Concepção de género versus equidade de género
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Concepção de género versus equidade de género
Introdução
Falar da equidade de género, é falar de um tema que tem sido muito debatido ao nível de vários
contextos. Contudo, falar do mesmo, em Moçambique diria que é abordado mas não com a
mesma dinâmica do exterior, pois particularmente no nosso contexto é recente, tem-se discutido
o mesmo através de programas como, Plano Estratégico da Educação, Plano Estratégico do
Ensino Básico, Política do género Grupo Moçambicano da Dívida. IDEM
Nota-se que todos os documentos são unânimes numa visão de garantir à equidade de género,
mas pessoalmente peço que ‟pecam” ao focar sumariamente nesse aspecto (equidade de género),
parto do princípio que género é uma construção social Louro (2002) e Scott (1998).
Particularmente é nessa visão que pretendo correlacionar a questão da Concepção Versus
equidade de género.
Desenvolvimento
Scott (1988) considerada o género como construção social, aquilo que a sociedade estabelece
como actividades de homens ou mulheres E ainda a autora, ressalva que na conceituação, é
necessário desconstruir os vícios do pensamento ocidental e relativizar as definições de
masculino e feminino, buscando principalmente um novo olhar sobre os símbolos e as
linguagens.
Já louro (2008), define género como características sexuais compreendidas e representadas ou,
então, como são "trazidas para a prática social e tornadas parte do processo histórico". Nesse
sentido, percebe-se de antemão quando tratamos de questões do género olha-se a construção
social, isso na visão daquilo que cada sexo é atribuído, mas que esta construção social não trata-
se sumariamente que há tarefas separadas, ou melhor trabalho de homens e mulheres.
Assim sendo, a uma interligação com a minha intervenção com a equidade de género, uma ideia
trazida para empowerment de ambos sexos sem nenhuma concepção marxista nem feminista.
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Continuando Safioti (1992), quando aborda sobre questões de género relaciona como desigual
distribuição na responsabilidade na produção social da existência, onde evidencia uma
distribuição de tarefas a nível sexistas, clássicas e racistas.
Ainda na visão do autor acima citado aduz, que as relações de género, reflectem concepções de
género internalizadas por homens e mulheres. “Eis porque o machismo não constitui privilégio
de homens, sendo a maioria das mulheres também suas portadoras. Continuando, não basta que
um dos géneros conheça e pratique atribuições que lhes são conferidas pela sociedade, é
necessário que cada género conheça as responsabilidades do outro género”.
Izquierdo (1999) aquando da relação da actividade de trabalho relaciona o sexo masculino como
aquele ligado a vida pública e esta mulher ligada a vida doméstica, isto é, a, destaca para as
tarefas de casa. Entretanto, para o autor a questão não é no tanto estabelecer valorações a respeito
da importância relativa de cada uma das esferas, mas assinalar que linearmente e circularmente,
sobrevivência e transcendência doméstica e pública, masculinidade e feminilidade não são outra
coisa que as duas caras da mesma realidade única e indivisível.
Visão reflexiva
Percebeu muito bem na discussão teórica, que a termo género é amplo, onde procura emponderar
os sexos, olhando o género como construção social onde há oportunidade para ambos os sexos.
Pessoalmente tenho verificado que existe programas referentes ao género, onde desenvolve-se
políticas com intuito de alcançar-se esse objectivo de desenvolvimento do milénio, mas ao
mesmo tempo percebo que há uma falha no que tange a concepção do género, ou que
implicações poderia trazer se de sul ao norte de Moçambique se tivesse concepção de género?
Continuando nota-se aqui uma discrepância onde, o estado promove politicas de género e em
contrapartida o pessoal envolvida não tem conhecimento ínfimo do que será género, caso claro é
a minoria de mulheres por exemplo que frequentam a secção de ciências nos cursos de
engenharia, versando homens que mais focam-se nas áreas das ciências, cursos de engenharia
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assim em diante, mas isto era só uma introdução, trarei em seguida pontos que poderão trazer
mais esclarecimentos. Olhando sobretudo o género como uma construção, não algo que dita que
há tarefas para homens e mulheres basendo numa perspectiva familiar, da sociedade como
escolar.
Olhando no contexto familiar
Muitas das vezes quando nossos Pais nos atribuem brinquedos, normalmente é um
‟helicóptero ao menino e no caso da menina uma boneca” exemplificando;
Casos em que uma menina diz ao Pai eu quero ser ‟engenheira, mecânico”, o Pai levanta
a voz e diz não esse não é curso para si, deixa esse para o seu irmão; e
Outro caso familiar, numa casa onde há 3 meninas e 1 rapaz, quem mais fazem
actividades de casa são as meninas do que os meninos.
Entretanto tais comportamentos são discriminatórios (estereótipos) que no final poderá ditar
escolhas sustentadas no contexto vivido acima.
Na Sociedade
Eu sou mulher não consigo esta actividade é mais pesada da para ti que és homem;
Sempre irão casar-me não adiante ir atrás de algo que possa dar-me oportunidade de
emprego;
Homens são superiores que as mulheres, ou ainda eles são mais inteligentes do que nos,
com eles não podemos;
Emprego para homem e mulher;
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No contexto escolar
No processo de ensino e aprendizagem, percebemos que principalmente ao nível do
ensino superior, as mulheres são poucas interventivas do que os homens, a que se deve?
Isto na minha opinião inicia-se na base, isto é, no ensino primário, onde essas crianças
passam de estágios a serem discriminados muitas das vezes pelos professores pela
diferença que trata em relação a ambos sexos;
Outro momento são aulas de educação física onde evidencia que as tarefas ou melhor os
exercícios mais difíceis são dados aos rapazes em detrimento da rapariga;
Os manuais (Ensino Primário), onde aparecem imagens de alguns meninos a jogar a
bola, irem a pesca enquanto as meninas a cuidarem da casa;
Turmas que só falam homens, mulheres sempre menos interventivas,
Conclusão
Entretanto com os postulados acima me parece que estamos dicotómicos em olhamos questões
de equidade de género, mas continuamos com estereótipos, este facto pode impactuar em
questões vocacionais, na medida que fala-se de empowerment, mas ao mesmo tempo o pessoal
envolvido não tem concepção de género isto vai evidenciando pelas práticas quotidianas,
familiares e escolares de ambo géneros
Ainda, os factos que cito acima, acabam tendo impacto na equidade de género pois são pessoas
inclusas no processo mas não tem concepção do que é género, isso acaba-se evidenciado nas
competências já no próprio processo, onde percebemos que temos acanhados e não acanhados,
possivelmente por género ser uma construção social, mas esta devia influenciar no que são as
escolhas futuras de cada género . Por exemplo se formos olhar alguns cursos da Uem, e avaliar
na visão das escolhas, mesmo sem fazer um estudo profundo percebe-se que há mais mulheres
nos cursos de letras do que das ciências.
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Na minha opinião se a sociedade moçambicana ter o conhecimento do que é género, isto poderá
proporcionar o desenvolvimento económico, na perspectiva de termos mais pessoas
economicamente activas no processo laboral.
Não obstante, para poder entender-se o género, tem de se avançar com vários meios, estes
poderão mudar muita mentalidade em relação aos géneros, pode-se evitar cenários que vem
repetindo-se nas zonas recônditas.
É nessas zonas, que deve avançar-se com grandes planos de desconstrução social, pois o cenário
é ainda maior, mas o grande passo é através da educação.
Estrategicamente há necessidade cooperar com o pessoal panificador das politicas de género, na
medida de emponderar as pessoas, actuando através de diferentes órgãos, com foco na partilha de
informação acerca dessa visão, por exemplo um plano de intervenção nos bairros devem-se
muito iniciar a questão do emponderamento através dos chefes dos bairros, sendo esses
percursores dessa iniciativa, ao nível das escolas a necessidade de capacitar continuamente todos
os envolventes do sistema educativo na perspectiva de processar a informação, e deve contundo
avançar com investimento no ensino primeiro, como afirma Durkheim (tem de fazer um
investimento da base para o topo).
Apesar de tudo, tem-se notado avanços em relação a processos de desconstrução social, temos
grandes personagens de ambos sexos que lideram o País com total competência, mas tais
medidas tem de ser abrangentes, no ponto de vista de cima para baixo.
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Fontes consultadas
Durkheim, É. (1978) Educação e Sociologia.. São Paulo: Melhoramento [Rio de Janeiro]
Fundação Nacional de Material Escolar,
Grupo mocambicano da dívida (2004). Género e desenvolvimento: uma perspectiva sociologic
com enfoque no sector da educação e saude escola. Moçambique
Plano Estratégico da Educação e Cultura (2006-2010/11). Fazer da escola um polo d
desenvolvimento consolidando a Moçambicanidade
Louro (2002). Género sexualidade eduacação, uma perpectiva pós estruturalista; Edição voz,
Brasil
Scott, J. (1998). Género: Uma categoria útil para a análise histórica. S/E
Izquierdo, M.J. (1999. Bases materiais del sistema sexo/gênero. são paulo: sof, mimeografado.
.Saffioti, H.I.B. (1992).Reticulando gênero e classe social. in: costa, a.o. ; bruschini, c. (orgs.)
uma questão de gênero. são paulo ; Rio de Janeiro: rosa dos tempos.
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