Condicionamento De Feltros Edson Oliveira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Departamento de Engenharia Florestal Laboratório de Celulose e Papel Monografia CONDICIONAMENTO DE FELTROS NAS MÁQUINAS DE PAPEL Edson Luiz de Oliveira Trabalho apresentado à Universidade Federal de Viçosa, como parte dos requisitos para obtenção do certificado de conclusão do Curso de Especialização Lato Sensu em Tecnologia de Celulose e Papel Orientador: Prof. Dr. Rubens C. de Oliveira Viçosa- MG Novembro de 2002

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Conceitos do condicionamento dos feltros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Departamento de Engenharia Florestal

Laboratório de Celulose e Papel

Monografia

CONDICIONAMENTO DE FELTROS NAS MÁQUINAS DE PAPEL

Edson Luiz de Oliveira

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Viçosa, como parte dos requisitos para obtenção do certificado de conclusão do Curso de Especialização Lato Sensu em Tecnologia de Celulose e Papel

Orientador: Prof. Dr. Rubens C. de Oliveira

Viçosa- MG

Novembro de 2002

Page 2: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

Oliveira, Edson Luiz de, 1965.

Monografia: Condicionamento dos Feltros da

Máquina de Papel/ Edson Luiz de Oliveira –

Viçosa – MG: Universidade Federal de Viçosa, 2002.

119 p.

1. Condicionamento de Feltros. 2. Prensas da Máquina de papel

3. Feltros Para as Prensas. I. Título

Page 3: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

EDSON LUIZ DE OLIVEIRA

CONDICIONAMENTO DE FELTROS NAS MÁQUINAS DE PAPEL

Monografia apresentada à Universidade Federal

de Viçosa, como parte das exigências do Curso

de Especialização Lato Sensu em Tecnologia de

Celulose e Papel.

APROVADA: 26 de novembro de 2.002.

Comissão Julgadora:

_____________________________________________ ____________________________________________

Prof. Dr. Jorge Luiz Colodette- UFV. Prof. Dr. José Lívio Gomide- UFV.

____________________________________________________

Prof. Dr. Rubens Chaves de Oliveira- UFV.

(Orientador)

Page 4: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

AGRADECIMENTOS

Este trabalho é fruto da colaboração de muitas pessoas que dedicaram seu tempo e

sua atenção. Assim quero registrar meu mais sincero agradecimento a todos pela

contribuição na conclusão desta monografia.

- Júlio Freitas, Mário Alves, Osmar, Luiz Rodrigues, Harlei, Célio, Antônio Raieski,

Cátia, Alberto e José Francisco (Albany International);

- Antonio Boncompagni e Carlos Henrique (Huyck-Nortelas);

- Francisco Hahn (Voith Fabrics);

- Celso, Ademir, Tatiana, Luiz Pace e Rita (Buckman Laboratories);

- Marcelo Buccieri, Noemi e Armando (Hércules);

- Paulo Kishimoto e André (Contech);

- Rodrigo Visoto e Marcelo (CBTI);

- Manuel Reguera e Dorival, pelas orientações e revisão deste trabalho.

À minha esposa Rosângela e aos meus filhos André, Jéssica e Felipe, pela

paciência e compreensão.

Edson.

Page 5: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

II

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

RESUMO

ABSTRACT

1. Revisão Bibliográfica .....................................................................................................4

1.1. PRENSAS DA MÁQUINA DE PAPEL........................................................................................................... 4

1.1.1. Remoção de Água no Nip da Prensa ............................................................................................ 4

1.1.1.1. Fluxo longitudinal.......................................................................................................................................5

1.1.1.2. Fluxo Vertical .............................................................................................................................................5

1.1.1.3. Etapas da Prensagem ..................................................................................................................................6

1.1.2. Evolução da Prensagem............................................................................................................... 7

1.1.2.1. Prensa Plana................................................................................................................................................8

1.1.2.2. Prensas Ranhuradas ....................................................................................................................................8

1.1.2.3. Prensa de Sucção ........................................................................................................................................9

1.1.2.4. Prensas com Furos Cegos .........................................................................................................................10

1.1.2.5. Prensa de nip estendido ............................................................................................................................11

1.2. FELTROS PARA AS PRENSAS .................................................................................................................. 13

1.2.1. Matéria prima utilizada na fabricação dos feltros.................................................................... 13

1.2.2. Processo de Fabricação do Feltro ............................................................................................. 15

1.2.2.1. Fabricação do Pano base...........................................................................................................................16

1.2.2.2. Preparação da Manta.................................................................................................................................18

1.2.2.3. Agulhamento ............................................................................................................................................19

1.2.3. Propriedades Técnicas ............................................................................................................... 20

1.2.3.1. Gramatura e espessura ..............................................................................................................................20

1.2.3.2. Relação Manta/Base .................................................................................................................................21

1.2.3.3. Permeabilidade ao ar e resistência ao fluxo ..............................................................................................21

1.2.3.4. Compressibilidade e Volume Vazio .........................................................................................................22

1.2.3.5. Uniformidade da superfície ......................................................................................................................24

1.3. PRINCIPAIS PROBLEMAS DOS FELTROS DURANTE SUA VIDA ÚTIL .......................................................... 26

1.3.1. Depósitos .................................................................................................................................... 26

1.3.2. Compactação.............................................................................................................................. 30

1.3.3. Desgaste ..................................................................................................................................... 30

1.4. CONDICIONAMENTO DOS FELTROS ....................................................................................................... 32

1.4.1. Limpeza Mecânica...................................................................................................................... 34

1.4.1.1. Chuveiros de baixa pressão.......................................................................................................................34

1.4.1.2. Chuveiros de alta pressão .........................................................................................................................38

Page 6: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

III

1.4.1.3. Sistema de vácuo e caixas de sucção ........................................................................................................46

1.4.2. Limpeza Química........................................................................................................................ 51

1.4.2.1. Condicionamento químico contínuo .........................................................................................................52

1.4.2.2. Limpeza química intermitente ..................................................................................................................52

1.4.2.3. Limpeza batch...........................................................................................................................................52

1.4.2.4. Limpeza batch on the fly ..........................................................................................................................53

1.5. MONITORAMENTO DAS PRENSAS .......................................................................................................... 54

1.5.1. Medição do perfil úmido do feltro. ............................................................................................. 54

1.5.2. Análises de feltros utilizados ...................................................................................................... 55

1.5.2.1. Inspeção Visual.........................................................................................................................................55

1.5.2.2. Determinação do material de entupimento residual no feltro ...................................................................55

1.5.2.3. Determinação da resistência a tração........................................................................................................56

1.5.2.4. Determinação dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade do feltro..........................................56

1.5.3. Vibração das Prensas................................................................................................................. 59

2. Materiais e Métodos.....................................................................................................60

2.1. ANÁLISE DO CONDICIONAMENTO MECÂNICO....................................................................................... 60

2.1.1. Qualidade da água ..................................................................................................................... 61

2.1.2. Chuveiros ................................................................................................................................... 61

2.1.2.1. Chuveiros de alta pressão .........................................................................................................................62

2.1.2.2. Chuveiros de baixa pressão.......................................................................................................................63

2.1.2.3. Chuveiro de químicos ...............................................................................................................................63

2.1.3. Raspadores dos rolos guia feltro................................................................................................ 64

2.1.4. Sistema de vácuo ........................................................................................................................ 64

2.2. ANÁLISE DO FELTRO EM MÁQUINA ....................................................................................................... 64

2.2.1. Análise dos perfis de umidade do feltro ..................................................................................... 65

2.2.2. Relação água/feltro .................................................................................................................... 68

2.2.3. Volume Ativo .............................................................................................................................. 68

2.2.4. Permeabilidade dinâmica........................................................................................................... 70

2.2.5. Fluxo específico do ar ................................................................................................................ 71

2.2.6. Vazão total do ar ........................................................................................................................ 71

2.2.7. Tempo de permanência .............................................................................................................. 72

2.3. ANÁLISE DO FELTRO UTILIZADO ........................................................................................................... 73

2.3.1. Inspeção Visual .......................................................................................................................... 73

2.3.2. Determinação do material de entupimento residual no feltro................................................... 73

2.3.2.1. Amostragem .............................................................................................................................................74

2.3.2.2. Procedimento para extração......................................................................................................................74

2.3.2.3. Procedimento para determinação de finos orgânicos ................................................................................75

2.3.2.4. Procedimento para determinação de finos inorgânicos (cinzas) ...............................................................75

2.3.3. Determinação da resistência a tração........................................................................................ 76

2.3.3.1. Procedimento ............................................................................................................................................76

2.3.4. Determinação dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade do feltro ......................... 77

Page 7: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

IV

3. Estudo de Caso.............................................................................................................78

3.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS MÁQUINAS C1 E C2 ...................................................................... 78

3.2. ANÁLISE DO CONDICIONAMENTO ......................................................................................................... 79

3.3. ANÁLISE DO FELTRO EM MÁQUINA ....................................................................................................... 86

3.4. ANÁLISE DO FELTRO UTILIZADO ........................................................................................................... 95

3.5. ANÁLISE DO CONDICIONAMENTO QUÍMICO........................................................................................... 98

4. Discussão dos Resultados e ações implementadas ...................................................100

4.1. RESULTADOS DA ANÁLISE DO CONDICIONAMENTO............................................................................. 100

4.1.1. Chuveiros de alta pressão ........................................................................................................ 100

4.1.2. Chuveiros de baixa pressão...................................................................................................... 100

4.1.3. Sistema de Vácuo...................................................................................................................... 101

4.1.4. Condicionamento químico........................................................................................................ 101

4.2. CONDIÇÕES OPERACIONAIS DOS FELTROS........................................................................................... 101

4.2.1. Volume ativo............................................................................................................................. 101

4.2.2. Relação água/feltro .................................................................................................................. 102

4.2.3. Permeabilidade dinâmica......................................................................................................... 102

4.2.4. Remoção de água ..................................................................................................................... 102

4.2.5. Análise dos feltros retornados.................................................................................................. 102

4.3. AÇÕES IMPLEMENTADAS .................................................................................................................... 102

5. Conclusões..................................................................................................................104

6. Sugestões ....................................................................................................................107

7. Referências Bibliográficas .........................................................................................109

8. Anexos ........................................................................................................................110

8.1. PROCEDIMENTO PARA AMOSTRAGEM DO FELTRO, ANTES E APÓS A LIMPEZA QUÍMICA BATCH........... 110

8.2. PROCEDIMENTO PARA LIMPEZA QUÍMICA “BATCH” ............................................................................ 111

8.3. SISTEMA ECOFLOW .......................................................................................................................... 113

Page 8: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

V

Lista de Figuras

Figura 1 – Resistência à tensão x consistência da folha de papel ....................................................................... 5

Figura 2 - Fases da Prensagem ........................................................................................................................... 6

Figura 3 - Prensa Lisa ......................................................................................................................................... 9

Figura 4 - Prensa de Sucção.............................................................................................................................. 10

Figura 5 - Prensa com Furo Cego ..................................................................................................................... 10

Figura 6 - Prensa de Nip Estendido................................................................................................................... 11

Figura 7 - Tipos de fios utilizados na construção de feltros .............................................................................. 14

Figura 8 - Fluxograma do processo de fabricação do feltro ............................................................................. 15

Figura 9 – Retorcimento de fios singelos........................................................................................................... 16

Figura 10 – Estilos de base de feltros ................................................................................................................ 17

Figura 11– Feltro laminado............................................................................................................................... 17

Figura 12 – Pano base termofixado................................................................................................................... 18

Figura 13– Cardagem: processo de transformação de flocos em véu. .............................................................. 19

Figura 14– Agulhamento do véu sobre o pano base. ......................................................................................... 20

Figura 15– Largura do níp em função do aumento da pressão ......................................................................... 22

Figura 16– Mudança de espessura em função da pressão, de dois diferentes feltros ....................................... 23

Figura 17– Comparativo de distribuição da pressão no nip em função da superfície do feltro. ....................... 25

Figura 18– Sistemas típicos de condicionamento .............................................................................................. 33

Figura 19– Bico leque de 45º............................................................................................................................. 35

Figura 20– Zona de incerteza de fluxo no bico leque. ....................................................................................... 36

Figura 21– Distribuição de água através dos chuveiros tipo leque com bicos de 45º, 150 mm de distância

entre bicos, sobreposição de 12 mm entre os bicos e sem oscilação........................................................ 37

Figura 22– Distribuição de água através dos chuveiros tipo leque com bicos de 45º, 150 mm de distância

entre bicos, sobreposição de 12 mm entre os bicos e com oscilação ....................................................... 37

Figura 23– Eficácia do chuveiro x distância do feltro....................................................................................... 39

Figura 24– Efeito na permeabilidade do feltro em relação a distância dos bicos............................................. 40

Figura 25– Efeito da distância do chuveiro na espessura do feltro................................................................... 40

Figura 26– Perfil do jato e distância ótima para uma limpeza eficiente. .......................................................... 41

Figura 27– Efeito da pressão do chuveiro na permeabilidade do feltro............................................................ 41

Figura 28– Efeito do diâmetro do bico na espessura do feltro.......................................................................... 42

Figura 29– Efeito da temperatura da água na permeabilidade do feltro .......................................................... 43

Figura 31– Ângulo do jato em ralação ao sentido de giro do feltro.................................................................. 44

Figura 32– Efeito da oscilação do chuveiro na limpeza do feltro ..................................................................... 46

Figura 33– Desaguamento nas caixas de vácuo. ............................................................................................... 48

Figura 34– Seleção da largura da ranhura em função da velocidade............................................................... 51

Figura 35– Configuração típica dos equipamentos de limpeza mecânica de feltros......................................... 61

Figura 36– Perfil de Scampro mostrando falta de abaulamento . .................................................................... 66

Figura 37– Perfil de Scampro mostrando excesso de abaulamento. ................................................................. 66

Page 9: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

VI

Figura 38– Perfil de Scampro mostrando diferença de aplicação de pressão manométrica , com menor

pressão no lado FS. .................................................................................................................................. 66

Figura 39– Perfil de Scampro mostrando “serrilhado”, provocado por faixas de umidade. Algumas hipóteses

podem ser verificadas: oscilação do chuveiro de alta pressão com problemas e baixa pressão no

chuveiro de lubrificação; entre outras. .................................................................................................... 67

Figura 40– Perfil de Scampro “rajado”, mostrando faixas de entupimento do feltro e excesso de abaulamento

.................................................................................................................................................................. 67

Figura 41– Perfil de Scampro com configuração adequada. ............................................................................ 67

Figura 42– Análise visual dos feltros................................................................................................................. 73

Figura 43– Extrator Sox-let ............................................................................................................................... 74

Figura 44– Bomba de vácuo e Funil de Büschner ............................................................................................. 75

Figura 45– Forno mufla..................................................................................................................................... 76

Figura 47- Labscanner para medição dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade do feltro ........... 77

Figura 48– Esquema dos chuveiros das prensas das Máquinas C1 e C2......................................................... 80

Figura 49– Volume ativo dos feltros da máquina C1 ........................................................................................ 87

Figura 50– Volume ativo dos feltros da Máquina C2 ........................................................................................ 88

Figura 51– Relação água/feltro dos feltros da Máquina C1 ............................................................................ 89

Figura 52– Relação água/feltro dos feltros da Máquina C2 ............................................................................ 90

Figura 53– Permeabilidade dinâmica dos feltros da Máquina C1................................................................... 91

Figura 54– Permeabilidade dinâmica dos feltros da Máquina C2................................................................... 92

Figura 55– Remoção de água dos feltros da Máquina C1................................................................................ 93

Figura 56– Remoção de água dos feltros da Máquina C2................................................................................ 94

Figura 57– Análise visual de um feltro .............................................................................................................. 95

Page 10: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

VII

Lista de Tabelas

Tabela 1- Características das fibras de poliamida em relação ao diâmetro dos fios ........................................ 14

Tabela 2– % de material de entupimento de um feltro – fibra virgem............................................................... 28

Tabela 3– % de material de entupimento de um feltro – fibra reciclada........................................................... 29

Tabela 4– Aplicação e função dos chuveiros de condicionamento (somente como referência) ........................ 32

Tabela 5– Tempo de permanência do feltro na caixa de sucção, em milisegundos. .......................................... 49

Tabela 6– Exemplo de alguns produtos comumente encontrados em uma análise qualitativa de contaminantes

de feltros ................................................................................................................................................... 57

Tabela 7- Exemplo de alguns produtos comumente encontrados em uma análise qualitativa de contaminantes

de feltros ................................................................................................................................................... 58

Tabela 8– Itens a serem analisados na água de suprimento dos chuveiros....................................................... 62

Tabela 9– Lista de verificação para análise do feltro e seu condicionamento. ................................................. 65

Tabela 10– Valores mínimos de relação água/feltro ......................................................................................... 68

Tabela 11– Valores críticos de volume ativo ..................................................................................................... 69

Tabela 12– Valores mínimos de permeabilidade dinâmica ............................................................................... 70

Tabela 13– Características das Máquinas C1 e C2........................................................................................... 78

Tabela 14– resultado da análise da água de suprimento dos chuveiros............................................................ 81

Tabela 15– Avaliação dos chuveiros das prensas da Máquina C1.................................................................... 82

Tabela 16– Condições operacionais das caixas de sucção da máquina C1 ...................................................... 83

Tabela 17– Avaliação dos chuveiros das prensas da Máquina C2.................................................................... 84

Tabela 18– Condições operacionais das caixas de sucção da máquina C2 ...................................................... 85

Tabela 19– Análise dos feltros retornados da Máquina C1............................................................................... 96

Tabela 20 – Análise dos feltros retornados da Máquina C2.............................................................................. 97

Tabela 21– Resultado da análise de material de entupimento para a 1ª condição de limpeza.......................... 98

Tabela 22– Resultado da análise de material de entupimento para a 2ª condição de limpeza.......................... 99

Page 11: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

VIII

Resumo

A finalidade deste trabalho é fazer um estudo sobre o condicionamento dos feltros

das prensas das máquinas de papel, e baseado nele, desenvolver um estudo de caso

mapeando as condições operacionais das máquinas de papel C1 e C2 da Votorantim

Celulose e Papel, unidade de Luiz Antônio. Para tanto, foi necessário uma abordagem sobre

os principais conceitos de prensagem; e dos estilos de feltros utilizados, deste as matérias

primas até os processos de fabricação. Foram desenvolvidos estudos sobre problemas

operacionais dos feltros durante a vida útil e sobre o condicionamento, seguindo duas linhas

básicas: a limpeza mecânica e a limpeza química dos feltros. Na limpeza mecânica foram

abordados o sistema de vácuo e os chuveiros de baixa e alta pressão; as relações entre os

ajustes do chuveiro com o feltro, tais como o ângulo de incidência do jato, temperatura da

água, distância, oscilação e pressão do chuveiro. Na limpeza química foram estudados temas

como material de entupimento residual, a limpeza contínua, limpeza por choque e choque

em operação. Foi criado uma metodologia para análise do condicionamento, buscando um

roteiro para aplicação em vários tipos de prensas. Para análise do condicionamento químico,

foi necessário a criação de um procedimento de amostragem, buscando caracterizar o feltro

antes e após um choque químico, e desta forma verificar a eficiência do sistema de limpeza.

A análise do condicionamento químico mostrou um caminho a ser seguido, na busca de

melhoria do sistema; porém faltaram subsídios como análise qualitativa dos materiais de

entupimento e uma número maior de amostras, para uma avaliação conclusiva do

condicionamento químico. Durante a execução do estudo de caso, algumas irregularidades

foram encontradas, e dentro das possibilidades, corrigidas.

Page 12: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

IX

Abstract

The main purpose of this material is to, based on its paper machine press felt

conditioning concepts and theories, develop a case study for the paper machines C1 and C2

of VCP-Luis Antonio Unit, evaluating and mapping its operational conditions. Pressing

concepts, as well as felts styles and its raw materials plus manufacturing processes, were

taken into consideration for the analysis. Felts operating issues during its life in relation to

its conditioning, were evaluated, according to two main topics: conventional cleaning and

chemical cleaning. On the conventional cleaning, vacuum system and showering were

objects of analysis. Jet impingement angle, water temperature, distance from the surface,

oscillation and working pressure were some of the variables considered on the high and lube

showering topics. On the chemical cleaning, we have paid attention to the following

concepts: residual filling of the returned samples, operating regime, shock cleaning

procedure on shuts , and shock on operation. It was developed a conditioning analysis

method, to be used in any type of press configuration. Yet, on the chemical procedure,

samples were measured before and after a chemical shock, in order to evaluate its cleaning

efficiency. This chemical washing showed some positive results, indicating a path to be

considered , however, the number of samples, as well as the poor classification of the filling

type and nature, did not contribute for a better conclusion. During this case study, some

irregularities were found, and fixed, within our possibilities.

Page 13: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

1

Introdução

A folha de papel na saída da caixa de entrada, tem aproximadamente 1% de teor

seco. Na zona de formação e drenagem, podemos retirar água da folha, economicamente, até

um teor seco absoluto em torno de 20%.

O setor de prensagem da máquina de papel é responsável pela retirada da água da

folha, através de ação mecânica no nip, formado por dois rolos ou por um rolo e uma sapata.

A remoção de água da folha é influenciada por alguns fatores como a temperatura, a largura

do nip e as condições dos feltros úmidos na zona de prensagem.

A seção de prensagem é uma importante parte da máquina, afetando as

propriedades do papel, bem como interferindo no custo final de fabricação. Baixa eficiência

deste setor, acarreta inconvenientes como a elevação do número de quebras da folha, pela

diminuição da resistência à tração; aumento no consumo de vapor na seção secadora da

máquina, e em muitos casos, a redução da produtividade devido a redução da velocidade da

máquina.

Nos últimos anos, observou-se uma evolução bastante rápida dos conceitos de

prensas, buscando uma adequação das exigências tais como economia no processo

operacional, aumentando a remoção de água neste setor e ao mesmo tempo mantendo ou

melhorando as características da folha de papel; e ainda novas demandas de eficiências

exigidas nas máquinas. O aumento de 1% de umidade da folha, provoca o aumento do

consumo de vapor na ordem de 4 a 5%.

Neste particular, não só os conceitos de prensagem evoluíram, mas também

trouxeram novas tecnologias de revestimento dos rolos de prensagem, projetos mais

modernos de feltros úmidos e novos conceitos de condicionamento de feltros dentre os quais

se destaca a limpeza química contínua.

Assim, o condicionamento é um processo crítico no setor de prensas. Por efeito da

pressão hidráulica, o feltro sofre compactação reduzindo sua capacidade de absorção de

água em função da perda de volume vazio. A água removida da folha no nip, carrega

componentes da folha como carga mineral, finos e aditivos. Estes tendem a se depositar

entre os fios na malha do feltro, provocando entupimentos.

Este trabalho visa abordar a questão do condicionamento dos feltros, fazendo um

estudo das práticas mais comuns nas máquinas de papel, e mapeando as condições nas

Page 14: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

2

máquinas da Votorantim Celulose e Papel, de Luiz Antônio. Para tanto é necessária uma

exposição de temas como os conceitos básicos de prensagem, projetos de feltros e sistemas

de condicionamento. Estes fatores tem influência íntima na forma de operação das prensas e

do resultado final esperado deste setor da máquina.

No capítulo 1 é efetuada uma revisão bibliográfica distribuída da seguinte forma:

O item 1.1 – Prensas da máquina de papel, mostra os conceitos básicos de

prensagem. Aqui foram abordados apenas noções elementares, visto que não é “prensagem”

o foco deste trabalho, mas sim o condicionamento. Como é no nip que ocorre a migração

dos componentes de entupimento e a compactação do feltro, é importante o conhecimento

básico da prensagem.

Item 1.2 – Feltros para as prensas. Neste tópico são mostrados os princípios

básicos de fabricação dos feltros úmidos, e as principais características que eles devem

apresentar para um bom desempenho no setor de prensas.

Item 1.3 – Principais problemas ocorridos com feltros durante sua vida útil.

Este tópico traz uma abordagem dos tipos de contaminantes comumente encontrados, o

efeito da compactação e o desgaste provocado pelo efeito da prensagem e contato com

elementos estáticos, como as caixas de vácuo.

Item 1.4 – Condicionamento de feltros úmidos. Neste capítulo são abordadas as

práticas mais comuns como a limpeza mecânica , os chuveiros utilizados, sistema de vácuo

e caixas de sucção, limpeza química por choque e limpeza química contínua.

O item 1.5 - Monitoramento das prensas - traz as práticas utilizadas para

antecipar possíveis problemas na utilização dos feltros e quais ferramentas são utilizadas no

acompanhamento da performance dos feltros durante sua vida útil.

O capítulo 2 – Materiais e Métodos, descreve as atividades realizadas para o

mapeamento das condições operacionais do condicionamento de máquinas de papel. Aqui

são descritos os métodos e materiais utilizados neste processo.

O capítulo 3 traz a descrição de um estudo de caso realizado nas máquinas de

papel C1 e C2 da Votorantim Celulose e Papel.

No capítulo 4, uma discussão dos resultados, comparando com as melhores

práticas exercidas em outras máquinas.

Page 15: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

3

Os capítulos 5 e 6 trazem as conclusões finais e sugestões, respectivamente, com

respeito a melhorias possíveis no sistema de condicionamento dos feltros úmidos.

No capítulo 7, são referenciadas as fontes utilizadas na elaboração da revisão

bibliográfica, e finalmente, o capítulo 8 traz os anexos necessários à compreensão de

alguns tópicos do texto.

Page 16: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

4

1. Revisão Bibliográfica

O estudo que se segue neste capítulo, visa reunir informações a respeito do

condicionamento de feltros úmidos das máquinas de papel. Uma abordagem sobre a seção

das prensas na máquina de papel e a construção de feltros se faz necessária, buscando um

melhor entendimento sobre o tema em questão.

1.1. Prensas da Máquina de Papel

As etapas de remoção de água da folha na máquina de papel podem ser

simplificadas da seguinte maneira: (Falsarella,1994)

1- Drenagem através dos foils na mesa de formação;

2- Vácuo aplicado pelas caixas e rolos de sucção;

3- Pressão de contato nas prensas;

4- Evaporação pelos cilindros secadores.

1.1.1. Remoção de Água no Nip da Prensa

A eficiência de prensagem é muito importante: primeiro, uma grande quantidade de

água deve ser removida da folha nas prensas para se obter economia na secagem; segundo, a

prensagem promove uma melhor interação fibra/fibra, reduzindo as distâncias

interfibrilares, (pontes de hidrogênio ocorrem com a distância entre 4 a 5 Å); terceiro, as

prensas contribuem para uma correção no perfil de umidade da folha e finalmente, quarto, a

prensagem produz uma folha mais seca, portanto mais resistente e menos sujeita a quebras.

Esta relação entre consistência x resistência da folha é demonstrada na figura 1: 1: fibras

em suspensão; 2: zona de transição onde as fibras estão ligadas por pequena tensão; 3:

fibras ligadas por tensão em contato; e 4: fibras ligadas por contato.

A remoção de água no nip da prensa está associada a alguns fatores como pressão

linear; o tempo de permanência no nip, que tem relação com a velocidade da máquina e

largura do nip e resistência no desaguamento (tipo de fibra, grau de refino, conteúdo de

cargas, gramatura da folha, tipo e qualidade do feltro, tipo de prensa).

A prensa recebe a folha com uma consistência entre 18 e 25%, e valores de teor

seco na saída, entre 36 e 44% são comuns de serem encontrados.

Page 17: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

5

Figura 1 – Resistência à tensão x consistência da folha de papel

Em relação ao sentido de fluxo, a água se comporta de duas maneiras no nip das

prensas: fluxo longitudinal e fluxo vertical.

1.1.1.1. Fluxo longitudinal

O fluxo longitudinal ocorre no feltro quando a água flui na direção oposta ao

movimento do feltro quando o mesmo está saturado, antes ou após o nip. Este tipo de fluxo

está normalmente associado à prensa plana.

1.1.1.2. Fluxo Vertical

As prensas de sucção, ranhuradas, de furos cegos ou com telas prensa, camisas

encolhíveis ou feltros combinados são classificadas como prensas de fluxo vertical. Isto se

deve ao fato da água fluir perpendicularmente à superfície do feltro para espaços vazios

incompressíveis, tais como os furos e as ranhuras em um rolo ou entre as malhas de telas ou

camisas, que se tornam receptáculos de água. A pressão hidráulica é reduzida por este tipo

de prensa. Uma descrição mais detalhada sobre a evolução dos tipos de prensas será feita

adiante.

Page 18: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

6

1.1.1.3. Etapas da Prensagem

O comportamento da folha e da água no nip tem influência do tipo de rolo, feltros e

propriedades da folha de papel e, de uma maneira geral, o efeito físico pode ser classificado

em 4 etapas da prensagem.

A figura 2 mostra esquematicamente as fases da prensagem, onde:

HT = ponto de máximo de saturação da folha

HM = ponto de máximo teor seco da folha

HE = espessura da folha na entrada do nip

HS = espessura da folha na saída do nip

Figura 2 - Fases da Prensagem

Page 19: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

7

EEttaappaa 11:: começa na entrada da zona de contato, onde se inicia a curva de

prensagem (composição externa) e estende-se até o ponto que a folha de papel fica saturada

(HT). O feltro não está saturado durante esta etapa. A pressão total na estrutura fibrosa da

folha cresce com a compressão e ocorre uma variação muito pequena no teor seco do papel.

A pressão total é consumida em comprimir a estrutura fibrosa.

EEttaappaa 22:: estende-se desde o ponto de saturação da folha (HT) até o ponto central

da zona de contato. Como a folha está saturada e com aumento da pressão hidráulica, a água

se transfere do papel para o feltro. Esse também chega à saturação e produz-se, então, um

fluxo perpendicular de água através do feltro que é expelida e vai ocupar os espaços vazios

existentes abaixo do feltro e assim, escapando do sistema.

EEttaappaa 33:: inicia-se no ponto central da zona da contato e segue até o ponto de

máximo teor seco do papel no nip (HM). Nesta etapa a folha de papel está comprimida ao

máximo que a estrutura fibrosa do papel permite e, consequentemente a pressão hidráulica

interna que faz expulsar a água do papel cai a zero, não havendo mais qualquer fluxo de

água. É nesta fase de expansão que o feltro passa pelo ponto onde a sua pressão hidráulica

interna é nula e, como conseqüência, é interrompida a transferência da água contida no

feltro para as áreas abertas (espaços vazios) de armazenagem provisório. O feltro volta a

ficar insaturado.

EEttaappaa 44 :: o feltro e a folha de papel expandem-se. O papel reabsorve água do

feltro, mas devido à expansão, volta ao estado não saturado. Em ambos materiais (papel e

feltro) cria-se uma pressão hidráulica negativa. As forças de compressão que atuam sobre a

estrutura da folha e do feltro são maiores que a pressão total. O vácuo devido à expansão,

será maior no papel do que no feltro, o que produz uma circulação de água e ar no interior

do feltro e deste até o papel. Quando o papel e o feltro se separam, no final da etapa 4, a

água que se apresenta na superfície limite entre elas, dividi-se em conseqüência da

separação das películas.

1.1.2. Evolução da Prensagem

Três principais considerações afetaram o desenvolvimento da tecnologia de

prensagem úmida:

• remoção de água

Page 20: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

8

• operacionalidade

• qualidade da folha

Além disso a necessidade de maior eficiência de funcionamento na seção de

prensas e outros fatores econômicos, tais como limitações de espaço e energia afetaram o

desenvolvimento da prensa úmida. As melhorias da eficiência operacional inclui todas as

medidas que visam a redução do tempo de parada na seção de prensa causada pelas quebras

da folha de papel e manutenção. Tais medidas englobam configurações e sistemas

melhorados para trocas de rolo e feltro, bem como sistemas aprimorados para a passagem da

folha.

Nos itens a seguir serão abordados os vários tipos de prensas ou modalidades de

nips de passagem. A combinação das várias modalidades de nip é que torna possível o

arranjo ou lay-out geral de uma seção de prensas úmidas numa máquina de papel.

1.1.2.1. Prensa Plana

Neste tipo de prensa, o papel e o feltro passam através do nip formado por dois

rolos lisos, tendo o rolo superior um revestimento duro e o rolo inferior um revestimento

macio. A água expelida do nip escorre pelo rolo inferior na direção oposta da folha sendo

recolhida em uma calha. Para não incrementar ou minimizar o teor de umidade do feltro

antes da entrada do nip, o que provocaria o aumento do teor de umidade da folha, coloca-se

o rolo superior em posição anterior em relação ao inferior, tocando o papel e o feltro

primeiramente o rolo superior.

Após sair do nip de prensagem, a folha deve separar-se imediatamente do feltro

para evitar a reabsorção de água. Com velocidades mais elevadas, a água expelida na prensa

será forçada contra o nip, causando o esmagamento da folha e reumedecimento do feltro.

Este foi o fator limitante na utilização da prensa plana e que originou o desenvolvimento da

prensa de sucção.

A figura 3 mostra uma configuração característica de prensa lisa.

1.1.2.2. Prensas Ranhuradas

A prensa ranhurada é uma prensa plana com ranhuras produzidas na superfície do

rolo. A força centrífuga aliada a um chuveiro de purga direcionado contra o sentido de

rotação do rolo remove a água das ranhuras.

Page 21: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

9

Figura 3 - Prensa Lisa

A folha recebe uma pressão distribuída mais uniformemente, devido ao espaço

mais contínuo das áreas sólidas. A distância máxima do fluxo longitudinal é menor que a

prensa de sucção.

As ranhuras são sulcos efetuados somente no revestimento do rolo, ao contrário dos

rolos de sucção, em que os furos atravessam tanto o revestimento como a camisa do rolo.

As ranhuras permitem um desaeramento do nip em máquinas de alta velocidade.

Permite também um desaguamento, tanto na entrada como na saída da prensa.

1.1.2.3. Prensa de Sucção

O primeiro avanço nos projetos de prensas úmidas foi o desenvolvimento da prensa

de sucção, que permitiu o aumento de velocidade nas máquinas antes limitado pela prensa.

O rolo de sucção compõe-se de uma camisa perfurada, normalmente em bronze e

recoberta por revestimento macio. Internamente está instalada uma caixa de vácuo fixa e

selada contra a camisa giratória. Portanto, a caixa é estática em relação ao nip e o

movimento circular da camisa oferece constantemente uma área aberta por onde a água

escapa do nip ajudada pelo vácuo, diminuindo conseqüentemente a pressão hidráulica

resistente no nip da prensa. A figura 4 mostra um esquema típico de nip com rolos de

sucção.

Page 22: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

10

Figura 4 - Prensa de Sucção

1.1.2.4. Prensas com Furos Cegos

As prensas com furos cegos possuem basicamente, o mesmo emprego nas

máquinas de papel, e a operação das prensas tanto com furos cegos como com ranhuras são

muito similares. Os furos têm o objetivo de reduzir a pressão hidráulica no nip das prensas,

contribuindo desta forma com o aumento da velocidade de operação das máquinas de papel.

Analogamente ao rolo com ranhura, os furos são efetuados somente no

revestimento do rolo. A figura 5 mostra uma prensa com furo cego.

Figura 5 - Prensa com Furo Cego

Page 23: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

11

1.1.2.5. Prensa de nip estendido

A qualidade de papéis pouco drenáveis, devido à resistência à drenagem ou devido

à pressão hidráulica admissível do papel, só podem alcançar altas taxas de desaguamento

nas prensas úmidas se os tempos de desaguamento forem longos, com ocorrências

simultâneas de uma alta pressão de prensagem e curto percurso de desaguamento. Um maior

alargamento da zona de prensagem é obtido com a prensa de sapatas.

Dois elementos rotativos são comprimidos um contra o outro; um dos elementos

pode ser deformado elasticamente, para formação de uma larga superfície de contato. Uma

camisa de prensagem, elástica, gira em torno de uma travessa fixa. Uma sapata de pressão,

pressionada hidraulicamente e guiada na travessa, transmite a desejada força de prensagem à

camisa, em toda a largura da máquina. É possível empregar assim pressões lineares de até

1050 kN/m, com uma largura da zona de prensagem de aproximadamente 250mm. A figura

6 mostra o comportamento do nip em uma prensa de sapata.

Figura 6 - Prensa de Nip Estendido

Page 24: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

12

As prensas de sapata trazem vantagens como o aumento do teor seco da folha,

melhora da qualidade do papel e aumento da produtividade da máquina. Por estas razões a

Prensa de Sapata brevemente será o Estado-da-Arte para papéis da linha escrever e

imprimir, assim como, para cartões e produtos de embalagens.

Page 25: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

13

1.2. Feltros para as prensas

Os processos de fabricação de papel, tem se desenvolvido juntamente com as

máquinas de papel. Estas mais largas, com novas configurações, mais velozes e buscando

melhoria de qualidade das características do produto. Como é bem conhecido, com relação

ao consumo de energia, é mais econômico retirar água da estrutura fibrosa por meio

mecânico, no setor de prensagem, do que retirá-la no setor de secagem. Melhorar o

andamento do setor de prensagem para máquina de maiores eficiências, trouxe novos

desenvolvimento de prensas – tecnologia da prensa de sapata e prensas de passagem fechada

da folha para a secagem, por exemplo, são tecnologias que já se encontram bem

consolidadas hoje em dia. Naturalmente, estes desenvolvimentos requerem avanços nas

vestimentas do setor de prensas.

O projeto dos feltros para se adequar a nova realidade das prensas, busca o máximo

de desaguamento e uma boa performance da máquina com uma aceitável vida útil. Cada

posição de feltro nas prensas tem uma característica especial, resultado do seu estilo

construtivo, estrutura , superfície e propriedades de compressão.

As funções básicas de um feltro são a sua capacidade de absorver a água da folha

retirada no NIP de prensagem; suportar a folha no NIP para evitar seu esmagamento;

promover uma distribuição uniforme de pressão sobre a folha de papel; proporcionar um

bom acabamento superficial da folha; equalizar a distribuição de pressão em áreas ocas e

áreas maciças, para evitar o “shadow mark” e o “grooved mark”; e ainda operar como uma

correia de transmissão de potência, acionando os rolos não acionados das prensas.

Este capítulo traz uma breve abordagem sobre aspectos construtivos do feltro, tais

como matérias primas utilizadas, fases do processo de fabricação e propriedades técnicas

requeridas nas variadas aplicações

.

1.2.1. Matéria prima utilizada na fabricação dos feltros

Adanur (1997), comenta que a principal matéria prima utilizada na fabricação dos

feltros são as poliamidas, mais conhecidas como fibras sintéticas. As poliamidas são

duráveis, fortes e resistentes a ação da água. São utilizadas na maioria das aplicações e, em

casos especiais, também se utilizam fibras naturais como a lã, ou outros tipos de polímeros.

Page 26: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

14

O feltro é construído a partir de uma base tecida, com características próprias para cada

posição da prensa, e uma manta formada por pequenas fibras e presa à base por um processo

de agulhamento.

A estrutura da base dos feltros é construída com fios de diferentes diâmetros que

podem ser divididos nas seguintes categorias: 1 - monofilamento singelo; 2 - fios retorcidos;

3 - multifilamentos e 4 - fios fiados. A figura 7 mostra a estrutura destes fios.

Figura 7 - Tipos de fios utilizados na construção de feltros

Já a estrutura superficial do feltro, ou a manta, possui características peculiares

relacionadas ao acabamento superficial, e portanto, as fibras que serão agulhadas à base

possuem um tamanho entre 60 e 90 mm, com diferentes diâmetros. Estas fibras são

caracterizadas por unidades “desitex” (dtex) ou “denier”. Desitex é uma unidade onde

mede o peso em gramas de 10.000 metros de fibras; e o denier é o peso de 9.000 metros de

comprimento de fibras. Usualmente utiliza-se um dtex entre 3 a 44, na fabricação dos feltros

úmidos. A tabela 1 mostra a relação entre dtex e denier com o diâmetro da fibra sintética.

Tabela 1- Características das fibras de poliamida em relação ao diâmetro dos fios

Desitex Denier Diâmetro (µµµµm)

3,3 3 19

4,4 4 22

6,7 6 27

12,2 11 35

17 15 43

22 20 50

33 30 61

44 40 70

1 2 3 4

Page 27: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

15

1.2.2. Processo de Fabricação do Feltro

A construção de um feltro envolve dois processos distintos: a construção do pano

base e a preparação da manta. Num processo posterior ocorre a junção da manta ao pano

base. A figura 8 mostra um fluxograma simplificado de um processo de fabricação do

feltro.

Figura 8 - Fluxograma do processo de fabricação do feltro

Termofixação

Matéria

Prima

Retorcimento

e Urdição.

Tecelagem

Agulhamento

Mistura da Matéria

Prima

Cardagem

Acabamento

Pano base

Manta

Inspeção

Feltro

Pré-agulhamento

Preparação

da emenda

Page 28: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

16

1.2.2.1. Fabricação do Pano base

Piton (2001), em seu trabalho, escreve que o inicio do processo de fabricação é a

preparação à tecelagem. Para que seja possível agregar características ao feltro, os fios

singelos passam por um processo de retorcimento. Algumas etapas são cumpridas neste

processo; primeiro o retorcimento sobre seu próprio eixo, depois várias combinações de

retorcimento unindo os fios singelos para se obter o fio retorcido. A figura 9 mostra esta

transformação.

Figura 9 – Retorcimento de fios singelos.

Em seguida ocorre a urdição de fios. Este processo consiste em transpor os fios

retorcidos das bobinas (ou espulas, como também são chamadas), para carretéis especiais

utilizados no tear. O fio de urdume representa o fio no sentido CD (transversal), da máquina

de papel. E finalizando a preparação para a tecelagem, ocorre o processo de espulagem, que

consiste na colocação dos fios na espula, possibilitando seu uso na lançadeira do tear. Este

fio, quando o feltro está em marcha na máquina, é o fio no sentido MD (longitudinal).

Fio singelo

Fio retorcido

Page 29: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

17

O processo seguinte é a tecelagem do pano base. Aqui ocorre uma evolução de um

desenho previamente estabelecido de acordo com o uso final do feltro. Tais desenhos

traduzem diferentes estruturas de base e conceitos de tecimento. A figura 10 mostra vários

estilos de base utilizadas nos projetos de feltros. A escolha de um ou outro estilo, depende

fundamentalmente do tipo de aplicação (posição das prensas que será utilizado o feltro e

tipo de papel fabricado).

Figura 10 – Estilos de base de feltros

De acordo com Paulapuro (2000), estas estruturas de feltros são as mais

modernas, e ainda, a composição entre as lajes (simples + simples; simples + dupla) formam

os feltros laminados. Os feltros laminados, por sua vez, trouxeram um grande avanço na

eficiência dos feltros no setor de prensas. A figura 11 representa uma estrutura de feltro

laminado.

Figura 11– Feltro laminado

Laje Dupla

Laje Tripla

Laje Simples

Page 30: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

18

O processo seguinte é a temofixação do pano base. Consiste em fixar o formato em

que os fios ficaram após a tecelagem. O pano base é exposto a temperatura de um cilindro

por um determinado tempo. Este tempo e temperatura fixam no fio a forma que ele obteve

na tecelagem. A figura 12 mostra um pano base já termofixado.

Figura 12 – Pano base termofixado

1.2.2.2. Preparação da Manta

A manta do feltro é fabricada a partir de fibras sintéticas, conforme citado no item

1.2.1. Segundo Piton (2001), o processo de preparação da manta passa, inicialmente, pela

mistura de fibras, com diferentes denier, de acordo com o estilo do feltro. Porém, nem todos

os estilos requerem misturas de fibras, onde algumas características finais de uso definem o

tipo de matéria prima a ser utilizada na manta.

Em seguida, ocorre a “cardagem”. As fibras que são utilizadas na manta são

fornecidas em forma de flocos e em fardos. A cardagem é o processo de transformação dos

flocos de fibras em uma espécie de tecido, chamado “véu”. A figura 13 mostra o processo

de transformação dos flocos em véu.

O véu passa por um pré-agulhamento buscando oferecer-lhe uma resistência física

maior para que seja possível o seu enrolamento em forma de bobina, e assim, facilitar sua

aplicação durante o agulhamento sobre o pano base.

A etapa de cardagem pode direcionar as fibras da manta no sentido MD, CD ou

então a 45º em relação ao sentido da máquina de papel. Este direcionamento é definido em

função do projeto do feltro e de sua aplicação final.

Page 31: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

19

Figura 13– Cardagem: processo de transformação de flocos em véu.

1.2.2.3. Agulhamento

O agulhamento consiste no processo de adesão da manta ao pano base.

Basicamente, o véu é apoiado sobre o pano logo antes de entrar na máquina de

agulhamento, e sofre impactos de milhares de agulhas, que possuem minúsculas rebarbas;

fazendo com que as fibras fiquem ancoradas mecanicamente sobre a estrutura tecida da

base.

A intensidade do agulhamento é definida pela profundidade que as agulhas

penetram na base e pelo número de vezes que o feltro vai passar pela máquina. Por sua vez,

a intensidade do agulhamento proporciona várias propriedades ao feltro, como a

permeabilidade e qualidade superficial. A quantidade de véu agulhado à base define o peso

final do feltro.

Esta etapa da fabricação é crítica, pois exige precisão e controle sobre a

profundidade e penetração da agulha, podendo provocar marcações na manta e danos aos

fios do pano base, o que pode comprometer o desempenho do feltro durante sua operação na

máquina de papel . A figura 14 (Adanur, 1997), mostra o processo de agulhamento.

Page 32: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

20

Figura 14– Agulhamento do véu sobre o pano base.

1.2.3. Propriedades Técnicas

As principais propriedades de um feltro para as prensas são: a capacidade de

remoção de água; distribuição uniforme da pressão e compressibilidade. Estas propriedades

são obtidas a partir de algumas características da matéria prima , do projeto de construção

do feltro e dos processos de fabricação. A seguir, serão descritas algumas propriedades

importantes a serem consideradas em um feltro.

1.2.3.1. Gramatura e espessura

De acordo com Adanur (1997), os projetos de construção dos feltros determinam

para cada posição de uma prensa, uma certa quantidade de véu a ser adicionado ao pano

base, resultando em um peso final expresso em gramas por metro quadrado (g/m²).

Page 33: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

21

A gramatura influencia na capacidade de manuseio da água e também na compressibilidade

do feltro.

O feltro deve possuir uma distribuição uniforme de massa (véu), ou em caso

contrário, o feltro pode provocar vibrações nas prensas, devido sua variação de densidade.

Esta característica é controlada durante o processo de fabricação, por sensores de massa.

A espessura é uma importante característica do feltro durante o seu uso, pois está

relacionada com a compactação e volume vazio, que influenciam na capacidade de

drenagem do feltro. A espessura diminui bastante nos primeiros dias de uso do feltro, e

depois de uma certa perda de espessura, o feltro tem que ser removido da máquina

1.2.3.2. Relação Manta/Base

Esta relação é definida pela massa da manta, dividida pela massa da base, utilizada

no feltro. Uma relação alta de manta/base pode provocar compactação precoce e baixa

capacidade de remoção de água. Por outro lado, uma baixa relação manta/base pode

provocar marcações na folha pelos fios da base do feltro, e com isto comprometer o

desempenho do feltro na prensa.

1.2.3.3. Permeabilidade ao ar e resistência ao fluxo

É a medida de um volume de ar passando pelo feltro, por uma unidade de área (pés

cúbicos / polegada quadrada ou CFM). Paulapuro (2000), comenta que a permeabilidade

ao ar foi uma medida usada por muito tempo como ferramenta de controle de qualidade

nas fabricas de feltros. Infelizmente, raramente é encontrado uma relação entre a

permeabilidade ao ar com a performance da máquina de papel. Portanto uma medida mais

adequada para avaliar a resistência ao fluxo em um feltro nas condições de operação, é

medir a permeabilidade à água; que junto com as medidas de permeabilidade ao ar, dá uma

informação adicional sobre o desempenho de um feltro em determinada posição nas prensas.

A medição da permeabilidade a água ainda não está padronizada nas indústrias e

apenas alguns fabricantes de feltros possuem o equipamento e ainda, em regime de testes. O

novo instrumento chamado Scampro FeltPerm é um desenvolvimento que possibilita a

medição da resistência ao fluxo de água durante a operação das prensas.

Page 34: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

22

1.2.3.4. Compressibilidade e Volume Vazio

As propriedades de compressão mecânica de um feltro afetam a largura do nip e a

pressão máxima no centro do nip. Os parâmetros principais envolvidos com a

compressibilidade do feltro são o volume vazio, a fração vazia e a espessura do feltro no

centro do nip. Adanur (1997), define que o volume vazio é o espaço não ocupado pelos fios

da base e da manta no tecido do feltro. Esta propriedade do feltro indica a quantidade de

água que ele pode absorver. Fração vazia é uma indicação da fração do volume total

disponível para aceitar água. O peso da base e volume vazio de um feltro estão relacionados,

mas o aumento de peso da base, não necessariamente aumentará a sua capacidade de

absorção de água. Então, segundo Paulapuro (2000), a compressibilidade de um feltro é

caracterizado freqüentemente, usando outro parâmetro chamado “relação água/feltro”. A

relação água/feltro representa o peso de água que pode estar em uma estrutura a uma

determinada pressão por peso de fibra do feltro.

A figura 15 mostra o princípio da curva de pressão de estruturas de feltros

compressíveis e incompreensíveis. Como os feltros estão comprimidos no nip, a espessura

de um feltro incompressível resiste menos e ocorre perdas mais cedo que os feltros

compressíveis. Assim a largura de nip é maior, e a pressão máxima no meio do nip é mais

baixa com feltros incompressíveis que feltros compressíveis.

Figura 15– Largura do nip em função do aumento da pressão

Estrutura compressível

Estrutura incompressível

Pressão (MPa)

Largura do Nip (mm)

Page 35: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

23

A figura 16 mostra a mudança da espessura dos feltros sob a pressão no nip.

Ambos os feltros têm a mesma espessura inicial mas, como a pressão no nip aumenta, a

espessura do feltro compressível diminui mais rapidamente que a espessura de feltro

incompressível à pressão de 8 Mpa, a espessura para o feltro compressível é 1.6 mm e para

o feltro de incompressível é 2.0 mm.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4

Compressível Incompressível

mm

MPa

Figura 16– Mudança de espessura em função da pressão, de dois diferentes feltros

Feltros com alta compressibilidade e baixo volume vazio, são os mais requeridos

nas prensas de máquinas de papel de altas velocidade, onde o desempenho ótimo é exigido

logo no início. Por outro lado, feltros altamente compressíveis aumentam muito a pressão no

centro do nip, o que é desvantajoso em termos de vibração das prensas. A

compressibilidade de um feltro diminui com a compactação devido sua vida útil e com

contaminantes.

Volume vazio suficiente é um fator crítico quando a carga de água no nip da prensa

é muito alta. Os problemas relacionados com pressão hidráulica elevada tornam-se

presentes, como a vibração, esmagamento e o "shadow marking" ou marcas do rolo sucção.

Então, as posições das prensas podem ser divididas em quatro grupos diferentes

que definem o volume vazio requerido para um feltro:

1 - Rolos venta nip, sucção, ou rolos perfurados.

2 - Prensa lisa.

Page 36: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

24

3 - Feltro contra rolo venta nip e shoe-prees com duplo feltro.

4 - feltro contra manta da shoe-press com único feltro

Nas posições de prensa com venta nip, sucção, ou o rolo perfurado, os feltros

precisam de menor volume vazio, porque o revestimento dos rolos possui capacidade de

absorver a água retirada da folha no nip. Na posição shoe-press, geralmente é necessário um

volume vazio mais alto que em prensas comuns. A largura do nip em prensas de rolos está

entre 4 a 6 cm enquanto em uma shoe-press, a largura está entre 25 a 30 cm. O tempo mais

longo de permanência no nip leva a um aumento da quantidade de água retirada, e assim é

necessário um controle maior da quantidade de água a ser manuseada no nip. Em shoe-press

duplamente feltradas, o feltro do lado da manta precisa ter volume vazio mais alto que o

feltro no lado do rolo. A razão para isto é que do lado da manta, mesmo que esta seja venta

nip ou perfurada, há menor volume vazio disponível, em relação ao lado do rolo.

1.2.3.5. Uniformidade da superfície

Uma variável de feltro muito significante em eficiência de remoção de água e

qualidade de papel é a uniformidade de superfície do feltro. Para isto foi mostrado em

estudos de bancada em diferentes laboratórios, como também em prática que o feltro com

fibras melhores na superfície da manta produz um desaguamento da folha melhor que um

com fibras mais grossas. Porém, em muitos casos, muitas fibras finas na manta reduzem a

vida de feltro devido a tampar o tecido. O aumento alcançado no desaguamento de um feltro

com fibras finas na manta, parte é atribuível à uniformidade melhor da superfície. Outra

parte considerável do efeito é a capacidade melhor de reter água nos poros do feltro.

Como é bem conhecido, a dupla-face em papel depende de muitos fatores como

diferenças de densidade na direção-Z, distribuição de finos e cargas na direção-Z, ou

diferença de lisura na superfície. Vários desses são relacionados a condições correntes antes

da seção de prensas. Porém, a seção de prensas impacta profundamente na lisura e

densidade da folha. No nip de prensas com único feltro, um dos lados entra em contato com

o feltro e o outro lado com o rolo. Geralmente a superfície do rolo contribui com uma lisura

mais alta e com uma densidade mais baixa na superfície da folha, enquanto o lado do feltro

tem o impacto oposto. A figura 17 mostra a diferença de distribuição de pressão em um nip

de prensa com simples feltro, comparando duas diferentes superfícies.

Page 37: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

25

Figura 17– Comparativo de distribuição da pressão no nip em função da superfície do feltro.

Rolo

Feltro

Folha

Rolo

Feltro com pior superfície Feltro com melhor superfície

Diferente distribuição da pressão

Distribuição igual da pressão

Page 38: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

26

1.3. Principais problemas dos feltros durante sua vida útil

Os feltro úmidos de última geração são fabricados com 100 % de material sintético,

e apresentam inúmeras vantagens em relação aos antecessores, fabricados com fibras

naturais. No entanto, mesmo com todas as vantagens descritas, os feltros apresentam

problemas durante sua vida útil, provocando quebras da folha de papel e paradas da

Máquina de Papel para sua substituição.

Os principais itens que levam ao colapso do feltro e conseqüentemente, a sua queda

de desempenho, provocando redução da eficiência operacional da máquina pela elevação de

quebras da folha e perdas por qualidade do papel, são os depósitos orgânicos e inorgânicos;

a compactação do seu tecido sintético e o desgaste provocado pelo atrito com rolos e caixas

de sucção. Estes fatores serão detalhados a seguir.

1.3.1. Depósitos

Furibondo (1987), diz que muitos depósitos são semelhantes, mas não se

encontram dois precisamente iguais. Até mesmo uma mudança pequena dentro do

processo, substâncias químicas de tratamento, diferentes fibras e cargas, velocidade de

máquina, projeto do feltro, tensão do feltro, ou qualquer outra mudança, provoca alterações

na quantidade e composição do depósito.

Assim, segundo Furibondo (1987), qualquer discussão de depósitos de feltro deve

ser mantida em um âmbito geral. Os depósitos de feltros são orgânicos e inorgânicos.

Depósitos inorgânicos podem ser cargas, como dióxido de titânio (TiO2), caulim (silicato de

alumínio, em uma relação de 1,4 : 1 de SiO2 para Al2O3), e carbonato de cálcio (CaCO3).

Talco (silicato de magnésio) usado para controle de pitch, sempre terminam no feltro em

alguma concentração.

Além da adição de cargas, sais insolúveis, hidróxidos, e óxidos podem terminar no

feltro. Estes depósitos podem ser formados em outro lugar da fábrica ou podem ser

formados “in situ” no feltro. Os sais podem ser sulfato de bário (BaSO4), sulfato de cálcio

(CaSO4), fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2], fosfato de alumínio ou silicato de magnésio. Os

hidróxidos e óxidos incluem o hidróxido férrico [Fe(OH)3], hidróxido de cálcio [Ca(OH)2],

óxido de ferro (FeO3) e óxido de alumínio (Al2O3). Estes depósitos inorgânicos também

podem vir do refugo ou da fibra secundária.

Page 39: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

27

Os depósitos orgânicos podem incluir uma gama até mais larga de materiais.

Materiais que a maioria das vezes, a amostra, durante a análise é gordurosa, de ácidos de

breu e ésteres, óleo de hidrocarboneto e ceras provenientes do refugo e oxalato de cálcio

além de compostos resultantes da lignina.

Depósitos orgânicos incluem freqüentemente uma variedade de componentes de

fibra secundária como adesivos, plásticos (polietileno e polipropileno), resíduos de

copolímeros de estireno-butadieno, e preto de carbono. Substâncias químicas de tratamento,

partículas de breu fortalecido, resinas de resistência úmida, auxiliar de retenção, partícula

de cola ASA, entre outros, podem ser achados nos depósitos de feltros.

Depósitos podem ocorrer na superfície do feltro, ou eles podem ser encontrados,

também, no interior do feltro. Em alguns casos, um tipo de depósito pode ocorrer na

superfície , e um tipo diferente de depósito pode ser encontrado dentro do feltro.

Depósitos podem causar baixo desempenho da seção de prensas, e problemas de

qualidade da folha. Na seção das prensas podem ocorrer arraste de ar (perda de porosidade),

redução da velocidade da máquina (perda de drenagem), esmagamento (perda de porosidade

e baixo volume vazio do feltro), perda de vácuo no rolo de sucção e caixa de sucção,

aumento no número de quebras e tempo de manutenção para troca do feltro.

No papel, os problemas de qualidade podem ser rugas e fichas, devido ao perfil de

umidade irregular, encolhimento, e marcas na folha que são o resultado de depósitos de

superfície e podem ser causadas através de depósitos de feltro.

No Brasil, alguns estudos estão sendo realizados pela Albany Int., utilizando-se de

amostras de feltros retornados de seus clientes, e Freitas (2001) descreve alguns resultados,

onde os materiais de entupimento dos feltros variam muito em função do tipo de processo

que se utiliza para a fabricação de papéis. Segundo Freitas (2001), os materiais comumente

encontrados no corpo dos feltros são fibras e fibrilas em forma de finos, extratos resinosos

provenientes do processo, pitches, aditivos químicos e cargas utilizadas na fabricação de

papel.

Pode-se dividir estes materiais em cinco categorias:

a) – Solúveis em álcalis: são normalmente materiais orgânicos provenientes do próprio

processo, como a lignina da madeira, amido, cola de breu e outros incorporados

como aditivos. Estes materiais podem ser removidos do feltro com o uso de produtos

a base de álcalis.

Page 40: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

28

b) – Finos de papel: são pequenas partículas de fibras que penetram mais nas camadas

da manta em contato com a folha, e em menor proporção na estrutura da base e

camada interna da manta do feltro. A melhor maneira de remove-las é através da

ação mecânica do chuveiro de alta pressão e caixas de sucção.

c) – Cinzas ou cargas: são materiais inorgânicos encontrados no feltro. Estes materiais

inertes são o dióxido de titânio, caulim, areia, carbonatos, talco e outros complexos

metálicos de água dura. São removíveis pelo uso de ácidos ou produtos químicos

específicos utilizados de preferência, em limpezas contínuas.

d) – Extraíveis: estes materiais de entupimento são resinas ou polímeros solúveis em

solventes. Os mais comuns são os pitches natural ou sintético, ceras, asfalto, látex,

tintas, etc. O pitch natural é proveniente do processo de cozimento da madeira e de

polpas mecânicas, sendo o restante, dos processos de desagregação das aparas

utilizadas como matéria prima.

e) – Resinas para resistência úmida: são polímeros sintéticos de caráter ácido

(melanina e uréia formoldeído) ou neutro (polímeros de diferentes formas),

produtos estes utilizados para fornecer resistência úmida em determinados tipos de

papéis. A limpeza química com produtos químicos específicos e controles

adequados, podem proporcionar uma ação de limpeza pela quebra da estrutura

química da resina.

Nas tabelas 2 e 3 estão inseridos os materiais de entupimento comumente

encontrados em análises dos feltros retornados, com relação ao tipo de fibra utilizada:

virgem ou reciclado.

Tabela 2– % de material de entupimento de um feltro – fibra virgem

Material de entupimento (%)

Cinzas Extraíveis Finos Total

Kraft 0,2 – 0,5 2,2 – 2,7 1,1 – 1,6 3,5 – 4,8

Imprensa 0,3 – 1,0 3,4 – 5,7 1,3 – 2,4 1,3 – 2,4

Finos 1,6 – 1,8 1,5 – 2,0 1,2 – 2,0 4,3 – 5,8

Tip

os d

e

Papé

is

Celulose 0,0 – 0,1 1,5 – 5,5 0,6 – 1,9 2,1 – 7,5

Page 41: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

29

Tabela 3– % de material de entupimento de um feltro – fibra reciclada

Material de entupimento (%)

Cinzas Extraíveis Finos Total

Kraft 0,7 – 1,0 1,0 – 1,8 1,0 – 2,7 2,7 – 5,5

Tissue 1* 1,0 – 6,0 1,6 - 2,2 1,0 – 5,0 3,6 – 13,2

Tip

os d

e

Papé

is

Tissue 2 0,2 – 2,0 1,0 – 3,0 1,0 – 2,0 2,2 – 7,0

Obs. Tissue 1* – matéria prima mais nobre

Em máquinas de secar celulose os materiais de entupimento comumente

encontrados nas análises de feltros retornados são os extraíveis, finos e cinzas ou cargas, na

seguinte proporção:

a) Extraíveis: variam de 60 a 80% e em situações críticas podem acusar valores

próximos a 90-95% do total de material de entupimento encontrado.

b) Finos: oscilam entre 15 a 20%, e em determinadas situações chegam até 30 % do

total de material.

c) Cinzas: depende do uso ou não de talco para o controle do pitch natural, portanto,

são comuns valores de 0 a 20%.

De acordo com Freitas (2001), nos anos 70 a maior proporção de material de

entupimento encontrados nos feltros, de uma forma geral, estavam alojados na base do

feltro, principalmente no sentido transversal da máquina (fios fiados). Hoje com as

construções modernas de feltros e a eliminação dos fios fiados, os materiais de entupimento

encontram-se em maior proporção nas camadas da manta em contato com a folha de papel

(superfície externa).

Este fato aliado à facilidade da remoção das impurezas dos feltros e à melhoria do

condicionamento destes, permitiu a redução significativa dos materiais de entupimento

analisados nas amostras de feltros retornados. Comparativamente aos anos 70 e utilizando a

referência por tipo de papel, mostrados nas tabelas 2 e 3, os valores de material de

entupimento demonstrados naquelas tabelas, eram de 2 a 4 vezes maiores.

Feltros entupidos contêm elevada relação de umidade antes do nip, redução da

capacidade hidráulica (volume vazio) e permeabilidade. Muitas vezes, o nip que antes era

seco torna-se saturado sendo esta uma condição crítica de operação. Estes problemas,

principalmente em posições pick up apresentam a tendência de beliscamento da folha. Em

Page 42: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

30

prensas duplamente feltradas ocorre o acompanhamento da folha. Isto acarreta redução da

eficiência de prensagem e conseqüentemente, perda de produção.

1.3.2. Compactação

Os materiais de entupimento atuam como aglutinantes e tendem a agrupar as fibras

da manta dos feltros, causando maior adensamento do feltro no nip. Portanto, o efeito de

compactação determinado pela pressão total aplicada no nip, pode ser acelerada pelo

aumento da pressão hidráulica em feltros entupidos.

A perda de espessura do feltro é bastante acentuada na sua fase de assentamento,

reduzindo posteriormente, com a compactação gradativa do feltro. Seria normal a

permeabilidade sofrer redução proporcional ao adensamento do feltro, porém dependendo

do estágio de entupimento, o fechamento do feltro é acima do previsto.

A compactação de um feltro é determinada em função da soma das pressões

mecânica e hidráulica (pressão total), e o número de revoluções deste no nip.

1.3.3. Desgaste

O desgaste do feltro é constatado quando ocorre a perda progressiva de fibras, e ele

pode ser causado pela ação mecânica e/ou química. Se a peça é mantida em máquina, os fios

da base ficam expostos a uma ou a soma das ações de desgaste, destruindo a própria

estrutura do feltro.

O desgaste pode ser observado em faixas ou homogêneo. Em faixas são causados

pelos chuveiros e cobertura das caixas de sucção operando inadequadamente, ou por

abrasão provocada pelos revestimentos dos rolos do circuito do feltro, ou dos próprios rolos

das prensas. O desgaste homogêneo é causado pela ação mecânica dos chuveiros de alta

pressão (pressão acima do especificado), rolos mal retificados ou aplicação incorreta de

feltros.

A ação química é mais comum em máquinas de celulose. O desgaste químico é

causado pela presença de íons de cloro ou peróxido provenientes do processo de

branqueamento da celulose, os quais reagem com os radicais amina da cadeia molecular da

poliamida do feltro, provocando rompimento destas e consequentemente perda de

fibras/fibrilação dos fios da base.

Assim, o feltro perde sua resistência física e o desgaste prematuro é constatado,

obrigando a sua substituição antes do previsto.

Page 43: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

31

As condições para ocorrer o ataque químico do feltro são:

- Concentração acima do normal de cloro residual (> 0,5 ppm) ou íons peróxido

(> 100 ppm).

- pH da polpa e água dos chuveiros muito ácidos na presença de cloro residual (< 4,5).

- pH > 7,5 na presença de íons peróxido.

- Temperatura do meio acima de 50 ºC.

- Geração de cloro nascente pelo ácido hipocloroso com pH entre 3,5 e 5,5.

- Presença de metais como Cu, Co, Cr, Mn provenientes de água dura.

- Tempo de exposição da poliamida citada nas condições anteriores.

Vale ainda salientar que pH 3,5 é dez vezes mais ácido do que pH 4,5 e cem vezes

mais ácido que pH 5,5. Portanto o ataque químico pode ser significativamente acelerado a

medida que as condições do meio forem desfavoráveis, seja pelo aumento da temperatura,

pH mais ácido para íons cloro ou mais básico para íons peróxido.

O ataque químico é irreversível e as análises de feltros retornados demonstram

fibras e fios danificados com cadeia molecular rompida, bem como redução da viscosidade,

comparativamente com o feltro novo.

Page 44: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

32

1.4. Condicionamento dos Feltros

O setor de prensas úmidas da máquina de papel é uma parte crítica do processo

pela complexidade e quantidade de variáveis envolvidas. Com o aumento de velocidade das

máquinas e substituição dos processos (ácido para alcalino, por exemplo), muitos problemas

surgiram nas prensas como o aumento do número de rompimentos da folha, vibrações

mecânicas provocadas pelos rolos e feltros e queda do teor seco; e outros se agravaram

como o entupimento, compactação e desgaste dos feltros.

Diante disto, o condicionamento dos feltros, ou seja, a manutenção da condição

ideal do feltro no nip de prensagem, com menor índice de entupimento, volume vazio

adequado pelo maior tempo possível e baixo índice de desgaste, passou a ser fundamental

para o bom desempenho deste setor da máquina.

Segundo Neum (1999), os sistemas de condicionamento para feltros tubulares,

resumem-se basicamente em chuveiros de baixa e alta pressão, chuveiro químico e caixas de

sucção. A tabela 4 e a figura 18 ilustram um condicionamento típico, combinando todos

estes equipamentos.

Tabela 4– Aplicação e função dos chuveiros de condicionamento (somente como referência)

Nº Aplicação Função Tipo Pressão kgf/cm2

Vazão lpm/cm

Ø do bico

(mm)

Distância (mm)

1 Inundação Chuveiro químico e de

inundação Leque

oscilante 2,8 a 4,2

valor calculado

2,4 100

2 Chuveiro interno Limpeza de telas e

feltros Jato

oscilante 14,1 a 24,6 0,091 a 0,102 1,0 75 a 150

3 Chuveiro externo Limpeza de telas e

feltros Jato

oscilante 10,5 a 21,0

0,091 a 0,102

1,0 150 a 200

4 Lubrificação da caixa de vácuo

Selagem da superfície do feltro e lubrificação

Leque oscilante

1,8 a 2,1 0,102 a 0,134

1,4 200

5 Lubrificação de

raspas Lubrificação da lâmina

no rolo Leque

estacionário 1,8 a 2,8

0,102 a 0,134

1,4 200

6 Limpeza do rolo de

sucção Limpeza

Jato oscilante

24,6 a 35,0 0,374 a 0,728

1,0 100

7 Limpeza rolo

ranhurado (> 426 m/min)

Limpeza Leque

estacionário 4,2 a 5,6 0,728 a 0,831 2,4 100

7 Limpeza rolo

ranhurado (< 426 m/min)

Limpeza Leque

estacionário 4,2 a 5,6

0,268 a 0,343

2,4 100

8 Alta pressão atravessador

Limpeza de manchas jato 10,5 a 21,0 - 1,0 100 a 200

Page 45: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

33

Figura 18– Sistemas típicos de condicionamento

Os contaminantes podem ser afetados por calor, substâncias químicas e energia

cinética. Normalmente, a temperatura dos feltros são mantidas tão perto de folha ou da

temperatura do sistema quanto possível, para evitar impactos negativos na remoção da água

ou outras interações adversas com a folha de papel. Aplicação de substâncias químicas é

um modo extremamente poderoso para remover contaminantes, porém oneroso, sendo uma

última alternativa para a limpeza dos feltros. A maioria dos meios econômicos de remoção

de contaminante é a aplicação de energia com chuveiros e caixas de sucção. Com algumas

regras de engenharia simples, podem ser obtidos sistemas bastante eficientes.

5

3 4

2

4

1

6

5

6

7

4

4 3 5

2

1

7

5 8 4 4

2

1 7

1

5 8

4

7

Page 46: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

34

Este tópico descreve as principais metodologias utilizadas nas máquinas de papel,

podendo ocorrer a aplicação de um ou outro método, ou então a combinação deles,

dependendo do tipo de papel que a máquina produz e do processo utilizado para tal. Os

sistemas de condicionamento em questão são: limpeza mecânica e limpeza química.

1.4.1. Limpeza Mecânica

A limpeza mecânica utiliza energia e água fornecida pelos chuveiros abrindo canais

e umidecendo o feltro para facilitar a retirada das impurezas pelas caixas de sucção. Neum

(1999), define chuveiros como sendo sistemas que aplicam fluidos. Em uma máquina de

papel, há dois tipos de chuveiros basicamente: chuveiros leque e agulha. São usados

chuveiros leque para aplicar fluido, normalmente água a baixa pressão, uniformemente pela

largura da máquina sobre o feltro.

O sistema resume-se em:

- Chuveiros de baixa pressão,

- Chuveiros de alta pressão

- Sistema de vácuo e caixas de sucção.

1.4.1.1. Chuveiros de baixa pressão

Freitas (2001), escreve que os chuveiros de baixa pressão têm funções específicas

no sistema de condicionamento dos feltros. Em algumas aplicações existem três tipos de

chuveiros de baixa pressão: o chuveiro de inundação (baixa pressão e alta vazão), o de

lubrificação e o chuveiro para aplicação de produto químico. O sistema fornece água a estes

chuveiros, a uma pressão entre 3 a 5 kgf/cm2, e a água é distribuida sobre o feltro através de

bicos.

Neum (1999), escreve que o dimensionamento de um chuveiro leva em

consideração a vazão total de água necessária, o número de bicos e o diâmetro. Por outro

lado, os bicos são fabricados de forma que apliquem água em forma de leque, e existem

padrões de aplicação. Todo o bico tem uma largura padrão nominal, normalmente definido

como um ângulo. Este ângulo é formado a partir de um orifício e direcionado a um ponto

no feltro. A cobertura de fluxo se esparrama uniformemente daquele ponto externo para o

tecido. A figura 19 é uma ilustração deste conceito. A largura de cobertura é calculada

como:

Page 47: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

35

Figura 19– Bico leque de 45º

Neum (1999), faz considerações sobre as variações de perfil dentro de cada bico,

ou seja, existem variações de fluxo admissíveis em cada bico que podem provocar variações

na aplicação de água sobre o feltro. A largura nominal efetiva não importa muito, pois o

fluxo no bico é maior nas extremidades. Compondo esta incerteza com a dependência da

largura do leque sob pressão: o padrão tende a fechar ou adquire uma condição de neblina

com a pressão muito baixa ou muito alta, respectivamente. A figura 20 mostra o

comportamento do bico leque e os limites a serem observados no projeto do feltro.

Normalmente são espaçados bicos em um tubo para a largura padrão comum e dois

bicos mais estreitos terminam lado a lado, uma faixa seca acontecerá. Enquanto faixas

molhadas são indesejáveis, secas são absolutamente inaceitáveis. Então, são espaçados bicos

à largura de sobreposição. Em outras palavras, os padrões são sobrepostos a maioria do

tempo. Este é um método bastante conservador e muito convencional de projetar o chuveiro:

impedir faixas secas.

Largura de cobertura = (distância entre bicos até o feltro) x tan (ângulo/2)

300 mm 450

Bico

Feltro

125 mm

Page 48: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

36

Figura 20– Zona de incerteza de fluxo no bico leque.

Neum (1999), comenta ainda, que um modo fácil para eliminar estas variações de

pico-para-pico é oscilar o chuveiro. As figuras 21 e 22 ilustram o mesmo chuveiro, porém

com oscilação para o 2º caso. Nota-se que as variações locais permanecem as mesmas. A

diferença é que os picos são reduzidos e as áreas adjacentes são cobertas de forma que as

variações líquidas são bastante reduzidas.

Freitas (2001), também comenta a necessidade de que todos os chuveiros leques

deveriam ser oscilantes para evitar a formação de faixas no feltro. Porém, como a oscilação

de chuveiros é bastante onerosa, dos chuveiros estacionários a melhor distribuição é

conseguida com os bicos formando ângulo inclinado, com o inconveniente de que o

consumo de água pode ser acima do necessário. Observa-se na figura 21, um perfil típico de

distribuição de água pelos bicos leque. Os picos observados são oriundos das zonas de

incerteza de cada bico, onde ocorre uma sobreposição com seu adjacente.

O chuveiro de inundação tem a função de fornecer água necessária ao

feltro para facilitar a retirada das impurezas pelas caixas de sucção. São chuveiros

com bicos “tipo leque” localizado no lado interno do feltro. Estes chuveiros podem

ser estacionários ou oscilantes, com os leques do chuveiro formando ângulo de 30 a

60º, dependendo da quantidade de água necessária e tipos de bicos utilizados.

.

"zonas de

incerteza”

média

máximo

minimo

Page 49: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

37

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

Figura 21– Distribuição de água através dos chuveiros tipo leque com bicos de 45º, 150 mm de

distância entre bicos, sobreposição de 12 mm entre os bicos e sem oscilação

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

Figura 22– Distribuição de água através dos chuveiros tipo leque com bicos de 45º, 150 mm de

distância entre bicos, sobreposição de 12 mm entre os bicos e com oscilação

A utilização destes chuveiros vem diminuindo gradativamente visando a economia

de água. Dependendo da necessidade de seu uso em posições críticas de entupimento, como

o feltro pick-up , pegador da máquina Yankee, 1º feltro superior de prensas com duplo feltro

e outras posições de máquinas que utilizam aparas, este chuveiro deve ser posicionado de

modo que o jato de água atinja o nip formado entre o feltro e um rolo guia interno,

imediatamente anterior à caixa de sucção. Pelo efeito de cunha hidráulica, as impurezas são

forçadas para o lado externo do feltro facilitando a retirada destas, pela caixa de sucção.

Page 50: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

38

Com isto, ocorre uma melhor homogeneização e distribuição evitando a formação de faixas

no feltro devido à falta ou excesso de água.

O chuveiro de lubrificação, tem a finalidade de reduzir o atrito entre a cobertura

da caixa de sucção e o feltro evitando o desgaste. Isto é conseguido com um filme de água

formado entre a face externa do feltro e a cobertura da caixa. Outra função deste chuveiro,

não menos importante, é o efeito de selagem, de acordo com a teoria de DeCrosta (detalhada

no item “caixa de sucção”). Estes chuveiros estão localizados na parte externa do feltro,

imediatamente antes e entre as caixas de sucção. Os bicos são do tipo leque formando

ângulo de 90 a 120º, dependendo do tipo de bico e volume de água requerido.

1.4.1.2. Chuveiros de alta pressão

Estes chuveiros têm a função de abrir canais nas últimas camadas de manta do

feltro em contato com a folha de papel (superfície externa do feltro). Nessas condições a

ação do produto químico e a remoção dos materiais de entupimento pelas caixas de sucção

serão mais eficazes.

Estudos efetuados pela Albany-Nordiska em conjunto com a AES (Albany

Engenharia de Sistemas), concluíram que para a correta aplicação destes chuveiros, deve ser

considerado o dimensionamento correto dos parâmetros que influem na eficiência de um

chuveiro de alta pressão. Os parâmetros analisados nesta experiência foram os seguintes:

- Distância do bico ao feltro,

- Pressão da água,

- Diâmetro do bico,

- Temperatura da água,

- Ângulo do jato,

- Freqüencia de oscilação

a) Distância do bico ao feltro

Neum (1999), escreve que, enquanto são projetados bicos leques e bicos agulha

para borrifar água, os mecanismos e funções dos chuveiros são muito diferentes. Chuveiros

de bicos leque levam água ao feltro. O bico agulha usa a água como um veículo para aplicar

energia de limpeza no feltro e com isso desalojar contaminantes.

Foi provado que o mecanismo jato/agulha a alta pressão tem a função de aplicar

força. Pode ser determinada a energia de um fluxo de água com uma relação simples:

Page 51: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

39

E ====12

mv2

onde E é energia, m é massa, e v é velocidade da partícula. A limpeza local é determinada

pela energia instantânea aplicada.

Para um determinado orifício de diâmetro fixo, o parâmetro operacional que

determina fluxo de massa e velocidade é a pressão. (Isto assume outros fatores como

viscosidade sendo constante, uma suposição justa para este sistema.)

A figura 23 ilustra as quatro zonas de um jato de agulha. O jato que sai do bico é,

inicialmente, homogêneo e com fluxo laminar. Os efeitos na extremidade começam a ficar

significantes, o fluxo começa a ficar turbulento, e o perfil de velocidade fica mais desigual.

Na segunda zona, o fluxo começa a se contrair. Na terceira zona, ar começa a misturar-se

com a água e o fluxo torna-se em duas fases, mas ainda permanece razoavelmente

concentrado. Eventualmente, na última zona o fluxo começa a dispersar e o jato fica

ineficaz.

Figura 23– Eficácia do chuveiro x distância do feltro

Experiências mostraram que o ponto mais efetivo de limpeza está entre as zonas 2 e

3, depois que o jato contraí-se, mas antes de estar espalhado, e enquanto o fluxo está em

duas fases. Este ponto proporcionará a maior capacidade de abertura dos poros do feltro, e

conseqüentemente, melhor limpeza, aumento da permeabilidade e evitando o adensamento

das camadas da manta.

Freitas (2001), mostra na figura 24, o efeito na permeabilidade do feltro em

relação ao tempo, para diferentes distâncias em duas pressões diferentes, (2 e 4 MPa). A

figura 25 mostra um perfil de espessura do feltro expondo-o a diferentes situações de

4

1 2 3

Page 52: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

40

distância e a figura 26 mostra o perfil do jato com a melhor distância para uma limpeza

eficiente.

Figura 24– Efeito na permeabilidade do feltro em relação a distância dos bicos

Figura 25– Efeito da distância do chuveiro na espessura do feltro

Sem chuveiro de

alta pressão

400 mm de

distância

50 mm de

distância

Page 53: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

41

Figura 26– Perfil do jato e distância ótima para uma limpeza eficiente.

b) – Pressão da água

O aumento da pressão da água de 10 para 20 kgf/cm2, resulta no aumento da

permeabilidade do feltro até determinado tempo. Após 30 minutos a permeabilidade

mantém-se constante. A figura 27 mostra o aumento da permeabilidade do feltro, em

função do aumento da pressão da água. A distância foi mantida em 400 mm e a temperatura

da água em 60 ºC.

Figura 27– Efeito da pressão do chuveiro na permeabilidade do feltro

Page 54: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

42

c) – Diâmetro do bico

O diâmetro do bico também tem influência na eficácia de um chuveiro de alta

pressão. O aumento do diâmetro fornece maior penetração do jato na estrutura do feltro, o

que significa maior permeabilidade e espessura. No entanto, o consumo de água é maior e

existe o risco de desgaste superficial do feltro. Em determinadas posições e tipo de papel

produzido, esta condição não é permitida.

Na figura 28, observa-se o aumento da espessura do feltro para diferentes

diâmetros de bicos. A distância e a pressão foram mantidas em 400 mm e 20 kgf/cm2,

respectivamente. E, neste caso, a água estava à temperatura ambiente.

Figura 28– Efeito do diâmetro do bico na espessura do feltro

d) – Temperatura da água

A temperatura da água não deve ser muito inferior a do feltro, pois pode causar

sedimentação dos contaminantes afetando negativamente na drenagem do feltro.

Temperaturas entre 40 a 60 ºC reduzem a viscosidade da água, facilitando o desaguamento

dos contaminantes contidos na estrutura do feltro. A figura 29 mostra a influência da

Page 55: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

43

temperatura no aumento da permeabilidade do feltro, com a distância do chuveiro em 400

mm, e pressões de 1 e 2 MPa.

Figura 29– Efeito da temperatura da água na permeabilidade do feltro

e) – Ângulo do jato O ângulo do jato é calculado em função da velocidade da máquina e pressão da

água. O jato da água do chuveiro deve ser direcionado no sentido de rotação do feltro, de

modo que a velocidade da máquina e a pressão para dar uma velocidade resultante do jato

perpendicular ao feltro. A figura 30 mostra o ângulo do jato em função da velocidade da

máquina para diversas pressões de operação.

Figura 30– Ângulo do jato x

velocidade da máquina

Page 56: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

44

Se o jato estiver contra o sentido de rotação do feltro, ocorre um efeito de raspador,

enquanto que a favor do sentido de rotação do feltro, com ângulo acima do especificado,

ocorre o eriçamento de fibras. Este efeito é mostrado na figura 31.

Figura 31– Ângulo do jato em ralação ao sentido de giro do feltro

1- Ângulo correto: uso de toda a energia do volume de água para o efeito de limpeza,

com mínima dispersão de gotas de água.

2- Jato contra o sentido de rotação do feltro: efeito de raspador, soltando pequenas

impurezas agregadas na superfície do feltro. Não utiliza toda a força hidráulica da

água, e pode resultar em perda de fibras da superfície do feltro.

3- Ângulo incorreto: não utiliza o máximo efeito da limpeza mecânica através do

chuveiro, devido a perda considerável de volume de água. Existe grande risco de

eriçamento de fibras da superfície do feltro.

Page 57: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

45

f) – Freqüência de oscilação

A freqüência de oscilação depende da velocidade da máquina e comprimento do

feltro, para determinado diâmetro de bico do chuveiro de alta pressão. A cada volta do feltro

o chuveiro deve percorrer o diâmetro de seu bico. Se a freqüência não estiver ajustada, a

limpeza será desigual de forma que muitos pontos do feltro serão tratados várias vezes,

enquanto que outros pontos, nenhuma vez.

O ajuste de oscilação de um chuveiro pode ser calculado pela seguinte equação:

Onde:

- N = nº de vezes que a superfície do feltro é coberta totalmente por minutos.

- T = tempo de oscilação (min).

- V = velocidade do chuveiro (m/min).

- A = amplitude de oscilação (m).

- Vo = velocidade do feltro (m/min).

- D = diâmetro do bico (m).

- c = comprimento do feltro (m).

- d = distância entre bicos (m).

Outra fórmula utilizada para ajuste do oscilador é mais simples e leva em

consideração a velocidade do feltro, o diâmetro do bico do chuveiro de alta pressão e o

perímetro do feltro. A equação calcula a velocidade de oscilação do chuveiro.

A figura 32 mostra o efeito da oscilação na limpeza do feltro. O quadro da

esquerda mostra uma situação incorreta de oscilação, provocando regiões mais limpas que

outras, enquanto que o da direita mostra uma situação ideal.

= N= 2

T

V

A

Vo x D

c x d =

Velocidade do

oscilador (mm/min)

Velocidade do feltro (m/min) x diâmetro do bico (mm)

Comprimento do feltro (m) =

Page 58: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

46

Figura 32– Efeito da oscilação do chuveiro na limpeza do feltro

1.4.1.3. Sistema de vácuo e caixas de sucção

Freitas (2001) diz que as caixas de sucção tem a função de desaguar

eficientemente o feltro removendo as impurezas de sua estrutura, ou seja, o feltro deve

retornar ao nip com conteúdo de umidade e volume vazio adequados para boa eficiência de

prensagem.

DeCrosta nos anos 70, analisou o desaguamento do feltro através das caixas de

sucção, em uma máquina piloto para 7 tipos de feltros.

Em função das variáveis independentes: relação água/feltro antes da caixa de

sucção, permeabilidade ao ar do feltro, vácuo, velocidade da máquina e largura das fendas,

foram calculadas as variáveis dependentes de fluxo específico e relação água feltro após a

caixa de sucção. Para tal foram feitas mais de 2000 observações e determinadas as

regressões lineares das equações logarítmicas de fluxo e umidade após caixa de sucção.

(1) ln Q = a0 + a1 ln (∆P) + a2 ln (D) + a3 ln (F1) + a4 ln (P)

(1) ln F2 = b0 + b1 ln (Q) + b2 ln (∆P) + b3 ln (D) + b4 ln (F1)

onde:

0,069 (∆P) 0,476 (D) 0,110 (P) 0,916

(F1)0,626

Q =

1,23 (F1)0,819

(Q)0,024 (∆P)0,124 (D)0,096 F2 =

Page 59: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

47

Sendo:

P = permeabilidade ao ar do feltro seco (CFM/ft2)

F1 = relação água/feltro do feltro antes da caixa de sucção (lb H2O/lb feltro)

F2 = relação água feltro do feltro após a caixa de sucção (lb H2O/lb feltro)

Q = fluxo específico de ar (CFM/in2)

∆P = diferencial de vácuo na caixa de sucção (“Hg)

D = tempo de permanência na fenda da caixa de vácuo.

As experiências realizadas concluíram que os principais fatores que afetam o

desaguamento de um feltro através da caixa de sucção são:

1 – Tipo de construção do feltro

2 – Umidade do feltro antes da caixa de vácuo

3 – Tempo de permanência na fenda da caixa de vácuo

4 – Força motriz aplicada na caixa de sucção.

O modelo matemático de DeCrosta foi de grande valia para o conhecimento das

variáveis que influenciam no desaguamento de um feltro, no entanto, este modelo deveria

ser modificado para as condições atuais de estilos e gramaturas de feltros. Com a ampliação

do range das variáveis independentes seria determinada a “nova equação de DeCrosta” para

o cálculo do fluxo específico de ar e desaguamento de um feltro na caixa de sucção.

A equação modificada de DeCrosta, após as experiências de campo, ficou assim:

Onde:

Sendo: - Lf = largura do feltro na caixa

- Lft = largura total das fendas

- ∆P = diferencial de vácuo

- m1 = relação água/feltro antes da caixa de vácuo

- P = permeabilidade do feltro novo

Baseado nestes conhecimentos e experiências de campo, sabe-se da importância do

projeto correto do condicionamento de um feltro através das caixas de sucção.

Vtotal = V’ x Lf

{Ltf (34,10 √∆P – 97,98 m1 + 1,105P) + 95,93m1 – 55,91}

8 V’=

Page 60: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

48

Para estimar corretamente o fluxo específico de ar e tempo de permanência que um

feltro requer para desaguamento e limpeza eficientes, deve-se conhecer a matéria prima e

papel produzidos, estilo e gramatura de feltros e o conceito de prensagem a que os mesmos

estão aplicados para velocidade máxima da máquina.

Para Freitas (2001), um dos fatores mais importantes a ser considerado para o

cálculo do fluxo de ar é o tempo de permanência. Quanto maior for o tempo para

condicionamento do feltro a uma força motriz média especificada, melhor a eficiência de

desaguamento, e conseqüentemente, mais efetivos serão os recursos utilizados para limpeza

dos contaminantes presentes no feltro. Para máquinas de alta velocidade, experiências de

campo demonstraram que nas primeiras posições (pick up e 1ª prensa), os valores de tempo

de permanência devem ser fixados entre 2 a 4 milisegundos (ms). Valores abaixo de 2 ms e

caixas de sucção inferiores a 11 mm, propiciam um condicionamento pobre, mesmo que a

força motriz esteja nos níveis recomendados. Em função da espessura do feltro e velocidade

da máquina, caixas de sucção com fendas estreitas formam pontes, em detrimento ao

desaguamento do feltro.

A figura 33 representa o efeito provocado pela formação de pontes na caixa de

sucção. Na caixa com fenda dupla verifica-se a interrupção no processo de remoção da

água, nivelando as curvas que possuem acentuada tendência em direção à face externa do

feltro. Já na caixa de fenda única com a mesma largura útil total, o desaguamento é contínuo

e mais eficaz.

Figura 33– Desaguamento nas caixas de vácuo.

Page 61: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

49

O fluxo específico de ar necessário para prover desaguamento eficiente para o

tempo de permanência fixado, pode ser calculado por diferentes caminhos:

a) – Estimando o valor da força motriz entre o range de 60 a 95 l/cm2/min como regra

geral, de acordo com a gramatura e espessura de feltros multilajes.

b) – Através da equação modificada de DeCrosta.

c) – Considerando uma velocidade de ar dentro da caixa de sucção entre 8 e 14 m/s.

Qualquer um dos métodos escolhidos resultará em valores próximos e de acordo com o

requerido pelo feltro para uma boa eficiência de desaguamento

O tempo de permanência a ser fixado depende da posição em que o feltro

está aplicado e sua probabilidade de entupimento, a matéria prima e aditivos químico/cargas

utilizados no processo de fabricação. Baseado no conhecimento destes fatores e as

experiências de campo, pode-se estimar os seguintes tempos de permanência necessários

para a limpeza e desaguamento do feltro, mostrados na tabela 5:

Tabela 5– Tempo de permanência do feltro na caixa de sucção, em milisegundos.

Pick-up 1ª Prensa 2ª Prensa 3ª e/ou 4ª

Prensas

Papéis de

embalagem NA 3,0 a 6,0 3,0 a 5,0 2,0 a 4,0

Papéis de imprimir

e escrever 2,5 a 3,5 3,0 a 4,0 NA 0 a 2,0

Secagem de

celulose NA 6,0 a 8,0 4,0 a 6,0 4,0 a 6,0

Papéis Tissue 2,5 a 3,5 2,0 a 3,0 NA NA

O range dos valores estimados para o tempo de permanência, está relacionado ao

tipo de matéria prima utilizada (fibra virgem ou reciclada), ao processo de tratamento da

polpa, cargas e aditivos químicos usados na fabricação do papel.

Portanto pode-se calcular a vazão de ar necessária para o desaguamento do feltro

pelos métodos citados anteriormente, fixando-se o tempo de permanência e considerando as

variáveis embutidas nos métodos para cálculo do fluxo de ar. Desta forma as equações

abaixo podem ser utilizadas.

Page 62: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

50

- Considerando o fluxo específico de ar entre 60 a 95 l/cm2/min:

- Considerando uma velocidade média dentro da caixa de sucção entre 8 a 12 m/s:

e

Sendo:

- A = Área total das caixas de vácuo

- Vk = fluxo específico padrão

- Lf = largura do feltro

- Tp = Tempo de permanência

- Vm = velocidade da máquina

Segundo Ferme (1994), o condicionamento dos feltros deve ser tratado como um

sub-sistema do sistema de vácuo da máquina de papel, tal sua importância. Salienta ainda a

necessidade de harmonização entre os elementos de condicionamento (chuveiros, caixas de

vácuo, osciladores, separadores ar/água e bombas de vácuo), e que as bombas de vácuo

devem ser individualizadas para cada feltro. O tempo de permanência (ou “dwell time”)

mínimo de 2 milisegundos deve ser assegurado para um bom condicionamento do feltro. A

figura 34 mostra uma relação da abertura das ranhuras dentro da faixa entre 2 a 4

milisegundos, com diferentes velocidades de operação da máquina.

Ferme (1994) comenta ainda, que existem 3 tipos de pistas de deslizamento das

caixas de sucção: de ranhura única; de ranhura dupla e placa com fendas tipo “espinha de

peixe”. Estas coberturas para as caixas de sucção são fabricadas em polietileno de ultra-alta

densidade ou, em máquinas mais rápidas, de cerâmica tipo zircônia.

É comum o uso de duas caixas de sucção no condicionamento dos feltros,

principalmente nas posições pick up e 1ª prensa. A primeira caixa tem a função de auxiliar a

lavagem e a segunda, para a secagem do feltro. Em ambas é necessário a instalação de

chuveiros de lubrificação.

Vtotal = Vk xA

Vtotal = V’ x Lf V’= Vk x Tp x Vm

Page 63: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

51

Figura 34– Seleção da largura da ranhura em função da velocidade

1.4.2. Limpeza Química

De acordo com Paulapuro (2000), um dos princípios para uso da limpeza química

dos feltros, é a remoção dos contaminantes para a manutenção da sua capacidade de

desaguamento.. Além disto, muitas substâncias químicas agem como surfactantes e reduzem

a resistência ao fluxo da água no feltro, provocando inconvenientes como picks na folha

durante a passagem pelo nip e dificuldade de desaguamento na caixa de sucção.

O melhor modo para determinar qual o procedimento de limpeza química, deve ser

um trabalho conjunto com os fornecedores dos feltros e dos produtos químicos. Desta

forma, segundo Paulapuro, podem ser feitas recomendações específicas buscando o melhor

desempenho do sistema químico. Existem quatro métodos para a limpeza química:

condicionamento químico contínuo, condicionamento químico intermitente, limpeza batch e

limpeza “batch on the fly”.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 250 500 750 1000 1250 1500

Velocidade da máquina (m/min)

Lar

gura

da

ranh

ura

(mm

)

Zona ótima de

Operação

Dwell time = 0,004

Dwell time = 0,002

Gráfico de seleção da ranhura das caixas de sucção

Page 64: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

52

1.4.2.1. Condicionamento químico contínuo

De acordo com Buccieri (2002), o condicionamento químico contínuo é um

método utilizado preventivamente ao longo da vida do feltro, evitando a sua contaminação.

Este método é o mais efetivo para prover desempenho constante do feltro. Os produtos

químicos para o condicionamento podem ser alimentados por chuveiros de alta pressão ou

baixa pressão, dependendo da recomendação do fornecedor dos produtos. As substâncias

químicas são freqüentemente, utilizadas a baixas dosagens, visto que o pH da superfície do

feltro é alterado e pode, em aplicações excessivas, provocar problemas operacionais ao

entrar em contato com a folha de papel. Este sistema está se tornando, rapidamente, um

padrão para máquinas de papel, especialmente as que utilizam fibras recicladas.

1.4.2.2. Limpeza química intermitente

O condicionamento químico intermitente é utilizado em condições quando os

problemas na seção das prensas não são muito severos. Este método não é tão eficiente

quanto o condicionamento químico contínuo, mas é efetivo o bastante para prevenir a

contaminação dos feltros. Os agentes químicos são aplicados em chuveiros, também em

baixas dosagens, por um tempo específico e dentro de uma freqüência específica.

1.4.2.3. Limpeza batch

A parada para limpeza química dos feltros, ou limpeza batch, é executada na

maioria das máquinas de papel. É um método normalmente utilizado para remover os

contaminantes que se depositam na estrutura do feltro durante o seu uso. Paulapuro relata

que a vantagem de se fazer parada para limpeza, é o uso de substância química forte, por um

curto espaço de tempo, sem provocar distúrbios no sistema de águas da máquina. A escolha

de um produto ácido ou alcalino juntamente com algum detergente, depende do tipo de

contaminantes encontrados no feltro. Normalmente a limpeza é efetuada com chuveiros e as

prensas em baixa velocidade.

Este procedimento requer necessariamente, interrupção da produção. Daí a

necessidade e interesse em se desenvolver novas tecnologias de limpeza dos feltros,

buscando redução do tempo improdutivo das máquinas.

Page 65: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

53

1.4.2.4. Limpeza batch on the fly

Buccieri (2002), comenta ainda, que a limpeza BOTF (batch on the fly), é uma

derivação do sistema de limpeza intermitente. É a mais recente inovação da limpeza

química de feltros. O BOTF é efetuado com a máquina em produção, e é recomendado para

casos mais severos de entupimento e em conjunto com a limpeza química contínua. Um

fator crítico de sucesso desta aplicação, é o eficiente controle de concentração do produto

químico: deve ser concentrado o bastante para prover uma limpeza adequada e, ao mesmo

tempo, não introduzir outros problemas como quebras da folha, queda de colagem do papel

e alterações na cor.

Page 66: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

54

1.5. Monitoramento das prensas

A performance do setor de prensagem tem um impacto significativo na eficiência e

no andamento da Máquina de Papel. O ganho de teor seco da folha é o principal indicador

da eficiência das prensas úmidas. Algumas técnicas são utilizadas atualmente para medir a

umidade da folha após a prensagem, tomando amostra da folha e medindo através de

microondas, infravermelho e gama gauge.

Infelizmente, o setor de prensas das máquinas modernas não possuem passes

abertos e, portanto, a medição da umidade da folha fica prejudicada e conseqüentemente, a

análise de performance no setor, também. Assim, a análise fica restrita à verificação do

balanço de água nas prensas e no consumo de energia do setor de secagem da Máquina de

Papel.

Desta forma, e como modo auxiliar de monitoramento e antecipação dos problemas

de performance, é comum as medições e acompanhamento das condições dos feltros. As

principais características monitoradas nos feltros são o volume ativo, permeabilidade, perfil

de umidade, remoção de água pelas caixas de vácuo e, ocasionalmente, medição da

vibração.

1.5.1. Análise do feltro em máquina

Paulapuro (2000), comenta que perfil úmido transversal do feltro tem sido um

dos maiores problemas da Máquina de Papel. A medição do perfil úmido pode ser utilizado

para diagnósticos de problemas típicos do setor das prensas, tais como abaulamento

inadequado dos rolos, defeitos no revestimento, pressões de trabalho inadequadas e

problemas de condicionamento dos feltros. Usualmente, faz-se duas medições: uma antes e

outra após a caixa de sucção e chuveiros de limpeza. Isto possibilita a detecção de

problemas relacionados ao condicionamento.

O SCAMPRO PRESS TUNER é o equipamento mais comumente utilizado na

medição do perfil úmido do feltro, no seu sentido transversal em relação à máquina. Durante

a medição o instrumento é operado manualmente, varrendo o feltro. A medição da

quantidade de água baseia-se na ressonância de microondas emitidas pelo aparelho.

Outros instrumentos são utilizados, como o micrômetro apalpador, para medir a

espessura do feltro; o vacuômetro, para medir o diferencial de vácuo na caixa de sucção e o

Page 67: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

55

anemômetro, para medir a velocidade do ar que atravessa o feltro para a fenda da caixa de

sucção. Com os dados obtidos é possível uma análise de outros fatores importantes como a

relação água/feltro, volume ativo, permeabilidade dinâmica, fluxo específico de ar e tempo

de permanência.

1.5.2. Análises de feltros utilizados

A análise dos feltros utilizados é um serviço associado às vendas do feltro e dos

produtos químicos para condicionamento, e efetuado nos laboratórios dos fornecedores.

Estas análises têm como objetivo fornecer dados, a partir dos resultados obtidos, sobre as

condições operacionais das prensas e dos feltros. São importantes do ponto de vista de

antecipação ou correção de problemas operacionais.

Os principais testes são a inspeção visual; determinação do material de

entupimento residual do feltro; resistência à tração; perfis de gramatura, espessura e

permeabilidade e ainda a determinação da viscosidade intrínseca.

1.5.2.1. Inspeção Visual

Esta análise verifica o estado geral da amostra retornada ao laboratório, tais como

faixas de desgaste, furos, manchas e demais anormalidades. O resultado obtido sugere testes

específicos e localizados no feltro, definindo com isto, sugestões de melhorias no sistema de

condicionamento da máquina.

1.5.2.2. Determinação do material de entupimento residual no feltro

Esta análise tem por objetivo determinar o grau de entupimento do feltro no final

de sua vida útil. Podem ser utilizadas metodologias buscando a determinação quantitativa e

qualitativa do material de entupimento.

A análise quantitativa é uma rotina nos laboratórios dos fornecedores de feltros,

que buscam manter histórico do grau de entupimento dos feltros utilizados. Os

contaminantes são divididos em 5 grupos: solúveis em álcali; finos de papel; cinzas;

extraíveis e resinas para resistência úmida (citados no item 1.3.1).

A análise qualitativa requer equipamentos mais sofisticados a base de infra-

vermelho, capazes de comparar os contaminantes encontrados com um prévio histórico das

matérias-primas utilizadas no processo, de cada máquina de papel a ser monitorada. Estes

equipamentos estão disponíveis nos laboratórios dos fornecedores de produtos químicos. É

Page 68: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

56

uma análise mais apurada e faz um desmembramento dos grupos de contaminantes,

principalmente os orgânicos e inorgânicos. Os resultados obtidos subsidiam melhorias no

condicionamento químico, adequando os produtos utilizados nos feltros, com os

contaminantes encontrados.

As tabelas 6 e 7 mostram uma análise qualitativa típica encontrada nos feltros.

Vale ressaltar que estas tabelas tem a finalidade de exemplificar, não servindo como regra.

1.5.2.3. Determinação da resistência a tração

As condições de operação de um feltro são bastante severas: o tecido fica

constantemente sob efeito de tração, para manter estabilidade na entrada do nip; e

compressão, durante o tempo de residência no nip.

A determinação da resistência a tração fornece ao fabricante do feltro informações

de desgaste e também, da severidade operacional a que foi submetido. Ao comparar com a

contra-amostra do feltro novo, pode sugerir ao fabricante de papel um incremento da vida

útil, mantendo o feltro por mais tempo em máquina. Por outro lado, quando o grau de

conservação da resistência do feltro for muito baixa, pode disparar ações junto ao cliente,

investigando problemas potenciais na máquina de papel; e ainda fazer modificações na

concepção do feltro, melhorando a qualidade da matéria prima ou dos processos de

fabricação.

1.5.2.4. Determinação dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade do feltro

Nesta análise, o objetivo é gerar perfis transversais das propriedades de gramatura,

permeabilidade, massa específica e espessura do feltro utilizado, comparando com valores

da amostra do feltro novo e determinar percentuais de conservação das características físicas

da amostra.

Este teste contribui para a verificação de problemas relacionados com as réguas das

caixas de vácuo, partes estáticas e que afetam a resistência do feltro pelo atrito e desgaste.

Page 69: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

57

Tabela 6– Exemplo de alguns produtos comumente encontrados em uma análise qualitativa de contaminantes de feltros

Parcela Orgânica Descrição Fonte Comentários

AKD ou decomposição de

produtos do AKD

Ácidos orgânicos, cadeias longas de hidro

carbonos e cadeias longas de ketonas Cola AKD Comum em cola AKD hidrolisada

ASA Sais de ácidos orgânicos Cola ASA Cola ASA hidrolisada

Anidrido Ácido Cola ASA e cola de breu fortificado

Alcoóis Antiespumante e pich da madeira Antiespumante e madeiras de fibra

curta

Hidrocarbonetos aromáticos Latex para revestimentos e contatos adesivos SBR látex/copolímeros

Hidrocarbonetos aromáticos são

reportados quando o estireno-

butadieno não é claramente

identificado

Material Celulósico Celulose e amidos

Corantes Corantes

Esteres graxos Pitch de madeira Madeiras de fibra longa e fibra

curta -

Ácidos graxos Pitch da madeira Madeiras de fibra longa e curta e

tail oil

Page 70: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

58

Tabela 7- Exemplo de alguns produtos comumente encontrados em uma análise qualitativa de contaminantes de feltros

Parcela Inorgânica Fonte Comentários

Alumínio e hidróxido de alumínio Sulfato de alumínio Uso no tratamento de águas, e

controle de pH

Alumínio Alumínio, aluminato de sódio, policloreto de alumínio

Fosfato de alumínio Fontes de alumínio combinando com fósforo

Alumínio combinando com

ortofosfato presente na água, em

uma proporção de 1.4 de P2O5

para 1 Al2O3

Cálcio Água, madeira e licor branco

Parcelas como carbonato de cálcio,

oxalato de cálcio e sulfato de

calcio

Caulim Carga mineral da parte úmida, fibras recicladas e coatings

Caulim é um silicato de alumínio

combinado a uma proporção de 1,2

SiO2 para Al2O3

Cobre Rolo couch ou partes internas dos rolos de sucção Resultado de corrosão

Ferro Água e madeira Elementar se a amostra não for

magnética

Magnésio Talco Controle de deposição de pitch

Page 71: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

59

1.5.3. Vibração das Prensas

Paulapuro (2000), afirma que toda a máquina giratória tem uma tendência a

vibrar. Rolos, eixos, engrenagens, acoplamentos e feltros podem causar vibração, a

freqüências que podem ser prejudiciais à operação de uma seção de prensas. No pior caso,

uma vibração severa pode causar parada da máquina fora do programado, devido a

fracassos inesperados do equipamento. Então, monitorar a vibração se tornou

procedimento padrão na indústria de papel. Hoje em dia, muitos fabricantes de papel

instalam sistemas permanentes que monitoram o equipamento. São sensores colocados nas

partes sensíveis dos rolos, que registram a vibração continuamente e apresentam a

evolução com o tempo.

Muitos fabricantes de feltros realizam este serviço com o objetivo de analisar as

vibrações totais do setor de prensas, e a partir daí fazer uma estratificação buscando as

causas principais, e o percentual de participação dos feltros, rolos das prensas e rolos guias

feltro, do total medido.

A vibração pode ser causada através de problemas mecânicos da máquina; os

rolos das prensas; ou ainda o próprio feltro. Os problemas típicos são: rolamentos do eixo

dos rolos; balanceamento dos rolos; revestimento facetado ou gasto; volume vazio do feltro

insuficiente; projeto do feltro inadequado para a posição das prensas e ainda forças

hidráulicas excessivas no nip de prensagem.

Page 72: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

60

2. Materiais e Métodos

A busca de melhorias no condicionamento de feltros deve ser uma preocupação

constante de Técnicos e Engenheiros da produção, pois o desempenho do setor de prensas

está diretamente relacionado ao custo final de fabricação; quer seja pelo desempenho dos

equipamentos e materiais ou então pela qualidade final do papel.

Conceitualmente, o condicionamento mecânico dos feltros, efetuado pelos

chuveiros de alta e baixa pressão e pelas caixas de sucção, deveriam estar conformes ao

projeto da máquina, e este por sua vez, estar de acordo com as melhores práticas e

recomendações de uso. Mas não é assim que ocorre. Por razões diversas, é comum

encontrar problemas de posicionamento dos chuveiros de alta e baixa pressão, com ângulos

de atuação sobre o feltro completamente fora dos padrões e distâncias do feltro também

com problemas.

Para uma boa análise do condicionamento, é necessário o conhecimento das

técnicas adotadas no condicionamento mecânico e análises efetuadas nos feltros buscando

avaliar a eficácia do condicionamento químico. Este capítulo descreve uma metodologia

para análise do condicionamento de feltros do setor de prensas. Um roteiro a ser seguido,

buscando na bibliografia citada, base de comparação da máquina em estudo com as

melhores práticas encontradas no mercado.

2.1. Análise do Condicionamento Mecânico

O item 1.4.1 da revisão bibliográfica descreve a limpeza mecânica dos feltros,

detalhando os componentes do sistema de limpeza e os efeitos, no feltro, das variáveis

envolvidas. A análise do condicionamento deve contemplar ainda, as condições de

qualidade da água utilizada e as condições operacionais dos chuveiros e caixas de sucção.

Uma configuração típica dos equipamentos utilizados na limpeza mecânica é mostrada na

figura 35.

A análise tem início avaliando a quantidade e posição destes equipamentos. É

importante ressaltar que a configuração ideal nem sempre é possível devido ao lay out da

máquina e condições operacionais dos chuveiros e caixas de vácuo. Porém, a análise é

válida para buscar soluções alternativas dos problemas encontrados. Nem sempre uma

Page 73: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

61

relocação física é possível, mas um ajuste fino em posicionamento ou em condições

operacionais pode ser uma alternativa de melhoria do sistema.

Figura 35– Configuração típica dos equipamentos de limpeza mecânica de feltros

2.1.1. Qualidade da água

A boa qualidade da água para os chuveiros influencia muito o desempenho e

funcionamento dos bicos. Conhecer o tipo de água utilizada pode contribuir na escolha do

tipo de bico em cada um dos diferentes chuveiros do sistema, e ainda na decisão do uso de

filtros no circuito de suprimento de água. A tabela 8 mostra itens a serem analisados.

2.1.2. Chuveiros

A questão dos chuveiros deve ser muito bem analisada pela importância destes no

sistema de condicionamento. Interferem tanto nas condições operacionais, quanto no

1 – Chuveiro químico ou alta vazão

2 – Chuveiro de alta pressão

3 – Chuveiro de lubrificação

4 – Caixa de sucção.

Page 74: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

62

desempenho do condicionamento químico. Os itens a seguir devem ser listados e avaliados

em uma análise do sistema de condicionamento de feltros.

Tabela 8– Itens a serem analisados na água de suprimento dos chuveiros

Item Unidades pH -

Temperatura ºC

Condutividade µs

Turbidez NTU

Alcalinidade total ppm CaCO3

Dureza total ppm

Dureza alcalina ppm

Cloro ppm

Cloreto ppm Cl

Sílica ppm SiO2

Sulfato ppm

Ferro total ppm

Potássio ppm

Sódio ppm

Alumínio ppm

Matéria orgânica ppm

2.1.2.1. Chuveiros de alta pressão

a) Bicos: - Distância entre bicos

- Diâmetro do orifício

- Vazão

b) Oscilador: - Tipo

- Velocidades máxima e mínima

c) Pressão de operação

d) Posição: - Lado interno/externo

- Ângulo de ataque do jato

- Distância do feltro

Page 75: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

63

e) Operação: - Contínua ou intermitente

- Temperatura da água

- Regulagem de pressão

2.1.2.2. Chuveiros de baixa pressão

a) Bicos: - Distância entre bicos

- Diâmetro do orifício

- Vazão

- Ângulo de abertura do leque

b) Oscilador: - Sim ou não

- Tipo

- Velocidades máxima e mínima

c) Pressão de operação

d) Posição: - Distância do feltro

- Direção do leque (direto ou indireto ao feltro)

e) Operação: - Tipo de água utilizada

- Temperatura da água

2.1.2.3. Chuveiro de químicos

a) Bicos: - Distância entre bicos

- Diâmetro do orifício

- Vazão

b) Oscilador: - Sim ou não

- Tipo

- Velocidades máxima e mínima

c) Operação: - Contínuo

- Intermitente

- BOTF

- Pressão

- Temperatura

d) Posição: - Lado interno/externo

- Distância do feltro

Page 76: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

64

2.1.3. Raspadores dos rolos guia feltro

a) – Tipo de raspador

b) – Tipo de raspa

c) – Perfil de desgaste da raspa

d) – Vida útil

2.1.4. Sistema de vácuo

a) – Quantidade de caixas de sucção

b) – Fendas: - número

- abertura

c) – Diferencial de vácuo

d) – Vazão de ar

e) – Vazão de água

2.2. Análise do feltro em máquina

Um bom acompanhamento das condições do feltro durante sua vida útil, pode

prevenir e/ou corrigir muitos problemas decorrentes do condicionamento. Além das

medidas corretivas imediatas que podem ser tomadas, é possível fazer um histórico sobre

as condições de condicionamento e desempenho dos feltros, para cada posição das prensas,

contribuindo desta forma, com o desenvolvimento de novos projetos de feltros.

A tabela 9 demostra uma lista de verificação com os itens obtidos através das

medições com o SCAMPRO PRESS TUNER, o anemômetro, o micrômetro, o vacuômetro

e ainda algumas leituras de instrumentos de campo, da máquina de papel. Estes itens são

necessários para uma análise das condições operacionais do feltro e do seu

condicionamento.

Page 77: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

65

Tabela 9– Lista de verificação para análise do feltro e seu condicionamento.

Item unidade Fonte

Espessura g/m² Micrômetro

Fluxo de ar mm Anemômetro

Água antes da caixa de sucção g de H2O/m² de feltro Scampro

Diferencial de vácuo mca Vacuômetro

Dimensões das fendas (nº,

largura e comprimento) mm

Medição de campo

(paquímetro)

Gramatura do feltro g/m² Dados do fornecedor

Dimensões do feltro (largura e

comprimento) m Dados do fornecedor

Velocidade da prensa m/min Painel de operação

Pressão manométrica da prensa MPa Painel de operação

Pressão linear da prensa kN/m Painel de operação

Pressão interna do rolo de

abaulamento variável kPa Painel de operação

Com os dados da tabela 9, é possível o cálculo de itens de monitoramento do

feltro, como o volume ativo, permeabilidade dinâmica, fluxo específico de ar, vazão total

de ar e tempo de permanência na caixa de vácuo.

2.2.1. Análise dos perfis de umidade do feltro

O Scampro Press Tuner gera perfis de umidade do feltro. As medições são

efetuadas antes e após as caixas de sucção, permitindo uma análise da eficiência do

condicionamento. As figuras 36 a 41 mostram perfis característicos e as interpretações

destes.

Page 78: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

66

Figura 36– Perfil de Scampro mostrando excesso de abaulamento .

Figura 37– Perfil de Scampro mostrando falta de abaulamento.

Figura 38– Perfil de Scampro mostrando diferença de aplicação de pressão manométrica , com

menor pressão no lado FS.

Page 79: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

67

Figura 39– Perfil de Scampro mostrando “serrilhado”, provocado por faixas de umidade. Algumas hipóteses podem ser verificadas: oscilação do chuveiro de alta pressão com problemas e baixa pressão no chuveiro de lubrificação; entre outras.

Figura 40– Perfil de Scampro “rajado”, mostrando faixas de entupimento do feltro e excesso de abaulamento

Figura 41– Perfil de Scampro com configuração adequada.

Page 80: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

68

2.2.2. Relação água/feltro

Esta relação permite verificar quanto de água o feltro está retirando do nip, em

função do peso nominal do feltro. Baixas relações água/feltro podem indicar remoções de

água inferiores ao necessário para um bom desempenho do setor de prensagem. A relação

água/feltro é calculada pela fórmula abaixo, e a tabela 10 mostra valores mínimos

recomendados para 3 tipos de aplicação: papel cartão, celulose e papel de imprimir e

escrever.

Onde: g/m² de água corresponde ao valor medido pelo Scampro Press Tuner, na entrada do

nip, e g/m² de feltro correspondem ao peso/m² nominal do feltro.

Tabela 10– Valores mínimos de relação água/feltro

Aplicação Posição Relação água/feltro na entrada do nip (g/g)

RC/CP ~0,40

1ª prensa superior 0,35 a 0,40

1ª prensa inferior 0,35

2ª prensa 0,35

Cartão

3ª prensa 0,35

Pick up 0,25

1ª prensa 0,25

2ª prensa 0,20 a 0,23 Celulose

3ª prensa 0,20 a 0,23

Pick up 0,35

1ª prensa 0,45

2ª prensa 0,45 Imprimir e escrever

3ª prensa 0,30

2.2.3. Volume Ativo

Volume ativo (VA), é a capacidade interna do feltro em absorver água no nip. É o

valor percentual de espaços vazios no corpo do feltro. Durante sua vida útil, ocorre uma

Relação água/feltro g/m² de água

g/m² de feltro =

Page 81: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

69

perda acentuada de volume ativo, indicando compactação e entupimento. A tabela 11

mostra valores críticos de volume ativo para operação das prensas.

Tabela 11– Valores críticos de volume ativo

Aplicação Posição Volume ativo crítico (%)

RC/CP 25

1ª prensa superior 25

1ª prensa inferior 25

2ª prensa 25

Cartão

3ª prensa 25

Pick up 20

1ª prensa 15 a 20

2ª prensa 20 Celulose

3ª prensa 20

Pick up 25

1ª prensa 25

2ª prensa 25 Imprimir e escrever

3ª prensa 25

O volume ativo é calculado relacionando espessura e gramatura do feltro pela

seguinte expressão:

Onde:

- a espessura é obtida medindo o feltro com o micrômetro,

- 1,14 é o valor da densidade do poliester.

Volume Ativo (VA)

Espessura * 1000 g/m² do feltro

1,14 * 100

Espessura * 1000

=

-

Page 82: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

70

2.2.4. Permeabilidade dinâmica

É um parâmetro de monitoramento do feltro durante sua vida útil, relacionando a

velocidade do ar, com o diferencial de vácuo na caixa de sucção. É o volume de ar que

atravessa 1 m² de feltro em 1 minuto. Representa um forte indicador do grau de

entupimento do feltro. Valores mínimos recomendados de permeabilidade dinâmica são

apresentados na tabela 12.

Tabela 12– Valores mínimos de permeabilidade dinâmica

Aplicação Posição Permeabilidade dinâmica

(m³/m²/min)

RC/CP > 150

1ª prensa superior > 150

1ª prensa inferior > 150

2ª prensa > 150

Cartão

3ª prensa > 150

Pick up >120

1ª prensa >120

2ª prensa >120 Celulose

3ª prensa >120

Pick up > 150

1ª prensa > 120

2ª prensa > 80 Imprimir e escrever

3ª prensa > 80

A permeabilidade dinâmica (m³/m²/min) é calculada pela fórmula abaixo:

Onde,

- 103,02 e 2,89 são fatores de conversão de unidades;

= Permeabilidade

dinâmica (m³/m²/min)

103,02 * velocidade do ar

diferencial de vácuo (MCA) * 2,89

Page 83: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

71

- velocidade do ar é obtida pelo aparelho anemômetro;

- Diferencial de vácuo é o valor medido na caixa de sucção pelo vacuômetro.

2.2.5. Fluxo específico do ar

O fluxo específico do ar é uma variável dependente do vácuo da caixa de sucção,

permeabilidade do feltro, tempo de permanência e relação água feltro antes da caixa de

sucção.

Sendo:

Q = fluxo específico de ar (CFM/in2)

∆P = diferencial de vácuo na caixa de sucção (“Hg)

D = tempo de permanência na fenda da caixa de vácuo.

P = permeabilidade ao ar do feltro seco (CFM/ft2)

F1 = relação água/feltro do feltro antes da caixa de sucção (lb H2O/lb feltro)

2.2.6. Vazão total do ar

É a quantidade de total de ar que passa pelas fendas da caixa de vácuo, em

m³/min. Valores baixos de vazão de ar podem indicar entupimento e/ou compactação do

feltro; ou então, problemas no sistema de vácuo. A vazão total de ar pode ser calculada

pela seguinte expressão:

Onde:

- fluxo específico de ar em l/cm²/min,

= Vazão total de ar (m³/min)

Fluxo específico * largura da fenda * comprimento da fenda

100.000

0,069 (∆P) 0,476 (D) 0,110 (P) 0,916

(F1)0,626

Q =

Page 84: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

72

- largura e comprimento da fenda em mm,

- 100.000 é utilizado para conversão de unidades.

2.2.7. Tempo de permanência

O tempo de permanência no nip indica por quanto tempo, em cada revolução, o

feltro fica submetido a ação do vácuo na caixa de sucção. Estudos recentes, para máquinas

de alta velocidade, mais os trabalhos práticos, demonstram que entre 2 a 4 milisegundos,

são valores adequados para um bom condicionamento, como foi citado no item 1.4.1.3 –

sistema de vácuo.

O tempo de permanência relaciona a largura das fendas da caixa de vácuo com a

velocidade do feltro, pela seguinte fórmula:

Tempo de permanência (milisegundos)

= Largura da fenda (mm)

Velocidade da prensa (m/min) * 60

Page 85: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

73

2.3. Análise do feltro utilizado

A análise dos feltros utilizados é um serviço associado às vendas do feltro e dos

produtos químicos para condicionamento, e efetuado nos laboratórios dos fornecedores.

Estas análises tem como objetivo fornecer dados, a partir dos resultados obtidos, sobre as

condições operacionais das prensas e dos feltros. São importantes do ponto de vista de

antecipação ou correção de problemas operacionais.

Os principais testes são a inspeção visual; determinação do material de

entupimento residual do feltro; resistência à tração; perfis de gramatura, espessura e

permeabilidade e ainda a determinação da viscosidade intrínseca.

2.3.1. Inspeção Visual

Esta análise verifica o estado geral da amostra retornada ao laboratório, tais como

faixas de desgaste, furos, manchas e demais anormalidades. O resultado obtido sugere

testes específicos e localizados no feltro, definindo com isto, sugestões de melhorias no

sistema de condicionamento da máquina. A figura 42 mostra como é efetuada esta análise.

Figura 42– Análise visual dos feltros.

2.3.2. Determinação do material de entupimento residual no feltro

Nesta análise, o objetivo é determinar o grau de entupimento do feltro no final de

sua vida útil. Os equipamentos e recursos utilizados são a balança analítica, estufa, papel

filtro, balões de fundo chato, extrator sox-let, triturador, centrifugador, bomba de vácuo e

forno mufla. É uma análise quantitativa, informando a fração de orgânicos, finos de

celulose e cinzas aderidos na amostra. Esta quantidade quando muito alta pode influenciar

na permeabilidade.

Page 86: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

74

2.3.2.1. Amostragem

Retira-se duas amostras próximo das laterais (na área do formato do papel) e uma

do centro. Recorta-se as três amostras em tiras ao longo do seu lado maior e picotá-las.

2.3.2.2. Procedimento para extração

- Colocar o balão de extração com algumas bolinhas de ebulição e papel de filtro

na estufa a 100º C por 20 minutos.

- Dessecar o balão e o papel de filtro por 20 minutos.

- Pesar na balança eletrônica o balão e o papel.

- Pesar aproximadamente 10 g de amostra previamente retalhada e colocar dentro

do papel de filtro, levando à estufa a 100º C por 20 minutos.

- Dessecar a amostra retalhada e o papel de filtro por 20 minutos e em seguida

pesar.

- Colocar para extração nos extratores Sox-Let, utilizando um solvente composto

de três partes iguais de metanol, diclorometano e isopropanol.

- Deixar em extração por no mínimo 8 horas, ou até que a solução no extrator se

torne incolor.

- Colocar o balão com o extrato em estufa a 100º C até secagem.

- Colocar o balão com o extrato no dessecador por 20 minutos e pesar.

A figura 43 mostra o extrator Sox-let utilizado nesta análise.

Figura 43– Extrator Sox-let

Page 87: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

75

2.3.2.3. Procedimento para determinação de finos orgânicos

- Retirar a amostra do extrator Sox-Let, secar, triturar com 500 ml de água

destilada.

- Lavar e centrifugar com água destilada, para separação de fios e fibras dos finos.

- Passar a solução contendo os finos para um béquer e decantar com o auxílio de

um catalisador.

- Colocar em estufa o papel de filtro faixa preta por 20 minutos a 100°C.

- Dessecar o papel de filtro por 20 minutos e pesar.

- Filtrar a solução contendo os finos em funil de Büschner (figura 44).

- Secar em estufa a 100°C por 20 minutos, o papel de filtro e os finos.

- Dessecar o papel de filtro mais os finos por 20 minutos e pesar.

Figura 44– Bomba de vácuo e Funil de Büschner

2.3.2.4. Procedimento para determinação de finos inorgânicos (cinzas)

- Colocar o cadinho de porcelana na mufla (figura 45), a 800°C por 60 minutos.

- Dessecar o cadinho por 60 minutos e pesar.

- Colocar o papel de filtro e os finos dentro do cadinho e levar a mufla por 60

minutos a 800°C.

- Dessecar o cadinho e as cinzas por 60 minutos e pesar.

Page 88: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

76

Figura 45– Forno mufla

2.3.3. Determinação da resistência a tração

Esta análise tem como objetivo a determinação à resistência a tração do corpo e da

emenda de peças retornadas e comparar com a amostra nova previamente arquivada, para

determinar desgaste na amostra retornada.

2.3.3.1. Procedimento

- Iniciar as marcações dos corpos de prova (no mínimo cinco) sempre na lateral

comando (em relação ao lado de acionamento da máquina de papel) da peça, para posterior

corte e ruptura das amostras longitudinais, transversais e emenda no dinamômetro,

mostrado da figura 46.

- Posicionar as amostras longitudinais no dinamômetro, uma a uma, e acionar o

equipamento.

- Repetir a operação com as amostras transversais do feltro retornado.

- Repetir a operação com as amostras transversais e longitudinais do feltro novo.

- Fazer a leitura e retirar o relatório.

Figura 46– Dinamômetro

Instron para determinação

da resistência a tração

Page 89: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

77

2.3.4. Determinação dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade do feltro

Nesta análise, o objetivo é gerar perfis transversais das propriedades de gramatura,

permeabilidade, massa específica e espessura do feltro utilizado, comparando com valores

da amostra do feltro novo e determinar percentuais de conservação das características

físicas da amostra.

Este teste contribui para a verificação de problemas relacionados com as réguas

das caixas de vácuo, partes estáticas e que afetam a resistência do feltro pelo atrito e

desgaste.

O equipamento utilizado é o LABSCANNER, mostrado na figura 47, que

possibilita uma varredura em todo o perfil transversal da amostra, gerando

automaticamente, perfis das propriedades citadas.

Figura 47- Labscanner para medição dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade do

feltro

Page 90: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

78

3. Estudo de Caso

O presente estudo de caso tem por finalidade analisar o condicionamento dos

feltros das máquinas C1 e C2 da Votorantim Celulose e Papel, na unidade de Luiz

Antônio, buscando mapear as condições operacionais e adequar as irregularidades

encontradas às melhores práticas estudadas na bibliografia.

3.1. Principais características das Máquinas C1 e C2

As máquinas de papel em questão, foram projetadas para a produção de papéis de

imprimir e escrever. A tabela 13 mostra as principais características das máquinas C1 e

C2. As duas máquinas produzem papéis com fibras branqueadas de eucalípto e utilizam o

processo alcalino com cola ASA (anidrido de alquinil succínico).

Tabela 13– Características das Máquinas C1 e C2

Máquina C1 Máquina C2

Fabricante Voith Voith

Ano de Star-up 1991 1992

Gramaturas 75 a 105 g/m² 50 a 75 g/m²

Velocidade de projeto 1200 m/min 1200 m/min

Velocidade de operação 1220 m/min 1150 m/min

Largura útil 4720 mm 4720 mm

Tipo de caixa de entrada “W” com modulo jet “W”

Formador FD CF

Prensas Trí-nip com Shoe Press e 4ª prensa

Trí-nip e 4ª prensa

Nº de cilindros secadores 48 48

Aplicador de amido superficial

Speed sizer vertical Speed sizer vertical

QCS ABB Honeywell Measurex

Sistema de monitoramento de defeitos

Ulma NT Ulma 3D

Sistema de monitoramento de quebras

Smart Advisor (ABB) Hilcont (Honeywell

Measurex)

Page 91: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

79

3.2. Análise do Condicionamento

Como foi citado no capítulo 1.4, o condicionamento dos feltros tem uma elevada

importância no desempenho do feltro durante sua vida útil e, conseqüentemente, no bom

funcionamento do setor de prensagem da máquina de papel.

Para esta análise, foi tomado como base a metodologia abordada no capítulo 4, e

os tópicos desenvolvidos foram os seguintes:

a) – Qualidade da água para o sistema de chuveiros;

b) – Chuveiros;

c) – Sistema de vácuo.

O sistema de chuveiros recebe água da estação de tratamento de água, e sendo

assim, a amostra analisada representa a composição de amostras dos vários chuveiros de

ambas as máquinas.

A figura 48 mostra o esquema básico de chuveiros das Máquinas C1 e C2; e os

dados obtidos na análise estão apresentados nas tabelas abaixo. A tabela 14 mostra o

resultado da análise da água. As tabelas 15 e 16 mostram os valores obtidos na Máquina

C1, sobre o sistema de chuveiros e sistema de vácuo, e as tabelas 17 e 18 trazem os

resultados destas análises da Máquina C2.

Page 92: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

80

Figura 48– Esquema dos chuveiros das prensas das Máquinas C1 e C2

Page 93: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

81

Tabela 14– resultado da análise da água de suprimento dos chuveiros

Item Unidades Valor pH - 7,4

Temperatura ºC 21

Condutividade µs 99,3

Turbidez NTU 0,66

Alcalinidade total ppm CaCO3 21,0

Dureza total ppm 27,3

Dureza alcalina ppm 22,8

Cloro ppm 0,4

Cloreto ppm Cl 9,3

Sílica ppm SiO2 12,7

Sulfato ppm 38,2

Ferro ppm 0,07

Potássio ppm 1,8

Sódio ppm 5,3

Alumínio ppm -

Matéria orgânica ppm 3,95

Page 94: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

82

Tabela 15– Avaliação dos chuveiros das prensas da Máquina C1

Valores encontrados para cada posição Tipo de Chuveiro

Item de controle Unidade Valor recomendado 1ª Prensa Pick-up 3ª Prensa 4ª Prensa

Pressão MPa 1,0 a 1,5 1,0 a 1,2 1,0 a 1,2 1,0 a 1,2 1,0 a 1,2 Diâmetro do bico mm 0,8 a 1,2 0,8 0,8 0,8 0,8

Nº de bicos/chuveiro - - 35 35 35 35 Distância entre bicos mm - 150 150 150 150 Distância bico/feltro mm 250 a 300 145 145 145 145

Vazão/bico l/min 1,8 a 2,2 0,91 a 0,97 0,91 a 0,97 0,91 a 0,97 0,91 a 0,97 Vazão total l/min - 35 35 35 35

Ângulo do jato - 30 a 35 0 0 0 0 Tipo de oscilador - Eletromecânico Eletromecânico Eletromecânico Eletromecânico Eletromecânico

Velocidade de oscilação

cm/min calculado 6,8 6,8 6,8 6,8

Temperatura da água ºC 60 62 62 62 62 Chu

veir

o de

Alt

a pr

essã

o

Localização - Externo, após o

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico

Pressão MPa 0,20 a 0,25 0,3 0,3 0,3 0,3

Vazão do chuveiro l/min/cm de feltro

0,075 a 0,090 0,053 0,053 0,053 0,053

Temperatura da água ºC 60 62 62 62 62

Tipo de bicos - Leque Leque Leque Leque Leque

Nº de bicos - - 14 14 14 14

Distância do feltro cm calculado 30 17 19,5 29

Ângulo dos bicos - 90 a 120 80 80 80 80

Chu

veir

o de

Bai

xa P

ress

ão

Localização Externo, antes e entre as caixas

de vácuo

Externo, antes e entre as caixas de

vácuo

Externo, antes da caixa de vácuo

Externo, antes e entre as caixas de

vácuo

Externo, antes da caixa de vácuo

Page 95: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

83

Valores encontrados para cada posição Tipo de

Chuveiro

Item de controle Unidade Valor recomendado 1ª Prensa Pick-up 3ª Prensa 4ª Prensa

Pressão MPa 1,4 a 2,5 1,2 1,2 1,2 1,2

Vazão do chuveiro l/min/bico - 3,1 3,1 3,1 3,1

Temperatura da água ºC 70 a 87 75 75 75 75

Tipo de bicos - Leque Leque Leque Leque Leque

Ângulo do bico - 110º 110º 110º 110º 110º

Chu

veir

o Q

uím

ico

Localização Interno e o mais próximo da saída

do nip Externo, saída do nip Interno, saída do nip Interno, saída do nip Interno, saída do nip

Tabela 16– Condições operacionais das caixas de sucção da máquina C1

Posições Pick-up 1ª Prensa 3ª Prensa 4ª Prensa

Situações Atual Recomendada Atual Recomendada Atual Recomendada Atual Recomendada

Tempo de permanência ms 2,75 3 3 3 1,5 2 1,25 1,5

Abertura total das fendas mm 55 60 60 60 30 40 25 30

Número de caixas de sucção 2 D 2D 2D 2D 1D 2S 1D 1D

Área total das caixas de

sucção cm² 2750 3000 3000 3000 1500 2000 1250 1500

Fluxo específico de ar l/cm²/min 77 75 63 70 114 85 67 85

Vazão real de ar m³/min 212 225 189 210 171 170 84 128

Vazão nominal de ar m³/min 221 248 221 231 186 187 92 141

Page 96: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

84

Tabela 17– Avaliação dos chuveiros das prensas da Máquina C2

Valores encontrados para cada posição Tipo de Chuveiro

Item de controle Unidade Valor recomendado 1ª Prensa Pick-up 3ª Prensa 4ª Prensa

Pressão MPa 1,0 a 1,5 1,0 a 1,6 1,0 a 1,6 1,0 a 1,6 1,0 a 1,6 Diâmetro do bico mm 0,8 a 1,2 0,8 0,8 0,8 0,8

Nº de bicos/chuveiro - - 35 35 35 35 Distância entre bicos mm - 150 150 150 150 Distância bico/feltro mm 250 a 300 120 140 170 120

Vazão/bico l/min 1,8 a 2,2 0,91 a 1,1 0,91 a 1,1 0,91 a 1,1 0,91 a 1,1 Vazão total l/min - 35 35 35 35

Ângulo do jato - 30 a 35 0 5 25 0 Tipo de oscilador - Eletromecânico Eletromecânico Eletromecânico Eletromecânico Eletromecânico

Velocidade de oscilação

cm/min calculado 6,8 6,8 6,8 6,8

Temperatura da água ºC 60 62 62 62 62 Chu

veir

o de

Alt

a pr

essã

o

Localização - Externo, após o

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico Externo, após

chuveiro químico

Pressão MPa 0,20 a 0,25 0,3 0,3 0,3 0,3

Vazão do chuveiro l/min/cm de feltro 0,075 a 0,090 0,053 0,053 0,053 0,053

Temperatura da água ºC 60 62 62 62 62

Tipo de bicos - Leque Leque Leque Leque Leque

Nº de bicos - - 14 14 14 14

Distância do feltro cm Calculado 36 15 19,5 33

Ângulo dos bicos - 90 a 120 80 80 80 80

Chu

veir

o de

Bai

xa P

ress

ão

Localização Externo, antes e entre as caixas

de vácuo

Externo, antes e entre as caixas de

vácuo

Externo, antes da caixa de vácuo

Externo, antes e entre as caixas de

vácuo

Externo, antes da caixa de vácuo

Page 97: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

85

Valores encontrados para cada posição Tipo de

Chuveiro

Item de controle Unidade Valor recomendado 1ª Prensa Pick-up 3ª Prensa 4ª Prensa

Pressão MPa 1,4 a 2,5 1,2 1,2 1,2 1,2

Vazão do chuveiro l/min/bico - 3,1 3,1 3,1 3,1

Temperatura da água ºC 70 a 87 75 75 75 75

Tipo de bicos - Leque Leque Leque Leque Leque

Ângulo do bico - 110º 110º 110º 110º

Chu

veir

o Q

uím

ico

Localização - Mais próximo da

saída do nip Externo, saída do nip Interno, saída do nip Interno, saída do nip Interno, saída do nip

Tabela 18– Condições operacionais das caixas de sucção da máquina C2

Posições Pick-up 1ª Prensa 3ª Prensa 4ª Prensa

Situações Atual Recomendada Atual Recomendada Atual Recomendada Atual Recomendada

Tempo de permanência ms 2,86 3 3,1 3 1,6 2 1,27 1,5

Abertura total das fendas mm 55 60 60 60 30 40 25 30

Número de caixas de sucção 2 D 2D 2D 2D 1D 2S 1D 1D

Área total das caixas de

sucção cm² 2750 3000 3000 3000 1500 2000 1250 1500

Fluxo específico de ar l/cm²/min 77 75 63 70 114 85 67 85

Vazão real de ar m³/min 212 225 189 210 171 170 84 128

Vazão nominal de ar m³/min 221 248 221 231 186 187 92 141

Page 98: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

86

3.3. Análise do feltro em máquina

A exemplo da análise do condicionamento, a verificação das condições dos feltros

durante seu período de operação, tem uma elevada importância para antecipação de

problemas operacionais. Muitas decisões são tomadas, na gestão das duas máquinas, com

base nos resultados desta análise, desde ajustes nas pressões de operação, até a substituição

de rolos das prensas, em paradas programadas.

Existe uma rotina já estabelecida de monitoramento do feltro em máquina. Este

serviço é efetuado por Engenheiros das empresas fornecedoras e está associado às vendas

do produto.

As análises realizadas foram;

a) – Volume ativo;

b) – Relação água/feltro;

c) – Permeabilidade dinâmica;

d) – Remoção de água.

As figuras abaixo trazem gráficos das variáveis analisadas para cada feltro e em

cada máquina.

Page 99: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

87

Volume Ativo - Feltro Pick-up C1

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

1 1 2 4 4 4 5 6 7 10 11 12 12 15 19 19 20 20 21 21 25 27 27 30 32

Dias

Volume ativo - Feltro da 1ª prensa C1

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

5 5 6 8 11 11 19 20 25 26 26 27 27 30 31 32 39 40 41 41 44 46 47 49 55

Dias

Volume Ativo - Feltro da 3ª prensa C1

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

Dias

Volume Ativo - Feltro da 4ª prensa C1

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

1 1 2 2 4 4 4 4 5 6 7 7 8 8 9 10 11 11 11 13 13 15 19 19 24

Dias

Figura 49– Volume ativo dos feltros da máquina C1

Page 100: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

88

Volume Ativo- Feltro pick-up C2

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

2 4 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 14 17 20 21 25 28 29 34 34 35 35

Dias

Volume Ativo- Feltro da 1ª prensa C2

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

2 2 3 5 6 9 12 13 13 13 17 19 24 29 34 37 48 48 48 52 55 55 58

Dias

Volume Ativo - Feltro da 3ª prensa C2

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

2 2 3 4 6 7 9 11 13 13 13 13 14 17 19 21 24 28 33 33 37 40 47

Dias

Volume Ativo - Feltro da 4ª prensa C2

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

55%

60%

1 2 3 5 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 17 19 20 20 20 24 27 29 31

Dias

Figura 50– Volume ativo dos feltros da Máquina C2

Page 101: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

89

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro pick-up C1

0,35

0,4

0,45

0,5

0,55

1 1 2 4 4 4 5 6 7 10 11 12 12 15 19 19 20 20 21 21 25 27 27 30 32

Dias

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro da 1ª prensa C1

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

5 5 6 8 11 11 19 20 25 26 26 27 27 30 31 32 39 40 41 41 44 46 47 49 55

Dias

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro da 3ª prensa C1

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

Dias

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro da 4ª prensa C1

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0,55

0,6

1 1 2 2 4 4 4 4 5 6 7 7 8 8 9 10 11 11 11 13 13 15 19 19 24

Dias

Figura 51– Relação água/feltro dos feltros da Máquina C1

Page 102: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

90

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro pick-up C2

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

2 4 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 14 17 20 21 25 28 29 34 34 35 35

Dias

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro da 1ª prensa C2

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65

2 2 3 5 6 9 12 13 13 13 17 19 24 29 34 37 48 48 48 52 55 55 58

Dias

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro da 3ª prensa C2

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

2 2 3 4 6 7 9 11 13 13 13 13 14 17 19 21 24 28 33 33 37 40 47

Dias

Relação água/feltro (g de água/g de feltro) -

Feltro da 4ª prensa C2

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

1 2 3 5 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 17 19 20 20 20 24 27 29 31

Dias

Figura 52– Relação água/feltro dos feltros da Máquina C2

Page 103: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

91

Permeabilidade dinâmica (m³/m²/min) -

Feltro pick-up C1

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

1 1 2 4 4 4 5 6 7 10 11 12 12 15 19 19 20 20 21 21 25 27 27 30 32

Dias

Permeabilidade dinâmica (m³/m²/min) -

Feltro 1ª prensa C1

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

5 5 6 8 11 11 19 20 25 26 26 27 27 30 31 32 39 40 41 41 44 46 47 49 55

Dias

Permeabilidade dinâmica (m³/m²/min) -

Feltro 3ª prensa C1

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Dias

Permeabilidade dinâmica (m³/m²/min) -

Feltro 4ª prensa C1

0

20

40

60

80

100

120

140

160

1 1 2 2 4 4 4 4 5 6 7 7 8 8 9 10 11 11 11 13 13 15 19 19 24

Dias

Figura 53– Permeabilidade dinâmica dos feltros da Máquina C1

Page 104: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

92

Permeabilidade Dinâmica (m 3/m 2/min) -

Feltro pick up C2

100

120

140

160

180

200

220

240

260

2 4 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 14 17 20 21 25 28 29 34 34 35 35

D ias

Permeabilidade dinâmica (m3/m

2/min) - Feltro

1ª prensa C2

100

120

140

160

180

200

220

240

260

280

300

2 2 3 5 6 9 12 13 13 13 17 19 24 29 34 37 48 48 48 52 55 55 58

Dias

Permeabilidade dinâmica (m3/m2/min) - Feltro

3ª prensa C2

50

70

90

110

130

150

170

190

210

230

2 2 3 4 6 7 9 11 13 13 13 13 14 17 19 21 24 28 33 33 37 40 47

Dias

Permeabilidade dinâmica (m3/m

2/min) -

feltro 4ª prensa C2

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 5 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 17 19 20 20 20 24 27 29 31

Dias

Figura 54– Permeabilidade dinâmica dos feltros da Máquina C2

Page 105: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

93

Figura 55– Remoção de água dos feltros da Máquina C1

Remoção água (g de água/ m 2 de feltro) -

feltro pick up C1

100

120

140

160

180

200

220

240

260

1 1 2 4 4 4 5 6 7 10 11 12 12 15 19 19 20 20 21 21 25 27 27 30 32

D ias

Remoção água (g de água/m2 de feltro) -

feltro 1ª prensa C1

20

30

40

50

60

70

80

90

100

5 5 6 8 11 11 19 20 25 26 26 27 27 30 31 32 39 40 41 41 44 46 47 49 55

Dias

Remoção água (g de água/m2 de feltro) -

feltro 3ª prensa C1

-40

-20

0

20

40

60

80

100

D ias

Remoção água (g de água/ m 2 de feltro) -

feltro 4ª prensa C1

-20

-10

0

10

20

30

1 1 2 2 4 4 4 4 5 6 7 7 8 8 9 10 11 11 11 13 13 15 19 19 24

D ias

Page 106: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

94

Remoção Agua (g de água/m2 de feltro) -

Feltro pick up C2

80

90

100

110

120

130

140

150

160

170

2 4 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 14 17 20 21 25 28 29 34 34 35 35

Dias

Remoção água (g de água/m2 de feltro) - Feltro

1ª Prensa

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2 2 3 5 6 9 12 13 13 13 17 19 24 29 34 37 48 48 48 52 55 55 58

Dias

Remoção água (g de água/m 2 de feltro) -

Feltro 3ª prensa C2

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2 2 3 4 6 7 9 11 13 13 13 13 14 17 19 21 24 28 33 33 37 40 47

D ias

Remoção água (g de água/m2 de feltro) -

feltro 4ª prensa C2

-30

-20

-10

0

10

20

30

1 2 3 5 6 7 7 9 11 12 13 13 13 13 17 19 20 20 20 24 27 29 31

Dias

Figura 56– Remoção de água dos feltros da Máquina C2

Page 107: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

95

3.4. Análise do feltro utilizado

Foram tomadas amostras de feltros de todas as posições das prensas das duas

máquinas. As análises efetuadas foram:

a) – Inspeção visual;

b) – Análise dos perfis de gramatura, espessura e permeabilidade;

c) – Análise da resistência à tração

d) – Análise quantitativa do material de entupimento.

Na inspeção visual, verifica-se as condições de desgaste da amostra, buscando

faixas visíveis e mais acentuadas. Quando encontradas, é efetuada uma análise mais

detalhada, verificando dimensões da(s) faixa(s) e intensidade do desgaste. A figura 57

mostra fotos de uma inspeção visual realizada nos feltros.

Figura 57– Análise visual de um feltro

As tabelas 19 e 20 mostram os valores médios obtidos das análises dos feltros das

máquinas C1 e C2, respectivamente.

Superfície do feltro novo, do lado papel Superfície do feltro retornado, do lado

papel, com desgaste

Page 108: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

96

Tabela 19– Análise dos feltros retornados da Máquina C1

Posição do Feltro Pick-up 1ª Prensa 3ª Prensa 4ª Prensa

Novo 1287 676 1412 932

Retornado 625 472 688 775 Longitudinal

% conservação 49 70 49 88

Novo 440 232 486 533

Retornado 263 159 258 315

Resistência

(kgf/dm)

Transversal

% conservação 60 71 53 68

Novo 1863 1237 1496 1502

Retornado 1806 1137 1493 1495

Perda Diária 4,5 3,4 1,6 2,0

Gramatura

(g/m2)

% conservação 92 87 96 97

Novo 4,71 3,92 3,63 3,44

Retornado 3,10 2,12 2,58 2,80 Espessura (mm)

% conservação 66 54 71 82

Novo 70 92 40 33

Retornado 34 39 22 12 Permeabilidade

(CFM) % conservação 48 42 54 35

% total 5,3 6,8 4,6 3,7

% finos 2,7 3,3 2,3 1,5

% extraíveis 0,6 0,9 0,7 1,2 Material de entupimento

% cargas 2,0 2,6 1,6 1,0

Page 109: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

97

Tabela 20 – Análise dos feltros retornados da Máquina C2

Posição do Feltro Pick up 1ª Prensa 3ª Prensa 4ª Prensa

Novo 959 701 1247 1150

Retornado 608 464 674 699 Longitudinal

% conservação 63 64 61 61

Novo 333 240 553 460

Retornado 204 159 320 316

Resistência

(kgf/dm)

Transversal

% conservação 61 64 60 72

Novo 1871 1218 1621 1588

Retornado 1731 1109 1585 1543

Perda Diária 5,0 2,7 2,9 3,9

Gramatura

(g/m2)

% conservação 88 86 95 94

Novo 4,69 3,81 3,81 3,32

Retornado 3,00 2,12 2,86 2,77 Espessura (mm)

% conservação 63 56 75 73

Novo 68 96 41 46

Retornado 34 39 19 18 Permeabilidade

(CFM) % conservação 50 41 47 39

% total 4,6 6,0 2,9 4,0

% finos 2,2 2,9 1,5 2,2

% extraíveis 0,6 0,6 0,7 0,6 Material de entupimento

% cargas 1,8 2,4 0,8 1,3

Page 110: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

98

3.5. Análise do condicionamento químico

O condicionamento químico tem como objetivo principal, remover os

componentes de entupimento do feltro, e as práticas utilizadas para esta limpeza estão

citadas no capítulo 1.4.2.

A prática adotada na VCP antes de uma parada para troca de feltros, é efetuar um

choque químico, visando a limpeza dos rolos das prensas, evitando incrustações por longos

períodos. Isto prejudica as análises de residuais de entupimento do feltro utilizado.

Assim, foi desenvolvido um procedimento para coleta das amostras, antes e após a

limpeza química por choque. Este método, detalhado no anexo 1, foi aplicado para

condições específicas das duas máquinas em estudo. A aplicação em outras máquinas deve

ser seguida por uma prévia análise do setor de prensas.

Este procedimento possibilitou a verificação da eficácia do sistema de limpeza

química, e o resultado das amostras analisadas, em duas situações diferentes de aplicação

do produto químico, estão nas tabelas 21 e 22.

a) – 1ª condição:

- Limpeza química contínua com EZE 492 TC, 60 ml/min,

- Choque químico:

- Prensa em velocidade baixa (20 m/min);

- Chuveiro químico com 10 kg/cm² e 70 ºC;

- 300 ml/min de EZE 231D, durante 15 minutos;

- Chuveiros, de lubrificação e alta pressão, fechados.

Tabela 21– Resultado da análise de material de entupimento para a 1ª condição de limpeza

% residual na amostra Antes da limpeza

química

Após a limpeza

química

Entupimento total 7,23 6,24

Extraíveis 9,88 9,11

Finos orgânicos 67,19 64,98

Cinzas 23,70 25,14

Page 111: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

99

b) – 2ª condição de choque químico:

- Limpeza química contínua com EZE 278 MD, 80 ml/min

- Choque químico:

- Prensa em velocidade baixa (20 m/min);

- Chuveiro químico com 10 kg/cm² e 70 ºC;

- 300 ml/min de EZE 278 MD, durante 30 minutos;

- Chuveiros, de lubrificação e alta pressão, fechados.

Tabela 22– Resultado da análise de material de entupimento para a 2ª condição de limpeza

% residual na amostra Antes da limpeza

química

Após a limpeza

química

Entupimento total 5,10 1,7

Extraíveis 1,96 0,00

Finos orgânicos 78,43 88,23

Cinzas 19,61 11,77

Page 112: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

100

4. Discussão dos Resultados e ações implementadas

Os resultados do estudo de caso podem ser analisados sob dois enfoques: análise

do condicionamento e condições operacionais dos feltros. Isto resultou em necessidades de

modificações do sistema, e também estão descritas neste tópico.

4.1. Resultados da análise do condicionamento

As tabelas 15, 16, 17 e 18, do capítulo 3, trazem os resultados do

condicionamento mecânico dos feltros. Algumas irregularidades foram encontradas e estão

descritas a seguir; bem como comentários sobre os aspectos positivos.

4.1.1. Chuveiros de alta pressão

Nas duas máquinas os chuveiros de alta pressão estão com ângulo de ataque e

distância em relação ao feltro, fora de especificação. Na máquina C1, o erro é conceitual,

pois a distância do chuveiro ao feltro e o ângulo de ataque são iguais em todas os feltros.

Na máquina C2, ocorreu uma falta de critério na montagem dos chuveiros, visto que cada

um possui ângulo e distância diferentes dos demais. A vazão dos chuveiros está abaixo do

valor recomendado. Todos os chuveiros estão com a velocidade de oscilação fora dos

valores calculados como ideal.

Alguns pontos positivos podem ser ressaltados: o oscilador eletromecânico

possibilita ajuste de velocidade e distância de oscilação com muita precisão. A velocidade

de oscilação pode ser sincronizada com a velocidade dos feltros; porém, este recurso não

está sendo utilizado. As amostragens de temperatura da água indicam valores de 62 ºC,

muito próximo aos 60 ºC recomendado.

4.1.2. Chuveiros de baixa pressão

O ângulo de incidência do jato no feltro, de alguns chuveiros, está fora de

posição. Em alguns casos, o chuveiro incide sobre a caixa de vácuo, completamente fora

das recomendações de lubrificação do feltro. Outro ponto relevante é o tipo de bico

utilizado. O bico auto-limpante com ângulo do leque de 80º, não oferece uma boa

cobertura no feltro; e ainda, diversos bicos não estão em pleno funcionamento, o que está

provocando faixas na largura do feltro. A posição de 3ª prensa nas duas máquinas, é a mais

crítica. São chuveiros estacionários, o que agrava esta situação.

Page 113: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

101

4.1.3. Sistema de Vácuo

O tempo de permanência do feltro na área aberta da caixa de sucção, apresenta

valores normais apenas no feltro da 1ª prensa, nas duas máquinas. Todas as outras posições

estão com defazagem em relação aos valores recomendados.

O fluxo específico de ar apresenta valores fora da recomendação, em todos os

feltros.

4.1.4. Condicionamento químico

Os chuveiros utilizados são estacionários, porém a especificação dos bicos está

adequada, com diâmetro de 1,3 mm e 110º de abertura do leque, o que proporciona uma

boa cobertura no feltro. A regulagem do ejetor vapor + água + produto, apresenta

instabilidade e a pressão no chuveiro apresenta variações. A temperatura também apresenta

variações entre 68 e 72 ºC. Isto pode afetar a qualidade do condicionamento contínuo.

A tabela 21 mostra os resultados de uma análise de eficiência da limpeza por

choque. Os valores de entupimento total de antes e após a limpeza, demonstra um baixo

índice de remoção dos materiais de entupimento. A tabela 22, trás a análise após mudança

de procedimento de limpeza e da substituição do produto químico; fatos embasados nos

resultados da 1ª análise. Há uma significativa melhora na remoção dos materiais de

entupimento para o segundo caso.

4.2. Condições operacionais dos feltros

Este tópico analisa as propriedades de volume ativo, relação água/feltro,

permeabilidade dinâmica e quantidade de água removida pelos feltros; durante usa vida útil

na máquina. Outro fator comentado também, são os resultados das análises dos feltros

retornados.

4.2.1. Volume ativo

Ocorre uma queda constante em função do tempo de uso. Esta tendência é

observada em todos os feltros e nas duas máquinas. Pontos muito abaixo da linha de

tendência representam um grau de entupimento e/ou compactação mais acentuado.

Page 114: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

102

4.2.2. Relação água/feltro

Esta variável apresenta valores médios estáveis durante a vida útil dos feltros,

com tendência leve de queda, em função da compactação e entupimento.

4.2.3. Permeabilidade dinâmica

Ocorre uma grande variabilidade nos valores de permeabilidade dinâmica em

todos os feltros. O volume de ar que atravessa os feltros do 1º nip, 1ª prensa e pick-up, são

muito maiores que 3ª e 4ª prensas.

4.2.4. Remoção de água

Esta variável também apresenta variabilidade alta. O volume de água removido

pelos feltros pick-up e 1ª prensa são bastante elevados. Valores negativos de remoção,

observados nos feltros da 3ª e 4 prensas, significam desaguamento no nip e não na caixa de

sucção.

4.2.5. Análise dos feltros retornados

A análise dos feltros utilizados, efetuada nos laboratórios dos fornecedores, é um

complemento de informações do monitoramento dos feltros em máquina.

O fato relevante das amostras analisadas, é o desgaste acentuado nas laterais do

feltro pick-up da máquina C2.

4.3. Ações Implementadas

Durante a análise do condicionamento, foram detectados parâmetros fora da

recomendação de uso. Alguns foram possíveis de corrigir; outros foram melhorados, mas

ainda permanecem fora do ajuste ideal, porque requerem investimentos para modificações

estruturais. A lista abaixo contempla as ações tomadas buscando adequação e melhoria do

sistema de condicionamento dos feltros das máquinas C1 e C2.

a) – Modificação do ângulo de ataque dos chuveiros de alta pressão para valores entre 25

e 30º.

b) – Na máquina C2, ajuste da distância do chuveiro ao feltro. Este item não foi possível a

adequação para valores recomendados, em função de problemas de lay-out nas prensas.

Todos os chuveiros das duas máquinas ainda permanecem fora da distância ideal.

c) – Ajuste da velocidade de oscilação, sincronizando com a velocidade do feltro.

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103

d) – Ajuste do ângulo de incidência dos chuveiros de baixa pressão, direcionando-os ao

feltro.

e) – Substituição dos bicos dos chuveiros químicos de diâmetro 1,3 mm para 1,1mm; com

o objetivo de aumentar a concentração do produto no ponto de aplicação e melhorar a

eficiência de remoção do material de entupimento.

f) – Modificação do procedimento de limpeza química por choque. Este procedimento

está detalhado no anexo 2.

g) – Manutenção do ejetor de vapor + água + produto. Houve ganhos de 4 ºC na

temperatura e estabilidade da pressão nos bicos.

h) – Substituição dos produtos químicos EZE 492 (limpeza contínua) e EZE 231 (limpeza

em choque); pelo produto EZE 278, recomendado para uso contínuo e em choque.

Page 116: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

104

5. Conclusões

A demanda por melhores eficiências nas máquinas de papel, requer constantes

otimizações dos processos envolvidos na linha de produção. Para se manter os

equipamentos em um ritmo ótimo de desempenho, com o mínimo de interrupções, é

necessário um estratégia de melhoria contínua dos sistemas, com busca na especialização,

mas com foco no resultado global.

Deste modo, há uma sinergia entre os usuários dos feltros, os Engenheiros e

Técnicos de Processo; com os Engenheiros de campo dos fornecedores, com o objetivo de

buscar um produto adequado ao uso na máquina de papel. Cada máquina tem sua

particularidade, forçando os fabricantes de feltros a produzirem um produto único para

cada posição das prensas da máquina de papel.

A revisão bibliográfica mostra que o condicionamento dos feltros é uma

necessidade básica para o bom desempenho do setor de prensas e, conseqüentemente, da

máquina de papel. O condicionamento deve ser considerado como um sistema, e é

necessário que cada elemento tenha sua devida importância reconhecida e seja analisado

periodicamente.

A limpeza mecânica dos feltros, através do uso de caixas de vácuo e da energia da

água dos chuveiros, possui um baixo custo operacional, desde que seus componentes

estejam operando dentro do máximo rendimento a que foram designados. Para tanto, é

necessário o monitoramento e a prevenção de falhas de cada elemento deste sistema; e isto

requer conhecimento da função básica de cada equipamento.

Todos os chuveiros dos feltros deveriam ser oscilantes, minimizando o problema

de faixas transversais provocadas pelo excesso ou falta localizada de água; que podem

trazer os inconvenientes de desgaste prematuro do feltro e problemas de qualidade do

papel, pelo perfil irregular de umidade que produzem na folha. Se por um lado há o custo

de implantação dos osciladores; por outro há uma maior expectativa de vida dos feltros e

rolos das prensas, além da redução dos problemas de perfil de umidade da folha de papel.

A limpeza química contínua é realmente, uma evolução nos sistemas de

condicionamento. Porém, se for mal utilizada somente aumenta os custos de fabricação.

Além do uso dos produtos químicos, faz-se necessário paradas de máquina para limpeza de

Page 117: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

105

choque químico nos feltros. Isto é extremamente dispendioso, pela perda de

produtividade. O que poderia ser uma solução, passa a ser um problema para a operação da

máquina. Então, encontrar o ponto de máxima eficiência do condicionamento químico é

um fator de sucesso.

Dentro deste enfoque, este trabalho não foi conclusivo o suficiente para responder

as questões da eficiência do condicionamento químico nas máquinas de papel em estudo.

Há necessidade de uma nova bateria de testes de feltros utilizados, analisando

qualitativamente os componentes de entupimento. Outra ação importante é a melhoria das

instalações de aplicação do produto químico, nas duas máquinas; possibilitando o uso de

novos procedimentos de limpeza, como por exemplo o método “bach on the fly”. Isto com

o objetivo de aumentar o intervalo entre paradas para choque químico.

Os serviços de monitoramento do setor de prensas, prestado pelos fornecedores,

são importantes indicadores de desempenho deste setor da máquina. Além do

acompanhamento de rotina das propriedades dos feltros, em muitos casos, serve como base

para decisões de troca dos feltros e rolos das prensas. E também, a adequação ou

substituição de projetos de feltros são baseados neste serviço.

Durante a execução deste trabalho, foram necessários a criação de métodos de

amostragem e novos procedimentos. Esta parcela do trabalho foi bastante positiva, pois

possibilitou a multiplicação dos conhecimentos adquiridos aos operadores e a

conscientização da importância do tema em questão. Fatores operacionais negligenciados

durante anos, por ignorância; são monitorados com mais freqüência, e em alguns casos,

diariamente, como por exemplo a condição de abertura dos leques dos chuveiros de baixa

pressão e lubrificação.

Foram encontradas falhas oriundas da montagem da máquina; outras provenientes

de procedimentos de uso e aplicação inadequados, de difícil diagnóstico do impacto na

produtividade ao longo de 10 anos de operação do equipamento.

Muitas melhorias são possíveis de serem realizadas nos equipamentos após a

implantação do projeto, adequando-os às melhores condições operacionais para atender as

necessidades do produto em fabricação, e as exigências de desempenho.

Este trabalho nos levou a refletir sobre a importância da pesquisa e estudo,

buscando a maximização dos recursos disponíveis para a produção. Assim, a aplicação e

Page 118: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

106

multiplicação do conhecimento, é a resposta a exigência de profissionais de alta

qualificação para a melhoria dos índices de produtividade das empresas.

Page 119: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

107

6. Sugestões

Durante a elaboração deste trabalho, foram levantadas algumas necessidades

pertinentes ao condicionamento mecânico dos feltros das máquinas C1 e C2, e que

merecem atenção especial. A lista a seguir, deve ser analisada pelo pessoal da Engenharia

de Fábrica e Especialistas de Processo, buscando otimizar ao máximo o sistema.

a) – Adequação da distância entre chuveiros de alta pressão dos feltros.

Não foi possível, pelos recursos disponíveis, um ajuste adequado na distância

entre chuveiros e feltros. É necessário um estudo para modificação da base de apoio dos

chuveiros, possibilitando o aumento da distância para valores entre 250 e 300 mm.

b) – Adequação da distância entre bicos dos chuveiros de alta pressão.

A distância nominal entre os bicos é de 150 mm. De acordo com os resultados de

vazão destes chuveiros comparando com a vazão recomendada, é possível duplicar a

quantidade de bicos, ou seja, utilizar um chuveiro com bicos eqüidistantes de 75 mm; e

ainda manter a vazão dentro da faixa recomendada. Isto possibilita um ajuste de oscilação

com overlap de 100%. Na eventualidade de entupimento de um dos bicos, o feltro continua

com limpeza através do chuveiro de alta pressão.

c) – Fazer a interligação do controle de velocidade de oscilação com a velocidade da

prensa

Esta ação possibilita que a velocidade de oscilação seja controlada

automaticamente, ou seja, nas alterações de velocidade da máquina, o sistema corrige a

velocidade do chuveiro.

d) – Substituição dos bicos dos chuveiros de baixa pressão.

Os vários problemas detectados nos chuveiros de baixa pressão, fortalecem a

sugestão de substituir os bicos atuais. Talvez seja necessário um estudo mais detalhado

sobre a quantidade de bicos necessária e sobre a estrutura do atual chuveiro, (em algumas

posições ele está fletindo). È interessante um estudo de viabilidade para instalação de

chuveiros oscilantes para esta aplicação, bem como adequação da distância dos bicos até o

feltro.

Page 120: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

108

e) – Estabelecer uma rotina de substituição dos bicos dos chuveiros.

Os bicos se desgastam com o tempo, aumentando o diâmetro do furo e

conseqüentemente, a vazão de água. Ocorre um desequilíbrio no balanço final em cada

bico. Esta rotina pode trazer benefícios como a economia de água e uma constância

melhor do condicionamento. A CBTI, possui estudos focando esta questão do desgaste de

bicos dos chuveiros.

f) – Estudo para melhoria do condicionamento químico.

Este estudo deve contemplar a substituição dos atuais chuveiros, por chuveiros

oscilantes; automatização dos controles de vazão de produto e água, pressão do sistema e

níveis dos tanques de água e produto. Isto possibilita um controle de concentração final de

aplicação, podendo viabilizar testes de limpeza química “batch-on-the-fly”, além de

facilitar a operação em paradas para choques químicos.

g) – Aumentar amostragens de feltros, antes e após limpeza de choque químico, para

análise qualitativa dos contaminantes.

As análises efetuadas durante o estudo de caso mostrou um tendência de melhoria

do condicionamento com a alteração do procedimento de limpeza e produto químico.

Porém, faltou analises qualitativas, buscando comparação de desempenho entre vários

produtos químicos para limpeza dos feltros.

h) – Efetuar testes com o sistema “ECOFLOW”,

O sistema “ECOFLOW” é uma nova tecnologia disponível no mercado para

monitoramento do setor de prensas. São medidores de vazão instalados nas calhas dos

rolos das prensas e nas caixas de sucção dos feltros. Isto facilita o controle do balanço de

água de todos os feltros, bem como o monitoramento da quantidade de água retirada da

folha de papel em cada prensa. Operacionalmente isto fornece informações importantes,

em tempo real, das condições de entupimento dos feltros, o que pode reduzir os tempos

perdidos com quebras da folha que normalmente antecedem uma parada para limpeza

química. O anexo 3 traz informações sobre este sistema.

Page 121: Condicionamento De Feltros   Edson Oliveira

109

7. Referências Bibliográficas

Falsarella, P. “Apostila de treinamento VOITH”, - Curso de Especialização em Papel – IV

Turma, ABTCP- EPUSP-FDTE, Janeiro de 1994

Adanur, S; “Paper Machine Clothing”. Published by Technomic Publishing Company,

INC.; Lancaster, Pensylvania, USA, 1997.

Piton, C.H., “Tecnologia de Fabricação de Feltros Agulhados”. Apresentação

Huyck/Nortelas – Petrópolis, Rio de Janeiro, Br. – Agosto de 2001.

Paulapuro, H, “Papermaking Science and Tecnology – Book 8 - Papermaking Part 1,

Stock Preparation and Wet End”. Printed by Gummerus Printing, Jyväskylä, Finland 2000.

Furibondo, N.; “Pulp & Paper – Wire, Felt Cleaning Programs Can Improve Paper

Machine Runability” . August, 1987.

Freitas, J. “ Apostila de Treinamento”. Albany Int.; Indaial, SC, Brasil, 2001

Neum, J.A. “Paper Machine Showers and Fabric Dewatering: Theory and Application”,

AES Engineered Systems, Queensbury, New York, USA.

Ferme, A; Barros F.F.A; “Apostila de treinamento NASH DO BRASIL”, - Curso de

Especialização em Papel – IV Turma, ABTCP-EPUSP-FDTE, Janeiro de 1994.

Buccieri, M.F., “Tecnologia de Controle de Contaminantes – Limpeza e Condicionamento

do Feltro (Condicionamento de Passivação e Surfactante; Limpeza BOTF e Down)”. –

Trabalho da Hércules – Pulp and Paper Division – São Paulo-SP, Julho de 2002.

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110

8. Anexos

8.1. Procedimento para amostragem do feltro, antes e após a limpeza química

batch.

- Reduzir a velocidade da prensa para o modo “Auxiliar”, correspondente a 20 m/min.

- Ajustar a tensão do feltro, a ser amostrado, para valores entre 2 a 2,5 kN/m, utilizando o

tensiômetro manual.

- Desligar o acionamento da prensa.

- Cortar 3 amostras, conforme ilustração abaixo:

Lado do Acionamento da prensa

Lado de comando da

prensa

1 2 3

Feltro Sentido de movimento do feltro

Tamanho da amostra 30 cm 60 cm

25 cm

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111

- Ligar o acionamento da prensa no modo “Auxiliar”.

- Efetuar a limpeza química conforme o procedimento operacional padrão, descrito no

anexo 2.

- Desligar o acionamento da prensa.

- Cortar outras 3 amostras, conforme ilustração abaixo:

- Identificá-las de acordo com a numeração da ilustração acima.

8.2. Procedimento para limpeza química “batch”

- Reduzir a velocidade da prensa para o modo “auxiliar”, correspondente a 20 m/min.

- O chuveiro de alta pressão deverá fechar automaticamente, nesta velocidade.

- Desligar as bombas de vácuo das prensas.

- Fechar as válvulas de água dos chuveiros de lubrificação.

- Fechar a válvula de produto químico de limpeza contínua e abrir a válvula para a limpeza

batch.

Lado do Acionamento da prensa

Lado de comando da

prensa

1 2 3

Feltro

Sentido de movimento do feltro

4 5 6

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112

- Aplicar o produto por 20 minutos.

- Fechar a válvula de aplicação do produto químico.

- Manter a prensa nestas condições por mais 10 minutos.

- Abrir a válvula de água dos chuveiros de lubrificação.

- Ligar o sistema de vácuo das prensas.

- Acelerar as prensas para a velocidade de operação.

- Abrir a válvula de produto para a limpeza contínua.

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113

8.3. Sistema ECOFLOW

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114

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115

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