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  • 7/23/2019 COMUNIDADE CIGANA (Guardado Automaticamente)

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    CURSO DE PSICOLOGIA

    A COLOCAO DAS MULHERES CIGANAS DA ATUALIDADEFRENTE AOS COSTUMES DA ETNIA

    Adriana Mendes Campos

    Ilma de Jesus Tavares

    Josemara Goes Maciel

    Renata Correia da Silva Porto

    ivian Lu!ia de "reitas Dias Miranda

    GOI#$IA %&'(

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    CURSO DE PSICOLOGIA

    A COLOCAO DAS MULHERES CIGANAS DA ATUALIDADEFRENTE AOS COSTUMES DA ETNIA

    Atividade estruturada II desenvolvida como parte

    inte)rante da disciplina Psicolo)ia Social II so*

    orienta+,o da pro-essora MS Mar)aret. Ri*eiro

    Adriana Mendes Campos

    Ilma de Jesus Tavares

    Josemara Goes Maciel

    Renata Correia da Silva Porto

    ivian Lu!ia de "reitas Dias Miranda

    GOI#$IA %&'(

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    INTRODUO

    Devido a )rande inda)a+,o /ue a sociedade vem -a!endo so*re a

    maneira /ue a mul.er ainda so-re discrimina+0es1 tanto do se2o masculino

    como do -eminino1 sur)e a d3vida se isto n,o estaria enrai!ado a uma

    cultura /ue desde os s4culos passados su*5ul)am o papel da mul.er na

    sociedade6 P7rem1 devido a movimenta+,o /ue 58 e2iste para .aver

    mudan+as1 o*servamos passos lentos para uma trans-orma+,o ainda

    distante1 sendo assim1 em etnias como dos ci)anos como as mul.eres se

    colocam atualmente -rente aos costumes da etnia9

    Este tra*al.o contri*uir8 para a compreens,o do campo da psicolo)ia arespeito da in-lu:ncia das culturas nas possiveis trans-orma+0es /ue

    possam vir a ocorrer1 e tam*em para /ue as mul.eres1 independente da

    sua cultura possam o*servar com mais ri/ue!a de detal.es o /ue vem a

    ser seu papel em culturas di-erentes6

    ;uscamos neste contato1 uma tentativa de lan+ar a essas mul.eres uma

    nova vis,o so*re si1 n,o para causar motim na comunidade1 mas para /ue

    se perce*am como parte importante da etnia1 visto /ue muitas n,o teminstru+,o al)uma1 por4m sempre respeitando o espa+o e a maneira como

    encaram o modo de viver de cada uma delas6

    A cultura ci)ana se ori)inou na India e se dispersou no mundo .8 mil anos

    atras6 < uma cultura milenar marcada por uma .ierar/uia de )en:ro6

    Al)uma mudan+as s,o perceptiveis porem essa .ierar/uia ainda 4 uma

    marca -orte da cultura6 Esses costumes s,o transmitidos de )era+,o em

    )era+,o sendo /ue .8 di-eren+as culturais entre as comunidades deacordo com a re)i,o de ori)em6 Os ci)anos /ue permanecem na patria

    s,o os lam*adi ou *on5ora6 As mudan+as evolutivas in-luenciaram 8*itos

    -re/uentes s,o os de com4rcio artes e m3sica6 Tam*4m 4 -eita a leitura de

    cartas e das m,os )erando renda1 sendo considerada n,o somente uma

    atividade pro-issional mas a devo+,o e a -4 ci)ana6 As -estas s,o sempre

    re)adas a muita -artura1 musica e dan+a1 podem durar dias ou at4

    semanas6 Eles acreditam /ue essa 4 a mel.or -orma de com*ater ane)atividade1 58 /ue s,o muito supertiosos6 =8 tam*4m uma lin)ua)em

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    pr7pria1 o rumone!1 /ue nunca deve ser ensinado para os n,o ci)anos1e 4

    usado para ne)ocia+0es e entre a comunidade como lin)ua)em secreta6

    Inte)rantes de uma cultura marcada por s4culos de in5usti+as1

    preconceitos e perse)ui+0es1 os ci)anos so-rem1 at4 os dias atuais1 o

    re-le2o de uma .ist7ria de so-rimento e mar)inali!a+,o >;O$OMO1 %&&?

    apud COUTI$=O1 %&&%1 p6 @(B6 S,o vistos como ladr0es1 su5os1

    portadores de doen+as e capa!es de -a!erem -eiti+os para a maldade6Os

    ci)anos so-rem muito preconceito mas n,o se es-or+am para /ue*rar as

    *arreiras /ue os separam dos demais povos6 F Tais muros n,o se

    sustentariam por tanto tempo1 se n,o -ossem mantidos por muros

    ps/uicos ou sociais de cren+as1 esti)mas lin)usticos1 etc6 F6H

    >MOSCOICI1 %&&? p6%B6Sendo mais comodo continuar nomades6 Os

    seus constumes1 .a*itos e princpios e valores constituem o maior valor

    da sua cultura6 Se a*riem os limites de seus acampamentos aos n,o

    ci)anos1 a mescla do povo ser8 inevit8vel1 e suas tradi+0es perderiam sua

    pure!a e aos poucos tudo se modi-icaria destruindo a verdadeira

    identidade cultural e as mul.eres1 tema central dessa pes/uisa1

    provavelmente en2er)ariam a .ierar/ui!a+,o de ):nero /ue se su*metem

    como uma viol:ncia a sua identidade e n,o como uma mera cultura6

    A /uest,o da mul.er ao lon)o da .istoria ci)ana -oi sinalada por re)ras e

    normas ri)idas /ue resultou em uma rela+,o de domina+,o /ue a a

    e2propriou o direito de e2ercer seu direito de escol.a6 Apesar de n,o

    valori!adas o papel social da mul.er na comuniade e de -undamental

    importncia para desempen.ar o papel de provedora1 cuidadora de

    crian+as e au2iliar da m,e nas tare-as dom4sticas6 Tam*em ca*e a

    matriarca da -amilia orientar as mul.eres mais 5ovens como deve se portar

    ns diversas situa+0es cotidianas6 F a so)ra1 sempre representada

    como uma -i)ura dominante e resmun)onaK a respons8vel pela portaria1

    ilustrada como uma mul.er curiosa e intrometidaK F H >;O$OMO1 %&&?1

    p6 @@B6

    Os casamentos arran5ados s,o pre-erencialmete acertados em -amiliavisto /ue a constitui+,o -amiliar n,o 4 a mesma da lei *rasileira1 pois eles

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    s,o compostos de tios1 av7s e primos6 As mul.eres devem se casar

    vir)ens e *em cedo para /ue n,o corram o risco de se desviarem da

    tradi+,o1 e para procriarem o /uanto antes1 visto /ue a -amilia e o *em

    mais precioso para eles6 A pre-er:ncia em al)umas comunidades 4 por

    -il.os .omens6 Para Sou!a >%&&?1 p6 B1 As mul.eres di!em /ue os

    .omens ci)anos sentem medo de cri8las devido a amea+a /ue estas

    meninas representam para eles e suas -amilias6H Essa ame+a se d8

    devido ao medo da desonra1 /ue pode ocorrer ao pai caso a mo+a n,o se

    case vir)em1 e ao marido caso a5a trai+,o6 As ci)anas devem ser criadas1

    ent,o com *astante aten+,o e esse papel recai so*re a m,e6>SOUNA1

    %&&?1 p6 B6 Com isso mais uma ve! a culpa incidi so*re a mul.er1en-ati!ando o )rande peso da co*ran+a so* o papel -eminino1

    demostrando novamente a e2imi+,o de culpa so*re do .omem1 provando

    assim a domina+,o com tais imposi+0es culturais a identidade dessas

    mul.eres6

    Os casamentos s,o reali!ados apenas no reli)ioso1 e poucas separa+0es

    acontecem no meio6 $o caso de trai+,o descreve SOUNA >%&&?B

    Caso ocorra a traio, ao .omem e -amlia da ci)ana 4 dado odireito de matar a mul.er1 visto /ue s7 com a sua morte o marido rea*ilitasua .onra e a -amlia recupera o seu prest)io na sociedade ci)ana6 $oentanto1 em al)uns casos1 essa morte 4 sim*7lica1 ou se5a1 .8 umes/uecimento da mul.er /ue desrespeitou a re)ra e ela 4 e2pulsa do )rupo6A partir da e2puls,o da ci)ana /ue n,o cumpriu a lei1 ela 4 apa)ada damem7ria do )rupo1 n,o tendo mais o seu nome pronunciado entre osmem*ros da comunidade1 como se 5amais tivesse vivido entre os .omens emul.eres da/uele territ7rio ci)ano6 >SOUNA1 %&&?1 p6B6

    Esta morte sim*7lica1 )era a perca de identidade da ci)ana1 sendo ela t,o

    perversa /uanto a morte -sica1 pois devido sua sociali!a+,o na maioriadas ve!es percorre apenas em torno da comunidade1 ela n,o encontrar8

    apoio para se re-u)iar1 tornando o ato de prosse)uir o*scuro6

    O comando da -amilia 4 e2ecutado sempre pelo .omem6 Sua lideren+a l.e

    d8 o*ri)a+0es de prote)er1 )arantir a se)uran+a e o sustento da -amlia6

    As mul.eres e os -il.os devem sempre manter respeito e se su*ordinarem

    a todas as ordens impostas pelos .omens da comunidade6 Devem manter

    o pudor e n,o dar li*erdade para /ual/uer .omem tocalas6 Isso envolve

    m4dicos1 e at4 com seus maridos s,o reservadas n,o podem demonstrar

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    carin.o /ue envolva to/ue -isico na -rente de outras pessoas1 pois devem

    evitar coment8rios maldosos6 Quanto ao tra*al.o s7 4 permitido /ue o

    -a+am autonomamente1 com vendas de artesanatos1 leitura de cartas e

    m,os1 isso se -or necess8rio /ue a renda se5a complementada o /ue

    evid:ncia a proi*i+,o de se inserir no mercado de tra*al.o -ora da

    comunidade6 A mul.er ci)ana n,o pode tra*al.ar para al4m da sua

    *arraca F H >SOUNA1 %&&?1p6 %B

    A modernidade vem se instalando em v8rias culturas1 tornando se

    inevit8vel /ue ela ven.a a atin)ir as comunidades ci)anas6 Se v:

    necess8rio o presente estudo para tal con-irma+,o1 onde ser8

    desenvolvida a metodolo)ia a se)uir6

    METODOLOGIA

    Participantes

    "oram entrevistadas mul.eres da comunidade por su)est,o de uma

    delas mesma /ue nos rece*eu e nos apresentou as re)ras /ue incluia a

    de /ue a entrevista poderia ser -eita apenas pelo mesmo se2o1 n,o

    possi*ilitando /ue -ossem -eitas entrevistas com .omens6

    Instruent!s

    "oi reali!ada entrevista semi estruturada >vide ane2o IB ela*orada pelas

    pes/uisadoras1 as /uais nos possi*ilitou /ue novas per)untas -ossem

    ela*oradas resultantes das respostas /ue ad/uiriamos ao lon)o daentrevista6

    Pr!ce"ient!

    As entrevistas -oram reali!adas na casa de uma das entrevistadas como

    nos -oi permitido1 primeiramente -oi lido o termo de consentimento e

    assinado em duas vias e ap7s as tr:s participantes -oram entrevistadas

    em )rupo1 duas inte)rantes do )rupo apenas -icaram -a!endo as

    per)untas en/uanto as outras tr:s apenas anotavam as in-orma+0es para

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    /ue elas n,o se perdessem e pudessem dar respostas mais

    esclarecedoras6

    Ap7s os dados terem sido col.idos1 n7s separamos temas a*ordados por

    relevncia para a nossa pes/uisa1 visto /ue em uma entrevista semi

    estruturada v,o sur)indo /uest0es de pouca valia1 e s7 ent,o os dados

    -ornecidos pelas entrevistadas -oram analisados em )rupo1 de acordo com

    a resposta a ser ad/uirida6

    RESULTADOS

    As entrevistas permitiram identi-icar os se)uintes aspectos O atendimento

    m4dico )inecol7)ico poderia ser -eito apenas por m4dicas6 O

    acampamento 4 liderado pelo .omem mais vel.o da -amlia1 /ue

    determina as normas6 $as casas ou *arracas morram tios1 av7s e primos1

    /ue pre-erencialmente casam entre si1 por4m admitese o casamento de

    pessoas n,o ci)anas desde /ue a pessoa se torne adepto da cultura6

    As mul.eres costumam se casar aos '% anos de idade1 vir)em como

    manda a tradi+,o1 sendo /ue aos '@ anos 58 s,o consideradas mo+as

    vel.asH >se)undo a entrevistada M6B6 A vir)indade 4 comprovada de -orma

    p3*lica1 no momento intmo o noivo envolve uma an8)ua de tr:s v4us no

    dedo e introdu! na va)ina da noiva1 e o mesmo su5o de san)ue e estiado

    em -orma em *andeira1 e s7 ap7s e /ue se iniciam a -esta /ue duram

    v8rios dias6Caso aconte+a de a mo+a n,o ser vir)em ela 4 e2pulsa da

    comunidade6 Ao se provar a vir)indade >se)undo a entrevistada C6B 4 ummotivo de or)ul.o para os pais da mo+a sendo uma demostra+,o de

    carat4r e .onra6

    Os casamentos n,o s,o reali!ados no cvil1 apenas no reli)ioso1 onde um

    padre cele*ra o casamento no acampamento6 A mul.er tem toda a

    responsa*ilidade de cuidar da casa1 re)ra /ue n,o se distancia muito da

    cultura -eminina em )eral1 por4m em )eral ocorrem al)umas e2cess0es as

    /uais n,o ocorrem com os ci)anos6Mul.eres ci)anas caso .ouver

    separa+,o perdem o direito so*re os -il.os1 e os mesmos passam a viver

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    com os pais1 o /ue levam as mul.eres a evitarem a separa+,o6 Caso

    ocorra adult4rio os maridos tem direito de matar a esposa ou e2pulsarem

    as mesmas6 Os costumes em rela+0es as pr8ticas matrimoniais s,o

    ri)idas e intransi)entes6 $o caso da viuve! n,o e permitido /ue a mul.er

    se case novamente tendo /ue )uardar o luto com vestu8rios

    caracteristicos para o resto da vida6

    Em rela+,o as tecnolo)ias1 as mul.eres n,o tem acesso1 a n,o ser /ue o

    marido autori!e6 O acesso a educa+,o ainda 4 restrito1 nen.uma mul.er

    da comunidade analisada tem mais /ue o ensino -undamental1 apenas

    .omens tem direito a dar se)uimento nos estudos1 por4m apenas um

    .omem da comunidade tem ensino superior6

    As mul.eres n,o t:m direito de se inserir no mercado de tra*al.o

    tradicional1 o /ue n,o si)ni-ica /ue n,o )an.em seu din.eiro1 elas

    tra*al.am autonomamente1 complementando a renda da casa6 Por4m elas

    so-rem discrimina+,o na .ora de vender seus artesanatos1 pois as

    pessoas di!em /ue elas ir,o rou*8las6

    CONCLUSO

    O presente estudo contri*uiu para evidenciar /ue a .ierar/uia de )enero

    se -a! -ortemente presente na cultura ci)ana e at4 nos dias atuais elas

    aceitam com naturalidade em*ora /ue .a5a al)uns casos de re*eldia

    constatado dos /ue -o)em as normas1 mas na maioria elas aceitam e

    sustentam essa domina+,o6 Tendo em vista /ue a .ierar/uia de )eneroem /ual/uer dire+,o 4 altamente ideolo)ica1 compreendese /ue 4 o /ue

    comp0e sua ideolo)ia6

    REFER#NCIAS $I$LIOGR%FICAS

    ;O$OMO1 Mariana et al6 Mu&'eres ci(anas) e"!* re&a+,es

    inter(rupais e c!n-r!nt!s i"entit.ri!s/Universitas psc.olo)ica1 v6 '&1

    n6 1 p6 @(@(1 %&''6

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    MOSCOICI1 Ser)e6 Os ci(an!s entre perse(ui+0! e eancipa+0!/

    Sociedade e Estado1 v6 %1 n6 1 p6 (@1%&&?6

    SOUNA1 Ldio de et al6 Pr!cess!s i"entit.ri!s entre ci(an!s) "a

    e1c&us0! a ua cu&tura "e &i2er"a"e6 Li*era*it1 v6 '(1 n6 '1 p6 %?@1

    %&&?6

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    ANE3OSEntre4ista sei5estrutura"a

    '6 Quais as principais tradi+0es da cultura /ue tiveram mudan+as no modo

    de viver das mul.eres9

    %6 Como 4 -eito o casamento e o /ue muda a vida da mul.er ap7s o

    mesmo9

    6 Qual 4 o acesso educa+,o /ue l.es s,o permitidas9

    6 Em al)um momento voc:s se sentem discriminadas por serem

    mul.eres9

    (6 oc:s sentem or)ul.o de serem ci)anas nos dias atuais9 Sempre -oi

    assim9