância. Desta forma, estabelece uma expressão pouco rigorosa,

independente da localização do equipamento dentro do edifício e das características dinâmicas da

estrutura e do equipamento.

O AFPS 90 [3] estabelece a seguinte expressão para a determinação da aceleração sísmica ao nível

do equipamento:

(5.2)

Sendo,

Af – estimativa da aceleração sísmica ao nível do equipamento;

Sf – ordenada do espectro definido na Fig. 5.1;

aN – aceleração do solo;

q – coeficiente de comportamento de valor igual a 1,5;

h – altura do equipamento em relação à base do edifício ;

ht – altura da cobertura do edifício.

Page 81: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

55

Fig. 5.1 - Espectro normalizado (adaptado de [40]).

Com base na relação entre o período do equipamento (T) e o período fundamental do edifício (Tb), o

espectro definido na Fig. 5.1 permite considerar a amplificação da aceleração no equipamento

correspondente ao efeito de ressonância traduzida pelo valor de pico (Sf = 6).

Caso não exista qualquer tipo de restrição sísmica, os blocos hospitalares, geralmente,

caracterizam-se por um período fundamental de 0,2 a 0,4 segundos [16]. Posto isto, observa-se a não

ocorrência de amplificação (Sf = 1) para equipamentos rígidos (T = 0) ou muito flexíveis (T > 2Tb) e

uma amplificação máxima para equipamentos usualmente caracterizados por períodos fundamentais

de 0,5 a 0,6 segundos.

O coeficiente de comportamento definido é idêntico para todo o tipo de equipamentos hospitalares,

não considerando as características de rigidez das ligações dos elementos à estrutura.

Fig. 5.2 - Evolução de Af/aN com h/ht.

Observando a Fig. 5.2, constata-se que a equação (5.2) incorpora o aumento linear das acelerações

sísmicas com a altura a que o equipamento se encontra no edifício. Contudo, caso ocorra o fenómeno

de ressonância, os equipamentos instalados no topo do edifício, como é o caso de grande parte de

0,5 0,67 1,5 20

1

2

3

4

5

6

7

0,1 1,6 3,1 4,6

Sf

T/Tb

0

2

4

6

8

10

12

14

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Af/a

N

h/ht

Sf=1

Sf=6

Page 82: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

56

sistemas eléctricos de tracção com casa de máquinas, são afectados por acelerações sísmicas

bastante elevadas. Comparativamente com outros regulamentos, como se verá mais à frente,

verifica-se uma acentuada discrepância de amplificação de acelerações, atingindo valores

aparentemente excessivos, os quais poderão não ter em conta as limitações de desempenho

característica de cada elemento.

Alternativamente, é possível recorrer a uma análise dinâmica para determinar as acelerações em

cada piso (ver 5.2.4).

5.2.2. FEMA 450 (e ASCE 7-0.5)

O regulamento FEMA 450 [26] consiste num conjunto de recomendações destinadas a edifícios

novos, as quais definem critérios de dimensionamento sísmico de elementos não estruturais,

respectivos suportes e fixação, conectados de forma permanente à estrutura. Este documento serviu

de base à formulação da norma norte-americana ASCE 7-05 [4], a qual estabelece requisitos gerais

de dimensionamento do sistema estrutural e não estrutural, para vários tipos de acções, entre as

quais se destaca o cenário sísmico.

Com base num estudo desenvolvido pelo National Center for Earthquake Engineering Research

(NCEER), centrado na recolha de registos de acelerações de elementos sujeitos a fortes movimentos

do solo, o FEMA 450 [26] define a seguinte equação para determinar a força sísmica num

determinado componente não estrutural:

(5.3)

Sendo,

Fp – força sísmica aplicada horizontalmente no centro de gravidade do elemento não

estrutural e distribuída em função da distribuição da massa do mesmo;

ap – factor de amplificação dinâmica do elemento que depende do elemento considerado;

SDS – valor máximo da aceleração do espectro de resposta de dimensionamento dividido

pela aceleração gravítica;

Wp – peso próprio do elemento não estrutural;

Rp – coeficiente de comportamento do elemento;

Ip – coeficiente de importância do elemento;

Tp – período fundamental do equipamento;

z – altura do ponto de ligação do elemento à estrutura (0 ≤ z ≤ h);

Page 83: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

57

h – altura da cobertura do edifício.

Os coeficientes ap e Rp permitem considerar a rigidez do equipamento e a ductilidade do sistema de

ligação, contudo, não abrangem a variabilidade de rigidezes e massas associadas à gama de

componentes e modelos de elevadores existentes, com consequente influência no respectivo

comportamento face à acção sísmica. Na Tabela 5.4 encontram-se estipulados os valores do

coeficiente de comportamento, assumindo-se uma deformabilidade moderada para os elevadores.

Tabela 5.4 - Valores de Rp em função da deformabilidade do elemento.

Deformabilidade Rp

Baixa 1,5

Moderada 2,5

Elevada 3,5

Salienta-se o facto do coeficiente de comportamento estabelecido para os sistemas de elevadores no

FEMA 356 [24] apresentar o valor de 3,0 e, portanto superior ao estipulado no FEMA 450 [26],

traduzindo-se numa maior exigência de ductilidade do sistema do elemento.

O coeficiente ap traduz a amplificação da força de dimensionamento associado ao comportamento

dinâmico do equipamento e/ou dos seus suportes. A quantificação deste parâmetro baseia-se na

classificação do elemento não estrutural em função da sua flexibilidade. Os elementos designados

por ―flexíveis‖ apresentam, em conjunto com as suas ligações, um período fundamental superior a

0,06 segundos, caso contrário são considerados ―rígidos‖. Assim, o FEMA 450 sugere o valor unitário

de ap para elementos rígidos ligados rigidamente e considerando que não existe perigo de

ressonância, e, em geral, 2,5 para componentes e ligações flexíveis. Note-se que este último valor

apresenta-se bastante inferior ao valor correspondente à ocorrência de ressonância definido no APFS

90 [3], com consequente impacto no dimensionamento das ligações.

A não contabilização do efeito de ressonância, traduzido pela relação entre frequências fundamentais

do componente e da estrutura, pode conduzir a valores de Fp não conservativos ou excessivamente

conservativos caso a frequência fundamental do equipamento e da estrutura sejam idênticas ou

distintas respectivamente [32]. Apesar de não ter sido incluída na metodologia proposta, a NCEER

definiu o coeficiente de amplificação dinâmica em função da relação entre o período fundamental do

equipamento e da estrutura, representado na seguinte figura.

Page 84: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

58

Fig. 5.3 - Evolução do factor ap em função do período do elemento, Tp, e do da estrutura, T (figura retirada

do FEMA 369 [25]).

Para os sistemas de elevadores estabelece-se um único coeficiente de amplificação, de valor unitário.

Desta forma, o referido documento não considera as características dinâmicas dos diferentes

componentes, definindo o sistema como rígido ou rigidamente fixo, mesmo para equipamentos

instalados na casa de máquinas sobre apoios relativamente flexíveis.

Fig. 5.4 - Evolução de S/SDS em função de z/H.

Pela Fig. 5.4, facilmente se constata que a equação (5.3) tem em conta um aumento linear em altura

das acelerações sísmicas na estrutura, apresentando valores no intervalo entre 0,4.SDS (base) e

1,2.SDS (cobertura) para elementos rígidos e entre 1,0.SDS e 3,0.SDS para componentes flexíveis.

Assim, expressão (5.3) apenas admite a aceleração de pico do solo ao nível da base do edifício,

desprezando a influência dos modos de vibração.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

[(F

p/

Wp).

(I p

/Rp)]

/SD

S

z/h

Elemento Rígido (ap=1,0)

Elemento Flexível (ap=2,5)

Page 85: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

59

Para sistemas de elevadores instalados em hospitais (Seismic Use Group III7) e que cuja interrupção

pode prejudicar o funcionamento da instalação, atribui-se um coeficiente de importância Ip igual a 1,5,

uma vez que é importante garantir a sua operacionalidade após um evento sísmico.

Alternativamente, é possível recorrer a uma análise modal para determinar as acelerações sísmicas

máximas a que um determinado componente encontra-se sujeito, permitindo considerar os efeitos de

torção da estrutura através do factor Ax. Desta forma, a acção sísmica é determinada através da

seguinte expressão:

(5.4)

(5.5)

Sendo,

Ax – factor de amplificação de torção;

ai – aceleração no nível i obtida por análise modal.

δmax – deslocamento máximo no piso x;

δavg – média dos deslocamentos em pontos extremos da estrutura no piso x

Devido a uma deficiente precisão nas estimativas das acelerações dos pisos inferiores do edifício,

impõe-se a necessidade de definir o seguinte limite mínimo à força de dimensionamento Fp:

(5.6)

No entanto, não necessita de apresentar valores superiores a:

(5.7)

A força sísmica Fp deverá ser aplicada em cada uma das duas direcções ortogonais horizontais [26],

em conjunto com as acções de serviço associadas ao componente.

A aplicação deste regulamento deverá ainda ser complementada com as disposições estabelecidas

no código ASME A17.1 [5], o qual será abordado mais à frente, referentes aos limitadores de

movimento, interruptor sísmico e ao modo de operação do sistema após a activação dos dispositivos

de segurança sísmica. Contudo, o interruptor sísmico deverá comportar dois eixos ortogonais no

7 As estruturas compostas por instalações vitais as quais necessitam de permanecer em funcionamento após a

ocorrência de um sismo ou contêm substâncias perigosas. Os hospitais encontram-se inseridos neste grupo.

Page 86: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

60

plano horizontal, e apresentar um nível de disparo de 0,3g no caso de edifícios cujo funcionamento

seja imprescindível, como é o caso das instalações hospitalares.

5.2.3. Eurocódigo 8 (e OPCM 3431)

Com base no nível de importância conferido ao elemento, o Eurocódigo 8 [23] estabelece dois

procedimentos para a verificação da segurança dos mesmos e suas ligações à estrutura, face à

acção sísmica. Para os elementos não estruturais de elevada importância ou que podem constituir

algum tipo de perigo, o EC8 [23] estabelece a realização de uma análise modal com base num

modelo da estrutura e de uma acção sísmica definida através de um espectro de resposta apropriado

(ver secção 5.2.4).

Nas restantes situações é possível determinar os efeitos da acção sísmica nestes elementos com

base numa força (Fa) a actuar horizontalmente no centro de massa do elemento não estrutural,

considerando a direcção mais desfavorável. Analogamente, esta metodologia também é adoptada

pelo governo italiano através da Ordinanza 3431 [46].

(5.8)

Sendo,

Fa – força sísmica aplicada horizontalmente no elemento não estrutural;

Wa – peso próprio do elemento não estrutural;

Sa – coeficiente sísmico aplicável ao elemento não estrutural;

γa – factor de importância do elemento;

qa – coeficiente de comportamento do elemento.

Refere-se ainda a necessidade de considerar os efeitos locais de transmissão de forças do elemento

não estrutural para a estrutura.

Os valores dos coeficientes de importância para diferentes elementos não estruturais, assim como os

limites máximos dos coeficientes de comportamento encontram-se tabelados (ver anexo A.1.1),

embora estes últimos não variem com o tipo de ligação do componente à estrutura. Constata-se ainda

que os valores definidos para estes parâmetros não fazem qualquer referência aos sistemas de

elevadores.

O coeficiente sísmico é determinado através da seguinte equação (5.9).

Page 87: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

61

(5.9)

Sendo,

α – quociente entre a aceleração de projecto em terreno tipo A (ag) e a aceleração gravítica

(g). O valor de ag é calculado como sendo o produto entre o coeficiente de importância

(γI) e a aceleração de projecto em rocha para o período de retorno de 475 anos (agR);

S – factor de terreno de fundação;

Ta – período fundamental do elemento não estrutural;

T1 – período fundamental do edifício segundo a direcção considerada;

H – altura do edifício acima das fundações ou topo de uma cave rígida;

z – altura do elemento não estrutural acima do ponto de aplicação da acção sísmica.

Reconhece-se que a acção sísmica definida pela expressão acima está associada ao Estado Limite

Último, não assim considerando a manutenção da operacionalidade do elemento para um sismo

correspondente ao Estado Limite de Utilização.

O coeficiente sísmico permite compreender a variação linear da aceleração sísmica em altura (ver

Fig. 5.5) e ainda a influência das características dinâmicas e de interacção entre o edifício e o

elemento não estrutural traduzidas pela relação Ta/T1, a qual introduz o efeito de ressonância

correspondente ao pico de aceleração representado na Fig. 5.6, tanto para a situação em que o

equipamento ocupa uma posição na base do edifício ou na cobertura.

Contudo, a equação (5.9) implica calcular o período fundamental de cada componente integrante do

sistema de elevador, processo este que pode comportar algumas dificuldades.

Fig. 5.5 - Evolução de Sa/α.S em função de z/H.

0

1

2

3

4

5

6

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Sa/α

S

z/H

Ta=0

Ta=T1

Page 88: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

62

Fig. 5.6 - Evolução de Sa/α.S em função de Ta/T1.

Com base nos gráficos acima expostos, observa-se que o coeficiente sísmico apresenta valores entre

αS e 5,5αS.

5.2.4. Análise Modal com Espectros de Resposta

A análise da resposta da estrutura, assim como os equipamentos que comporta, quando solicitada

por uma acção sísmica definida com base em espectros de resposta, permite determinar com menor

margem de erro, as acelerações e deslocamentos entre pisos.

Os esforços e deformações gerados nos elementos do sistema de elevadores e na estrutura, quando

o edifício é sujeito a uma acção sísmica, são determinados com base na modelação do equipamento

dentro do modelo de cálculo da estrutura. O componente pode ser modelado como um sistema

secundário de um grau de liberdade, consistindo numa massa concentrada, posicionada ao nível do

centro de massa do elemento. A sua ligação é simulada por meio de um elemento caracterizado por

uma rigidez correspondente à do equipamento e do respectivo sistema de fixação. Com base na

análise global do sistema é possível obter os esforços gerados ao nível do elemento e a resultante

das forças de ligação na estrutura.

Esta metodologia constitui uma abordagem de dimensionamento sísmico mais rigorosa, permitindo

considerar as acelerações espectrais correspondentes aos modos relevantes, assim como a

respectiva configuração.

0

1

2

3

4

5

6

0 1 2 3 4

Sa/α

S

Ta/T1

z=0

z=H

Page 89: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

63

Fig. 5.7 - Modelo da estrutura e do elemento não estrutural.

Alternativamente, é possível recorrer a uma metodologia mais complexa correspondente à

determinação do espectro de resposta da aceleração no piso. Desta forma, o equipamento é definido

como um sistema estrutural o qual é submetido a uma aceleração na base correspondente à

aceleração do piso. Geralmente, regista-se a aceleração nos pisos através da análise dinâmica com

integração no tempo com base num conjunto de aceleragramas com as características da acção de

cálculo.

O espectro de resposta por piso é determinado através dos aceleragramas do piso, sendo

posteriormente utilizado na análise modal do equipamento. Actualmente, existem vários métodos para

a determinar o espectro de resposta de aceleração no piso.

Este processo apresenta resultados mais fidedignos, tornando-o mais viável para estruturas com

maiores exigências de segurança, como é o caso dos hospitais.

5.3. LIMITES DE DESLOCAMENTOS RELATIVOS ENTRE PISOS DEVIDO À ACÇÃO

SÍSMICA

Durante um evento sísmico, os componentes parcial ou integralmente fixos ao edifício podem

apresentar susceptibilidade à deriva, pois encontram-se sujeitos às deformações da própria estrutura.

Neste contexto e com base na Tabela 3.2, destaca-se a vulnerabilidade do sistema de guias, da

cabine e das tubagens hidráulicas. Assim, as deformações impostas ao sistema dependem

fortemente das características resistentes da estrutura da caixa do elevador.

Posto isto, estes elementos devem ser alvos de um dimensionamento cuidado, o qual permita

alcançar um maior controlo de danos de forma a garantir a sua estabilidade, integridade e, por

conseguinte, a operacionalidade após o evento sísmico. Como tal, impõe-se a necessidade de limitar

as deformações entre pisos, garantindo alguma compatibilização de deslocamentos entre o

componente e a estrutura.

Page 90: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

64

É importante referir que vários métodos de dimensionamento sísmico de estruturas, distinguem-se

pela inserção do conceito de metodologias baseadas no desempenho, as quais conjecturam a

definição e a verificação de um conjunto de requisitos (níveis de desempenho) que a estrutura, ou

elemento não estrutural, deve satisfazer de forma a garantir um determinado comportamento, quer

em termos de danos (estruturais e não estruturais), deformações, estabilidade (local e global), entre

outros, em função da probabilidade de ocorrência de sismos e da importância do edifício. A relação

entre estes três parâmetros permite definir os designados objectivos de desempenho.

O conceito de Estados Limite, aplicado no território nacional, é bastante análogo ao de objectivos de

desempenho. Contudo, este último não incorpora o parâmetro de coeficiente de importância,

relacionando a importância da estrutura com o período de retorno do evento sísmico [39].

Desta forma, é possível afirmar que a definição de limites máximos de deriva com o intuito de confinar

os danos em elementos não estruturais baseia-se no conceito de objectivos de desempenho. Estes

deverão ter em conta não só as limitações do sistema estrutural, assim como dos elementos

sensíveis à deriva. Contudo, muitos dos regulamentos actuais apenas consideram a susceptibilidade

dos elementos arquitectónicos.

5.3.1. Eurocódigo 8

O EC8 [23] aborda a manutenção da operacionalidade face à acção sísmica associada ao Estado

Limite de Utilização (probabilidade de ocorrência de 10% em 50 anos para edifícios correntes), com

base na limitação dos deslocamentos entre pisos. Considerando os sistemas de elevadores como

elementos não estruturais frágeis integrados em estruturas de betão armado, o EC8 estabelece o

seguinte deslocamento relativo máximo entre pisos:

(5.10)

Sendo,

dr – deslocamento relativo máximo entre pisos;

ν – factor de redução que tem em conta o menor período de retorno da acção sísmica

associada ao requisito de limitação de danos;

h – altura entre dois pisos consecutivos.

O deslocamento dr é obtido pelo deslocamento relativo entre pisos gerado pela acção sísmica de

cálculo correspondente ao requisito de não ocorrência de colapso, desafectado do coeficiente de

comportamento da estrutura (q).

Page 91: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

65

5.3.2. Vision 2000

O Vision 2000 define deslocamentos relativos máximos em função dos níveis de desempenho,

independentemente do sistema estrutural ou dos elementos não estruturais da edificação. Para as

instalações hospitalares são definidos os objectivos de desempenho apresentados na Tabela 5.5.

Tabela 5.5 - Objectivos de desempenho para instalações hospitalares [net 17].

Perigosidade

Sísmica Níveis de Desempenho

Ob

jecti

vo

s d

e D

esem

pen

ho

Ocasional

(50% em 50

anos)

Totalmente

Operacional

Instalação com todos os seus serviços

operacionais, permitindo a ocorrência de danos

estruturais e não estruturais desprezáveis.

Rara

(10% em 50

anos)

Operacional

Instalação com a maior parte dos serviços e

actividades operacionais, permitindo a ocorrência

de danos ligeiros, os quais admitem uma ocupação

segura da estrutura. Exige-se a protecção dos

serviços essenciais e a reparação de alguns

serviços não essenciais. Neste nível impõe-se que

os elevadores permaneçam operacionais,

admitindo que se encontra garantido o

fornecimento de energia eléctrica.

Muito Rara

(10% em 100

anos)

Salvaguarda

de Vidas

Instalação com determinados sistemas e

equipamentos protegidos contra eventuais danos,

permitindo a ocorrência de danos moderados, mas

garantindo-se a estabilidade estrutural. A vida

humana deverá ser protegida e poderá ser

necessária a evacuação do edifício. Deverá

também ser possível a reparação do edifício,

embora com o risco de ser economicamente viável.

Com base nos objectivos de desempenho estabelecidos para as instalações hospitalares, é possível

definir os limites de deriva identificados na Tabela 5.6.

Page 92: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

66

Tabela 5.6 – Derivas máximas.

Perigosidade Sísmica

Deriva máxima

(%)

Ocasional

(50% em 50 anos) 0,2

Rara

(10% em 50 anos) 0,5

Muito Rara

(10% em 100 anos) 1,5

Contudo, para eventos sísmicos muito raros, correspondente a um período de retorno de 970 anos, o

Vision 2000 define ainda um deslocamento residual máximo de 0,5%, o que pressupõe que o

comportamento da estrutura entra em regime não linear, comportando deformações permanentes.

5.4. REGULAMENTOS ESPECÍFICOS

Actualmente, os elevadores utilizados em Portugal são dimensionados e instalados de acordo com

regulamentos baseados nas normas europeias EN81-1 (eléctricos de tracção) [20] e EN81-2

(hidráulicos) [21]. Todavia, estes documentos carecem de metodologias de dimensionamento sísmico

e requisitos mínimos de segurança específicos para sistemas de elevadores, de forma a garantir a

sua segurança e operacionalidade após a ocorrência de um sismo, nomeadamente em unidades

hospitalares.

Os códigos desenvolvidos pelos EUA e o Japão padronizam metodologias de dimensionamento

sísmico específicas para os diversos componentes que integram o sistema de elevador, focando-se

nos elementos com maior susceptibilidade sísmica. No domínio europeu, aborda-se a prEN81-77 que,

embora se encontra ainda em fase de desenvolvimento, introduz requisitos de dimensionamento e

instalação face à acção sísmica.

5.4.1. Guide for Earthquake Resistant Design and Construction of Vertical

Transportation (Japão)

A Associação Japonesa de Elevadores desenvolveu o Guide for Earthquake Resistant Design and

Construction of Vertical Transportation, com o intuito de garantir a operacionalidade dos sistemas de

elevadores após a ocorrência de um sismo. A metodologia de dimensionamento sísmico e instalação

dos respectivos componentes preconizada no referido documento visa os seguintes objectivos:

limitar os esforços e deformações a que os equipamentos e materiais são submetidos;

Page 93: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

67

evitar o deslizamento ou derrubamento dos equipamentos existentes na casa de máquinas;

impedir a deslocamento dos cabos para fora das polias e o seu emaranhamento em

protuberâncias da caixa.

A inacessibilidade do referido documento obrigou à realização de uma breve descrição das principais

recomendações estabelecidas para o dimensionamento sísmico dos elevadores de tracção com base

no artigo de Boroschek e Muñoz [10].

i) Sistemas de Contrapeso e Cabine

Não são definidas quaisquer disposições construtivas destinadas prevenir a colisão entre estes

elementos.

ii) Sistema de Guias

Guia

Para o dimensionamento das guias o documento estipula as seguintes equações para o cálculo das

componentes horizontais e ortogonais da acção sísmica:

(5.11)

(5.12)

Sendo,

Px e Py – forças sísmicas aplicadas horizontalmente segundo a direcção perpendicular e paralela

à alma da guia respectivamente;

W – peso do contrapeso ou da cabine acrescida de 25% da sua capacidade;

Kh – intensidade projecto do sismo, o qual depende da altura assim como de algumas

características dinâmicas da estrutura e ainda da zona onde se enquadra.

Para a verificação da segurança deste componente, são estabelecidas as expressões para o cálculo

dos esforços e deformações geradas pela acção sísmica, impondo-se os respectivos limites máximos,

com o intuito de evitar, respectivamente, a rotura e o desencaixe da cabine ou do contrapeso:

(5.13)

Page 94: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

68

(5.14)

Sendo,

ζ – tensão de flexão nas guias devido à acção sísmica;

δ – deformação sofrida pelas guias ;

P – força sísmica de dimensionamento (Px ou Py);

l – comprimento da guia entre apoios adjacentes;

z – módulo de flexão da guia;

I – momento de inércia da guia;

E – módulo de elasticidade da guia;

β – coeficiente de redução que depende das dimensões das guias e da existência de

apoios intermédios, apresentando o valor unitário caso não existam;

A norma estabelece uma tensão máxima admissível de 2400 kg/cm2 (≈ 235 MPa), a qual não

depende da tensão de cedência do material constituinte das guias.

Para prevenir o desencaixe da cabine ou do contrapeso, as deformações são limitadas por um valor

máximo correspondente ao comprimento de encaixe entre o safety shoe, que consiste numa

roçadeira integrada num sistema de rodadeiras, e a guia decrescido de 1,5 cm

Apoios

O código comporta um conjunto de equações de dimensionamento sísmico dos apoios intermédios

das guias do contrapeso.

As vigas de apoio são dimensionadas considerando as particularidades de cada uma, estabelecendo

limites máximos de deformações de 0,5 cm, e de tensões idêntico ao definido para as guias.

iii) Cabos e Polias

A norma define medidas de dimensionamento dos gornes de forma a prevenir a saída dos cabos para

fora das polias. Assim, a profundidade destes deve ser pelo menos igual a metade do diâmetro do

respectivo cabo8. Caso estas disposições não sejam verificadas, o documento requer a instalação de

um dispositivo de retenção de cabos distanciado de pelo menos 3 milímetros destes. Contudo, a

profundidade dos gornes9 deve ser igual a pelo menos 2/3 do diâmetro do cabo.

8 O documento original refere ainda que ―la altura del tope en el extremo debe ser mayor al diámetro‖.

9 O documento original refere ainda ―y la altura del tope de la polea‖.

Page 95: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

69

O código estabelece ainda um conjunto de medidas de segurança destinadas a garantir a protecção

dos cabos existentes na caixa do elevador, definidas em função da altura a que se encontram:

até 15 metros: – não se aplica qualquer medida de protecção;

entre 15 a 30 metros: – colocação de protecções nas extremidades dos apoios das guias

do contrapeso e nos que se encontrem a um distância reduzida

dos cabos de comando;

entre 30 a 120

metros:

– como complemento às medidas anteriores, requer orientações

para os cabos do limitador de velocidade;

superior a 120 metros: – instalação de um sistema de protecção, porém não é especificado.

iv) Equipamento Eléctrico

A acção sísmica a considerar no dimensionamento dos equipamentos eléctricos constituintes do

sistema de elevador é estabelecida com base nas seguintes acções:

(5.15)

(5.16)

Sendo,

Fh e Fv – forças sísmicas aplicadas no centro de gravidade do equipamento segundo a direcção

horizontal e vertical respectivamente;

W – peso do equipamento eléctrico.

A estabilidade dos equipamentos é verificada pela seguinte forma:

(5.17)

(5.18)

A segurança ao derrubamento do equipamento é verificada de acordo com a equação (5.17), a qual

define que o momento provocado pela acção sísmica horizontal, Fh, não pode exceder o momento

produzido pelo conjunto da acção gravítica, de Fv e ainda da força de tracção admissível nos

parafusos (Ft) que fixam o equipamento ao chão.

Para evitar a ocorrência de deslizamento é necessário que a acção horizontal seja inferior à força de

corte admissível gerada nos parafusos (equação (5.18)).

Page 96: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

70

v) Dispositivos de Emergência

O regulamento estabelece diferentes valores de acelerações referentes aos níveis de activação dos

sensores sísmicos, em função da altura do edifício onde se encontra. Esse aspecto leva a pressupor

que o sistema encontra-se instalado no piso de topo.

5.4.2. ASME A17.1: Safety Code for Elevators and Escalators (EUA)

A Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos (ASME) desenvolveu o código ASME A17.1 [5],

que comporta, essencialmente, requisitos de dimensionamento e instalação dos diversos

componentes dos elevadores com base na aceleração sísmica. Como tal, o referido documento

inviabiliza um rápido e contínuo acompanhamento dos avanços tecnológicos no contexto da

segurança destes sistemas. Contudo, novos estudos resultaram no desenvolvimento do código ASME

A17.7, fundamentado em requisitos de desempenho, o que permite dota-lo de um carácter mais

flexível. No entanto, devido à dificuldade deparada no acesso a este regulamento, apenas se

abordará o ASME A17.1 (versão de 2004) [5].

Actualmente, este código constitui uns dos regulamentos mais abrangentes e específicos no domínio

dos sistemas elevadores, servindo de base ao seu dimensionamento, instalação, manutenção,

alteração e reparação em função do zonamento sísmico, que abrange um total de quatro zonas

distintas nos EUA.

Manceaux [37] apresenta valores de PGA para cada zona sísmica, os quais são definidos para um

meio de fundação do tipo rocha e para um período de retorno de 500 anos, sendo, portanto, muito

semelhante ao de 475 anos do EC8 para edifícios correntes. Desta forma, com base nos valores da

Tabela 5.7 e do Anexo Nacional [2] é possível estabelecer uma relação entre a definição das zonas

sísmicas dos EUA e de Portugal.

Tabela 5.7 - Valores de PGA para as zonas sísmicas dos EUA.

Zona Sísmica PGA

(g)

1 < 0,09

2 [0,09;0,19]

3 [0,19;0,29]

4 ≥ 0,29

Page 97: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

71

De acordo com a classificação norte-americana define-se o zonamento sísmico do território

português, ilustrado nas figuras que se seguem, onde se constata que Portugal não apresenta

qualquer zona de maior actividade sísmica (zona 4).

O ASME A17.1 estabelece um conjunto de requisitos de dimensionamento e instalação face à acção

sísmica para sistemas compostos por contrapeso ou hidráulicos de acção directa, localizados em

zonas sísmicas 2 ou superior. Contudo, aparentemente o código não considera a funcionalidade e

importância da estrutura em que estes elementos se encontram.

Reconhece-se ainda que as expressões de dimensionamento sísmico estabelecidas no referido

documento carecem de qualquer identificação e justificação dos pressupostos teóricos utilizados na

sua formulação.

Fig. 5.8 - Zonamento sísmico de Portugal Continental de acordo com o regulamento norte-americano.

Fig. 5.9 - Zonamento sísmico do arquipélago da Madeira de acordo com o regulamento norte-americano.

Page 98: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

72

Fig. 5.10 - Zonamento sísmico do arquipélago dos Açores de acordo com o regulamento norte-

americano: (a) grupo ocidental; (b) grupo central; (c) grupo oriental.

A) Elevadores de Tracção

i) Sistema de Contrapeso e Cabine

Elementos de Restrição de Posição

As vibrações induzidas pelo contrapeso, ou cabine, ao sistema de guias, nomeadamente durante um

evento sísmico, podem resultar em deslocamentos excessivos, com consequente desencaixe do

componente. Como medida preventiva, tanto para a cabine como para o contrapeso, o código exige a

instalação de limitadores de movimento, superior e inferior, fixos à arcada, cuja altura constitui o

espaçamento vertical mínimo entre os elementos de restrição.

Estes dispositivos, assim como as respectivas fixações à arcada, são dimensionados para resistir a

uma força sísmica horizontal induzida pelo peso da cabine, acrescido de 40% da sua capacidade, ou

do contrapeso gerada por uma aceleração de 0,25g para zona 2 ou 0,5g para zona 3 ou superior

respectivamente. Estas acelerações de dimensionamento são superiores aos valores de PGA

definidos na Tabela 5.7, o que pressupõe a incorporação de outros efeitos que amplificam a acção

sísmica induzida aos sistemas de elevadores.

Estes dispositivos podem ser integrados nas guiadeiras ou instalados separadamente,

encontrando-se sujeitos aos seguintes requisitos de instalação (ver Fig. 5.11):

profundidade de encaixe do limitador de movimento depende do tipo de guia, uma vez que

deve ser superior à dimensão da sua face de deslize (z > n);

quando a cabine ou o contrapeso encontram-se centrados entre as respectivas guias, o

espaçamento máximo entre o limitador de movimento e a guia (d1, d2 e d3) deve ser de 5

milímetros.

Singh et al. [61] afirma que o uso de espaçamentos entre a guia e estes dispositivos inferior ao

regulamentado pode conduzir a uma redução dos esforços nas guias, resultando, no entanto, na

(a) (b) (c)

Page 99: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

73

possível degradação da qualidade de transporte, associado ao aumento do ruído devido ao contacto

metálico.

Fig. 5.11 - Esquema do limitador de movimento (adaptado de [49]).

Arcada (contrapeso)

O dimensionamento sísmico da arcada e das massas do contrapeso, assim como a sua disposição,

consiste em limitar a força máxima transmitida à guia pelo limitador de movimento inferior a dois

terços da acção sísmica total induzida pelo peso do sistema do contrapeso, produzida por uma

aceleração de 0,25g para zona 2 ou 0,5g para zona 3 ou superior.

Disposições Construtivas

Com o intuito de evitar possíveis colisões entre elementos, o código limita algumas distâncias

horizontais:

mínimo de 50 milímetros entre a cabine e o contrapeso, caso essa separação seja

complementada por apoios intermédios, o valor mínimo é duplicado;

mínimo de 50 milímetros entre o sistema de contrapeso e as paredes da caixa ou das vigas de

apoio;

mínimo de 25 milímetros entre o sistema de contrapeso e a obstrução mais próxima;

espaçamento horizontal máximo de 13 milímetros entre a respectiva arcada e as guias, medido

ao nível do ponto médio da altura entre as guiadeiras, destinado a evitar o desencaixe detas

durante o sismo.

Estudos [61] indicam que a utilização de espaçamentos entre a arcada do contrapeso e as guias

inferiores ao regulamentado, apesar de promover a redução das tensões geradas nas guias,

especialmente para intensos níveis de vibração, pode resultar no incremento dos esforços nos apoios

sendo, provavelmente, necessário o seu reforço.

.

y

d2d1

d3

n

z

x x

y

y

x x

y

>5

Page 100: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

74

ii) Sistema de Guias

As guias, assim como os seus elementos de apoio, fixação e ligação (brackets, grampos e

empalmes), devem ser compostas por elementos de aço caracterizados por uma resistência à tracção

mínima de 380 MPa.

Guias:

O código exige a utilização de guias, de secção transversal em T, de acordo com as características

especificadas na Tabela 5.8, as quais foram convertidas da unidade aplicada nos EUA10

(pounds/foot

e inches) para o sistema SI. Todavia, é possível recorrer a outros formatos desde que apresentem um

momento de inércia e módulo de flexão igual ou superior ao da correspondente secção em T e uma

área de compressão suficiente para suportar os esforços associados à actuação do pára-quedas.

As guias são dimensionadas para resistirem à força sísmica induzida pela massa da cabine acrescida

de 40% da sua capacidade ou do contrapeso, considerando uma aceleração horizontal de 0,25g e

0,5g para a zona 2 e 3 (ou superior) respectivamente.

Fig. 5.12 - Secção transversal em T de uma guia.

Tabela 5.8: Características geométricas das guias de secção transversal em T.

Massa da guia

por metro linear

(kg/m)

Dimensões

(mm)

A B C D E

12,0 61,9 88,9

15,9

31,8

7,9 16,5

88,9

114,3 38,1

18,0 127,0

44,5

22,5 50,0 12,7

27,5 108,0

139,7

19,1

33,5 101,6 28,6 50,8 14,3

44,5 127,0 31,8 57,2 17,5

10

1 lb/ft = 1,49 kg/m; 1 in. = 25,4 mm. [34]

Page 101: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

75

A tensão gerada nas guias devido à acção sísmica não pode exceder 88% da tensão de cedência

mínima do material.

(5.19)

Para determinar o espaçamento mínimo entre brackets a adoptar ou o valor máximo da massa

suportada pelo par de guias, o código apresenta um conjunto de sete gráficos (ver Fig. 5.13) para

cada uma das secções prescritas, que relacionam ainda o zonamento sísmico e o número de apoios

intermédios. O regulamento defende que o recurso a estas curvas permite seleccionar sistemas de

guias adequados, resistindo, sem danos, a acções sísmicas horizontais. No caso de guias reforçadas

ou de maiores dimensões, o seu vão poderá exceder os valores previstos no gráfico.

Fig. 5.13 - Espaçamento entre brackets para guias de 12kg/m (adaptado de [5]).

O aumento da rigidez do sistema de guias, associado à distribuição de esforços entre estas, obtido

com a utilização de apoios intermédios, permite adoptar maiores espaçamentos entre brackets, como

se pode observar na Fig. 5.13.

Porém, caso a distância vertical entre os limitadores de movimento seja inferior a 65% da distância

entre brackets (vão da guia), a massa do componente (W) deverá ser reajustada (Wa) através de um

factor de correcção Q. Este processo permite considerar um cenário mais desfavorável,

proporcionado pelo contrapeso ou cabine localizados num só vão, traduzido pelo acréscimo da

massa considerada na determinação do espaçamento entre brackets. O coeficiente Q é determinado

com base no gráfico apresentado na Fig. 5.14, o qual relaciona o razão entre a distância entre os

limitadores de movimento superior e inferior (L) e o vão da guia (l).

Um apoio intermédio

Zona Sísmica ≥ 3 Zona Sísmica 2

Espaçamento dos Brackets

(m)

Dois apoios intermédios

Sem apoio intermédio Mass

a M

áxim

a p

or

Par

de G

uia

s

(kg

)

Mass

a M

áxim

a p

or P

ar d

e G

uia

s

(kg

)

Page 102: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

76

(5.20)

Sendo,

Wa – massa ajustada do contrapeso ou da cabine;

Q – factor de carga;

W – massa do contrapeso ou da cabine acrescida de 40% da sua capacidade (kg).

Fig. 5.14 - Factor de carga (Q).

Para além dos gráficos supramencionados (Fig. 5.13), são estabelecidas as seguintes fórmulas de

dimensionamento destinadas a avaliar a capacidade resistente das guias com base na massa

máxima suportada por um par de guias em função dos mesmos parâmetros. Estas equações

encontram-se definidas em função da direcção de aplicação da força sísmica, ou seja, paralelamente

à alma da secção da guia (normal ao eixo x - Wx) ou ao banzo (normal ao eixo y - Wy), como se pode

observar na Fig. 5.12.

Guias da cabine e do contrapeso sem apoios intermédios:

(5.21)

(5.22)

Guias do contrapeso com um apoio intermédio colocado a meio vão:

(5.23)

L/l

Q

Page 103: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

77

(5.24)

Guias de contrapeso com dois apoios intermédios igualmente espaçados entre fixações

principais adjacentes:

Sendo,

Wx e Wy – massa máxima do contrapeso ou da cabine acrescida de 40% da sua capacidade (kg)

suportada por um par de guias para uma força normal ao eixo x e y respectivamente;

l – distância entre brackets (mm);

zx e zy – módulos de flexão da guia segundo o eixo x e y respectivamente (mm3);

α – constante igual a 1 e 2 para a zona sísmica 3 (ou superior) e 2 respectivamente.

Note-se que os coeficientes das equações de Wy correspondem ao dobro dos de Wx, uma vez que

ambas as guias resistem à acção sísmica aplicada segundo a direcção x (ver Fig. 5.16).

As elevadas massas características do sistema do contrapeso constituem um factor condicionante na

selecção do tipo de guia. Como tal, são definidos valores máximos admissíveis da massa do referido

componente para cada tipo de guia, apresentados na Tabela 5.9.

Tabela 5.9- Valores máximos da massa do sistema de contrapeso em função do tipo de guia.

Massa da Guia por

metro linear

(kg/m)

Massa do Contrapeso

(103 x kg)

12,0 7

16,5 12

18,0 13

22,5 18

27,5 25

33,5 36

44,5 60

(5.25)

(5.26)

Page 104: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

78

Salienta-se o facto da metodologia de dimensionamento acima apresentada apenas se aplicar às

guias do contrapeso se a altura total das secções das massas seja igual ou superior a 2/3 da altura

da respectiva arcada. Caso contrário, recorre-se ao valor máximo entre a massa efectiva (We) e a

ajustada (Wa) do componente. O valor de We corresponde à massa associada ao sêxtuplo e triplo da

força transmitida à guia pelo limitador de movimento inferior para o sistema instalado na zona 2 e 3

(ou superior) respectivamente.

Page 105: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

79

Suarez e Singh [62] procuram fundamentar os pressupostos considerados na definição das

equações supramencionadas para sistemas instalados na zona sísmica 3.

Como se sabe, o momento máximo admissível nas guias resulta do produto entre o módulo de

flexão (zx) e a tensão máxima admissível (ζadm), a qual corresponde a 88% do valor da tensão de

cedência do material utilizado (ζy).

(5.27)

Pressupondo que a situação mais desfavorável consiste na arcada do contrapeso preenchida até

2/3 da sua altura, admite-se que o carregamento transmitido à guia através das guiadeiras superior

(Fs) e inferior (Fi), correspondem a 1/3 e 2/3 da força sísmica induzida pelo peso do contrapeso (F)

respectivamente. Assim, tem-se:

(5.28)

(5.29)

O momento máximo numa viga contínua com vãos de comprimento constante (l) é determinado

pela equação (5.30), sendo γ um coeficiente dependente do modelo da viga e da localização do

respectivo carregamento.

(5.30)

Assim, relacionando as fórmulas (5.27) e (5.30), é possível determinar a massa máxima suportada

pelas guias.

(5.31)

Contudo, considerando guias de aço caracterizado por uma tensão de cedência de 250 MPa e

assumindo que a distância entre os limitadores de movimento é igual (ou inferior) a 65% do

comprimento dos vãos (Q = 1), os autores obtiveram resultados diferentes dos definidos pelas

equações definidas no código. O mesmo é verificado para outros modelos de vigas contínuas,

variando o número de vãos e a posição ocupada pelo contrapeso. Deste facto, Suarez e Singh [63]

propõem a redução dos coeficientes presentes nas equações (5.21) - (5.26).

Page 106: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

80

Fig. 5.15 - Esquema de uma viga de dois vãos sujeita a carga concentrada.

Para garantir que as guias apresentam a rigidez necessária para resistir às deformações provocadas

pela acção sísmica, o código estabelece as seguintes fórmulas que permitem determinar o limite

mínimo dos momentos de inércia:

(5.32)

(5.33)

Sendo,

Ix e Iy – momento de inércia da guia segundo o eixo x e y respectivamente (m4);

E – módulo de elasticidade do aço (N/m2);

Δ – deslocamento máximo admissível a meio vão, valores tabelados com base no tipo de

guia utilizado (m);

β – constante igual a 1 e 0,5 para a zona sísmica 3 (ou superior) e 2 respectivamente.

Note-se que o coeficiente estabelecido nas equações (5.32) e (5.33) corresponde à aceleração

gravítica.

Considerando a viga esquematizada na Fig. 5.15, na qual é aplicada uma carga F a uma distância

de meio vão (l/2) do terceiro apoio.

A deformação no ponto de actuação da força é obtida pela seguinte expressão:

(5.34)

Sendo F a carga máxima transmitida pelas guiadeiras e considerando o elevador instalado na zona

3 ou superior, o valor de F é igual a (Pi). Assim, encontra-se demonstrada a equação (5.32)

[63].

l l

l/2

F

Page 107: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

81

Apoios

Os brackets, apoios intermédios e elementos de suporte (vigas e paredes) são dimensionados para

resistir a forças sísmicas impostas nas guias. Todavia, o regulamento estipula um conjunto de

fórmulas ((5.35) – ((5.38)) para calcular a acção sísmica horizontal a considerar no dimensionamento

dos brackets. As expressões traduzem a força estática transmitida às guias pelos limitadores de

movimento inferiores de acordo com a Fig. 5.16.

Fig. 5.16 - Forças de dimensionamento sísmico dos brackets.

Para :

(5.35)

(5.36)

Para :

(5.37)

(5.38)

Sendo,

Fx-x e

Fy-y

– forças sísmicas normais ao eixo x e y da guia respectivamente, esquematizadas na

Fig. 5.16 (N);

Constata-se que as forças Fx-x correspondem ao dobro das Fy-y, pois neste último caso as duas guias

partilham o mesmo carregamento. Para o dimensionamento dos apoios intermédios recorre-se a

metade das forças sísmicas impostas nos brackets.

A tensão máxima gerada pela acção sísmica não pode exceder 88% da tensão de cedência do

respectivo material. A deformação máxima admissível dos brackets é de 2,54 milímetros.

Fy-y

Fx-x

Fy-y

Page 108: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

82

Segundo Suarez e Singh [63], as forças de dimensionamento dos apoios das guias são

determinadas considerando o contrapeso imóvel e posicionado de acordo com as Fig. 5.17 (L ≥ l) e

Fig. 5.18 (L < l),ou seja, com a sua extremidade inferior assente sobre o apoio inferior da guia (apoio

direito na figura). Esta última é modelada como uma viga simplesmente apoiada, sobre a qual actua

a força sísmica induzida pelo peso do contrapeso. Esta carga é aplicada a uma distância de l/3 do

apoio inferior. Nos seguintes esquemas, admite-se o elevador situado na zona 3.

Fig. 5.17 - Esquema do contrapeso cuja arcada apresenta um comprimento igual ao vão da guia

(adaptado de [63]).

Fig. 5.18 - Esquema do contrapeso cuja arcada apresenta um comprimento inferior ao vão da guia

(adaptado de [63]).

Empalmes:

A ligação entre dois troços de guias metálicas é realizada com recurso a empalmes metálicos, fixos

com parafusos. Estes elementos devem ser dimensionados para resistir às forças sísmicas que

actuam nas guias, sem que as tensões excedam os 88% da tensão de cedência do material. Na

Tabela 5.10 apresentam-se os requisitos de instalação exigidos para os empalmes e respectivos

parafusos de fixação.

F =W.g/2

R =W.g/6sup

R =W.g/3inf

L/3 L/3 L/3

Contrapeso

Limitador de Movimento

l

Guia

Pesos

F =W.g/2

R =(W.g/2)x(L/(3l))sup

R =(W.g/2)x(1-L/(3l))inf

L/3 L/3 L/3

l

l-L

Page 109: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

83

Tabela 5.10 - Requisitos de instalação dos empalmes.

Empalmes

extremidades das guias a ligar têm de ser ajustadas com base no

mecanismo de encaixe centrado na alma;

momentos de inércia e módulos de flexão do empalme não podem ser

inferiores aos da respectiva guia;

largura do empalme tem de ser igual ou superior à do banzo da guia;

espessuras mínimas tabeladas em função do tipo de guia.

Parafusos

utilizar no mínimo quatro parafusos para fixar os empalmes a cada

extremidade da guia;

diâmetros mínimos dos parafusos tabelados em função do tipo de guia;

diâmetro do furo não pode exceder em mais de 2 e 3 milímetros o dos

parafusos nas guias e empalmes respectivamente;

plano de corte do conjunto guia-empalme não pode estar contido na zona

roscada dos parafusos.

iii) Cabos e Polias

Para prevenir deslocamento dos cabos para fora das polias, o código impõe o uso de dispositivos de

retenção de cabos (contínuos ou pontuais) nas polias instaladas nas zonas sísmicas 2 ou superior. O

sistema deverá cobrir a polia ao longo de pelo menos dois terços do arco de contacto entre o cabo e

a respectiva polia (ou tambor), não expondo mais do que um sexto do arco de contacto em cada

extremidade do dispositivo.

Alternativamente, é possível recorrer a dispositivos de retenção pontuais instalados no ponto médio

do arco de contacto quando este é caracterizado por um ângulo não superior a 30º. Caso contrário,

são colocados nas extremidades e ao longo do comprimento do arco, espaçados em intervalos

inferiores a 30º.

Para evitar o emaranhamento ou retenção dos cabos em saliências existentes na caixa do elevador,

nomeadamente brackets, empalmes, e respectivas fixações, entre outros, estes deverão apresentar

um sistema de resguardo. Este pode ser suprimido caso se adoptem as seguintes disposições:

espaçamento entre a extremidade do cabo ou corrente de compensação do lado do

contrapeso e os brackets do contrapeso deverá ser superior a 760 milímetros;

espaçamento entre a porção da corrente de compensação ou do cabo de comando

localizados na metade inferior do percurso do elevador e as protuberâncias da caixa deverá

ser superior a 915 milímetros;

espaçamento entre o cabo de limitador de velocidade e as protuberâncias da caixa deverá ser

superior a 500 milímetros;

espaçamento entre o cabo de suspensão e as protuberâncias da caixa deverá ser superior a

300 milímetros.

Page 110: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

84

iv) Equipamento Eléctrico

Com o intuito de evitar o deslocamento ou derrube dos equipamentos, assim como o chassis de apoio

da unidade motriz, estes elementos são ligados à estrutura do edifício por fixações, nomeadamente

parafusos.

As fixações consideradas rígidas e que não se encontram sujeitas a forças de impacto são

dimensionadas para resistir simultaneamente a uma acção sísmica horizontal e vertical, geradas

pelas acelerações estipuladas na Tabela 5.11 em função das zonas sísmicas. Caso sejam

submetidas a forças de impacto, considera-se o dobro das acelerações.

O limite máximo das tensões combinadas nas fixações é igual a 88% da tensão de cedência do

respectivo material.

Tabela 5.11 - Acelerações horizontais (ah) e verticais (av) produzidas pelas forças de dimensionamento

sísmico para elementos rígidos e que não estão sujeitos a forças de impacto.

Zona Sísmica ah

(g)

av

(g)

2 0,50 0,25

≥ 3 1,00 0,50

v) Dispositivos de Emergência

Para todos os elevadores de tracção cuja operacionalidade se caracteriza por uma velocidade não

inferior a 0,75 m/s, o regulamento norte-americano impõe um modo de operação em caso de sismo

associado à activação dos dispositivos identificados na Tabela 5.12.

Este requisito pode ser omitido caso o sistema de guias, guiadeiras e limitadores de movimento sejam

dimensionados para resistir a uma acção sísmica correspondente à zona 3.

Page 111: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

85

Tabela 5.12 - Dispositivos de segurança sísmica.

Zona Dispositivos Descrição

≥ 2

Um sensor de

deslocamento do

contrapeso por cada

elevador.

Activado pela ocorrência pela alteração da posição normal

do contrapeso em qualquer parte da caixa, emitindo essa

informação para o sistema de controlo. Contudo, não é

especificado o modelo a adoptar. Durante a operação de

emergência, o elevador pode ser operado a uma velocidade

máxima de 0,75 m/s desde que este dispositivo não tenha

sido accionado.

Um botão de reset

instantâneo devidamente

identificado.

Colocado no painel de controlo na casa das máquinas,

permite restabelecer a operacionalidade normal do elevador

caso o sensor de deslocamento não seja activado.

≥ 3

Para além dos dispositivos

indicados para zona 2,

requer a instalação de

pelo menos um interruptor

sísmico por edifício.

Colocado na casa de máquinas e instalado de forma

adjacente a um elemento estrutural vertical da edificação,

este dispositivo é activado por acelerações verticais não

superiores a 0,15g. A sua frequência de resposta deve ser

de 1 a 10 Hz.

O botão de reset é particularmente importante nas instalações hospitalares, uma vez que previne

interrupções prolongadas do sistema devido à activação do interruptor sísmico em situações

desnecessárias, permitindo ainda restabelecer o funcionamento dos elevadores em caso de

emergência.

O interruptor sísmico acima referido apenas considera as acelerações verticais, desprezando as

horizontais e o seu efeito de amplificação. Este facto pode resultar em graves consequências caso as

acelerações horizontais atinjam valores capazes de danificar os componentes dos elevadores. Além

disso, os danos mais frequentes nestes sistemas, nomeadamente do contrapeso, devido a um evento

sísmico encontram-se fortemente associados às vibrações horizontais.

Note-se que aquando uma falha de energia eléctrica, caso o funcionamento do elevador tenha sido

previamente interrompido pela activação de um dispositivo de segurança de memória volátil, o

sistema deverá manter-se imóvel após restabelecimento de energia.

Page 112: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

86

B) Elevadores Hidráulicos

Para os elevadores hidráulicos o código estabelece um conjunto de requisitos para o

dimensionamento sísmico dos seus componentes, exigindo, no caso de edifícios compostos por

juntas, a instalação da casa de máquinas e da caixa no mesmo bloco.

As acções impostas no sistema do contrapeso (quando existente) são idênticas às estabelecidas para

os elevadores de tracção, pelo que apenas se fará referência ao sistema da cabine.

i) Sistema de Contrapeso e Cabine

Quando os elevadores apresentam contrapeso deve-se adoptar a metodologia de dimensionamento

aplicada nos elevadores de tracção.

ii) Sistema de Guias

Guias:

O dimensionamento sísmico do sistema de guias deve ser realizado conforme a metodologia

estipulada para os elevadores de tracção. Porém, o código estabelece as seguintes fórmulas que

permitem determinar o valor máximo da massa da cabine acrescida de 40% da sua capacidade,

suportada pelo respectivo par de guias. Estas equações encontram-se definidas em função da

direcção de aplicação das forças sísmicas no plano horizontal (x e y):

(5.39)

(5.40)

Com

i = x, y (5.41)

Sendo,

Wx’ e

Wy’

– massa máxima suportada por par de guias da cabine para forças normais ao eixo x e y

respectivamente (kg);

Wp – massa do pistão hidráulico (kg);

zx e zy – módulos de flexão da guia segundo o eixo x e y respectivamente (mm3);

α – coeficiente que apresenta o valor 2 e 1 para a zona sísmica 2 e 3 (ou superior)

respectivamente.

Page 113: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

87

β – constante igual a 0,5 e 1 para a zona sísmica 2 e 3 (ou superior) respectivamente.

Os momentos de inércia mínimos exigidos pelo código são iguais aos estabelecidos para os sistemas

de tracção, mas o valor da massa da cabine (W) deve ser acrescido de uma parcela de Wp, como se

encontra definido na equação (5.41), sendo metade para a direcção y.

Apoios

Os brackets são dimensionados para resistir às forças definidas para os elevadores de tracção, com a

massa da cabine acrescida de 1/4 e 1/8 da massa do pistão para Fx-x e Fy-y respectivamente.

ii) Tubagens

Com o intuito de impedir o movimento transversal das tubagens hidráulicas, exige-se a colocação de

elementos de suporte, nomeadamente próximo das zonas onde se verifica mudanças de direcção,

pontos de ligação e válvulas. Estes elementos são dimensionados para resistir à acção sísmica

definida para os equipamentos eléctricos dos elevadores de tracção.

O código estabelece limites máximos de espaçamentos horizontais entre suportes adjacentes em

função das dimensões das tubagens.

A tensão combinada devido à flexão e ao esforço transverso não deve exceder o valor de 71,8 kPa. A

flecha máxima a meio vão é de 2,5 milímetros.

iii) Reservatório

Para prevenir o deslocamento ou mesmo o derrube do reservatório, o código impõe a colocação de

fixações, as quais são dimensionadas de acordo com definido para os equipamentos eléctricos

(sistemas de tracção).

iv) Dispositivos de emergência

Para os sistemas cujas cabines não se encontram providas de dispositivos de pára-quedas, o código

requer a instalação de válvula(s) de rotura na tubagem hidráulica, entre o cilindro e o reservatório.

Este dispositivo destina-se a bloquear o caudal do fluído proveniente do êmbolo hidráulico (pistão e

cilindro) quando excedido um valor previamente estabelecido.

Page 114: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

88

5.4.3. prEN 81: 2010 – 77

O Comité Técnico de Normalização Europeia (CEN/TC) encontra-se a desenvolver a pré-norma

prEN81-77 [49] a qual, utilizada em conjunto com as EN 81-1 [20] e EN 81-2 [21], prescreve regras de

segurança de construção e instalação de novos elevadores (de passageiros e de mercadorias)

eléctricos e hidráulicos face à acção sísmica.

As medidas propostas destinam-se a garantir os seguintes objectivos:

evitar a perda de vidas humanas, reduzir a extensão de ferimentos e impedir o

enclausuramento dos ocupantes;

reduzir o número de elevadores fora de serviço (aspecto de particular relevância nas

instalações hospitalares);

prevenir a ocorrência de danos nos componentes do elevador, os quais poderão resultar em

problemas ambientais (elevadores hidráulicos).

Uma das principais características que permite distinguir a prEN81–77 [49] do conjunto de

documentos abordados, nomeadamente do ASME A17.1 [5], consiste na definição de requisitos de

segurança com base na classificação dos sistemas de elevadores em função da aceleração de

dimensionamento sísmico (ad). Na Tabela 5.13 são apresentadas as quatro categorias de elevadores,

identificando-se a sombreado as que requerem medidas de segurança sísmica.

Tabela 5.13 - Classe de sistemas de elevadores sujeitos a eventos sísmicos.

Classe Aceleração de Dimensionamento Sísmico

(m/s2) (g)

0 ad < 1,0 ad < 0,10

1 1,0 ≤ ad < 2,5 0,10 ≤ ad < 0,25

2 2,5 ≤ ad < 4,0 0,25 ≤ ad < 0,41

3 ad ≥ 4,0 ad ≥ 0,41

Analogamente ao estipulado para a zona 1 do regulamento norte-americano, não são exigidos

quaisquer requisitos de dimensionamento e instalação face à acção sísmica para elevadores

inseridos na classe 0. Note-se que a aceleração mínima considerada no dimensionamento face à

acção sísmica apresenta o valor de 0,1g e 0,25g, de acordo com o preconizado na prEN81-77 e

ASME A17.1 respectivamente.

O procedimento proposto para determinar o valor de ad encontra-se exposto no Anexo C da

pré-norma, o qual apresenta apenas um carácter informativo. Assim, a metodologia descrita

baseia-se, essencialmente, nas equações estabelecidas no EC8 [23] para os elementos não

Page 115: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

89

estruturais (art.º 4.3.5.2, abordado na secção 5.2.3 da presente dissertação), sendo calculada através

da seguinte expressão:

(5.42)

Sendo,

ad – aceleração de dimensionamento sísmico (m/s2);

Sa – coeficiente sísmico aplicável ao elemento não estrutural;

g – aceleração gravítica;

γa – factor de importância do elemento;

qa – coeficiente de comportamento do elemento.

O valor de γa é igual a 1,0, embora possa ser superior para elevadores com funções especiais de

segurança. Para o coeficiente de comportamento adopta-se o valor de 2,0.

Assim, a abordagem proposta para a determinação da acção sísmica introduz um maior nível de

rigor, uma vez que permite contabilizar os seguintes aspectos:

zonamento sísmico;

tipo de solo;

funcionalidade da estrutura;

importância do equipamento na operacionalidade do edifício;

localização do componente no edifício;

amplificação linear da aceleração com a altura;

efeito de ressonância.

Contudo, a referida expressão apenas incorpora a aceleração máxima ao nível do solo, desprezando

assim as acelerações espectrais associadas aos modos relevantes que traduzem o comportamento

expectável da estrutura.

Em acréscimo, este método apenas considera a verificação da segurança ao requisito de não

colapso, associado ao Estado Limite Último, o qual consiste em garantir que o edifício apresente

alguma resistência residual após o evento sísmico caracterizado por um elevado período de retorno

(475 anos para edifícios correntes), de forma a impedir o seu colapso.

A este propósito, levanta-se alguma questões na necessidade de verificação a segurança ao requisito

de limitação de danos, associado ao Estado Limite de Utilização, cujo objectivo visa a garantir a

operacionalidade do sistema através da limitação de danos não estruturais, face a um sismo com um

período médio de retorno reduzido (95 anos para edifícios correntes).

Page 116: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

90

No dimensionamento sísmico dos componentes dos sistemas de elevadores considera-se que a

acção sísmica gerada pela cabine ou contrapeso corresponde à força induzida pela massa da cabine

acrescida de 40% (elevadores de passageiros) da sua capacidade de carga (Q) ou pela massa total

do contrapeso respectivamente, gerada pela aceleração de dimensionamento (ad). Atente-se ao facto

da percentagem de capacidade de carga da cabine para elevadores de passageiros, considerada na

definição da acção sísmica é idêntica à estipulada no ASME A17.1.

i) Sistema de Contrapeso e Cabine

Limitador de Movimento

Analogamente ao prescrito no ASME A17.1 [5] , a pré-norma estabelece a instalação de limitadores

de movimento na parte superior e inferior das arcadas da cabine (classe 2 e 3) e do contrapeso

(classe 1, 2 e 3). Estes elementos são instalados como componentes integrantes das guiadeiras ou

junto destas, de forma a garantir uma distribuição de esforços similar à gerada por estas.

Os limitadores de movimento são dimensionados para resistir às forças neles impostas, inclusive a

acção induzida pela cabine ou contrapeso gerada pela aceleração de dimensionamento (ad). No caso

do contrapeso é também necessário considerar a distribuição vertical da massa dos respectivos

pesos.

A profundidade de encaixe do limitador de posição é fortemente condicionada pelo tipo de guia, uma

vez que tem de ser suficientemente elevada para evitar a colisão entre o dispositivos e a guia durante

um evento sísmico, mas sem ocorrer o seu desencaixe. Desta forma, a prEN81-77 estabelece um

espaçamento máximo de 5 milímetros entre estes elementos quando a cabine e contrapeso

encontram-se centrados entre as guias, valor idêntico ao estabelecido no ASME A17.1 (ver Fig. 5.11).

E impõe um comprimento mínimo de encaixe de 5 milímetros a garantir durante um terramoto, tal

como se encontra esquematizado na Fig. 5.19.

Fig. 5.19 - Esquema do limitador de movimento durante um evento sísmico (adaptado de [49]).

.

y

d2d1

d3

n

z

x x

y

y

x x

y

>5

δadm

Page 117: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

91

Arcada

As arcadas são dimensionadas para resistir às acções nelas impostas, assim como à força sísmica

gerada por uma aceleração ad e tendo em conta a distribuição vertical da massa dos pesos no caso

contrapeso.

O referido documento exige ainda a aplicação das medidas necessárias para prevenir a saída das

massas para fora da arcada do contrapeso.

Disposições Construtivas

A prEN81–77 não define quaisquer requisitos de instalação destinados a prevenir possíveis colisões

entre os componentes existentes na caixa durante eventos sísmicos. Contudo, as normas EN81-1

[20] e EN81-2 [21] estabelecem um espaçamento mínimo de 50 milímetros entre o sistema da cabine

e do contrapeso.

ii) Sistema de Guias

As guias, fixações e empalmes (classe 1, 2 e 3) são dimensionados para resistir às forças nelas

impostas, inclusive a acção gerada pela aceleração ad, com o intuito de garantir a segurança ao

deslocamento vertical da cabine e do contrapeso.

De acordo com o exemplo proposto, pressupõem-se que o dimensionamento do sistema de guias

face à acção sísmica apenas é considerado para o elevador em movimento, ou seja, sem a activação

de um dispositivo de segurança ou à entrada a saída de ocupantes.

Desta forma, para além da acção sísmica, a prEN81-77 considera ainda um carregamento transmitido

às guias associado à inclinação da cabine ou do contrapeso devido às forças verticais neles

impostas. Estas forças (peso, capacidade de carga e forças de suspensão) permitem ter em conta a

posição do componente relativamente às guias e ao ponto de suspensão através das excentricidades

das respectivas cargas a que estão associados, cujo cálculo encontra-se exposto no anexo A.2.1.

As acções induzidas pela cabine e contrapeso devido à acção sísmica, segundo ambas as direcções

horizontais, são determinadas de acordo com as seguintes equações:

Cabine: (5.43)

(5.44)

Page 118: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

92

Contrapeso: (5.45)

(5.46)

O parâmetro X traduz a parcela da força sísmica transmitida através das guiadeiras ou limitadores de

movimento superior e inferior, sendo facilmente calculado pela seguinte forma:

Guiadeiras inferiores:

(5.47)

Guiadeiras superiores:

(5.48)

Note-se que a força sísmica aplicada segundo a direcção x (Fx) é menor do que em y, pois a acção é

suportada por n e (n/2) guias respectivamente.

Assim, o sistema de guias é dimensionado para suportar uma acção sísmica correspondente à

seguinte soma.

(5.49)

(5.50)

Sendo,

Fx,S, Fy,S – força sísmica aplicada na guia segundo a direcção x e y respectivamente

Fx,seism,

Fy,S

– acção associada às excentricidades das forças aplicadas na cabine/contrapeso durante

o movimento do componente (Anexo A.2.1);

ax, ay – aceleração sísmica de dimensionamento aplicada segundo a direcção x e y

respectivamente;

Qsismo – parcela da capacidade de carga da cabine considerada durante um evento sísmico

para elevadores de passageiros, correspondendo a 40% desta;

P – massa da cabine vazia e de componentes responsáveis pela sua suspensão, tais

como, parte dos cabos de comando e dos cabos ou correntes de compensação;

mcw – massa do contrapeso;

n – número de guias;

h – distância entre guiadeiras ou limitadores de movimento;

Page 119: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

93

z – altura do centro de massa da cabine ou do contrapeso.

A prEN81-77 estabelece equações simples para determinar os momentos de flexão e tensões

resultantes das forças transmitidas pelas guiadeiras ou limitadores de posição, assentes nos

seguintes pressupostos:

guia consiste numa viga contínua simplesmente apoiada com vãos de comprimento l;

resultante das forças transmitidas à guia localiza-se a meio vão;

momentos de flexão actuam na linha neutra da secção transversal da guia.

(5.51)

(5.52)

Assim, exige-se a verificação da segurança das tensões de flexão, compressão e encurvadura da

seguinte forma:

Flexão: (5.53)

Flexão e

Compressão

(flexão composta

e desviada):

- Cabine: (5.54)

- Contrapeso: (5.55)

Flexão e

Encurvadura: (5.56)

Com

Cabine: (5.57)

(5.58)

Page 120: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

94

Contrapeso: (5.59)

(5.60)

As equações acima expostas traduzem uma combinação simples das tensões, todavia a raiz da soma

dos quadrados das tensões permite obter resultados mais condicionantes.

As expressões (5.54) e (5.55) consistem na soma das tensões resultantes dos momentos flectores e

da força de compressão da guia associada à cabine e equipamento auxiliar.

A pré-norma prescreve a verificação da segurança da rigidez lateral da guia, considerando os efeitos

combinados da tensão de flexão e de encurvadura associada aos esforços de compressão, através

da expressão (5.56). Para o cálculo da tensão de encurvadura a prEN81-77 propõe o denominado

método ω (Anexo A.2.2). Contudo, o EC3 preconiza metodologias de cálculo que poderiam ser

aplicadas neste contexto.

O factor de impacto k1 está associado à activação do dispositivo de segurança, enquanto que k3

permite ter em conta o ressalto do contrapeso devido a uma paragem brusca da cabine.

A tensão máxima admissível nas guias é definida pela expressão (5.61). O coeficiente de segurança

a aplicar (St) depende da extensão (ε) do material constituinte das guias, correspondendo a um limite

máximo de 56% e 33% da tensão de cedência para um coeficiente de segurança (St) de 1,8 e 3,0

respectivamente. Note-se que esta margem de segurança é bastante superior ao estipulado no ASME

A17.1, contudo o valor de 88% apenas considera a actuação da acção sísmica.

Sendo,

ζadm – tensão máxima admissível nas guias (N/mm2);

Rm – resistência à tracção das guias (N/mm2);

St – coeficiente de segurança.

(5.61)

Page 121: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

95

Tabela 5.14 - Valores de coeficientes de segurança (St) em função da extensão do material.

Extensão

(%) St

ε ≥ 12 1,8

8 ≤ ε ≤ 12 3,0

A acção sísmica segundo x pode gerar elevados esforços na zona entre a alma e o banzo da guia,

sendo necessário garantir a segurança à flexão deste último. Assim, a prEN81-77 estabelece a

seguinte verificação para guias compostas por secções em T:

(5.62)

Sendo,

ζx,S e

ζy,S

– tensão de flexão na guia segundo o eixo x e y respectivamente;

Mx,S e

My,S

– momento flector a meio vão da guia segundo o eixo x e y respectivamente;

wx e wx – módulo de flexão da guia segundo o eixo x e y respectivamente;

l – vão máximo da guia;

ζm – tensão de flexão combinada na guia;

ζadm – tensão máxima admissível;

ζS – tensão de flexão e compressão;

Fk e Fc – força de encurvadura na guia da cabine e do contrapeso respectivamente;

Q – coeficiente que traduz a carga da cabine equilibrada pelo contrapeso;

M – força imposta na guia devido a equipamento auxiliar fixo à guia;

k1 e k3 – coeficientes de impacto (valores tabelados);

A – área da secção transversal da guia;

ζk – tensão de encurvadura;

ζFS – tensão de flexão no banzo;

c – largura da alma na ligação com o banzo.

Page 122: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

96

Note-se que a equação (5.62) apenas considera as tensões no banzo da guia devido a vibrações

impostas perpendicularmente ao plano da arcada. Contudo, as tensões geradas no banzo são

fortemente afectadas pela acção sísmica aplicada segundo ambas as direcções horizontais [62].

Desta forma, a verificação da segurança desta secção da guia deve considerar ambas as

componentes.

Com o intuito de garantir o correcto funcionamento dos dispositivos de segurança (pára-quedas) e

evitar a colisão da cabine ou contrapeso com outros componentes existentes na caixa, a pré-norma

impõe limites máximos de deformações resultantes da acção sísmica. Desta forma, exige a seguinte

verificação:

(5.63)

(5.64)

A deformação máxima admissível da guia segundo ambas as direcções horizontais, incluindo os

brackets e as vigas de apoio, deverá ser suficientemente elevada de forma a garantir um

comprimento de encaixe com os limitadores de posição durante o evento sísmico de pelo menos 5

milímetros (segundo y).

Para guias compostas por uma secção transversal em T adopta-se o seguinte limite:

(5.65)

Sendo z a profundidade de encaixe do limitador de movimento (ver Fig. 5.11). Note-se que o

deslocamento total verificado durante um evento sísmico nunca poderá exceder os 40 milímetros.

Contudo, as expressões (5.63) e (5.64) continuam afectadas pelo coeficiente de comportamento, o

que resulta em deslocamentos inferiores aos reais.

iii) Cabos e Polias

Para elevadores do tipo 2 e 3, operados a velocidades superiores a 0,63 m/s, é necessário evitar os

pontos de possível retenção dos cabos e correntes em elementos existentes na caixa, tais como

brackets. No entanto, não são especificadas as medidas a adoptar para evitar estas situações.

A prEN81-77 requer a instalação de dispositivos que impeçam o deslocamento dos cabos para fora

das polias (classe 1 a 3). Estes sistemas poderão ser instalados de forma contínua, cobrindo a

totalidade do comprimento do arco de contacto entre a polia e o cabo, ou pontualmente ao nível de

cada extremidade do arco de contacto e ao longo deste, em cada ângulo de 45º.

Page 123: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

97

iv) Equipamento Eléctrico

O equipamento eléctrico e as suas fixações são dimensionados com base nas forças neles impostas,

incluindo a acção sísmica. No caso de edifícios compostos por juntas de dilatação, impõe-se a

instalação destes equipamentos, assim como a própria caixa de elevador, no mesmo lado da junta,

com o intuito de evitar deformações excessivas.

Complementarmente aos elevadores hidráulicos, é imposta a utilização de tubagens flexíveis

(mangueiras).

v) Dispositivos de Emergência

Para os elevadores hidráulicos a norma impõe a instalação de uma válvula de ruptura, destinada a

evitar a ocorrência de vazamentos com consequentes problemas ambientais.

A prEN81-77 exige a aplicação de dispositivos de emergência apenas para os elevadores da classe

3.

Em caso de falha de energia eléctrica, a qual é bastante frequente durante os terramotos, os

elevadores devem deslocar-se para o piso mais próximo, com o intuito de evitar o enclausuramento

de ocupantes na cabine.

Para os elevadores compostos por um sistema de contrapeso, a prEN81-77 requer a instalação de

um sistema de detecção sísmica, o qual deverão ser colocado no poço, de forma adjacente a um

elemento estrutural. As principais características exigidas para o sensor sísmico encontram-se

especificadas no referido documento, destacando-se a utilização de um dispositivo composto por três

eixos responsáveis pela medição das acelerações e uma frequência de resposta compreendida de 1

a 10 Hz. O respectivo valor de activação não pode ser superior a 1 m/s2 (0,10g), em qualquer

direcção, ou seja, a aceleração em cada eixo ou a raiz da soma dos quadrados nas duas ou três

direcções.

Para garantir o seu funcionamento durante cortes de energia, o dispositivo deverá ser provido de um

sistema de alimentação de energia eléctrica de emergência. Este também deverá possuir um

dispositivo eléctrico de reset, colocado fora da caixa, de forma a que se seja acessível apenas para

pessoal autorizado, permitindo que o elevador retome a sua operacionalidade.

Opcionalmente, os elevadores do tipo 3 podem ainda possuir um detector de ondas sísmicas

primárias (P). Quando este sensor é activado pela chegada das ondas P, o elevador, caso se

encontre num piso, deverá manter-se imóvel durante 60 segundos. Se durante este período o sensor

sísmico não for activado o sistema restabelece o seu funcionamento, caso contrário, procede para o

modo de operação associado a um evento sísmico. O detector de ondas P deverá caracterizar-se por

um eixo para a medição da aceleração vertical e uma frequência de resposta compreendida de 1 a 10

Hz. O nível de disparo não pode ser superior a 0,10 m/s2 (0,01g).

Page 124: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

98

Este dispositivo aparenta desempenhar um papel fundamental, nomeadamente nas instalações

hospitalares, prevenindo a interrupção do funcionamento do sistema de elevador devido a falsos

disparos do interruptor sísmico ou, em caso de terramoto, antecipar a activação do modo de

segurança, garantindo uma maior segurança para os seus ocupantes e um maior controlo de danos

dos componentes. Como tal, deverá apresentar um valor de activação inferior ao do interruptor

sísmico. No entanto, este dispositivo perde as suas vantagens quando se encontra próximo do

epicentro.

5.5. SÍNTESE DE REQUISITOS DE DIMENSIONAMENTO E INSTALAÇÃO DE SISTEMAS

DE ELEVADORES FACE À ACÇÃO SÍSMICA

Com base no conjunto de danos observados durante um evento sísmico nos componentes dos

sistemas de elevadores e nas metodologias de dimensionamento abordadas nos regulamentos

supramencionados, apresenta-se uma síntese dos requisitos a exigir aos diversos elementos de

elevadores instalados em hospitais, com a introdução de novas recomendações [10]:

1) Cabine e

Contrapeso:

– Limitação das distâncias entre componentes e as paredes da caixa.

– Instalação de limitadores de movimento, dimensionados para

resistir à acção sísmica imposta pelo peso da cabine ou contrapeso

tendo em conta a distribuição vertical da massa. Estes elementos

devem ainda ser posicionados de forma a evitar o contacto com a

guia ou o seu desencaixe.

– Instalação de dispositivos de protecção no contrapeso que impeça

o deslocamento das massas para fora da arcada.

2) Sistema de Guias: – Dimensionamento com base na acção sísmica imposta pelo peso

da cabine (e parte da sua capacidade de carga) ou do contrapeso e

na deformação associada ao deslocamento dos pisos.

• Guias: – Garantir a resistência à flexão e deformação gerados pela acção

sísmica.

– Garantir a resistência à deformação imposta pelos deslocamentos

entre pisos.

– Garantir a resistência do banzo à flexão, considerando ambas as

componentes horizontais da acção sísmica.

Page 125: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

99

• Brackets e vigas

de apoio:

– Garantir a resistência à flexão, corte e deformação gerados pela

acção sísmica.

• Fixações: – Garantir a resistência ao corte e deformação gerados pela acção

sísmica.

• Empalmes

(e fixações)

– Especificação do processo de instalação.

– Definição das características geométricas e resistentes em função

do tipo de guia.

– Garantir a resistência à flexão, corte e deformação gerados pelo

peso da cabine (e parte da sua capacidade de carga) ou do

contrapeso.

3) Equipamentos

Eléctricos:

– Garantir a estabilidade e integridade externa e interna dos

equipamentos e seus componentes.

• Equipamento – Dimensionamento com base na acção sísmica imposta pelo peso

do equipamento.

• Fixações – Dimensionadas para resistir à acção sísmica e deformações

impostas pelo equipamento, de forma a garantir o equilíbrio do

equipamento.

– Instalação da unidade motriz sobre uma estrutura ou um isolador

sísmico para minimizar a transmissão de acções horizontais.

4) Cabos e Polias: – Instalação de sistemas de retenção de cabos nas polias (contínuos

ou pontuais) para impedir a saída dos cabos para fora dos gornes.

– Dimensionamento dos gornes de forma a prevenir o deslocamento

dos cabos.

– Limitação das distâncias entre cabos e possíveis elementos onde

possam ficar retidos.

– Controlo das vibrações induzidas aos cabos.

– Protecção dos elementos que possam reter os cabos.

Page 126: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

100

5) Caixa: – Dimensionamento com base nas acções e deformações impostas

pelo sistema e pela estrutura (tipologia e material).

– Limitação das deformações, com o intuito de minimizar os danos

das paredes e do equipamento que se encontra aí fixo (portas,

brackets, etc.).

6) Operacionalidade

em modo de

emergência :

– Instalação de pelo menos um interruptor sísmico por edifício e um

detector de descarrilamento do contrapeso por elevador.

– Instalação de um botão de reset associado ao interruptor sísmico,

devidamente identificado.

– Especificação dos modelos e das características dos dispositivos

em função das propriedades da estrutura (nível de disparo).

Calibração do interruptor sísmico para um valor inferior ao limiar

correspondente à ocorrência de danos.

– Interruptor sísmico composto por pelo menos dois sensores de

acelerações, e sendo activado quando a aceleração numa direcção

ou a soma vectorial destas atinge um valor previamente

estabelecido.

– Instalação de um sensor que detecta as primeiras vibrações,

permitindo a antecipação do evento sísmico ou prevenindo, em

caso de falso alarme, a interrupção desnecessária do

funcionamento do sistema por activação do interruptor sísmico.

– Instalação de geradores de emergência que permitam, em caso de

falha de energia, que o elevador se desloque para o piso mais

próximo, para a evacuação dos ocupantes.

– Garantir a iluminação da cabine de forma a atenuar o medo gerado

pelo enclausuramento dos ocupantes.

– Disponibilização de orientações necessárias para que, em caso de

extrema urgência, pessoas autorizadas, mas sem formação

técnica, possam restabelecer em segurança a operacionalidade do

elevador a reduzida velocidade, sem a realização prévia de uma

inspecção, após a activação do interruptor sísmico.

Page 127: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

101

5.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O EC8 (e prEN81-77) e as metodologias definidas no regulamento francês apenas limitam

inferiormente a aceleração de dimensionamento sísmico, correspondendo ao valor de pico do solo.

No caso do EC8, este valor é ainda afectado pelo coeficiente de importância e de comportamento,

considerando ainda a localização da estrutura (tipo de solo), do equipamento no interior do edifício, e

o efeito do fenómeno de ressonância. O FEMA 450 tem em conta os mesmos parâmetros porém,

estabelece um limite mínimo e máximo correspondente a 75% e ao quadruplo da aceleração

verificada na base da estrutura respectivamente. Com excepção das análises modais com espectros

de resposta e de espectros de aceleração dos pisos, as metodologias definidas para o cálculo das

forças de inércia dos equipamentos constituem abordagens estáticas, não considerando as

acelerações espectrais associadas aos modos relevantes. Refere-se ainda que as análises modais

com espectros de resposta, permite ainda ter em conta a variação de rigidez e de massa.

A prEN81-77 e ASME A17.1 comportam um conjunto de especificações de dimensionamento e

instalação que se estendem aos diversos componentes constituintes do sistema de elevador. Estes

documentos distinguem-se essencialmente pela aceleração sísmica de dimensionamento definida.

O ASME A17.1 define uma aceleração de cálculo constante, desprezando a variação deste

parâmetro com a altura e a importância da estrutura.

Porém, a prEN81-77 não requer a instalação de um sensor de descarrilamento do contrapeso, este

facto pressupõe que as medidas definidas são suficientes para prevenir o descarrilamento do

contrapeso.

Ambos os documentos omitem a questão referente à manutenção da operacionalidade dos

componentes após o evento sísmico para uma acção sísmica correspondente ao Estudo Limite de

Utilização.

Page 128: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

102

Page 129: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

103

6. CASO DE ESTUDO

6.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

No âmbito de metodologias de dimensionamento sísmico de elevadores, apresenta-se o caso de

estudo do sistema de transporte vertical tipo instalado no núcleo central do novo Hospital de Cascais.

Este capítulo destina-se ao estudo comparativo da resposta do sistema de guias do elevador, quando

solicitado por uma acção sísmica definida de acordo com os métodos de dimensionamento

preconizados nos documentos abordados.

Dado o acentuado grau de especificidade e importância, presta-se especial atenção aos

procedimentos prescritos no EC8 [45], ASME A17.1 [5] e prEN81-77 [49], recorrendo-se a uma

análise dinâmica modal por espectro de resposta de projecto (EC8), como base de comparação às

análises estáticas (ASME A17.1 e prEN81-77).

Para o desenvolvimento deste caso de estudo, consultou-se a seguinte documentação, fornecida

pelas empresas JSJ e KONE, responsáveis pela elaboração do projecto da edificação e do sistema

de elevador respectivamente, que constituem elementos essenciais para uma profunda compreensão

dos mesmos:

Memória Descritiva e Justificativa do projecto do edifício;

Peças Desenhadas do edifício;

Peças Desenhadas do sistema de elevador.

Os presentes objectivos não visam a avaliação da adequabilidade do dimensionamento adoptado

para os elevadores instalados na unidade hospitalar, mas sim, aplicar, analisar e confrontar as

referidas metodologias. A este propósito, procura-se limitar o nível de complexidade do modelo

numérico de elementos finitos do edifício, desenvolvido em SAP2000, com o intuito de focar o estudo

numa estrutura hipotétical, não correspondendo na íntegra à edificação real.

Da mesma forma, recorre-se a um modelo de elementos finitos simplista dos sistemas de guias,

capaz de reproduzir um comportamento verosímil dos mesmos.

É importante referir que o conjunto de hipóteses simplificativas considerado, e devidamente

identificado, na modelação do sistema e na determinação dos resultados, é dotado de uma particular

relevância, uma vez que é seleccionado com o rigor exigido de forma a não comprometer a

credibilidade dos resultados expostos e utilizados na análise comparativa.

O presente estudo restringe-se ao comportamento dos sistemas de guias da cabine e do contrapeso

devido ao seu permanente contacto com a estrutura ao longo de grande parte da sua altura,

encontrando-se sujeitos a deformações globais e locais induzidas pela edificação e pelos

componentes respectivamente.

Page 130: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

104

Fig. 6.2 - Planta do edifício.

Fig. 6.1 - Localização dos blocos estruturais (piso 2).

6.2. DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA

De acordo com a Memória Descritiva e Justificativa e as Peças Desenhadas do projecto da estrutura,

o novo Hospital de Cascais, inaugurado em Fevereiro de 2010, apresenta em planta um formato

aproximadamente quadrado e com uma área de cerca de 12700 m2, composta por vários pátios

interiores e exteriores. A unidade hospitalar é constituída por um total de 9 pisos superiores e um

semi-enterrado (piso 0).

O edifício consiste numa estrutura reticulada definida com pórticos de betão armado, orientados nas

duas direcções ortogonais principais (Norte-Sul e Este-Oeste), e alguns elementos de parede.

A geometria em planta do edifício baseia-se numa malha regular de eixos dispostos segundo ambas

as direcções, encontrando-se geralmente espaçados entre si de 7,3 metros. Em todos os

cruzamentos formados pelos alinhamentos, cuja localização não apresente limitações do tipo

arquitectónico, existem pilares caracterizados por larguras mínimas de 0,35 metros e comprimentos

de 0,70 metros ou 0,80 metros no caso de elementos verticais situados no plano da fachada.

A estrutura de betão armado apresenta um desenvolvimento irregular em planta, quer em termos de

estruturais quer em ocupação do espaço, e em altura, constatando-se variações em planta até ao

ALÇADO SUL

ALÇADO NORTE

ALÇ

AD

O P

OE

NT

E

ALÇ

AD

O N

AS

CE

NT

E

Bloco D

Bloco B

Blo

co

C

Blo

co

A

N

Fig. 6.3 - Alçado sul do edifício.

Page 131: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

105

quarto piso e a existência de vários alinhamentos de fachadas. Os andares superiores, destinados

aos internamentos, prolongam-se ao longo de três ramos longitudinais.

Esta irregularidade, associada à consequente dificuldade em definir subestruturas regulares,

conduziu ao dimensionamento da estrutura com um número mínimo de juntas, com o intuito de

garantir um bom comportamento global face a acções horizontais. Posto isto, o Hospital é constituído

por um total de quatro blocos estruturais identificados na Fig. 6.1, dos quais três (A, B e C) se

encontram separados do corpo principal (D), ao nível de alguns pisos, através de juntas sísmicas.

O bloco D destaca-se pela sua homogeneidade, compacidade e extensão (comprimento máximo

superior a 150 metros), encontrando-se subdividido com base em quatro juntas de retracção nos

pisos 1 e 2 e uma outra nos pisos 2 e 3. Os corpos A, B e C caracterizam-se por uma geometria em

planta regular, sendo compostos por um (A e B) e três (C) pisos e algumas paredes estruturais.

As lajes e as vigas integradas nos pórticos são dimensionadas de forma a garantir a segurança aos

requisitos regulamentares e um bom comportamento em serviço, nomeadamente no controlo das

deformações para as cargas permanentes. Desta forma, as vigas caracterizam-se por uma altura de

0,65 e 0,80 metros no interior e na fachada do edifício, respectivamente, recorrendo-se a vigas

maiores, até um máximo de 1,10 metros, nos pisos inferiores, em que a distância entre pisos é maior.

Em geral, adoptaram-se lajes maciças de 0,18 metros de espessura, recorrendo-se, em algumas

zonas, a lajes ou bandas maciças pré-esforçadas, com espessuras máximas de 0,22 e 0,65 metros

respectivamente.

O edifício é composto por um conjunto de núcleos destinados a facultar o acesso vertical entre os

vários pisos, caracterizados por paredes estruturais com espessuras mínimas de 0,20 metros.

O núcleo central, localizado no bloco D e no qual convergem as três alas principais, constitui o

principal elemento estrutural de parede que se desenvolve ao longo de toda a altura do edifício,

sendo composto por uma caixa de escadas, seis elevadores e aberturas para a passagem de

diversos equipamentos. Em geral, este elemento estrutural é formado por vigas com as dimensões de

0,25x1,50 m, como se pode observar na Fig. 6.4. O posicionamento do núcleo central, caracterizado

por um ângulo de 45º com o sistema de eixos principais, requer algumas alterações na malha

estrutural com recurso a bandas maciças pré-esforçadas. A Sudoeste do elemento central, existe

ainda um outro núcleo com acessos de elevadores até ao piso 3.

As extremidades de cada ala comportam núcleos de escadas de emergência que se desenvolvem ao

longo de toda a altura da estrutura.

A estrutura apresenta fundações directas interligadas por uma malha ortogonal de vigas de fundação,

definidas com base numa campanha de prospecção geológica e geotécnica. Estes elementos

encontram-se assentes ao longo de dois níveis, permitindo a existência de dois ―pisos térreos‖.

Page 132: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

106

Fig. 6.4 - Planta estrutural do núcleo central (piso 2).

Nos cálculos de estabilidade foi considerado a possibilidade de um futuro acréscimo em altura do

edifício correspondente a mais um piso no topo da estrutura e um a três pisos nos blocos A, B e C.

O dimensionamento dos pórticos em betão armado foi executado com base nas especificações

estabelecidas no REBAP [50] para estruturas de ductilidade normal adoptando, sempre que possível,

conceitos referentes a estruturas de ductilidade melhorada.

A opção por um sistema estrutural baseado, de uma forma geral, em lajes vigadas (sistema porticado)

associadas a elementos de parede deveu-se à sua reconhecida eficiência face à acção sísmica.

6.2.1. Materiais

Os materiais utilizados na concepção da estrutura resumem-se aos seguintes:

- Betão C30/37, em geral;

- Aço A500 NR para as armaduras ordinárias;

- Y1860 S7 para as armaduras de pré-esforço.

6.2.2. Acções

As acções e respectivas combinações consideradas na fase de projecto da estrutura encontram-se de

acordo com o disposto no RSA [54]. O dimensionamento da estrutura baseou-se nas seguintes

acções:

Zona

Pré-Esforçada

Page 133: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

107

Acções Permanentes:

- Peso próprio do betão armado: 25,0 kN/m3

- Peso próprio das paredes divisórias:

zonas com paredes leves: 1,0 kN/m2

zonas com elevada densidade de paredes

em alvenaria de tijolo: 2,5 kN/m2

- Peso próprio dos revestimentos e enchimentos: 1,5 kN/m2

- Peso próprio das paredes das fachadas: 12,0 kN/m

Sobrecargas:

Para ter em conta uma possível ampliação dos serviços médicos, considera-se uma sobrecarga de

dimensionamento mínima de 5 kN/m2 que engloba as sobrecargas associadas aos serviços que se

apresentam em seguida. Os coeficientes de redução considerados nas combinações de acções de

sobrecargas consistem em ψ0=0,7, ψ1=0,6 e ψ2=0,4.

- Unidades de Internamento (pisos 5, 6, 7 e eventual 8): 3 kN/m2

- Em acessos e circulações: 5 kN/m2

- Terraços acessíveis e coberturas não passíveis de alteração: 2 kN/m2

- Zonas de arquivo (ψ0=0.8; ψ1=0.7; ψ2=0.6): 5 kN/m2

- Bloco operatório (piso 3): 5 kN/m2

- Piso Técnico (piso 4): 5 kN/m2

No caso de serviços médicos associados a maiores sobrecargas recorre-se aos seguintes valores:

- Cozinha e áreas anexas (piso 1): 7 kN/m2

- Imagiologia, zona de equipamentos muito pesados

(ex: TAC e Ressonância Magnética): 10 kN/m2

Na fase de projecto também se considerou os efeitos associados à acção da temperatura, vento e

fogo, no entanto, não são contemplados no presente estudo, uma vez que não apresentam qualquer

relevância no âmbito do dimensionamento sísmico de sistemas de elevadores. Relativamente à acção

sísmica apresenta-se uma breve descrição do processo de dimensionamento na seguinte subsecção.

6.2.2.1. Dimensionamento à Acção Sísmica

Para o dimensionamento da estrutura ao sismo considera-se o edifício situado na zona A (α=1,0),

assente sobre um terreno do tipo II. O coeficiente de comportamento (ε) adoptado apresenta o valor

de 1,75 que corresponde ao utilizado para estruturas em pórtico de ductilidade normal (2,5) afectado

por um coeficiente de redução associado à importância em garantir a operacionalidade da estrutura

após a ocorrência de um sismo intenso. Segundo o art.º 33.4 do REBAP, este coeficiente apresenta o

Page 134: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

108

valor de 0,7 no caso de instalações hospitalares. A acção sísmica foi definida com base nos

espectros de resposta para os sismos 1 e 2.

6.2.3. Estrutura Hipotética

Com o intuito de garantir uma modelação com um determinado grau de simplicidade, optou-se por se

impor algumas modificações estruturais na edificação original do novo Hospital de Cascais,

resumindo-se na redução da sua área em planta, com a supressão de alguns elementos de vigas,

pilares e paredes. Impôs-se as modificações necessárias para garantir a segurança da estrutura à

acção sísmica, nomeadamente com o aumento das secções de alguns dos elementos estruturais da

fachada.

As opções consideradas na definição da estrutura idealizada visam a optimizar a homogeneidade e a

garantir um comportamento credível do núcleo face à acção sísmica, uma vez que não se pretende

avaliar o sistema estrutural. Na verdade, o que se pretende obter é uma estrutura em que o núcleo

apresente um comportamento semelhante ao do modelo original.

Posto isto, considera-se um edifício hipotético, cuja área em planta é essencialmente definida pela

localização das juntas, correspondendo a parte do bloco D. Na Fig. 6.5, a zona a vermelho identifica a

planta da estrutura considerada, a qual abrange o núcleo central (assinalado a amarelo). Assim,

admite-se um edifício de 10 pisos, dimensionado de acordo com o referido na secção 6.2. Optou-se

ainda por adicionar um elemento de parede para reduzir os efeitos de torção associados à disposição

do núcleo central.

Fig. 6.5 - Identificação da área em planta da estrutura hipotética considerada no caso de estudo (piso 2).

I.S.P.

3.60 m²

18.05 m²

TRIAGEM

3.65 m²

BABY ROOM

3.15 m²

I. S.

A. C.

4.15 m²

I.S.D.

4.85 m²

I.S.D.

5.00 m²

I.S.D.

4.10 m²

A. C.

2.20 m²

I.S.

2.20 m²

I.S.

2.20 m²

I.S.

2.20 m²

I.S.

7.55 m²

5.20 m²

I.S.D.

4.80 m²

ARM.

5.45 m²

PREP.

5

4

3

B.ASSIST.

4.10 m²

I. S.

11.70 m²

SUJOS / LIMPOS

4.20 m2

M.L.

12.10 m2

COPA

10.40 m2

PESSOAL

4

I.S.D.

7

6

2

3

5

9.30 m²

14.85 m²

S.AEROSSOIS

68.50 m²

4.65 m²

B.ASSIST.

14.30 m²

S.TRATAM.

1

AREA DE OBSERV. PEDIATRIA

7.55 m²

VESTIÁRIO

6.25 m²

DESINFECÇÃO2.95 m²

SUJOS

SACOS

19.90 m2

MACAS / CAD. RODAS

10.30 m2

MAT. EST.

8.10 m2

DEP. EQ.

8.10 m2

MAT. CONS.

8.10 m2

R. L.

4.85 m²

I.S.D.

2345678910

1

14.65 m²

Q. ISOLAM.7.25 m²

ADUFA

6.60 m²

PREP.

178.95 m²

RECUPERAÇÃO ADULTOS

12

13

14

11

4.90 m²

I.S.D.

9.25 m²

LIMPOS

9.15 m²

SUJOS

4.05 m²

SACOS

ZONA DE BERÇOS

26.65 m²

PREP.

7.65 m²

5

6

7

8

1

2

3

7.95 m²

CADEIRÕES6.60 m²

ARM.

ARM.

CONSULTA (Cirurg)

ATM

Bp65

Bp65

Bp65

11.05 m²

I.S.M.

17

11.35 m²

I.S.H.

16B39

2.85 m2

M.L.21

B44

B2 B44

ATM

6.40 m²

5.55 m²

M.L.

DIRECÇÃO

1 2 3 4 5

Esc. 2

29

27

41

46

47

42

43

51

91

89

40

141112

13

4

6

5

3

22

21

60 61

6462

66

50

29 28

46

25

38

43

44

45

83

79

81

8078

75

76

23

20

3

VESTIBULO

14

7

44

59

63

18

77

35

1816

116.50

B2

B1

B44 B1 B2

B44 B1 B2 B44 B1 B2B44B1B2

B7

B1

B2 B1 Bp61

B8

(0.35m)

B2

B2 B1 B1

Bp61(0.30m)

B2B8

(0.25m)

Bp60

B1 Bp61

Bp61

(0.085m)

B1 B2

Bp62

B42

B1

B44

B2

(0.225m)Bp61

(0.335m)Bp61

B7

(0.20m)

Bp66(0.20m)

Bp65a(0.20m)

B2

B2

(0.115m)

B2

(0.335m) (0.335m)

Bp65a

B2

(0.23m)

Esc. 7

111.95

Asc. 1

Asc. 2

Asc. 4

Asc. 5

Asc. 6

Asc. 3

B2B1Bp61(0.55m)

B2 B1 B8

Bp61(0.35m)

Bp62

4.40 m²

A.T.M.

4.15 m²

A.T.M.

A.T.M.

3.90 m²

4.95 m²

A.T.M.

5.00 m²

I.S.D.

11.75 m²

CAD.RODAS

8

29

16

4

5

72

77

75

74

92

48

53

2.75 m²

I.S.

6

8

2.75 m²

I.S.

76

PARAGEM DE AMBULÂNCIAS

ZONA COBERTA

S.E.

REUNIÕES (volunt.)

10.35 m²

3.45 m²

22.80 m²

10.90 m²

3.40 m2

VEST.

12.15 m2

5.75 m2

COPA

I.S.D.

4.05 m2

3.00 m2

I.S.P.

A.C.

4.55 m2

I.S.P.

S. E.

11.05 m²

GABINETE

GABINETE

11.05 m²

E.E.G.

15.20 m²

POT.EVOC.ELECTROM.

15.20 m²

POSTO

AVAN

ÇAD

O F

ARM

ÁCIA

DIRECÇÃO

SE

CT

OR

PE

DIA

TR

IA

23.10 m²

PROVAS FUNC.RESPIR.

11.35 m²

GABINETE

28.00 m²

S. PROVAS. ALERG.

11.35 m²

TELEMED.

11.70 m²

1

2

S.E.

E SAÍDA DOENTES

ACOMPANHANTES

16.30 m²

CONS.TRIAGEM PEDIATRIA

17.45 m²

S.REUNIÕES

2.70 m²

I.S.P.

13.95 m²

CH.EQUIPAENF.CHEFE

11.70 m²

S.SOCIAL

114.10 m²

ÁREA DE OBSERV. ADULTOS

G

A

L

E

R

I A

17.85 m²

OUTRAS TÉCNICAS

7.40 m²

CAD. RODASI.S.D.

4.30 m²

17.10m²

SECRET.

11.40 m²

ARQUIVO

19.85 m²

ESPERA

15.20 m²

SUJOS/LIMPOS

4.70m²

I.S.P.

5.55 m²

I.S.D.

5.55 m²

SACOS/SUJOS

CONSULTA (Orto)

10.85 m²

SACOS/SUJOS

ECOGR.

CARDIOTOCOGRAFIA

17.95 m²

18.10m²

CONSULTA (Obs/Gine)

17.75 m²

CONSULTA (Obs/Gine)

17.70 m²

CONSULTA (Obs/Gine)

EXAMES (Oftom)

12.30 m²

8.85 m²

ENFERM.

18.70 m²

ANGIOGRAFIA/RETINOGRAFIA

EXAMES (Oftom)

11.85 m²

14.75 m²14.75 m²

9.00 m²

APOIO

4.95 m²

I.S.P.

9.00 m²

CONTROLO

65.90 m²

ESPERA (Esp.Méd.)

4.75 m²

R.L.

17.05 m²

CONSULTAS (reserva)

14.75 m² 14.75 m²

CONSULTA (Orl)

14.75 m²

S. TRATAMENTOS

14.75 m²

CONSULTA (Cirurg)

21.05 m²

TRAT. (Derm)

14.75 m²

CONSULTA (Derm)

19.00 m²

R.L.

108.65 m²

ESPERA (Esp.Cirur.)

R.L.

7.56m²

DEP. SACOS

14.60 m²14.85 m²

CONSULTA (Orto)

5.70 m²

ARM.(Orto)

17.30 m²

GESSOS (Orto)

18.00 m²

LASER OFTALMOLOGIA

CONSULTAS (Urologia)

1170 m²

EXAMES (Oftom)

18.80 m²

18.00 m²

12.05 m²

EXAMES (Urologia)

12.95 m²

TRATAM. (Geral)

17.55 m²

CONSULTA (Oftalm.)

17.75 m²

12.95 m²

TRATAM. (Obs/Gine)

18.10 m²

CONSULTA (Obs/Gine)

18.65 m²

OBSERV. (Obs/Gine)

23.55 m²

GINÁSIO

14.70 m²

EDUCAÇÃO

13.95 m²

APOIO

7.95 m²

CONTROLO

S.E.

18.05 m²

ESPERA (Ped)

3.10 m²

I.S.Crian.

26.30 m²

HOSP. DIA

7.70 m²

CONTR./REG.

5.30 m²

PREPAR.

16.15 m²

CONSULTA (Ped)12.20 m²

PR. DOENTES

16.35 m²

CONSULTA (Ped)

11.40 m²

MC.

8.35 m²

M.L.

5.70 m²

M.L.

3.60 m²

I.S.P.

10.00 m²

PESSOAL

17.90 m²

REUNIÕES

11.70 m²

SECRET.

11.20 m²

SERV.SOC.

13.95 m²

OUTROS

14.90 m²

DIRECT.

ARREC.

ESPERA

VEST.

18.25 m²

CAFETARIA

13.70 m²

SECRET.

9.35 m²

ARQUIVO

20.45 m²

REUNIÕES (assist social)

CAFETARIA

9.65 m²

ATEN.IND.

9.20 m²

ASSIST.

11.10m²

COORD.

290.65 m²

HALL

8.55 m²

GAB.(volunt.)

ZONA DE ESPERA

3.50 m2

24.45 m2

PREP. / DISTRIBUIÇÃO

5.25 m2

BOXE AD.

BOXE AD.

BOXE AD.

BOXE AD.

5.25 m2

I.S.D.

5.45 m2

I.S.

S.E.

13.20 m2

P.ENF./REG.

5.45 m2

I.S.P.

3.65 m2

I.S.D.

4.05 m2

DEP.SACOS

9.10 m2

SUJOS/LIMPOS

5.70 m2

PREP.LIMPOS

5.90 m2

ARM.GERAL

58.70 m2

BOXES TERAPIA

11.85 m2

S.ESPERA

8.75 m2

RECEP/SECRET.

11.40 m2

S.TRATAM.

15.40 m2

G.CONSULTA

8.75 m2

S.REUN./PAUSA

8.75 m2

GABINETE

I.S.

17.55 m2

Q.INDIV.

8.05 m2

R.LIMPA

12.10 m2

A.C.

DISTRIBUIÇÃO

20.35 m2

ESPERA

8.05 m2

S.APOIO38.90 m2

SALA DE CULTO

11.45 m2

GABINETE

I.S.

7.70 m2

ATEND.PERSONAL.

12.75 m2

ARMAZÉM

8.10 m2

M.LIMPEZA

12.70 m2

LIMPOS/SUJOS

6.85 m2

BOXE ESPEC.

9.50 m2

BOXE PED.

11.45 m2

RECEP./SECRET.

61.70 m2

SALA DE RESERVA

I.S.

9.45 m2

CENTRAL

13.70 m2

ÁREA INSTALAÇÃO

9.90m2

ARMEIRO

I.S.

9.95 m2

VESTIÁRIOS 16.35 m2

S.CONTROLE

3.95 m²

PREP.

5.30m²

6.05 m²

EQUIPAM.

S.E.

VEST.

3.60 m²

ARMZ.

3.45 m²

ARMZ.

3.00 m²

I.S.

29.95 m²

ENFERM. (cuidados)

9.10 m²

PREP.DOENTES

8.00 m²

CONTROLE

ARMZ.

42.00 m²

TAC

8.40 m²

CONTROLE

10.80 m²

PREP.DOENTES

4.80 m²

ADUFA

53.35 m²

RAD.VASCULAR

11.15 m²

COMANDOS

6.05 m²

ARMZ.GERAL

25.50 m²

RX GERAL

VEST.

VEST.

21.95 m²

RX GERAL

VEST.

VEST.

17.40 m²

MAMOGRAFIA

17.75 m²

ECOGRAFIA

22.50 m²

ECOGRAFIA

VEST. VEST.I.S.

I.S.

11.20 m²

S.PAUSA

19.20 m²

S.REUNIÕES

16.90 m²

DIGITALIZAÇÃO

10.65 m²

RELATÓRIOS

14.20 m²

GABINETE

14.55 m²

GABINETE

7.35 m²

TRAB. TECN.

10.40 m²

R.LIMPA

3.70 m²

ARMZ.

3.70 m²

ARMZ.

10.85 m²

RELATÓRIOS

6.65 m²

M.LIMPEZA

11.55 m²

LIMPOS/SUJOS

15.75 m²

GABINETE

16.60 m²

GABINETE

28.20 m²

TELEM.

VEST.I.S.

14.30 m²

COMANDOS

VEST.

VEST.

I.S.

VEST.

8.20 m²

BABY ROOM

ESPERA CRIANÇAS

ESPERA ADULTOSESP. CAMAS

15.70 m²

RECEP./SEC.

9.70 m²

INFORM.

25.90 m²

RX GERAL

18.05 m²

ECOGRAFIA

68.25 m²

S.RESERVA RESSON.MAGNÉTICA

Esc. 1

A.C.

3.00 m²

I.S.

Esc. 3

Esc. 4

Esc. 5

Esc. 6

Esc. 2

Esc. 8

Esc. 10

S.E.

116.45

116.45

S.E.

116.45

116.45

116.48

Asc. 7 Asc. 8

I.S.

Zona de refugio

44

76

23

64

65

28

24

23

212019

40

72

63

70

54

53

47

78

2320

26

36

33

45

35

34

38

36

2 4

56

59

60

57

58

55

54

53

52

49

515047

48

46

45

44

43

42

41

40

37

3839

36

34

35

333231

63

6261

64

66

65

67

70

68

69

7630

29

28

2526

27

24

22

23

21

20 19 17 16

1314

18 15 1218

84

18

22

21

24

26

27

65

4931

30 48

56

51

52

55

59

11

74

35

39

34

58

49

28

50

9

78 910

717273

70

67

69 68 1 3 42

6

13

39

122

30

27

1

9 37

33 34 35

2

40

19

27

57

8852

32

2425

39

39

1789

1510

17 161828383736

37

48

44

303132

33

4

3

5

3

1

2

12

6

9798

80

85

8687

95

89909192

1

15

79

81

8

94

6 96782

84

83

8893

4

17

7

8

9

5

8

1

45

2

14

2

4 6

9

11

10

98

3

19

47

12

13

7

6

5

3 20

17

18

16

15

12

11

10

13

194

2

1

23

22

15

14 6

5

3

10

5

75 7172

1413

19

78

6869707374

32

12

11

58

48

57

49

51

53

60

61

62

66

67

21

20

42

5639

40

54

52

41

5035

36

33

34

31 32

30

29

28

37

27

26

25

43

47454655

38

22

24

24

25

7

10

42

43

31

42

41

75

46

Bp65 B1

B42

B1

Bp60

Bp61

B2 B1 Bp62B2B1Bp62

B41B39(0.40m) B1

Bp65

B1

B2

B11Bp61

Bp62

Bp66

B2B1

Bp61

B2

B1B44

B2

B1 Bp62

Bp60

Bp65

Bp65a

B2

B2

B1

Bp62

B8 Bp65

B8Bp65

B8

Bp65

B8

Bp65

Bp65

Bp65

Bp65

B1

B2B44

Bp65

73

13

6.65 m²

GAB.APOIO

7.40 m²

ARQ.REG.CLINICO

4.05 m²

I.S.

6

85 90

8

86

RECEPÇÃ0

11

151617

8265

40

39

A.C.A.C.

1

5 12

REANIMAÇÃO

4

3

2

13.85 m²

TRABALHO (volunt)

26

ESPERA CRIANÇAS

15.00 m²

LOJA

15.00 m²

LOJA

20.50 m²

LOJA

20.10 m²

LOJA

14.70 m²

LOJA

14.70 m²

LOJA

G.CHEFE

8.20 m²

5

ATEND.INDIV.

8.20 m²

4.15 m²

I.S.M.3

11

25

I.S.H.

8.90 m²

I.S.M.

9.55 m²

I.S.H.

3.35 m²

TRAB.ADM.

INFORM.

15

LIXOSEQUIP.

BEBIDAS

14

14.35 m²

MACAS/CAD.RODAS

17

5.90 m²

3.30 m²2.15 m²

4.95 m²

12.45 m² 34.00 m²

ESTAR

41

10.65 m²

ESTAR40

ESTAR

9

1019

77

8.90 m²8.45 m²

15.70 m²

19.20 m²

24.90 m2

13.05 m²

A.C.

12.95 m²

A.C.

39.70 m²

36.65 m²

464.60 m²

40.70 m²

18.40 m²

4.80 m²

A.C.

116.50

116.50

116.50

116.50

116.50

116.50

116.50

E.P.

E.P.

106.45

106.45

106.45

A.C.SEGURANÇA / POLÍCIA

20.00 m²8.50 m²

BEBÉS

2

26.50 m²

2.40 m²

17.30 m²

CONSULTAS (reserva)

16.65 m²

CONSULTAS UROLOGIA (reserva)

CONSULTA (Oftalm.)

CONSULTA (Oftalm.)

CONSULTA (Cirurg) EXAMES

4.15 m2

ARR.

3.75 m2

I.S.

3.75 m2

I.S.

4.85 m²

I.S.D.

4.85 m²

I.S.D.

4.90 m²

I.S.D.

4.65 m²

I.S.D.

6

7

24.05 m²

PEQUENA CIRURGIA

M. C.

SALA R.C.P.

21.90 m²

S. ESPERA

16.15 m²

TRATAMENTO ORTOPEDIA

16.40 m²

GESSOS

17.05 m²

CONSULTA ADULTOS

48.05 m²

S. ESPERA

10.80 m²

AS. SOCIAL

BOX

BOX

15.75 m²

GABINETE CONSULTA

15.65 m²

GABINETE CONSULTA

AEROSSOIS

10.75 m²

13.60 m²

Z. ESPERA

63.75 m²

ESPERA

S. ACOMPANHANTES

38.20 m²

VEST.

VEST.

M. E.

15.10 m²

S.TRATAMENTOSB2 B1Bp62

2.80 m²2.95 m²

5.65 m²

7.40 m²4

RECUPERAÇÃO PEDIATRIA

139.70 m²

S. E.

9.85 m²

GABINETE

9.85 m²

GABINETE

20.85 m²

GABINETE

3.20 m²

I.S.P.

14.55 m²

SUJOS 7.80 m²

LIMPOS

4.90 m²

SACOS

Bp65

Bp65a

12.30 m²

Z. ESPERA

I.S

5.75 m²

12.75 m²

CONSULTA

GABINETE

15.70 m²

CONSULTA

GABINETE

16.10 m²

CONSULTA

GABINETE

11.80 m²

CONSULTA

GABINETE

12.00 m²

S. ECOCAR.

11.70 m²

TRAT.

11.70 m²

REL.

11.95 m²

REL.

18.85 m²

OBSERV. / PREP.

13.25 m²

BOX ESPIR.

21.10 m²

RESP.

ENDOS.

25.45 m²

DIGEST.

ENDOS.

25.10 m²

DIGEST.

ENDOS.

8.55 m²

LAV.25.95 m²

ERGOMETRIA

11.65 m²

HOLTER

15.00 m²

P. CONTROL

29.45 m²

ESPERA CAMAS

88.00 m2

S.ESPERA

11.95 m²

R. L.

12.15 m²

ARM. MAT.

9.35 m²

DEP. EQUIP.

M. L.

4.10 m²

3.00 m²

I.S.P.

41.80 m²

5.25 m2

5.25 m2

5.25 m2

I. S.

3.05 m²I. S.

3.05 m²

7.90 m²

N

x’

y’

Page 135: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

109

6.3. DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ELEVADORES

A informação referente às características dos sistemas de elevadores do novo Hospital de Cascais é

obtida com base nas respectivas Peças Desenhadas. Os seis elevadores instalados no núcleo central

consistem em sistemas eléctricos de tracção sem casa de máquinas (MRL), com a unidade motriz

directamente apoiada numa guia combinada da cabine e do contrapeso. Estes modelos foram

dimensionados de acordo com a norma europeia EN81-1.

O sistema em estudo destina-se ao transporte de pessoas e macas a uma velocidade de 1,6 m/s e

caracterizam-se por uma carga útil de 1600 kg, comportando um máximo de 21 pessoas.

O elevador desloca-se ao longo de uma altura de 24,6 metros, composta por seis paragens,

correspondentes do piso 1 ao 7, com excepção do piso 4.

Na seguinte figura é possível observar um esquema do sistema utilizado.

Fig. 6.6 - Esquema de um elevador do núcleo central do novo Hospital de Cascais.

Caixa de Elevador

A caixa do sistema em estudo é definida por um conjunto de paredes em betão armado, que se

prolongam ao longo de um comprimento de 30,2 m, dos quais 6,24 m correspondem ao extracurso,

ou seja, à altura do topo da caixa medida a partir do último piso servido pelo elevador (piso 7). As

figuras e tabelas que se seguem permitem identificar as características geométricas da caixa e do

poço.

Cabine

Contrapeso

Polia

D=600 mm

Polia

D=530 mm

Polia D=530 mm

Page 136: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

110

Fig. 6.7 - Esquema da caixa do elevador (dimensões em milímetros): (a) corte; (b) planta com cabine e

contrapeso.

Tabela 6.1 – Características geométricas da caixa do elevador.

Piso

Altura da

entrada da

caixa

(mm)

Largura da

entrada da

caixa

(mm)

Cotas das

entradas da

caixa

(m)

Altura do

Piso

(m)

7

2325 1660

26,30

3,70

6 22,60

3,70

5 18,90

4,50

3 14,40

8,20

2*

6,20

4,50

1 1,70

*Piso Principal

(a)

Cabine

Contrapeso

(b)

Page 137: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

111

Tabela 6.2 - Dimensões da caixa e poço do elevador.

Elemento Dimensões

(m)

Poço Profundidade 1,70

Caixa

Altura 30,20

Largura 2,20

Profundidade 2,90

Sistema de Guias

A caixa do elevador apresenta um conjunto de três guias, cuja localização se encontra identificada na

Fig. 6.8. A guia combinada destina-se a orientar, simultaneamente, o movimento da cabine e do

contrapeso e ainda a servir de apoio à máquina de tracção.

Fig. 6.8 - Localização das guias da cabine e do contrapeso.

As guias metálicas caracterizam-se por uma tensão de cedência de 370 MPa.

Legenda:

1 – Guia combinada da

cabine e do contrapeso;

2 – Guia do contrapeso;

3 – Guia da cabine.

2

3

1

Page 138: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

112

As secções transversais destes elementos apresentam um formato em T, correspondendo aos

modelos T125B e T82A para a cabine e contrapeso respectivamente, cujas dimensões se encontram

indicadas na seguinte tabela.

Fig. 6.9 - Secção transversal em T de uma guia.

Tabela 6.3 - Características geométricas das secções das guias simples (dimensões definidas de acordo

com os parâmetros identificados na Fig. 6.9) [net 18].

As guias encontram-se apoiadas ao longo da altura do edifício, entre os pisos 1 e 7, em intervalos

maioritariamente regulares de 2,5 metros, como se pode observar na Fig. 6.10. Recorre-se a três de

tipos de cadeiras, também designados por brackets, para o apoio e fixação das diferentes guias,

expostos na Fig. 6.11.

Guia

Dimensões

(mm) Massa

(kg/m)

Área

(cm2)

Ixx

(cm4)

Iyy

(cm4)

A B C D E e

T125B

(cabine) 82,0 125 16,0 42,0 9,0 24,3 17,9 22,83 151,0

159,0

T82A

(contrapeso) 68,25 82,5 9,0 25,4 6,0 19,8 8,55 10,9 49,4

30,5

e

Page 139: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

113

Fig. 6.10 - Corte da caixa do elevador (dimensões em milímetros).

Fig. 6.11 – Brackets utilizados no elevador do novo Hospital de Cascais: (a) fixação simples da guia da

cabine; (b) fixação simples da guia do contrapeso; (c) fixação da guia combinada.

Guias

Em

palm

es

Bra

ckets

(c) (a) (b)

Page 140: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

114

Os troços das guias da cabine e do contrapeso são ligadas por meio de empalmes através de quatro

parafusos M12 de classe 8.8, a qual corresponde uma tensão de cedência e última de 640 e 800 MPa

respectivamente, caracterizados por uma resistência à tracção de 60,7 kN.

Na Tabela 6.4 são indicadas as características geométricas dos empalmes utilizados nas guias da

cabine e do contrapeso do sistema em estudo, com base nos parâmetros representados na Fig. 6.13.

Fig. 6.12 - Pormenor de um empalme.

Tabela 6.4 - Características geométricas dos empalmes.

Guia

Dimensões

(mm) Massa

(kg) l1 l2 l3 b2 b3

e h

T125B 305,0 114,3 38,1 130,0 79,4 17,0 42 6,1

T82A 216,0 81,0 27,0 80,0 50,8 8,5 24 1,4

Fig. 6.13 - Parâmetros das dimensões dos empalmes.

Sistema de Cabine

A cabine desloca-se ao longo das guias por meio de roçadeiras fixas ao topo e base da arcada,

distanciadas verticalmente de 3,74 metros.

Page 141: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

115

O valor de KQT, referido nas Peças Desenhadas, corresponde à massa da cabine acrescida da sua

capacidade de carga. Todavia, este parâmetro apresenta uma gama de valores compreendidos entre

3450 e 3660 kg, associada à variação da massa da cabine em função do tipo de decoração interior

da mesma. Assim, no quadro que se segue, apresentam-se os valores médios da massa

característica da cabine e da carga nominal.

Tabela 6.5- Massa e carga nominal da cabine (valores em quilograma)

Cabine

(vazia) Carga Nominal

654,0 2901,0

Sistema do Contrapeso

O contrapeso é composto por uma arcada caracterizada por uma altura de 2 m à qual se encontra

fixa uma polia. O movimento do contrapeso é realizado por meio de roçadeiras espaçadas

verticalmente de 2,17 m.

Fig. 6.14 - Pormenor do topo da cabine e das roçadeiras.

Page 142: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

116

Fig. 6.15 - Pormenor do sistema de contrapeso (dimensões em milímetros).

Com base nos valores apresentados na Tabela 6.5, a massa do contrapeso é obtida através da

seguinte expressão:

(6.1)

Equipamento Eléctrico

A unidade motriz localiza-se no topo da caixa de elevador, apoiada na guia combinada, conferindo ao

sistema a energia necessária para o movimento vertical através de um conjunto de seis cabos de

tracção, caracterizados por um diâmetro de 13 milímetros. A máquina de tracção (Mx20),

representada na Fig. 6.16, caracteriza-se por uma massa de 760 kg.

Fig. 6.16 - Pormenor da máquina de tracção (Mx20).

Os dispositivos de comando encontram-se fixos à parede da caixa, assim como no interior do batente

da porta do último piso servido pelo elevador.

Page 143: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

117

6.4. MODELAÇÃO

6.4.1. Estrutura

A análise dinâmica baseia-se num modelo tridimensional de elementos finitos da estrutura hospitalar

original, desenvolvido pela empresa projectista JSJ com o programa de cálculo automático SAP2000.

Na Fig. 6.17 é possível observar o modelo numérico da estrutura hipotética. Para a modelação das

vigas e pilares, utilizaram-se elementos de barra, e para os diafragmas, localizados ao nível de cada

piso, elementos de casca. Nas extremidades das vigas libertaram-se os momentos de flexão (M3).

Mais uma vez, refere-se o cuidado e rigor considerado na limitação do nível de complexidade da

modelação da estrutura idealizada, com o intuito de garantir um comportamento dinâmico do edifício

de carácter credível, de forma a não comprometer a subsequente análise comparativa.

Fig. 6.17 - Modelo de elementos finitos da estrutura idealizada.

Page 144: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

118

Para simular as zonas com comportamento de corpo rígido ao nível das lajes dos pisos, recorre-se a

um ―emaranhado‖ de elementos rígidos de barra fictícios, de secção circular (diâmetro de 0,1 m), que

convergem no objecto central de modelação do núcleo, encastrado ao nível da fundação (ver

Fig. 6.18), como se pode observar na Fig. 6.19. Os elementos rígidos foram utilizados para modelar

as paredes das caixas e ligar o elemento central às vigas e paredes que definem o núcleo. Nestas

últimas liberta-se na extremidade oposta ao elemento de barra central, os momentos flectores (M3)

de forma a garantir a compatibilidade nestas zonas ao nível de cada piso.

As características deste material rígido são em tudo idênticas às do C30/37, no entanto apresenta um

peso volúmico nulo e uma maior rigidez à flexão conferido pelo incremento das suas propriedades

geométricas através de Modifiers, nomeadamente na ordem de 108 e 10

5 dos momentos de inércia e

da área da secção transversal respectivamente.

Para uma maior pormenorização da modelação global da estrutura é possível consultar a Memória

Descritiva e Justificativa do novo Hospital de Cascais.

Fig. 6.18 - Elemento central de modelação do núcleo e respectivas características.

Page 145: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

119

Fig. 6.19 - Pormenor de modelação do núcleo central ao nível de cada piso, identificando os elementos

rígidos a vermelho e as vigas a azul.

6.4.1.1. Propriedades Dinâmicas

O edifício modelado caracteriza-se dinamicamente pelos seus modos de vibração e frequências, os

quais estão directamente relacionados com a massa e rigidez do sistema. A determinação destes

parâmetros obtém-se pela resolução do sistema de equações de equilíbrio dinâmico em regime livre e

desprezando o amortecimento, definido pela seguinte equação:

(6.1)

Admitindo que a vibração da estrutura com uma dada frequência p é definida por um movimento do

tipo harmónico, o programa SAP2000 determina as frequências próprias da estrutura resolvendo a

expressão (6.2).

(6.2)

A solução não trivial deste sistema de equações ( é determinada pelo anulamento do

determinante do primeiro factor da equação. As raízes do polinómio característico resultante,

correspondem ao quadrado das frequências próprias do sistema.

(6.3)

Sendo,

M – matriz de massas da estrutura;

K – matriz de rigidez da estrutura;

Page 146: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

120

q – vector de deslocamentos;

p – frequência angular da estrutura.

Na Tabela 6.6 são expostos os períodos e frequências da estrutura obtidos para os 15 primeiros

modos de vibração, identificando-se a frequência fundamental de 0,900 Hz associada ao modo 1.

Atente-se ao facto das medidas consideradas na redução em planta do modelo original resultarem

num incremento global ligeiro da rigidez, traduzido pelo aumento das frequências. Contudo, as

frequências da estrutura hipotética são bastante próximas às do edifício original de forma a garantir

características dinâmicas similares entre os modelos numéricos.

Tabela 6.6 - Período e frequência de cada modo de vibração para os dois modelos.

A resposta dinâmica da estrutura é razoavelmente estimada pela sobreposição dos primeiros modos,

associados às mais baixas energias de deformação, o que pode ser constatado pelos factores de

participação modal de massa expostos na Tabela 6.7. Estes parâmetros permitem analisar a

influência que cada modo de vibração apresenta na resposta global da estrutura, traduzindo a fracção

percentual da massa em cada grau de liberdade, por cada modo de vibração.

Modelo Original Modelo Idealizado

Modo de

vibração

T

(s)

f

(Hz)

T

(s)

f

(Hz)

1 1,181 0,847 1,111 0,900

2 1,091 0,916 1,098 0,911

3 0,873 1,145 0,903 1,107

4 0,851 1,174 0,426 2,345

5 0,842 1,188 0,359 2,787

6 0,608 1,646 0,283 3,532

7 0,587 1,705 0,253 3,958

8 0,535 1,870 0,210 4,770

9 0,525 1,905 0,203 4,924

10 0,504 1,984 0,200 4,990

11 0,501 1,997 0,197 5,073

12 0,459 2,181 0,193 5,175

13 0,452 2,210 0,192 5,201

14 0,423 2,364 0,189 5,279

15 0,399 2,506 0,187 5,339

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

121

Posto isto, verifica-se que os 13 primeiros modos de vibração traduzem 85% da resposta do edifício,

contudo constatou-se que pelo menos os primeiros 50 modos de vibração correspondiam em menos

de 90% desta.

O modo fundamental da estrutura consiste numa predominância da translação segundo x’ (58,5%),

relativamente aos eixos globais representados na Fig. 6.17, associado a um forte acoplamento de

rotação (39,7%). No segundo modo constata-se uma preponderância de deslocamentos segundo y’

ao nível dos pisos (53,6%). O terceiro modo caracteriza-se pela rotação ao nível dos pisos (2,6%).

De uma forma geral, constata-se que o comportamento da estrutura apresenta uma forte componente

de torção.

Tabela 6.7 – Factores de participação modal de massa do modelo idealizado.

Modo de

vibração Ux’ Uy’ Rz’ Σ Ux’ Σ Uy’ Σ Rz’

1 0,5848 0,0241 0,3972 0,5848 0,0241 0,3972

2 0,0271 0,5362 0,0915 0,6120 0,5603 0,4887

3 0,0102 0,0093 0,0264 0,6222 0,5696 0,5151

4 0,0313 0,0161 0,0118 0,6535 0,5857 0,5270

5 0,1179 0,0284 0,1210 0,7714 0,6142 0,6479

6 0,0245 0,1174 0,0182 0,7959 0,7315 0,6661

7 0,0054 0,0425 0,0336 0,8013 0,7740 0,6997

8 0,0020 0,0014 0,0000 0,8033 0,7754 0,6997

9 0,0004 0,0005 0,0000 0,8037 0,7759 0,6997

10 0,0000 0,0000 0,0000 0,8037 0,7759 0,6997

11 0,0004 0,0011 0,0001 0,8041 0,7770 0,6998

12 0,0327 0,0005 0,0129 0,8368 0,7775 0,7126

13 0,0158 0,0025 0,0084 0,8525 0,7800 0,7210

14 0,0012 0,0007 0,0007 0,8538 0,7807 0,7217

15 0,0031 0,0006 0,0014 0,8568 0,7813 0,7231

6.4.2. Elevador – Sistema de Guias

6.4.2.1. Análise Dinâmica

Para analisar o comportamento dinâmico do sistema de elevador, modelam-se as guias da cabine e

do contrapeso como vigas contínuas verticais, com elementos de barra caracterizados por uma

secção transversal de acordo com as dimensões estipuladas na Tabela 6.3. As propriedades do

Page 148: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

122

material constituinte destes elementos são similares às do aço, apresentando um módulo de

elasticidade (E) de 210 GPa e um coeficiente de Poisson (ν) de 0,3.

Os brackets são representados por barras rígidas de secção quadrada (0,1x0,1 m), desprezando-se a

sua inerente flexibilidade. Estes elementos são responsáveis por ligar e fixar pontualmente a guia à

estrutura, mais especificamente ao elemento de modelação do núcleo, em intervalos definidos de

acordo com a Tabela 6.8. Os apoios permitem que as guias sofram deslocamentos verticais e

rotações no plano horizontal, com excepção do apoio de base que apenas restringe as translações

(apoio fixo).

Tabela 6.8 - Comprimento dos vãos das guias simples ordenados da base para o topo do edifício.

Vãos Comprimento

(m)

1 0,55

2 1,60

3-10 2,50

11 1,45

12 2,50

13 1,985

14 1,585

15 0,36

Apenas se modela um total de duas guias simples referentes à cabine e ao contrapeso,

representadas na Fig. 6.20, desprezando-se a existência da guia combinada.

Apesar do nível de simplicidade adoptado na formulação do modelo de elementos finitos do sistema

de guias, entende-se que a modelação considerada traduz um comportamento perfeitamente

credível, não colocando em causa a veracidade dos resultados obtidos.

Page 149: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

123

Fig. 6.20 – Modelação do sistema de guias.

6.4.2.2. Análise Estática

Para analisar o comportamento do sistema face à acção sísmica definida de acordo com o ASME

A17.1, recorre-se ao programa de cálculo automático SAP2000. As guias são modeladas com

elementos de barra, como vigas contínuas horizontais, esquematizadas na Fig. 6.21. As suas

propriedades geométricas e físicas são em tudo idênticas às consideradas na análise dinâmica.

Os brackets são simulados por meio de apoios pontuais deslizantes segundo o eixo longitudinal da

guia. As translações encontram-se restringidas na extremidade da base da guia.

Fig. 6.21 - Esquema do modelo de viga contínua.

Núcleo

Guia do

Contrapeso

Guia da

Cabine

Brackets

Page 150: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

124

6.5. ANÁLISES REALIZADAS

6.5.1. Hipóteses Consideradas

No presente estudo analisam-se as respostas estáticas e dinâmicas dos sistemas para cada direcção

isoladamente, considerando-se um conjunto de hipóteses referentes à modelação do sistema.

Aquando a solicitação sísmica, gera-se contacto entre as roçadeiras e as guias. Porém, estes

componentes podem apresentar comportamentos distintos segundo cada direcção. Desta

forma, no presente estudo são consideradas três casos de carga associados ao

comportamento do elevador nas guias em função dos eixos de secção transversal, descritos

na Tabela 6.9 e esquematizados na Fig. 6.22.

Tabela 6.9 - Caracterização dos comportamentos da cabine e contrapeso nas guias admitidos no estudo.

Situação

Direcção

x y

A

(translação)

As guiadeiras estabelecem contacto com

a guia, de forma simultânea, ao nível

superior e inferior, afastados pela

distância entre roçadeiras, embora tal

possa ocorrer com sentidos opostos.

Contrapeso e/ou cabine colide com

uma das guias ao nível das

roçadeiras inferior e superior,

transmitindo a força sísmica através

de dois pontos de contacto.

B

(rotação)

-

Contrapeso e/ou cabine estabelece

contacto com uma das guias ao nível

de uma única guiadeira.

Page 151: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

125

Fig. 6.22 – Forças de contacto entre as guiadeiras e as guias consideradas no caso de estudo,

definindo-se a situação A (esquerda) e a situação B (direita) correspondentes a uma

translação e rotação da cabine/contrapeso respectivamente.

Fig. 6.23 - Pormenor do contacto entre a cabine/contrapeso com a guia quando solicitada por uma acção

sísmica segundo a direcção indicada.

Situação A

(direcção x e y)

Situação B

(direcção y)

x

y

Page 152: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

126

Para englobar o efeito de distribuição vertical da massa dos componentes e com base nos

vários regulamentos abordados, admite-se que os blocos do contrapeso perfazem uma altura

total correspondente a 2/3 da arcada. Desta forma, o centro de massa do contrapeso

localiza-se a 1/3 de altura, enquanto que para a cabine considera-se a 1/2. Posto isto,

admite-se os coeficientes definidos na Tabela 6.10. Salienta-se o facto de as massas

distribuídas segundo a direcção y consistirem no dobro comparativamente com a direcção

ortogonal, uma vez que nesta última, a acção sísmica é partilhada por ambas as guias.

Tabela 6.10 - Coeficiente de distribuição vertical de massa da cabine e do contrapeso na respectiva guia.

Guiadeira Inferior Guiadeira Superior

Cabine 1/2 1/2

Contrapeso 2/3 1/3

Considera-se a cabine e o contrapeso imóveis na guia, não sendo afectados de qualquer

efeito dinâmico associado ao seu movimento vertical.

Admite-se que não foi activado qualquer dispositivo de segurança o que levaria a activar o

sistema de pára-quedas com consequente transferência adicional de esforços,

nomeadamente axiais, podendo gerar problemas a nível de encurvadura da guia.

Considera-se que as acções associadas ao peso e carga da cabine e contrapeso

encontram-se dispostas de forma centrada, desprezando-se a existência de excentricidades

relativamente ao centro gravítico do componente e ao eixo das guias.

Durante o contacto entre a cabine e contrapeso despreza-se o amortecimento e rigidez das

roçadeiras;

Destaca-se o facto da funcionalidade dos sistemas de elevadores apresentar uma visível

dependência com a estabilidade da estrutura e a manutenção de energia eléctrica, pelo que

no presente estudo não se considera a hipótese de colapso ou corte de energia, esta última

pode ser contornada com ao recurso a geradores de emergência.

6.5.2. Análise Dinâmica

A análise dinâmica tridimensional do sistema de guias instalado no núcleo central, apresenta um

papel crucial no presente estudo, uma vez que é utilizado como termo de comparação na aferição da

fiabilidade das metodologias de dimensionamento de elevadores para um caso singular. Neste estudo

Page 153: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

127

exige-se a operacionalidade dos sistemas de elevadores quando a instalação hospitalar é sujeita a

um sismo de forte intensidade.

Na impossibilidade técnica de conhecer qual o sismo mais gravoso que irá actuar sobre a estrutura

durante o período de vida da mesma, é necessário recorrer a conceitos probabilísticos e a dados

históricos relativos à acção sísmica em território nacional. Destas considerações resulta o

denominado espectro de resposta de projecto, o qual é aplicado no dimensionamento e verificação de

segurança de estruturas às acções sísmicas que, com uma probabilidade aceitável, podem ocorrer

num determinado local. Assim, um espectro de resposta não corresponde a uma situação em

particular, mas a uma envolvente das acelerações provocadas por vários sismos em estruturas de um

grau de liberdade com um mesmo coeficiente de amortecimento, numa mesma zona sísmica e sobre

um mesmo tipo de solo.

Desta forma, a acção sísmica a considerar na análise dinâmica tem por base um espectro de

resposta de projecto definido de acordo com o EC8 e o Anexo Nacional integrados na norma

portuguesa NP EN 1998-1:2009 [45], recorrendo-se ao programa de cálculo automático SAP2000.

6.5.2.1. Modelação da Cabine e Contrapeso

A modelação da cabine e do contrapeso baseiam-se em massas concentradas aplicadas

isoladamente em cada direcção horizontal, as quais traduzem o contacto das respectivas roçadeiras

com a guia. Desta forma, para a situação A e B introduzem-se duas e uma massas em cada guia

respectivamente, tal como se encontra ilustrado na Fig. 6.24. Na situação A, o valor de L representa a

distância entre guiadeiras.

Fig. 6.24 - Esquema do modelo do contrapeso ou cabine para ambas as situações consideradas.

M2

Guia

M1 M1

Situação A

(direcção x e y)

Situação B

(direcção y)

Acção Sísmica

L

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

128

Com base nos coeficientes de distribuição acima definidos, apresenta-se na Tabela 6.11 os valores

das massas considerados na análise dinâmica, em função do componente, da direcção horizontal de

aplicação e da localização da roçadeira. Note-se que os eixos referidos correspondem aos da secção

transversal da guia. No sistema da cabine considera-se uma massa associada à cabine acrescida de

40% da sua capacidade de carga.

Tabela 6.11 - Massa da cabine e do contrapeso ao nível de cada guiadeira para uma guia (valores em

toneladas).

Direcção Guiadeira

Inferior

Guiadeira

Superior Total

Cabine

x 0,454 0,454 0,907

y 0,907 0,907 1,814

Contrapeso

x 0,702 0,351 1,052

y 1,403 0,702 2,105

Com base num modelo utilizado na análise estática, recorreu-se a linhas de influência, desenvolvidas

pelo programa SAP2000, para determinar as posições da cabine e do contrapeso que provocam

momentos máximos na guia para ambas as situações. Note-se que o programa de cálculo automático

apenas determina linhas de influência para uma única carga unitária, desta forma, na situação A é

necessário calcula-la para duas cargas associadas a cada guiadeira. É importante referir que o

modelo de viga utilizado não tem conta a influência do edifício.

Com o intuito de englobar a situação mais desfavorável na análise dinâmica, optou-se por considerar,

para cada situação, um total de 28 posições distintas da cabine e do contrapeso ao longo das guias,

referenciadas pela localização da guiadeira inferior ao nível dos pisos, ao nível dos brackets, e a meia

altura entre estes (ver Anexo A.3.1). A primeira posição corresponde ao componente situado ao nível

do primeiro andar servido pelo elevador (piso 1).

Determinaram-se os períodos fundamentais do sistema para cada posição, restringindo as

translações dos pontos das guias ligados aos elementos de modelação dos brackets.

A análise dinâmica permite contabilizar conjuntamente os efeitos associados aos seguintes aspectos

que afectam o comportamento global do sistema de guias, esquematizados na Fig. 6.25:

Parcela 1: deslocamentos entre brackets pisos, os quais encontram-se relacionados com os

deslocamentos entre pisos.

Parcela 2: deformação local da guia devido ao contacto desta com a cabine/contrapeso.

Page 155: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

129

Com base numa abordagem simplista, procura-se quantificar ambas as componentes através de duas

análises distintas. Na primeira recorre-se a um modelo da guia isolada, isto é, sem incluir a cabine ou

contrapeso, para determinar os efeitos relacionados com a deformação do próprio edifício. Na

segunda análise considera-se o posicionamento da cabine e do contrapeso nas respectivas guias,

contabilizando assim ambas as parcelas.

Desta forma, este processo possibilita determinar a resposta do sistema e identificar os efeitos

isolados, permitindo assim validar a análise comparativa que constitui o cerne deste trabalho.

Fig. 6.25 – Esquemas das deformações associados a cada uma das parcelas que definem o

comportamento global da guia quando afectada pela acção sísmica.

Parcela 1

Parcela 2

+

Page 156: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

130

Fig. 6.26 - Três primeiros modos de vibração da guia da cabine e do contrapeso sem massa aplicadas

(eixos da secção transversal).

Fig. 6.27 - Modos de vibração da guia da cabine para a posição 15, situação A, massas aplicadas

segundo y, com e sem a influência do edifício (eixos da secção transversal).

Guia da cabine sem a

influência do edifício

Guia da cabine com a

influência do edifício

Massas aplicadas

na guia da cabine

Modos de vibração da guia

da cabine sem massas

Modos de vibração da guia

do contrapeso sem massas

Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 1 Modo 2 Modo 3

Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 1 Modo 2 Modo 4 Modo 5 Modo 3

Page 157: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

131

Fig. 6.28 - Modos de vibração da guia do contrapeso para a posição 15, situação A, massas aplicadas

segundo y, com e sem influência do edifício (eixos da secção transversal).

6.5.2.2. Modelação da Acção Sísmica

Como a prEN81-77 considera o comportamento do sistema em regime não linear, introduzido pelo

coeficiente de comportamento qa, recorre-se a espectros de resposta de projecto para a elaboração

de uma análise dinâmica do sistema edifício-elevador de acordo com o preconizado na NP EN

1998:2009 [45], para os dois tipos de sismos.

O novo Hospital de Cascais consiste numa estrutura de betão armado (δ=5%) localizada no concelho

de Cascais, assente sobre um terreno do tipo B. Na modelação do edifício considerou-se nula a

influência da inclusão do sistema de elevador na estrutura, no coeficiente de amortecimento.

Tratando-se de uma instalação hospitalar, é fundamental garantir a operacionalidade da estrutura

para a prestação de apoio à população após um sismo, integrando-se assim na classe de importância

IV.

Uma estrutura construída com materiais com comportamento elástico linear apresenta,

consequentemente, um comportamento do mesmo tipo. Contudo, as estruturas são dimensionadas

para forças e deformações subsequentes ao regime elástico linear, nomeadamente, prevê‐se a

plastificação de armaduras em zonas pontuais da estrutura para acções com muito baixa

probabilidade de ocorrência, correspondentes aos Estados Limites Últimos. Neste âmbito, o sismo

Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 4 Modo 5

Guia do contrapeso sem

a influência do edifício

Guia do contrapeso com a

influência do edifício

Massas aplicadas na

guia do contrapeso

Page 158: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

132

distingue‐se de outras acções, como é o caso das sobrecargas, por ser uma deformação imposta.

Isto permite tirar partido da ductilidade do material e fazer uma análise que prevê que as forças a

actuar na estrutura são inferiores àquelas que se obteriam para um comportamento elástico linear.

Para contornar uma complexa análise elasto‐plástica da resistência e da ductilidade ou fragilidade de

uma secção ou zona para cada esforço que nela se gera devido ao sismo, utiliza-se, de acordo com a

regulamentação para dimensionamento sísmico, o conceito de coeficiente de comportamento, o qual

permite aproveitar a facilidade de calcular toda a estrutura como se as forças de inércia que nela se

desenvolvem fossem as correspondentes a um regime elástico linear, mas que diminui os efeitos

destas de forma tão mais acentuada quanto maior for o valor do coeficiente de comportamento.

Desta forma, este parâmetro aproveita não só a ductilidade da estrutura e a capacidade de a explorar

(formação selectiva de rótulas plásticas), como considera também a capacidade de dissipação de

energia por parte da estrutura.

O EC8 permite determinar o coeficiente de comportamento (q) através da seguinte equação:

(6.4)

Com

= (6.5)

Sendo,

q – coeficiente de comportamento da estrutura;

q0 – valor de base do coeficiente de comportamento;

kw – factor redutor que considera a influência das paredes no modo de rotura da estrutura;

hwi – altura da parede i;

lwi – largura da parede i.

De acordo com os critérios definidos no EC8 (art.º 4.2.3.2) constatou-se que o edifício caracteriza-se

por uma irregularidade em altura e planta, consistindo numa estrutura de rigidez concentrada e

exigindo um modelo de análise tridimensional. Como tal, o valor de q0 é igual a 2,0, o qual deve ser

reduzido em 20% devido à irregularidade em altura da estrutura. Como para o presente caso, o valor

de kw é superior à unidade, este parâmetro é igual a 1,0. Posto isto, adopta-se um coeficiente de

comportamento da estrutura igual a 1,6.

O cálculo de todos os parâmetros utilizados na definição do espectro encontram-se expostos no

Anexo A.1.3. Assim, de acordo com o artigo 3.2.2.5 da NP EN1998:2009 (A.1.2), é possível traçar os

Page 159: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

133

espectros de projecto, correspondentes ao Estado Limite Último, para as zonas sísmicas 1.3 e 2.3,

representados na Fig. 6.28.

Na análise dinâmica avalia-se isoladamente a resposta do sistema em cada direcção quando sujeito

apenas a uma das componentes direccionais (x e y) dos espectros acima definidos.

Realça-se o facto de os sismos também produzirem uma componente vertical da aceleração do solo.

Contudo, não se considera justificável a sua contabilização no presente estudo, pois a estrutura não

apresenta massas significativas não apoiadas e admite-se ainda que o hospital não se encontra

próximo da zona epicentral.

Fig. 6.29 - Espectros de cálculo.

A combinação modal reflecte a participação de cada um dos modos de vibração na resposta global

da estrutura. Assim, neste trabalho, os efeitos sísmicos são determinados através da combinação

quadrática completa (CQC) dos resultados modais dos primeiros 15 modos de vibração, os quais

reflectem mais de 85% da resposta da estrutura. Como apenas se considera a acção sísmica a actuar

isoladamente numa única direcção, a combinação direccional não é importante.

6.5.3. Análise Estática

Determina-se a resposta do sistema de guias quando solicitado pelas forças estáticas transmitidas

pelas guiadeiras, com especial foco nas acções estabelecidas no ASME A17.1 e prEN81-77.

6.5.3.1. Modelação da Acção Estática (Cabine e Contrapeso)

As forças estáticas transmitidas pelas guiadeiras da cabine e do contrapeso à guia durante um evento

sísmico, são definidas como cargas móveis, sendo modeladas com veículos tipos caracterizados por

um par de forças aplicadas isoladamente segundo os eixos x e y da secção transversal da guia, e

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

0,0 0,2 1,0 2,0 3,0 4,0

Sd

(m/s

2)

T

(s)

Sismo 1

Sismo 2

Page 160: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

134

distanciadas pelo comprimento existente entre as guiadeiras (L), esquematizado na Fig. 6.30. Assim,

permite abranger um maior conjunto de posições do elevador.

Note-se que para a situação B (direcção y) apenas se considera a actuação de uma única carga

móvel. Para tal, define-se o caminho de carga introduzido por meio de lanes, correspondentes às

zonas percorridas por cada roçadeira.

Fig. 6.30 - Esquema do veículo tipo utilizando na definição da acção estática para a situação A.

Tabela 6.12 – Altura entre guiadeiras (L) consideradas na definição da acção sísmica.

L

(m)

Cabine 3,74

Contrapeso 2,17

Segue-se a quantificação dos parâmetros utilizados na definição das acções de dimensionamento

sísmico determinadas de acordo com os métodos preconizados no conjunto de regulamentos

supramencionados. As acções consideradas baseiam-se nas massas expostas nas tabelas 6.11 e

6.12, referentes a cada componente. Para o sistema da cabine considera-se a sua massa acrescida

de 40% da sua capacidade de carga.

ASME A17.1

Consultando o mapa de zonamento sísmico de Portugal de acordo com o regulamento

norte-americano (Fig. 5.8), constata-se que o novo Hospital de Cascais se encontra na zona 2. Como

tal, identifica-se a aceleração de 0,25g a considerar na definição da acção sísmica. Note-se que a

distância vertical entre guiadeiras é sempre superior a 65% do vão máximo (2,5 m), assim as massas

da cabine e do contrapeso não são afectadas do factor correctivo Q.

prEN81-77:2010

Os parâmetros a considerar no cálculo do coeficiente sísmico são idênticos aos utilizados na

definição dos espectros de cálculo acima referidos, uma vez que a prEN81-77 baseia-se no EC8 e no

L

Page 161: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

135

AN. Adopta-se ainda um coeficiente de comportamento (qa) e de importância do equipamento (γa)

igual a 2,0 e 1,0 respectivamente.

Tendo em conta que o piso 0 encontra-se semi-enterrado ao longo da fachada Este, associado ao

facto da laje ao nível do piso 1 apresentar deslocamentos correspondentes a cerca de 1/5 dos

verificados no piso superior quando o modelo do edifício é solicitado pelo espectro de cálculo,

admite-se que a base rígida localiza-se ao nível do piso 1. Posto isto, a altura da estrutura acima do

solo é de 32 m (H) e o ponto z = 0 localiza-se à cota de 1,6 m relativamente à base da guia.

De acordo com o exemplo proposto pela pré-norma europeia, analisa-se ainda a situação

caracterizada por z máximo, correspondente à extremidade superior da guia, e considerando o

sistema rígido (Ta = 0).

Guia para a Instalação de Equipamentos para Unidades de Saúde em Zonas Sísmicas

De acordo com o zonamento sísmico e a classificação das estruturas preconizados no referido

regulamento, conclui-se que o hospital em estudo insere-se na categoria D e localiza-se nas zonas Ib

e II para a acção sísmica 1 e 2 respectivamente [51]. Desta forma, as acelerações do solo (aN) a

considerar no cálculo da força de dimensionamento caracterizam-se pelos valores de 2,5 e 3,5 m/s2

para a zona Ib e II respectivamente.

FEMA 450

Na seguinte tabela são expostos os coeficientes de comportamento (Rp) e de importância (Ip) do

sistema de elevador, o factor de amplificação dinâmica (ap) e o valor máximo de aceleração do

espectro de resposta de projecto dividido pela aceleração gravítica (SDS), necessários para a

definição da acção de dimensionamento sísmico. Admite-se que a altura do edifício acima de uma

base rígida é de 32 m.

Tabela 6.13 - Parâmetros para a definição da acção de dimensionamento prescrita no FEMA 450.

Rp Ip ap SDS

Sismo 1 Sismo 2

2,5 1,5 1,0 0,52 0,48

6.5.4. Resultados a Verificar

Para confrontar as metodologias de dimensionamento sísmico do sistema de guias, propostas nos

documentos abordados nesta dissertação, realiza-se uma análise comparativa, com base nos

seguintes parâmetros caracterizantes do comportamento destes elementos:

Page 162: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

136

acelerações horizontais;

momentos e tensões de flexão;

deslocamentos horizontais.

6.5.5. Acelerações

Determinam-se as acelerações induzidas pela acção sísmica com base na análise dinâmica modal

por espectro de resposta de projecto, as quais são confrontadas com os valores determinados de

acordo com o conjunto de metodologias abordadas. Este parâmetro adquire especial importância

para sistemas com casa de máquinas no topo do edifício, onde as acelerações são, geralmente,

máximas.

É imperativo ter em conta que o método preconizado na prEN81-77 apenas incorpora o efeito de

amplificação das acelerações dependentes do período fundamental da estrutura (e do sistema).

Além disso, a pré-norma europeia não considera explicitamente nenhum coeficiente de

comportamento da estrutura. Como tal, incorpora o parâmetro qa, identificado como o coeficiente de

comportamento do sistema de elevador, o qual traduz a redução das acelerações devido ao

comportamento não linear da estrutura/sistema.

O espectro de dimensionamento utilizado na análise dinâmica, vem afectado de coeficiente de

comportamento do edifício (T ≥ TB). Posto isto, é possível afirmar que ambas as metodologias, apesar

de não comportarem coeficientes de valores exactamente iguais, permitem considerar indirectamente

as consequências de entrada em regime não linear, tanto da estrutura como do sistema de elevador,

garantindo-se um nível de coerência dos resultados obtidos.

Relativamente ao código norte-americano coloca-se a questão do tipo de comportamento a

considerar, uma vez que não é especificado qualquer tipo de coeficiente de comportamento ou

semelhante. Numa primeira análise admite-se que a aceleração de dimensionamento de 0,25g já

considera o comportamento não linear devido à estrutura ou ao próprio sistema de elevador.

6.5.6. Momentos Flectores e Tensões

Os momentos flectores obtidos pela análise dinâmica, resultam da interacção guia–estrutura e

guia-cabine/contrapeso, esquematizadas na Fig. 6.31, relativamente às componentes que integram o

comportamento sísmico das guias, identificadas na Fig. 6.25.

Page 163: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

137

Fig. 6.31 – Diagrama de momentos flectores associados a cada uma das parcelas da Fig. 6.25.

Note-se que para a secção a meio vão da guia os momentos impostos pelo deslocamento relativo

entre brackets apresenta um impacto praticamente irrelevante na resposta global do sistema.

No entanto, verifica-se a necessidade de alguma ponderação relativamente aos valores a considerar

na avaliação comparativa. A parcela associada à deformação local da guia é obtida pela diferença

entre os momentos resultantes da análise do modelo da guia com e sem elevador (M2-M1), a qual

deve vir acrescida do efeito do movimento dos pisos. No entanto, esta última componente vem

afectada pelo coeficiente de comportamento, mas, na realidade, tratam-se de esforços gerados pelos

deslocamentos relativos entre pisos, e, como tal, devem vir desafectados de q (M1xq). Assim,

conjugando ambas as parcelas, obtém-se a equação (6.12).

Considerando,

(6.6)

(6.7)

Então,

(6.8)

(6.9)

(6.10)

Parcela 1

(M1)

Parcela 2

(M22)

+

Page 164: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

138

Sendo,

M – momentos flectores na guia devido ao posicionamento do elevador;

M1 – momentos flectores resultantes da primeira análise linear (modelo de guia isolada)

baseada no espectro de resposta de projecto;

M2 – momentos flectores resultantes da segunda análise linear (modelo de guia com

cabine/contrapeso) baseada no espectro de resposta de projecto;

M21 – parcela de M2 resultante do deslocamento entre pisos (igual a M1);

M22 – parcela de M2 resultante das oscilações das massas concentradas, obtida pela

subtracção directa entre os resultados da segunda e primeira análise;

q – coeficiente de comportamento da estrutura, igual a 1,6.

Como elementos de aço, as guias caracterizam-se por uma capacidade resistente limitada pela

cedência do material. As tensões geradas nas guias devido à actuação de massas sujeitas a um

espectro de cálculo ou de forças estáticas são determinadas com base nos esforços de flexão acima

calculados, os quais são relacionados através da seguinte expressão:

(6.11)

Note-se que na análise dinâmica, uma massa aplicada numa direcção e sujeita à correspondente

componente direccional do espectro, também vai produzir momentos na direcção contrária, devido às

características de torção próprias do edifício. Este efeito não é incorporado nas abordagens estáticas.

No presente estudo, despreza-se a contribuição do esforço axial, uma vez que apresenta uma

componente bastante reduzida.

A combinação direccional das tensões é realizada com base na raiz quadrada da soma dos

quadrados, definida na equação (6.12), uma vez que se considera ser mais condicionante.

Salienta-se o facto da combinação de tensões considerada na prEN81-77 basear-se na soma directa

das componentes.

(6.12)

Sendo,

ζi – tensões geradas na guia considerando a(s) massa(s) ou força(s) aplicada(s) segundo a

direcção i (i = x, y);

ζ – combinação direccional das tensões produzidas na guia;

ζx e ζy – tensões geradas na guia considerando a(s) massa(s) aplicada(s) segundo a direcção x

Page 165: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

139

e y respectivamente.

Mx e My – momentos flectores segundo o eixo x e y respectivamente;

wx e wy – módulos de flexão segundo ao eixo x e y respectivamente.

6.5.7. Deslocamentos

Como elementos fixos ao edifício, as guias encontram-se sujeitas às deformações da própria

edificação acrescidas aos deslocamentos provocados pelas vibrações, induzidas pela cabine e

contrapeso. Este parâmetro comporta uma importância significativa em garantir a funcionalidade do

sistema de elevadores, uma vez que a deformação das guias condiciona a adequada orientação do

movimento vertical dos componentes.

De acordo com o art.º 4.3.4 do EC8, o cálculo dos deslocamentos resultantes da acção sísmica

baseada no espectro de resposta de projecto resulta da multiplicação pelo coeficiente de

comportamento da estrutura (q). Porém, relembra-se que este procedimento não é contabilizado na

abordagem definida pela pré-norma europeia, uma vez que os deslocamentos continuam afectados

do coeficiente de comportamento do sistema (qa), resultando em deslocamentos menores, o que

limita a viabilidade da comparação directa entre análises.

Posto isto, os deslocamentos a considerar da análise dinâmica derivam do deslocamento entre

brackets consecutivos (da), devido ao movimento dos pisos, e à deformação interna do troço da guia

considerada sob a acção da cabine ou contrapeso (db). Assim, recorre-se às seguintes expressões:

(6.13)

(6.14)

(6.15)

(6.16)

(6.17)

Sendo,

d – deslocamento total da guias devido à acção sísmica;

Page 166: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

140

d1 – deslocamento resultante da primeira análise linear (modelo de guia isolada) baseada

no espectro de resposta de projecto;

di – deslocamento resultante da primeira análise linear (modelo de guia isolada) baseada

no espectro de resposta de projecto, ao nível do bracket i localizado sob o ponto onde

se pretende determinar d;

d2 – deslocamento resultante da segunda análise linear (modelo de guia com

cabine/contrapeso) baseada no espectro de resposta de projecto;

q – coeficiente de comportamento da estrutura.

6.6. ANÁLISE DE RESULTADOS

6.6.1. Forças Estáticas de Dimensionamento Sísmico

Nos seguintes gráficos são expostas as acções de dimensionamento sísmico estabelecidas para o

sistema de guias pelos vários documentos abordados, ao longo das 28 posições.

Com base no modelo de elementos finitos de viga contínua, determinaram-se os períodos

fundamentais do sistema para cada posição da cabine e do contrapeso e direcção de aplicação das

massas (ver Anexo A.3.2).

Os valores apresentados nos gráficos das figuras 6.32 e 6.33 correspondem às forças máximas

transmitidas a cada guia da cabine e do contrapeso ao nível das roçadeiras, paralelamente à alma da

secção transversal da guia (mais condicionante), para a acção sísmica 1 (S1) e 2 (S2) e tendo em

conta a distribuição vertical da massa de cada componente. Para a situação A, a acção é definida

com base numa aceleração máxima associada à cota da guiadeira superior.

O eixo das abcissas corresponde à distância ao longo da altura da guia (sentido ascendente).

Page 167: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

141

Fig. 6.32 - Forças estáticas de dimensionamento sísmico transmitidas a cada guia da cabine segundo y:

(a) situação A (guiadeira inf.); (b) situação B (guiadeira inf.); (c) situação B (guiadeira sup.).

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Gu

ia(m

)

Força(kN)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Gu

ia(m

)

Força(kN)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0

Gu

ia(m

)

Força(kN)(a) (b) (c)

Page 168: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

142

Fig. 6.33 - Forças estáticas de dimensionamento sísmico transmitidas a cada guia do contrapeso

segundo y: (a) situação A (guiadeira inf.); (b) situação B (guiadeira inf.); (c) situação B (guiadeira sup.).

Os gráficos apresentados permitem visualizar a evolução da força de dimensionamento sísmico em

função da localização da cabine ou do contrapeso na guia, sendo constante segundo a metodologia

preconizada no ASME A17.1 e Davidovici [40]. Para as restantes abordagens, a acção é máxima ao

nível da posição mais elevada, como seria espectável, uma vez que as acelerações, em geral,

aumentam com a altura do edifício.

Ao contrário do que se verifica em Davidovici [40] e APFS 90 [3], o sismo tipo 1 traduz a acção mais

condicionante em ambos os tipos de guias.

Como consequência da elevada massa associada ao sistema do contrapeso, e respectiva

distribuição, é possível realmente constatar que este elemento se encontra sujeito a uma maior

solicitação aquando um sismo.

Numa primeira observação, facilmente se constata o carácter majorativo da acção de Davidovici [40]

(S2) ao longo de toda a altura das guias. No entanto, este método pode apresentar-se

excessivamente conservativo, comprometendo a adequabilidade e a optimização do processo

dimensionamento, resultando assim no sobredimensionamento do sistema.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

Gu

ia(m

)

Força(kN)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0

Gu

ia(m

)

Força(kN)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0

Gu

ia(m

)

Força(kN)(a) (b) (c)

Page 169: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

143

A acção determinada de acordo com a prEN81-77 apresenta uma evolução bastante semelhante à

obtida pelo FEMA 450 e próxima do ASME A17.1, porém, apresenta-se sempre como a mais

conservativa.

Nos gráficos expostos, o FEMA 450 (S2) e o ASME A17.1 fornecem valores mínimos para os pisos

inferiores e superiores respectivamente. Geralmente, esta transição ocorre no terço intermédio das

guias (10 a 20 metros), onde os vãos apresentam idêntico comprimento.

Na posição correspondente ao último piso (posição 28), observa-se ainda, em ambas as guias, uma

elevada proximidade entre as acções determinadas de acordo com a APFS 90 (S2) [3] e Davidovici

(S1) [40].

De uma forma geral, em termos de quantificação da acção de dimensionamento, a metodologia

proposta pela prEN81-77, apresenta uma índole mais conservativa para ambos os sistemas

comparativamente com o método prescrito no ASME A17.1 e FEMA 450. Contudo, apresenta valores

inferiores relativamente à acção definida na APFS 90 [3] e Davidovici [40].

Estas discrepâncias devem-se à ausência ou incorporação de diferentes coeficientes de

comportamento, associado a distintas amplificações da aceleração com a cota do equipamento e

ainda a influência da interacção entre a estrutura e o sistema em estudo, nomeadamente o efeito de

ressonância. Este último é incorporado nas metodologias baseadas no EC8 (prEN81-77) pela relação

Ta/T1 e do APFS 90 [3] através de Sf.

6.6.2. Acelerações

Nas seguintes figuras expõem-se os gráficos representativos da envolvente de acelerações gerada

em cada guia. Apenas são expostos os resultados derivados da acção sísmica 1, uma vez que se

apresenta como a mais condicionante.

Para a situação A, as acelerações determinadas de acordo com a prEN81-77 correspondem ao valor

máximo associado à guiadeira superior. Assim, de forma a considerar a situação mais desfavorável,

admite-se igual aceleração na roçadeira superior e inferior. Contudo, como estas ocupam posições

distintas na guia e, no caso do contrapeso, estão associadas a diferentes forças, representa-se

graficamente a aceleração para cada guiadeira.

Page 170: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

144

Fig. 6.34 - Envolvente das acelerações ao longo da guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a) segundo

x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B.

Fig. 6.35 - Envolvente das acelerações ao longo da guia do contrapeso geradas pelo sismo tipo 1:

(a) segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

Gu

ia

(m)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

Gu

ia

(m)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

Gu

ia(m

)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80

Gu

ia(m

)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80

Gu

ia(m

)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Gu

ia

(m)

Aceleração(g)

(a) (b) (c)

(a) (b) (c)

Page 171: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

145

Tabela 6.14 - Acelerações máximas na guia associadas ao movimento dos pisos, obtidas em cada análise

para a situação A (sismo 1).

ax

(g)

ay

(g)

Guia ASME

SAP

2000

(EC8)

prEN81-77 SAP

2000

(EC8)

prEN81-77

G. Inf. G.

Sup.

z max

(Ta=0) G. Inf.

G.

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B

0,25 0,44

0,39

0,37 0,40

0,39

0,37

T82A 0,39 0,39

Tabela 6.15 - Acelerações máximas na guia associadas ao movimento dos pisos, obtidas em cada análise

para a situação B (sismo 1).

ay

(g)

Guia ASME

SAP

2000

(EC8)

prEN81-77

G. Inf. G.

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B

0,25 0,40

0,36 0,39

0,37

T82A 0,37 0,38

Com base na discrepância dos resultados obtidos, constata-se a existência de um aspecto em que

metodologias analisadas não são comparáveis, nomeadamente a amplificação local da resposta das

guias, a qual está associada à existência de modos de vibração locais destes elementos,

representados pelos picos de aceleração correspondentes aos pontos de localização das roçadeiras.

Este efeito, apenas considerado na análise dinâmica, chega mesmo a ultrapassar os valores de

aceleração verificados nos pisos de topo.

Estas amplificações são bastante acentuadas, nomeadamente, no sistema do contrapeso (direcção

y), o qual se caracteriza por maiores massas e a uma menor rigidez. Contudo, ao considerar uma

distribuição vertical da massa da cabine idêntica à do contrapeso, o comportamento do sistema

aumenta significativamente (ver anexo A.3.3).

Desta forma, procede-se à análise comparativa das metodologias com base, apenas, na amplificação

de acelerações em função do período fundamental do edifício e do sistema, representada pelos

traçados ―Guia sem Cabine‖ e ―Guia sem Contrapeso‖.

Assim, verifica-se que ambas as guias apresentam um comportamento análogo, uma vez que

dependem das vibrações induzidas pelo edifício ao sistema, não tendo qualquer influência a massa e

Page 172: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

146

distribuição dos componentes. Curiosamente, constata-se que, de acordo com a classificação de

elevadores prescrita na prEN81-77, o sistema encontra-se inserido na classe 3, contudo a aceleração

definida pelo ASME A7.1 corresponde a um sistema de classe 2. Porém, a pré-norma impõe um

dimensionamento sísmico das guias para ambas as categorias.

A representação gráfica dos resultados concernentes à prEN81-77, permitem verificar a evolução

linear das acelerações ao longo do elemento, acompanhando a tendência observada nas guias

isoladas. No sistema do contrapeso esta linearidade encontra-se de forma menos patente,

observando-se um comportamento mais conservativo associado à maior massa, o que afecta os

períodos fundamentais do sistema em função das diferentes posições consideradas.

A metodologia preconizada na pré-norma europeia não abrange os resultados obtidos pela (primeira)

análise dinâmica apenas ao nível dos pisos de topo, onde as acelerações da estrutura são máximas e

onde se encontram instalados a unidade motriz e de controlo, excedendo o valor máximo de 0,39 g, o

qual não considera o sistema totalmente rígido (Ta ≠ 0).

Relativamente ao código norte-americano, admitindo um comportamento não linear devido à estrutura

ou ao próprio sistema de elevador, verifica-se que o valor de 0,25g (zona 2) é bastante inferior aos

resultados obtidos pela análise dinâmica para a metade superior da guia, apresentando um

comportamento menos conservativo comparativamente com a prEN81-77. Desta forma, a aceleração

verificada no topo do sistema transcende largamente o valor de dimensionamento estipulado no

ASME A17.1. Este aspecto sugere que o valor de pico de 0,25g não incorpora o efeito de

amplificação das acelerações com a altura do edifício.

Coloca-se ainda a questão da adequabilidade do nível de disparo do interruptor sísmico proposto

pelos vários regulamentos, destacando-se o valor 0,15g e 0,10g do ASME A17.1 e prEN81-77

respectivamente. O primeiro considera o sensor instalado na casa de máquinas (pisos superiores)

onde são registadas acelerações máximas de 0,44g, traduzindo-se na activação do dispositivo. Na

pré-norma, o sensor é colocado ao nível dos pisos inferiores. Curiosamente, observa-se que ao nível

do primeiro bracket são registadas acelerações no valor de 0,03g em ambos os sistemas, o qual é

inferior ao limite de activação preconizado na prEN81-77.

Contudo, as envolventes representadas nos gráficos das figuras 6.34 e 6.35 obtidas pela análise

dinâmica, apenas incorporam a aceleração relativa, desprezando a aceleração do solo. Este aspecto

justifica o facto de este parâmetro ser nulo na base do sistema, onde deveria ser igual à aceleração

do solo, o que também implicaria um incremento das acelerações nos pisos inferiores.

6.6.3. Momentos Flectores

Nas figuras 6.36 e 6.37 traçam-se as envolventes dos momentos de flexão na guia da cabine e do

contrapeso obtidas pelas análises dinâmica e estáticas, considerando ambas as situações (A e B).

Page 173: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

147

Na análise dinâmica, a forte componente de torção característica do edifício, também provoca

momentos nas guias segundo a direcção de aplicação das massas, porém os seus valores não se

encontram ilustrados nos seguintes gráficos, uma vez que, de uma forma geral, são menos

condicionantes.

Os resultados referentes à prEN81-77 encontram-se representados para ambas as guiadeiras, sendo

a inferior a mais condicionante, no caso do contrapeso, uma vez que está associada a maiores

massas. Como já foi referido, admite-se igual aceleração ao nível de ambas as roçadeiras, adoptando

o valor máximo para cada posição, o qual é definido pela localização da guiadeira superior, uma vez

que se encontra a uma cota mais elevada.

No sistema da cabine, para a situação B (Fig. 6.36), a envolvente das tensões máximas geradas pela

acção sísmica definida de acordo com o ASME A17.1 é representada sem referir qual a guiadeira

com que estabelece contacto com a guia, uma vez que as massas a que se encontram associadas

são idênticas. Assim, admite-se que o contacto pode ocorrer em qual parte da guia, permitindo obter

resultados mais extensos.

Note-se que os valores de Mx e My correspondem aos momentos gera dos nas guias considerando a

massa aplicada segundo x e y respectivamente.

Fig. 6.36 - Envolvente dos momentos flectores ao longo da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1 em

função da direcção de aplicação das massas: (a) x, situação A; (b) y, situação A; (c) y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Gu

ia(m

)

Mx

(kNm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Gu

ia

(m)

My

(kNm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Gu

ia

(m)

My

(kNm)(a) (b) (c)

Page 174: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

148

Fig. 6.37 - Envolvente dos momentos flectores ao longo da guia do contrapeso gerados pelo sismo tipo 1

em função da direcção de aplicação das massas: (a) x, situação A; (b) y, situação A; (c) y, situação B.

Tabela 6.16 - Limites máximos e mínimos do comprimento dos vãos e dos momentos de inércia da

secção transversal da guia respectivamente de acordo com o estipulado no ASME A17.1 (sem apoios

intermédios).

Guia

lmax

(m)

Imin

(cm4)

ASME A17.1 Sistema

Real

ASME A17.1 Sistema Real

x y Ixx Iyy Ixx Iyy

T125B 14,55 28,29

2,50

8,56 4,28 151,00 159,00

T82A 4,89 7,09 19,37 8,35 49,40 30,50

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Gu

ia(m

)

Mx(kNm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0

Gu

ia(m

)

My(kNm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 2,0 4,0 6,0

Gu

ia(m

)

My(kNm)(a) (b) (c)

Page 175: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

149

Tabela 6.17 – Momentos flectores máximos na guia obtidos em cada análise para a situação A (sismo 1).

Mx

(kNm)

My

(kNm)

Guia ASME

SAP

2000

(EC8)

prEN81-77

ASME

SAP

2000

(EC8)

prEN81-77

G. Inf. G.

Sup.

z max

(Ta=0) G. Inf.

G

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B 0,48 0,86 1,63 0,84 0,95 1,37 0,82 1,69

T82A 0,73 1,63 1,25 0,62 1,30* 1,47 3,63 2,49 1,24 2,61*

*Acção transmitida ao nível da roçadeira inferior

Tabela 6.18 - Momentos flectores máximos na guia obtidos em cada análise para a situação B (sismo 1).

My

(kNm)

Guia

ASME SAP2000

(EC8) prEN81-77

G. Inf. G.

Sup. G. Inf.

G.

Sup. G. Inf.

G.

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B 1,47 1,37 1,32 1,51 1,63 1,69

T82A 1,47 0,73 5,33 1,52 2,37 1,24 2,61*

*Acção transmitida ao nível da roçadeira inferior

Com base no conjunto de esforços obtidos pela análise dinâmica e representados graficamente,

verifica-se que grande parte dos momentos de flexão estão associados à deformação local da guia,

constatando-se a ocorrência de picos máximos ao longo do elemento, nomeadamente nas zonas a

meio vão.

A situação B (guiadeira infeiror) constitui o cenário mais condicionante, nomeadamente no sistema do

contrapeso, onde os valores máximos determinados de acordo com a pré-norma são sobrepujados

pontualmente, independentemente da situação considerada. No sistema da cabine, para a situação

A, a prEN81-77 não garante a segurança ao nível da zona inferior da guia, ou considerando uma

distribuição de massa igual à adoptada para o contrapeso (ver anexo A.3.3).

Contrariamente ao verificado nas acelerações obtidas pela análise dinâmica, constata-se que a

situação mais condicionante em termos de momentos flectores, encontra-se associada às massas

concentradas aplicadas segundo a direcção y. Esta situação deve-se ao facto dos esforços

analisados incorporarem os efeitos relacionados com o contacto entre a guia e a cabine/contrapeso e

o movimento entre pisos.

Page 176: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

150

Os valores determinados pelo código norte-americano são máximos para a situação B (massas

aplicadas segundo y), embora apresentem-se largamente inferiores aos momentos flectores obtidos

pela prEN81-77 e pela análise dinâmica para o sistema do contrapeso. Este aspecto aponta para

uma abordagem pouco conservativa. Na guia da cabine, mais especificamente para a situação B, os

resultados impõem-se à resposta dinâmica do sistema, mas sempre abrangidos pelos valores

máximos da prEN81-77.

Consultando a Tabela 6.16, verifica-se que os requisitos mínimos e máximos de inércia e de

espaçamento entre brackets, respectivamente, determinados de acordo com o ASME A17.1

considerando a massa total do componente, encontram-se respeitados. Assim, a metodologia

norte-americana garante que o sistema em estudo é suficientemente resistente para suportar em

segurança a acção sísmica considerada. No entanto, esta afirmação, e consequentemente as

expressões apresentadas na secção 5.4.2, não estão em conformidade com o comportamento

dinâmico apresentado pelo sistema. Este aspecto levanta questões referentes à eficácia e

adequabilidade da aplicação da metodologia de dimensionamento sísmico das guias, podendo

comprometer a segurança do elevador.

6.6.4. Tensões de Flexão

As envolventes das tensões de flexão ilustradas nas figuras 6,38 e 6.39, resultam do efeito

combinado dos momentos segundo ambas as direcções, englobando ainda os esforços associados à

forte componente de torção própria da estrutura. É importante ter em mente que este aspecto não se

encontra contemplado nas análises estáticas.

Page 177: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

151

Fig. 6.38 - Envolvente das tensões de flexão na guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a) situação A;

(b) situação B.

Fig. 6.39 - Envolvente das tensões de flexão na guia do contrapeso geradas pelo sismo tipo 1:

(a) situação A; (b) situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0

Gu

ia(m

)

Tensão(MPa)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0

Gu

ia

(m)

Tensão(MPa)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 100,0 200,0 300,0 400,0

Gu

ia

(m)

Tensão(MPa)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 200,0 400,0 600,0

Gu

ia

(m)

Tensão(MPa)

(a) (b)

(a) (b)

Page 178: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

152

Tabela 6.19 – Tensões de flexão máximas na guia obtidas em cada análise para a situação A (sismo 1).

σ

(MPa)

Guia ASME

SAP

2000

(EC8)

prEN81-77

G. Inf. G.

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B 40,98 74,04 66,56 58,25

T82A 175,03 388,76 268,48 129,91 253,92*

*Acção transmitida ao nível da roçadeira inferior

Tabela 6.20 - Tensões de flexão máximas na guia obtidas em cada análise para a situação B (sismo 1).

σ

(MPa)

Guia

ASME SAP2000

(EC8) prEN81-77

G. Inf. G.

Sup. G. Inf.

G.

Sup. G. Inf.

G.

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B 59,18 74,04 72,53 61,72 66,56 63,23

T82A 164,08 114,39 545,18 223,25 263,70 129,17 231,22*

*Acção transmitida ao nível da roçadeira inferior

Mais uma vez, é bastante evidente o comportamento condicionante da guia T82A, nomeadamente

para a situação B. Este facto resulta não só dos maiores esforços associadas à elevada massa do

elemento, assim como das suas características geométricas, tais como, menor área da secção

transversal e menor inércia, traduzindo-se numa menor rigidez do sistema, comparativamente com o

da cabine.

A resposta dinâmica da guia do contrapeso excede largamente as tensões determinadas de acordo

com a prEN81-77 (e ASME A17.1), atingindo valores bastante elevados na ordem dos 389 e 545 MPa

para a situação A e B respectivamente, os quais são obviamente superiores à tensão de cedência do

material (370 MPa). É importante ter em conta que metodologia preconizada na pré-norma europeia

considera o efeito conjunto da força sísmica com outras acções (excentricidade de cargas), o que

resultaria num incremento deste parâmetro.

Relativamente à guia da cabine, verifica-se que a metodologia preconizada no ASME A17.1

apresenta um comportamento bastante similar ao obtido pela análise dinâmica, contudo a segurança

não é garantida, nomeadamente ao nível dos primeiros brackets, uma vez que estão associados a

Page 179: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

153

menores vãos. Constata-se que a tensão determinada pela pré-norma para z máximo é sempre

inferior à cedência do material.

Note-se que a tensão máxima obtida de acordo com a acção definida na ASME A17.1, não excede o

valor de 75 MPa, o qual é inferior ao limite de 88% da tensão de cedência.

Constata-se que as tensões máximas não ocorrem no topo das guias, ao contrário do que se verifica

ao nível da estrutura, onde as acelerações tendem a ser superiores nos pisos mais elevados. Uma

justificação para estes resultados consiste no facto do posicionamento da cabine e do contrapeso nas

guias afectarem significativamente as características dinâmicas do sistema, revelando-se como um

factor condicionante no seu dimensionamento sísmico.

Aponta-se ainda para o facto da tensão de cedência de 370 MPa ser inferior ao valor mínimo

regulamentado no código americano (380 MPa).

6.6.5. Deslocamentos

Os gráficos que se seguem traduzem a envolvente dos deslocamentos das guias resultantes apenas

do contacto das guiadeiras da cabine e do contrapeso (deformação local), com base nas posições

previamente estipuladas.

Fig. 6.40 - Envolvente dos deslocamentos resultantes da deformação local da guia da cabine, gerados

pelo sismo tipo 1: (a) segundo x, situação A; (b) segundo y situação A; (c) segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,5 1,0 1,5

Gu

ia(m

)

dx(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)(a) (b) (c)

Page 180: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

154

Fig. 6.41 - Envolvente dos deslocamentos resultantes da deformação local da guia do contrapeso

gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação

B.

Tabela 6.21 – Deslocamentos máximos na guia (associados à sua deformação local) obtidos em cada

análise para a situação A.

dx (mm)

dy

(mm)

ASME SAP 2000

prEN81-77

ASME SAP 2000

prEN81-77

G. Inf. G.

Sup. z max (Ta=0)

G. Inf. G

Sup. z max (Ta=0)

T125B 0,6 1,1 1,2 1,1 1,4 2,6 2,5 2,3

T82A 2,2 7,2 9,5 4,1 8,9 3,1 10,8 11,7 5,8 11,1*

*Ao nível da roçadeira inferior

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0

Gu

ia(m

)

dx

(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0

Gu

ia(m

)

dy

(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Gu

ia(m

)

dy

(mm)(a) (b) (c)

Page 181: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

155

Tabela 6.22 - Deslocamentos máximos na guia (associados à sua deformação local) obtidos em cada

análise para a situação B.

dy

(mm)

ASME SAP2000 prEN81-77

G. Inf. G.

Sup. G. Inf.

G.

Sup. G. Inf.

G.

Sup.

z max

(Ta=0)

T125B 2,2 2,5 2,3 2,3 2,5 2,6

T82A 3,1 1,6 16,3 5,5 11,1 5,8 11,1*

*Ao nível da roçadeira inferior

Como seria de esperar, as flechas máximas verificam-se nas proximidades das zonas de meio vão,

sobretudo nos primeiros e últimos vãos de 2,5 m de comprimento, e não no topo da guia.

De uma forma geral, independentemente da situação e direcção consideradas, consta-se que os

deslocamentos gerados na guia T82A e T125B são superiores aos determinados pelo ASME A17.1.

Para o sistema do contrapeso, a situação B retrata o cenário mais condicionante, excedendo em

cerca de 5 mm o deslocamento máximo determinado pela prEN81-77. Já na guia da cabine os

valores máximos determinados de acordo com a pré-norma encontram-se muito próximos dos obtidos

pela análise dinâmica.

Contudo, os gráficos das figuras 6.40 e 6.41 não consideram o efeito associado ao deslocamentos

entre brackets, o qual relacionado com os movimentos dos pisos. No anexo A.3.4 são representados

graficamente os deslocamentos totais das guias, verificando que a parcela associada aos

deslocamentos entre pisos apresenta-se bastante significativa, o que aponta para a inviabilização de

ambas as abordagens. Este parâmetro deve desempenhar um papel importante no dimensionamento

sísmico dos sistemas de elevadores, uma vez que a deformação das paredes da caixa interfere

substancialmente na manutenção da operacionalidade do sistema. Como tal, os resultados sugerem

que a prEN81-77 não garante a segurança do sistema face à acção sísmica, uma vez que não

considera esta parcela.

Assim, verifica-se que o dimensionamento sísmico dos sistemas de elevadores depende fortemente

da resposta do próprio sistema estrutural aquando um sismo.

O impacto desta componente pode ser consideravelmente reduzido caso o método de

dimensionamento estrutural do edifício considere a limitação necessária das deformações dos

elementos resistentes que integram a caixa de elevador, face à acção sísmica.

No entanto, é necessário ter em conta que os deslocamentos obtidos pela prEN81-77 continuam

afectados do coeficiente de comportamento do elevador, o que resulta em menores deformações.

Page 182: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

156

6.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises elaboradas revelam uma notória divergência de comportamentos entre os dois sistemas

de guias, cabine e contrapeso, evidenciando e reforçando a sensibilidade inerente deste último face à

acção sísmica.

Contudo, considerando para a cabine uma distribuição de massa vertical idêntica à admitida para o

contrapeso, verifica-se que ambos os sistemas apresentam um comportamento similar, pelo que este

parâmetro aparente desempenhar um papel importante na sua resposta face à acção sísmica.

Também as características dinâmicas da estrutura afectam fortemente a resposta do sistema, uma

vez que as tensões máximas geradas nas guias não ocorrem necessariamente nos pisos de topo.

A análise qualitativa referente ao ASME A17.1, aponta para uma metodologia de carácter não

conservativo, uma vez que se baseia numa aceleração de pico de 0,25g, cujo valor aparenta não

considerar os efeitos de amplificação com a altura ocupada pelo elemento no edifício. Desta forma, os

resultados obtidos para o caso de estudo permitem questionar o nível de segurança proporcionado

por esta metodologia no dimensionamento das fixações dos equipamentos e mesmo do próprio

sistema de guia para sismos com um elevado período de retorno. Este aspecto pode resultar em

graves consequências no âmbito da sua integridade e operacionalidade após um evento sísmico.

No entanto, a falta de informação referente ao tipo de comportamento adoptado na formulação da

metodologia preconizada no ASME A17.1, pode comprometer avaliação comparativa.

A abordagem europeia, ao não contemplar na íntegra o efeito associado ao movimento dos pisos do

edifício e à deformação local da guia, aparentemente não permite garantir a segurança e integridade

de ambos os sistemas, com particular destaque para o contrapeso, o qual comporta uma massa

superior relativamente à cabine.

No entanto, é necessário ter presente que a análise realizada assenta num caso singular e que o

modelo pode não retratar totalmente um comportamento verosímil do sistema. Este aspecto pode

justificar as elevadas amplificações locais acima verificas, comprometendo, assim, a análise

comparativa.

Reconhece-se ainda que a pré-norma europeia apresenta-se mais conservativa comparativamente

com o ASME A17.1.

Page 183: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

157

7. CONCLUSÕES

7.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

O incremento exponencial da procura de cuidados médicos, verificado após os eventos sísmicos,

torna imprescindível que as instalações hospitalares apresentem as suas capacidades e serviços,

considerados prioritários, totalmente activos. Como tal, consciencializa-se para a importância dos

sistemas de elevadores na dinâmica de funcionamento de um hospital, procurando-se garantir a sua

operacionalidade deste meio de transporte vertical com base na optimização do seu

dimensionamento face à acção sísmica.

Na presente dissertação, analisou-se o desempenho sísmico dos elevadores, procurando-se

identificar os componentes mais susceptíveis. Este processo tem como base uma recolha exaustiva

dos danos e das suas causas associadas, registados em oito terramotos ocorridos nos últimos 50

anos, essencialmente nos EUA e Japão.

Foram enunciados grande parte dos estudos numéricos e experimentais desenvolvidos nos últimos

anos e disponíveis na língua Inglesa e Espanhola, no âmbito do comportamento sísmico dos

elevadores. Estas pesquisas estão direccionadas para a problemática associada à interacção

guia-contrapeso, identificando os parâmetros que influenciam a resposta do sistema.

Abordaram-se métodos de dimensionamento sísmico abrangentes aos elementos não estruturais,

realçando o ASME A17.1 e prEN81-77, pela sua especificidade para sistemas de elevadores.

No âmbito da temática desta dissertação, realizou-se uma análise qualitativa e comparativa, na qual

se procurou confrontar um conjunto metodologias de dimensionamento sísmico do sistema de guias,

preconizados em alguns dos regulamentos abordados na presente dissertação — prEN81-77 e ASME

A17.1. Tendo-se optado como base de comparação, o comportamento sísmico de um sistema

instalado no novo Hospital de Cascais, determinado através de uma análise modal com espectro de

dimensionamento, preconizado na NP EN1998:2009 [45].

Esta análise dinâmica foi realizada com base num modelo de elementos finitos, desenvolvido no

programa SAP2000 (versão 12), na sua forma mais simplista, considerando os contactos entre a guia

e as guiadeiras da cabine e do contrapeso, como massas concentradas.

Assim, optou-se por não considerar a influência da velocidade vertical, excentricidades de carga, a

flexibilidade das guiadeiras e brackets, bem como as distâncias livres entre estes, as quais

constituem aspectos que introduzem não linearidades características do sistema em estudo. Estas

medidas destinam-se validar a comparação directa dos resultados, sem comprometer a integridade

da análise. Também se optou por limitar o nível de complexidade do edifício, definindo-se uma

estrutura hipotética, baseada no corpo central do hospital.

Page 184: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

158

Desta forma, considera-se a estrutura como um sistema primário e, no seu interior, mais

especificamente no núcleo central, um sistema secundário representativo do conjunto guia-cabine e

guia-contrapeso. Este processo permite contabilizar, simultaneamente, os efeitos associados ao

movimento dos pisos da estrutura (interacção edifício-guia) e ao contacto pontual entre a

cabine/contrapeso e a guia (interacção guia-elevador).

Os resultados obtidos representam o comportamento do sistema para um total de 28 posições,

referenciadas pela localização da guiadeira inferior ao nível dos pisos, dos brackets e meia distância

entre estes, fundamentadas pelo conceito de linhas de influência.

Na aplicação da metodologia preconizada no código ASME A17.1 (abordagem estática),

considerou-se o contacto entre os componentes e a guia como cargas pontuais definidas como

veículos, abrangendo assim uma gama de posições mais extensa.

Os parâmetros utilizados como base de comparação no processo de avaliação das metodologias

estudadas consistem nas acelerações, momentos flectores (e tensões) e deformações.

7.2. CONCLUSÕES

De uma forma geral, dado o escasso número de vítimas mortais nos elevadores verificados nos

terramotos supramencionados, constata-se que estes sistemas desempenham um papel favorável na

protecção da vida humana. Contudo, a gravidade dos danos materiais observados nos diversos

componentes, contribuem para a interrupção do funcionamento do sistema, o que compromete o

acesso vertical nas edificações e acarreta importantes consequências económicas e sociais.

No entanto, a introdução de interruptores sísmicos e sensores de descarrilamento do contrapeso,

permitiu minimizar os danos resultantes de eventos sísmicos, contribuindo, assim, para uma maior

segurança destes sistemas. A utilização do interruptor sísmico apresenta algumas limitações, das

quais se destaca, a necessidade de inspecção por um técnico, para restabelecer a operacionalidade

do sistema após a sua activação, o que num cenário sísmico, se pode revelar bastante moroso e

comprometer o funcionamento dos hospitais.

Actualmente, os elevadores podem ser classificados, de acordo, com o seu mecanismo de

funcionamento, essencialmente em hidráulicos e eléctricos de tracção.

Nesta dissertação, realizou-se uma análise comparativa destes dois sistemas de elevadores num

cenário sísmico. Assim, no que concerne aos elevadores hidráulicos evidenciam-se como principais

características:

aparenta menor susceptibilidade à acção sísmica – possivelmente associada à ausência de

contrapeso e à instalação da casa de máquinas em pisos inferiores (sujeita a menores

acelerações);

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

159

maior simplicidade de instalação;

menor custo;

percurso limitado (máximo 7 pisos – modelos in-ground);

vazamento do fluído hidráulico (impacto ambiental);

Em relação aos elevadores eléctricos de tracção destaca-se:

maior susceptibilidade à acção sísmica (sistema do contrapeso);

maior velocidade;

aplicável também a estruturas altas;

A recolha e análise dos danos ocorridos em grandes eventos sísmicos no último século, permitiu

concluir que o sistema de contrapeso é o mais sensível à acção sísmica, sendo o seu

descarrilamento o dano mais frequentemente observado.

No entanto, para além deste tipo de dano, constata-se a presença de diversas falhas em outros

componentes do elevador, o que evidencia uma vulnerabilidade sísmica do sistema em termos

globais.

O número limitado de estudos referentes ao desempenho sísmico do elevador e a sua análise

redutora (baseada principalmente no estudo do comportamento do sistema de contrapeso-guia),

alimentam a necessidade do desenvolvimento de futuras pesquisas centradas na resposta sísmica de

todos os componentes vulneráveis a estes fenómenos naturais, tendo em conta as suas

complexidades e abrangendo não só os sistemas de tracção como os hidráulicos.

Refere-se ainda a necessidade de localização e caracterização dos edifícios que comportam os

elevadores afectados, com o intuito de estabelecer uma correlação entre a intensidade da acção

sísmica no local e os danos sofridos pelos componentes.

Na presente dissertação, abordou-se uma série de regulamentos, actualmente aplicados a nível

nacional e internacional, destinados a padronizar as metodologias de dimensionamento sísmico que

visam garantir a segurança do sistema de elevadores e seus ocupantes. Deu-se particular destaque

aos procedimentos do ASME A17.1 [5] e prEN81-77 [49].

Com o intuito de aplicar e confrontar estas metodologias para aferir a sua validade, foi desenvolvido

um caso de estudo, tendo como referência o novo Hospital de Cascais e o sistema de tracção aí

instalado.

Com base nas análises realizadas comprova-se o carácter condicionante do sistema do contrapeso

no âmbito do dimensionamento sísmico dos elevadores, devido, essencialmente, à elevada massa

que comporta, e à forma como esta é distribuída. Constatou-se que o comportamento do sistema de

guias depende dos seguintes aspectos:

Page 186: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

160

características dinâmicas da estrutura, uma vez que as vibrações induzidas pela acção

sísmica ao edifício através dos vários brackets que fixam as guias às paredes das caixa;

posição da cabine/contrapeso, os quais afectam as características dinâmicas do sistema,

nomeadamente nas posições a meio vão.

A acção de dimensionamento deverá também ter em conta os seguintes parâmetros:

zonamento sísmico;

tipo de solo;

localização do componente na edificação;

funcionalidade da estrutura;

importância do equipamento na operacionalidade do edifício;

localização do componente na edificação.

Os valores determinados de acordo com o ASME A17.1 apontam para um comportamento não

conservativo, associado ao facto de não considerar os efeitos acima referidos. Desta forma, o código

norte-americano aparentemente não evidência aplicabilidade a nível nacional, no âmbito do

dimensionamento sísmico do sistema de guias da cabine e do contrapeso.

Os resultados referentes à prEN81-77, apontam para uma metodologia que não permite garantir a

segurança dos sistemas de guia face a acção sísmica caracterizada por um elevado período de

retorno, uma vez que não é válida para o caso de estudo. Todavia, o sistema de cabine,

caracterizado por um coeficiente de distribuição de massa vertical igual a 1/2, apresenta um

comportamento próximo do limite definido na pré-norma Europeia.

Desta forma, conclui-se a necessidade de elaborar análises dinâmicas do elevador no sistema

estrutural para realizar um adequado dimensionamento deste face à acção sísmica.

As discrepâncias entre análises podem ser justificadas pelos seguintes aspectos:

incorporação dos efeitos associados à deformação local da guia entre pisos, associada ao

posicionamento da cabine/contrapeso, apenas na análise dinâmica;

consideração de diferentes valores de coeficientes de comportamento, que traduzem o

comportamento não linear da estrutura ou do elevador;

atribuição de uma reduzida importância do sistema de elevadores na operacionalidade da

instalação hospitalar;

excessivos movimentos dos pisos, que podem comprometer a operacionalidade dos

elevadores, o que aparentemente nem sempre é considerado na abordagem europeia e

norte-americana. Contudo, com base num adequado dimensionamento do sistema estrutural

é possível limitar as deformações da caixa e garantir o seu funcionamento. Este facto vem

realçar a importância que o trabalho conjunto entre engenheiros civis e as empresas de

Page 187: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

161

elevadores comporta na optimização do comportamento sísmico destes sistemas,

nomeadamente em instalações hospitalares.

A optimização do comportamento sísmico do edifício e da distribuição vertical da sua massa aparenta

afectar favoravelmente o sistema de guias, podendo tornar viável o dimensionamento sísmico

definido na pré-norma europeia.

No entanto, é necessário ter em conta que as conclusões retiradas nesta dissertação baseiam-se

num caso singular.

7.3. RECOMENDAÇÕES FUTURAS

A prEN81-77 apresenta um especial interesse a nível nacional, constituindo, aparentemente, o

primeiro regulamento europeu destinado a introduzir requisitos específicos de dimensionamento e

instalação face à acção sísmica para sistemas de elevadores. Assim, com o objectivo de optimizar a

metodologia de dimensionamento enunciam-se algumas recomendações no âmbito de acções e de

investigações futuras:

Dimensionamento sísmico dos componentes integrantes de um elevador instalado num

hospital de forma garantir a salvaguarda de vidas humanas, a minimização do nível de danos

e a manutenção da sua operacionalidade após o evento sísmico (atribuição de uma maior

importância ao sistema na funcionalidade da instalação hospitalar);

Dimensionamento do sistema de guias, entre outros componentes, com base no nível de

sismicidade e importância da estrutura;

Cooperação entre engenheiros civis e fabricantes de elevadores, de forma a relacionar o

dimensionamento do edifício e do sistema;

Instalação de dispositivos de segurança sísmica, nomeadamente o interruptor sísmico e o

sensor de descarrilamento, embora sejam pouco reconhecidos a nível nacional. Estudos

apontam favoravelmente para a eficácia que estes sistemas apresentam na minimização

significativa dos danos em elevadores durante eventos sísmicos. A utilização destes

dispositivos deve ser complementada com a realização de inspecções periódicas por técnicos

especializados;

Utilização de apoios intermédios no sistema do contrapeso, uma vez que estudos revelaram

uma evidente eficácia destes elementos na optimização do comportamento das guias do

contrapeso durante terramotos;

Recolha quantitativa e qualitativa dos danos observados em elevadores eléctricos de tracção

e hidráulicos durante eventos sísmicos. Identificação das respectivas causas e dos edifícios

onde se encontram instalados;

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

162

Desenvolvimento de modelos numéricos ou analíticos de análise no domínio do tempo que

considerem a acção sísmica descrita por um acelerograma, a variação em altura da posição

da cabine e contrapeso e retratem na íntegra a complexidade inerente do sistema de guias;

Reflexão sobre o método a adoptar na avaliação do descarrilamento, nomeadamente, do

contrapeso, uma vez que a sua origem aparenta estar associada não só às acções impostas

pelo componente, mas também à deformação da caixa devido ao deslocamento entre pisos;

Ponderação sobre a forma de consideração do requisito de limitação de danos, uma vez que

a prEN81-77 não aborda a questão da manutenção da operacionalidade do sistema para uma

acção sísmica correspondente ao estado limite de utilização;

Realização de pesquisas focadas no desenvolvimento e aperfeiçoamento de dispositivos de

segurança sísmica, nomeadamente o local de instalação e a definição do nível de disparo do

interruptor sísmico, o qual deverá retratar, com uma margem de segurança, o limiar

espectável para a ocorrência de danos, em função das características dinâmicas dos

componentes, assim como da sua localização e importância. O valor de activação deverá ser

determinado pela raiz da soma dos quadrados das acelerações registadas pelos eixos

constituintes do sensor.

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

169

9. ANEXOS

ANEXO A.1 – EUROCÓDIGO 8 E ANEXO NACIONAL

A.1.1 – VALORES DE COEFICIENTE DE IMPORTÂNCIA E DE COMPORTAMENTO PARA

DIFERENTES ELEMENTOS NÃO ESTRUTURAIS

Nas seguintes tabelas encontram-se definidos os valores dos coeficientes de importância e de

comportamento de vários elementos não estruturais estabelecidos no EC8.

Tabela 9.1 - Valores do coeficiente de importância para diversos elementos não estruturais (γa).

Tipo de Elemento Não Estrutural γa

- Essenciais à salvaguarda de vidas

- Reservatórios

- Silos que contenham substâncias perigosas

≥ 1,5

- Outros 1,0

Tabela 9.2 - Valores do coeficiente de comportamento para diversos elementos não estruturais (qa).

Tipo de Elemento Não Estrutural qa

- Platibandas ou outros elementos em consola;

- Sinalização;

- Tanques elevados, chaminés e mastros funcionando como consolas não

contraventadas em mais de metade da sua altura total.

≤ 1,0

- Paredes exteriores e interiores;

- Divisórias e fachadas;

- Tanques elevados, chaminés e mastros funcionando como consolas não

contraventadas em menos de metade da sua altura total, ou contraventadas

ou espiadas à estrutura ao nível do seu centro de massa ou acima deste;

- Elementos de ligação de armários ou estantes apoiadas no piso;

- Elementos de ligação de tectos falsos ou candeeiros.

≤ 2,0

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

170

A1.2 – DEFINIÇÃO DO ESPECTRO DE RESPOSTA DE PROJECTO

O espectro de resposta de projecto foi definido de acordo com o EC8 através das seguintes

equações:

(9.1)

(9.2)

(9.3)

(9.4)

Sendo,

Sd (T) – espectro de resposta de projecto;

ag – aceleração de projecto em rocha (terreno tipo 2) que resulta do produto entre o

coeficiente de importância γ correspondente, para o caso em estudo, a instalações

hospitalares e a aceleração de projecto em rocha para um período de retorno de 475

anos (agR);

S – factor de terreno;

TB – limite inferior do ramo espectral de aceleração constante;

TC – limite superior do ramo espectral de aceleração constante;

TD – valor definidor do inicio do ramo de deslocamento constante;

Q – coeficiente de comportamento da estrutura.

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

171

A1.3 – DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DO SOLO

O parâmetro S foi definido de acordo com o AN através das seguintes equações:

(9.5)

(9.6)

(9.7)

Sendo,

Smax – parâmetro cujo valor encontra-se tabelado em função do tipo de terreno.

Tabela 9.3 – Valores dos parâmetros definidores do espectro de resposta de projecto.

Acção Sísmica

Tipo 1 Tipo 2

Zona Sísmica 1.3 2.3

agR (m/s2) 1,5 1,7

γI 1,95 1,5

ag (m/s2) 2,925 2,55

Smax 1,35 1,35

S 1,125 1,169

TB (s) 0,1 0,1

TC (s) 0,6 0,25

TD (s) 2,0 2,0

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

173

ANEXO A.2 – PREN81-77: 2010

A2.1 – FORÇAS APLICADAS NA CABINE E CONTRAPESO

Durante um evento sísmico a prEN81-77 considera que a cabine e o contrapeso são solicitados não

só pela acção sísmica, mas também pelas forças que estão aplicadas em cada componente. Desta

forma, a pré-norma europeia admite, para o sistema da cabine, a massa desta aplicada no centro de

gravidade e a acção associada à carga da cabine (Q) igualmente distribuída no plano horizontal, ao

longo de 3/4 da sua área em planta. Para o contrapeso considera-se separadamente, excentricidades

horizontais de 5% e 10% relativamente à largura e profundidade do componente respectivamente.

Deste modo, as acções transmitidas às guias devido às forças verticais associadas ao deslocamento

da cabine e do contrapeso, as quais devem ser acrescidas da acção sísmica, são determinadas pelas

seguintes expressões segundo cada uma das duas direcções horizontais ortogonais (eixos iguais aos

definidos no ASME A17.1):

Cabine: (9.8)

(9.9)

Contrapeso: (9.10)

(9.11)

Sendo,

Fx,seism – força aplicada segundo x associada às forças aplicadas na cabine/contrapeso durante

o seu movimento;

Fy,seism – força aplicada segundo y associada às forças aplicadas na cabine/contrapeso durante

o seu movimento;

k2 – factor de impacto para cabine em movimento, cujo valor é igual a 1,2, ;

g – aceleração gravítica (m/s2);

Qsismo – parcela da capacidade de carga da cabine considerada durante um evento sísmico

para elevadores de passageiros, correspondendo a 40% desta (kg);

P – massa da cabine vazia e de componentes responsáveis pela sua suspensão, tais

Page 200: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

174

como, parte dos cabos de comando e dos cabos ou correntes de compensação (kg);

mcw – massa do contrapeso (kg);

xQ, yQ – excentricidade do ponto de aplicação da massa relativamente ao eixo y e x da secção

transversal das guias respectivamente (mm);

xP, yP – excentricidade do ponto de aplicação da massa relativamente ao eixo y e x da secção

transversal das guias respectivamente (mm);

xS, yS – excentricidade do ponto de aplicação da massa relativamente ao eixo y e x da secção

transversal das guias respectivamente (mm);

Dx – largura do contrapeso (mm);

Dy – profundidade do contrapeso (mm);

n – número de guias;

h – distância entre guiadeiras ou limitadores de posição (mm).

O factor de impacto k2 permite ter em conta a ocorrência de travagens bruscas associadas ao corte

da energia eléctrica.

Page 201: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

175

A2.2 – DEFINIÇÃO DO MÉTODO Ω

O parâmetro ω para elementos de aço caracterizados por uma tensão de cedência de 370 MPa é

determinado da seguinte forma:

(9.12)

: (9.13)

: (9.14)

: (9.15)

: (9.16)

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

176

Page 203: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

177

ANEXO A.3 – CASO DE ESTUDO

A.3.1 – IDENTIFICAÇÃO DAS POSIÇÕES CONSIDERADAS

Apresentam-se as posições consideradas no caso de estudo, correspondentes ao contacto das

guiadeiras da cabine/contrapeso e a guia, considerando z a cota do componente acima da fundação

rígida, a qual coincide com o piso 1 que se encontra a uma altura de 4,9 metros do piso 0.

Tabela 9.4 - Posições das guiadeiras consideradas na análise comparativa.

Posição

z (m)

Guiadeira Inferior

Guiadeira Superior

Cabine Contrapeso

1 0,00 3,74 2,17

2 0,55 4,29 2,72

3 1,80 5,54 3,97

4 3,05 6,79 5,22

5 4,30 8,04 6,47

6 4,50 8,24 6,67

7 5,55 9,29 7,72

8 6,80 10,54 8,97

9 8,05 11,79 10,22

10 9,00 12,74 11,17

11 9,30 13,04 11,47

12 10,55 14,29 12,72

13 11,80 15,54 13,97

14 13,05 16,79 15,22

15 13,50 17,24 15,67

16 14,30 18,04 16,47

17 15,55 19,29 17,72

18 16,80 20,54 18,97

19 17,20 20,94 19,37

20 18,05 21,79 20,22

21 19,30 23,04 21,47

22 20,55 24,29 22,72

23 20,90 24,64 23,07

24 21,28 25,02 23,45

25 22,00 25,74 24,17

26 23,25 26,99 25,42

27 24,50 28,24 26,67

28 24,60 28,34 26,77

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

178

A.3.2 – CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO SISTEMA DE GUIAS

Os períodos fundamentais do sistema guia-cabine e guia-contrapeso para cada posição são

apresentados na seguinte tabela.

Tabela 9.5 - Frequências fundamentais do sistema de guias para cada posição (valores em Hz).

Posição

x y

Situação A Situação A

Situação B

Guiadeira

Inferior

Guiadeira

Superior

T125B T82A T125B T82A T125B T82A T125B T82A

1 0,078 0,176 0,120 0,208 0,080 0,146 0,120 0,199

2 0,098 0,086 0,152 0,100 0,152 0,100 0,152 0,100

3 0,094 0,270 0,389 0,321 0,156 0,306 0,386 0,209

4 0,098 0,088 0,153 0,101 0,153 0,101 0,153 0,101

5 0,098 0,280 0,152 0,333 0,152 0,318 0,031 0,210

6 0,096 0,277 0,149 0,328 0,148 0,309 0,047 0,224

7 0,098 0,088 0,153 0,101 0,153 0,101 0,153 0,101

8 0,098 0,281 0,153 0,333 0,153 0,319 0,031 0,210

9 0,098 0,088 0,153 0,101 0,153 0,101 0,153 0,101

10 0,093 0,259 0,144 0,308 0,144 0,299 0,066 0,167

11 0,098 0,281 0,153 0,333 0,153 0,319 0,031 0,210

12 0,098 0,087 0,153 0,101 0,153 0,101 0,153 0,101

13 0,098 0,281 0,153 0,333 0,153 0,319 0,031 0,210

14 0,098 0,087 0,152 0,101 0,152 0,101 0,152 0,101

15 0,086 0,156 0,134 0,184 0,089 0,183 0,132 0,048

16 0,098 0,281 0,153 0,333 0,153 0,319 0,031 0,210

17 0,094 0,087 0,147 0,100 0,147 0,100 0,147 0,100

18 0,098 0,279 0,152 0,331 0,152 0,318 0,031 0,204

19 0,088 0,255 0,136 0,302 0,136 0,283 0,059 0,216

20 0,031 0,078 0,039 0,091 0,039 0,091 0,039 0,091

21 0,097 0,259 0,150 0,307 0,147 0,306 0,139 0,102

22 0,031 0,144 0,045 0,170 0,045 0,170 0,045 0,170

23 0,037 0,178 0,055 0,210 0,055 0,113 0,031 0,207

24 0,056 0,183 0,086 0,217 0,074 0,155 0,084 0,208

25 0,065 0,081 0,101 0,094 0,101 0,094 0,101 0,094

26 0,092 0,258 0,144 0,306 0,144 0,300 0,076 0,161

27 0,031 0,046 0,047 0,053 0,047 0,053 0,047 0,053

28 0,048 0,065 0,075 0,076 0,031 0,047 0,075 0,075

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Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

179

A.3.3 – COMPORTAMENTO SÍSMICO DO SISTEMA DE GUIAS CONSIDERANDO UMA

DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE MASSA IDÊNTICA À DO CONTRAPESO (2/3 + 1/3)

Tabela 9.6 – Distribuição da massa ao nível das guiadeiras inferior e superior da cabine (valores em

toneladas).

Direcção Guiadeira

Inferior Guiadeira Superior

Total

x 0,605 0,3024 0,907

y 1,210 0,605 1,814

Acelerações:

Fig. 9.1 - Envolvente das acelerações ao longo da guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a) segundo

x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,20 0,40 0,60

Gu

ia(m

)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80

Gu

ia(m

)

Aceleração(g)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80

Gu

ia(m

)

Aceleração(g)

(a) (b) (c)

Page 206: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

180

Momentos Flectores:

Fig. 9.2 - Envolvente dos momentos flectores ao longo da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1 em

função da direcção de aplicação das massas: (a) segundo x, situação A; (b) segundo y, situação A; (c)

segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,5 1,0 1,5

Gu

ia(m

)

Mx(kNm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0

Gu

ia(m

)

My(kNm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0G

uia

(m)

My(kNm)

(a) (b) (c)

Page 207: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

181

Tensões de Flexão:

Fig. 9.3 - Envolvente das tensões de flexão na guia da cabine geradas pelo sismo tipo 1: (a) situação A;

(b) situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 50,0 100,0 150,0

Gu

ia(m

)

Tensão

(MPa)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 50,0 100,0 150,0

Gu

ia(m

)

Tensão

(MPa)(a) (b)

Page 208: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

182

Deslocamentos associados à deformação local da guia:

Fig. 9.4 - Envolvente dos deslocamentos da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo x,

situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Gu

ia(m

)

dx(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)

(a) (b) (c)

Page 209: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

183

A.3.4 – DESLOCAMENTOS TOTAIS

Os deslocamentos totais da guia derivam da sua deformação local associado ao contacto com a

cabine/contrapeso acrescida dos movimentos do edifício imposto ao nível dos brackets.

Fig. 9.5 - Envolvente dos deslocamentos da guia da cabine gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo x,

situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Gu

ia(m

)

dx(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)(a) (b) (c)

Page 210: Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevador em Hospitais

Comportamento Sísmico de Sistemas de Elevadores em Hospitais

184

Fig. 9.6 - Envolvente dos deslocamentos da guia do contrapeso gerados pelo sismo tipo 1: (a) segundo x,

situação A; (b) segundo y, situação A; (c) segundo y, situação B.

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Gu

ia(m

)

dx(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Gu

ia(m

)

dy(mm)(a) (b) (c)