Conceito de Mecanismo de Mercado

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Conceito de Mecanismo de Mercado O mecanismo de mercado é, segundo as palavras de Adam Smith, uma espécie de "mão invisível" que regula as respostas dadas às três questões base estudadas pela economia: "o quê", "o como" e "para quem" é produzido. No caso da resposta à questão "do quê" produzir, quando as famílias procuram mais de um bem significa que estão dispostas a pagar mais pela mesma quantidade fazendo com que o preço aumente e criando incentivos aos produtores para que estes afetem mais recursos produtivos para a produção deste mesmo bem. Quanto à resposta à questão "do como" produzir, também são os preços dos bens e dos fatores produtivos que regulam as combinações e quantidades de cada fator produtivo utilizado na produção. Relativamente à resposta à questão "para quem" produzir, também são os preços dos diferentes fatores produtivos que, juntamente com as quantidades detidas, determinam a repartição do rendimento e, portanto, o consumo de cada família. Pelo referido antes, facilmente se conclui que o papel central do mecanismo de mercado cabe aos preços. De facto, é através dos preços que o mercado consegue compatibilizar os interesses antagónicos de produtores e consumidores. Desta forma, o mecanismo de mercado mais não é do que o processo pelo qual são formados os preços no mercado. Aspectos positivos do Mercado O mercado incentiva os produtores a oferecerem os bens que os consumidores desejam Quando os consumidores quiserem mais chá, o preço subirá e os produtores serão incentivados a produzir mais chá. Em contraste, quando uma burocracia governamental fixar metas de produção, o lado da oferta poderá responder com extrema lentidão às mudanças nas preferências dos consumidores.

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  • Conceito de Mecanismo de Mercado

    O mecanismo de mercado , segundo as palavras de Adam Smith, uma

    espcie de "mo invisvel" que regula as respostas dadas s trs questes

    base estudadas pela economia: "o qu", "o como" e "para quem"

    produzido. No caso da resposta questo "do qu" produzir, quando as

    famlias procuram mais de um bem significa que esto dispostas a pagar

    mais pela mesma quantidade fazendo com que o preo aumente e criando

    incentivos aos produtores para que estes afetem mais recursos produtivos

    para a produo deste mesmo bem. Quanto resposta questo "do como"

    produzir, tambm so os preos dos bens e dos fatores produtivos que

    regulam as combinaes e quantidades de cada fator produtivo utilizado na

    produo. Relativamente resposta questo "para quem" produzir,

    tambm so os preos dos diferentes fatores produtivos que, juntamente

    com as quantidades detidas, determinam a repartio do rendimento e,

    portanto, o consumo de cada famlia.

    Pelo referido antes, facilmente se conclui que o papel central do mecanismo

    de mercado cabe aos preos. De facto, atravs dos preos que o mercado

    consegue compatibilizar os interesses antagnicos de produtores e

    consumidores. Desta forma, o mecanismo de mercado mais no do que o

    processo pelo qual so formados os preos no mercado.

    Aspectos positivos do Mercado

    O mercado incentiva os produtores a oferecerem os bens que os

    consumidores desejam Quando os consumidores quiserem mais ch, o

    preo subir e os produtores sero incentivados a produzir mais ch.

    Em contraste, quando uma burocracia governamental fixar metas de produo, o lado da oferta poder responder com extrema lentido s mudanas nas preferncias dos consumidores.

  • O mercado incentiva as pessoas a se qualificarem Os altos preos cobrados por neurocirurgies incentivam estudantes a passarem pelo longo e caro processo educativo necessrio para especializar-se nesta rea, por exemplo.

    Os bens especialmente escassos so vendidos a preos altos.

    O alto preo estimula a conservao e aos cuidados Quando uma geada destri parcialmente a colheita de caf, seu preo sobe e economiza-se mais o caf. Os que so mais ou menos indiferentes entre o caf e o ch tomaro mais ch. Mesmo as pessoas que no podem prescindir da preciosa rubicea so motivados a reduzir seu consumo. Com o alto preo do caf, tomaro duas em vez de trs xcaras.

    O sistema de preos motiva os produtores a conservarem recursos escassos No Estado de Gois, a terra abundante e relativamente barata; muita terra destinada pastagem para manter rebanhos bovinos. Ao contrrio, no Japo, a terra relativamente escassa e cara. Os japoneses utilizam a terra intensivamente na produo de arroz, em vez de us-la como pastos.

    O mercado permite um alto grau de liberdade econmica Ningum obriga as pessoas a negociarem com certas empresas ou indivduos. As pessoas no tm de escolher uma profisso de acordo com diretrizes governamentais; tm a liberdade de escolher seu ramo de atividade. Alm disso, se as pessoas poupam, tm direito de utilizar as poupanas para estabelecer sua prpria empresa independente.

    Mercados descentralizados do informao sobre as condies locais Se em uma quantidade extraordinria de terra boa para a produo de feijo for plantado milho, o preo do feijo comear a subir neste pas. A majorao do feijo indicar aos agricultores do pas que eles devem plantar feijo numa rea maior de suas terras, em vez de dedicarem tantos hectares produo de milho.

    Nenhuma repartio governamental seria capaz de manter um conjunto de informaes atualizadas e detalhadas sobre os milhes destes mercados locais. (Note a quantidade de informao que seria relevante para a deciso de plantar feijo ou milho: a qualidade da terra, o nmero de pessoas que comem feijo, o custo dos fertilizantes para o feijo e para o milho, o custo das sementes etc.).

    Para avaliar o funcionamento do mercado, no devemos esquecer a mais importante de todas as perguntas: quais so as alternativas? Mesmo um mercado ruim poderia funcionar melhor que as alternativas, especialmente as alternativas criadas por tericos sem antes passarem por testes prticos.

    Assim, um dos mais fortes argumentos a favor do mercado lembra a frase que Winston Chruchill costumava empregar para defender o sistema democrtico: Pode no funcionar perfeio, mas funciona melhor que as alternativas.

  • Aspectos negativos do Mercado

    Embora o mercado d muita liberdade de ao aos agentes econmicos, pode dar pouco mais do que o direito de morrer de fome aos fracos e desamparados -

    Em um mercado, os produtores no respondem s necessidades e aos desejos de todos os consumidores, apenas ouvem as vozes dos que tm dinheiro para comprar. Portanto, em um sistema de laissez-faire, os cachorros de estimao dos ricos podem receber melhor alimentao e cuidados mdicos do que os filhos dos pobres.

    Um sistema completamente livre (de empresas privadas) pode ser muito instvel, com anos de crescimento rpido seguidos de anos de severa recesso H vrias circunstncias em que a economia se torna instvel, quando bancos no so regulados ou so mal regulados, por exemplo.

    Em um sistema laissez-faire, os preos nem sempre resultam da ao de foras impessoais do mercado Apenas em um mercado de concorrncia perfeita que o preo resulta do cruzamento das curvas de oferta e demanda Em muitos mercados, um ou mais participantes tm o poder de mudar o preo. O monopolista ou oligopolista pode restringir o nvel de produo para fazer o preo subir.

    As aes de consumidores ou produtores podem criar efeitos colaterais ou externalidades Ningum dono do ar ou dos rios, por exemplo, e as indstrias tm utilizado estes recursos impunemente para se desfazerem de resduos e lixo, prejudicando outros que respiram o ar e usam a gua. O mercado privado no incentiva o controle destas externalidades.

    Externalidade um efeito colateral adverso (ou benefcio), relacionado com o consumo ou a produo, em troca de que no se d ou recebe qualquer pagamento.

    Para certas atividades, o mercado simplesmente no adequado - Caso haja uma ameaa militar, a sociedade no poder defender-se utilizando os mecanismos do mercado Um indivduo no incentivado a comprar um fuzil para o Exrcito, porque a sociedade em geral, e no ele especificamente, ser beneficiado pela compra.

    Portanto, a segurana nacional um bom exemplo de um servio que o governo deve prestar. Outros exemplos so o policiamento e a manuteno do sistema judicirio. No importa se o mercado funciona bem ou mal, no se pode permitir a compra de juzes.

    Em um sistema de laissez-faire, os homens de negcios podem fazer um trabalho admirvel de satisfazer a demanda. Mas por que esses senhores mereceriam elogios por satisfazerem uma demanda que eles mesmos podem ter criado mediante a propaganda?

  • Nas palavras do Prof. John Kenneth Galbraith, supor que as preferncias observadas se originam do consumidor requer certa imaginao. Neste caso o produtor, no o consumidor, que manda. Segundo Galbraith, o consumidor um ttere, manipulado pelos produtores mediante artifcios de propaganda.

    Muitos dos desejos que os produtores originalmente criam e, em seguida, satisfazem, so banais: a demanda por desodorantes, ceras, comidas sem valor nutritivo. Vrios economistas marxistas modernos fazem a mesma crtica ao mercado.

    Sem defender o mrito de qualquer produto, os que defendem o mercado podem contra-argumentar, baseados parcialmente na pergunta: Quais so as alternativas?

    Caso o mercado no seja o instrumento para decidir quais bens merecem ser produzidos, quem ser o responsvel ? Um burocrata do governo? No se deve permitir que as pessoas cometam seus prprios erros? E como Galbraith pode supor que todos os desejos criados so sem valor?

    Afinal de contas, poucos nascem com uma preferncia definida por msica ou por arte. Nossa preferncia musical criada quando ouvimos um criador de boas melodias, com Vincius de Moraes. Algum do governo deveria proibir as msicas de Vincius porque apenas satisfazem os desejos criados?

    Finalmente, o Prof. Galbraith exagera quando sugere que as empresas podem controlar as vendas por propaganda, protegendo-se das incertezas do mercado. Mesmo um produto que amplamente promovido pode fracassar.

    Estas seis crticas ao mecanismo do mercado poderiam ser ainda mais elaboradas, para fornecer um argumento a favor de sua substituio por um sistema de controle governamental.

    Os economistas marxistas do especial nfase a primeira e ltima crtica quando atacam as economias de mercado. Mas os que pregam a reforma, em vez da eliminao do sistema de mercado, tambm utilizam as seis crticas.

    Uma grande parte da recente histria econmica da Europa Ocidental, da Amrica do Norte e de muitos outros pases do mundo tem sido escrita por tais reformadores. Os seguintes exemplos so uma amostra dos argumentos dos reformadores: o funcionamento de um sistema de mercado deve ser modificado mediante programas privados e pblicos assistncia para assegurar a sobrevivncia dos fracos e desamparados.

    Nas situaes em que poucos controles sobre os bancos tm permitido instabilidade econmica, o governo deve estabelecer uma moeda forte e estvel com o objetivo de propiciar um ambiente favorvel ao desenvolvimento do mercado.

    Os monoplios com um excesso de poder devem ser desarticulados ou severamente controlados pelo governo. O governo pode produzir diretamente os

  • bens e servios em reas como a segurana nacional, a justia e o policiamento, nas quais o sistema de mercado no funciona ou funciona mal.

    Com poucas excees, a sexta crtica no tem suscitado reformas. Em parte, isto se deve a dvidas sobre a importncia das distores gerais da propaganda.

    Outra explicao para a falta de reformas na rea de propaganda tem a ver com a relao entre a propaganda e a imprensa.

    A imprensa depende muito das taxas cobradas a anunciantes, para se sustentar. Severas restries sobre o uso da propaganda poderiam debilitar a imprensa financeiramente e enfraquecer esta importante instituio democrtica.

    Para certos marxistas crticos do sistema de mercado, este ltimo argumento serve para desacreditar ainda mais o sistema de mercado.

    Argumentam que uma imprensa que depende dos anncios de poderosas empresas para sobreviver no pode ser uma imprensa verdadeiramente objetiva e livre.